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Direito Administrativo p/ MPU (Técnico - Administração) Com


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Atos administrativos ...................................................................................................... 4


Conceito ........................................................................................................................................5
Atos da Administração ..................................................................................................................7
Fatos administrativos ..................................................................................................................10
Atributos ..................................................................................................................... 13
Presunção de legitimidade...........................................................................................................13
Imperatividade ............................................................................................................................17
Autoexecutoriedade ....................................................................................................................19
Tipicidade ....................................................................................................................................21
Elementos ................................................................................................................... 24
Competência ...............................................................................................................................25
Finalidade ....................................................................................................................................31
Forma ..........................................................................................................................................32
Motivo .........................................................................................................................................33
Objeto .........................................................................................................................................41
Vícios nos elementos de formação ................................................................................ 43
Vícios de competência .................................................................................................................43
Vícios de finalidade ......................................................................................................................45
Vícios de forma ............................................................................................................................45
Vícios de motivo ..........................................................................................................................46
Vícios de objeto ...........................................................................................................................47
Vinculação e discricionariedade .................................................................................... 47
Mérito administrativo ..................................................................................................................48
Questões de prova ....................................................................................................... 51
Legislação pertinente ................................................................................................... 63
RESUMÃO DA AULA ..................................................................................................... 65
Lista de questões ......................................................................................................... 68
Gabarito ...................................................................................................................... 72
Referências .................................................................................................................. 73

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Olá pessoal!
Nosso tema de hoje é “atos administrativos”. O assunto será abordado em duas aulas.

ATOS ADMINISTRATIVOS
No Direito, quando a manifestação da vontade humana produz efeitos jurídicos, é dito que se
formou um ato jurídico. Se este ato resulta de manifestações da Administração Pública, o que se
tem é um ato administrativo. Portanto, logo de cara, pode-se dizer que o ato administrativo é uma
espécie do gênero ato jurídico.
Os atos administrativos constituem a forma básica pela qual a Administração Pública
manifesta sua vontade. Tais atos materializam o exercício da função administrativa, a qual é típica
do Poder Executivo, mas que também pode ser exercida pelos demais Poderes. Em outras palavras,
os Poderes Legislativo e Judiciário também editam atos administrativos.
Todavia, os atos administrativos, por sua natureza, conteúdo e forma, não se confundem com
os atos emanados do Legislativo e do Judiciário quando desempenham suas atribuições específicas
de legislação (elaboração de normas primárias) e de jurisdição (decisões judiciais). Assim, na
atividade pública geral, podem ser reconhecidas três categorias de atos inconfundíveis entre si:
atos legislativos, atos judiciais e atos administrativos1.

(Questão de prova) A edição de atos administrativos é exclusiva dos órgãos do Poder


Executivo, não tendo as autoridades dos demais poderes competência para editá-los.
Comentário:
O quesito está errado. Os órgãos administrativos de todos os Poderes, e não apenas do
Poder Executivo, exercem atividades administrativas e, portanto, editam atos administrativos. É
o caso, por exemplo, de quando a Mesa do Senado promove concurso público para a seleção de
novos servidores; de quando a Secretaria do STF realiza licitação para adquirir uma nova frota de
veículos para o Tribunal; ou de quando o Presidente do TCU demite servidor do órgão.
Gabarito: Errado

(Questão de prova) Quando o juiz de direito prolata uma sentença, nada mais faz do que
praticar um ato administrativo.
Comentário:
O quesito está errado. O juiz quando prolata sentença está no exercício da função
jurisdicional, típica do Poder Judiciário; portanto, trata-se de um ato judicial, e não de um ato

1
Hely Lopes Meirelles (2009, p. 152)

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administrativo. De forma semelhante, quando os parlamentares votam um projeto de lei, estão


praticando um ato legislativo, no exercício da função típica do Poder Legislativo, e não um ato
administrativo. Com efeito, os Poderes Judiciário e Legislativo só editam atos administrativos
quando estiverem no exercício da função administrativa (atípica para eles), como quando
ordenam despesas próprias e concedem licenças aos seus servidores.
Gabarito: Errado

Enfim, qual é então o conceito de ato administrativo? Quais as peculiaridades que o distinguem
dos atos legislativos e judiciais? É isso que veremos em seguida.

CONCEITO

Para conceituar ato administrativo, vamos nos valer da definição proposta por Maria Sylvia Di
Pietro, a qual é bastante similar à da maioria dos grandes administrativistas:
Ato administrativo - declaração unilateral do Estado ou de quem o represente que produz
efeitos jurídicos imediatos, com observância da lei, sob o regime jurídico de Direito Público
e sujeita a controle pelo Poder Judiciário.
Vamos destrinchar esse conceito.
Primeiramente, vale observar que a autora conceitua o ato administrativo como uma
“declaração” da vontade do Estado. Ao usar a palavra “declaração”, ela deixa claro que deve haver
uma exteriorização de pensamento para que exista um ato administrativo. Assim, o silêncio ou
omissão da Administração não pode ser considerado um ato administrativo, ainda que possa gerar
efeitos jurídicos (como no caso da decadência e da prescrição).
O conceito apresentado é restrito ao ato administrativo “unilateral”, ou seja, àquele que se
forma com a vontade única da Administração, independente da concordância daqueles que serão
atingidos por ele; o ato unilateral, segundo Hely Lopes Meirelles, é o ato administrativo típico. De
outra parte, os atos bilaterais, que se aperfeiçoam com mais de uma declaração de vontade,
constituem os contratos administrativos (ex: contrato de aquisição de bens celebrado pela
Administração com um fornecedor particular), que serão estudados em aula específica do curso2.
O ato administrativo é uma declaração unilateral do “Estado”. Estado, aqui, deve ser
compreendido como todas as pessoas que, de alguma forma, exercem funções públicas. Abrange
tanto os órgãos do Poder Executivo como os dos demais Poderes, que também podem editar atos
administrativos. Além disso, compreende os dirigentes de autarquias e fundações e os
administradores de empresas estatais.

2
Lucas Furtado ensina que, no Direito Privado, o conceito de ato jur’dico compreende tanto as
manifesta•›es unilaterais de vontade quanto os neg—cios jur’dicos, nestes inclu’dos os contratos. No
Direito Administrativo, ao contr‡rio, somente as manifesta•›es unilaterais de vontade do Poder Pœblico
podem ser conceitualmente reconhecidas como atos administrativos.

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Detalhe, porém, é que o surgimento do ato administrativo pressupõe que a Administração


atue nessa qualidade, ou seja, “sob o regime jurídico de Direito Público”, usando de sua supremacia
de Poder Público, com as prerrogativas e restrições próprias do regime jurídico-administrativo.
Assim, não seria ato administrativo, por exemplo, a abertura de conta corrente por um banco estatal,
pois, nesse caso, ele estaria praticando um ato privado, em igualdade de condições com o particular.
Por outro lado, o edital de licitação ou de concurso público lançado por esse mesmo banco estatal
seria um ato administrativo, eis que sujeito às normas de direito público.
O ato administrativo também é uma declaração unilateral de quem faça as vezes do Estado
(“ou de quem o represente”). Significa, assim, que os particulares também podem praticar atos
administrativos, desde que estejam investidos de prerrogativas estatais (agentes honoríficos,
delegados e credenciados). Seria o caso, por exemplo, das concessionárias de serviço público, que
podem sancionar administrativamente o cidadão em determinadas situações (ex: as concessionárias
de transporte podem determinar a expulsão de passageiros que não se comportem
adequadamente).
O ato administrativo produz efeitos jurídicos imediatos para os administrados, para a própria
Administração ou para seus servidores, criando, modificando ou extinguindo direitos e obrigações.
Ao dizer que ele produz efeitos jurídicos “imediatos”, a autora busca distinguir o ato
administrativo da lei, dado que esta, em razão de suas características de generalidade e abstração,
não se presta, de regra, a gerar efeitos imediatos. Perceba que o conceito da autora, materialmente,
não abrange os atos normativos (ex: decretos e regulamentos), visto que, quanto ao conteúdo, eles
se assemelham às leis, ou seja, não produzem efeitos jurídicos imediatos. Ressalte-se, contudo, que
os atos normativos, assim como os chamados atos enunciativos, embora não sejam atos
administrativos em sentido material (ou seja, quanto ao conteúdo), são considerados
atos administrativos formais, já que emanados da Administração Pública, com subordinação à lei.
Por falar em subordinação à lei, outro aspecto a destacar no conceito em estudo é que o ato
administrativo deve ser editado “com observância da lei”, significando que os atributos e elementos
do ato devem estar previstos em lei, a qual estabelece seus limites, formas, competência,
abrangência, conteúdo, finalidade etc.
Por fim, há de se ressaltar que o ato administrativo é sempre passível de “controle pelo Poder
Judiciário”, afinal, entre nós vige o princípio da inafastabilidade da tutela jurisdicional (CF, art. 5º,
XXXV).

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Exercício da função
administrativa

Declaração unilateral
Ato administrativo

Realizado por agente público,


inclusive particulares em
colaboração

Regido pelo Direito Público

Produz efeitos jurídicos


imediatos

Sujeito ao controle judicial

ATOS DA ADMINISTRAÇÃO

A Administração Pública realiza inúmeras atividades, das mais variadas possíveis, desde a
limpeza de vias públicas até a sanção e veto de leis. Mas será que todas as atividades administrativas
podem ser caracterizadas como atos administrativos? Certamente que não.
Os atos administrativos possuem atributos e elementos próprios (vistos adiante), que
possibilitam a sua individualização como categoria especial no meio das demais atividades
administrativas.
Com efeito, a doutrina enfatiza que todo ato praticado no exercício da função administrativa
é ato da Administração, porém, nem todo ato da Administração é ato administrativo. Ou seja, a
expressão “ato administrativo” abrange apenas determinada categoria de atos praticados no
exercício da função administrativa, mas não todos.
Conforme ensina Maria Sylvia Di Pietro, dentre os atos da Administração incluem-se:
§! Atos de direito privado: são aqueles praticados pela Administração em igualdade de
condições com o particular, ou seja, sem se valer das prerrogativas de direito público.
Exemplo: contratos regidos pelo direito privado, como a doação, permuta, compra e venda,
locação etc.

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§! Atos materiais da Administração: são atos que envolvem apenas execução material, de
ordem prática, como a demolição de uma casa, a apreensão de mercadoria, a instalação de
um telefone público, a desapropriação de terrenos etc. Alguns autores incluem os atos
materiais na categoria dos fatos administrativos, vistos em seguida. Em regra, os atos
materiais ocorrem como consequência de um ato administrativo. Por exemplo: para que
ocorra a demolição de uma casa (ato material) é necessário que a Prefeitura emita uma
ordem de serviço (ato administrativo); a desapropriação de um terreno (ato material) ocorre
como consequência da edição de um decreto (ato administrativo), e assim por diante.
§! Atos de conhecimento, opinião, juízo ou valor3: são atos que não produzem efeitos jurídicos
imediatos. Exemplo: atestados, certidões, pareceres, laudos, despachos de encaminhamento
de papeis e processos.
§! Atos políticos ou de governo: são atos praticados pelos agentes de cúpula da Administração,
em obediência direta à Constituição, isto é, com base imediata no texto constitucional.
Exemplo: iniciativa de leis, sanção ou veto a projetos de leis, celebração de tratados
internacionais, decretação de estado de sítio, indulto, entre outros.
§! Contratos administrativos e convênios: são atos em que a vontade é manifestada de forma
bilateral. Exemplo: contrato de concessão e permissão de serviços públicos e contrato de
fornecimento de material, ambos decorrentes de processo licitatório.
§! Atos normativos4: são atos dotados de generalidade e abstração, enfim, com conteúdo de
leis, e, só formalmente, são atos administrativos. Exemplo: portarias, resoluções, regimentos
etc.
§! Atos administrativos propriamente ditos: manifestação de vontade cujo fim imediato seja a
produção de efeitos jurídicos, regidos pelo direito público. Exemplo: nomeação de servidor,
concessão de licença, homologação de licitação etc.
Repare, acima, que o rol de atos praticados pela Administração Pública é bem mais amplo
que a edição de atos administrativos propriamente ditos.
Importa notar que, para se falar em ato da Administração, ele necessariamente deve ter sido
emanado da Administração. Vale dizer, não existem atos da Administração produzidos por
particulares.
Por outro lado, os atos administrativos podem ser produzidos mesmo por pessoas que não
pertencem formalmente à Administração Pública, mas que nem por isso deixam de qualificar-se
como tais, a exemplo dos particulares em colaboração (agentes honoríficos, delegados e
credenciados). Por exemplo, concessionárias e permissionárias de serviços públicos, quando atuam
sob regime de direito público, praticam atos administrativos5. Também são exemplos os atos
praticados pelos tabeliães, agentes delegados, no exercício da função notarial.

