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Administrativo Curso
MPU (Técnico - Administração) Com Videoaulas - Pós-Edital 1
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Erick Alves, Time Erick Alves
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Olá pessoal!
Na aula de hoje esgotaremos o tema “atos administrativos”, iniciado na aula passada. Os
tópicos a serem estudados são os seguintes:
Ressalte-se que não há um critério de classificação único na doutrina. Cada autor tem o seu.
Assim, nosso objetivo aqui não será esgotar o assunto, e sim apresentar as classificações mais
comuns e com maior probabilidade de serem cobradas na prova, ok?
Vamos lá!
§ Atos vinculados são aqueles para os quais a lei fixa os requisitos e condições de sua realização,
não deixando liberdade de ação para a Administração.
§ Atos discricionários são aqueles em que a Administração tem liberdade de ação dentro de
determinados parâmetros previamente definidos em lei.
Nos atos vinculados todos os elementos (competência, finalidade, forma, motivo e objeto)
são estabelecidos pela lei; por isso, não há liberdade para o administrador agir de forma diferente.
A rigor, a vinculação ocorre entre o motivo previsto em lei e o conteúdo (objeto) do ato, ou
seja, se ocorrer determinado fato, a única conduta possível à Administração é praticar o ato da
maneira exigida pela lei.
Por exemplo: comprovado o nascimento do filho do servidor público, a Administração é
obrigada a conceder-lhe licença-paternidade; se alguém é aprovado no exame de trânsito, o Detran
é obrigado a emitir permissão para dirigir, na forma especificada em lei, e assim por diante. Nos atos
vinculados, a função do administrador é apenas verificar a ocorrência do fato que deve dar origem
ao ato vinculado definido na lei.
Nos atos discricionários, a Administração possui certa liberdade quanto à valoração dos
motivos e à escolha do conteúdo (objeto), segundo critérios de conveniência e oportunidade. Em
outras palavras, os agentes públicos têm liberdade para, dentro dos limites da lei, determinar “se,
quando e como” o ato administrativo deve ser praticado.
Somente há discricionariedade quanto ao mérito do ato (motivo e objeto), e somente quando
a lei expressamente dá liberdade para a Administração escolher esses elementos, dentro de certos
limites; são as hipóteses em que a lei explicita, por exemplo, que a Administração “poderá” prorrogar
determinado prazo por “até tantos dias”, ou que é “facultado” à Administração, “a seu critério”,
conceder ou não determinada licença ou autorização etc.
A discricionariedade também existe quando a lei usa, na descrição do motivo que enseja a
prática do ato administrativo, conceitos jurídicos indeterminados, isto é, expressões de significado
vago, impreciso, tais como “insubordinação grave”, “conduta escandalosa”, “boa-fé”, “moralidade
pública” e outras do gênero.
Ressalte-se que os conceitos jurídicos indeterminados geralmente possuem zonas de certeza
positivas e negativas, nas quais é possível afirmar, de forma inequívoca, se determinado fato se
enquadra ou não no conceito; assim, nas zonas de certeza não há discricionariedade. Com efeito, a
liberdade do administrador está restrita às chamadas “zonas cinzentas”, nas quais o conceito jurídico
indeterminado permite mais de uma interpretação legítima.
Por exemplo: desviar recursos da saúde para utilizar em proveito próprio certamente não é
um ato de “boa-fé” do agente público; ninguém duvida disso. Portanto, ao se deparar com tal
situação, o administrador não tem liberdade para enquadrá-la como um ato de “boa-fé”, pois isso
seria completamente contrário ao senso comum (o ato está na zona de certeza negativa do conceito
de boa-fé). Agora, responda: seria ou não um ato de boa-fé aplicar recursos da saúde em projetos
de educação? E em programas sociais ou culturais? Uns podem achar que não, outros que sim e
outros, ainda, que depende do caso concreto. É nessa “zona cinzenta”, de indeterminação, que
reside a discricionariedade; nesses casos, não será possível estabelecer uma única atuação
juridicamente válida: a Administração tem liberdade para decidir acerca do enquadramento, ou não,
da situação à norma legal.
Ressalte-se que a discricionariedade jamais é absoluta, pois sempre deve ser exercida dentro
dos limites da lei e com observância aos princípios administrativos, especialmente os da
razoabilidade, da proporcionalidade e da moralidade1. Do contrário, não teríamos
discricionariedade, e sim arbitrariedade, que é a prática de ato contrário à lei, ou não previsto em
lei.
1
Outro limite ˆ discricionariedade Ž a teoria dos motivos determinantes, pela qual os atos somente
ser‹o v‡lidos se os motivos indicados para sua pr‡tica forem verdadeiros e leg’timos.
(Questão de prova) Ato vinculado é aquele analisado apenas sob o aspecto da legalidade; o
ato discricionário, por sua vez, é analisado sob o aspecto não só da legalidade, mas também
do mérito.
Comentário: O item está certo. O ato vinculado é aquele cujos elementos de formação estão
rigidamente fixados na lei, não deixando margem de escolha ao administrador quanto à
oportunidade e conveniência da sua edição. Os atos discricionários, ao contrário, permitem certa
liberdade de manobra aos agentes públicos, notadamente na escolha dos elementos motivo e
objeto segundo critérios de conveniência e oportunidade, o chamado mérito administrativo.
Dessa forma, pode-se dizer que os atos vinculados são analisados apenas sob o aspecto da
legalidade (mas não quanto ao mérito); já o ato discricionário é analisado sob o aspecto da
legalidade (na formação dos elementos competência, finalidade e forma) e também do mérito
(motivo e objeto, desde que a valoração esteja dentro dos limites da lei). Ressalte-se, por fim, que
a análise do mérito do ato discricionário deve ser feita exclusivamente pela Administração, não
sendo alcançada pelo Poder Judiciário, a menos que extrapole os limites legais.
Gabarito: Certo
§ Atos gerais são aqueles expedidos sem destinatários determinados, com finalidade normativa,
alcançando todos os sujeitos que se encontrem na mesma situação de fato abrangida por seus
preceitos.
§ Atos individuais são todos aqueles que se dirigem a destinatários certos, criando-lhes situação
jurídica particular.
Os atos gerais são dotados de “generalidade e abstração” ou, em outras palavras, de
“normatividade”. Por isso, também são chamados de atos abstratos, impróprios ou normativos.
Exemplos de atos gerais: regulamentos, instruções normativas, portarias, circulares,
resoluções, dentre outros.
O conteúdo dos atos gerais é sempre discricionário, limitado, porém, pelo conteúdo da lei.
Ora, se a lei admite regulamentação, por óbvio a Administração tem certa margem de liberdade para
definir as melhores formas de dar cumprimento aos comandos legais; o ato normativo não pode,
contudo, ir além do que a lei prevê.
Uma vez que seu conteúdo é discricionário, os atos gerais podem ser revogados a qualquer
tempo, respeitados os direitos adquiridos durante a sua vigência.
Maria Sylvia Di Pietro assinala que, a rigor, os atos gerais são atos da Administração,
podendo ser considerados atos administrativos apenas em sentido formal, já que
emanados da Administração Pública com subordinação à lei; porém, quanto ao conteúdo,
não são atos administrativos, porque não produzem efeitos imediatos, no caso concreto.
De igual forma, se uma lei atingir pessoas determinadas, sem abstração e generalidade,
será considerada lei apenas em sentido formal, sendo, materialmente, ou seja, quanto
ao conteúdo, ato administrativo.
Os atos individuais, por sua vez, são os que produzem efeitos jurídicos no caso concreto.
Regulam situações concretas e destinam-se a pessoas específicas. Por isso também são chamados
de atos concretos ou próprios.
Exemplos de atos individuais: nomeação, exoneração, tombamento, decretos de
desapropriação, autorização, licença etc.
Detalhe importante é que o ato individual pode ter um único destinatário (ato singular) ou
diversos destinatários (ato plúrimo). O que caracteriza o ato individual é o fato de seus destinatários
serem certos e determinados.
Por exemplo: a nomeação de aprovados em um concurso público é um ato plúrimo (vários
destinatários certos); já a exoneração de um único servidor é um ato singular, da mesma forma que
um decreto declarando a utilidade pública de um imóvel para fins de desapropriação.
Os atos individuais podem ser vinculados ou discricionários, e normalmente geram direitos
subjetivos para seus destinatários.
A revogação de um ato individual somente é possível se ele não tiver gerado direito adquirido
para o seu destinatário.
Os atos individuais, ao contrário dos atos gerais, admitem impugnação direta por meio de
recursos administrativos, bem como de ações judiciais comuns (ações ordinárias) ou especiais
(mandado de segurança e ação popular).
Por fim, importante destacar que os atos gerais prevalecem sobre os individuais, uma vez
que, na prática de atos individuais, a Administração é obrigada a observar os atos gerais pertinentes
ao caso. Assim, por exemplo, uma nomeação de servidor só pode ser feita se em consonância com
uma Resolução que a oriente.
§ Atos internos são aqueles que produzem efeitos somente no âmbito da Administração
Pública, atingindo apenas órgãos e agentes públicos.
§ Atos externos são aqueles cujos efeitos atingem pessoas de fora da entidade que o produziu.
