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O ACESSO AO CRÉDITO RURAL EM UMA

COOPERATIVA FINANCEIRA: UM ESTUDO DE CASO


DOS AGRICULTORES DE ITUIUTABA – MINAS GERAIS
ACCESS TO RURAL CREDIT IN A
FINANCIAL COOPERATIVE: A CASE STUDY
OF THE FARMERS OF ITUIUTABA - MINAS GERAIS

Autor(es): Vitória Cardoso Franco; Ana Cecília Guedes; Eloiza Andréa Moraes
Silva.
Filiação: Universidade do Estado de Minas Gerais; Universidade do Estado de
Minas Gerais, Universidade Federal de Santa Catarina,
E-mail: vitoriaitba20@gmail.com; ana.cecilia@uemg.br; elo_ms@hotmail.com

Eixo temático: nº 5 Impactos e Contribuições Econômicas, Sociais e


Ambientais

Resumo
O cooperativismo é um movimento social e econômico, formado por meio da
união de pessoas com os mesmos objetivos, afim de alcançar benefícios para
suas atividades econômicas. Esse sistema funciona de forma democrática, onde
cada indivíduo que pertenecente a uma cooperativa ganha força e consegue
condições de crescimento iguais a todos. Este trabalho visa analisar como se dá
o acesso dos produtores rurais às linhas de crédito disponíveis na Cooperativa
Financeira denominada SICOOB Credipontal de Ituiutaba-MG, levando em conta
todas as vertentes dos trâmites da operação, desde o interesse até a
disponibilidade financeira à favor do cooperado. Analisa-se ainda as dificuldades
encontradas, os óbices documentais, as facilidades de atendimento e as
oportunidades oferecidas. Para identificação dos resultados foram aplicados 10
questionários com agricultores familiares do município. Os principais resultados
demonstram que é possível concluir que o acesso ao crédito é possível, e é
relativamente fácil, porém dispendioso, levando-se em consideração a
burocracia deste conteúdo, fator que, por vezes, é desconhecido diante das
demandas e até desordens tecnológicas, assessoriais e de gestão do próprio
produtor.
Palavras-chave: Cooperativa financeira; crédito; cooperado, agricultores
familiares.

Abstract
Cooperativism is a social and economic movement, formed through the union of
people with the same objectives, in order to achieve benefits for their economic

1
activities. This system works in a democratic way, where each individual
belonging to a cooperative gains strength and achieves equal growth conditions
for all. This work aims to analyze how rural producers access the credit lines
available in the Financial Cooperative called SICOOB Credipontal de Ituiutaba-
MG, taking into account all aspects of the operation's procedures, from interest
to financial availability in favor of the cooperative member. It also analyzes the
difficulties encountered, the documentary obstacles, the service facilities, the
opportunities offered. To identify the results, 10 questionnaires were applied to
family farmers in the municipality. The main results demonstrate that it is possible
to conclude that access to credit is possible, it is relatively easy, but expensive,
taking into account the bureaucracy of this content, a factor that is sometimes
unknown in the face of demands and even technological, advisory disorders. and
management of the producer himself.
Key words: Financial cooperative; credit; cooperative, family farmers.

1. Introdução

O setor agrícola possui diversos fatores que podem comprometer seu


desenvolvimento, alguns desses estão relacionados aos riscos sanitários,
climáticos e as mudanças na conjuntura econômica (RAMOS; MARTHA
JUNIOR, 2010).
Neste sentido foi instituído através do governo federal em 5 de novembro
no ano de 1995, o Sistema Nacional de Crédito Rural (SNCR), com objetivo de
fornecer crédito ao setor agropecuário, estimulando o aumento dos
investimentos rurais, possibilitando a ascensão econômica dos produtores e
impulsionando a introdução de métodos racionais de produção (BANCO DO
BRASIL, DIRETORIA DE AGRONEGÓCIOS, 2004, p. 10 -11).
O crédito rural é um aporte, através do qual os produtores rurais têm a
possibilidade de utilizar, em suas propriedades, os recursos disponibilizados por
instituições financeiras em determinadas linhas de crédito (BANCO CENTRAL
DO BRASIL, 2021).
De acordo com Lucchi, Schwantos e Conchon (2018, p.3):
Todas as instituições financeiras são obrigadas a aplicar
recursos no crédito rural. No entanto, por estratégia comercial,
algumas instituições atuam em segmentos ou regiões
específicas e/ou repassam recursos a cooperativas para que
estas financiem seus cooperados.

Sabe-se que o crédito é acessível em diversas fontes bancárias. As


cooperativas em especial, fazem com que os agricultores busquem facilidades
em relação as suas atividades econômicas, considerando que uma cooperativa
financeira possui o objetivo de promover aos seus cooperados defesa e melhoria
em sua situação econômica (SCHIMMELFENIG, 2010).

