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Marracuene
A agricultura constitui o objeto estratégico para a erradicação da pobreza no país e cerca de 80%
da população moçambicana vive basicamente desta actividade. A agricultura tem ainda um papel
essencial na segurança alimentar e nutricional. Para a maioria das pessoas no meio rural a
agricultura é a sua principal fonte de alimentos e de rendimento.
Segundo Cunguara & Garrett (2011), a contribuição da agricultura no PIB tem variado ao longo
do tempo devido a diferenças na distribuição pluviométrica de campanha para campanha. Mas a
contribuição baixou ligeiramente de cerca de 37% em 1990 para cerca de 30% em 2008 e 2009.
Na década passada, a agricultura contribuía com cerca de 20-25%.
Baixa produtividade agrícola está relacionada com vários factores, tais como: distribuição
irregular das chuvas, baixo uso de tecnologias melhoradas, precário estado das infra-estruturas
rodoviárias, principalmente a fraca ligação entre o sul e o norte do país, fraco acesso ao crédito
por parte dos agricultores, e relativamente poucos investimentos na agricultura (Cunguara &
Moder, 2011).
O sector agrícola representa cerca de 25% do PIB de Moçambique (31% no primeiro semestre
2009, segundo o Banco Mundial e 25% no segundo semestre do mesmo ano, segundo o Banco
de Moçambique). Os empréstimos agrícolas como proporção da actividade dos bancos
comerciais continuaram a diminuir de 20% em 2000 para cerca de 6% em 2010. Durante o
mesmo período, o volume de empréstimos na economia de Moçambique expandiu-se por um
factor de nove, enquanto os empréstimos agrícolas triplicaram. De 2008 a 2010, a percentagem
de empréstimos bancários comerciais para este sector diminuiu 30% de 9,4% para 6,5%, no
entanto, o volume de empréstimos aumentou em cerca de 20% em 2009 e 30% em 2010. A
participação dos empréstimos do banco comercial durante o primeiro trimestre de 2011 foi de
6,9%. Os números dos empréstimos agrícolas reflectem apenas o crédito à produção agrícola,
enquanto o resto da cadeia de valor é incluído em categorias como "comércio" ou "indústria"
(AgriFin, 2012).
A maioria das mais de 3,8 milhões de explorações agrícolas em Moçambique é considerada
"pequena" com apenas 25 654 propriedades "média" e 840 "grande". Menos de 88.000 (2,3%)
dessas fazendas têm acesso ao financiamento. Entre esses agricultores, apenas 3 269 indivíduos
ou 3,7% tiveram sucesso no acesso ao crédito de bancos comerciais. O restante é financiado pelo
governo, bancos de desenvolvimento agrícola, cooperativas de crédito, fornecedores de insumos,
grupos de auto-ajuda, parentes e amigos, ou outras fontes (AgriFin, 2012).
Portanto, nesta pesquisa pretende-se abordar assuntos relacionados com o acesso ao crédito
formal e informal pelos agricultores no Distrito de Marracuene, buscando informações como o
tipo de crédito mais solicitado pelos agricultores tendo em conta o género, a idade, estado civil e
o nível de escolaridade.
1.1- Justificativa
O crédito por si só, não é capaz de transformar a vda dos agricultores familiares pois, para isso,
ele deveria ser acompanhado de um conjunto de mudanças que envolvem as infra-estruturas
locais, o acesso a outros serviços, a melhoria do ambiente educacional, etc. Em suma, os factores
básicos que se compõe o próprio desenvolvimento (Magalhães e Abraymovay).
Quando se fala de acesso ao crédito na agricultura temos antes de tudo que separar dois aspectos
do problema: (i) a dificuldade de obtenção de crédito por parte de agricultores devido a questões
específicas à actividade agrícola e (ii) os obstáculos de acesso ao crédito enfrentados por
MPMEs no geral. A composição do sector agrícola Moçambicano, dominado por pequenos
agricultores, faz com que as duas dimensões tenham uma grande área de intersecção (Dorival,
2014).
A escolha do tema “Análise do acesso ao crédito formal vs crédito informal dos agricultores do
distrito de Marracuene” surgiu do interesse em compreender o fenómeno do acesso ao crédito
pelos agricultores do Distrito de Marracuene.
Moçambique possui uma grande diversidade de zonas agro ecológicas e uma grande extensão de
terras aráveis, estimadas em 36 milhões de hectares, onde apenas cerca de 14% estão exploradas,
dos quais cerca de 3.3 milhões de hectares são potencialmente irrigáveis, mas apenas menos de
1% está sendo efetivamente utilizado com cultivos irrigados (MINAG, 2006).
