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DESCOMPLICANDO O
DIREITO ADMINISTRATIVO
2019
Descomplicando o Direito Administrativo – Carlos José Teixeira de Toledo
Sumário
Introdução
1. Administração Pública
2. O regime jurídico-administrativo e os princípios da Administração Pública
3. Poderes da Administração Pública
4. Organização da Administração Pública
5. Atos administrativos
6. Administração Indireta
7. Processo administrativo
8. Licitações
9. Contratos administrativos
10. Bens públicos
11. Serviços públicos
12. Entidades paraestatais e terceiro setor
13. Agentes públicos
14. Restrições ao direito de propriedade
15. Responsabilidade extracontratual do Estado
16. Controle da Administração
Gabarito das Questões Objetivas
Bibliografia
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Descomplicando o Direito Administrativo – Carlos José Teixeira de Toledo
INTRODUÇÃO
UMA questão fundamental e absolutamente legítima pode ser proposta pelo possível leitor
dessa obra:
A ideia de escrevê-lo surgiu dos vinte anos de prática da docência, percebendo a crescente
dificuldade das novas gerações em lidar com os tradicionais manuais da disciplina. Alunos cada
vez mais jovens e pouco acostumados às leituras densas são obrigados a enfrentar, logo nos
primeiros anos do curso de Direito, as exigências de uma disciplina complexa e muitas vezes
considerada árida.
Nosso intuito não é substituir os mais renomados manuais da disciplina – que, aliás, constam
da bibliografia final – mas fornecer um material mais despretensioso e de linguagem acessível,
sem notas de rodapé ou citações, permitindo a esses jovens se familiarizar com uma disciplina
que está em nosso dia-a-dia. É, pode-se dizer, um aperitivo, que esperamos seja capaz de abrir
o apetite para obras mais ambiciosas e sirva como um guia introdutório para o território ainda
desconhecido do Direito Administrativo.
Todos os anos, faço a mesma pergunta aos alunos: "Qual a primeira coisa que você faz de
manhã, após abrir os olhos?" Invariavelmente, me respondem: "acendo a luz do quarto", "lavo
o rosto na pia" ou "escovo os dentes". Ao que imediatamente respondo: "nessa primeira hora
do dia, ao utilizar os serviços públicos de fornecimento de energia ou de água e esgoto – vocês
já estão em contato com o Direito Administrativo. Logo depois, ao sair de casa, vocês entram
em contato com a calçada – um bem público – usam o transporte coletivo – um serviço público
– ou estão diante da fiscalização de trânsito – o exercício do poder de polícia".
Tento mostrar, assim, como o Direito Administrativo está presente em nosso dia-a-dia e que
ele pode ser compreendido de forma simples e – conforme propõe o título – descomplicada.
Além disso, essa obra também foi pensada para aquele estudante que, ao fim do curso,
enfrenta o desafio de passar no Exame da OAB ou em concursos públicos. Ele já tem um
conhecimento que está, muitas vezes, adormecido pela distância das aulas de Direito
Administrativo.
Aqui ele poderá reavivar aquelas informações que estão um pouco borradas na memória e
treinar, usando as questões objetivas dispostas ao final de cada capítulo e conferir seu
desempenho com o gabarito, que se encontra no final do volume.
Pela leitura de tais questões é possível também observar a ênfase que a OAB vem dando a
determinados temas, de acordo com a conjuntura jurídica nacional. Percebe-se, por exemplo,
que nos últimos exames, os temas relativos aos serviços públicos e ao controle da
Administração vêm ganhando importância. Observando e compreendendo essas nuances, o
aluno poderá montar sua estratégia de estudo de forma inteligente.
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Ressalto para aquele que está se preparando para a OAB a importância estratégica que nossa
disciplina representa, visto que concorre, em igualdade de número de questões, com
disciplinas muito mais extensas em conteúdo – como, apenas para citar um exemplo, Direito
Processual Civil. Assim, na administração do sempre insuficiente tempo destinado aos
estudos, reserve uma parte substancial para o Direito Administrativo, ele fará toda a
diferença.
Finalmente, espero que esse material sirva também para que o leitor possa compreender a
realidade que o cerca, em que, para além do complexo domínio da política e das altas
indagações jurídicas, há a aflição de inúmeros problemas cotidianos – a merenda que não
chega na escola, o ônibus que atrasa, a multa de trânsito indevidamente aplicada – que
podem ser melhor entendidos e enfrentados com as noções essenciais do Direito
Administrativo, disciplina que nos ensina como deveria funcionar – e, infelizmente, raras vezes
funciona – a Administração Pública.
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O Estado pode ser definido como a organização político-jurídica capaz de impor sua vontade
a todos os que se situam dentro de um determinado território.
a) Função legislativa – é a atividade de criação das normas gerais e abstratas a serem seguidas
por todos; é desempenhada de forma principal pelo Poder Legislativo.
c) Função administrativa – é a função que nos interessa e que abrange todas as demais
atividades desempenhadas pelo Estado; é exercida de forma preponderante pelo Poder
Executivo.
Além disso, também fazem parte dessa função todas as atividades destinadas à manutenção
da estrutura estatal, como os cuidados com o patrimônio dos entes públicos, o recrutamento
e a disciplina dos agentes estatais, a realização de aquisições e demais contratações que sejam
necessárias ao funcionamento da máquina administrativa etc.
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Cada “Poder” exerce de forma principal ou típica a função associada a seu nome; porém, pode
praticar atos relacionadas a outra função, de forma secundária ou atípica. O Poder Executivo
e o Poder Judiciário participam da função legislativa, por exemplo, por meio da iniciativa de
leis, conforme previsto na CF. O Poder Legislativo também exerce funções jurisdicionais, ao
julgar os crimes de responsabilidade. (CF, art. 52, I e II).
Podemos definir administração pública (em minúsculas) como o exercício, por agentes
estatais, das atividades e tarefas relacionadas à função administrativa (sentido objetivo ou
funcional de Administração Pública)
Sob um outro ângulo, Administração Pública (com iniciais maiúsculas) significa o conjunto de
pessoas jurídicas, órgãos e agentes incumbidos do desempenho da função administrativa
(sentido subjetivo ou orgânico de Administração Pública).
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O vocábulo Administração pode ser usado de forma mais específica, para distinguir diversas
situações no âmbito da atuação administrativa. Assim, na linguagem do Direito
Administrativo, temos as seguintes expressões:
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Nas sociedades antigas, não havia a noção de Estado, como sociedade politicamente
organizada. Os governantes eram considerados senhores, sendo a tarefa de governar
considerada análoga a do proprietário que exerce poder sobre os bens de seu patrimônio.
Os “administradores” eram apenas serviçais que zelavam pelo interesse do senhor – da
mesma forma que um capataz zela pelo interesse de seu empregador.
✓ Os poderes estatais estavam reunidos no Monarca, bem como não havia distinção
entre seu patrimônio pessoal e o do reino;
✓ O Monarca era irresponsável perante os súditos, que não podiam opor direitos a ele e
aos que agiam em seu nome (the king do no wrong);
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✓ A crença na racionalidade e na livre circulação das ideias faz com que os assuntos de
Estado sejam discutidos amplamente.
✓ A fundamentação teológica das ideias políticas passa a não ser mais importante
(secularização)
Essas concepções triunfaram ao final do século XVIII e início do século XIX, quando ocorreu a
queda do Estado Absolutista e a afirmação de um novo modelo de organização estatal - o
Estado de Direito, cujas bases são:
➢ Separação de poderes/funções
Somente com a afirmação da relação entre Estado e cidadão como uma relação jurídico-
administrativa é que se torna possível o surgimento do Direito Administrativo como ramo
científico e dogmático.
Nos países da tradição da civil law (direito legislado), ressalta-se a importância da contribuição
da França, especialmente pela atuação do Conselho de Estado, tribunal supremo em matéria
de litígios entre a Administração e os administrados (cidadãos).
Todavia, nós brasileiros fomos influenciados pelo sistema americano da judicial review
(revisão judicial), no qual se reconhece a um Poder Judiciário único e independente a
possibilidade de anular os atos inválidos praticados pelos outros Poderes.
Ao longo do século XIX e XX, o Direito Administrativo teve de se ampliar para abarcar novos
fenômenos e institutos, decorrentes:
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1.7.1. Definição:
Marçal Justen Filho define o direito administrativo como “ o conjunto de normas jurídicas de
direito público que disciplinam as atividades administrativas necessárias à satisfação dos
direitos fundamentais e a organização e o funcionamento das estruturas estatais e não
estatais encarregadas de seu desempenho.” (2010, p. 1).
Ele também é a base procedimental de diversos outros ramos do Direito Público, como o
Direito Tributário, Ambiental, Econômico, Urbanístico, do Consumidor, etc.
a) Fontes primárias:
✓ A Constituição Federal;
b) Fontes secundárias:
✓ A doutrina especializada.
✓ O costume, ressaltando que, para que seja considerado fonte, é necessário que
obedeça à moralidade e tenha observância contínua e uniforme.
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Porém, é preciso ressaltar que o interesse público nem sempre é contrário ao interesse
particular, ou vice-versa. É muito frequente que eles coincidam – por exemplo, uma entidade
privada que promove a filantropia está atuando em prol do interesse público. Quando tal
coincidência entre o interesse particular e o interesse público existirem, isso favorecerá que o
Estado e o particular atuem em colaboração.
É preciso mencionar que um famoso doutrinador italiano – RENATO ALESSI – constatou que a
ideia de interesse público pode ser desdobrada em duas concepções distintas:
• Interesse público secundário – que diz respeito aos interesses imediatos da entidade
estatal, que podem inclusive não ser os mesmos que os da coletividade.
Para entender a diferença, basta pensar que, por vezes, as medidas determinadas pelas
autoridades estatais – por exemplo, uma política de aumento exagerado de tributos – pode
resultar em prejuízo para o interesse geral daquela coletividade, embora imediatamente
favoreça os cofres estatais.
Trata-se, todavia, de uma discussão que inevitavelmente adentrará o âmbito da política, visto
que questionará quais são as medidas e soluções que efetivamente são vantajosas para a
coletividade e quais a prejudicam.
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Esses princípios estão na raiz de uma série de princípios e regras especiais, aplicáveis à
Administração, dando ao regime jurídico-administrativo uma feição muito fácil de reconhecer.
Esses princípios e regras se caracterizam de duas formas:
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Concluindo:
➢ Atenção! Os princípios também têm força normativa. Embora tenham um maior grau de
abstração do que as regras, eles são mais permanentes que elas e dão consistência e
harmonia ao sistema jurídico.
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Do ponto de vista prático, os princípios nos dão pistas, indícios, sobre o conteúdo provável
das regras e nos ajudam também a interpretá-las, de maneira que elas sejam coerentes entre
si.
No Direito Administrativo, isso é ainda mais importante, pois não há uma codificação de
normas administrativas. As normas do Direito Administrativo estão na própria Constituição,
em leis nacionais e também em leis de cada um dos entes da Federação – União, Estados,
Distrito Federal e Municípios – pois todos têm competência para legislar sobre suas
atividades administrativas. Além disso, existem também as normas infralegais: as resoluções,
regulamentos, portarias, produzidas por cada uma dessas Administrações.
Os princípios mais importantes são os que constam do caput do art. 37 da CF. Eles formam
um acróstico que permite nossa melhor fixação:
L egalidade
I mpessoalidade
M oralidade
P ublicidade
E ficiência
O princípio da legalidade é um princípio geral que se aplica a todos os ramos do Direito, mas
que tem um tratamento especial no Direito Administrativo. Ele está consagrado, de modo
genérico, no art. 5º da CF/88, aquele que relaciona os Direitos Fundamentais Individuais e
Coletivos:
“Art. 5º... II - ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em
virtude de lei”.
Ele estabelece, portanto, uma limitação para qualquer ação que vise restringir a liberdade dos
cidadãos, mesmo que tal ação seja realizada pelo próprio Estado. O princípio da legalidade é
a coluna fundamental do chamado Estado de Direito, ou seja, a ideia de que o poder só atua
legitimamente quanto autorizado pela norma jurídica produzida pelo órgão legislativo
competente.
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Para a Administração, ele está previsto no art. 37, caput da CF, que também faz referência a
outros princípios.
Nesta linha, costuma-se dizer que a Administração não apenas deve evitar agir “contra legem”
(contrariamente à lei), “ultra legem” (além do que a lei estabelece), mas somente pode agir
“secundum legem”, isto é, segundo a lei. A Administração somente pode desenvolver a
atividade que a lei lhe autorizar, especialmente quando essa atividade interferir na esfera de
liberdade e nos direitos dos indivíduos.
Saliente-se que, nesse contexto, estamos sempre nos referindo à lei em sentido formal, ou
seja, aquela que é produzida por meio do processo legislativo, disciplinado pela Constituição.
Leis em sentido formal, portanto, são as espécies legislativas mencionadas no art. 59 da
Constituição Federal – ou seja, emendas à Constituição, leis complementares, leis ordinárias,
leis delegadas, medidas provisórias, resoluções e decretos legislativos. O conceito de lei em
sentido formal não abrange normas produzidas por órgãos administrativos, no exercício do
chamado poder normativo – fenômeno que será explicado no capítulo seguinte.
O princípio da impessoalidade afirma que a coisa pública – a chamada “res publica” – não deve
ser apropriada ou confundida com os interesses dos agentes que transitoriamente exercem
função pública.
Há dois significados diferentes para esse princípio, sendo que ambos são válidos e se
completam:
Toda atuação administrativa, além de ser legal, deve ser moral. Essa afirmação é necessária
porque, muitas vezes, em um ato sob a aparência de legalidade, se esconde uma intenção que
nada tem a ver com a realização do interesse público.
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Por essa razão a doutrina e a jurisprudência administrativista acabaram por consagrar a ideia
de moralidade administrativa como um "algo mais" que complementa o princípio da
legalidade, de maneira a garantir que a atuação da Administração não se desvie de seu
objetivo maior: a satisfação do interesse público. A moralidade administrativa está
relacionada aos conceitos de atuação ética, honestidade, boa-fé, lealdade e probidade no
trato da coisa pública.
Tal princípio tem sido muito importante para o controle dos atos da Administração pelo Poder
Judiciário, especialmente aqueles que são dotados de discricionariedade – cujo conceito
abordaremos no capítulo seguinte. Pode-se observar, no atual momento em que o país vive
um clima de combate às práticas corruptas, que muitas vezes as decisões governamentais –
por exemplo, em que obra e em que região deve ser realizado um investimento público, quais
serão os incentivos para determinados setores econômicos, que empresas devem receber
empréstimos de bancos estatais – não são guiadas pelo interesse público, mas pelo suborno
e trocas de favores entre agentes públicos e particulares.
A Constituição também determina a punição dos agentes públicos pelos atos de improbidade
administrativa, expressão que geralmente é associada à ideia de mau uso dos recursos
públicos (vide art. 37, § 4º da CF e Lei nº 8.429/92). Além disso, permite que qualquer cidadão
proponha ação popular, remédio constitucional que visa anular ato lesivo a bens e valores
relevantes para a coletividade: o patrimônio público, a moralidade administrativa, o meio
ambiente e o patrimônio histórico e cultural (art. 5º, LXXIII da CF/88).
Por cuidar dos interesses da coletividade, o administrador público deve atuar com
transparência. Essa é a expressão que melhor traduz o que é o princípio da publicidade.
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Por essa razão, todo cidadão têm o direito de conhecer as informações que a Administração
possua a seu respeito, bem como aquelas referentes ao bem-estar da coletividade (art. 5º
XXXIII e XXXIV). A recusa em prestar essas informações pode ser objeto de remédios judiciais
previstos na própria Constituição: o habeas data, para obter ou retificar informações sobre o
próprio interessado (art. 5º, LXII) ou o mandado de segurança, quando se tratar de
informações de interesse coletivo (art. 5º, LXIX).
Recentemente, tivemos a promulgação de uma importante lei que busca dar maior
efetividade a essa ideia de transparência – trata-se da Lei nº 12.527/2011, conhecida como
Lei de Acesso às Informações Públicas ou Lei da Transparência.
Esse princípio foi inserido no texto constitucional pela Emenda Constitucional nº 19/98
(conhecida como Emenda da Reforma Administrativa). Ele determina que a Administração
atue de maneira adequada, com economia de meios e com a agilidade necessária, de modo a
atender de forma efetiva os interesses da coletividade. A lentidão, a omissão, o desperdício
de recursos públicos, a falta de planejamento, são atitudes que ofendem a esse princípio.
No plano mais prático, esse princípio está relacionado a outras mudanças introduzidas na
CF/88 pela Reforma Administrativa. São elas:
✓ a perda de estabilidade pelo mau desempenho do agente público (art. 41, § 1º, III);
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✓ o limite de gastos com pessoal, como forma de atuação fiscal responsável (art. 169).
