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Matéria de Direito Empresarial

Conceito do Direito

O “Direito” definido como um sistema de regras de conduta social, obrigatórias


para todos os membros de uma certa comunidade, a fim de garantir no seu seio a
justiça, a segurança e os Direitos Humanos, sob a ameaça das sanções estabelecidas
para quem violar tais regras (Amaral, 2004:65).
O Direito é considerado como um sistema de normas de conduta social, mas
não só, como deve ser assistido de protecção coactiva (Mendes, 1994:11).

Na medida em que o contingente populacional de determinados grupos sociais cresceu


em número de habitantes, aglutinações de grupos ocorreram e, por consequência, houve
maior necessidade de uma sistematização do Direito.

Os grandes pensadores, dentre eles Rosseau, Platão, Montesquieu, Sócrates, Karl Marx,
Max Weber e tantos “filósofos e estudiosos” nas suas respectivas épocas, traduziram
bem a preocupação de que o ser humano poderia carregar em seu âmago (interior), um
instinto egoístico que obrigaria as comunidades e os núcleos sociais estabelecerem
critérios de convivência, que inibissem a actuação individual em detrimento dos direitos
colectivos.

Conceito de comércio
Etimologicamente, o termo “comércio” vem do latim, commercium, que quer dizer
“tráfico de mercadorias” e tal significa a troca voluntária de produtos e serviços por
outros produtos ou por valores, ou mesmo de valores entre si, estando implícito o acto
de negociar, vender, revender e comprar algo. Ex. antes era por via de Escambo, e,
posteriormente, com a evolução das sociedades, transacções através da Moeda
(dinheiro).

Conceito do Direito Empresarial/Comercial


O Direito Empresarial/Comercial é definido como ramo do direito privado, composto
por um sistema de normas jurídicas com a função de disciplinar os actos do comércio e
os empresários comerciais (Junior, 2013:28).

O Direito Empresarial/Comercial é o ramo do direito privado, composto por um sistema


de normas jurídicas com a função deregular a actividade dos empresários comerciais, bem
como os actos considerados comerciais nos termos da lei (por Marcolino Mendes).

O Direito Empresarial é um ramo especial perante o Direito Civil e não excepcional porque o
Direito Civil é a fonte do Direito Empresarial.

O Direito Empresarial/Comercial é responsável por regulamentar as relações


comerciais. Como todas as relações humanas, o comércio também precisa de regras com
vista à optimização de seu funcionamento e à protecção das partes envolvidas, daí,
surge o Direito Empresarial/Comercial.

As primeiras regras para regulamentarem o comércio encontram-se na Mesopotânia 1,


Egipto, Fenícia (noções do direito marítimo) , Palestina e Grécia (vestígios de Direito Marítimo). Como

1
É o nome dado para a área do sistema fluvial Tigre-Eufrates, o que nos dias modernos corresponde a
aproximadamente a maior parte do actualIraque e Kuwait, além de partes orientais da Síria e de regiões
ao longo das fronteiras Turquia-Síria e Irã-Iraque (https://pt.wikipedia.org/wiki, de 25 de Julho de 2017).
também, no Código de Hamurabi2 (Babilónia3 - anos 1700 a.C.) em que existiam
algumas normas sobre: sociedade, empréstimo, juros, depósito, comissão.

Objecto do Direito Empresarial/Comercial


O objecto do Direito Empresaria/Comercial é regular a actividade dos empresários comerciais,
bem como os actos considerados comerciais (art. 1 do Ccom).

Empresário comercial
É empresário comercial aquele que satisfazendo uma das categorias previstas no art. 2
do Ccom exerça actividades qualificadas como comerciais à luz do art. 3 do Ccom.
Exemplo, anteriormente, as actividades agrícolas e piscatórias não eram contempladas
como comerciais.

Direito público e direito privado


O Direito público é o ramo do Direito que diz respeito às normas jurídicas de natureza
pública, que tem por função principal regular a relação entre o Estado e os particulares,

2
Com o princípio de “olho por olho” e “dente por dente”que era no âmbito da aplicação da Lei do
Talhão. Este princípio de Talhão permitia que as pessoas fizessem a justiça por elas mesmas e de forma
desproporcional, no respeitante ao tratamento de crimes ou delitos, isto é, punido “Taliter”, ou seja, de tal

maneira igual ao dano causado ao outro.


3
Foi uma cidade da região homónima, na Mesopotâmia, situada nas margens do rio Eufrates. As suas
ruínas encontram-se a norte do centro da cidade actual de Al-Hillah, capital da província de Babil, no
Iraque, situada a 100km a sul de Bagdade.

A partir do início do 2.º milénio a.C. a cidade, até então pouco importante, tornou-se a capital de um reino
que estendeu progressivamente o seu domínio a toda a Baixa Mesopotâmia e até para além dessa região.
Conheceu o seu apogeu no século VI a.C., durante o reinado deNabucodonosor II, que governou um
império que dominou grande parte do Médio Oriente. Nessa época foi uma das maiores cidades do
mundo, cujas ruínas ocupam actualmente vários tells, numa área de cerca de 10 km².
(https://pt.wikipedia.org/wiki/Babil%C3%B3nia_(cidade), de 25 de Julho de 2017).
como tambémregular as organizações, funções, actividades do Estado e dos servidores
públicos.Os ramos de direito público consistem na defesa de interesses e bens
colectivos, em detrimento dos interesses privados.
O direito público é um ramo autónomo (pois, depende de si quando o direito privado depende do
Direito Público).O Direito públicopõe o Estado com a autoridade e supremacia (jus
imperii). Assim, o Estado tem sempre o poder e a vantagem sobre o cidadão comum,
pois, é o legislador e executor, em defesa do interesse da colectividade, Exemplo,
Direito constitucional, administrativo, processual, penal, financeiro, tributário, Fiscal,
etc.

O Direito privado é o ramo do Direito que diz respeito às normas jurídicas que cercam
a relação entre duas pessoas (singulares oucolectivas), sem dar privilégio ou poder de
autoridade a nenhuma das partes.

O Direito privado regulamenta a relação entre pessoas em pé de igualdade, mesmo que


a outra parte seja o próprio ente público. Exemplo, o Estado quando contrata serviços
aos particulares. Quando o Estado solicitaempréstimos. Aqui age no direito privado e
perde o jus imperiina relação.Exemplo, o Direito Civil, empresarial, industrial, agrário,
etc.

Evolução histórica do Direito Empresarial


O Direito Empresarial/Comercial surgiu na Idade Média devido à ascensão de formas de
comércio mais organizadas, surgimento das corporações de mercadores e o crescimento
das cidades medievais (idade média). Tudo isso gerou, naturalmente, a necessidade de se
criar normas que regulamentassem essas actividades, as quais foram criadas pela classe
comerciante.Desta feita, o Direito Empresarialé visto em três seguintes períodos
históricos:

Idade Média- tem por contexto o mercantilismo (doutrina que advoga o incremento da actividade
industrial e exportações, Sec. XVI-XVII) , o ressurgimento e crescimento das cidades, a aplicação
dos usos e costumes mercantis e a codificação privada do Direito Empresarial pelos
comerciantes.

Idade Moderna- com a formação dos Estados nacionais monárquicos e a consequente


monopolização jurisdicionalobjectiva, o Direito Empresarialdeixa de ser da classe dos
comerciantes e passa a valer para qualquer cidadão que transacciona comercialmente,
destaque para a Codificação Napoleónicaque influenciou em muitos países a bipartição
do direito privado pelo Civil e Empresarial/Comercial4.