O país apresenta uma população de 24,3 milhões, um aumento de cerca de 666 mil pessoas, de
2012 a 2013 de acordo com o INE, com um crescimento natural da população moçambicana
estimado, em média, em cerca de 2,7%, segundo o último censo populacional do INE, instituição
estatal que estima que 75,2% da mesma população está ligada à actividade agrícola, pecuária,
caça, pesca e silvicultura (INE, 2013).
O sector agrícola tem acesso (ou falta de acesso) a outras formas de crédito desde informal
(amigos, família, esquemas de interajuda), crédito de fornecedores (geralmente financiamento de
capital de giro através de termos de pagamento de insumos) e o próprio Governo (através dos
Fundos para Desenvolvimento do Distrito designados “7 milhões”).
No crédito formal, a atenção tende a estar voltada para a incapacidade dos agricultores usarem as
suas terras de cultivo (muitas vezes o único activo imóvel do agricultor) como garantia bancária.
Este fenómeno está ligado ao facto de que DUATs somente representam um direito de uso e
aproveitamento e não um título de propriedade da terra. A qualidade de uma garantia bancária
depende do valor que o banco prevê ser recuperável em caso de incumprimento, a liquidez do
activo (facilidade em monetizar o activo) e o custo administrativo-judicial que o banco teria que
incorrer. Vale a pena salientar que em Moçambique os bancos tendem a não avançar com
processos judiciais para confiscar garantias (particularmente activos rurais) devido à
complexidade, morosidade e custo do processo, preferindo restruturar ou mesmo cancelar a
divida (Dorival, 2014).
As MBFOs são importantes fontes de longo prazo de serviços financeiros nas áreas rurais. As
cooperativas de crédito e as cooperativas de poupança e empréstimo são as principais fontes de
serviços financeiros para agricultores em todo o mundo. O desempenho dos MBFOs tem variado
bastante, no entanto, com problemas decorrentes de governação fraca, controlo interno
deficiente, dependência de doadores para aquelas instituições focadas em riscos de covariância
da agricultura.
Existem, entretanto, outras questões mais fundamentais que não recebem a merecida atenção. A
primeira está relacionada com a própria natureza da actividade agrícola que implica um elevado
nível de sazonalidade de receitas e um grau também elevado de incerteza. A sazonalidade varia
de acordo com o tipo de cultura mas geralmente a actividade envolve um investimento em
preparação do terreno, insumos (sementes, fertilizantes, etc.) e a operação de plantio seguida de
um período de maturação (que pode ser longo no caso de algumas variedades de frutas por
exemplo). Finalmente o agricultor terá que incorrer custos de colheita (contratação de mão-de-
obra temporária, aluguer de colhedoras, etc.), custos de armazenamento pós-colheita e
possivelmente de transporte até ao mercado. Só depois deste período de fluxos de caixa
negativos o agricultor terá a oportunidade de receber os ingressos das vendas (Dorival, 2014).
Outro desafio que afecta o acesso ao crédito é a questão dos custos de transacção face à pequena
escala da maioria dos agricultores moçambicanos. Os custos operacionais para a banca são
elevados em Moçambique particularmente quando se trata de clientes rurais (difícil acesso
devido à fraca infra-estrutura, baixa densidade populacional, etc.). O processo de avaliação do
crédito é geralmente onerosa e dispendiosa mais uma vez pelo difícil acesso físico mas também
pelo difícil acesso à informação (agravada pela ausência de um Bureau de Crédito robusto,
abrangente e transparente).
A agricultura é uma actividade praticada por cerca 90% da população moçambicana onde a
maioria é dependente desta para a sua subsistência. A produção de culturas de rendimento, vem
contribuir para o crescimento deste sector. (MINAG, 2008)
O acesso ao crédito, para os agricultores, torna-se fundamental para financiar suas despesas com
insumos, investimentos (em máquinas, equipamentos, edificações, etc.) e comercialização dos
produtos provenientes de suas produções (LEITE, 2012).
O crédito acedido pelos agricultores, ainda de acordo com Leite (2012), pode ser compreendido
como uma antecipação monetária, ou seja, um empréstimo. “Assim, na ausência de recursos
próprios que permitam custear a produção, dispor de um programa de crédito específico tem sido
uma estratégia importante para sustentar a produção e, consequentemente, a oferta de um bem
e/ou serviço” (LEITE, 2012).
