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República de Moçambique

Ministério da Agricultura

Proposta de Estratégia Nacional de Irrigação


(Draft 01)

Junho 2010

(Grupo de Trabalho da DNSA e Outros Colaboradores Directos)

1
Indíce

1 Introdução ................................................................................................................................................ 2
1.1 Antecedentes, Pressupostos e Fundamentação .............................................................................. 3
1.2 Agricultura Irrigada no Contexto do Desenvolvimento Nacional .................................................... 5
2. Breve Caracterização do Sub-sector de Irrigação .................................................................................... 7
2.1 Descrição da Evolução dos Serviços e do Sub-sector de Irrigação .................................................. 7
2.2 Breve Informação Sobre Evolução e Utilização das Áreas Infraestruturadas de Rega .................... 8
2.3.1 Custos de reabilitação e de novas construções ..................................................................... 11
2.4 Implicações de Utilização de Recursos Hídricos ............................................................................ 11
2.5 Capacidade Institucional e Género ................................................................................................ 11
3 Análise FOFA .......................................................................................................................................... 13
Sobre a Proposta da Estratégia ...................................................................................................................... 15
3.3 Visão ............................................................................................................................................... 15
3.4 Missão ............................................................................................................................................ 15
3.5 Principais Beneficiários da Estratégia ............................................................................................ 15
3.5.1 Produtores de Pequena Escala .............................................................................................. 16
3.5.2 O sector empresarial agrícola: ............................................................................................... 16
3.5.3 O sector público na agricultura: ............................................................................................. 16
3.5.4 O sector privado da economia rural: ..................................................................................... 17
3.6 Principios da Estratégia .................................................................................................................. 17
1.5 Metas ............................................................................................................................................. 17
4.6 Periodicidade ....................................................................................................................................... 18
4.7 Objectivos Estratégicos ........................................................................................................................ 18
4.8 Acções Estratégicos .............................................................................................................................. 19
Implementação da Estratégia ........................................................................................................................ 20
5.1 Estabelecimento de Serviços Públicos Adequados .................................................................................. 20
5.2 Formulação de um Programa Nacional de Irrigação (PNI) ............................................................ 21
6. Monitoria e Avaliação ............................................................................................................................ 22

1. Introdução

2
1.1 Antecedentes, Pressupostos e Fundamentação

Antecedentes
O constante crescimento populacional em Moçambique, determina o aumento da demanda
em produtos alimentares e a necessidade de um desenvolvimento económico acelerado que
contribui para o aumento da pressão sobre os recursos naturais do País. Assim, o crescimento
da produção nacional impõe a necessidade de aumento da produtividade agrícola sem
necessariamente aumentar as áreas cultivadas. A água é um dos recursos naturais mais
preciosos para o progresso do País, pois dela depende uma maior segurança da produção
agrícola, em particular nas regiões caracterizadas por acentuados défices hídricos.

A presente proposta de Estratégia Nacional de Irrigação resulta de um processo iniciado há


mais de 10 anos. Em 2000 foi elaborado um esboço de Política Nacional de Irrigação e
Estratégia de Implementação, mas que nunca chegou a ser oficialmente aprovada. Em 2006, o
exercício foi retomado num contexto em que decorriam várias mudanças. Os mercados
interno e internacional de produtos agrícolas que viriam a desembocar numa crise
internacional de alimentos; os processos de planificação e distribuição de recursos no País
bem como o papel do sector privado na irrigação em Moçambique haviam conhecido
mudanças significativas. O quadro institucional e mandato dos serviços públicos de irrigação
também haviam sido alterados.

Face às mudanças urge que a Estratégia Nacional de Irrigação tome em consideração de


forma a enquadrar-se mais responsiva e eficazmente no Sub-sector de Irrigação. Em suma,
tratava-se de formular uma estratégia que respondesse de forma eficaz aos desafios e
permitir a mobilização de apoio político; desenvolvimento de um ambiente legal e de
investimento cada vez mais conducivo em particular para o sector privado (incluindo parcerias
público privadas), desenvolvimento de serviços públicos de irrigação mais capacitados e
abrangentes, e promoção de maior envolvimento de todos os parceiros no desenvolvimento
da irrigação.

O processo de elaboração da presente proposta de Estratégia envolveu consultas a vários


actores a nível local e a nível central. As consultas a nível local decorreram particularmente
nas províncias de Maputo, Gaza, Inhambane, Sofala, Manica, e Zambézia, em 2007-2008.
Adicionalmente, o Ministério da Agricultura (MINAG) reuniu um painel de profissionais e de
especialistas moçambicanos que compreendeu o MINAG/DNSA, o MOPH/DNA e Conselho
Nacional de Águas e consultores internacionais, com o apoio técnico da Organização das
Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO) e financeiro da União Europeia (UE).
Para formular a proposta do documento, sob orientação e coordenação geral do
MINAG/DNSA, O Ministério da Coordenação Ambiental foi consultado dadas as interacção
existente entre a utilização de água para rega e questões de natureza ambiental. A finalização
da proposta beneficiou ainda de apoio técnico e financeiro de Instituto Internacional de
Maneio de Água (IWMI- África Austral).

Fundamentação

3
Moçambique é um País cuja economia é ainda significativamente baseada na agricultura (23%
e 22% do PIB em 2007 e 2008, respectivamente). Estima-se que pelo menos 70% da
população rural encontra-se directa ou indirectamente ligada à actividade agrária, em
especial a mulher (cerca de 60% da mão de obra) e jovens. Em áreas peri-urbanas aptas à
produção agrícola e com ligação ao mercado, a agricultura tem também contribuido para
absorção de mão-de-obra, abastecimento alimentar às cidades e na economia local.

Um factor crítico na produção agrícola é o acesso e distribuição da água ao longo do ciclo


vegetativo das culturas. Um acesso adequado da água determina em grande medida o
desempenho da produção agrícola. No País, a agricultura depende ainda quase
exclusivamente da precipitação, em pelo menos 95% das suas áreas cultivadas. O impacto das
secas recorrentes ou défice de precipitação no País tem resultado em perdas enormes de
colheita da produção. Porém, o excesso da água é também um problema de forte impacto no
desempenho da produção agrícola. Os fenómenos extremos de cheias e seca registados,
respectivamente, nos anos 2000 e 2005, são exemplos de calamidades naturais forte
impacto na agricultura.

A contribuição da irrigação é fundamental na estabilização da produção agrícola e no


aumento de produtividade, em particular nas culturas alimentares. Culturas vitais como arroz,
milho, hortícolas e frutas tropicais de importante valor nutritivo e económico, se irrigadas e
sujeitas a boas práticas culturais, podem registar de imediato acréscimos de produtividade de
pelo menos 200% em relação à sua prática em regime de sequeiro.

