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Após refletir sobre o tema, reconhecemos o consumismo como uma das causas
do trabalho infantil. O consumismo é caracterizado por comportamentos de consumo
irracional e impulsivo, sem critérios e alheio a preocupações ambientais. Um dos
objetivos do Desenvolvimento Sustentável até 2030 é o de garantir padrões de
consumo e de produção sustentáveis, que visa proporcionar a sustentabilidade da
produção e do consumo permitindo erradicar o consumismo.
A sociedade de consumo tem a sua origem no desenvolvimento do processo de
industrialização ocorrido após a Segunda Guerra Mundial. O progresso tecnológico
permitiu a produção em grande escala, produção que era necessário escoar. A
sociedade de consumo é caracterizada pelo consumo de massas, consumo em grande
escala de produtos normalizados e de curta duração, que visa sobretudo o lucro das
empresas.
O consumismo é característico das sociedades capitalistas. Este tipo de sistema
económico tem como objetivo a maximização do lucro e a acumulação de riqueza
apenas numa pequena percentagem da população. Assim, estes objetivos promovem
a desigualdade social e a concentração do poder económico. Para além disso, como
os salários são um dos custos de produção e os capitalistas desejam aumentar o seu lucro,
os salários da classe trabalhadora são reduzidos, intensificando essa desigualdade
social. Visto que as famílias não auferem grande salário, é natural que necessitem de
mais uma fonte de rendimento. Aliado a outros fatores da sociedade, principalmente
em países em desenvolvimento, as crianças tendem a entrar no mundo do trabalho mais
facilmente.
Muitas das empresas cujos produtos consumimos no nosso dia a dia estão
envolvidas em escândalos relacionados com o trabalho infantil. Por exemplo, várias das
empresas de renome no ramo da tecnologia foram citadas no processo de acusação de
trabalho infantil que provocou a morte de crianças e a destruição de áreas residenciais na
República Democrática do Congo. Várias famílias dizem ter perdido os seus filhos nas
minas de cobalto alegadamente exploradas por empresas como a Apple, Google, Dell,
Microsoft e Tesla. O cobalto é essencial para alimentar as baterias de lítio utilizadas em
produtos tecnológicos e a sua procura tem aumentado significativamente ao longo dos
últimos anos no seguimento do aumento do consumo em massa. Cerca de 60% do
cobalto mundial é encontrado na R.D do Congo, sendo este um dos países com menor
IDH do mundo.
Atualmente, no século XXI, ser criança significa ter acesso a direitos como a
educação, saúde, nutrição, … No entanto, a infância nem sempre foi vista desta forma.
Ao longo da História, o papel da criança sempre foi mínimo, sendo sempre
submetida a uma figura paternal. Já durante os Descobrimentos a criança era vista
como mão de obra trabalhadora, tendo ficado exposta à fome, doenças e guerras,
demonstrando a falta de sentimento e importância dada à criança.
Quando, em 1959, a ONU aprova a Declaração Universal dos Direitos da
Criança, que inclui direitos como a igualdade, escolaridade gratuita e alimentação, a
criança passa a ocupar um lugar de destaque na sociedade. Desta forma, a criança do
século XXI tem, supostamente, todas as condições para desenvolver o seu potencial
máximo desde o início da vida. No entanto, o tratamento dado às crianças atualmente
ainda não é o ideal.
Apesar da educação ser um direito fundamental, ainda existem desigualdades no
acesso à educação a nível mundial. A UNESCO divulgou um relatório em que expôs o
facto de cerca de 260 milhões de crianças não tiveram acesso à educação em 2018,
principalmente devido à pobreza extrema e discriminação. A maioria dos países com
menor percentagem de crianças a frequentar a escola situam-se no sul e centro da Ásia e
na África Subsaariana. Estes dados refletem-se no ìndice de trabalho infantil nestes
países.
