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Impactos da pandemia da COVID – 19 nos indicadores financeiros de uma

cooperativa agropecuária.
Impacts of the COVID-19 pandemic on the financial indicators of an
agricultural cooperative.

Autor João Luiz Gomes Garay Brandão


Filiação UNIALSSELVI
E-mail  joao.luiz@ocbms.org.br

Eixo temático: << Contabilidade, Finanças e Desempenho>>

Resumo
A pandemia produziu diversos impactos na economia brasileira, sobre o mercado do
agronegócio ela refletiu de maneiras e intensidade variadas. Nesse estudo
analisamos os impactos da pandemia da COVID-19 no desempenho econômico e
financeiro da Cooperativa Agropecuária de São Gabriel do Oeste - COOASGO, as
demonstrações contábeis e os principais indicadores e financeiros no período de
2018 a 2021 são os objetos do nosso estudo. O presente trabalho foi classificado
como um estudo de caso. Mesmo em meio a crise sanitária, identificou-se que a
cooperativa apresentou evolução em seus indicadores, um dos principais foi o da
Liquidez Corrente que passou de 0,79 em 2018 para 1,18 em 2021, esse crescimento
colocou a cooperativa em um patamar de solvência. A evolução do seu faturamento
que em três anos atingiu um crescimento de 112% mostra a capacidade de
desenvolvimento dessa cooperativa agropecuária mesmo diante de adversidades
como a pandemia da COVID-19

Palavras-chave: cooperativismo, pandemia, covid–19, indicadores financeiros,

agronegócio,

Abstract
The pandemic produced several impacts on the Brazilian economy, and on the
agribusiness market it reflected in various ways and intensity. In this study we analyze
the impacts of the COVID-19 pandemic on the economic and financial performance of
the Cooperativa Agropecuária de São Gabriel do Oeste - COOASGO, the financial
statements and the main indicators and financials in the period from 2018 to 2021 are
the objects of our study. The present work was classified as a case study. Even in the

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midst of the sanitary crisis, it was identified that the cooperative presented evolution
in its indicators, one of the main ones was the Current Liquidity that went from 0.79 in
2018 to 1.18 in 2021, this growth put the cooperative in a solvency level. The evolution
of its turnover, which in three years reached a growth of 112%, shows the development
capacity of this agricultural cooperative, even in the face of adversities such as the
COVID-19 pandemic.

Key words: cooperativism, pandemic, covid-19, financial indicators, agribusiness

1. Introdução

Em março de 2020 eclodiu a pandemia da COVID-19 no Brasil e no mundo,


algo nunca visto em nossa historia contemporânea. A pandemia se difundiu pelo
mundo rapidamente, gerando choques econômicos com ritmo e intensidade acima
dos níveis da crise de 2008 e na grande depressão de 1930. Nesses dois eventos
históricos o mercado de ações teve uma queda de 50%, os mercados de crédito
congelaram e as falências em massa seguiram-se, as taxas de desemprego subiram
acima de 10% sem falar na queda do PIB. Mas isso tudo demorou em torno de três
anos para acontecer enquanto que na pandemia que gerou essa crise atual esses
mesmo números foram alcançados com três semanas.
Os constantes lockdowns provocados pelas quarentenas agravaram os
níveis da oferta e da demanda, potencializando a instabilidade financeira em virtude
do aumento da inadimplência das empresas, organizações e das famílias. Aqueles
que não ficaram inadimplentes reduziram suas compras e ou investimentos.
De acordo com os estudiosos, na verdade a pandemia funcionou como um
empurrão para agravar a crise econômica de boa parte dos países, pois o ritmo de
crescimento global já se mostrava lento e sem perspectiva de melhora. Poucos
países antes da pandemia apresentavam crescimento robusto (TORARSKI 2020).
O Brasil é um desses países que já passava por um momento econômico
desfavorável antes da COVID - 19, ao apresentar recuo da produção industrial, queda
dos investimentos, altos níveis de desemprego, informalidade e precarização do
trabalho. Simultaneamente, nunca o Estado esteve tão amarrado e impossibilitado
de, pelo menos, articular políticas anticíclicas. Com relação à pandemia, a falta
de coordenação com os governos subnacionais, a abertura prematura de atividades
econômicas e a falta de uma política industrial de emergência para a cadeia produtiva
da saúde colaboraram para agravar este cenário.
A crise que todo o mercado produtivo enfrentou nesse período e os seus
impactos foram sem precedentes. Diante disso o objetivo desse estudo foi analisar
os efeitos da pandemia da COVID – 19 nos resultados econômicos e financeiros da
cooperativa COOASGO.