Ele também tem sido invocado para justificar a criação de novas figuras jurídicas, que buscam
dar mais agilidade e economia à Administração. Duas figuras instituídas após a EC 19/98
exemplificam essa tendência: a licitação por pregão e as parcerias-público-privadas (PPPs).
Trata-se de princípio implícito – visto que, conforme já dissemos, nem sempre os princípios
são explicitados no direito positivo. Por esse princípio, a Administração pode corrigir e rever
os seus próprios atos, para adequá-los à legalidade ou para que eles melhor atendam ao
interesse público.
A administração pode anular seus próprios atos, quando eivados de vícios que os tornam
ilegais, porque deles não se originam direitos; ou revogá-los, por motivo de conveniência
ou oportunidade, respeitados os direitos adquiridos, e ressalvada, em todos os casos, a
apreciação judicial.
Diz-se que os atos praticados pela Administração gozam de “fé pública”, ou seja, há uma
presunção jurídica de que a atuação administrativa sempre é conforme à legalidade e
condizente com a verdade dos fatos.
Trata-se de uma presunção relativa (presunção juris tantum). Ou seja, o cidadão pode
desfazer o ato ilegal ou corrigir uma afirmação falsa realizada pela Administração. Porém, em
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vista dessa presunção, cabe a ele o ônus de provar que a Administração se equivocou ou
produziu ato desconforme à lei.
O princípio da razoabilidade nos diz que a atuação administrativa deve estar baseada no bom-
senso, na prudência, na coerência ao espírito e à finalidade da lei. Ofenderia a razoabilidade,
por exemplo, a exigência de autoridade fiscal de que o cidadão portasse nota fiscal de todos
os bens pessoais – roupas, relógio, celular – que utiliza no seu dia-a-dia.
Esse princípio tem sido utilizado especialmente no exame judicial de medidas estatais que
venham a afetar direitos fundamentais do cidadão. Inspirado em doutrina e jurisprudência
alemã, nossos Tribunais têm desdobrado a análise desse princípio em três critérios:
b) necessidade – aqui, verifica-se se a medida adotada pode ser substituída por outra
igualmente eficiente, mas que resulta em menor sacrifício de direitos; ainda no exemplo
adotado acima, o aprimoramento na atividade policial pode ser igualmente eficiente para
prevenir assaltos – ou até mais, visto que as pessoas não são assaltadas apenas nas ruas – com
menor sacrifício do direito de ir e vir.
c) proporcionalidade em sentido estrito – por esse critério, ainda que se verifique que a
medida é adequada e necessária, faz-se uma verificação do equilíbrio entre o benefício obtido
pela medida estatal e o custo que ela ocasionará em relação aos direitos afetados; assim,
ainda que se admita que a proibição de sair às ruas seja a medida mais eficiente possível para
prevenir assaltos, é certo que a restrição tornará a vida dos cidadãos impossível, o que
demonstrar a sua desproporcionalidade.
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Esse princípio complementa o princípio da publicidade, na medida em que exige que o agente
público, ao praticar o ato, exteriorize os motivos de sua decisão. A motivação do ato permite
seu melhor controle, evitando que se pratiquem atos por motivos ilegais ou imorais.
Por essa razão a Lei 9.784/99 (Lei Federal de Procedimentos Administrativos), em seu art. 50,
relacionou uma série de atos administrativos, cuja motivação é obrigatória. Nesses casos, a
falta da motivação levará à nulidade do ato. Vale a pena dar uma lida nesse artigo:
Art. 50. Os atos administrativos deverão ser motivados, com indicação dos fatos e dos
fundamentos jurídicos, quando:
I - neguem, limitem ou afetem direitos ou interesses;
II - imponham ou agravem deveres, encargos ou sanções;
III - decidam processos administrativos de concurso ou seleção pública;
IV - dispensem ou declarem a inexigibilidade de processo licitatório;
V - decidam recursos administrativos;
VI - decorram de reexame de ofício;
VII - deixem de aplicar jurisprudência firmada sobre a questão ou discrepem de
pareceres, laudos, propostas e relatórios oficiais;
VIII - importem anulação, revogação, suspensão ou convalidação de ato administrativo.
§ 1o A motivação deve ser explícita, clara e congruente, podendo consistir em declaração
de concordância com fundamentos de anteriores pareceres, informações, decisões ou
propostas, que, neste caso, serão parte integrante do ato.
§ 2o Na solução de vários assuntos da mesma natureza, pode ser utilizado meio
mecânico que reproduza os fundamentos das decisões, desde que não prejudique direito
ou garantia dos interessados.
§ 3o A motivação das decisões de órgãos colegiados e comissões ou de decisões orais
constará da respectiva ata ou de termo escrito.
O princípio da continuidade nos diz que as atividades da administração não podem ser
interrompidas, devendo atender as necessidades da coletividade, enquanto essas existirem e
com a urgência que a situação exija.
Esse princípio está na base de algumas regras importantes do Direito Administrativo, como:
✓ a maior limitação do direito de greve dos servidores públicos (art. 37, VII da CF), que
é considerada norma de eficácia limitada e cuja regulamentação deve preservar os
serviços essenciais à população;
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✓ o poder que a Administração tem de intervir nos seus contratados para garantir a
continuidade das atividades e serviços públicos (Lei 8.666/93 – Lei de Licitações, art.
58, V; Lei 8.987/95 – Lei de Serviços Públicos, art. 32);
✓ Respeito aos direitos adquiridos, ao ato jurídico perfeito e à coisa julgada (art. 5º,
XXXVI da CF);
1. Assinale a opção correta com relação aos princípios que regem a administração pública:
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3. De acordo com o Art. 2º, inciso XIII, da Lei n. 9.784/98, a Administração deve buscar a
interpretação da norma que melhor garanta o atendimento do fim público a que se dirige,
vedada a aplicação retroativa da nova interpretação. Assinale a alternativa que indica o
princípio consagrado por esse dispositivo, em sua parte final.
a) Legalidade.
b) Eficiência.
c) Moralidade.
d) Segurança das relações jurídicas.
(OAB 2012/3)
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É comum que na linguagem jurídica haja referência aos “poderes da Administração Pública”.
Na verdade, o poder do Estado é uno e baseado na Constituição. Porém, há diversas
manifestações do poder estatal e, quando ocorrem no exercício da atividade administrativa,
acabam ganhando o nome de “poderes da Administração”. Vejamos algumas dessas
manifestações:
Essa atribuição é feita pela Constituição ou pela própria lei, tendo em vista a impossibilidade
de que as normas editadas pelo Poder Legislativo sejam capazes de prever e disciplinar todas
as situações que necessitem de algum regramento pelo Poder Público. Basta pensar, como
exemplo, que se o Código de Trânsito Brasileiro – Lei nº 9.503/97 – tivesse disciplinado de
forma exaustiva sobre os equipamentos de segurança obrigatórios nos veículos, tal norma
hoje já estaria obsoleta, visto que a indústria automobilística evoluiu nesse período. Daí que
a lei atribuiu a um órgão administrativo – o Conselho Nacional de Trânsito – a produção de
normas complementares sobre a matéria.
Uma forma especial de poder normativo é o poder regulamentar que a Constituição Federal
atribui ao Chefe do Poder Executivo (art. 84, IV), para que ele edite regulamentos para a “fiel
execução” das leis. Esses regulamentos são editados na forma de Decretos e geralmente a
própria lei estabelece a necessidade de sua regulamentação pelo Executivo, pois nem toda a
lei depende de regulamentação para produzir efeitos.
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A maioria dos autores, todavia, não entende que tais hipóteses constituam, realmente,
situações de regulamentação autônoma, pois visam a disciplinar aspectos internos da
Administração Pública, não contendo prescrições vinculantes para o cidadão comum.
Falaremos um pouco mais do assunto, quando estudarmos o controle dos atos administrativos
pelo Poder Judiciário.
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assessoramento, de execução, todos devendo trabalhar de forma coordenada, sendo que uns
são subalternos a outros.
Assim, o superior exerce o poder hierárquico sobre seu subordinado, que por sua vez tem o
dever de obediência a seu superior. Cabe ressaltar que esse dever não é superior à ideia de
legalidade, não sendo o subordinado obrigado a obedecer a ordens manifestamente ilegais
de seus superiores.
Art. 11. A competência é irrenunciável e se exerce pelos órgãos administrativos a que foi
atribuída como própria, salvo os casos de delegação e avocação legalmente admitidos.
Art. 12. Um órgão administrativo e seu titular poderão, se não houver impedimento
legal, delegar parte da sua competência a outros órgãos ou titulares, ainda que estes
não lhe sejam hierarquicamente subordinados, quando for conveniente, em razão de
circunstâncias de índole técnica, social, econômica, jurídica ou territorial.
Art. 14. O ato de delegação e sua revogação deverão ser publicados no meio oficial.
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Art. 15. Será permitida, em caráter excepcional e por motivos relevantes devidamente
justificados, a avocação temporária de competência atribuída a órgão hierarquicamente
inferior.
É o poder de apurar faltas e impor sanções àquelas pessoas que possuem um vínculo especial
com a Administração, em razão da atividade administrativa: servidores públicos, contratados,
concessionários, alunos de escolas públicas, crianças e adolescentes sob tutela estatal, etc.
Como qualquer atividade sancionatória, o poder disciplinar está sujeito a regras de exercício
e especialmente, à observância dos princípios da ampla defesa e do contraditório, garantias
constitucionais do acusado (art. 5º, LV da CF)
Em razão disso, não existe mais a possibilidade de aplicação imediata de sanções, conforme
se praticou antes da CF/88, na chamada prática processual da “verdade sabida” (ou seja,
constatada diretamente pelo aplicador da sanção e sem oportunidade de defesa ou
contraprova pelo acusado). A atuação disciplinar também está sujeita aos princípios da
razoabilidade e da proporcionalidade, já mencionados.
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Para exercício efetivo da polícia administrativa, a Administração Pública impõe diversos tipos
de obrigação:
Convém reiterar que a atuação da autoridade administrativa não tem o condão de criar
concretamente, para o particular, obrigações que não estejam abstratamente previstas em
lei, sob pena de ofender o princípio da legalidade, já referido.
Uma vez que os particulares descumpram as ordens emanadas pela Administração Pública,
surgem medidas destinadas a reparar a ordem jurídica lesada. São elas:
Para que sejam impostas, as sanções devem estar expressamente previstas em lei, que deve
conter em linhas gerais os critérios e o procedimento da punição. Imprescindível que antes da
aplicação da sanção seja dado ao acusado o direito de ampla defesa e que o procedimento
sancionatório respeite o princípio do contraditório (CF, art. 5º, LV). Observe-se que, para a
aplicação das medidas coativas ou cautelares – ao contrário da aplicação das sanções – não é
necessária a abertura de oportunidade prévia de defesa, pois tais medidas consistem em
verdadeiras "tutelas de urgência" do Direito Administrativo.
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✓ tipicidade: embora haja autores que afirmem não existir tipicidade na atividade
sancionatória administrativa – de maneira a diferenciá-la das sanções do Direito Penal
– não há dúvida de que a lei deve prever, de maneira minimamente previsível, qual a
conduta que pode ser considerada como infração e quais as medidas coativas e
sanções aplicáveis no exercício do poder de polícia. Isso é decorrência do princípio da
legalidade estrita.
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✓ Licença: é o ato unilateral e vinculado pelo qual a Administração faculta àquele que
preencha os requisitos legais o exercício de uma atividade. Aqui, o ato é vinculado,
ou seja, todo aquele que preencher os requisitos da lei tem o direito a emissão da
licença pela Administração, que não poderá recusá-la. Por exemplo: a licença para
conduzir veículo, uma vez que o particular tenha cumprido os requisitos, sendo
aprovado nos exames previstos em lei.
2. Assinale a opção correta quanto aos poderes e deveres dos administradores públicos.
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Neste capítulo, vamos estudar um pouco mais quem é o “sujeito” Administração Pública.
Embora o poder estatal seja uno, conforme já dissemos, a evolução do Estado moderno
propiciou a divisão vertical e horizontal da estrutura estatal em diversas entidades.
Assim, nós temos as pessoas políticas, também conhecidas como entes políticos ou entidades
políticas. A própria Constituição Federal é quem reconhece a existência dessas pessoas
jurídicas e atribui a elas competências legislativas e administrativas, caracterizando assim a
sua autonomia política, no espírito do chamado sistema federativo.
Também há uma divisão horizontal da atividade estatal, por meio da criação das pessoas,
entes ou entidades administrativas, ou seja, pessoas jurídicas cuja criação é decorrência de
lei editada pelo ente político respectivo, para desempenhar alguma atividade que seja de
competência deste. Vamos falar um pouco mais delas a seguir, ao tratar da chamada
Administração Indireta.
Nosso sistema jurídico diferencia as pessoas jurídicas em dois grupos, conforme o regime
jurídico a elas aplicável: pessoas jurídicas de direito privado e pessoas jurídicas de direito
público (art. 40 do Código Civil). Estas últimas, por sua vez, são diferenciadas entre pessoas
jurídicas de direito público interno (União, Estados, Distrito Federal, Territórios, Municípios,
autarquias e entidades criadas por lei com essa natureza) e pessoas jurídicas de direito público
externo (os Estados estrangeiros e as organizações internacionais, como a ONU).
As pessoas jurídicas de direito público são aquelas que têm feição tipicamente estatal. No
caso daquelas mencionadas como pessoas jurídicas de direito público interno, elas são regidas
de forma integral pelo chamado regime jurídico-administrativo, já mencionado
anteriormente.
Embora possa parecer estranho, o Poder Público pode criar pessoas jurídicas de direito
privado. É que por vezes é conveniente ou até mesmo obrigatório que pessoas administrativas
sejam criadas com regime jurídico semelhante ao aplicável aos particulares. A nossa
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Para as entidades estatais com personalidade de direito privado não se aplicam todas as
regras do regime jurídico-administrativo, justamente por terem um regime equiparado ao
dos particulares. Portanto, não possuem várias das prerrogativas da Administração, como a
de pagar suas dívidas por precatórios, o gozo de privilégios processuais, dentre outras. Em
geral, permanecem para elas apenas algumas das restrições – como a necessidade de realizar
concurso público, a fiscalização do uso dos recursos, a necessidade de licitar.
O Poder Legislativo e o Poder Judiciário também são órgãos, com status e garantias especiais
atribuídas pela Constituição, para preservação de sua independência em relação ao Executivo.
Internamente também são divididos em órgãos (comissões, câmaras, juizados, etc.).
Através de seus órgãos, a pessoa jurídica administrativa expressa sua vontade, no que a
doutrina cunhou de relação de imputação. Ou seja, os agentes públicos que atuam no órgão
manifestam a vontade deste, que é considerada a vontade do próprio Estado. Essa concepção
foi desenvolvida a partir da chamada teoria do órgão, que superou teorias anteriores
inspiradas pelo direito privado, como a teoria do mandato e a da representação, que não
explicavam de forma coerente e completa a atuação estatal.
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É importante lembrar que os órgãos não têm personalidade jurídica própria, pois são apenas
uma parcela da pessoa jurídica a qual pertencem. Assim, os atos praticados pelo agente de
determinado órgão geram direitos e obrigações para a própria entidade a qual o órgão
pertença, sendo que, como regra geral, esta é que será legitimada para estar em juízo em
eventual controvérsia que envolva tal relação jurídica. Excepcionalmente, alguns órgãos de
status constitucional possuem legitimidade para atuar em juízo, tão-somente para defesa de
suas atribuições institucionais.
A criação e a extinção dos órgãos públicos são realizadas sempre por lei (CF, art. 48, XI), sendo
que a iniciativa compete a cada Poder, em relação a seus órgãos internos.
O Chefe do Executivo, em relação aos órgãos pertencentes a esse Poder, poder dispor,
mediante decreto, sobre a organização e funcionamento destes, quando não implicar
aumento de despesa nem criação ou extinção de órgãos públicos (CF, art. 84, VI, “a”).
4.5. Descentralização
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1. (...) compartimento na estrutura estatal a que são cometidas funções determinadas, sendo
integrado por agentes que, quando as executam, manifestam a própria vontade do Estado.
(José dos Santos Carvalho Filho. Manual de direito administrativo. 19.ª ed. Rio de Janeiro:
Lumen Juris, 2008, p. 13).
O trecho acima se refere ao conceito de
a) agente público.
b) função pública.
c) órgão público.
d) pessoa de direito público.
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5. ATOS ADMINISTRATIVOS
Os atos administrativos são um dos principais temas da disciplina. Para entendê-los, vamos
trabalhar com a seguinte definição, bastante sintética:
Definição: O ato administrativo é um ato jurídico produzido com poderes estatais, no exercício
da função administrativa, sob regime jurídico-administrativo.
