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Direito Administrativo p/ Auditor da Receita Federal Prof. Erick Alves e Prof.

Sérgio Machado
Poderes

Poderes
Direito Administrativo p/ Receita Federal
Auditor Fiscal
Prof. Erick Alves
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Sumário
APRESENTAÇÃO ......................................................................................................................................... 3

PODERES DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA ................................................... ERRO! INDICADOR NÃO DEFINIDO.

PODER VINCULADO ....................................................................................................... ERRO! INDICADOR NÃO DEFINIDO.

PODER DISCRICIONÁRIO ................................................................................................. ERRO! INDICADOR NÃO DEFINIDO.

PODER HIERÁRQUICO .................................................................................................... ERRO! INDICADOR NÃO DEFINIDO.

PODER DISCIPLINAR ...................................................................................................... ERRO! INDICADOR NÃO DEFINIDO.

PODER REGULAMENTAR ................................................................................................ ERRO! INDICADOR NÃO DEFINIDO.

PODER DE POLÍCIA ........................................................................................................ ERRO! INDICADOR NÃO DEFINIDO.

ABUSO DE PODER ..................................................................................... ERRO! INDICADOR NÃO DEFINIDO.

QUESTÕES COMENTADAS: RECEITA, CESPE, FCC E FGV ............................................................................. 37

LISTA DE QUESTÕES ................................................................................................................................. 78

GABARITO ................................................................................................................................................ 95

RESUMO DIRECIONADO ............................................................................................................................ 96

JURISPRUDÊNCIA DA AULA ....................................................................................................................... 98

LEITURA COMPLEMENTAR .......................................................................................................................102

DEVERES DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA ...................................................................................................................... 102

REFERÊNCIAS ......................................................................................................................................... 106

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Apresentação
Nesta aula, vamos estudar o seguinte tema que pode ser cobrado no próximo concurso de Auditor da Receita
Federal:

DIREITO ADMINISTRATIVO: 9. Poderes administrativos.

Este livro digital em PDF está organizado da seguinte forma:


1) Teoria permeada com questões, para fixação do conteúdo – estudo obrigatório, págs. 4 a 32;
2) Bateria de questões comentadas da banca organizadora do concurso, para conhecer a banca e o seu
nível de cobrança – estudo obrigatório, págs. 33 a 74;
3) Lista de questões da banca sem comentários seguida de gabarito, para quem quiser tentar resolver antes
de ler os comentários – estudo facultativo, pág. 75 a 92;
4) Resumo Direcionado, para auxiliar na revisão – estudo facultativo, págs. 93 a 94.
5) Jurisprudência da aula, com as ementas e resumos dos julgados citados na aula, para eventuais consultas
ou para retirar alguma dúvida – estudo facultativo, págs. 95 a 98.
6) Leitura complementar, para quem quiser aprofundar o conteúdo – estudo facultativo, págs. 99 a 102.

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Poderes da Administração Pública


Os agentes públicos possuem uma série de prerrogativas que lhes permitem exercer atividades com a
finalidade de concretizar os interesses da coletividade. Tais prerrogativas decorrem do princípio da supremacia
do interesse público e constituem os chamados poderes administrativos.
Conforme ensina Carvalho Filho, pode-se conceituar os poderes administrativos como o “conjunto de
prerrogativas de direito público que a ordem jurídica confere aos agentes administrativos para o fim de permitir
que o Estado alcance seus fins”.
De regra, os poderes administrativos são concedidos por lei e destinam-se a instrumentalizar o
administrador público para o atingimento do objetivo finalístico a que se presta o Estado: a satisfação dos
interesses públicos. Por isso, os poderes administrativos são considerados poderes instrumentais, ou seja, são
os “instrumentos” que permitem à Administração cumprir suas finalidades. Diferem, assim, dos poderes políticos
(Legislativo, Judiciário e Executivo), que são considerados poderes estruturais, pois formam a estrutura do Estado
estabelecida na Constituição.
Vejamos então os principais poderes administrativos geralmente cobrados em prova.

Poder vinculado
O poder vinculado se relaciona com a prática de atos vinculados, isto é, atos cuja forma de execução está
inteiramente definida na lei.
Os atos vinculados não admitem juízo de conveniência e oportunidade por parte do administrador público,
pois a lei discrimina todos os elementos necessários à sua prática. O agente, então, deve agir nos exatos termos e
limites previstos na lei, sem margem para escolha de conduta diversa.
É o caso, por exemplo, da cobrança de tributos pela Administração Fazendária que, nos termos do art. 3º do
Código Tributário Nacional, constitui “atividade administrativa plenamente vinculada”. Assim, ao ocorrer o fato
gerador de determinado tributo, não cabe ao auditor fiscal decidir se realiza ou não a cobrança: o agente deverá
obrigatoriamente cobrar o tributo, nos termos previstos na lei, sob pena de responsabilidade.

O poder vinculado, então, é aquele que credencia o agente público para executar os atos vinculados previstos
em lei. No nosso exemplo, é o poder que permite ao auditor fiscal realizar a cobrança do tributo.
Na verdade, o poder vinculado não constitui propriamente uma prerrogativa, e sim um dever que obriga o
administrador público a se conduzir rigorosamente em conformidade com os parâmetros legais. Ora, como vimos,
o auditor fiscal não só pode como deve fazer a cobrança do tributo quando verificar a ocorrência da hipótese de
incidência prevista em lei, sob pena de responsabilidade.
Todavia, alguns autores consagrados, a exemplo de Hely Lopes Meirelles, ainda costumam incluir o “poder
vinculado” entre os poderes administrativos, dando a ideia de uma prerrogativa.

Poder discricionário
A lei não é capaz de traçar rigidamente todas as condutas de um agente administrativo. Assim, em várias
situações ela lhes oferece a possibilidade de valoração da conduta, isto é, permite ao agente avaliar a conveniência
e oportunidade dos atos que vai praticar.

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O poder discricionário, portanto, é aquele que confere prerrogativa para a Administração praticar atos
discricionários, isto é, atos cuja execução admite certa margem de flexibilidade por parte dos agentes, os quais,
dessa forma, podem usar seu juízo pessoal para escolher, entre várias condutas possíveis previstas em lei, a que
traduz maior conveniência e oportunidade para o interesse público.

Nesse caso, trata-se efetivamente de um poder para a Administração. Esse poder de escolha, contudo, não
deve ser exercido com arbitrariedade, e sim aplicado dentro dos limites da lei, com vistas ao atendimento dos
interesses da coletividade.

O juízo de conveniência e oportunidade constitui o denominado mérito administrativo, que se concretiza


nas hipóteses em que a própria norma legal estabelece, por exemplo, que a administração “poderá” prorrogar
determinado prazo por “até quinze dias”, ou que é “facultado” à administração, “a seu critério”, conceder ou não
determinada autorização etc.
Detalhe interessante é que o poder discricionário fundamenta não só a prática, mas também a revogação de
atos discricionários que a Administração Pública tenha praticado e que, num momento posterior, passe a
considerar inoportunos e inconvenientes.
Importante notar que, geralmente, os limites legais do poder discricionário são bem definidos. Veja, acima,
o exemplo hipotético da prorrogação de prazo. O administrador até poderá decidir se autoriza ou não a dilação do
prazo; se autorizar, a lei fixa um limite máximo de quinze dias. Ou seja, ainda que tenha poder discricionário para
autorizar a prorrogação, esse poder não é absoluto, vale dizer, o agente não poderá autorizar a prorrogação por
vinte, trinta ou sessenta dias, mas sim, no máximo, por quinze dias.
Além dos limites impostos expressamente pela própria lei, o poder discricionário também encontra
obstáculo nos princípios administrativos, sobretudo nos princípios da razoabilidade e da proporcionalidade. Se
determinada atuação administrativa ultrapassar esses limites será considerada arbitrária, o que é sinônimo de
conduta ilegal, podendo, assim, ser anulada pela própria Administração ou pelo Poder Judiciário.

Por exemplo, o art. 130 da Lei 8.112/1990 prevê expressamente que a “suspensão será aplicada em caso de
reincidência das faltas punidas com advertência e de violação das demais proibições que não tipifiquem infração
sujeita a penalidade de demissão, não podendo exceder de 90 (noventa) dias”.
Dessa forma, diante da ocorrência de situações que se enquadrem nas hipóteses do art. 130 da Lei
8.112/1990, a Administração deverá aplicar a pena de suspensão ao servidor e, no uso do seu poder discricionário,
observando os princípios da razoabilidade e da proporcionalidade, estipulará o prazo de afastamento, que poderá
ser de 20, 40, 60... até o máximo de 90 dias. Nesse quadro, uma suspensão de, por exemplo, 100 dias, seria um ato
puramente arbitrário e ilegal, por ter extrapolado os limites do poder discricionário, passível de anulação pela
própria Administração ou pelo Poder Judiciário, se provocado. Da mesma forma, seria passível de anulação uma
suspensão de 90 dias, a mais grave possível, para punir uma infração leve, configurando uso claramente
desproporcional do poder discricionário; nessa hipótese, não há que se falar em revogação, visto que, quando a
Administração pratica um ato discricionário com violação aos princípios da razoabilidade da proporcionalidade,
esse é um ato ilegítimo (e não meramente inoportuno e inconveniente), devendo, portanto, ser anulado.

Se, por outro lado, a Administração fixar uma suspensão de 60 dias (dentro, portanto, do limite legal), e esse
prazo for compatível com a gravidade da conduta do servidor (observando, assim, os princípios da razoabilidade e
da proporcionalidade), o ato representará exercício legítimo do poder discricionário, não estando sujeito à
anulação.

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Em relação ao controle judicial dos atos discricionários, Carvalho Filho ressalta que a atuação do Judiciário
deve se concentrar nos aspectos vinculados do ato, ou seja, naqueles sobre os quais o agente não tem liberdade
de escolha, notadamente competência (se o ato é praticado por agente incompetente), finalidade (se o ato teve
fim diverso do interesse público) e forma (se o ato foi produzido com forma diversa da prevista em lei). Todavia,
segundo o autor, o Judiciário não pode aferir os critérios administrativos (conveniência e oportunidade) firmados
em conformidade com os parâmetros legais, e isso porque o Juiz não é administrador, ou seja, não exerce
tipicamente a função administrativa, e sim a jurisdicional. Caso contrário, haveria invasão de funções, vulnerando
o princípio da independência dos Poderes.
Um exemplo trazido pelo autor ilustra bem a hipótese: em virtude de o Município do Rio de Janeiro ter
alterado paradas e itinerários de certas linhas de ônibus, foi proposta ação judicial contra tal ato, e o STJ,
apreciando a matéria, decidiu tratar-se de ato discricionário, que sob o aspecto formal não apresenta nenhum
defeito, não podendo o Judiciário adentrar em suas razões de conveniência1.

Detalhando um pouco mais...


O poder discricionário confere certa liberdade para o administrador valorar a oportunidade e a conveniência da prática
do ato, especialmente quanto ao seu motivo e ao seu conteúdo, observados os limites legais.

A curiosidade é que, além do poder discricionário, o poder vinculado também fundamenta a prática de atos
discricionários, especificamente no que tange aos aspectos vinculados destes atos, quais sejam: competência,
finalidade e forma. Assim, temos a seguinte situação: na edição de um ato vinculado, o agente administrativo tem
respaldo somente no poder vinculado; já na prática de um ato discricionário, o respaldo vem tanto do poder
discricionário (motivo e conteúdo) como do poder vinculado (competência, finalidade e forma).

1
RMS 11.050/RJ

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Questões para fixar


1) O exercício do poder discricionário pode concretizar-se tanto no momento em que o ato é praticado,
bem como posteriormente, como no momento em que a administração decide por sua revogação.
Comentário:
A questão está correta. O poder discricionário fundamenta não só a prática, mas também a revogação de
atos discricionários que a Administração Pública tenha praticado e que, num momento posterior, passe a
considerar inoportunos e inconvenientes. Perceba que a decisão de revogar ou não um ato também é
discricionária.

Gabarito: Certo

2) A fixação do prazo de validade e a prorrogação de um concurso público não se inserem no âmbito do


poder discricionário da administração.
Comentário:
Nos termos do art. 37, III da CF, tem-se que:

III - o prazo de validade do concurso público será de até dois anos, prorrogável uma vez, por igual
período;

Como se percebe, a Constituição deixou certa margem de escolha para a Administração definir,
segundo seu juízo de conveniência e oportunidade, o prazo de validade do concurso (até dois anos) e, ainda,
para decidir se irá ou não prorroga-lo (prorrogável uma vez, por igual período). Portanto, a fixação do prazo
de validade e a prorrogação de um concurso público se inserem sim no âmbito do poder discricionário da
administração, daí o erro.

Gabarito: Errado

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Poder hierárquico
O desempenho eficiente da função administrativa requer que haja distribuição de competências e
escalonamento entre órgãos, cargos e atribuições. Para que haja harmonia e unidade de direção, se estabelece
uma relação de coordenação e subordinação entre os diversos níveis, ou seja, se estabelece uma relação de
hierarquia.
Uma relação de hierarquia caracteriza-se pela existência de níveis de subordinação entre órgãos e agentes
públicos, sempre no âmbito de uma mesma pessoa jurídica2. É o caso, por exemplo, da relação entre um Ministério
e respectivas secretarias e demais órgãos administrativos, ou entre um chefe de departamento e os funcionários
desse setor.
Nesse contexto, o poder hierárquico é aquele que permite ao superior hierárquico exercer determinadas
prerrogativas sobre seus subordinados, especialmente as de dar ordens, fiscalizar, controlar, aplicar sanções,
delegar e avocar competências. Vamos ver um pouco mais sobre cada uma dessas prerrogativas.
A prerrogativa de dar ordens permite ao superior hierárquico assegurar o adequado funcionamento dos
serviços sob sua responsabilidade. Também é conhecida como poder comando.
Além de ordens diretas, verbais ou escritas, direcionadas a um subordinado específico, o poder de comando
também pode ser exercido mediante a edição de atos administrativos ordinários, como ordens de serviço,
portarias, instruções, circulares internas etc., que obrigam de forma indistinta todos os subordinados aos quais se
destina.
Por seu turno, os subordinados se sujeitam ao chamado dever de obediência, isto é, ao dever de acatar as
ordens emitidas por seus superiores hierárquicos, exceto quando estas ordens forem manifestamente ilegais3.

Prosseguindo, a prerrogativa de fiscalizar permite ao superior acompanhar, de modo permanente, a atuação


de seus subordinados. Trata-se, na verdade, de um poder-dever, ou seja, mais que uma prerrogativa, é uma
obrigação do superior fiscalizar a atuação dos seus subordinados.

Como decorrência lógica do poder de fiscalizar, existe o poder de controle, que permite ao superior tomar
medidas concretas face às constatações surgidas no acompanhamento das atividades de seus subordinados. O
poder de controle compreende, assim, a manutenção dos atos válidos, convenientes e oportunos, a convalidação
de atos com defeitos sanáveis, a anulação de atos ilegais e a revogação de atos discricionários inoportunos ou
inconvenientes4.

O controle hierárquico permite que o superior aprecie todos os aspectos dos atos de seus subordinados, não
se restringindo, assim, a questões de legalidade, mas também abrangendo o mérito administrativo. Pode o
superior, por exemplo, por razões de conveniência e oportunidade, não concordar com determinada proposta
formulada por subordinado seu, decidindo de forma diversa.
Detalhe é que o controle hierárquico pode ocorrer de ofício ou mediante provocação dos interessados, por
meio de recursos hierárquicos.
Quanto à aplicação de sanções, registre-se que só decorrem do poder hierárquico as sanções disciplinares,
quais sejam, aquelas aplicadas aos servidores públicos que cometam infrações funcionais. Assim, as sanções

2
Marcelo Alexandrino e Vicente Paulo (2014, p. 232).
3
Lei 8.112/1990: art. 116: São deveres do servidor: IV - cumprir as ordens superiores, exceto quando manifestamente ilegais;
4
Marcelo Alexandrino e Vicente Paulo (2014, p. 233).

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aplicadas a particulares não têm como fundamento o poder hierárquico, afinal, não há hierarquia entre a
Administração e os administrados. Tais sanções (aos particulares) decorrem do exercício do poder disciplinar ou do
poder de polícia, conforme o caso. Falaremos mais sobre isso daqui a pouco.
Em relação à delegação de competências, refere-se ao ato pelo qual o superior hierárquico confere o
exercício temporário de algumas de suas atribuições a um subordinado. A delegação de competências é um ato
discricionário e, por isso, revogável a qualquer tempo. Dizendo de outra forma, o superior pode, dentro dos
limites da lei, delegar as competências que desejar, em razão de circunstâncias de índole técnica, social,
econômica, jurídica ou territorial, podendo, da mesma forma, revoga-la quando quiser, retirando do subordinado
os poderes para praticar os atos delegados.

Ressalte-se que a delegação transfere o mero exercício de uma competência, permanecendo a titularidade
dessa competência com a autoridade delegante, a qual não pode renunciar a suas responsabilidades, visto que
elas sempre decorrem de lei.
Nem todas as competências, porém, podem ser delegadas. Exemplos clássicos de competências
indelegáveis são os atos políticos (somente se delega atos administrativos) e as funções típicas de cada Poder,
salvo nos casos expressamente previstos na Constituição (por exemplo, no caso das leis delegadas, em que o
Presidente da República poderá exercer função legislativa, nos termos do art. 68 da CF).
Já a avocação é ato discricionário, de caráter excepcional, mediante o qual o superior hierárquico atrai para
si o exercício temporário de determinada competência exercida por um subordinado. Assinale-se que a avocação
desonera o subordinado de toda responsabilidade pelo ato avocado pelo superior.

Fique atento!!
A Lei 9.784/1999, que disciplina o processo administrativo no âmbito federal, admite delegação de
competências mesmo que não haja subordinação hierárquica, ou seja, é possível haver delegação de
competência fora do âmbito do poder hierárquico. O mesmo não ocorre, contudo, com a avocação de
competência, a qual só é possível nas hipóteses em que exista hierarquia entre os órgãos ou agentes
envolvidos.

Detalhe importante é que não há hierarquia entre diferentes pessoas jurídicas. É o que ocorre, por
exemplo, na relação entre as entidades da Administração indireta e os respectivos Ministérios supervisores (aqui,
como já sabemos, não há hierarquia; há apenas vinculação para fins de controle finalístico, nos termos da lei).
A hierarquia é característica associada ao desempenho da função administrativa, típica do Poder Executivo.
Nesse ponto, vale lembrar que nos demais Poderes também existem órgãos administrativos, igualmente
organizados em níveis de hierarquia, ou seja, Judiciário e Legislativo, assim como Ministério Público e Tribunal de
Contas, também fazem uso do poder hierárquico quando desempenham atividades administrativas.
Entretanto, não existe hierarquia no exercício das funções típicas dos Poderes Judiciário e Legislativo,
não no sentido de coordenação e subordinação Com efeito, no Judiciário, embora haja distribuição de
competências entre instâncias, cada uma funciona com independência em relação à outra no exercício da função
jurisdicional: o juiz da instância superior não pode se sobrepor ao de instância inferior, nem lhe dar ordens ou
revogar decisões por ele adotadas. No Legislativo, de forma semelhante, a distribuição de competências entre
Câmara e Senado não cria relação de subordinação funcional entre as duas Casas.

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Também não existe hierarquia entre os Poderes da República. Por exemplo, não há relação hierárquica
entre agentes e órgãos administrativos do Poder Legislativo, de um lado, e agentes e órgãos administrativos do
Poder Executivo ou do Poder Judiciário, de outro.
Tampouco existe hierarquia entre a Administração e os administrados, pois a relação entre eles depende
de lei ou de vínculos contratuais específicos, mas sem características de subordinação.
Por fim, importante ressaltar que o poder hierárquico não depende de lei que expressamente o preveja ou
que estabeleça o momento do seu exercício ou os aspectos a serem controlados. Ele é inerente à organização
administrativa hierárquica, possuindo caráter irrestrito, permanente e automático. Nesse aspecto, difere da
tutela administrativa, exercida pela administração direta sobre as entidades da administração indireta, que só
pode ser exercida nos termos e limites previstos em lei.

Questões para fixar


3) O poder hierárquico confere aos agentes superiores o poder para avocar e delegar competências.
Comentário:
O quesito está correto. O poder hierárquico é aquele que permite ao superior hierárquico exercer
determinadas prerrogativas sobre seus subordinados, especialmente as de dar ordens, fiscalizar, controlar,
aplicar sanções, delegar e avocar competências. Na delegação, o superior hierárquico atribui a um
subordinado a responsabilidade de executar algumas de suas competências; já na avocação, o superior
hierárquico atrai para si a responsabilidade de executar determinada atribuição de um subordinado.

Gabarito: Certo

4) Ao secretário estadual de finanças é permitido delegar, por razões técnicas e econômicas e com
fundamento no seu poder hierárquico, parte de sua competência a presidente de empresa pública, desde
que o faça por meio de portaria.
Comentário:
O item está errado. Não existe hierarquia entre a administração direta (Secretaria de Finanças) e a indireta
(empresa pública), de modo que a referida delegação, embora seja possível e legal, não encontra amparo no
poder hierárquico, daí o erro.
Gabarito: Errado

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Poder disciplinar
O poder disciplinar pode ser entendido como a possibilidade de a Administração aplicar sanções àqueles
que, submetidos à sua ordem administrativa interna, cometem infrações.
No exercício do poder disciplinar, a Administração Pública pode:

§ Punir internamente as infrações funcionais de seus servidores;


§ Punir infrações administrativas cometidas por particulares a ela ligados mediante algum vínculo
específico (contrato, convênio etc).
Detalhe a ser observado é que não são apenas os servidores públicos que se submetem ao poder disciplinar
da Administração. Determinados particulares também estão sujeitos. É o caso, por exemplo, dos que firmam
contratos com o Poder Público, que estarão sujeitos às sanções disciplinares pelo vínculo estabelecido por meio do
instrumento contratual. Claro que, para tanto, as sanções devem estar previstas no contrato firmado, sobretudo
especificando as infrações puníveis.

O poder disciplinar é correlato com o poder hierárquico, mas com ele não se confunde. No uso do poder
hierárquico, a Administração Pública distribui e escalona as suas funções executivas; já no uso do poder disciplinar
ela controla o desempenho dessas funções e a conduta interna de seus servidores, responsabilizando-os pelas
faltas cometidas.
No caso da aplicação de sanções a servidores, o poder disciplinar deriva do poder hierárquico, pois a
autoridade competente para aplicar as sanções disciplinares só detém essa prerrogativa porque está acima do
agente punido na estrutura hierárquica. Podemos dizer, portanto, que, na aplicação de sanções disciplinares aos
servidores, o poder disciplinar incide de maneira imediata (pois fundamenta o próprio ato de punir) ao passo que
o poder hierárquico incide de maneira mediata (pois indica a autoridade competente para punir).
Note que, quando a Administração pune infrações funcionais de seus servidores, faz uso tanto do poder
disciplinar como do poder hierárquico. Ao contrário, quando pune infrações administrativas cometidas por
particulares – por exemplo, quando descumprem um contrato administrativo firmado com o Poder Público – incide
apenas o poder disciplinar, pois não existe relação de hierarquia.

Infrações Poder disciplinar Poder hierárquico


disciplinares (imediato) (mediato)

Infrações
administrativas de
Poder disciplinar
particulares c/
vínculo específico

A doutrina enfatiza que o poder disciplinar da Administração Pública não se confunde com o poder punitivo
do Estado, o qual é exercido pelo Poder Judiciário com o objetivo de reprimir crimes, contravenções e demais
infrações de natureza cível e penal previstos em lei. Com efeito, o poder punitivo do Estado incide sobre qualquer
pessoa que pratique algum ato infrator tipificado em lei, enquanto o poder disciplinar alcança somente pessoas
que possuam algum vínculo jurídico específico com a Administração Pública, seja vínculo funcional (ex: servidores

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e empregados públicos), seja contratual (ex: empresas particulares contratadas pelo Poder Público ou que firmam
convênios de repasse de recursos públicos).
Pelas mesmas razões, o poder disciplinar não se confunde com o poder de polícia, ao qual se sujeitam todas
as pessoas que exerçam atividades que possam, de alguma forma, acarretar risco ou transtorno à sociedade, a
exemplo das empresas de construção civil, dos motoristas, dos comerciantes de alimentos, dos portadores de
arma de fogo etc.
Vejamos as empresas de construção civil. Mesmo que não tenham contrato com o Poder Público, essas
empresas estão sujeitas ao poder polícia (ex: necessitam de alvarás, podem ser fiscalizadas, a obra pode ser
embargada etc.). Diz-se que as pessoas sujeitas ao poder de polícia possuem um vínculo geral com a Administração
Pública (lembrando que o poder disciplinar incide sobre as pessoas que possuem um vínculo específico).
Informação importante é que, em regra, o poder disciplinar comporta certo grau de discricionariedade,
especialmente no que tange à gradação da penalidade (ex: valor da multa, prazo da suspensão etc.) ou mesmo
da escolha da penalidade a ser aplicada (ex: em certos casos, a Administração pode escolher se aplica multa,
suspensão, advertência etc.). Porém, deve ser ressaltado que não há discricionariedade quanto ao dever de
punir, vale dizer, sempre que verificar situação passível de punição administrativa, praticada por pessoa que
possua vínculo funcional ou contratual com o Poder Público, a Administração é obrigada a punir o infrator.
Por exemplo, o art. 86 da Lei 8.666/1993 prescreve que o “atraso injustificado na execução do contrato
sujeitará o contratado à multa de mora, na forma prevista no instrumento convocatório ou no contrato”. Assim,
caso a empresa contratada atrase injustificadamente a execução do contrato, não cabe ao administrador público
decidir se pune ou não a empresa: ele deve aplicar a multa; nesse ponto não há discricionariedade. Esta só aparece
quando o administrador for estipular o valor da multa, ato que deve ser praticado à luz dos princípios da
razoabilidade e da proporcionalidade, visto que a lei não fixa um valor.
Por fim, não é demais lembrar que a aplicação de penalidades administrativas deve ser sempre devidamente
motivada, a fim de assegurar aos interessados o devido direito de defesa.

Questões para fixar


5) A aplicação das penas de perda da função pública e de ressarcimento integral do dano em virtude da
prática de ato de improbidade administrativa situa-se no âmbito do poder disciplinar da administração
pública.

Comentário:
O item está errado. O poder disciplinar permite à Administração apurar e aplicar penalidades
administrativas a seus servidores e às demais pessoas sujeitas à disciplina interna do Poder Público. Já o
processamento e o julgamento das ações de improbidade administrativa, com a consequente aplicação das
penas correlatas, de natureza civil e política, competem ao Poder Judiciário, no exercício do poder punitivo
do Estado.
Gabarito: Errado

6) O poder disciplinar fundamenta tanto a aplicação de sanções às pessoas que tenham vínculo com a
administração, caso dos servidores públicos, como às que, não estando sujeitas à disciplina interna da
administração, cometam infrações que atentem contra o interesse coletivo.

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Comentário:
O poder disciplinar fundamenta apenas a aplicação de sanções às pessoas que tenham vínculo com a
administração, caso dos servidores públicos e das pessoas contratadas pelo Poder Público. Já as pessoas não
sujeitas à disciplina interna da administração, ao cometerem infrações que atentem contra o interesse
coletivo, são sancionadas com base no poder de polícia, daí o erro.
Gabarito: Errado

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Poder regulamentar
O poder regulamentar é a faculdade de que dispõem os Chefes do Poder Executivo (Presidente da
República, Governadores e Prefeitos) para editar atos administrativos normativos.
Em regra, o exercício do poder regulamentar se materializa na edição de:

§ Decretos e regulamentos, os chamados decretos de execução ou decretos regulamentares, que têm por
objetivo definir procedimentos para a fiel execução das leis, nos termos do art. 84, IV da CF5; ou de
§ Decretos autônomos, que têm como objetivo dispor sobre determinadas matérias de competência dos
Chefes do Executivo, listadas no inciso VI do art. 84 da CF6, as quais não são disciplinadas em lei.
A doutrina enfatiza que o poder regulamentar, consubstanciado na edição de decretos e regulamentos de
execução e de decretos autônomos, é um poder inerente e privativo do Chefe do Poder Executivo7.

É fato, porém, que no Brasil, além dos Chefes do Poder Executivo, diversos órgãos e autoridades
administrativas, e mesmo entidades da administração indireta, também editam atos administrativos
normativos. É o caso, por exemplo, dos Ministros de Estado, que possuem competência para “expedir instruções
para a execução das leis, decretos e regulamentos” (CF, art. 87, inciso II), ou da Receita Federal, que edita
instruções normativas para orientar os contribuintes no recolhimento de tributos. Na administração indireta,
pode-se tomar como exemplo o Banco Central, a CVM e as agências reguladoras, que editam resoluções, portarias
e instruções normativas sobre assuntos de sua competência.
Contudo, os atos normativos produzidos por esses outros órgãos e autoridades, denominados
regulamentos autorizados, não decorrem do poder regulamentar, visto que este, como vimos, é exclusivo
(inerente e privativo) do Chefe do Poder Executivo. Para solucionar a questão, a doutrina costuma dizer que esses
outros atos normativos têm fundamento no poder normativo da Administração Pública, que seria um poder mais
amplo que o poder regulamentar, por abranger a capacidade normativa de toda a Administração para editar
regulamentos autorizados.

Poder
normativo

Poder
regulamentar

Assim, o poder regulamentar, exclusivo do Chefe do Poder Executivo, seria uma espécie do gênero poder
normativo, este extensível a toda a Administração Pública. Deve ficar claro, apenas, conforme salientam Marcelo

5
Constituição Federal, art. 84, inciso IV: “Compete privativamente ao Presidente da República sancionar, promulgar e fazer publicar as leis, bem como
expedir decretos e regulamentos para sua fiel execução”.
6
Constituição Federal, art. 84, inciso VI: Compete privativamente ao Presidente da República dispor, mediante decreto, sobre:
a) organização e funcionamento da administração federal, quando não implicar aumento de despesa nem criação ou extinção de órgãos públicos;
b) extinção de funções ou cargos públicos, quando vago.
7
Hely Lopes Meirelles (2008, p. 129).

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Alexandrino e Vicente Paulo, que ao praticar atos com base no poder regulamentar (espécie), o Chefe do Poder
Executivo não deixa de estar exercendo o poder normativo da Administração Pública (gênero).

De qualquer forma, vale ficar atento pois é possível encontrar questões de prova em que os termos “poder
regulamentar” e “poder normativo” são utilizados como sinônimos, contrariamente ao que prega a maioria da
doutrina. Por esse entendimento, os atos normativos editados pela Administração Pública em geral – e não
apenas pelo Chefe do Poder Executivo - também seriam praticados com base no poder regulamentar.

Vamos agora esmiuçar um pouco mais as características dos atos administrativos normativos.

Decretos de execução ou regulamentares


Os decretos de execução ou regulamentares, nos termos do art. 84, IV da CF, são regras editadas pelo Chefe
do Poder Executivo com vistas a possibilitar a fiel execução das leis que, de algum modo, envolvam atuação da
Administração Pública.
Como exemplo, pode-se citar o Decreto 8.624/2014, que regulamenta a Lei nº 12.741/2012. A referida lei
preceitua que o valor de determinados tributos incidentes sobre as mercadorias e serviços devem constar dos
respectivos documentos fiscais, ou seja, a lei cria um direito de informação para o consumidor e uma obrigação
de informar dirigida aos empresários. Já o decreto não cria novos direitos e obrigações, mas apenas estabelece
“como” serão os procedimentos para que a lei seja cumprida, por exemplo, definindo que a informação deverá ser
aposta em campo próprio ou no campo “Informações Complementares” do respectivo documento fiscal.
Detalhe importante é que a competência para expedição dos decretos e regulamentos de execução não é
passível de delegação (CF, art. 84, parágrafo único).
Uma vez que sempre necessitam de uma lei prévia a ser regulamentada, os decretos de execução são
considerados atos normativos secundários, sendo a lei o ato primário, por decorrer diretamente da Constituição.
Deve ficar claro que os decretos de execução não podem, em hipótese alguma, “inovar” o direito, vale
dizer, não podem criar direito ou obrigação que a lei não criou, nem restringir ou ampliar direito ou obrigação
disciplinada na lei. Ao contrário, os decretos devem se limitar ao conteúdo da lei, explicando seus dispositivos e
definindo os procedimentos operacionais necessários à sua fiel execução, sob pena de sofrer invalidação.

No nosso exemplo, o Decreto não poderia determinar que os comerciantes incluíssem no documento fiscal
informações sobre outros tributos além daqueles expressamente definidos na lei, mas apenas estabelecer “como”
o valor dos tributos previstos na lei deve ser informado ao consumidor.
Não obstante, Carvalho Filho pondera que é legítima a fixação de obrigações subsidiárias (ou derivadas),
diversas das obrigações primárias (ou originárias) contidas na lei, desde que essas novas obrigações guardem
consonância com as obrigações legais. Se, por exemplo, a lei concede algum benefício às pessoas que se
enquadrem em determinada condição, pode o ato regulamentar indicar quais documentos o interessado estará
obrigado a apresentar para comprovar sua situação. Essa obrigação probatória não está expressamente prevista
na lei, mas está nela amparada, podendo ser considerada legítima.
Os decretos de execução ou regulamentares, em regra, são atos de caráter geral e abstrato, ou seja, não
possuem destinatários determinados e incidem sobre todos os fatos ou situações que se enquadrem nas hipóteses
neles previstas.

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A doutrina enfatiza que o Chefe do Poder Executivo só pode regulamentar leis administrativas, isto é, leis
cuja execução, de algum modo, necessite da atuação da Administração Pública. Assim, o poder regulamentar não
abrange, por exemplo, a regulamentação das leis penais e processuais, que prescindem de qualquer participação
da Administração para o seu cumprimento.