Nos atos internos, os efeitos do ato atingem apenas os agentes e órgãos da entidade que o
editou.
Exemplos de atos internos: portaria de remoção de um servidor; ordens de serviço em geral;
portaria de criação de um grupo de trabalho; designação de servidor para participar de um curso
etc.
Nos atos externos, os efeitos do ato alcançam os administrados em geral, os contratantes e,
em certos casos, os próprios servidores.
Ressalte-se que os atos externos podem ser destinados tanto aos particulares quanto à
própria Administração; o que os distingue é o fato de produzirem efeitos fora da repartição que os
originou.
Exemplos de atos externos: atos normativos, nomeação de aprovados em um concurso
público, multas aplicadas a empresas contratadas pela Administração, editais de licitação etc.
Os atos simples são aqueles produzidos pela manifestação de um único órgão, não
dependendo de outras manifestações prévias ou posteriores para ser considerado perfeito.
Nos atos simples, a manifestação de vontade pode emanar de apenas uma pessoa (ato
singular) ou de um grupo de pessoas (ato colegiado); o que importa é haver apenas uma expressão
de vontade para dar origem ao ato.
Assim, por exemplo, são atos simples: portaria de demissão de servidor editada por Ministro
de Estado (ato singular); despacho de um chefe de seção (ato singular); decisões dos Tribunais de
Contas (ato colegiado); aprovação do regimento interno de um Tribunal pela maioria absoluta dos
desembargadores (ato colegiado); decisão de recurso administrativo pelo Conselho Administrativo
de Recursos do Ministério da Fazenda (ato colegiado).
Os atos complexos são formados por duas ou mais manifestações de vontade autônomas,
provenientes de órgãos diversos. O ponto essencial que caracteriza os atos complexos é a
conjugação de vontades autônomas de órgãos diferentes para a formação de um único ato.
O ato complexo só se aperfeiçoa com a manifestação de todos os órgãos que devem
contribuir para a sua formação, vale dizer, o ato não pode ser considerado perfeito (completo,
concluído, formado) com a manifestação de um só órgão ou autoridade dentre aqueles que
deveriam se pronunciar para formar o ato.
Maria Sylvia Di Pietro apresenta como exemplo de ato complexo o decreto presidencial. Nos
termos da Constituição Federal, o decreto deve ser assinado pelo(s) Ministro(s) de Estado afetado(s)
pela norma e pelo Presidente da República. Assim, quando o Ministro de Estado assina a minuta de
decreto, sua vontade não basta para que o ato administrativo exista; da mesma forma, se o
Presidente assinar sozinho não há ato administrativo acabado. Este somente se forma quando
houver a conjugação da manifestação de vontade dos dois órgãos envolvidos (Ministério e
Presidência da República).
Também são exemplos de atos complexos:
§ Nomeações efetuadas pelo presidente da República que dependem da aprovação do nome
da autoridade pelo Senado Federal2;
§ Concessão de determinados regimes de tributação que dependem de aprovação de
diferentes Ministérios (ex: reduções de tributos para alguns bens de informática, que
dependem da aprovação do MDIC, do Ministério da Ciência e da Tecnologia e do Ministério
da Fazenda);
§ Atos normativos editados conjuntamente por órgãos diferentes da Administração Federal, a
exemplo das portarias conjuntas da Receita Federal e da Procuradoria da Fazenda Nacional.
2
Maria Sylvia Di Pietro classifica as nomea•›es de autoridades sujeitas ˆ aprova•‹o prŽvia do Poder
Legislativo como atos compostos. N‹o obstante, as bancas Cespe e ESAF t•m adotado posicionamento
diverso, classificando tais nomea•›es como atos complexos.
Os atos compostos, por sua vez, são aqueles que resultam da manifestação de dois ou mais
órgãos, em que a vontade de um é instrumental em relação à de outro, que edita o ato principal;
praticam-se, em verdade, dois atos: um principal e outro acessório.
Hely Lopes Meirelles dá como exemplo de ato composto a autorização que depende do visto
de uma autoridade. Este último seria o ato instrumental, necessário para que o primeiro ganhe
exequibilidade. Outro exemplo de ato composto é a homologação, acessória no procedimento de
licitação. De modo geral, os atos sujeitos a visto são entendidos, para fins de concursos público,
como atos compostos.
Repare que, nos atos compostos, há apenas uma vontade (a do que edita o ato principal) e
não uma conjugação de vontades autônomas, como nos atos complexos. A função do ato acessório
é meramente instrumental: autorizar a prática do ato principal ou conferir eficácia a este. O ato
acessório ou instrumental em nada altera o conteúdo do ato principal3.
Detalhe é que, nos atos compostos, o ato acessório pode ser prévio ou posterior ao ato
principal. Quando o ato acessório é prévio, sua função é autorizar a prática do ato principal; quando
posterior, o ato acessório tem a função de conferir eficácia, exequibilidade ao ato principal.
(Questão de prova) Considere que um servidor público federal tenha sido aposentado
mediante portaria publicada no ano de 2008 e que, em 2010, o TCU tenha homologado o
ato de aposentadoria. Nessa situação hipotética, esse ato caracteriza-se como complexo,
3
Alexandrino e Paulo (2014, p. 465).
visto que, para o seu aperfeiçoamento, é necessária a atuação do TCU e do órgão público a
que estava vinculado o servidor.
Comentário:
O item está correto. Segundo a jurisprudência do STF, o ato de aposentadoria de servidor
público estatutário é um ato complexo. Isso porque, nos termos do art. 71, III da Constituição
Federal, a legalidade dos atos de aposentadoria editados pela Administração deve ser apreciada,
para fins de registro, pelo Tribunal de Contas. Assim, de acordo com o entendimento do STF,
antes da manifestação do Tribunal de Contas para fins de registro, a formação do ato de
aposentadoria ainda não está completa, ou seja, o ato ainda não é um ato perfeito, formado.
Ressalte-se, contudo, que o servidor recebe os proventos desde o momento em que a
aposentadoria é concedida pela Administração (antes do registro no Tribunal de Contas,
portanto), ou seja, o ato produz efeitos antes de sua formação estar completa. Tal efeito é
chamado de efeito prodrômico do ato, termo que abrange os efeitos que podem surgir em atos
complexos ou compostos antes da conclusão dos respectivos ciclos de formação. O efeito
prodrômico é considerado um efeito atípico do ato (o efeito típico da aposentadoria seria
acarretar a vacância do cargo e passar o servidor para a inatividade, o qual só ocorre, de fato,
quando o Tribunal de Contas concede o registro).
Gabarito: Certo
§ Atos de império são aqueles que a Administração pratica usando de sua supremacia sobre os
administrados, criando para eles obrigações ou restrições, de forma unilateral.
§ Atos de gestão são os que a Administração pratica na qualidade de gestora de seus bens e
serviços, sem usar de sua supremacia sobre os destinatários.
§ Atos de expediente são aqueles que se destinam a dar andamento aos processos e papeis
administrativos, sem qualquer conteúdo decisório.
Os atos de império, como o próprio nome indica, referem-se aos atos estatais cercados de
todas as prerrogativas públicas, com fundamento no princípio da supremacia do interesse público.
Também são chamados de atos de autoridade, eis que praticados sempre de forma unilateral pelo
Estado, independentemente da anuência dos administrados atingidos pelo ato.
Exemplos de atos de império: a interdição de estabelecimento comercial, a desapropriação
de imóvel, a apreensão de mercadorias, a imposição de multas administrativas etc.
Os atos de gestão são típicos das atividades de administração de bens e serviços em geral,
que não exigem coerção sobre os interessados, assemelhando-se aos atos praticados pelas pessoas
privadas.
Exemplos de atos de gestão: alienação ou aquisição de bens pela Administração, o aluguel a
um particular de um imóvel pertencente a uma autarquia, os atos negociais em geral, como a
autorização ou a permissão de uso de um bem público.
Hely Lopes Meireles assinala que os atos de gestão serão sempre atos da Administração, mas
nem sempre atos administrativos típicos, principalmente quando bilaterais.
Os atos de expediente são atos de rotina interna, relacionados ao andamento dos variados
serviços executados pela Administração. Sua principal característica é a ausência de conteúdo
decisório.
Exemplos de atos de expediente: o protocolo de documentos, o encaminhamento de
processo à autoridade que possua atribuição de decidir sobre seu mérito, o cadastramento de
documentos em sistema informatizado etc.
§ Ato constitutivo é aquele que cria uma nova situação jurídica individual para seus
destinatários, em relação à Administração.
§ Ato extintivo ou desconstitutivo é aquele que põe fim a situações jurídicas individuais
existentes.
§ Ato modificativo é o que tem por fim alterar situações preexistentes, sem suprimir direitos
ou obrigações.
§ Ato declaratório é o que visa a atestar um fato, ou reconhecer um direito ou uma obrigação
que já existia antes do ato.
Os atos constitutivos criam uma situação jurídica nova para seus destinatários, situação que
pode ser um novo direito ou uma nova obrigação, como as licenças, as autorizações, as nomeações
de servidores, a aplicação de sanções administrativas etc.