1) O ato administrativo é um ato jurídico. Com isso, queremos dizer que ele é uma
manifestação estatal (declaração) que tem por finalidade produzir efeitos jurídicos,
ou seja, criar, modificar, esclarecer, transferir e extinguir direitos e obrigações. Logo,
por essa definição não são atos administrativos atividades materiais, que não são atos
jurídicos, ou seja, não buscam produzir uma declaração com efeitos jurídicos: ex.: a
varrição de uma rua, o atendimento médico em um hospital público, etc.
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São qualidades do ato jurídico – e também do ato administrativo – que devem ser analisadas
pelo profissional do Direito para compreensão da situação jurídica existente.
• Validade: é a produção do ato sem a ocorrência de vícios. Ato válido é o ato cujo
conteúdo e procedimento de formação estão conformes ao ordenamento jurídico. O
exame da validade se faz através da análise dos elementos do ato – vide abaixo.
• Eficácia: é a aptidão para produzir os efeitos que se esperam dele. Isso não tem a ver
com a validade do ato, mas sim com a existência de determinados fatos ou atos
capazes de impedir ou de propiciar a produção desses efeitos. A eficácia se verifica
sempre no tempo: um ato pode ser eficaz agora e perder sua eficácia num momento
posterior em razão do advento de um termo (evento futuro e certo) ou de uma
condição (evento futuro e incerto). E vice-versa.
✓ O ato imperfeito é inexistente. Portanto, ele não pode ser analisado quanto à sua
validade e não produz efeitos jurídicos.
✓ Um ato inválido, por sua vez, não deveria ser capaz de produzir efeitos jurídicos.
Porém, em nome do princípio da boa-fé ou da confiança e do princípio da segurança
jurídica, às vezes são mantidos os efeitos de um ato administrativo, ainda que viciado.
Estudaremos isso adiante.
1. Sujeito
2. Objeto
3. Forma
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4. Motivo
5. Finalidade
➔ Sujeito ou agente: é a pessoa investida dos poderes legais para a prática do ato
administrativo. Se ele não tiver a competência – ou seja, a atribuição por lei, ato ou contrato
– o ato por ele praticado não é válido.
Para a verificação dos poderes atribuídos ao agente, devem ser analisados os seguintes
aspectos:
✓ aspecto material: o ato só pode ser praticado se estiver no rol de matérias atribuídos
àquele agente.
✓ aspecto territorial: deve o agente praticar atos dentro do âmbito espacial definido na
lei ou ato de atribuição de poderes.
✓ aspecto temporal: o ato deve ter sido produzido durante o tempo em que vigorava a
competência do agente.
A) Incapacidade: o Código Civil regula a capacidade dos sujeitos para a prática dos atos
jurídicos (arts. 3º e 4º). Porém a incapacidade civil do agente nem sempre será
suficiente para concluir pela nulidade do ato administrativo. Haverá nulidade apenas
quando para a prática de tal ato for imprescindível o uso da capacidade volitiva pelo
agente. Também podem ser consideradas hipóteses de incapacidade, as situações em
que o agente atua com impedimento ou suspeição – a respeito de tais figuras,
previstas na Lei Federal de Processos Administrativos (Lei nº 9.784/99), vide nossas
explicações adiante, no capítulo sobre processo administrativo (cap. 7).
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que os atos por ele praticados, que atinjam terceiros de boa-fé, sejam
reputados válidos ou convalidáveis, desde que não tenham outros vícios.
➔ Objeto ou conteúdo: é aquilo que o ato declara ou prescreve, aquilo que nos permite
reconhecê-lo como um ato típico. Assim, o objeto de um ato de demissão do servidor é o
rompimento do vínculo de trabalho que o unia à Administração. O objeto da desapropriação
é a extinção do direito de propriedade e do surgimento de novo direito em favor do ente
expropriante.
Tal como no Direito Privado, o objeto do ato administrativo deve ser lícito, certo, moral e
possível. Vamos entender:
✓ Certeza: está relacionada com o princípio da segurança jurídica que nos diz que não
deve pairar dúvida sobre o sentido das prescrições contidas no ato administrativo. Um
exemplo verídico e espantoso, colhido na literatura da disciplina: publicação de um ato
autorizando uma licença a um servidor cujo nome a autoridade desconhecia, pois
estava ilegível.
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A não observância dos aspectos formais, tais como estão prescritos na lei, pode levar à
anulação do ato por vício formal. Porém, é importante observar que a forma é instrumental,
ou seja, ela é um meio para que o ato seja conhecido pelos seus destinatários e atinja suas
finalidades. Por essa razão, embora o vício formal possa levar à nulidade do ato, muitas vezes
será possível a correção desse vício e a consequente manutenção dos efeitos do ato
(convalidação). Diz-se, por isso, que a Administração deve atuar, na maior parte das vezes,
com formalismo moderado.
A ocorrência de um motivo falso ou equivocado pode levar à nulidade do ato. Motivo falso,
por exemplo, seria o alegado por agente de trânsito que multa veículo estacionado em local
permitido, a pretexto de que estaria em local proibido. Motivo equivocado ou errôneo seria o
decorrente da má avaliação de uma situação de fato, por exemplo, se um agente público fosse
demitido por abandono de função, quando na verdade era vítima de um sequestro que o
impedia de comparecer ao trabalho.
Não confundir o motivo com a motivação, que é a explicação dos motivos do ato. A falta de
motivação pode ser um vício formal que leva à nulidade do ato, quando a lei a exige – vide
art. 50 da Lei 9.784/99 (Lei Federal de Procedimentos Administrativos).
A importância da motivação se revela também pela adoção unânime pela doutrina e pela
jurisprudência da denominada teoria dos motivos determinantes, pela qual o agente público,
ao expor os motivos adotados para a prática do ato, vincula o ato àqueles motivos. Se esses
se revelarem falsos ou equivocados, será possível a anulação do ato, mesmo se a lei não exigia
a motivação como requisito formal desse ato. Exemplo recorrente na jurisprudência:
determinada autoridade se recusa a nomear candidatos aprovados em concurso, sob alegação
de que não há necessidade do serviço a ser por eles desempenhado; todavia, fica comprovado
que foram contratados servidores temporários para realizar aquelas atividades, o que
caracteriza a falsidade do motivo alegado e justifica que seja a autoridade compelida a dar
posse aos candidatos aprovados.
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➔ Finalidade
Portanto, são praticados com desvio de finalidades atos que buscam atender a outros
interesses que não os da coletividade – por exemplo, a punição de um servidor público por
motivo de inimizade do superior hierárquico – ou praticados fora dos objetivos almejados pela
lei para aquele ato – por exemplo, a aplicação de sanções de trânsito fora de parâmetros de
razoabilidade e proporcionalidade, com finalidade meramente arrecadatória.
Os atributos ou qualidades que a doutrina costuma atribuir aos atos administrativos são:
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Essa classificação tem por critério a repercussão dos atos. Ato interno é aquele que somente
produz efeitos no âmbito interno da Administração, dispensando-se, em regra, a sua
publicação. Por exemplo, circulares e portarias internas, ordens de serviços, relações de
remessa, etc. Ato externo é aquele que produz efeitos em relação a terceiros. Por essa razão,
se costuma dizer que ele deve ser obrigatoriamente publicado, visto que os interessados têm
direito a conhecer o conteúdo de um ato da Administração que vá atingir seus interesses.
Essa classificação é baseada no critério do número de vontades que participam para edição
de um ato administrativo. Ato simples é aquele que depende apenas da vontade de um órgão
para produzir seus efeitos. Ex.: a nomeação de um Ministro pelo Presidente da República.
Dentro dos atos simples, há autores fazem a distinção entre: a) atos singulares: aqueles que
são produzidos por um só agente; b) atos colegiais: aqueles que são produzidos por vários
agentes reunidos em um colegiado.
Ato complexo é aquele que depende da vontade de mais de um órgão, ente ou Poder. Ex.: a
nomeação dos Ministros do Supremo Tribunal, pois depende da vontade de dois Poderes: o
Presidente da República escolhe, mas o Legislativo, no caso, o Senado, deve aprovar essa
escolha.
Há autores que mencionam também a figura do ato composto, em que há um ato principal,
produzido pela vontade de um órgão, mas que depende da manifestação de vontade de outro
órgão, para fins de produção de efeitos (exequibilidade). Por exemplo, se a lei exige que
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determinado ato, praticado por uma autoridade administrativa, somente produza efeitos
após sua homologação ou aprovação por outro órgão.
Com a extinção, cessam os efeitos do ato administrativo e ele deixa de existir no mundo
jurídico. Essa extinção pode se dar pela ocorrência de fatos jurídicos, como o implemento de
condição resolutiva ou de termo final, ou pelo desaparecimento do objeto da relação jurídica.
Mais interessantes são os casos em que a extinção é realizada por um ato de desfazimento
da própria Administração, retirando-o do mundo jurídico. Esses atos de desfazimento são
exercidos com base no poder de autotutela da Administração e são os seguintes:
A anulação pode ser realizada de ofício pela Administração, visto que decorre do dever de
zelar pela legalidade. Todavia, quando a anulação afetar direitos de terceiro, é necessário que
este seja ouvido, em observância das garantias constitucionais do devido processo legal, da
ampla defesa e do contraditório – vide art. 5º, incisos LIV e LV da CF/88.
Porém, nem todo vício do ato administrativo leva à anulação, pois pode haver a possibilidade
de convalidação do ato, que adiante estudaremos.
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A revogação produz efeitos não retroativos (ex nunc), pois não há justificativa para desfazer
efeitos válidos já produzidos pelo ato a ser revogado. Se o ato que se deseja desfazer possui
algum vício, a Administração não pode revogá-lo: deverá, sim, anulá-lo.
Vamos agora observar o seguinte esquema, que compara anulação e revogação, de maneira
a gravarmos bem suas diferenças:
ANULAÇÃO REVOGAÇÃO
Causa: vício do ato Causa: realização de nova escolha, mais
adequada ao interesse público
É ato vinculado: há dever de invalidar É ato discricionário: há escolha em revogar
É possível a invalidação judicial É impossível a revogação judicial
Opera efeitos retroativos (ex tunc) Opera efeitos não retroativos (ex nunc)
➔ Cassação: difere tanto da invalidação quanto da revogação, pois ela é causada por uma
atitude do próprio administrado. É uma sanção aplicada ao administrado que seja favorecido
por um ato administrativo, em razão do descumprimento de deveres jurídicos a ele impostos
como condição para o gozo desses benefícios. Ex.: a cassação da habilitação para dirigir, em
razão do excesso de infrações cometidas pelo condutor (CBT, art. 263).
A liberdade em praticar o ato de cassação (se ele é vinculado ou discricionário) e seus efeitos
(retroativos ou não) dependem do que dispuser a lei que o regula.
A convalidação é o ato que, corrigindo os vícios de ato anterior, permite a sua manutenção
na ordem jurídica. Tal como a anulação, a convalidação também é uma manifestação do poder
de autotutela da Administração e também atua com efeitos retroativos.
Para que possa ocorrer a convalidação, é necessário que o vício do ato a ser convalidado seja
sanável. Consideram-se sanáveis, em tese, os vícios relativos aos elementos sujeito
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(competência) e forma. Porém somente a análise do caso concreto é que permitirá verificar
se o vício em questão é sujeito à correção.
No que tange aos defeitos relativos à competência do sujeito, eles podem ser sanados, desde
que o ato possa ser ratificado, isto é, confirmado pelo órgão competente para a produção do
ato. O exemplo mais conhecido é o da prática de atos por funcionário de fato, que desde que
não haja outros vícios, podem ser ratificados pela autoridade competente. Também podem
ser ratificados os atos praticados indevidamente pelo subordinado, mas que possam ser
confirmados pelo superior hierárquico, a quem caberia praticá-lo.
Quanto à forma, se o vício formal não afetar a própria existência do ato e tampouco interferir
na certeza e na segurança jurídica em relação ao seu conteúdo ou nas garantias dos
administrados, não há vantagem em promover a invalidação desse ato.
Por último, é importante notar que a Lei nº 9.784/99 (Lei Federal de Procedimentos
Administrativos – art. 55) estabelece como condição da convalidação a inexistência de lesão
ao interesse público e a não ocorrência de prejuízos a terceiros. Trata-se da aplicação, de
forma invertida, do conhecido provérbio jurídico francês “pas de nullité sans grief”
(traduzindo: não há nulidade, se não houve prejuízo). Portanto, se ocorrerem tais
circunstâncias prejudiciais, a Administração estará impedida de convalidar o ato, devendo,
portanto, anulá-lo.
Com relação aos atos vinculados, isto é, aqueles produzidos como mera aplicação de um
comando legal, esse controle é pleno, ilimitado.
A questão se complica quando se trata de ato em que haja aspectos discricionários, ou seja,
onde a lei permitiu ao agente público realizar escolhas acerca do melhor modo de se satisfazer
o interesse público. Neste caso, a doutrina tradicional costuma dizer que a decisão judicial
não poderá questionar o mérito do ato. Ou seja, a autoridade jurisdicional não poderá
analisar a conveniência e/ou oportunidade da prática do ato, visto que essa competência
pertence à autoridade administrativa. Por exemplo, se o Presidente da República escolheu
fulano para ocupar o cargo de Ministro, tal escolha não pode ser questionada judicialmente,
sob pretexto de que haveria candidatos melhores para tal cargo.
Com isso, não se quer dizer que o uso da discricionariedade pelos agentes públicos estará fora
de controle. Caberá ao Poder Judiciário verificar se o agente público respeitou os limites
impostos pela lei, aplicando-a corretamente em vista a situação concreta. Para isso, o ato será
analisado sob a luz dos princípios da moralidade, da razoabilidade e da proporcionalidade,
dentre outros já explicados no capítulo 2.
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Além disso, o julgador poderá constatar o desvio de finalidade, apurando se o agente buscou
alcançar outros interesses que não ou interesse público. Poderá ainda se utilizar da teoria dos
motivos determinantes, já explicada anteriormente.
1. Com relação aos diversos aspectos que regem os atos administrativos, assinale a opção
correta.
a) Segundo a teoria dos motivos determinantes do ato administrativo, o motivo do ato
deve sempre guardar compatibilidade com a situação de fato que gerou a
manifestação de vontade, pois, se o interessado comprovar que inexiste a realidade
fática mencionada no ato como determinante da vontade, estará ele
irremediavelmente inquinado de vício de legalidade.
b) Motivo e motivação do ato administrativo são conceitos equivalentes no direito
administrativo.
c) Nos atos administrativos discricionários, todos os requisitos são vinculados.
d) A presunção de legitimidade dos atos administrativos é uma presunção jure et de jure,
ou seja, uma presunção absoluta.
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d) a discricionariedade.
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6. ADMINISTRAÇÃO INDIRETA
• fundações governamentais
• empresas públicas
Vejamos inicialmente quais são os traços que assemelham todas essas espécies de entidade:
✓ Responsabilidade: elas respondem por seus atos e por suas obrigações. Apenas em
caso de extinção da entidade e incorporação de seu patrimônio pelo ente político é
que este assumirá suas obrigações (responsabilidade subsidiária).
✓ Necessidade de lei para sua criação: a Constituição Federal (art. 37, XIX) exige que lei
específica seja editada para que haja a criação dessas entidades. No caso das entidades
de direito público, a criação se dá por efeito da própria lei. No que tange às que
espécies dotadas de personalidade de direito privado, a lei autoriza a criação e esta
ocorre efetivamente pela inscrição de seu ato constitutivo no registro competente,
conforme estabelece o Código Civil (art. 45).
✓ Extinção também por lei: não estão sujeitas à falência nem podem se extinguir por
vontade própria (vide art. 2º, I da Lei 11.101/2005 – Lei de Falências).
✓ Finalidade pública: o lucro não é sua finalidade essencial, mas sim a satisfação do
interesse público. As que possuem forma empresarial podem ser lucrativas – a
exemplo dos bancos estatais – porém, é preciso ressaltar que sua criação deve ser
sempre para atrelada ao atendimento de relevantes interesses coletivos (vide art. 173
da CF/88).
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✓ Controle de sua atividade pela entidade criadora, sob o chamado regime de tutela ou
supervisão. Trata-se de regime especial de controle, que é realizado por meio da
vinculação dessas entidades a determinados órgãos da Administração Direta – como
os Ministérios e Secretarias.
6.2. Autarquia
Conforme conceituação legal, autarquia é o serviço autônomo, criado por lei, com
personalidade jurídica, patrimônio e receita próprios, para executar atividades típicas da
Administração Pública, que requeiram, para seu melhor funcionamento, gestão
administrativa e financeira descentralizada (Decreto-lei 200/67, art. 5º, I).
Trata-se de pessoa jurídica de direito público, criada diretamente pela lei e que possui todas
as prerrogativas e restrições típicas do regime jurídico-administrativo.
As bem conhecidas agências – ANATEL, ANVISA, etc. – são autarquias que têm um regime
jurídico especial, que lhes dá maior autonomia para tomada de decisões no tocante à gestão
de sua atividade – veja tópico adiante.