3
S‹o considerados atos administrativos em sentido formal.
4
S‹o considerados atos administrativos em sentido formal.
5
Carvalho Filho (2014, p. 99).

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(Questão de prova) A designação de ato administrativo abrange toda atividade


desempenhada pela administração.
Comentário:
A questão está errada. Nem toda atividade desempenhada pela Administração se dá
através da edição de atos administrativos. Como exemplo, pode-se citar a locação de imóveis (ato
de direito privado), a limpeza de ruas (ato material), a emissão de pareceres (ato de opinião), além
dos atos políticos, dos atos normativos e da celebração de contratos administrativos. Todas essas
atividades constituem atos da Administração, mas não são classificadas como atos
administrativos, pois lhes falta algum dos elementos destes, como a unilateralidade, o regime de
direito público e a produção de efeitos jurídicos imediatos.
Gabarito: Errado

(Questão de prova) A formalização de contrato de abertura de conta-corrente entre


instituição financeira sociedade de economia mista e um particular enquadra-se no conceito
de ato administrativo.
Comentário:
A abertura de conta corrente pelos bancos públicos é feita mediante contrato, regido pelo
direito privado. Trata-se de ato da Administração, porque praticado por entidade pública, mas
não propriamente de ato administrativo, que constitui declaração unilateral do Estado, sob
regime de direito público.
Gabarito: Errado

(Questão de prova) Nem toda ação da administração pública é considerada ato


administrativo, a exemplo daquelas praticadas pelas empresas públicas e sociedades de
economia mista.
Comentário:
A banca deu o quesito como certo. De fato, é correto que nem toda ação da Administração
Pública é considerada ato administrativo, a exemplo dos atos típicos de direito privado praticados
pelas empresas públicas e sociedades de economia mista, como é o caso da abertura de contas
correntes e a concessão de empréstimos pelo Banco do Brasil e pela Caixa Econômica Federal,
assim como a venda de petróleo no mercado e a compra de refinarias pela Petrobrás. Quando
pratica atos de direito privado, a Administração se coloca em igualdade de condições com os
particulares, vale dizer, não atua com as prerrogativas próprias do regime jurídico-administrativo.
Porém, vale ressaltar que, ao contrário do que leva a entender a questão, as empresas
públicas e sociedades de economia mista, ainda que exploradoras de atividade econômica, em
determinadas situações também praticam atos administrativos propriamente ditos, como

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quando realizam licitações na atividade meio ou quando realizam concurso público para
contratação de pessoal.
Gabarito: Certo

FATOS ADMINISTRATIVOS

Como visto, o ato administrativo deve decorrer de uma manifestação de vontade do Estado.
Assim, fatos concretos, materiais, produzidos independentemente de qualquer manifestação de
vontade, ainda que provoquem efeitos no mundo jurídico e no âmbito da Administração Pública,
não são atos administrativos, e sim fatos administrativos.
Vamos lá. No Direito, se determinado fato produz efeitos no mundo jurídico, então é um fato
jurídico. Por exemplo, a queda de uma árvore no meio da floresta é um fato (independe da vontade
humana); já a queda de uma árvore sobre um carro é um fato jurídico, pois gera obrigações jurídicas
para a seguradora.
Os fatos jurídicos, mesmo que independam da vontade e de qualquer participação dos
agentes públicos, podem ser relevantes para o Direito Administrativo, desde que produzam efeitos
sobre a Administração. Neste caso, passam a ser chamados de fatos administrativos.
Por exemplo, a morte de um servidor público não decorre de qualquer manifestação de
vontade, mas pode gerar inúmeros efeitos jurídicos para a Administração – direito de terceiro de
receber pensão, vacância do cargo etc. Ou seja, a morte de um servidor público é um fato
administrativo.
Outro exemplo de fato administrativo é a queda de uma ponte, que gera para a Administração
obrigação de repará-la, indenizar eventuais vítimas, organizar o tráfego etc. Também seriam fatos
administrativos: uma colisão acidental entre um veículo oficial e um veículo particular; a queda de
um raio sobre uma repartição pública; uma enchente que cause danos a bens públicos etc.
Parte da doutrina também considera fato administrativo as omissões da Administração que
produzam efeitos jurídicos, de que seria exemplo a inércia do agente público que tenha resultado
na decadência do direito de anular um ato administrativo ilegal. Ressalte-se que o silêncio, ainda
que produza efeitos jurídicos para a Administração, não é ato administrativo, afinal, não há ato
administrativo sem a declaração expressa de vontade6.
Detalhe é que os fatos administrativos não necessariamente produzem consequências
jurídicas para a Administração. Alguns autores chamam os fatos que não produzem qualquer efeito
jurídico no Direito Administrativo de fato da Administração.

6
Sobre o tema, Maria Sylvia Di Pietro assinala que atŽ mesmo o sil•ncio pode significar forma de
manifesta•‹o de vontade, quando a lei assim o prev•; normalmente ocorre quando a lei fixa um prazo,
findo o qual o sil•ncio da Administra•‹o significa concord‰ncia ou discord‰ncia. Entretanto, mesmo
nesses casos, o sil•ncio n‹o Ž considerado um ato administrativo, pois, embora haja manifesta•‹o
de vontade, n‹o h‡ Òdeclara•‹oÓ de vontade, ou seja, n‹o h‡ exterioriza•‹o do pensamento, elemento
essencial do ato administrativo (corresponde ao elemento ÒformaÓ).

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Por exemplo, a mudança de localização de um departamento dentro de um órgão público é


um fato da Administração, pois representa uma atividade material de ordem prática ocorrida dentro
da Administração, mas sem efeitos jurídicos. Da mesma, se um servidor cai da escada de órgão
público e rapidamente se levanta, sem qualquer consequência jurídica, tem-se um fato da
Administração, simplesmente porque ocorreu dentro da Administração.

Fatos Fatos da
administrativos Administração

Produzem Não produzem


efeitos jurídicos efeitos jurídicos

Ex: servidor se
Ex: morte de
machuca sem
servidor
gravidade

Vale lembrar que alguns autores também classificam os atos materiais da Administração (ex:
apreensão de mercadorias, demolição de prédios, realização de serviços) como fatos
administrativos.
A distinção feita neste tópico entre atos e fatos administrativos é relevante porque os fatos
administrativos não estão sujeitos à teoria geral dos atos administrativos. Isso significa que, ao
contrário dos atos administrativos, os fatos administrativos, por exemplo, não têm como finalidade
a produção de efeitos jurídicos (embora possam produzir); não podem ser anulados nem revogados;
não gozam de presunção de legitimidade; não possuem atributos e requisitos; e não faz sentido falar
em fatos administrativos discricionários ou vinculados.

(Questão de prova) O silêncio administrativo consiste na ausência de manifestação da


administração nos casos em que ela deveria manifestar-se. Se a lei não atribuir efeito jurídico
em razão da ausência de pronunciamento, o silêncio administrativo não pode sequer ser
considerado ato administrativo.
Comentário:
O item está certo. Para a doutrina majoritária, o silêncio não é considerado ato
administrativo porque lhe falta um elemento essencial, qual seja, a declaração de vontade. No
silêncio não há exteriorização do pensamento, requisito indispensável para a caracterização do
ato administrativo (corresponde ao elemento “forma”).
Conquanto não seja ato, o silêncio é considerado um fato administrativo; como tal, pode
gerar consequências jurídicas, a exemplo da prescrição e da decadência. Carvalho Filho distingue

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duas hipóteses de silêncio administrativo: a lei aponta as consequências da omissão e a lei é


omissa a respeito.
No primeiro caso, a lei pode conferir ao silêncio efeito positivo (anuência tácita) ou
negativo (denegatório). No segundo caso, em que a lei é omissa a respeito, como não há previsão
de efeitos jurídicos para o silêncio, estes simplesmente não existem; ou seja, nesse caso, o silêncio
não implica anuência nem negativa por parte da Administração. Caso o interessado se sinta
prejudicado pela omissão, tem o direito subjetivo de buscar socorro junto ao Judiciário, o qual
poderá expedir ordem para que a autoridade administrativa cumpra seu poder-dever de agir e
formalize manifestação volitiva expressa.
Gabarito: Certo

(Questão de prova) O silêncio administrativo, que consiste na ausência de manifestação da


administração pública em situações em que ela deveria se pronunciar, somente produzirá
efeitos jurídicos se a lei os previr.
Comentário:
O quesito está correto. Quanto às consequências jurídicas do silêncio administrativo,
Carvalho Filho apresenta duas hipóteses: a lei aponta as consequências da omissão e a lei é omissa
a respeito. Segundo o autor, se a lei for omissa a respeito, o silêncio da Administração não gera
efeito jurídico algum, ou seja, continua tudo como está.
Por exemplo, se o servidor apresenta requerimento de licença para tratar de assuntos
particulares e a Administração simplesmente silencia sobre o pedido, isso não significa que o
servidor automaticamente terá o pedido deferido ou indeferido, uma vez que, no caso, o silêncio
administrativo não produz efeitos jurídicos. A solução para o interessado é exigir, na via judicial,
que o juiz determine à autoridade omissa que se manifeste sobre o requerimento. Veja que o
Judiciário não irá substituir a Administração e praticar o ato no lugar desta (o juiz não irá
determinar o deferimento ou o indeferimento da licença; tal decisão cabe à autoridade
administrativa competente); a decisão judicial se restringe a ordenar o administrador omisso a
tomar uma decisão, ou seja, a praticar o ato administrativo.
Gabarito: Certo

(Questão de prova) Os fatos administrativos não produzem efeitos jurídicos, motivo pelo
qual não são enquadrados no conceito de ato administrativo.
Comentário: A questão está errada. Não há uniformidade na doutrina acerca da definição de fato
administrativo. Alguns autores não fazem distinção entre fato administrativo e fato da
Administração, conforme o evento produza ou não efeitos jurídicos. Nesta questão, a banca
adotou o entendimento da professora Di Pietro, para quem fatos administrativos são eventos
que produzem efeitos jurídicos, diferentemente dos fatos da Administração, que não produzem,
daí o erro do item. Não obstante, ressalte-se que tanto fatos administrativos como fatos da
Administração não são enquadrados no conceito de ato administrativo.
Gabarito: Errado

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Delimitada a abrangência do conceito de ato administrativo, passemos a abordar os


elementos e atributos que o distingue dos demais atos da Administração.

ATRIBUTOS
O ato administrativo constitui exteriorização da vontade estatal e, por isso, é dotado de
determinadas características não presentes nos atos jurídicos em geral. São características inerentes
aos atos administrativos e que decorrem do regime de direito público ao qual se submetem, e que
outorgam certas prerrogativas ao Poder Público.
Os atributos do ato administrativo apresentados pela doutrina são:

§! Presunção de legitimidade
§! Autoexecutoriedade
§! Tipicidade
§! Imperatividade

Para gravar, usamos o mnemônico “PATI”.


De cara, é importante saber que, segundo a doutrina, os atributos da presunção da
legitimidade e da tipicidade estão presentes em todos os atos administrativos7; já a
autoexecutoriedade e a imperatividade não.
Atributos do ato administrativo
Presentes em todos os atos: Presentes em apenas alguns tipos de atos:
§! Presunção de legitimidade §! Autoexecutoriedade
§! Tipicidade §! Imperatividade

Vejamos.

PRESUNÇÃO DE LEGITIMIDADE

A presunção de legitimidade diz respeito à conformidade do ato com a lei; por esse atributo,
presumem-se, até prova em contrário, que os atos administrativos foram emitidos com observância
da lei8.

7
Quanto ˆ tipicidade, a doutrina informa que o atributo est‡ presente apenas nos atos unilaterais, mas
n‹o nos bilaterais. Ora, os atos administrativos s‹o, por defini•‹o, atos unilaterais e, portanto, sempre
apresentam o atributo da tipicidade.
8
Maria Sylvia Di Pietro (2009, p. 197).

