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Autor(es): Vitória Cardoso Franco; Ana Cecília Guedes; Eloiza Andréa Moraes
Silva.
Filiação: Universidade do Estado de Minas Gerais; Universidade do Estado de
Minas Gerais, Universidade Federal de Santa Catarina,
E-mail: vitoriaitba20@gmail.com; ana.cecilia@uemg.br; elo_ms@hotmail.com
Resumo
O cooperativismo é um movimento social e econômico, formado por meio da
união de pessoas com os mesmos objetivos, afim de alcançar benefícios para
suas atividades econômicas. Esse sistema funciona de forma democrática, onde
cada indivíduo que pertenecente a uma cooperativa ganha força e consegue
condições de crescimento iguais a todos. Este trabalho visa analisar como se dá
o acesso dos produtores rurais às linhas de crédito disponíveis na Cooperativa
Financeira denominada SICOOB Credipontal de Ituiutaba-MG, levando em conta
todas as vertentes dos trâmites da operação, desde o interesse até a
disponibilidade financeira à favor do cooperado. Analisa-se ainda as dificuldades
encontradas, os óbices documentais, as facilidades de atendimento e as
oportunidades oferecidas. Para identificação dos resultados foram aplicados 10
questionários com agricultores familiares do município. Os principais resultados
demonstram que é possível concluir que o acesso ao crédito é possível, e é
relativamente fácil, porém dispendioso, levando-se em consideração a
burocracia deste conteúdo, fator que, por vezes, é desconhecido diante das
demandas e até desordens tecnológicas, assessoriais e de gestão do próprio
produtor.
Palavras-chave: Cooperativa financeira; crédito; cooperado, agricultores
familiares.
Abstract
Cooperativism is a social and economic movement, formed through the union of
people with the same objectives, in order to achieve benefits for their economic
1
activities. This system works in a democratic way, where each individual
belonging to a cooperative gains strength and achieves equal growth conditions
for all. This work aims to analyze how rural producers access the credit lines
available in the Financial Cooperative called SICOOB Credipontal de Ituiutaba-
MG, taking into account all aspects of the operation's procedures, from interest
to financial availability in favor of the cooperative member. It also analyzes the
difficulties encountered, the documentary obstacles, the service facilities, the
opportunities offered. To identify the results, 10 questionnaires were applied to
family farmers in the municipality. The main results demonstrate that it is possible
to conclude that access to credit is possible, it is relatively easy, but expensive,
taking into account the bureaucracy of this content, a factor that is sometimes
unknown in the face of demands and even technological, advisory disorders. and
management of the producer himself.
Key words: Financial cooperative; credit; cooperative, family farmers.
1. Introdução
2
O cooperativismo é classificado como um movimento social e econômico
que surgiu através da união de pessoas com os mesmos interesses, a fim de
conseguir benefícios econômicos em suas atividades (ORGANIZAÇÃO DAS
COOPERATIVAS BRASILEIRAS, 2021). Segundo Amaral (2013) o
cooperativismo:
Foi criado durante a Revolução Industrial no século XVIII, por
trabalhadores que reivindicavam baixos salários, jornadas de
trabalho excessivas e falta de apoio do governo. O objetivo era
viabilizar o sustento, sobrevivência, cidadania e dignidade das
pessoas (AMARAL, 2013, p. 5).
3
disponibilizadas pela instituição. Tais objetivos consideram que as burocracias
ou facilidades encontradas durante o processo de busca por recurso interferem
diretamente na produtividade e rentabilidade da propriedade. O levantamento
dos dados ocorreu por meio de entrevistas utilizando um questionário com roteiro
semiestruturado, com questões abertas e fechadas com agricultores do
município de Ituiutaba. Efetuou-se também para o levantamento de dados uma
pesquisa documental.