As leis podem ou não prever, de forma expressa, a necessidade de regulamentação para que possam ser
aplicadas. Caso não tragam essa previsão, as leis produzem efeitos desde o momento em que entram em vigor,
ou seja, são leis autoexecutáveis, pois o legislador entendeu que suas disposições são claras o suficiente para serem
aplicadas sem regulamentação. Entretanto, embora sejam autoexecutáveis, ainda assim podem ser
regulamentadas caso o Poder Executivo entenda necessário, visto que a competência para editar decretos com
vistas à fiel execução das leis decorre diretamente da Constituição (art. 84, IV) e, por isso, não depende de
autorização do legislador ordinário para ser exercida.
Por outro lado, as leis que trazem a necessidade de regulamentação (leis não autoexecutáveis) não produzem
efeitos antes da expedição do decreto regulamentar requerido. Nesse caso, conforme ensina Hely Lopes
Meirelles, “o regulamento opera como condição suspensiva da execução da norma legal, deixando seus efeitos
pendentes até a expedição do ato do Executivo”.
Exceção ocorre quando a própria lei define prazo para sua regulamentação e o decreto não é editado dentro
desse prazo. Nessa hipótese, a lei passa a produzir efeitos mesmo sem o regulamento, uma vez que “a omissão
do Executivo não tem o condão de invalidar os mandamentos legais do Legislativo”. Nesse caso, os titulares de
direitos previstos na lei podem interpor na Justiça o chamado mandado de injunção, conforme previsto no art. 5º,
LXXI da CF, com vistas a obter decisão do Poder Judiciário que lhes permita exercer tais direitos.

Decretos autônomos
Os decretos autônomos são regulamentos editados pelo Poder Executivo na qualidade de atos primários,
diretamente derivados da Constituição, ou seja, são decretos que não se destinam a regulamentar alguma lei,
não precisam de lei prévia para existir. Sua finalidade é normatizar, de forma originária, as matérias
expressamente definidas na Constituição, inexistindo qualquer ato de natureza legislativa que se situe entre eles
e a Constituição.

No Brasil, a edição de decretos autônomos só pode ser feita para dispor sobre (CF, art. 84, VI):
a) Organização e funcionamento da administração federal, quando não implicar aumento de despesa
nem criação ou extinção de órgãos públicos;
b) Extinção de funções ou cargos públicos, quando vagos.

Importante ressaltar que essas são as duas únicas matérias passíveis de normatização mediante decretos
autônomos. Qualquer outro tema deve ser tratado originariamente por lei.
As matérias objeto dos decretos autônomos constituem competência privativa do Chefe do Poder
Executivo, vale dizer, sua edição não conta com a participação do Poder Legislativo. Encontram-se sob a
denominada “reserva de administração” (matérias que somente podem ser reguladas por ato administrativo),
estando fora da competência do Poder Legislativo.

Competência para editar


decretos autônomos pode ser

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delegada. Já para os decretos Ao contrário do que ocorre com os decretos de execução, a competência
de execução, não pode. para edição dos decretos autônomos pode ser delegada a outras
autoridades administrativas. Na esfera federal, o Presidente da
República pode delega-la aos Ministros de Estado, ao Procurador-Geral da
República ou ao Advogado-Geral da União (CF, art. 84, parágrafo único).

Maria Sylvia Di Pietro salienta que, na verdade, apenas a alínea “a” do art. 84, VI da CF (organização e
funcionamento da administração pública, quando não implicar aumento de despesa nem criação ou extinção de
órgãos públicos) constitui manifestação do poder regulamentar, ou seja, o decreto autônomo que dispõe sobre essa
matéria possui as características de um ato administrativo normativo. Quanto à alínea “b”, segundo a autora,
representa típico ato administrativo de efeitos concretos, porque a competência do Presidente da República se
limitará a extinguir cargos ou funções, quando vagos, e não a estabelecer normas sobre a matéria.

Detalhando um pouco mais...


Não obstante o que dispõe o art. 84, VI da CF, parte da doutrina não admite a possibilidade de existirem decretos
autônomos em nosso ordenamento jurídico (ex: Carvalho Filho e Justen Filho). Para esses autores, a fim de que os
decretos possam ser caracterizados como tais, é necessário que sejam aptos a criar e extinguir primariamente direitos
e obrigações, o que não seria o caso dos decretos emitidos com base no art. 84, VI da CF, que apenas organizam o
funcionamento da Administração e só reflexamente afetam a esfera jurídica de terceiros.

Regulamentos autorizados
Os regulamentos autorizados são aqueles em que o Poder Executivo, por expressa autorização da lei,
completa as disposições dela constantes, e não simplesmente a regulamenta, especialmente em matérias de
natureza técnica.
Típico exemplo de regulamentos autorizados são as normas editadas pelas agências reguladoras, conforme
estudamos na aula passada.
Como vimos, tais regulamentos devem observar as diretrizes, os parâmetros, as condições e os limites
estabelecidos na lei que autorizou sua edição, de modo que a norma elaborada funcione apenas como uma
complementação técnica necessária das disposições legais.
Uma vez que podem ser editados por órgãos e entidades de natureza técnica, constituem manifestação do
poder normativo, e não do poder regulamentar, que é privativo do Chefe do Executivo, conforme entendimento
majoritário.

O regulamento autorizado é ato administrativo secundário (deriva da lei, ato primário que o autoriza). Não
se confunde com a lei delegada, prevista no art. 68 da CF, pois esta é literalmente uma lei, cuja edição é delegada
pelo Congresso Nacional.

Aliás, frise-se que é vedada a utilização de regulamentos autorizados para tratar de matérias
constitucionalmente reservadas à lei.

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Detalhando um pouco mais...


Boa parte da doutrina entende que a edição de regulamentos autorizados contraria a Constituição, por violar o
princípio da separação dos Poderes, uma vez que tais atos do Poder Executivo seriam aptos a inovar o direito sem
haver previsão constitucional para tanto. Em outras palavras, o Poder Executivo, ao editar regulamentos autorizados,
estaria invadindo a função típica do Poder Legislativo de uma forma não contemplada na Constituição, por criar
normas técnicas não contidas na lei, inovando, portanto, no ordenamento jurídico.

Todavia, outra parte da doutrina, acompanhada pela jurisprudência e também pelas bancas de concurso, reconhece
que os regulamentos autorizados, embora não possuam base constitucional, representam uma necessidade do mundo
moderno, extremamente dinâmico e complexo, que torna impossível ao Poder Legislativo dar conta de todas as
demandas de regulamentação existentes. Surge, assim, o fenômeno da deslegalização, pelo qual a competência para
regular certas matérias se transfere da lei para outras fontes normativas, por autorização do próprio legislador.
Ressalte-se, porém, que referida delegação não é completa e integral, mas transfere tão somente a competência para
a regulamentação técnica, mediante parâmetros previamente enunciados na lei (discricionariedade técnica).

Marcelo Alexandrino e Vicente Paulo esclarecem que é importante enfatizar as seguintes diferenças entre os
regulamentos autorizados e os regulamentos de execução, estudados anteriormente:

REGULAMENTOS AUTORIZADOS REGULAMENTOS DE EXECUÇÃO

Não têm previsão expressa no texto constitucional. Estão previstos no art. 84, IV da CF.

Efetivamente completam a lei, veiculam disposições Os regulamentos de execução não podem, na


que não constam da regulação legal, nem mesmo teoria, inovar o direito, de forma alguma.
implicitamente (a lei é intencionalmente lacunosa),
em suma, inovam o direito (embora seguindo as
diretrizes da lei).

São editados por órgãos e entidades São de competência privativa do Chefe do Poder
administrativos de perfil técnico, conforme autoriza Executivo, indelegável.
a lei.

Dispõem sobre matérias de índole técnica Não se restringem a assuntos de ordem técnica,
pertinentes à área de atuação do órgão ou entidade podendo tratar de qualquer assunto administrativo.
que os edita.

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Controle dos atos regulamentares


Caso o Poder Executivo extrapole os limites da lei no exercício do seu poder regulamentar, o Congresso
Nacional poderá sustar tais atos normativos. É o que diz o art. 49, V da CF:

Art. 49. É da competência exclusiva do Congresso Nacional:


V - sustar os atos normativos do Poder Executivo que exorbitem do poder regulamentar ou dos limites
de delegação legislativa;

Cuida-se, como se pode observar, de controle exercido pelo Legislativo sobre o Executivo no que diz respeito
aos limites do poder regulamentar, com o objetivo de coibir violação indevida da função legislativa. No caso,
“sustar” significa “cessar os efeitos” do ato normativo, que continua existindo, mas sem eficácia alguma.
Ademais, o Poder Judiciário e a própria Administração podem exercer controle de legalidade sobre atos
normativos, anulando aqueles considerados ilegais ou ilegítimos.
Em relação ao controle judicial, é possível ao Poder Judiciário controlar a legalidade e a constitucionalidade
de atos administrativos normativos.
Caso o ato normativo esteja em conflito com a lei que ele regulamenta, por extrapolar seus limites (ultra
legem) ou por contraria-la frontalmente (contra legem), a questão caracterizará típica ilegalidade, passível,
portanto, de controle de legalidade. Não cabe, no caso, impugnação mediante ação direta de
inconstitucionalidade – ADI (CF, art. 102, I, “a”)8.

Por outro lado, se o ato normativo ofender diretamente a Constituição, sem que haja alguma lei a que deva
subordinar-se, terá a qualificação de ato autônomo e, nessa hipótese, poderá sofrer controle de
constitucionalidade pela via direta, ou seja, através de ADI.
Sendo assim, para que seja viável o controle de constitucionalidade de decreto, regulamento ou outro tipo
de ato administrativo de cunho normativo, dois serão os aspectos que o ato deverá conter9:

§ é indispensável que ele tenha, de fato, caráter normativo, isto é, seja dotado de “normatividade”, de
generalidade e abstração; e
§ é necessário que ele tenha caráter autônomo, vale dizer, o ato deve conflitar diretamente com a
Constituição da República (o conflito não pode ocorrer entre o ato e uma lei que ele regulamente).

Caso contrário, o controle judicial deverá ocorrer por outras vias, e não por ADI. Atualmente, por exemplo, é
cabível a impugnação direta pela arguição de descumprimento de preceito fundamental, instituto previsto no
art. 102, §1º da CF.

8
Ver ADI 996/DF
9
Ver ADI 1.396/SC

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Questões para fixar


7) Poder regulamentar é o poder que a administração possui de editar leis, medidas provisórias, decretos
e demais atos normativos para disciplinar a atividade dos particulares.
Comentário:
O poder regulamentar confere prerrogativa à Administração, mais precisamente ao chefe do Executivo,
para editar decretos e regulamentos com vistas a permitir a efetiva concretização das leis. Trata-se,
portanto, de produção normativa no campo infralegal, vale dizer, edição de atos normativos secundários.
Dessa forma, a questão erra ao afirmar que o poder regulamentar fundamenta a edição de leis e medidas
provisórias, que são espécies normativas primárias.
Gabarito: Errado

8) Se, ao editar um decreto de natureza regulamentar, a Presidência da República invadir a esfera de


competência do Poder Legislativo, este poderá sustar o decreto presidencial sob a justificativa de que o
decreto extrapolou os limites do poder de regulamentação.

Comentário:
A assertiva está correta, nos termos do art. 49, V da CF:
Art. 49. É da competência exclusiva do Congresso Nacional:
V - sustar os atos normativos do Poder Executivo que exorbitem do poder regulamentar ou dos limites
de delegação legislativa.
Gabarito: Certo

Poder de polícia
O poder de polícia, também denominado polícia administrativa, é a faculdade de que dispõe a
Administração Pública para condicionar ou restringir o uso de bens, o exercício de direitos e a prática de atividades
privadas, tudo com vistas a proteger os interesses gerais da coletividade.
Constitui, portanto, toda atividade administrativa calcada no princípio da supremacia do interesse público
pela qual se impõe algum tipo de limitação ou interferência à órbita do interesse privado com o fim de ajustá-lo
ao interesse público, a exemplo da expedição de alvarás para construções, da interdição de estabelecimentos em
situação irregular, da fiscalização ambiental, da aplicação de sanções pelo descumprimento de normas de trânsito
etc.
Repare que, em todas essas situações, o Poder Público condiciona ou restringe atividades particulares em
favor do interesse público. Uma interdição de estabelecimento pela vigilância sanitária, por exemplo, busca evitar
que os desleixos do proprietário em relação ao cumprimento das normas de higiene prejudiquem a saúde da
população; já as fiscalizações de trânsito visam prevenir acidentes causados por condutores que trafegam em alta
velocidade, embriagados, sem habilitação etc.

Detalhando um pouco mais...

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O poder de polícia pode ser entendido em sentido amplo ou estrito. A definição apresentada anteriormente
corresponde ao sentido estrito. Tomado a partir dessa concepção, o poder de polícia abrange tão somente as
atividades administrativas de regulamentação e de execução das leis que estabelecem normas primárias de polícia. Em
sentido amplo, além da atividade administrativa, o poder de polícia também abrange a atividade do Poder Legislativo
de editar leis que tenham o objetivo de condicionar ou limitar a liberdade e a propriedade, as chamadas limitações
administrativas ao exercício das atividades públicas.

Deve ficar claro que, ao exercer o poder polícia, a Administração está praticando um ato administrativo,
sujeito, portanto, às regras que regem as demais atividades da Administração, inclusive ao controle de legalidade
pelo Poder Judiciário.
Ademais, qualquer medida restritiva adotada com base no poder de polícia deve observar o devido processo
legal, assegurando ao administrado o direito à ampla de defesa, bem como deve se pautar pelos princípios da
razoabilidade e da proporcionalidade.

Competência
A competência originária para exercer o poder de polícia é, em princípio, do ente federado ao qual a
Constituição Federal conferiu o poder de regular a matéria (União, Estado, DF, ou Município).
Assim, conforme leciona Hely Lopes Meirelles, os assuntos de interesse nacional ficam sujeitos à
regulamentação e policiamento da União; as matérias de interesse regional sujeitam-se às normas e à polícia
estadual; e os assuntos de interesse local subordinam-se aos regulamentos e ao policiamento administrativo
municipal.
Embora essa divisão de competências pareça simples, a diversidade de temas com que a Administração se
depara na prática faz com que frequentemente surjam dúvidas em relação ao ente competente para a execução e
o exercício do poder de polícia sobre determinada atividade.
Por exemplo, a jurisprudência já se firmou no sentido de que a União tem competência para regular horário
de atendimento bancário10, mas para fixar horário de funcionamento de lojas comerciais a competência é do
Município11.

Quando for conveniente, os entes federativos podem exercer o poder de polícia em sistema de cooperação,
firmando convênios administrativos ou consórcios públicos com base no regime de gestão associada previsto no
art. 241 da CF. É o que ocorre, com frequência, nas atividades de fiscalização do trânsito, em que há infrações
sujeitas à fiscalização federal, estadual e municipal, sendo, então, conveniente uma atuação conjunta para
conquistar maior eficiência12.

Modalidades de exercício
O poder de polícia administrativa pode ser exercido de forma preventiva ou repressiva.
O poder de polícia preventivo ocorre nos casos em que o particular necessita obter anuência prévia da
Administração para utilizar determinados bens ou para exercer determinadas atividades privadas que possam

10
Súmula nº 19, do STJ: A fixação do horário bancário, para atendimento ao público, é da competência da União.
11
Súmula nº 645, do STF: É competente o município para fixar o horário de funcionamento de estabelecimento comercial.
12
Carvalho Filho (2014, p. 79).

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afetar a coletividade. Tal anuência é formalizada nos denominados atos de consentimento, os quais podem ser
de licença ou de autorização:
§ Licença: ato administrativo vinculado e definitivo pelo qual a Administração reconhece que o particular
preenche as condições para usufruir determinado direito de que seja possuidor. São exemplos a licença
para o exercício da profissão na qual o indivíduo se formou ou a licença para a pessoa construir em terreno
de sua propriedade.
§ Autorização: ato administrativo discricionário e precário pelo qual a Administração autoriza o particular
a exercer determinada atividade que seja de seu interesse (e não de seu direito). São exemplos o uso
especial de bem público, a interdição de rua para a realização de festividade e o o trânsito por
determinados locais.
Perceba que a licença, por se tratar de permissão para o exercício de um direito subjetivo do particular,
possui caráter vinculado e definitivo, ou seja, não pode ser negada quando o requerente satisfaça os requisitos
legais e regulamentares exigidos para sua obtenção. Já a autorização, que não se refere a um direito, e sim a um
interesse do particular, possui caráter discricionário e precário, isto é, pode ser negada ainda que o requerente
satisfaça os requisitos, além de ser passível de revogação a qualquer tempo, independentemente de indenização.

O instrumento formal que geralmente formaliza as licenças e autorizações é o alvará, mas documentos
diversos também podem cumprir esse papel, como carteiras, declarações, certificados, etc. A título de exemplo,
a licença para dirigir é concedida mediante a emissão de carteira nacional de habilitação. O que importa, pois, é o
consentimento que a Administração deseja emitir por semelhantes atos.
No que tange ao poder de polícia repressivo, refere-se à aplicação de sanções administrativas a particulares
pelo descumprimento de normas de ordem pública (normas de polícia).
Dentre as inúmeras sanções cabíveis pode-se mencionar: imposição de multas administrativas; interdição de
estabelecimentos comerciais; suspensão do exercício de direitos; demolição de construções irregulares; embargo
administrativo de obra; apreensão de mercadorias piratas etc.
Geralmente, tais sanções são decorrentes de alguma atividade de fiscalização na qual se tenha constatado a
prática de infrações. Frise-se, porém, que o ato repressivo é a aplicação da sanção, e não o procedimento de
fiscalização, o qual, de regra não tem o objetivo específico de acarretar sanções, e sim de prevenir ou coibir a
prática de irregularidades.

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Detalhando um pouco mais...


Em regra, utiliza-se a expressão “sanção de polícia” para se referir a qualquer atuação administrativa que seja adotada
como consequência de infrações cometidas pelos particulares a normas de polícia.

Porém, vale saber que parte da doutrina costuma utilizar essa expressão apenas para designar as sanções
propriamente ditas, isto é, aquelas cujo objetivo é realmente punir o infrator, a exemplo das multas administrativas.
Para as medidas repressivas que tenham como finalidade maior proteger a coletividade, evitando danos ou limitando
os efeitos dos que já tenham ocorrido, a exemplo da destruição de alimentos estragados encontrados em um
restaurante ou do embargo de obras com vícios construtivos, essa corrente da doutrina utiliza a denominação
“medidas de polícia”.

Questão bastante debatida na jurisprudência diz respeito à cobrança de taxas (espécie de tributo) como
decorrência do exercício do poder de polícia. Com efeito, art. 145, II da CF, dispõe:

Art. 145. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios poderão instituir os seguintes tributos:
II - taxas, em razão do exercício do poder de polícia ou pela utilização, efetiva ou potencial, de serviços
públicos específicos e divisíveis, prestados ao contribuinte ou postos a sua disposição;

Exemplos de taxas decorrentes do poder de polícia são as taxas para obtenção de licença de funcionamento
de atividades comerciais, industriais e de lazer.

A jurisprudência destaca que a taxa de polícia deve sempre decorrer do efetivo exercício do poder de
polícia, isto é, da realização de atividades ou diligências públicas no interesse do contribuinte. Caso essas
atividades não estejam sendo exercidas de fato, a cobrança da taxa poderá ser questionada. No nosso exemplo,
se o fato gerador da taxa é a necessidade de se realizar inspeção no estabelecimento previamente à concessão da
licença, logicamente não há fato gerador caso a inspeção não seja empreendida na prática, o que invalida a
cobrança do tributo.
Entretanto, cumpre salientar que, segundo a jurisprudência do STF, a incidência da taxa, como decorrência
do exercício regular do poder de polícia, dispensa a fiscalização “porta a porta”. Em outras palavras, o exercício do
poder de polícia não é necessariamente presencial, pois pode ocorrer a partir de local remoto, com o auxílio de
instrumentos e técnicas que permitam à Administração examinar a conduta do agente fiscalizado. Nesse caso, o
exercício de polícia é considerado presumido, desde que exista um órgão com competência e estrutura capaz de
fiscalizar a atividade 13.

Fases da atividade de polícia (ciclo de polícia)


A doutrina e a jurisprudência classificam em quatro fases a sequência de atividades que pode integrar o
exercício do poder de polícia (tomado em sentido amplo, ou seja, incluindo a atividade legislativa), o chamado ciclo
de polícia, a saber:
1) Legislação ou ordem

13
Ver RE 588.322/RO e RE 361.009/RJ

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2) Consentimento
3) Fiscalização
4) Sanção
Vamos detalhar cada uma dessas fases.
A legislação, também denominada ordem de polícia, é a fase inicial do ciclo de polícia, pois é aquela que
institui os limites e condicionamentos ao exercício de atividades privadas e ao uso de bens. Em razão do princípio
da legalidade, a ordem primária deve estar sempre contida em uma lei, a qual poderá ser posteriormente
regulamentada por atos normativos infralegais.
O consentimento de polícia corresponde à anuência prévia da Administração, quando exigida em lei, para
a prática de determinadas atividades ou para a fruição de determinados direitos. Como já vimos, esta anuência
prévia ocorre mediante a concessão de licenças e autorizações.
A fiscalização de polícia é a atividade pela qual a Administração verifica se o particular está cumprindo
adequadamente as regras emanadas na ordem de polícia (legislação) e também, quando for o caso, se está
observando as condições estipuladas na respectiva licença/autorização.
Já a sanção de polícia ocorre quando a Administração verifica alguma infração à ordem de polícia ou aos
requisitos da licença/autorização e, em consequência, aplica ao particular infrator uma medida repressiva (sanção),
dentre as previstas na lei de regência.
Um exemplo prático em que esses quatro grupos ficam bem definidos é no âmbito da limitação à
propriedade e à liberdade no trânsito: o Código de Trânsito Brasileiro (CTB) estabelece normas genéricas e
abstratas para a obtenção da Carteira Nacional de Habilitação (legislação); a emissão da carteira materializa a
anuência do Poder Público em relação aos indivíduos que tenham preenchido os requisitos técnicos exigidos para
a habilitação (consentimento); a Administração instala equipamentos eletrônicos para verificar se há respeito à
velocidade estabelecida em lei (fiscalização); e também a Administração sanciona aquele que não guarda
observância ao CTB (sanção).

Importante observar que as únicas fases que sempre estarão presentes em todo e qualquer ciclo de polícia
são as fases de “legislação (ordem de polícia)” e de “fiscalização”

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Com efeito, o “consentimento” deve ocorrer apenas quando houver


Legislação e fiscalização são as necessidade de licença ou autorização para o uso de bens ou a prática de
únicas fases que sempre existirão certas atividades privadas. Se determinada atividade estiver sujeita a
num ciclo de polícia normas de polícia previstas em lei, mas não à anuência prévia da
Administração, ainda assim poderá ser fiscalizada e, em caso de infração,
poderá ser aplicada a sanção correspondente. Nesse caso, o ciclo de polícia forma-se apenas com as fases de
legislação, fiscalização e sanção. Ademais, nem toda fiscalização encontra irregularidade no caso concreto,
hipótese em que não haverá sanção alguma. O ciclo de polícia se completa, então, apenas com as fases de
legislação e fiscalização.

Poder de polícia originário e delegado

A doutrina classifica o poder de polícia em originário e delegado conforme o órgão ou a entidade que o
exerce.

Em suma, o poder de polícia originário é exercido pelo próprio ente federado, por intermédio da sua
administração direta, enquanto o poder de polícia delegado é exercido pela administração indireta.

No âmbito da administração indireta, o poder de polícia pode ser exercido pelas entidades de direito
público (autarquias e fundações públicas) de maneira plena, isto é, em todas as fases do ciclo de polícia. Elas só
não podem editar leis. Podem, portanto, exercer poder de polícia, inclusive editar regulamentos e aplicar sanções
administrativas, desde que amparadas em lei.

Já as entidades da administração indireta de direito privado (empresas públicas e sociedades de economia


mista), segundo o entendimento do STF (RE 633.782), somente poderão exercer o poder de polícia de maneira
plena caso:

1) possuam capital majoritariamente público (abrangendo, portanto, tanto empresas públicas como
sociedades de economia mista);
2) prestem serviço público de atuação própria do Estado;
3) atuem em regime não concorrencial (monopólio).

Dessa forma, uma empresa pública ou sociedade de economia mista que explore atividade econômica em
regime de concorrência direta com a iniciativa privada NÃO poderá exercer poder de polícia, uma vez que suas
atividades são regidas preponderantemente pelo direito privado, em que não há a presença do poder de império
do Estado. Só poderá exercer poder de polícia a empresa estatal que preste serviço público em regime não
concorrencial, cujo regime jurídico predominante é o de direito público.

Antigamente, o entendimento adotado na maioria das provas de concurso era que apenas as fases de consentimento
e de fiscalização poderiam ser delegadas a entidades com personalidade jurídica de direito privado integrantes da
Administração Pública e que, diferentemente, as fases de ordem de polícia e de sanção, por implicarem coerção, não
poderiam ser delegadas a tais entidades.
Contudo, a partir da decisão do STF na RE 633.782, você deve levar para a prova que o poder de polícia pode sim ser
delegado às entidades da administração indireta de direito privado, em todas as suas fases, desde que possuam capital
majoritariamente público, prestem serviço público de atuação própria do Estado e atuem em regime não
concorrencial.

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Por fim, vale saber que a maior parte da doutrina, assim como o Supremo Tribunal Federal (STF), não admite
a delegação de poder de polícia a pessoas privadas não integrantes da Administração Pública formal, ainda que
efetuada por meio de lei.

Entretanto, é possível o Poder Público atribuir a pessoas privadas, mediante contrato, a operacionalização de
máquinas e equipamentos em atividades de fiscalização, a exemplo da triagem feita em aeroportos para detectar
eventual porte de objetos ilícitos ou proibidos. No caso, o Estado não transfere a titularidade do poder de polícia,
ou seja, não se trata de delegação, e sim de mera atribuição operacional.

DELEGAÇÃO DE PODER DE POLÍCIA:

- a entidades administrativas de direito público: pode delegar

- a entidades administrativas de direito privado: pode delegar, desde que a entidade...

i) possua capital majoritariamente público.

ii) preste serviço público de atuação própria do Estado.

iii) atue em regime não concorrencial.

- a entidades privadas: não pode delegar

Atributos do poder de polícia

Os atributos do poder de polícia são:


§ Discricionariedade
§ Autoexecutoriedade
§ Coercibilidade
A discricionariedade no exercício do poder de polícia significa que a Administração, em regra, possui certa
liberdade de atuação. Ela pode, por exemplo, segundo critérios de conveniência e de oportunidade, determinar
quais atividades irá fiscalizar em um determinado momento e definir quais sanções serão aplicadas e em quais
gradações, sempre observando, é claro, os limites estabelecidos em lei e os princípios da razoabilidade e da
proporcionalidade.

Nada impede, contudo, que a lei vincule a prática de determinados atos de polícia administrativa, como
a concessão de licença para construção em terreno próprio ou para o exercício de uma profissão, casos em que a
Administração não possui liberdade de valoração se o particular preencher os requisitos legais.
A autoexecutoriedade consiste na possibilidade de que certos atos administrativos sejam executados de
forma imediata e direta pela própria Administração, independentemente de ordem judicial.
Assim, por exemplo, a Administração pode, com base no poder de polícia, aplicar sanções administrativas a
particulares que pratiquem atos lesivos à coletividade independentemente de prévia autorização judicial. Da
mesma forma, a Administração pode, por si só, promover a demolição de edifício em situação irregular.
Porém, nem toda atividade de polícia administrativa pode ser levada a termo de forma autoexecutória. Por
exemplo, embora a Administração, no exercício do poder de polícia, possa impor multa a um particular sem
necessidade de participação do Poder Judiciário, a cobrança forçada dessa multa, caso não paga pelo particular,
só poderá ser efetuada por meio de uma ação judicial de execução.

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Detalhe é que a Administração pode, caso entenda necessário, recorrer previamente ao Judiciário quando
pretenda praticar atos de polícia em que seja previsível forte resistência dos particulares envolvidos, como na
demolição de edificações irregulares ou na desocupação de terras invadidas, ocasião em que poderá valer-se do
auxílio das forças policiais. Frise-se que tal autorização não é obrigatória, mas pode ser obtida para conferir maior
legitimidade e segurança ao ato.
A coercibilidade se traduz na possibilidade de as medidas adotadas pela Administração Pública com base no
exercício do poder polícia serem impostas ao administrado, inclusive mediante o emprego da força e
independentemente de prévia autorização judicial.
Autoexecutoriedade e coercibilidade são conceitos muito próximos. Conforme salienta Maria Sylvia Di
Pietro, “a coercibilidade é indissociável da autoexecutoriedade. O ato de polícia só é autoexecutório porque
dotado de força coercitiva. Aliás, a autoexecutoriedade, tal como a conceituamos, não se distingue da
coercibilidade, definida por Hely Lopes Meirelles como ‘a imposição coativa das medidas adotadas pela
Administração’”.

Fique atento!!
Nem todos os atos de polícia administrativa ostentam os atributos da autoexecutoriedade e da
coercibilidade.
Os atos preventivos, a exemplo da concessão de licenças e autorizações, bem como alguns atos
repressivos, como a cobrança de multa não paga espontaneamente pelo particular, não gozam de
autoexecutoriedade e de coercibilidade.

Prescrição

A Lei 9.873/1999, aplicável à esfera federal, estabelece em cinco anos o prazo prescricional das ações
punitivas decorrentes do exercício do poder de polícia, contados da data da prática do ato ou, no caso de infração
permanente ou continuada, do dia em que tiver cessado.
O mesmo prazo prescricional vale para a Administração impetrar ação judicial de cobrança de multas
administrativas aplicadas no exercício do poder de polícia, quando não pagas espontaneamente pelo
administrado (art. 1º-A).
Por outro lado, o prazo prescricional de cinco anos não se aplica quando o fato objeto da ação punitiva da
Administração também constituir crime, ocasião em que serão aplicáveis os prazos prescricionais previstos na lei
penal14.

A referida lei prevê, ainda, que a prescrição também incide no procedimento administrativo paralisado por
mais de três anos, pendente de julgamento ou despacho. Trata-se de hipótese da chamada prescrição

14
Art. 1o Prescreve em cinco anos a ação punitiva da Administração Pública Federal, direta e indireta, no exercício do poder de polícia, objetivando apurar infração
à legislação em vigor, contados da data da prática do ato ou, no caso de infração permanente ou continuada, do dia em que tiver cessado.
§ 1o Incide a prescrição no procedimento administrativo paralisado por mais de três anos, pendente de julgamento ou despacho, cujos autos serão arquivados
de ofício ou mediante requerimento da parte interessada, sem prejuízo da apuração da responsabilidade funcional decorrente da paralisação, se for o caso.
§ 2o Quando o fato objeto da ação punitiva da Administração também constituir crime, a prescrição reger-se-á pelo prazo previsto na lei penal.

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intercorrente, que é aquela que ocorre mesmo depois de o processo já ter sido instaurado, no caso, acarretada
pela inércia da Administração.
Por derradeiro, cumpre ressaltar que as disposições Lei 9.873/1999 não se aplicam às infrações de natureza
funcional e aos processos e procedimentos de natureza tributária (art. 5º).

Distinção entre poder polícia e outras atividades estatais

A doutrina costuma explorar a diferença entre as atividades decorrentes do exercício do poder de polícia
(polícia administrativa) e as atividades de prestação de serviços públicos.

Diz-se que a polícia administrativa representa uma atividade negativa, por acarretar restrições aos direitos
e interesses dos indivíduos, enquanto o serviço público seria uma atividade positiva, vez que, ao contrário, não
restringe, e sim oferece comodidades ou utilidades materiais ao usuário do serviço. Ademais, o poder de polícia
integra o rol das denominadas atividades jurídicas do Estado, cujo desempenho se funda no poder de império; já
a prestação de serviços públicos se enquadra nas chamadas atividades sociais do Estado, que se destinam a
incrementar o bem-estar social, cujo desempenho não decorre do exercício do poder de império.
Outra diferenciação importante é entre atividade de polícia administrativa e atividade de polícia judiciária.
Será atividade de polícia administrativa aquela que incida sobre infrações de natureza administrativa, ao
passo que será atividade de polícia judiciária quando se referir à apuração de ilícitos de natureza penal com a
finalidade de instruir a propositura de ação no Poder Judiciário.
Assim, quando agentes administrativos, por exemplo, executam serviços de fiscalização em atividades de
comércio, em locais proibidos para menores, sobre as condições de alimentos para consumo ou em parques
florestais, estão exercendo atividade de polícia administrativa. Ao contrário, quando os agentes investigam a
prática de crime e, com esse objetivo, ouvem testemunhas, realizam inspeções e perícias em determinados locais
e documentos, convocam indiciados, etc., estão exercendo polícia judiciária, eis que, terminada a apuração, os
elementos são enviados ao Ministério Público para, se for o caso, providenciar a propositura da ação penal15.

Mais uma diferença é que a polícia administrativa é exercida sobre atividades, bens e direitos, enquanto a
polícia judiciária incide diretamente sobre pessoas. Em consequência, não existem sanções de polícia
administrativa que impliquem detenção ou reclusão de pessoas; já as atividades de polícia judiciária podem
ocasionar esse tipo de sanção.

Além disso, a polícia administrativa é desempenhada por órgãos administrativos integrantes dos mais
diversos setores de toda a Administração Pública, sempre que a lei lhes atribuir essa função, a exemplo da Vigilância
Sanitária, do Ibama, da CVM, do Detran etc.; já a polícia judiciária é privativa de corporações especializadas (Polícia
Civil, Polícia Federal e Polícia Militar).
Detalhe é que a Polícia Militar desempenha tanto atividade de polícia judiciária como de polícia administrativa,
esta última quando, por exemplo, aplica multas de trânsito, apreende mercadorias irregulares etc.
Importante ressaltar que a doutrina tradicional aponta, ainda, como critério de distinção, o fato de que a
polícia administrativa teria caráter preventivo, por prevenir situações ou condutas contrárias ao interesse público,
ao passo que o caráter da polícia judiciária seria repressivo, pois seu objetivo é possibilitar a punição pelo Poder
Judiciário. Não obstante, vale ressaltar que, como vimos, a atividade de polícia administrativa também contempla

15
Carvalho Filho (2014, p. 83)

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medidas de natureza repressiva, como a aplicação de multas, apreensão de mercadorias, interdição de


estabelecimentos etc.

