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ELEMENTOS INTEGRANTES

Os elementos integrantes ou constitutivos do contrato de trabalho não


diferem, em geral, daqueles identificados pelo Direito Civil,
denominados elementos essenciais, elementos naturais ou elementos
acidentais.
Os elementos essenciais são aqueles imprescindíveis à formação do
contrato. Sua ausência ou irregularidade pode comprometer a própria
existência ou validade do contrato.
Os elementos naturais, embora não sejam imprescindíveis à
existência do contrato, geralmente são encontrados na sua execução
concreta. Sua verificação no contrato é comum, recorrente e quase
inevitável.
Por fim, os elementos acidentais são excepcionais e sua
verificação no contrato é episódica.

■ Elementos essenciais do contrato de trabalho


Nos termos do art. 104 do Código Civil, a validade do negócio
jurídico requer:
I — agente capaz;
II — objeto lícito, possível,
determinado ou determinável;
III — forma prescrita ou não defesa em lei.

■ Elementos naturais do contrato de trabalho


Os elementos naturais do contrato de trabalho não são
imprescindíveis à sua formação, mas geralmente estão presentes nele,
como ocorre, por exemplo, com a estipulação, expressa ou tácita, da
jornada de trabalho a ser cumprida pelo empregado e da localidade da
prestação dos serviços.
Os elementos naturais estão relacionados, em regra, à estipulação
sobre as condições da prestação dos serviços.
Importante ressaltar, porém, que tais elementos não são essenciais ao
contrato de trabalho e, portanto, a ausência de previsão a respeito não
traz qualquer consequência para a validade ou não dele. Exemplo
bastante claro a este respeito é o contrato de trabalho que não contém
estipulação do salário. Nesse caso, o art. 460 da CLT dispõe que “na
falta de estipulação do salário ou não havendo prova sobre a
importância ajustada, o empregado terá direito a perceber salário igual
ao daquele que, na mesma empresa, fizer serviço equivalente ou do
que for habitualmente pago para serviço semelhante”.
■ Elementos acidentais do contrato de trabalho
Elementos acidentais são aqueles presentes apenas
excepcionalmente no contrato de trabalho. São o termo e a condição,
que podem ser, respectivamente, inicial ou final, e suspensiva ou
resolutiva.
A diferença entre eles está na certeza ou incerteza do acontecimento
que levará ao início ou ao término do contrato de trabalho.
Termo “é o acontecimento futuro e certo determinante do início ou do
fim da relação contratual”, enquanto condição “é o acontecimento
futuro e incerto determinante do início ou do término da eficácia da
relação contratual”.
Em relação ao termo final e à condição resolutiva, no entanto,
trata -se de elementos encontrados nos contratos de trabalho por prazo
determinado (art. 443 da CLT e Lei n. 9.601/98).

Nulidades

A nulidade implica na invalidação do ato ou do negócio, gerando,


no plano jurídico, a não “produção dos efeitos visados pelo agente, em
face da inobservância das condições necessárias à sua formação”.
A nulidade pode ser absoluta (quando atinge o ato ou o negócio por
inteiro) ou relativa, também chamada de anulabilidade (quando atinge
apenas parte do ato ou do negócio, sendo o restante aproveitado). A
nulidade pode ser, ainda, subjetiva (quando a invalidação decorre de
falta de capacidade do sujeito ou de vício de vontade) ou objetiva
(quando a invalidação diz respeito a outros elementos integrantes do
ato ou do negócio, tais como a falta de licitude do objeto, o
desrespeito à forma ou a existência de vício
social).

CONTRATO DE TRABALHO E CONTRATOS AFINS

Diversos são os tipos contratuais encontrados no mundo jurídico, cada


qual regulando situações sociojurídicas específicas. Muitos destes
contratos, porém, tem como objeto a atividade humana, ou seja, a
prestação de serviços de uma pessoa física a outrem. São os chamados
contratos de atividade.
O contrato de trabalho é um dos tipos de contrato de atividade e, como
somente a ele são aplicáveis o Direito do Trabalho, necessário se faz
distingui -lo dos demais contratos de atividade, quais sejam, contrato
de prestação de serviços, contrato de empreitada, contrato de mandato,
contrato de sociedade e contrato de parceria.

