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Direito Processual Penal

Princípios processuais penais

Alexandre Zamboni

Thiago Cezar Almeida Coutinho - thiagocoutinho.adv@gmail.com - CPF: 063.691.304-00


Princípios processuais penais.

Os principais são: verdade real, iniciativa das


partes, devido processo legal, vedação à utilização de
provas ilícitas, presunção de inocência, motivação,
publicidade, imparcialidade, isonomia processual,
contraditório, ampla defesa, duplo grau de
jurisdição, juiz natural, favor rei, identidade física do
juiz e ne bis in idem.

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Verdade real.

- Também é conhecido por verdade material ou substancial.

- A busca pela verdade não pode violar direitos e garantias do


investigado/acusado.

- O juiz deve atuar no sentido de buscar o esclarecimento da verdade


dos fatos.

- Exemplos: artigos 201 (inquirição do ofendido que não tiver sido


requerida pelas partes), 209 (oitiva de testemunhas não arroladas),
234 (requisição de documentos), 242 (busca e apreensão) e 404
(diligências após o término da instrução processual).
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Iniciativa das partes (ne procedat judex ex officio).

- Juiz não inicia ação penal.

- Juiz não pode ordenar a produção de provas que deveriam ter sido
requeridas ou produzidas pelas partes. Pode agir, contudo, para elucidar
suas dúvidas.

- Em sede recursal, o Tribunal não pode julgar além do requerido pela


acusação.

- Atenção: embora haja divergência, prevalece o entendimento de que o


reexame necessário previsto em alguns dispositivos (arts. 574 e 746 do
CPP, 7º da Lei 1.521/1951 e 14, § 1º, da Lei 12.016/2009) não viola o
princípio que ora se analisa.
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Devido processo legal.

- Ninguém será privado da liberdade ou de seus


bens sem que haja um processo prévio, no qual
assegurados o contraditório e a ampla defesa, com
os meios e recursos a ela inerentes.

- Cuida-se de regra bastante abrangente, de modo


que é ferido o devido processo legal quando
desrespeitado qualquer princípio processual penal.

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Devido processo legal.

- Exemplos: inépcia de denúncia, réu interrogado


sem advogado, processo conduzido por juiz
parcial, etc.

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Vedação à utilização de provas ilícitas.

- Provas obtidas por meios ilícitos não poderão,


como regra, ser utilizadas no processo criminal
como fator de convicção do juiz.

- Atenção: é possível a utilização de prova ilícita só


e somente só em caso de ela ser a única capaz de
provar a inocência de um réu.

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Como isto já foi cobrado em prova?

(CESPE – TJ/AM) Provas obtidas por meios ilícitos podem


excepcionalmente ser admitidas se beneficiarem o réu.

Gabarito: errado

(CESPE – MP/SP) Por meio de um juízo de ponderação de


interesses, a garantia constitucional da inadmissibilidade da prova
ilícita pode ser afastada a fim de permitir, no caso concreto, a
prevalência do interesse público consubstanciado na eficácia da
repressão penal.

Gabarito: errado
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(CESPE – STM – ANALISTA) A despeito do princípio
constitucional da vedação às provas ilícitas, o juiz poderá
considerar uma prova ilícita em qualquer situação, desde que
se convença de sua importância para a condenação do réu.

Gabarito: errado

(CESPE – PC/MA – DELEGADO) A prova obtida por meios


ilícitos não constitui suporte jurídico capaz de ensejar sentença
condenatória, ainda que corroborada pela confissão do
acusado.

Gabarito: certo
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Presunção de inocência.

- Segundo a CF (art. 5º, LVII), ninguém será


considerado culpado até o trânsito em julgado da
sentença penal condenatória.

- O status de inocente só deixa de existir quando


não mais existe possibilidade de recurso frente a
uma sentença penal condenatória.

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- Na dosimetria da pena NÃO PODEM ser
considerados registros criminais pertinentes a
processos a que responde o acusado sem trânsito
em julgado de decisão condenatória (súmula 444
do STJ).

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Entende-se, ainda, por tais registros criminais:

a) Inquéritos policiais, arquivados ou em andamento;

b) Procedimentos de apuração de ato infracional a


que tenha respondido imputado quando menor de 18
anos;

c) Fatos em relação aos quais tenha sido aceito o


benefício da transação penal no âmbito dos Juizados
Especiais Criminais.
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- O conhecimento da apelação do réu em face da
sentença condenatória NÃO PODE ser
condicionado a que este se recolha à prisão
(súmula 347 do STJ).

- A execução provisória da pena fere a Constituição


(julgamento das ADCs 43, 44 e 54).

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- O ônus da prova cabe, como regra, a quem acusa.