Pressupostos

A Estratégia de Irrigação baseia-se numa série de pressupostos, nomeadamente:


• O Sector Agrário é vulnerável aos factores climáticos e ao fenómeno das mudanças
climáticas. A irrigação desempenha um papel importante para ajudar a proteger a
produção agrícola dos impactos das variações e mudanças climáticas, melhorando a
capacidade de adaptação do sector.

• A curto e médio prazos, a expansão das áreas irrigadas para culturas alimentares está
dependente do investimento público, e exige grande investimentos
• A procura crescente de produtos alimentares domésticos dependentes da irrigação nos
mercados nacional, regional e internacional continuará a aumentar e Moçambique deve
activar a sua vantagem comparativa para responder a essa procura. Consequentemente, a
produção nacional baseada na irrigação pode incrementar, gerando benefícios
económicos locais, reduzindo gradualmente a despesa nacional com a importação de
alimentos.
• A irrigação tem um papel crucial na intensificação da produção agrária, uma opção de
crescimento do Sector Agrário que tem vindo a merecer prioridade como reflectido em
recentes estratégias planos de acção e programas agrários com destaque para a Estratégia

4
da Revolução Verde(2007), o Plano de Acção para a Produção de Alimentos (PAPA, 2008),
o e Plano Estratégico de Desenvolvimento do Sector Agrário (PEDSA, 2010).
• O papel da agricultura irrigada é cada vez mais reconhecido a nível regional e continental
sendo de destacar a SADC/ RISDP e o Comprehensive African Agriculture Development
Programme (CAADP) tem a “irrigação” como um dos seus pilares.
• As infra-estruturas de irrigação existentes oferecem uma base de partida para o
desenvolvimento do sub-sector de Irrigação a médio prazo, à medida que forem
reabilitadas;
• O desenvolvimento sustentável da irrigação, incluindo a atribuição de terras e acesso a
recursos hídricos, exigirá uma mudança das práticas informais para práticas formais de
planificação e tomada de decisão baseadas em regulamentos e direitos (Por exemplo,. a
prática internacional referente à atribuição de recursos de rega e de recursos naturais
baseia-se cada vez mais em regras transparentes, critérios claros e métodos sãos de
avaliação).. Estes processos, se forem para acontecer, exigem um quadro estratégico claro.
• O processo em curso de desconcentração e descentralização político -administrativa e de
planificação participativa rumo ao desenvolvimento tendo como base o distrito (PPDF),
impõe formas mais inovativas de planificação, orçamentação e monitoria de de sistemas
de rega.

Os pressupostos acima listados sugerem ou fundamentam a necessidade de transformação do


Sub-sector de Irrigação para que este possa responder com eficácia às alterações dos
mercados e aos desafios de desenvolvimento do Sector Agrário. Uma tal transformação exige
um ambiente de política favorável, um quadro regulador evolutivo mais responsável e, acima
de tudo, um fluxo de investimentos privados e públicos cada vez mais baseados em evidências.
A presente proposta de estratégia visa responder a tais desafios.

1.2 Agricultura Irrigada no Contexto do Desenvolvimento Nacional

1.2.1 Agricultura – Face aos desafios relacionados à segurança alimentar (aumento de preços
internacionais e importações de alimentos), à necessidade de aumento de exportações de
produtos agrários, ou, de forma mais ampla, à necessidade de acelerar o crescimento do
Sector Agrário, a agricultura tem vindo a beneficiar de maior prioridade no Governo. A
Estratégia da Revolução Verde, operacionalizada através do PAPA (2008-2011) prioriza
culturas alimentares e produtos pecuários de maior importância na segurança alimentar, bem
como a formulação do PEDSA (2010), enquadram-se na perspectiva de acelerar o crescimento
do Sector Agrário e contribuir para os grandes objectivos de redução da fome e pobreza no
País. Os últimos desenvolvimentos do País para um maior alinhamento das políticas agrárias
com o NEPAD/ CAADP mostram igualmente a necessidade de uma maior orientação
estratégica do desenvolvimento do Sector Agrário. Em todos estes desenvolvimentos, a
irrigação constitui um dos pilares para materialização de maior crescimento do Sector Agrário.

1.2.2 Contribuição da Irrigação nos Objectivos Nacionais de Desenvolvimento

5
Os objectivos nacionais de desenvolvimento consistem da redução dos níveis de pobreza
absoluta através de um crescimento económico rápido e sustentado, preconizando-se
também a redução das assimetrias e desequilíbrios regionais de desenvolvimento. O
Programa Quinquenal do Governo (PQG) e os Planos de Acção para a Redução da Pobreza
Absoluta (PARPA) têm sido os instrumentos chave do governo para cumprir com estes
objectivos. Ao sector privado, é reconhecido o papel determinante no crescimento económico,
numa economia de mercado agilizada pelo Estado através da disponibilização de infra-
estruturas básicas e de um ambiente de políticas propício. Dá-se prioridade ao
desenvolvimento rural com ênfase na agricultura, preconizando-se utilização racional dos
recursos disponíveis como contributo ao desenvolvimento económico local.

O reforço do Sub-sector de Irrigação, que, entre outras condicionantes, impõe uma estratégia
compreensiva, pragmática e de longo prazo, vai contribuir para a Agenda de Desenvolvimento
Nacional, através do aumento dos rendimentos agrícolas para responder à procura de
culturas alimentares e de rendimento incluindo os biocombustíveis, nos mercados nacional
(figura 1), regional e internacional. Nos últimos anos, tanto em Moçambique como na maioria
dos países da região da SADC, a produção de alimentos não tem acompanhado o ritmo da
procura e um Sub-sector de Irrigação reforçado terá um papel importante a desempenhar na
redução da diferença existente entre a procura e a oferta de alimentos a nível nacional e
regional. Ao mesmo tempo, a agricultura irrigada irá estimular o investimento e a produção
nas zonas rurais e peri-urbanas, “revitalizando” assim o desenvolvimento rural e urbana e
reduzindo a pobreza. Adicionalmente, a agricultura irrigada cria oportunidades para o
investimento do sector privado e parcerias público-privadas (PPPs) de risco partilhado.