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Conforme Basso, Filipin e Enderli (2015) A análise das demonstrações
contábeis, também chamadas de demonstrações financeiras, representam
informações acerca do patrimônio, os direitos e obrigações da empresa. Nesse
estudo analisamos os seguintes indicadores: índice de liquidez corrente, os ingressos
totais, o resultado líquido e o grau de endividamento considerando os exercícios de
2018 a 2021 considerando os impactos da pandemia COVID – 19.

2- Cooperativismo

O cooperativismo é um sistema organizado por pessoas, no qual o objetivo


principal está na ajuda mútua, em busca de interesses em comum. Para tanto, os
participantes destes grupos devem contribuir com bens e serviços para o exercício
da atividade econômica, ou seja, os interesses do grupo devem prevalecer sobre os
interesses individuais (MENEZES, 2005; CARVALHO, 2011).

A expressão "cooperativismo" advém da palavra "cooperação", originada do


latim "cooperari", que significa "operar conjuntamente". Do ponto de vista sociológico
podemos dizer que a “cooperação é uma forma de integração social e pode ser
entendida como ação conjugada em que pessoas se unem de modo formal ou
informal, para alcançar o mesmo objetivo” (PINHO, 1966)
Cooperativismo corresponde a uma doutrina, um sistema, um movimento ou
puramente uma atitude ou disposição, que considera as cooperativas como uma
forma ideal de organização das atividades socioeconômicas da humanidade (KLAES,
2005).
Também podemos entender o cooperativismo como um sistema de produção,
consumo e crédito que tem por alicerce as sociedades cooperativas, formadas com
base no associativismo e na autogestão. Esse sistema visa eliminar os
desajustamentos sociais oriundos dos excessos da intermediação capitalista, através
da conjugação do trabalho com o capital.
O cooperativismo é dotado de princípios de elevada nobreza e valor humano,
os quais são capazes de criar uma dimensão superior de administração das
atividades econômicas governamentais, e empresairiais, com o fime propósito de
consolidar benefícios sociais, e autônomos, aos participantes dos atos cooperados e
suas relações técnicas e comerciais sem fins lucrativos e com redução da carga
tributária.(VERRI, 2013)
O cooperativismo é uma forma de somar uma diversidade de forças para um
mundo cheio de competição e disputas agressivas. É uma maneira de proteger ao
poder econômico indivíduos de um mesmo padrão e tipo, com objetivos comuns e
com as mesmas dificuldades. O cooperativismo quase sempre em momentos de

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dificuldades promove mudanças e gera confiança no mundo em que atua. Como diz
o presidente do Sistema OCB Nacional,
O modelo de negócios cooperativista propõe associar o capital com o
trabalho através das cooperativas, entidades que são controladas e gerenciadas
pelos próprios trabalhadores, com base na autogestão. A organização das
Cooperativas Brasileiras - OCB (2017) relata que o cooperativismo transforma o
mundo em um lugar mais justo e com oportunidades para todos, onde é possível unir
o desenvolvimento econômico e social.
O cooperativismo surgiu como uma alternativa às disparidades geradas pela
competição desenfreada e exploração dos trabalhadores, e hoje é uma importante
ferramenta de promoção da inclusão social. Ao se unirem em cooperativas, pequenos
grupos têm a vantagem de se tornarem grandes, o que lhes permite competir no
mercado com as corporações de maior porte.