Idade Contemporânea -tem como marco, o Código Civil italiano de 1942 e


caracteriza-se pela unificação formal do direito privado(que passou a reger relações mercantis + a

indústria e outras actividades antes não consideradas mercantis), pela prevalência da teoria da empresa no
regime jurídico-empresarial e pelo papel da empresa como actividade económica
organizada.

Evolução histórica do Direito Empresarial em Moçambique


O Direito Empresarial em Moçambique passa necessariamente pelo estudo do Direito
Português, pois, foi deste que se herda o Código Comercial Português de 1888, vigente
desde 1889 em Portugal e extensivo às províncias ultramarinas (colónias).O Direito
Empresarial/Comercial em Portugal também teve influência romana e do Direito
estatutário italiano.

4
A codificação napoleônica de 1804 (o Código Civil francês) e de 1808 (Código Comercial francês) divide
nitidamente o direito privado em direito civil e, de outro lado, o direito comercial. O Código
Napoleônico[3] era reconhecidamente um direito que atendia aos interesses da nobreza fiduciária e
estava fortemente concentrado no direito de propriedade. Por sua vez, o Código Comercial encarnava o
espírito da burguesia comercial e industrial, valorizando a riqueza mobiliária
(http://ambitojuridico.com.br/site/?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=13463 – pagina de 14
Agosto 2017).
O novo Código Comercial de Moçambiqueé de 2005 e foi aprovado pelo Dec. nr.
2/2005, de 27 de Dezembro. Com a entrada em vigor deste Código em diante, é que se
pode falar rigorosamente do Direito Empresarial/Comercial em Moçambique.

Este novo Código, já neste período da sua vigência, sofreu algumas alteraçõesatravés do
Decreto-lei nr.2/2009, de 24 de Abril e que têm a ver com a simplificação de
procedimentos, melhoramento do ambiente de negócios, bem como corrigir imprecisões
e suprir algumas lacunas e omissões.

Autonomia do Direito Empresarial


O Direito Empresarial é um ramo especial do Direito privado e autónomo na ciência de
Direito porque o tratamento da matéria empresarial/comercial ocorre em instrumento
próprio que é o Código Comercial.
É certo que o Direito Empresarial tem alguns ordenamentos ou matérias interpretadas
no Código Civil, todavia, este facto não retira, nem faz perder a sua autonomia, pois o
Direito Empresarial tem leis próprias e especificamente empresariais/comerciais, como
também é uma disciplina a ser leccionada como independente em muitas escolas de
Direito, e não só, constituindo mais uma prova para o reconhecimento da sua autonomia
pedagógica, científica e formal.

Fontes de Direito
As fontes do Direito são os modos de formação e revelação das normas jurídicas.
As fontes do direito são fundamentais na construção do direito positivo: o direito escrito
e interpretado que rege as relações humanas na actualidade. As principais fontes são as
leis, os costumes, a doutrina e a jurisprudência dos tribunais. Sendo que o costume é
caracterizado quando existe a reiteração de uma conduta na convicção da mesma ser
obrigatória, a doutrina é construída pelos estudiosos da área jurídica quando dão
interpretação do direito, e a jurisprudência é o resultado de decisões judiciais no mesmo
sentido, que resultam em novos entendimentos e compreensões do direito.

Fontes do Direito Empresarial


As fontes podem ser internas e externas.
1. Fontes internas
a) CRM (ex. artigos 96, 97, 99, 106 e 107); Código Comercial (ex. o art. 1 que
expressa como principal instrumento de regulação da actividade
comercial/empresarial e actividade dos empresários comerciais e os actos de
comércio); e o Código Civil (ex. art.6,9,10,12 sobre a vigência, interpretação e
aplicação das leis, art.1158 sobre o mandato comercial, etc.).
b) Outra legislação esparsa (ex. a que vem no plano temático –Regulamento do
Registo de Entidades Legais; Código da Propriedade Industrial; Regulamento do
Licenciamento da Actividade Comercial; e a Lei da Família);
c) Os usos e costumes (ex. nr. 1 do art. 480, nr. 3 art. 560 ex vi art 7 todos do Ccm);
referir que os usos e costumes no Direito Empresarial não resultam da
obrigatoriedade do Direito Consuetudinário, mas sim, da disposição legal que
manda aplica-lo, daí, a lei não estabelece os usos e costumes como direito mas sim,
usos de facto, por isso, sem força obrigatória;
d) Jurisprudência (Ex. a orientação de um Tribunal Superior para ser seguida pelos
tribunais inferiores, acontece principalmente no Direito Anglo-saxónico. Para o
nosso Direito o Juiz julga consoante a sua consciência;
e) Doutrina (também não é fonte de Direito Empresarial – serve apenas como meio
auxiliar de interpretação do Direito). Em regra, a doutrina só pode ser fonte do
Direito Empresarial quando seja produzida a luz do art. 2 do CC);
2. Fontes externas
Compreendeao conjunto de instrumentos internacionais assinados e ratificados por
Moçambique, que podem ser protocolos, tratados e convenções internacionais em
matéria empresarial/comercial ex. o Protocolo da SDAC, Convenção Mundial do
Comércio –CMC, etc.)5.

Interpretação da lei e integração de lacunas em Direito Empresarial

Usaremos os mesmos critérios gerais do Direito. A interpretação da lei é feita mediante


o valor das fontes (ex. autêntica ou legislativa,oficial ou administrativa,judicial ou
jurisdicional,doutrinal ou doutrinária), os elementos (ex. interpretação literal,racional
ou lógica, sistemática“relacionar a interpretação com o documento original ”, histórica)e resultado
(ex. extensiva, restritiva, ab-rogante, correctiva, etc).

Aplicação da lei empresarial no tempo e no espaço

Como regra geral, as leis sempre dispõem para o futuro, ainda que lhes sejam atribuída
a eficácia retroactiva, presume-se que ficam ressalvados os efeitos já produzidos pelos
factos que a lei se destina a regular (nr. 1 art. 12 CC).

A eficácia das normas empresariais cumpre os seguintes passos:

1. No tempo

a) Início da sua vigência: a lei só ganha eficácia com a sua publicação no Boletim da
República - BR (artigos 5, 279, 296, 297 CC);

b) A sua Cessação: quando haja revogação (artigo 7 CC);


5
Ex. é nos instrumentos internacionais que podemos encontrar a proibição do dumping.Dumping é uma
prática comercial que consiste em uma ou mais empresas de um país venderem seus produtos,
mercadorias ou serviços por preços extraordinariamente abaixo de seu valor justo para outro país (preço
que geralmente se considera menor do que se cobra pelo produto dentro do país exportador), por um
tempo, visando prejudicar e eliminar os fabricantes de produtos similares concorrentes no local, passando
então a dominar o mercado e impondo preços altos. É um termo usado em comércio internacional e é
reprimido pelos governos nacionais, quando comprovado (https://pt.wikipedia.org/wiki/Dumping, pagina
de 14 Ago 2017).
c) A sua Sucessão: a lei nova faz cessar a anterior e passa a dispor para o futuro, ainda
que lhe seja atribuída a eficácia retroactiva.

2. No espaço

As leis empresariaissó se aplicam no espaço territorial ou Estado do que dimanam ou a


certos espaços empresariais nesse Estado compreendidos.

Analogia em Direito Empresarial

Tal como referimos que o Direito Empresarial/Comercial é um ramo especial em


relação ao Direito Civil e não excepcional, como também o Direito Civil é fonte do
Direito Empresarial, podem aplicar-se as Normas Civis ao Direito Empresarial, ao
abrigo do art. 7 do C.com, porém, pressupõe-se um conjunto de requisitos a saber:
a) Existência de uma lacuna jurídica;isto é, inexistência de uma norma concreta aplicável a certa
situação que reclama regulamentação em matéria empresarial/comercial.

b) Existência de uma norma civil análoga susceptível de ser aplicável para regular o
caso não coberto;
c) A não contrariedade desta norma aos princípios e valores do Direito
Empresarial/Comercial;

NB: em nenhum momento pode recorrer-se à aplicação de analogia na qualificação de


actos como comerciais.