Figura1: Balança Comercial de Alimentos-Fonte INE

1.2.3 Papel da irrigação no contexto evolutivo das políticas e estratégias de


Desenvolvimento Nacional

O momento actual caracteriza-se por mudanças rápidas no desenvolvimento económico


nacional, regional e internacional. A nível interno ocorrem reformas institucionais e de
políticas significativas. Por exemplo, decorrem reformas políticas e da administração1, um
processo que tem três dimensões distintas e interligadas, nomeadamente a reforma do sector

1
O quadro legal e regulador destas reformas rege-se e é operacionalizado pela Lei dos Órgãos Locais do Estado
08/2008 e seu Regulamento (2005), Lei da Reforma da Gestão Financeira Pública (2002) e seu Regulamento
(2004), e ainda pelo Programa de Planeamento de Finanças e Desenvolvimento 2005-2015.
6
público; a desconcentração e a descentralização; bem como a reforma da planificação do
desenvolvimento e do sistema financeiro público.

O País conta também com uma a Estratégia de Desenvolvimento Rural (2006-2025), que
preconiza uma aproximação multi-direccional para atingir vários objectivos, incluindo a
reabilitação e desenvolvimento de infra-estruturas económicas e sociais nas zonas rurais. O
Sub-sector de Irrigação enquadra-se dentro deste conjunto de reformas e a presente proposta
de estratégia toma em consideração estas referências de âmbito inter-sectorial.

Adicionalmente, algumas estratégias sectoriais relevantes para o Sub-sector de Irrigação


foram aprovadas nomeadamente a Política da Águas (2007) e a Estratégia Nacional de Gestão
de Recursos Hídricos (2007) que preconizam medidas para melhorar a eficiência de irrigação
incluindo tarifas e incentivos para tecnologias mais eficientes de uso de água. O Sub-sector de
Irrigação deve evoluir de forma consistente com novas estratégias e reformas de políticas
sectorias abrangentes e relevantes. A proposta de irrigação também acautela estas questões.

2. Breve Caracterização do Sub-sector de Irrigação

2.1 Descrição da Evolução dos Serviços e do Sub-sector de Irrigação

Durante o período colonial, a irrigação teve um papel de alguma importância como um dos
incentivos subjacentes à economia rural dos colonatos. A maior e mais importante iniciativa
de irrigação colonial, na Bacia do Rio Limpopo, providenciou a base para o desenvolvimento
do Colonato do Limpopo, administrado pelo Gabinete do Limpopo. Ao causar um êxodo
massivo de pessoal técnico qualificado, o colapso do Estado Colonial afectou a agricultura de
irrigação, terminando abruptamente todos os investimentos que na altura estavam em curso.

Após a independência em 1975, o Estado moçambicano deu prioridade à reabilitação e


utilização das infra-estruturas de rega abandonadas incluindo a expansão de novas áreas,
como base para a revitalização da produção agrícola. O esforço de reabilitação focou as áreas
de mais alta densidade de infra-estruturas de rega – com destaque para as bacias dos rios
Limpopo e Incomáti – sob coordenação da então Secretaria de Estado para a Região do
Limpopo e Incomáti (SERLI), que foi mais tarde substituída pela Secretaria de Estado de
Hidráulica Agrícola (SEHA), no Ministério de Agricultura.

Em finais dos anos oitenta foram criadas nalgumas províncias unidades especiais de irrigação
(não formalmente integradas no sector público), os Núcleos Provinciais de Hidráulica Agrícola,
para dirigir e apoiar o desenvolvimento de sistemas de rega de pequena escala a nível
provincial, através da prestação de serviços de extensão hidro-agrícola, capacitação de
produtores e outros apoios. Contudo, a generalização da guerra envolvendo quase todo o País
prejudicou seriamente o trabalho dessas unidades de irrigação.

No pós-guerra (após 1992) o Governo enfatizou a irrigação de pequena escala, tendo como
objectivo a segurança alimentar. Em 1995, foi criada uma Direcção Nacional de Hidráulica
Agrícola (DNHA) no Ministério de Agricultura e Pescas, que se manteve no novo Ministério da
Agricultura e Desenvolvimento Rural (MADER) em 1999. Em 2005 o MADER foi extinto tendo
7
sido criado o Ministério da Agricultura (MINAG) e, nesse processo, a DNHA foi extinta
passando a dois departamentos (Departamento de Engenharia Hidráulica e Departamento de
Apoio à Gestão de Sistemas de Irrigação), dentro da actual Direcção Nacional de Serviços
Agrários (DNSA).

A transição do MADER para MINAG, a qual foi seguida de reformas institucionais internas,
enfraqueceu os serviços públicos de irrigação e em geral ao Sub-sector, ao afectar a sua
capacidade de provisão de serviços de apoio para o desenvolvimento da irrigação. Uma das
consequências imediatas foi a redução de recursos anualmente alocados aos serviços. O
quadro institucional dos serviços públicos mostra-se, por conseguinte, pouco apropriado aos
desafios do Sub-sector.

2.2 Breve Informação Sobre Evolução e Utilização das Áreas Infraestruturadas de


Rega

O início dos anos oitenta representou o pico da actividade do Sub-sector de Irrigação tendo
recuperado o choque ocorrido aquando do abandono de grande parte dos sistemas de rega
após a independência nacional. Contudo, os anos subsequentes até praticamente ao pós-
guerra, a partir de 1992, foram de decrescimo de utilização de áreas infraestruturadas.
No pós-guerra houve esforços no sentido de voltar a revitalizar o Sub-sector. Porém, os níveis
limitados de investimento não permitiram grandes resultados até finais dos anos noventa.
Entre 2001-2003 o MINAG efectuou um exaustivo levantamento de terreno para inventariar a
situação do sub-sector em termos de terra com infrastructura e sua utilização. A Tabela 2.1
apresenta a estrutura geral do subsector de irrigação, desagregada por dimensão dos
sistemas de rega esquema e por região em 20022. Do total de cerca de 120,000 ha de área
equipada inventariada, apenas cerca de um terço (40,000ha) da área estava de facto sendo
regada em 2002.