Questões para fixar


9) No que se refere ao exercício do poder de polícia, denomina-se exigibilidade a prerrogativa da
administração de praticar atos e colocá-los em imediata execução, sem depender de prévia manifestação
judicial.
Comentário:
A autoexecutoriedade é um dos atributos do poder de polícia (os outros dois são: discricionariedade e
coercibilidade). Maria Sylvia Di Pietro ensina que o atributo da autoexecutoriedade pode ser desdobrado
em exigibilidade e executoriedade.
A exigibilidade consiste na faculdade de a Administração aplicar meios de coação indiretos, como
condição a ser cumprida pelo particular para o exercício de direitos ou atividades, como a impossibilidade
de licenciamento do veículo enquanto não pagas as multas de trânsito.
Já a executoriedade se confunde com o próprio conceito de autoexecutoriedade, ou seja, consiste na
faculdade que tem a Administração para executar diretamente seus atos de polícia (usando, se for o caso,
da força), ressalvadas as hipóteses em que a execução importe transferência patrimonial do particular para
o Estado (cobrança de multa não paga, por exemplo). Há executoriedade, por exemplo, na apreensão de
mercadorias e na interdição de estabelecimentos comerciais.
O quesito, como se vê, ao falar em “prerrogativa da administração de praticar atos e colocá-los em imediata
execução, sem depender de prévia manifestação judicial”, trata da executoriedade, e não da exigibilidade,
daí o erro.
Gabarito: Errado

10) As licenças são atos vinculados por meio dos quais a administração pública, no exercício do poder de
polícia, confere ao interessado consentimento para o desempenho de certa atividade que só pode ser
exercida de forma legítima mediante tal consentimento.
Comentário:

O quesito está correto. As licenças são atos vinculados porque são consentimentos necessários ao exercício
de determinado direito que o particular possui (ex: alvará de construção em terreno de propriedade do
requerente). Assim, caso a pessoa preencha as condições, a licença deverá ser obrigatoriamente concedida
pela Administração. Ao contrário, as autorizações são atos discricionários, pois são consentimentos para a
realização de atividades de interesse do particular (e não de direito), podendo, assim, serem concedidas ou
não, a critério da Administração (ex: porte de arma de fogo).
Gabarito: Certo

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11) O poder de polícia, prerrogativa conferida à administração pública para que possa praticar toda e
qualquer ação restritiva em relação ao administrado em benefício do interesse público, é exercido pela
polícia civil, no âmbito dos estados, e pela polícia federal, no âmbito da União.
Comentário:
O quesito está errado. Quando fala em “ação restritiva em relação ao administrado em benefício do interesse
público”, a assertiva se refere à polícia administrativa. É essa, por exemplo, a definição de Maria Sylvia Di
Pietro, ao discorrer sobre a polícia administrativa: “poder de polícia é a atividade do Estado consistente em
limitar o exercício dos direitos individuais em benefício do interesse público”. Ao contrário do que afirma o
quesito, o poder de polícia administrativa pode ser exercido por diversas entidades de direito público
(entes políticos, fundações públicas, autarquias e órgãos da administração direta), e não apenas pelas
instituições policiais.

Detalhe é que as polícias civil e federal, objeto da questão, exercem de forma exclusiva a função de polícia
judiciária que, embora seja atividade administrativa, tem o papel de preparar a atuação da função
jurisdicional penal, ao contrário da polícia administrativa, que se exaure em si mesma, ou seja, inicia e se
completa no âmbito da função administrativa.
Gabarito: Errado

12) Constitui exemplo de poder de polícia a interdição de restaurante pela autoridade administrativa de
vigilância sanitária.

Comentário:
O quesito está correto. Trata-se de medida repressiva típica do poder de polícia, com a finalidade de coagir
o infrator a cumprir a lei. Exemplos de medidas que possuem o mesmo objetivo: dissolução de reunião
clandestina, interdição de atividade ilícita, apreensão de mercadorias deterioradas, internação de pessoa
com doença contagiosa etc.

Além de medidas repressivas, o poder de polícia também compreende medidas preventivas, com o
objetivo de adequar o comportamento do indivíduo à lei. Exemplos de medidas preventivas: fiscalização,
vistoria, ordem, notificação, autorização, licença, etc.
Gabarito: Certo

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Abuso de poder
Como é sabido, as prerrogativas conferidas à Administração Pública não são absolutas. Elas se sujeitam a
limites e devem ser usadas na exata medida em que sejam necessárias para atingir os fins públicos que as
justificam.
O próprio ordenamento jurídico que fundamenta a existência dos poderes administrativos também
estabelece seus limites, os quais se encontram especialmente no respeito às garantias e direitos individuais, na
observância ao devido processo legal e na aplicação dos princípios constitucionais. O exercício das prerrogativas
conferidas à Administração fora desses limites configura o chamado abuso de poder.
Toda atuação com abuso de poder é considerada ilegal, eis que contrária ao ordenamento jurídico
(Constituição, leis, atos normativos e princípios jurídicos).
O abuso de poder é gênero que se desdobra em duas categorias, a saber:
§ Excesso de poder: vício de competência ou atuação desproporcional
§ Desvio de poder: vício de finalidade
O excesso de poder ocorre quando o agente atua fora dos limites das suas competências, invadindo a
competência de outros agentes ou praticando atividades que não lhe foram conferidas por lei. Constitui, assim,
vício relacionado ao elemento competência dos atos administrativos. Ocorre, por exemplo, quando um agente
público edita ato normativo para regulamentar matéria de competência de outra área.
Em outra acepção, o excesso de poder também contempla as situações em que o agente é competente,
mas atua de forma desproporcional, a exemplo de quando impõe sanções graves para punir infrações leves. No
caso, os balizadores para dizer se há ou não excesso de poder são os princípios da razoabilidade e da
proporcionalidade.

Já o desvio de poder ocorre quando o agente, embora atuando dentro dos limites de sua competência,
pratica ato contrário à finalidade explícita ou implícita na lei que determinou ou autorizou a sua atuação.
Constitui, assim, vício relacionado ao elemento finalidade dos atos administrativos; por isso, também é chamado
de desvio de finalidade.
A violação da finalidade pode ocorrer em duas acepções: (i) de forma ampla, quando o ato praticado ofende
genericamente o interesse público, a exemplo do desvio de recursos de obras públicas; ou (ii) de forma específica,
quando o ato desatende o objetivo imediato previsto em norma, tal como no já clássico exemplo da remoção de
ofício do servidor como forma de punição. O instituto da remoção tem por fim o atendimento de necessidade do
serviço, e não poderia, com intuito diverso, ser utilizado como forma de punição do servidor, sob pena de
invalidação por desvio de finalidade.
Importante ressaltar que o abuso de poder (excesso ou desvio) pode ocorrer tanto de forma comissiva como
omissiva, ou seja, pode resultar tanto de uma ação concreta do agente público como também da sua inércia em
executar determinada atividade de interesse público a que por lei esteja incumbido.

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Questões para fixar


13) Considere que determinado agente público detentor de competência para aplicar a penalidade de
suspensão resolva impor, sem ter atribuição para tanto, a penalidade de demissão, por entender que o fato
praticado se encaixaria em uma das hipóteses de demissão. Nesse caso, a conduta do agente caracterizará
abuso de poder, na modalidade denominada excesso de poder.
Comentário:

O item está correto. O abuso de poder se desdobra em duas modalidades: (i) excesso de poder: vício de
competência ou atuação desproporcional; (ii) desvio de poder: vício de finalidade.

O caso concreto constitui típico exemplo de excesso de poder, pois o agente público aplicou a penalidade de
demissão sem possuir competência legal para tanto (possuía apenas para aplicar suspensão).
Gabarito: Certo

14) Incorre em abuso de poder a autoridade que nega, sem amparo legal ou de edital, a nomeação de
candidato aprovado em concurso público para o exercício de cargo no serviço público estadual, em virtude
de anterior demissão no âmbito do poder público federal.
Comentário:
O quesito está correto. Os poderes conferidos aos agentes para o exercício de suas atribuições devem ser
exercidos dentro dos limites contidos na lei, sob pena de invalidação. No caso concreto, houve abuso de
poder, pois não há impeditivo legal para que um servidor demitido na esfera federal assuma cargo no
serviço público estadual, a menos, é claro, que exista impedimento em lei local, o que não é dito na questão.
Enfim, a autoridade, ao tomar decisão sem ter competência para tanto, extrapolando os limites da lei, agiu
com abuso de poder, na modalidade excesso de poder.
Gabarito: Certo

15) Após ter sido submetido a processo administrativo em razão do cometimento de infração disciplinar,
determinado servidor público foi removido de ofício por seu superior hierárquico, agente competente para
tanto, como forma de punição pela prática do ato.
Acerca dessa situação hipotética, julgue o seguinte item.

Embora observada a regra de competência referente ao poder disciplinar, houve desvio de poder, já que
não foi atendida a finalidade prevista em lei para a prática do ato de remoção do servidor.

Comentário:

O quesito está correto. A remoção de ofício como meio de punição é exemplo clássico de desvio de poder,
pois representa desvirtuamento da finalidade do instituto da remoção, que é realocar a mão-de-obra
disponível para o melhor desempenho dos serviços, e não punir servidores.
Gabarito: Certo

16) Suponha que, após uma breve discussão por questões partidárias, determinado servidor, que sofria
constantes perseguições de sua chefia por motivos ideológicos, tenha sido removido, por seu superior

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hierárquico, que desejava puni-lo, para uma localidade inóspita. Nessa situação, houve abuso de poder, na
modalidade excesso de poder.
Comentário:
É certo que, no caso concreto, a remoção de ofício como forma de punição representou abuso de poder,
porém não na modalidade excesso de poder, uma vez que a autoridade que determinou a remoção possuía
competência para tanto, daí o erro. A modalidade de abuso, na verdade, foi o desvio de poder, pois
finalidade da remoção do servidor não foi atender ao interesse público, e sim divergências ideológicas
pessoais.
Gabarito: Errado

Deveres da Administração Pública


A par dos poderes que lhes são conferidos como instrumento para a persecução do interesse coletivo, os
agentes públicos também se sujeitam a uma série de deveres específicos e peculiares, decorrentes do princípio
da indisponibilidade do interesse público, os quais se destinam a assegurar que sua atuação ocorra em benefício
do bem comum.
Os principais deveres impostos aos agentes administrativos são:
§ Poder-dever de agir
§ Dever de eficiência
§ Dever de probidade
§ Dever de prestar contas

Poder-dever de agir

Enquanto na esfera privada o poder é faculdade daquele que o detém, no setor público, representa um dever
do administrador, desde que se apresente a oportunidade de exercitá-lo em benefício da coletividade,
É o que Hely Lopes Meirelles chama de poder-dever de agir: uma vez que os poderes administrativos são
conferidos como instrumentos para o atingimento de fins públicos, o agente não pode deixar de exercê-los, pois
isso comprometeria a própria consecução dos objetivos previstos na lei que determinou ou autorizou a sua
atuação.
Ora, não se admite, por exemplo, que um agente de trânsito, diante de um flagrante desrespeito aos limites
de velocidade, deixe de exercer seu poder de polícia e não puna o motorista infrator. No caso, ele tem o poder-
dever de agir, uma vez que sua omissão poderia contribuir para a ocorrência de um acidente com graves prejuízos
para diversas pessoas da comunidade.

A omissão do agente, diante de situações que exigem sua atuação, caracteriza abuso de poder, que poderá
ensejar, inclusive, responsabilidade civil da Administração Pública pelos danos que porventura decorram da
omissão ilegal.
Abre-se um parêntese para registrar que nem toda omissão é fonte de ilegalidade. Carvalho Filho faz menção
à reserva do possível, para sustentar que nem todas as metas governamentais podem ser alcançadas,

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especialmente pela costumeira escassez de recursos financeiros. Essas omissões são genéricas, e, portanto, não
acarretam a responsabilidade civil do Estado. É o caso, por exemplo, de projetos de obras públicas, como
hidrelétricas, reformas de estradas e construção de hospitais, todos componentes de políticas de Administração,
sem prazo certo para implementação. Somente no momento de cumprir o empreendimento é que o
administrador poderá analisar os elementos concretos para concluir a respeito da possibilidade ou não de executá-
lo. Se, por exemplo, não houver recursos financeiros disponíveis ou, ainda, se aparecer algum embaraço de ordem
ambiental, não será possível dar andamento à obra. Por lógico, não se pode obrigar a Administração a fazer o que
se revela impossível.
Ao contrário, são ilegais as chamadas omissões específicas, ou seja, aquelas que estiverem ocorrendo
mesmo diante de expressa disposição legal impondo que algo deve ser feito em determinado prazo, ou ainda
quando, mesmo sem prazo fixado, a Administração permanece omissa em período superior ao aceitável dentro
de padrões normais de tolerância ou razoabilidade. É o caso, por exemplo, do art. 49 da Lei 9.784/1999 (lei do
processo administrativo federal), que assina prazo de até 30 dias após a instrução para que a Administração decida
o processo.

Questão para fixar


17) O exercício dos poderes administrativos não é uma faculdade do agente público, mas uma obrigação
de atuar; por isso, a omissão no exercício desses poderes poderá ensejar a responsabilização do agente
público nas esferas cível, penal e administrativa.

Comentário:
O quesito está correto. A omissão do agente, diante de situações que exigem sua atuação caracteriza abuso
de poder. Sobre o tema, Carvalho Filho ressalta que, na medida em que incumbe ao agente determinada
conduta comissiva, a sua omissão (conduta omissiva) haverá de configurar-se como ilegal. Desse modo, o
administrado tem o direito subjetivo de exigir do administrador omisso a conduta comissiva imposta em
lei, quer na via administrativa, quer na via judicial, formulando na ação pedido de natureza condenatória de
obrigação de fazer.

Gabarito: Certo

Dever de eficiência
O dever de eficiência traduz a ideia de boa administração, ou seja, de que o agente, além de agir com
celeridade, deve atuar com perfeição técnica e deter bom rendimento funcional.
Tal dever foi, inclusive, elevado a princípio constitucional (CF, art. 37, “caput), sendo detectado, entre outros
momentos, na:
§ Possibilidade de perda do cargo do servidor público estável em razão de insuficiência de desempenho
(art. 41, §1º, III);
§ Instituição de Escolas de Governo para a formação e o aperfeiçoamento dos servidores públicos,
constituindo-se a participação nos cursos um dos requisitos para a promoção na carreira (art. 39, §2º); e
§ Faculdade de celebração de contratos de gestão, neste caso, para incremento da autonomia financeira,
orçamentária e patrimonial dos órgãos e entidades do Estado (art. 37, §8º).

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Dever de probidade
O dever de probidade exige que os atos dos agentes públicos sejam legítimos, honestos, éticos e pautados
pela boa-fé, não sendo suficiente o atendimento da lei formal, mas, sobretudo, a observância da moralidade
administrativa e da finalidade pública.
O dever de probidade é imposto a todo e qualquer agente público, do mais modesto ao mais alto cargo. Os
atos ímprobos podem ser invalidados pela própria Administração, com base no princípio da autotutela, como
também pelo Poder Judiciário, se provocado.

O art. 37, §4º da CF estabelece que os atos de improbidade acarretarão a suspensão dos direitos políticos, a
perda da função pública, a indisponibilidade dos bens e o ressarcimento ao erário, na forma e gradação previstas em
lei, sem prejuízo da ação penal cabível.
Tal dispositivo constitucional foi regulamentado na Lei 8.429/1992, que tipifica e sanciona os atos de
improbidade administrativa. Essa lei será estudada em aula específica do curso.

Dever de prestar contas


O dever de prestar contas decorre diretamente do princípio da indisponibilidade do interesse público,
sendo inerente à função daquele que administra a coisa pública. Afinal, o gestor público é mero curador de bens e
interesses alheios, pertencentes a toda a coletividade, devendo, assim, prestar contas ao proprietário, por
intermédio dos órgãos competentes para a fiscalização (Tribunal de Contas, órgãos de controle interno, órgãos
repassadores de recursos a entidades privadas, agências reguladoras etc.).
A prestação de contas remete à necessidade de transparência dos atos estatais (administrativos ou de
governo), especialmente no que se refere à aplicação dos recursos públicos.
O dever de prestar contas é bastante abrangente, alcançando inclusive particulares que, de algum modo,
sejam responsáveis pela aplicação de recursos públicos. É o que dispõe o art. 70, parágrafo único da Constituição
Federal:

Parágrafo único. Prestará contas qualquer pessoa física ou jurídica, pública ou privada, que utilize,
arrecade, guarde, gerencie ou administre dinheiros, bens e valores públicos ou pelos quais a União
responda, ou que, em nome desta, assuma obrigações de natureza pecuniária.

A prestação de contas de administradores pode ser realizada internamente, através dos órgãos escalonados
em graus hierárquicos, ou externamente. Nesse caso, o controle de contas é feito pelo Poder Legislativo, por ser
ele o órgão de representação popular, juntamente com o Tribunal de Contas, órgão técnico de estatura
constitucional que detém uma série de competências voltadas para o controle da atividade financeira dos agentes
da Administração.

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Questão para fixar


18) O dever do agente público que decorre diretamente do princípio da indisponibilidade do interesse
público, sendo inerente à função daquele que administra a coisa pública, denomina-se:
a) Dever de eficiência.
b) Dever de probidade.
c) Dever de prestar contas.

d) Poder dever de agir.


e) Poder dever de fiscalizar.

Comentário:
Todas as opções apresentam deveres a que os agentes públicos se sujeitam. O enunciado, contudo, requer
que apontemos o dever que decorre diretamente do princípio da indisponibilidade do interesse público,
sendo inerente à função daquele que administra a coisa pública.
Trata-se, portanto, do dever de prestar contas que, segundo Hely Lopes Meirelles, é “decorrência natural da
administração como encargo de gestão de bens e interesses alheios. Se o administrador corresponde ao
desempenho de um mandato de zelo e conservação de bens e interesses de outrem, manifesto é que quem
o exerce deverá prestar contas ao proprietário. No caso do administrador público, esse dever ainda mais se
alteia, porque a gestão se refere aos bens e interesses da coletividade e assume o caráter de um múnus
público, isto é, de um encargo para com a comunidade”.

Gabarito: alternativa “c”

*****

Bem, por hoje é só. Vamos agora resolver algumas questões de prova!

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Questões comentadas: Receita, Cespe, FCC e FGV


1. (ESAF – ATRFB 2009)
O poder hierárquico e o poder disciplinar, pela sua natureza, guardam entre si alguns pontos característicos
comuns, que os diferenciam do poder de polícia, eis que

a) a discricionariedade predominante nos dois primeiros fica ausente neste último, no qual predomina o poder
vinculante.
b) entre os dois primeiros pode haver implicações onerosas de ordem tributária, o que não pode decorrer deste
último.
c) o poder regulamentar predomina nas relações entre os dois primeiros, mas não é exercido neste último.
d) os dois primeiros se inter-relacionam, no âmbito interno da Administração, enquanto este último alcança
terceiros, fora de sua estrutura funcional.
e) não existe interdependência funcional entre os dois primeiros, a qual é necessária neste último, quanto a quem
o exerce e quem por ele é exercido.
Comentários: Vamos analisar cada alternativa:
a) ERRADA. A discricionariedade está presente nos poderes hierárquico, disciplinar e de polícia. Vejamos.
No poder disciplinar, a discricionariedade pode ser encontrada na gradação da penalidade ou mesmo na escolha
da penalidade a ser aplicada, quando admitida por lei. Ademais, conforme ensina Hely Lopes Meirelles, não se
aplica ao poder disciplinar o princípio da pena específica que domina inteiramente o Direito Criminal comum,
segundo o qual “não há crime sem lei anterior que o defina”. Assim, “o administrador, no seu prudente critério,
tendo em vista os deveres do infrator em relação ao serviço e verificando a falta, aplicará a sanção que julgar
cabível, oportuna e conveniente, dentre as que estiverem enumeradas em lei ou regulamento para a generalidade
das infrações administrativas”.
No poder hierárquico, a discricionariedade se manifesta, por exemplo, na delegação e avocação de competências,
assim como no controle dos atos praticados pelos subordinados, os quais podem ser revogados pelo superior
hierárquico por razões de conveniência e oportunidade.
Já no poder de polícia, a discricionariedade é considerada pela doutrina como um dos atributos desse poder
(juntamente com autoexecutoriedade e coercibilidade). Manifesta-se em atos como a expedição de alvarás de
autorização, na escolha de quais atividades serão fiscalizadas, na definição das sanções e respectivas gradações a
serem aplicadas.
b) ERRADA. Apenas o poder de polícia pode gerar “implicações onerosas de ordem tributária”, uma vez que o
exercício desse poder constitui um dos fatos geradores da cobrança da taxa, espécie de tributo, nos termos do art.
145, II da CF:

Art. 145. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios poderão instituir os seguintes tributos:

II - taxas, em razão do exercício do poder de polícia ou pela utilização, efetiva ou potencial, de serviços
públicos específicos e divisíveis, prestados ao contribuinte ou postos a sua disposição;

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c) ERRADA. O poder regulamentar (ou, mais apropriado ao caso, o poder normativo) também se manifesta nas
ações relativas ao poder hierárquico e ao poder de polícia.
Em relação ao poder hierárquico, está presente na capacidade de a Administração Pública editar atos normativos
(resoluções, portarias, instruções) com o objetivo de ordenar a atuação dos órgãos subordinados. Segundo Maria
Di Pietro, trata-se de atos normativos de efeitos apenas internos (não obrigam pessoas estranhas à relação
hierárquica) e, por isso mesmo, inconfundíveis com os regulamentos (dotados de abstração e generalidade).
Quanto ao poder de polícia, também se manifesta mediante a edição de atos normativos (decretos, resoluções,
portarias, instruções et.), os quais têm o objetivo de disciplinar as limitações administrativas estabelecidas em lei,
regulamentando a sua aplicação aos casos concretos. Por exemplo, normas do Detran sobre trânsito, decretos da
Prefeitura sobre a ocupação do solo etc.
d) CERTA. Os poderes hierárquico e disciplinar se manifestam no âmbito interno da Administração. Quanto ao
poder disciplinar, o mais correto seria afirmar que incide sobre as pessoas sujeitas à “disciplina interna da
Administração”, a exemplo dos particulares que firmam contrato com o Poder Público ou dos estudantes de uma
escola pública. Tais pessoas, embora não pertencentes à Administração Pública formal, possuem um vínculo
específico com o Poder Público e, por isso, podem sofrer punições administrativas decorrentes do poder
disciplinar. Já o poder de polícia atinge os particulares em geral, independentemente de vínculo com a
Administração, a exemplo das ações de fiscalização de trânsito, a concessão de alvarás de construção, as inspeções
sanitárias etc.
e) ERRADA. Valem os comentários da questão anterior. No poder de polícia, por exemplo, não há necessidade de
interdependência funcional entre “quem o exerce e quem por ele é exercido”. O agente de trânsito pode multar
qualquer motorista infrator, sem haver qualquer relação funcional entre eles.

Gabarito: alternativa “d”


2. (ESAF – AFRFB 2009)
São elementos nucleares do poder discricionário da administração pública, passíveis de valoração pelo agente
público:

a) a conveniência e a oportunidade.
b) a forma e a competência.

c) o sujeito e a finalidade.
d) a competência e o mérito.
e) a finalidade e a forma.

Comentário: O poder discricionário é aquele que confere prerrogativa para a Administração praticar atos
discricionários, isto é, atos cuja execução admite que os agentes tenham certa margem de flexibilidade no que
tange ao chamado mérito administrativo, que se traduz na possibilidade de valoração da conveniência e
oportunidade da prática do ato.

Gabarito: alternativa “a”


3. (ESAF – ATRFB 2009)
Marque a opção incorreta.

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a) A expressão Administração Pública, em sentido estrito, compreende, sob o aspecto subjetivo, apenas os órgãos
administrativos e, sob o aspecto objetivo, apenas a função administrativa, excluídos, no primeiro caso, os órgãos
governamentais e, no segundo, a função política.
b) A expressão regime jurídico da Administração Pública é utilizada para designar, em sentido amplo, os regimes
de direito público e de direito privado a que pode submeter-se a Administração Pública.
c) Em decorrência do princípio da continuidade do serviço público, há a impossibilidade, para quem contrata com
a Administração, de invocar a exceptio non adimpleti contractus nos contratos que tenham por objeto a execução
de serviço público.
d) Por meio do princípio da tutela, a Administração Pública direta fiscaliza as atividades dos seus entes, com o
objetivo de garantir a observância de suas finalidades institucionais.
e) O abuso de poder pode ser definido, em sentido amplo, como o vício do ato administrativo que ocorre quando
o agente público exorbita em suas atribuições (desvio de poder), ou pratica o ato com finalidade diversa da que
decorre implícita ou explicitamente da lei (excesso de poder).
Comentários: Vamos analisar cada alternativa:

a) CERTA. Segundo a Professora Di Pietro, a Administração Pública pode ser assim classificada:
§ em sentido amplo, e considerada sob o aspecto subjetivo, abarca os órgãos governamentais, supremos,
constitucionais (Governo), aos quais incumbe traçar os planos de ação, dirigir, comandar, como também
os órgãos administrativos, subordinados, dependentes (Administração Pública, em sentido estrito), aos
quais incumbe executar os planos governamentais; ainda em sentido amplo, porém considerada sob o
aspecto objetivo, a Administração Pública compreende a função política, que traça as diretrizes
governamentais e a função administrativa, que as executa.
§ em sentido estrito, a Administração Pública compreende, sob o aspecto subjetivo, apenas os órgãos
administrativos e, sob o aspecto objetivo, apenas a função administrativa, excluídos, no primeiro caso,
os órgãos governamentais e, no segundo, a função política.

b) CERTA. A expressão “regime jurídico-administrativo” pode ser entendida em sentido estrito ou amplo. Em
sentido estrito, abrange as situações em que a administração atua sob regime de direito público, com prerrogativas
na relação com o administrado. Já a expressão em sentido amplo pode ser considerada como sinônimo de
“Regime Jurídico da Administração”, ou seja, cobre tanto as relações em que a Administração se sujeita a regime
de direito público, com prerrogativas em relação ao administrado, como também as relações em que se submete
ao regime de direito privado, em igualdade de condições com a parte oposta da relação.

c) CERTA. De fato, o princípio da continuidade do serviço público impossibilita a invocação da exceptio non
adimpleti contractus (exceção do contrato não cumprido) por parte de quem contrata com a Administração.
Assim, diferentemente do que ocorre no direito privado, em que o descumprimento do contrato por uma das
partes autoriza a outra a também descumpri-lo, no direito administrativo o particular não pode, dentro de certos
limites, interromper a execução do serviço em função do não pagamento do valor devido pela Administração. Em
regra, o que ele deve fazer é requerer, administrativa ou judicialmente, a rescisão do contrato e o pagamento de
perdas e danos, dando continuidade à sua execução até que obtenha ordem de autoridade competente para
paralisá-lo.

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d) CERTA. O princípio da tutela refere-se à supervisão exercida pela administração direta sobre as entidades da
administração indireta. Tal supervisão deve ser exercida nos termos e limites da lei; possui caráter finalístico, ou
seja, busca assegurar que as entidades atuem de acordo com a finalidade para a qual foram criadas.
e) ERRADA. A assertiva inverteu as definições. Na verdade, o excesso de poder ocorre quando agente público
exorbita em suas atribuições, enquanto há desvio de poder quando o agente pratica o ato com finalidade diversa
da que decorre implícita ou explicitamente da lei.

Gabarito: alternativa “e”


4. (Cespe – MP/PI 2018)
O poder disciplinar da administração pública é considerado discricionário nos procedimentos previstos para
apuração de faltas administrativas, tendo em vista que não existem regras rígidas, por exemplo, para considerar a
gravidade da infração e arbitrar uma pena.
Comentário:
O poder disciplinar, de fato, é considerado discricionário, mas apenas nos procedimentos previstos para apuração
da falta, uma vez que as normas administrativas não estabelecem regras rígidas, como as que existem na esfera
criminal. O quesito está correto, portanto.

Com efeito, na esfera administrativa, geralmente as sanções não são definidas taxativamente pela lei, havendo
quase sempre espaço para a Administração dosar a pena em função da gravidade da falta cometida. Veja-se, como
exemplo, a penalidade de suspensão, prevista na Lei 8.112/90, assim como as sanções de suspensão temporária e
declaração de inidoneidade, previstas na Lei 8.666/93. As referidas leis não estabelecem, de maneira rígida, a
extensão dessas sanções, mas apenas os limites, ficando a critério da Administração, em cada caso, definir o exato
período da pena, de maneira discricionária.
Ressalte-se, contudo, que a discricionariedade do poder disciplinar é limitada, existindo apenas nos
procedimentos previstos para apuração de faltas administrativas, como visto acima. Por outro lado, conforme
ensina Maria Sylvia Di Pietro, não existe discricionariedade em relação ao dever de punir, ou seja, a Administração
não tem liberdade de escolha entre punir e não punir, pois, tendo conhecimento de falta praticada por servidor,
tem necessariamente que instaurar o procedimento adequado para sua apuração e, se for o caso, aplicar a
pena cabível.

Gabarito: Certa
5. (Cespe – MP/PI 2018)
Decorre do poder disciplinar a prerrogativa da administração pública de punir internamente as infrações funcionais
de seus servidores e as infrações administrativas cometidas por particulares com quem o ente público tenha algum
vínculo.
Comentário:

Exatamente! O poder disciplinar fundamenta não apenas a aplicação de sanções disciplinares a servidores
públicos, mas também a aplicação de penalidades a particulares que possuem algum vínculo específico com o
Poder Público (como contrato administrativo ou matrícula em escolas públicas), em razão do descumprimento de
cláusulas desse vínculo.

Gabarito: Certa

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6. (CESPE – PM/AL 2018)


A autoexecutoriedade, atributo do poder de polícia, confere à administração pública a execução de suas decisões
por meios próprios, desde que autorizada por lei ou que seja verificada hipótese de medida urgente, sem a
necessidade de consulta prévia ao Poder Judiciário.
Comentário:

O enunciado traz uma ótima síntese sobre a questão!

A autoexecutoriedade é um atributo típico do poder de polícia, presente, sobretudo, nos atos repressivos de
polícia. Na definição de Hely Lopes Meirelles, esse atributo pode ser definido como “possibilidade que certos atos
administrativos ensejam de imediata e direta execução pela própria Administração, independentemente de
ordem judicial”.

Os professores Celso Antônio Bandeira de Mello e Maria Sylvia Di Pietro consideram que a autoexecutoriedade
existem em duas situações: quando a lei expressamente a prevê e, mesmo quando não expressamente prevista,
em situações de urgência.

Gabarito: Certa
7. (Cespe – PC/SE 2018)
São características do poder de polícia a discricionariedade, a autoexecutoriedade e a coercibilidade.
Comentário:
A doutrina tradicionalmente aponta três atributos do poder de polícia e dos atos administrativos resultantes de
seu regular exercício, que são exatamente a discricionariedade, autoexecutoriedade e coercibilidade.

Destrinchando de forma rápida cada uma dessas características, podemos dizer que a discricionariedade no
exercício do poder de polícia significa que a administração dispõe de uma razoável liberdade de atuação; a
autoexecutoriedade consiste na possibilidade que certos atos administrativos ensejam de imediata e direta
execução pela própria Administração, independentemente de ordem judicial prévia, como define Hely Lopes
Meirelles; finalmente, a coercibilidade é a possibilidade de as medidas adotadas pela administração pública serem
impostas coativamente ao administrado, inclusive mediante o emprego da força.

Gabarito: Certa
8. (Cespe – PC/SE 2018)
A polícia administrativa propõe-se a restringir o exercício de atividades ilícitas e, em regra, tem caráter preventivo.

Comentário: Na realidade o poder de polícia administrativa pode ser exercido preventiva ou repressivamente,
sendo tradicionalmente associado pela doutrina a uma ação preventiva em oposição a polícia judiciária que atua,
sobretudo, repressivamente, visando a punição dos infratores da lei penal.
De qualquer forma, quando exercido preventivamente, o poder público estabelece normas que limitam ou
condicionam a utilização de bens (públicos ou privados) ou o exercício de atividades privadas que possam afetar a
coletividade, exigindo que o particular obtenha anuência da administração pública previamente à utilização desses
bens ou ao exercício dessas atividades.

Gabarito: Certa

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9. (Cespe – PC/SE 2018)


O poder de polícia é indelegável.
Comentário:
Inexiste qualquer vedação à possibilidade de a lei efetuar delegação de atribuições de polícia administrativa a
pessoas jurídicas de direito público – autarquias e fundações públicas de direito público – as quais não podem
apenas editar leis, exercendo as demais atribuições da polícia administrativa.
Dessa forma, o poder de polícia é sim delegável.

A única polêmica sobre a essa matéria, que não é abordada pela questão, é a possibilidade de delegação do poder
de polícia para pessoas jurídicas de direito privado, como empresas públicas e sociedades de economia mista, o
que a doutrina entende não ser possível. O tópico é o tema 532 com repercussão geral reconhecida pelo STF.

Gabarito: Errada
10. (Cespe – Sefaz/RS 2018)
Um técnico tributário da secretaria de fazenda de determinado estado, no exercício de suas atividades regulares,
verificou, em um veículo transportador, carga sem o devido documento fiscal obrigatório para o seu transporte.
Por esse motivo, descarregou todas as mercadorias que estavam no veículo, para averiguar se havia outras
irregularidades.
Nessa situação, o servidor público exerceu o poder
a) de polícia, que consiste em atos repressivos, normativos e gerais, e que se caracteriza pela coercibilidade.

b) disciplinar, que consiste em atos repressivos, normativos e concretos, e que se caracteriza pela coercibilidade e
pela autoexecutoriedade.
c) de polícia, que consiste em atos preventivos e repressivos, normativos e concretos, e que se caracteriza pela
autoexecutoriedade e pela coercibilidade.
d) de polícia, que consiste em atos repressivos, concretos e discricionários, e que se caracteriza pela
delegabilidade.
e) disciplinar, que consiste em atos preventivos, de caráter concreto e de natureza vinculada, e que se caracteriza
pela coercibilidade.
Comentário:

A questão narra uma situação específica e pergunta sobre a incidência do poder de polícia ou do poder disciplinar
no caso concreto. Vejamos, então, as características de cada um dos referidos poderes e pensemos na hipótese
trazida com base em tais características.

O poder de polícia, segundo Hely Lopes Meirelles, é a faculdade de que dispõe a Administração Pública para
condicionar e restringir o uso e gozo de bens, atividades e direitos individuais, em benefício da coletividade ou
do próprio Estado. Em uma acepção restrita, esse poder abrange as atividades administrativas de regulamentação
e execução de leis que estabelecem normas primárias de polícia, sendo exercido preventiva ou repressivamente e
tendo como atributos a discricionariedade, a autoexecutoriedade e a coercibilidade.

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O poder disciplinar, por outro lado, é um poder-dever detido pela administração pública para apurar infrações e
aplicar penalidades aos servidores públicos e demais pessoas sujeitas à disciplina administrativa. Ele não
engloba normatização e conta com certa discricionariedade quando consideramos a sanção aplicada em cada
hipótese e sua gradação.

A simples caracterização de cada um desses poderes da Administração já deixa claro que apenas a alternativa
correta é a letra ‘c’, que é a única que traz todos os elementos corretos sobre o poder de polícia

Gabarito: Alternativa “c”.