- Para a doutrina tradicional, incumbe


à acusação provar os fatos constitutivos do seu
direito, ou seja, cabe à acusação provar que houve
a prática de um fato típico. De outro lado,
incumbe à defesa provar
fato impeditivo, modificativo ou extintivo do
direito do autor. 

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Como isto já foi cobrado em prova?

(CESPE – TJ/PA – JUIZ) Em razão do princípio da


inocência, caso o crime seja um fato típico,
antijurídico e culpável, caberá à acusação provar a
inexistência da causa de exclusão da antijuridicidade
alegada pelo réu.

Gabarito: errado.

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Motivação das decisões judiciais (arts. 93, IX, da
CF e 381 do CPP).

- A motivação das decisões judiciais possibilita às


partes a possibilidade de impugnar as decisões
tomadas pelos Juízes.

- Fundamentações erradas (error in judicando) e


arbitrárias (error in procedendo) podem ser
combatidas através de recurso.

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- Como regra, o juiz não pode fundamentar condenação tomando por
base, exclusivamente, elementos informativos colhidos na
investigação, à exceção de provas cautelares, não repetíveis e
antecipadas.

- Admite-se fundamentação per relationem, segundo a jurisprudência.

- Fundamentação nula (art. 315, § 2º, CPP).

- Segundo o STF (HC 93.056/PE), decisões que recebem acusação não


precisam ser motivadas. Já para o STJ (enunciado 23 da I jornada de
direito penal e processual penal), há necessidade de motivação.

- Inexiste possibilidade de os jurados fundamentarem suas decisões.


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Como isto já foi cobrado em prova?

(VUNESP – MP/SP – ANALISTA) Sobre o princípio


da motivação das decisões judiciais, há previsão no
CPP quanto à denominada motivação per relationem.

Gabarito: errado

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Publicidade (artigos 93, IX, 1ª parte, da
Constituição Federal, e 792, caput, do Código de
Processo Penal).

- A regra geral é a de que todos os processos


judiciais sejam públicos.

- As exceções à regra podem ser impostas pela lei, a


exemplo do artigo 234-B do Código Penal, ou
pelo juiz no caso concreto, nos termos do artigo
201, § 6º, do CPP.
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Como isto já foi cobrado em prova?

(CESPE – STM – ANALISTA) A lei não poderá


restringir a divulgação de nenhum ato processual
penal, sob pena de ferir o princípio da publicidade.

Gabarito: errado

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Imparcialidade do juiz.

- Todo réu tem o direito fundamental de ser julgado por um juiz imparcial.

- Juiz não é parte, logo não tem pretensão.

- Em determinados casos, a lei presume a parcialidade do magistrado,


impondo- lhe que se afaste da causa. Tal ocorre nas situações de
impedimento e suspeição. As causas de impedimento, também
consideradas como ensejadoras da incapacidade objetiva do juiz,
encontram-se arroladas no art. 252 do Código de Processo Penal. Trata-
se de situações específicas e determinadas, que impõem a presunção
absoluta (jure et jure) de parcialidade. Já́ as causas de suspeição,
rotuladas também como motivos de incapacidade subjetiva do juiz,
estão previstas no art. 254 do Código de Processo Penal.
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Como isto já foi cobrado em prova?

(FUNDATEC – DPE/SC – ANALISTA) Conforme


entendimento do Supremo Tribunal Federal, a
imparcialidade do Juiz pode ser de natureza subjetiva
ou objetiva.

Gabarito: certo

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Isonomia processual (paridade de armas).

- As partes, em juízo, como regra, devem contar


com as mesmas oportunidades e ser tratadas de
forma igualitária.

- Excepcionalmente, no processo penal, o réu pode


ser tratado de forma diferenciada (em seu
benefício). Exemplo: in dubio pro reo

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Contraditório.

- Direito assegurado às partes de serem cientificadas de todos os atos e fatos


havidos no curso do processo, podendo manifestar-se e produzir as provas
necessárias antes de ser proferida a decisão jurisdicional.

- Além do direito de ciência, há direito de participação.

- Aplica-se a ambas as partes: acusação e defesa. Exemplo: art. 479 do CPP.

- Excepcionalmente, o direito de ciência pode ser postergado. Isto


ocorre em casos onde a urgência da medida ou a sua natureza exige
um provimento imediato e inaudita altera parte, sob pena de
prejuízo ao processo ou, no mínimo, de ineficácia da determinação
judicial.
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Contraditório.

