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Liceu nº 792- Lubango - Introdução ao Direito

Resumido para tempo de pandemia da COVID-19

Introdução
O presente resumo é feito com o objectivo de auxiliar os
estudantes, uma vez que o manual de apoio é de difícil acesso para as
aulas. Urgiu a necessidade de se elaborar um pequeno resumo do manual
para que todos estejam munidos de pequenos conceitos de toda a matéria
que vamos abordar ao longo do presente ano lectivo.

Este resumo não afasta o material principal em nenhum momento,


não é de caracter obrigatório, ou seja, quem tem o manual pode não ter o
resumo, mas nenhum aluno devera permanecer na sala de aula
desprovido deste resumo ou do manual.

O presente resumo está estruturado da seguinte maneira:

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Resumo de Introdução ao Direito 12ª Classe, Ciências Económico-Jurídica
Coordenadora: Rosa Gomes
Liceu nº 792- Lubango - Introdução ao Direito
Resumido para tempo de pandemia da COVID-19

UNIDADE # I- DIREITO DO TRABALHO

Antes de entrarmos nas temáticas sobre o Direito do Trabalho, entendemos ser necessário
que se defina, de forma sintética, o conceito de trabalho.

Trabalho é um conjunto de actividades desenvolvidas pelo ser humano, ou seja, é o


esforço feito por uma pessoa ou mais pessoas para atingir um objectivo.

O trabalho constitui o elemento fundamental para o ser humano concretizar os seus


sonhos e perspectivar uma vida melhor. É pelo trabalho que o homem pode demonstrar acções,
iniciativas e pode aperfeiçoar as suas habilidades.

O trabalho faz com que o homem aprenda a conviver com outras pessoas, logo é um
elemento poderoso nas relações sociais entre homens.

O trabalho dignifica o homem. Sem o trabalho não há vida, não há desenvolvimento aos
mais diferentes níveis da sociedade humana. Sem trabalho não há sociedade próspera nem capaz
de satisfazer as necessidades materiais e espirituais do Homem.

O trabalho exige uma relação entre duas partes: quem trabalha e quem beneficia do
trabalho. Logo, é uma relação problemática com diferentes interesses, direitos e garantias.
Naturalmente que essa relação tem necessariamente que estar regulada por Lei.

Contudo é indispensável que se conheça o direito do trabalho que é um ramo do direito


privado que é responsável por regular a relação jurídica entre os trabalhadores e empregador,
baseada nos princípios e leis trabalhista. Com isso podemos ter a seguinte percepção:

1- Conceito de Direito do Trabalho: é o ramo da ciência do direito que tem por objecto as
normas, as instituições jurídicas e os princípios que disciplinam as relações de trabalho
subordinado, determinam os seus sujeitos e as organizações destinadas à protecção desse
trabalho em sua estrutura e actividade.

2- Natureza do Direito do Trabalho: as normas do Direito do Trabalho pertencem ao


direito privado (as referentes ao contrato de trabalho) e ao direito público (as referentes ao
processo trabalhista).

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1.1 O contrato Individual de Trabalho

O contrato individual de trabalho encontra-se regulado pela Lei Geral do Trabalho


(LGT), aprovada pela Assembleia Nacional e que constitui a Lei nº 7/15 de 15 de Junho.

Trata-se de uma norma fundamental em Angola, rumo a economia social de mercado, em


que por um lado aproveita os benefícios do mercado livre e por outro protege socialmente os
mais desfavorecidos.

Noção

O contrato individual de trabalho é geralmente definido como o contrato através do qual


uma pessoa se obriga a prestar a sua actividade intelectual ou manual a outrem, mediante
retribuição e sob direcção e autoridade deste (empregador).

A LGT no seu artigo 10º dispõe que a relação de trabalho (jurídico-laboral) se constitui
com a celebração do contrato de trabalho e torna mutuamente exigíveis os direitos e os deveres
do trabalhador e do empregador que são partes do contrato.

1.2 O contrato de Trabalho e outros contratos

Sendo um contrato obrigacionista, em virtude do qual uma pessoa fica adstrita para com a
outra à realização de uma prestação, e, nessa medida, confundível na sua estruturação com um
contrato de prestação de serviços, de compra e vendas ou de empreitada. O contrato de trabalho
ganhou autonomia, exactamente, no sentido de abandonar o carácter livre da negociação e
estipulação contratual e por isso não se considerando vã na órbita do Direito das obrigações.

Contudo, existem muitas semelhanças com um contrato de prestação de serviços pelo que
é importante distinguir estes dois tipos contratuais.

O contrato de prestação de serviços é aquele em que uma das partes se obriga a


proporcionar à outra certo resultado do seu trabalho intelectual ou manual, com ou sem
retribuição. Exemplo: o mandato, a manutenção de computadores ou de AC.

A distinção entre contrato de trabalho e contrato de prestação de serviços assenta em dois


elementos essenciais: o objecto do contrato (prestação de actividade ou obtenção de um
resultado); e o relacionamento entre as partes (subordinação ou autonomia).
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O contrato de trabalho tem como objecto a prestação de uma actividade e, como


elemento típico e distintivo, a subordinação jurídica do trabalhador, traduzida no poder do
empregador conformar através de ordens, directivas e instruções, a prestação a que o trabalhador
se obrigou. O contrato de trabalho é sempre oneroso, a retribuição é um dos elementos
identificador desde contrato. Diferentemente, o contrato de prestação de serviço pode ser gratuito
ou oneroso

Diversamente, no contrato de prestação de serviços, o prestador obriga-se à obtenção de


um resultado, que efectiva por si, com autonomia, sem subordinação à direcção da outra parte.

Também há que mencionar os outros tipos de contratos de trabalhos especiais plasmados


no artigo 21º e seguintes da LGT.

 Contracto de grupo art. 22º


 Contrato de empreitada ou tarefa art. 23º
 Contrato de aprendizagem e contracto de estágio art. 24º
 Contrato de trabalho a bordo de embarcações art. 25º
 Contrato de trabalho a bordo de aeronaves art. 26º
 Contrato de trabalho ao domicílio art. 27º
 Contrato de trabalho em estabelecimentos militares art. 28º
 Contrato de trabalho rural art. 29º
 Contrato de trabalho de estrangeiros não residentes art. 30º
 Contrato de trabalho temporário art. 31º

1.3 Elementos essenciais do contrato de trabalho

Os elementos essenciais do contrato de trabalho são:

Os sujeitos: são o trabalhador (pessoa física) e o empregador (pessoa física ou colectiva)

O objecto: o contrato conferi ao trabalhador o direito à ocupação efectiva do posto de


trabalho, por parte do trabalhador, dever de trabalhar e respeitar a disciplina laboral, por parte do
trabalhador, o dever de pagar salário, por parte do empregador e o direito de exigir trabalho e
aplicar regras disciplinares, por parte do empregador.

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A retribuição: é a obrigação principal do empregador, sendo a contrapartida da


actividade desenvolvida que é imprescindível. Podendo ser: mista, variável e certa.

É certa retribuição calculada em função do tempo de trabalho.

Para determinar o valor da retribuição variável tomar-se-á como tal a média dos valores
que o trabalhador recebeu ou tinha direito a receber nos últimos doze meses ou no tempo da
execução do contrato, se este tiver durado menos tempo. Se não for praticável este processo, o
cálculo da retribuição variável far-se-á segundo o disposto nas convenções colectivas.

Retribuição mista a medida que lhes for sendo possível estabelecer, para além do
simples rendimento do trabalho, bases satisfatórias para a definição de produtividade, procurarão
as entidades patronais orientar a retribuição dos seus trabalhadores no sentido de incentivar a
elevação de tais níveis. Estas bases terão em conta os elementos que contribuam para a
valorização do trabalhador, compreendendo designadamente as qualidades pessoais com reflexo
na comunidade empresarial.

A retribuição, no entanto, deverá consistir numa parcela fixa(certa) e noutra variável, com
o nível de produtividade determinado a partir das respectivas bases de apreciação.

Subordinação: é o elemento distintivo e fundamental do contrato de trabalho, a


dependência do trabalhador perante o empregador.

A LGT é clara no seu artigo 14º a definir o objecto de um contrato de trabalho obriga a
que o trabalhador tenha uma ocupação efectiva, actividade do trabalho, pagamento de salário e
obediência as regras disciplinares.

Característica do contrato de trabalho

a) Contrato sinalagmático: trata -se de pacto de natureza bilateral que gera obrigações
recíprocas às partes contratantes, resultando um equilíbrio formal entre as prestações ajustadas
bilateral: pois envolve obrigações tanto do Empregador quanto do empregado, tendo
reciprocidade no conjunto de prestações.

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b) consensual: Pois depende da manifestação de vontade (expressa ou tácita), não


exigindo formalidade ou solenidade para manifestação da vontade. Livre consentimento entre
Empregador e empregado.

c) Tracto Sucessivo(duradouro): mesmo, que por prazo determinado, tem continuidade,


não se esgotando em uma única prestação de serviço; as prestações são conhecidas desde o início
da contratação.

d) oneroso: Pela prestação do empregado, corresponde uma remuneração paga pelo


Empregador.

e) intuito personae: possui carácter pessoal com relação ao empregado, somente este
empregado pode prestar a prestação de serviços. Para o Empregador não se exige o carácter da
pessoalidade.

f) caracter fiduciário: há uma relação de confiança e colaboração entre as partes no


contrato de trabalho, pressupõem-se aqui valores como a honestidade, confiança, lealdade, esta
relação varia de acordo as funções do trabalhador.

1.4 O TRABALHADOR

O trabalhador é aquele que desempenha uma actividade sob a orientação de outro, para
receber um salário. O trabalhador é aquele que vive do seu trabalho.

Tanto é trabalhador aquele que opera numa fábrica, como aquele que está num escritório
a escrever relatórios. A actividade laboral é aquela a que talvez se dediquem mais pessoas no
mundo, pois de um modo geral é aquela de onde provêm os rendimentos.

1.4 .1 DEVERES E GARANTIAS DO TRABALHADOR

Ao ser contratado, o trabalhador assume uma série de deveres que se encontram


compilados no artigo 44º da LGT. O trabalhador deve cumprir as ordens e instruções dos seus
superiores; no entanto pode escusar-se a esse cumprimento se as ordens forem contrárias aos
seus direitos legais. Deve ainda o trabalhador tratar com lealdade o empregador e os seus
colegas, além de todas as pessoas que entrem em contacto com a empresa.

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As garantias do trabalhador estão ligadas aos seus direitos que estão plasmadas no artigo
43º da LGT, embora se baseiem e tenham como fundamentos os direitos fundamentais pela CRA
e aqueles garantidos pelo artigo 7º da LGT.

Os direitos do trabalhador acabam por fazer parte do conteúdo essencial do contrato de


trabalho, nomeadamente naquilo que diz respeito à ocupação efectiva e ao recebimento do
salário.

1.5 A ENTIDADE PATRONAL

A entidade patronal, também designada por empregador, entidade empregadora ou


patrão, é no contrato de trabalho a parte que recebe a actividade do trabalhador, o orienta, dirige
e lhe paga o salário. A entidade patronal poder ser uma pessoa singular ou uma pessoa colectiva.