Os atos extintivos, ao contrário, extinguem (desconstituem) direitos e obrigações, de que são
exemplo a cassação de uma autorização, a encampação de serviço público, a demissão de um
servidor etc.
Já os atos modificativos alteram situações jurídicas preexistentes, mas sem suprimir direitos
e obrigações; são exemplos: a alteração do horário de funcionamento do órgão e a mudança de local
de uma reunião.
Os atos declaratórios apenas afirmam a existência de um fato ou de uma situação jurídica
anterior a eles, com o fim de reconhecer ou mesmo de possibilitar o exercício de direitos. São
exemplos a expedição de certidões, a emissão de atestados por junta médica oficial etc.
ato é classificado como declaratório, na medida em que o poder público apenas reconhece
um direito do particular previamente existente.
Comentário:
A permissão é o ato administrativo por meio do qual a administração pública consente que
o particular se utilize privativamente de um bem público. Trata-se, portanto, de ato que confere
um direito ao particular, ou seja, é um ato constitutivo, e não um ato declaratório.
Gabarito: Errado
§ Ato válido é aquele praticado em conformidade com a lei, sem nenhum vício.
§ Ato nulo é aquele que nasce com vício insanável por ausência ou defeito substancial em um
dos seus elementos constitutivos.
§ Ao anulável é o que apresenta defeito sanável, ou seja, passível de convalidação pela própria
Administração.
§ Ato inexistente é aquele que apenas tem aparência de manifestação regular da vontade da
Administração, mas, em verdade, não chega a entrar no mundo jurídico, por falta de um
elemento essencial.
O ato válido é aquele que respeitou, em sua formação, todos os requisitos legais relativos aos
elementos competência, finalidade, forma, motivo e objeto. Por outras palavras, é o ato que não
tem qualquer vício, qualquer ilegalidade.
O ato nulo é aquele com vício insanável em um dos seus elementos constitutivos. Por
exemplo, o ato com motivo inexistente, o ato com objeto não previsto em lei e o ato praticado com
desvio de finalidade.
Ressalte-se que os atos nulos são atos ilegais ou ilegítimos e, por isso, não podem ser
convalidados; ao contrário, devem ser anulados. Lembrando que o administrado não pode se negar
a dar cumprimento ao ato nulo até que a nulidade seja reconhecida e declarada pela Administração
ou pelo Judiciário (atributo da presunção de legitimidade dos atos administrativos).
O ato anulável é o que apresenta defeito sanável, ou seja, passível de convalidação pela
própria Administração4. São sanáveis os vícios de competência quanto à pessoa (e não quanto à
matéria), exceto se se tratar de competência exclusiva, e o vício de forma, a menos que se trate de
forma exigida pela lei como condição essencial à validade do ato.
O ato inexistente é aquele que apenas possui aparência de ato administrativo, mas, na
verdade, possui algum defeito capital que o impede de produzir efeitos no mundo jurídico.
4
Conforme veremos adiante, o ato anul‡vel Ž Òpass’velÓ de convalida•‹o. Assim, se a Administra•‹o
entender mais conveniente e oportuno, poder‡ anular o ato em vez de convalid‡-lo.
É o caso dos atos praticados por usurpador de função, ou seja, por indivíduo que se passa por
agente público sem ter sido investido em nenhum cargo.
Também são considerados atos inexistentes os atos cujos objetos sejam juridicamente
impossíveis, a exemplo de uma ordem para que o subordinado execute um crime.
Quanto ao ato inexistente, vale ressaltar que parte da doutrina considera irrelevante
diferencia-lo do ato nulo, porque ambos conduzem ao mesmo resultado: a invalidade do ato.
Não obstante, algumas diferenças podem ser enumeradas. Por exemplo, a anulação de ato
nulo possui eficácia retroativa (ex tunc), mas admite-se a preservação dos efeitos já produzidos
perante terceiros de boa-fé (pessoas que não foram parte do ato, mas foram alcançadas pelos
efeitos do ato, e desconheciam o seu vício). Em relação aos atos inexistentes, nenhum efeito pode
ser validamente mantido, mesmo perante terceiros de boa-fé. Outra diferença é que a invalidação
de ato inexistente não se sujeita a prazo decadencial, ou seja, pode ser feita a qualquer tempo,
diferentemente da anulação que, regra geral, tem prazo para ser realizada (5 anos na esfera federal).
formação, isto é, nos quais falta algum elemento) a rigor ainda não existem como ato administrativo.
Não seria cabível, portanto, analisar a validade ou invalidade de algo que ainda não existe 5. Assim,
todo ato válido ou inválido é necessariamente perfeito.
O ato eficaz é aquele que já está apto para a produção dos efeitos que lhe são inerentes, vale
dizer, o ato não depende de um evento posterior, como um termo, encargo ou condição suspensiva,
ou ainda de autorização, aprovação ou homologação para produzir efeitos típicos ou próprios.
Como regra, a eficácia do ato é imediata ou posterior à sua produção, admitindo-se,
excepcionalmente, a eficácia retroativa, como, por exemplo, a anulação e a reintegração, que
operam efeitos retroativos.
O ato pendente é o contrário do ato eficaz, ou seja, é aquele que, embora perfeito, depende
de algum evento futuro para que comece a produzir efeitos.
5
Alexandrino e Paulo (2014, p. 474).
6
Lucas Furtado (2014, p. 232).
7
Carvalho Filho (2014, p. 128).
O ato consumado ou exaurido é o que já produziu todos os efeitos que estava apto a produzir,
que já esgotou sua possibilidade de produzir efeitos. Como exemplo, tem-se uma licença concedida
a servidor que já foi integralmente gozada.
De acordo com tais definições, são previstas, pela doutrina, quatro combinações possíveis.
Assim, o ato administrativo pode ser:
a) Perfeito, válido e eficaz: quando cumpriu seu ciclo de formação (perfeito), encontra-se em
conformidade com a ordem jurídica (válido) e disponível para a produção dos efeitos que lhe
são típicos (eficaz);
b) Perfeito, inválido e eficaz: quando, cumprido o ciclo de formação, o ato, ainda que contrário
à ordem jurídica (inválido, portanto), encontra-se produzindo os efeitos que lhe são
inerentes.
c) Perfeito, válido e ineficaz: quando, cumprido o ciclo de formação, encontra-se em
consonância com a ordem jurídica, contudo, ainda não se encontra disponível para a
produção dos efeitos que lhe são próprios, por depender de um termo inicial ou de uma
condição suspensiva, ou autorização, aprovação ou homologação.
d) Perfeito, inválido e ineficaz: quando, cumprido o ciclo de formação, o ato encontra-se em
desconformidade com a ordem jurídica, ao tempo que não pode produzir seus efeitos por se
encontrar na dependência de algum evento futuro necessário a produção de seus efeitos.
(Questão de prova) Considera-se que o ato administrativo é válido quando se esgotam todas
as fases necessárias para a sua produção.
Comentário:
O quesito está errado. O ato administrativo que completou todas as fases necessárias para
a sua produção é um ato perfeito. Caso o ato perfeito não apresente nenhum vício em seus
elementos de formação, aí sim também será um ato válido. Ressalte-se que podem existir atos
perfeitos e inválidos quando, cumprido o ciclo de formação, o ato apresente algum vício em seus
elementos de formação. O contrário, porém, não é verdadeiro, ou seja, não existem atos
imperfeitos e válidos, pois a completa formação do ato é pré-requisito para o exame da sua
validade.
Gabarito: Errado
(Questão de prova) Validade e eficácia são qualidades do ato administrativo cuja existência
seja necessariamente pressuposta no plano fático.
Comentário:
O item está correto. Validade e eficácia são qualidades do ato administrativo perfeito, ou
seja, do ato completo, formado. Nos atos imperfeitos, ao contrário, não faz sentido se falar em
validade e eficácia, afinal. tais atos nem existem ainda. A questão chama o ato perfeito de ato
“cuja existência seja necessariamente pressuposta no plano fático”, o que é correto, pois, como
dito, ato perfeito é aquele que já se encontra completamente formado, ou seja, que já existe no
plano fático.
Gabarito: Certo
(Questão de prova) Suponha que determinado ato administrativo, percorrido seu ciclo de
formação, tenha produzido efeitos na sociedade e, posteriormente, tenha sido reputado,
pela própria administração pública, desconforme em relação ao ordenamento jurídico.
Nesse caso, considera-se o ato perfeito, eficaz e inválido.
Comentário:
O item está correto. O ato da questão é perfeito por ter “percorrido seu ciclo de formação”;
é eficaz por ter “produzido efeitos na sociedade”; e é inválido por ter sido reputado “desconforme
em relação ao ordenamento jurídico”.
Gabarito: Certo
Comentário:
A função de fato ocorre quando a pessoa que pratica o ato está irregularmente investida
no cargo, emprego ou função, mas a sua situação tem toda a aparência de legalidade. Segundo a
doutrina, os atos praticados pelos funcionários de fato, pela teoria da aparência, são
considerados válidos e eficazes, perante terceiros de boa-fé, precisamente pela aparência de
legalidade de que se revestem, daí o erro.
Gabarito: Errado
ATOS NORMATIVOS
Atos normativos são os atos com efeitos gerais e abstratos, e, bem por isso, atingem todos
aqueles que se situam em idêntica situação jurídica (não têm destinatários determinados).