- Contraditório se restringe à fase judicial. Não há que se falar, como


regra, em contraditório na fase de investigação, pois ela é um
procedimento inquisitorial, destinado à produção de provas que
sustentem o ajuizamento de ação criminal. Exceção: procedimento
instaurado pela Polícia Federal objetivando a expulsão de estrangeiro
(artigos 195 ao 202 do Decreto 9.199/2017).

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Como isto já foi cobrado em prova?

(FUNDATEC – DPE/SC – ANALISTA) O princípio do


contraditório abrange apenas a ciência dos atos
processuais no âmbito do procedimento.

Gabarito: errado

(FEPESE - PC/SC – ESCRIVÃO) O contraditório é de


observância obrigatória durante a investigação criminal.

Gabarito: errado
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Ampla defesa.

- Traduz-se na necessidade de que sejam


observados:

- a) o direito à informação (nemo inauditus damnari


potest);
- b) a bilateralidade da audiência
(contraditoriedade);
- c) o direito à prova legalmente obtida ou
produzida (comprovação da inculpabilidade)”
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Ampla defesa.

- Atenção: a ampla defesa não significa que esteja o acusado


sempre imune às consequências processuais decorrentes da
ausência injustificada a audiências, do descumprimento de
prazos, da desobediência de formas processuais ou do
desatendimento de notificações judiciais. Tudo depende das
peculiaridades do caso concreto e natureza do prejuízo causado
ao réu.

- Ampla defesa se divide em DEFESA TÉCNICA (irrenunciável)


e AUTODEFESA (renunciável).

- É parte importante do direito ao contraditório.


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Como isto já foi cobrado em prova?

(CESPE – STM - ANALISTA) A garantia, aos


acusados em geral, de contraditar atos e documentos
com os meios e recursos previstos atende aos
princípios constitucionais do contraditório e da ampla
defesa.

Gabarito: certo

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Duplo grau de jurisdição.

- Traduz-se na necessidade de possibilitar


determinados órgãos do Poder Judiciário a revisão
de decisões proferidas por juízes ou tribunais
sujeitos à sua jurisdição.

- Trata-se de princípio implícito na Constituição.

- Não impede que existam decisões irrecorríveis.


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Juiz natural (art. 5º, LIII, CF/88)

- Ninguém será processado nem sentenciado senão pela autoridade


competente.

- Ofensa a regras absolutas de competência criminal ofendem o princípio


do juiz natural. Exemplos: justiça comum estadual julgando crime
militar; juiz de direito julgando pessoa que detém foro por prerrogativa
de função no STF, etc.

- Não ofendem o princípio do juiz natural: Delegação de atos


meramente instrutórios a juiz de Primeira Instância nas ações penais
originárias movidas contra Prefeito; Convocação de juízes de primeiro
grau para, nos casos de afastamento do desembargador titular;
designação de juiz para atuar, de forma genérica, em uma determinada
Vara; prevenções ou conexões, etc.
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Juiz natural (art. 5º, LIII, CF/88)

- STJ e STF entendem que a violação a este


princípio somente pode ser invocada para favorecer
o réu.

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Identidade física do juiz (art. 399, § 2º, CPP)

- Como regra, o juiz que presidiu a instrução deverá


prolatar a sentença.

- Exceção: segundo a jurisprudência, PLACAD


(promoção, licença, aposentadoria, convocação,
afastamento, demissão)

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Como isto já foi cobrado em provas?

(CESPE – TJ/PR – JUIZ) O Código de Processo


Penal dispõe expressamente hipóteses de limitação de
aplicação do princípio da identidade física do juiz.

Gabarito: errado

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Ne bis in idem.

- Ninguém pode ser investigado, processado,


condenado duas vezes por um mesmo fato dentro
do mesmo ramo do direito.

- Não está previsto expressamente na CF/88.

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Não autoincriminação (nemo tenetur se detegere)

- Ninguém pode ser compelido a produzir ou a


ajudar que sejam produzidas provas contra si
mesmo.

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Como isto já foi cobrado em prova?

(CESPE – PC/MA – ESCRIVÃO) A disposição


constitucional que assegura ao preso o direito ao
silêncio consubstancia o princípio da verdade real.

Gabarito: errado

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Favor rei (in dubio pro reo)

- A dúvida, no processo penal, deve ser interpretada


em favor do réu.

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Como isto já foi cobrado em prova?

(CESPE – PC/MA – DELEGADO) O MP de determinado


estado ofereceu denúncia contra um indivíduo, imputando-
lhe a prática de roubo qualificado, mas a defesa do
acusado negou a autoria. Ao proferir a sentença, o juízo do
feito constatou a insuficiência de provas capazes de
justificar a condenação do acusado. Nessa situação
hipotética, para fundamentar a decisão absolutória, o juízo
deveria aplicar o princípio do favor rei.

Gabarito: certo
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