Habitualmente, as entidades patronais são empresas com actividades económicas exercidas,


organizadas institucionalmente através da articulação dos factores produtivos (capital e trabalho)
para a produção ou circulação de bens ou de serviços.

1.5.1 PODERES E DEVERES DA ENTIDADE PATRONAL

Os poderes e deveres da entidade patronal estão plasmados nos artigos 36º e 41º da LGT.
Mas no fundo, reduzem-se a dois grandes aspectos: a organização da actividade da empresa e a
inclusão dos trabalhadores nessa actividade por forma a obter o maior rendimento e a disciplina
laboral. Alguns poderes poder de direcção. Poder de regulamentação, poder disciplinar. Alguns
deveres: deveres de assistência ou de protecção, dever de cooperação, e dever de ocupação
efectiva.

1.5.1 Poder disciplinar


Poder disciplinar é o poder que a entidade patronal tem sobre os seus trabalhadores com
vista à manutenção da ordem e organização da empresa e consiste na punição de infracções
disciplinares. Nos termos do artigo 48º da LGT.

O poder disciplinar é exercido directamente pêlo empregador ou pelos responsáveis da


empresa, através de delegação expressa de competência.

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O poder disciplinar traduz-se no poder do empregador de aplicar medidas coactivas


(sanções disciplinares), ao trabalhador, cuja conduta prejudique ou põe em perigo a empresa ou
não seja adequada a correcta efectivação dos deveres contratuais.

Duração do tempo de trabalho


Devendo obedecer aos limites imposto pela lei geral do trabalho no seu artigo 95º ss, que
nos retracta o tempo de trabalho normal de oito horas diárias e quarenta e quatro horas semanais,
havendo a possibilidade de duas horas extraordinárias (extras).

Hora Extraordinária (Extra) – horas trabalhadas que excedem o trabalho normal. A


duração do trabalho poderá ser acrescida de horas extras, em número não excedente a duas,
decididas por acordo individual ou convenção colectiva.

Durante o trabalho existe um período de intervalo destina-se ao repouso e a alimentação


do trabalhador, em qualquer trabalho contínuo, é obrigatória a concessão de um intervalo para
repouso e alimentação, que será de no mínimo quarenta e cinco minutos e no máximo uma horas
e meia, salvo acordo pela convenção colectivo de trabalho que pode chegar a uma duração
superior a duas horas nos termos do artigo 96º ss da mesma lei.

O período de descanso dado entre uma jornada diária de trabalho e a próxima, entre o
fim de um expediente e o início de outro, haverá um período mínimo de dez horas consecutivas
para o descanso.

1.6 suspensão da prestação do trabalho

Descanso semanal

O artigo 120ª L.G.T diz que os trabalhadores têm direito a pelo menos um dia de
descanso obrigatório por cada semana de trabalho, e que este pode ser gozado em regra aos
domingo. Além disso, têm também direito a um outro dia de descanso, que deve coincidir com o
domingo ou o sábado artigo 122º L.G.T. O domingo é considerado “o” dia de descanso semanal
obrigatório, sendo o sábado considerado um dia de descanso semanal complementar. No entanto,

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é claro, existem excepções à regra, para responder às necessidades das empresas que não podem
parar a sua actividade em nenhum dia da semana.

Então, há inúmeras empresas cujos trabalhadores se encontram sob o regime de


rotatividade de horários. Por isso, os domingos e os sábados, no seu papel de dia de descanso
semanal obrigatório e complementar, respectivamente, são substituídos por quaisquer outros dias
da semana, em modo rotativo. Ou seja, uma semana calha à segunda e à terça, na semana
seguinte calhará ao domingo e à segunda-feira, e assim sucessivamente.

Feriados

Feriado são considerados os dias em que se suspende o trabalho e as aulas, por prescrição
civil ou religiosa. Os feriados são declarados a nível nacional, no entanto o governo pode
estabelecer outros feriados a nível provincial sob proposta do governador da província. Os
feriados vem regulado na LGT artigo 126ºss

Decreto Presidencial sobre o Regulamento da Lei Nacional feriados, datas comemorativas locais
e nacionais (nº 156/12 de 29 de Junho de 2012) no seu artigo 6.º (Ponte) determina:

1. Quando o dia de feriado nacional coincidir com o dia de Terça ou Quinta-feira, há lugar à
suspensão a actividade laboral no dia útil anterior ou no dia imediatamente a seguir,
respectivamente, Segunda ou Sexta-feira.

2. A suspensão da actividade laboral nos dias referidos no número anterior dá lugar a


denominada «Ponte».»

3. Na semana que anteceder a ponte é acrescida uma hora e meia diária no período
normal de trabalho.»

Ferias

Lei geral do Trabalho nos seu artigo 129º ss, prevê 22 dias úteis de férias anuais após um
ano completo de serviço. Não inclui fins-de-semana, dias de descanso compensatório e feriados.
Os trabalhadores que começaram o trabalho durante o ano têm direito a dois dias de férias anuais
por cada mês de trabalho (até um limite máximo de 6 dias por mês). Um método semelhante para
determinar o período de férias com o mesmo limiar é aplicado no caso de o contrato de trabalho

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ser suspenso no ano a que se refere o direito a férias anuais. Prevê-se igualmente a redução do
número de dias de férias anuais em consequência das ausências nas condições previstas pela lei
(não podendo, contudo, ser reduzido para menos de 12 dias).

O empregador deve organizar, em consulta com os representantes dos trabalhadores, um


plano de férias que inclua todos os trabalhadores com as datas de início e fim das férias anuais. O
horário de férias de um funcionário é determinado em acordo entre o trabalhador e o empregador
ou pelo critério do empregador se não chegar a um acordo.

As férias anuais devem ser tomadas durante o ano civil ou antes do final do primeiro
mandato do ano seguinte. Um trabalhador que tenha membros da família que vivem no exterior
pode acumular férias de dois ou três anos. A acumulação de licenças também pode ser
disponibilizada, por acordo, aos trabalhadores que desejam passar as suas férias fora do país ou
numa região diferente do país.

Os trabalhadores recebem o seu salário integral durante o período de férias anuais


acrescido de quaisquer outros benefícios ou bónus acumulados durante o período de trabalho.

Se um empregador impedir o gozo de férias anuais por um trabalhador, o trabalhador


recebe como danos o dobro da remuneração pelo período de licença não tomada e deve tomar
férias anuais até o primeiro trimestre do próximo ano. O direito a férias e a seu gozo efectivo não
pode ser substituído por uma compensação financeira, mesmo a pedido do trabalhador ou com o
consentimento do trabalhador excepto no caso de rescisão do contrato de trabalho antes do gozo
das férias anuais. O trabalhador não pode exercer qualquer actividade profissional remunerada
durante o período de férias anuais.

Faltas

Faltar ao trabalho ao longo da carreira é praticamente inevitável, mesmo para os


profissionais mais assíduos e pontuais. Contudo, nem todas as ausências ao serviço são lícitas.

A falta é a ausência do trabalhador ou colaborador durante o período normal de trabalho a


que este é obrigado, ou seja, a não comparência no local de trabalho e dentro do horário que
contratualmente foi estipulado.

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Há dois tipos de faltas ao trabalho: justificadas e injustificadas, definidas como tal no


artigo 143ºss da LGT.

As faltas justificadas são as que estão definidas como tal no artigo 145.º da LGT e não
afectam qualquer direito do trabalhador. As faltas consideradas justificadas prendem-se com
motivos relacionados com o trabalhador ou os seus familiares,

Todas as outras são consideradas faltas injustificadas. As ausências não justificadas


constituem uma infracção grave, as faltas injustificadas podem dar lugar a despedimento por
justa causa se determinarem prejuízos ou riscos graves para empresa ou se atingirem três dias
seguidos em cada mês ou dez dias interpolados, em cada ano civil.

A comunicação da ausência é uma obrigação do trabalhador. Quando a falta for


previsível, deve ser comunicada ao empregador, acompanhada da indicação do motivo
justificativo, com a antecedência mínima de uma semana. Se a antecedência prevista na lei não
puder ser respeitada, a comunicação ao empregador deve ser efectuada logo que possível.

1.7 VICISSITUDES DO CONTRATO DE TRABALHO

Quando estamos a nos referir a vicissitudes estamos a falar da sequência de


transformações ou mudanças ou ainda de eventos inesperados que muda uma trajectória.

As vicissitudes são acontecimentos inesperados resultantes do Contrato de trabalho que podem


por termo ou suspender a relação jurídico laboral. Ela podem ser:

1. Suspensão, que vem regulado nos termos do capítulo IX, artigo 184.º ao 196.º da LGT;
2. Extinção ou termo da relação jurídico laboral por mútuo acordo, caducidade e
despedimento. Nos termos do capítulo X artigo 198.º ao artigo 241.º da LGT

Nestes termos, constitui direito do trabalhador a estabilidade no emprego segundo o artigo


198.º essa relação só pode extinguir nos termos da lei.

O despedimento promovido pela entidade empregadora, consiste na roptura do contrato de


trabalho por tempo indeterminado ou determinado antes do seu termo, depois de concluído o
período de experiência, sempre que resulte de decisão unilateral do empregador.

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O despedimento só pode ser validamente aceite com fundamento na justa causa, o n.º 4
do artigo 76.º da CRA conjugado com o artigo 205.º e 206.º onde descreve-se as modalidades da
justa causa e fundamentos da justa causa respectivamente.

Não pode haver despedimento por iniciativa da entidade empregadora, sem justa causa

O conceito de justa causa é relativamente recente datará de 1960, foi inicialmente


introduzido pela doutrina alemã que entendia que para o despedimento deveria haver um
Wichtige Grund (motivo importante).

A justa causa não é exclusiva do Direito do Trabalho, pois é utilizado também no Direito
Civil. A justa causa, é todo o facto subjectivo ou objectivo, que ponha em causa a continuação do
vínculo contratual, outrossim, toda e qualquer ocorrência de motivos objectivamente verificáveis
que tornam praticamente impossível a manutenção da relação jurídico-laboral.

Assim, o trabalhador só poderá ser despedido quando haver justa causa segundo o disposto no
artigo 206.º (Causas Subjectivas) esta está ligada ao trabalhador, e o artigo 210.º (Causas
Objectivas) ligadas a empresa.

Cabe a entidade empregadora o Poder disciplinar que por sua vez é o poder que a
entidade patronal tem sobre os seus trabalhadores com vista à manutenção da ordem e
organização da empresa e consiste na punição de infracções disciplinares. Nos termos do artigo
48.º da LGT.

O poder disciplinar é exercido directamente pelo empregador ou pelos responsáveis da


empresa, através de delegação expressa de competência.

O poder disciplinar traduz-se no poder do empregador de aplicar medidas coactivas


(sanções disciplinares), ao trabalhador, cuja conduta prejudique ou põe em perigo a empresa ou
não seja adequada a correcta efectivação dos deveres contratuais. Para o exercício do poder
disciplinar no que tange ao despedimento deve sempre o empregador respeitar o processo para o
despedimento.