O cooperativismo busca o atendimento de seus associados para


desenvolvimento da sociedade em que está inserido. É composto de princípios e
valores alinhados aos objetivos econômicos, as necessidades, interesses e as
responsabilidades da organização para que se possa atender a cada um de maneira
igualitária e solidária.

3- Cooperativismo e o agronegócio brasileiro

Mesmo em meio a um dos maiores desafios sanitários desse século segundo


Wernerk e Carvalho (2020), o setor agropecuário continuou ativo, produzindo,
exportando alimentos e abastecendo o mercado interno. Segundo Tereza Cristina,
ministra da Agricultura, em entrevista ao Programa A Voz do Brasil, em agosto de
2020, o agronegócio foi o motor da economia, e conseguiu não deixar o PIB (Produto
Interno Bruto) cair, sendo gerador de riquezas para o mercado interno, para as
exportações e para o emprego.
Não há dúvida que o agronegócio é uma das maiores forças econômicas
do país. São mais de cinco milhões de propriedades rurais, que em 2021 exportaram
mais de 120 bilhões de dólares de sua produção. E as cooperativas agropecuárias
fazem parte desse quadro positivo nacional. O Brasil tem cerca 1,6 mil cooperativas
agrícolas, que congregam
181 mil produtores associados e empregam mais de um milhão de cooperados. O
cooperativismo responde por 48% de toda a produção agrícola nacional, gerando
mais de 223 mil empregos diretos levando qualidade de vida e desenvolvimento para
todo o Brasil (OCB 2021).
As cooperativas agropecuárias estão na vanguarda do agronegócio
brasileiro, elas chegaram a essa posição, adotando uma postura inovadora utilizando
tecnologias de última geração em processos e gestão. Perceberam também que para
funcionar como uma organização viva e diferenciada, inserir a cultura da cooperação

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em seu cotidiano era extremamente necessário. A confiança e o sentimento de
pertença sempre incentivou cada associado a atuar com sua cooperativa navegando
entre suas identidades como dono, fornecedor e cliente.
O cooperativismo e o agronegócio brasileiro têm uma relação estreita e de
grande importância. Quando falamos em cooperativismo, podemos compreender
como a união de pessoas a partir de um objetivo comum, que atuam de maneira
colaborativa, em prol do desenvolvimento de uma determinada atividade econômica
As cooperativas agropecuárias brasileiras têm uma longa história de atuação
no país, sendo responsáveis por grande parte da produção de alimentos, fibras e
energia renovável. Segundo dados do Sistema OCB (Organização das Cooperativas
Brasileiras), o setor agropecuário cooperativado movimentou R$ 184,3 bilhões em
2020, representando 47,6% do total das cooperativas brasileiras
Uma das principais vantagens do modelo cooperativista no agronegócio é a
possibilidade de agregar valor à produção por meio da escala de produção e da
padronização dos produtos. Além disso, as cooperativas oferecem serviços de
assistência técnica, crédito, armazenagem e logística, o que reduz os custos de
produção e aumenta a eficiência da cadeia produtiva.
De acordo com um estudo realizado por Vargas(2021), as cooperativas
agropecuárias têm um impacto positivo na renda dos produtores rurais, além de
contribuírem para a geração de empregos e o desenvolvimento das regiões onde
atuam.
Outro aspecto importante é a responsabilidade social e ambiental das
cooperativas agropecuárias. Essas organizações têm um forte compromisso com a
sustentabilidade, investindo em tecnologias limpas, preservação ambiental e no bem-
estar dos trabalhadores rurais. Segundo um estudo realizado por Carvalho et al.
(2020), as cooperativas agropecuárias têm um papel importante na promoção da
agricultura sustentável e na redução dos impactos ambientais da atividade
agropecuária.
No entanto, apesar dos avanços do cooperativismo no agronegócio brasileiro,
ainda há desafios a serem enfrentados. Um deles é a necessidade de aprimorar a
gestão das cooperativas, buscando a eficiência e a transparência na administração
dos recursos. Segundo um estudo realizado por Silva (2019), a gestão eficiente das
cooperativas agropecuárias é fundamental para a sua sustentabilidade e
competitividade no mercado.
Outro desafio é a necessidade de ampliar o acesso das cooperativas
agropecuárias a novos mercados e a tecnologias inovadoras. Para isso, é
fundamental o investimento em pesquisa e desenvolvimento, bem como em políticas
públicas que incentivem a competitividade e a sustentabilidade do setor. De acordo
com um estudo realizado por Oliveira(2020), o investimento em inovação e tecnologia
é fundamental para o desenvolvimento das cooperativas agropecuárias e para a sua
inserção em mercados cada vez mais exigentes.