Correspondem aos “atos gerais” estudados no tópico anterior.
Diz-se que os atos normativos são atos administrativos apenas em sentido formal, porque,
materialmente (quanto ao conteúdo), são verdadeiras normas jurídicas, em razão da sua
característica de generalidade e abstração, assim como as leis.
Contudo, tais atos não se confundem com as leis, pois estas são atos legislativos, produzidas
a partir do processo legislativo e, por isso, aptas a inovar o direito.
Os atos normativos, ao contrário, são praticados pela Administração e não podem inovar o
ordenamento jurídico, vale dizer, não podem criar direitos e obrigações que não se encontrem
previamente estabelecidos em uma lei.
São exemplos de atos normativos os regulamentos, portarias, resoluções, circulares,
instruções, deliberações e regimentos, os quais têm a função de detalhar, explicitar o conteúdo das
leis que regulamentam, a fim de lhes dar fiel execução.
Os atos normativos não podem ser objeto de impugnação direta por meio de recursos
administrativos ou ação judicial ordinária. Em outras palavras, o administrado não pode entrar com
um recurso administrativo ou com uma ação ordinária na Justiça para requerer a anulação de um
ato normativo; o que ele pode fazer é pedir a anulação dos efeitos provocados pelo ato sobre a sua
situação particular, mas não a invalidação do ato em si.
A rigor, para pleitear a invalidação direta de um ato normativo geral, deve ser utilizada a ação
direta de inconstitucionalidade (ADI), pelos órgãos e autoridades constitucionalmente legitimados,
desde que sejam atendidos os pressupostos dessa ação.
A seguir, vamos listar os principais atos normativos previstos na doutrina de Hely Lopes,
destacando que a denominação utilizada na prática pelos diferentes órgãos e entidades da
Administração pode ser diferente:
Ø Decretos: são atos resultantes da manifestação de vontade dos chefes do Executivo
(Presidente da República, Governadores e Prefeitos).
Os decretos podem ser gerais ou individuais.
Os decretos gerais têm caráter normativo e traçam regras gerais (ex: decreto que
regulamenta uma lei). Estes são os que devem ser encarados como atos normativos. Segundo
Maria Sylvia Zanella Di Pietro, um decreto que produza efeitos gerais pode ser editado tanto
em caráter regulamentar (ou de execução), explicitando uma lei anteriormente editada,
como em caráter independente (o chamado decreto autônomo), para disciplinar matéria
ainda não regulada em lei. Lembrando que, nos termos do art. 84, VI da CF, o decreto
autônomo só é admitido nas hipóteses de (i) organização e funcionamento da administração
f
federal, quando não implicar aumento de despesa nem criação ou extinção de órgãos
públicos; (ii) extinção de funções ou cargos públicos, quando vagos.
Já os decretos individuais têm destinatários específicos, individualizados (ex: decreto de
demissão de servidor público, decreto de desapropriação), não sendo considerados atos
normativos, pois não apresentam normatividade (efeitos gerais e abstratos).
Ø Regulamentos: são atos normativos que especificam, detalham, explicam os mandamentos
da lei. Destinam-se à atuação externa (normatividade em relação aos particulares). São
postos em vigência, em regra, por Decretos do Poder Executivo. Como exemplo, tem-se o
Regulamento da ANATEL, aprovado pelo Decreto 2.338/1997.
Ø Instruções normativas: são atos normativos expedidos pelos Ministros de Estado para a
execução das leis, decretos ou regulamentos.
Ø Regimentos: são atos administrativos normativos de atuação interna, dado que se destinam
a reger o funcionamento de órgãos colegiados e de corporações legislativas. Derivam também
do poder hierárquico da Administração, já que visam à organização interna de seus órgãos.
Ø Resoluções: são atos, normativos ou individuais, emanados de autoridades de elevado
escalão administrativo como, por exemplo, Ministros e Secretários de Estado ou Município,
ou de algumas pessoas administrativas ligadas ao Governo, como as agências reguladoras, e
até de órgãos colegiados administrativos, como os Tribunais de Contas e o CNJ. Constituem
matérias das resoluções todas as que se inserem na competência específica dos agentes ou
pessoas jurídicas responsáveis por sua expedição. Como exceção, admitem-se resoluções com
efeitos individuais. Cite-se que as resoluções estão sempre abaixo dos regimentos e
regulamentos, não podendo inová-los ou contrariá-los. Seus efeitos podem ser internos ou
externos.
Ø Deliberações: são atos oriundos, em regra, de órgãos colegiados, como conselhos,
comissões, tribunais administrativos etc. Normalmente, representam a vontade majoritária
de seus componentes. Quando normativas, são atos gerais (normativos); quando decisórias,
são atos individuais.
ATOS ORDINATÓRIOS
Os atos ordinatórios são os atos com efeitos internos, endereçados aos servidores públicos,
que visam a disciplinar o funcionamento da Administração e a conduta funcional de seus agentes.
Possuem fundamento no poder hierárquico e, por isso, somente alcançam os servidores
submetidos hierarquicamente àquele que expediu o ato. De regra, os atos ordinatórios não atingem
ou criam direitos e obrigações aos particulares em geral.
Os atos ordinatórios são inferiores em hierarquia aos atos normativos. Ou seja, ao editar um
ato ordinatório, a autoridade administrativa deve observância aos atos administrativos normativos
que tratem da matéria a ele relacionada.
São exemplos de atos ordinatórios: as portarias (trazem determinações gerais ou especiais
aos que a elas se submetem, como as portarias de delegação de competência, de remoção de um
servidor, de designação de comissão de sindicância etc.), as circulares internas (utilizadas para
transmitir ordens internas para uniformizar o tratamento dado a certa matéria), as ordens de serviço
(determinações para autorizar o início de determinada tarefa), os avisos, os memorandos, os ofícios,
dentre outros.
ATOS NEGOCIAIS
Os atos negociais são aqueles em que a vontade da Administração coincide com o interesse
do administrado, sendo-lhe atribuídos direitos e vantagens.
Parte da doutrina chama os atos negociais de “atos de consentimento”, pois são editados em
situações nas quais o particular deve obter anuência prévia da Administração para realizar
determinada atividade de interesse dele, ou exercer determinado direito.
São exemplos os alvarás de construção, a licença para o exercício de uma profissão, a licença
para dirigir, a autorização para prestar serviço de táxi etc.
Embora os atos negociais se caracterizem pela presença de interesse recíproco entre as
partes, não são atos bilaterais, vale dizer, não são contratos administrativos. Ao contrário,
constituem manifestações unilaterais da Administração (atos administrativos) das quais se originam
negócios jurídicos públicos. De toda maneira, os6 atos negociais estabelecem efeitos jurídicos entre
a Administração e os administrados, impondo a ambos a observância de seu conteúdo e o respeito
às condições de sua execução.
A doutrina esclarece que não cabe falar em imperatividade, coercitividade ou
autoexecutoriedade nos atos negociais, eis que esse tipo de ato não é imposto ao particular, mas é
também do desejo dele. Afinal, é o interessado que solicita o consentimento da Administração para
realizar determinada atividade ou exercer algum direito; a Administração cabe apenas verificar se
ele atende os requisitos legais correspondentes.
Os atos negociais produzem efeitos concretos e individuais para o administrado; diferem-se,
assim, dos atos normativos, pois estes são gerais e abstratos.
Os atos negociais podem ser vinculados ou discricionários.
Nos atos negociais vinculados, a lei estabelece os requisitos da sua formação, os quais, uma
vez atendidos pelo particular, geram para ele direito subjetivo à obtenção do ato, não havendo outra
escolha para a Administração que não seja a prática do ato conforme a lei determine.
Nessa hipótese, enquadram-se as licenças para exercício de atividade profissional (registro
perante a Ordem dos Advogados do Brasil, por exemplo) ou a admissão em instituição pública de
ensino, após a aprovação em exame vestibular (este último ato é conhecido por admissão).
Os atos negociais discricionários são aqueles que podem, ou não, ser editados, conforme
juízo de conveniência e oportunidade da Administração. Não constituem, portanto, direito subjetivo
do administrado, e sim mero interesse. Dessa forma, ainda que ele tenha cumprido as exigências
legais necessárias para a solicitação do ato, a Administração pode negá-lo.
Os exemplos clássicos são: (i) a autorização para prestação de serviços de utilidade pública,
como referentes ao serviço de táxi, e a autorização de porte de arma; e (i) a permissão de uso de
bens públicos, tal como para se utilizar um espaço em praça para montagem de banca de revistas.
Em outra vertente, os atos negociais podem ser precários ou definitivos.
Os atos negociais precários são aqueles que não geram direito adquirido ao administrado,
podendo ser revogados a qualquer tempo pela Administração, em regra, sem a necessidade de
A jurisprudência do STF admite que, em casos excepcionais, a licença para construir (ato vinculado),
poderá ser revogada (e não anulada ou cassada) por conveniência da Administração, desde que a
obra não tenha se iniciado.
Por exemplo: o Poder Público emite uma licença para um particular iniciar uma obra de um edifício.