A educação é um fator que contribui para o trabalho infantil visto que, quanto
menor é a escolaridade da família, maior é o risco das crianças ingressarem
precocemente no mercado de trabalho. Quando a criança se encontra a trabalhar, a sua
aprendizagem fica naturalmente prejudicada, podendo até abandonar a escola. Segundo a
UNICEF, dos adolescentes que trabalham entre os 15 e os 17 anos, 26% não frequentam
a escola. Assim é necessário que o Estado assegure às crianças condições para se
manterem na escola, bem como ajudas financeiras às famílias mais carenciadas, para que
não tenham de usar os seus filhos como fontes de rendimento.
Como já referimos, a Declaração dos Direitos Humanos visa assegurar este
mesmo bem a todos os cidadãos no seu artigo nº26: Toda a pessoa tem direito à
educação. A educação deve ser gratuita, pelo menos a
correspondente ao ensino elementar fundamental. O
ensino elementar é obrigatório. [...]
Para além disso, um dos objetivos do
Desenvolvimento Sustentável para 2030 é o de garantir
o acesso à educação inclusiva de qualidade e equitativa,
e promover oportunidades de aprendizagem para todos,
que vai de encontro ao próprio direito humano.
O ensino em Portugal é de caráter obrigatório até aos 18 anos ou 12º ano de
escolaridade, desde 2009. O Estado Português defende agora que os 12 anos de
escolaridade são relevantes para o progresso social, económico e cultural da
população e do país.
Para além disso,em Portugal, o ensino está consagrado como universal e
gratuito durante o período da escolaridade obrigatória, havendo também apoios no
âmbito da Ação Social Escolar para os alunos carenciados, o que se reflete na baixa
percentagem de crianças no mercado de trabalho.
Por outro lado, a pobreza e o trabalho infantil estão intimamente relacionados,
visto a pobreza é simultaneamente causa e consequência do trabalho infantil. A nível
mundial a maioria dos pobres são crianças, sendo um dos grupos sociais mais afetados
pela pobreza: "As crianças que vivem na pobreza sofrem uma privação de recursos
materiais, espirituais e emocionais necessários para sobreviver, desenvolver-se e
prosperar, o que lhes impede de usufruir de seus direitos, alcançar seu pleno potencial e
participar como membros plenos e em iguais condições na sociedade […]".
Enquanto que, a pobreza pode levar à necessidade das crianças ingressarem no
mercado de trabalho demasiado cedo, o facto das suas condições de trabalho serem
miseráveis e os seus salários irracionalmente baixos ou até nulos leva a que as crianças
não consigam quebrar o ciclo de pobreza das suas famílias.
De acordo com a Declaração dos Direitos Humanos,
artigo nº23, Toda a pessoa tem direito ao trabalho, à livre
escolha do trabalho, a condições equitativas e satisfatórias de
trabalho(...). Para além disso, um dos objetivos do
Desenvolvimento Sustentável é promover o crescimento
económico inclusivo e sustentável, o emprego pleno e produtivo
e o trabalho digno para todos, que se relacionam com as
condições de trabalho destas crianças, cujos direitos não estão a
ser respeitados.
Diretamente relacionado com este objetivo e direito, o
ODS 1 tem como objetivo erradicar a pobreza em todas as suas
dimensões, em todos os lugares.
Depois de momentos de reflexão, concluímos que os direitos humanos não estão a
ser plenamente respeitados em todas as suas vertentes ao redor do mundo. Estas crianças
que estão neste momento a trabalhar, não podem usufruir dos seus direitos, devido à sua
condição económica e social. Assim, os governos destes países deviam assegurar
condições dignas a todos os seus cidadãos bem como apoios financeiros a todas as
famílias carenciadas para que possam desenvolver-se integralmente. Para além disso, e
analisando a situação atual do mundo, pensamos que os ODS não serão cumpridos até
2030.
Ao realizarmos este trabalho foi-nos possível aprofundar os nossos
como reflexão sobre a maneira de como poderíamos reverter esta conjuntura. Desta