1.7.1 PROCESSO DISCIPLINAR

Processo para despedimento ou procedimento disciplinar


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O processo, aqui entendido como procedimento disciplinar, é o conjunto de actos formais


obrigatórios que a entidade empregadora deve seguir para realizar um despedimento por justa
causa. Nos termos do artigo 211º e 46º da LGT.

Referiremos o procedimento para as situações de despedimento de justa causa subjectiva


que estão previstas nos artigos 206º e seguintes da LGT.

Assim, não basta a entidade patronal invocar justa causa e despedir o trabalhador. Antes
do despedimento tem que seguir um processo complexo. O detalhe deste processo está contido
nos artigos 46º e seguintes da LGT.

O princípio básico é o da audiência prévia. A aplicação de qualquer medida disciplinar


(mais gravosa das quais é o despedimento). É nula se não for precedida de audiência prévia do
trabalhador. Nos termos dos artigos 46º e 48º da LGT.

Quando a entidade patronal quiser despedir o trabalhador deve convocá-lo para uma
entrevista, nos termos do artigo 49º da LGT.

Na convocatória para a entrevista, a entidade patronal deve mencionar o seguinte:

 A descrição detalhada dos factos de que o trabalhador é acusado.

 O dia, hora e local da entrevista que deve ter lugar antes de decorridos 10 dias úteis sobre
a data da entrega da carta.

 A informação de que o trabalhador se pode fazer acompanhar de pessoa da sua confiança,


nos termos do artigo 49º da LGT.

1.7.2 DECISÃO

A partir da audição da última testemunha indicada pelo trabalhador, começa a contar o


prazo de 3 a 30 dias úteis para a decisão sobre o despedimento, nos termos do artigo 52º 1 e 226º
alínea b) da LGT).

Tomada a decisão esta é comunicada por escrito ao trabalhador nos cinco dias seguintes
por meio de entrega direita ao trabalhador, contra recibo na cópia na presença de duas
testemunhas ou por correio registados, nos termos do artigo 50º nº2 da LGT.

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O despedimento é executado a partir da comunicação ao trabalhador nos termos do artigo


54º da LGT.

Da decisão comunicada devem constar os factos imputados ao trabalhador e as


consequências desses factos, bem como o resultado da entrevista e a decisão de despedimento.

1.8 SUSPENSÃO PREVENTIVA DO TRABALHADOR

A lei admite a suspensão preventiva do trabalhador, uma vez que este pode começar a
perturbar o funcionamento da empresa sabendo que vai ser despedido. Assim, nos termos do
artigo 53º da LGT, com a convocatória para a entrevista o empregador pode suspender o
trabalhador de forma preventiva se considerar que a sua presença no local de trabalho pode ser
inconveniente.

No entanto, a suspensão preventiva não implica a suspensão do pagamento da


remuneração; pelo contrário, a lei é clara dizendo que a suspensão é feita sem prejuízo do
pagamento pontual do salário, (vide artigo 53º da LGT).

A suspensão preventiva do trabalhador não constitui uma sanção disciplinar nem, tão
pouco uma suspensão do contrato de trabalho, mas apenas uma renúncia temporária do
empregador à prestação do trabalho, assente no pressuposto de que a presença continuada do
trabalhador pode prejudicar o procedimento disciplinar ou a actividade da empresa.

1.9 ILICITUDE DO DESPEDIMENTO

1.9.1 NULIDADE DO DESPEDIMENTO

O despedimento é nulo senão for enviada ou entregue a convocatória para a entrevista ou


sempre que esta não se realize por culpa do empregador, nos termos do artigo 208º da LGT.

O despedimento também é nulo se a comunicação do despedimento não respeite o


preceituado no artigo 50º nº 2. Assim, deve existir sob pena de nulidade a comunicação por
escrito ao trabalhador:

 Nos cinco dias seguinte a decisão;

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 Por entrega pessoal com recibo de cópia ou correio registado;

 Mencionando os factos imputados, as consequências desses factos e o resultado da


entrevista;

 Contendo a decisão do despedimento.

Também é nulo o despedimento que tenha como fundamento as opiniões políticas,


ideológicas ou religiosas do trabalhador, a filiação sindical ou não filiação sindical ou qualquer
outro fundamento discriminatório.

1.9.2 INVALIDADE DO DESPEDIMENTO

Naturalmente, é inválido todo despedimento que não seja realizado com justa causa, nos
termos dos artigos 24º e 25º da LGT, competindo ao tribunal judicial decretar essa invalidade
(art. 209º da LGT).

1.9.3 DECISÃO JUDICIAL

Compete aos tribunais tomarem decisões acerca da nulidade ou outra invalidade dos
despedimentos, nos termos dos artigos 305º e 306º da LGT. Se, porventura, o tribunal declarar o
despedimento improcedente o empregador deve após o trânsito em julgado, proceder a
reintegração imediata do trabalhador no posto de trabalho nas exactas condições de que
beneficiava anteriormente, nos termos dos artigos 307º, 273º e 209º da LGT.

No entanto, o empregador pode em alternativa indemnizar o trabalhador (art. 237º nº1 da


LGT). Também, se o trabalhador não quiser ser reintegrado tem direito a indemnização, nos
termos do artigo 237º nº2 da LGT.

Finalmente, o trabalhador tem sempre direito aos salários de base que teria recebido se
estivesse a prestar trabalho, até à data em que tenha novo emprego ou do trânsito em julgado da
sentença se anterior ao novo emprego, mais sempre com o limite de nove meses de salário, nos
termos do artigo 209º nº 3 da LGT.

A indemnização é calculada segundo a fórmula estabelecida no artigo 239º da LGT; esta


fórmula é igual ao valor de 50%, 30%, 20% e 10% dependendo da dimensão da empresa, do
salário base na altura do despedimento pelo (x) número de anos de antiguidade.
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1.10 JUSTA OBJECTIVA PARA O DESPEDIMENTO

Dispõe o artigo 205º da LGT, que ocorrendo motivos económicos, tecnológicos ou


estruturais devidamente comprovados que impliquem reorganização ou reconversão interna,
redução ou encerramento de actividades e destes factos resultarem a necessidade de extinguir ou
transformar de forma substancial postos de trabalho, pode o empregador promover o
despedimento dos trabalhadores que ocupem esses postos. Assim, a dinâmica da empresa pode
levar ao despedimento de trabalhadores.

1.10.1 AUTORIZAÇÃO PRÉVIA

Para se efectivar esse despedimento há também um procedimento, que está previsto no


artigo 212º da LGT, que impõe ao empregador que pretenda promover o despedimento com
fundamentos objectivos, desde que o número de trabalhadores a despedir seja inferior a cinco,
deve enviar ao órgão representativo dos trabalhadores comunicação escrita indicando de forma
pormenorizada:

 As razões económicas, tecnológicas ou estruturais que impõem a organização, redução ou


encerramento e a descrição destas.

 Os postos de trabalhos afectados, com indicação do número de trabalhadores que


representam e da respectiva qualificação profissional.

 A possibilidade ou impossibilidade de transferir esses trabalhadores no todo ou em parte,


para outros postos de trabalhos existentes ou a criar, por força da reorganização e para os quais
seja exigida a mesma ou idêntica qualificação profissional e que tenham direito a salário igual ou
superior.

O órgão representativo dos trabalhadores (sindicato), disporá de sete dias úteis para emitir
o seu parecer fundamentado por escrito, analisando as razões invocadas e medidas pretendidas e
pode sugerir soluções concretas de recolocação dos trabalhadores afectados ou de redução do
número de postos de trabalho a suprimir ou a transformar. A falta de entrega de parecer escrito
ao empregador, no prazo referido faz entender que o órgão de representação aceita as razões
descritas.

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No caso de o parecer ser desfavorável, o empregador, se mantiver a intenção de proceder


a extinção ou transformação de posto de trabalho, deve apresentar pedido de autorização aos
serviços provinciais do Ministério de tutela (serviço provincial do ministério do trabalho),
competente na área das relações colectivas, fazendo acompanhar o pedido de cópias da
comunicação dirigida ao órgão representativo dos trabalhadores, do parecer por escrito e ainda
do quadro de pessoal.

Por sua vez, o representante provincial do Ministério de tutela do trabalho dispõe de dez
dias úteis para decidir, entendendo-se, também, no caso de falta de comunicação fundamentada
ao empregador dentro deste prazo, que não se opõe à medida pretendida. Se o representante
provincial se opuser, pode o empregador reclamar para o director nacional competente na área
das relações colectivas do trabalho, que decidirá em definitivo no prazo de quinze dias contados
da apresentação da reclamação, entendendo-se que atendeu, se naquele prazo nada foi
transmitido ao empregador.

Nota-se claramente, que é um procedimento burocrático e estatizado. Na realidade, o


empregador não tem o poder de despedir, sem autorização governamental, no caso da justa causa
objectiva.

1.10.2 AVISO PRÉVIO E EFECTIVAÇÃO DO DESPEDIMENTO

Não havendo oposição à extinção ou transformação dos postos de trabalho, o empregador


envia ao trabalhador ou trabalhadores que ocupam os postos de trabalho a extinguir ou
transformar, o aviso prévio do despedimento, com antecedência mínima de sessenta dias (60),
conforme os trabalhadores sejam quadros técnicos, médios, superiores ou de outros grupos
profissionais.

O aviso prévio deve mencionar a data em que o contrato de trabalho cessa e ser
acompanhado de cópia da comunicação global acima referida, nos termos do artigo 219º da
LGT.

A escolha dos trabalhadores a despedir não depende da vontade do patrão, mas de


critérios objectivos definidos no artigo 211º nº 1alínea d) da LGT, (os mais qualificados e em
caso de igualdade de qualificação, os mais antigos).

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1.11 DESPEDIMENTO COLECTIVO

Pelas mesmas razões que justificam o despedimento por justa causa objectiva, pode
existir um despedimento colectivo quando os trabalhadores abrangidos forem cinco ou mais,
mesmo que o despedimento seja feito em datas diferentes, embora no prazo integrado de três
meses, nos termos do artigo 216º da LGT.

1.11.1 AUTORIZAÇÃO PRÉVIA

O despedimento colectivo também necessita de autorização prévia por parte do governo


após um processo de consultas e negociações, nos termos do artigo 219º da LGT.

1.11.2 AVISO PRÉVIO E EFECTIVAÇÃO DO DESPEDIMENTO

Se a entidade patronal obtiver autorização deve enviar a cada trabalhador um aviso prévio
de despedimento que torna o despedimento ‘’o efectivo a partir de determinada data. Também
há neste a possibilidade de recurso aos tribunais e direito a indemnização, nos termos do artigo
238º da LGT.

Despedimento por iniciativa do trabalhador (rescisão art. 225º da LGT).

Rescisão com justa causa respeitante ao trabalhador (art. 226º, 236º e 227º da LGT).

Rescisão com aviso prévio (art. 228º da LGT).

Abandono de Trabalho (art. 229º da LGT).

