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REQUISITOS DO ATO ADMINISTRATIVO (CONTINUAÇÃO)

B) FORMA:

I) CONCEITO – é o modo de exteriorizar o ato.

II) CARACTERÍSTICAS BÁSICAS – em regra, é a escrita; eventualmente decorrem de ordens


verbais, gestos, apitos ou sinais luminosos.

III) REQUISITO – vinculado.

IV) REQUISITO DO ATO JURÍDICO – forma prescrita ou não defesa em lei.

V) VÍCIOS – o vício de forma consiste na omissão ou na observância incompleta ou irregular de


formalidades indispensáveis à existência ou seriedade do ato.

C) FINALIDADE :

I) CONCEITO – é o resultado que a administração quer alcançar com a prática do ato.

II) CARACTERÍSTICAS BÁSICAS – o fim é sempre o bem-estar da coletividade.

III) REQUISITO – vinculado.

V) VÍCIOS – o desvio de finalidade se verifica quando o agente pratica o ato visando a fim
diverso daquele previsto, explicita ou implicitamente, na regra de competência.

D) MOTIVO:

I) CONCEITO – é a situação de fato e de direito que determina ou autoriza a prática do ato.

II) CARACTERÍSTICAS BÁSICAS – a motivação é a vinculação da validade do ato à verdade dos


motivos apresentados.

III) REQUISITO – vinculado ou discricionário

V) VÍCIOS – a inexistência dos motivos se verifica quando a matéria de fato ou de direito, em


que se fundamenta o ato, é materialmente inexistente ou juridicamente inadequada ao
resultado obtido.

OBS. Deverão ser motivados todos os atos administrativos que: neguem, limitem ou afetem
direitos e interesses; imponham ou agravem deveres, encargos ou sanções; decidam processos
administrativos de concurso ou seleção pública; dispensem ou declarem a inexigibilidade de
processo licitatório; decidam recursos administrativos; decorram de reexame de oficio; deixem
de aplicar jurisprudência firmada sobre a questão ou discrepem de pareceres, laudos,
propostas e relatórios oficiais; importem anulação, revogação, suspensão ou convalidação de
outro ato.

E) OBJETO:

I) CONCEITO – é o conteúdo do ato, ou seja, é o que ele prescreve ou dispõe.

II) CARACTERÍSTICAS BÁSICAS – é o efeito imediato que o ato produz.

III) REQUISITO – vinculado ou discricionário.

IV) REQUISITO DO ATO JURÍDICO – objeto lícito possível, determinado ou determinável.

V) VÍCIOS – a ilegalidade do objeto ocorre quando o resultado do ato importa em violação de


lei, regulamento ou outro ato normativo.

OBS. Motivo e objeto, nos chamados atos discricionários, caracterizam o que se denomina de
MÉRITO ADMINISTRATIVO.

3. ATRIBUTOS DO ATO ADMINISTRATIVO

São aqueles outorgados pelo ordenamento jurídico ao ato administrativo, como decorrência
do principio da supremacia do interesse público sobre o privado.

Podem ser:

A) PRESUNÇÃO DE LEGITIMIDADE

- Diz respeito à conformidade do ato com a lei.

- Decorre do principio da legitimidade.

- Presunção relativa (juris tantum), pois cabe prova em contrário. Inversão do ônus da prova,
cabendo ao particular demonstrar tal irregularidade.

Ex. execução de dívida ativa – cabe ao particular o ônus de provar que não deve ou que o valor
está errado.

- Até que se prove a existência de um vício os atos administrativos são válidos.

B) AUTOEXECUTORIEDADE

- É a possibilidade que a administração tem de, por seus próprios meios, exigir o cumprimento
das obrigações impostas aos administrados, independentemente de ordem judicial.
- Só é permitida por lei ou para atender situações urgentes.

Ex. interdição de um prédio que ameaça desabar.

- É decorrente do poder de policia, onde a Administração impõe coercitivamente seu


cumprimento independentemente de mandado judicial ( interdição de atividades, inutilização
de gêneros alimentícios).

C ) IMPERATIVIDADE

- É o atributo pelo qual os atos administrativos se impõem a terceiros, independentemente de


sua concordância.

- Não existem em todos os atos administrativos, mas somente naqueles que se impõem uma
obrigação ao administrado (os que decorrem: do poder de polícia, do poder hierárquico, e os
que regulam condutas gerais e abstratas).

- não cabem nos atos enunciativos (certidões, atestados, pareceres) e nos que conferem
direitos aos administrados ( licença, autorização, permissão).