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Em resumo, o cooperativismo é uma parceria de sucesso com o agronegócio
brasileiro, contribuindo para o desenvolvimento econômico, social e ambiental do
país. No entanto, é preciso continuar investindo na melhoria da gestão e na ampliação
das oportunidades para as cooperativas agropecuárias, visando a um futuro ainda
mais próspero para o setor

4- Cooperativa COOASGO

A Cooperativa Agropecuária de São Gabriel do Oeste - COOASGO, está


inserida nesse quadro nacional. Fundada em 1993 por 25 associados com o objetivo
de viabilizar a produção da suinocultura na região, a cooperativa foi despontando no
cenário produtivo de São Gabriel do Oeste e do Mato |Grosso do Sul. Atualmente
fazem parte do seu quadro social 480 produtores associados e aproximadamente 350
colaboradores. A suinocultura representa 75% do seu faturamento e os outros 25%
se dividem com as atividades de bovinocultura, loja agropecuária, armazenamento
de grãos, supermercado e vendas de combustível.
Sua missão está definida em consolidar o cooperativismo por meio de
atividades agropecuárias e agroindustriais diversificadas, com satisfação dos
cooperados parceiros e a sociedade. Sua visão de futuro consiste em diversificar a
matriz produtiva agroeconômica com resultados de excelência para os cooperados,
colaboradores e a comunidade, atindindo R$ 2 blhões de faturamento até 2023. E se
fortalece nos seguintes valores: cooperativismo, credibilidade, parcerias fortes,
equilíbrio ambiental, respeito, ética e transparência.
A cooperativa define que a sua força esta na união de seus cooperados,
Conselho de Administração, Conselho Fiscal, Conselho Consultivo e de Ética,
diretoria e de seu quadro de colaboradores, que diariamente buscam soluções e
inovações tecnológicas, movidos pelo propósito de produzir e prestar serviços de
qualidade para os nossos cooperados, clientes e sociedade.
A COOASGO conta com 494 cooperados em seu quadro social, que
contribuem com o fortalecimento do movimento cooperativista, atuando nas
atividades da Suinocultura, Agricultura e Bovinocultura, trabalhando em conjunto
como fornecimento das matérias-primas essenciais para a industrialização da nossa
produção.
A Suinocultura tem grande destaque na COOASGO, representando 75% de
participação no faturamento bruto anual por meio das atividades de produção e
comercialização de suínos. Tal comercialização consiste em três categorias: UPD e
UPL (Unidade Produtora de Desmamados); Creche e Terminação. Cerca de 2.700
suínos produzidos por nossos cooperados são destinados diariamente para abate na
unidade da Aurora Alimentos em São Gabriel do Oeste (MS) e após o processo de
industrialização, a produção é remetida ao mercado interno e exportação

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A cooperativa COOASGO é uma das 11 cooperativas q ue compõe a Central
Aurora de Alimentos. Em São Gabriel do Oeste a unidade fabril da AURORA abate
aproximadamente quatro mil suínos diariamente todos entregues pelos cooperados
produtores da COOASGO. Em Mato Grosso do Sul a COOASGO possui 12 unidades
entre, matriz, supermercado, granjas, lojas agropecuárias, fábrica de ração e pontos
de atendimento.

5- Análise das demonstrações financeiras.