O abandono de trabalho é a denúncia tácita do Contrato de trabalho, consiste na ausência


do trabalhador do serviço, acompanhada de factos que, com toda a probabilidade, revelem a
intenção de não o retomar (Leitão, 2010, p. 511)

Desta definição podemos denotar os elementos caracterizadores do abandono de trabalho:

a) A ausência do trabalhador ao serviço – um dos principais elementos do abandono do


trabalhado é a ausência do trabalhador ao serviço, isto é, o não comparecimento do indivíduo ao
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centro de trabalho onde exerce a sua actividade com regularidade e permanência, sem dar directa
ou indirectamente qualquer notícia ao empregador;

b) Forte Probabilidade de não regressar ao trabalho – outro elemento importante do


abandono do trabalho é a manifesta ou presumida intenção do trabalhador de não voltar ao
serviço. Para que haja abandono de trabalho é imprescindível que se possa aferir a ausência na
sua consciência da vontade de manter o vínculo que o une ao empregador, isto é a intenção de
não voltar ao trabalho.

Caso o trabalhador celebre novo contrato de trabalho com outro empregador,


presumindo-se essa celebração que o trabalhador não querer pertencer, mas ao empregador

A ausência do trabalhador por um período de dez (10) dias consecutivas, sem informar o
empregador do motivo da ausência.

O abandono do trabalho extingue o vínculo laboral existente entre o empregador e o


trabalhador, extinguindo todos os direitos e deveres recíprocos que entre si fundados no contrato
de trabalho

Conflito de trabalho

Conflitos no trabalho são discussões entre duas ou mais pessoas, que acontecem no
ambiente de trabalho, por qualquer razão que as cause. Portanto, podem ser discussões entre
pessoas ou grupos de pessoas, que interagem para atingir o objectivo traçado pela empresa.
Quando estes desentendimentos são mais sérios ou estão relacionados à legislação, caso passa a
se caracterizar como uma disputa trabalhista. Isso significa que para resolver a questão, os
envolvidos deverão recorrer à justiça.

Processo característico dos conflitos.

Os instrumentos usuais no conflito de trabalho são a greve (admitido e protegido pela


constituição da republica no seu artigo 51º) e o Lock-out (proibido pela constituição no artigo
52º)

A greve constitui, nos termos da Constituição, um direito dos trabalhadores


(sindicalizados ou não). Compete aos trabalhadores definir o âmbito de interesses a defender

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através da greve. O direito à greve é irrenunciável. A greve é decidida pelas associações


sindicais.

lock-out é proibido. Considera-se lock-out qualquer decisão unilateral do empregador que


se traduza na paralisação total ou parcial da empresa ou na interdição aos locais de trabalho a
alguns ou à totalidade dos trabalhadores e, ainda, na recusa em fornecer trabalho, condições e
instrumentos de trabalho que determine ou possa determinar a paralisação de todos ou alguns
sectores da empresa ou, que, em qualquer caso, vise atingir finalidades alheias à normal
actividade da empresa.

UNIDADE# II-DIREITO DO AMBIENTE

2.1 Noção sobre o Direito do Ambiente

É absolutamente inquestionável que a questão do ambiente ganha, cada dia que passa
foros de preocupação dominante e candente para toda a humanidade. Trata-se, no fundo, de
consciencializar todos e cada um de nós para a urgência de rapidamente invertemos a tendência
que se vem verificando para a destruição massiva que a acção humana exerce sobre o ambiente.

As primeiras normas destinadas a prevenir a derrocada ecológica vieram da ONU, que em


1966, aprovou o pacto internacional dos direitos económicos sociais e culturais, por via do qual
ficou consagrado um dever de promoção da qualidade do ambiente por parte dos estados.

Em 1968, o conselho da Europa produz duas declarações: uma sobre a poluição do ar e


outra sobre a protecção dos recursos hídricos.

No âmbito da OUA, predecessora da União Africana (UA), é aprovada a convenção


africana sobre a conservação da natureza.

Em 1972, ainda no seio das nações unidas (ONU), realizou-se a primeira conferência
mundial sobre as questões do ambiente, fruto da qual nasceu a declaração de Estocolmo.

Importa, antes de entrarmos nas questões de direito, referir a razão da necessidade de


regulamentar as questões do ambiente para uma melhor compreensão da realidade com base na
qual se constrói o direito do ambiente. Escolhemos uma razão simples: a utilidade que os bens do
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ambiente escassos, podem proporcionar ao homem. Por isso, merecem atenção do direito todos
os bens naturais que gozem deste atributo.

A CRA, no seu artigo 39º nº 2 refere-se à protecção do ambiente, criando as bases para
legislação específica consagrada na lei de bases do ambiente (LBA), Lei nº 5/98 de 19 de Junho.

O Direito do Ambiente é o primeiro ramo do direito que nasce, não para regular as
relações dos homens entre si, mas para tentar disciplinar as relações do homem com a mãe
natureza – os direitos do homem sobre a natureza, os deveres do homem para com a natureza e,
eventualmente os direitos da natureza perante o homem.

O direito do ambiente é composto por uma série de princípios estruturantes e regras


internacionais e nacionais que fornecem a base para medir e repartir a responsabilidade em casos
de crimes ambientais e o incumprimento das suas disposições.

O Direito do Ambiente dedica-se então a disciplinar e regular o impacto das actividades


humanas sobre o meio ambiente e abrange uma ampla gama de actividades que afectam o ar, a
água, a terra, a flora e a fauna.

Em concreto o Direito do Ambiente regula: a protecção de animais e plantas,


planeamento para uso e desenvolvimento da terra, indústrias de mineração, exploração
extractivas, silvicultura, poluição, impactos na pesca, impactos na agricultura, gestão de
resíduos, respostas às mudanças climáticas, gestão de recursos hídricos (lagos, pântanos, rios e
oceanos), uso de produtos químicos e pesticidas, ervas daninhas e espécies invasoras, vida
marinha, conservação do património natural e cultural.

As funções gerais das leis ambientais são:

 Definir as infracções e penalidades por causar danos não autorizados ao meio ambiente.

 Avaliar, controlar ou suspender determinadas actividades (como o uso e desenvolvimento


da terra), antes de serem realizados estudos sobre o impacto ambiental.

 Estabelecer um conjunto de políticas e padrões que definam como as actividades serão


controladas e como as decisões e aprovações ambientais serão feitas.

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 Criar mecanismos para que os membros do público possam participar na tomada de


decisão ambiental.

 Criar estruturas de regulamentação para gestão ambiental, tais como ministérios e


agências reguladoras.

Em angola, a CRA, é rica nas manifestações de manutenção e preservação ambientais.


Pode-se dizer que o princípio do estado ambiental é um princípio estruturante da CRA e do
constitucionalismo angolano.

O artigo 21º alínea m) da CRA, imputa ao Estado como tarefa fundamental promover o
desenvolvimento harmonioso e sustentado em todo território nacional, protegendo o ambiente, os
recursos naturais e o património histórico, cultural e artístico nacional.

Simultaneamente, o artigo 85º da CRA, determina que todo cidadão tem o direito a
qualidade de vida enquanto, que o 39º da CRA é preclaro a esclarecer que todos têm o direito de
viver no ambiente sadio e não poluído, bem como têm o dever de defender e preservar este
ambiente (nº1 do art.39º da CRA).

O nº 2 do art. 39º determina ao estado a adopção de medidas necessárias à protecção do


ambiente, incluindo neste conceito a flora (florestas), a fauna (animais), o equilíbrio ecológico, a
correcta localização das actividades económicas, a utilização racional dos recursos naturais, o
desenvolvimento sustentável e a biodiversidade.

2.2 PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS DO DIREITO DO AMBIENTE

A busca dos princípios fundamentais do direito do ambiente remete-nos em primeiro


lugar para o texto constitucional.

O modelo constitucional angolano de protecção do ambiente é abrangente e configura-o


quer como um dever do Estado, quer como um direito e dever de todas as pessoas. Portanto, é
duplamente protegido, quer como tarefa do estado, quer como direito fundamental. Assim temos
os seguintes princípios:

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Princípio da dupla protecção: o direito do ambiente, como direito ao ambiente e como


dever de proteger o ambiente, impõe ao Estado um dever-direito circular de interacção entre o
desenvolvimento e a sustentabilidade, nos termos do artigo 3º da LBA.

Princípio da prevenção: impõe que qualquer acção com efeito no ambiente, seja imediato,
seja a prazo deve ser antecipada com vista a sua minimização, nos termos dos artigos 39º da
CRA e 4º alínea c) da LBA.

Princípio do equilíbrio: deve-se pelo qual integrar as políticas de crescimento económico


no respeito e conservação da natureza. Este princípio conduz-nos ao modelo de desenvolvimento
sustentado.

O desenvolvimento sustentável é o desenvolvimento que satisfaz as necessidades do


presente sem comprometer a capacidade das gerações futuras satisfazerem as suas próprias
necessidades. Contém em si dois conceitos chave:

O conceito de necessidades, em particular as necessidades essenciais dos pobres do


mundo a que deve ser dada prioridade absoluta;

A ideia de limitação impostas pelo estado da tecnologia e da organização social sobre a


capacidade do meio ambiente para satisfazer as necessidades presentes e futuras.

Como concretização dos princípios gerais adiantados, designadamente o grande enfoque


no desenvolvimento sustentado, há que considerar os princípios específicos que concretizam os
mais gerais e resultam no artigo 4º da LBA:

Princípio da formação e educação ambiental

Princípio da participação

Princípio da unidade de gestão e acção

Princípio da cooperação internacional

Princípio da responsabilização.

2.3 ÓRGÃOS DE GESTÃO AMBIENTAL

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A LBA define no seu capítulo II, nos artigos 6º a 10º qual o funcionamento orgânico da
gestão e protecção ambiental.

Cumpre ao governo a definição de um programa de gestão ambiental, que será por si


executado em primeira mão (art. 6º LBA). No âmbito desse programa será criado pelo governo
um órgão central coordenador das actividades do programa nacional de gestão ambiental.

O órgão coordenador tem por missão fundamental: realizar e promover junto dos
restantes órgãos do aparelho do Estado e organismos não estatais as actividades que conduzam
ao desenvolvimento sustentável em todas as vertentes da vida nacional (art.7º nº3 da LBA).

Esse órgão pode-se fazer representar aos vários níveis da administração central e local e
também pode criar organismos especializados para levarem em avante actividades específicas da
gestão ambiental (art.7º da LBA).

Angola tem um Ministério do Ambiente que é o órgão do governo central responsável


pela coordenação, elaboração, execução e fiscalização das políticas do ambiente, nomeadamente
nos domínios da biodiversidade das tecnologias ambientais e da prevenção e avaliação dos
impactos, bem como da educação ambiental, segundo o próprio se descreve.

Este Ministério tutela os seguintes serviços: o instituto de gestão ambiental, instituto nacional da
biodiversidade e áreas de conservação e fundo do ambiente.