Relação do direito empresarialcom outros ramos do direito

Direito empresarialvsDireito Civil,as relações entre estes dois ramos são íntimas.O
Direito Civil é um direito privado comum e geral porque regula a generalidade das
relações jurídico-privadas.
O Direito Empresarial/Comercial regula uma parte destas relações privadas, as que
compõem o exercício da empresa comercial e a prática dos actos docomércio. O Direito
Civil é subsidiário do Direito Empresarial/Comercial, havendo uma lacuna no Direito
Empresarial/Comercial, recorre-se ao Direito Civil, contanto que se observem os
requisitos previstos no art. 7 do C.com.

O Direito Empresarialvs Direito Constitucional, há uma relação de subordinação


onde no Direito Constitucional prevalecem os princípios ou normas fundamentais para
um ordenamento jurídico e o Direito Empresarial baseia-se nessas normas ou princípios
que o Direito Constitucional dispõe (nr. 4 doart.2 da CRM “As normas constitucionais prevalecem
sobre todas as restantes normas do ordenamento jurídico”).

Direito Empresarialvs Direito Administrativo, o Direito Administrativo organiza o


espaçogeográfico, regras administrativase as relações entre os Agentes Económicos e o
Estado. Aos Agentes Económicosrecaemobrigações para com o Estado, como também a
constituição de sociedades comerciais está condicionada ao respeito de sectores
deixados à disposição dos particulares por normas da administração.

Direito Empresarialvs Direito Criminal, o Direito penal é aplicável aos sujeitos do


Direito Empresarial do mesmo modo que o faz relativamente aos demais sujeitos do
Direito. Aos ilícitoscriminais ou contravenções cometidas pelos empresários comerciais
o Direito Penal sanciona através dos seus mecanismos.

Características do Direito Empresarial

O Direito Empresarial tem um conjunto de características peculiares que o fazem


especial, a saber:

Cosmopolitismo(universalizar ou internacionalizar) – por ser um ramo tendencialmente universal


se assumirmos a funcionalidade do exercício do comércio (funcionam práticas internacionais devido ao
investidores estrangeiros e muitas transacções com o exterior). Por exemplo, aos contratos comerciais
internacionais que não raras vezes diferem bastante ao regime dos contratos do direito
interno, mas, mesmos assim, o internacionalismo do Direito Empresarial prevalece
como sua característica tendencial, apesar de actualmenteter-se a ideia de considera-lo
um regime do comércio interno.

Dinamismo –é um direito de rápida evolução. Estacaracterística é de facto intrínseca


ànatureza da actividade que a lei empresarial/comercial regula. O exercício do
comérciode per si, não se compadece com o estaticismo. Os mecanismos de exercício
do comércio têmtendências amodernizarem-see com muita rapidez.Provadisso é o
surgimento de novas formas de contratação empresarial/comercial, ou seja, novos
contratos comerciais que muitas vezes o legislador não os acompanha com a devida
regulamentação;

Flexibilidade- esta característica está associada a anterior. É um direito flexível, um


direito que admite margens de manobra dos seus actores(Ex. negócios lícitos para
justificar o ilícito; branqueamento de capitais, burla, sequestros….);

Informalismo - que equivale dizer que o Direito Empresarial é tendencialmente um


direito informal,no sentido de que no processo da sua aplicaçãonão obedecerequisitos
rigorosos tal como acontece no Direito Civil. Por exemplo, os mecanismos de prova dos
actos comerciais são mais simples se comparados com os do Direito Civil;

Presunção de solidariedade - em direito empresarial vigora a presunção de


solidariedade entre os sócios e tem em vista dar maior segurança no fluxo comercial;

Onerosidade - o Direito Empresarial envolve em regra actos não gratuitos, a


gratuitidade não é norma em Direito Empresarial. Por exemplo, o mandato civil pode
ser gratuito ou oneroso nos termos do art.1158 do CC, porém, o Mandato Comercial é
sempre oneroso(porque é feito e exercido no âmbito da profissão).
Liberdade de concorrência - é uma característica associada ao modelo económico em
vigor, do qual, resulta a liberdade de exercício do comércio(Ex. Economia de Mercado
ou contraposição a Economia Centralizada);

Protecção do crédito e da boafé - exactamente pelo facto de ser um ramo


tendencialmente informal e flexível preocupa-se com a protecção do crédito (confiança). A
boa fé entre os operadores comerciais permite que as negociações e a contratação corra
com maior fluidez e respeito entre as partes.

Facilidade da prova - a matéria da prova em Direito Empresarial não étão forte como
em Direito Civil. O simples recibo de compra de certa mercadoria constante da escritura
mercantil do empresário comercial prova a existência do contrato de compra e venda
mercantil.

Concepção de Direito Empresarial

O Direito Empresarial é associado àactividade empresarial, havendo por isso, autores


que tendem a considera-lo “Direito de Empresas”.

Em algumas Universidades pelo mundo fora, como cá entre nós, ensina-se o Direito
Empresarial mas o conteúdo da matéria coincide na totalidade com o que se ensina em
Direito Comercial, por isso, tratar esta cadeira de Direito Empresarial como Comercial é
equiparável.

Empresário comercial

O art. 2 do C. Com preceitua as categorias legais de empresário comercial, no sentido


em que os empresários comerciais como pessoas singularessão designadas por
comerciantes em nome individual e por outro lado, as pessoas colectivassão
designadas por sociedades comerciais.
O Empresário Comercial pode ser definido nos termos previsto no art. 2 em conjugação
ao art. 3 ambos do C.Com.

Para se adquirir a qualidade de empresário comercial é necessário que haja a


práticaregular, habitual, sistemática dos actos de comércio.

O exercício profissional deve ser de modo pessoal, independente e autónomo, isto é,


em nome próprio sem subordinação de outrem.

Personalidade jurídica do empresário comercial (pessoa singular)

Em relação à personalidade jurídica, o empresário comercial, como pessoa singular


pode adquirir com o nascimento completo e com vida nos termos do nr. 1 doart. 66 do
C. Civil.

Capacidade jurídica/comercial do empresário comercial (pessoa singular)

A capacidade comercial é a susceptibilidade que as pessoas podem ser sujeitas perante


quaisquer relações jurídicas comerciais. Isto consiste em ser sujeito de direitos e
obrigações. A capacidade jurídica distingue-se entre a capacidade de exercícioex. ser
empresário comercial caso reúna os requisitos (porque, se for um incapaz não pode
exercer) e a capacidade de gozo ex. ter uma viatura (registada em seus nomes) o que
não poderá acontecer com um menor de idade não emancipado.

Capacidade comercial do menor

É menor toda a pessoade um ou outro sexo enquanto não perfizer vinte um anos de
idade, nos termos preceituados no art. 122 C. Civil. Em princípio, os menores estariam
feridos de incapacidade de exercício profissional da actividade empresarial por força do
princípio de equivalência, consagrado no art. 9 do C. Com, salvas as excepçõesprevistas
no art. 10 C.Com que é a autorização por escrito, podendo até impor limitese condições
dos poderes autorizados aos menores.
Situação particular dos incapazes

Os incapazes não podem exercer a profissão de empresário comercial.A plena


capacidade empresarial/comercial depende de uma pessoa ter a capacidade civil e não
estar abrangida por alguma norma que estabeleça uma restrição ao exercício do
comércioex. a FDC exerce uma série de actividadesbeneméritas e sem visar o lucro,
porém, esta pode vender um certo bem da sua pertença, este será regulado pela lei
comercial mas a FDC não será por isso empresa comercial.