Para atender aos objetivos, este trabalho está estruturado em quatro
seções além desta introdução. Na primeira foi realizada a revisão de literatura
de acordo com o tema apresentado; em seguida a metodologia do trabalho,
esclarecendo como foi feita a coleta de dados. Na terceira seção são
apresentados e discutidos os resultados obtidos por meio das respostas do
questionário aplicado aos agricultores. E por fim, na última seção são
apresentadas as considerações finais do trabalho.
2. Revisão de literatura
4
Logo após conseguiu fornecer produtos e crédito aos agricultores para que
conseguissem se livrar dos agiotas. Essas organizações não sobreviveram e,
preocupado, Raiffeisen estudou o modelo Schulze Delitzch e, com algumas
modificações, criou uma cooperativa financeira semelhante. Búrigo (2006)
enfatiza que no modelo de SchulzeDelitzch:
A cooperativa não deveria receber apoio externo na forma de
doação ou aval, recorrendo apenas às contribuições dos
próprios filiados. Quando necessitassem demais fundos, os
associados apelariam para empréstimos externos. Estes
puderam ser obtidos a baixo custo, devido ao princípio de
responsabilidade ilimitada oferecido pela cooperativa: cada
cooperado membro era igualmente responsável pelas
obrigações totais da cooperativa e seu patrimônio era dado
solidariamente como garantia (BÚRIGO, 2006, p.67).
5
2.2 O crédito rural
6
2.3 Acesso ao crédito rural
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programa que beneficia o médio produtor com renda brutal anual máxima de 1,6
milhões e 80% da sua renda precisa ser originária da atividade agropecuária ou
extrativa vegetal (TERRA MAGNA, 2021).
Desde a implantação desses programas de políticas públicas, vários
agricultores já foram beneficiados. Segundo dados do Mapa (2021b), os
agricultores que são enquadrados no Programa de Fortalecimento e Agricultura
Familiar (Pronaf), contrataram 13,2 bilhões em financiamentos para custeio e
investimento somente no início do Plano Safra 2021/2022, representando alta de
47% em relação aos meses de julho e agosto do ano anterior. Já no Programa
Nacional de Apoio ao Médio Produtor (Pronamp), foram contratados 8,8 bilhões
(MAPA, 2021b).
Ainda de acordo com os dados do Mapa (2021b, s/d)
O início da safra 2021/2022, com a contratação do crédito rural
alcançando um incremento significativo comparado com o
mesmo período da safra anterior, reflete alguns fatores
conjunturais que, se contabilizados, resultam em perspectivas
favoráveis ao setor agropecuário. Não obstante as intempéries
climáticas que prejudicaram a safra 2020/2021, o otimismo
prevalece e reflete-se na demanda excepcional por
investimentos na modernização da produção.
3. Metodologia
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Quem é um associado do Sicoob se torna dono da empresa, participando
de forma democrática das decisões e resultados financeiros. Todos os
resultados são reinvestidos no desenvolvimento econômico da região. De acordo
com dados do terceiro trimestre de 2021, o Sistema de Cooperativas de Crédito
do Brasil é composto por 5,6 milhões de cooperados, com 2 mil municípios
atendidos, 3.666 redes de atendimento em todos os estados da federação e está
em 13° como maior grupo empresarial do Brasil (SICOOB,2021).
9
perguntas que buscaram aprofundar e responder sobre o acesso às políticas
públicas (financiamentos).
As coletas de dados foram feitas nos dias 16, 18 e 19 de novembro de
2021, com cinco produtores, de forma presencial em suas propriedades
próximas da cidade. No dia 2 de dezembro três produtores também foram
entrevistados de maneira presencial em estabelecimentos comerciais onde
trabalhavam na cidade e, por fim, no dia 8 de dezembro mais dois produtores
foram entrevistados em suas residências também localizadas na cidade,
totalizando dez produtores entrevistados. Todos os produtores que responderam
ao questionário já haviam utilizado o crédito rural fornecido pelo Sistema de
Cooperativa de Crédito do Brasil – Sicoob Credipontal.