2
Levantamento Nacional dos Regadios 2001 e 2003

8
Tabela ...: Inventário sobre terra irrigada infrastructurada e efectivamente estruturada

Norte Centro Sul Total


Descrição (ha) (%) (ha) (%) (ha) (%) (ha) (%)
Áreas Equipadas para Rega:
Classe A (<50 ha) 592 17 1428 4 4369 6 6389 5
Classe B (50-500 ha) 1760 53 6653 17 11234 15 19647 17
Classe C (>500 ha) 1000 30 30949 79 60135 79 92084 78
Total 3352 100 39030 100 75738 100 118120 100
Área realmente regada
Classe A (<50 ha) 200 30 624 4 2452 11 3276 8
Classe B (50-500 ha) 461 70 1584 10 2635 11 4680 12
Classe C (>500 ha) 0 0 14049 86 18058 78 32107 80
Total 661 100 16257 100 23145 100 40063 100
Proporção de área equipada realmente regada
Classe A (<50 ha) 34 44 56 51
Classe B (50-500 ha) 26 24 23 24
Classe C (>500 ha) 0 45 30 35
Total 20 42 31 34
Tecnologia
Rega de superfície 656 99 4200 26 12000 52 16856 42
Rega por aspersão 0 0 11530 71 8330 36 19860 50
Rega por gotejamento 5 1 527 3 2815 12 3347 8
Total 661 100 16257 100 23145 100 40063 100
Principais culturas de rega
Cana-de-açúcar 0 0 13799 84.9 10059 43.4 23858 59.6
Horticultura 301 100 210 1.3 6500 28.1 7011 17.5
Arroz 0 0 480 3 3650 15.6 4130 10.3
Tabaco 0 0 445 2.7 0 0 445 1.1
Citrinos 0 0 370 2.3 0 0 370 0.9
Outras 0 0 953 5.9 3036 13.1 4249 10.6
Total 301 100 16257 100 23145 100 40063 100

O inventário de 2001-2003 revelou uma contribuição bastante limitada do Sub-sector de


Irrigação, bastante aquém das suas potencialidades em infrastructura então instalada.

A reabilitação de infra-estruturas de rega desactivadas ganhou ímpeto a partir de 2000/2001


e desde então tem sido uma das preocupações dos utentes e uma das principais áreas de
intervenção do MINAG, através dos serviços públicos de irrigação cana-de-açúcar. Os dados
actuais sobre a reabilitação ou instalação de novos sistemas mostram alguma evolução. A
Tabela 2 apresenta um crescimento de área total infrastruturada de cerca de 14,366 ha entre
2004-2009

Tabela 2.2 – Áreas de irrigação reabilitadas ou construídas no período2001- 2009

9
PROVÍNCIA INVENTÁRIO ÁREA IRRIGADAS (hectares) TOTAL PROV.
(HA)
(2001/2003) 2004 2005 2006 2007 2008 2009
MAPUTO 908 876 324 980 60 517 82 3747
GAZA 7867 930 1520 598 2300 500 1432 15147
INHAMBANE 247 90 420 452 821 143 201 2374
TETE 373 20 10 13 416
SOFALA 112 40 75 110 133 39 509
MANICA 1126 192 283 70 1671
ZAMBÉZIA 965 18 54 45 45 200 1327
NAMPULA 352 20 119 70 1 57 619
NIASSA 7 15 94 359 15 490
CABO DELGADO 84 23 107

TOTAL NACIONAL 12041 1916 2514 2576 3520 1778 2062 26407

Estima-se que mesmo com a expansão das áreas em funcionamento ocorrida desde 2004,
ainda se encontram inactivos cerca de 60,000 ha de áreas anteriormente equipadas. Deste
número, cerca de 15,000 ha são considerados como não tendo recuperação ou, podendo ser
recuperáveis, seriam economicamente inviáveis. A reabilitação dos restantes 45,000 ha exige
uma avaliação de terreno exaustiva de forma a tomar-se decisões mais informadas sobre
aplicação de fundos públicos, ou público-privados, para a sua recuperação. Fontes de
Financiamento para Reabilitação e Novas Construções

A reabilitação e construção de novos sistemas de rega têm sido feitas com financiamento
público através do PROAGRI (maioritariamente financiado por parceiros bilaterais), projectos
financiados por parceiros de cooperação bilaterais ou multilaterais bem como pelo sector
privado. Projectos de irrigação recentes financiados por parceiros de cooperação, envolvendo
reabilitação e a construção de raiz de infra-estruturas de rega incluem:

• O Projecto de Irrigação de Pequena Escala (SSIP) financiado em parceria com o BAD


(2002-2010)

• O Projecto de Relançamento de Irrigação de Pequena Escala (PRIPE), financiado em


parceria com o Governo da Itália

• Projecto Integrado de Desenvolvimento Agrário (PIDA), financiado em parceria com o


Governo Italiano (2003-2007).

De referir que para além dos projectos acima citados que terminaram a sua
implementção, existem outros projectos ainda em curso, sendo de destacar os
seguintes:

• O Projecto de Desenvolvimento de Pequenos Produtores Orientados para o Mercado


no Vale do Zambeze, financiado em parceria com o Banco Mundial, o qual iniciou sua
implementação em Maio de 2007. Trata-se de um projecto com representação a nível
central na Direcção Nacional de Promoção do Desenvolvimento Rural (DNPDR), e que

10
pode resultar nalguma expansão das áreas de irrigação (por reabilitação ou por
construção de raiz).

• O Projecto de Desenvolvimento de Irrigação Sustentável (PROIRRI), em fase final de


preparação, cujo financiamento será em parceria com o Banco Mundial, baseado na
DNSA, o qual contribuirá na reabilitação e construção de 5000 hectares irrigados nas
bacias dos rios Púngoé e Búzi (Corredor da Beira).

2.3.1 Custos de reabilitação e de novas construções

O projecto de irrigação de pequena escala (SSIP), o qual foi implementado nos distritos
seleccionados das províncias de Maputo, Sofala e Zambézia, compilou estimativas recentes de
custos de investimento em irrigação que indicam um custo unitário que varia entre 5,000 a
13,000 USD/ha para a construção de sistemas de rega públicos. Factores como a distância dos
centros urbanos, localização (acesso e condições topográficas), opções tecnológicas, etc,
determinam a grande variação dos custos unitários. Os custos dos sistemas de irrigação
comerciais, como, exemplo, a das plantações de cana-de-açúcar e horticultura situam-se
entre 4,000 a 6,000 USD/ha.

A variação de custos unitários de irrigação é um elemento de particular importância a ter em


consideração porquanto pode influenciar o alcance das metas estabelecidas.
A Estratégia irá promover e privilegiar iniciativas proa-activas de redução de custos de
implantação de sistemas de rega.

2.4 Implicações na Utilização de Recursos Hídricos

A actual base de activos e todos os novos desenvolvimentos exploratórios na irrigação são em


grande parte sustentados pela irrigação de superfície garantida pelas 15 principais bacias
hidrográficas de Moçambique, nove das quais são partilhadas com países vizinhos. O uso da
água das nove bacias partilhadas com outros países da região é regulado por acordos
específicos (já estabelecidos ou em elaboração) com os países vizinhos à montante. À medida
que vão sendo planificadas e implementadas novas iniciativas de reabilitação ou construção
de sistemas de irrigação, será importante ter em conta a necessidade de garantir a atribuição
regulamentada dos recursos hídricos renováveis disponíveis em particular nestas bacias. As
quantidades e a identificação (incluindo a periodicidade) exactas dos caudais das bacias
hidrográficas que poderão ser atribuídos a novos projectos de rega, em função dos termos
dos tratados internacionais das bacias, dependerão das mudanças das condições climáticas,
capacidade de armazenamento de água e dos diferentes usos de água.

