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DIREITO EMPRESARIAL I

INTRODUÇÃO-HISTÓRICO-EVOLUÇÃO

Professora Me. Renata Egert


Conceito:
O Direito Empresarial é um ramo do Direito Privado que estuda e regula as atividades das sociedades
empresariais e dos empresários.

Assim, todas as regras aplicáveis à atividade empresarial, ou seja, aquela atividade econômica profissional
organizada para a produção e circulação de bens e serviços, são estudadas nessa área do Direito.

Mas, outros temas, o Direito Empresarial estuda:

a) os direitos e obrigações dos sócios,


b) tipos de sociedade,
c) propriedade intelectual,
d) títulos de crédito,
e) falência e
f) recuperação de empresas, etc.
Sub-ramos:
O Direito Empresarial tem ainda outros pequenos sub-ramos que se dedicam ao estudo de áreas específicas
da atividade empresarial.

• Na parte geral, por exemplo, estuda-se o conceito e os princípios básicos do direito


empresarial: o que é uma empresa, como ela pode ser organizada, que nomes pode
utilizar, dentre outros.

• No direito societário, por outro lado, são estudadas mais especificamente as formas de
sociedade: sociedade anônima, limitada, simples, em conta de participação, bem como se
dá a sua constituição e seu encerramento.

• Nos títulos de Crédito (que são documentos representativos de uma obrigação


creditícia), estuda-se às exigências legais para que os mesmos sejam válidos
Noções Gerais:
O direito empresarial, objeto do Livro II da Parte Especial do Código Civil de 2002.

É um ramo do direito privado e especial:


Afasta-se do regramento geral do Direito Civil para submeter algumas pessoas (os empresários), seus bens e
relações jurídicas ligados ao exercício de sua atividade (empresarial).

• No CC/02, entre os arts. 966 à 1.195 do CC, encontramos temas acerca do empresário e as condições que
deve atender para o exercício de sua atividade profissional; as sociedades em geral, o estabelecimento
empresarial e os institutos complementares (registro, nome empresarial, prepostos, que são pessoas que
agem em nome de uma empresa ou organização e escrituração).

• No CC/02 temos, entre os artigos 887 e 965, as normas gerais acerca dos títulos de crédito e do contrato de
agência (arts. 710 à 721), entre outras disposições esparsas que acabam por também atuar na atividade
empresarial (vide art. 2.037/CC).
Direito Empresarial é aquele que regula as atividades que a lei reputa mercantis e as pessoas que
profissionalmente as exercem.

O surgimento do direito comercial/mercantil/empresarial não coincide com o surgimento do comércio, o que


pode ser constatado na medida em que por séculos, a atividade comercial abdicou de um direito
especial/específico, que viesse a regular/tutelar as relações surgidas com as atividades mercantis.

Nasceu o direito comercial por obra/iniciativa dos comerciantes da idade média, visando regular as relações
jurídicas relativas aos negócios que celebravam entre si, ampliando, posteriormente, seu escopo de atuação
para também regular as pessoas que negociavam com os comerciantes
Surgimento do comércio:
A origem do termo "comércio" vem do latim, commercium, que quer dizer "permutação,
troca, compra e venda de produtos ou valores".

Tal significado é facilmente resgatado na definição desse termo, que vem a ser a troca
voluntária de produtos e serviços por outros produtos ou por valores, ou mesmo de valores
entre si, estando implícito o ato de negociar, vender, revender, comprar algo, em síntese,
são todas as relações de negócios.

O comércio é uma relação social que é singular ao homem.


Surgimento do comércio:
Ao longo do tempo o comércio (mercadorias por mercadorias) acabou por gerar
inconvenientes na medida em que nem sempre havia uma ligação entre as necessidades
das pessoas, isto é, nem sempre aquilo que se produzia de um lado era necessário para a
outra pessoa.

Surge a moeda mercadoria (o gado ( do latin pecus – pecúnia - dinheiro ) e o sal (salário),
que passou a servir de padrão para as trocas e com esta surge uma atividade profissional
que intermediava as trocas (o comerciante – atividade que, portanto, remonta à
antiguidade).
Caracterizam estes profissionais (comerciantes):

A intermediação - intermediação entre produtores e consumidores;

A habitualidade - prática reiterada da atividade.


O intuito do lucro.
A intermediação (que facilitou a troca), mais o aumento do valor
das mercadorias (lucro) é comércio.
A simples troca de mercadorias não é comércio.