4. Resultados e discussões
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Gráfico 1: Idade dos entrevistados que tem acesso ao crédito rural .
IDADE
20 a 40 anos 40 a 60 anos Mais de 60 anos
10%
30%
60%
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Com relação ao acesso e tamanho dos estabelecimentos agrícolas
constatou-se que: dois produtores têm acesso a propriedade por meio de
arrendamento e dos outros oito entrevistados, quatro tem acesso por herança (já
possuem o título de posse) e quatro por ser terra de família (em uso sem o título
de posse). Conforme dados do Censo Agropecuário de o total de
estabelecimentos com terras arrendadas teve pequena oscilação de 6,5%, em
2006, para 6,3% em 2017, já os estabelecimentos com declaração de “terras
próprias” tiveram um o crescimento do percentual passando de 76,2% para
82,3%. Esses dados vão de encontro as respostas obtidas pelos agricultores de
Ituiutaba, pois somente 20% dos entrevistados trabalham em terras arrendadas
e 80% tem acesso ao estabelecimento por meio de herança ou terras de família,
que se enquadra na categoria terras próprias.
As atividades econômicas exploradas pelos produtores em sua maioria
estão divididas em produção leiteira e animais de corte. Dos entrevistados quatro
trabalham exclusivamente na produção de leite, quatro na produção de animais
de corte, um dos produtores explora atividade mista (produção de leite e corte),
e um dos produtores além de produzir animais para corte ele complemente a sua
atividade econômica com a produção de aves e ovos.
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essa atividade econômica é expressiva na nossa região. As indústrias Nestlé e
Canto de Minas ainda estão presentes no município, fomentando nossa
economia, tanto na geração de empregos como em reconhecimento para
Ituiutaba-MG.
A produção de gado de corte também está de encontro com as
características da produção leiteira, onde metade dos agricultores se encaixam
nesse setor. Podemos confirmar esses dados quando Teixeira e Pereira (2022)
argumentam que a produção de gado de corte está de acordo com a tradição do
município, que hoje é praticada em parte por técnicas modernas com a presença
do frigorifico JBS na cidade e em parte pelas rugosidades espaciais,
considerando o tempo e a tradição da pecuária bovina na região.
Luz (2016), também argumenta que o módulo fiscal serve para classificar
um imóvel rural quanto ao seu tamanho, de acordo com a Lei nº 8.629, de 25 de
fevereiro de 1993:
Pequena Propriedade – o imóvel rural de área compreendida
entre 1 (um) e 4 (quatro) módulos fiscais; Média Propriedade –
o imóvel rural de área de área superior a 4 (quatro) e até 15
(quinze) módulos fiscais. Grande Propriedade – o imóvel rural
de área de área superior a 15 (quinze) módulos fiscais [...] (LUZ,
2016, n.p.).
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I - Não detenha, a qualquer título, área maior do que 4 (quatro)
módulos fiscais; II - utilize predominantemente mão-de-obra da
própria família nas atividades econômicas do seu
estabelecimento ou empreendimento; III - tenha renda familiar
predominantemente originada de atividades econômicas
vinculadas ao próprio estabelecimento ou empreendimento; IV -
dirija seu estabelecimento ou empreendimento com sua família
(BRASIL, 2006).
essa linha de crédito é necessário que a renda familiar do produtor seja no mínimo 50%
oriunda da agricultura familiar; o Pronamp é Programa Nacional de Apoio ao Médio e Pequeno
Produtor é necessário que a renda anual máxima do produtor não ultrapasse 1,6 milhões e que
80% da sua renda precisa ser originária da atividade agropecuária ou extrativa vegetal. A linha
de crédito dos demais produtores é destinada a todos os produtores que não se encaixam nas
linhas de crédito do Pronaf e Pronamp, podem ser beneficiários dela produtores que possuam
uma Receita Bruta Agropecuária Anual (RBA) acima de R$ 2,4 milhões (BNDES, 2022b).