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Inerente à presunção de legitimidade, tem-se a presunção de veracidade, que diz respeito


aos fatos; em decorrência desse atributo, presumem-se verdadeiros os fatos alegados pela
Administração para a prática de um ato administrativo, até prova em contrário 9.
Essas presunções não existem por acaso. Várias são as razões que as fundamentam, a
exemplo do princípio da legalidade, de status constitucional e que vincula toda a Administração,
permitindo presumir que todos os atos praticados pelos agentes públicos tenham sido praticados
em conformidade com a lei. Outra razão é que os atos administrativos, para serem produzidos,
devem seguir uma série de procedimentos e formalidades, além de se submeterem a uma série de
controles, sempre com a finalidade de garantir a observância à lei. Daí o art. 19, II da CF proclamar
que não se pode “recusar fé aos documentos públicos”.
Como ensina Maria Sylvia Di Pietro, a presunção de legitimidade e veracidade acompanha
todos os atos estatais, quer imponham obrigações, quer reconheçam ou confiram direitos aos
administrados, e decorre da própria ideia de “Poder” que permite ao Estado assumir posição de
supremacia perante os particulares.
Um dos efeitos da presunção de legitimidade e veracidade é o de permitir que o ato
administrativo opere efeitos imediatamente, vinculando os administrados por ele atingidos desde a
sua edição. Isso permite que a Administração exerça suas atribuições com agilidade, afinal, é o
interesse público que está em jogo. Essa agilidade não existiria caso a Administração dependesse de
manifestação prévia do Poder Judiciário toda vez que editasse seus atos.
Detalhe é que os atos administrativos produzem efeitos imediatamente, ainda que eivados
de vícios ou defeitos aparentes. Nas palavras de Di Pietro, “enquanto não decretada a invalidade
do ato pela própria Administração ou pelo Judiciário, o ato produzirá efeitos da mesma forma que o
ato válido, devendo ser cumprido”. Ou seja, como os atos são presumivelmente legítimos, devem
ser observados até que, depois de questionados, sejam declarados nulos por autoridade
competente.

Lucas Furtado alerta que há uma única situação no Direito


Administrativo em que a consequência do atributo da presunção de
legitimidade é afastada, isto é, em que o destinatário do ato
administrativo não necessita esperar a declaração de invalidade do ato para poder negar-lhe
cumprimento: trata-se de ordem manifestamente ilegal dada a servidor público por seu superior
hierárquico.
Nessa hipótese, o servidor público tem não só o direito, mas o dever de negar cumprimento à
ordem. É o que prescreve o art. 116, IV da Lei 8.112/1990, segundo o qual constitui dever do
servidor cumprir as ordens superiores, “exceto quando manifestamente ilegais”.
Ressalte-se, contudo, que o que se afasta é o efeito da presunção de legitimidade de dar imediato
cumprimento à ordem, e não a presunção em si, que constitui atributo de todos os atos
administrativos.

9
Idem (p. 198).

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Ressalte-se que a presunção de veracidade não é absoluta, e sim relativa (iuris tantum), ou
seja, admite prova em contrário. Assim, o administrado que se sinta prejudicado pelo ato do Estado
tem o direito de se socorrer junto à própria Administração (mediante a interposição de recursos
administrativos) ou perante o Poder Judiciário, nos termos da lei.
Porém, um efeito importantíssimo do atributo em tela é a inversão do ônus da prova, vale
dizer, quem deve demonstrar a existência de vício no ato administrativo não é a Administração, e
sim o administrado.
Por exemplo: quando a pessoa recebe uma notificação de infração de trânsito, significa que
a Administração está alegando que o indivíduo cometeu alguma falta; a princípio, essa “alegação” é
legítima, mesmo que houvesse alguma irregularidade aparente no radar que flagrou o motorista. Ou
seja, para todos os efeitos, deve-se tomar como verdadeiro que a infração indicada, de fato, foi
mesmo cometida. Se o motorista quiser contestar a notificação, ele é que terá de provar o erro da
Administração, caso contrário, será multado, em razão da presunção de veracidade do ato
administrativo.
Em relação a esse ponto, cumpre anotar que, mesmo nos casos em que o ato da
Administração contenha forte aparência de ilegalidade, o Judiciário não pode se pronunciar de
ofício, devendo aguardar a provocação do administrado.
Ademais, a inversão do ônus da prova não exime a Administração de, caso requisitada pelo
Judiciário, apresentar informações e documentos que comprovem a correspondência do ato à
realidade e a veracidade dos fatos alegados10.

(Questões de prova) Pelo atributo da presunção de veracidade, presume-se que os atos


administrativos estão em conformidade com a lei.
Comentário:
A banca deu a questão como errada. A presunção de legitimidade é que pressupõe que os
atos administrativos estão em conformidade com a lei. A presunção de veracidade, por sua vez,
indica que os fatos alegados pela Administração são verdadeiros. Essa distinção é feita por Maria
Sylvia Di Pietro. Contudo, os demais administrativistas, de um modo geral, empregam a expressão
“presunção de legitimidade” de forma abrangente, incluindo tanto a presunção de que os fatos
apontados pela Administração efetivamente ocorreram quanto a presunção de que os atos
administrativos foram praticados em conformidade com a lei. Como diz Hely Lopes Meirelles, a
“presunção de veracidade é inerente à de legitimidade”.
Gabarito: Errada

10
Maria Sylvia DI Pietro (2009, p. 199).

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(Questão de prova) Dada a imperatividade, atributo do ato administrativo, devem-se


presumir verdadeiros os fatos declarados em certidão solicitada por servidor do MPU e
emitida por técnico do órgão.
Comentário:
A assertiva descreve o atributo da presunção da veracidade, e não da imperatividade, daí
o erro. Em razão da presunção de veracidade, os fatos alegados pela Administração para a prática
de um ato administrativo presumem-se verdadeiros, até prova em contrário. Esse atributo tem o
efeito de inverter o ônus da prova, ou seja, quem se sentir prejudicado é que deve provar o erro
da Administração. Diz-se que o ônus da prova é invertido porque, no Direto Civil, ao contrário,
quem alega é que deve provar os fatos (ex: se você denunciar que seu vizinho faz barulho além
da conta, você, denunciante, é que terá de provar o que está dizendo; por outro lado, se a
Administração alegar que você estacionou em local proibido, você, prejudicado, é que terá de
provar o contrário).
Gabarito: Errada

(Questão de prova) Suponha que determinada secretaria de Estado edite ato administrativo
cujo conteúdo seja manifestamente discriminatório. Nessa situação, podem os
administrados recusar-se a cumpri-lo, independentemente de decisão judicial, dado que de
ato ilegal não se originam direitos nem se criam obrigações.
Comentário:
O item está errado. Pelo atributo da presunção de legitimidade, os atos administrativos
são tidos como legais desde sua origem e, por isso, vinculam os administrados por ele atingidos
desde a edição. Por conseguinte, o particular é obrigado a cumprir as determinações do ato ainda
que, aparentemente, ele esteja eivado de ilegalidade. É claro que o ato poderá ser questionado
judicialmente ou perante a própria Administração. Porém, enquanto ele não for invalidado,
continuará a produzir efeitos normalmente, obrigando os administrados, que não podem recusar-
se a cumpri-lo. De outra parte, se o ato for invalidado judicialmente (ou pela própria
Administração), aí sim deixará de originar direitos e obrigações. Abre-se um parêntese para
destacar que é possível a sustação dos efeitos dos atos administrativos através de recursos
internos ou de ordem judicial (medidas liminares ou cautelares); nesse caso, o ato permanece
válido mas sem produzir efeitos, continuando assim até o pronunciamento final de validade ou
invalidade do ato ou até a derrubada da liminar.
Gabarito: Errado

(Questão de prova) Há presunção imediata de legalidade de todo ato administrativo editado


por autoridade pública competente.
Comentário:
O quesito está correto. O atributo presunção de legitimidade está presente em todo ato
administrativo. Isso porque vivemos num Estado Direito, no qual todos, especialmente o Poder
Público, devem obediência à lei. No caso da Administração, o princípio da legalidade impõe que

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ela só atue quando a lei autoriza, ou seja, trata-se de um princípio rigoroso, o que permite deduzir
(presumir) que tudo o que ela faz estará imediatamente em conformidade com a ordem jurídica.
Gabarito: Certo

(Questão de prova) Caso seja fornecida certidão, a pedido de particular, por servidor público
do quadro do MTE, é correto afirmar que tal ato administrativo possui presunção de
veracidade e, caso o particular entenda ser falso o fato narrado na certidão, inverte-se o
ônus da prova e cabe a ele provar, perante o Poder Judiciário, a ausência de veracidade do
fato narrado na certidão.
Comentário:
O quesito está correto. Trata-se de situação que ilustra muito bem a aplicação concreta do
atributo da presunção de veracidade dos atos administrativos.
Gabarito: Certo

(Questão de prova) A presunção de legitimidade é atributo de todos os atos da


administração, inclusive os de direito privado, dada a prerrogativa inerente aos atos
praticados pelos agentes integrantes da estrutura do Estado.
Comentário:
Aqui, a banca adotou a posição de Maria Sylvia Di Pietro – autora que, aliás, é seguida por
boa parte das bancas – que afirma textualmente:
Quanto ao alcance da presunção, cabe realçar que ela existe, com as limitações já analisadas, em todos os atos da
Administração, inclusive os de direito privado, pois se trata de prerrogativa inerente ao Poder Público, presente em
todos os atos do Estado, qualquer que seja a sua natureza. Esse atributo distingue o ato administrativo do ato de direito
privado praticado pela própria Administração.

A rigor, apenas a presunção de veracidade é atributo exclusivo do ato administrativo


propriamente dito (praticado sob regime de direito público), uma vez que os atos jurídicos
praticados pelos particulares também são considerados conformes à lei até prova em sentido
contrário.
Gabarito: Certo

IMPERATIVIDADE

Imperatividade é o atributo pelo qual os atos administrativos se impõem a terceiros,


independentemente da sua concordância, criando obrigações ou impondo restrições.
A imperatividade decorre do chamado “poder extroverso”, que é prerrogativa dada ao Poder
Público de impor, de modo unilateral, obrigações a terceiros, inclusive a sujeitos que estão fora do
âmbito interno administrativo, criando obrigações que extravasam a esfera jurídica do Estado. O
atributo da imperatividade decorre diretamente do princípio da supremacia do interesse público
sobre o particular.

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Conforme ensina Maria Sylvia Di Pietro, a imperatividade não existe em todos os atos
administrativos, mas apenas naqueles que impõem obrigações ou restrições.
Por outro lado, não existe imperatividade nos atos que conferem direitos solicitados pelo
administrado (como na licença ou autorização de uso do bem público) ou nos atos apenas
enunciativos (certidão, atestado, parecer), uma vez que, nesses casos, não há a criação de
obrigações ou restrições a terceiros.

Está presente: Não está presente:


Atos que impõem - Atos enunciativos;
obrigações e - Atos que conferem
restrições. direitos.

Por exemplo, a Administração, nos termos da lei, pode determinar a interdição de


determinado estabelecimento comercial, independentemente da anuência do proprietário. Este ato
é dotado de imperatividade. Diferentemente, o fornecimento de certidão de tempo de serviço
requerida pelo servidor é ato administrativo despido de imperatividade, pois não impõe nenhuma
obrigação ou restrição, mas apenas apresenta uma informação.

(Questão de prova) Todos os atos administrativos são imperativos e decorrem do que se


denomina poder extroverso, que permite ao poder público editar provimentos que vão além
da esfera jurídica do sujeito emitente, interferindo na esfera jurídica de outras pessoas,
constituindo-as unilateralmente em obrigações.
Comentário: Questão errada. Imperatividade é o atributo pelo qual os atos administrativos se
impõem a terceiros, independentemente da sua concordância. Decorre, é verdade, do chamado
poder extroverso, que é a prerrogativa dada ao Poder Público de impor, de modo unilateral,
obrigações a terceiros, ou seja, a sujeitos que estão além da esfera jurídica do sujeito emitente.
Entretanto, nem todos os atos administrativos são imperativos. A imperatividade está presente
apenas nos atos que impõem obrigações ou restrições, a exemplo da interdição de
estabelecimentos comerciais; mas não está presente nos atos enunciativos (certidão, atestado,
parecer) e nos atos que conferem direitos solicitados pelo administrado (licença, autorização de
bem público).
Gabarito: Errado

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AUTOEXECUTORIEDADE

A autoexecutoriedade é a prerrogativa de que certos atos administrativos sejam executados


imediata e diretamente pela própria Administração, inclusive mediante o uso da força,
independentemente de ordem ou autorização judicial prévia.
A autoexecutoriedade é frequentemente utilizada no exercício do poder de polícia. Exemplos
conhecidos do uso dessa prerrogativa são os da destruição de bens impróprios ao consumo e a
demolição de obra que apresenta risco de desabamento. Verificada a situação que provoca a
execução do ato, a autoridade administrativa de pronto o executa, ficando, assim, resguardado o
interesse público11.
Para Lucas Rocha Furtado, a autoexecutoriedade decorre da presunção de legitimidade,
embora com esta não se confunda. Afinal, de nada valeria afirmar que os atos administrativos são
presumivelmente legítimos caso a Administração
f precisasse de autorização judicial a cada ato
praticado.
Como a imperatividade, a autoexecutoriedade não existe em todos os atos administrativos.
Segundo Maria Sylvia Di Pietro, ela só é possível:

§! Quando expressamente prevista em lei (ex: retenção de garantias depositadas em


caução para assegurar o pagamento de multas ou parcelas atrasadas em contratos;
apreensão de mercadorias piratas; cassação de licença para dirigir; aplicação de
penalidades disciplinares).
§! Mesmo se não expressamente prevista, quando tratar-se de medida urgente que,
acaso não adotada de imediato, pode ocasionar prejuízo maior para o interesse
público (ex: demolição de prédio que ameaça ruir; internamento de pessoa
contagiosa).