2.4 MEDIDAS DE PROTECÇÃO

O aspecto fundamental na protecção do ambiente é a questão de como conciliar


desenvolvimento com ambiente e, sobretudo minorar os efeitos da poluição que muitas vezes é
necessária para o crescimento industrial.

A poluição do ar e da água, os riscos das fábricas mais inseguras, as explorações mineiras


a céu aberto, são exemplos de efeitos negativos ambientais da actividade económica.

No entanto, a protecção ambiental envolve geralmente uma acção intensa por parte do
Estado. Essa acção pode ser feita de duas formas, ou através de regulamentação directa,
proíbem-se umas actividades e permitem-se outras, o que implica sempre uma intervenção
intensa do Estado eventualmente severas distorções de mercado. Aliás neste caso o Estado pode

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começar a conceder licenças negociáveis para a poluição, permitindo algum funcionamento de


mercado e de incentivos; a outra forma é através do chamado princípio do poluidor-pagador. Isto
é quem polui paga o imposto.

Em Angola, a LBA trata das medidas de protecção ambiental nos seus artigos 11º á 20º.
A escolha do legislador angolano assentou em medidas regulamentadoras intensas,
designadamente de licenciamento de actividades (vide art. 17º da LBA).

Outra medida de protecção é a proibição de actividades que atentem contra a


biodiversidade e a criação de uma rede de áreas protegidas (art. 13º e 14º da LBA).

Finalmente temos medidas de avaliação de impacto das actividades de infra-estruturas


(art.15º e 16º da LBA).

2.5 FISCALIZAÇÃO AMBIENTAL

O princípio da fiscalização ambiental é um princípio de fiscalização difusa popular, isto


quer dizer que qualquer pessoa que verifique a ocorrência de infracções ambientais tem a
obrigação legal de informar as autoridades públicas de tal facto, (art. 26º e 27º da LBA).

Além do mais, o artigo 28º estabelece um critério objectivo de responsabilidade


ambiental, pois determina que qualquer pessoa que tenha causado danos ao ambiente, tem que
reparar os prejuízos ou indemnizar o Estado, independentemente da sua culpa.

A LBA também determina que seja criado um quadro de infracções criminais e


contravenções (art. 29º da LBA), além de impor ao Estado a criação de mecanismos de
fiscalização e implementação da legislação ambiental (art. 30º da LBA), designadamente a
criação de um corpo de agente de fiscalização comunitários, (art. 32º da LBA). Há que revelar
que desde 2012, ex-militares participam em acções de fiscalização ambiental.

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UNIDADE # 3- O DIREITO COMERCIAL

3.1 Breve historial sobre direito comercial

O Direito Comercial é um ramo do Direito privado que visa regular a actividade


mercantil.

Na idade média assistia-se ao nascimento do Direito Comercial como ramo autónomo,


isto é, independente, devido as duas razões, a saber:

 Explosão do comércio nas cidades (Norte de Itália e Florenza), que deu origem a
corporações profissionais de mercadores e a tribunais próprios que vieram a dar início a normas
consuetudinárias e codificações.

 Fragmentação do Direito civil comum.

Em termos de conceito, Direito Comercial é, como o próprio nome indica,


tradicionalmente definido como o conjunto de normas que regulam o comércio. Note-se que a
acepção da palavra comercial, aqui usada, não corresponde à definição e uso economista da troca
mercantilista de bens-produção/consumo.

No Direito Comercial a palavra tem um significado mais amplo, referindo-se à actividade


comercial e industrial e, em verdade, não regula toda actividade económica, como é o caso da
actividade agrícola ou de profissões liberais.

3.2 NOÇÃO DE DIREITO COMERCIAL


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O Direito Comercial regula as situações referentes às actividades dos comerciantes ou


empresários, quer este actuem individualmente, quer associados através de sociedades comercias
e também os actos empresariais ou comerciais que os outros levem a cabo.

3.3 FONTES DO DIREITO COMERCIAL

As fontes do Direito Comercial não são muito diferentes das fontes tradicionais do
direito: a CRA, as normas internacionais e as leis, além do costume desde que não seja contrário
a dignidade da pessoa humana e respeite a CRA (art. 7º). Em concreto, em Angola a fonte de
direito primacial de um Estado absolutamente soberano (não incluindo em qualquer espécie de
união ou acordo internacional, como acontece na Europa) é a constituição.

Como seria normal a CRA, contém normas fundamentais que determinam a natureza do
Direito Comercial o sentido e alcance. Destacaríamos o artigo 14º da CRA que garante e protege
a propriedade privada e a livre iniciativa económica e empresarial; O artigo 38º da CRA, que vai
no mesmo sentido de liberdade e protecção estatal do livre funcionamento do mercado e das
empresas.

As normas legais infraconstitucionais importantes e com relevo são o Código Comercial


com as suas várias revisões, a Lei das Sociedades Comerciais – Lei nº 1/04 de 13 de Fevereiro e
a mais recente Lei nº 1/07, de 14 Maio, denominada Lei das Actividades Comerciais.

3.4 CARACTERÍSTICAS DO DIREITO COMERCIAL

O Direito Comercial por ser o Direito dos negócios, assume características específicas
importantes que se podem enumerar da seguinte forma:

Universalismo/Internacionalidade/Cosmopolitismo: O Direito Comercial, utiliza essa


característica no sentido de Cosmopolitismo, ou seja, cidade grande, com muitos habitante. A
aplicação ou definição deste conceito nesta área do direito é devido ao facto de que há
possibilidade de aplicação de leis e convenções internacionais ao direito comercial
especificamente. Por que? Ora, o ramo empresarial (se consequentemente o direito que o regula)
vivem práticas idênticas em todo o mundo, principalmente com o forte advento da globalização
iniciado há alguns anos atrás.

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Individualismo: a preocupação imediata do comércio é, de um ou de outro modo, o lucro


pessoal; se para o lucro individual o cliente precisa ganhar de alguma forma, isso é derivado pela
vontade individualista de obtenção de lucro pelo empresário/comerciante;

Onerosidade: a actividade comercial envolve, via de regra actos não gratuito.

Simplicidade ou Informalismo: há menos formalismo desnecessário, sendo muito mais


prático do que as demais áreas, visando não atrapalhar o devido desenvolvimento económico.

Fragmentarismo: Refere-se justamente à harmonia do direito empresarial com outras


leis, códigos e diplomas legislativos (normas/leis)

Elasticidade: muitos princípios são elucidativos (claros em si mesmos); refere-se ao


facto de que este ramo deve transcender os limites nacionais territoriais e estar ligado, atento,
antenado aos costumes empresariais, mais do que aos diplomas normativos ultrapassados: caráter
renovador e dinâmico

Dinamismo: essencialmente a elasticidade. Enquanto a elasticidade tem abrangência


sobre a importância superior da prática e actualidade internacionais, o dinamismo é a
característica da constante actualização.

Garantístico: existem presunções com vista a garantia de credito

3.5 OS ACTOS DE COMÉRCIO

Actos de Comércio são todos aqueles que se acharem especialmente regulados no Código
Comercial. A Lei distingue entre actos de comércio objectivos e actos de comércio subjectivos.

Aliás, a LAC (Lei da Actividade Comercial), define acto de comércio, no seu art. 4º nº2
da seguinte forma: são considerados actos de comércio todos aqueles que se achem
especialmente regulados na presente lei e demais legislações complementares e além deles, todos
os contratos e obrigações dos comerciantes que forem de natureza exclusivamente civil, se o
contrário do próprio acto não resultar.

Actos de comércio objectivos: são os que correspondem aos tipos de actos previstos e
regulados unicamente pela lei comercial, independentemente de quem os pratica, ou seja são

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aqueles cuja relevância jurídica deriva do seu próprio conteúdo independentemente da pessoa
que os praticou. Por exemplo: Letras, livranças, cheques, operações bancárias.

Actos de comércio subjectivos: são aqueles praticados por quem exerce o comércio ou
uma sociedade comercial, salvo se resultar do próprio acto ou contrato que é de natureza não
comercial. Por exemplo: não é comercial o casamento do comerciante, o testamento do
comerciante, ainda que abranja bens empresariais. Também não é comercial a compra ou venda
do comerciante, não é comercial o empréstimo que o comerciante contrai para pagar dividas
contraídas com a formação profissional do seu filho.

3.6 OS COMERCIANTES

Comerciante é a pessoa que tendo capacidade para praticar actos de comércio faz deste a
profissão, assim como as sociedades comerciais (vide art. 13º e 18º do CC).

3.7 SOCIEDADES COMERCIAIS

São aquelas que têm por objecto a prática de actos de comércio e adoptem o tipo de
sociedades definidos por lei. Nas sociedades comercias vigora o princípio da tipicidade (numerus
clausus). Segundo este princípio só se podem constituir sociedades comerciais as que adoptem
um dos tipos taxativamente previsto na lei. O fundamento deste princípio tem a ver com a
segurança do comércio ao nível jurídico.

3.7.1 NOÇÃO DE SOCIEDADE COMERCIAL

A Sociedades Comerciais constitui um novo sujeito de direitos e obrigações, o que


implica que esteja dotada de um património próprio e distinto dos sócios e administradores.
Distinguem-se em património social e capital social.

capital social pode ser descrito como o montante investido pelos sócios para a formação
da própria sociedade, não se confundindo com o património desta.

O capital social não se confunde com o património social, mas sua vocação é a de
constituir o fundo originário, o núcleo inicial do património da pessoa jurídica, através do qual se
viabilizará o início da vida económica da sociedade.
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O património social é o conjunto de valores de que esta dispõe. Nesse património existem
valores activos – tudo o que a sociedade tem (dinheiro, créditos, imóveis, móveis etc); e valores
passivos – tudo o que a sociedade deve (títulos a pagar, saldo devedor de empréstimos, folha
salarial, impostos devidos). Fala-se assim em património líquido, que é a diferença entre o activo
e o passivo. Se o activo for superior ao passivo, a sociedade terá um património líquido positivo;
se inferior, terá património líquido negativo.

A lei das sociedades comerciais (LSC) angolana define, sociedades comerciais no seu
artigo 1º como” aquelas que tenham por objecto a prática de actos de comércio e se constituam
nos termos da presente lei”.

No seu art. 5º retracta que as sociedades gozam de personalidades jurídica partir da data
do seu registo de contrato pelo qual se constituem.

O artigo 2º da LSC determina que as sociedades devam ter um dos seguintes tipos legais:

Sociedade singular

Sociedade em nome colectivo

Sociedade por quotas

Sociedade anónima

Sociedade em comandita simples

Sociedade em comandita por acções.

3.7.2 sociedade singular

A empresa é titulada por um individuo ou pessoa singular, o qual poderá exercer a sua
actividade na área comercial, industrial, de serviços ou agrícola; responde ilimitadamente perante
os credores em caso de dívidas (incluindo dívidas fiscais e no caso e falência) contraídas no
exercício da sua actividade;

Não existe separação entre o património pessoal e o património afecto à actividade


empresarial; A firma será constituída pelo nome completo ou abreviado do comerciante e poderá

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ou não incluir uma expressão alusiva à sua actividade; Não é requerido capital mínimo; Não é
necessário pacto social, este tipo de sociedade é a excepção a regra.