Depois de emitir a licença, a Administração Pública percebe que a referida edificação restringirá o
arejamento de uma praça ao lado. Pode revogar o ato? PODE, em caráter excepcional, dado que a
licença para construir é ato vinculado. Mas certamente a Administração terá o dever de indenizar o
particular pelos prejuízos que lhe foram causados.
Vejamos a ementa do julgado no qual o STF chancelou a possibilidade de revogação de licença para
construir:
“Licenca para construir. Revogação. Obra não iniciada. (...); II. Antes de iniciada a obra, a licenca para
construir pode ser revogada por conveniencia da Administração Pública, sem que valha o argumento do
direito adquirido. Precedentes do Supremo Tribunal. Recurso extraordinário não conhecido” (STF, 2ª Turma,
RE 105634 PR, Rel. Min. FRANCISCO REZEK, j. em 19.09.1985, p. em 08.11.1985).
O detalhe é que, segundo a referida decisão do STF, a licença de obra de construção pode ser
revogada antes de iniciada a obra. Depois disso, a jurisprudência não é clara.
O STJ também possui posicionamento semelhante. Vejamos:
9. A jurisprudência da Primeira Turma firmou orientação de que aprovado e licenciado o projeto para
construção de empreendimento pelo Poder Público competente, em obediência à legislação correspondente
e às normas técnicas aplicáveis, a licença então concedida trará a presunção de legitimidade e
definitividade, e somente poderá ser: a) cassada, quando comprovado que o projeto está em desacordo com
os limites e termos do sistema jurídico em que aprovado; b) revogada, quando sobrevier interesse público
relevante, hipótese na qual ficará o Município obrigado a indenizar os prejuízos gerados pela paralisação e
demolição da obra; ou c) anulada, na hipótese de se apurar que o projeto foi aprovado em desacordo com
8
O direito a indeniza•‹o pode surgir caso a autoriza•‹o seja outorgado por prazo certo e a revoga•‹o
ocorra antes do termo final estipulado.
as normas edilícias vigentes. (STJ, 1ª Turma, REsp 1227328 SP, Rel. Min. BENEDITO GONÇALVES, em
20.05.2011).
Enfim, segundo a jurisprudência de nossos tribunais superiores, é correto afirmar que, mesmo que
se trate de um ato vinculado, é possível revogar uma licença para construir, mas em condições
excepcionais.
As principais espécies de atos negociais são:
Ø Licença: ato administrativo vinculado e definitivo, cuja função é conferir direitos ao particular
que preencheu todos os requisitos legais. Trata-se de um direito subjetivo; portanto, não
pode ser negado pela Administração.
Exemplos: concessão de alvará para a realização de uma obra ou para o funcionamento de
um comércio; a licença para o exercício de determinada profissão; a licença para dirigir etc.
Ø Autorização: ato administrativo discricionário e precário pelo qual a Administração Pública
a
possibilita ao particular o exercício de alguma atividade material de predominante interesse
dele e que, sem esse consentimento, seria legalmente proibida (autorização como ato de
polícia), ou a prestação de serviço público não exclusivo do Estado (autorização de serviço
público), ou, ainda, a utilização de um bem público (autorização de uso). A autorização
normalmente é necessária para o exercício de atividade potencialmente prejudicial à
coletividade ou de atividade de interesse social, razão pela qual a lei exige a chancela do
Estado para fins de proteção ao interesse público.
Exemplos: autorização para porte de arma de fogo; para a exploração de serviços privados de
educação e saúde; autorização de uso das vias públicas para realização de feiras; autorização
para prestação de serviço de táxi etc.
Ø Permissão: ato administrativo discricionário e precário pelo qual a Administração faculta ao
particular o uso de bem público. Ressalte-se que a permissão, enquanto ato administrativo,
refere-se apenas ao uso de bem público; caso se refira à delegação de serviços públicos, a
permissão deve ser formalizada mediante um “contrato de adesão”, precedido de licitação
(ou seja, não constitui um ato administrativo).
Afora essas espécies mais comuns, a doutrina apresenta ainda os seguintes atos classificados
como negociais:
Ø Admissão: ato administrativo vinculado em que a Administração Pública, verificando o
cumprimento dos requisitos pelo particular, defere-lhe a situação jurídica de seu interesse,
tal como na admissão em universidade pública de candidato aprovado no vestibular e a
admissão nos estabelecimentos de assistência social.
Ø Aprovação: ato unilateral e discricionário pelo qual se exerce o controle prévio ou a
posteriori do ato administrativo.
Exemplos: aprovação prévia do Senado para escolha de autoridades; aprovação a posterior
do Congresso Nacional acerca da decretação do estado de defesa e da intervenção federal.
Maria Sylvia Di Pietro esclarece que, nesses casos, a aprovação constitui, quanto ao conteúdo,
tipo ato administrativo (de controle), embora formalmente integre os atos legislativos
(resoluções ou decretos legislativos).
Ø Homologação: ato unilateral e vinculado pelo qual a Administração Pública reconhece a
legalidade de um ato jurídico. Ela se realiza sempre a posteriori e examina apenas o aspecto
da legalidade, no que se distingue da aprovação, que é ato discricionário e examina aspectos
de conveniência e oportunidade.
Exemplo: homologação de licitação.
A licença é editada no exercício do poder de polícia, nas situações em que a lei exige
obtenção de anuência prévia da Administração como condição para o exercício, pelo particular,
de um direito subjetivo de que seja titular (ex: alvarás de construção).
Já a autorização, na maior parte dos casos, também configura um ato de polícia
administrativa – quando constitui uma condição para a prática de uma atividade material privada
(ex: autorização para porte de arma de fogo) ou para o uso de um bem público (ex: autorização
para utilização das vias públicas para a realização de feiras livres) –, mas existem também
autorizações que representam uma modalidade de descentralização mediante delegação,
visando à prestação indireta de determinados serviços públicos (ex: autorização para a prestação
de serviço de táxi).
Por fim, cumpre salientar que tanto licenças como autorizações nunca são conferidas ex
officio pelo Poder Público, eis que sempre dependem de pedido do interessado, que solicita o
consentimento.
Gabarito: Certo
produtos alimentícios quando a licença era para produtos farmacêuticos) acarretará a cassação
da licença.
Gabarito: Certo
(Questão de prova) O IBAMA multou e interditou uma fábrica de solventes que, apesar de
já ter sido advertida, insistia em dispensar resíduos tóxicos em um rio próximo a suas
instalações. Contra esse ato a empresa impetrou mandado de segurança, alegando que a
autoridade administrativa não dispunha de poderes para impedir o funcionamento da
fábrica, por ser esta detentora de alvará de funcionamento, devendo a interdição ter sido
requerida ao Poder Judiciário.
Em face dessa situação hipotética, julgue o item seguinte.
A concessão de alvará de funcionamento constitui ato administrativo discricionário, razão
por que tal ato somente pode ser anulado por autoridade administrativa.
Comentário:
O alvará de funcionamento de estabelecimentos comerciais é uma das formas de
manifestação da licença administrativa, ato que é vinculado, e não discricionário, daí o primeiro
erro. Outro erro é que atos inválidos podem ser anulados tanto pela Administração como pelo
Judiciário, e não somente por autoridade administrativa.
Gabarito: Errado
ATOS ENUNCIATIVOS
Segundo Hely Lopes Meirelles, atos enunciativos são aqueles que atestam ou certificam uma
situação preexistente, sem, contudo, haver manifestação de vontade estatal propriamente dita. São
exemplos as certidões e os atestados.
Parte da doutrina considera que os atos de opinião que preparam outros de caráter decisório,
a exemplo dos pareceres, também se enquadram como atos enunciativos.
Por não constituírem uma manifestação de vontade da Administração, os atos enunciativos
são considerados meros atos da Administração e não propriamente atos administrativos. Na
verdade, são atos administrativos apenas em sentido formal, mas não material.
Os atos enunciativos mais conhecidos são as certidões, os atestados, os pareceres e as
apostilas.
Certidão é uma cópia fiel de informações registradas em algum livro, processo, documento
ou banco de dados eletrônico em poder da Administração e de interesse do administrado
requerente. Lembrando que a Constituição Federal garante o direito ao fornecimento de certidões
para o esclarecimento de “situações de interesse pessoal”. As certidões, em regra, devem ser
expedidas no prazo de 15 dias (Lei 9.051/1995), exceto se houver previsão de prazo específico em
outra lei.
ATOS PUNITIVOS
Os atos punitivos são aqueles que impõem sanções administrativas aos que descumprirem
normas legais ou administrativas. Podem ser de ordem interna ou externa.
Os atos punitivos internos têm como destinatários os servidores públicos. São exemplos as
penalidades disciplinares, como a advertência, suspensão, demissão.
Já os atos punitivos externos têm como destinatários os particulares que pratiquem infrações
administrativas em geral. São exemplos as sanções aplicadas aos particulares contratados pela
Administração Pública, previstas na Lei de Licitações e Contratos, bem como as penalidades
aplicadas no âmbito da atividade de polícia administrativa (interdição de atividades, destruição de
alimentos, substâncias ou objetos imprestáveis, nocivos ao consumo ou, ainda, proibidos em lei
etc.).