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Tais como as fundações privadas, as fundações governamentais não têm finalidade lucrativa,
sendo que o resultado de eventuais atividades comerciais deve reverter inteiramente para os
fins de sua instituição. Também se beneficiam da imunidade tributária recíproca (art. 150, §
2º da CF).
• Fundações governamentais de direito público – que nada mais são do que uma
variação da espécie autarquia, motivo pelo qual alguns autores a ela se referem como
fundações autárquicas.
O Poder Público pode criar empresas para desempenhar atividade econômica (art. 173 da CF)
ou prestar serviços públicos (art. 175 da CF), em regime similar ao dos particulares. Tais
empresas devem seguir o regime jurídico privado nas suas relações civis, comerciais,
trabalhistas, previdenciárias e tributárias. Não obstante, também se sujeitam a algumas das
restrições do regime jurídico-administrativo tais como as fundações de direito privado.
A empresa pública é a empresa constituída por capital inteiramente público. Admite-se a sua
criação com base em qualquer das formas admitidas no direito empresarial.
O regime jurídico das empresas pública – bem como o das sociedades de economia mista e
das subsidiárias criadas por essas empresas estatais – é disciplinado por lei própria – a Lei nº
13.303/2016.
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Tal diploma reflete a atual preocupação com a criação, nas empresas estatais, de mecanismos
adequados de compliance, termo que se refere ao controle interno da empresa e de seus
colaboradores para atendimento às normas legais, técnicas e éticas aplicáveis ao negócio
desenvolvido e à fiel observância das diretrizes e políticas fixadas pela estrutura de comando
da empresa. Os episódios frequentes de corrupção em empresas estatais – cujo maior
exemplo é o do esquema de desvios praticados na Petrobrás, sob o crivo da chamada
Operação Lava Jato – foram impulsionadores da promulgação da referida lei, não se podendo
ainda concluir se a nova legislação atende de fato a tais demandas por maior transparência e
controle na gestão das empresas estatais.
Um aspecto, porém, ficou definido de forma mais clara: a lei regulamentou o art. 173, § 1º,
III, estabelecendo as diretrizes básicas sobre a licitação em tais entidades, atendendo às suas
peculiaridades. Nos artigos 28 a 84, a lei estabelece hipóteses de dispensa e inexigibilidade,
procedimentos de licitação e contratação e demais normas de caráter específico, derrogando
assim as disposições da Lei nº 8.666/93, cuja aplicação às empresas estatais se dará apenas
no tocante às regras penais (art. 41 da Lei º 13.303/2016).
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Nesse caso, embora elas continuem sendo regidas predominantemente pelo regime jurídico
de direito privado, acabam ganhando algumas características a mais do regime jurídico-
administrativo, em razão da natureza da atividade desempenhada.
O melhor exemplo dessa situação envolve os bens dessas entidades. Embora não legalmente
conceituados como bens públicos, mas sim bens privados, os bens diretamente utilizados
para prestação do serviço público passam a ser protegidos, não podendo ser penhorados,
arrestados ou sequestrados.
6.7. Agências
As chamadas agências não são uma nova espécie de ente da Administração Indireta, mas sim
uma qualificação e um regime jurídico especial que se estabelece em favor de uma autarquia
ou uma fundação governamental, dando-lhe grande autonomia para desempenho de suas
atribuições. Nosso direito prevê dois tipos de agência:
• Agências executivas
• Agências reguladoras
As agências executivas são autarquias e fundações que, nos termos do art. 37, §8º da CF,
sejam qualificadas por ato da Chefia do Executivo venham a celebrar contrato de gestão com
o Ministério a que estão vinculadas.
Por meio de tal contrato de gestão, tais entidades obtém a ampliação de sua autonomia
administrativa, orçamentária e financeira, porém devem atender a metas de desempenho
constantes desse instrumento.
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No Brasil, curiosamente, elas surgiram no contexto de política de privatizações dos anos 90,
em que o Estado passou a vender o controle acionário de empresas estatais e promoveu a
realização de concessões de serviços públicos antes prestados em regime de monopólio
estatal. O modelo é adotado, então, com o intuito de dar confiança aos investidores privados,
especialmente aos grupos econômicos estrangeiros, de que a regulação dos serviços públicos
e das atividades econômicas objeto da política de privatização seria realizada de forma técnica
e não politizada. No âmbito constitucional, a previsão de “órgãos reguladores” foi introduzida
nos arts. 21, XI e 177, § 2º, III da CF/88, pelas Emendas Constitucionais nºs 8/95 e 9/95.
• Caráter final de suas decisões técnicas: não são passíveis de modificação pela
entidade controladora. Por essa razão, uma multa aplicada pela Agência não pode ser
revista pelo órgão ao qual ela está vinculada, não havendo na legislação a previsão de
recurso para esse fim. Atualmente, admite-se controle de seus atos apenas quando: a)
ultrapassarem os limites de suas competências institucionais; ou b) se violarem
políticas públicas estabelecidas pela alta direção da Administração (Chefia do Poder
Executivo e Ministérios a que estão vinculadas – Parecer AGU nº 51/06).
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Previstos na Lei 11.107/2005, os consórcios públicos são formados pela associação de entes
políticos, que se unem para criar uma pessoa jurídica, à qual será atribuída a gestão de um
serviço público de interesse comum das entidades consorciadas.
A pessoa jurídica formada pode ser de direito público – nesse caso, ganha a denominação de
associação pública, embora a doutrina afirme tratar-se apenas de uma subespécie de
autarquia. Também pode ser constituída com regime de direito privado, sendo então
adotadas uma das formas já conhecidas de entidades da Administração Indireta com regime
privatístico: fundação de direito privado, empresa pública ou sociedade de economia mista.
A bem da verdade, sociedades formadas com a participação de diversos entes públicos e sob
regime de direito privado já eram conhecidas na prática administrativa, vindo a referida lei
apenas a admitir a criação da figura com personalidade de direito público, promovendo
também uma normatização mais completa acerca da forma de sua constituição e
funcionamento. Um exemplo de entidade formada pela participação de duas ou mais
entidades estatais e que precedeu a lei dos consórcios públicos é a Cia. do Metropolitano de
São Paulo – Metrô, que tem como acionistas o Estado e o Município de São Paulo.
O consórcio público inicia sua constituição por meio de um protocolo de intenções entre os
entes que pretendem se consorciar, contendo uma série de cláusulas obrigatórias definidas
na lei (art. 4º). Porém, não basta a celebração do protocolo: é necessário que os entes políticos
consorciados editem leis ratificadoras do protocolo, de maneira que consórcio seja
efetivamente constituído.
Tendo personalidade própria, o consórcio público responde por suas obrigações, sendo que
os entes consorciados responderão subsidiariamente pelas obrigações do consórcio apenas
em caso de extinção ou insuficiência de patrimônio para responder pelas dívidas contraídas –
no que, aliás, não difere das demais entidades da Administração Indireta. Pode ser
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demandado para esse fim qualquer dos entes consorciados, pois entre eles há relação de
solidariedade (art. 12, § 2º) A participação dos entes consorciado no custeio das atividades do
consórcio, se dá por meio de contrato específico, formalizado em cada exercício financeiro,
denominado de contrato de rateio (art. 8º).
As medidas de tutela são estabelecidas pelas leis que regem os entes da Administração
Indireta e pelas legislações instituidoras. As medidas mais comuns, mencionadas no Decreto-
lei nº 200/67, de âmbito federal, são:
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7. A Lei 11.107, de 6 de abril de 2005, dispõe sobre normas gerais para a União, os Estados, o
Distrito Federal e os Municípios contratarem consórcios públicos para a realização de
objetivos de interesse comum. A respeito do regime jurídico aplicável a tais consórcios
públicos, assinale a alternativa correta.
a) É vedada a celebração de contrato de consórcio público cujo valor seja inferior a R$
20.000.000,00 (vinte milhões) de reais.
b) Os consórcios públicos na área de saúde, em razão do regime de gestão associada, são
dispensados de obedecer aos princípios que regulam o Sistema Único de Saúde.
c) É vedada a celebração de contrato de consórcio público para a prestação de serviços cujo
período seja inferior a 5 (cinco) anos.
d) A União somente participará de consórcios públicos em que também façam parte todos os
Estados em cujos territórios estejam situados os Municípios consorciados.
8. No Estado X, foi constituída autarquia para a gestão do regime próprio de previdência dos
servidores estaduais. A lei de constituição da entidade prevê a possibilidade de apresentação
de recurso em face das decisões da autarquia, a ser dirigido à Secretaria de Administração do
Estado (órgão ao qual a autarquia está vinculada). Sobre a situação descrita, assinale a opção
correta.
a) Não é possível a criação de autarquia para a gestão da previdência dos servidores, uma
vez que se trata de atividade típica da Administração Pública.
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b) Não cabe recurso hierárquico impróprio em decisões da autarquia, uma vez que ela
goza de autonomia técnica, administrativa e financeira.
c) A previsão de recurso dirigido à Secretaria de Administração do Estado (órgão ao qual
a autarquia está vinculada) configura exemplo de recurso hierárquico próprio.
d) São válidas tanto a constituição da autarquia para a gestão do regime previdenciário
quanto a previsão de cabimento do recurso ao órgão ao qual a autarquia está vinculada.
10. O Estado ABCD, com vistas à interiorização e ao incremento das atividades econômicas,
constituiu empresa pública para implantar distritos industriais, elaborar planos de ocupação
e auxiliar empresas interessadas na aquisição dessas áreas. Considerando que esse objeto
significa a exploração de atividade econômica pelo Estado, assinale a afirmativa correta.
a) A constituição de empresa pública para exercer atividade econômica é permitida
quando necessária ao atendimento de relevante interesse coletivo.
b) As pessoas jurídicas integrantes da Administração indireta não podem explorar
atividade econômica.
c) Dentre as figuras da Administração Pública indireta, apenas a autarquia pode
desempenhar atividade econômica, na qualidade de agência reguladora.
d) Não é possível a exploração de atividade econômica por pessoa jurídica integrante da
Administração direta ou indireta.
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11. Quanto às pessoas jurídicas que compõem a Administração Indireta, assinale a afirmativa
correta.
a) As autarquias são pessoas jurídicas de direito público, criadas por lei.
b) As autarquias são pessoas jurídicas de direito privado, autorizadas por lei.
c) As empresas públicas são pessoas jurídicas de direito público, criadas por lei.
d) As empresas públicas são pessoas jurídicas de direito privado, criadas para o exercício
de atividades típicas do Estado.
12. Atento à crescente especulação imobiliária, e ciente do sucesso econômico obtido pelas
construtoras do País com a construção de imóveis destinados ao público de alta renda, o
Estado “X” decide ingressar nesse lucrativo mercado. Assim, edita uma lei autorizando a
criação de uma empresa pública e, no mesmo ano, promove a inscrição dos seus atos
constitutivos no registro das pessoas jurídicas.
Assinale a alternativa que apresenta a alegação que as construtoras privadas, incomodadas
pela concorrência de uma empresa pública, poderiam apresentar.
a) A nulidade da constituição daquela pessoa jurídica, uma vez que as pessoas jurídicas
estatais só podem ser criadas por lei específica.
b) O objeto social daquela empresa só poderia ser atribuído a uma sociedade de
economia mista e não a uma empresa pública.
c) Os pressupostos de segurança nacional ou de relevante interesse coletivo na
exploração daquela atividade econômica não estão presentes.
d) A criação da empresa pública não poderia ter ocorrido no mesmo ano em que foi
editada a lei autorizativa.
(OAB 2012/3)
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15. Após autorização em lei, o Estado X constituiu empresa pública para atuação no setor
bancário e creditício. Por não possuir, ainda, quadro de pessoal, foi iniciado concurso público
com vistas à seleção de 150 empregados, entre economistas, administradores e advogados.
A respeito da situação descrita, assinale a afirmativa correta.
a) Não é possível a constituição de empresa pública para exploração direta de atividade
econômica pelo Estado.
b) A lei que autorizou a instituição da empresa pública é, obrigatoriamente, uma lei
complementar, por exigência do texto constitucional.
c) Após a Constituição de 1988, cabe às empresas públicas a prestação de serviços públicos e
às sociedades de economia mista cabe a exploração de atividade econômica.
d) A empresa pública que explora atividade econômica sujeita-se ao regime trabalhista
próprio das empresas privadas, o que não afasta a exigência de concurso público.
16. O Estado XYZ pretende criar uma nova universidade estadual sob a forma de fundação
pública. Considerando que é intenção do Estado atribuir personalidade jurídica de direito
público a tal fundação, assinale a afirmativa correta.
a) Tal fundação há de ser criada com o registro de seus atos constitutivos, após a edição
de lei ordinária autorizando sua instituição.
b) Tal fundação há de ser criada por lei ordinária específica.
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c) Não é possível a criação de uma fundação pública com personalidade jurídica de direito
público.
d) Tal fundação há de ser criada por lei complementar específica.
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7. PROCESSO ADMINISTRATIVO
A Lei 9.784/99 arrola, em seu art. 2º, diversos princípios e diretrizes acerca do processo
administrativo. Destacamos alguns dos princípios e diretrizes mais importantes, contidos na
Constituição, na referida lei ou mencionados pela doutrina:
• Devido processo legal – constante do art. 5º, LIV, da CF, confere aos administrados o
direito de exigir da Administração a observância do procedimento legal, quando a
decisão a ser tomada afetar seus interesses.
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Art. 19. A autoridade ou servidor que incorrer em impedimento deve comunicar o fato
à autoridade competente, abstendo-se de atuar.
Parágrafo único. A omissão do dever de comunicar o impedimento constitui falta
grave, para efeitos disciplinares.
Art. 20. Pode ser arguida a suspeição de autoridade ou servidor que tenha amizade
íntima ou inimizade notória com algum dos interessados ou com os respectivos
cônjuges, companheiros, parentes e afins até o terceiro grau.
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suspeição e for rejeitada a arguição pela autoridade superior, ainda caberá recurso,
sem efeito suspensivo (art. 21).
• Motivação – a Lei 9.784/99 dedica um extenso artigo (art. 50) a esse princípio,
determinando que sejam necessariamente motivados os atos que
✓ neguem, limitem ou afetem direitos ou interesses;
✓ imponham ou agravem deveres, encargos ou sanções;
✓ decidam processos administrativos de concurso ou seleção pública;
✓ dispensem ou declarem a inexigibilidade de processo licitatório;
✓ decidam recursos administrativos;
✓ decorram de reexame de ofício;
✓ deixem de aplicar jurisprudência firmada sobre a questão ou discrepem de
pareceres, laudos, propostas e relatórios oficiais;
✓ importem anulação, revogação, suspensão ou convalidação de ato administrativo.
Além disso, diz que a motivação deve ser “explícita, clara e congruente, podendo
consistir em declaração de concordância com fundamentos de anteriores pareceres,
informações, decisões ou propostas, que, neste caso, serão parte integrante do ato”.
• Celeridade – o processo deve ter uma duração razoável, suficiente para garantia de
segurança da parte, o que é exigido pela Constituição no inciso LXXVIII do art. 5º (“a
todos, no âmbito judicial e administrativo, são assegurados a razoável duração do
processo e os meios que garantam a celeridade de sua tramitação”). Para tanto, deve
haver fixação de prazo máximo para a produção dos atos do processo. Na Lei nº
9.784/99, tal princípio é prestigiado nos seguintes dispositivos da Lei 9.784/99: art. 24;
art. 42; art. 43; art. 49; art. 59, § 1º.
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• Não onerosidade – o processo não deve ser oneroso para a parte. Se houver acusação
ou exercício de direitos de cidadania, é vedada a cobrança de taxas para exercício da
defesa ou direito de manifestação – vide na Lei 9.784/99: art. 2º, XI; art. 29, § 2º.
Recentemente, o Supremo Tribunal Federal editou a seguinte súmula vinculante:
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➢ Recurso – a lei garante o direito de recurso da parte legítima (vide art. 58), sendo
estabelecida a pluralidade de instâncias (no máximo três, salvo disposição legal
diversa), de maneira a garantir a melhor decisão para o administrado. O recurso é
dirigido à autoridade que decidiu, que poderá rever sua decisão ou encaminhar à
autoridade superior (arts. 56 e 57). Esta poderá atribuir efeito suspensivo ao recurso,
em caso de justo receio de dano irreparável, embora não esteja obrigada a isso (art.
61). O recurso não será conhecido em caso de intempestividade, ilegitimidade do
recorrente, incompetência do órgão ao qual se recorreu ou se já esgotada a esfera
administrativa. Em caso de direcionamento ao órgão errado, se prevê a devolução do
prazo de recurso. O não conhecimento do recurso não impede a revisão de ofício do
ato ilegal, desde que não tenha ocorrido preclusão administrativa (art. 63). A
autoridade, ao apreciar o recurso, poderá confirmar, modificar, anular ou revogar,
total ou parcialmente, a decisão recorrida, se a matéria for de sua competência (art.