3.7.3 Sociedade em nome colectivo

Sociedades em nome colectivo são aquelas em que cada socio responde individualmente
pela sua entrada e pode entrar com bens de industria. A quantia que cada socio apresenta chama-
se entrada. Esta sociedade é formada por duas pessoas, os termos do art. 176 º da L.S.C, os
sócios respondem pela sua entrada, responde ilimitadamente pelas obrigações sociais,
subsidiariamente em relação a sociedade, e solidariamente com outros sócio.

3.7.3 Sociedade por quotas

A sociedade por quota é uma sociedade de responsabilidade limitada – dai a firma dever
terminar pela palavra “limitada” ou abreviatura “Lda.”, neste tipo de sociedade a
responsabilidade dos sócios encontra-se limitada ao capital social. Os sócios apenas são
obrigados a outras prestações quando a lei ou o contrato assim o estabelece. Apenas o património
da sociedade responde perante os credores pelas dividas da sociedade. O seu gestor denomina-se
gerente e o mínimo de sócios são 2. Encontramos regulamentada na LSC a partir do art. 217 º ss

3.7.4 Sociedade anónima

Nesta sociedade o capital esta dividido em acções e a responsabilidade de cada socio é


limitada ao valor das acções que subscreve, isso nos termos do art.301 º da LSC. As suas acções
podem ser ao portador ou nominativas (art. 302 º LSC). Nos termos do art.304 º LSC, o numero
mínimo de accionista são cinco.

3.7.5 Sociedade em comandita

Nas sociedades em comanditas há dois tipos de sócios, uns com responsabilidade


ilimitada que são os sócios comanditados, e outros com responsabilidade limitada que são os
sócios comanditários. Esta sociedade divide-se em dois que são as sociedades em comandita
simples e as sociedades em comandita por acção.

Sociedade em comandita simples

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São aquelas que não existem participações sociais representadas por acções.de acordo o
art.210º LSC, os direitos subsidiários neste tipo de sociedade aplicam-se as disposições relativas
as sociedades em nome colectivo.

Sociedade em comandita por acções

De acordo ao art. 214 º (direito subsidiário) aplica-se as disposições relativas as


sociedades anonimas. O numero mínimo de sócios são cinco.

SOCIEDADES COLIGADA

Base: artigos 464º a 481º da LSC (Lei 1/04 de 13 de Fevereiro).

Consideram-se coligadas as sociedades que, em suas relações de capital, são controladas,


filiadas, ou de simples participação.

È controlada a sociedade de cujo capital outra sociedade possua a maioria dos votos nas
deliberações dos quotistas ou da assembleia geral e o poder de eleger a maioria dos
administradores; a sociedade cujo controle, referido no item antecedente, esteja em poder de
outra, mediante ações ou quotas possuídas por sociedades ou sociedades por esta já controladas.

Diz-se coligada ou filiada a sociedade de cujo capital outra sociedade participa com dez
por cento ou mais, do capital da outra, sem controlá-la.

É de simples participação a sociedade de cujo capital outra sociedade possua menos de


dez por cento do capital com direito de voto.

Participação recíproca salvo disposição especial de lei, a sociedade não pode participar de
outra, que seja sua sócia, por montante superior, segundo o balanço, ao das próprias reservas,
excluída a reserva legal.

Aprovado o balanço em que se verifique ter sido excedido esse limite, a sociedade não
poderá exercer o direito de voto correspondente às acções ou quotas em excesso, as quais devem
ser alienadas nos cento e oitenta dias seguintes àquela aprovação.

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UNIDADE #4 DIREITO DE INFORMAÇÃO

A informação é vista como o quarto poder, por isso não admira que o Direito se debruce
cada vez mais sobre a sua regulação, pois a informação actua em dois sentidos: por um lado
garante a liberdade, mas por outro, sobretudo quando falsa e caluniosa, condena sem julgamento
as pessoas que alveja. Há uma tensão entre liberdade e privacidade, entre democracia e direito ao
bom-nome que fazem do Direito de informação um dos estandartes de uma sociedade avançada.

A CRA consagra a liberdade de expressão e de informação no seu artigo 40.

O Direito de Informação regula a divulgação de notícias, novidades ou opiniões de forma


pública. A liberdade de informação, pilar do Direito de informação, é vista um como um dos
fundamentos de uma sociedade livre e de um Estado de Direito Democrático

4.1. A informação e a Constituição

A Constituição Angolana proclama cuidadosamente os princípios de um Direito de


informação livre. No seu artº 40º com a epígrafe de expressão e informação, por via do artº 28
CRA, dispõe que todos têm o direito de exprimir, divulgar e compartilhar livremente os seus
pensamentos e suas ideias e opiniões. As actividades mencionadas nestes artigos podem ser
levadas a cabo por vários meios, como a palavra, imagem ou outra forma. A todos é também

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conferido o direito e a liberdade de informar e ser informado, sem impedimentos, nem


discriminações. Mais acresce o nº2 do artº28, que o exercício desses direitos e liberdades não
pode ser impedido nem limitado por qualquer tipo ou forma de censura. Com tudo a CRA coloca
limites ao exercício desses direitos e liberdades(como o bom nome, á honra e o bom nome, bem
como a imagem e a reserva da intimidade da vida privada e familiar), também constitui limites a
protecção da infância e juventude, o segredo do estado, o segredo de justiça, o segredo
profissional e as demais garantias, confere artº40 nº 3

A liberdade de expressão é o direito de cada individuo a ter opiniões sem interferência e


de procurar, receber e transmitir informações e ideias por quaisquer meios e independentemente
de fronteiras. Na prática, no entanto, este Direito humano fundamental é frequentemente
restringido por meio de tácticas que incluem censuras, a legislação de imprensa restritiva e a
perseguição de jornalistas, bloggers e outros que expressam publicamente as suas opiniões, bem
como a repressão sobre as minorias religiosas.

Volta-se a repetir aqui o carácter tensional do Direito de informação: por um lado existe
como um responsável da liberdade e democracia, mas por outro lado deve ser limitado por outros
valores tão importantes como a segurança e defesa do País, a dignidade pessoal ou a vida
privada.

A liberdade de expressão está prevista no artº19º da Declaração Universal dos Direitos do


Homem ´´todos tem o direito á liberdade de opiniões e expressão; este direito inclui a liberdade
para exprimir opiniões sem interferência e de procurar, receber e partilhar informações e ideias
através de qualquer meio e sem considerações de fronteiras. Refira-se que por virtude do artº
36º, nº. 2 da CRA os preceitos constitucionais e legais relativos aos direitos fundamentais devem
ser interpretados e integrados de harmonia com a Declaração Universal dos Direitos do Homem.

4.2. Diplomas legais sobre a informação

O diploma legal essencial acerca do Direito de informação é a Lei de Imprensa, Lei nº.
17/06, de 15 de Maio. Existem outras normas importantes, quer no Código Pena, de punição de
crimes de injúrias e difamação, quer nas leis eleitorais e dos partidos políticos referentes a
liberdade de expressão cumpre-nos centrar no diploma básico e alargado sobre a imprensa, uma
vez que o seu conteúdo é bastante mais amplo do que o epigrafe.
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4.3 LEI DA IMPRENSA

Esta lei no seu artº 2º contem algumas definições que diz respeito a Comunicação Social,
que é considerada como a comunicação de massas dirigida a um grande público heterogéneo e
anónimo, a partir de empresas ou órgãos de comunicação social, que organizam e fazem interagir
informação proveniente de fontes diversificadas e as divulgam através de veículos de transporte
suportados na imprensa escrita ou em meios de telecomunicações que incluem sinais de voz e
imagem.

O artº 3º enumera alguns meios de comunicação social como os jornais, tendo já a


actualidade de inserir os jornais electrónicos, as revistas, todas demais publicações periódicas, a
radiodifusão sonora, a televisão, as agências de notícias e ainda os cinemas e espaços públicos
onde se exibem documentários e noticiários.

Tal como a CRA, a LI garante a liberdade de imprensa no seu artº 6º, designadamente é
garantida:

 Medidas que impeçam a concentração de empresas proprietárias de órgãos de


comunicação social que ponham em perigo o pluralismo da informação;
 A publicação de estatuto editorial das empresas de comunicação social;
 O reconhecimento dos direitos de resposta e de rectificação;
 De identificação e veracidade.
 Do respeito pelas normas ética e deontologia profissional no exercício da actividade
jornalística.
 Do livre as fontes de informação e aos locais públicos.

O mesmo artigo 6º. Garante que nenhum cidadão deva ser prejudicado na sua vida
privada, social e profissional em virtude do exercício legítimo do direito a liberdade de expressão
do pensamento através da comunicação social.

Contudo e tal a CRA, a Lei impõe limites a liberdade de imprensa. São os seguintes:

 Aqueles que salvaguardem a objectividade, rigor e isenção da informação;


 Os que protegem e garantem o direito ao bom nome, a imagem e a palavra, e a reserva da
intimidade da vida privada dos cidadãos;
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 Os que envolvam a defesa do interesse publico e da ordem democrática, bem como os


que garantam a protecção da saúde e da moralidade públicas.

Todas as empresas e órgão de comunicação social tem a responsabilidade social de


assegurar o direito dos cidadãos de informar e ser informado nos termos do interesse publico
artigo 10º LI, a considera:

 A que assegura a livre expressão da opinião publica e da sociedade civil.


 A que promove o respeito pelos valores éticos e social da pessoa e da família.
 A que promove a boa governação e a administração correcta da coisa publica.
 A que contribui para a elevação do nível socioeconómico e da c consciência
jurídica da população.
 A que contribui para a consolidar a nação Angolana, reforçar a unidade e
identidade nacional e preservar a identidade nacional e cultural .

A L.I considera também como informação de interesse público

 Relativas a crimes, contravenções e outras condutas anti-sociais;


 Relativas a garantia da protecção da saúde pública e a segurança dos cidadãos.

Para que fique claro, nunca é demais que o artº 29º da Lei de Imprensa impõe que todos
os órgãos de comunicação social devem ter um estatuto editorial, devidamente aprovado que
define a sua orientação e os seus objectivos e especifique o seu compromisso em reger a sua
actividade de acordo com a CRA, a Lei de imprensa e os princípios deontológicos dos
jornalistas.

A L.I também prevê no seu artº 16. Que as publicações informativas, as emissoras de
radiodifusão e de televisão devem publicar, gratuitamente, com a máxima diligência e o devido
relevo, as notas oficiais provenientes dos órgãos de soberania do Estado.

Importa frisar que hoje em Angola existe um órgão que vela sobre a comunicação social.
Isto é a ERCA, composta por representantes indicados pelos partidos políticos.

4.4 DIREITOS DO JORNALISTAS, ARTº 17º.

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os jornalistas tem os seus direitos definidos ne garantidos pela LI, bem como o enquadramento
geral da sua profissão. Assim temos nos termos do artigo 17º da LI os seguintes direitos:

 A liberdade, de expressão, criação e divulgação.