Um dos limites à autoexecutoriedade é o patrimônio do particular. Para satisfazer seus


créditos decorrentes de multas ou prejuízos causados ao erário, a Administração Pública não pode
invadir o patrimônio dos particulares e, contra a vontade destes, privar-lhes da propriedade dos seus
bens ou dos vencimentos12.
Exemplo clássico de ato sem autoexecutoriedade é a cobrança de multas administrativas não
pagas pelos particulares; caso os devedores não paguem voluntariamente a sanção aplicada, haverá
necessidade de inscrição dos devedores em dívida ativa e a execução da multa deverá ser feita pelo
Poder Judiciário. Outro exemplo é o entendimento do STF de que a Administração Pública não pode
descontar indenizações da folha de pagamento dos servidores sem que tenha a anuência do servidor
ou autorização legal ou judicial.

11
Carvalho Filho (2014, p. 124)
12
Lucas Furtado (2014, p. 218).

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Está presente: Não está presente:


- Quandro prevista em Atos que afetam o
lei. patrimônio da
particular (ex:
- Medida urgente.
cobrança de multa
não paga)

A doutrina desdobra a autoexecutoriedade em dois outros atributos: a exigibilidade e a


executoriedade. 2
A exigibilidade seria caracterizada pela obrigação que o administrado tem de cumprir o
comando imperativo do ato. Graças à exigibilidade, a Administração pode usar meios indiretos de
coação para que suas decisões sejam cumpridas, como, por exemplo, a aplicação de multas ou de
outras penalidades administrativas impostas em caso de descumprimento do ato. Veja que, nesse
caso, a coação é indireta: o sujeito cumpre a imposição do Poder Público porque tem receio de ser
multado.
Já a executoriedade seria a possibilidade de a Administração, ela própria, praticar o ato, ou
de compelir, direta e materialmente, o administrado a praticá-lo (coação material). Na
executoriedade, a Administração emprega meios diretos de coerção, compelindo materialmente o
administrado a fazer alguma coisa, utilizando-se inclusive da força. Exemplo: demolição de obra
irregular; dissipação de passeata que perturbe a ordem pública, etc.

Exigibilidade Coerção indireta

Autoexecutoriedade

Executoriedade Coerção direta

Segundo Maria Sylvia Di Pietro, na exigibilidade (coerção indireta), os meios de coerção vêm
sempre definidos na lei; já na executoriedade (coerção direta), podem ser utilizados
independentemente de previsão legal, para atender situação emergente que ponha em risco a
segurança, a saúde ou outro interesse da coletividade.
Para Celso Antônio Bandeira de Melo, nem todos os atos exigíveis são executórios.

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Por exemplo: a multa administrativa é exigível pela Administração, sendo uma forma indireta
de o Estado forçar que o particular cumpra a obrigação. Porém, a multa não é executória, já que a
Administração não poderá compelir o particular a pagar o valor correspondente, devendo, para
tanto, ir a juízo.
Outro exemplo: a intimação para que o administrado construa calçada defronte de sua casa
ou terreno não apenas impõe esta obrigação, mas é exigível porque, se o particular desatender ao
mandamento, poderá ser multado sem que a Administração necessite ir ao Judiciário para que lhe
seja atribuído ou reconhecido o direito de multar. Entretanto, a determinação de construir a calçada
não é um ato executório, eis que a Administração não pode, ela própria, fazer a calçada, tampouco
obrigar direta e materialmente o particular a fazê-lo; ela só pode usar meios indiretos de coerção, a
exemplo da aplicação da multa pelo descumprimento da ordem.

TIPICIDADE
6
Tipicidade é o atributo pelo qual o ato administrativo deve corresponder a figuras definidas
previamente pela lei como aptas a produzir determinados resultados13.
Esse atributo decorre diretamente do princípio da legalidade, impedindo que a
Administração pratique atos inominados, vale dizer, atos sem previsão legal. Afinal, para cada
finalidade a ser perseguida pela Administração o ordenamento jurídico estabelece, previamente, o
ato específico (típico).
A tipicidade impede, também, a prática de atos totalmente discricionários (que seriam, na
verdade, arbitrários), pois a lei, ao prever o ato, já define os limites em que a discricionariedade
poderá ser exercida.
Maria Sylvia Di Pietro ensina que a tipicidade só existe com relação aos atos unilaterais. Isso
porque, nos contratos (atos bilaterais), não há imposição de vontade da Administração, que
depende sempre da aceitação do particular. Segundo a autora, nada impede que as partes
convencionem um contrato inominado (sem previsão legal), desde que atenda melhor ao interesse
público e ao do particular. Não obstante, cumpre observar que, em alguns casos, o atributo da
tipicidade se fará presente mesmo nos contratos administrativos, regidos pelo direito público, como
nos contratos de concessão de serviços públicos, já nomeados, tipificados, na Lei 8.987/1995.

(Questão de prova) Em decorrência da autoexecutoriedade, atributo dos atos


administrativos, a administração pública pode, sem a necessidade de autorização judicial,
interditar determinado estabelecimento comercial.
Comentário:

13
Di Pietro (2009, p. 201).

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O quesito está correto. A autoexecutoriedade é a prerrogativa de que certos atos


administrativos sejam executados imediata e diretamente pela própria Administração,
independentemente de ordem ou autorização judicial. Permite-se até mesmo o uso da força física,
se for necessária, mas sempre com meios adequados e proporcionais. A interdição de
estabelecimento comercial é um típico exemplo de autoexecutoriedade.
Gabarito: Certo

(Questão de prova) O atributo da exigibilidade, presente em todos os atos administrativos,


representa a execução material que desconstitui a ilegalidade.
Comentário:
O quesito está errado. A execução material que desconstitui a ilegalidade refere-se ao
atributo executoriedade (coerção direta, material), e não à exigibilidade. Por exemplo, a
executoriedade permite à Administração demolir uma obra (execução material) para
0
desconstituir a ilegalidade do empreendimento.
Já a exigibilidade diz respeito ao próprio dever imposto pela lei aos administrados, cujo
cumprimento é garantido pela Administração mediante meios indiretos de coerção. Um bom
exemplo é a retirada da CNH: a Administração exige a habilitação para poder dirigir (exigibilidade);
se o motorista for pego sem carteira, ele poderá ser multado; a multa, portanto, é um meio
indireto de obrigar o motorista a tirar a habilitação. Porém, a Administração não pode coagir
materialmente o particular a obtê-la, ou seja, o ato não possui executoriedade.
Lembrando que tanto a exigibilidade como a executoriedade são desdobramentos do
atributo autoexecutoriedade.
Gabarito: Errado

(Questão de prova) O IBAMA multou e interditou uma fábrica de solventes que, apesar de
já ter sido advertida, insistia em dispensar resíduos tóxicos em um rio próximo a suas
instalações. Contra esse ato a empresa impetrou mandado de segurança, alegando que a
autoridade administrativa não dispunha de poderes para impedir o funcionamento da
fábrica, por ser esta detentora de alvará de funcionamento, devendo a interdição ter sido
requerida ao Poder Judiciário.
Em face dessa situação hipotética, julgue o item seguinte.
Um dos atributos do ato administrativo executado pelo IBAMA na situação em questão é o
da autoexecutoriedade, que possibilita ao poder público obrigar, direta e materialmente,
terceiro a cumprir obrigação imposta por ato administrativo, sem a necessidade de prévia
intervenção judicial.
Comentário:
O item está correto. Em razão do atributo da autoexecutoriedade, o Ibama pode,
independentemente de autorização judicial, compelir materialmente o administrado a cumprir a
lei (no caso, mediante a interdição da fábrica), bem como impor multa (nesse caso, trata-se de

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coerção indireta, visto que, se o particular não pagar, a cobrança deverá ser feita junto ao
Judiciário).
Gabarito: Certo

(Questão de prova) Em razão da característica da autoexecutoriedade, a cobrança de multa


aplicada pela administração não necessita da intervenção do Poder Judiciário, mesmo no
caso do seu não pagamento.
Comentário:
A questão está errada. A cobrança de multa inadimplida não possui o atributo da
autoexecutoriedade, vale dizer, a Administração não pode cobrar o pagamento sem a intervenção
do Poder Judiciário.
Gabarito: Errado
a
(Questão de prova) Um veículo da SUFRAMA, conduzido por um servidor do órgão,
derrapou, invadiu a pista contrária e colidiu com o veículo de um particular. O acidente
resultou em danos a ambos os veículos e lesões graves no motorista do veículo particular.
Com referência a essa situação hipotética, julgue o item que se segue.
Em caso de o servidor ser condenado administrativamente em decorrência do acidente, o
ato de aplicação de penalidade a esse servidor será caracterizado pelo atributo da
autoexecutoriedade.
Comentário:
O quesito está correto. Em razão do poder disciplinar, a Administração pode aplicar
penalidades administrativas a seus servidores. E, para tanto, não precisa de autorização judicial,
pois a lei atribui esse poder à própria Administração. Dessa forma, pode-se afirmar que o ato de
aplicação de sanções disciplinares (da advertência à demissão) é autoexecutório.
Gabarito: Certo

(Questão de prova) A autoexecutoriedade dos atos administrativos ocorre nos casos em que
é prevista em lei ou, ainda, quando é necessário adotar providências urgentes em relação a
determinada questão de interesse público.
Comentário:
O quesito está correto. A autoexecutoriedade não existe em todos os atos administrativos.
Conforme a doutrina, só há autoexecutoriedade quando expressamente prevista em lei ou
quando tratar-se de medida urgente que, acaso não adotada de imediato, pode ocasionar prejuízo
maior para o interesse público.
Gabarito: Certo

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ELEMENTOS
Os elementos do ato administrativo são as partes que o compõem, a sua infraestrutura.
Também são chamados de requisitos ou pressupostos.
Os elementos do ato administrativo podem ser divididos em (i) essenciais e (ii) acidentais ou
acessórios.
Os elementos essenciais são aqueles sem os quais o ato administrativo não existe, ou seja,
são elementos necessários à validade do ato. A doutrina, aproveitando-se do que está previsto na
Lei de Ação Popular14, indica que os elementos essenciais dos atos administrativos são:
competência, finalidade, forma, motivo e objeto.
Ao lado dos elementos essenciais, os atos podem contar com elementos acidentais, isto é,
componentes que podem ou não estar presentes nos atos administrativos, ampliando ou
restringindo os seus efeitos jurídicos; são eles: o termo, a condição e o modo ou encargo. Segundo
Maria Sylvia Di Pietro, os elementos acidentais referem-se ao objeto do ato (elemento essencial) e
só podem existir nos atos discricionários, porque decorrem da vontade das partes.
Elementos Essenciais (DEVEM existir) Elementos Acidentais (Podem ou não existir)
COM - FI - FOR - M - OB ECT
§! COMpetência
§! FInalidade §! Encargo ou modo
§! FORma §! Condição
§! Motivo §! Termo
§! Objeto

(Questão de prova) Competência, finalidade, forma, motivo e objeto são requisitos de


validade de um ato administrativo.
Comentário:
O item está correto. Os elementos também são chamados de requisitos de validade de um
ato administrativo. Afinal, determinados defeitos (vícios) em algum deles poderá levar à anulação
ou revogação do ato, conforme o caso. Em suma, a competência refere-se ao sujeito a quem
compete a prática do ato; finalidade diz respeito ao resultado final da produção do ato, que
sempre deve ter como fim geral o interesse público; forma é o rito seguido para a produção do

14
Lei 4.717/1965, art. 2¼: ÒS‹o nulos os atos lesivos ao patrim™nio das entidades mencionadas no
artigo anterior, nos casos de: a) incompet•ncia; b) v’cio de forma; c) ilegalidade do objeto; d)
inexist•ncia dos motivos; e) desvio de finalidadeÓ.

