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Rebeca Giovanna de Oliveira
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Rosilene dos Santos Mateus
RESUMO: A pandemia do COVID-19, que teve início em 2020, causou impactos significativos na educação pública do Brasil. Entre os principais impactos, destacam-se a
perda de aprendizagem, o aumento das desigualdades de aprendizado, o aumento do abandono escolar e os impactos negativos no bem-estar e na saúde mental dos
estudantes. Este artigo analisa os principais impactos da pandemia na educação pública brasileira, com base em estudos nacionais e internacionais. A análise aponta que os
impactos foram mais graves nas escolas públicas, que apresentam, em geral, condições estruturais e pedagógicas mais precárias.
Palavras-chave: pandemia, covid-19, educação pública.
ABSTRACT: The COVID-19 pandemic, which began in 2020, has caused significant impacts on public education in Brazil. Among the main effects are learning loss, increased
disparities in learning, a rise in school dropout rates, and negative impacts on the well-being and mental health of students. This article analyzes the primary impacts of the
pandemic on Brazilian public education based on national and international studies. The analysis indicates that the impacts were more severe in public schools, which generally
have more precarious structural and pedagogical conditions.
Keywords: pandemic, covid-19, public education.
Introdução
Diversos são os impactos que a pandemia da covid-19 deixou a todos que, por ela, passaram. Dentre os mais prejudicados, podem-se
citar os alunos da rede pública de ensino, que, diariamente, enfrentam diversos desafios, desde a estrutura precária das escolas até a sua
condição socioeconômica.
Com o distanciamento social e o modelo de ensino remoto, muitos alunos sofreram com inúmeras adversidades, dentre eles a falta de recursos
em casa para participar das aulas e problemas emocionais. Entre os principais impactos da pandemia na educação pública brasileira, pode-se
salientar a perda de aprendizagem. Estudos apontam que os estudantes brasileiros perderam, em média, entre oito e nove meses de aprendizado
durante a pandemia. Essa perda é mais acentuada nas escolas públicas, que apresentam, em geral, condições estruturais e pedagógicas mais
precárias.
Outra consequência negativa da pandemia é a ampliação das desigualdades de aprendizado: a perda de aprendizagem foi mais
acentuada entre estudantes de famílias de baixa renda, que tiveram menos acesso aos recursos necessários para o ensino remoto. A evasão
escolar também configura entre os efeitos da pandemia, que causou um crescimento do abandono escolar, especialmente, mais uma vez, entre
Impactos negativos no bem-estar e na saúde mental dos estudantes também foram observados. Aumento da ansiedade, da depressão
e do estresse são algumas dessas sequelas. O sofrimento decorrente dos impactos da pandemia permanece na realidade desses estudantes e o
déficit de aprendizado causado pelas dificuldades de poucos anos atrás impactará diretamente o seu futuro, quanto, por exemplo, ao acesso a
universidades e, de forma mais preocupante, com relação aos problemas relacionados à saúde mental.
1. Desenvolvimento
1
Graduanda do curso de Licenciatura em Letras pela Universidade Federal Rural de Pernambuco, polo Jaboatão E-mail:flavia.tavares@ufrpe.br. Brasil
2
Graduanda do curso de curso de Licenciatura em Letras pela Universidade Federal Rural de Pernambuco. E-mail: rebeca.giovanna@ufrpe.br. Brasil
3
Graduanda do curso de Licenciatura em Letras pela Universidade Federal Rural de Pernambuco. E-mail: rosilene.mateus@ufrpe.br. Brasil
Claudemir Silva. Professor do curso de Licenciatura em Letras pela Universidade Federal Rural de Pernambuco, polo Jaboatão. E-mail: . Brasil
O cenário da pandemia
Em março de 2020, a Organização Mundial de Saúde (OMS) decretou a pandemia da covid-19. Em muitos países, as atividades não
essenciais precisaram parar o funcionamento, visando minimizar o avanço da contaminação. Nesse período, as escolas precisaram adaptar-se a
uma nova modalidade de ensino: o ensino a distância. Os impactos à educação foram especialmente graves na educação pública, que atende a
maioria dos estudantes do país, pela dificuldade de acesso à internet, a celulares e computadores e à entrega de materiais didáticos.
O ensino a distância diferencia-se muito do ensino presencial. Não é apenas colocar alunos em uma sala virtual e reproduzir extensas
horas de aulas on-line como no modelo presencial. É preciso toda uma adaptação dos materiais, dos recursos e da didática para gerar uma
experiência positiva de ensino remoto. Para isso, é essencial que o aluno possua acesso aos recursos básicos para esse modelo de
aprendizagem: acesso a uma internet de qualidade e a um computador. Muitos desses alunos não possuíam esses recursos e tentavam acessar
as aulas pelo celular, muitas vezes utilizando-se de internet 4G, pois não possuíam rede wi-fi. Sem contar que muitos aparelhos celulares, por
serem de modelo antigo, dificultavam o acesso às aulas remotas e aos materiais, criando, assim, mais uma barreira na aprendizagem remota.