 A liberdade de acesso as fontes de informação;
 O sigilo profissional.
 A participação na vida da empresa de comunicação social para que trabalha.
 A garantia de independência e da clausula de consciência.

DEVERES DOS JORNALISTAS, ARTº 19º.

 Informar com rigor, objectividade e isenção;


 Respeitar o perfil editorial da imprensa de comunicação social para que trabalha,
bem como a ética e deontologia profissional;
 Respeitar os limites ao exercício da liberdade de imprensa, etc.

4.5 EMPRESAS DE COMUNICAÇÃO SOCIAL

Pela sua natureza característica e por consistir na trave-mestra daquilo a que se chama o
quarto poder, a empresa de comunicação social merece um tratamento especial na LI, o que
acontece no artº 23.º.

Os aspectos essenciais do regime especial das empresas de comunicação social começam


por residir na questão da propriedade.

As empresas de comunicação social devem ser de direito angolano e a maioria do capital


deve ser detida por cidadãos angolanos, que exerçam o controlo efectivo desse capital, a sede
deve estar obrigatoriamente em território angolano, a propriedade tem de ser transparente, neste
sentido se ela for uma sociedade anónima as suas acções serão imperativamente nominativas, nos
termos dos artigos 24º nº 3 e 26º da LI

4.6 DIREITOS DE RESPOSTAS E RECTIFICAÇÃO

O direito de resposta e rectificação está garantido para todos os cidadãos, quer na CRA,
quer na LI, e abrange qualquer pessoa singular ou colectiva, organização, serviço ou organismo

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publico ou privado que se considere prejudicado por qualquer publicação, emissão de


radiodifusão ou televisão, ainda que indirecta, que afecte o seu bom nome e reputação.

Nestes termos, quem se sentir afectado pode exercer o direito de resposta e rectificação
tanto relativamente a textos e som, como a imagens.

O direito de resposta e o de rectificação é independente do procedimento criminal, bem


como do direito a indemnização pelos danos causados pela publicação ou emissão, artigo 64º da
LI.

A publicação da resposta ou da rectificação é gratuita e feita no mesmo local e com o


mesmo relevo do escrito, som ou imagem que teve provocação a resposta ou rectificação, de uma
só vez, sem interrupções, devendo ser precedida da indicação de que se trata de um direito de
resposta,

4.7 RESPONSABILIDADE POR INCUMPRIMENTO DA LEI DE


IMPRENSA

Pelos actos lesivos de interesses e alores protegidos por Lei, cometidos através da
imprensa, respondem os seus autores, disciplinar, civil e criminalmente, artº 69º da LI.

O não cumprimento da LI dá origem, portanto, a responsabilidade disciplinar, artº 70, e


responsabilidade civil, artº 71 e responsabilidade criminal, artº 72 da LI.

Aprofundemos a responsabilidade criminal, designadamente o crime de abusa de


liberdade de imprensa, previsto e punido pelo artº74. Este crime consiste na prática de actos ou
comportamentos que lesem valores e interesses jurídicos penalmente protegidos que se
consumam pela publicação de textos, som ou imagens, através da imprensa, radiodifusão ou
televisão. Entre outros são considerados como crime de abuso de liberdade de imprensa os
seguintes factos:

- O incitamento, através de meio de comunicação social, da prática de crime ou a apologia de


facto criminoso;

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- A divulgação de informações que incitem a sessão do país, a criação de grupos organizados de


crime, ódio racial, tribal, étnico e religioso e a apologia as ideologias fascistas e racistas.

- Divulgação de texto, imagens ou som, obtidos por meios fraudulentos.

- A publicação de noticias falsas, entre outros…

4.8. A IMPRENSA

Considera-se imprensa aqueles meios que de forma impressa (jornais ou revista), se


concentram no fornecimento de notícias para o público em geral ou de um público-alvo.

A LI, artº 38 e 39 define as publicações periódicas como os jornais, revistas, boletins ou


escritos de qualquer natureza, que se realizam em série contínua, sem limite definido de duração,
sob o mesmo título e abrangendo períodos de tempo determinado. É obrigatório um registo
prévio e de acesso publico das publicações. As publicações periódicas dêem conter sempre na
primeira página o título da publicação, a data, a periodicidade, o nome do director e o seu preço
ou a menção da sua gratuitidade e o número de exemplares por edição.

As publicações periódicas devem conter, igualmente, o número de registo do título, o


nome, a firma ou denominação social do proprietário, entre outras obrigações legais.

Existe diferença entre publicação nacional e estrangeira (artigo 40º e 41º da LI),
consideram publicações angolanas as editadas em território nacional e que sejam de direito
angolano, independentemente da língua em que forem redigidas. São publicações estrangeiras as
editadas em outros países sob a marca e responsabilidade de empresa ou organismo oficial,
estrangeiro e que não preencham os requisitos estabelecidos para sem consideradas angolanas.

4.9. A RÁDIO

A difusão radiofónica está sujeita a licenciamento prévio assente numa concessão


outorgada por concurso público, competindo ao conselho de Ministros a autorização de abertura
dos concursos e homologação dos resultados, artº 45º da LI. Os operadores de rádio só podem
iniciar as suas actividades após a detenção de um alvará, artº 47 da LI. O alvará deve especificar
a área de cobertura, o horário de emissão e o tipo de ondas para o qual os operadores foi
licenciado, a localização geográfica exacta dos emissores e os parâmetros de emissão.

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A actividade de radiodifusão é exercida pelo Estado e demais entidades públicas ou


privados, mas a actividade de radiodifusão não pode ser exercida nem financiada por partidos ou
associações politicas, organizações sindicais, patronais e profissionais por si ou através de
entidades em que detenham capital.

O serviço público de radiodifusão é atribuído a Rádio Nacional de Angola mediante


contrato de concessão.

O conceito de serviço pública em previsto no artigo 9º da LI.

O Instituto Angolano das Comunicações, abreviadamente designado (INACOM) é um


Instituto Público dotado de personalidade jurídica e com autonomia de gestão financeira,
administrativa e patrimonial. O Instituto Angolano das Comunicações (INACOM) é um
organismo tutelado pelo MINTTICS (Ministério das Telecomunicações Tecnologias de
Informação e Comunicação Social).

O Instituto Angolano das Comunicações (INACOM) é um órgão que tem por finalidade
regulamentar e monitorar a actividade de prestação de serviços de telecomunicações abertos à
concorrência competindo-lhe também a aplicação, gestão e fiscalização do espectro de
frequências radioeléctricas.

Instituto Angolano das Telecomunicações (INACOM) é uma instituição tutelada pelo que
busca assessorar e representar o Executivo através da regulação, supervisão e fiscalização do
Sector das Comunicações, incluindo as comunicações electrónica

4.10 A Televisão

Televisão em Angola, depois de algumas transmissões experimentais na década de 1960,


só começou a existir oficialmente em 1975. Actualmente existem dois canais a emitir em sinal
aberto: os públicos TPA 1 e TPA 2. Hoje em dia existem muito canais em Angola a emitir via
satélite entre eles está a TV Zimbo, Banda Tv e a Palanca Tv

A TPA é a televisão que assegura o serviço publico de televisão, através de:

• Atender, na sua programação, a diversidade cultural e aos diferentes estratos sociais da


população que serve.

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• Assegurar a possibilidade de expressão e confronto das diversas correntes de opinião de


natureza política, cultural e religiosa, e tantos outros serviços.

A TPA rege-se pela Lei nº 9/95, de 25 de Setembro e pela Lei nº 22/91, de 15 de Junho.

UNIDADE # 5 -DIREITO DA INFORMÁTICA


A área da informática e da internet tem sofrido avanços tecnológicos de tal ordem e de
tão grande velocidade em tão curto espaço de tempo, com um sucesso que não era previsível. O
computador instalou-se no quotidiano da vida dos cidadãos e das empresas e apoderou-se
também da Administração Pública. Assim a legislação, num mundo em constante mudança ainda
é muito incipiente (que dá início em alguma coisa), tanto para Angola como no estrangeiro.

O Direito da Informática consiste no conjunto de regras e normas jurídicas que visão


regular a relação entre a difusão digital de informações e do software em si mesmo. Abrange
principalmente a informação digital (incluindo a segurança da informação e comércio
electrónico).

O Direito Cibernético será um sub-ramo do Direito de Informático e engloba as questões


ligadas ao uso da internet.

5.1 EVOLUÇÃO DO DIREITO DA INFORMÁTICA


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O Direito da Informática é o resultado da evolução acelerada da informática, isto é, o


tratamento automatizado da comunicação e informação, quer a nível teórico, quer sobretudo a
nível prático e de utilização quotidiana.

Direito da informática é um campo do direito que se propõe estudar aspectos jurídicos do


uso de computadores e da tecnologia da informação em geral, com fundamento no crescente
desenvolvimento da Internet e na importância da tecnologia da informação e da informática nas
relações jurídicas, sendo por isso, uma nova área do estudo do Direito. O Direito da Informática
visa regulamentar as relações sociais ocorridas no âmbito da tecnologia da informação.

Os estudos da comunicação e do seu controlo e difusão tiveram larga expansão no século


XX. Podemos reportar o início do tratamento sistemático da comunicação à obra de Shannon e
Weaver, “Mathematical Theory of Comunication”, (1949). Neste livro, discutem-se as melhores
formas de codificar a informação que um emitente pretende enviar, utilizando-se a teoria da
probabilidade, bem como a noção de entropia (grandeza física), como uma medida da incerteza
numa mensagem.

Wiener introduz a expressão cibernética, como o estudo das mensagens que comandam
uma qualquer operação em máquina, animais ou homens, no fundo o estudo da comunicação e
controlo.

Aduzida à teoria da evolução histórica e tecnológica do Direito da Informática pode-se


destacar três eventos fundamentais:

 30 de Junho de 1945, John Von Neumann publicou o primeiro rascunho de um


relatório sobre o EDVAC, a primeira discussão documentada do conceito de programa
armazenado e o modelo para arquitectura de computadores, até hoje.

 22 de Maio de 1973, Bob Metcalfe divulgou o memorando que inventou a


“Ethernet” na Xerox XRX.

 Março de 1989, Tim Berners-Lee fez circular o estudo “Gestão da informação:


uma proposta” no CERN (Centro Europeu de Pesquisa Nuclear), na qual delineia um sistema
global de hipertexto.

O Direito da Informática abrange assuntos tão diversos como:


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 A transferência electrónica de dados e os serviços de telecomunicações,

 Privacidade e protecção de dados pessoais,

 Protecção jurídica do software, dos produtos multimédia e das bases de dados,

 Criptografia, assinatura electrónica, documentos electrónicos,

 Comércio electrónico e contratação electrónica,

 A criminalidade e informática,

 A resolução online de conflitos

A doutrina aponta alguns princípios que podem servir como orientação para o
desenvolvimento do Direito da Informática. Neste Âmbito poderíamos considerar os seguintes
princípios orientadores:

Princípio da existência concreta – significa que em caso de discordância entre o que


ocorre na pratica e o que surge no documento e acordos, se deve dar preferência ao que sucede
nos terrenos dos factos, uma vez que o desajuste entre o facto e aforma pode evidenciar uma
situação jurídica distintas da realidade viciada por um erro na transmissão de dados e
informações.