A tomada de decisão nas organizações consiste em fazer uma escolha


importante para trazer mais resultados e melhorar o desempenho da mesma. Essas
ações podem desdobrar em consequências para o futuro, tanto do negócio quanto
dos colaboradores e clientes.
Para conhecermos a situação econômico-financeira de uma organização é
fundamental realizarmos a análise do conjunto de informações que compõe as
demonstrações financeiras (MARION 2012). Tais análises auxiliam os gestores na
tomada de decisões, pois combinam um conjunto de indicadores em suas
demonstrações.
Segundo Matarazzo (1998) geralmente o diagnóstico de uma empresa
começa com uma rigorosa Análise de Balanços para determinar quais os pontos
críticos e permitir apresentar um esboço das prioridades para a solução de seus
problemas
De acordo com Martins, Diniz e Miranda (2018), o objetivo geral da análise
das demonstrações contábeis é avaliar o desempenho da empresa em um ou mais
períodos. Com o objetivo de obter referenciais comparativos verificando o resultado
do desempenho no período analisado
O produto da análise das demonstrações é apresentado em forma de um
relatório que inclui uma análise da estrutura, a composição do patrimônio e um
conjunto de índices e indicadores que são cuidadosamente estudados e pelos quais
é formada a conclusão do analista. De posse desses dados, através das
demonstrações contábeis e da aplicabilidade das técnicas de análise, proporcionam
informações que auxiliam na busca pela eficiência e competitividade das entidades
(PADOVEZE, 2016).
Os ingressos totais referem-se à soma de todas as receitas de uma empresa
em um determinado período, incluindo vendas, serviços prestados, juros recebidos,
aluguéis e outros itens relacionados à receita. A análise dos ingressos totais pode
fornecer informações importantes sobre a capacidade da empresa de gerar receita e
sua posição financeira geral.
Os ingressos totais é o valor total do faturamento do exercício. O resultado
líquido é de natureza financeira, traduz o desempenho econômico- financeiro de uma
determinada empresa ou entidade durante um determinado período de tempo. O
resultado líquido é o sobra ou perda obtida pela cooperativa após a dedução de todas

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as despesas.

O Índice de Liquidez Corrente pode também ser denominado como liquidez


circulante ou comum. Conforme Zdanowicz (2014) “O ILC é utilizado para avaliar a
capacidade de pagamento das obrigações de curto prazo (Passivo Circulante)
através dos bens e direitos circulantes de curto prazo”. É calculado dividindo os ativos
circulantes pelo passivo circulante. Uma liquidez corrente alta indica que uma
empresa possui ativos líquidos suficientes para pagar todas as suas obrigações de
curto prazo. Uma baixa liquidez corrente pode indicar uma posição financeira fraca.
Liquidez corrente é o índice indica quantos reais à empresa dispõe de ativos
conversíveis imediatamente em dinheiro para honrar com as suas obrigações em
curto prazo, podemos destacar que os índices de liquidez só utilizam recursos de
curto prazo para que o resultado aconteça rapidamente, assim esperando um
desempenho sempre superior a 1 (um) para que a empresa possa honrar com seus
compromissos com uma certa folga.
O endividamento total é um indicador que demonstra o quanto do capital de
uma empresa é composto de capital de terceiros e quanto é proveniente de recursos
próprios. O cálculo desse indicador é feito a partir das info rmações apresentadas
pelo balanço patrimonial da empresa, como ativos e passivos. O endividamento total
é a relação de quanto dos recursos totais da organização estão comprometidos com
dívidas. (BRUNI 2014).
O endividamento total é a soma de todas as dívidas de uma cooperativa,
incluindo empréstimos e financiamentos. É importante monitorar o endividamento
total de uma cooperativa para garantir que ela tenha a capacidade de pagar suas
dívidas e manter sua saúde financeira.
Dentro das cooperativas, a tomada de decisão implica em grande
responsabilidade e é essencial para a gestão do negócio. Decisões estruturadas e
planejadas são fundamentais para o crescimento e o sucesso de uma organização.
Uma das fontes de dados para a tomada de decisão provém da análise de resultados
econômico-financeiros, gerados pelas demonstrações contábeis do último exercício.