D) EXIGIBILIDADE

- É a possibilidade de a Administração, coercitivamente, exigir o cumprimento da obrigação


imposta ao administrado, utilizando-se de meios indiretos, como por exemplo a multa, para
induzir o acatamento de seus atos.

- Pode se recorrer ou não ao poder judiciário.

Ex. não precisa recorrer ao judiciário – determinação ao particular para construção de um


muro para alinhar a rua; pode árvores cujos galhos ameaçam a segurança da rede elétrica.

Precisa recorrer ao judiciário – quando um tributo não foi pago pelo administrado por meio de
uma execução fiscal.

E) TIPICIDADE

- É o atributo pelo qual o ato administrativo deve corresponder a figuras definida previamente
pela lei como aptas a produzir determinados resultados, ou seja, para cada finalidade que a
Administração pretende alcançar existe um ato definido em lei.

- impõe limites a discricionariedade.


4. EFEITOS DO ATO ADMINISTRATIVO

A) PRÓPRIOS OU TIPICOS – são os efeitos para os quais o ato se preordena ou para que
se destina. São os buscados pelo agente público.
Ex. o ato de permissão de serviço público – visa investir o permissionário na condição
de prestador de serviço da responsabilidade do Estado.
A submissão de um bem ao regime de expropriação – é efeito próprio do ato de
declaração de utilidade pública para fins expropriatórios.

B) IMPRÓPRIOS OU ATIPICOS – são os que ocorrem sem que o ato para isso estivesse
preordenado ou destinado. Não são buscados pelo agente público.
Ex. a permissão para os agentes públicos ingressarem no bem expropriado, para, por
exemplo, obter amostra do solo ou para proceder a um levantamento da área,
decorrente da declaração de utilidade pública para fins de desapropriação.

Obs. é efeito impróprio do ato da declaração. Deriva do conteúdo do ato declaratório.

Ex. a alienação de certo bem público, cujo uso fora permitido, extingue o ato de
permissão.

Obs. Só se invalidam os efeitos próprios do ato; os impróprios, comumente,


permanecem no ordenamento jurídico. Os feitos desses atos retroagem para
desconstituir o ato inválido (nulo) no seu nascedouro.

5. EXTINÇÃO DO ATO ADMINSITRATIVO (CESSAÇÃO DOS EFEITOS DO ATO)

A) REVOGAÇÃO – é o ato pelo qual a Administração extingue um ato administrativo


revertido de legitimidade, em razão de interesse público, buscando o bem estar da
coletividade.
Os efeitos são ex nunc, a partir de sua edição, respeitando os já produzidos,

Obs. ATOS QUE NÃO PODEM SER REVOGADOS:


 Atos vinculados - pois não existe margem para discricionariedade nesses
atos;
 Atos que exauriram seus efeitos: se o ato já exauriu seus efeitos não há
que se falar em revogação, pois ele surte efeitos a partir de sua edição;
 Atos que geram direitos adquiridos: conforme sumula STF nº 473;
 Meros atos administrativos: pois seus efeitos decorrem de lei. Ex.
certidões, atestados, pareceres;
 Atos integrantes de procedimentos administrativos: pois a cada novo ato
ocorre a preclusão do anterior.
B) ANULAÇÃO – é a extinção do ato administrativo por motivo de ilegalidade, feita
pela Administração (autotutela) ou pelo Poder Judiciário, produzindo uma eficácia
retroativa (ex tunc), pois neles não se originam direitos.

Obs. O direito da Administração de anular os atos administrativos de que decorram efeitos


favoráveis para os destinatários decai em 05 anos, contados da data em que foram praticados,
salvo comprovada má-fé.

C) CONVALIDAÇÃO - é o processo de que se vale a Administração para aproveitar


atos administrativos que possuem vícios sanáveis, de forma a confirma-los no todo
ou em parte. Os efeitos passam a contar da data do ato anterior ( ex tunc); é
editado um novo ato.

Obs. ATOS QUE NÃO PODEM SER CONVALIDADOS

 Atos válidos ou inexistentes – não existe a possibilidade de convalidar atos que não
sejam inválidos ou que não existam no mundo jurídico;
 Atos absolutamente nulos – os que contém vícios insanáveis, tais como os de desvio
de poder ou desvio de finalidade;
 Atos impugnados judicialmente ou administrativamente – pois não é possível inovar
sobre situação jurídica contestada ou mesmo resistida;
 Atos que geraram direito subjetivo ao beneficiário.