Impedimentos e proibições legais ao exercício da actividadecomercial

Os administradores das Sociedades por quotas não devem exercer por conta própria ou
alheia, actividade abrangida no objecto social da sociedade,sem o consentimento
expresso dos sócios, como forma de evitar a concorrência que até pode ser desleal (art.
324 C.Com).

Quem não estiver compreendido nas categorias legais para a prática de actos de
comércioirá consubstanciar o crime de exercício ilegal de profissão titulada, previsto e
punido nos termos da legislação penal (Parágrafo 2º do art. 236antigo CP).

Incompatibilidadeao exercício da actividadecomercial

É o impedimento em praticar certos actos ou negócio de acordo com a função ou


posição que um sujeito ocupa ex. os magistrados não podem simultaneamente serem
magistrados e empresários comerciais, conforme o plasmado no artigo 219 e nr. 2 doart.
234 ambos da CRM.

Situação dos cônjuges

No passado, a mulher carecia de autorização do marido para o exercício da actividade


de empresário comercial, o que veio alterar com as previsões de igualdade em todos os
cidadãos conforme os art. 35, 36 CRM e concretizado pelo nr. 1 doart. 11 C.Com.
Apesar do princípio da independência de qualquer dos cônjuges poder praticar
aactividade de empresário comercial, há limites relativamente aos actos que
compreendem o exercício da empresa comercial que possa afectar o património comum
do casal, dando-se a prerrogativa a um dos cônjuges o poder de uso de mecanismos
legais para se opor contra actos praticados pelo outro e em seu prejuízo. Ex. quando um
dos cônjuges quiser prestar o aval de títulos de crédito ou outra garantia – deverá obter
anuência expressa do outro cônjuge sob pena de nulidade do acto praticado, exceptoaos
bens pessoais em regime de separação de bens ou de comunhão de bens adquiridos.

Havendo separação de pessoas e bens nos termos do art. 176 da Lei da Família ou
havendo apenas separação de bens, o cônjuge empresário comercial que tiver contratado
obrigações no âmbito do exercício da sua empresa comercial iráresponder pelo seu
património não dotal(conjunto de bens próprios que a mulher leva quando se casa), podendo, para actos de
comércio,empenha-los, vende-los,hipoteca-los e aliena-los sem a dependência de
autorização do outro cônjuge, excepto se os cônjuges constituírem conjuntamente e
como sócios numa sociedade por quotas de responsabilidade limitada nos termos
previstos no art. 284 C.Com.

Obrigações especiais dos empresários comerciais

O art. 16 C.Com enumera as obrigações especiais dos empresários comerciais, o que


nos pode fazer concluir que há para além destas, outras obrigações que como tal, são
gerais. Embora assim o pareça, não se pode considerar que os deveres profissionais dos
comerciantes se esgotam neste artigo. Verdade é que este artigo tem a particular
relevância de definir o estatuto jurídico-comercial da profissão de empresário comercial.

Relativamente a estas obrigações, os pequenos empresários, cuja qualificação deve ser


feita com base em escritórios fixados por lei, podem ser dispensados em parte ou no
todo delas.
Assim, constituem obrigações dos empresários comerciais as seguintes:

a) Adoptar uma firma;

b) Escriturar em ordem uniforme as operações ligadas ao exercício da sua empresa;

c) Fazer inscrever na entidade competente os actos sujeitos ao registo comercial;

d) Prestar contas.

Firma

A firma é o sinal distintivo do estabelecimento comercial e ela pode ser constituída


livremente.A firma é o sinal que pretende distinguir o empresário comercial em si dos
demais.

A firma é transmissível quer entre vivos como mortis causa (art. 36 C.Com) e tal, só
ocorre com a autorização do cedente e a transmissão somente é possível mediante a
transmissão do próprio estabelecimento ou empresa comercial a que se achar ligada e é
sujeita a registo.

No seu sentido subjectivo,esta distinção significa que o seu nome comercial ao lado do
seu nome civil (tratando-se de empresário comercial pessoa singular), no sentido em
que o sinal que vai usar no exercício da empresa comercial, donde resulta que, tratando-
se de empresário comercial pessoa singular,a firmadeve ser constituída com base no seu
nome civil e por isso, em princípio intransmissível ou seja, a sua transmissibilidade,
neste sentido, implicaria a transmissão do nome civil que como tal constitui a própria
firma.

Tipos de firma
Firma, é o nome sobre o qual se exerce uma actividadeeconómica. Firma é considerada como o sinal nominativo e
distintivo para com as outras ou terceiros.

Os tipos de firma podem ser:

1. Firma-nome: quando a firma é formada por um nome ou demais pessoas. Ex.1 Mosal; Ex.
2 José Mendes, Abdul e Joao, Lda; Ex.3 KPMG.

2. Firma denominação ou simplesmente denominação: quando constituída com a expressão


relativa ao tipo de actividade que ela exerce ou se propõe exercer, editada ou não de
elementos de fantasia(nome comercial que pode ser usado para estampar nos produtos, nas publicidades ou
chamar a própria firma). Ex. Coca-cola, Telecomunicações de Moc; Electricidade de Moc???

3. Firma mista: aquela que resulta da conjugação dos elementos anteriores (1 e 2) na


composição de uma mesma firma.Ex. José Mendes, Advogados e Consultores, Lda.; Joao Manuel, Fiscalistas, Lda

Em qualquer dos casos (1,2,3) a firma é um sinal nominativo e não emblemático e como
a firma desempenha o mesmo papel desempenhado pelo nome civil, todo o empresário
comercial, quer seja pessoa colectiva ou singular deve adoptar uma firma.

Princípios constitutivos da firma

Toda norma jurídica emana de uma razão, de um fundamento, que é o seu princípio.
Assim, princípio é onde começa algo. Início, origem, começo, causa. Fonte primária ou
básica determinante de alguma coisa. São os alicerces do direito que não estão definidos
em nenhuma norma legal.

Os princípios jurídicos podem ser definidos como sendo um conjunto de padrões de


conduta presentes de forma explícita ou implícita no ordenamento jurídico. Os
princípios, assim como as regras, são normas. A distinção entre esses dois elementos é:
Regra tem uma única dimensão: a da validade. Se for válida, a regra deverá ser aplicada
integralmente, em sua totalidade, ou não ser aplicada. Princípio, por sua vez, apresenta
a dimensão de peso ou importância, não fazendo sentido falar em validade. Nos
princípios podem coexistir dois ou mais sobre a mesma matéria, mesmo conflituando,
enquanto nas regras, uma revoga a outra.
Violar um princípio é muito mais que violar uma regra, pois implica ofensa não apenas
de um mandamento obrigatório, mas a todo um sistema de comandos. Princípios
informam, orientam e inspiram regras gerais.

1. Princípio da verdade: a firma deve espelhar a realidade a que se reporta, não induzir
em erro relativamente à caracterização jurídica da ente, identificação, natureza,
dimensão e actividade do seu titular, por isso, na composição da firma não se pode
utilizar elementos característicos que sugiram actividades diferentes das que o seu
titular se propõe realizar. A firma da pessoa singular deve basear-se apenas no seu
nome, abreviaturas ou até de uma alcunha pela qual é conhecida ou de expressão que
manifeste a sua especialidade (art. 19 C. Com).