Além disso, muitos professores da rede pública não possuíam computador, infraestrutura e conhecimento das tecnologias necessárias
para o ensino remoto e, por conta disso, diversas escolas levaram meses para conseguir adaptar-se a essa nova realidade, deixando os alunos
Perda de aprendizagem
O estudo Resposta Educacional à Pandemia de Covid-19 no Brasil, realizado pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas
Educacionais Anísio Teixeira (INEP), em 2021, com base em resposta ao censo escolar, apontou que 99,3% das escolas brasileiras suspenderam
as atividades presenciais e a média de dias suspensos foi de 273. Os estudantes do país perderam, em média, entre oito e nove meses de
aprendizado durante a pandemia. Essa perda foi mais acentuada nas escolas públicas, que apresentam, em geral, condições mais precárias de
ensino, visto que a maioria dos alunos não pôde se adaptar ao ensino a distância pelas condições estruturais familiares de cada um.
A pesquisa afirma, também, que 90,1% das escolas públicas não retornaram às atividades no ano de 2020 e que 28,1% das escolas
públicas planejaram ampliar o ano letivo para complementar a jornada para o ano seguinte, 2021, adotando o currículo contínuo.
O impacto do fechamento das escolas e da adoção de aulas remotas foi revelado em um estudo realizado pela Fundação Maria
Cecilia Souto Vidigal (FMCSV): as crianças aprenderam, em média, 65% do que geralmente aprendem em aulas presenciais. Esse número é o
equivalente a quatro meses de aulas perdidas. Crianças em situação de maior vulnerabilidade social aprenderam, em média, quase a metade
A pandemia também causou um aumento do abandono escolar, especialmente entre estudantes de famílias de baixa renda. Um
estudo realizado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), em 2022, com base em dados do censo escolar, mostrou que o abandono
escolar na educação básica aumentou de 2,2% em 2019 para 2,9% em 2020. Essa alta foi mais acentuada entre estudantes de famílias de baixa
A pesquisa “Desigualdades e Impactos da Covid-19 na Atenção à Primeira Infância”, realizada pela Fundação Maria Cecilia Souto
Vidigal (FMCSV) em parceria com o Itaú Social e o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), revelou uma queda brusca de matrículas
na educação infantil entre 2019 e 2021. Baseada em dados dos ministérios da Saúde, da Educação (MEC) e do Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística (IBGE), contando com o apoio da União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação (Undime) e do Colegiado Nacional de
Gestores Municipais de Assistência Social (Congemas), a pesquisa foi divulgada em setembro de 2022.
Os dados mostram que as taxas reduziram, tanto na creche quanto na pré-escola. Nas creches, que atendem a crianças de até três
anos de idade, o encolhimento foi de 2,8 pontos percentuais, o que significou a retração de quase 338 mil matrículas no período. Já na pré-escola,
a taxa de matrículas ficou em 83,7% em 2021. De 2019 a 2021, a redução foi ainda maior do que na creche, registrando 4,1%.
Em Pernambuco, o censo escolar de 2022 divulgado pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep)
confirmou essa queda. O número de matrículas no ensino infantil de 2021, em comparação com 2019, caiu 13,58%. Já no ensino fundamental, a
queda foi menor, mas também presente. Foram 2,67% a menos de alunos na escola.
Sobre jovens entre 15 e 39 anos em situação “nem-nem” no estado, os números também são preocupantes: 27,2% dos jovens dessa
faixa etária não estão envolvidos em atividades educacionais ou profissionais. Segundo os dados da Pesquisa Nacional por Amostra de
Domicílios, realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), esses jovens nem estudam nem trabalham, são conhecidos por
“geração nem-nem”.
A pesquisa revela que 10,5% dos jovens da idade mencionada estavam ocupados com estudo e trabalho no ano de 2022. Por outro
lado, 34,4% estavam trabalhando sem frequentar a escola, enquanto 27,9% estavam matriculados em instituições de ensino sem exercer
atividade remunerada. Esses números representam uma queda em relação à pesquisa anterior, realizada em 2019, e podem ser atribuídos aos
impactos da pandemia de covid-19. No final de 2019, a proporção de jovens pernambucanos que não estudavam nem trabalhavam era de 30,3%.