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ato, bem como o meio de exteriorização do ato em si, sendo a escrita a forma mais comum;
motivo é o pressuposto de fato e de direito que fundamenta a prática do ato; e objeto é o
conteúdo do ato, ou seja, seu efeito jurídico.
Gabarito: Certo

(Questão de prova) Consoante a doutrina, são requisitos ou elementos do ato


administrativo a competência, o objeto, a forma, o motivo e a finalidade.
Comentário:
O quesito está correto. Ao tratar de requisitos ou elementos do ato administrativos,
lembre-se do Com Fi For M Ob (competência, finalidade, forma, motivo e objeto).
Gabarito: Certo

Estudaremos cada um desses elementos em seguida.

COMPETÊNCIA

Competência é o poder atribuído ao agente para a prática do ato. Refere-se, portanto, ao


sujeito que, segundo a norma, é o responsável por praticar determinado ato (a doutrina, por vezes,
refere-se ao elemento competência simplesmente como “sujeito” ou “sujeito competente”).
No nosso ordenamento jurídico, as competências para a prática de atos administrativos são
atribuídas originariamente aos entes políticos (União, Estados, Municípios e DF). A partir daí, as
competências são distribuídas entre os respectivos órgãos administrativos (como os Ministérios,
Secretarias e suas unidades) e, dentro destes, entre seus agentes, pessoas físicas.
A competência deve decorrer de norma expressa, vale dizer, não há presunção de
competência administrativa. Como dizem, não é competente quem quer, ou quem sabe fazer, mas
sim quem a norma determinar que é.
A lei é a fonte normal da competência. É nela que se encontram os limites e a dimensão das
atribuições cometidas a pessoas administrativas, órgãos e agentes públicos15.
Mas a lei não é fonte exclusiva da competência administrativa. Determinados agentes
retiram sua competência diretamente da Constituição, a exemplo do Presidente da República e dos
Ministros de Estado. A competência pode, ainda, derivar de normas administrativas infralegais
(atos de organização), como Regimentos Internos e Resoluções.
Assim, a competência pode ser:

§! Competência primária: é aquela prevista diretamente na lei ou na Constituição


Federal.

15
Carvalho Filho (2014, p. 107).

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§! Competência secundária: é aquela emanada de normas infralegais, como, por


exemplo, atos administrativos organizacionais. Deriva da lei, a qual deve autorizar
expressamente a normatização infralegal.

Geralmente ocorre o seguinte: a competência de determinado órgão provém da lei


(competência primária) e a competência dos segmentos internos dele (competência secundária),
caso a lei autorize, pode ser definida através de atos de organização.

(Questão de prova) A competência para a prática dos atos administrativos depende sempre
de previsão constitucional ou legal: quando prevista na CF, é denominada competência
primária e, quando prevista em lei ordinária, competência secundária.
Comentário:
Tanto as competências previstas na CF quanto as previstas nas leis são denominadas
competências primárias, daí o erro. São chamadas de competências secundárias aquelas
previstas em normas infralegais.
Gabarito: Errado

Critérios definidores da competência

A norma define a competência dos agentes públicos segundo alguns critérios de distribuição
e organização, quais sejam16:
Ü!Matéria: a competência é definida segundo a especificidade da função a ser exercida. Por
exemplo: na esfera federal, cada Ministério possui competência para tratar de determinada matéria
(saúde, educação, cultura, economia etc.).
Ü!Hierarquia: as competências são escalonadas de acordo com seu nível de complexidade e
responsabilidade. Assim, por esse critério, as competências mais complexas e de maior
responsabilidade são atribuídas aos agentes de plano hierárquico mais elevado.
Ü!Lugar: a competência é distribuída entre órgãos localizados em pontos territoriais
distintos. Inspira-se na necessidade de descentralização ou desconcentração territorial das
atividades administrativas. Por exemplo: determinadas competências da Receita Federal são
desempenhadas por Superintendências espalhadas nos Estados-membros.
Ü!Tempo: a competência é conferida por determinado período de tempo. Por exemplo: a
competência do servidor público tem início a partir da investidura legal e término com o fim do

16
Carvalho Filho (2014, p. 108)

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exercício da função pública. Também é exemplo a proibição de certos atos em períodos definidos
pela lei, como de nomear ou exonerar servidores em período eleitoral.
Ü!Fracionamento: a competência é distribuída por diversos órgãos ou agentes, cuja
manifestação é imprescindível para a completa formação do ato. Trata-se dos chamados atos
complexos. Por exemplo: a redução de alíquotas de IPI para alguns refrigerantes depende da
aprovação do Ministério da Agricultura e do Ministério da Fazenda.

Características

A doutrina ensina que o elemento competência apresenta as seguintes características:


Ü!É de exercício obrigatório: trata-se de um poder-dever do agente público, não sendo
exercido por sua livre conveniência, mas sim para a satisfação do interesse público.
Ü!É irrenunciável: em respeito ao princípio da indisponibilidade do interesse público, o
administrador atua em nome e interesse da coletividade, não podendo renunciar àquilo que não lhe
pertence. Todavia, a irrenunciabilidade não impede que a Administração Pública transfira a
execução de uma tarefa, isto é, delegue o exercício da competência para fazer algo. A delegação, de
toda sorte, implica transferir apenas o exercício, eis que a titularidade da competência continua a
pertencer a seu ‘proprietário’ (autoridade delegante).
Ü!É intransferível ou inderrogável: não se admite transação de competência, ou seja, a
competência não pode ser transmitida por mero acordo entre as partes. Uma vez fixada em norma
expressa, a competência deve ser rigidamente observada por todos. Mesmo quando se permite a
delegação, é preciso um ato formal que registre a prática. Essa característica também decorre do
princípio da indisponibilidade do interesse público.
Ü!É imodificável por mera vontade do agente: só quem pode modificar competência primária
é a lei ou a Constituição.
Ü!É imprescritível: mesmo quando não utilizada, não importa por quanto tempo, o agente
continuará sendo competente, ou seja, ele não perderá sua competência simplesmente pelo fato de
não utilizá-la.
Ü!É improrrogável: o fato de um órgão ou agente incompetente praticar um ato não faz com
que ele passe a ser considerado competente. Em outras palavras, o mero decurso do tempo não
muda a incompetência em competência. Para a alteração da competência, registre-se, é necessária
a edição de norma que especifique quem agora passa a dispor da competência.
Ü!Pode ser delegada ou avocada, desde que não haja impedimento legal.

Delegação e Avocação

Delegação consiste na transferência de funções de um agente a outro, normalmente de plano


hierárquico inferior.
A Lei 9.784/1999, que cuida do processo administrativo no âmbito federal, trata da delegação
de competência nos seguintes termos:

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Art. 12. Um órgão administrativo e seu titular poderão, se não houver impedimento legal, delegar parte da sua
competência a outros órgãos ou titulares, ainda que estes não lhe sejam hierarquicamente subordinados,
quando for conveniente, em razão de circunstâncias de índole técnica, social, econômica, jurídica ou territorial.

Como se vê, a regra geral é a possibilidade de delegação, a qual não é admitida somente se
houver impedimento legal17.
O ato de delegação especificará as matérias e poderes transferidos, os limites da atuação do
delegado, a duração e os objetivos da delegação e o recurso cabível, podendo conter ressalva de
exercício da atribuição delegada (Lei 9784/1999, art. 14, §3º).
Conforme assinalam Vicente Paulo e Marcelo Alexandrino, a delegação deve ser de apenas
parte da competência do órgão ou do agente, e não de todas as suas atribuições.
Poderão ser impostas condicionantes (ressalvas) ao exercício da competência delegada, por
exemplo, determinação de que a autoridade delegante deverá ser previamente consultada em
situações específicas.
Ressalte-se que a delegação geralmente é feita para órgãos ou agentes subordinados (ou de
mesma hierarquia), mas também é possível mesmo que não exista subordinação hierárquica. É o
que ocorre, por exemplo, na descentralização por colaboração, em que o Estado, mediante
contrato, transfere (delega) a execução de determinado serviço público a uma pessoa jurídica de
direito privado, conservando o Poder Público a titularidade do serviço (ex: concessões e permissões
de serviço público).
Importante destacar que o ato de delegação é um ato discricionário, revogável a qualquer
tempo pela autoridade delegante.
O ato de delegação não retira a competência da autoridade delegante, que continua
competente cumulativamente com o agente delegado18. Afinal, a delegação apenas transfere a
responsabilidade pelo exercício de determinada tarefa; a titularidade permanece com quem
delegou.
Segundo o art. 14, §3º da Lei 9.784/1999, “as decisões adotadas por delegação devem
mencionar explicitamente esta qualidade e considerar-se-ão editadas pelo delegado”. Ou seja, a
responsabilidade pela prática do ato é do agente delegado.
O art. 13 da Lei 9.784/1999 dispõe que não podem ser objeto de delegação:

§! a edição de atos de caráter normativo;


§! a decisão de recursos administrativos;
§! as matérias de competência exclusiva do órgão ou autoridade.

Essas funções são indelegáveis e, acaso transferidas, acarretam a invalidade não só do ato de
transferência, como dos praticados em virtude da delegação indevida. A doutrina também aponta

17
Frise-se, porŽm, que parte da doutrina entende que a delega•‹o de compet•ncia s— Ž poss’vel nos
casos em que a norma expressamente autoriza (Carvalho Filho 2014, p. 109)
18
Carvalho Filho (2014, p. 109).

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que as competências de ordem política19 não são passíveis de delegação, salvo se expressamente
autorizada pela Constituição.
Avocação, por sua vez, é o ato pelo qual a autoridade hierarquicamente superior chama para
si o exercício de funções que a norma originariamente atribui a um subordinado.
A doutrina é pacífica no sentido de que não é possível haver avocação sem que exista
hierarquia entre os agentes envolvidos. Aliás, é isso que está previsto na Lei 9.784/1999:
Art. 15. Será permitida, em caráter excepcional e por motivos relevantes devidamente justificados, a avocação
temporária de competência atribuída a órgão hierarquicamente inferior.

A lei informa, ainda, que a avocação é medida de caráter excepcional, devendo ser feita
apenas “temporariamente” e “por motivos relevantes devidamente justificados”.
Vale destacar que a avocação não é possível quando se tratar de competência exclusiva do
subordinado.

Avocação:
Atrai o exercício de competência pertencente
a órgão ou agente subordinado (apenas).
Ato discricionário.
Medida excepcional.
Não é possível: atos de competência exclusiva.

Delegação:
Transfere o exercício de competência a outro
órgão ou agente, subordinado ou não.
Ato discricionário.
Delegar é regra, somente obstada se houver
impedimento legal (entendimento majoritário)
Não é possível: atos normativos, recursos
administrativos e atos de competência exclusiva.

Por fim, deve ficar claro que a revogação de um ato de delegação não se confunde com a
avocação. É que, na delegação, a titularidade da competência delegada é do delegante; já na
avocação, a competência avocada é do subordinado.

19
Por exemplo, compet•ncia para editar leis, para proferir decis›es judiciais, para iniciar a a•‹o penal
pœblica, para julgar as contas dos administradores pœblicos etc.

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(Questão de prova) A competência administrativa pode ser transferida e prorrogada pela


vontade dos interessados, assim como pode ser delegada e avocada de acordo com o
interesse do administrador.
Comentário:
O item está errado, eis que a competência administrativa é intransferível e improrrogável.
De fato, como a competência decorre de norma expressa, somente a norma pode transferi-la ou
autorizar a sua delegação ou avocação, e não mero acordo entre as partes. A competência
administrativa também não pode ser prorrogada, vale dizer, um agente incompetente não passa
a ser automaticamente considerado competente apenas pelo fato de ter praticado determinado
ato. A prorrogação de competência é possível no Direito Civil, em que a lide, por uma série de
razões, pode ser julgada em foro diverso daquele previsto na lei.
Lembrando que a competência também é irrenunciável, imodificável por mera vontade
do agente e imprescritível. Todavia, a competência administrativa pode ser delegada e avocada
de acordo com o interesse do administrador, como, aliás, corretamente registra o quesito.
Gabarito: Errado

(Questão de prova) São critérios para a distribuição da competência, como requisito ou


elemento do ato administrativo, dentre outros:
(A) delegação e avocação.
(B) conteúdo e objeto.
(C) matéria, forma e sujeito.
(D) tempo, território e matéria.
(E) grau hierárquico e conteúdo.
Comentário:
A resposta é a alternativa “d”, eis que apresenta, exclusivamente, critérios de distribuição
de competência. Na opção “a”, delegação e avocação são características do elemento
competência; na opção “b”, conteúdo e objeto são sinônimos e, assim como a competência, são
elementos do ato administrativo; na opção “c”, matéria é critério para distribuição de
competências, mas forma e sujeito são elementos do ato; já na alternativa “e”, hierarquia é
critério de distribuição de competência, mas conteúdo é elemento.
Gabarito: alternativa “d”

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FINALIDADE

Finalidade é o resultado pretendido pela Administração com a prática do ato administrativo.