2
O cooperativismo é classificado como um movimento social e econômico
que surgiu através da união de pessoas com os mesmos interesses, a fim de
conseguir benefícios econômicos em suas atividades (ORGANIZAÇÃO DAS
COOPERATIVAS BRASILEIRAS, 2021). Segundo Amaral (2013) o
cooperativismo:
Foi criado durante a Revolução Industrial no século XVIII, por
trabalhadores que reivindicavam baixos salários, jornadas de
trabalho excessivas e falta de apoio do governo. O objetivo era
viabilizar o sustento, sobrevivência, cidadania e dignidade das
pessoas (AMARAL, 2013, p. 5).

A primeira cooperativa financeira1 surgiu no Brasil em 1902 no Estado do


Rio Grande do Sul com a finalidade de fornecer melhorias na qualidade de vida
e atender as necessidades financeiras dos moradores da região. Desde então
o cooperativismo financeiro alavancou o crescimento econômico e incluiu
financeiramente centenas de outros municípios brasileiros. Hoje esse modelo de
cooperativa atende mais de 13 milhões de cooperados (OCB, 2022).
As cooperativas no Brasil atuam em variados setores da economia e são
representadas pela Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB). Com o
intuito de facilitar a organização e as representações, as cooperativas foram
divididas em sete ramos, como: agropecuário, consumo, crédito, infraestrutura,
saúde, trabalho, produção de bens e serviços e transporte. Conforme o Anuário
do Cooperativismo da OCB (2022), no cenário brasileiro até o ano de 2021, o
movimento cooperativista contava com 4.880 cooperativas, 17,1 milhões de
cooperados, gerando 493 mil empregos.
Segundo dados do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento
(2021), as fontes de recursos para o crédito rural entre os anos de 2021/2022
devem chegar a 251,22 bilhões de reais, onde 177,8 bilhões desses recursos
serão destinados a custeio e comercialização e 73,4 para investimentos.
Em Ituiutaba está presente a Cooperativa Financeira Sicoob Credipontal.
A mesma foi instituída em 05 de junho de 1989 por iniciativa de 27 produtores
da região e que atualmente conta com três agências na cidade (SISTEMA DE
COOPERATIVA DE CRÉDITO DO BRASIL - SICOOB, 2021).
Neste contexto, este trabalho tem como objetivo geral compreender o
acesso ao crédito dos produtores rurais de Ituiutaba-MG, que recorrem ao
Sistema de Cooperativas do Brasil – Sicoob. Para que tal fim seja alcançado
foram desenvolvidos os seguintes objetivos específicos: a categorização dos
usuários do crédito rural do Sicoob Credipontal; a análise da percepção dos
cooperados em relação ao atendimento prestado pela Cooperativa e o
levantamento das dificuldades burocráticas para o acesso das linhas de crédito
1
As cooperativas de crédito estão sendo chamadas gradualmente de cooperativas finnaceiras
em função dos diversos serviços disponibilizados ao seu público (SILVA, 2021).

3
disponibilizadas pela instituição. Tais objetivos consideram que as burocracias
ou facilidades encontradas durante o processo de busca por recurso interferem
diretamente na produtividade e rentabilidade da propriedade. O levantamento
dos dados ocorreu por meio de entrevistas utilizando um questionário com roteiro
semiestruturado, com questões abertas e fechadas com agricultores do
município de Ituiutaba. Efetuou-se também para o levantamento de dados uma
pesquisa documental.
Para atender aos objetivos, este trabalho está estruturado em quatro
seções além desta introdução. Na primeira foi realizada a revisão de literatura
de acordo com o tema apresentado; em seguida a metodologia do trabalho,
esclarecendo como foi feita a coleta de dados. Na terceira seção são
apresentados e discutidos os resultados obtidos por meio das respostas do
questionário aplicado aos agricultores. E por fim, na última seção são
apresentadas as considerações finais do trabalho.

2. Revisão de literatura

2.1 Histórico do cooperativismo

O cooperativismo é um movimento que tem como finalidade o


desenvolvimento socioeconômico de uma comunidade. Reisdorf (2014) ressalta
que durante a revolução e a mecanização da indústria, as várias horas de
trabalho, incluindo crianças menores de 9 anos de idade dentro das fábricas,
começou a ser visto como penoso demais, privando essas crianças de
brincadeiras e lazer. Não satisfeitos com o cenário sócio-econômio dominante
no século XIX, alguns trabalhadores da indústria (tecelões), após uma greve
fracassada, decidiram se unir e fundaram a Sociedade dos Probos Pioneiros de
Rochdale, uma cooperativa de consumo. Sobre os Pioneiros, Reisdorf (2014)
relata que:
No dia 21 de dezembro de 1844, os probos pioneiros
inauguraram suas operações. Foi fundada, em Rochdale, uma
sociedade cooperativa por 28 tecelões, sendo, destes, uma
tecelã, com a finalidade de melhorar a situação econômica dos
mesmos” (p. 26).