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segundo o Mapa (2021a), esse programa passou por um processo de
reformulação recentemente. Antes chamado de Programa Nacional de Crédito
Fundiário (PNCF), hoje é conhecido como Terra Brasil – PNCF, este programa
busca aumentar o alcance dos produtores ao recurso para compra do
estabelecimento rural e atender efetivamente os agricultores familiares afim de
conceder mais agilidade no processo (MAPA, 2021b).
Os produtores entrevistados também foram questionados sobre quais os
procedimentos exigidos para se obter o crédito na cooperativa e quais as
garantias. Todos responderam que foi necessário o envio de vários documentos
e as garantias em sua maioria eram animais ou o próprio imóvel rural. Um dos
entrevistados, identificado com A, foi mais específico em sua resposta dizendo:
“ Além de ter que fazer o cadastro no banco com toda a documentação pessoal
e da propriedade, também foi necessário a elaboração de um projeto feito por
uma engenheiro agrônomo, precisei de um avalista e hipotecar minha
propriedade” (Entrevistado A).
Em conformidade com Banco Nacional de Desenvolvimento – BNDES
(2022a) , cada garantia exigida para aquisição de recurso financeiro é de livre
negociação da instituição financeira fornecedora do crédito, seguindo as normas
do Conselho Monetário Nacional.
A conclusão da análise dos dados coletados mostrou que oito dos dez
entrevistados afirmou que atualmente é mais fácil o acesso ao crédito rural,
mesmo relatando que a Cooperativa Financeira exige um grande número de
documentos. O entrevistado B, diz que: “Atualmente ficou bem mais fácil e
acessível conseguir crédito, devido ao meu bom relacionamento com a atual
gerente da agência”. Somente dois produtores relataram que acham dificil o
acesso ao crédito, apresentando como a principal dificuldade a quantidade de
documentação exigida. Isso também se deve ao fato que a maioria dos
entrevistados já haviam sido beneficiados antes no ano de 2019 com crédito e
após esse ano tornou-se obrigatória a apresentação do recibo de inscrição no
Cadastro Ambiental Rural (CAR) para aquisição do crédito, de acordo com
Serviço Florestal Brasileiro (2020).
Ainda de acordo com os entrevistados, sete afirmaram que estão bastante
satisfeitos com o atendimento da Coorperativa e não indicam sugestões de
melhorias, dois também estão satisfeitos, mas um deles sugere que a
cooperativa financeira poderia ter melhores condições nas taxas de juros e o
outro não estava satisfeito com a demora no momento de conferência dos
documentos para o financiamento. Segundo o BNDES (2022b), as taxas de juros
das linhas de crédito destinadas ao produtor rural no período do Plano Safra
2021/2022, variam entre 5,5% e 8,5% e para o Pronaf, as taxas ficam entre 0,5%
e 4,5%, podendo ocorrer variações de acordo com a data de contratação da
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operação.
5 Considerações finais
6 REFERÊNCIAS
16
Policy Initiative, 2018.
17
FREITAS, L., M. A importância do crédito rural para o agro. Disponível em: <
https://www.paranacooperativo.coop.br/ppc/index.php/sistema-
ocepar/comunicacao/2011-12-07-11-06-29/ultimas-noticias/137047-artigo-a
importancia-do-credito-rural-para-o-agro >. Acesso em: 17 de fev. 2022.
18
Monografia para obtenção de título de bacharel. Universidade Federal de Santa
Catarina; Florianópolis, jun. 2011.
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SISTEMA DE COOPERATIVA DE CRÉDITO DO BRASIL- SICOOB
CREDIPONTAL. Conheça a sua cooperativa. 2021. Disponível em:
<https://www.sicoob.com.br/web/sicoobcredipontal/sicoob-credipontal>. Acesso
em: 14 de dez. 2021.
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