64). Essa busca da verdade material, aliada ao princípio da autotutela, permite a
reformatio in pejus (isto é, agravamento da situação do recorrente) nos processos
administrativos (art. 64, par. único) e a revisão a qualquer tempo da decisão, quando
sobrevierem novos fatos ou circunstâncias relevantes, desconhecidos à época da
decisão (art. 65).
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A Lei 9.784/99 estabeleceu critério objetivo a respeito, aplicável à esfera federal, no que tange
à anulação de atos administrativos:
Art. 54. O direito da Administração de anular os atos administrativos de que decorram efeitos
favoráveis para os destinatários decai em cinco anos, contados da data em que foram
praticados, salvo comprovada má-fé.
Há ainda prazos chamados de prescricionais, por exemplo, os prazos para que a administração
possa exercer a pretensão de punir administrativamente um servidor público (vide, por
exemplo, art. 142 da Lei 8.112/90).
Por fim, cabe mencionar as situações consumadas ou exauridas, que já não podem mais ser
desfeitas, eventualmente sendo resolvidas por meio de indenizações. Assim, a Administração
não pode revogar ato de demolição que já foi executado; ou cassar autorização para a prática
de um ato, depois que esse já se consumou.
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1. Assinale a opção correta com relação às normas que regulam o processo administrativo no
âmbito da administração pública federal.
a) As normas que regulam o processo administrativo no âmbito da administração pública
federal aplicam-se apenas à administração pública direta.
b) As normas que regulam o processo administrativo no âmbito da administração pública
federal são aplicáveis apenas ao Poder Executivo.
c) O administrado tem o direito de ter ciência da tramitação dos processos
administrativos em que tenha a condição de interessado bem como de ter vista dos autos,
obter cópias de documentos neles contidos e conhecer as decisões proferidas.
d) O processo administrativo tem seu início sempre por iniciativa da própria
administração pública.
3. Paulo, servidor público federal, deixou de observar determinadas regras legais durante a
análise de um requerimento de particular, terminando por deferir a este uma licença à qual
não tinha direito. Tomada ciência dos fatos, foi instaurado processo administrativo disciplinar.
No curso da investigação, descobriu-se que Paulo recebera propina para a prática do referido
ato. A comissão processante, após seguir todos os ritos legais, apresentou relatório sugerindo
a demissão de Paulo e remeteu os autos à autoridade julgadora. A autoridade administrativa
superior, ao julgar Paulo, teceu poucos comentários e fez remissão à adoção integral das
razões declinadas pela comissão para determinar a demissão do servidor. Paulo impetrou
mandado de segurança com a finalidade de anular a demissão ocorrida, alegando que a
comissão fora instaurada para apurar o fato relativo a sua falta de cautela ao deferir o
requerimento e terminou julgando-o por fato mais grave, qual seja, a prática de corrupção.
Alegou, também, que a autoridade administrativa que o demitiu não fundamentara
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devidamente seu ato, já que fez mera remissão aos fundamentos da comissão de processo
administrativo disciplinar. Por fim, atacou a ausência de contraditório, alegando que, após o
relatório da comissão processante, ele não fora intimado pessoalmente para contestá-lo. Com
relação à situação hipotética apresentada, assinale a opção correta.
a) Não há ilegalidade na ampliação da acusação a servidor público se, durante o processo
administrativo, forem apurados fatos novos, conexos, que, igualmente, constituam infração
disciplinar, desde que o princípio do contraditório e da ampla defesa sejam rigorosamente
observados.
b) Não é permitido ao agente administrativo, para complementar suas razões, encampar
os termos de parecer exarado por autoridade de menor hierarquia.
c) A autoridade julgadora está vinculada às conclusões da comissão processante,
cabendo-lhe apenas sopesar a pena.
d) Paulo deveria ter sido intimado, pessoalmente, após o relatório da comissão
processante, para que pudesse impugná-lo antes do julgamento.
5. João é parte em processo administrativo federal regulado pela Lei n. 9.784/1999, no qual
foi proferida decisão que rejeitou sua pretensão. João pretende recorrer dessa decisão.
Acerca do caso apresentado, e observando o disposto na lei citada, assinale a afirmativa
correta.
a) O recurso de João deverá ser dirigido diretamente à autoridade hierarquicamente
superior à autoridade que proferiu a decisão.
b) O prazo para interposição de recurso administrativo, salvo disposição legal específica,
é de trinta dias, contado a partir da ciência ou da divulgação oficial da decisão recorrida.
c) A interposição de recurso administrativo depende do oferecimento de caução, salvo
expressa dispensa legal.
d) O não conhecimento do recurso não impedirá a Administração de rever de ofício o ato
ilegal, desde que não ocorrida a preclusão administrativa.
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6. Carlos Mário, chefe do Departamento de Contratos de uma autarquia federal descobre, por
diversos relatos, que Geraldo, um dos servidores a ele subordinado, deixara de comparecer a
uma reunião para acompanhar a tarde de autógrafos de um famoso artista de televisão. Em
outra ocasião, Geraldo já se ausentara do serviço, durante o expediente, sem prévia
autorização do seu chefe, razão pela qual lhe fora aplicada advertência. Irritado, Carlos Mário
determina a instauração de um processo administrativo disciplinar, aplicando a Geraldo a
penalidade de suspensão, por 15 (quinze) dias, sem a sua oitiva, em atenção ao princípio da
verdade sabida.
Considerando o exposto, assinale a afirmativa correta.
a) A penalidade aplicada é nula, em razão de violação às garantias constitucionais da
ampla defesa e do contraditório, razão pela qual o princípio da verdade sabida não guarda
compatibilidade com a ordem constitucional vigente.
b) A penalidade aplicada é nula, pois a ausência do serviço sem autorização do chefe é
hipótese de aplicação da penalidade de advertência e jamais poderia dar ensejo à aplicação
da penalidade de suspensão.
c) A penalidade aplicada é correta, pois a ausência do servidor no horário de expediente
é causa de aplicação da penalidade de suspensão, e o fato era de ciência de vários outros
servidores.
d) A penalidade aplicada contém vício sanável, devendo ser ratificada pelo Diretor-
Presidente da autarquia, autoridade competente para tanto.
7. Um servidor público federal em São Paulo viajou a serviço para Brasília, para uma inspeção,
e cobriu todas as despesas com recursos próprios. Passados exatos 3 anos e 10 meses, o
servidor formulou pedido na esfera administrativa de reembolso de despesas e pagamento
das diárias de viagem. A decisão final no processo administrativo somente foi proferida 1 (um)
ano e 6 (seis) meses após a formalização do pedido, negando o pleito. Diante desse fato, ele
pretende ingressar com demanda para cobrar o referido valor.
Considerando o exposto, assinale a afirmativa correta.
a) O prazo prescricional é de 3 (três) anos, que já se tinha consumado quando o servidor
formulou o pedido na esfera administrativa.
b) O prazo prescricional é de 5 (cinco) anos e este foi suspenso pelo pedido
administrativo. Com a decisão negativa, volta a correr a prescrição contra o servidor.
c) O prazo prescricional é de 10 (dez) anos e, a despeito de não haver previsão de
suspensão ou interrupção do prazo, este ainda não se consumou em desfavor do servidor.
d) O prazo prescricional é de 5 (cinco) anos e, portanto, este já transcorreu integralmente,
visto que o pedido formulado na esfera administrativa não suspende e nem interrompe a
prescrição.
(OAB Nacional – 2016/2)
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8. LICITAÇÕES
8.1. Definição
Analisemos a definição:
➢ Dar igual oportunidade a todos os que queiram negociar com a Administração – o que
prestigia o princípio da isonomia.
Art. 37 (...)
XXI - ressalvados os casos especificados na legislação, as obras, serviços, compras e
alienações serão contratados mediante processo de licitação pública que assegure
igualdade de condições a todos os concorrentes...
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Art. 175. Incumbe ao Poder Público, na forma da lei, diretamente ou sob regime de
concessão ou permissão, sempre através de licitação, a prestação de serviços
públicos.
8.4. Princípios
A maior parte desses princípios já foi mencionada anteriormente. Vamos nos concentrar
naqueles princípios que são típicos desse instituto:
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(simpatia, interesse, etc.). Por essa razão, a lei limita os tipos de critério de julgamento
que podem ser utilizados em uma licitação.
✓ art. 17 – se refere aos contratos em que a Administração busca alienar ou ceder o uso
de seus bens.
✓ art. 24, incisos I a XXX – aplicam-se aos demais contratos celebrados pela
Administração, em geral, quando a Administração está adquirindo algum bem ou
serviço.
As situações mais comuns referidas pela lei dizem respeito ao baixo valor da contratação
(incisos I e II), situações de guerra ou grave perturbação da ordem (III), emergência ou
calamidade pública (IV) e situação da licitação deserta, ou seja, em que não houve o
comparecimento de interessados e que haverá prejuízo em repeti-la (não se confunde com a
licitação fracassada, em que comparecem licitantes, mas todos são inabilitados ou
desclassificados) (V).
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DISPENSA INEXIGIBILIDADE
Art. 17 e 24 da Lei 8.666/93 Art. 25 da Lei 8.666/93
A licitação é inconveniente ou inoportuna A licitação é inviável, em razão da
ao interesse público impossibilidade de competição
Rol taxativo Rol exemplificativo
Para atender ao princípio do julgamento objetivo, a lei preestabeleceu os critérios que podem
ser utilizados para o julgamento da licitação, isto é, para a escolha do vencedor da competição,
em seu art. 45. Observe o texto legal:
É importante observar que esses critérios são mutuamente excludentes. Ou seja, não pode
haver a combinação deles. A Administração deve escolher apenas um critério para aquela
licitação e manter-se fiel ao critério escolhido. Vamos entendê-los:
• Critério de menor preço: tem por base a proposta comercial mais econômica para a
Administração. É o critério mais utilizado, pois a lei limitou bastante o uso dos critérios
que envolvem o exame da qualidade técnica – vide a propósito: art. 45, § 4º e art. 46,
caput e § 3º da Lei 8.666/93.
• Critério de melhor técnica: ao contrário do que possa parecer, esse critério não leva
necessariamente a escolha da melhor proposta técnica. Ao usar desse critério, a
Administração fará duas listas de classificação: uma lista baseada no menor preço e
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outra baseada na melhor técnica. A seguir, perguntará àquele que ofereceu a melhor
técnica se ele concorda com o menor preço praticado. Se ele recusar, será perguntado
ao segundo classificado no aspecto técnico e assim por diante. Portanto, a proposta
comercial tem mais peso, ao se adotar esse critério.
• Critério de maior lance ou oferta: Esse critério, como a própria lei já diz, se aplica aos
casos em que a Administração está alienando algum bem. Não há outro critério
possível nesses casos que o de melhor preço oferecido pelo licitante comprador.
Caso haja empate entre os licitantes, a lei estabelece como critérios de desempate a
preferência aos bens e serviços, em seu art. 3º: 1º) produzidos no País; 2º)produzidos ou
prestados por empresas brasileiras; e 3º) produzidos ou prestados por empresas que invistam
em pesquisa e no desenvolvimento de tecnologia no País. Além disso, os parágrafos desse
artigo também possuem algumas normas de sentido protecionista, que buscam dar
preferência a produtos nacionais, recentemente inseridas pela Medida Provisória 495/2010.
Se mesmo assim não for possível o desempate, o único método possível é o sorteio (art. 45, §
2º).
- Concorrência
➢ Para aquisições: - Tomada de preço
- Convite
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Há também modalidades que são utilizadas para fins específicos. Vejamos quais são:
Para escolha das modalidades, é necessário seguir o que dispõe a Lei de Licitações, tendo em
vista o objeto a ser licitado (alienações ou aquisições) e o valor do contrato. E ainda há
aquelas que são destinadas para finalidades específicas – o concurso e o pregão.
Para se adquirir um bem, contratar um serviço, realizar uma obra ou uma reforma a escolha
da modalidade é baseada no valor da contratação. Observe a tabela abaixo, baseada no art.
23 da Lei de Licitações:
MODALIDADE VALOR
Convite Para compras e serviços: até R$ 80.000,00
Para obras e serviços de engenharia: até
R$ 150.000,00
Tomada de Preços Para compras e serviços: até R$
650.000,00
Para obras e serviços de engenharia: até
R$ 1.500.000,00
Concorrência Para compras e serviços: acima de R$
650.000,00
Para obras e serviços de engenharia:
acima de R$ 1.500.000,00
É importante observar que quanto mais alto o valor da contratação, mais exigente e
complexo será o procedimento e maior estímulo haverá à competitividade. Essa observação
é importante, pois o administrador não pode burlar as modalidades previstas em lei. Por
exemplo: se a contratação for de uma obra de valor acima de um milhão e meio, a
Administração deve promover a concorrência. Se escolher a tomada de preços ou o convite,
a licitação será viciada, sujeita a anulação. Se, ao contrário, a contratação for pequena, de
valor que possibilitaria o uso da modalidade mais simples, a lei permite que a Administração
escolha a modalidade mais exigente – o que não ocasiona prejuízo algum, podendo até ser
uma cautela a mais.
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No que tange à escolha das modalidades dedicadas à alienação de bens, o esquema abaixo
sintetiza as regras previstas nos arts. 17, § 6º, 19 e 23, §3º da Lei de Licitações:
MODALIDADE CIRCUNSTÂNCIA
Concorrência - Bens imóveis: é a regra geral
- Bens móveis: para o bem ou lote que
superar R$ 650.000,00
Leilão - Bens imóveis: apenas os adquiridos em
procedimento judicial ou dados em
pagamento
- Bens móveis: para o bem ou lote de valor
inferior a R$ 650.000,00
Aqui, como podemos perceber a escolha não depende apenas do valor. No caso dos bens
imóveis, a regra geral é a concorrência, sendo a exceção aqueles bens imóveis que são
adquiridos geralmente no pagamento de dívidas, em que há o interesse em converter
rapidamente o imóvel em dinheiro. Tudo isso é tirado da combinação dos artigos 17, § 6º,
19 e 23, §3º da Lei de Licitações.
1º. Edital
2º. Habilitação
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3º. Julgamento
4º. Homologação
5º. Adjudicação
O edital deve:
✓ ser claro e completo (vide art. 40 da Lei 8.666/93)
✓ ser objetivo (não direcionado a um destinatário ou a uma marca)
✓ deve ser publicado de forma resumida (vide art. 21 da Lei 8.666/93 – exceção: a
modalidade convite, na qual é enviada uma carta, a chamada carta-convite, que
substitui o edital)
Caso haja algum vício do edital o mesmo poderá ser impugnado pelo interessado em
participar ou por qualquer cidadão (art. 41 da Lei 8.666/93 e art. 4º, incisos I e V da Lei
10.520/2002). Se houver necessidade de modificação do instrumento convocatório, que
altere as exigências originalmente previstas, deverá haver nova divulgação do instrumento
convocatório e reabertura dos prazos para os licitantes.
A fase da habilitação também é chamada fase subjetiva, pois nela é examinada a idoneidade
do interessado em contratar com a Administração. Nessa fase se verifica a documentação
entregue pelo licitante na abertura da sessão de licitação, contendo documentos referentes
a:
✓ habilitação jurídica
✓ qualificação técnica
✓ qualificação econômico-financeira
✓ regularidade fiscal
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Se o licitante não tiver cumprido as exigências para habilitação, ele será inabilitado e não
participará das fases seguintes da licitação. O licitante poderá recorrer da decisão que o
inabilitou e somente após a decisão desse recurso é que a licitação poderá prosseguir.
Se todos os licitantes forem inabilitados, a Administração poderá fixar prazo para nova
apresentação de documentos, para assim economizar tempo e trabalho, evitando reiniciar
o procedimento (vide art. 48, §3º da L. 8.666/93).
É nessa fase que se faz a seleção da proposta mais vantajosa para a Administração, dentre
as apresentadas pelos licitantes em envelopes lacrados, por ocasião da abertura da sessão
da licitação. Há dois tipos de proposta que podem ser analisadas nesta fase:
Somente serão abertos os envelopes com as propostas dos licitantes habilitados. Costuma-
se dizer que as propostas devem ser sérias, firmes, concretas e ajustadas ao edital. Se elas
não forem assim, serão desclassificadas pela autoridade ou comissão de licitação – vide os
artigos 44 e 48 da Lei 8.666/93, que descrevem as situações em que as propostas não devem
ser aceitas na licitação.
Se todas as propostas forem desclassificadas, será fixado prazo para nova apresentação de
propostas (art. 48, §3º da L. 8.666/93).
Também na fase do julgamento, como em todas as outras, caberá recurso por quem se sentir
prejudicado pela decisão tomada pelos responsáveis pela condução da licitação.
É importante ressaltar que o licitante ficará vinculado à sua proposta pelo prazo máximo de
sessenta dias contados da entrega dos envelopes ou da realização dos lances, se o edital não
fixar prazo menor (art. 64, § 3º da Lei 8.666/93).