De acordo com Búrigo (2006), o cooperativismo ligado ao crédito teve


vários idealizadores. Niski (2011, p. 21) relata que Herman Schulze formou a
primeira associação em 1856 na cidade alemã de Delitzsch. Tratava-se de uma
cooperativa de empréstimo de dinheiro e não atuava de forma restrita, ou seja,
atuava em vários segmentos da economia e seus dirigentes eram remunerados.
Ainda segundo Búrigo (2006), Friedrich Wilhelm Raiffeisen é considerado o pai
do cooperativismo. Foi em 1848 que ele formou uma cooperativa de pão para
fornecer farinha mais barata aos pobres, fazendo assim baixar o preço do produto.

4
Logo após conseguiu fornecer produtos e crédito aos agricultores para que
conseguissem se livrar dos agiotas. Essas organizações não sobreviveram e,
preocupado, Raiffeisen estudou o modelo Schulze Delitzch e, com algumas
modificações, criou uma cooperativa financeira semelhante. Búrigo (2006)
enfatiza que no modelo de SchulzeDelitzch:
A cooperativa não deveria receber apoio externo na forma de
doação ou aval, recorrendo apenas às contribuições dos
próprios filiados. Quando necessitassem demais fundos, os
associados apelariam para empréstimos externos. Estes
puderam ser obtidos a baixo custo, devido ao princípio de
responsabilidade ilimitada oferecido pela cooperativa: cada
cooperado membro era igualmente responsável pelas
obrigações totais da cooperativa e seu patrimônio era dado
solidariamente como garantia (BÚRIGO, 2006, p.67).

A formalização do cooperativismo no Brasil se deu somente após a


instalação da República e a publicação da Lei Magna no ano 1891 (BÚRIGO,
2006). A primeira cooperativa do país era do ramo de consumo e foi fundada em
Ouro Preto no ano de 1889, após surgiram outras cooperativas de consumo.
No ano de 1902, em Nova Petrópolis, o padre Teodoro Amstadt organizou
a primeira cooperativa financeira brasileira seguindo o modelo raiffeiseniano
(BÚRIGO, 2006). Destaca-se, portanto, que a igreja católica e os missionários
foram muito importantes para o desenvolvimento do cooperativismo no Brasil
mesmo que influenciados pelos pioneiros do movimento (SILVA; GUERRA
JUNIOR, 2012).
Segundo Amaral (2013), os princípios do cooperativismo são a maneira
com que as cooperativas colocam em prática seus valores, sendo esses
aprovados desde a fundação da primeira cooperativa. Os princípos
cooperativistas são sete: 1º) adesão voluntária e livre; 2º) gestão democrática;
3º) participação econômica dos membros; 4º) autonomia e independência; 5º)
educação, formação e informação; 6º) intercooperação; 7º) interesse pela
comunidade.
De acordo com Freitas e Freitas (2013, p. 55), “as cooperativas
apresentam perfis diferentes e direcionados”. São chamados verticalizados
(tradicionais) e horizontalizados (solidários). Os sistemas verticalizados são
centralizados e piramidais e objetivam ganhos por escala. Estão representados
no país pelos Sistema de Cooperativas de Crédito do Brasil (Sicoob), Sistema
de Crédito Cooperativo (Sicredi) e Sistema Unicred. Os autores classificam ainda
que os sistemas horizontalizados são direcionados para o público de baixa renda
e estabelece sua organização na formação de redes (FREITAS; FREITAS,
2013).

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2.2 O crédito rural

No Brasil, criou-se em 1960 o Sistema Nacional de Crédito Rural, visando


oferecer ao produtor rural melhores linhas de crédito, incentivando assim a
modernização da agricultura. Destaca-se que o sistema de crédito é fundamental
para o desenvolvimento das unidades produtivas, visto que a falta dele
juntamente com a falta de recursos dos empresários levam a estagnação do
setor (PINTOR; SILVA; PIACENTI, 2015, apud GREMAUD et al., 2009).
De acordo com Búrigo (2006), em 1967 foi criado um sistema nacional de
crédito rural interno desvinculando a política agrícola da política cambial. Apesar
de ter conseguido estruturar o crédito rural em torno do novo sistema e fornecer
recursos para melhoria da agricultura, o sistema ainda mantinha os recursos em
torno dos médios e grandes produtores da região sul e sudeste do pais.
Durante a década de 1970, o crescimento da produção agrícola ocorreu
por meio da incorporação de novas áreas e da introdução de novas tecnologias.
Contudo, a partir da década de 1980 a expansão passou a depender de
investimentos que promovessem a recuperação do solo, a utilização de novas
máquinas e equipamentos e a maior difusão de tecnologias (PINTOR; SILVA;
PIACENTI, 2015).
Conforme Búrigo (2006), mesmo que a agricultura familiar
correspondesse a vários postos de emprego, produtor de alimentos e
responsável por boa parte do PIB, os produtores rurais desse setor eram tratados
como mini ou pequenos produtores e, diante das pressões da classe, em 1996,
foi criado o Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar
(PRONAF), que hoje se tornou um dos maiores programas sociais do país.
Através de dados, o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento
evidencia-se que:
Para fomentar as organizações da agricultura familiar, em 2020,
o Mapa ampliou de R$ 12 mil para R$ 60 mil o limite para que
cooperados acessem o Pronaf Agroindústria. Houve também a
ampliação dos limites de financiamento para Cooperativas
Singulares, de R$ 15 milhões para R$ 20 milhões, e para
Cooperativas Centrais, de R$ 30 milhões para R$ 60 milhões.
No período, foram 1.081 financiamentos contratados por
cooperativas familiares, somando R$ 4,4 bilhões (MAPA,
2021b).