(Questão de prova) Um aviso é uma forma de ato administrativo classificado como ato
punitivo, ou seja, que certifica ou atesta um fato administrativo.
Comentário:
O quesito está errado. O examinador fez uma “salada” com os conceitos. Um aviso é
exemplo de ato administrativo ordinatório, assim como as portarias, as circulares internas, as
ordens de serviço e os memorandos. Por sua vez, um ato que certifica ou atesta um fato
administrativo é um ato enunciativo. Já um ato punitivo é o que impõe sanções administrativas
tanto aos servidores público com aos particulares.
Gabarito: Errado
9
Di Pietro (2009, p. 235) citando Bandeira de Mello (2008, p. 436-438).
infrações de trânsito permitido em um ano, fazendo com que o infrator tenha sua
habilitação cassada.
§ Caducidade, em que a retirada se dá porque uma norma jurídica posterior tornou
inviável a permanência da situação antes permitida pelo ato. O exemplo dado é a
caducidade de permissão para explorar parque de diversões em local que, em face da
nova lei de zoneamento, tornou-se incompatível com aquele tipo de uso.
§ Contraposição, que se dá pela edição posterior de ato cujos efeitos se contrapõem
ao anteriormente emitido. É o caso da exoneração de servidor, que tem efeitos
contrapostos à nomeação.
§ Renúncia, pela qual se extinguem os efeitos do ato porque o próprio beneficiário
abriu mão de uma vantagem de que desfrutava. É o caso, por exemplo, do servidor
inativo que abre mão da aposentadoria para reassumir cargo na Administração.
(Questão de prova) O ato se extingue pelo desfazimento volitivo quando sua retirada funda-
se no advento de nova legislação que impede a permanência da situação anteriormente
consentida.
Comentário:
A anulação, a revogação e a cassação são classificadas como formas do chamado
desfazimento volitivo, eis que são resultantes da manifestação expressa do administrador ou do
Poder Judiciário. Todas as demais formas de extinção vistas no tópico acima, inclusive a
caducidade de que trata o item em questão, independem de qualquer manifestação ou
declaração, daí o erro.
Gabarito: Errado
Vamos agora destrinchar um pouco mais as duas formas mais conhecidas de extinção dos
atos administrativos: anulação e revogação.
ANULAÇÃO
10
Ver jurisprud•ncia ao final da aula.
Essa regra, porém, não se aplica aos casos em que se constate afronta flagrante a
determinação expressa da Constituição Federal; nessas hipóteses, a anulação pode ocorrer a
qualquer tempo, não estando sujeita ao prazo decadencial11.
REVOGAÇÃO
11
STF Ð MS 28.273/DF
12
XXXVI - a lei n‹o prejudicar‡ o direito adquirido, o ato jur’dico perfeito e a coisa julgada;
CONVALIDAÇÃO
Antes de tratar da convalidação propriamente dita, vamos aprofundar um pouco mais nos
conceitos de atos nulos e atos anuláveis.
Para a doutrina mais tradicional, o ato administrativo que apresente qualquer vício deve
necessariamente ser anulado, sem exceção, ou seja, não se admite a possibilidade de correção do
vício. É a chamada teoria monista ou unitária, que recebe esse nome justamente pelo fato de
entender que todo e qualquer vício em um ato administrativo classifica-se como vício insanável,
resultando, sempre, em um ato nulo.
Entretanto, a doutrina mais moderna, hoje majoritária, é adepta da teoria dualista que, como
o próprio nome indica, defende a existência de dois tipos de vícios: os insanáveis e os sanáveis,
resultando em atos nulos e anuláveis, respectivamente. O fundamento da teoria dualista é que, em
alguns casos, é possível que o interesse público seja mais adequadamente satisfeito com a
manutenção do ato portador de um vício de menor gravidade, mediante a correção retroativa desse
defeito, do que com a anulação do ato e a consequente desconstituição dos efeitos que ele já
produziu13.
Quando o vício for sanável, caracteriza-se a hipótese de nulidade relativa; caso contrário, isto
é, se o vício for insanável, a nulidade é absoluta.
Aí é que entra a convalidação. Com efeito, convalidar consiste na faculdade que a
Administração tem de corrigir e regularizar os vícios sanáveis dos atos administrativos.
Para a doutrina, vícios sanáveis são aqueles presentes nos elementos competência (exceto
competência exclusiva e competência quanto à matéria) e forma (exceto forma essencial à validade
do ato14). Já os vícios de motivo e objeto são insanáveis, ou seja, não admitem convalidação.
Competência, exceto
competência exclusiva e Motivo
competência quanto à matéria.
13
Paulo e Alexandrino (2014, p. 528).
14
Por exemplo, uma san•‹o disciplinar aplicada sem motiva•‹o Ž um ato nulo por v’cio de forma, n‹o
convalid‡vel, pois a motiva•‹o Ž obrigat—ria em qualquer ato punitivo.
A convalidação é feita, em regra, pela Administração, mas eventualmente poderá ser feita
pelo administrado, quando a edição do ato dependia da manifestação de sua vontade e a exigência
não foi observada; se o particular se manifestar posteriormente, estará convalidando o ato 15.
Há quem aponte, ainda, uma hipótese de convalidação “tácita”, isto é, uma convalidação não
intencional. Trata-se dos atos ilegais favoráveis ao administrado que não foram anulados dentro do
prazo decadencial de 5 anos. Como a decadência impossibilita o desfazimento do ato, ainda que se
trate de vício insanável, haveria, nesse caso, uma espécie de convalidação tácita (pelo decurso do
tempo). Alguns autores chamam essa situação de estabilização ou consolidação do ato
administrativo, e reservam o termo convalidação para os casos em que um ato expresso da
Administração corrige o defeito do ato.
A convalidação produz efeitos retroativos (ex tunc), de tal modo que os efeitos produzidos
pelo ato enquanto ainda apresentava o vício passam a ser considerados válidos, não passíveis de
desconstituição. Essa possibilidade de aproveitamento dos atos com vícios sanáveis é que
representa a grande vantagem da convalidação em relação à anulação, pois gera economia de
procedimentos e segurança jurídica.
Ressalte-se que a convalidação não é controle de mérito, e sim de legalidade, incidente sobre
os vícios sanáveis nos elementos competência e forma. Assim, tanto atos vinculados como
discricionários podem ser convalidados.
Na esfera federal, a possibilidade de convalidação está prevista expressamente na Lei
9.784/1999:
Art. 55. Em decisão na qual se evidencie não acarretarem lesão ao interesse público nem prejuízo a terceiros, os
atos que apresentarem defeitos sanáveis poderão ser convalidados pela própria Administração.
15
Di Pietro (2009, p. 245).
16
Incluindo Maria Sylvia Di Pietro e Celso Ant™nio Bandeira de Mello
presente em apenas uma hipótese: vício de competência em ato discricionário, caso em que a
autoridade competente não estaria obrigada a aceitar a mesma avaliação subjetiva feita pela
autoridade incompetente.
Não obstante, por força da previsão expressa na Lei 9.784/1999, a convalidação é ato
discricionário, ao contrário do que pensa parte de nossa doutrina.
Alguns termos são apresentados como sinônimos ou assemelhados à convalidação, tais como
ratificação, confirmação, reforma e conversão.
A ratificação e a confirmação podem ser consideradas espécies de convalidação. Se a autoridade
que convalida o ato é a mesma que o praticou, teremos a ratificação. Se, ao contrário, a convalidação
for feita por autoridade superior, ocorrerá a confirmação.
A reforma incide sobre ato válido que é aperfeiçoado, por razões de conveniência e oportunidade,
para que melhor atenda aos interesses públicos. Maria Sylvia Di Pietro dá exemplo de um decreto
que expropria parte de um imóvel e é reformado para abranger o imóvel inteiro. A reforma se
distingue da convalidação, afinal esta recai sobre atos ilegais, e aquela, sobre atos legais.
Por sua vez, a conversão atinge ato inválido, mudando-o para outra categoria, para que se
aproveitem os efeitos já produzidos. Exemplo: permissão de prestação de serviços públicos sem
licitação, convertida em autorização, para a qual não se exige licitação. A conversão se aproxima da
convalidação, porém, na conversão, há a substituição do ato; na convalidação, aproveita-se o ato
primário, saneando-o.
exclusiva. Nos demais casos, o vício de incompetência é sanável e, por isso, admite convalidação.
Gabarito: Errado
*****
É isso pessoal. Finalizamos aqui a teoria sobre atos administrativos. Vamos agora resolver
mais uma bateria de questões!
QUESTÕES DE PROVA
1. (Cespe – CAGE/RS 2018)
Determinado prefeito exarou ato administrativo autorizando o uso de bem público em favor
de um particular. Pouco tempo depois, lei municipal alterou o plano diretor, no que tange à
ocupação do espaço urbano, tendo proibido a destinação de tal bem público à atividade
particular. Nessa situação hipotética, o referido ato administrativo de autorização de uso de
bem público extingue-se por
a) revogação.
b) anulação.
c) contraposição.
d) caducidade.
e) cassação.