É proibido às pessoas colectivas de fins lucrativos o uso de expressões que sugiram a


existência de um ente público ou associação sem fins lucrativos. Por outro lado, uma
firma deve ter em conta os princípios morais e históricos e nada de publicidades imorais
ou tudo o que possa ser ofensivo de bons costumes. Resumindo, este princípio apregoa
o dever de cumprimento aos requisitos legais aflorados no art. 26 do C. Com.

2. Princípio da novidade: consiste na manifesta distinção entre a firma e as demais já


registadas. A firma deve ser distinta e insusceptívelde confusão ou erro com qualquer
outra fima já registada, daí a obrigatoriedade das firmas registadas fora do país, para a
sua admissibilidade entre nós, carecerem do registo em Moçambiquede modo a evitar a
indução em confusão ou erro (art. 20 e 23 ambos do C. Com).

3. Princípio da exclusividade: apesar de o Código Comercial não prever


expressamente, este cinge-se mais na protecção do uso ilegal da firma por parte de
terceiros. Este princípio impõe que a firma deve ser exclusiva do ente a que diz respeito,
porém, tal só acontece após o registo pelo titular e na entidade competente, sem prejuízo
da declaração de nulidade, anulação ou caducidade (art. 24, 38 a 41 todos do C. Com).

4. Princípio da Unidade: o comerciante individual deve adoptar uma só firma,


composta pelo seu nome, completo ou abreviado, conforme seja necessário para a
identificação da pessoa, podendo aditar-lhe alcunha ou expressão alusiva à actividade
exercida. O comerciante pode ter várias actividades comerciais com uma só firma(art.
19, 26 C. Com??).

Registo Comercial

Os empresários comerciais quer sejam pessoas singulares ou colectivas ou sociedades


civis sob forma comercial(organização que palestrou na KPMG sobre hipertensão e começou a vender

livros) são obrigados a inscrever no Registo os actos a ele sujeitos (art. 2 do Código do
Registo de Entidades Legais – CREL, aprovado pelo Dec-Lei nr. 1/2006, de 3 de Maio).

Em conformidade com o artigo 58 e 59 do C. Com conjugado com artigo 3 doCódigo


do Registo de Entidades Legais,existe um elenco de actossusceptíveisde registo pelo
empresário comercial.

O registo comercial, tem por fim publicar os actos que compreendem a descrição, a
identificação do empresário e todos os actos relevantes que como tal a lei os qualifica e
por isso sujeitos a registo (art. 1 do CREL).

Vantagem do registo

A vantagem do registo está na publicidade, pois, através do registo publicam-se as


actividades do empresário comercial para o conhecimento, não só daquele que contrata
comoo empresário comercial, como também do público em geral nos termos do art. 58
do C.Com.
O registo comercial não trata somente da actividade jurídico-mercantil dos empresários
comerciais, como é extensivo ao registo de outro tipo de bens móveis sujeitos à registo
ex. viaturas, barcos, navios, etc relativamente aos quais, pode existir paralelismo entre o
registo de bens objecto de propriedade visando dar publicidade como condição de
eficácia relativamente a terceiros, não apenas na sua transmissão como também em
relação a certos ónus que recaiam sobre esses bens.

Estabelecimento comercial

Estabelecimento comercial é o conjunto de bens que o empresário reúne para a


exploração da sua actividade económica, correspondendo ao preceituado no artigo 69 do
C. Com. A partir deste dispositivo legal, estabelece-se a protecção jurídica
individualizada.

O exercício das operações incluídas no Direito Empresarial pressupõe a existência de


uma actividade (empresa) exercida por um sujeito (empresário) que normalmente
viabiliza o exercício de tal actividade por meio de um complexo de bens que se
denomina por estabelecimento comercial ou fundo do comércio (conjunto de bens corpóreos que
facilitam o exercício do comércio, do francês founds commerce).

Elementos do estabelecimento comercial

Os elementos do estabelecimento comercial são corpóreos e incorpóreos.

a) Elementos corpóreos: são os materiais e constituem aos bens que integram o


estabelecimento comercial, sejam eles móveis ou imóveis. Entre vários bens móveis,
podemos ter coisas fungíveis (Bens fungíveis são aqueles que podem ser substituídos por outros de
mesma espécie, qualidade e quantidade, por exemplo, o dinheiro. Bens infungíveis são os que não podem ser
substituídos por outros da mesma espécie, quantidade e qualidade, por exemplo, os móveis que podem

substituir-se por outros da mesma espécie, qualidade e quantidade.). Dos bens imóveis, destacam-se
as instalações onde funciona o estabelecimento comercial, mercadorias para venda,
matérias primas, produtos acabados, máquinas, meios de transporte, etc.

Coisa, define-se como “tudo aquilo que pode ser objecto de relações jurídicas” (art.
202 CC).

Coisas imóveis são: prédios rústicos e urbanos, as águas, as árvores, arbustos, frutos
naturais (enquanto estiverem ligados ao solo), os direitos inerentes aos imóveis aqui
mencionados, e as partes integrantes dos prédios rústicos e urbanos (art. 204 CC).

Coisas móveis são todas que não fazem parte das coisas imóveis acima arroladas
(art.205 CC).

b) Elementos incorpóreos ou imateriais: são os direitos emergentes dos contratos


relativos ao estabelecimento comercial, as prestações de serviço, os direitos reais de
gozo (o usufruto do estabelecimento), as obrigações do empresário no
estabelecimento (são obrigações assumidas com os fornecedores), os direitos de
propriedade industrial que recaem sobre as patentes, marcas, nome e insígnias 6 do
estabelecimento.

Aviamento e Clientela

Aviamento é a capacidade do estabelecimento comercial produzir lucros ao empresário


comercial.

O valor do aviamento é determinado com base no volume das vendas na data do


apuramento do seu valor substituído o valor dos bens móveis e imóveis existentes na
contabilidade do empresário. Exemplo, se o valor total dos bens móveis e imóveis é de
oitenta e o volume das vendas na data do apuramento é de cem, significa que o
aviamento corresponde a vinte.

6
Definir????
Clientela

A clientela é o conjunto de pessoas que têm com a empresa relações contínuas de


aquisição de bens ou serviços ou que potencialmente possam justificar a espectativa de
nela irem adquirir serviços, produtos ou mercadoria (Júnior, 2013:87).

A Clientela pode ser certa e virtual (desenvolver).

Escrituração Mercantil

A escrituração mercantil consiste em registar todas as actividades feitas pelo empresário


comercial em livros próprios que a lei impõe e pretende-se com ela, dar a conhecer a
situação empresarial e financeira do património do empresário comercial (al b) do art.
16 conj. com o Art. 42 ambos do C. Com).

Chama-se escrituração mercantil, o processo de lançamento dos actos relativos a


empresa nos livros que para aqueles fins os comerciantes são obrigados a adoptar.

A escrituração mercantil é obrigatória e deve efectuar-se em livros como, o Diário, o


Livro de Inventário e Balanço, Livros de Actase outros livros obrigatórios,
estabelecidos por lei (art. 43 C. Com).

Importância da escrituração

Art. 42 C.Com???

A escrituração tem a seguinte importância:

a) O empresário passa a conhecer a sua situação patrimonial, direitos e deveres;

b) Serve de meio de prova dos factos registados, em caso de litígios entre empresários;

c) Serve como meio de verificação da regularidade da conduta do empresário


comercial;
d) Em caso de suspeita de falência, ajuda as autoridades competentes a aferirem se é
real ou fraudulenta;

e) Serve de base para a liquidação dos impostos e fiscalização do cumprimento de


normas tributárias entre outras funções;

Forma de escrituração

A escrituração é feita nos termos do art. 48 do C. Com.

