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Maio 2023
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Introdução:
Por definição, a litoralização caracteriza se pelo fenómeno que faz concentrar população
junto à faixa litoral, como consequência da forte afluência de atividades económicas,
industriais e turísticas nessa mesma zona. Em Portugal, nas últimas décadas, tem
ocorrido um crescimento demográfico assimétrico, caracterizado pela elevada
concentração populacional no litoral do país.
O objetivo deste trabalho é identificar os fatores que causam a litoralização, bem como
quais são as suas consequências e soluções que têm vindo a ser adotadas.
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movimentos migratórios nas desigualdades regionais encontradas e a bicefalização do
Reino.” (Moreira, Rodrigues & Henriques. 2009, pp.92). Apesar disso, Portugal
continuou a ser um país de pouca urbanização, polarizada entre duas grandes cidades,
Lisboa e Porto. Já no século XX, o crescimento demográfico português foi bastante
influenciado pela imigração e pelas migrações internas para as áreas mais
industrializadas. A partir dos anos 50 e 60 intensificou se o processo de urbanização,
crescendo assim as áreas de influência das duas grandes cidades e a expansão das
respetivas áreas envolventes. Alteraram-se as formas de utilização dos espaços urbanos
e a maior parte terceirizaram-se e perderam residentes, sobretudo nos núcleos históricos.
Foi neste período que a litoralização obteve maior expressão e intensidade, pois assistiu
se a uma intensa modernização nos centros urbanos onde a dinâmica na prestação de
serviços e infraestruturas passaram a atrair a população, nomeadamente junto à costa.
Para além disso, foi também um período de empobrecimento nas zonas agrícolas do
interior, o que acabou por impulsionar um grande fluxo de êxodo rural. A passagem
para o século XXI revela um expressivo aumento da percentagem de população de
Lisboa e Porto, segundo Martins & Albuquerque (2010), é no litoral onde se encontra a
maior parte da população portuguesa, 75% da população continental, o que demonstra a
atratividade destas zonas, que se deve-se essencialmente à grande oferta de emprego e
acessibilidades.
Todo este processo de litoralização tem consequências, quer no litoral, quer no interior,
podendo ser destacadas duas principais consequências. A primeira trata se de problemas
relacionados com os recursos naturais. A excessiva concentração populacional exerce
uma forte pressão sobre a zona costeira e acaba por gerar problemas como a degradação
da paisagem, a sobre-exploração dos recursos, a poluição do ambiente e a erosão na
linha da costa. Outra grande consequência, é o despovoamento do interior de Portugal.
Compostos por diversas atividades e qualidade de vida, os centros urbanos acabam por
atrair a população rural que passa a encarar o seu local de origem como um local sem
oportunidades. Assim sendo, grande parte dos municípios do interior apresentam um
alto índice de envelhecimento, baixas taxas de natalidade e aumento do desemprego, o
que acaba impactando a economia e o desenvolvimento regional.
De modo a ser possível contornar esta situação, têm sido adotadas medidas pelos
municípios do interior para combater as assimetrias. Uma grande estratégia é o TER –
turismo no espaço rural, que tem vindo a impor se como uma atividade com potencial
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para potenciar o desenvolvimento de alguns espaços rurais. Trata se de um turismo
desenvolvido em zonas rurais ligadas à agricultura, ao ambiente e à tradição, que
proporciona um conjunto de atividades que possibilitam uma verdadeira experiência
rural ao turista. Este turismo contribui para o desenvolvimento sustentável das zonas
rurais, visto que preza por uma utilização mais racional dos recursos e do ambiente, com
o intuito de preservar as espécies e os habitats, contribuindo simultaneamente para o
desenvolvimento local e regional. Uma outra estratégia que visa promover o interior,
são as universidades e politécnicos, que atraem população jovem e qualificada, criam
empregos e potenciam a inovação do espaço rural. Um grande exemplo nesse sentido, é
a cidade da Covilhã, uma cidade com características predominantemente rurais que tem
vindo a sofrer com o despovoamento e falta de investimento, e onde a presença de uma
universidade tem constituído um fator de inovação que contribui para o
desenvolvimento da cidade, “Após o declínio das indústrias têxteis, a universidade
aparece como motor de desenvolvimento, tendo contribuído para a revitalização de
diversos setores como o da construção civil, das infraestruturas, do mercado imobiliário
e do comércio.” (Vicente. 2017, pp.36).
Conclusão:
Após a realização deste ensaio, fui capaz de concluir que, tendo em conta a definição de
litoralização inicialmente apresentada, é de facto um fenómeno historicamente bastante
presente na realidade portuguesa e que acaba por afetar não só o próprio litoral, mas
também o interior do país, quer seja a nível ambiental, demográfico ou socioeconómico.
Embora se tenham vindo a adotar estratégias para travar este fenómeno, ainda é um
problema que precisa de mais soluções.
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Bibliografia:
Silva, Susana (2018), “A evolução da população portuguesa nas subregiões (nível NUT
III) entre os anos de 1960 e 2011”, em ResearchGate, consultado a 27/05/2023, em
https://www.researchgate.net/publication/328876486_A_evolucao_da_populacao_portu
guesa_nas_subregioes_nivel_NUT_III_entre_os_anos_de_1960_e_2011
Fernando, Fonseca P. e Ramos Rui (2007), “O turismo no espaço rural como eixo
estratégico de desenvolvimento sustentável: o caso de Almeida”, em RepositóriUM,
consultado a 28/05/2023, em
https://repositorium.sdum.uminho.pt/bitstream/1822/8487/1/13congAPDR-198.pdf
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Vicente, Mariana Mendes (2017), O Papel das Cidades Médias do Interior para o
Desenvolvimento do Território: o Caso da Cidade da Covilhã, Lisboa, Instituto
Universitário de Lisboa, Dissertação de Mestrado em Estudos de Desenvolvimento.