Ainda sobre o PRONAF, Schneider, Mattei e Cazella (2004 , p.3) afirmam


que: “o objetivo principal do programa consiste em fortalecer a capacidade
produtiva da agricultura familiar; contribuir para a geração de emprego e renda
nas áreas rurais e melhorar a qualidade de vida dos agricultores familiares”.

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2.3 Acesso ao crédito rural

O crédito rural visa financiar recursos para o custeio, o investimento e a


comercialização de produtos da atividade rural, sendo o Banco Central do Brasil
responsável pelas regras contidas no manual do Crédito Rural (EMPRESA
BRASILEIRA DE PESQUISA AGROPECUÁRIA, 2018).
Para Lopes (2018, p.12), o “Brasil é o responsável por fornecer a maior
parte dos produtos agropecuários no planeta”. Sendo que as expectativas de
crescimento da população estão crescentes e constantes, a demanda de
alimentos está cada vez maior e os produtores agropecuários precisarão
produzir cada vez mais.
Os agricultores enfrentam mais dificuldades que os empreendedores de
outras áreas para captar recursos próprios e, por isso, dependem da
disponibilidade de crédito em quantidade e condições adequadas para financiar
os investimentos e a produção corrente (REISDORF, 2014 apud BUAINAIN et
al., 2007, p. 7).
De acordo com a legislação, a Seção 1 (Disposições Gerais) do Capítulo
2 (Condições Básicas) do Manual de Crédito Rural (MCR), estabelece que a
concessão de crédito rural está condicionada ao cadastramento dos imóveis
rurais no Sistema Nacional de Cadastro Ambiental Rural (SICAR), sendo
necessária a apresentação do recibo de inscrição no Cadastro Ambiental Rural,
conforme transcrito:
12-A - Obrigatoriamente, a partir de 1º/1/2019, a concessão de
crédito rural para o financiamento de atividades agropecuárias
ficará condicionada à apresentação de recibo de inscrição no
Cadastro Ambiental Rural (CAR), instituído pela Lei nº 12.651,
de 2012, que se constitui instrumento suficiente para atender à
condição prevista no art. 78-A da referida Lei, ressalvado o
disposto nos itens 12, 14, 15 e 16, e observadas ainda as
condições e exceções a seguir: [...] (SERVIÇO FLORESTAL
BRASILEIRO, 2020).

Existem dois principais programas que fornecem crédito ao produtor rural,


PRONAF e PRONAMP. O PRONAF (Programa Nacional de Fortalecimento da
Agricultura Familiar), é uma linha de financiamento que pode ser usada para
custeio e investimento na implantação, ampliação, modernização,
beneficiamento, industrialização e de serviços que visam à geração de renda e
a melhoria do uso da mão de obra familiar. Esse programa beneficia
proprietários, posseiros, arrendatários, comodatário, parceira, permissionário ou
concessionário do Programa Nacional de Reforma Agrária que residam no local,
que a renda bruta familiar seja no mínimo 50% oriunda da agricultura familiar e
que a renda bruta anual não ultrapasse R$ 500.000,00 (BNDES, 2021). O
PRONAMP (Programa Nacional de Apoio ao Médio e Pequeno Produtor) é um

7
programa que beneficia o médio produtor com renda brutal anual máxima de 1,6
milhões e 80% da sua renda precisa ser originária da atividade agropecuária ou
extrativa vegetal (TERRA MAGNA, 2021).
Desde a implantação desses programas de políticas públicas, vários
agricultores já foram beneficiados. Segundo dados do Mapa (2021b), os
agricultores que são enquadrados no Programa de Fortalecimento e Agricultura
Familiar (Pronaf), contrataram 13,2 bilhões em financiamentos para custeio e
investimento somente no início do Plano Safra 2021/2022, representando alta de
47% em relação aos meses de julho e agosto do ano anterior. Já no Programa
Nacional de Apoio ao Médio Produtor (Pronamp), foram contratados 8,8 bilhões
(MAPA, 2021b).
Ainda de acordo com os dados do Mapa (2021b, s/d)
O início da safra 2021/2022, com a contratação do crédito rural
alcançando um incremento significativo comparado com o
mesmo período da safra anterior, reflete alguns fatores
conjunturais que, se contabilizados, resultam em perspectivas
favoráveis ao setor agropecuário. Não obstante as intempéries
climáticas que prejudicaram a safra 2020/2021, o otimismo
prevalece e reflete-se na demanda excepcional por
investimentos na modernização da produção.