Nos termos do art. 49 do C. Com estabelece-se a obrigação do uso da moeda e língua


oficial, individualização, clareza e ordem cronológica da escrituração.

Os sócios da empresa estão adstritos à direitos e deveres, onde, entre outros, o dever de
informação (arts. 54, 55, 56, al b) do art. 104 e 122 todos do C. Com).

Função dos livros obrigatórios

a) O LivroDiário (art. 45 C. Com);

b) Livro de Inventário e Balanço (art. 46 C.Com);

c) Livro de Actas (art. 47 C.Com);

d) Livro de Razão7

Actos, factos e efeitos Jurídicos(art. 4 e 5 C.Com)

Para se entender o acto jurídico, primeiro vamos definir o Facto Jurídico:


Facto Jurídico: é todo o acto humano ou acontecimento natural juridicamente
relevante. Esta relevância jurídica traduz-se principalmente, senão mesmo
necessariamente na produção de efeitos jurídicos. A constituição de uma relação
jurídica depende sempre de um evento.

7
Serve para dar a conhecer os gastos por grupo ou conta num certo período que podem ser gastos do mês -
Ex. conta de despesas de combustível, comunicação, salários, etc
Diferença entre factos jurídicos e efeitos jurídicos: Os factos jurídicos são sempre
acontecimentos do mundo real que o Direito toma como causas de certas consequências
juridicamente atendíveis. Os efeitos jurídicos serão as consequências desses factos
jurídicos.
Acto jurídico: é uma manifestação de vontade e que como tal, a norma atribuí efeitos
jurídicos. Nos diversos actos humanos existe sempre uma manifestação de vontade,
sendo que esta é o elemento relevante do acto jurídico, que é entendido e considerado
pelo direito. Ex. actos lícitos e actos ilícitos, actos jurídicos positivos e negativos.

Actos de comércio(jurídicos????)

Nos termos legais, a expressão actos de comércio é usada em sentido amplo, abarcando
vários acontecimentos que consubstanciam as actividades comerciais e por isso
assinaladamente efeitos jurídicos comerciais, nomeadamente, os factos jurídicos
voluntários lícitos ou ilícitos ou ainda simples negócio jurídico. Os actos de comércio
tem a sua previsão legal nos termos plasmados nos artigos 4 e 5 do C. Com.

Classificação dos actos de comércio


a)Actos de comércio subjectivo, são os classificados em função do sujeito que os
pratica, isto é, a qualificação do acto como sendo do comércio terá como base a pessoa
que à luz do art. 3 C.Com pratica uma daquelas actividades previstas. Deste modo, os
actos praticados pelo empresário comercial no exercício da empresa comercial
presumem-se de comércio, salvo se das circunstâncias que rodeiam a sua prática, resulte
o contrário. Ter-se-á assim, de verificar não só o acto em si, mas, as circunstâncias que
rodeiam o acto. Se por exemplo, usou o capital social, se praticou uma compra com
intenção de revenda, etc.

b) Actos de comércio objectivo, é todo aquele acto que independentemente do sujeito


ou da qualidade do sujeito, encontra-se previsto no Código Comercial ou Código Civil
ou ainda, em qualquer legislação extravagante que qualifica o tal acto como sendo de
comércio (Cfrnº 1 do art. 4º do C.Com).

Há actos exclusivamente civis, aqueles que não têm qualquer potencialidade de


consubstanciar actos de comércio, por isso, nunca seriam regulados na Lei Comercial,
ex. a doação.

Quando o legislador na parte final do nº 2 do art. 4 do C.Com exprime a ideia de que o


acto só não será comercial quando praticado pelo empresário comercial se das
circunstâncias que rodearam a sua prática resultar o contrário, quis, na nossa opinião
afastar essa presunção que poderia recair também sobre os actos exclusivamente civis.
Ao acto exclusivamente civil não há como representar a sua comercialidade mesmo
quando praticado pelo empresário comercial. Por exemplo, o casamento ou a
perfilhação praticada pelo empresário comercial.

c) Acto unilateral, quando uma das partes intervenientes é empresário comercial e a


outra não é. Nos termos do art.5 do C. Com, esse acto é regulado pela lei comercial
relativamente aos dois sujeitos, salvo no que só e deva aplicar ao empresário comercial
de acordo com a sua qualidade.

d) Acto bilateral, quando os dois são empresários comerciais e realizam um acto de


comércio ou seja, o acto é comercial para as duas partes. Uma compra realizada por um
empresário num armazém de outro empresário comercial com a finalidade de revenda.

Assim, o acto de comércio não é em função da pessoa que o praticou, mas sim em
função da sua qualificação como tal pela lei.

e)Actos de comércio absolutos, aos actos que têm de per si, a natureza comercial, isto
é, os actos que devem a sua comercialidade á sua natureza intrínseca, ou, ainda dada a
sua natureza fundam-se no próprio comércio, na vida empresarial.
f) Actos de comércio por conexão, os actos cuja comercialidade, a lei outorga tendo
em consideração a sua especial relação com certo acto de comércio, ou com o comércio,
ou seja, são actos comerciais com razão da sua peculiar ligação a um acto de
comércio absoluto ou uma actividade classificada como comercial. Portanto, tudo
depende da sua relação de conexão ou acessória, quer com acto de comércio
fundamental, quer com a exploração de uma empresa mercantil.

Para a maioria dos comercialistas, os actos de comércio acessórios comportam a


totalidade dos actos de comércio subjectivos, na tal teoria chamada, teoria da conexão
subjectiva, mas também abrangem uma diversidade de actosobjectivos, como por
exemplo, empréstimo, mandato (procuração, representação), que a lei a chama de conexão
objectiva.

g) Actos de comércio causais, os actos relativamente aos quais a lei os contempla e os


regula de forma a preencher ou determinar uma certa causa-função jurídica económica.
Ex: compra e venda tem por causa a alienação de um bem mediante a aquisição de um
preço.

h) Actos de comércio abstratos, os que se manifestam com vista a preencher uma


diversidade de causas-funções, podendo as relações jurídicas que delas emanam ter uma
vida autónoma das relações que lhes deram origem. Na verdade o acto de comércio
abstrato tem também uma causa. No entanto, esta causa não é típica, podendo integrar-
se numa das diferentes relações jurídicas integradas ao acto. Ex: negócios jurídicos
cambiários, que são negócios praticados no âmbito dos títulos de crédito, que tanto
podem ser de origem de um contrato de compra e venda, de empréstimo, etc.

i) Actos de comércio puro, os actos comerciais relativamente a todos os sujeitos, são


também designados actos bilateralmente comerciais (os dois intervenientes são
empresários comerciais).
j) Actos de comércio misto, também designados unilateralmente comerciais são-no
relativamente a uma das partes e nos termos do art. 5 C. Com, são regulados à luz do
código comercial, em relação a todos contratantes à excepção daqueles que são
aplicáveis aos comerciantes pela natureza de seu empresário comercial.

l) Actos de comércio formalmente comerciais, os que são regulados na lei comercial


como um esquema formal que permanece aberto para dar cobertura a qualquer conteúdo
e abstraem no seu regime de objecto ou fim para que são utilizados.

m) Actos substancialmente comerciais, os que têm a comercialidade em razão da


própria natureza, isto é, por representar em si mesmos actos próprios da actividade
materialmente.

Títulos de crédito

Os títulos de crédito são muito utilizados quando existe uma obrigação financeira entre
duas pessoas, quer singulares ou colectivas, nas quais o pagamento não é feito no
momento da celebração do negócio8, ou seja, os títulos de crédito representam uma
garantia de pagamento a prazo do devedor. Assim, os títulos de crédito asseguram
ambas as partes e o devedor através desta, pode futuramente comprovar o pagamento e,
o credor assegurar-se do pagamento, não correndo o risco de ter prejuízo.