A pandemia também teve impactos negativos no bem-estar e na saúde mental dos estudantes, causando aumento da ansiedade, da
depressão e do estresse. O isolamento/distanciamento e a privação do contato humano têm gerado uma elevada carga emocional e física, e, no
caso educativo, o professor está sendo repetidamente avaliado na questão produtiva e na metodologia, tornando o ambiente escolar favorável
O adoecimento mental acomete não só os estudantes, mas também os professores. O estresse já é uma das causas que mais
afastam docentes da sala de aula e, com a pandemia, a carga elevada de trabalho, aliada às dificuldades do ensino a distância, principalmente na
rede pública, onde os recursos são escassos, também atingiu os professores mentalmente.
Doenças como ansiedade e depressão já existiam, porém, com as incertezas provocadas pela pandemia, as dificuldades de
aprendizagem remota e o isolamento social, pessoas que não sofriam com essas doenças passaram a sentir na pele os impactos do adoecimento
mental.
De acordo com um estudo realizado por Faria e Silva (2021), nervosismo, estresse e frustração foram relatados por diversos alunos.
Muitos não se sentiam capazes de realizar as atividades remotamente, acumulando tarefas, e ainda precisavam conviver com os problemas de
infraestrutura em casa para o acesso às aulas A incerteza com o futuro e o afastamento dos colegas também foram situações que levaram os
Segundo duas pesquisas descritas por Rodrigues et al. (2020), um estudo realizado em uma Faculdade de Medicina na China mostrou
que a prevalência de depressão entre os estudantes foi de 35,5% e a prevalência de ansiedade chegou a 22,1%, e a maioria apresentava um
Conforme Sunde (2021), ainda em alusão aos impactos da covid-19 na saúde mental de estudantes universitários, o despreparo
emocional psicológico revolucionou uma mudança no padrão do sono, a prevalência de sintomas de depressão, ansiedade, estresse e outros
transtornos em alguns estudantes, sendo a incerteza sobre o fim da pandemia e sobre o retorno das aulas e a possibilidade de terminar o curso os
2. Metodologia
Essa metodologia visa analisar e compreender de maneira abrangente os impactos da pandemia na educação pública brasileira,
utilizando uma abordagem baseada em revisão bibliográfica para consolidar as descobertas existentes na literatura científica . Foram realizadas
pesquisas bibliográficas através da coleta de dados dos institutos: INEP e IPEA, da Organização Mundial da Saúde e do Sistema de Avaliação
da Educação Básica (SAEB). Através da análise das literaturas buscou-se consolidar os pontos que justificam o tema deste artigo e trazer os
Foram pesquisados 10 artigos que discorriam sobre os impactos causados pela pandemia na educação nas escolas públicas, destes 4
serviram como base de estudo para a escrita deste artigo. É notável os impactos que os estudantes sofreram e sofrem até hoje desde a
pandemia. Muitos que finalizaram o ensino médio neste período, até hoje encontram-se na situação de nem-nem como foi levantado nas
pesquisas. As dificuldades são diversas, desde conseguir a inserção no mercado de trabalho, conseguir controlar a ansiedade, retomar os estudos
para os que evadiram, e buscar recuperar os conhecimentos perdidos durante a pandemia através de reforços ou cursinhos.
A população pobre é a que mais sofre, desde a falta de recursos para estudar, seja de forma online ou presencial, ou a necessidade
de renda, o que faz com que muitos abandonem os estudos em busca de trabalhos informais. Sem contar com as doenças mentais que afetam
cada vez mais os estudantes e pessoas mais jovens, com doenças como a ansiedade que chegam a atrapalhá-los durante a realização de provas
e processos seletivos. Estes jovens precisam de ajuda e apoio não só da família, mas da escola e governo através de medidas que busquem
Considerações finais
Os impactos da pandemia na educação pública brasileira são diversos, de longo prazo e requerem ações urgentes. Problemas como
déficit de aprendizagem e impactos na saúde mental são e serão sentidos por muito tempo pelos estudantes, e o governo precisa montar ações
que auxiliem esses estudantes na retomada dos estudos pós-pandemia. Aulas extras ao sábado, revisões de conteúdos essenciais que foram
trabalhados na pandemia, acesso a laboratórios de informática, biblioteca e a disponibilização de materiais extras para estudo são formas de
É muito importante, também, a capacitação dos professores e o acompanhamento deles com relação aos alunos para possíveis
esclarecimentos das atividades. Outro profissional de extrema importância neste cenário é o psicólogo. As escolas precisam fornecer esse
suporte, não só para os alunos, mas também para os professores que tanto sofreram com a covid-19, lidando com perdas, estresse e adesão
REFERÊNCIAS
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07/06/2023. Disponível em: Alta proporção de jovens 'nem-nem' em Pernambuco revela impactos da pandemia da Covid-19, segundo o IBGE
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Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira | Inep (www.gov.br). Acesso em: 18 out 2023
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