Freitas (2021), ressalta que o crédito rural é um dos eixos fundamentais


para o setor do agronegócio no país, sendo conciderado um pilar de sustenção
da atividade produtiva que nas ultimas décadas vem se consolidando.

3. Metodologia

Nesta seção serão apresentados um breve resumo sobre o Sistema de


Cooperativas de Crédito do Brasil e os procedimentos metodológicos que foram
utilizados e que nortearam a obtenção dos resultados deste estudo.

3.1 Sistema de cooperativas de crédito do BRASIL – SICOOB

O Sistema de Cooperativas de Crédito do Brasil é composto por


cooperativas financeiras e empresas de apoio, que juntos fornecem para seus
cooperados serviços de crédito, investimento, previdência, cartões, seguros,
cobrança, conta corrente, dentre outros (SICOOB, 2021).
Com centenas de cooperativas financeiras em todo país, o Sicoob é
regido pelos valores de cooperação, pertencimento, responsabilidade social e
justiça financeira. Quem se associa ao Sistema de Cooperativas de Crédito do
Brasil conta atualmente com mais de três mil postos de atendimento, plataformas
digitais que permitem acesso ao serviços prestatos pela cooperativa e milhares
de caixas eletrônicos em todo território nacional (SICOOB, 2021).

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Quem é um associado do Sicoob se torna dono da empresa, participando
de forma democrática das decisões e resultados financeiros. Todos os
resultados são reinvestidos no desenvolvimento econômico da região. De acordo
com dados do terceiro trimestre de 2021, o Sistema de Cooperativas de Crédito
do Brasil é composto por 5,6 milhões de cooperados, com 2 mil municípios
atendidos, 3.666 redes de atendimento em todos os estados da federação e está
em 13° como maior grupo empresarial do Brasil (SICOOB,2021).

3.2 SICOOB CREDIPONTAL

Em 05 de junho de 1989, por iniciativa de 27 produtores rurais, que


aspiravam um futuro melhor para a classe e para o município de Ituiutaba, foi
fundado o Sicoob Credipontal (SICOOB CREDIPONTAL, 2021).
As atividades da instituição tiveram início em 22 de janeiro de 1990,
possuindo no quadro de funcionários somente quatro colaboradores. Na data de
31 de julho de 1992, foi realizada uma reforma de ampliação da sede, que era
localizada na Avenida Sete n. 500, esta reforma era fruto de união, trabalho e
cooperação dos produtores naquele momento (SICOOB CREDIPONTAL, 2021).
Outro grande marco no cooperativismo na cidade de Ituiutaba foi em 16
de fevereiro de 1998, momento da inauguração da sua atual sede, com maior
conforto e ambiente adequado para atender o progressivo número de associados
na Cooperativa, dando início também as atividades do Bancoob – Banco
Cooperativo do Brasil S/A. Atualmente a cidade possui quatro unidades, atuando
com solidez no mercado, fruto de seriedade, gestões pautadas no
cooperativismo e na visão de que não possui clientes e sim associados (SICOOB
CREDIPONTAL, 2021).

3.3 Procedimentos metodológicos

O trabalho orientou-se pela análise qualitativa dos dados e a escolha de


um estudo de caso teve como propósito conferir o raciocínio com as
demonstrações práticas da tomada de crédito pelos produtores. O
desenvolvimento desta pesquisa contou com três fases, sendo a primeira uma
revisão bibliográfica sobre o histórico do cooperativismo desde a Revolução
Industrial até a atualidade. A seguinte contou com dois momentos, sendo o
primeiro a elaboração de um questionário com roteiro semiestruturado, com
perguntas que permitissem captar informações que respondessem os objetivos
propostos na pesquisa. No segundo momento foi feita a aplicação deste
questionário, através de entrevistas realizadas com produtores rurais da região.
A terceira e última fase foram feitos a análise, interpretação e discussão
dos resultados obtidos. O questionário com roteiro semiestruturado consistiu em
questões abertas e fechadas. Uma parte do roteiro constituiu-se de perguntas
que caracterizava o entrevistado e seu estabelecimento agrícola, a outra com

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perguntas que buscaram aprofundar e responder sobre o acesso às políticas
públicas (financiamentos).
As coletas de dados foram feitas nos dias 16, 18 e 19 de novembro de
2021, com cinco produtores, de forma presencial em suas propriedades
próximas da cidade. No dia 2 de dezembro três produtores também foram
entrevistados de maneira presencial em estabelecimentos comerciais onde
trabalhavam na cidade e, por fim, no dia 8 de dezembro mais dois produtores
foram entrevistados em suas residências também localizadas na cidade,
totalizando dez produtores entrevistados. Todos os produtores que responderam
ao questionário já haviam utilizado o crédito rural fornecido pelo Sistema de
Cooperativa de Crédito do Brasil – Sicoob Credipontal.