A adjudicação é a decisão da autoridade superior pela qual ela atribuiu o objeto da licitação
ao licitante vencedor. A ele fica garantida a preferência absoluta para firmar o contrato
disputado na licitação. A adjudicação é, portanto, o ato final do procedimento licitatório.
8.9. O pregão
Ele possui algumas peculiaridades que o diferenciam das demais modalidades. Vejamos:
Essa última peculiaridade merece ser detalhada. Na primeira fase do julgamento, são abertos
os envelopes e promovida à classificação das propostas, como acontece nas outras
modalidades. Porém, uma vez feita essa classificação, os melhores classificados são
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chamados a dar lances verbais, de maneira que o vencedor seja aquele que oferecer o
menor preço.
São chamados para essa etapa dos lances todos os licitantes classificados que tiverem
oferecido em suas propostas escritas preços até 10% maiores do que a melhor proposta
apresentada. Devem ser chamados no mínimo três participantes para essa segunda etapa.
O que diferencia o pregão eletrônico é o uso dos meios digitais, isto é, as propostas e os
lances são enviados pela Internet, em ambiente seguro.
Outra peculiaridade é que no pregão eletrônico não há a escolha das melhores propostas
classificadas para participação na etapa de lances, pois todos os classificados,
independentemente do valor inicialmente proposto, podem participar dar lances nessa
segunda etapa.
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3. De acordo com a Lei n.º 8.666/1993, que regulamenta o art. 37, inciso XXI, da Constituição
Federal e institui normas para licitações e contratos da administração pública, é inexigível a
licitação
a) nos casos de guerra ou grave perturbação da ordem.
b) quando não acudirem interessados à licitação anterior e, justificadamente, não puder
ser repetida a licitação sem prejuízo para a administração, mantidas, neste caso, todas as
condições preestabelecidas.
c) em caso de inviabilidade de competição para aquisição de materiais que só possam
ser fornecidos por empresa ou representante comercial exclusivo.
d) quando a União tiver de intervir no domínio econômico para regular preços ou
normalizar o abastecimento.
a) Em regra, a venda de bens públicos imóveis passíveis de alienação ocorre por meio
das modalidades de concorrência ou leilão.
b) É dispensável a licitação quando não acudirem interessados à licitação anterior, e a
licitação, justificadamente, não puder ser repetida sem prejuízo para a administração,
mantidas, nesse caso, todas as condições preestabelecidas.
c) Não está impedida de participar de licitações a empresa que se utilize do trabalho do
menor de dezesseis anos de idade, mesmo fora da condição de aprendiz.
d) A microempresa ou empresa de pequeno porte que deixe de comprovar, na fase de
habilitação, a sua regularidade fiscal será excluída de imediato do certame.
6. Diante das chuvas torrenciais que destruíram o telhado do prédio de uma Secretaria de
Estado, o administrador entende presentes as condições para a dispensa de licitação com
fundamento no Art. 24, IV, da Lei nº 8.666/1993 (contratação direta quando caracterizada
urgência de atendimento de situação que possa ocasionar prejuízo ou comprometer a
segurança de pessoas, obras, serviços, equipamentos e outros bens, públicos ou
particulares).
Submete, então, à Assessoria Jurídica a indagação sobre a possibilidade de contratação de
empresa de construção civil de renome nacional para a reconstrução da estrutura afetada
do edifício.
Sobre as hipóteses de contratação direta, assinale a afirmativa correta.
a) As hipóteses de dispensa e inexigibilidade de licitação não exigem justificativa de
preço, porque são casos em que a própria legislação entende inconveniente ou inviável a
competição pelas melhores condições de contratação.
b) A dispensa de licitação, assim como a de inexigibilidade, não prescinde de justificativa
de preço, uma vez que a autorização legal para não licitar não significa possibilidade de
contratação por preços superiores aos praticados no mercado.
c) Apenas as hipóteses de dispensa de licitação (e não as situações de inexigibilidade)
exigem justificativa de preço até porque a inexigibilidade significa que somente uma pessoa
pode ser contratada, o que afasta possibilidade de discussão quanto ao preço.
d) A dispensa de licitação não exige justificativa de preço, pois a própria lei prevê,
taxativamente, que não se faça licitação nas hipóteses elencadas; na inexigibilidade, a
justificativa de preço é inafastável, diante do caráter exemplificativo do Art. 25 da Lei.
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10. Nenhuma proposta foi apresentada na licitação promovida por uma autarquia federal
para a aquisição de softwares de processamento de dados. Com relação a esse caso, assinale
a afirmativa correta.
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a) Um novo procedimento licitatório deve ser realizado no prazo de até 180 dias do
término do procedimento anterior.
b) A hipótese é de licitação dispensada, ainda que ela possa ser repetida sem prejuízo
para a Administração.
c) A hipótese é de inexigibilidade de licitação, desde que a contratação se faça no prazo
de até 180 dias do término do procedimento anterior.
d) A contratação direta é admitida, se a licitação não puder ser repetida sem prejuízo
para a Administração.
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9. CONTRATOS ADMINISTRATIVOS
9.1. Definição
A Administração possui contratos que fogem ao tratamento dado pelas normas do direito
privado, razão pela qual estudamos esse tema no Direito Administrativo, chamando esses
contratos de contratos administrativos.
Cabe esclarecer que nem todo contrato feito pela Administração é considerado contrato
administrativo, pois há contratos que são regidos predominantemente pelas normas do
direito comum, por exemplo, os contratos de seguro, de financiamento, de locação em que
o Poder Público seja locatário (vide art. 62, § 3º, I da Lei 8.666/93 – Lei de Licitações e
Contratos).
Art. 58. O regime jurídico dos contratos administrativos instituído por esta Lei
confere à Administração, em relação a eles, a prerrogativa de:
I - modificá-los, unilateralmente, para melhor adequação às finalidades de interesse
público, respeitados os direitos do contratado;
II - rescindi-los, unilateralmente, nos casos especificados no inciso I do art. 79 desta
Lei;
III - fiscalizar-lhes a execução;
IV - aplicar sanções motivadas pela inexecução total ou parcial do ajuste;
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Uma cláusula exorbitante também constante da lei (art. 78) é a obrigação do contratado de
tolerar a mora da Administração por um determinado período – 90 dias de atraso nos
pagamentos ou 120 de suspensão da execução contratual. Isso é bem diferente do que
ocorre na esfera privada, onde vige um princípio chamado de “exceção do contrato não
cumprido” (exceptio non adimpleti contractus), pelo qual uma parte não pode exigir a
prestação de outra, sem que cumpra a sua parte no contrato.
O vencedor da licitação é convocado para assinar o instrumento contratual, pelo prazo fixado
no edital, que pode ser prorrogado pela Administração. Se não comparecer ou recusar-se a
assinar o contrato, ele decai, isto é, perde o direito de celebrar o contrato com a
Administração e sofrerá as sanções previstas no edital e na lei, como a aplicação de multa e
de suspensão da participação em outras licitações (vide arts. 81 e 87 da Lei n.º 8.666/93).
Observação importante: no caso do pregão, a lei que rege essa modalidade (Lei 10.520/2002)
permite que, em caso de desistência ou não assinatura do contrato, sejam convocados os
demais classificados, na ordem de classificação, para contratar nos termos de suas
respectivas propostas. Nesse caso, deve-se considerar que eles estarão obrigados a
contratar, visto que foi mantida a oferta que fizeram por ocasião da licitação.
Os contratos administrativos devem ser feitos pela forma escrita, que é a que oferece maior
segurança para as partes e transparência para fins de controle da Administração. A única
exceção são as compras de pequeno valor e de pronta entrega, que podem ser feitas de
forma verbal (art. 60, parágrafo único da Lei 8.666/93).
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No caso das contratações de valor mais elevado é obrigatório um termo de contrato, isto é,
um instrumento que reproduza todas as exigências que constaram do edital de licitação. Nas
contratações de menor valor e na compra de bens com entrega imediata que não gere
obrigações de garantia e assistência técnica, a lei permite a substituição por outras
documentações escritas, porém menos formais, como a carta-contrato, a nota de empenho,
a autorização de compra ou a ordem de execução de serviço (vide art. 62 da Lei 8.666/93).
Seja qual for a forma do contrato, se ele foi precedido de uma licitação, o seu conteúdo está
duplamente vinculado:
Se não houver respeito às regras do edital e aos termos da proposta, por ocasião da
formalização do contrato, isso levará à nulidade do mesmo.
Art. 65. Os contratos regidos por esta Lei poderão ser alterados, com as devidas
justificativas, nos seguintes casos:
(...) d) para restabelecer a relação que as partes pactuaram inicialmente entre os encargos
do contratado e a retribuição da administração para a justa remuneração da obra, serviço
ou fornecimento, objetivando a manutenção do equilíbrio econômico-financeiro inicial do
contrato, na hipótese de sobrevirem fatos imprevisíveis, ou previsíveis porém de
consequências incalculáveis, retardadores ou impeditivos da execução do ajustado, ou,
ainda, em caso de força maior, caso fortuito ou fato do príncipe, configurando álea
econômica extraordinária e extracontratual.
Segundo a Lei de Licitações (art. 79), a rescisão pode ser unilateral, amigável ou judicial. A
unilateral é sempre por iniciativa da Administração, pois só ela possui essa prerrogativa
(autoexecutoriedade). O particular, para liberar-se de suas obrigações contratuais precisa
necessariamente ajuizar uma ação para esse fim.
Podemos observar que, tanto nas situações causadas pela Administração, quanto nas
decorrentes de eventos alheios às partes – o caso fortuito e a coisa maior – o contratado
está inocente, isto é, ele não teve culpa na rescisão desse contrato.
Por essa razão, a lei estabelece direitos para o contratado, quando a rescisão não se deve à
sua atitude:
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10.1. Definição
Nosso direito distingue os bens pertencentes aos particulares daqueles que, por estarem no
domínio de um ente de natureza pública, merecem uma proteção especial. Esses são os bens
públicos, assim definidos pelo art. 98 do Código Civil
Art. 98. São públicos os bens do domínio nacional pertencentes às pessoas jurídicas de direito
público interno; todos os outros são particulares, seja qual for a pessoa a que pertencerem.
✓ a União
✓ os Estados, o Distrito Federal e os Territórios
✓ os Municípios
✓ as autarquias, inclusive as associações públicas
✓ as demais entidades de caráter público criadas por lei (p. ex. fundações de direito
público).
• das entidades estatais que tem personalidade jurídica de direito privado (empresas
públicas, sociedades de economia mista, fundações de direito privado)
• das pessoas jurídicas de direito público externo (os Estados estrangeiros e todas as
pessoas que forem regidas pelo direito internacional público).
A classificação mais importante dos bens públicos é estabelecida por lei e diz respeito a sua
destinação. O art. 99 do Código Civil classifica-os em:
➢ Bens de uso comum do povo, tais como rios, mares, estradas, ruas e praças.
Caracterizam-se pelo uso incondicionado (ou seja, sem necessidade de
consentimento individualizado da Administração) e igualitário. Em geral, são
fruídos de forma gratuita pela população, embora haja possibilidade de cobrança
(p. ex., pedágio).
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O regime jurídico dos bens públicos impõe restrições à sua alienação, o que é consequência
do princípio da indisponibilidade do interesse público.
Assim, os bens públicos podem ser classificados em duas categorias básicas, no que diz
respeito à sua disponibilidade:
➢ Bens indisponíveis: são aqueles que, em razão de sua própria natureza (como os
mares, rios, estradas) ou por estarem afetados, isto é, destinados ao uso comum do
povo ou ao uso especial da Administração, se encontram fora do comércio jurídico
de direito privado.
➢ Bens disponíveis são os bens dominicais, que não estão sujeitos a uma utilização de
natureza pública. Assim, podem ser alienados da mesma forma que um particular
pode dispor de seus bens.
Portanto, os bens de uso comum do povo e os bens de uso especial são indisponíveis, até
que sofram o processo denominado desafetação, que é a manifestação da Administração,
pela qual o bem deixa de ser destinado a uma utilização de natureza pública, passando a ser
enquadrado na categoria dos bens dominiais. Assim, um ato administrativo que declare que
determinado edifício deixará de sediar uma repartição pública desafetou o bem,
transformando-o em dominical e abrindo a possibilidade de sua alienação. Há controvérsia
sobre a possibilidade de tal manifestação se dar de forma tácita, sendo que a maioria dos
autores entende necessária a manifestação expressa da Administração, utilizando-se da
mesma forma pela qual o bem foi afetado (princípio do paralelismo das formas).
Quanto à sua titularidade, os bens públicos podem são classificados conforme a esfera
governamental a que pertençam, em federais, estaduais, distritais ou municipais.
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➔ Inalienabilidade relativa: conforme já vimos, há uma classe de bens que não estão
sujeitos ao comércio jurídico de direito privado, já referidos como bens indisponíveis.
Porém, caso não haja impedimentos decorrentes da própria natureza do bem ou de seu
regime legal, é possível realizar a desafetação do bem de uso comum ou de uso especial,
possibilitando assim a sua alienação. Para que possa ser alienado, porém, devem ser
submetidos ao procedimento que tem os seguintes passos:
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1º - Autorização legislativa, caso se trate de bem imóvel dos Estados, do Distrito Federal
e do Município. No caso de bem imóvel da União, trata-se de autorização presidencial
(Lei 9.636/98, art. 23). No caso dos bens móveis, em geral a autorização se dá por ato
administrativo de autoridade legalmente designada (Ministro, Secretário de Estado,
diretor de repartição, etc.).
Os bens públicos são utilizados pelos particulares de forma regular, conforme sua destinação
natural ou legal. É o que se chama uso normal ou ordinário desses bens. Porém, pode haver
situações em que o particular detenha poderes ou faculdades especiais de utilização de um
bem público: é o que se chama de uso anormal ou extraordinário do bem público,
admissível, desde que compatível com o interesse público e com as regras aplicáveis ao bem.
Essa utilização excepcional pode se dar a título gratuito ou oneroso, de acordo com a maior
ou menor intensidade do interesse público envolvido na situação.
situação jurídica, sendo que a rescisão pode gerar direito à indenização pelo
particular. Ex.: exploração de lavra mineral (concessão de exploração de bem
público); concessão de área comercial em aeroportos, concessão de estádios públicos
(concessão de uso de bem público).
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• Zona econômica exclusiva: é uma faixa que se estende do mar territorial, onde a
União exerce soberania plena, até duzentas milhas marítimas. Nela, embora se
reconheça o direito de livre navegação e sobrevoo, é garantida a exclusividade de
gestão e exploração dos recursos naturais bem como de investigação científica e
proteção do meio marítimo e instalação de quaisquer estruturas artificiais.
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pública. No entanto, o custo de manutenção desses imóveis ficou, ao longo do tempo, muito
alto, e o diretor do hospital resolveu vendê-los.
Considerando a situação hipotética apresentada, assinale a opção correta.
a) Os imóveis construídos na área interna do hospital, que é afetado a uma finalidade
pública, como benfeitorias e partes integrantes que dele são, amoldam-se à definição de
bens de uso especial.
b) Os imóveis cuja venda se discute estão submetidos ao instituto da afetação e,
portanto, podem ser vendidos, sobretudo por haver justificação no seu alto custo de
manutenção.
c) Não só o hospital e os imóveis que foram construídos em sua área como também os
bens de uso especial, de forma geral, concentram-se no domínio da União.
d) Os médicos residentes que permanecerem residindo nos imóveis mencionados por
cinco anos, ininterruptamente e sem oposição, adquirirão o domínio desses bens, podendo
pleitear a usucapião.
2. Com relação aos bens de uso comum do povo e aos bens de uso especial, assinale a opção
correta.
a) Apenas os bens de uso comum do povo têm como característica a imprescritibilidade.
b) O não uso dos bens de uso comum do povo implica desafetação.
c) Os bens de uso especial são penhoráveis.
d) Enquanto mantiverem a afetação, nem os bens de uso comum nem os de uso especial
podem ser objeto de compra e venda ou doação.
4. A autorização de uso de bem público por particular caracteriza-se como ato administrativo
a) discricionário e bilateral, ensejando indenização ao particular no caso de revogação pela
administração.
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11.1. Definição
Embora se utilize a expressão “serviços públicos” de forma mais genérica como sinônimo de
atividade estatal (serviços públicos em sentido amplo), na linguagem do Direito
Administrativo a expressão ganha um sentido específico. Vejamos:
Portanto, não se confunde com outras atividades em que o Estado se dedica a afirmar seu
poder soberano – como a atividade legislativa, jurisdicional ou de poder de polícia.
Para que uma dada atividade seja considerada serviço público, é necessário o seu
reconhecimento pela Constituição ou pela lei em sentido formal.
Para a União, a CF enumera os serviços públicos de sua competência exclusiva em vários dos
incisos do art. 21, sendo os principais:
Aos Estados-membros, compete explorar “os serviços locais de gás canalizado” e os demais
serviços que não tenham sido atribuídos com exclusividade à União e ao Município (art. 25).