Contrato de prestação de serviços

O contrato de prestação de serviços, atual denominação da locação de


serviços do Código Civil de 1916, é regulado pelos arts. 593 a 609 do
Código Civil de 2002 e é aquele pelo qual uma pessoa física (na
condição de autônomo ou de trabalhador eventual), ou uma pessoa
jurídica, presta serviço a outrem mediante remuneração.
A prestação de serviços regulada pelo Código Civil não abrange os
serviços prestados de forma subordinada, que são regulados pela CLT,
os serviços prestados pelo servidor público estatutário e os serviços
regulados por lei especial (art. 593, CC).

Contrato de empreitada
O contrato de empreitada, regulado pelos arts. 610 a 626 do
Código Civil, é aquele pelo qual alguém (empreiteiro) se obriga, sem
subordinação ou dependência e mediante remuneração, a fazer
determinada obra para outrem (dono da obra).
A diferença entre o contrato de empreitada e o contrato de
trabalho pode ser analisada a partir de quatro critérios:

■ Quanto ao objeto do pacto (ou quanto à natureza da


prestação do serviço) — no contrato de empreitada o que se busca é
o resultado da obra, enquanto no contrato de trabalho contrata -se o
serviço em si, havendo uma indeterminação quanto ao seu resultado.
■ Quanto à forma de remuneração — no contrato de empreitada a
remuneração é ajustada de acordo com o resultado obtido com a
execução da obra. O pagamento é feito por obra, ou unidade de obra,
ou peça, não se levando em conta o tempo gasto. No contrato de
trabalho, a remuneração é fixada por unidade de tempo, sendo
irrelevante o resultado obtido com o trabalho.
■ Quanto à pessoalidade — na empreitada, via de regra,
contrata -se sem a necessidade da pessoalidade do trabalhador, que
pode ser substituído, reiteradamente, no transcorrer da concretização
da obra, ou seja, a empreitada normalmente é pactuada sem cláusula
de infungibilidade do prestador dos serviços. No contrato de trabalho,
ao contrário, a pessoalidade do empregado é requisito essencial à
própria existência da relação de emprego.
■ Quanto à subordinação — trata -se do critério mais importante
para a diferenciação ora em estudo. Sendo autônoma a prestação dos
serviços e mantendo o prestador a direção sobre sua atividade
executada em decorrência do contrato celebrado entre as partes,
teremos um contrato de empreitada. Ao contrário, havendo
dependência, subordinação do prestador em relação ao tomador dos
serviços, sendo este quem dirige o trabalho executado, teremos um
contrato de trabalho.

Contrato de mandato

Opera -se o mandato quando alguém (mandatário) recebe de outrem


(man dante) poderes para, em seu nome, praticar atos ou administrar
interesses. A procuração é o instrumento do mandato (art. 653, CC).
O mandato é sempre revogável.
No entanto, a diferença entre o contrato de mandato e o contrato
de trabalho pode, ainda, ser analisada a partir de quatro critérios:
■ quanto à gratuidade — o mandato é, em regra, um contrato gratuito, podendo ser
oneroso. Já o contrato de trabalho é essencialmente oneroso;
■ quanto à natureza da atividade — o mandatário realiza atos jurídicos, sendo o objeto
do mandato a obtenção de um resultado jurídico ou a criação de um direito para o
mandante. O empregado realiza atos materiais;
■ quanto à representação — o mandatário é sempre um representante, enquanto o
empregado pode ser um representante do empregador (cargo de confiança, por exemplo).
A representação no contrato de trabalho é apenas circunstancial e não abrange a maior parte
dos empregados;
■ quanto ao grau de subordinação — o mandatário goza de relativa independência na
realização de sua função. O empregado, ao contrário, exerce suas atividades sob as ordens
do empregador, estando sujeito a elas.