11. (Cespe – Sefaz/RS 2018)
A responsabilização de servidor público que tenha negado publicidade a atos oficiais terá como fundamento os
poderes
a) disciplinar e hierárquico.

b) de polícia e disciplinar.
c) hierárquico e de polícia.

d) regulamentar e de polícia.
e) hierárquico e regulamentar.
Comentário:

O poder disciplinar possibilita à Administração Pública aplicar sanções aos servidores públicos e aos particulares
a ela ligados por um vínculo jurídico específico, como é o caso de contratos administrativos ou da relação
existente entre uma universidade federal e seus alunos, por exemplo.

Quando a administração pune infrações funcionais dos seus servidores, o poder punitivo identificado de forma
imediata no poder disciplinar pode decorrer indiretamente do poder hierárquico.

Gabarito: Alternativa “a”.


12. (Cespe – CAGE/RS 2018)
A respeito dos poderes administrativos, assinale a opção correta.
a) O exercício do poder disciplinar não admite delegação ou avocação de atribuições.
b) O exercício do poder disciplinar pode ser observado na imposição de multas de trânsito.

c) O poder regulamentar é o poder de a administração pública editar leis em sentido estrito.


d) A possibilidade de a administração pública restringir o gozo da liberdade individual em favor do interesse da
coletividade decorre do poder de polícia.

e) O poder hierárquico pode ser exercido pela União sobre uma sociedade de economia mista da qual ela seja
acionista.

Comentário:

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a) ERRADA. Existe possibilidade de delegação ou avocação de atribuições no exercício do poder disciplinar, a


exemplo da competência do Conselho Nacional de Justiça para avocar processo disciplinares em curso em face de
juízes (art. 103-B. §4º, III, CRFB/88).
b) ERRADA. O poder disciplinar consiste na possibilidade de aplicação de sanções àqueles submetidos à ordem
administrativa interna, ou seja, pessoas com vínculo jurídico específico com a Administração. Logo, a imposição
de multas de trânsito não decorre do poder disciplinar e sim do exercício do poder de polícia, que sujeita pessoas
com vínculo geral com o Poder Público.

c) ERRADA. O poder regulamentar é a faculdade de que dispõem os chefes do Poder Executivo para editar atos
administrativos normativos, a exemplo dos decretos regulamentares. As leis em sentido estrito são editadas pelo
Poder Legislativo, no exercício de sua típica atribuição legislativa.
d) CERTA. O poder de polícia, também denominado polícia administrativa, é a faculdade de que dispõe a
Administração Pública para condicionar ou restringir o uso de bens, o exercício de direitos e a prática de
atividades privadas, tudo com vistas a proteger os interesses gerais da coletividade.
e) ERRADA. Não há hierarquia entre as entidades da administração indireta (ex.: sociedade de economia mista) e
a administração direta (ex.: União).

Gabarito: alternativa “d”


13. (Cespe – CGM/JP 2018)
Define-se poder vinculado da administração pública como a faculdade do gestor público de determinar condutas
vinculadas à sua conveniência e oportunidade, observada a legalidade.
Comentário:
Item errado. Na verdade, é o poder discricionário que permite ao administrador público praticar atos
administrativos com margem de discricionariedade, mediante análise da conveniência e oportunidade (mérito
administrativo). O poder vinculado se relaciona com a prática de atos vinculados, isto é, atos cuja forma de
execução está inteiramente definida na lei.

Gabarito: Errado
14. (Cespe – PC/MA 2018)
Com relação aos poderes administrativos, a prerrogativa da administração pública de editar atos normativos para
ordenar a atuação de órgãos subordinados decorre do exercício do poder
a) discricionário.

b) disciplinar.
c) de polícia.
d) regulamentar.
e) hierárquico.

Comentários
a) ERRADA. O poder discricionário compreende a prática de atos administrativos discricionários, com atuação
do agente com relativa liberdade na escolha do motivo do ato e de seu objeto (conteúdo). Nesse sentido, a

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eventual discricionariedade dos atos normativos não embasa a prerrogativa da administração pública editar atos
para ordenar atuação de órgãos subordinados.
Trata especificamente da relativa liberdade de atuação da administração em observância à legalidade.
b) ERRADA. O poder disciplinar fundamenta a aplicação de sanções aos servidores e aos particulares com algum
vínculo específico com a administração (contrato administrativo, por exemplo), não ensejando prática normativa
abstrata.
c) ERRADA. O poder de polícia, em sentido amplo, abrange toda e qualquer ação restritiva do Estado em relação
aos direitos individuais, inclusive a função do poder legislativo editar normas. Em sentido estrito o poder de polícia
envolve apenas regulamentação e execução de leis que estabelecem normas primárias. De qualquer forma, em
nenhuma das suas acepções embasa atos normativos que ordenam a atuação de órgãos subordinados.
d) ERRADA. O poder regulamentar é exercido, segundo doutrina majoritária, de forma privativa pelo chefe do
poder executivo para, resumidamente: (a) dar fiel cumprimento às leis, no caso do decreto regulamentar (art. 84,
IV da Cf/88) e (b) dispor sobre a organização e funcionamento da administração pública (art. 84, VI da CF/88).
Não é esse o poder tratado no enunciado, uma vez que não há referência a atuação do chefe do executivo e, além
disso, temos uma caracterização específica que atrai o exercício do poer hierárquico.
e) CERTA. O poder hierárquico, segundo Maria Sylvia di Pietro, engloba a prerrogativa de editar atos normativos
(resoluções, portarias, instruções), com o objetivo de ordenar a atuação dos órgãos subordinados.
Tratam-se de atos normativos de efeitos apenas internos e, por isso mesmo, inconfundíveis com os regulamentos;
são apenas e tão somente decorrentes da relação hierárquica, razão pela qual não obrigam pessoas a ela
estranhas16.

Gabarito: alternativa “e”


15. (Cespe – PC/MA 2018)
A administração pública detém determinados poderes, a partir dos quais busca satisfazer o interesse público, que
se sobrepõe ao interesse privado. Nesse sentido, o poder de cada ente administrativo de apurar infrações e aplicar
penalidades a servidores públicos consiste no poder

a) disciplinar.
b) vinculado.

c) discricionário.
d) hierárquico.
e) regulamentar.

Comentário:
A aplicação de sanções, segundo a doutrina, decorre tanto do poder disciplinar como do poder hierárquico. Porém,
dentre esses dois, podemos dizer que em primeiro plano, de forma imediata, a aplicação de sanções é uma
manifestação do poder disciplinar e, apenas em segundo plano, de forma mediata, do poder hierárquico.

16 Direito Administrativo, 30ª ed. (2017) - Maria Syvia Zanella Di Pietro. Seção 3.4.3

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Presentes nas alternativas as duas opções acima, existe predominância do poder disciplinar que deve ser
considerada. Essa é uma tendência interpretativa das bancas de concursos.
Ressalte-se um ponto que não influi na resolução da questão acima, mas é um complemento importante: somente
derivam do poder hierárquico as sanções disciplinares aplicadas aos servidores públicos que praticam infrações
funcionais, não estendendo-se o poder hierárquico às sanções aplicadas a pessoas em razão de vínculo contratual
estabelecido com a Administração. Essa segunda hipótese tem como fundamento apenas o poder disciplinar.

Gabarito: alternativa “a”


16. (Cespe – PC/MA 2018)
Em relação ao poder de polícia, julgue os itens a seguir.
I – O poder de polícia não tem relação com o direito do consumidor.
II – O poder de polícia será sempre exercido em caráter vinculado, nos estritos termos da lei que autoriza o seu
exercício.
III – A polícia judiciária é privativa de corporações especializadas — polícias civis e militares —, enquanto a polícia
administrativa se distribui entre diversos órgãos da administração.
Assinale a opção correta.

a) Apenas o item I está certo.


b) Apenas o item II está certo.
c) Apenas o item III está certo.

d) Apenas os itens I e II estão certos.


e) Apenas os itens II e III estão certos.
Comentário: Antes de comentar cada um dos itens acima, vamos definir resumidamente poder de polícia.
A definição de poder de polícia, de forma simplificada, refere-se a prerrogativa da Administração Pública
condicionar e restringir o uso e gozo de bens, atividades e direitos individuais, em beneficio da coletividade
ou do Estado. Em sentido amplo engloba a atividade legislativa e em sentido estrito restringe-se a
regulamentação e aplicação das normas primárias do poder de polícia.

I – ERRADA. Considerando a definição acima, não há como excluir a relação entre o poder de polícia e a defesa do
consumidor. De fato a atuação do poder de polícia é muito ampla e envolve, entre outras áreas, saúde, meio
ambiente, defesa do consumidor, patrimônio cultural.
Essa atuação é facilmente perceptível através de exemplos práticos. O Procon que é um órgão de defesa do
consumidor, por exemplo, atua com base no poder de polícia, aplicando sanções previstas em leis na fiscalização
das leis consumeristas e a ANATEL, que é uma autarquia, atua nas relações consumeristas do ramo das
telecomunicações também com base no poder de polícia.
II – ERRADA. O poder de polícia, em regra, é discricionário e não vinculado e mesmo assim existem casos em que
os atos por ele embasados serão vinculados, como ocorre com as concessões de licenças para construções.
III – CERTA. Essa diferença é apontada por Maria Sylvia di Petro exatamente da forma referenciada por este item.
De fato, a polícia administrativa é desempenhada por órgãos administrativos de caráter fiscalizador, integrantes

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dos mais diversos setores de toda a administração, enquanto a polícia judiciária é privativa de corporações
específicas como a polícia civil e federal.

Gabarito: alternativa “c”


17. (Cespe – TCE/PE 2017)
Ainda que a lei ofereça ao agente público mais de uma alternativa para o exercício do poder de polícia, a autoridade
terá limitações quanto ao meio de ação.
Comentário:
A Administração somente pode empregar os meios de ação previstos em lei. Em outras palavras, a autoridade
deverá observar as limitações quanto ao meio de ação previstas em lei. Por exemplo, se para penalizar
determinada infração de trânsito a lei prever a aplicação de multa, a autoridade não poderá promover a apreensão
do veículo ou a cassação da carteira do motorista.

Gabarito: Certa
18. (Cespe – TCE/PE 2017)
Caso se conclua, em processo disciplinar, que um servidor praticou infração que enseja a pena de demissão, o
administrador, após avaliar a gravidade da falta e os danos causados, não poderá exercer sua discricionariedade
para aplicar pena diversa.
Comentário:
A aplicação da pena prevista em lei não está sujeita à discricionariedade do administrador. Assim, diante de
infração administrativa que a lei indica como passível de demissão, o agente público não poderá aplicar pena
diversa, pois essa sanção não admite gradação.

Gabarito: Certa
19. (Cespe – TCE/PE 2017)
Uma aluna de um colégio estadual, maior de dezoito anos de idade, foi flagrada depredando o mobiliário da escola.
Em razão disso, o diretor do colégio aplicou a ela uma penalidade de suspensão por três dias, na forma do
regimento da instituição. Atos como o do diretor do colégio, por consistirem na aplicação de penalidade
administrativa simples, dispensam o cumprimento do devido processo legal.
Comentário:
A aplicação de penalidades administrativas, ainda que simples, devem sempre observar o devido processo legal.

Gabarito: Errada

20. (Cespe – TCE/PE 2017)


Uma aluna de um colégio estadual, maior de dezoito anos de idade, foi flagrada depredando o mobiliário da escola.
Em razão disso, o diretor do colégio aplicou a ela uma penalidade de suspensão por três dias, na forma do
regimento da instituição. O ato do diretor do colégio é exemplo de exercício do poder disciplinar pela
administração pública.
Comentário:

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Como a aluna do colégio encontrava-se ligada ao colégio público por um vínculo específico (matrícula), a punição
aplicada pelo diretor insere-se sim no âmbito do poder disciplinar da Administração.

Gabarito: Certa
21. (Cespe – PC/GO 2017)
A avocação se verifica quando o superior chama para si a competência de um órgão ou agente público que lhe seja
subordinado. Esse movimento, que é excepcional e temporário, decorre do poder administrativo hierárquico.
Comentário:
De fato, a avocação é ato discricionário, de caráter excepcional, mediante o qual o superior hierárquico atrai para
si o exercício temporário de determinada competência exercida por um subordinado. Assinale-se que a avocação
desonera o subordinado de toda responsabilidade pelo ato avocado pelo superior.
Lembrando que o poder hierárquico é aquele que permite ao superior hierárquico exercer determinadas
prerrogativas sobre seus subordinados, especialmente as de dar ordens, fiscalizar, controlar, aplicar sanções,
delegar e avocar competências.

Gabarito: Certa
22. (Cespe – SEDDF 2017)
O poder de polícia administrativo é uma atividade que se manifesta por meio de atos concretos em benefício do
interesse público. Por conta disso, a administração pode delegar esse poder a pessoas da iniciativa privada não
integrantes da administração pública.
Comentário:

A maior parte da doutrina, assim como o Supremo Tribunal Federal (STF), não admite a delegação de poder de
polícia a pessoas privadas não integrantes da Administração Pública formal, ainda que efetuada por meio de lei.
Portanto, a questão está errada.
Entretanto, vale lembrar que é possível o Poder Público atribuir a pessoas privadas, mediante contrato, a
operacionalização de máquinas e equipamentos em atividades de fiscalização, a exemplo da triagem feita em
aeroportos para detectar eventual porte de objetos ilícitos ou proibidos. No caso, o Estado não transfere a
titularidade do poder de polícia, ou seja, não se trata de delegação, e sim de mera atribuição operacional.

Gabarito: Errada
23. (Cespe – SEDF 2017)
José, chefe do setor de recursos humanos de determinado órgão público, editou ato disciplinando as regras para
a participação de servidores em concurso de promoção.

A respeito dessa situação hipotética, julgue o item seguinte.


A edição do referido ato é exemplo de exercício do poder regulamentar.

Comentário:
O poder regulamentar confere ao Chefe do Poder Executivo a prerrogativa para editar decretos de execução,
com vistas a dar fiel cumprimento às leis, ou decretos autônomos, nas hipóteses previstas na CF. Segundo a
doutrina, os atos de natureza normativa editados por outros agentes públicos, como o José da questão, possuem

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fundamento no chamado poder normativo, que não se confunde com o poder regulamentar. Na verdade, o poder
normativo seria gênero (mais amplo, abrangendo toda a atividade normativa da Administração), do qual o poder
regulamentar seria uma espécie (mais restrito, abrangendo apenas a edição de decretos pelo chefe do Executivo).
Portanto, a meu ver, a questão deveria ser considerada errada.

Com efeito, penso que o poder que melhor se enquadra na situação hipotética do item é o poder hierárquico, o
qual, dentre outras prerrogativas, assegura ao agente público a capacidade de dar ordens com o fim de assegurar
o adequado funcionamento dos serviços sob sua responsabilidade. Essa prerrogativa também é conhecida como
poder comando.
Segundo a doutrina, além de ordens diretas, verbais ou escritas, direcionadas a um subordinado específico, o
poder de comando também pode ser exercido mediante a edição de atos administrativos ordinários, como
ordens de serviço, portarias, instruções, circulares internas etc., que obrigam de forma indistinta todos os
subordinados aos quais se destina.
Note que tal disciplina se enquadra perfeitamente na situação descrita no enunciado.
Não obstante, a banca não considerou esse entendimento, e entendeu que o ato normativo editado por José
constitui exemplo de exercício do poder regulamentar. Infelizmente, por vezes ocorre de as bancas tratarem poder
normativo e poder regulamentar como se fossem a mesma coisa. A rigor, não são. De qualquer forma, vale atentar
para esse problema nas provas.

Gabarito: Certa
24. (Cespe – SEDF 2017)
Mauro editou portaria disciplinando regras de remoção no serviço público que beneficiaram, diretamente, amigos
seus. A competência para a edição do referido ato normativo seria de Pedro, superior hierárquico de Mauro. Os
servidores que se sentiram prejudicados com o resultado do concurso de remoção apresentaram recurso quinze
dias após a data da publicação do resultado.
Nessa situação hipotética,
Mauro não agiu com abuso de poder.

Comentário:
Mauro agiu sim com abuso de poder, nas suas duas modalidades: excesso de poder, por ter praticado um ato fora
dos limites das suas competências, e desvio de poder, por ter praticado um ato para favorecer seus amigos, sem
observar o interesse público.

Gabarito: Errada
25. (Cespe – SEDF 2017)
Maurício, chefe imediato de João (ambos servidores públicos distritais), determinou que este participasse de
reunião de trabalho em Fortaleza – CE nos dias nove e dez de janeiro. João recebeu o valor das diárias. No dia oito
de janeiro, João sofreu um acidente de carro e, conforme atestado médico apresentado para Maurício, teve de
ficar de repouso por três dias, razão pela qual não pôde viajar. Essa foi a primeira vez no bimestre que João teve
de se afastar do serviço por motivo de saúde.

Acerca dessa situação hipotética e de aspectos legais e doutrinários a ela relacionados, julgue o item a seguir.

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A competência de Maurício para determinar que João participasse da reunião de trabalho decorre do poder
hierárquico.
Comentário:
O poder hierárquico é aquele que permite ao superior hierárquico dar ordens, fiscalizar, controlar, aplicar sanções,
delegar e avocar competências. Neste caso, Maurício (superior) deu uma ordem para o seu subordinado, João.
Esta capacidade de ordenar deriva do Poder Hierárquico.

Gabarito: Certo
26. (Cespe – SEDF 2017)
No que se refere aos poderes administrativos, aos atos administrativos e ao controle da administração, julgue o
item seguinte. O fato de a administração pública internamente aplicar uma sanção a um servidor público que tenha
praticado uma infração funcional caracteriza o exercício do poder de polícia administrativo.
Comentário:
Essa questão traz um dos principais “peguinhas” explorados por bancas de concurso público: tentar confundir os
candidatos com o Poder de Polícia e o Poder Disciplinar. Existem duas principais medidas que a administração é
capaz de executar que são derivadas do Poder Disciplinar: i) punir internamente as infrações funcionais de seus
servidores; ii) punir infrações administrativas cometidas por particulares a ela ligados mediante algum vínculo
específico (contrato, convênio etc). Nessa questão, temos a aplicação de uma punição por infração funcional a
um servidor público – o que representa diretamente o Poder Disciplinar, e não o Poder de Polícia. Note as duas
expressões chaves que identificam o Poder Disciplinar: “infração funcional” e “servidor público”.

Gabarito: Errado

27. (Cespe – TCE/PA 2016)


Acerca dos servidores públicos, dos poderes da administração pública e do regime jurídico-administrativo, julgue
o item que se segue.
Situação hipotética: O proprietário de determinado restaurante recebeu notificação na qual constava a
determinação de que a obra que havia sido irregularmente realizada na calçada do referido estabelecimento, para
a colocação de mesas, teria de ser demolida. Assertiva: Nesse caso, decorrendo o prazo sem cumprimento da
ordem, a administração poderá promover a demolição sob o manto da autoexecutoriedade dos atos
administrativos e do poder de polícia.

Comentário:
Como vimos, o poder que incide sobre bens, direitos e atividades é o Poder de Polícia. No caso, uma obra sendo
notificada por estar em lugar irregular representa a incidência do Poder de Polícia em uma atividade. Um dos
atributos do Poder de Polícia é autoexecutoriedade, que consiste na possibilidade de que certos atos
administrativos sejam executados de forma imediata e direta pela própria Administração, independentemente de
ordem judicial. Para ocorrer a demolição de obra irregular, após notificações, não é necessária uma autorização
judicial, pois a administração possui essa prerrogativa - isto representa o Poder de Polícia e a atuação
autoexecutória deste Poder.

Gabarito: Certo

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28. (Cespe – TCE/SC 2016)


Com base na doutrina e nas normas de direito administrativo, julgue o item que se segue. Situação hipotética:
Diante da ausência de Maria, servidora pública ocupante de cargo de nível superior, João, servidor público
ocupante de cargo de nível médio, recém-formado em Economia, elaborou determinado expediente de
competência exclusiva do cargo de nível superior ocupado por Maria. Assertiva: Nessa situação, o servidor agiu
com abuso de poder na modalidade excesso de poder.
Comentário:

Questão está certa. Como vimos, o excesso de poder se caracteriza por uma conduta que extrapola a competência
ou que seja desproporcional. Na questão hipotética, João invadiu a competência de Maria ao elaborar um
expediente exclusivo dela. Essa situação, portanto, caracteriza o excesso de poder.

Gabarito: Certo
29. (Cespe – DPU 2016)
No que se refere aos poderes da administração pública e aos serviços públicos, julgue o item subsecutivo.
Configura-se desvio de poder ou de finalidade quando o agente atua fora dos limites de suas atribuições, ou seja,
no caso de realizar ato administrativo não incluído no âmbito de sua competência.
Comentário:
O desvio de poder se caracteriza por condutas com vício de finalidade, contrárias à lei ou ao interesse público. O
excesso de poder, por sua vez, ocorre quando o agente age fora das suas atribuições, ou seja, com vício de
competência ou com atuações desproporcionais. A questão descreve o excesso de poder, e não o desvio.

Gabarito: Errado
30. (Cespe – TCE/PA 2016)
A discricionariedade administrativa fundamenta-se, entre outros elementos, na incapacidade da lei de prever
todas as situações possíveis e regular minuciosamente a maneira de agir do agente público diante de cada uma
delas. Assim, confere-se ao agente a prerrogativa de eleger, entre as condutas viáveis, a que se apresentar mais
conveniente e oportuna à luz do interesse público.
Comentário:

A questão está correta. Como vimos, a lei não é capaz de prever rigidamente todas as situações que podem ocorrer
na realidade. Assim, a própria lei oferece a possibilidade de valoração da conduta pelo agente, para que ele possa
enfrentar as diversas situações que podem ocorrer na prática, isto é, permite ao agente avaliar a conveniência e
oportunidade dos atos que vai praticar.
O grande detalhe do poder discricionário é que, embora ele garanta essa margem de escolha, os agentes devem
respeitar os limites da lei e os princípios da administração - sempre à luz do interesse público. Ou seja, não é uma
margem de escolha absolutamente livre.

Gabarito: Certa
31. (Cespe – TCE/PA 2016)
Quando um servidor detentor de cargo de chefia assina expediente em concordância com o conteúdo de ato
elaborado por servidor subordinado, está caracterizada uma expressão do poder hierárquico.

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Comentário:
Dentre as prerrogativas decorrentes do poder hierárquico está a que permite ao superior fiscalizar e acompanhar,
de modo permanente, a atuação de seus subordinados. Como decorrência lógica do poder de fiscalizar, existe o
poder de controle, que permite ao superior tomar medidas concretas face às constatações surgidas no
acompanhamento das atividades de seus subordinados. O poder de controle compreende, assim, a manutenção
dos atos válidos, convenientes e oportunos, a convalidação de atos com defeitos sanáveis, a anulação de atos
ilegais e a revogação de atos discricionários inoportunos ou inconvenientes.

Gabarito: Certa
32. (Cespe – TCE/PA 2016)
A prerrogativa da administração de impor sanções a seus servidores, independentemente de decisão judicial,
decorre imediatamente do poder disciplinar e mediatamente do poder hierárquico.
Comentário:
O poder disciplinar é correlato com o poder hierárquico, mas com ele não se confunde. Quando a Administração
pune infrações funcionais de seus servidores, faz uso tanto do poder disciplinar como do poder hierárquico. Porém,
neste caso, o poder disciplinar estaria mais próximo, ou seja, seria aquele poder diretamente relacionado ao ato
de punir. Já o poder hierárquico estaria um pouco mais distante, dando apenas a competência para o agente
praticar o ato de punição sobre aquele determinado servidor. Por isso é que se diz que a imposição de sanções
disciplinares a servidores decorre imediatamente do poder disciplinar e mediatamente do poder hierárquico.

Gabarito: Certa
33. (Cespe – TCE/PA 2016)
Os atos decorrentes do poder regulamentar têm natureza originária e visam ao preenchimento de lacunas legais
e à complementação da lei.
Comentário:
O exercício do poder regulamentar, notadamente na edição de decretos de execução, deve ser sempre adstrito
aos limites da lei, não podendo extrapolá-la. Assim, os decretos possuem natureza secundária, e não primária, pois
não podem inovar o ordenamento jurídico além do que prevê a lei.

Gabarito: Errada
34. (Cespe – MPTCE/PB 2014)
Assinale a opção correta com relação aos poderes da administração pública e ao poder de polícia.
a) O fundamento do poder de polícia é a predominância do interesse público sobre o particular, o que torna
ilegítima qualquer discricionariedade no exercício desse poder.
b) No estado de polícia, o jus politiae abrangia um conjunto de normas postas pelo príncipe, com a intromissão na
vida dos particulares, ideia que passou a ser repensada no estado de direito.
c) A construção de poder de polícia no estado de direito, sem abandonar a filosofia do laissez faire e sem
aproximação do coletivismo, visa regular os direitos privados e limitar o poder do príncipe.

d) O MP junto aos tribunais de contas não pode exercer o poder hierárquico por ser este exclusivo do Poder
Executivo.

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e) Os atos administrativos ordinatórios emanam do poder disciplinar e não do poder hierárquico e, por isso, podem
ser expedidos por qualquer autoridade aos seus subordinados, mas não podem inovar quanto à legislação
existente.
Comentário:

Vamos analisar todas as alternativas:


a) ERRADA. Um dos atributos do poder de polícia reconhecidos pela doutrina é a discricionariedade (os outros
dois são: autoexecutoriedade e coercibilidade). Há exercício discricionário do poder de polícia quando, por
exemplo, a Administração decide o melhor momento de fiscalizar determinada atividade, qual o meio de ação
mais adequado, qual a sanção cabível diante das previstas na norma legal, etc.

b) CERTA. Conforme ensina Maria Sylvia Di Pietro, na Idade Média o príncipe era detentor de um poder conhecido
como jus politiae, que lhe conferia poderes amplos de ingerência na vida privada dos cidadãos, incluindo sua vida
religiosa e espiritual, sempre sob o pretexto de alcançar o bem-estar coletivo. Esse poder do príncipe se colocava
fora do alcance dos Tribunais. Com o Estado de Direito, passou-se a repensar o jus politiae, pois não mais se admitia
a existência de leis a que o próprio príncipe não submetia.
c) ERRADA. Questãozinha maldosa! Um dos aspectos do coletivismo, em contraponto ao individualismo, é que
os objetivos do grupo são mais importantes que os individuais. Nesse sentido, é errado dizer que o poder de polícia,
no Estado de Direito, não se aproxima do coletivismo, pois seu objetivo é justamente regular os direitos privados
com vistas a assegurar o bem da coletividade.
d) ERRADA. O poder hierárquico é inerente a qualquer organização administrativa. Portanto, se manifesta em
todos os órgãos administrativos, os quais existem em todos os Poderes, incluindo Ministério Público e Tribunal de
Contas, e não apenas no Executivo.
e) ERRADA. Os atos administrativos ordinários (como editar normativos, dar ordens, controlar, anular, revogar,
aplicar sanções, etc.) emanam do poder hierárquico, e não do disciplinar.

Gabarito: alternativa “b”


35. (Cespe – TJ/RR 2013)
Acerca dos poderes da administração pública, assinale a opção correta.
a) Segundo o STF, decreto autônomo que dispuser sobre a extinção de cargos públicos vagos será inconstitucional,
por extrapolar os limites do poder regulamentar conferido ao chefe do Poder Executivo.
b) Os atos administrativos praticados no exercício do poder de polícia caracterizam-se pela autoexecutoriedade,
razão por que não são passíveis de questionamento perante o Poder Judiciário.

c) O regimento interno de um órgão é expressão do poder hierárquico desse órgão.


d) As sanções impostas pela administração aos particulares são exemplos de exercício do poder disciplinar.
e) O Conselho Administrativo de Defesa Econômica, mesmo sendo uma autarquia federal vinculada ao Ministério
da Justiça, não está sujeito ao poder hierárquico desse ministério.
Comentário:

Vamos analisar cada alternativa.

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a) ERRADA. A EC 32/2001 alterou a redação do art. 84, VI da CF, passando a atribuir competência ao Presidente
da República para dispor mediante decreto sobre:
Art. 84. Compete privativamente ao Presidente da República:
VI - dispor, mediante decreto, sobre:

a) organização e funcionamento da administração federal, quando não implicar aumento de despesa nem
criação ou extinção de órgãos públicos;
b) extinção de funções ou cargos públicos, quando vagos;
A maior parte da doutrina considera que esse dispositivo confere competência ao chefe do Poder Executivo para
editar decretos autônomos, isto é, decretos que não se prestam a regulamentar alguma lei anterior, e sim para
disciplinar matérias previstas diretamente na Constituição, as quais se restringem aos assuntos listados nas alíneas
“a” e “b” do art. 84, VI. Alguns administrativistas, contudo, entendem que não se trata de hipótese de decreto
autônomo, uma vez que a norma do Poder Executivo editada com base nesse dispositivo não tem o condão de
criar, diretamente, direitos ou obrigações a terceiros. Não obstante a divergência doutrinária, percebe-se que não
há como o STF considerar inconstitucional um decreto autônomo do Poder Executivo que dispuser sobre a
extinção de cargos públicos vagos, pois tal competência está expressamente prevista no art. 84, VI, “b” da CF.
b) ERRADA. De fato, os atos administrativos praticados no exercício do poder de polícia caracterizam-se pela
autoexecutoriedade, o que significa que eles produzem efeitos independentemente da manifestação prévia do
Poder Judiciário. Contudo, o atributo da autoexecutoriedade não isenta os atos de polícia de questionamentos
futuros perante o Judiciário, afinal em nosso ordenamento jurídico qualquer lesão ou ameaça a direito poderá ser
levada à apreciação judicial.
c) ERRADA. O regimento interno é um ato normativo, portanto, expressão do poder normativo, daí o erro.
Contudo, a questão gera dúvidas, pois o poder regulamentar também é usado para dar forma ao poder
hierárquico. Veja, por exemplo, que quando determinado órgão edita seu regimento interno, no uso do poder
normativo, também está ordenando a atuação dos seus órgãos subordinados, no uso do poder hierárquico.
Portanto, aqui vale a máxima da opção “mais certa” ou “menos errada”, demonstrando que, nas provas, deve-se
ter certa flexibilidade.
d) ERRADA. As sanções impostas pela administração aos particulares “em geral” são exemplos de exercício do
poder de polícia. O poder disciplinar, por sua vez, fundamenta as sanções impostas apenas aos particulares que
possuem algum vínculo com o Estado, como contratos e convênios.
e) CERTA. A hierarquia ocorre sempre dentro de uma mesma pessoa jurídica. Lembre-se de que as entidades da
administração indireta possuem personalidade jurídica própria, diferente da pessoa política instituidora. Dessa
forma, entre a administração direta e as entidades da administração indireta não existe hierarquia, mas apenas
vinculação para fins de controle finalístico (supervisão ministerial). Logo, o CADE (uma autarquia integrante da
administração indireta) não se acha subordinado ao Ministério supervisor.

Gabarito: alternativa “e”

36. (FCC – TJAA TRT/PE 2018)

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Considere hipoteticamente um ato administrativo exarado por autoridade incompetente. Em relação aos
denominados atributos dos atos administrativos, o referido ato
a) não produzirá efeitos, tampouco obrigará terceiros, independentemente da sua invalidação, ante o princípio
que desobriga o cumprimento de ordens manifestamente ilegais.

b) não produzirá efeitos, tampouco obrigará terceiros, independentemente da sua invalidação, o que se denomina
imperatividade.
c) produzirá efeitos e deverá ser cumprido, a menos que decretada, pelo Poder Judiciário, sua invalidade, sendo
vedada a autotutela na hipótese, o que se denomina executoriedade.
d) produzirá efeitos e deverá ser cumprido, enquanto não decretada, pela própria Administração ou pelo Poder
Judiciário, sua invalidade, o que se denomina presunção de legitimidade ou veracidade.
e) produzirá efeitos e deverá ser cumprido, enquanto não decretada, pela própria Administração ou pelo Poder
Judiciário, sua invalidade, o que se denomina autoexecutoriedade.
Comentários:
a) ERRADO. Essa questão e a letra ‘a’, aborda uma dúvida muito comum entre os alunos que é a possibilidade de
atos inválidos produzirem efeitos antes da sua anulação ou sustação.
Frequentemente, a fonte das dúvidas é o fato de o servidor público não ser legalmente obrigado a cumprir ordens
manifestamente ilegais (art. 116, IV, Lei 8.112/90), o que é exceção a necessidade de obediência hierárquica. A
referida regra não retira a eficácia dos atos administrativos ilegais, mas vemos que os termos usados pela banca
“o princípio que desobriga o cumprimento de ordens manifestamente ilegais” possivelmente confundiriam os
candidatos.
De qualquer forma, o importante para a resolução da questão é saber, que entre os atributos dos atos
administrativos, encontra-se a presunção de legitimidade que autoriza a imediata execução de um ato
administrativo ainda que esse sofra de vícios ou defeitos aparentes, produzindo efeitos como se fosse válido
até a sua anulação ou sustação pela Administração ou pelo Poder Judiciário.
Esse atributo é muito importante, pois garante à Administração o exercício célere das suas atribuições, o que seria
travado se fosse necessária a manifestação prévia do Poder Judiciário sobre a validade dos atos administrativos
para que esses tivessem eficácia. Da mesma forma, o funcionamento do poder público seria obstado se coubesse
aos administrados juízo de valor sobre a legalidade dos atos.

Deve ficar claro que o ato ilegal não apenas é passível de anulação pela Administração ou pelo Poder Judiciário,
mas, em caso de flagrante ilegalidade, os seus efeitos podem ser suspensos, existindo instrumentos para tanto,
como o mandado de segurança, ou mesmo tutelas de urgência nas ações judiciais. A presunção de legitimidade é
relativa.
b) ERRADO. Conforme explicação da alternativa anterior, a letra ‘b’ está igualmente errada. Acrescente-se que a
imperatividade traduz, na realidade, a possibilidade de a Administração Pública criar obrigações para os
administrados, ou impor restrições unilateralmente, e é observada em determinadas espécies de atos
administrativos.

c) ERRADO. A Administração Pública, como decorrência da autotutela, pode rever os seus próprios atos. Isso
significa, nos termos da Súmula 473 do STF, que a administração pode anular seus próprios atos, quando eivados

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de vícios que os tornam ilegais, porque deles não se originam direitos; ou revogá-los, por motivo de conveniência
ou oportunidade, respeitados os direitos adquiridos, e ressalvada, em todos os casos, a apreciação judicial.
A executoriedade trazida na alternativa não tem relação com a autotutela e é simplesmente a possibilidade de a
administração praticar diretamente um ato administrativo, ou compelir direta e materialmente o administrado a
praticá-lo. Trata-se de um atributo descrito por Celso Antônio Bandeira de Mello.
d) CERTO. A alternativa está correta, conforme todas as explicações anteriores.
e) ERRADO. O fragmento final macula a letra ‘e’, já que o atributo descrito é a presunção de legitimidade. A
autoexecutoriedade é o atributo que permite a implementação material direta pela administração do ato
administrativo, sendo dividido, por vezes, entre exigibilidade e executoriedade do ato.