Além disso, há um rol de serviços que são prestados de competência comum das três esferas
governamentais, tais como os serviços estatais de saúde, educação, assistência social,
habitação, saneamento básico, promoção da cultura e da ciência (art. 23).
Nessa classificação, verifica-se que há serviços que, para serem prestados por particular,
dependem de atribuição de poderes pelo Estado, por meio de instrumentos de
delegação (concessão ou permissão de serviço público). Os serviços não-privativos, por
sua vez, são atividades que, quando prestadas pelo Estado, têm natureza de serviço
público, ao passo que quando prestadas por particular são consideradas atividades de
natureza privada – por exemplo: os serviços de saúde prestados por hospital privado a
seus clientes; a assistência social prestada por entidade filantrópica privada, etc.
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Aqui se verifica que há serviços cuja utilização por cada usuário pode ser mensurada –
p. ex. fornecimento de energia, água encanada – enquanto há outros que são fruídos de
forma coletiva – p. ex. a conservação dos logradouros públicos, a iluminação das vias
públicas. Essa diferença é juridicamente relevante, pois somente os serviços divisíveis
podem ser delegados para exploração por particular por meio da cobrança de tarifas –
o que se dá pelos contratos de concessão comum, de permissão e de concessão
patrocinada, conforme veremos. Os serviços indivisíveis devem ser custeados por
impostos e contribuições cobrados pelo Poder Público da coletividade em geral.
➢ Eficiência: os serviços devem ser prestados com uma boa relação entre
custo/resultado e sempre visando à satisfação dos usuários.
➢ Segurança: o prestador dos serviços públicos deve zelar pela segurança dos
usuários e de terceiros. O prestador de serviços públicos, ainda que
particular, responde objetivamente pelos danos causados a usuários e
terceiros (CF, art. 37, § 6º)
➢ Modicidade das tarifas: alguns serviços são gratuitos, por força da própria
Constituição (saúde, educação e assistência social, por exemplo); outros, são
custeados por tarifas, que devem ser módicas, garantindo a remuneração e
o melhoramento e expansão dos serviços, mas sem depauperar o usuário. O
atendimento desse princípio, nos serviços prestados por particular, depende
grandemente da forma como é modelada a licitação da concessão desses
serviços.
Os serviços públicos podem ser prestados diretamente pelos entes políticos, ou ser
prestados de forma descentralizada, mediante:
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A partir da Lei das Parcerias Público-Privadas (Lei 11.079/2004) essa figura passou a se
denominar concessão comum de serviço público, distinguindo-se das concessões
previstas naquela lei (concessão administrativa e concessão patrocinada).
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➢ Extinção das garantias, se não houver multas ou indenização a ser paga pela
concessionária.
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Muito do que foi dito sobre a concessão aplica-se à permissão de serviços públicos, que
se distingue da concessão especialmente pela possibilidade de ser contratada pessoa
física e pela precariedade da situação do permissionário. Ou seja, a delegação pode ser
revogada unilateralmente pela Administração, a qualquer tempo.
A chamada autorização de serviço público é uma espécie imprópria, uma vez que se
trata apenas de um ato unilateral pelo qual a Administração faculta a um particular o
exercício de uma atividade que é mais comumente desempenhada como serviço público
(p. ex.: a exploração de uma usina hidrelétrica por um particular para o seu próprio
consumo).
As famosas PPPs são novas espécies de concessão, criadas pela Lei 11.079/2004,
especialmente para atender às situações em que o modelo tradicional da concessão
comum não se mostrava economicamente viável. Elas deve ser empregadas em
atividades em que a cobrança de tarifa é vedada ou não é suficiente para remunerar o
concessionário.
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6. Acerca dos serviços considerados como serviços públicos uti singuli, assinale a
afirmativa correta.
a) Serviços em que não é possível identificar os usuários e, da mesma forma, não é
possível a identificação da parcela do serviço utilizada por cada beneficiário.
b) Serviços singulares e essenciais prestados pela Administração Pública direta e
indireta.
c) Serviços em que é possível a identificação do usuário e da parcela do serviço
utilizada por cada beneficiário.
d) Serviços que somente são prestados pela Administração Pública direta do
Estado.
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9. Após fortes chuvas, devido ao enorme volume de água, parte de uma rodovia federal
sofreu rachaduras e cedeu, tornando necessária a interdição da pista e o desvio do fluxo
de tráfego até a conclusão das obras de reparo. A exploração da rodovia havia sido
concedida, mediante licitação, à sociedade empresária “Traffega", e esta não foi capaz
de lidar com a situação, razão pela qual foi decretada a intervenção na concessão.
Sobre a hipótese apresentada, assinale a afirmativa correta.
a) A intervenção somente pode ser decretada após a conclusão de processo
administrativo em que seja assegurada a ampla defesa.
b) A administração do serviço será devolvida à concessionária, cessada a
intervenção, se não for extinta a concessão.
c) A intervenção decorre da supremacia do interesse público sobre o privado e
dispensa a instauração de processo administrativo.
d) A intervenção é causa obrigatória de extinção da concessão e assunção do
serviço pelo poder concedente.
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13. Uma autarquia federal divulgou edital de licitação para a concessão da exploração
de uma rodovia que interliga diversos Estados da Federação. A exploração do serviço
será precedida de obras de duplicação da rodovia. Como o fluxo esperado de veículos
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não é suficiente para garantir, por meio do pedágio, a amortização dos investimentos e
a remuneração do concessionário, haverá, adicionalmente à cobrança do pedágio,
contraprestação pecuniária por parte do Poder Público.
Sobre a hipótese apresentada, assinale a afirmativa correta.
a) Trata-se de um exemplo de parceria público-privada, na modalidade concessão
administrativa.
b) Trata-se de um consórcio público com personalidade de direito público entre a
autarquia federal e a pessoa jurídica de direito privado.
c) Trata-se de um exemplo de parceria público-privada, na modalidade concessão
patrocinada.
d) Trata-se de um exemplo de consórcio público com personalidade jurídica de
direito privado.
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Temos ainda as entidades não estatais pertencentes ao chamado terceiro setor, ou seja,
não fazem parte do “primeiro setor” – qual seja, a atividade estatal propriamente dita –
e nem do “segundo setor” – a atividade privada de natureza econômica. Aquelas que
recebem apoio estatal para realização de seus fins devem se submeter também a
algumas regras do regime jurídico-administrativo. Nessa categoria estão as
Organizações Sociais e as Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público.
Características principais:
Essa figura foi criada pela Lei nº 9.637/98, e o intuito original era que essas Organizações
absorvessem atividades já prestadas pela Administração Federal, num processo de
privatização de atividades insuscetíveis de serem exploradas economicamente.
Características principais das OS:
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A Lei nº 9.790/99 criou essa qualificação, para melhor controle da atividade de fomento
da Administração Federal, ou seja, o incentivo dado às atividades privadas de interesse
público. Características principais das OSCIP:
✓ Suas finalidades são mais amplas que as definidas para as Organizações Sociais,
abrangendo várias atividades consideradas de interesse público, como a
assistência social, o cooperativismo, etc.;
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Para a realização de tais ajustes, a lei exige que o Poder Público realize um chamamento
público, processo objetivo e impessoal pelo qual são selecionadas as entidade para
celebrar tais instrumentos. Estabelece também diversos mecanismos de transparência
e controle na atuação de tais entidades, visto que em muitos casos elas tem sido
utilizadas para desvio de recursos públicos.
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5. Após celebrar contrato de gestão com uma organização social, a União pretende
celebrar, com a mesma organização, contrato de prestação de serviços para a realização
de atividades contempladas no contrato de gestão.
Com base na hipótese apresentada, assinale a afirmativa correta.
a) É obrigatória a realização de licitação para a celebração do contrato de prestação
de serviços.
b) É dispensável a realização de licitação para a celebração do contrato de
prestação de serviços.
c) É inexigível a realização de licitação para a celebração do contrato de prestação
de serviços.
d) Não é possível celebrar contrato de prestação de serviços com entidade
qualificada como organização social.
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13.1. Definição
A Lei n° 8.429/92, (Lei de improbidade administrativa) nos oferece uma boa definição
do que vem a ser agente público:
Definição: Agente público é todo aquele que exerce, ainda que transitoriamente ou sem
remuneração, por eleição, nomeação, designação, contratação ou qualquer outra forma
de investidura ou vínculo, mandato, cargo, emprego ou função nas entidades da
administração direta e indireta (art. 2º).
Outra definição, mais simples é oferecida por Marçal Justen Filho (2010, p. 704):
“Agente público é toda pessoa física que atua como órgão estatal, produzindo ou
manifestando a vontade do Estado”.
Essa definição é baseada na teoria do órgão, que busca explicar a relação existente entre
o Estado e seus agentes e a atribuição de poderes para que eles manifestem a vontade
estatal. São superadas hoje, pela doutrina, outras explicações, como a teoria da
representação e a teoria do mandato, baseadas em concepções civilistas.
Considera-se que os agentes públicos podem ser diferenciados em três grandes grupos:
• Agentes políticos: são aqueles que exercem uma função política, especialmente
aqueles que exercem mandato eletivo, tanto no Executivo como no Legislativo.
Também são considerados agentes políticos os colaboradores imediatos da
Chefia do Executivo: os Ministros e Secretários de Estado. Porém, há autores
incluem nessa categoria também os membros do Poder Judiciário e do Ministério
Público, que embora não sejam políticos no sentido comum da palavra, exercem
poderes de natureza constitucional, com independência funcional – o que,
segundo tais autores, seria razão para colocá-los nessa categoria.
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► servidores estatutários
► servidores temporários
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➢ Cargo público: cargo público é a posição jurídica criada e disciplinada por lei,
com denominação própria, fixação de atribuições, direitos e responsabilidades para o
seu titular e sujeita a regulação especial pelo direito público (regime estatutário).
• Eletivo: é o cargo preenchido por meio do voto dos eleitores. Seus ocupantes
possuem um regime jurídico específico, dado pelas normas constitucionais.
• Efetivo: é o tipo de cargo cujo acesso se dá pela via do concurso público e cujo
preenchimento se dá em caráter permanente, possibilitando ao ocupante
alcançar a estabilidade – instituto que estudaremos a seguir.
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• Vitalício: são cargos que tem uma estabilidade reforçada, visto que seus
titulares somente podem ser demitidos em razão de decisão judicial transitada
em julgado. Todas as situações de vitaliciedade estão previstas na Constituição:
juízes (de qualquer grau), membros do Ministério Público e membros dos
Tribunais de Contas são os únicos a gozar dessa garantia especial.
Como regra geral, o ingresso nos cargos e empregos públicos se dá por meio do concurso
público, conforme dispõe o art. 37, II da Constituição:
A Constituição Federal também previu a necessidade de abrir exceções a essa regra geral
e o fez nas seguintes hipóteses:
• cargos eletivos;
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Características essenciais:
✓ Validade: segundo a Constituição, em seu art. 37, inciso III, “o prazo de validade
do concurso público será de até dois anos, prorrogável uma vez, por igual
período”.
Como regra geral, a CF/88 proíbe a acumulação remunerada de dois ou mais cargos,
empregos ou funções. Porém, há exceções:
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Durante o período em que ocupa o cargo, o servidor poderá ser afastado, por diversos
motivos. Afastamentos mais usuais:
✓ férias
✓ licença-gestante
✓ licença-paternidade
✓ afastamento eleitoral ou para ocupar cargo eletivo
✓ afastamento para estudo ou missões no exterior
✓ afastamento para servir a outro órgão ou entidade
✓ afastamento por motivo de saúde
Durante o estágio probatório e se não for considerado apto para o cargo, o servidor será
exonerado. Embora não seja propriamente uma punição, entende-se que deve se
garantir o direito de defesa do servidor antes da exoneração.
Uma vez estável, o servidor somente poderá perder o cargo nas seguintes hipóteses
constitucionalmente previstas:
✓ processo administrativo em que seja garantida a ampla defesa (art. 41, § 1º, II);
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São duas as hipóteses previstas na CF/88 que justificam que um servidor seja colocado
em disponibilidade:
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A Constituição estabelece dois regimes remuneratórios para o aposentado: ele pode ter
proventos integrais ou proventos proporcionais, conforme tenha cumprido
determinados requisitos.
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➢ Responsabilidade criminal
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2. Suponha que um servidor tenha sido absolvido na instância penal em razão de ter
ficado provada a inexistência do ato ilícito que lhe fora atribuído. Nessa situação,
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4. Luiz Fernando, servidor público estável pertencente aos quadros de uma fundação
pública federal, inconformado com a pena de demissão que lhe foi aplicada, ajuizou
ação judicial visando à invalidação da decisão administrativa que determinou a perda do
seu cargo público. A decisão judicial acolheu a pretensão de Luiz Fernando e invalidou a
penalidade disciplinar de demissão. Diante da situação hipotética narrada, Luiz
Fernando deverá ser
a) reintegrado ao cargo anteriormente ocupado, ou no resultante de sua
transformação, com ressarcimento de todas as vantagens.
b) aproveitado no cargo anteriormente ocupado ou em outro cargo de
vencimentos e responsabilidades compatíveis com o anterior, sem ressarcimento das
vantagens pecuniárias.
c) readaptado em cargo de atribuições e responsabilidades compatíveis, com
ressarcimento de todas as vantagens.
d) reconduzido ao cargo anteriormente ocupado ou em outro de vencimentos e
responsabilidades compatíveis com o anterior, com ressarcimento de todas as
vantagens pecuniárias.
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8. Cláudio, servidor público federal estável, foi demitido por suposta prática de ato de
insubordinação grave em serviço. Diante da inexistência de regular processo
administrativo disciplinar, Cláudio conseguiu judicialmente a anulação da demissão e a
reinvestidura no cargo anteriormente ocupado. Ocorre que tal cargo já estava ocupado
por João, que também é servidor público estável.
Considerando o caso concreto, assinale a afirmativa correta.
a) Sendo Cláudio reinvestido, o ato configura reintegração. Caso João ocupasse
outro cargo originariamente, seria reconduzido a ele, com direito à indenização.
b) Sendo Cláudio reinvestido, o ato configura reversão. Caso João ocupasse outro
cargo originariamente, seria reconduzido a ele, com direito à indenização.
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9. Um empregado público de uma sociedade de economia mista ajuizou uma ação para
garantir o recebimento de valores acima do teto remuneratório constitucional, que tem
como limite máximo os subsídios pagos aos Ministros do STF. Nesse caso, é correto
afirmar que
a) o empregado tem direito a receber acima do teto, pois somente a administração
pública direta está sujeita à referida limitação.
b) o empregado não tem direito a receber acima do teto, pois toda a administração
direta e indireta está sujeita à referida limitação.
c) o empregado tem direito a receber acima do teto, pois somente a administração
pública direta e as autarquias estão sujeitas à referida limitação.
d) o empregado pode receber acima do teto, caso a sociedade de economia mista
não receba recursos de nenhum ente federativo para despesas de pessoal ou de custeio
em geral.
10. As alternativas a seguir apresentam condições que geram vacância de cargo público,
à exceção de uma. Assinale-a.
a) Falecimento.
b) Promoção.
c) Aposentadoria.
d) Licença para trato de interesse particular.
11. Fernando, servidor público de uma autarquia federal há nove anos, foi acusado de
participar de um esquema para favorecer determinada empresa em uma dispensa de
licitação, razão pela qual foi instaurado processo administrativo disciplinar, que resultou
na aplicação da penalidade de demissão.
Sobre a situação apresentada, considerando que Fernando é ocupante de cargo efetivo,
por investidura após prévia aprovação em concurso, assinale a afirmativa correta.
a) Fernando não pode ser demitido do serviço público federal, uma vez que é
servidor público estável.
b) Fernando somente pode ser demitido mediante sentença judicial transitada em
julgado, uma vez que a vitaliciedade é garantida aos servidores públicos.
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12. O Estado X publicou edital de concurso público de provas e títulos para o cargo de
analista administrativo. O edital prevê a realização de uma primeira fase, com questões
objetivas, e de uma segunda fase com questões discursivas, e que os 100 (cem)
candidatos mais bem classificados na primeira fase avançariam para a realização da
segunda fase. No entanto, após a divulgação dos resultados da primeira fase, é
publicado um edital complementar estabelecendo que os 200 (duzentos) candidatos
mais bem classificados avançariam à segunda fase e prevendo uma nova forma de
composição da pontuação global.
Nesse caso,
a) a alteração não é válida, por ofensa ao princípio da impessoalidade, advindo da
adoção de novos critérios de pontuação e da ampliação do número de candidatos na
segunda fase.
b) a alteração é válida, pois a aprovação de mais candidatos na primeira fase não
gera prejuízo aos candidatos e ainda permite que mais interessados realizem a prova de
segunda fase.
c) a alteração não é válida, porque o edital de um concurso público não pode conter
cláusulas ambíguas.
d) a alteração é válida, pois foi observada a exigência de provimento dos cargos
mediante concurso público de provas e títulos.