4. Resultados e discussões

4.1 Caracterização dos produtores

O questionário sobre o acesso ao crédito rural na Cooperativa Financeira


Sicoob Crediopontal foi respondido por dez produtores da cidade de Ituiutaba e
por meio das respostas obtidas foram categorizados de acordo com o sexo,
idade, formação escolar e atividades econômicas exploradas.
Entre os entrevistados, oito são do sexo masculino e duas do sexo
feminino, revelando que as mulheres estão participando da gestão das
propriedades, neste trabalho sendo representado pela busca por recursos
financeiros disponibilizados pelas instituições. O que pode ser confirmado com
os dados do Censo Agropecuário de 2017, quando comparamos com os dados
de 2006, vislumbra-se que a participação das agricultoras aumentou de 13%
para 19%, o que demonstra que existe um crescente número mulheres na gestão
das propriedades rurais (INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E
ESTATÍSTICA, 2009, IBGE, 2017)
Observou-se que dos entrevistados que buscam linhas de crédito em
cooperativas temos: uma pessoa com idade entre 20 e 40 anos, seis pessoas
estão entre 40 e 60 anos, e três possuem mais de 60 anos. Esses dados
correspondem ao que Jacto (2018) diz sobre a média de idade dos produtores
rurais no Brasil que é de 46,5 ano de idade. Além disso, os dados do Censo
Agropecuário de 2017, indicam que a maior parte da população rural presente
no campo tem idade entre 45 a 65 anos, representando 47,7% dos produtores
rurais ativos (IBGE, 2017).

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Gráfico 1: Idade dos entrevistados que tem acesso ao crédito rural .
IDADE
20 a 40 anos 40 a 60 anos Mais de 60 anos

10%
30%

60%

Fonte: PRÓPRIA (2022).

Com relação a formação escolar dos entrevistados, identificou-se diversos


níveis: dois entrevistados possuem ensino fundamental incompleto, um ensino
fundamental completo, um ensino médio completo, três cursos técnico e três
entrevistados com curso superior completo. Os dados do Censo Agropecuário
de 2017 quando comparados com os do Censo de 2006, demonstram que a taxa
de analfabetismo que em 2006 era de 24,5%, teve uma diminuição para 23%. O
que também pode estar refletido nos dados dos entrevistados, pois não
encontramos entrevistados que declararam não saber ler nem escrever, além de
encontrar uma boa porcentagem com curso técnico e ensino superior. Brinker
(2019), constatou que em seu estudo que agricultores que recorrem ao crédito
rural (Pronaf e Pronamp) tendem a apresentar uma taxa menor de
analfabetismo.

Gráfico 2: Nível de escolaridade dos entrevistados

Fonte: PRÓPRIA (2022).

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Com relação ao acesso e tamanho dos estabelecimentos agrícolas
constatou-se que: dois produtores têm acesso a propriedade por meio de
arrendamento e dos outros oito entrevistados, quatro tem acesso por herança (já
possuem o título de posse) e quatro por ser terra de família (em uso sem o título
de posse). Conforme dados do Censo Agropecuário de o total de
estabelecimentos com terras arrendadas teve pequena oscilação de 6,5%, em
2006, para 6,3% em 2017, já os estabelecimentos com declaração de “terras
próprias” tiveram um o crescimento do percentual passando de 76,2% para
82,3%. Esses dados vão de encontro as respostas obtidas pelos agricultores de
Ituiutaba, pois somente 20% dos entrevistados trabalham em terras arrendadas
e 80% tem acesso ao estabelecimento por meio de herança ou terras de família,
que se enquadra na categoria terras próprias.
As atividades econômicas exploradas pelos produtores em sua maioria
estão divididas em produção leiteira e animais de corte. Dos entrevistados quatro
trabalham exclusivamente na produção de leite, quatro na produção de animais
de corte, um dos produtores explora atividade mista (produção de leite e corte),
e um dos produtores além de produzir animais para corte ele complemente a sua
atividade econômica com a produção de aves e ovos.

Gráfico 3: Atividades econômicas exploradas pelos entrevistados.

Fonte: PRÓPRIA (2022).

Souto (2016), afirma que no município de Ituiutaba o crescimento da


produção de leite se deu a partir de 2006, com o processo de expansão das
agroindústrias presentes na cidade (Fazendeira, Nestlé e pela instalação de
outra fábrica de laticínios, chamada Canto de Minas). Além disso, o autor
também argumenta que o crescimento se deve ainda as melhorias de pasto,
animais e no processo de coleta do leite, com a utilização de coleta mecanizada.
De acordo com as respostas dos entrevistados, 50% possuem a
produção de leite como principal renda em suas propriedades, demostrando que

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essa atividade econômica é expressiva na nossa região. As indústrias Nestlé e
Canto de Minas ainda estão presentes no município, fomentando nossa
economia, tanto na geração de empregos como em reconhecimento para
Ituiutaba-MG.
A produção de gado de corte também está de encontro com as
características da produção leiteira, onde metade dos agricultores se encaixam
nesse setor. Podemos confirmar esses dados quando Teixeira e Pereira (2022)
argumentam que a produção de gado de corte está de acordo com a tradição do
município, que hoje é praticada em parte por técnicas modernas com a presença
do frigorifico JBS na cidade e em parte pelas rugosidades espaciais,
considerando o tempo e a tradição da pecuária bovina na região.