Contrato de sociedade
Celebram contrato de sociedade as pessoas que reciprocamente se
obrigam a contribuir, com bens ou serviços, para o exercício de
atividade econômica e a partilha, entre si, dos resultados (art. 981,
CC).
Trata -se de pacto que, podendo ser bilateral ou plurilateral, “dá
origem a direitos e obrigações recíprocas entre os sócios, propiciando
também o surgimento de um feixe de direitos e obrigações entre tais
sócios e o ente societário surgido em face do negócio jurídico
celebrado”.264
As diferenças entre o contrato de sociedade e o contrato de
trabalho são bastante acentuadas e podem ser analisadas a partir dos
seguintes critérios:
■ quanto aos sujeitos — no contrato de sociedade, os sujeitos encontram -se em situação
de convergência de interesses jurídicos, enquanto no contrato de trabalho os sujeitos
colocam -se em situação de contraposição de interesses jurídicos;
■ quanto ao objeto do contrato — no contrato de sociedade, o objeto principal é a
formação de determinada entidade, para a obtenção de resultados concretos em decorrência
de seu surgimento e atuação. 265 O contrato de trabalho tem como objeto principal a
prestação de serviços por uma das partes à parte tomadora, de forma subordinada e
mediante remuneração;
■ quanto à remuneração — os empregados podem receber participação nos lucros,
comissões e gratificações ajustadas, sem se tornarem parte da sociedade. A retribuição dos
sócios é incerta, aleatória, pois depende da lucratividade obtida pela sociedade, razão pela
qual pode jamais se concretizar. Nas hipóteses em que os sócios recebam um pro labore
fixo, nem por isso passam à condição de empregado;
■ quanto à subordinação — no contrato de sociedade, inexiste dependência de um sócio
em relação ao outro, todos tendo iguais direitos. Os sócios participam em conjunto da
formação da vontade social. No contrato de trabalho, o empregado está sujeito à direção do
empregador, exercendo seu trabalho de forma subordinada.

Contrato de parceria rural

Contrato de parceria rural é aquele mediante “o qual uma ou mais


pessoas comprometem -se a realizar ou mandar realizar uma ou mais
tarefas agrícolas ou pecuárias, em área rural ou prédio rústico, para um
tomador de serviços rural, sob a imediata direção do próprio prestador
e mediante uma retribuição especificada”.
A retribuição é obtida a partir da divisão dos resultados do
cultivo ou da produção pecuária, na proporção fixada pelas
partes. Assim, os riscos do negócio são divididos entre os
contratantes, o que faz com que o parceiro participe dos lucros e das
perdas. Trata -se de diferença essencial em relação ao contrato de
trabalho, pois neste último os riscos da atividade econômica são
integralmente de um dos contratantes, o empregador.
Além da questão acima indicada, a diferença entre o contrato de
parceria rural e o contrato de trabalho pode, ainda, ser analisada a
partir de dois critérios:
■ quanto à pessoalidade — a parceria rural em geral é cumprida sem pessoalidade em
relação ao prestador de serviço. No contrato de trabalho, ao contrário, a pessoalidade é
característica essencial;
■ quanto à subordinação — na parceria rural, as atividades são executadas com
autonomia pelo prestador, que mantém a direção sobre seu próprio trabalho. A
subordinação é, porém, inerente ao contrato de trabalho. O empregado exerce suas
atividades sob as ordens do empregador, estando sujeito a elas.

PRÉ –CONTRATAÇÃO
O período pré -contratual não se confunde com a proposta de contrato
que, nos termos do art. 427, CC, é a oferta dos termos de um negócio
visando a aceitação da parte contrária.
A força obrigatória das tratativas prévias do contrato tem
fundamento no princípio da boa -fé. Assim, “se os entendimentos
preliminares chegaram a um ponto que faça prever a conclusão do
contrato e uma das partes o rompe sem motivo justo e razoável”, resta
evidente a violação ao dever de boa -fé, que leva à obrigação de
indenizar o dano ocasionado à outra parte. Fala - se, portanto, em
responsabilidade pré -contratual.
Conforme ensina Alice Monteiro de Barros, são apontados pela
doutrina como elementos genéricos da responsabilidade pré -
contratual:
■ consentimento — a manifestação do consentimento é imprescindível à caracterização
da responsabilidade pré -contratual. Se não houve consentimento da parte sobre o que foi
discutido nesta fase, não há como responsabilizá -la por eventual rompimento;
■ dano patrimonial — somente se houver comprovação de que uma das partes sofreu
prejuízos materiais decorrentes da fase pré -contratual (por exemplo, perda de tempo e de
trabalho; perda de uma outra chance; despesas de viagem realizada em razão da confiança
de futura contratação) é que surge para a outra o dever de indenizar;
■ relação de causalidade — deve haver uma relação de causa e efeito entre o
consentimento manifestado pelas partes no período da pré -contratação e o dano
patrimonial experimentado por uma delas em razão do rompimento pela outra parte;
■ inobservância do princípio da boa -fé — o rompimento do quanto negociado na fase
contratual deve ter decorrido de uma atuação desleal de uma das partes, que deixou de se
pautar pelo princípio da boa -fé. Inexiste o dever de indenizar quando o rompimento se deu
por motivo de força maior.