O facto é que, mesmo com a existência de distintas linhas de crédito, nem todos os produtores
têm acesso a essa estratégia, principalmente por não se enquadrarem nos perfis ou categorias
burocraticamente criadas para delimitar os beneficiários das políticas públicas voltadas para os
agricultores familiares.
O acesso ao crédito por parte dos agricultores é um assunto que ainda precisa de ser muito
explorado, devido a sua amplitude. Portanto, com este trabalho, pretende-se responder à seguinte
questão:
“Até que ponto o crédito formal e/ou crédito informal contribui para o desenvolvimento
dos Agricultores da Associação de Bolaze B no distrito de Marracuene?”
1.4- Hipóteses
Tendo em conta que existem vários factores que podem influenciar o acesso ao crédito formal e
informal por parte dos agricultores, pode-se colocar como hipóteses as seguintes:
Ho – O crédito formal e/ou crédito informal tem tido uma contribuição importante ao
nível do desenvolvimento da agricultura em Moçambique.
H1 – O crédito formal e/ou crédito informal não tem tido uma contribuição importante ao
nível do desenvolvimento da agricultura em Moçambique.
1.5- Objectivos
A natureza intertemporal das operações de crédito tem sérias implicações para o seu desempenho
e os resultados alcançados na balança. Em primeiro lugar, a existência de assimetria de
informação faz com que haja equilíbrios na quantidade e não nos preços devido à existência de
racionamento. Em segundo lugar, a "melhoria" do tempo de transacção é depois de receber o
empréstimo, o que significa a existência inevitável de incerteza no cumprimento do pagamento.
Durante esse tempo, eventos que tornam o crédito não pode ser pago, ou pelo menos não
inteiramente, ou pode ocorrer condições (prazo, montante, etc.) estabelecidas no contrato
(Stiglitz e Weiss, 1981).
A literatura sobre o acesso reconhece que o acesso aos serviços financeiros não é apenas uma
questão de disponibilidade de instituições, mas sim uma interacção entre os factores acesso-
oferta e acesso-demanda (Claessens, 2006; Beck, Demirguc-Kunt e Martinez, 2008). No que
respeita ao lado da oferta do mercado (acesso à oferta), o acesso tem sido amplamente
identificado com a disponibilidade de serviços (Claessens, 2005). Do lado da demanda (acesso à
demanda), Claessens (2002) classifica os tipos de acesso em três grupos, dois que são excluídos
do mercado e outros que não. O primeiro grupo é chamado de exclusão involuntária e é
composto de pessoas que foram rejeitadas devido ao seu perfil de alto risco, discriminação,
preço, produto, renda ou características do entrevistado. O segundo grupo, grupo de exclusão
voluntária, inclui aqueles que não precisam do serviço, aqueles que não estão cientes do serviço
e aqueles que assumem a rejeição. Finalmente, o terceiro grupo é composto de aqueles que são
consumidores de serviços financeiros. Além disso, esta literatura reconhece que é importante
distinguir entre acesso e uso ao discutir o alcance do sector financeiro e verifica que a demanda
real de crédito pode ser menor devido à falta de acesso por razões como analfabetismo financeiro
ou falta de conscientização (Beck e De la Torre, 2007).
Outra vertente da literatura relevante para o nosso trabalho é aquela relacionada com o papel do
sistema financeiro informal na demanda de crédito. Foi explicado que a existência de economias
de escala e externalidades de rede faz com que indivíduos que vivem em pequenas comunidades
ou indivíduos com a necessidade de pequenas transacções de crédito não sejam lucrativos para
prestadores de serviços financeiros formais (Peachey e Roe, 2004). Devido ao limitado acesso a
serviços financeiros formais, tem-se argumentado que o sector informal enfrenta a demanda
residual do sector formal (Eswaran e Kotwal, 1989, Braverman e Stiglitz, 1989, Kiiza e
Pederson, 2002). Nesse sentido, os pobres raramente têm acesso a serviços voluntários de
depósito ou de crédito oferecidos por instituições formais, de modo que são obrigados a
economizar ou pedir um crédito em uma fonte informal, que muitas vezes tem custos, riscos,
Ilíquido e indivisibilidade (Beck e de la Torre, 2007). Por outro lado, foi explicado que as fontes
de crédito formal e informal interagem horizontalmente, especialmente quando o crédito de
baixo custo está disponível por meio de fontes informais (Bell 1990, Kochar, 1997, Guirkinger,
2008). Em particular, os empréstimos de amigos e de família como uma forma de partilha de
risco que é benéfica para um grupo de pessoas, especialmente em países em desenvolvimento
como Moçambique e entre indivíduos expostos a choques nos seus rendimentos. Além disso, o
crédito entre amigos e familiares é considerado efectivo por causa da monitoria de pares.