6. CLASSIFICAÇÃO DOS ATOS ADMINISTRATIVOS

A) Quanto ao critério do grau de liberdade:

I – atos vinculados – são aqueles praticados pela administração sem margem alguma de
liberdade, pois a lei define de antemão todos os aspectos da conduta.

Ex. aposentadoria compulsória do servidor que completa 75 anos de idade, lançamento


tributário, licença para construir.

II – atos discricionários – são praticados pela administração dispondo de margem de liberdade


para que o agente decida, diante do caso concreto, qual a melhor maneira de atingir o
interesse público.

Ex. decreto expropriatório, autorização para instalação de circo em área pública , outorga de
permissão de banca de jornal.

B)Quanto a formação:

I) atos simples – são aqueles que resultam da manifestação de um único órgão, seja singular
(simples singular) ou colegiado ( simples colegiais ou coletivos).
Ex. decisão do conselho de contribuintes. Declaração de comissão parlamentar de inquérito.

II) atos compostos – são aqueles praticados por um único órgão, mas que dependem da
verificação, visto, aprovação, anuência, homologação ou “de acordo” por parte do outro, como
condição de exequibilidade. A manifestação do segundo órgão é secundaria ou complementar.

Ex. auto de infração lavrado por fiscal e aprovado pela chefia e ato autorização sujeito a outo
ato confirmatório, esse último, no ato composto, a existência, a validade e a eficiência
dependem da manifestação do primeiro órgão (ato principal), mas a execução fica pendente
até a manifestação do outro órgão (ato secundário).

III) atos complexos – são formados pela conjugação de vontades de mais de um órgão ou
agente. A manifestação do ultimo órgão ou agente é elemento da existência do ato complexo.

Ex. investidura de funcionário, pois a nomeação é feita pelo Chefe do Executivo e


complementada pela posse dada pelo chefe da repartição.

C)Quanto aos destinatários:

I ) atos gerais ou regulamentares – dirigidos a uma quantidade indeterminável de


destinatários. São atos portadores de determinações, em regra, abstratas e impessoais, não
podem ser impugnados judicialmente até produzirem efeitos concretos em relação aos
destinatários.

Ex. edital de concurso, regulamentos, instruções normativas e circulares de serviço.

II) atos coletivos ou plúrimos – expedidos em função de um grupo definido de destinatário.

Ex. alteração no horário de funcionamento de uma repartição pública.

III) atos individuais – aqueles direcionados a um destinatário determinado.

Ex. promoção de servidor público.

D)Quanto a estrutura:

I) atos concretos – regulam apenas um caso, esgotando-se após a primeira aplicação.

Ex. ordem de demolição de um imóvel com risco de desabar.

II) atos abstratos ou normativos – aqueles que se aplicam a uma quantidade indeterminável
de situações concretas, não se esgotando após a primeira aplicação.

Ex. regulamento do IPI.


E)Quanto ao alcance:

I) atos internos – produzem efeitos dentro da Administração, vinculando somente órgãos e


agentes públicos.

Ex. portaria e instrução ministerial.

II) atos externos – produzem efeitos perante terceiros.

Ex. fechamento de estabelecimento e licença.

F)Quanto ao objeto:

I) atos de império – praticados pela Administração em posição de superioridade diante do


particular.

Ex. desapropriação, multa, interdição de atividade.

II) atos de gestão – expedidos pela Administração em posição de igualdade perante o


particular, sem usar de sua supremacia e regidos pelo direito privado.

Ex. locação de imóvel, alienação de bens públicos.

G) Quanto à manifestação de vontade:

I)atos unilaterais – dependem de somente uma vontade.

Ex. licença.

II) atos bilaterais – dependem da anuência das duas partes.

Ex. contrato administrativo.

H)Quanto aos efeitos:

I) atos ampliativos – aqueles que aumentam a esfera de interesse do particular.

Ex. concessão, permissão, autorização.

II) atos restritivos – limitam a esfera de interesse do destinatário.

Ex. sanções administrativas.

I)Quanto ao conteúdo:

I) atos constitutivos – criam novas situações jurídicas.

Ex. admissão de aluno em escola pública.

II) atos extintivos ou desconstitutivos – extinguem situações jurídicas.

Ex. demissão de servidor.


III) atos declaratórios ou enunciativos – visam preservar direitos e afirmar situações
preexistentes.

Ex. certidão e atestado.

IV) atos alienativos – realizam a transferência de bens ou direitos a terceiros.

Ex. venda de bem público.

V) atos modificativos – alteram situações preexistentes.

Ex. alteração do local de reunião.

VI) atos abdicativos – aqueles em que o titular abre mão de um direito.

Ex. renúncia a função pública.

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