Como elementos específicos da responsabilidade pré –contratual


podem ser apontados:
■ confiança na seriedade das tratativas — este elemento é que faz com que a parte
adquira uma convicção razoável no cumprimento do negócio. Com o rompimento
injustificado do negócio, a frustração da parte, aliada aos prejuízos materiais sofridos, gera
o dever de indenizar;
■ enganosidade da informação — as informações divulgadas na fase pré –contratual
devem ser claras, verdadeiras. Sendo enganosas, ou porque contêm dados inverídicos, ou
porque a parte proponente sabe de algum risco que não divulga para a outra, caracterizada
está a responsabilidade pré -contratual.

EFEITOS
O contrato de trabalho é um negócio jurídico que gera diversos
direitos e obrigações para as partes. Tais efeitos podem ser
classificados em efeitos próprios e efeitos conexos.

Efeitos Próprios

Os efeitos próprios do contrato de trabalho são os a seguir


relacionados.
■ Execução de boa -fé
Como decorrência do princípio da boa -fé, princípio geral de
aplicação inegável no campo das relações contratuais de emprego, o
contrato de trabalho deve ser executado de boa -fé.
■ Obrigações do empregado
A principal obrigação do empregado decorrente do contrato de
trabalho é a prestação dos serviços contratados (obrigação de
fazer).
■ Poder de direção do empregador
O poder de direção do empregador, que se desdobra no poder de
organização, no poder de controle e no poder disciplinar, é um dos
principais efeitos do contrato de trabalho.

Efeitos conexos
Efeitos conexos do contrato de trabalho são aqueles que, embora
não derivem de sua natureza, de seu objeto e do conjunto natural de
obrigações dele decorrentes, são a ele acoplados. São efeitos que não
têm natureza trabalhista, “mas que se submetem à estrutura e
dinâmica do contrato de trabalho, por terem surgido em função ou em
vinculação a ele”.

Direitos intelectuais
Direitos intelectuais são vantagens jurídicas que decorrem da criação
intelectual, seja por meio de produção científica, literária ou artística,
seja por meio de inventos.

Dano moral e dano material


Importante dimensão dos efeitos conexos do contrato de trabalho é a
que diz respeito às indenizações a que o empregado faz jus em caso de
danos sofridos como decorrência de atos praticados pelo empregador
ou por seus prepostos durante a execução do contrato.
Os danos sofridos pelo empregado em razão do contrato de
trabalho podem ser de ordem material ou de ordem moral,
gerando, em cada um dos casos, o direito à indenização
correspondente.
O dever de indenizar o empregado pelos danos materiais e morais por
ele sofridos decorre da ordem jurídica constitucional, mais
especificamente dos seguintes dispositivos:
■ dignidade da pessoa humana e valores sociais do trabalho (art. 5º, III e IV);
■ proibição de qualquer forma de discriminação (art. 3º, IV, e art. 7º, XXX, XXXI e
XXXII);
■ direito de resposta, proporcional ao agravo, além da indenização por dano material,
moral e à imagem (art. 5º, V);
■ inviolabilidade da intimidade, da vida privada, da honra e da imagem das pessoas,
assegurado o direito a indenização pelo dano material e moral decorrente de sua violação
(art. 5º, X);
■ proteção da saúde e da integridade física do trabalhador, assegurado o direito a
indenização quando o empregador incorrer em dolo ou culpa (art. 7º, XXII e XXVIII).
O Código Civil estabelece as diretrizes necessárias para que seja
cumprido o que determina o texto constitucional, prevendo a
responsabilidade decorrente da prática de ato ilícito:
■ aquele que por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito
e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito (art. 186);
■ aquele que, por ato ilícito, causar dano a outrem, fica obrigado a repará -lo. Haverá
obrigação de reparar o dano, independentemente de culpa, nos casos especificados em
lei,ou quando a atividade normalmente desenvolvida pelo autor do dano implicar, por sua
natureza, risco para os direitos de outrem (art. 927, caput e parágrafo único).

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