Gabarito: alternativa “d”


37. (FCC – ALESE 2018)
João é Prefeito do Município X e, no exercício de seu poder regulamentar, expediu decreto alterando determinada
lei. A conduta narrada
a) implicou abuso do poder regulamentar, vez que houve invasão da competência do Poder Legislativo.
b) está correta, pois o poder regulamentar é a prerrogativa conferida à Administração pública de editar atos de
caráter geral e abstrato que permitam a efetiva aplicação da lei, podendo, portanto, acarretar a alteração
legislativa
c) não é legítima, em razão do instrumento utilizado para formalizar o poder regulamentar, vez que tal poder se
exterioriza, exclusivamente, por meio dos regulamentos autônomos.
d) está correta, pois o poder regulamentar é a prerrogativa conferida à Administração pública de editar atos de
caráter individual, que permitam a efetiva aplicação da lei, podendo, portanto, acarretar a alteração legislativa.
e) não é legítima, em razão do instrumento utilizado para formalizar o poder regulamentar, vez que tal poder se
exterioriza, exclusivamente, por meio das resoluções.
Comentário:
Para entender a questão integralmente devemos entender os tópicos abordados referentes ao poder
regulamentar, seus instrumentos e prerrogativas, diferenciado-o do poder normativo e esclarecendo a sua posição
hierárquica em relação às leis.

Nesse sentido, temos que a administração conta com o poder normativo, que é poder editar regulamentos
autorizados. Ou seja, diversos órgãos e autoridades administrativas e mesmo entidades da administração indireta
editam atos administrativos normativos, sendo parte do chamado poder normativo. Atos normativos editados
pela administração como decorrência desse poder são aqueles que têm efeitos gerais, atingindo todos os que se
encontram na mesma situação por ele regulada. Por exemplo: regimentos, resoluções, deliberações e portarias.
Esses atos como o nome revela são normas, apesar de não serem leis, estando em hierarquia inferior às leis e
sendo classificados como normas secundárias (uma exceção seria o decreto autônomo).
O poder regulamentar encontra-se dentro do poder normativo, segundo a maioria da doutrina, e diz respeito a
faculdade dos chefes do Poder Executivo editarem atos administrativos normativos, que são especificamente os
decretos regulamentares ou de execução, que buscam dar fiel execução às leis, e os decretos autônomos. O

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poder normativo é mais amplo e abrange a capacidade normativa da administração como um todo, o poder
regulamentar é mais restrito a abrange os chefes do poder executivo.
A questão descreve a edição de decreto (poder regulamentar) por um prefeito (chefe do Poder Executivo) que
altera a lei no lugar de buscar a sua fiel execução, implicando abuso do poder regulamentar, vez que houve
invasão da competência do Poder Legislativo, como revela a alternativa ‘a’.

Gabarito: alternativa “a”


38. (FCC – ALESE 2018)
Marcos, servidor público titular de cargo efetivo, inscreveu-se em concurso de promoção interno, instruindo o
requerimento com a documentação pertinente, atendendo requisitos e indicando a respectiva pontuação,
conforme edital. Alguns documentos foram desconsiderados pela banca do concurso, de forma que ele não atingiu
a pontuação necessária para ser promovido. Posteriormente, a autoridade responsável pela promoção confessou
a outro colega que desconsiderou a pontuação propositadamente, sem qualquer amparo, para coibir a promoção
daquele servidor, seu desafeto. O ato da autoridade que desclassificou Marcos no concurso de promoção
a) está eivado de vício de desvio de finalidade, possibilitando sua anulação, inclusive judicial.
b) constitui apenas infração funcional, que deve ser apenada.

c) tipifica ato de improbidade na modalidade que causa prejuízo ao erário, pois a conduta da autoridade foi dolosa.
d) caracteriza abuso de poder, mas não pode ser revertido, em razão do encerramento do certame.
e) constitui ato discricionário, ainda que a motivação tenha sido fundada em razões reprováveis, o que impede o
controle judicial.
Comentário:
Primeiramente é preciso identificar que o ato descrito no enunciado foi praticado com desvio de poder, ou seja,
considerando os cinco elementos dos atos administrativos: motivo, objeto, forma, competência e finalidade, a
desconsideração da pontuação de Marcos pela autoridade foi praticada sem a devida observância do objetivo
geral ou específico do procedimento, com claro desvio de finalidade.
Em outras palavras, a autoridade não buscou o interesse público, operando contra a escolha imparcial e mais
vantajosa para a administração com base nos critérios definidos pelo próprio edital de promoção interna. No lugar
disso, usou o procedimento para prejudicar um desafeto, indo contra os objetivos da administração e do ato em
questão, violando frontalmente a impessoalidade e moralidade administrativa.
Tendo isso em mente, vamos analisar cada assertiva.
a) CORRETA. Conforme descrito acima o ato foi praticado com desvio de finalidade (desvio de poder), tornando-
o ilegal e, portanto, nulo. Lembre-se que os vícios no elemento finalidade não admitem convalidação.
Dessa forma, é possível a sua anulação seja pelo exercício do controle externo judicial, seja pelo exercício do
controle interno pela própria administração com base na autotutela.
b) ERRADA. O ato não constitui apenas infração funcional, podendo também caracterizar ato de improbidade
administrativa: prática de ato visando fim proibido em lei ou regulamento ou diverso daquele previsto, na regra de
competência (art. 11, I, LIA). Lembrando que as infrações funcionais são processadas na esfera administrativa; já
os atos de improbidade, são julgados e punidos na esfera civil.

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c) ERRADA. Existem dois erros nesta alternativa. Em primeiro lugar justifica-se a caracterização da modalidade
do ato de improbidade que causa prejuízo ao erário pela ação dolosa da autoridade. Em que pese o ato ser sim
doloso, lembre-se que entre as modalidades dos atos de improbidade administrativa apenas aqueles que causam
prejuízo ao erário (art. 10 da LIA) podem ser dolosos ou culposos. As demais modalidades admitem apenas o dolo.
Justificar a qualificação com base no requisito dolo, portanto, não faz sentido.
Ademais, o ato praticado pela autoridade enquadra-se em outra modalidade, uma vez que constitui ato de
improbidade administrativa que atenta contra os princípios da administração pública (art. 11 da LIA).

d) ERRADA. O ato realmente caracteriza abuso de poder, mas pode e deve ser revertido, pois é nulo. O
encerramento do certame a princípio não obsta a sua anulação e a questão não fornece elementos que permitam
concluir a decadência do poder-dever de anular, por exemplo, ou outro obstáculo à anulação.
Tenha em mente que o abuso de poder (gênero) pode se manifestar como (i) excesso de poder (espécie), caso em
que o agente público atua além de sua competência legal ou em violação ao princípio da proporcionalidade, e pode
se manifestar, também, pelo (ii) desvio de poder (espécie), em que o agente público atua contrariamente ao
interesse público ou objetivo específico da norma, desviando-se da finalidade pública.
e) ERRADA. Existem diversos erros a serem enumerados nessa alternativa.
Primeiramente, concursos públicos em geral são procedimentos que admitem certa discricionariedade na
elaboração do edital, não sendo absurdo pensar em uma limitada discricionariedade também em concursos de
promoção interna. Uma vez elaborado o edital, todavia, esse vincula a administração e por isso não há que se falar
em discricionariedade na apreciação de documentos exigidos por edital e entregues pelo candidato.
Observe, além disso, que a eventual discricionariedade do ato ou do procedimento não alcança elementos
vinculados como a finalidade, que sempre deve atender o interesse público de forma ampla e os objetivos
específicos do ato/procedimento de forma específica.
Por fim, o controle judicial abrange sim atos discricionários, atendo-se a apreciação da sua legalidade. Ou seja,
temos controle de legalidade dos atos discricionários, o que leva eventualmente a sua anulação. O que não é
possível é o controle de mérito (conveniência e oportunidade) com revogação do ato discricionário pelo poder
judiciário no exercício da sua função jurisdicional.

Gabarito: alternativa “a”


39. (FCC – ISS São Luís 2018)
A atuação dos agentes públicos que causar danos a terceiros pode gerar responsabilização das pessoas políticas
ou jurídicas da Administração pública as quais estiverem funcionalmente vinculados. No âmbito dessa atuação
passível de resultar na referida responsabilização,
(A) inclui-se o exercício do poder hierárquico, que também incide na esfera jurídica de terceiros não integrantes do
quadro funcional da Administração pública, mas sujeitos àquela relação, como os contratados para prestação de
serviços ou fornecimento de bens.
(B) a atuação dolosa dos agentes públicos, por atos comissivos lícitos ou ilícitos, acarreta dever de indenização da
pessoa jurídica ou política pelos danos que aqueles causarem, cabendo direito de regresso em face dos servidores
responsáveis.

(C) o poder normativo conferido à Administração pública enseja sua responsabilidade objetiva, sendo obrigatória
a inclusão do ente que editou o ato ou decreto no pólo passivo da ação, dado que se trata de atuação legislativa.

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(D) o poder de polícia, quando exercido fora dos limites legalmente autorizados, pode ocasionar danos aos
administrados, passíveis de serem opostos à Administração para fins de indenização, independentemente de dolo
ou culpa dos agentes públicos.
(E) tanto o poder de polícia quanto o poder disciplinar exigem comprovação de dolo ou culpa dos agentes públicos
para imputação de responsabilidade às pessoas jurídicas as quais estão vinculados, considerando que se trata de
atuação essencial e intrínseca às funções executivas.
Comentário:
Lembre-se que as pessoas jurídicas de direito público e as de direito privado prestadoras de serviços públicos
responderão pelos danos que seus agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros, assegurado o direito de
regresso contra o responsável nos casos de dolo ou culpa.
Com isso em mente, vamos comentar as alternativas:
(A) ERRADO. A alternativa faz referência de forma errônea ao Poder Hierárquico, quando na verdade é o Poder
Disciplinar que incide na esfera jurídica de terceiros não integrantes do quadro funcional da Administração
Pública, mas sujeitos àquela relação, como os contratados para prestação de serviços ou fornecimento de bens.

Sobre essa questão, lembre-se que a incidência do Poder Hierárquico depende da hierarquia, que por sua vez é
relacionada à existência de níveis de subordinação entre órgãos e agentes públicos, sempre no âmbito de uma
mesma pessoa jurídica.
(B) ERRADO. Esta alternativa apresenta uma série de omissões quanto à regra de responsabilidade objetiva do
Estado e uma restrição indevida em especial que macula o sentido da norma em si, tornando o item incorreto. De
fato, a assertiva dá a entender que apenas a atuação dolosa dos agentes públicos é que acarreta a responsabilidade
do Estado, o que é errado. Afinal, conforme o art. 37, §6º da Constituição Federal, o Estado responde
objetivamente pelos danos que seus agentes causarem a terceiros. Responder “objetivamente” significa que o
Estado responderá independentemente de o agente ter agido com dolo ou culpa, bastando que se demonstre o
nexo de causalidade entre o ato do agente e o dano sofrido pelo terceiro.
Outro detalhe que também macula o item é que a atuação dos agentes públicos, por atos comissivos lícitos ou
ilícitos, acarreta dever de indenização da pessoa jurídica de direito público e de direito privado prestadoras de
serviços públicos. A questão faz referência, contudo, a pessoas jurídicas de forma genérica, o que engloba pessoas
jurídicas de direito privado que não prestam serviços públicos e, em relação a essas, não aplicamos a mesma regra
de responsabilidade objetiva do art. 37, §6º, CF/88, incidindo aqui a regra de responsabilidade civil de direito
privado, ainda que tal pessoa jurídica integre a Administração Pública e empregue agentes públicos, como é o caso
das empresas estatais.

(C) ERRADO. A professora Maria Sylvia di Pietro considera que a responsabilidade por regulamentos do Poder
Executivo, assim como os atos normativos das agências reguladoras e de outros entes que exercem competência
normativa no âmbito da Administração Pública, depende de prévia declaração pelo STF no caso de
inconstitucionalidade, não sendo essa prévia apreciação judicial necessária no caso de ilegalidade por exorbitarem
dos limites de sua competência regulamentar, contrariando normas de hierarquia superior.

O erro da alternativa é considerar que atuação do poder normativo é legislativa, o que não é verdade, pois trata-
se de ação regulamentar, portanto secundária, que demanda a inclusão no polo passivo do responsável pelo dano
a ser reparado, com argumentação incidental de ilegalidade do ato ou decreto que o embasa. Tratando-se de ato
inconstitucional é necessário o prévio reconhecimento da inconstitucionalidade, conforme informado acima.

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(D) CERTO. Conforme definido pelo art. 37, §6º da Constituição Federal as pessoas jurídicas de direito público
responderão pelos danos que seus agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros. Essa responsabilidade é
objetiva, não dependendo da culpa ou dolo dos agentes. Nesse sentido, a culpa ou dolo dos agentes é necessária
para a configuração da responsabilidade do próprio agente, que é subjetiva e deve ser observada na propositura
de eventual ação de regresso pela Administração Pública contra o causador do dano.
(E) ERRADO. Conforme explicado no comentário anterior a responsabilidade da administração é obnjetiva e não
depende da caracterização de culpa ou dolo do agente causador do dano.

Gabarito: alternativa “d”


40. (FCC – Sefaz/GO 2018)
O poder normativo atribuído ao Executivo deve observar limites e parâmetros constitucionalmente estabelecidos,
dentre os quais:
a) Insere-se a competência para edição de decretos autônomos, em hipóteses expressas, passível de delegação
aos entes de direito público que integram a Administração pública indireta, como autarquias, fundações e agências
reguladoras, para exercício nas mesmas condições.
b) A necessidade de existência de lei prévia tratando dos aspectos gerais e abstratos da questão, restando ao
Executivo a obrigação de viabilizar a execução dessas diretrizes, por meio da disciplina do procedimento para
tanto.
c) Destaca-se a expressa indelegabilidade de seu exercício, não sendo permitindo a nenhum outro ente da
Administração indireta a edição de atos normativos.
d) A possibilidade de sua delegação para agências reguladoras, constituídas sob a forma de autarquias, para
organização das atividades reguladas, bem como para estabelecimento de critérios técnicos.
e) A constitucionalidade de sua delegação aos entes integrantes da Administração pública indireta para edição de
decretos regulamentadores que disciplinem aspectos técnicos em seus setores de atuação.
Comentários: vamos analisar cada alternativa:
a) ERRADA. A Constituição permite que a competência para edição de decretos autônomos seja delegada apenas
aos Ministros de Estado, ao Procurador-Geral da República ou ao Advogado-Geral da União, mas não às entidades
da Administração indireta. Veja:

Art. 84. Compete privativamente ao Presidente da República:


VI - dispor, mediante decreto, sobre:
a) organização e funcionamento da administração federal, quando não implicar aumento de despesa nem
criação ou extinção de órgãos públicos;
b) extinção de funções ou cargos públicos, quando vagos;
Parágrafo único. O Presidente da República poderá delegar as atribuições mencionadas nos incisos VI, XII
e XXV, primeira parte, aos Ministros de Estado, ao Procurador-Geral da República ou ao Advogado-
Geral da União, que observarão os limites traçados nas respectivas delegações.

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b) ERRADA. O poder normativo atribuído ao Executivo nem sempre necessita da existência de lei prévia, uma vez
que a Constituição permite a edição de decretos autônomos, como visto na alternativa anterior.
c) ERRADA. O primeiro erro é que o poder normativo do chefe do Poder Executivo não é absolutamente
indelegável, como vimos no comentário à alternativa “a”. Outro erro é que o enunciado trata do “poder
normativo”, o qual confere à Administração Pública em geral a prerrogativa para editar atos de natureza
normativa. Particularmente, o poder normativo permite, inclusive, que entidades da Administração Indireta
editem atos de natureza normativa, a exemplo do que fazem as agências reguladoras.

d) CERTA. De fato, é cediço que as agências reguladoras editem normas voltadas à organização das atividades
reguladas, bem como para estabelecimento de critérios técnicos.

e) ERRADA. A competência para expedição dos decretos e regulamentos de execução não é passível de
delegação (CF, art. 84, parágrafo único). Assim, como afirmado no comentário à alternativa “d”, é a lei que
possibilita às agências reguladoras editarem normas que disciplinem aspectos técnicos em seus setores de
atuação.

Gabarito: alternativa “d”


41. (FCC – Sefaz/SC 2018)
Dentre os poderes atribuídos à Administração pública, o poder
a) regulamentar suscita maiores controvérsias, porque passível de ser atribuído à Administração direta, incluídas
as entidades paraestatais, para o desempenho regular de suas funções executivas.

b) normativo não pode ser exercido pelos entes que integram a Administração indireta, à exceção das agências
reguladoras, por conta de sua independência e autonomia.
c) disciplinar é aplicável a todos os entes da Administração indireta, que se sujeitam à Administração central para
fins de processamento dos processos disciplinares instaurados contra seus servidores.
d) hierárquico pode implicar viés disciplinar, a exemplo da apuração de infrações cometidas por servidores públicos
integrantes dos quadros da Administração direta.
e) de polícia pode ser delegado somente aos entes integrantes da Administração indireta que tenham
personalidade jurídica de direito público, a exemplo das agências executivas no que concerne ao papel fiscalizador
que exercem sobre a prestação de serviços públicos.

Comentário: Vamos analisar cada alternativa, buscando a opção correta:


(a) ERRADA. As entidades paraestatais não fazem parte da administração direta ou indireta. Além disso, a maior
parte da doutrina administrativista considera o poder regulamentar como exclusivo do chefe do poder executivo.

(b) ERRADA. Diversas entidades da administração indireta exercem o poder normativo, e não apenas agências
reguladoras. O INMETRO, por exemplo, é uma autarquia federal que trata de metrologia e da avaliação da
conformidade de produtos, não apenas fazendo testes, mas também expedindo normas referentes a materiais e
produtos industriais.
(c) ERRADA. O poder disciplinar, assim como o poder hierárquico, de fato se estende aos entes da administração
indireta de forma interna, principalmente aos que obedecem ao regime administrativo de forma mais acentuada.
Exemplo: agências reguladoras aplicam sanções às concessionárias de serviço público com base no poder

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disciplinar, e sanções são aplicadas aos servidores da administração indireta de entidades de direito público tendo
como base o poder disciplinar, mediante processo administrativo operado na própria entidade.
Essa extensão do poder disciplinar não implica em subordinação das entidades da administração indireta à
administração central para fins de processamento de todos os processos disciplinares instaurados contra seus
servidores, já que isso depende da punição a ser aplicada. Advertência e suspensão de até 30 (trinta) dias no
processo administrativo disciplinar federal é aplicada pelo chefe da repartição ou outras autoridades na forma dos
respectivos regimentos ou regulamentos (art. 141, III, Lei 8.112/1990).

A pena de demissão, cassação de aposentadoria ou disponibilidade de servidor, por outro lado, leva o PAD à
administração central, já que tais sanções são aplicadas pelo Presidente da República, pelos Presidentes das Casas
do Poder Legislativo e dos Tribunais Federais e pelo Procurador-Geral da República, ao servidor vinculado ao
respectivo Poder, órgão, ou entidade (art. 141, I, Lei 8.112/1990).
Repare que nem todas as entidades da administração indireta contam com essa regra relativa a processos
disciplinares, já que as pessoas jurídicas com personalidade jurídica de direito privado (empresas estatais, por
exemplo) têm empregados celetistas, cuja demissão sequer depende de processo administrativo prévio.
(d) CERTA. Como a administração pública é estruturada hierarquicamente, os servidores têm o dever de cumprir
as ordens emanadas de seus superiores, ressalvada a hipótese de a ordem ser manifestamente ilegal. Dessa forma,
os superiores têm prerrogativas, que são deveres simultaneamente, sobre os inferiores hierárquicos, como dar
ordens, fiscalizar, controlar, aplicar sanções, delegar competências e avocar competências. Verificamos, então
um viés disciplinar no poder hierárquico, que fundamenta indiretamente a aplicação de sanções por superiores a
seus subordinados.
(e) ERRADA. Muitos autores não consideram possível delegação do poder de polícia às pessoas jurídicas de direito
privado da administração indireta. Entretanto, o poder de polícia possui diferentes fases, e o STJ admite a
delegação a essas entidades das fases de “consentimento de polícia” e de “fiscalização de polícia”,
considerando indelegáveis a “ordem de polícia” e “sanção de polícia”.
Além disso, alternativa confunde os conceitos de agência reguladora, que fiscaliza a prestação de serviços
públicos e costumam ser constituídas como autarquias sob regime especial (portanto pessoa jurídica de direito
público e não de direito privado) e de agência executiva, que é uma qualificação concedidas às autarquias e
fundações públicas que cumprem os requisitos legais (celebração de contrato de gestão).

Gabarito: alternativa “d”


42. (FCC – Sefaz/SC 2018)
Diante de um novo contrato firmado por uma autarquia, o administrador precisava designar o servidor responsável
pela coordenação das tarefas inerentes à execução da avença. Dentre os membros da equipe competente para a
execução do contrato, nenhum dos servidores se dispôs a assumir a coordenação, o que levou o gestor público a
designar, de ofício, aquele que tinha mais experiência no setor. A atuação do administrador
a) se insere dentro do poder disciplinar que lhe é inerente, tendo em vista que a recusa dos servidores para a
coordenação do trabalho exigiu o sancionamento por parte da chefia.
b) é compatível como exercício do poder hierárquico, que implica o gerenciamento de tarefas e o sancionamento
discricionário diante da recusa dos servidores.

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c) é expressão do poder normativo, considerando que o ato de designação do servidor para exercer as funções de
coordenador não tem natureza de ato administrativo.
d) adequa-se ao desempenho do poder hierárquico, que abrange a possibilidade de designação, de ofício, de
tarefas aos servidores integrantes do quadro, observado o respectivo âmbito de atuação.

e) está abrangida pelo poder de polícia em sentido amplo, que também inclui o gerenciamento e limitação das
condutas dos servidores a ele subordinados.
Comentário:
Decorrem do poder hierárquico as prerrogativas, exercidas pelo superior sobre seus subordinados, de dar ordens,
fiscalizar, controlar, aplicar sanções, delegar e avocar competências.

Veja que as prerrogativas de dar ordens, por exemplo, garantem o adequado funcionamento dos serviços sob a
responsabilidade dos superiores hierárquicos e os servidores públicos têm o dever de acatar e cumprir tais ordens,
exceto quando manifestamente ilegais.
Ademais, a designação de ofício para o exercício de determinada função de confiança é tarefa confiada a servidor
em posição hierárquica compatível com tal prerrogativa. Essa designação feita de ofício porque critérios de
conveniência e oportunidade e não se subordina à prévia anuência do designado. Ainda assim, não se esqueça que
essa medida não suprime completamente a autonomia do servidor, que pode simplesmente pedir a dispensa de
tal função. Por essa razão a alternativa correta é a letra ‘d’.

Gabarito: alternativa “d”.


43. (FCC – TRT SP – TJAA 2018)
Constitui exemplo de atuação da Administração pública fundada no exercício do poder de polícia:
(A) Interdição e demolição de construção com risco de desabamento.
(B) Permissão de uso de imóvel público para particular que se responsabilize por sua guarda.
(C) Declaração de inidoneidade à particular que fraudou procedimento licitatório.
(D) Concessão de serviço público à exploração privada, sujeito às normas fixadas pelo poder concedente.
(E) Aplicação de penalidade a servidor público, observado o devido processo legal e o contraditório.

Comentário:
O poder de polícia é uma das atividades típicas estatais, sendo caracterizado por acarretar restrições à esfera
jurídica individual do administrado, a seus direitos e interesses. Ao resolver a questão, você deve buscar qual
alternativa fornece uma hipótese dessa modalidade de exercício, a qual não pode ser confundida com outras
atividades estatais também presentes entre as opções.

Vamos comentar cada uma das alternativas abaixo.


(A) CORRETA. A interdição e a demolição de construção em risco de desabamento são duas hipóteses clássicas
de atuação do poder de polícia de forma repressiva. Repare que ambos os casos decorrem da constatação de um
problema, possivelmente uma infração, mas têm um objetivo principal acautelatório, pois pretendem evitar ou
reduzir danos à coletividade. Assim, restringem a esfera de particulares considerando o interesse público.

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(B) ERRADA. Conforme ensina Maria Sylvia di Pietro, a permissão de uso de bem público é o ato administrativo
unilateral, discricionário e precário, gratuito ou oneroso, pelo qual a Administração Pública faculta a utilização
privativa de bem público, para fins de interesse público. Esse ato não decorre do poder de polícia, mas pode
caracterizar, por exemplo, atividade de fomento da Administração. Veja um exemplo: podem ser destinados
recursos orçamentários e bens públicos às organizações sociais, mediante permissão de uso, consoante cláusula
expressa do contrato de gestão.
(C) ERRADA. Estamos diante de um caso de aplicação de sanção pela administração. Sobre esse tópico, tenha em
mente que a aplicação de sanções a particulares que têm relação específica com o poder público decorre do poder
disciplinar, que não se relaciona com o poder hierárquico nessa hipótese. É o que se observa com participantes
de um procedimento licitatório, por exemplo. Em relação a particulares que não têm uma ligação específica com
a administração, temos a incidência do poder de polícia, mas esse não é o caso trazido na alternativa.
(D) ERRADA. A concessão de serviço público, como o próprio nome revela, relaciona-se a outra atividade típica da
administração, que é exatamente a prestação de serviços públicos.
(E) ERRADA. A aplicação de penalidades a servidores públicos decorre de forma mediata do poder hierárquico e
de forma imediata do poder disciplinar, não havendo relação com o poder de polícia, como explicado no
comentário da letra ‘c’.
Note, então, que temos três possibilidades em relação à aplicação de sanções pela administração: servidor público
(poder hierárquico de forma mediata e poder disciplinar de forma imediata); particular que tem relação específica
com a administração (apenas poder disciplinar) e; particular que não tem relação específica com a administração
(poder de polícia).

Gabarito: alternativa “a”


44. (FCC – TJAA TRT/PE 2018)
Considere hipoteticamente um servidor público estadual, detentor de cargo público efetivo, que tenha praticado,
no exercício de suas funções, conduta que em tese configura falta funcional de natureza grave. Nesta hipótese, a
Administração

a) tem a faculdade de apurar a infração e de aplicar a penalidade prevista em lei, com fundamento no poder de
polícia administrativa.

b) pode ou não aplicar sanção, mesmo que comprovada a falta funcional atribuída ao servidor, isso em razão de
sua natureza imprecisa, que autoriza juízo discricionário.
c) tem a faculdade de, após apurados os fatos, aplicar ou não a sanção correspondente, em razão do poder
disciplinar, que é discricionário e decorre do poder hierárquico.
d) tem o dever de aplicar a pena cabível, independentemente da apuração por meio de procedimento legal, em
razão de o servidor estar sujeito à disciplina interna administrativa.
e) tem o dever de apurar os fatos por meio do processo administrativo adequado, e, comprovada a materialidade
e autoria da infração, aplicar a pena cabível.
Comentário:

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A pergunta e alternativas apresentadas revelam que a questão busca determinar genericamente a


discricionariedade ou vinculação da apuração de infrações cometidas pelos servidores públicos e suas respectivas
punições, considerando o poder administrativo que as embasa.
Em primeiro lugar, temos que a apuração e aplicação de sanções aos servidores públicos decorre de forma
mediata do poder hierárquico e de forma imediata do poder disciplinar. Por essa razão, as bancas de concurso
costumam considerar precipuamente o poder disciplinar ao tratar das sanções aplicadas aos servidores.
Sabemos que o poder disciplinar é descrito pela doutrina como discricionário, o que é explorado nesta questão,
mas a discricionariedade é uma regra geral que admite algumas exceções. Por exemplo, não há
discricionariedade quanto ao dever de punir quem comprovadamente pratica infração disciplinar, assim como não
existe discricionariedade quanto ao dever de apurar infrações.
A discricionariedade será observada, eventualmente, na gradação da penalidade ou no enquadramento da
conduta em uma outra infração, a depender das circunstâncias do caso concreto.

Gabarito: alternativa “e”


45. (FCC – TRT/SP – AJAJ 2018)
A edição de um decreto pelo Chefe do Executivo instituindo proibição de circulação de veículos por determinado
perímetro da cidade
(A) encontra fundamento no poder regulamentar, porque este se presta a suprir lacunas legais.
(B) insere-se dentre as atribuições inerentes ao poder hierárquico, considerando a supremacia do interesse público
sobre o particular, que permite a limitação da liberdade dos administrados, em prol da coletividade.
(C) configura expressão do poder disciplinar, posto que se presta a pacificar as relações entre a Administração
pública e os administrados.
(D) excede os limites do poder regulamentar, na medida em que inova o ordenamento jurídico ao estabelecer nova
restrição a direitos sem que conste haver o devido fundamento em lei.
(E) excede os limites do poder de polícia, tendo em vista que esta atuação se presta apenas a imposição de
obrigações, não sendo admitido o estabelecimento de limitação ou restrição a direitos dos administrados.

Comentários:
A edição de decreto pelo Chefe do Poder Executivo constitui manifestação do poder regulamentar. É pacífico
que, ao exercer esse poder, o chefe do Poder Executivo não pode ultrapassar os limites da lei, instituindo novos
direitos ou impondo novas obrigações que não tenham previsão legal. No caso em análise, o Chefe do Executivo
inovou o ordenamento jurídico, estabelecendo nova restrição de circulação sem haver um fundamento legal
prévio. Logo, podemos afirmar que ele excedeu os limites do seu poder regulamentar, sendo o referido Decreto
passível de sustação pelo Poder Legislativo. Daí a correção da alternativa “d”. Vamos analisar as demais:
a) ERRADA. O poder regulamentar não se presta a suprir lacunas legais, e sim deve ser exercido nos limites da lei,
para regulamentar a execução daquilo que foi previsto na lei. Eventuais lacunas devem ser preenchidas por outras
leis.

b) ERRADA. O poder hierárquico é exercido internamente na Administração. Não há hierarquia entre a


Administração e os administrados.

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c) ERRADA. O poder disciplinar somente incide sobre os administrados que possuem algum vínculo específico com
a Administração, a exemplo de servidores públicos e particulares contratados. Na questão, a proibição foi
direcionada para os particulares em geral, razão pela qual não se trata de manifestação do poder disciplinar.
e) ERRADA. Também constitui manifestação do poder de polícia o estabelecimento de limitação ou restrição a
direitos dos administrados. Porém, essas limitações e restrições devem ser impostas por lei, e não por decreto.

Gabarito: alternativa “d”


46. (FCC – SEGEP/MA 2018)
Um particular requereu a expedição de licença para a realização de obras em seu estabelecimento comercial, cujo
prazo de emissão está legalmente previsto para 30 dias a contar do pedido. Passados três meses do pedido,
mesmo aduzindo ter entregue todos os documentos necessários, não recebeu resposta da Municipalidade,
cogitando requerer judicialmente o documento. A Municipalidade
a) tem discricionariedade na emissão do documento, porque depende da análise de conveniência e oportunidade
da reforma pretendida.
b) tem o dever de emitir o documento, caso tenham sido preenchidos os requisitos legais para tanto, o que permite
ao particular demandar judicialmente para exigir a licença.

c) não se submete aos prazos legais para emissão da licença, tendo em vista que o princípio da legalidade pode ser
excepcionado pelo princípio da eficiência.
d) pode indeferir tacitamente o pedido de licença, por motivos de conveniência e oportunidade, não cabendo
questionamento de mérito perante o Poder Judiciário.
e) tem o dever de emitir a licença, pois, ainda que se trate de ato administrativo de natureza discricionária, o
preenchimento dos requisitos legais confere direito subjetivo ao particular.
Comentário:
a) ERRADA. A licença é ato vinculado, não gerando qualquer margem de discricionariedade ao agente público.
b) CORRETA. Por ser a licença um ato vinculado, caso preenchidos os requisitos definidos em lei, o agente público
deve, obrigatoriamente, emitir o documento.

c) ERRADA. Não existe essa excepcionalidade do princípio da legalidade pelo princípio da eficiência, mas sim a
simultaneidade de ambos.

d) ERRADA. O agente público tem sim o dever de emitir a licença, porém não se trata de ato discricionário, e sim
vinculado.

Gabarito: alternativa “b”.

47. (FCC – TST 2017)


Dentre os princípios que regem a atuação da Administração pública nos processos administrativos em geral e sua
relação com os poderes da Administração pública,

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(A) os princípios do contraditório e da ampla defesa podem ser mitigados pelo poder de polícia, permitindo que a
Administração restrinja o acesso do administrado interessado aos atos administrativos constantes dos autos como
medida de melhor atendimento do interesse público.
(B) o poder regulamentar permite que a Administração edite decretos instituindo sanções mais adequadas para
determinadas infrações administrativas, de modo a garantir que nos processos administrativos seja priorizado o
princípio da finalidade, impondo-se a decisão que melhor atenda o interesse público.
(C) o poder disciplinar dispensa a exposição dos motivos de fato e de direito que ensejaram a decisão exarada no
processo administrativo, tendo em vista que o conjunto probatório deste constante é suficiente para o
atingimento da conclusão.

(D) o exercício do poder de polícia pela Administração pública, que pode limitar os direitos dos administrados em
geral, com base na legislação vigente, não pode cercear o direito ao contraditório e à ampla defesa a que têm
direito quando no âmbito do processo administrativo.
(E) o poder regulamentar também se presta à edição de normas que permitam a instituição de direitos e garantias
aos administrados quando estes figurem como interessados nos processos administrativos, de forma a que os
princípios que regem esse instituto sejam preservados.
Comentários:
a) ERRADA. Os princípios do contraditório e da ampla defesa devem ser respeitados pela Administração ao
exercer o poder de polícia. Como regra, o direito de defesa deve ser prévio, mas também pode ser posterior à
prática do ato de polícia.
b) ERRADA. O poder regulamentar não pode criar sanções diferentes daquelas previstas em lei, mas apenas
regulamentar a aplicação delas. A avaliação de qual sanção é mais adequada para punir determinada infração deve
ser feita pelo legislador, e não pela autoridade administrativa.
c) ERRADA. A motivação, ou seja, a exposição das razões de fato e de direito que levaram à aplicação de
determinada sanção, é obrigatória, ou seja, não é dispensada no exercício do poder disciplinar.
d) CERTA, conforme comentado na alternativa “a”.
e) ERRADA. A instituição de direitos e garantias aos administrados deve ser feita mediante lei, e não por meio do
poder regulamentar, o qual deve se limitar a expedir normas para a fiel execução das leis.