4.2 Identificação das linhas de crédito acessadas

Ao serem questionados sobre o tamanho do estabelecimento, sete


entrevistados adquiriram recursos para propriedades com tamanho entre 2 a 20
ha, dois entrevistados investiram em propriedade de 20 a 100 ha e um em
propriedade de 100 a 2000 ha. Um fator importante sobre o tamanho das
propriedades é descobrir em qual módulo fiscal2 ela se enquadra, principalmente
no que concerne ao enquadramento em políticas de crédito rural. Assunção e
Souza (2018) explicam que:
O módulo fiscal é definido como a área mínima em que a
atividade agropecuária pode prover, em cada município,
subsistência e progresso social e econômico a famílias que
invistam nela toda a sua força de trabalho. O tamanho varia entre
5 e 110 hectares em função dos usos predominantes da terra
em cada lugar (p. 21).

Luz (2016), também argumenta que o módulo fiscal serve para classificar
um imóvel rural quanto ao seu tamanho, de acordo com a Lei nº 8.629, de 25 de
fevereiro de 1993:
Pequena Propriedade – o imóvel rural de área compreendida
entre 1 (um) e 4 (quatro) módulos fiscais; Média Propriedade –
o imóvel rural de área de área superior a 4 (quatro) e até 15
(quinze) módulos fiscais. Grande Propriedade – o imóvel rural
de área de área superior a 15 (quinze) módulos fiscais [...] (LUZ,
2016, n.p.).

Além disso, o módulo fiscal serve para o enquadramento na categoria


Agricultor familiar, através da Lei nº 11.326/2006 na qual enquadram-se como
agricultor familiar as unidades produtivas que atenderem, simultaneamente, aos
requisitos que se passa a descrever:

2 O Módulo Fiscal do município de Ituiutaba é de 30 hectares.

13
I - Não detenha, a qualquer título, área maior do que 4 (quatro)
módulos fiscais; II - utilize predominantemente mão-de-obra da
própria família nas atividades econômicas do seu
estabelecimento ou empreendimento; III - tenha renda familiar
predominantemente originada de atividades econômicas
vinculadas ao próprio estabelecimento ou empreendimento; IV -
dirija seu estabelecimento ou empreendimento com sua família
(BRASIL, 2006).

O tamanho do imóvel e em qual módulo fiscal ele se insere é fator


determinante no momento de aquisição de uma linha de crédito rural. Por
exemplo, para enquadramento no Programa Nacional de Fortalecimento da
Agricultura Familiar (Pronaf) o agricultor não pode possuir mais de quatro
módulos fiscais, já para o acesso ao Programa Nacional de Apoio ao Médio
Produtor Rural (Pronamp) até quinze módulos fiscais.
Neste contexto em relação as linhas de crédito acessadas pelos
produtores, todos os entrevistados responderam que já tiveram acesso a esse
recurso financeiro, dentre eles três tiveram acesso ao Pronaf, quatro ao Pronamp
e dois ficaram enquadrados na linha de crédito3 de demais produtores4.
O resultado desse parâmetro analisado durante o estudo, reconhece as
informações do Mapa (2021b), mostrando que existe um crescente aumento nas
contratações de crédito rural no ano de 2021, considerado 36% superior em
comparação ao ano anterior. De acordo com o Ministério ainda, as contratações
de crédito rural realizadas pelo conjunto dos pequenos e médios produtores, no
âmbito do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf)
e do Programa Nacional de Apoio ao Médio Produtor (Pronamp) totalizaram R$
47,1 bilhões, distribuídos em 1.311.710 operações no ano de 2021. No total
contratado desses dois programas, houve um aumento de 11,2%, sendo 17% no
Pronaf, e 5% no Pronamp (MAPA, 2021a).
Quando questionados sobre sugestões de linhas de crédito que deveriam
ser inseridas pela cooperativa, os agricultores ressaltaram que deveria existir
recursos para a compra e aumento do tamanho da propriedade rural. Os
financiamentos de crédito para compra/aumento de propriedade existem, e

3 As linhas de crédito acessadas, não corresponde ao tamanho das propriedades indicadas


pelos agricultores, porém como o questionário é declaratório, não há como questionar os
agricultores sobre este quesito.
4 Pronaf é o Programa Nacional de Fortalecimento a Agricultura Familiar e para se ter acesso a

essa linha de crédito é necessário que a renda familiar do produtor seja no mínimo 50%
oriunda da agricultura familiar; o Pronamp é Programa Nacional de Apoio ao Médio e Pequeno
Produtor é necessário que a renda anual máxima do produtor não ultrapasse 1,6 milhões e que
80% da sua renda precisa ser originária da atividade agropecuária ou extrativa vegetal. A linha
de crédito dos demais produtores é destinada a todos os produtores que não se encaixam nas
linhas de crédito do Pronaf e Pronamp, podem ser beneficiários dela produtores que possuam
uma Receita Bruta Agropecuária Anual (RBA) acima de R$ 2,4 milhões (BNDES, 2022b).