A finalidade, como elemento do ato administrativo, decorre do princípio da impessoalidade,
pelo qual o fim a ser buscado pelo agente público em suas atividades deve ser tão-somente aquele
prescrito pela lei. Em última instância, o fim é a satisfação do interesse público, de forma geral e
impessoal.
Como a finalidade do ato é sempre aquela prevista na lei, não há espaço para o administrador
agir diferente, ou seja, a finalidade é sempre um elemento vinculado. Por exemplo: se a lei permite
a remoção de ofício do servidor para atender a necessidade do serviço público, a Administração não
pode se utilizar desse instituto com outra finalidade, como a punição.
A doutrina costuma confrontar a finalidade com os também elementos de formação do ato
administrativo motivo e objeto.
Conforme esclarece Maria Sylvia Di Pietro, a finalidade distingue-se do motivo porque este
antecede a prática do ato, correspondendo aos fatos, às circunstâncias, que levam a Administração
a praticar o ato. Já a finalidade sucede à prática do ato, porque corresponde a algo que a
Administração quer alcançar com a sua edição.
A finalidade também não se confunde com o objeto, pois este é o efeito jurídico imediato
que o ato produz, o seu resultado prático (aquisição, transformação ou extinção de direitos),
enquanto a finalidade é o efeito geral ou mediato (no futuro) do ato, que é sempre o mesmo,
expresso ou implicitamente estabelecido na lei: a satisfação do interesse público.
Sendo assim, pode-se perceber que o objeto é variável conforme o resultado prático buscado
pelo agente da Administração, ao passo que a finalidade é invariável para qualquer espécie de ato
(será sempre o interesse público)20.
Por exemplo: numa nomeação de servidor aprovado em concurso público, o objeto é prover
um cargo público vago; numa concessão de licença-gestante, o objeto é permitir o afastamento da
servidora durante o período de proteção e lactância; numa licença de construção, o objeto é
consentir que alguém edifique. O objeto, portanto, varia conforme o resultado prático buscado pela
Administração. Entretanto, a finalidade é invariável, por ser comum a todos eles: o interesse público.
A doutrina também aborda esses conceitos dizendo que todos os atos administrativos devem
obedecer a uma finalidade genérica, a satisfação do interesse público, e a uma finalidade específica,
que seria o objeto do ato, ou seja, o resultado específico que cada ato deve produzir, conforme
definido em lei (ex: o ato de remoção de ofício de servidor público tem a finalidade de suprir a
necessidade de pessoal no local de destino).

20
Carvalho Filho (2014, p. 121).

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FORMA

A forma é o modo como o ato administrativo se exterioriza, isto é, o como ele sai da cabeça
do agente e se mostra para o mundo. É a base física que permite aos destinatários o conhecimento
do conteúdo do ato administrativo.
De regra, os atos administrativos devem ter a forma escrita. Diz-se que, no direito público,
vale o princípio da solenidade das formas, pelo qual o ato deve ser escrito, registrado (ou arquivado)
e publicado21.
Entretanto, existem atos administrativos praticados de forma não escrita, a exemplo de
ordens verbais, gestos, apitos, sinais sonoros ou luminosos (semáforos de trânsito), placas (proibido
fumar, proibido estacionar, etc.). Esses elementos não escritos expressam uma ordem da
Administração Pública (uma manifestação de vontade) e, como tais, são considerados atos
administrativos. Frise-se, porém, que são meios excepcionais de exteriorização do ato, que atendem
a situações especiais.
Para Maria Sylvia Di Pietro, o elemento forma também pode ser visto a partir de uma
concepção ampla, abrangendo não só a exteriorização do ato, mas também todas as formalidades
que devem ser observadas durante o processo de formação da vontade da Administração, e até os
requisitos concernentes à publicidade do ato.
No Direito Administrativo, o aspecto formal do ato possui grande relevância, pois representa
uma garantia jurídica para o administrado e para a própria Administração; é pelo respeito à forma
que se possibilita o controle do ato administrativo pelos seus destinatários, pela própria
Administração ou pelos demais Poderes22.
Não obstante, a doutrina tem evoluído no sentido de se moderar as exigências quanto às
formalidades. O entendimento que se busca é que, para a prática de qualquer ato administrativo,
devem ser exigidas tão somente as formalidades estritamente essenciais, desprezando-se
procedimentos meramente protelatórios. É o chamado formalismo moderado.
Nessa linha, o art. 22 da Lei 9.784/1999 dispõe que “os atos do processo administrativo não
dependem de forma determinada senão quando a lei expressamente a exigir”.
Não obstante, como regra, a forma ainda é vista pela doutrina como um elemento vinculado
do ato administrativo, visto que ele deve ser exteriorizado na forma que a lei exigir. Por exemplo, a
própria Lei 9.784/1999 (art. 22, parágrafo único), exige que os “atos do processo devem ser
produzidos por escrito, em vernáculo, com a data e o local de sua realização e a assinatura da
autoridade responsável”. Outras normas prescrevem formas específicas, como decreto, resolução,
portaria etc.
Por outro lado, quando a lei não exigir forma determinada para o ato administrativo, a
Administração pode pratica-lo com a forma que lhe parecer mais adequada. Nesse caso, a forma

21
Carvalho Filho (2014, p. 112).
22
Maria Sylvia Di Pietro (2009, p. 208).

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seria um elemento discricionário do ato. Ressalte-se, porém, que a forma escolhida pela
Administração deve sempre assegurar segurança jurídica e, na hipótese de atos restritivos de
direitos e sancionatórios, possibilitar o exercício do contraditório e da ampla defesa.

(Questão de prova) Incorre em vício de forma a edição, pelo chefe do Executivo, de portaria
por meio da qual se declare de utilidade pública um imóvel, para fins de desapropriação,
quando a lei exigir decreto.
Comentário:
O quesito está correto. No caso, o decreto é a forma prevista na lei para que ocorra a
exteriorização da vontade do Chefe do Poder Executivo. Assim, o ato de declaração de utilidade
pública para fins de desapropriação deveria ser emitido mediante decreto, e não portaria. Logo,
houve vício de forma.
Gabarito: Certo

MOTIVO

Motivo é o pressuposto de fato e de direito que serve de fundamento ao ato


administrativo 23. Ou seja, são as razões que justificam a prática do ato.

§! Pressuposto de fato é o conjunto de circunstâncias, de acontecimentos, de


situações ocorridas no mundo real que levam a Administração a praticar o ato.
§! Pressuposto de direito é o dispositivo legal em que se baseia o ato.

Por exemplo: na concessão de licença paternidade, o motivo é o nascimento do filho do


servidor; no tombamento, é o valor histórico-cultural do bem; na exoneração de funcionário estável,
o motivo é o pedido por ele formulado; no ato de punição de servidor público, o motivo é a infração
que ele praticou.
Vamos detalhar mais. Tomando o último caso como exemplo, o pressuposto de fato (o que
aconteceu) é a própria conduta do servidor (que se ausentou do serviço durante o expediente, sem
autorização do chefe imediato, por exemplo) e o pressuposto de direito (a hipótese descrita em
norma legal) é a Lei 8.112/1990, que proíbe tal conduta e estabelece que a respectiva violação será
punida com advertência (art. 117, inciso I c/c art. 129).

23
Di Pi
etro (2009, p. 210)

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Todo ato administrativo deve ter um motivo lícito, ou seja, baseado na lei. Não é permitido
que um ato seja feito por mero capricho do agente público, sem nenhum fundamento.
O motivo, ademais, deve guardar congruência, isto é, relação lógica com o objeto e a
finalidade do ato; caso contrário, o ato será nulo.
Por exemplo: suponha que a Administração revogou várias autorizações de porte de arma
invocando como motivo o fato de um dos autorizados ter se envolvido em brigas; nessa hipótese, o
ato só será válido em relação ao indivíduo que se envolveu nas brigas; em relação aos demais, que
não tiveram esse envolvimento, o ato será nulo, pois o motivo não guarda compatibilidade lógica
com o resultado do ato 24.

Motivo vinculado e discricionário

O motivo é um dos elementos que permitem verificar se o ato administrativo é vinculado ou


discricionário.
Se a situação de fato que fundamenta a prática do ato já está delineada na norma legal, ao
agente nada mais cabe senão praticar o ato tão logo ela seja configurada. Trata-se de ato vinculado,
por haver estrita vinculação do motivo ao objeto do ato.
Por exemplo: a Lei 8.112/1990 diz que o servidor que tenha filho tem direito a licença
paternidade, com duração de cinco dias25. Portanto, a lei estabelece que o “motivo” do ato de
concessão de licença paternidade é o nascimento do filho. Assim, se um servidor apresenta
requerimento de licença paternidade provando o nascimento do filho (pressuposto de fato), a
Administração, verificando que a situação fática de enquadra na hipótese descrita na lei
(pressuposto de direito), terá que praticar o ato, exatamente com o conteúdo descrito na lei:
concessão da licença pelo prazo de cinco dias (a Administração não poderá conceder licença por
prazo inferior, tampouco negar a licença).
Por outro lado, quando a lei não descreve a situação fática, mas, ao contrário, transfere ao
agente a responsabilidade de avaliar os motivos que justificam a prática do ato segundo critérios de
conveniência e oportunidade, tem-se um ato discricionário.
Por exemplo: a Lei 8.112/1990 diz que a Administração, a seu critério, poderá conceder
licenças para o trato de assuntos particulares ao servidor ocupante de cargo efetivo, desde que não
esteja em estágio probatório, pelo prazo de até três anos consecutivos. A rigor, o motivo para a
concessão dessa licença é o requerimento do servidor que atenda ao requisito legal. Mas perceba
que a lei não enumera uma situação fática que, uma vez ocorrida no mundo real, dá direito ao
servidor de gozar a licença (trata-se de motivo discricionário). Assim, se um servidor que preencha
os requisitos legais apresentar requerimento de licença para tratar de interesses particulares, a
Administração irá avaliar os motivos que podem influenciar na apreciação do pedido (ex: impacto
da ausência do servidor no bom andamento dos trabalhos da repartição) e, segundo seu exclusivo

24
Carvalho Filho (2014, p. 120)
25
O Decreto 8.737/2016 estende tal prazo por mais 15 dias ao servidor que requeira o benef’cio no
prazo de 2 dias œteis ap—s o nascimento ou a ado•‹o, totalizando, assim, 20 dias de licen•a paternidade.

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critério de conveniência e oportunidade, irá definir o conteúdo do ato, importando dizer que,
mesmo que o servidor cumpra os requisitos legais, poderá ter seu pedido negado.
Segundo Maria Sylvia Di Pietro, o motivo será discricionário quando:
§! a lei não o definir, deixando-o ao inteiro critério da Administração, como no exemplo acima,
em que não há qualquer motivo previsto na lei para justificar a prática do ato.
§! a lei definir o motivo utilizando noções vagas, imprecisas, empregando palavras que podem
ter vários significados, os chamados conceitos jurídicos indeterminados; é o que ocorre
quando a lei manda punir o servidor que praticar “falta grave”, “procedimento irregular” ou
“conduta escandalosa na repartição”, sem definir em que consistem; ou quando a lei prevê o
tombamento de bem que tenha valor artístico ou cultural, também sem estabelecer critérios
objetivos que permitam o enquadramento do bem nesses conceitos.
No caso dos conceitos jurídicos indeterminados de valor, a Administração, em regra, usará
sua discricionariedade para definir se o fato concreto se enquadra ou não na hipótese prevista na
norma (por exemplo, definir se a conduta do servidor é ou não escandalosa ou, ainda, se o bem
possui ou não valor artístico).
Contudo, a discricionariedade poderá ficar afastada nos casos em que a lei usa conceitos
técnicos, que podem ser confirmados mediante laudos e pareceres (ex: para concessão de
aposentadoria por “invalidez”, a Administração deve se fundamentar em laudo médico), ou
conceitos de experiência ou empíricos, que podem ser objetivamente extraídos da experiência
comum (ex: expressões como “caso fortuito e força maior”, “jogos de azar” e “bons antecedentes”).