Gabarito: alternativa “d”


48. (FCC – TST 2017)
O poder normativo da Administração pública

(A) pode ter aplicação preventiva ou repressiva, tal qual o poder de polícia exercido pela Administração pública,
sendo, no primeiro caso, restrito às matérias de organização administrativa e de competência suplementar, ou
seja, para disciplinar situações sobre as quais inexista lei pertinente.
(B) permite à Administração pública a edição de atos normativos para fixação de parâmetros e diretrizes de
gradação de penas disciplinares, quando relacionado ao poder disciplinar, bem como para instituição de novas
penas mais adequadas para situações atuais.
(C) fica restrito às situações em que estejam presentes relações hierarquizadas, em que a competência para
definição de normas tenha caráter originário.

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(D) pode ter natureza originária nas situações expressamente previstas constitucionalmente, fora das quais fica
restrito a hipóteses de prévia existência de leis que demandem a disciplina e explicitação da forma de aplicação
das mesmas às situações concretas.
(E) consubstancia-se, quando aplicado a situações concretas, em exercício de poder de polícia, diretamente
incidente sobre a esfera de direitos dos administrados, devendo estar previamente previsto na legislação vigente.
Comentários:
a) ERRADA. O poder normativo não pode ser utilizado para disciplinar situações sobre as quais inexista lei
pertinente, pois ele não pode inovar o ordenamento jurídico.
b) ERRADA. A instituição de novas penas não pode ser feita por meio do poder normativo da Administração, e sim
mediante a edição de leis pelo Poder Legislativo.
c) ERRADA. O poder normativo não permite a edição de normas em caráter originário, e sim secundário, pois deve
sempre respeitar os limites da lei.
d) CERTA. A Constituição, em algumas situações específicas, prevê a edição dos chamados decretos autônomos,
que são atos normativos de natureza originária, vez que não dependem de uma lei prévia. Fora das hipóteses em
que a CF permite a edição dos decretos autônomos, o poder normativo fica restrito a regulamentar leis
preexistentes, com o objetivo de explicitar a aplicação delas aos casos concretos.
e) ERRADA. O poder normativo (edição de atos normativos pela Administração) possui relação não só com o
poder de polícia, mas também como o poder hierárquico e com o poder regulamentar.

Gabarito: alternativa “d”


49. (FCC – TST 2017)
Suponha que determinada entidade integrante da Administração federal pretenda majorar os valores cobrados
dos cidadãos para o licenciamento ambiental de empreendimentos, cuja análise e concessão encontram-se em
sua esfera de competência legal. A atuação da referida entidade corresponde à expressão de
(A) poder regulamentar, passível de cobrança por preço público que reflita os custos efetivamente incorridos.
(B) poder normativo, dependendo a majoração da edição de decreto do Chefe do Executivo.

(C) discricionariedade administrativa, representada por ato da autoridade competente, mediante resolução.
(D) regulação da atividade econômica, própria de agências reguladoras, que atuam mediante decisões fundadas
na discricionariedade técnica.
(E) poder de polícia, custeado mediante cobrança de taxa instituída, obrigatoriamente, por lei.
Comentários:

A cobrança de taxa de licenciamento ambiental constitui expressão do poder de polícia preventivo da


Administração que, no caso, se caracteriza pela necessidade de o particular obter uma anuência prévia do Poder
Público para desenvolver a sua atividade privada.

Gabarito: alternativa “e”


50. (FCC – TRT23 2016)

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O exercício dos poderes inerentes à função executiva e a regular atuação da Administração pública não estão
dissociados da influência dos princípios que regem a Administração pública em toda sua atuação. Essa relação
a) expressa-se, no caso do poder de polícia, à submissão ao princípio da supremacia do interesse público, que
fundamenta a atuação da Administração pública quando não houver fundamento legal para embasar as medidas
de polícia.
b) de subordinação aos princípios da legalidade e da impessoalidade não afasta a possibilidade da Administração
pública adotar medidas administrativas de urgência ou de firmar relações jurídicas diretamente com alguns
administrados, sem submissão a procedimento de seleção público, desde que haja previsão legal para tanto.
c) que impõe presunção de legitimidade e veracidade aos atos praticados pela Administração pública não admite
revisão administrativa, somente questionamento judicial, cabendo ao administrado o ônus da prova em contrário.
d) existente entre o poder disciplinar e o princípio da legalidade informa o poder de tutela exercido sobre os atos
praticados pelos entes que integram a Administração indireta, permitindo que a Administração central promova
a revisão dos mesmos para adequá-los à legalidade.
e) que se forma entre o princípio da legalidade e o poder regulamentar autoriza a edição de atos de natureza
originária nas hipóteses de organização administrativa e, nos demais casos, sempre que houver lacuna ou ausência
de lei.
Comentários: Vamos analisar cada alternativa:
a) ERRADA. De fato, o poder de polícia deriva do princípio da supremacia do interesse público, permitindo à
Administração condicionar e restringir atividades particulares em prol do interesse público. Contudo, o poder de
polícia não fundamenta a atuação da Administração quando não houver fundamento legal para embasar as
medidas de polícia, vez que medidas restritivas dirigidas aos administrados só podem ser adotadas quando houver
base legal.
b) CERTA. Como regra, os princípios da legalidade e da impessoalidade impõem que a Administração,
respectivamente, apenas adote providências previstas em lei e firme contratos mediante processo seletivo
público. Porém, a doutrina admite a adoção de medidas urgentes, mesmo se não expressamente previstas, em
situações nas quais a não adoção da medida possa ocasionar prejuízo maior para o interesse público (ex: demolição
de prédio que ameaça ruir; internamento de pessoa contagiosa). Ademais, a própria Constituição (art. 37, XXI)
permite que a lei preveja situações em que a Administração poderá firmar contratos diretamente com
determinados administrados; são as hipóteses de dispensa e de inexigibilidade previstas na Lei 8.666/93.
c) ERRADA. O poder de autotutela permite que a Administração revise seus próprios atos, por razões de
legalidade ou de mérito, ou seja, não cabe “somente questionamento judicial”, como afirma o quesito.

d) ERRADA. O poder de tutela, que consiste na supervisão que a Administração Direta exerce sobre as entidades
da Administração Indireta, não permite a revisão dos atos das entidades para adequá-los à legalidade. Isso porque
a revisão de atos pela própria Administração só pode ocorrer dentro de relações hierárquicas, e não existe
hierarquia entre Administração Direta e Indireta.
e) ERRADA. O poder regulamentar autoriza a edição de atos de natureza originária em determinadas hipóteses
de organização administrativa (quando não implicar aumento de despesa nem criação ou extinção de órgãos
públicos), mas não autoriza nos casos em que houver lacuna ou ausência de lei.

Gabarito: alternativa “b”

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51. (FCC – TRT21 2017)


Durante inspeção a um laboratório e fábrica de produtos veterinários, os agentes da Administração pública
competente constataram em um exemplar, a utilização de determinado insumo não mais autorizado. Em razão
disso, lavraram auto de infração e de apreensão de todos os produtos da mesma categoria. Os donos do
laboratório insurgiram-se contra a medida que
(A) excedeu os limites do poder de polícia que compete à Administração pública em razão da apreensão das
mercadorias, o que demandaria autorização judicial.

(B) não poderia ter sido realizada sem prévia submissão a processo judicial, salvo se houvesse expressa previsão
em decreto autônomo da Administração pública.
(C) configurou regular exercício de poder disciplinar, que se estende não só em relação aos servidores públicos,
mas também em direção daqueles que travarem relações jurídicas com o poder público.
(D) constitui regular exercício de poder de polícia pela Administração pública, cuja atuação pode prever medidas
preventivas e repressivas de urgência, a fim de garantir a segurança e a saúde dos administrados.
(E) deveria estar integral e expressamente prevista na legislação que trata da competência de fiscalização da
Administração pública em matéria de vigilância sanitária, não se admitindo adoção de medidas acautelatórias e
de urgência.

Comentários:
(A) ERRADA. A apreensão de mercadorias irregulares configura exercício do poder de polícia pela Administração.
Esse poder possui como atributo a autoexecutoriedade, o qual permite que os atos sejam executados
independentemente de autorização judicial.
(B) ERRADA. Conforme comentário acima, o atributo da autoexecutoriedade permite que a apreensão seja
executada independentemente de autorização judicial.
(C) ERRADA. A apreensão de mercadorias constitui regular exercício do poder de polícia, e não do poder
disciplinar. Detalhe é que a Administração também pode usar o poder disciplinar contra particulares que possuem
algum vínculo formal com o Poder Público. Não seria o caso da questão, pois o laboratório e a fábrica objeto do
ato não possuíam contrato com a Administração.

(D) CERTA. O poder de polícia é o que permite à Administração restringir o exercício de atividades privadas em
prol do interesse público. O poder de polícia pode ser preventivo ou repressivo. O preventivo se manifesta nos atos
de consentimento (ex: alvarás e licenças); já o repressivo está presente nos atos punitivos, a exemplo da apreensão
de mercadorias.
(E) ERRADA. O exercício do poder de polícia admite a adoção de medidas acautelatórias em casos de urgência e
emergência.

Gabarito: alternativa “d”


52. (FGV – AL/RO 2018)
O Presidente de uma Assembleia Legislativa, por estar sobrecarregado de trabalho, delegou para o 1º Vice
Presidente, com a concordância deste, competência para decidir de recurso hierárquico interposto contra decisão
de Presidente de Comissão, em questão de ordem por este resolvida. O mencionado ato administrativo de
delegação é:

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a) lícito, eis que o Presidente da Assembleia agiu no regular exercício de seu poder regulamentar, na medida em
que editou norma geral e abstrata.
b) lícito, eis que o Presidente da Assembleia agiu no regular exercício de seu poder hierárquico, delegando
competência de ato devidamente especificado para inferior hierárquico.

c) lícito, eis que o Presidente da Assembleia agiu no regular exercício de seu poder disciplinar, pois possui
prerrogativa para regulamentar o exercício de suas próprias atribuições.
d) nulo, eis que causará vício de competência, por excesso de poder para o 1º Vice Presidente, pois a decisão de
recurso hierárquico é indelegável.
e) nulo, eis que causará vício de hierarquia, pois o ato apenas poderia ser delegado para autoridade
hierarquicamente superior ao agente delegante.
Comentário:
A decisão de recursos administrativos não pode ser objeto de delegação. Vejamos a disposição legal:
Art. 13, lei 9.784. Não podem ser objeto de delegação:
I – a edição de atos de caráter normativo;

II – a decisão de recursos administrativos;


III – as matérias de competência exclusiva do órgão ou autoridade.

Gabarito: alternativa “d”


53. (FGV – AL/RO 2018)
Caio, agente de polícia, recebeu ordens para escoltar determinado preso, que iria prestar depoimento no Tribunal.
Sabe-se que a escolta de preso é função própria e exclusiva de agente penitenciário. Sobre o caso narrado, assinale
a afirmativa correta
a) Caio deve obedecer à ordem recebida em função do princípio da hierarquia.

b) Caio não pode desobedecer à ordem, ante a presunção de legalidade.


c) Caio não deve obedecer à ordem, em decorrência de sua manifesta ilegalidade.
d) Caio deve obedecer à ordem, já que não terá responsabilidade no caso de lesão a interesse público.

e) Caio só obedecerá à ordem se houver justificativa para que esta tenha sido emitida.
Comentário: Repare que o enunciado da questão disse que a escolta de preso é função própria e exclusiva de
agente penitenciário. Logo, Caio, que é agente de polícia, não deve obedecer à ordem, tendo em vista que as
ordens superiores devem ser cumpridas pelo servidor público, exceto quando manifestamente ilegais, como é o
caso da questão.

Lembrando, ainda, que o princípio da legalidade dentro da Administração Pública restringe a atuação em aquilo
que é permitido por lei, de acordo com os meios e formas por ela estabelecidos e segundo o interesse público.

Gabarito: alternativa “c”


54. (FGV – TJ/SC 2018)

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Poder de Polícia pode ser conceituado como atividade da Administração Pública que se expressa por meio de seus
atos normativos ou concretos, com fundamento na supremacia geral do interesse público, para, na forma da lei,
condicionar a liberdade e a propriedade dos indivíduos mediante ações fiscalizadoras, preventivas e
repressivas. Nesse contexto, de acordo com modernas doutrina e jurisprudência, o poder de polícia é:

a) delegável na fase de fiscalização de polícia, pois está ligado ao poder de gestão do Estado;
b) delegável na fase de sanção de polícia, pois está ligado ao poder de império do Estado;
c) delegável em qualquer fase, pois decorre do poder hierárquico do Estado;
d) indelegável em qualquer fase, pois decorre da autoexecutoriedade administrativa;
e) indelegável em qualquer fase, pois decorre da discricionariedade administrativa.
Comentário:
Como é sabido, o poder de polícia pertence, originariamente, aos entes federados (União, Estados, DF e
Municípios). Assim, caso qualquer outra entidade pratique atos com base nesse poder, o faz por delegação do
respectivo ente federado.
Como regra, tem-se por pacificado que o exercício do poder de polícia pode ser delegado às entidades da
Administração Indireta de direito público (autarquias e fundações públicas). Entretanto, no que se refere à
possibilidade de delegação do poder de polícia para entidades da Administração Indireta de direito privado, há
controvérsias. O STF entende que não é possível, já o STJ entende que é possível delegar as fases de
consentimento e fiscalização, mas não as fases de legislação e sanção.
Dessa forma, a alternativa em consonância com o entendimento do STJ é a letra A.

Gabarito: alternativa “a”.


55. (FGV – TJ/SC 2018)
Os poderes administrativos são instrumentais, pois consistem em mecanismos de trabalho por meio dos quais os
órgãos e as entidades administrativas executam suas tarefas e cumprem suas missões. São hipóteses,
respectivamente, de emprego do poder regulamentar e do poder de polícia, quando o agente público municipal
competente:

a) indefere a implantação de determinado loteamento urbano requerido por particular, por não atender aos
requisitos legais; e atua como segurança patrimonial para preservar certo bem público municipal;

b) emite ato administrativo de demissão de servidor público municipal, após regular processo administrativo
disciplinar; determina a servidor hierarquicamente inferior que desempenhe certa função na repartição onde está
lotado;

c) edita decreto contendo normas gerais que complementam lei ordinária municipal em determinada matéria; e
procede à apreensão de produtos impróprios para consumo em mercado privado;
d) delega para autoridade municipal hierarquicamente inferior a prática de certo ato administrativo; e aplica pena
disciplinar a servidor público municipal, observado o devido processo legal;
e) edita emenda à lei orgânica municipal com regras específicas sobre serviços de interesse local; e expede ordem
de serviço disciplinando a divisão de atribuições de servidores lotados na Secretaria Municipal de Segurança
Pública.

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Comentário:
A questão cobrou conhecimento sobre poderes administrativos. Vamos fazer uma breve explanação sobre eles e,
logo após, comentar cada alternativa.
Poder Regulamentar é a prerrogativa conferida à Administração Pública para editar atos gerais e abstratos para
fiel execução de lei. Poder de Polícia é a prerrogativa conferida à Administração Pública para condicionar e limitar
a atuação de particulares, como forma de alcançar o interesse público. Já o poder disciplinar possibilita à
Administração Pública punir internamente a infração de seus servidores e as infrações administrativas cometidas
por particulares a ela ligados por algum vínculo jurídico específico. Por fim, o poder hierárquico trata-se de
atribuição concedida ao administrador para organizar, distribuir e principalmente escalonar as funções de seus
órgãos, sendo o Poder que a Administração tem de se estruturar internamente determinando uma relação de
hierarquia e subordinação entre seus órgãos e agentes.
a) ERRADA. Ambas as situações descritas são oriundas do poder de polícia.
b) ERRADA. A primeira situação é oriunda do poder disciplinar e a segunda do poder disciplinar.
c) CORRETA. A primeira situação caracteriza exercício do poder regulamentar e a segunda caracteriza exercício
do poder de polícia, assim como foi pedido no enunciado.
d) ERRADA. A primeira situação é oriunda do poder hierárquico e a segunda do poder disciplinar (pode ser também
poder hierárquico).
e) ERRADA. A primeira situação não é ato administrativo, e sim ato legislativo, motivo pelo qual esse ato não pode
ser enquadrado em um dos poderes da Administração Pública. Já a segunda situação é oriunda do poder
hierárquico.

Gabarito: alternativa “c”.


56. (FGV – TJ/AL 2018)
Poder de polícia pode ser conceituado como uma atividade da Administração Pública que se expressa por meio de
seus atos normativos ou concretos, com fundamento na supremacia geral do interesse público para, na forma da
lei, condicionar a liberdade e a propriedade individual, mediante ações fiscalizadoras preventivas e repressivas. De
acordo com ensinamentos da doutrina de Direito Administrativo, são características ou atributos do poder de
polícia:

a) a hierarquia, a disciplina e a legalidade;


b) a imperatividade, a delegabilidade e a imprescritibilidade;
c) a discricionariedade, a autoexecutoriedade e a coercibilidade;

d) a indelegabilidade, a hierarquia e o respeito às forças de segurança pública;


e) a imposição da força policial, a voluntariedade e a disciplina.
Comentário:
A questão cobrou do candidato conhecimento sobre os atributos do poder de polícia. Doutrina majoritária entende
que são atributos do poder de polícia:

1) Discricionariedade: compreendida como a liberdade estabelecida em lei ao administrador para decidir


perante o caso concreto.

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2) Autoexecutoriedade: está frequentemente presente nas medidas de polícia onde a Administração pode
executar suas próprias decisões sem interferência do Poder Judiciário. Pode ser dividida em:
a) Executoriedade: possibilidade da Administração Pública se utilizar de meios diretos de coerção.
b) Exigibilidade: possibilidade da Administração Pública se utilizar de meios diretos de coerção.

3) Coercibilidade: a Administração Pública impõe o ato do poder de polícia sem se preocupar com a vontade
do particular.
Dessa forma, verifica-se que a alternativa correta é a letra C, tendo em vista que descreve com exatidão os
atributos do poder de polícia.

Gabarito: alternativa “c”.


57. (FGV – TJ/AL 2018)
As atividades que envolvem a consecução do poder de polícia são sumariamente divididas em quatro grupos, a
saber: (i) legislação; (ii) consentimento; (iii) fiscalização; e (iv) sanção. Sobre a delegação do poder de polícia a uma
sociedade de economia mista, a jurisprudência consolidada do Superior Tribunal de Justiça é no sentido de sua:
a) possibilidade em relação aos atos de fiscalização e sanção, porque decorrem do poder discricionário da
Administração Pública, mas não pode ocorrer delegação dos atos de legislação e consentimento, pois derivam do
poder vinculado;
b) possibilidade em relação aos atos de legislação, consentimento, fiscalização e sanção, diante da autonomia dos
entes federativos, que ostentam o poder discricionário para decidir a forma como prestam os serviços públicos;

c) possibilidade em relação aos atos de consentimento e fiscalização, pois estão ligados ao poder de gestão do
Estado, mas não pode ocorrer delegação dos atos de legislação e sanção, pois derivam do poder de coerção;
d) impossibilidade, em qualquer das fases de legislação, consentimento, fiscalização e sanção, pois apenas os
órgãos da administração direta e os que ostentem personalidade jurídica de direito público da administração
indireta exercem legitimamente a autoexecutoriedade de seus atos;
e) impossibilidade, em qualquer das fases de legislação, consentimento, fiscalização e sanção, pois qualquer forma
de exercício de poder de polícia traz implícito o atributo da imperatividade do ato administrativo, que só pode ser
legitimamente exercido pela administração direta.
Comentário:

Percebe-se que, mais uma vez, foi cobrado o entendimento dos tribunais sobre a possibilidade de delegação do
poder de polícia a entidades de direito privado da Administração Pública Indireta.
O STF, na ADI 1717, entendeu que não é possível a delegação do poder de polícia a entidades de direito privado da
Administração Pública Indireta. Já o STJ entende que é possível a delegação dos ciclos de polícia consentimento e
fiscalização.
Lembrando que os ciclos de polícia são quatro. Vejamos:
1) Ordem de polícia: edição de atos gerais e abstratos aplicáveis aos particulares.
2) Consentimento: está presente nas hipóteses em que a lei autoriza o exercício de determinada atividade
condicionada à aceitabilidade estatal.

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3) Fiscalização: possibilidade conferida ao ente estatal de controlar as atividades submetidas ao poder de


polícia, com o fim de verificar o seu cumprimento.
4) Sanção: aplicação de penalidade para quem descumpriu o poder de polícia.
Dessa forma, analisando as alternativas, a única que está de acordo com a explicação realizada acima é a letra C.

Gabarito: alternativa “c”.


58. (FGV – Câmara de Salvador - BA 2018)
Poderes administrativos são o conjunto de prerrogativas de direito público que a ordem jurídica confere aos
agentes administrativos com a finalidade de permitir que o Estado alcance seus fins.

Nesse contexto, de acordo com a doutrina de Direito Administrativo, destaca-se o poder:


a) hierárquico, que possui estruturação interna, mediante o escalonamento no plano vertical dos órgãos e agentes
da Administração, que tem por objetivo a organização da função administrativa;
b) discricionário, que consiste na atuação vinculada do agente público refletida numa imposição legal ao
administrador, obrigando-o a conduzir-se rigorosamente em conformidade com os parâmetros legais;
c) regulamentar, que decorre da prerrogativa de direito público que, calcada na lei, autoriza a Administração
Pública a restringir o uso e o gozo da liberdade e da propriedade em favor do interesse da coletividade;

d) disciplinar, que está ligado à ideia de hierarquia entre os agentes públicos, viabilizando fenômenos
administrativos como a avocação e a delegação, que decorrem de permissivo legal;
e) vinculado, que é a prerrogativa concedida aos agentes administrativos de elegerem, entre várias condutas
possíveis, a que traduz maior conveniência e oportunidade para o interesse público.
Comentário:
A única alternativa correta é a letra A, tendo em vista que descreve com precisão o poder hierárquico: poder que a
Administração tem de se estruturar internamente. A hierarquia só se manifesta dentro de uma mesma pessoa
jurídica. Vamos ver o erro das demais:
b) ERRADA - Poder Discricionário: situações nas quais a lei dá margem de opção ao administrador. Nestes casos,
o texto legal confere poder de escolha do agente, dentro dos limites postos em lei, na busca pelo interesse
público. A assertiva descreve o poder vinculado e não o poder discricionário.
c) ERRADA - Poder normativo ou poder regulamentar: é o poder de editar normas gerais, atos administrativos
gerais e abstratos. Não é poder de edição da lei, não é poder legislativo, mas sim poder de editar ato administrativo
limitado pela lei. A assertiva descreve o poder de polícia e não o poder regulamentar.
d) ERRADA – Poder disciplinar: é o poder de aplicar sanções e penalidades, apurando infrações dos servidores ou
outros que são submetidos à disciplina da Administração, ou seja, a todos aqueles que tenham vínculo de natureza
especial com o Estado. A assertiva descreve o poder hierárquico e não o poder disciplinar.
e) ERRADA – Poder vinculado: a norma legal estabelece todos os elementos do ato administrativo, sem deixar
qualquer margem de opção acerca da melhor atuação para o agente do Estado. A assertiva descreve o poder
discricionário e não o poder vinculado.

Gabarito: alternativa “a”.

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59. (FGV – Câmara de Salvador 2018)


De acordo com a doutrina de Direito Administrativo, quando a lei cria um ato administrativo estabelecendo todos
os seus elementos de forma objetiva, sem qualquer espaço para que a autoridade pública possa valorar acerca da
conduta exigida legalmente, pois a lei já preestabeleceu a única conduta a ser praticada, está-se diante do poder:
a) discricionário, não havendo possibilidade de juízo de valor sobre a oportunidade e conveniência para prática do
ato pela autoridade administrativa;
b) de polícia, que confere ao administrador público a oportunidade e conveniência para a prática do ato
administrativo;
c) regulamentar, segundo o qual a autoridade pública está adstrita às normas legais para a prática dos atos
administrativos;
d) disciplinar, que é ostentado pelo administrador público para impor os atos administrativos aos particulares,
atendendo ao interesse público;
e) vinculado, pois, preenchidos os requisitos legais, o ato administrativo tem que ser praticado pela autoridade
administrativa.
Comentário: A questão cobrou conhecimento sobre poderes administrativos. Vamos fazer uma breve explanação
sobre cada um deles.

Poder Regulamentar é a prerrogativa conferida à Administração Pública para editar atos gerais e abstratos para
fiel execução de lei.
Poder de Polícia é a prerrogativa conferida à Administração Pública para condicionar e limitar a atuação de
particulares, como forma de alcançar o interesse público.
Poder disciplinar possibilita à Administração Pública punir internamente a infração de seus servidores e as infraões
administrativas cometidas por particulares a ela ligados por algum vínculo jurídico específico.
Poder hierárquico trata-se de atribuição concedida ao administrador para organizar, distribuir e principalmente
escalonar as funções de seus órgãos, sendo o Poder que a Administração tem de se estruturar internamente
determinando uma relação de hierarquia e subordinação entre seus órgãos e agentes.
Poder vinculado a norma legal estabelece todos os elementos do ato administrativo, sem deixar qualquer margem
de opção acerca da melhor atuação para o agente do Estado. Nesse caso, o agente público estará vinculado ao que
a lei determina e não apenas ao limite imposto.
Poder discricionário é aquele determinado em lei, no qual o dispositivo legal confere margem de escolha ao
administrador público mediante análise de mérito (razões de oportunidade e conveniência).
Após essa breve explicação, verifica-se que a única assertiva que descreve corretamente o poder indicado é a letra
E.

Gabarito: alternativa “e”.


60. (FGV – Câmara de Salvador 2018)
João construiu prédio de sua mercearia, sem requerer ou obter alvará de localização e funcionamento junto ao
Município de Salvador, invadindo inclusive parte da calçada. Após regular processo administrativo, diante da

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omissão de João, o Município procedeu à demolição da parte construída ilegalmente em área pública. A conduta
do poder público municipal está:
a) correta, e calcada em seu poder regulamentar, pelo atributo da coercibilidade;
b) correta, e calcada em seu poder de polícia, pelo atributo da autoexecutoriedade;

c) correta, e calcada em seu poder disciplinar, pelo atributo da imperatividade;


d) errada, pois a medida extrema restringiu direito e uso da propriedade, razão pela qual deveria ter sido aplicada
apenas a multa;
e) errada, pois a medida extrema restringiu direito e uso da propriedade, razão pela qual deveria ter sido precedida
de provimento judicial.
Comentário: Vamos comentar cada alternativa.
a) ERRADA. Embora a conduta adotada pelo Poder Público municipal tenha sido correta, ela não se baseou no
exercício do Poder Regulamentar, mas no Poder de Polícia. Poder Regulamentar é aquele destinado à
Administração Pública de explicar a lei para que ela possa ser cumprida da forma correta. É um poder inerente ao
Chefe do Executivo.

b) CORRETA. A Administração Pública municipal, no exercício do seu Poder de Polícia, demoliu A parte da obra
de João ilegalmente construída, praticando ato dotado de autoexecutoriedade, dispensando a intervenção do
Poder Judiciário para colocá-lo em execução. Poder de Polícia é o poder que a Administração Pública possui para
dar condições e restringir o uso e o gozo dos bens para beneficiar a coletividade e o Estado.
c) ERRADA. Embora a conduta adotada pelo Poder Público municipal tenha sido correta, ela não se baseou no
exercício do Poder Disciplinar, mas no Poder de Polícia. Poder Disciplinar é o poder que a Administração Pública
detém com a função de controlar o desempenho e punir as infrações dos servidores e das demais pessoas que
disciplinam órgãos e outros serviços administrativos.
d) ERRADA. O Poder Público municipal agiu sim, corretamente, praticando ato administrativo dotado de
autoexecutoriedade, no exercício do Poder de Polícia, em razão da urgência que a situação reclamava. Descabe,
no caso, adotar a mera aplicação da multa, ato não-autoexecutório que não solucionaria o urgente problema de
invasão de parte da calçada da cidade.
e) ERRADA. Diante da necessidade de solucionar com urgência o problema criado por João com a invasão de
parte da calçada decorrente da construção que fez, a Administração Pública municipal, no exercício do Poder de
Polícia, praticou ato autoexecutório de demolir a parte ilegalmente construída. O atributo da autoexecutoriedade
do ato administrativo ora em exame dispensa a necessidade de título fornecido pelo Poder Judiciário para que seja
praticado.

Gabarito: alternativa “b”.


61. (FGV – Sefin/RO 2018)
O Governador do Estado Alfa, com o objetivo de conferir maior dinamismo à fiscalização tributária, celebrou
contrato administrativo com esse objetivo, isso após o devido processo licitatório. À sociedade empresária
contratada foi permitida a aplicação de sanções, com rigorosa observância dos limites legais, sendo o serviço
prestado remunerado com a cobrança de tarifa, sempre proporcional à fiscalização realizada.

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À luz da sistemática jurídica vigente, nos planos constitucional e infraconstitucional, é correto afirmar que o
contrato administrativo celebrado é:
a) regular, pois expressa o exercício do poder discricionário pelo Governador do Estado, rendendo estrita
observância aos princípios da legalidade e da proporcionalidade.

b) irregular, pois o poder discricionário do Governador do Estado somente poderia ser exercido com a prática de
atos administrativos.
c) regular, pois a delegação do poder de polícia à sociedade empresária foi antecedida de processo licitatório e
rendeu estrita observância ao princípio da legalidade.
d) irregular, pois o poder de polícia não poderia ser delegado à iniciativa privada, muito menos remunerado com o
pagamento de preço público.
e) regular, pois a delegação administrativa somente encontra limites na lei, que não estabelece qualquer óbice a
um contrato administrativo com esse objeto.
Comentário: Vamos analisar cada alternativa.
a) ERRADA. Ao contrário do afirmado nesta opção, o contrato administrativo mencionado no enunciado da
questão é irregular, restando impedido qualquer exercício do poder discricionário do agente político nesse sentido.
b) ERRADA. Embora, de fato, o contrato em exame nesta questão seja irregular, o Governador do Estado Alfa não
pode exercer, em qualquer hipótese, seu poder discricionário no sentido de delegar o exercício do poder de polícia.
c) ERRADA. O contrato administrativo celebrado ora em exame é IRREGULAR, pois é vedada a delegação do
poder de polícia no caso exposto.
d) CORRETA. De fato, constata-se ser irregular a celebração do contrato administrativo bem como a própria
licitação promovida pelo Governo do Estado Alfa, tendo em vista que o poder de polícia administrativa jamais
pode ser desempenhado pelos particulares.
e) ERRADA. Esta opção está errada em razão de afirmar ser o contrato ora em exame regular e que não há
qualquer óbice legal para sua celebração e execução. O exercício do poder de polícia não pode ser objeto de
delegação a particulares por parte da Administração Pública.

Gabarito: alternativa “d”

Lista de questões
1. (ESAF – ATRFB 2009)
O poder hierárquico e o poder disciplinar, pela sua natureza, guardam entre si alguns pontos característicos
comuns, que os diferenciam do poder de polícia, eis que
a) a discricionariedade predominante nos dois primeiros fica ausente neste último, no qual predomina o poder
vinculante.

b) entre os dois primeiros pode haver implicações onerosas de ordem tributária, o que não pode decorrer deste
último.

c) o poder regulamentar predomina nas relações entre os dois primeiros, mas não é exercido neste último.

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d) os dois primeiros se inter-relacionam, no âmbito interno da Administração, enquanto este último alcança
terceiros, fora de sua estrutura funcional.
e) não existe interdependência funcional entre os dois primeiros, a qual é necessária neste último, quanto a quem
o exerce e quem por ele é exercido.

2. (ESAF – AFRFB 2009)


São elementos nucleares do poder discricionário da administração pública, passíveis de valoração pelo agente
público:

a) a conveniência e a oportunidade.
b) a forma e a competência.
c) o sujeito e a finalidade.
d) a competência e o mérito.
e) a finalidade e a forma.
3. (ESAF – ATRFB 2009)
Marque a opção incorreta.
a) A expressão Administração Pública, em sentido estrito, compreende, sob o aspecto subjetivo, apenas os órgãos
administrativos e, sob o aspecto objetivo, apenas a função administrativa, excluídos, no primeiro caso, os órgãos
governamentais e, no segundo, a função política.
b) A expressão regime jurídico da Administração Pública é utilizada para designar, em sentido amplo, os regimes
de direito público e de direito privado a que pode submeter-se a Administração Pública.

c) Em decorrência do princípio da continuidade do serviço público, há a impossibilidade, para quem contrata com
a Administração, de invocar a exceptio non adimpleti contractus nos contratos que tenham por objeto a execução
de serviço público.
d) Por meio do princípio da tutela, a Administração Pública direta fiscaliza as atividades dos seus entes, com o
objetivo de garantir a observância de suas finalidades institucionais.
e) O abuso de poder pode ser definido, em sentido amplo, como o vício do ato administrativo que ocorre quando
o agente público exorbita em suas atribuições (desvio de poder), ou pratica o ato com finalidade diversa da que
decorre implícita ou explicitamente da lei (excesso de poder).
4. (Cespe – MP/PI 2018)
O poder disciplinar da administração pública é considerado discricionário nos procedimentos previstos para
apuração de faltas administrativas, tendo em vista que não existem regras rígidas, por exemplo, para considerar a
gravidade da infração e arbitrar uma pena.
5. (Cespe – MP/PI 2018)
Decorre do poder disciplinar a prerrogativa da administração pública de punir internamente as infrações funcionais
de seus servidores e as infrações administrativas cometidas por particulares com quem o ente público tenha algum
vínculo.
6. (CESPE – PM/AL 2018)

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A autoexecutoriedade, atributo do poder de polícia, confere à administração pública a execução de suas decisões
por meios próprios, desde que autorizada por lei ou que seja verificada hipótese de medida urgente, sem a
necessidade de consulta prévia ao Poder Judiciário.
7. (Cespe – PC/SE 2018)
São características do poder de polícia a discricionariedade, a autoexecutoriedade e a coercibilidade.
8. (Cespe – PC/SE 2018)
A polícia administrativa propõe-se a restringir o exercício de atividades ilícitas e, em regra, tem caráter preventivo.
9. (Cespe – PC/SE 2018)
O poder de polícia é indelegável.
10. (Cespe – Sefaz/RS 2018)
Um técnico tributário da secretaria de fazenda de determinado estado, no exercício de suas atividades regulares,
verificou, em um veículo transportador, carga sem o devido documento fiscal obrigatório para o seu transporte.
Por esse motivo, descarregou todas as mercadorias que estavam no veículo, para averiguar se havia outras
irregularidades.
Nessa situação, o servidor público exerceu o poder
a) de polícia, que consiste em atos repressivos, normativos e gerais, e que se caracteriza pela coercibilidade.
b) disciplinar, que consiste em atos repressivos, normativos e concretos, e que se caracteriza pela coercibilidade e
pela autoexecutoriedade.
c) de polícia, que consiste em atos preventivos e repressivos, normativos e concretos, e que se caracteriza pela
autoexecutoriedade e pela coercibilidade.
d) de polícia, que consiste em atos repressivos, concretos e discricionários, e que se caracteriza pela
delegabilidade.

e) disciplinar, que consiste em atos preventivos, de caráter concreto e de natureza vinculada, e que se caracteriza
pela coercibilidade.
11. (Cespe – Sefaz/RS 2018)
A responsabilização de servidor público que tenha negado publicidade a atos oficiais terá como fundamento os
poderes

a) disciplinar e hierárquico.
b) de polícia e disciplinar.
c) hierárquico e de polícia.
d) regulamentar e de polícia.
e) hierárquico e regulamentar.
12. (Cespe – CAGE/RS 2018)
A respeito dos poderes administrativos, assinale a opção correta.

a) O exercício do poder disciplinar não admite delegação ou avocação de atribuições.