13. Marcos Paulo é servidor público federal há mais de 5 (cinco) anos e, durante todo
esse tempo, nunca sofreu qualquer sanção administrativa, apesar de serem frequentes
suas faltas e seus atrasos ao serviço. No último mês, entretanto, as constantes ausências
chamaram a atenção de seu chefe, que, ao buscar a ficha de frequência do servidor,
descobriu que Marcos Paulo faltara mais de 90 (noventa) dias no último ano.
A respeito do caso apresentado, assinale a afirmativa correta.
a) Marcos Paulo, servidor público estável, só pode ser demitido após decisão
judicial transitada em julgado.
b) Marcos Paulo, servidor público estável, pode ser demitido pela sua inassiduidade
após decisão em processo administrativo em que lhe seja assegurada ampla defesa.
c) Marcos Paulo, servidor público estável que nunca sofrera qualquer punição na
esfera administrativa, não pode ser demitido em razão de sua inassiduidade.
d) Marcos Paulo, servidor público estável, não pode ser demitido em razão de sua
inassiduidade, pois esta somente autoriza a aplicação das sanções de advertência e
suspensão.
14. Fulano, servidor público federal lotado em órgão da administração pública federal
no Estado de São Paulo, contesta ordens do seu chefe imediato, alegando que são
proibidas pela legislação. A chefia, indignada com o que entende ser um ato de
insubordinação, remove Fulano, contra a sua vontade, para órgão da administração
pública federal no Distrito Federal, para exercer as mesmas funções, sendo certo que
havia insuficiência de servidores em São Paulo, mas não no Distrito Federal.
Considerando as normas de Direito Administrativo, assinale a afirmativa correta.
a) A remoção de Fulano para o Distrito Federal é válida, porque configura ato
arbitrário da Administração.
b) Não é cabível a remoção do servidor com finalidades punitivas, por se ter, em tal
hipótese, desvio de finalidade.
c) A remoção pode ser feita, uma vez que Fulano não pautou sua conduta com base
nos princípios e regras aplicáveis aos servidores públicos.
d) O ato de insubordinação deveria ter sido constatado por meio de regular
processo administrativo, ao fim do qual poderia ser aplicada a penalidade de remoção.
16. João foi aprovado em concurso público para o cargo de agente administrativo do
Estado Alfa. Após regular investidura, recebeu sua primeira remuneração. Contudo, os
valores apontados na folha de pagamento causaram estranheza, considerando que a
rubrica de seu vencimento-base se mostrava inferior ao salário mínimo vigente,
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14.1. Definição
14.4. Tombamento
Todos os entes políticos podem efetivar o tombamento, inclusive sobre os bens uns dos
outros, desde que tenham legislação própria para isso – no âmbito federal, o instituto é
regulado pelo Decreto-lei nº 25/1937. Também não há empecilho que um mesmo bem
seja tombado por vários entes políticos.
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Hipótese prevista na Constituição (v. art. 5º, XXV e art. 22, III), no caso de iminente
perigo público. Afeta a exclusividade do direito de propriedade. Dá direito a indenização
ulterior, mas somente se houver dano ao bem. Exemplos: requisição de imóvel para
abrigar flagelados de uma calamidade; requisição de alimentos, em caso de escassez
que ponha em risco a população.
14.7. Desapropriação
14.7.1. Espécies.
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Os entes políticos podem desapropriar os bens dos demais entes políticos de menor
abrangência, que estejam em seu território, desde que obtenham autorização de seu
Poder Legislativo (p. ex. a União pode desapropriar bens do Estado; o Estado pode
desapropriar bens do Município; já o contrário é impossível) – vide art. 2º, § 2º do
Decreto-lei nº 3.365/41. O mesmo raciocínio se aplica aos bens dos entes da
Administração Indireta que estejam afetados a uma finalidade pública.
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Se houver um desvio de finalidade, dando ao bem uma destinação que não seja de
natureza pública (p. ex., o empréstimo a um parente do Prefeito, a locação do bem a um
particular, sem qualquer relação com o interesse público alegado) ocorre a chamada
tredestinação ilícita do bem. Nesse caso, o proprietário poderá optar entre pleitear
perdas e danos e requerer a devolução do bem (ação de retrocessão). Esclareça-se que,
se o expropriante der outra destinação pública ao bem, diferente da alegada pelo ato
declaratório, ou simplesmente não promover sua utilização, isso não é suficiente para
caracterizar tredestinação.
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2. Carlos, morador de Ouro Preto – MG, é proprietário de casarão cujo valor histórico
foi reconhecido pelo poder público. Após regular procedimento, o bem foi tombado pela
União, e Carlos, contrariado com o tombamento, decidiu mudar-se da cidade e alienar
o imóvel. Na situação hipotética apresentada, Carlos
a) pode alienar o bem, desde que o ofereça, pelo mesmo preço, à União, bem como ao
estado de Minas Gerais e ao município de Ouro Preto, a fim de que possam exercer o
direito de preferência da compra do bem.
b) não pode alienar o bem, visto que, a partir do tombamento, o casarão tornou-se bem
inalienável.
c)pode alienar o bem livremente, sem qualquer comunicação prévia ao poder público.
d) somente pode alienar o bem para a União, instituidora do tombamento.
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6. A fim de permitir o escoamento da produção até uma refinaria, uma empresa pública
federal, que explora a prospecção de petróleo em um campo terrestre, inicia a
construção de um oleoduto. O único caminho possível para essa construção atravessa a
propriedade rural de Josenildo que, em razão do oleoduto, teve que diminuir o espaço
de plantio de mamão e, com isso, viu sua renda mensal cair pela metade.
Assinale a afirmativa que indica a instrução correta que um advogado deve passar a
Josenildo.
a) Não há óbice à constituição da servidão administrativa no caso, mas cabe
indenização pelos danos decorrentes dessa forma de intervenção na propriedade.
b) A servidão administrativa é ilegal e Josenildo pode desconstituí-la, pois o
instituto só tem aplicação em relação aos bens públicos.
c) A servidão administrativa é ilegal, pois o nosso ordenamento veda a intervenção
do Estado sobre propriedades produtivas.
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15.1. Definição
15.3. Requisitos
São situações que podem excluir ou mitigar a responsabilidade estatal pelos danos
cometidos pelos seus agentes, pois interferem no nexo causal:
Por exemplo, que não limpou regularmente os bueiros da rua, propiciando a inundação
da residência em dia de chuva. Essa responsabilidade é baseada na teoria da falta ou
culpa do serviço, que decorre das situações em que o serviço público não funcionou,
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No que tange aos atos legislativos, entende-se que por sua característica de
generalidade eles não são capazes de causar responsabilidade estatal. Admite-se, em
caráter excepcional, a responsabilidade decorrente de:
✓ Lei inconstitucional – nesse caso o afastamento pelo Poder Judiciário da norma
inconstitucional deve, por consequência, restituir o afetado à situação anterior
à edição da norma, reparando assim o dano por ela causado, a menos que isso
seja impossível.
✓ Leis de efeitos concretos – embora formalmente leis, são na verdade atos
administrativos, pois afetam de forma específica seus destinatários. Geram,
portanto, dever de indenizar, caso haja dano injusto. P. ex: lei que determine a
desapropriação de um bem do particular.
✓ Omissão do legislador – nesse caso, obtendo-se a declaração da mora do
legislador, pelos meios processuais adequados (ação direta de
inconstitucionalidade por omissão e mandado de injunção), a persistência da
omissão pode gerar a reparação das perdas e danos causados ao interessado.
A reparação pode ser obtida pela via administrativa (quando o ente público tiver
legislação que o permita) ou pela via judicial. Deve ser ajuizada em relação à pessoa
jurídica causadora do dano (p. ex., se o dano foi causado por entidade autárquica, é ela
e não a Administração Direta que responderá; cabe lembrar que os órgãos não têm
personalidade jurídica, devendo ser responsabilizado o ente de que fazem parte).
A vítima pode ajuizar a ação somente contra o ente estatal ou incluir no pólo passivo
da demanda o agente público causador direto do dano (litisconsórcio passivo
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facultativo). Porém, se assim o fizer, deverá discutir a questão da culpa na ação judicial,
visto que a responsabilidade do agente é subjetiva. Há alguns autores e julgadores que
entendem que o agente estatal não deve compor o pólo passivo da demanda, por
ilegitimidade, visto que o regime de responsabilidade é de natureza pública e não
privada.
Segundo doutrina e jurisprudência majoritárias, não cabe denunciação da lide (art. 70,
III do CPC) na ação de reparação de danos movida contra o Estado, exceto se o autor
baseia a sua pretensão na questão da culpa do servidor, caso em que se torna possível
e até necessária a denunciação à lide.
Caso haja evidências de que o agente público agiu com dolo ou culpa, o ente
responsabilizado deve ajuizar ação de regresso, para que ele responda pela indenização,
na medida de sua culpabilidade.
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7. A fim de pegar um atalho em seu caminho para o trabalho, Maria atravessa uma área
em obras, que está interditada pela empresa contratada pelo Município para a reforma
de um viaduto. Entretanto, por desatenção de um dos funcionários que trabalhava no
local naquele momento, um bloco de concreto se desprendeu da estrutura principal e
atingiu o pé de Maria.
Nesse caso,
a) a empresa contratada e o Município respondem solidariamente, com base na
teoria do risco integral.
b) a ação de Maria, ao burlar a interdição da área, exclui o nexo de causalidade
entre a obra e o dano, afastando a responsabilidade da empresa e do Município.
c) a empresa contratada e o Município respondem de forma atenuada pelos danos
causados, tendo em vista a culpa concorrente da vítima.
d) a empresa contratada responde de forma objetiva, mas a responsabilidade do
Município demanda comprovação de culpa na ausência de fiscalização da obra.
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Essa atividade pode ser classificada, conforme a origem dos atos de controle em:
✓ Controle externo – é exercido por um Poder sobre os atos praticados por outro
Poder. O controle externo pode ser feito pelo Legislativo e pelo Judiciário. Por
exemplo, o Congresso Nacional pode sustar os atos normativos do Poder
Executivo que extrapolem o poder regulamentar (art. 49, V da CF); o STF pode
suspender cautelarmente ou anular atos administrativos de quaisquer dos
Poderes, quando ilegais.
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É exercido, conforme vimos, pelas estruturas internas de cada Poder. Decorre do poder
de autotutela da Administração, mencionado pela famosa súmula 473 do STF:
“A administração pode anular seus próprios atos, quando eivados de vícios que os
tornam ilegais, porque deles não se originam direitos; ou revogá-los, por motivo de
conveniência e oportunidade, respeitados os direitos adquiridos, e ressalvada, em todos
os casos, a apreciação judicial.”
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Também é importante observar que o instituto da Súmula Vinculante (art. 103-A da CF,
introduzido pela EC 45/2004) permite que o Supremo Tribunal Federal, por maioria de
2/3 de seus membros edite enunciados sobre a interpretação constitucional de normas,
sendo que tal interpretação deve ser observada por todas as autoridades judiciais e
administrativas.
Os meios judiciais de controle da Administração Pública são variados, sendo que além
das ações de natureza comum (ordinárias, cautelares, etc.), há ações especialmente
dedicadas ao controle da atividade estatal:
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✓ aplicação de multa civil que pode ser de até 3 vezes o valor do acréscimo
patrimonial, em caso de enriquecimento ilícito; de até 2 vezes o valor do dano,
no caso de dano ao erário; e de até 100 vezes a remuneração do agente, no caso
de violação dos princípios da Administração.
Tem-se entendido que a ação de improbidade deve ser processada pelo rito da ação
civil pública (Lei 7.347/85), respeitados as peculiaridades estabelecidas na Lei 8.429/92.
São partes legítimas para propor a ação o Ministério Público e a pessoa jurídica
interessada, ou seja, aquela que sofreu o ato de improbidade. Pode-se solicitar em
caráter cautelar medidas como: a indisponibilidade ou o sequestro dos bens dos réus;
investigação, exame e bloqueio de bens, contas bancárias e aplicações financeiras
mantidas no exterior; e o afastamento do agente público do exercício do cargo,
emprego ou função, de maneira a garantir a instrução processual.
O prazo prescricional para ajuizar ação de improbidade é de: a) até cinco anos após o
término do exercício de mandato, de cargo em comissão ou de função de confiança; b)
o prazo prescricional previsto em lei específica para faltas disciplinares puníveis com
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demissão a bem do serviço público, nos casos de exercício de cargo efetivo ou emprego
público. Esses prazos se referem apenas à pretensão de aplicar as sanções previstas na
Lei 8.429/92, não se aplicando à pretensão de reparar os danos causados em
decorrência do ato ímprobo, que, conforme interpretação do art. 37, § 5º da CF, é
considerada imprescritível.
Todavia, convém acompanhar esta matéria, visto que recentemente o STF reviu a
interpretação tradicional desse dispositivo, considerando prescritíveis as demandas
ressarcitórias que decorram de meros ilícitos civis – vide RE nº 669.069, julg.
03/02/2016, Rel. Min. Teori Zavascki. Tal julgamento não adentrou o tema da reparação
em atos de improbidade, que ficou a ser reexaminado pela Suprema Corte em outro
recurso, ainda indefinido: (RE 852475 – Tema nº 897).
4. Assinale a opção correta no que se refere à lei que dispõe sobre as sanções aplicáveis
aos agentes públicos nos casos de enriquecimento ilícito no exercício de mandato,
cargo, emprego ou função na administração pública direta, indireta ou fundacional.
a) Os atos de improbidade administrativa somente serão punidos quando
praticados por agentes públicos que sejam também servidores públicos.
b) São três as espécies genéricas de improbidade administrativa: os atos de
improbidade administrativa que importam enriquecimento ilícito, os que causam lesão
ao erário e os que atentam contra os princípios da administração pública.
c) Reputam-se como agentes públicos para fins de sanção decorrente da prática de
improbidade administrativa apenas os que exercem mandato, cargo, emprego ou
função administrativa permanente e mediante remuneração.
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5. Após conclusão de licitação do tipo menor preço, conduzida por uma autarquia
federal para a contratação de serviços de limpeza predial, sagrou-se vencedora a
sociedade “LYMPA”, que ofereceu a melhor proposta. O dirigente da autarquia,
entretanto, deixou de adjudicar o objeto à sociedade vencedora e contratou com outra
sociedade, pertencente ao seu genro, para realizar o serviço por um preço mais baixo
do que o oferecido pela sociedade vencedora. O Ministério Público ajuizou ação de
improbidade contra o dirigente da autarquia.
A partir do caso apresentado, assinale a afirmativa correta.
a) A improbidade administrativa não está configurada, uma vez que não restou
configurado enriquecimento do agente público.
b) O resultado da ação de improbidade dependerá da apuração financeira de
eventual prejuízo aos cofres do ente público.
c) A propositura da ação de improbidade é admissível, ainda que não haja
prejuízo ao erário e nem enriquecimento do agente público.
d) A ação de improbidade somente é aceita em relação aos atos expressamente
tipificados na Lei nº 8.429/1992, o que não atinge a contratação direta sem licitação.
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8. O Estado X está ampliando a sua rede de esgotamento sanitário. Para tanto, celebrou
contrato de obra com a empresa “Enge-X-Sane”, no valor de R$ 50.000.000,00
(cinquenta milhões de reais). A fim de permitir a conclusão das obras, com a extensão
da rede de esgotamento a quatro comunidades carentes, o Estado celebrou termo
aditivo com a referida empresa, no valor de R$ 10.000.000,00 (dez milhões de reais),
custeados com recursos transferidos pela União, mediante convênio, elevando, assim,
o valor total do contrato para R$ 60.000.000,00 (sessenta milhões de reais).
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quase 3 (três) anos do término do mandato e 6 (seis) anos desde a suposta prática do
ato de improbidade que lhe é atribuída.
Nesse caso,
a) o ex-governador está sujeito, dentre outras sanções, à perda dos bens ou valores
acrescidos ilicitamente ao patrimônio, ao ressarcimento integral do dano e à suspensão
dos direitos políticos pelo período de oito a dez anos.
b) a ação de improbidade está fadada ao insucesso, tendo em vista que não podem
ser réus de tal demanda aqueles que já não ocupam mandato eletivo e nem cargo,
emprego ou função na Administração.
c) a ação de improbidade está fadada ao insucesso, tendo em vista que já
transcorreram mais de 3 (três) anos desde o término do exercício do mandado eletivo.
d) é imprescritível a ação de improbidade destinada à aplicação das sanções
previstas na Lei nº 8.429/1992, e, por essa razão, o ex-governador pode sofrer as
cominações legais, mesmo após o término do seu mandato.
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Cap. 8 – Licitações
1-D; 2-B; 3-C; 4-D; 5-B; 6-B; 7-A; 8-C; 9-C; 10-D.
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