“Comércio é o ramo da atividade humana que tem por objeto a aproximação de produtores
e consumidores, para a realização ou facilitação de trocas”.
Tomazette (2020, p. 34, apud BORGES, 1971, p. 11).
história:

Aos poucos o comércio ia ganhando espaço, e junto com a sociedade ia desenvolvendo-se


a ponto de necessitar de um tratamento jurídico que o tutelasse/regulasse. Já na
antiguidade surgiram as primeiras regras e institutos disciplinando a atividade comercial:

a) Código de Manu na Índia (1850 a 1750 a.C.) - regras para as empresas comerciais; regras
sobre trabalho em sociedade; distribuição de lucros, tráfego marítimo, juros, solução de
dívidas e falências, circulação de moedas, tributação, inclusive sobre direito do consumidor.

b) Código de Hammurabi na Babilônia (1810 a.C – 1750 a.C) - empréstimo a juros; contratos
de sociedade, de depósito, etc.)
c) Grécia Antiga – Avaria grossa (a proteção dos perigos do mar - vendo-se o capitão obrigado a lançar ao mar
o carregamento ou parte dele, encontrando-se em perigo o navio, o prejuízo deveria ser dividido entre os
proprietários do próprio navio e das mercadorias; empréstimo à risco; casos de insolvência do devedor).
O devedor falido tornava-se servo do credor, podendo esse aliená-lo, mutilá-lo e, até, matá-lo, caso não fosse
cumprida decisão judicial para resolver a dívida.

d) Roma antiga - aqui as normas encontravam-se dentro do chamado ius civile (direto civil romano).

Ex. Avaria Grossa (danos decorrentes de um ato intencional para a segurança do navio e suas cargas, em uma
situação de perigo iminente, com o objetivo de evitar mal maior).
OBS: As regras não podem ser entendidas como de Direito Comercial, pois as mesmas não
se mostravam como um sistema de normas próprios e não possuíam autonomia.

Apesar de já existirem diversas regras sobre o comércio até então, o fato é que é somente
na Idade Média que surge o direito Comercial como um ramo autônomo, o que ocorre em
função principalmente da necessidade de uma regulamentação das relações entre os
comerciantes.
Na idade média, o comércio chegou a um estágio mais avançado, e não era mais uma
característica de apenas alguns povos, mas de todos eles. André Ramos assim escreve:

É justamente nessa época que se costuma apontar o surgimento das raízes do direito
comercial. Fala-se, então, na primeira fase desse ramo do direito. É a época do
renascimento das cidades e do comércio, sobretudo o marítimo. (2009, pag, 28).
OBS: As regras não podem ser entendidas como de Direito Comercial, pois as mesmas não
se mostravam como um sistema de normas próprios e não possuíam autonomia.

Apesar de já existirem diversas regras sobre o comércio até então, o fato é que é somente
na Idade Média que surge o direito Comercial como um ramo autônomo, o que ocorre em
função principalmente da necessidade de uma regulamentação das relações entre os
comerciantes.
Na idade média, o comércio chegou a um estágio mais avançado, e não era mais uma
característica de apenas alguns povos, mas de todos eles. André Ramos assim escreve:

É justamente nessa época que se costuma apontar o surgimento das raízes do direito
comercial. Fala-se, então, na primeira fase desse ramo do direito. É a época do
renascimento das cidades e do comércio, sobretudo o marítimo. (2009, pag, 28).
Como o homem, o comércio também evoluiu, indo da simples troca de itens excedentes
aos mercados globalizados de hoje. Depois do desenvolvimento do comércio marítimo, na
Idade Média, e do advento das feiras e mercados, acontece a Revolução Industrial que, na
Idade Moderna, promoveu uma ruptura em toda a estrutura econômica e social existente.

Passando mais de um século depois da codificação napoleônica, a Itália edita um novo


código civil, tendo em vista a noção totalmente ultrapassada da figura do “ato do
comércio”, já que a efervescência do mercado, sobretudo após a revolução industrial,
acarretou o surgimento de diversas outras atividades econômicas relevantes e muitas delas
ao estavam compreendidas no conceito de “ato do comércio”.
Nasce assim, a teoria da empresa, na qual pretende a transposição para o mundo jurídico de um fenômeno
que é sócio-econômico a empresa como centro fomentador do comercio, como sempre foi, mas com um
colorido com o qual nunca foi vista.
Ao longo dos séculos XIX e XX, o direito comercial foi definido como o conjunto de normas jurídicas que
regulava as atividades dos comerciantes no exercício de sua profissão e os atos por lei considerados
comerciais.
Essa definição era sustentada no conceito de comerciante e de atos de comércio, razão pela qual o direito
comercial era o direito dos comerciantes e dos atos de comércio.

Atualmente, com o assustador desenvolvimento tecnológico e as facilidades da era digital – destaque para
a internet – é possível comercializar algo com qualquer parte do planeta sem precisar, para tanto,
locomover-se. Isso não significa que o comércio tradicional, face to face, tenha perdido seu lugar de
destaque na sociedade; pelo contrário, ele continua em evidência e tem como maior símbolo os shoppings
centers (os correspondentes modernos dos mercados e lojas referenciados anteriormente) que se
multiplicam nas grandes cidades. Isso se deve ao consumismo que não para de crescer, permitindo que o
comércio de feições tradicionais e o moderno desfrutem de lucros também crescentes.

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