14
segundo o Mapa (2021a), esse programa passou por um processo de
reformulação recentemente. Antes chamado de Programa Nacional de Crédito
Fundiário (PNCF), hoje é conhecido como Terra Brasil – PNCF, este programa
busca aumentar o alcance dos produtores ao recurso para compra do
estabelecimento rural e atender efetivamente os agricultores familiares afim de
conceder mais agilidade no processo (MAPA, 2021b).
Os produtores entrevistados também foram questionados sobre quais os
procedimentos exigidos para se obter o crédito na cooperativa e quais as
garantias. Todos responderam que foi necessário o envio de vários documentos
e as garantias em sua maioria eram animais ou o próprio imóvel rural. Um dos
entrevistados, identificado com A, foi mais específico em sua resposta dizendo:
“ Além de ter que fazer o cadastro no banco com toda a documentação pessoal
e da propriedade, também foi necessário a elaboração de um projeto feito por
uma engenheiro agrônomo, precisei de um avalista e hipotecar minha
propriedade” (Entrevistado A).
Em conformidade com Banco Nacional de Desenvolvimento – BNDES
(2022a) , cada garantia exigida para aquisição de recurso financeiro é de livre
negociação da instituição financeira fornecedora do crédito, seguindo as normas
do Conselho Monetário Nacional.

4.3 Percepção dos cooperados em relação ao atendimento da cooperativa

A conclusão da análise dos dados coletados mostrou que oito dos dez
entrevistados afirmou que atualmente é mais fácil o acesso ao crédito rural,
mesmo relatando que a Cooperativa Financeira exige um grande número de
documentos. O entrevistado B, diz que: “Atualmente ficou bem mais fácil e
acessível conseguir crédito, devido ao meu bom relacionamento com a atual
gerente da agência”. Somente dois produtores relataram que acham dificil o
acesso ao crédito, apresentando como a principal dificuldade a quantidade de
documentação exigida. Isso também se deve ao fato que a maioria dos
entrevistados já haviam sido beneficiados antes no ano de 2019 com crédito e
após esse ano tornou-se obrigatória a apresentação do recibo de inscrição no
Cadastro Ambiental Rural (CAR) para aquisição do crédito, de acordo com
Serviço Florestal Brasileiro (2020).
Ainda de acordo com os entrevistados, sete afirmaram que estão bastante
satisfeitos com o atendimento da Coorperativa e não indicam sugestões de
melhorias, dois também estão satisfeitos, mas um deles sugere que a
cooperativa financeira poderia ter melhores condições nas taxas de juros e o
outro não estava satisfeito com a demora no momento de conferência dos
documentos para o financiamento. Segundo o BNDES (2022b), as taxas de juros
das linhas de crédito destinadas ao produtor rural no período do Plano Safra
2021/2022, variam entre 5,5% e 8,5% e para o Pronaf, as taxas ficam entre 0,5%
e 4,5%, podendo ocorrer variações de acordo com a data de contratação da

15
operação.

5 Considerações finais

O acesso ao crédito em cooperativas financeiras, é o maior empecilho


pelo qual passam os produtores rurais, quando de suas demandas por
financiamento. A região do Triângulo Mineiro possui características mistas do
perfil do investidor no setor agropecuário, de pequenos há grandes produtores,
e todos que têm a pretensão de movimentar a gestão de seus negócios
conseguem campo aberto para a consecução de seus intentos até com rara
facilidade. Verifica-se que as próprias agências disponibilizam pessoal
qualificado para lidar com a demanda, com colaboradores amistosos e grande
cabedal de conhecimento na iniciação do processo de crédito. Neste estudo,
apurou-se que o SICOOB Credipontal produz feiras de investimento, mídia de
disponibilização de crédito, dentre outros. Há de se destacar que esta pesquisa
lida com produtores cooperados.
Não obstante a esta facilidade primária, destacamos que há entraves que
vão de encontro à pretensão do recurso, dos quais, em grande parte, estão
relacionados à questão burocrática de responsabilidade do próprio produtor, que
nem sempre mantém atualizadas ou disponibilizadas as documentações
exigidas pela Cooperativa, o que os torna um tanto quanto dependentes de
assessorias contábeis que geram custos e atrasos no processo em si,
redundando em perda do interesse, desânimo ou fracasso frente a este
importante mecanismo de crédito disposta ao produtor, principalmente o
pequeno investidor.
Diante destes cenários, verifica-se que esta região ainda guarda
características de influência na alavanca dos negócios frente aos incentivos
estudados neste trabalho. A questão de satisfação da agência financiadora não
ousamos explorar, seja no pagamento ou na relação com os clientes. De tudo
uma certeza, a capacidade de investimentos e o interesse da classe produtora
por tais recursos ficam bem delineados e de forma positiva neste trabalho, do
qual conclui-se com satisfação que tal ferramenta é de fundamental importância
no contexto de apoio e desenvolvimento nesta região de Minas Gerais.

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