Pearlman (2010) descobre que no Peru e no Equador, a família e os amigos são a principal fonte
de recursos quando se trata de uma emergência empresarial ou familiar. O autor explica que isto
é principalmente porque a flexibilidade pode ser muito importante para os mutuários pobres que
enfrentam altos níveis de risco e meios limitados para os gerenciar. Grandes choques como
roubo, subornos, extorsão e desastres naturais limitam a capacidade de cumprir prazos de
reembolso rígidos geralmente adoptados por fontes de crédito formais. Por estas razões,
utilizamos dados de conscientização e uso de serviços formais e informais que nos permitem
caracterizar os determinantes de acesso de ambos os tipos de fontes em Moçambique.
O uso de serviços financeiros também tem sido estudado através de modelos de dois estágios.
Zeller (1994) usa modelos probit univariados para ver como as características individuais e
familiares e os eventos podem afetar a probabilidade de um indivíduo pedir crédito e ser
concedido tal crédito. Para ver a diferença entre fontes de crédito formais e informais, o autor
estima o modelo separadamente para os sectores formal e informal. Para estudar se existe um
racionamento formal de crédito na Índia rural, Pal (2002) estima, primeiro, a probabilidade de
uma família demandar crédito informal ou formal usando um modelo logit multinominal e, em
seguida, estima a demanda em empréstimos informais condicionada a ter um empréstimo formal.
No entanto, nenhum desses estudos explica o facto de que nenhuma participação/uso poderia ser
devido à falta de conhecimento das instituições financeiras estudadas.
Ambos podem ocorrer simultaneamente, com produtores utilizando recursos por meio das duas
partes, uma delas na condição de complemento. Mas tomando caso a caso, Almeida (1994:15)
afirma que, apesar da existência de complementaridade, ambos possuem características muito
distintas.
De acordo com este autor, o mercado informal possui maior flexibilidade quanto aos recursos
que disponibiliza e, nesse sentido, pode actuar com a oferta de uma gama maior de alternativas.
Enquanto isso, o crédito rural formal é disponibilizado apenas em forma de capital. Este último
tem como pontos positivos a possibilidade de que maior montante seja disponibilizado e prazos
mais longos. Em contrapartida, exige dos produtores garantias e reciprocidades financeiras, com
excessiva burocracia e demora na liberação dos recursos. Já no caso do crédito informal, existe
uma maior agilidade nos trâmites para requerer o recurso e na liberação, que é feita mais
rapidamente. Além disso, os custos totais dos empréstimos formais tendem a ser mais elevados
que os do informal, mesmo que estes últimos tenham taxas de juros altas. As principais
características de ambos podem ser vista na tabela 1. Ele apresenta de forma resumida as
características essenciais dos dois tipos de crédito rurais comuns no Brasil fazendo um
comparativo entre o mercado formal e o informal.
Tabela 1. Principais Características dos Mercados Formais e Informais de Crédito.
Ainda, segundo Almeida (1994: 17), o mercado formal, além de trabalhar com racionamento de
crédito mediante as expectativas de risco, gastam muito tempo e dinheiro tentando controlar a
finalidade dos recursos. É neste sentido que os empréstimos de longo prazo são tidos como
inviáveis em virtude dos altos custos envolvidos: uma vez que necessita de formas de controlo e
de monitoria que oneram o custo do crédito. De forma diferenciada, o crédito informal, é
baseado na confiança e no conhecimento entre o ofertante e o tomador de crédito, tendo em vista
que a monitoria é mais fácil de ser feita vis a vis ao crédito formal.
3. Metodologia
Segundo Lakatos (2001, p. 83) a metodologia é considerado como o conjunto das actividades
sistemáticas e racionais que, com maior segurança e economia, permite alcançar o objectivo
conhecimentos válidos e verdadeiros, traçando o caminho a ser seguido, detectando erros e
auxiliando as decisões do cientista.
Para que os objectivos anteriormente citados possam ser atingidos foi necessário o uso de alguns
instrumentos e procedimentos metodológicos orientados para análise do acesso ao crédito formal
e/ou informal pelos agricultores do Distrito de Marracuene.