6- Resultados

A COOASGO realiza o acompanhamento dos referidos indicadores


econômicos financeiros mensalmente através das reuniões do conselho de
administração e diretoria executiva. Para validar suas demonstrações contábeis e
confirmar seus indicadores econômicos e financeiros a cooperativa se sujeita a
atuação de auditoria externa, sempre com empresas reconhecidas nacionalmente e
registradas no Sistema OCB.
Nas cooperativas agropecuárias a pandemia teve um efeito minimizado ou
como no caso do objeto do nosso estudo, a cooperativa COOASGO teve um
crescimento considerável em seus indicadores. A produção não parou ou mesmo

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recuou, ao contrário aumentou impactando positivamente nos indicadores de
desempenho da cooperativa

Figura 1-Ingressos Totais e Resultado Fonte Relatório Atividades COOASGO 2021

Podemos identificar nos gráficos apresentados na figura 1 a evolução dos


indicadores das demonstrações financeiras e os principais resultados alcançados no
faturamento/ingressos totais,
No faturamento enquanto de 2018 para 2019 a evolução foi de 17%, de 2019
para 2020 e de 2020 para 2021 foi maior que 30% resultando em um crescimento
total no período analisado de 112%.. Esse aumento de faturamento se deu pelo
resultados de investimentos anteriores na capacidade de produção leitão/dia e dos
bons preços do suíno no mercado nacional e internacional.
No resultado líquido a cooperativa teve um saldo negativo em 2018, mas nos
exercícios subsequentes atingiu a marca de 33 milhões de reais, que proporcionou
uma valorização considerável na cota do capital social de cada associado e na
capacidade de pagamento e investimento da cooperativa.

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Figura 2-Indices de Liquidez e Endividamento Total Fonte Relatório Atividades COOASGO 2021

Podemos identificar nos gráficos apresentados na figura 2 a evolução dos


indicadores das demonstrações financeiras e os principais índice de liquidez corrente,
resultado líquido e endividamento total.
O índice de liquidez corrente que demonstrava insolvência em curto prazo,
alcançou um patamar histórico de 1,18, nunca antes alcançado pela cooperativa.
Bem como a redução do endividamento total, quem em 2018 era de 64% em 2021
reduziu para 54% mesmo com os diversos investimentos realizados para
acompanhar a necessidade de produção.

7- Considerações finais

A pandemia da COVID-19 trouxe desafios sem precedentes para a


economia brasileira e, em especial, para o setor agropecuário. No entanto, a
COOASGO conseguiu apresentar um desempenho positivo em seus indicadores
financeiros, demonstrando a capacidade de gestão e resiliência da cooperativa em
momentos de crise.
A análise das demonstrações financeiras de uma cooperativa é essencial
para avaliar sua saúde financeira e sua capacidade de gerar resultados positivos para
seus membros. A análise de faturamento, ingressos totais, contas de resultados,
resultado líquido e endividamento total fornece uma visão abrangente da situação
financeira de uma cooperativa. Com base nessas informações, os membros da
cooperativa podem tomar decisões informadas sobre investimentos e outras
questões financeiras.
Os resultados obtidos pela cooperativa, com destaque para a evolução do
índice de Liquidez Corrente e o aumento dos ingressos totais, indicam uma gestão
financeira sólida e responsável. O endividamento total apresentou uma queda

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discreta, indicando uma gestão financeira prudente e equilibrada.
Esses resultados demonstram a importância do cooperativismo no
agronegócio brasileiro e a capacidade das cooperativas agropecuárias de enfrentar
desafios e se desenvolverem mesmo em momentos de crise. A análise dos
indicadores financeiros é fundamental para a tomada de decisão e para o
planejamento estratégico das cooperativas, contribuindo para o crescimento e
aperfeiçoamento das mesmas.
Os resultados apresentados demonstraram que a cooperativa COOASGO
mesmo em meio aos impactos produzidos pela pandemia da COVID-19 alcançou
uma evolução considerável em seus indicadores analisados pelo estudo. Para
próximos estudos poderemos analisar mais de indicadores nos próximos períodos e
correlacionar com outros indicadores de desempenho que diferem dos econômicos e
financeiros.

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7- Referências Bibliográficas

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