A autoridade de gestão e control de utilização de águas nomeadamente, o Ministério das


Obras Públicas e Habitação, através da DNA, é neste contexto um actor importante na
implementação da Estratégia de Irrigação.

2.5 Capacidade Institucional e Género

11
Presentemente, a responsabilidade pela promoção e coordenação do apoio público à
agricultura de irrigação recai sobre o Departamento de Engenharia Hidráulica (DEH) da
Direcção Nacional de Serviços Agrários (DNSA) do MINAG. No âmbito do apoio público à
irrigação, só há técnicos com formação e experiências adequadas em irrigação a nível central
(no DEH) e nalgumas províncias. Todos os antigos membros dos Núcleos Provinciais de
Hidráulica Agrícola de finais dos anos oitenta abandonaram o sector público.

A actual capacidade institucional para implementar programas e projectos no Sub-sector de


Irrigação é bastante limitada. Existe uma falta generalizada de recursos materiais e humanos,
uma presença institucional diminuta ou inexistente de entidades públicas co-responsáveis
pela irrigação a nível provincial e distrital, uma fraqueza de normas e regulamentos para
orientar o desenvolvimento da irrigação. Apesar de alguns avanços, as ligações institucionais
entre as entidades do sector público responsáveis pela irrigação e os beneficiários alvo são,
em geral, fracas. A manutenção dos sistemas públicos de rega, é fraca devido à prestação de
serviços públicos aos agricultores de rega de pequena escala e às associações de utentes de
água ser diminuta.

A irrigação coloca questões de género que têm recebido pouca atenção explícita, apesar de
afectarem os processos de planificação e funcionamento da rega, e que devem ser tomados
em consideração nas actividades de extensão e de formação. Apesar de serem as mulheres
quem faz a maior parte do trabalho de campo nas operações de rega, elas têm pouca
influência na planificação e tomada de decisão sobre a rega e têm pouco envolvimento nas
transacções monetárias, as quais têm permanecido principalmente nas mãos dos homens. A
maior parte do trabalho na machamba (campo de cultivo) e do tempo incorporados nas
culturas de irrigação provém das mulheres, mas são os homens quem toma as decisões finais
sobre que culturas cultivar e quem faz a supervisão da produção, comercialização e venda das
culturas de rendimento de alto valor.

O antigo Fundo para o Desenvolvimento de Hidráulica Agrícola (FDHA) apoiou a manutenção


e reabilitação das infra-estruturas públicas de irrigação, à excepção do Chókwè, que tem sido
gerido pela sua própria empresa para-estatal. Os fundos do FDHA provinham de taxas de
infra-estruturas / uso da água pagas pelos agricultores de irrigação que exploram as áreas
irrigadas com infra-estruturas públicas e, também, de contribuições dos doadores / governo
sendo que tais contribuições podem ser considerados de subsídios. A fusão do FDHA com o
FFA que resultou na criação do FDA em 2007 coloca riscos de “diluição” das atribuições
destinadas à agricultura de irrigação no âmbito dos limites mais amplos das necessidades
gerais de recursos agrícolas (tipicamente muito mais pequenas).

O processo de planificação participativo com enfoque no distrito, começou por volta de 2005,
configurando uma perspectiva de planificação e financiamento descentralizados na irrigação.
A estratégia nacional para a descentralização da planificação e financiamento (Estratégia de
PPFD 2005-2015) coloca o distrito no centro do processo de planificação do desenvolvimento
local ao mesmo tempo que enfatiza o papel chave da província como mentora. O processo de
planificação participativa de projectos a nível do distrito funciona a dois níveis – exercícios
correntes de planificação consultiva a médio-prazo que se incorporam nos planos quinquenais
consecutivos de desenvolvimento do distrito; e, ciclos anuais de planificação, orçamentação e
implementação de projectos.

12
Os projectos de irrigação identificados e planificados localmente deverão observar o processo
participativo na preparação, orçamentação, financiamento e implementação. A capacidade
das estruturas distritais para desempenharem o seu papel de planificação, orçamentação e
implementação de iniciativas de irrigação é limitada. Em muitos casos terá de ser edificada ao
longo do tempo com assistência técnica dos serviços públicos de irrigação a níveis provincial e
central.

3 Análise FOFA
A presente Estratégia teve como uma das bases de diagnóstico a análise FOFA. Este
exercício tem como objectivo destacar os principais problemas actuais no subsector de
irrigação e relaciona-los às acções estratégicas. Dos problemas pertinentes focalizou-se
nos seguintes:
• Aproveitamento de Infra-estruturas;
• Crédito/Financiamento;
• Investimento (Público/Privado);
• a Prestação de Serviços;
• Quadro Institucional/Legal (ver Anexo I).

Tabela : Análise FOFA

13
Área de
Componentes Pontos Fortes Pontos Fracos Oportunidades Ameaças
Intervenção

Melhorar o • Fraca capacidade dos


Existência de Aproveitamento Identificado
Aproveitamento Aproveitamento Utentes; • Fraca Maior Depreciação das
infraestruturas de como Prioridade do Governo
de Regadios das Infra-Estruturas Capacidade dos Serviços Infraestruturas existen
irrigação (regadios) e Parceiros
Já Existentes Públicos;

Existência de areas
Existência cada vez maior
infrarestruturadas para Dificil accesso ao credito.
Crédito/Financia de instituições financeiras e O sector de agricultura
agricultura irrigada, Falta da garantias. Limites no
mento fundos consignados para considerada como alto
mão da obra e collateral .
apoio da produção.
mercados
• Fraca resposta do sector
Publico (Infra- Existência potencial de productivo face a demanda Papel da agricultura irrigada
Ocupação não criterios
estrutura e irrigação pouco em produtos alimentares. reconhecido no quadro dos
potencial da irrigação.
exploração) explorado • Pouco investimento no Sub- objectivos do Governo
sector
Parcerias Publicos-Privados
para uma exploração total
Potenciais problemas d
Existência de áreas Exploração parcial de dos perimetros;
conflito entre sector pr
infrarestructuradas para perimetros irrigados com Existência parceiros
os utentes locais sobre
Publico agricultura irrigada com consequencia da inviabilidade internacionais pre-dispostos
Investimento questão de direito fund
necessidade de técnica e a financiar programas de
posse de terra, proprie
reabilitação economica/financeira reabilitação e/ou construção
privada.
de infra-estruturas
hidroagrícolas