Comentário: vamos relembrar formas de extinção do ato administrativo:
Revogação, por razões de conveniência e oportunidade;
Anulação ou invalidação, por razões de legalidade;
Cassação, em que a retirada ocorre pelo descumprimento de condição fundamental para que
o ato pudesse ser mantido (ex.: ultrapassar o número máximo de infrações de trânsito
permitido em um ano, fazendo com que o infrator tenha sua habilitação cassada).
Caducidade, em que a retirada se dá porque uma norma jurídica posterior tornou inviável a
permanência da situação antes permitida pelo ato. O exemplo dado é a caducidade de
permissão para explorar parque de diversões em local que, em face da nova lei de zoneamento,
tornou-se incompatível com aquele tipo de uso.
Contraposição, que se dá pela edição posterior de ato cujos efeitos se contrapõem ao
anteriormente emitido. É o caso da exoneração de servidor, que tem efeitos contrapostos à
nomeação.
Renúncia, pela qual se extinguem os efeitos do ato porque o próprio beneficiário abriu mão de
uma vantagem de que desfrutava. É o caso, por exemplo, do servidor inativo que abre mão da
aposentadoria para reassumir cargo na Administração.
No caso do enunciado, houve a edição de norma jurídica posterior ao ato de autorização de uso de
bem público, contrapondo-se ao conteúdo do ato, uma vez que proibiu a destinação do bem à
atividade particular. Isso enseja a extinção do ato administrativo por caducidade (alternativa “d”).
Gabarito: alternativa “d”
O item está errado. A revogação de atos administrativos produz efeitos prospectivos (para frente
ou ex nunc), uma vez que o ato era considerado válido até o momento da revogação. Na verdade, é
a anulação de atos administrativos que apresenta efeitos retroativos (para trás ou ex tunc).
Gabarito: Errado
Errado! A anulação e a revogação são as principais formas de extinção dos atos administrativos. A
anulação ocorre por ilegalidade, ao passo que a revogação ocorre por razões de conveniência e
oportunidade.
Gabarito: Errado
Pode ser até questionável afirmar que o controle de economicidade seja um controle de
mérito, mas, a meu ver, tal assertiva é correta, pois é um controle que transcende a legalidade. Por
exemplo, um gestor público pode se deparar diante de duas escolhas, ambas legais, porém uma mais
econômica que a outra. Uma vez que não existe ilegalidade, a escolha a ser feita pelo gestor é uma
decisão de mérito, passível, porém, de controle de economicidade pelo Poder Legislativo e pelo
Tribunal de Contas.
Gabarito: Certa
Gabarito: Certa
Os vícios de competência são convalidáveis, desde que não se trate de competência exclusiva.
Exemplo de saneamento desse vício: Ministro de Estado dispõe mediante decreto autônomo sobre
a extinção de cargos públicos vagos sem prévia delegação do Presidente da República. Como a
atribuição descrita é delegável, o presidente poderá ratificar o ato (art. 84, VI, ‘b’ e parágrafo único,
CF/88).
Os vícios de forma são convalidáveis, desde que a forma não seja essencial à validade do ato. A
ausência de decreto na expropriação é um exemplo de formalidade essencial ao ato, não podendo
esse ser convalidado na sua falta.
Atos maculados com vícios relativos a objeto, motivo e finalidade não podem ser convalidados.
Gabarito: alternativa “d”
17 Direito Administrativo, 30ª ed. (2017) - Maria Syvia Zanella Di Pietro. Seção 7.10.2
d) ERRADA. Alvará é o instrumento pelo qual a Administração Pública confere licença ou autorização
para a prática de ato ou exercício de atividade sujeitos ao poder de polícia do Estado. Ou seja, a
licença e autorização são conteúdos, enquanto o alvará é a forma que reveste o conteúdo.
e) ERRADA. Resolução, assim como a portaria são formas de que se revestem os atos, gerais ou
individuais, emanados de autoridades outras que não o Chefe do Executivo.
Gabarito: alternativa “a”
18 Direito Administrativo, 30ª ed. (2017) - Maria Syvia Zanella Di Pietro Seção 7.10.1
Gabarito: Errada
Parte da doutrina chama os atos administrativos negociais de “atos de consentimento”, pois são
editados em situações nas quais o particular deve obter anuência prévia da Administração para
realizar determinada atividade de interesse dele, ou exercer determinado direito. São exemplos os
alvarás de construção, a licença para o exercício de uma profissão, a licença para dirigir, a
autorização para prestar serviço de táxi etc.
Gabarito: Certo
Gabarito: Errado
b) ERRADA. Nos termos do art. 134 da Lei 8.112/1990, a pena de cassação da aposentadoria “será”
aplicada ao inativo que houver praticado, na atividade, falta punível com demissão:
Art. 134. Será cassada a aposentadoria ou a disponibilidade do inativo que houver praticado, na atividade, falta
punível com a demissão.
Portanto, pelo texto da lei, não há discricionariedade para aplicação de pena menos gravosa. Aliás,
esse foi o entendimento do STJ ao julgar o MS 17.811/DF, de 28/6/2013, conforme excerto abaixo:
(...)
6. Os antecedentes funcionais do impetrante não são suficientes para impedir a aplicação da penalidade porque
"A Administração Pública, quando se depara com situações em que a conduta do investigado se amolda nas
hipóteses de demissão ou cassação de aposentadoria, não dispõe de discricionariedade para aplicar pena
menos gravosa por tratar-se de ato vinculado"
c) ERRADA. O prazo decadencial previsto na Lei 9.784/1999 não faz distinção entre atos nulos e
anuláveis, ou seja, aplica-se a ambos. Vejamos:
Art. 54. O direito da Administração de anular os atos administrativos de que decorram efeitos favoráveis para
os destinatários decai em cinco anos, contados da data em que foram praticados, salvo comprovada má-fé.
Aliás, foi esse o entendimento manifestado pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ) no AgRg no REsp
1.147.446/RS, de 26/9/2012:
1. O prazo decadencial para que a Administração Pública promova a autotutela, previsto no art. 54 da Lei n.º
9.784/99, é aplicável tanto aos atos nulos quanto aos anuláveis.
d) CERTA. A doutrina majoritária não considera o silêncio como um ato administrativo, vez que não
representa uma declaração de vontade. O silêncio é considerado um fato administrativo, nas
hipóteses em que a ausência de declaração provoca efeitos jurídicos, como a decadência e a
prescrição, ou nos casos em que a lei fixa um prazo, findo o qual o silêncio da Administração significa
concordância (anuência tácita) ou discordância. Nessa última hipótese, é desnecessária a
apresentação de motivação pela Administração Pública para a referida aprovação ou reprovação,
afinal, se a lei não exige nem a exteriorização da própria vontade, imagine dos motivos que a
fundamentam.
e) ERRADA. A afirmativa está correta; o exemplo é que está errado. De fato, em algumas hipóteses
a administração pública é impedida de realizar a execução material de ato administrativo sem prévia
autorização judicial, ou seja, nesses casos o atributo da autoexecutoriedade não está presente.
Exemplo típico é a cobrança de multas não pagas pelo devedor, cuja execução deve ser feita pela via
judicial. Por outro lado, o fechamento de restaurante pela vigilância sanitária é ato administrativo
dotado de autoexecutoriedade, isto é, pode ser efetuado pela própria Administração
independentemente de prévia autorização judicial.
e) CERTA. Atos complexos são os que decorrem de duas ou mais manifestações de vontade
autônomas, provenientes de órgãos diversos, que concorrem para a formação de um único ato.
Exemplo clássico são as portarias conjuntas da Receita Federal e da PGFN.
Gabarito: alternativa “e”
Comentário:
De fato, as autorizações são atos discricionários e precários. Diversamente, as licenças são atos
vinculados e definitivos.
Gabarito: Certo
Gabarito: Certo
JURISPRUDÊNCIA
“Este Superior Tribunal possui entendimento de que todo ato administrativo que repercuta na esfera
individual do administrado, no caso, servidor público, tem de ser precedido de processo
administrativo que assegure a este o contraditório e a ampla defesa. Trata-se de mitigação do
enunciado da Súmula 473/STF, com intuito de conferir segurança jurídica ao administrado, bem
como resguardar direitos conquistados por este”.
“O Supremo Tribunal Federal sempre se pronunciou no sentido de que, sob a égide da Constituição
de 1988, é inconstitucional qualquer forma de provimento dos serviços notariais e de registro que
não por concurso público; II – Não há direito adquirido à efetivação em serventia vaga sob a égide
da Constituição de 1988; III – O exame da investidura na titularidade de cartório sem concurso
público não está sujeito ao prazo previsto no art. 54 da Lei 9.784/1999, por se tratar de ato
manifestamente inconstitucional”.
*****
Bons estudos!
Erick Alves
RESUMÃO DA AULA
CLASSIFICAÇÃO DOS ATOS ADMINISTRATIVOS
§ Atos vinculados: a lei fixa os requisitos e condições de sua realização, não deixando liberdade
Quanto ao de ação para a Administração.
grau de
§ Atos discricionários: a Administração tem liberdade de ação dentro de determinados
liberdade
parâmetros previamente definidos em lei.
Quanto à § Atos internos: atingem apenas o órgão que os editou. Ex: portaria de remoção de servidor.
situação de § Atos externos: também atingem terceiros. Ex: multas a empresas contratadas, editais de
terceiros licitação, atos normativos etc.