Vale ressaltar que parte (minoritária) da doutrina entende que a


valoração de conceitos jurídicos indeterminados não constitui, em
hipótese alguma, uma atividade discricionária, mas sim uma
atividade de interpretação que deve levar a uma única solução válida possível. Por essa corrente,
o conceito jurídico indeterminado permite interpretação, e não discricionariedade. A
discricionariedade somente existe quando a lei deixa ao administrador a possibilidade de optar
por uma dentre várias soluções.
Por exemplo, no caso da punição do servidor por “falta grave”, a interpretação estaria na
liberdade que tem o agente em avaliar se a atuação de fato configurou a hipótese estabelecida
em lei; se o resultado dessa interpretação levar ao entendimento de que o servidor, de fato,
cometeu “falta grave”, só haveria uma única solução possível: puni-lo. A discricionariedade, neste
caso, não existiria, pois, configurada a hipótese da lei, o agente não teria liberdade para decidir
se puniria ou não o servidor.

Motivo versus Motivação

Motivo e motivação não se confundem.


Di Pietro ensina que motivação é a exposição dos motivos, ou seja, é a demonstração, por
escrito, do que levou a Administração produzir determinado ato administrativo.

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Por exemplo, para punir, a Administração precisa demonstrar, comprovar que o servidor
realmente praticou a conduta proibida pela norma. Assim, a motivação do ato deve descrever a
conduta do servidor, apresentar evidências e demonstrar que o fato se enquadra na previsão da
norma legal (ou seja, expor os motivos do ato).
A motivação, regra geral, deve ser prévia ou concomitante à expedição do ato. Assim, não é
admissível a motivação apresentada a posteriori, ou seja, após a prática do ato, especialmente nos
casos em que a motivação é apresentada apenas após a validade do ato ser contestada.
Carvalho Filho esclarece ser possível distinguir duas formas de exteriorização do motivo, vale
dizer, de motivação:
§! Motivo contextual: a motivação é expressa no próprio ato, como é o caso de atos cujo
preâmbulo apresenta justificativas iniciadas por “considerando” (ex: considerando que o
servidor fez isso, isso e aquilo, decido aplicar a punição tal).
§! Motivo aliunde ou per relationem: a motivação se aloja fora do ato, como é o caso de
justificativas constantes de processos administrativos ou em pareceres prévios que serviram
de base para o ato decisório, hipótese em que o ato faz remissão a esses atos precedentes
(ex: no ato de punição, a motivação pode estar no relatório da comissão apuradora; assim, a
autoridade julgadora poderá afirmar que os motivos da sua decisão estão expostos no
referido relatório).
Em regra, a Administração tem o dever de motivar seus atos, discricionários ou vinculados.
Afinal, todo ato administrativo tem que ter um motivo, sob pena de nulidade (seja pela não
ocorrência do fato, seja pela inexistência da norma). A motivação é importante para que haja um
controle mais eficiente da prática administrativa, tanto pela sociedade como pelos demais Poderes
e pela própria Administração.
Todavia, podem existir atos administrativos em que os motivos não precisam ser declarados,
ou seja, atos que não estão sujeitos à regra geral de obrigatoriedade de motivação.
Com efeito, só se poderá considerar a motivação obrigatória se houver normal legal
expressa nesse sentido26.
Por exemplo, a Lei 9.784/1999 enumera expressamente atos administrativos que exigem
motivação. Vejamos:
Art. 50. Os atos administrativos deverão ser motivados, com indicação dos fatos e dos fundamentos jurídicos,
quando:
I - neguem, limitem ou afetem direitos ou interesses;
II - imponham ou agravem deveres, encargos ou sanções;
III - decidam processos administrativos de concurso ou seleção pública;
IV - dispensem ou declarem a inexigibilidade de processo licitatório;
V - decidam recursos administrativos;

26
Carvalho Filho (2014, p. 116)

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VI - decorram de reexame de ofício;


VII - deixem de aplicar jurisprudência firmada sobre a questão ou discrepem de pareceres, laudos, propostas e
relatórios oficiais;
VIII - importem anulação, revogação, suspensão ou convalidação de ato administrativo.
§ 1o A motivação deve ser explícita, clara e congruente, podendo consistir em declaração de concordância com
fundamentos de anteriores pareceres, informações, decisões ou propostas, que, neste caso, serão parte
integrante do ato.
§ 2o Na solução de vários assuntos da mesma natureza, pode ser utilizado meio mecânico que reproduza os
fundamentos das decisões, desde que não prejudique direito ou garantia dos interessados.
§ 3o A motivação das decisões de órgãos colegiados e comissões ou de decisões orais constará da respectiva ata
ou de termo escrito.

A doutrina assevera que, ao indicar expressamente os atos que necessitam ser motivados, a
Lei 9.784/1999, ainda que implicitamente, reconhece que pode haver atos que dispensem
motivação.
Exemplo clássico de ato que não precisa ser motivado é a nomeação/exoneração para cargos
em comissão.
Ressalte-se, todavia, que a lista de atos que exigem motivação apresentada na referida lei é
bastante ampla. É só observar que ela contém, por exemplo, os atos que afetem “direitos e
interesses” (inciso I), abrangendo, assim, praticamente todos os tipos de atos. Ademais, a boa
prática administrativa recomenda a motivação de todos os atos administrativos, a fim de garantir a
transparência e de aumentar as possibilidades de controle pelos cidadãos e órgãos competentes.

A doutrina apresenta alguma divergência sobre a obrigatoriedade


ou não da motivação dos atos administrativos.
Uma corrente defende que os atos vinculados devem ser
obrigatoriamente motivados, para que se possa confirmar se o motivo daquele ato se enquadra
nos limites legais impostos, por não haver liberdade administrativa na sua edição.
Outra corrente, de forma contrária, defende que os atos discricionários é que devem ser
obrigatoriamente motivados, para que se possa verificar a legitimidade do motivo alegado.
Não obstante, atualmente a melhor doutrina é aquela que defende que, como regra, todos os
atos administrativos, vinculados ou discricionários, devem ser motivados, justamente para dar
transparência à atuação administrativa e para proteger os administrados contra eventuais atos
abusivos e arbitrários27.

27
Knoplck (2013, p. 263)

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Motivo versus Móvel

Celso Antônio Bandeira de Mello ensina que não se deve confundir motivo, situação objetiva,
real, com móvel, isto é, intenção, propósito do agente que praticou o ato.
Para o autor, motivo é a realidade objetiva e externa ao agente, servindo de suporte à
expedição do ato. Móvel é a representação subjetiva, psicológica, interna do agente e corresponde
àquilo que suscita a vontade do agente (intenção).

Motivo Móvel

Realidade objetiva e Realidade subjetiva,


externa ao agente psicológica
(o que aconteceu) (intenção do agente)

A vontade do agente (móvel) só é relevante nos atos administrativos discricionários, cuja


prática admite uma apreciação subjetiva do agente público quanto à melhor forma de proceder para
dar correto atendimento à finalidade legal. Nestes casos, se o móvel do agente for viciado por
sentimentos de favoritismo ou perseguição, o ato será inválido.
Por outro lado, o exame da vontade é irrelevante quando o ato for completamente vinculado,
uma vez, que nesse caso, a lei já define o único comportamento possível perante o motivo por ela
já caracterizado, inadmitindo qualquer subjetivismo por parte do agente.

Teoria dos motivos determinantes

A teoria dos motivos determinantes estipula que a validade do ato está adstrita aos motivos
indicados como seu fundamento, de maneira que, se os motivos forem inexistentes ou falsos, o ato
será nulo28.
Por outras palavras, quando a Administração motiva o ato (fosse ou não obrigatória a
motivação), ele só será válido se os motivos forem verdadeiros. Caso seja comprovada a não
ocorrência da situação declarada (pressuposto de fato), ou a inadequação entre a situação ocorrida
e o motivo descrito na lei (pressuposto de direito), o ato será nulo.

28
Di Pietro (2009, p. 211).

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A teoria dos motivos determinantes se aplica


mesmo nos casos em que a motivação do ato
não é obrigatória, mas tenha sido
efetivamente realizada pela Administração.

O exemplo clássico da aplicação da teoria dos motivos determinantes é a exoneração de cargo


em comissão, ato que prescinde de motivação. Todavia, se a autoridade competente praticar esse
ato e expressamente motivar sua decisão, por exemplo, afirmando que exonerou o servidor por
conta da sua inassiduidade habitual, a validade do ato ficará vinculada à veracidade do motivo
indicado. Assim, caso o ex-comissionado venha a comprovar que jamais faltou um dia de trabalho,
a exoneração será nula por vício quanto ao motivo (inexistência do motivo declarado como
determinante do ato de exoneração).
No entanto, esclareça-se, que, ao motivar o ato, não significa que a Administração esteja
“transformando” um ato discricionário em um ato vinculado. Não é isso. O ato continua com a
natureza de origem: se o ato é discricionário, permanece discricionário; não é a motivação que o
torna vinculado. Acontece, tão-somente, que a Administração ficará vinculada à existência e
legitimidade dos motivos declarados29.

(Questão de prova) O motivo do ato administrativo não se confunde com a motivação


estabelecida pela autoridade administrativa. A motivação é a exposição dos motivos e
integra a formalização do ato. O motivo é a situação subjetiva e psicológica que corresponde
à vontade do agente público.
Comentário:
O quesito está errado. Estava indo bem, mas se perdeu no final. Com efeito, é correto que
motivo e motivação não se confundem. Também é verdade que motivação é a exposição dos
motivos e integra a formalização do ato. Porém, motivo não diz respeito à situação subjetiva e
psicológica, ou seja, à vontade do agente; isto é o que a doutrina chama de móvel. O motivo, por
outro lado, é a realidade objetiva e externa ao agente, consubstanciada nos pressupostos de fato
e de direito que fundamentam a expedição do ato.
Gabarito: Errado

(Questão de prova) Define-se o requisito denominado motivação como o poder legal


conferido ao agente público para o desempenho específico das atribuições de seu cargo.
Comentário:

29
Marcelo Alexandrino e Vicente Paulo (2014, p. 499).

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O poder legal conferido ao agente público para o desempenho específico das atribuições
de seu cargo é a definição de competência, e não de motivação. Esta é a declaração expressa dos
motivos que justificaram a prática do ato.
Gabarito: Errado

(Questão de prova) O ato de exoneração do ocupante de cargo em comissão deve ser


fundamentado, sob pena de invalidade por violação do elemento obrigatório a todo ato
administrativo: o motivo.
Comentário:
O quesito está errado. O ato de exoneração do ocupante de cargo em comissão é exemplo
clássico de ato que não precisa ser previamente motivado. Isso porque, segundo o art. 37, II da
CF, tais cargos são de livre nomeação e exoneração.
Gabarito: Errado

(Questão de prova) Josué, servidor público de um órgão da administração direta federal, ao


determinar a remoção de ofício de Pedro, servidor do mesmo órgão e seu inimigo pessoal,
apresentou como motivação do ato o interesse da administração para suprir carência de
pessoal. Embora fosse competente para a prática do ato, Josué, posteriormente, informou
aos demais servidores do órgão que a remoção foi, na verdade, uma forma de nunca mais
se deparar com Pedro, e que o caso serviria de exemplo para todos. A afirmação, porém, foi
gravada em vídeo por um dos presentes e acabou se tornando pública e notória no âmbito
da administração.
À luz dos preceitos que regulamentam os atos administrativos e o controle da administração
pública, julgue o item seguinte, acerca da situação hipotética acima.
Ainda que as verdadeiras intenções de Josué nunca fossem reveladas, caso Pedro
conseguisse demonstrar a inexistência de carência de pessoal que teria ensejado a sua
remoção, por força da teoria dos motivos determinantes, o falso motivo indicado por Josué
como fundamento para a prática do ato afastaria a presunção de legitimidade do ato
administrativo e tornaria a remoção ilegal.
Comentário:
A questão está correta. Pela teoria dos motivos determinantes, a validade de um ato está
vinculada aos motivos indicados como fundamento de sua prática, de maneira que, se
inexistentes ou falsos os motivos, o ato será nulo. Mesmo se a lei não exigir motivação, caso a
Administração a realize, estará vinculada aos motivos expostos.
Na situação apresentada, o motivo declarado por Josué para a remoção de Pedro foi a
carência de pessoal; assim, caso fique provado que o motivo indicado é falso, ou seja, que não há
carência alguma de pessoal na unidade de destino, a remoção torna-se ilegal, devendo o ato ser
anulado. No caso, a anulação independeria das intenções de Josué com a prática do ato;
importaria, tão-somente, a realidade objetiva da falsidade do motivo apontado.
Gabarito: Certo

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(Cespe – MIN 2013) Considere que um servidor público tenha sido removido de ofício pela
administração pública, com fundamento na alegação de excesso de servidores no setor em
que atuava. Nessa situação, provando o servidor que, em realidade, faltavam funcionários
no setor em que trabalhava, o ato de remoção deverá ser considerado inválido.
Comentário:
O item está certo. Pela teoria dos motivos determinantes, se os motivos da prática do ato
forem expostos, deverão ser existentes e verdadeiros, sob pena de invalidação do ato. Na
situação apresentada, a remoção do servidor foi amparada em motivo falso, por isso é certo que
deverá ser considerada nula.
Gabarito: Certo

OBJETO

Objeto é o efeito jurídico imediato que o ato produz30. Em outras palavras, o objeto
compreende os direitos nascidos, transformados ou extintos em decorrência do ato administrativo.
O objeto do ato identifica-se com o seu conteúdo. Para encontrar esse elemento, basta
verificar o que o ato enuncia, prescreve, dispõe31, indagando: “para que serve o ato?” Por exemplo,
no ato de demissão de servidor público, o objeto é a própria demissão, ou seja, o desfazimento da
relação jurídico-funcional entre o servidor e a Administração; na concessão de alvará de construção,
o objeto é a própria autorização para edificar, e assim por diante.
Segundo Maria Sylvia Di Pietro, o objeto do ato administrativo deve ser lícito (conforme a lei),
possível (realizável no mundo dos fatos e do direito), certo (definido quanto ao destinatário, aos
efeitos, ao tempo e ao lugar), e moral (em consonância com os padrões comuns de comportamento,
aceitos como corretos, justos, éticos).