Principais títulos de crédito


a)     Letra: É um título de crédito, através do qual o emitente do título,
chamadosacador dá uma ordem de pagamento(saque) de uma dada quantia, em dadas
circunstâncias de tempo e lugar, a um devedor(sacado) ordem essa a favor de uma
terceira pessoa (o tomador).

Como o título de crédito é rigorosamente formal, a letra é destinada à circulação, a qual


se efectua através de endosso, sendo portanto, um título à ordem. O tomador poderá

8
Em contraposição ao pagamento à vista que é feito no momento da celebração do contrato. O que é
pagamento à pronto?
assumir a qualidade de endossante, transmitindo a letra a um endossado, o qual, por sua
vez, poderá praticar actoidéntico a favor de um outro acto endossado e assim por diante.

A letra é uma ordem de pagamento à vista ou a prazo. Assim, verifica-se


uma relação entre pessoas que ocupam três posições diferentes: o Sacador
que é quem emite o título (Credor ex. Motorcare?); o Sacado que é aquele
contra quem é emitido o título deve efectuar  o pagamento, caso o aceite
(Banco??); e por último, o Tomador do título ou beneficiário (Devedor).

b)   livrança: Menciona uma promessa de pagamento, de uma certa quantia, em dadas


condições de tempo e lugar, pelo seu subscritor ou emitente, a favor do tomador ou de
um posterior endossado que for seu portador legítimo no vencimento.

Uma livrança é um documento onde o consumidor ou empresa se compromete a pagar o


montante da dívida à entidade financiadora. Normalmente, estes títulos de crédito fazem
parte integrante de um crédito em que, um banco só lhe concederá um empréstimo
depois deassinar a livrança. Assim caso o devedor não pague as prestações o banco
poderá usar esta garantia.

As empresas recorrem a este tipo de financiamento no sentido de obterem recursos


financeiros de curto prazo, cobrir despesas de exploração e necessidades de tesouraria

A livrança é, também um título à ordem, transmissível por endosso e rigorosamente


formal.

C) Cheque: Exprime uma ordem de pagamento de determinada quantia, dada por um


sacador a um sacado, que tem a particularidade de ser necessariamente um banco, uma
instituição de crédito habilitada a receber depósitos de dinheiro mobilizáveis por esta
forma, e a favor de uma pessoa denominada tomador, portanto um meio de pagamento
ao próprio depositante ou a terceiro, a realizar pelas forças do depósito existente na
instituição de crédito.

Tipos de sociedades comerciais (art. 253 a 331 C.Com)


Os tipos de sociedades são:
1. Sociedade por Quotas (art. 283 ss C. Com);
2. Sociedadepor Quota Unipessoal (art. 328 ss C. Com);
3. Sociedade Anónima (art. Art. 331 ss C. Com);
4. Sociedadeem Nome Colectivo (art. 253 ss C. Com);
5. Sociedade de Capital e Indústria (art. 278 ss C. Com);
6. Sociedade em Comandita (art. 270 ss C. Com)

Características dos tipos de sociedades comerciais

1. Sociedade por Quotas (SQ)


As sociedades por quotas – caracterizam-se por:
a. O seu capital está dividido por quotas;

b. Osrespectvos sócios são solidariamente responsáveis por todas as entradas no pacto


social;

c. Admite-se uma convenção no pacto social da responsabilidade aos sócios por outras
prestações;
d. O sócio responde apenas pela realização integral da sua quota que subscreveu,
porém, subsidiariamente responde pela integralização de todo o capital social na
medida em que os demais sócios não o façam conforme o preceituado no nr. 1 doart.
283 do cc;

e. No contrato de sociedade admite que um ou alguns dos sócios respondam perante os


credores sociais, solidária ou subsidiariamente para com a sociedade até certo
montante. Note que esta responsabilidade só vincula enquanto o sócio estiver vivo,
não transmissível mortis causa;

f. O capital é dividido em quotas e corresponde sempre ao somatório dos valores


nominais das quotas dos sócios que não podem ser mais de trinta (nr. 1 do art. 288
C. Com);

g. Não se admite sócios de indústria(nr. 2 do art. 290 C. Com);

h. Ajusta-se melhor para pequenas e médias empresas uma vez não exigir muita
ginástica de capital no seu processo de constituição;

i. A Lei não limita o capital mínimo para a sua constituição, dando-se faculdade aos
próprios sócios a estabelecerem o capital social necessário para a prossecução do
objecto social.

2. Sociedade por Quotas Unipessoal (SQU) ou (SI????)


a. A Sociedade por Quotas Unipessoal é aquela em que o capital social constitui uma
única quota e tem um só titular.
b. É um tipo societário que evita a inclusão de outras pessoas para a sua constituição;
c. Por via de regra, nos termos do art. 980cc a sociedade comercial devia ser
constituída por mais de uma pessoa, mas isto propiciava situações de sociedades
com sócios fictícios em que outros sócios somente serviam para satisfazer a
exigência legal e de ponto de vista factual não sabiam nem tinham interesse ao que
acontece na sociedade em que são partes.

3. Sociedade Anónima (SA)

a. Sociedade anónima é um tipo de sociedade comercial com fins lucrativos,


caracterizada por ter o seu capital financeiro dividido por acções. Podem ser denominadas
como "companhias", neste caso sob a abreviatura de "Cia.", ou como "sociedade anónima", com sigla S.A, SA
ou S/A.
b. Os donos das acções são chamados de accionistas e, neste caso, a empresa deve ter
sempre dois ou mais accionistas;
c. A responsabilidade dos accionistas será limitada ao preço de emissão das acções
subscritas ou adquiridas;
d. Os accionistas são responsáveis pela gestão da empresa;
e. As acções de uma sociedade anónima podem estar disponíveis no mercado de acções
para negociações ex. para as bolsas de valores e mercados de balcão 9 (sendo sociedade
anónima de capital aberto, pois, sociedade anónima de capital fechado não se pode
negociar limitando-se apenas aos accionistas);
f.A sociedade anónima não pode ser constituída por um número de accionistasinferior a
três, excepto para as sociedades em que o Estado, directamente ou por intermédio de
empresas públicas, empresas estatais ou de outras entidades equiparadas por lei para
este efeito, fique como accionista, as quais podem constituir-se com um único sócio.

4. Sociedade em Nome Colectivo

a. É o tipo de sociedade comercial onde todos os sócios respondem pelas dívidas de


forma ilimitada.

b. Só podem ser constituídas por, pelo menos, dois sócios, que podem contribuir com
capital ou com indústria.

c. O sócio responde subsidiariamente em relação à sociedade esolidariamente com os


outros sócios pelas obrigações sociais, ainda que estas tenham sidocontraídas
anteriormente à data do seu ingresso.

d. O sócio que satisfaça obrigações da sociedade tem direito de regresso contra os


restantes sócios, na proporção em que cada um deva quinhoar nas perdas da
sociedade.

9
O que é isto?
e. Quem não sendo sócio da sociedade se comporte perante terceiros, por qualquer
forma, como se o fosse, responde solidariamente com os sócios perante quem tenha
negociado com a sociedade na convicção de ele ser sócio.

f. Só com expresso consentimento de todos os outros pode um sócio exercer, por conta
própria ou alheia, actividade abrangida pelo objecto social, ser sócio de
responsabilidade ilimitada de outra sociedade, ou ser sócio com participação
superior a vinte por cento no capital ou nos lucros de sociedade cujo objecto seja, no
todo ou em parte, coincidente com aquele (nr. 1 do Artigo 257 C. Com).

g. Para que um sócio possa transmitir, por acto entre vivos a sua parte na sociedade é
necessário o consentimento de todos os outros.