Existência duma Baixo nível de Experiências


Existência de ambiente
industria usando de parcerias privado- Fraco poder de negoci
político favoravel ao
Privado (Escala irragação de escala "outgrowers"; Falta de dos "outgrowers" pode
estabelecimento de
Commercial) commercial (exemplo: financiamento para investir em risco a relação a m
parcerias privado-
açucereiras; nos infra-estruturas dos longo prazos
"outgrowers"
bananalandia) "outgrowers"

Existência de alguma Descentralização de fundos


Prestação de Pequenas Fraca capacidades financeira O nivel de garantias ex
capacidade técnica para o distrito para
Serviços Empresas das empresas para adjudicacao de se
local não especializada investimento local

Participação dos Progama de Fraca Ligação Entre os


Pouca Experiência
varios actores descentralização Actores Chaves

Não distinção entre utentes


Existencia de na implementação do
Perigro de
incentivos para a regulamento (pequeno e Papel da agricultura irrigada
insustentabilidade/invi
Água distinção das taxas grande produtor) (e.g reconhecido no quadro dos
economica das ARAs e
conforme o nivel do cobrança de água bruta) objectivos do Governo
empresas de gestao de
agricultor -Conflitos de interesse entre
ARAs e agricultura
Fraca coordenacão en
Quadro Existência de Complexidade no processo Papel da agricultura irrigada autoridades fiscais e c
Institucional/legal IVA mecanismos para a de recuperação encarece os reconhecido no quadro dos de interesse (tendencia
recuperção da IVA custos de servicos objectivos do Governo governo de maximar a
receitas)
Perigo de
Existência de
Complexidade no Papel da agricultura irrigada insustentabilidade/invi
mecanismos para a
Gasoleo operacionalizacão da politica reconhecido no quadro dos economica; Perigo de
implementação de
de incentivos objectivos do Governo insustentabilidade dos
politica de incentivo
subsidios do governo
Existência de
Fraca coordinacao ent
mecanismos para a
Taxa Aduaneira Operacionalizacão da taxas alfandegas e o sector d
implementacão de
agricultura
politica de incentivo

As acçoes estratégicas identificadas visam responder a estes problemas, que não esgotando a
lista dos mesmos, são tidos como dos mais pertinentes.

14
Sobre a Proposta da Estratégia

3.3 Visão

A visão da Estratégia Nacional de Irrigação (2010-2019) é de um Sub-sector de


Irrigação dinâmico, forte e activo que visa contribuir para a intensificação da produção,
produtividade agrária e crescimento sustentado do Sector Agrário de Moçambique,
através duma maior utilização equitativa e sustentável dos recursos hídricos,
valorização económica e social da água e da terra no quadro da agricultura irrigada.

3.4 Missão

Um Sub-sector de Irrigação que vai galvanizar uma agricultura diversificada e próspera,


mais competitiva, orientada ao mercado e que visa apoiar os principais objectivos de
desenvolvimento nomeadamente a segurança alimentar, redução da pobreza e
crescimento económico.

3.5 Âmbito de Implementação da Estratégia

A presente proposta de Estratégia inclui intervenções na agricultura nas zonas rurais e peri-
urbanas a escala nacionalConsidera-se que a rega irá promover todas as práticas que
permitam o acesso e uso da água para produção agrícola e pecuária, dentro dos princípios
vigentes no País.

3.6 Principais Actores da Estratégia e Seu Papel

3.5.1 Principais actores

A proposta de estratégia tem como principais actores:

• Produtores de pequena escala

São actores chave na Estratégia sobre os quais recai a responsabilidade primária de


produzir sob rega, de forma mais produtiva que em condições de sequeiro, primando
pela eficiência no uso de água de rega.

• Sector empresarial agrícola (médias e grandes empresas)

• Idem, podendo estes actores produzir em condições de maior intensificação de capital


e maior interacção com os mercados de insumos e equipamentos bem como
mercados de produtos.

• Serviços públicos de irrigação e outros directamente relacionados bem como


Direcções Provinciais de Agricultura (DPAs) e serviços distritais relevantes, em
particular a área da agricultura Sector privado numa perspectiva mais ampla da
economia.
15
• Entidade do Estado para gestão e controlo de águas nomeadamente o Ministério das
Obras Públicas e Habitação (MOPH), através da Direcção Nacional de Águas (DNA) e
Administrações Regionais de Água (ARA).

Direcções Provinciais de Agricultura (DPAs) e serviços distritais locais relevantes em


particular a área da agricultura.3.5.2 Principais actores e suas funçõesProdutores de
Pequena Escala

Pretende-se um crescimento do sector familiar agrícola e a gradual transformação da


agricultura de subsistência numa cada vez mais intensiva, diversificada e orientada para o
mercado.

O Estado terá o papel crucial para de galvanizar no desenvolvimento de pequenos sistemas de


rega e ou aproveitamentos hidro-agrícolas, em particular através da sua comparticipação em
recursos financeiros para a construção dos pequenos regadios e provisão de assistência
técnica. Outra função imprescindível do Estado no apoio aos utentes do regadio, individuais e
associados, será a capacitação dos mesmos com vista a que possam, gradualmente, assumir a
plena responsabilidade na gestão dos regadios.

O sector empresarial agrícola:

Inclui médias e grandes empresas agrícolas e desempenha um papel importante no


aumento de produtividade e diversificação da produção agrícola, concorrendo para maior
disponibilidade de excedentes para o mercado nacional, agro-industrias e exportações
bem como para a criação de postos de trabalho directa ou indirectamente relacionados à
irrigação.
O papel do Estado em relação a estes actores será sobretudo através da criação de um
ambiente de políticas agrárias mais favorável ao investimento interno e externo que
concorra para o crescimento e desenvolvimento agrário baseado nas regras de mercado.

Serviços públicos de irrigação e outros relacionados


Refere-se especificamente a investigação, extensão e terras (MINAG). A investigação e
extensão compreende também a particpação de instituições públicas e eventualmente de
privadas de ensino agrário bem como as ONGs no caso da extensão.

Dos serviços públicos, em particular os de irrigação, de apoio à produção agrícola,


investigação, terras e extensão, pretende-se o seu reforço e adequação institucional na
perspectiva de imprimir uma dinâmica interventiva, de qualidade, para responder aos
desafios da produção agrícola irrigada.
As DPAs e serviços distritais relevantes, em particular a área da agricultura, continuarão
actores privilegiados na participação nos processos de planificação, estabelecimento,
exploração e monitoria de desempenho dos regadios.