Com uma superfície de 697 km² e uma população recenseada em 2012 de 118 949 habitantes, o
distrito de Marracuene tem uma densidade populacional de 170.8 hab/km². A relação de
dependência económica potencial é de aproximadamente 1:1, isto é, por cada criança ou ancião
existe uma pessoa em idade activa.
A humidade relativa varia entre 75% a 80% e a precipitação é moderada, com um valor médio
anual de 52.7. a estação chuvosa vai de Outubro a Abrril, com 60% a 80% da pluviosidade
concentrada nos meses de Dezembro a Fevereiro (INAM, 2012).
O distrito é atravessado no sentido Norte-Sul ao longo de uma extensa planície pelo rio Incomati,
que vai desaguar no Oceano Índico, no delta da Macaneta (GdM, 2005).
A zona alta do distrito é constituída principalmente por sedimentos arenosos eólicos (a ocidente e
ao longo da costa) com ocorrência de areias siliciosas. A planície aluvionar, ao longo do rio
Incomati é de solos argilosos, estratificados e tufosos (INE, 2012 usando dados do Ministério dos
Recursos Mineirais, 2005).
A faixa litoral de dunas e arreia na separação entre o mar e o rio Incomati na zona da Macaneta
corre o risco de desaparecimento, o que a acontecer, teria consequências ecológicas graves para
os Distritos de Marracuene, Manhiça e Magude. Com propensão a períodos de seca, a sua
vegetação é constituída por savana de gramíneas e arbustos, sendo o solo recomendado para a
criação do gado bovino e pequenos ruminantes (GdM, 2005).
3.2.2- Economia
A agricultura é a base da economia distrital, tendo como principais culturas as hortículas, arroz,
milho, mandioca, batata-doce e bananas. As espécies de gado predominantes são os bovinos,
caprinos, suínos e aves, destinadas para o consumo familiar e comercialização (INE, 2012).
Afectado pela excessiva procura de terrenos proveniente da Cidade de Maputo, Marracuene tem
sido palco de vários conflitos ligados à posse de terra.
O sector agrícola familiar está em expansão, e as explorações privadas, que ocupam uma parte
significativa das terras férteis e absorvem cerca de 36% da mão-de-obra assalariada do distrito
(INE & MINAG, 2010/2011).
Com base nos dados da organização “Médicos sem fronteiras”, estima-se que a média de
reservas alimentares de cereais e mandioca, por agregado familiar, corresponde a cerca de 4
meses, admitindo-se que 5% da população está em situação vulnerável, o que afecta sobretudo os
camponeses com menos posses, principalmente idosos e famílias chefiadas por mulheres (INE,
2012).
Esta situação pode ser atenuada pelo facto de a zona beneficiar de uma razoável integração
regional de mercados, bem como poder ter acesso a actividades geradoras de rendimento (INE,
2012).
O comércio, sobretudo informal, ocupa cerca de 10% da população activa e cerca de 5% das
mulheres economicamente activas do distrito, na sua maioria mulheres das zonas urbanas e semi-
urbanas do distrito.
Para que os objectivos anteriormente citados pudessem ser atingidos foi necessário o uso de
alguns instrumentos e procedimentos metodológicos orientados para análise do acesso ao crédito
formal e informal por parte dos agricultores da Associação Bolaze B.
Quanto aos dados de natureza qualitativa, constam opiniões, ideias dos produtores sobre a
comercialização e a situação desta actividade na Associação.
Para a recolha de informação usou-se a entrevista semiestruturada, onde para além de responder
às questões presentes num guião pré-elaborado, os camponeses tiveram a oportunidade de se
expressarem livremente sobre o assunto, como forma de obter mais subsídios para a realização
eficiente do trabalho.
O grupo a alvo desta pesquisa são os agricultores da Associação de Bolaze B que tiveram e/ou
tem acesso ao crédito, independentemente da sua fonte.
Por final, será feita a colecta de dados, por meio de entrevistas pessoais, realizadas de forma
directa á agricultores da Associação Bolaze B. Estes dados serão analisados, interpretados e por
fim compilados num relatório.
N∗n ˳
Fórmula 1. n=
N +n˳
Onde:
N - é o tamanho da população;
n˳ - é a primeira aproximação do tamanho da amostra;
n – é a amostra.
1
Fórmula 2. n ˳= E ˳ ²
Onde:
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