5. Sociedade de Capital e Indústria (SCI)


a. É aquela em que existem sócios que contribuem para a formação do capital com
dinheiro, créditos e outros bens materiais, possuindo também sócios que não
contribuem para o capital social nem em bens materiais mas apenas ingressam na
sociedade com o seu trabalho e isentos de qualquer responsabilidade pelas dívidas
sociais;
Note que no anterior Código Comercial não se consagrava este tipo de sociedade
comercial.

6. Sociedadeem Comandita (SC)


a. Este tipo de sociedade caracteriza-se por ter sócios que possuem diferentes níveis de
responsabilidade. Os SóciosComanditários – os que contribuem com capital, cuja
sua responsabilidade é limitada. E os sócios Comanditados – os que contribuem com
bens e serviços, em que a sua responsabilidade é ilimitada;
b. Cada um dos sócios comanditários responde apenas pela sua entrada (nr. 2 do art.
271 C. Com, parte inicial). Os sócios Comanditados respondem pelas dívidas da
sociedade nos mesmo termos da sociedade em nome colectivoconforme o nr. 2 doart.
271 C. Com in fine;
c. As entradas de sócios Comanditários não pode consistir em indústria;
d.O sócio comanditário que consentir que o seu nome seja usado na composição da
firma, responde solidariamente com os sócios comanditados pelas obrigações sociais
nos termos do nr.2 do art. 30 C. Com;
e.Podemos ter sociedade em comandita simples (SC) e sociedade em comandita por
acção. (SCA).– art 270 C. Com.

Fusão e Cisãodas sociedades comerciais (art. 187 ss C. Com)


As fusões e Cisões das sociedades comerciais constitui as chamadas vicissitudes das
sociedades comerciais quanto à transformação que as mesmas podem sofrer ao longo da
sua vida e funcionamento. O seu regime jurídico encontra-se no art. 187 e ss do C.Com.

Fusão das sociedades


Fusão consiste na junção de duas ou mais sociedades para constituírem uma
sósociedade.
Tipos de fusões
a) Fusão incorporação: quando uma sociedade A deixa de existir, passando a integrar
a sociedade B.ex. Grupo Laurentina passou para 2M
b) Fusão por concentração: quando duas sociedades ou mais distinguem parte do seu
património com a intenção de criar uma terceira sociedade que passa a ter existência
própria e distinta das duas anteriores.Ex. Sociedade A e B criam a sociedade C para
ser independente: a TEC e Modenafizeram a Jodril

Cisão das sociedades


É a divisão de uma sociedade comercial para dar origem a uma ou várias sociedades.

Tipos de cisões
a) Cisão simples: quando a sociedade A vai cindir-se, dando lugar a sociedade B.
Aqui passa-se a ter a sociedade A e a Sociedade B através do destaque do seu
património para a nova sociedadee a sociedade A não desaparece(art. 207 e 2012
ambos do C. Com).
b) Cisão-dissolução:a sociedade A vai cindir-se para se criar as sociedades Be C,
enquanto isso, a sociedade A desaparece (nr. 1 do art. 207 e 215-17 todos do C.
Com).
c) Cisão-fusão:quando a sociedade A vai cindir-se destacando parte do seu património
e, essa parte do seu novo património vai fundir-se à umasociedade B já existente.
Aqui, não se constitui uma nova sociedade, mas sim, a sociedade A cinde-se e a
parte cindida vai fundir-se a uma nova sociedade já existente que é a B (art. 218 ss
C.Com).

Impugnação Pauliana10

A Impugnação Pauliana vem regulada no artigo 610 e seguintes do Código Civil,


preceituando que o credor pode impugnar, interpondo uma acção judicial contra os
actos que envolvam diminuição da garantia patrimonial do crédito.

Mas atenção, para que esta acção obtenha sucesso é necessário que se verifiquem os
requisitos previstos no artigo 610 e ss do CC.

Exemplo: imaginemos que alguém tenha uma dívida relativamente grande. Essa mesma
pessoa tem também uma casa que pode ser hipotecada para pagar a tal dívida. Então,
essa pessoa (devedor) decide fazer uma doação ou uma venda simulada da referida casa,
unicamente para impedir que o credor lhe hipoteque a casa. Assim, quando o credor
constata que não recebe o valor em dívida e vai procurar bens do devedor para os poder
10
Por quê Paulina?
mandar hipotecar/penhorar e fazer-se pagar, descobre que a casa já não se encontra em
nome do devedor, mas de terceiros.Nessa altura o credor pode interpor nos tribunais
uma acção de impugnação pauliana.

Tipos de contratos comerciais

1. Contrato de Adesão
2. Compra e venda Mercantil
3. Contrato de Reporte
4. Contrato de Fornecimento
5. Contrato de Prestação de Serviços Mercantis
6. Contrato de Agência
7. Contrato de Transporte
8. Contrato de Associação em Participação
9. Contrato de Consórcio
10. Contrato de Leasing
11. Contrato de Franchising
12. Cláusulas contratuais

Contrato de reporte, que em resultado da sua naturalidade anglo-saxónica é


comummente designado por repo(diminutivo de repurchaseagreement), consiste num
acordo entre duas partes (1) em que uma acorda vender e, posteriormente, recomprar
um activo (2) (tal como, nomeadamente, valores mobiliários).
Assim, num primeiro momento, uma das partes acorda vender determinado activo à
outra parte e, simultaneamente, acorda a recompra, a essa mesma contraparte, de valores
equivalentes numa determinada data futura.
Este é um mecanismo largamente difundido, cuja contratação internacional, ou mesmo
nacional, segue, regra geral, o contrato tipo (Global Master RepurchaseAgreement)
elaborado pela InternationalSecuritiesMarketAssociation(3). O repopoderá ainda ser
invertido se, ao invés de ser analisado do ponto de vista do vendedor (que acorda
recomprar o activo primeiramente alienado), o mesmo seja analisado do ponto de vista
do comprador, (que acorda revender o activo adquirido em momento anterior). Ou seja,
a mesma operação de reporte é, para uma das partes (o vendedor do activo no primeiro
momento) referido como repo, enquanto para a contraparte (o comprador do activo no
primeiro momento) é referido como reverse repo. Em termos operacionais, um repoé
constituído por duas operações distintas:
• Na primeira operação, num primeiro momento (momento ‘N’), uma das partes (de ora
em diante apenas o vendedor) aliena o respectivoactivo à contraparte (ora em diante
apenas o comprador), enquanto, em contrapartida, o comprador entrega um determinado
montante ao vendedor;
• Na segunda operação, em momento futuro (momento ‘N+1’), o comprador procede à
alienação desse mesmo activo (ou outro equivalente) ao vendedor, o qual pagará o valor
previamente recebido acrescido de uma margem (que configura a remuneração do
comprador pela celebração do repo), que resulta da aplicação de uma taxa de
remuneração, a taxa repo(‘r’) ao montante inicial.

Referências bibliográficas

AMARAL, Diogo Freitas do (2004). Manual de Introdução ao Direito. Vol. I.


Coimbra: Almedina

MENDES, João de Castro (1994). Introdução ao Estudo do Direito. Lisboa: Pedro


Ferreira, Artes Gráficas
JUNIOR, Manuel Guilherme (2013), Manual do Direito Comercial. Escolar Editora,
Maputo-Moçambique, vol. I

Código Comercial Moçambicano de 2005, aprovado pelo Decreto nr. 2/2005, de 27 de


Dezembro

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