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Núcleo de Prática Jurídica IV

Resposta a acusação/defesa preliminar


Plantão: 08/09/2021

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DR. JUIZ DE DIREITO DA 2º VARA CRIMINAL DA COMARCA DO

ESTADO....

Processo n° ….

MATEUS, já qualificado na denúncia oferecida pelo membro do Ministério Público, vem,


respeitosamente, por seu advogado abaixo assinado, conforme instrumento legal em anexo,
perante Vossa Excelência apresentar

RESPOSTA À ACUSAÇÃO

com fulcro nos artigos 396 e 396-A do CPP, pelas razões de fato e de direito a seguir expostas.

I - DOS FATOS

 Trata-se o caso de ação penal oferecida pelo Ministério Público em face do réu pela prática do
crime previsto no art. 217-A c/c art. 234-A, todos do CP.

Alega o MP que o réu praticou os referidos crimes contra Maísa, de 19 anos, conjunção carnal
que resultou na gravidez da mesma. Ainda na acusação, o MP lalega que a suposta vítima seria
incapaz por tratar-se de pessoa doente mental.

Narra o MP que o réu, no mês de agosto de 2016, em dia não determinado, dirigiu-se à casa da
vítima para assistir, pela televisão a uma partida de futebol. Nesse intento, aproveitando na
situação momentânea, realizou conjunção carnal com a vítima, alegando o MP que a referida
conjunção alí praticada se dera sem o devido consentimento da vítima, embora não
empregado violência. Diz o MP que a vítima é incapaz, portanto, não teria condições de
discernir, muito menos de consentir tal prática.

No entanto, sabe-se claramente que a vítima apontada pelo Ministério Público não padece de
incapacidade, muito pelo contrário. Certo é que a mesma já mantinha relações amorosas com
o réu há algum tempo, sendo fato conhecido por diversas pessoas, quais sejam, a avó materna
do
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réu, Olinda e sua mãe, Aida, que residem com e réu e sabiam do relacionamento e da
capacidade da vítima.

Ademais, cabe ressaltar que  suposta vítima não tem o interesse no prosseguimento da ação
penal em epígrafe, tendo, inclusive, manifestado tal desejo, no entanto, mesmo assim, o
promotor, por conta própria deu prosseguimento ao feito.

Em final, sabe que a vítima não apresenta nenhum tipo de incapacidade mental, total nem
relativa, não sendo plausível nem sustentável apontar-lhe como portadora de tal enfermidade.
Sabe que a vítima é perfeitamente sã, podendo, inclusive, ser averiguado em depoimento pelo
próprio juízo.

II - DOS DIREITO

2.1 – PRELIMINAR

Sabe-se que em determinados crimes, para a propositura da ação penal em face do réu faz-se
necessário o preenchimento de certos requisitos. No caso em comento, trata-se de crime de
ação penal condicionada à representação, de modo que, para que haja a ação plenamente
válida faz-se necessário, obrigatoriamente que o ofendido deve representar.

Erra o MP ao apontar o crime como o previsto no art. 217-A do CP, tendo em vista que a
suposta vítima não é pessoa incapaz, portanto, não sendo cabível a aplicação do referido tipo
penal.

 
Ademais, mesmo se entendêssemos que trata-se apenas de caso de estupor, faz-se necessário
a representação da vítima, o que não houve, agindo o MP por conta própria, em desacordo
com as normas processuais vigentes.

 
Diante do exposto, não merece prosperar a acusação do MP, tendo em vista que não se trata
de crime previsto no art. 217-A do CP ou, caso seja entendido que há tipo penal distinto
previsto no art. 213 caput do CP, igualmente não merece prosperar tal intento, tendo em vista
que não houve representação da ofendida, sendo este requisito obrigatório, na forma do art.
564, III, a do CPP.

2.2 - DA ABSOLVIÇÃO SUMÁRIA

Como é sabidamente descrito pelos doutrinadores, para a averiguação do cabimento de um


tipo penal, deve-se percorrer o iter criminis, devendo o fato imputado ao réu ser Típico, ilícito
e culpável. No caso em comento, levando em consideração o arguido na preliminar desta peça,
o fato de constituir conjunção carnal com parceiro de relação de modo algum constitui crime,
sendo que tal ato não é ilícito, nem típico e muito menos culpável.

De outro giro, conforme descrito no art. 20 do CP, o erro sobre o elemento constitutivo do tipo
legal de crime exclui o dolo. Levando-se em consideração uma razoável interpretação do texto
legal nos leva diretamente à não existência de crime na conduta do agente, tendo em vista
que a ação praticada não constitui crime.

Núcleo de Prática Jurídica / NPJ


IV - DOS PEDIDOS
 
Ante o exposto, requer-se:

a) a nulidade do processo movido face do réu, ante a ausência de suporte mínimo


probatório, na forma do art. 564, III b e por falta de representação da ofendida, na
forma do art. 564, III, a, todos do CPP;

b) a absolvição sumária do réu, na forma do art. 397, III do CPP;

c) intimação as testemunhas ao final arroladas para que sejam ouvidas na audiência de


instrução e julgamento;

Nestes termos, pede deferimento.

Local/data

Nome
OAB/UF

Rol de Testemunhas

Olinda
(qualificação)

Aida
(classificação)

Núcleo de Prática Jurídica / NPJ

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