§ Ato válido: é aquele praticado em conformidade com a lei, sem nenhum vício.
Quanto aos § Ato nulo: é aquele que nasce com vício insanável. Ex: ato com motivo inexistente, ato com
requisitos de
objeto não previsto em lei e ato praticado com desvio de finalidade.
validade
§ Ato anulável: é o que apresenta vício sanável. Ex: vícios de competência e de forma (regra).
§ Ato inexistente: apenas tem aparência de ato administrativo, mas, em verdade, não chega a
entrar no mundo jurídico, por falta de um elemento essencial. Ex: usurpador de função.
Ø Atos ordinatórios
§ São os atos com efeitos internos, endereçados aos servidores públicos, que visam a disciplinar o funcionamento da
Administração e a conduta funcional de seus agentes.
§ Possuem fundamento no poder hierárquico; de regra, não atingem os particulares em geral.
§ São inferiores em hierarquia aos atos normativos.
§ Exemplos: portarias de delegação de competência, circulares internas, ordens de serviço, avisos.
Ø Atos negociais
§ São aqueles em que a vontade da Administração coincide com o interesse do administrado.
§ Representam a anuência prévia da Administração para o particular realizar determinada atividade de interesse dele, ou exercer
determinado direito (“atos de consentimento”).
§ Não cabe falar em imperatividade, coercitividade ou autoexecutoriedade nos atos negociais.
§ Licença:
o Ato administrativo vinculado e definitivo. Permite ao particular exercer direitos subjetivos.
o Não pode, em regra, ser revogada (exceto licença para construir). Admite apenas cassação (vício na execução) ou anulação
(vício na origem). Pode gerar direito a indenização ao particular, caso ele não tenha dado causa à invalidação da licença.
§ Autorização:
o Ato administrativo discricionário e precário. Permite ao particular exercer atividades materiais, prestar serviços públicos
ou utilizar bem público.
o Pode ser revogada a qualquer tempo pela Administração, em regra, sem a necessidade de pagar indenização ao
interessado.
§ Permissão: ato administrativo discricionário e precário. Enquanto ato administrativo, refere-se apenas ao uso de bem público;
em caso de delegação de serviços públicos, a permissão deve ser formalizada mediante um “contrato de adesão”, precedido
de licitação (ou seja, não constitui um ato administrativo).
§ Outros exemplos: admissão, aprovação e homologação.
Ø Atos enunciativos
§ São aqueles que atestam ou certificam uma situação preexistente (ex: certidões e atestados) ou que emitem uma opinião
para preparar outro ato de caráter decisório (pareceres).
§ A rigor, não constituírem uma manifestação de vontade da Administração; por isso, são considerados meros atos da
Administração (são atos administrativos apenas em sentido formal, mas não material).
§ Exemplos: certidão (cópia fiel de informações registradas em livros ou banco de dados); atestado (declaração sobre fato que
não consta em livro ou arquivo), parecer (pode ser obrigatório ou facultativo e, em alguns casos, pode ter efeito vinculante);
apostila (averbação para corrigir ou atualizar dados).
Ø Atos punitivos
§ Os atos punitivos são aqueles que impõem sanções administrativas.
§ Podem ser de ordem interna (ex: penalidades disciplinares a servidores públicos) ou externa (sanções aplicadas a particulares).
LISTA DE QUESTÕES
1. (Cespe – CAGE/RS 2018)
Determinado prefeito exarou ato administrativo autorizando o uso de bem público em favor
de um particular. Pouco tempo depois, lei municipal alterou o plano diretor, no que tange à
ocupação do espaço urbano, tendo proibido a destinação de tal bem público à atividade
particular. Nessa situação hipotética, o referido ato administrativo de autorização de uso de
bem público extingue-se por
a) revogação.
b) anulação.
c) contraposição.
d) caducidade.
e) cassação.
2. (Cespe – CGM/JP 2018)
A revogação produz efeitos retroativos.
3. (Cespe – CGM/JP 2018)
O Poder Judiciário e a própria administração pública possuem competência para anular ato
administrativo.
4. (Cespe – CGM/JP 2018)
O ato administrativo julgado inconveniente poderá ser anulado a critério da administração,
caso em que a anulação terá efeitos retroativos.
5. (Cespe – CGM/JP 2018)
Regulamento e ordem de serviço são exemplos, respectivamente, de ato administrativo
normativo e de ato administrativo ordinatório.
6. (Cespe – CGM/JP 2018)
Ocorre anulação do ato administrativo quando o gestor público o extingue por razões de
conveniência e oportunidade.
7. (Cespe – STJ 2018)
Cabe ao Poder Legislativo o poder-dever de controle financeiro das atividades do Poder
Executivo, o que implica a competência daquele para apreciar o mérito do ato administrativo
sob o aspecto da economicidade.
8. (Cespe – STJ 2018)
Por ser um ato complexo, o reconhecimento da aposentadoria de servidor público se efetiva
somente após a aprovação do tribunal de contas. Por sua vez, a negativa da aposentadoria pela
corte de contas não observa o contraditório e a ampla defesa.
A concessão pela administração pública de licença ao cidadão para construir consiste em ato
administrativo discricionário.
38. (Cespe – PM/CE 2014)
A licença é ato administrativo unilateral e discricionário pelo qual a administração pública
faculta ao particular o desempenho de atividade material ou a prática de ato que, sem esse
consentimento, seria legalmente proibido.
39. (Cespe – MIN 2013)
A pavimentação de uma rua pela administração pública municipal representa um fato
administrativo, atividade decorrente do exercício da função administrativa, que pode originar-
se de um ato administrativo.
40. (Cespe – MPU 2013)
Dado o princípio da legalidade, a atuação do Estado é limitada pela lei, devendo seus atos, em
caso de inobservância desse princípio, ser declarados inválidos ou ser anulados, o que ocorre
unicamente por via judicial.
41. (ESAF – PGFN 2007)
Entre os atos da Administração, verifica-se a prática do ato administrativo, o qual abrange
somente determinada categoria de atos praticados no exercício da função administrativa.
Destarte, assinale a opção correta.
a) A presunção de legitimidade e veracidade, a imperatividade e a auto-executoriedade são
elementos do ato administrativo.
b) Procedimento administrativo consiste no iter legal a ser percorrido pelos agentes públicos
para a obtenção dos efeitos regulares de um ato administrativo principal.
c) Os atos de gestão são os praticados pela Administração com todas as prerrogativas e
privilégios de autoridade e impostos unilateral e coercitivamente ao particular,
independentemente de autorização judicial.
d) Ato composto é o que resulta da manifestação de dois ou mais órgãos, sejam eles singulares
ou colegiados, cuja vontade se funde para formar um ato único.
e) Na executoriedade, a Administração emprega meios indiretos de coerção, como a multa ou
outras penalidades administrativas impostas em caso de descumprimento do ato, compelindo
materialmente o administrado a fazer alguma coisa.
42. (FUNIVERSA – SEPLAG/DF 2011)
O prefeito de um município declarou nulo o concurso público de mecânico, à vista de vícios
considerados insanáveis; assim, exonerou, em seguida, os servidores aprovados no certame e
já empossados nos cargos. Diante dessa situação hipotética, e com fundamento na teoria dos
atos administrativos, assinale a alternativa incorreta.
a) A Administração pode anular seus próprios atos quando eivados de vícios que os tornem
ilegais.
GABARITO
1. d 17. E 33. C
2. E 18. E 34. C
3. C 19. C 35. C
4. E 20. C 36. C
5. C 21. E 37. E
6. E 22. C 38. E
7. C 23. E 39. C
8. C 24. E 40. E
9. E 25. E 41. b
10. E 26. d 42. b
11. E 27. e 43. d
12. d 28. b
13. a 29. e
14. e 30. e
15. E 31. c
16. E 32. C
REFERÊNCIAS
Alexandrino, M. Paulo, V. Direito Administrativo Descomplicado. 22ª ed. São Paulo: Método, 2014.
Bandeira de Mello, C. A. Curso de Direito Administrativo. 32ª ed. São Paulo: Malheiros, 2015.
Borges, C.; Sá, A. Direito Administrativo Facilitado. São Paulo: Método, 2015.
Carvalho Filho, J. S. Manual de Direito Administrativo. 27ª ed. São Paulo: Atlas, 2014.
Di Pietro, M. S. Z. Direito Administrativo. 28ª ed. São Paulo: Editora Atlas, 2014.
Furtado, L. R. Curso de Direito Administrativo. 4ª ed. Belo Horizonte: Fórum, 2013.
Knoplock, G. M. Manual de Direito Administrativo: teoria e questões. 7ª ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2013.
Justen Filho, Marçal. Curso de direito administrativo. 10ª ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2014.
Marrara, Thiago. As fontes do direito administrativo e o princípio da legalidade. Revista Digital de Direito
Administrativo. Ribeirão Preto. V. 1, n. 1, p. 23-51, 2014.
Meirelles, H. L. Direito administrativo brasileiro. 41ª ed. São Paulo: Malheiros, 2015.
Scatolino, G. Trindade, J. Manual de Direito Administrativo. 2ª ed. JusPODIVM, 2014.
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