Princípio da flexibilidade – trata-se do limite formal e elástico aplicável naquelas áreas


do comportamento, onde a norma não pode prescrever limites muitos rígidos, sobretudo, onde a
norma não pode prever a infinidade de circunstâncias possíveis.

Princípio da boa-fé – todo homem nos seus actos deve agir de boa fé, esta deve ser
entendida no significado objectivo do cumprimento honesto e escrupuloso das obrigações e
também como tradução do interesse social da segurança das relações jurídicas. Acima de tudo
entre os contraentes deve sempre haver credibilidade, sem esta os negócios não encontrariam
ambiente propício para se efectivarem.

Princípio da subsidiariedade – o Direito da informática na resolução de litígios busca


solução em outros ramos ou diplomas para dar resposta aos litígios informáticos.

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Princípio da efectividade – o juiz é incompetente para proferir sentença que não tenha
possibilidade de executar. É um intuitivo que o exercício da jurisdição depende da efectivação do
julgado. Este princípio é fundamental para dirimir as relações virtuais em virtude da mobilidade
das transacções e atribuição para execução do julgado.

5.2 NECESSIDADE DE PROTECÇÃO DE DADOS PESSOAIS


A informática é uma forma de criação, armazenamento, partilha e comunicação de dados
de forma digital. O seu cerne são os dados. Neste âmbito fala-se de um direito à
autodeterminação informativa que terá como objectivo máximo evitar intromissões abusivas na
vida das pessoas através da recolha e tratamento de dados pessoais informaticamente. São dados
pessoais aqueles que dizem respeito ao cidadão desde logo os de natureza genética e biométricos,
bem como todos aqueles, pessoais e íntimos, que definem a individualidade de cada pessoa.

É evidente que o uso desenfreado de meios informáticos para manipulação de dados


pessoais colidiria frontalmente como as liberdades fundamentais de cada um. O alargamento das
possibilidades de recolha e de armazenamento de dados individuais de cada cidadão, quer seja
por parte do Estado, quer por parte de grandes empresas teria algo de Orwelliano (é um adjectivo
que descreve uma situação, ideia ou condição social), de construção de um Big Brother, em que
tudo o que fizéssemos estaria debaixo de vigilância e controlo constante.

Há o perigo do controlo, como há o perigo da divulgação das informações de cada um.


Todos os movimentos de cada um, desde compras de supermercado, doenças preferenciais
íntimas, todos os aspectos da vida privada podem ser divulgados e manipulados através da
informática. A questão não é teórica.

Por exemplo na Europa em Abril de 2011, uma quebra de segurança de alto grau numa
empresa de tecnologia comprometeu as contas de 77 milhões de clientes: nomes, e-mails e
endereços postais, datas de nascimentos, senhas e informações de login, históricos de compras e
informações de cartões de créditos. Demorou quase uma semana antes de a empresa reconhecer a
violação de dados e informar os clientes afectados. Tal procedimento abriu uma janela de

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oportunidades para os eventuais criminosos que utilizam registos roubados. Houve um prazo de
uma semana em que puderam fazer o que quisessem, sem ninguém tomar medidas preventivas.

Existem várias medidas jurídicas que podem ser tomadas para a protecção de dados. Um
Direito ao esquecimento ajudará a gerir os riscos de transmissão de dados online quando uma
pessoa não quiser mais que os seus dados sejam processados, estes serão apagados. Um segundo
aspecto é o mais fácil acesso aos dados de cada um, bem como a facilitação da transparência de o
provedor de serviços para outro. Mas, o mais importante é a proibição de usos contrários às
liberdades fundamentais e a abertura ao cidadão dos dados que se encontrem em nome dele.

Nesse sentido é fundamental existir um forte apoio legal na protecção de dados pessoais.
Esta forte protecção legal só pode ser dada pela constituição que é a lei suprema e mais
importante do País.

5.3 PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS SOBRE A INFORMÁTICA

Como seria de esperar numa constituição moderna e que pretende criar um Estado de
Direito Democrático a CRA, contém várias normas acerca de informática, sobretudo no sentido
da protecção e garantia das liberdades dos cidadãos.

Desde logo o 32.º da CRA determina que é reconhecido o direito a reserva de intimidade
da vida privada, afastando as incursões informáticas na vida íntima e pessoal de cada um,
prescrevendo que a lei ordinária estabeleça garantias efectivas contra a obtenção e utilização de
informações abusivas relativas às pessoas e famílias. De seguida o artigo 34º da CRA dispõe que
é inviolável o sigilo da correspondência e dos demais meios de comunicação privada,
designadamente os meios telemáticos. Só poderá haver acesso a essa informação por decisão de
autoridade judicial competente.

De fundamental importância são as normas contidas no artigo 69.º da CRA, sob a


epígrafe habeas data. O que se pretende com este artigo é garantir que têm o direito de recorrer a
uma providência judicial denominada Habeas data, de modo a assegurar o conhecimento das
informações que existam sobre si constante de ficheiros, arquivos ou registos informáticos. Esse
direito estende-se a saber qual finalidade dessas informações e também à possibilidade de exigir

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a rectificação e actualização dos mesmos, tudo salvaguardando-se o segredo do Estado e o


segredo de justiça.

A mesma norma constitucional no seu número 2 prescreve que é proibido o registo e


tratamento de dados relativos às convicções políticas, filosóficas ou ideológicas, bem como à fé
religiosa, filiação partidária ou sindical e ainda à origem étnica e vida privada com fins
discriminatórios.

O número 3 proíbe o acesso a dados pessoais de terceiros, bem como as transferências de


dados de um ficheiro para outro salvo nos casos estabelecidos por lei ou decisão judicial.

5.4 DIREITO E CRIMES INFORMÁTICOS

O mundo da informática também é um campo onde existem crimes (acção ou


omissão) fazer algo, que infraconstitucional encontramos enquadramento legal punível de acordo
o Código Penal vigente actualmente, contempla os crimes informáticos, nos termos do Livro
segundo, Título VII, sob epigrafe Crimes Informáticos nos artigos 437.º ao 444º.

O mundo da internet é um berço de novas formas de criminalidade, tanto nos meios


usados como no perfil do criminoso.

O Direito da Informática deverá disciplinar juridicamente a utilização dos meios


informáticos, protegendo aqueles cujos direitos sejam violados pela utilização indevida daqueles
meios.

Assim a o Direito da Informática visa:

1. Protecção da reserva privada de cada um e os seus direitos, liberdades e garantias


fundamentais

2. Protecção dos dados pessoais a que devem ser tratados de forma lícita e com
respeito ao Princípio da Boa fé e reconhecido para finalidades determinadas, explicitas e
legítimas.

Desta feita são tidos como crimes informáticos:

O acesso ilegítimo a sistemas de informação e devassa através do sistema informático:


quem sem autorização aceder a totalidades ou a parte de um sistema informação, de que for
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Resumo de Introdução ao Direito 12ª Classe, Ciências Económico-Jurídica
Coordenadora: Rosa Gomes
Liceu nº 792- Lubango - Introdução ao Direito
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titular, é punido com pena de prisão ate 2 anos ou com multa ate 240 sias, este este acesso for
conseguido através da violação das regras de segurança ou de um serviço protegido apena vai de
2 a 8 anos nos termos do atrigo 438º CP.

Intercepção ilegítima em sistemas de informação: quem através de meio técnicos,


interceptar ou registar transmissões não publicas de dados que se processem no interior de um
sistema de informação (dispositivos ou redes de suporte de comunicação), a pena será de 2 anos
de prisão ou multa ate 240 dia, se esta intercepção for conseguida através da violação das regras
de segurança ou for efectuada a partir de um serviço legalmente protegido apena vai de 2 a 8
anos, a tentativa é sempre punível, nos termos do atrigo 439º CP.

Danos em dados informáticos, a sabotagem informática: quem, com intenção de causar


prejuízo a terceiro ou obter benefício para si ou para terceiro, alterar, deteriorar, inutilizar,
apagar, suprimir, ou destruir, no todo ou em parte, ou, de qualquer forma, tornar não acessíveis
dados alheios, é punível com multa de 360 dias a 8 anos dependendo da gravidade, a tentativa é
sempre punível, nos termos do artigo 439º CP.

Sabotagem informática artigo 441º CP É punido com pena de prisão até 2 anos ou multa
até 240 dias quem, de modo ilícito: alterar danificar, interromper, destruir, parte ou todo de uma
rede de comunicações electrónicas sistema informáticos; todo de uma rede de comunicações
electrónicas ou sistema informáticos; Perturbar gravemente o funcionamento de uma rede de
comunicações electrónicas, e sistemas informáticos; Se o dano emergente da perturbação for de
valor elevado, o agente é punido com a pena de prisão de 2 a 5 anos. Se o dano emergente da
perturbação for de valor consideravelmente elevado, ou atingir de forma grave ou duradoura uma
rede de comunicações electrónica, e sistemas informáticos que apoiem uma actividade destinada
a assegurar funções sociais essenciais, o agente é punido com a pena é de prisão de 2 a 8 anos.

Falsidade informática encontramos no artigo 442º CP Quem, com intenção de enganar


ou prejudicar, introduzir, alterar, eliminar ou suprimir dados em sistema de informação ou, em
geral, interferir no tratamento desses dados, por forma a dar origem a dados falsos que possam
ser considerados verdadeiros e utilizados como meio de prova, é punido com a pena de prisão até
2 anos ou com a de multa té 240 dias, pode ser alargada ate 10 anos para os funcionários
públicos no exercício de suas funções.

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Burla informática e nas comunicações: é punido com as penas estabelecidas para o crime
de furto qualificado (1 a 12 anos), prejuízo material causado, quem, com o propósito de obter
para si ou para terceiros vantagem patrimonial pelas formas descritas, causar a outrem prejuízos
de natureza patrimonial, artigo 443º CP

Reprodução ilegítima de programas de computador, bases de dados e topografia e


produtos semicondutores: quem ilegitimamente reproduzir, distribuir, comunica ao público ou
colocar à disposição do público um programa de computador protegido por lei é punido com
pena de prisão até 2 anos ou multa até 240 dias. Quem, não estando para tanto autorizado,
reproduzir, distribuir, comunicar ao público ou colocar à disposição do publico, com fins
comerciais, uma base de dados criativa é punido com pena de prisão até 3 anos ou pena de multa
até 360 dias, nos termos do artigo 444º CP

Conclusão

Este trabalho não está acabado, podendo ser alterado


paulatinamente e está sujeito a críticas trata-se de um
esforço para amenizar algumas dificuldades face a
escassez e dificuldades que muitos estudantes

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apresentaram aquando da obrigação de se fazerem


presentes com o manual.

Assim, temos acima descrito o resumo dos temas do


programa de Introdução ao Direito, adequados a situação
em que o país vive “Covid-19” e minimizar a carência de
material de apoio que muitos estudantes alegam.

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