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b) O exercício do poder disciplinar pode ser observado na imposição de multas de trânsito.


c) O poder regulamentar é o poder de a administração pública editar leis em sentido estrito.
d) A possibilidade de a administração pública restringir o gozo da liberdade individual em favor do interesse da
coletividade decorre do poder de polícia.

e) O poder hierárquico pode ser exercido pela União sobre uma sociedade de economia mista da qual ela seja
acionista.
13. (Cespe – CGM/JP 2018)
Define-se poder vinculado da administração pública como a faculdade do gestor público de determinar condutas
vinculadas à sua conveniência e oportunidade, observada a legalidade.
14. (Cespe – PC/MA 2018)
Com relação aos poderes administrativos, a prerrogativa da administração pública de editar atos normativos para
ordenar a atuação de órgãos subordinados decorre do exercício do poder
a) discricionário.
b) disciplinar.
c) de polícia.
d) regulamentar.
e) hierárquico.
15. (Cespe – PC/MA 2018)
A administração pública detém determinados poderes, a partir dos quais busca satisfazer o interesse público, que
se sobrepõe ao interesse privado. Nesse sentido, o poder de cada ente administrativo de apurar infrações e aplicar
penalidades a servidores públicos consiste no poder
a) disciplinar.
b) vinculado.
c) discricionário.

d) hierárquico.
e) regulamentar.

16. (Cespe – PC/MA 2018)


Em relação ao poder de polícia, julgue os itens a seguir.
I – O poder de polícia não tem relação com o direito do consumidor.

II – O poder de polícia será sempre exercido em caráter vinculado, nos estritos termos da lei que autoriza o seu
exercício.

III – A polícia judiciária é privativa de corporações especializadas — polícias civis e militares —, enquanto a polícia
administrativa se distribui entre diversos órgãos da administração.
Assinale a opção correta.

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a) Apenas o item I está certo.


b) Apenas o item II está certo.
c) Apenas o item III está certo.
d) Apenas os itens I e II estão certos.

e) Apenas os itens II e III estão certos.


17. (Cespe – TCE/PE 2017)
Ainda que a lei ofereça ao agente público mais de uma alternativa para o exercício do poder de polícia, a autoridade
terá limitações quanto ao meio de ação.
18. (Cespe – TCE/PE 2017)
Caso se conclua, em processo disciplinar, que um servidor praticou infração que enseja a pena de demissão, o
administrador, após avaliar a gravidade da falta e os danos causados, não poderá exercer sua discricionariedade
para aplicar pena diversa.
19. (Cespe – TCE/PE 2017)
Uma aluna de um colégio estadual, maior de dezoito anos de idade, foi flagrada depredando o mobiliário da escola.
Em razão disso, o diretor do colégio aplicou a ela uma penalidade de suspensão por três dias, na forma do
regimento da instituição. Atos como o do diretor do colégio, por consistirem na aplicação de penalidade
administrativa simples, dispensam o cumprimento do devido processo legal.
20. (Cespe – TCE/PE 2017)
Uma aluna de um colégio estadual, maior de dezoito anos de idade, foi flagrada depredando o mobiliário da escola.
Em razão disso, o diretor do colégio aplicou a ela uma penalidade de suspensão por três dias, na forma do
regimento da instituição. O ato do diretor do colégio é exemplo de exercício do poder disciplinar pela
administração pública.

21. (Cespe – PC/GO 2017)


A avocação se verifica quando o superior chama para si a competência de um órgão ou agente público que lhe seja
subordinado. Esse movimento, que é excepcional e temporário, decorre do poder administrativo hierárquico.
22. (Cespe – SEDDF 2017)
O poder de polícia administrativo é uma atividade que se manifesta por meio de atos concretos em benefício do
interesse público. Por conta disso, a administração pode delegar esse poder a pessoas da iniciativa privada não
integrantes da administração pública.

23. (Cespe – SEDF 2017)


José, chefe do setor de recursos humanos de determinado órgão público, editou ato disciplinando as regras para
a participação de servidores em concurso de promoção.
A respeito dessa situação hipotética, julgue o item seguinte.
A edição do referido ato é exemplo de exercício do poder regulamentar.

24. (Cespe – SEDF 2017)


Mauro editou portaria disciplinando regras de remoção no serviço público que beneficiaram, diretamente, amigos
seus. A competência para a edição do referido ato normativo seria de Pedro, superior hierárquico de Mauro. Os

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servidores que se sentiram prejudicados com o resultado do concurso de remoção apresentaram recurso quinze
dias após a data da publicação do resultado.
Nessa situação hipotética,
Mauro não agiu com abuso de poder.

25. (Cespe – SEDF 2017)


Maurício, chefe imediato de João (ambos servidores públicos distritais), determinou que este participasse de
reunião de trabalho em Fortaleza – CE nos dias nove e dez de janeiro. João recebeu o valor das diárias. No dia oito
de janeiro, João sofreu um acidente de carro e, conforme atestado médico apresentado para Maurício, teve de
ficar de repouso por três dias, razão pela qual não pôde viajar. Essa foi a primeira vez no bimestre que João teve
de se afastar do serviço por motivo de saúde.
Acerca dessa situação hipotética e de aspectos legais e doutrinários a ela relacionados, julgue o item a seguir.
A competência de Maurício para determinar que João participasse da reunião de trabalho decorre do poder
hierárquico.
26. (Cespe – SEDF 2017)
No que se refere aos poderes administrativos, aos atos administrativos e ao controle da administração, julgue o
item seguinte. O fato de a administração pública internamente aplicar uma sanção a um servidor público que tenha
praticado uma infração funcional caracteriza o exercício do poder de polícia administrativo.
27. (Cespe – TCE/PA 2016)
Acerca dos servidores públicos, dos poderes da administração pública e do regime jurídico-administrativo, julgue
o item que se segue.
Situação hipotética: O proprietário de determinado restaurante recebeu notificação na qual constava a
determinação de que a obra que havia sido irregularmente realizada na calçada do referido estabelecimento, para
a colocação de mesas, teria de ser demolida. Assertiva: Nesse caso, decorrendo o prazo sem cumprimento da
ordem, a administração poderá promover a demolição sob o manto da autoexecutoriedade dos atos
administrativos e do poder de polícia.
28. (Cespe – TCE/SC 2016)
Com base na doutrina e nas normas de direito administrativo, julgue o item que se segue. Situação hipotética:
Diante da ausência de Maria, servidora pública ocupante de cargo de nível superior, João, servidor público
ocupante de cargo de nível médio, recém-formado em Economia, elaborou determinado expediente de
competência exclusiva do cargo de nível superior ocupado por Maria. Assertiva: Nessa situação, o servidor agiu
com abuso de poder na modalidade excesso de poder.

29. (Cespe – DPU 2016)


No que se refere aos poderes da administração pública e aos serviços públicos, julgue o item subsecutivo.
Configura-se desvio de poder ou de finalidade quando o agente atua fora dos limites de suas atribuições, ou seja,
no caso de realizar ato administrativo não incluído no âmbito de sua competência.
30. (Cespe – TCE/PA 2016)
A discricionariedade administrativa fundamenta-se, entre outros elementos, na incapacidade da lei de prever
todas as situações possíveis e regular minuciosamente a maneira de agir do agente público diante de cada uma

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delas. Assim, confere-se ao agente a prerrogativa de eleger, entre as condutas viáveis, a que se apresentar mais
conveniente e oportuna à luz do interesse público.
31. (Cespe – TCE/PA 2016)
Quando um servidor detentor de cargo de chefia assina expediente em concordância com o conteúdo de ato
elaborado por servidor subordinado, está caracterizada uma expressão do poder hierárquico.
32. (Cespe – TCE/PA 2016)
A prerrogativa da administração de impor sanções a seus servidores, independentemente de decisão judicial,
decorre imediatamente do poder disciplinar e mediatamente do poder hierárquico.
33. (Cespe – TCE/PA 2016)
Os atos decorrentes do poder regulamentar têm natureza originária e visam ao preenchimento de lacunas legais
e à complementação da lei.
34. (Cespe – MPTCE/PB 2014)
Assinale a opção correta com relação aos poderes da administração pública e ao poder de polícia.
a) O fundamento do poder de polícia é a predominância do interesse público sobre o particular, o que torna
ilegítima qualquer discricionariedade no exercício desse poder.
b) No estado de polícia, o jus politiae abrangia um conjunto de normas postas pelo príncipe, com a intromissão na
vida dos particulares, ideia que passou a ser repensada no estado de direito.
c) A construção de poder de polícia no estado de direito, sem abandonar a filosofia do laissez faire e sem
aproximação do coletivismo, visa regular os direitos privados e limitar o poder do príncipe.

d) O MP junto aos tribunais de contas não pode exercer o poder hierárquico por ser este exclusivo do Poder
Executivo.
e) Os atos administrativos ordinatórios emanam do poder disciplinar e não do poder hierárquico e, por isso, podem
ser expedidos por qualquer autoridade aos seus subordinados, mas não podem inovar quanto à legislação
existente.
35. (Cespe – TJ/RR 2013)
Acerca dos poderes da administração pública, assinale a opção correta.
a) Segundo o STF, decreto autônomo que dispuser sobre a extinção de cargos públicos vagos será inconstitucional,
por extrapolar os limites do poder regulamentar conferido ao chefe do Poder Executivo.
b) Os atos administrativos praticados no exercício do poder de polícia caracterizam-se pela autoexecutoriedade,
razão por que não são passíveis de questionamento perante o Poder Judiciário.
c) O regimento interno de um órgão é expressão do poder hierárquico desse órgão.
d) As sanções impostas pela administração aos particulares são exemplos de exercício do poder disciplinar.
e) O Conselho Administrativo de Defesa Econômica, mesmo sendo uma autarquia federal vinculada ao Ministério
da Justiça, não está sujeito ao poder hierárquico desse ministério.
36. (FCC – TJAA TRT/PE 2018)

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Considere hipoteticamente um ato administrativo exarado por autoridade incompetente. Em relação aos
denominados atributos dos atos administrativos, o referido ato
a) não produzirá efeitos, tampouco obrigará terceiros, independentemente da sua invalidação, ante o princípio
que desobriga o cumprimento de ordens manifestamente ilegais.

b) não produzirá efeitos, tampouco obrigará terceiros, independentemente da sua invalidação, o que se denomina
imperatividade.
c) produzirá efeitos e deverá ser cumprido, a menos que decretada, pelo Poder Judiciário, sua invalidade, sendo
vedada a autotutela na hipótese, o que se denomina executoriedade.
d) produzirá efeitos e deverá ser cumprido, enquanto não decretada, pela própria Administração ou pelo Poder
Judiciário, sua invalidade, o que se denomina presunção de legitimidade ou veracidade.
e) produzirá efeitos e deverá ser cumprido, enquanto não decretada, pela própria Administração ou pelo Poder
Judiciário, sua invalidade, o que se denomina autoexecutoriedade.
37. (FCC – ALESE 2018)
João é Prefeito do Município X e, no exercício de seu poder regulamentar, expediu decreto alterando determinada
lei. A conduta narrada
a) implicou abuso do poder regulamentar, vez que houve invasão da competência do Poder Legislativo.

b) está correta, pois o poder regulamentar é a prerrogativa conferida à Administração pública de editar atos de
caráter geral e abstrato que permitam a efetiva aplicação da lei, podendo, portanto, acarretar a alteração
legislativa
c) não é legítima, em razão do instrumento utilizado para formalizar o poder regulamentar, vez que tal poder se
exterioriza, exclusivamente, por meio dos regulamentos autônomos.
d) está correta, pois o poder regulamentar é a prerrogativa conferida à Administração pública de editar atos de
caráter individual, que permitam a efetiva aplicação da lei, podendo, portanto, acarretar a alteração legislativa.
e) não é legítima, em razão do instrumento utilizado para formalizar o poder regulamentar, vez que tal poder se
exterioriza, exclusivamente, por meio das resoluções.
38. (FCC – ALESE 2018)
Marcos, servidor público titular de cargo efetivo, inscreveu-se em concurso de promoção interno, instruindo o
requerimento com a documentação pertinente, atendendo requisitos e indicando a respectiva pontuação,
conforme edital. Alguns documentos foram desconsiderados pela banca do concurso, de forma que ele não atingiu
a pontuação necessária para ser promovido. Posteriormente, a autoridade responsável pela promoção confessou
a outro colega que desconsiderou a pontuação propositadamente, sem qualquer amparo, para coibir a promoção
daquele servidor, seu desafeto. O ato da autoridade que desclassificou Marcos no concurso de promoção
a) está eivado de vício de desvio de finalidade, possibilitando sua anulação, inclusive judicial.
b) constitui apenas infração funcional, que deve ser apenada.
c) tipifica ato de improbidade na modalidade que causa prejuízo ao erário, pois a conduta da autoridade foi dolosa.
d) caracteriza abuso de poder, mas não pode ser revertido, em razão do encerramento do certame.

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e) constitui ato discricionário, ainda que a motivação tenha sido fundada em razões reprováveis, o que impede o
controle judicial.
39. (FCC – ISS São Luís 2018)
A atuação dos agentes públicos que causar danos a terceiros pode gerar responsabilização das pessoas políticas
ou jurídicas da Administração pública as quais estiverem funcionalmente vinculados. No âmbito dessa atuação
passível de resultar na referida responsabilização,
(A) inclui-se o exercício do poder hierárquico, que também incide na esfera jurídica de terceiros não integrantes do
quadro funcional da Administração pública, mas sujeitos àquela relação, como os contratados para prestação de
serviços ou fornecimento de bens.
(B) a atuação dolosa dos agentes públicos, por atos comissivos lícitos ou ilícitos, acarreta dever de indenização da
pessoa jurídica ou política pelos danos que aqueles causarem, cabendo direito de regresso em face dos servidores
responsáveis.
(C) o poder normativo conferido à Administração pública enseja sua responsabilidade objetiva, sendo obrigatória
a inclusão do ente que editou o ato ou decreto no pólo passivo da ação, dado que se trata de atuação legislativa.
(D) o poder de polícia, quando exercido fora dos limites legalmente autorizados, pode ocasionar danos aos
administrados, passíveis de serem opostos à Administração para fins de indenização, independentemente de dolo
ou culpa dos agentes públicos.
(E) tanto o poder de polícia quanto o poder disciplinar exigem comprovação de dolo ou culpa dos agentes públicos
para imputação de responsabilidade às pessoas jurídicas as quais estão vinculados, considerando que se trata de
atuação essencial e intrínseca às funções executivas.
40. (FCC – Sefaz/GO 2018)
O poder normativo atribuído ao Executivo deve observar limites e parâmetros constitucionalmente estabelecidos,
dentre os quais:
a) Insere-se a competência para edição de decretos autônomos, em hipóteses expressas, passível de delegação
aos entes de direito público que integram a Administração pública indireta, como autarquias, fundações e agências
reguladoras, para exercício nas mesmas condições.

b) A necessidade de existência de lei prévia tratando dos aspectos gerais e abstratos da questão, restando ao
Executivo a obrigação de viabilizar a execução dessas diretrizes, por meio da disciplina do procedimento para
tanto.
c) Destaca-se a expressa indelegabilidade de seu exercício, não sendo permitindo a nenhum outro ente da
Administração indireta a edição de atos normativos.

d) A possibilidade de sua delegação para agências reguladoras, constituídas sob a forma de autarquias, para
organização das atividades reguladas, bem como para estabelecimento de critérios técnicos.
e) A constitucionalidade de sua delegação aos entes integrantes da Administração pública indireta para edição de
decretos regulamentadores que disciplinem aspectos técnicos em seus setores de atuação.
41. (FCC – Sefaz/SC 2018)
Dentre os poderes atribuídos à Administração pública, o poder

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a) regulamentar suscita maiores controvérsias, porque passível de ser atribuído à Administração direta, incluídas
as entidades paraestatais, para o desempenho regular de suas funções executivas.
b) normativo não pode ser exercido pelos entes que integram a Administração indireta, à exceção das agências
reguladoras, por conta de sua independência e autonomia.

c) disciplinar é aplicável a todos os entes da Administração indireta, que se sujeitam à Administração central para
fins de processamento dos processos disciplinares instaurados contra seus servidores.
d) hierárquico pode implicar viés disciplinar, a exemplo da apuração de infrações cometidas por servidores públicos
integrantes dos quadros da Administração direta.
e) de polícia pode ser delegado somente aos entes integrantes da Administração indireta que tenham
personalidade jurídica de direito público, a exemplo das agências executivas no que concerne ao papel fiscalizador
que exercem sobre a prestação de serviços públicos.
42. (FCC – Sefaz/SC 2018)
Diante de um novo contrato firmado por uma autarquia, o administrador precisava designar o servidor responsável
pela coordenação das tarefas inerentes à execução da avença. Dentre os membros da equipe competente para a
execução do contrato, nenhum dos servidores se dispôs a assumir a coordenação, o que levou o gestor público a
designar, de ofício, aquele que tinha mais experiência no setor. A atuação do administrador

a) se insere dentro do poder disciplinar que lhe é inerente, tendo em vista que a recusa dos servidores para a
coordenação do trabalho exigiu o sancionamento por parte da chefia.
b) é compatível como exercício do poder hierárquico, que implica o gerenciamento de tarefas e o sancionamento
discricionário diante da recusa dos servidores.
c) é expressão do poder normativo, considerando que o ato de designação do servidor para exercer as funções de
coordenador não tem natureza de ato administrativo.
d) adequa-se ao desempenho do poder hierárquico, que abrange a possibilidade de designação, de ofício, de
tarefas aos servidores integrantes do quadro, observado o respectivo âmbito de atuação.

e) está abrangida pelo poder de polícia em sentido amplo, que também inclui o gerenciamento e limitação das
condutas dos servidores a ele subordinados.

43. (FCC – TRT SP – TJAA 2018)


Constitui exemplo de atuação da Administração pública fundada no exercício do poder de polícia:
(A) Interdição e demolição de construção com risco de desabamento.
(B) Permissão de uso de imóvel público para particular que se responsabilize por sua guarda.
(C) Declaração de inidoneidade à particular que fraudou procedimento licitatório.

(D) Concessão de serviço público à exploração privada, sujeito às normas fixadas pelo poder concedente.
(E) Aplicação de penalidade a servidor público, observado o devido processo legal e o contraditório.
44. (FCC – TJAA TRT/PE 2018)

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Considere hipoteticamente um servidor público estadual, detentor de cargo público efetivo, que tenha praticado,
no exercício de suas funções, conduta que em tese configura falta funcional de natureza grave. Nesta hipótese, a
Administração
a) tem a faculdade de apurar a infração e de aplicar a penalidade prevista em lei, com fundamento no poder de
polícia administrativa.
b) pode ou não aplicar sanção, mesmo que comprovada a falta funcional atribuída ao servidor, isso em razão de
sua natureza imprecisa, que autoriza juízo discricionário.
c) tem a faculdade de, após apurados os fatos, aplicar ou não a sanção correspondente, em razão do poder
disciplinar, que é discricionário e decorre do poder hierárquico.

d) tem o dever de aplicar a pena cabível, independentemente da apuração por meio de procedimento legal, em
razão de o servidor estar sujeito à disciplina interna administrativa.
e) tem o dever de apurar os fatos por meio do processo administrativo adequado, e, comprovada a materialidade
e autoria da infração, aplicar a pena cabível.
45. (FCC – TRT/SP – AJAJ 2018)
A edição de um decreto pelo Chefe do Executivo instituindo proibição de circulação de veículos por determinado
perímetro da cidade

(A) encontra fundamento no poder regulamentar, porque este se presta a suprir lacunas legais.
(B) insere-se dentre as atribuições inerentes ao poder hierárquico, considerando a supremacia do interesse público
sobre o particular, que permite a limitação da liberdade dos administrados, em prol da coletividade.
(C) configura expressão do poder disciplinar, posto que se presta a pacificar as relações entre a Administração
pública e os administrados.
(D) excede os limites do poder regulamentar, na medida em que inova o ordenamento jurídico ao estabelecer nova
restrição a direitos sem que conste haver o devido fundamento em lei.
(E) excede os limites do poder de polícia, tendo em vista que esta atuação se presta apenas a imposição de
obrigações, não sendo admitido o estabelecimento de limitação ou restrição a direitos dos administrados.
46. (FCC – SEGEP-MA 2018)
Um particular requereu a expedição de licença para a realização de obras em seu estabelecimento comercial, cujo
prazo de emissão está legalmente previsto para 30 dias a contar do pedido. Passados três meses do pedido,
mesmo aduzindo ter entregue todos os documentos necessários, não recebeu resposta da Municipalidade,
cogitando requerer judicialmente o documento. A Municipalidade
a) tem discricionariedade na emissão do documento, porque depende da análise de conveniência e oportunidade
da reforma pretendida.
b) tem o dever de emitir o documento, caso tenham sido preenchidos os requisitos legais para tanto, o que permite
ao particular demandar judicialmente para exigir a licença.
c) não se submete aos prazos legais para emissão da licença, tendo em vista que o princípio da legalidade pode ser
excepcionado pelo princípio da eficiência.

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d) pode indeferir tacitamente o pedido de licença, por motivos de conveniência e oportunidade, não cabendo
questionamento de mérito perante o Poder Judiciário.
e) tem o dever de emitir a licença, pois, ainda que se trate de ato administrativo de natureza discricionária, o
preenchimento dos requisitos legais confere direito subjetivo ao particular.

47. (FCC – TST 2017)


Dentre os princípios que regem a atuação da Administração pública nos processos administrativos em geral e sua
relação com os poderes da Administração pública,

(A) os princípios do contraditório e da ampla defesa podem ser mitigados pelo poder de polícia, permitindo que a
Administração restrinja o acesso do administrado interessado aos atos administrativos constantes dos autos como
medida de melhor atendimento do interesse público.
(B) o poder regulamentar permite que a Administração edite decretos instituindo sanções mais adequadas para
determinadas infrações administrativas, de modo a garantir que nos processos administrativos seja priorizado o
princípio da finalidade, impondo-se a decisão que melhor atenda o interesse público.
(C) o poder disciplinar dispensa a exposição dos motivos de fato e de direito que ensejaram a decisão exarada no
processo administrativo, tendo em vista que o conjunto probatório deste constante é suficiente para o
atingimento da conclusão.

(D) o exercício do poder de polícia pela Administração pública, que pode limitar os direitos dos administrados em
geral, com base na legislação vigente, não pode cercear o direito ao contraditório e à ampla defesa a que têm
direito quando no âmbito do processo administrativo.
(E) o poder regulamentar também se presta à edição de normas que permitam a instituição de direitos e garantias
aos administrados quando estes figurem como interessados nos processos administrativos, de forma a que os
princípios que regem esse instituto sejam preservados.
48. (FCC – TST 2017)
O poder normativo da Administração pública
(A) pode ter aplicação preventiva ou repressiva, tal qual o poder de polícia exercido pela Administração pública,
sendo, no primeiro caso, restrito às matérias de organização administrativa e de competência suplementar, ou
seja, para disciplinar situações sobre as quais inexista lei pertinente.
(B) permite à Administração pública a edição de atos normativos para fixação de parâmetros e diretrizes de
gradação de penas disciplinares, quando relacionado ao poder disciplinar, bem como para instituição de novas
penas mais adequadas para situações atuais.
(C) fica restrito às situações em que estejam presentes relações hierarquizadas, em que a competência para
definição de normas tenha caráter originário.
(D) pode ter natureza originária nas situações expressamente previstas constitucionalmente, fora das quais fica
restrito a hipóteses de prévia existência de leis que demandem a disciplina e explicitação da forma de aplicação
das mesmas às situações concretas.
(E) consubstancia-se, quando aplicado a situações concretas, em exercício de poder de polícia, diretamente
incidente sobre a esfera de direitos dos administrados, devendo estar previamente previsto na legislação vigente.
49. (FCC – TST 2017)

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Suponha que determinada entidade integrante da Administração federal pretenda majorar os valores cobrados
dos cidadãos para o licenciamento ambiental de empreendimentos, cuja análise e concessão encontram-se em
sua esfera de competência legal. A atuação da referida entidade corresponde à expressão de
(A) poder regulamentar, passível de cobrança por preço público que reflita os custos efetivamente incorridos.

(B) poder normativo, dependendo a majoração da edição de decreto do Chefe do Executivo.


(C) discricionariedade administrativa, representada por ato da autoridade competente, mediante resolução.
(D) regulação da atividade econômica, própria de agências reguladoras, que atuam mediante decisões fundadas
na discricionariedade técnica.
(E) poder de polícia, custeado mediante cobrança de taxa instituída, obrigatoriamente, por lei.
50. (FCC – TRT23 2016)
O exercício dos poderes inerentes à função executiva e a regular atuação da Administração pública não estão
dissociados da influência dos princípios que regem a Administração pública em toda sua atuação. Essa relação
a) expressa-se, no caso do poder de polícia, à submissão ao princípio da supremacia do interesse público, que
fundamenta a atuação da Administração pública quando não houver fundamento legal para embasar as medidas
de polícia.
b) de subordinação aos princípios da legalidade e da impessoalidade não afasta a possibilidade da Administração
pública adotar medidas administrativas de urgência ou de firmar relações jurídicas diretamente com alguns
administrados, sem submissão a procedimento de seleção público, desde que haja previsão legal para tanto.
c) que impõe presunção de legitimidade e veracidade aos atos praticados pela Administração pública não admite
revisão administrativa, somente questionamento judicial, cabendo ao administrado o ônus da prova em contrário.
d) existente entre o poder disciplinar e o princípio da legalidade informa o poder de tutela exercido sobre os atos
praticados pelos entes que integram a Administração indireta, permitindo que a Administração central promova
a revisão dos mesmos para adequá-los à legalidade.
e) que se forma entre o princípio da legalidade e o poder regulamentar autoriza a edição de atos de natureza
originária nas hipóteses de organização administrativa e, nos demais casos, sempre que houver lacuna ou ausência
de lei.

51. (FCC – TRT21 2017)


Durante inspeção a um laboratório e fábrica de produtos veterinários, os agentes da Administração pública
competente constataram em um exemplar, a utilização de determinado insumo não mais autorizado. Em razão
disso, lavraram auto de infração e de apreensão de todos os produtos da mesma categoria. Os donos do
laboratório insurgiram-se contra a medida que

(A) excedeu os limites do poder de polícia que compete à Administração pública em razão da apreensão das
mercadorias, o que demandaria autorização judicial.
(B) não poderia ter sido realizada sem prévia submissão a processo judicial, salvo se houvesse expressa previsão
em decreto autônomo da Administração pública.
(C) configurou regular exercício de poder disciplinar, que se estende não só em relação aos servidores públicos,
mas também em direção daqueles que travarem relações jurídicas com o poder público.

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(D) constitui regular exercício de poder de polícia pela Administração pública, cuja atuação pode prever medidas
preventivas e repressivas de urgência, a fim de garantir a segurança e a saúde dos administrados.
(E) deveria estar integral e expressamente prevista na legislação que trata da competência de fiscalização da
Administração pública em matéria de vigilância sanitária, não se admitindo adoção de medidas acautelatórias e
de urgência.
52. (FGV – AL/RO 2018)
O Presidente de uma Assembleia Legislativa, por estar sobrecarregado de trabalho, delegou para o 1º Vice
Presidente, com a concordância deste, competência para decidir de recurso hierárquico interposto contra decisão
de Presidente de Comissão, em questão de ordem por este resolvida. O mencionado ato administrativo de
delegação é:
a) lícito, eis que o Presidente da Assembleia agiu no regular exercício de seu poder regulamentar, na medida em
que editou norma geral e abstrata.
b) lícito, eis que o Presidente da Assembleia agiu no regular exercício de seu poder hierárquico, delegando
competência de ato devidamente especificado para inferior hierárquico.
c) lícito, eis que o Presidente da Assembleia agiu no regular exercício de seu poder disciplinar, pois possui
prerrogativa para regulamentar o exercício de suas próprias atribuições.

d) nulo, eis que causará vício de competência, por excesso de poder para o 1º Vice Presidente, pois a decisão de
recurso hierárquico é indelegável.
e) nulo, eis que causará vício de hierarquia, pois o ato apenas poderia ser delegado para autoridade
hierarquicamente superior ao agente delegante.
53. (FGV – AL/RO 2018)
Caio, agente de polícia, recebeu ordens para escoltar determinado preso, que iria prestar depoimento no Tribunal.
Sabe-se que a escolta de preso é função própria e exclusiva de agente penitenciário. Sobre o caso narrado, assinale
a afirmativa correta
a) Caio deve obedecer à ordem recebida em função do princípio da hierarquia.
b) Caio não pode desobedecer à ordem, ante a presunção de legalidade.

c) Caio não deve obedecer à ordem, em decorrência de sua manifesta ilegalidade.


d) Caio deve obedecer à ordem, já que não terá responsabilidade no caso de lesão a interesse público.
e) Caio só obedecerá à ordem se houver justificativa para que esta tenha sido emitida.
54. (FGV – TJ/SC 2018)
Poder de Polícia pode ser conceituado como atividade da Administração Pública que se expressa por meio de seus
atos normativos ou concretos, com fundamento na supremacia geral do interesse público, para, na forma da lei,
condicionar a liberdade e a propriedade dos indivíduos mediante ações fiscalizadoras, preventivas e
repressivas. Nesse contexto, de acordo com modernas doutrina e jurisprudência, o poder de polícia é:
a) delegável na fase de fiscalização de polícia, pois está ligado ao poder de gestão do Estado;
b) delegável na fase de sanção de polícia, pois está ligado ao poder de império do Estado;

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c) delegável em qualquer fase, pois decorre do poder hierárquico do Estado;


d) indelegável em qualquer fase, pois decorre da autoexecutoriedade administrativa;
e) indelegável em qualquer fase, pois decorre da discricionariedade administrativa.
55. (FGV – TJ/SC 2018)
Os poderes administrativos são instrumentais, pois consistem em mecanismos de trabalho por meio dos quais os
órgãos e as entidades administrativas executam suas tarefas e cumprem suas missões. São hipóteses,
respectivamente, de emprego do poder regulamentar e do poder de polícia, quando o agente público municipal
competente:
a) indefere a implantação de determinado loteamento urbano requerido por particular, por não atender aos
requisitos legais; e atua como segurança patrimonial para preservar certo bem público municipal;
b) emite ato administrativo de demissão de servidor público municipal, após regular processo administrativo
disciplinar; determina a servidor hierarquicamente inferior que desempenhe certa função na repartição onde está
lotado;
c) edita decreto contendo normas gerais que complementam lei ordinária municipal em determinada matéria; e
procede à apreensão de produtos impróprios para consumo em mercado privado;
d) delega para autoridade municipal hierarquicamente inferior a prática de certo ato administrativo; e aplica pena
disciplinar a servidor público municipal, observado o devido processo legal;
e) edita emenda à lei orgânica municipal com regras específicas sobre serviços de interesse local; e expede ordem
de serviço disciplinando a divisão de atribuições de servidores lotados na Secretaria Municipal de Segurança
Pública.
56. (FGV – TJ/AL 2018)
Poder de polícia pode ser conceituado como uma atividade da Administração Pública que se expressa por meio de
seus atos normativos ou concretos, com fundamento na supremacia geral do interesse público para, na forma da
lei, condicionar a liberdade e a propriedade individual, mediante ações fiscalizadoras preventivas e repressivas. De
acordo com ensinamentos da doutrina de Direito Administrativo, são características ou atributos do poder de
polícia:

a) a hierarquia, a disciplina e a legalidade;


b) a imperatividade, a delegabilidade e a imprescritibilidade;
c) a discricionariedade, a autoexecutoriedade e a coercibilidade;
d) a indelegabilidade, a hierarquia e o respeito às forças de segurança pública;
e) a imposição da força policial, a voluntariedade e a disciplina.

57. (FGV – TJ/AL 2018)


As atividades que envolvem a consecução do poder de polícia são sumariamente divididas em quatro grupos, a
saber: (i) legislação; (ii) consentimento; (iii) fiscalização; e (iv) sanção. Sobre a delegação do poder de polícia a uma
sociedade de economia mista, a jurisprudência consolidada do Superior Tribunal de Justiça é no sentido de sua:

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a) possibilidade em relação aos atos de fiscalização e sanção, porque decorrem do poder discricionário da
Administração Pública, mas não pode ocorrer delegação dos atos de legislação e consentimento, pois derivam do
poder vinculado;
b) possibilidade em relação aos atos de legislação, consentimento, fiscalização e sanção, diante da autonomia dos
entes federativos, que ostentam o poder discricionário para decidir a forma como prestam os serviços públicos;
c) possibilidade em relação aos atos de consentimento e fiscalização, pois estão ligados ao poder de gestão do
Estado, mas não pode ocorrer delegação dos atos de legislação e sanção, pois derivam do poder de coerção;
d) impossibilidade, em qualquer das fases de legislação, consentimento, fiscalização e sanção, pois apenas os
órgãos da administração direta e os que ostentem personalidade jurídica de direito público da administração
indireta exercem legitimamente a autoexecutoriedade de seus atos;
e) impossibilidade, em qualquer das fases de legislação, consentimento, fiscalização e sanção, pois qualquer forma
de exercício de poder de polícia traz implícito o atributo da imperatividade do ato administrativo, que só pode ser
legitimamente exercido pela administração direta.
58. (FGV – Câmara de Salvador - BA 2018)
Poderes administrativos são o conjunto de prerrogativas de direito público que a ordem jurídica confere aos
agentes administrativos com a finalidade de permitir que o Estado alcance seus fins.