16
O sector privado mais amplo da economia rural e peri-urbana:

O sector privado mais amplo compreende provedores de serviços, de equipamento e de


insumos, intermediários nas cadeias de valor dos vários produtos, incluindo agro-
processadores de pequena e média escala bem como agentes de serviços financeiros e de
crédito.

Os aumentos de produtividade e de produção esperados com a implementação da Estratégia


de Irrigação a nível local e de regiões pelo País serão um incentivo para maior participação do
sector privado. A própria expansão de área irrigada é um incentivo para maior prestação de
serviços no estabelecimento e asistência técnica aos regadios.

Ministério das Obras Publicas e Habitação (DNA e ARAs) e Ministério para Coordenação de
Acção Ambiental

3.7 Os serviços relevantes do MOPH na gestão e controlo de águas são


importantes em contribuir no acautelamento e facilitação da
observância dos dipositivos da Lei de Águas e de Ambiente, e
regulamentos pertinentes na implementação da Estratégia de
Irrigação.Princípios da Estratégia
i. Investimentos públicos orientadas pela procura
ii. Investimentos públicos orientadas por objectivos sociais
iii. Ambiente favorável para investimento privado
iv. Planificação dos investimentos orientado por bacías hidrográficas

v. Abordagem inclusiva (horizontal e vertical) de coordenação do


subsector e da participação dos diversos actores internos e externos
ao Ministério da Agricultura
vi. Investimentos públicos em infra-estruturas e serviços de irrigação
sujeitos a critérios de desempenho e de sustentabilidade
vii. Parcerias público/privado/produtores familiares nos quais a
distribuição de riscos financeiros e de operação seja claro para
todas as partes
viii. Implementação da estratégia enquadrada nos objectivos de
desenvolvimento do País
ix. Implementação da estratégia enquadrada nas políticas e
regulamentos vigentes e relevantes ao sub-sector da irrigação

3. Metas
i. Média de produtividade agrícola irrigada pelos menos 2 vezes superior à média de
produtividade em sequeiro, em particular em culturas alimentares seleccionadas,
até 2015.
17
ii. Índice de aproveitamento dos sistemas de rega melhorado, dos actuais 60% para
pelo menos 80%.
iii. Expansão da área irrigada para culturas alimentares em pelo menos 50.000
hectares até 2019, sendo pelo menos 20.000 hectares através do investimento
privado.
iv. Capacitação e operacionalização dos serviços públicos de irrigação à medida das
responsabilidades e desafios no quadro da estratégia de irrigação, a nível central e
local, até 2011;
v. Operacionalização e expansão de acesso a instrumentos de incentivo
estabelecidos pelo Governo para subsector de irrigação até 2012;
vi. Expansão de abertura de pelos 500 de furos para o abeberamento de gado em
zonas com potencial pecuário.

4.6 Período de Implementação

A presente proposta de Estratégia Nacional de Irrigação é parte integrante fundamental de


Plano Estratégico de Desenvolvimento Agrária (PEDSA). Neste contexto, a mesma tem o
mesmo periodo de implementação do PEDSA (2010-2019).

4.7 Objectivos Estratégicos:

4.7.1 Geral

Contribuir para o aumento de produção e produtividade agrária através do maior


aproveitamento do potencial hidroagrícola no âmbito de actividade agropecuária.

4.7.2 Específicos
4.7.2.1 Investimento e Financiamento
Assegurar a criação de ambiente para a atracção de investimentos no Sub-sector.

4.7.2.2 Política/Regulamentos/Quadro Instituicional


Contribuir para a melhoria dos serviços públicos de forma a torná-los compatíveis com
a natureza de investimento realizado, mediante a harmonização com outras políticas,
estratégias e regulamentos sectorais

4.7.2.3 Prestação de Serviços


Contribuir para o crescimento da capacidade local de prestação de serviços na área
de irrigação.
4.7.2.4 Aproveitamento de Regadios
18
Garantir a gestão e utilização rentável e sustentável dos regadios.

4.7.2.5 Promover a Agricultura Peri-urbana

Melhorar a ocupação dos solos Peri-urbanos com potencial hidro-agrícola, e incentivar a sua
produtividade

4.8 Acções Estratégicas

A prossecução dos objectivos estratégicos acima delineados implica:


4.8.1 Investimento e Financiamento

i. Mobilizar e direccionar recursos financeiros para a promoção e fomento de pequenos


e médios regadios com o apoio de outras instituições públicas e não públicas.
ii. Coordenar a mobilização de recursos para estabelecimento de infra-estruturas básicas
como barragens, diques de defesa e estradas de acesso às zonas de produção
iii. Estabelecer parcerias-tipo para participação em investimento públicos e exploração de
regadios
iv. Mobilizar e direccionar recursos financeiros para estabelecimento de furos e infra-
estruturas de armazenamento de água para fins agro-pecuários com o apoio de outras
instituições públicas e não públicas

v. Expandir o acesso e garantia do crédito através do envolvimento do Fundo de


Desenvolvimento Ágrario
vi. Promover a criação de mecanismos de partilha do risco inerente à produção agrícola
entre produtores e outros intervenientes nas cadeias de valor
vii. Estabelecer mecanismos de responsabilização e maior controlo de retornos do crédito

4.8.2 Política/Regulamentos/Quadro Instituicional


i. Definir os papéis dos vários actores e assegurar mecanismos funcionais de interacção
institucional no Sub-sector de irrigação
ii. Incentivar os produtores que desenvolvem culturas estratégicas através de isenção ou
redução de taxas de água bruta
iii. Simplificar os procedimentos de restituição do IVA
iv. Divulgar e simplificar os procedimentos do regulamento sobre as taxas bonificadas do
preço de gasóleo para agricultura
v. Garantir a celeridade dos mecanismos para a implementação de política de incentivo,
sobretudo para os equipamentos da rega
vi. Criar e divulgar instrumentos legais para regular as parcerias privado e outgrowers,

4.8.3 Prestação de Serviços

19
i. Encorajar a sub-contratação de empresas locais nos concursos nacionais bem como a
sua capacitação técnica, com vista a torna-las mais competitivas
4.8.4 Aproveitamento de Regadios
i. Participar no planeamento e gestão de bacias hidrográficas, particularmente da
atribuição de águas e protecção contra cheias
ii. Desenvolver a capacidade técnica do Sub-sector de Irrigação a todos os níveis
iii. Assessorar tecnicamente na concepção, construção e/ou reabilitação de regadios,
valorizando as iniciativas locais e envolvendo os futuros utilizadores em todas as fases
de preparação dos projecto
iv. Realizar acções de capacitação dos utentes de regadios, prestando uma atenção
particular para a mulher no domínio de tecnologias de irrigação e na gestão de
perímetros irrigados para garantir a sua rentabilização
v. Promover a construção de infra-estruturas de armazenamento de água e obras de
regulação.
vi. Replicar as boas práticas e experiências relacionadas com as parcerias privado-e
agricultores comerciais emergentes contratados
vii. Contribuir para estimular os papéis dos vários actores na planificação e gestão
integrada dos recursos hídricos e assegurar mecanismos funcionais de interacção
institucional no Subsector de irrigação, reconhecendo a bacia hidrográfica como
unidade de planificação e de gestão integrada