Nesse contexto, de acordo com a doutrina de Direito Administrativo, destaca-se o poder:


a) hierárquico, que possui estruturação interna, mediante o escalonamento no plano vertical dos órgãos e agentes
da Administração, que tem por objetivo a organização da função administrativa;
b) discricionário, que consiste na atuação vinculada do agente público refletida numa imposição legal ao
administrador, obrigando-o a conduzir-se rigorosamente em conformidade com os parâmetros legais;
c) regulamentar, que decorre da prerrogativa de direito público que, calcada na lei, autoriza a Administração
Pública a restringir o uso e o gozo da liberdade e da propriedade em favor do interesse da coletividade;
d) disciplinar, que está ligado à ideia de hierarquia entre os agentes públicos, viabilizando fenômenos
administrativos como a avocação e a delegação, que decorrem de permissivo legal;
e) vinculado, que é a prerrogativa concedida aos agentes administrativos de elegerem, entre várias condutas
possíveis, a que traduz maior conveniência e oportunidade para o interesse público.
59. (FGV – Câmara de Salvador 2018)
De acordo com a doutrina de Direito Administrativo, quando a lei cria um ato administrativo estabelecendo todos
os seus elementos de forma objetiva, sem qualquer espaço para que a autoridade pública possa valorar acerca da
conduta exigida legalmente, pois a lei já preestabeleceu a única conduta a ser praticada, está-se diante do poder:

a) discricionário, não havendo possibilidade de juízo de valor sobre a oportunidade e conveniência para prática do
ato pela autoridade administrativa;
b) de polícia, que confere ao administrador público a oportunidade e conveniência para a prática do ato
administrativo;
c) regulamentar, segundo o qual a autoridade pública está adstrita às normas legais para a prática dos atos
administrativos;

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d) disciplinar, que é ostentado pelo administrador público para impor os atos administrativos aos particulares,
atendendo ao interesse público;
e) vinculado, pois, preenchidos os requisitos legais, o ato administrativo tem que ser praticado pela autoridade
administrativa.

60. (FGV – Câmara de Salvador 2018)


João construiu prédio de sua mercearia, sem requerer ou obter alvará de localização e funcionamento junto ao
Município de Salvador, invadindo inclusive parte da calçada. Após regular processo administrativo, diante da
omissão de João, o Município procedeu à demolição da parte construída ilegalmente em área pública. A conduta
do poder público municipal está:
a) correta, e calcada em seu poder regulamentar, pelo atributo da coercibilidade;
b) correta, e calcada em seu poder de polícia, pelo atributo da autoexecutoriedade;
c) correta, e calcada em seu poder disciplinar, pelo atributo da imperatividade;
d) errada, pois a medida extrema restringiu direito e uso da propriedade, razão pela qual deveria ter sido aplicada
apenas a multa;
e) errada, pois a medida extrema restringiu direito e uso da propriedade, razão pela qual deveria ter sido precedida
de provimento judicial.

61. (FGV – Sefin/RO 2018)


O Governador do Estado Alfa, com o objetivo de conferir maior dinamismo à fiscalização tributária, celebrou
contrato administrativo com esse objetivo, isso após o devido processo licitatório. À sociedade empresária
contratada foi permitida a aplicação de sanções, com rigorosa observância dos limites legais, sendo o serviço
prestado remunerado com a cobrança de tarifa, sempre proporcional à fiscalização realizada.
À luz da sistemática jurídica vigente, nos planos constitucional e infraconstitucional, é correto afirmar que o
contrato administrativo celebrado é:
a) regular, pois expressa o exercício do poder discricionário pelo Governador do Estado, rendendo estrita
observância aos princípios da legalidade e da proporcionalidade.
b) irregular, pois o poder discricionário do Governador do Estado somente poderia ser exercido com a prática de
atos administrativos.
c) regular, pois a delegação do poder de polícia à sociedade empresária foi antecedida de processo licitatório e
rendeu estrita observância ao princípio da legalidade.
d) irregular, pois o poder de polícia não poderia ser delegado à iniciativa privada, muito menos remunerado com o
pagamento de preço público.

e) regular, pois a delegação administrativa somente encontra limites na lei, que não estabelece qualquer óbice a
um contrato administrativo com esse objeto.

*****

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Gabarito
1. d 22. E 43. a
2. a 23. C 44. e
3. e 24. E 45. d
4. C 25. C 46. b
5. C 26. E 47. d
6. C 27. C 48. d
7. C 28. C 49. e
8. C 29. E 50. b
9. E 30. C 51. d
10. C 31. C 52. d
11. A 32. C 53. c
12. D 33. E 54. a
13. E 34. B 55. c
14. E 35. E 56. c
15. A 36. d 57. c
16. C 37. a 58. a
17. C 38. a 59. e
18. C 39. d 60. b
19. E 40. d 61. d
20. C 41. d
21. C 42. d
62.

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Resumo direcionado
PODERES ADMINISTRATIVOS

Poderes instrumentais ≠ Poderes estruturais (legislativo, executivo e judiciário)

Poder vinculado: prática de atos vinculados. É mais um dever que uma prerrogativa.

§ Prerrogativa para praticar atos discricionários.


§ Admite juízo de conveniência e oportunidade (mérito administrativo).
Poder § A margem de escolha é restrita aos limites da lei.
discricionário § Deve observar os princípios da razoabilidade e da proporcionalidade.
§ Controle judicial incide apenas sobre os aspectos vinculados do ato (competência, finalidade e
forma).
§ Abrange também a revogação de atos inoportunos e inconvenientes.

§ Relação de coordenação e subordinação que se estabelece nas organizações administrativas.


§ O poder hierárquico não depende de lei.
§ Permite ao superior hierárquico dar ordens, fiscalizar, controlar, aplicar sanções, delegar e
avocar competências.
Poder § Só abrange sanções disciplinares a servidores, e não sanções a particulares.
hierárquico § Delegação e avocação são atos discricionários.
§ Delegação pode ocorrer fora da estrutura hierárquica; já a avocação, não pode.
§ Não podem ser delegados: atos políticos e funções típicas de cada Poder.
§ Não há hierarquia: entre diferentes pessoas jurídicas; entre Adm. direta e indireta; no exercício de
funções típicas (ex: tribunais do Judiciário); entre os Poderes da República; entre Administração e
administrados.

§ Prerrogativa para aplicar sanções àqueles que, submetidos à disciplina interna da Adm., cometem
infrações (servidores e particulares com vínculo contratual com a Adm.).
Poder
disciplinar § Não se confunde com o poder punitivo do Estado (exercido pelo Poder Judiciário para punir
infrações de natureza civil e penal – ex: atos de improbidade).
§ Admite discricionariedade (gradação e escolha da penalidade).

§ Poder inerente ao Chefe do Executivo para editar decretos.


§ Atos normativos são editados por outras autoridades e órgãos com base no poder normativo.
§ Decreto de execução: dar fiel execução às leis administrativas; não pode ser delegado; atos de
caráter geral e abstrato.
§ Atos normativos secundários: não podem inovar o ordenamento jurídico.
Poder § Decreto autônomo: não precisa de lei prévia; apenas para (i) organizar a Adm. Pública, sem
regulamentar aumento de despesa ou criação/extinção de órgãos ou (ii) extinção de cargos públicos vagos. Pode
ser delegado.
§ O Congresso Nacional pode sustar atos normativos do Executivo que exorbitem do poder
regulamentar.
§ Controle judicial: em caso de conflito com a lei que regulamenta, não cabe ADI (esta, apenas para atos
normativos autônomos que ofendem diretamente a Constituição).

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§ Prerrogativa de condicionar e restringir o exercício de atividades privadas.


§ Em sentido amplo: atividade legislativa e atividades administrativas de restrição e
condicionamento.
§ Em sentido estrito: apenas atividades administrativas.
§ Qualquer medida restritiva deve observar o devido processo legal (ampla defesa).
§ A competência é da pessoa federativa à qual a CF conferiu o poder de regular a matéria. Todavia,
pode haver sistema de cooperação entre as esferas (ex: fiscalização do trânsito).
§ Poder de polícia preventivo: anuência prévia para a prática de atividades privadas (licença e
autorização). Formalizada por alvarás, carteiras, declarações, certificados etc.
ü Licença: anuência para usufruir um direito; ato administrativo vinculado e definitivo.
ü Autorização: anuência para exercer atividade de interesse do particular; ato administrativo
discricionário e precário.
§ Poder de polícia repressivo: aplicação de sanções administrativas a particulares.
§ Podem ser cobradas taxas (espécie de tributo, e não preços públicos ou tarifas) em razão do
exercício (efetivo) do poder de polícia. Dispensa a fiscalização “porta a porta”, desde que haja
Poder de competência e estrutura.
polícia § Ciclo de polícia: legislação (ordem), consentimento, fiscalização e sanção.
§ Legislação e fiscalização são as únicas fases que sempre existirão num ciclo de polícia. O
consentimento depende de lei; já a sanção depende de haver infração no caso concreto.
§ Poder de polícia originário -> adm. direta.
§ Poder de polícia delegado -> adm. indireta (entidades de direito público).
§ Delegação a entidades da adm. indireta de direito privado: apenas consentimento e fiscalização.
§ Não pode ser delegado a entidades privadas não integrantes da Adm. Pública formal.
§ Atributos: discricionariedade, autoexecutoriedade e coercibilidade. Entretanto, alguns atos de
polícia podem ser vinculados (ex: licenças) ou não autoexecutórios e coercitivos (ex: atos
preventivos, cobrança de multa não paga).
§ Prescrição: 5 anos, exceto quando o objeto da sanção também constituir crime; no caso, aplica-se
o prazo da lei penal. Também incide nos processos paralisados por mais de 3 anos.
§ Polícia administrativa: caráter preventivo; exercida por diversos órgãos administrativos; incide
sobre atividades, bens e direitos.
§ Polícia judiciária: caráter repressivo; exercida por corporações especializadas (polícias civil,
federal e militar); prepara a função jurisdicional; incide sobre pessoas.

ABUSO DE PODER
ü Excesso de poder: vício de competência ou de proporcionalidade.
ü Desvio de poder: vício de finalidade (desvio de finalidade).

DEVERES DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA


ü Poder-dever de agir: o administrador não pode deixar de exercer suas prerrogativas.
ü Dever de eficiência: agir com celeridade, perfeição técnica e bom rendimento funcional.
ü Dever de probidade: agir com honestidade e boa-fé, visando ao interesse público.
ü Dever de prestar contas: decorre do princípio da indisponibilidade do interesse público; inerente àqueles que
administram a coisa pública; alcança, inclusive, particulares que aplicam recursos públicos.

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Jurisprudência da aula
STJ – RMS 11.050/RJ (22/2/2000)

Ementa
ADMINISTRATIVO - TRANSPORTE INTERMUNICIPAL - LIMITAÇÃO AO TRÁFEGO NO CENTRO DA CIDADE DO
RIO DE JANEIRO.
1. É da competência do Município disciplinar o tráfego e trânsito na cidade respectiva.

2. Ao Estado cabe a concessão e fiscalização das concessões e trechos.


3. Recurso improvido.
Resumo Estruturado
LEGALIDADE, DECRETO MUNICIPAL, FIXAÇÃO, TRAJETO, LINHA DE TRANSPORTE, ONIBUS, TRANSPORTE
INTERMUNICIPAL, DECORRENCIA, EXCLUSIVIDADE, COMPETENCIA, MUNICIPIO, DETERMINAÇÃO,
TRANSPORTE COLETIVO, IMPOSSIBILIDADE, PODER JUDICIARIO, JULGAMENTO, CONVENIENCIA (DIREITO
ADMINISTRATIVO), ATO ADMINISTRATIVO, CARACTERIZAÇÃO, ATO DISCRICIONARIO, ADMINISTRAÇÃO
PUBLICA.

STF – ADI 996/DF (11/3/1994)

Ementa
ADIN - SISTEMA NACIONAL DE DEFESA DO CONSUMIDOR (SNDC) - DECRETO FEDERAL N. 861/93 - CONFLITO
DE LEGALIDADE - LIMITES DO PODER REGULAMENTAR - AÇÃO DIRETA NÃO CONHECIDA. - Se a
interpretação administrativa da lei, que vier a consubstanciar-se em decreto executivo, divergir do sentido e
do conteúdo da norma legal que o ato secundário pretendeu regulamentar, quer porque tenha este se
projetado ultra legem, quer porque tenha permanecido citra legem, quer, ainda, porque tenha investido
contra legem, a questão caracterizara, sempre, típica crise de legalidade, e não de inconstitucionalidade, a
inviabilizar, em consequencia, a utilização do mecanismo processual da fiscalização normativa abstrata. - O
eventual extravasamento, pelo ato regulamentar, dos limites a que materialmente deve estar adstrito poderá
configurar insubordinação executiva aos comandos da lei. Mesmo que, a partir desse vício jurídico, se possa
vislumbrar, num desdobramento ulterior, uma potencial violação da Carta Magna, ainda assim estar-se-ia em face
de uma situação de inconstitucionalidade reflexa ou obliqua, cuja apreciação não se revela possível em sede
jurisdicional concentrada.

STF – ADI 1.590/SP (19/6/1997)

Ementa
EMENTA: I. Ação direta de inconstitucionalidade: objeto Tem-se objeto idôneo à ação direta de
inconstitucionalidade quando o decreto impugnado não é de caráter regulamentar de lei, mas constitui ato
normativo que pretende derivar o seu conteúdo diretamente da Constituição. II. Ação direta de
inconstitucionalidade: legitimação das entidades nacionais de classe que não depende de autorização específica
dos seus filiados. (...) IV. Servidor público: teto de remuneração (CF, art. 37, XI): auto-aplicabilidade. Dada a eficácia
plena e a aplicabilidade imediata, inclusive aos entes empresariais da administração indireta, do art. 37, XI, da

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Constituição, e do art. 17 do ADCT, a sua implementação - não dependendo de complementação normativa - não
parece constituir matéria de reserva à lei formal e, no âmbito do Executivo, à primeira vista, podia ser determinada
por decreto, que encontra no poder hierárquico do Governador a sua fonte de legitimação.

STJ – REsp 817.534 (10/11/2009)

Ementa
ADMINISTRATIVO. PODER DE POLÍCIA. TRÂNSITO. SANÇÃO PECUNIÁRIA APLICADA POR SOCIEDADE DE
ECONOMIA MISTA. IMPOSSIBILIDADE. 1. (...) 2. No que tange ao mérito, convém assinalar que, em sentido
amplo, poder de polícia pode ser conceituado como o dever estatal de limitar-se o exercício da propriedade e
da liberdade em favor do interesse público. A controvérsia em debate é a possibilidade de exercício do poder
de polícia por particulares (no caso, aplicação de multas de trânsito por sociedade de economia mista). 3. As
atividades que envolvem a consecução do poder de polícia podem ser sumariamente divididas em quatro grupos,
a saber: (i) legislação, (ii) consentimento, (iii) fiscalização e (iv) sanção. 4. No âmbito da limitação do exercício da
propriedade e da liberdade no trânsito, esses grupos ficam bem definidos: o CTB estabelece normas genéricas e
abstratas para a obtenção da Carteira Nacional de Habilitação (legislação); a emissão da carteira corporifica a
vontade o Poder Público (consentimento); a Administração instala equipamentos eletrônicos para verificar se há
respeito à velocidade estabelecida em lei (fiscalização); e também a Administração sanciona aquele que não
guarda observância ao CTB (sanção). 5. Somente o atos relativos ao consentimento e à fiscalização são
delegáveis, pois aqueles referentes à legislação e à sanção derivam do poder de coerção do Poder Público. 6.
No que tange aos atos de sanção, o bom desenvolvimento por particulares estaria, inclusive, comprometido pela
busca do lucro - aplicação de multas para aumentar a arrecadação. 7. Recurso especial provido.

STF – ADI 1.717/DF (7/11/2002)

Ementa
EMENTA: DIREITO CONSTITUCIONAL E ADMINISTRATIVO. AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE DO
ART. 58 E SEUS PARÁGRAFOS DA LEI FEDERAL Nº 9.649, DE 27.05.1998, QUE TRATAM DOS SERVIÇOS DE
FISCALIZAÇÃO DE PROFISSÕES REGULAMENTADAS. (...) 2. Isso porque a interpretação conjugada dos artigos
5°, XIII, 22, XVI, 21, XXIV, 70, parágrafo único, 149 e 175 da Constituição Federal, leva à conclusão, no sentido da
indelegabilidade, a uma entidade privada, de atividade típica de Estado, que abrange até poder de polícia, de
tributar e de punir, no que concerne ao exercício de atividades profissionais regulamentadas, como ocorre com os
dispositivos impugnados. 3. Decisão unânime.

STF – RE 588.322 (16/6/2010)

Ementa

Recurso Extraordinário 1. Repercussão geral reconhecida. 2. Alegação de inconstitucionalidade da taxa de


renovação de localização e de funcionamento do Município de Porto Velho. 3. Suposta violação ao artigo 145,
inciso II, da Constituição, ao fundamento de não existir comprovação do efetivo exercício do poder de polícia.
4. O texto constitucional diferencia as taxas decorrentes do exercício do poder de polícia daquelas de utilização de
serviços específicos e divisíveis, facultando apenas a estas a prestação potencial do serviço público. 5. A
regularidade do exercício do poder de polícia é imprescindível para a cobrança da taxa de localização e
fiscalização. 6. À luz da jurisprudência deste Supremo Tribunal Federal, a existência do órgão administrativo
não é condição para o reconhecimento da constitucionalidade da cobrança da taxa de localização e

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fiscalização, mas constitui um dos elementos admitidos para se inferir o efetivo exercício do poder de polícia,
exigido constitucionalmente. Precedentes. 7. O Tribunal de Justiça de Rondônia assentou que o Município de
Porto Velho, que criou a taxa objeto do litígio, é dotado de aparato fiscal necessário ao exercício do poder de
polícia. 8. Configurada a existência de instrumentos necessários e do efetivo exercício do poder de polícia. 9. É
constitucional taxa de renovação de funcionamento e localização municipal, desde que efetivo o exercício do
poder de polícia, demonstrado pela existência de órgão e estrutura competentes para o respectivo exercício,
tal como verificado na espécie quanto ao Município de Porto Velho/RO 10. Recurso extraordinário ao qual se nega
provimento.

STF – RE 361.009/RJ (31/8/2010)

Ementa
EMENTA: CONSTITUCIONAL. TRIBUTÁRIO. TAXA DE LOCALIZAÇÃO E FUNCIONAMENTO. HIPÓTESE DE
INCIDÊNCIA. EFETIVO EXERCÍCIO DE PODER DE POLÍCIA. AUSÊNCIA EVENTUAL DE FISCALIZAÇÃO
PRESENCIAL. IRRELEVÂNCIA. PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO REGIMENTAL. 1. A incidência de taxa pelo
exercício de poder de polícia pressupõe ao menos (1) competência para fiscalizar a atividade e (2) a existência
de órgão ou aparato aptos a exercer a fiscalização. 2. O exercício do poder de polícia não é necessariamente
presencial, pois pode ocorrer a partir de local remoto, com o auxílio de instrumentos e técnicas que permitam
à administração examinar a conduta do agente fiscalizado (cf., por semelhança, o RE 416.601, rel. min. Carlos
Velloso, Pleno, DJ de 30.09.2005). Matéria debatida no RE 588.332-RG (rel. min. Gilmar Mendes, Pleno, julgado
em 16.06.2010. Cf. Informativo STF 591/STF). 3. Dizer que a incidência do tributo prescinde de “fiscalização
porta a porta” (in loco) não implica reconhecer que o Estado pode permanecer inerte no seu dever de adequar
a atividade pública e a privada às balizas estabelecidas pelo sistema jurídico. Pelo contrário, apenas reforça sua
responsabilidade e a de seus agentes. 4. Peculiaridades do caso. Necessidade de abertura de instrução probatória.
Súmula 279/STF. Agravo regimental ao qual se nega provimento.

STJ – RMS 1.9820/SP (9/10/2007)

Ementa
(...) 4. Nada obstante, e apenas obiter dictum, há de se considerar que, no caso sub examine, a atividade
engendrada pelo Estado atinente à implementação do programa de restrição ao trânsito de veículos automotores
no Município de São Paulo, cognominado de "rodízio", insere-se na conceituação de Poder de Polícia, que,
consoante cediço, é a atividade engendrada pelo Estado com vistas a coibir ou limitar o exercício dos direitos
individuais em prol do interesse público, nesse diapasão Celso Antônio Bandeira de Mello afirma que: " (...) O
Estado, mediante lei, condiciona, limita, o exercício da liberdade dos administrados, a fim de compatibilizá-
las com o bem-estar social. Daí que a Administração fica imcumbida de desenvolver certa atividade destinada a
assegurar que a atuação dos particulares mantenha-se consonante com az exigências legais, o que pressupõe a
prática de atos, ora preventivos, ora fiscalizadores e ora repressivos (...)
O objeto do poder de polícia deve ser não somente lícito, mas idôneo e proporcional à ameaça da orem
jurídica. Importando, via de regra, o poder de polícia em não restrições a direitos individuais, a sua utilização não
deve ser excessiva ou desnecessária, de modo a não configurar um abuso de poder. Não basta a lei possibilitar a
ação coercitiva da autoridade para justificação do ato de polícia. É necessário, ainda, que se objetivem as
condições materiais que solicitem ou recomendem a sua invocação (...)

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O Pretório Excelso tendo já fixado insuficiente a prévia existência de lei para autorizar legítima restrição a direito.
E, isto porque, submetida a restrição ao crivo daquele critério de razoabilidade, ao Poder Judiciário incumbindo
sopesá-Ia à luz do interesse público para reconhecê-Ias (ou não) legítimas

STF – ARE 662.186 (22/3/2012)

Notícia
Imposição de multas pela BHTRANS é tema de repercussão geral no STF
O Plenário Virtual do Supremo Tribunal Federal (STF) reconheceu a existência de repercussão geral no tema
contido no Recurso Extraordinário com Agravo (ARE) 662186, interposto pela Empresa de Transportes e Trânsito
de Belo Horizonte S/A – (BHTRANS) contra decisão do Tribunal de Justiça do Estado de Minas Gerais (TJ-MG), que
considerou inviável a possibilidade de aplicação de multas pela empresa de trânsito, sociedade de economia mista,
e determinou a restituição de valores assim arrecadados.
A decisão foi tomada pelo TJ-MG com base em jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça (STJ), segundo a
qual uma sociedade de economia mista de trânsito tem apenas poder de polícia fiscalizatório, mas lhe é vedada a
imposição de sanções.
Já a BHTRANS sustentou que o exercício do poder de polícia de trânsito pode ser delegado a sociedade de
economia mista. No caso, conforme alega, a Lei municipal de Belo Horizonte nº 5.953/91 autorizou a criação da
BHTRANS com a finalidade de controlar e executar os serviços de trânsito da capital mineira, em conformidade
com o artigo 24 do Código de Trânsito Brasileiro (Lei 9.503/97), bem como no interesse público local, nos termos
do artigo 30 da Constituição Federal (CF).
Repercussão
Ao propor o reconhecimento de repercussão geral à matéria, o relator do ARE, ministro Luiz Fux, lembrou que
também o Plenário do STF se manifestou sobre a possibilidade de delegação de poder de polícia a entidade
privada. Segundo ele, no julgamento da Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) 1717, relatada pelo ministro
Sydney Sanches (aposentado), a Corte concluiu pela impossibilidade de delegar a entidade privada atividade típica
de Estado, que abrange também o poder de polícia, o de tributar e de punir, no que tange ao exercício de atividades
profissionais.
O ministro Luiz Fux reportou-se, ainda, a liminar concedida pelo ministro Marco Aurélio na ADI 2310, em que ele
suspendeu a eficácia de dispositivos da Lei 9.986 (que dispõe sobre a gestão de recursos humanos das agências
reguladoras), que previam o aproveitamento de servidores da Telebrás, celetistas, pela Agência Nacional de
Telecomunicações (Anatel), uma autarquia especial de caráter público, cujos servidores exercem funções típicas
de servidor público e, portanto, sujeitos a concurso público para sua admissão no órgão.
Diante disso, o ministro Luiz Fux argumentou que a questão constitucional colocada no ARE “ultrapassa os
interesses das partes, avultando-se relevante do ponto de vista econômico, político, social e jurídico”.
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Leitura complementar

Deveres da Administração Pública


A par dos poderes que lhes são conferidos como instrumento para a persecução do interesse coletivo, os
agentes públicos também se sujeitam a uma série de deveres específicos e peculiares, decorrentes do princípio
da indisponibilidade do interesse público, os quais se destinam a assegurar que sua atuação ocorra em benefício
do bem comum.
Os principais deveres impostos aos agentes administrativos são:

§ Poder-dever de agir
§ Dever de eficiência
§ Dever de probidade
§ Dever de prestar contas

Poder-dever de agir

Enquanto na esfera privada o poder é faculdade daquele que o detém, no setor público, representa um dever
do administrador, desde que se apresente a oportunidade de exercitá-lo em benefício da coletividade,
É o que Hely Lopes Meirelles chama de poder-dever de agir: uma vez que os poderes administrativos são
conferidos como instrumentos para o atingimento de fins públicos, o agente não pode deixar de exercê-los, pois
isso comprometeria a própria consecução dos objetivos previstos na lei que determinou ou autorizou a sua
atuação.
Ora, não se admite, por exemplo, que um agente de trânsito, diante de um flagrante desrespeito aos limites
de velocidade, deixe de exercer seu poder de polícia e não puna o motorista infrator. No caso, ele tem o poder-
dever de agir, uma vez que sua omissão poderia contribuir para a ocorrência de um acidente com graves prejuízos
para diversas pessoas da comunidade.
A omissão do agente, diante de situações que exigem sua atuação, caracteriza abuso de poder, que poderá
ensejar, inclusive, responsabilidade civil da Administração Pública pelos danos que porventura decorram da
omissão ilegal.
Abre-se um parêntese para registrar que nem toda omissão é fonte de ilegalidade. Carvalho Filho faz menção
à reserva do possível, para sustentar que nem todas as metas governamentais podem ser alcançadas,
especialmente pela costumeira escassez de recursos financeiros. Essas omissões são genéricas, e, portanto, não
acarretam a responsabilidade civil do Estado. É o caso, por exemplo, de projetos de obras públicas, como
hidrelétricas, reformas de estradas e construção de hospitais, todos componentes de políticas de Administração,
sem prazo certo para implementação. Somente no momento de cumprir o empreendimento é que o
administrador poderá analisar os elementos concretos para concluir a respeito da possibilidade ou não de executá-
lo. Se, por exemplo, não houver recursos financeiros disponíveis ou, ainda, se aparecer algum embaraço de ordem
ambiental, não será possível dar andamento à obra. Por lógico, não se pode obrigar a Administração a fazer o que
se revela impossível.
Ao contrário, são ilegais as chamadas omissões específicas, ou seja, aquelas que estiverem ocorrendo
mesmo diante de expressa disposição legal impondo que algo deve ser feito em determinado prazo, ou ainda

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quando, mesmo sem prazo fixado, a Administração permanece omissa em período superior ao aceitável dentro
de padrões normais de tolerância ou razoabilidade. É o caso, por exemplo, do art. 49 da Lei 9.784/1999 (lei do
processo administrativo federal), que assina prazo de até 30 dias após a instrução para que a Administração decida
o processo.

Questão para fixar


19) O exercício dos poderes administrativos não é uma faculdade do agente público, mas uma obrigação
de atuar; por isso, a omissão no exercício desses poderes poderá ensejar a responsabilização do agente
público nas esferas cível, penal e administrativa.

Comentário:
O quesito está correto. A omissão do agente, diante de situações que exigem sua atuação caracteriza abuso
de poder. Sobre o tema, Carvalho Filho ressalta que, na medida em que incumbe ao agente determinada
conduta comissiva, a sua omissão (conduta omissiva) haverá de configurar-se como ilegal. Desse modo, o
administrado tem o direito subjetivo de exigir do administrador omisso a conduta comissiva imposta em
lei, quer na via administrativa, quer na via judicial, formulando na ação pedido de natureza condenatória de
obrigação de fazer.
Gabarito: Certo

Dever de eficiência
O dever de eficiência traduz a ideia de boa administração, ou seja, de que o agente, além de agir com
celeridade, deve atuar com perfeição técnica e deter bom rendimento funcional.
Tal dever foi, inclusive, elevado a princípio constitucional (CF, art. 37, “caput), sendo detectado, entre outros
momentos, na:
§ Possibilidade de perda do cargo do servidor público estável em razão de insuficiência de desempenho
(art. 41, §1º, III);
§ Instituição de Escolas de Governo para a formação e o aperfeiçoamento dos servidores públicos,
constituindo-se a participação nos cursos um dos requisitos para a promoção na carreira (art. 39, §2º); e
§ Faculdade de celebração de contratos de gestão, neste caso, para incremento da autonomia financeira,
orçamentária e patrimonial dos órgãos e entidades do Estado (art. 37, §8º).

Dever de probidade
O dever de probidade exige que os atos dos agentes públicos sejam legítimos, honestos, éticos e pautados
pela boa-fé, não sendo suficiente o atendimento da lei formal, mas, sobretudo, a observância da moralidade
administrativa e da finalidade pública.
O dever de probidade é imposto a todo e qualquer agente público, do mais modesto ao mais alto cargo. Os
atos ímprobos podem ser invalidados pela própria Administração, com base no princípio da autotutela, como
também pelo Poder Judiciário, se provocado.

O art. 37, §4º da CF estabelece que os atos de improbidade acarretarão a suspensão dos direitos políticos, a
perda da função pública, a indisponibilidade dos bens e o ressarcimento ao erário, na forma e gradação previstas em
lei, sem prejuízo da ação penal cabível.

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Tal dispositivo constitucional foi regulamentado na Lei 8.429/1992, que tipifica e sanciona os atos de
improbidade administrativa. Essa lei será estudada em aula específica do curso.

Dever de prestar contas


O dever de prestar contas decorre diretamente do princípio da indisponibilidade do interesse público,
sendo inerente à função daquele que administra a coisa pública. Afinal, o gestor público é mero curador de bens e
interesses alheios, pertencentes a toda a coletividade, devendo, assim, prestar contas ao proprietário, por
intermédio dos órgãos competentes para a fiscalização (Tribunal de Contas, órgãos de controle interno, órgãos
repassadores de recursos a entidades privadas, agências reguladoras etc.).
A prestação de contas remete à necessidade de transparência dos atos estatais (administrativos ou de
governo), especialmente no que se refere à aplicação dos recursos públicos.
O dever de prestar contas é bastante abrangente, alcançando inclusive particulares que, de algum modo,
sejam responsáveis pela aplicação de recursos públicos. É o que dispõe o art. 70, parágrafo único da Constituição
Federal:

Parágrafo único. Prestará contas qualquer pessoa física ou jurídica, pública ou privada, que utilize,
arrecade, guarde, gerencie ou administre dinheiros, bens e valores públicos ou pelos quais a União
responda, ou que, em nome desta, assuma obrigações de natureza pecuniária.

A prestação de contas de administradores pode ser realizada internamente, através dos órgãos escalonados
em graus hierárquicos, ou externamente. Nesse caso, o controle de contas é feito pelo Poder Legislativo, por ser
ele o órgão de representação popular, juntamente com o Tribunal de Contas, órgão técnico de estatura
constitucional que detém uma série de competências voltadas para o controle da atividade financeira dos agentes
da Administração.

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Questão para fixar


20) O dever do agente público que decorre diretamente do princípio da indisponibilidade do interesse
público, sendo inerente à função daquele que administra a coisa pública, denomina-se:
a) Dever de eficiência.
b) Dever de probidade.
c) Dever de prestar contas.

d) Poder dever de agir.


e) Poder dever de fiscalizar.

Comentário:
Todas as opções apresentam deveres a que os agentes públicos se sujeitam. O enunciado, contudo, requer
que apontemos o dever que decorre diretamente do princípio da indisponibilidade do interesse público,
sendo inerente à função daquele que administra a coisa pública.
Trata-se, portanto, do dever de prestar contas que, segundo Hely Lopes Meirelles, é “decorrência natural da
administração como encargo de gestão de bens e interesses alheios. Se o administrador corresponde ao
desempenho de um mandato de zelo e conservação de bens e interesses de outrem, manifesto é que quem
o exerce deverá prestar contas ao proprietário. No caso do administrador público, esse dever ainda mais se
alteia, porque a gestão se refere aos bens e interesses da coletividade e assume o caráter de um múnus
público, isto é, de um encargo para com a comunidade”.

Gabarito: alternativa “c”

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Referências
Alexandrino, M. Paulo, V. Direito Administrativo Descomplicado. 22ª ed. São Paulo: Método, 2014.
Bandeira de Mello, C. A. Curso de Direito Administrativo. 32ª ed. São Paulo: Malheiros, 2015.
Borges, C.; Sá, A. Direito Administrativo Facilitado. São Paulo: Método, 2015.
Carvalho Filho, J. S. Manual de Direito Administrativo. 27ª ed. São Paulo: Atlas, 2014.
Di Pietro, M. S. Z. Direito Administrativo. 28ª ed. São Paulo: Editora Atlas, 2014.

Furtado, L. R. Curso de Direito Administrativo. 4ª ed. Belo Horizonte: Fórum, 2013.


Knoplock, G. M. Manual de Direito Administrativo: teoria e questões. 7ª ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2013.
Justen Filho, Marçal. Curso de direito administrativo. 10ª ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2014.

Marrara, Thiago. As fontes do direito administrativo e o princípio da legalidade. Revista Digital de Direito
Administrativo. Ribeirão Preto. V. 1, n. 1, p. 23-51, 2014.
Meirelles, H. L. Direito administrativo brasileiro. 41ª ed. São Paulo: Malheiros, 2015.
Scatolino, G. Trindade, J. Manual de Direito Administrativo. 2ª ed. JusPODIVM, 2014.

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