4.8.5 Promover a agricultura Peri-urbana

i. Participar na organização da ocupação dos solos Peri-urbanos com potencial hidro-


agrícola

ii. Assistir tecnicamente os produtores nas zonas peri-urbanas com tecnologias


apropriadas e de baixo custo

5. Implementação da Estratégia

Duas principais actividades se impõem para a implementação da estratégia:

• Estabelecimento de Serviços Públicos Adequados.

• Formulação e Implementação de um Programa Nacional de Irrigação (PNI)

5.1 Estabelecimento de Serviços Públicos Adequados

Actualmente, a estrutura que coordena o sub-sector de Irrigação no País é a Direcção


Nacional de Serviços Agrários, através do Departamento de Engenharia Hidráulica (DEH). De
um modo geral, constata-se uma fraca capacidade de resposta do Departamento para
responder os desafios do Sub-sector, apresentando os seguintes constrangimentos para o seu
funcionamento:
• Fraca visibilidade dentro do Sub-sector de Irrigação;
20
• Estrutura demasiado restrita em termos de representatividade a escala nacional;
• O nível de Departamento no contexto da organização estrutural do MINAG/DNSA não
permite a alocação do volume de recursos necessários para desenvolvimento da
irrigação;
• A estrutura do Departamento não permite responder a demanda pelos serviços
públicos de irrigação;
• Fraca capacidade humana.
De modo a ultrapassar os constrangimentos e considerando a importância político-económica
da irrigação no País, há necessidade para uma redefinição da actual estrutura para torná-la
mais responsiva e proactiva à altura dos desafios.
A proposta de adequação dos serviços públicos de irrigação para a implementação da
Estratégia do Sub-sector recai para o estabelecimento de um Instituto Nacional de Irrigação
(INIRR), comportando direcções técnicas fundamentais e representatividade nível de regiões
(AIRR-Sul; AIRR-Centro; AIRR-Zambeze; AIRR-Centro Norte e AIRR-Norte), com forte
interacção inter-sectorial com áreas chaves.

5.2 Formulação de um Programa Nacional de Irrigação (PNI)


O Programa Nacional de Irrigação (PNI) estará orientado para uma planificação
estratégica de intervenções no Sub-sector, na participação dos actores chave a todos
os níveis, na monitoria e avaliação do desempenho dos investimentos efectuados, no
debate sobre políticas, investimentos e incentivos à irrigação com recursos a
evidências técnico-científicas.

Actualmente assiste-se a uma planificação ad-hoc para implementação de sistemas de


rega. Para que de forma gradual, pôr se termo a esta prática e ter-se uma planificação
de médio e longo prazos para desenvolvimento de infra-estruturas hidro-agrícolas que
acautele todos os aspectos de sustentabilidade e de maior aproveitamento, é
necessária uma abordagem mais programática.

A formulação do Programa Nacional de Irrigação (PNI) requer uma abordagem


participativa e inclusiva, que visa principalmente:
• Facilitar a participação activa de todas as partes interessadas, em todos os
sectores e a todos os níveis
• Evoluir de uma abordagem de projectos isolados para projectos integrados na
cadeia de valor;
• Estabelecer critérios estratégicos de investimento para desenvolvimento de
Irrigação;
• Focalizar a intervenção em áreas com elevado potencial agrícola e económico –
com ênfase nas zonas com potencial para abastecer os mercados.
6. Financiamento

A presente proposta de estratégia é parte integrante do Plano Estratégico de


Desenvolvimento do Sector Agrário. Sendo assim, o financiamento desta Estratégia é
regido pelos mesmos mecanismos de financiamento preconizados no âmbito PEDSA.

21
Todavia, eventuais formas mais expeditas de financiamento ao subsector serão
consideradas ao longo da implementação da estratégia.

Dado que os projectos de irrigação são frequentemente mais onerosos que a média dos
projectos de desenvolvimento local, será difícil a sua priorização no pacote orçamental
distrital. Assim, a curto e médio prazo, o financiamento dos projectos de irrigação
continuará a ser suportado ao central para as iniciativas locais de irrigação, ou de
identificação de outras formas proactivas.

O plano de investimento para a implementação desta proposta de Estratégia


contempla, num período de dez anos, uma mobilização de recursos financeiros que
totaliza seiscentos e quarenta milhões, setecentos e trinta e seis mil, quinhentos e
dez dólares americanos (640.736.510,00 USD), desdobrados conforme abaixo se
apresenta:

Meios Imobilizados 598.819.168,00 USD

• Desenvolvimento de Irrigação 595.000.000,00

• Capacitação Institucional 3.819.168,00

Capital Circulante 41.917.341,00 USD

Total Geral 640.736.510,00 USD

7. Monitoria e Avaliação
A Monitoria e Avaliação (M&A) é uma das componentes chave da futura estratégia. Ao Estado
cabe ainda a monitoria da eficiência de rega e avaliar os impactos dos projectos de
desenvolvimento hidro-agrícola sobre as condições ambientais e socio-económicas, definir as
medidas de mitigação e correctivas necessárias bem como zelar pelo seu cumprimento.

A nível macro e a nível do Sector Agrário a irrigação contribui para a realização de objectivos e
metas no âmbito dos programas quinquenais do Governo traduzidos nos Planos Económicos e
Sociais (PES). A monitoria das metas estabelecidas na proposta de estratégia enquadrar-se-á
no sistema de avaliação do desempenho do Sector Agrário quer através dos órgãos centrais
de direito (a escala nacional) quer atravês dos governos provinciais (a nível local).
Adicionalmente, a futura estratégia contará com um sub-sistema interno de M&A destinado a
avaliar continuamente a implementação da estratégia, incluindo a realização de análises
pertinentes, em particular com base nos indicadores de “input” e desempenho estabelecidos.

Neste contexto será importante garantir pelo menos a revisão anual de investimento público
no Sub-sector da Irrigação de forma relaciona-lo com desempenho. Prevê-se a realização de
uma avaliação de meio-termo por volta de 2015.

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