Objeto natural e acidental

O objeto do ato administrativo pode ser natural ou acidental.


Objeto natural é o efeito jurídico que o ato produz, sem necessidade de expressa menção;
ele decorre da própria natureza do ato, tal como definido na lei.
Objeto acidental é o efeito jurídico que o ato produz em decorrência de cláusulas acessórias
que ampliam ou restringem o alcance do objeto natural; compreende o encargo ou modo, o termo
e a condição, também chamados, como visto anteriormente, de elementos acidentais do ato
administrativo.
O encargo ou modo é um ônus imposto ao destinatário do ato. Por exemplo: a União pode
doar um terreno a um Município sem impor nenhuma condição quanto ao uso do bem (seria uma

30
Di Pietro (2009, p. 206)
31
Idem

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doação simples); mas também pode fazer a doação impondo ao Município o encargo de construir
uma escola naquele terreno (seria uma doação com encargo); se o Município não construir a escola,
a União poderá cancelar a doação.
O termo é a cláusula que indica o dia de início ou de término da eficácia do ato. Por exemplo:
a Administração pode conceder uma autorização de funcionamento que entrará em vigor daqui a
60 dias e que terá vigência pelo prazo de 5 anos, ou seja, o ato produzirá efeitos jurídicos apenas
durante o período indicado.
Já a condição é a cláusula que subordina o efeito do ato a evento futuro e incerto; pode ser
suspensiva, quando suspende o início da eficácia do ato, ou seja, se a condição suspensiva não
acontecer, o ato nem começa a produzir efeitos (por exemplo, o Governo pode editar ato de
concessão de benefício social a determinadas famílias, mas condicionar a efetiva liberação do
dinheiro ao resultado da análise da situação psicossocial dos beneficiários); e resolutiva, quando a
cláusula prevê que, se determinada situação ocorrer, a produção de efeitos jurídicos do ato será
cessada, ou seja, se a condição resolutiva não acontecer, o ato continua a produzir seus efeitos
normalmente (por exemplo: o Governo pode conceder benefício social a determinadas famílias e
estabelecer que, se os filhos forem reprovados na escola, o benefício será cessado).

Objeto vinculado e discricionário

Assim como o motivo, o objeto é um dos elementos que permitem verificar se o ato
administrativo é vinculado ou discricionário.
Com efeito, nas atividades vinculadas, o objeto do ato deve ser exatamente aquele que a lei
estabeleceu. Trata-se, portanto, de objeto vinculado.
Por exemplo: se o indivíduo preenche todos os requisitos legais para a obtenção de licença
para exercer determinada profissão em todo o território nacional, o objeto do ato de concessão da
referida licença deve ser exatamente este; dessa forma, o agente não pode, ao concedê-la, restringir
o âmbito do exercício da profissão a determinado Estado, porque tal se põe em contrariedade com
a lei32.
Já nas atividades discricionárias, admite-se a escolha do objeto, dentre os possíveis
autorizados na lei, mediante a avaliação dos critérios de conveniência e oportunidade. Constitui a
parte variável do ato, sendo admissível a fixação de encargos, condições e termos. Trata-se, aqui,
de objeto discricionário,
Por exemplo: no ato de suspensão do servidor, há liberdade de escolha do conteúdo
específico (número de dias da suspensão), dentro do limite legal de 90 dias, conforme a valoração
da gravidade da falta cometida. Outro exemplo: a autorização para funcionamento de um circo em
praça pública pode fixar o limite máximo de horário, ainda que o interessado tenha formulado
pedido para funcionamento em horário mais elástico; no caso, a Administração irá avaliar as
circunstâncias envolvidas (impacto na vizinhança, normas locais de silêncio, efetivo disponível para
promover a segurança pública etc.) e moldar o objeto do ato conforme sua discricionariedade.

32
Carvalho Filho (2014, p. 111).

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VÍCIOS NOS ELEMENTOS DE FORMAÇÃO


Os elementos de formação (competência, finalidade, forma, motivo e objeto) podem
apresentar defeitos (vícios) capazes de acarretar, em alguns casos, a invalidação do ato
administrativo. É possível, porém, que determinados vícios sejam sanados.
Em seguida, vamos conhecer os principais vícios apresentados pela doutrina, com base nas
lições de Maria Sylvia Di Pietro.

VÍCIOS DE COMPETÊNCIA

Em relação ao elemento competência, os vícios do ato administrativo podem ser decorrentes


de incompetência ou de incapacidade.
A incompetência fica caracterizada quando o ato não se inclui nas atribuições legais do agente
que o praticou e também quando o sujeito o pratica exorbitando de suas atribuições. Decorre de:
§! Usurpação de função.
§! Excesso de poder.
§! Função de fato.
A usurpação de função pública ocorre quando alguém se apodera das atribuições dos agentes
públicos, sem que, no entanto, tenha sido investido no cargo, emprego ou função.
Seria o caso, por exemplo, de um particular que adquire uma farda de policial e passa a fazer
patrulhas nas ruas, apreender mercadorias e aplicar multas de trânsito. Na hipótese de usurpação
de função, os atos praticados pelo usurpador são considerados inexistentes, afinal, o sujeito
competente simplesmente não existe.
A usurpação de função é capitulada no Código Penal como crime de particular contra a
Administração.
O excesso de poder ocorre quando o agente público excede os limites de sua competência
estabelecida em lei. Ou seja, o agente é competente até tal ponto, mas pratica atos além desse
limite.
Lembrando que o excesso de poder é uma das modalidades de abuso de poder (a outra
modalidade é o desvio de poder, que corresponde a vício no elemento finalidade).
Ocorre excesso de poder, por exemplo, quando a autoridade competente para aplicar a pena
de suspensão impõe a penalidade de demissão (mais grave), que não é de sua atribuição; ou quando
a autoridade policial se excede no uso da força para praticar ato de sua competência (uso de meios
desproporcionais).
O excesso de poder pode configurar crime de abuso de autoridade, hipótese em que o agente
ficará sujeito à responsabilidade administrativa e à penal.

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Todavia, o excesso de poder nem sempre acarreta a nulidade do ato: em regra, o vício admite
convalidação33, ou seja, a autoridade que detém a competência pode ratificar o ato praticado pelo
agente incompetente, exceto quando se tratar de competência em razão da matéria ou de
competência exclusiva, hipóteses em que o ato deverá ser anulado.
Por exemplo: seria nulo um ato praticado pelo Ministro da Saúde em matéria de competência
do Ministro da Fazenda, ou, ainda, um ato praticado por Ministro de Estado em matéria de
competência exclusiva do Presidente da República. Por outro lado, caso um Auditor da Receita
pratique ato de competência não exclusiva do seu superior hierárquico, este poderá convalidar o
ato, ao invés de anulá-lo, simplesmente apondo sua assinatura embaixo da do Auditor.
A função de fato ocorre quando a pessoa que pratica o ato está irregularmente investida no
cargo, emprego ou função, mas a sua situação tem toda a aparência de legalidade.
Exemplos: inexistência de formação universitária para a função que a exige; idade inferior ao
mínimo legal; o mesmo ocorre quando o servidor está suspenso do cargo, ou exerce suas funções
depois de vencido o prazo de sua contratação, ou continua em exercício após a idade-limite para
aposentadoria compulsória.
Os atos praticados pelos funcionários de fato, segundo a teoria da aparência, são
considerados válidos e eficazes, perante terceiros de boa-fé, precisamente pela aparência de
legalidade de que se revestem.

Função de fato e usurpação de função não se confundem: nesta,


a pessoa não foi investida no cargo (os atos praticados por ela são
considerados inexistentes); naquela a pessoa foi investida, mas
existe alguma ilegalidade em sua investidura ou algum impedimento legal para a prática do ato
(os atos são considerados válidos e eficazes).

Além dos vícios de incompetência, ainda existem os de incapacidade.


A Lei 9.784/1999 prevê duas hipóteses de incapacidade do sujeito que pratica o ato
administrativo: o impedimento e a suspeição
O impedimento refere-se a situações objetivas, facilmente constatáveis, por exemplo, grau
de parentesco. O impedimento gera uma presunção absoluta de incapacidade, razão pela qual a
autoridade fica impedida de atuar no processo.
Por exemplo: o servidor X é cônjuge da servidora Y. O servidor X responde a processo
administrativo disciplinar, o qual será julgado pela servidora Y. Então, no caso, a servidora Y é
competente, mas certamente incapaz de atuar no processo, devendo declarar o seu impedimento.
A suspeição, por sua vez, refere-se a situações subjetivas, discutíveis, por exemplo, grau de
amizade ou inimizade. Por não ser de fácil detecção, a suspeição gera uma presunção relativa de
incapacidade, razão pela qual o vício inexiste se não for arguido pelo interessado no momento
oportuno (o agente não é obrigado a se declarar suspeito).

33
Estudaremos o que vem a ser convalida•‹o na pr—xima aula.

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Por exemplo: imagine que, no exemplo anterior, o servidor X, ao invés de cônjuge, fosse
amigo da servidora Y. A lei registra que a amizade, para ser motivo de suspeição, deve ser íntima.
Ora, não é tão simples assim afirmar, categoricamente, se a amizade entre os dois é ou não uma
amizade íntima. Nesse caso, se a suspeição não for alegada e provada, o processo segue seu rumo
normalmente.

• Usurpação de função: ato inexistente.


• Função de fato: atos válidos e eficazes
Incompetência • Excesso de poder: admite convalidação, exceto nos
casos de competência em razão da matéria ou
competência exclusiva.

• Impedimento: presunção absoluta (situações objetivas).


Incapacidade
• Suspeição: presunção relativa (situações subjetivas).

VÍCIOS DE FINALIDADE

Trata-se do desvio de poder ou desvio de finalidade, que ocorre quando o agente pratica ato
visando a fim diverso daquele previsto, explícita ou implicitamente, na lei.
Ocorre desvio de finalidade quando o agente pratica ato com inobservância do interesse
público (finalidade geral) ou com objetivo diverso daquele previsto na lei para o tipo de ato praticado
(finalidade específica).
Em qualquer caso, o vício de finalidade configura vício insanável, ou seja, não pode ser
convalidado, devendo ser sempre anulado.

O vício de finalidade é insanável, sendo


obrigatória a anulação do ato.

VÍCIOS DE FORMA

O vício de forma consiste na omissão ou na observância incompleta ou irregular de


formalidades indispensáveis, essenciais à existência ou seriedade do ato.
Em outras palavras, o ato é ilegal, por vício de forma, quando a lei expressamente estabelece
determinada forma como essencial à validade do ato e essa forma não é observada na prática do
ato.
Por exemplo: o decreto é a forma que a lei estabelece para os atos do Chefe do Poder
Executivo (ele não pode emitir uma portaria, por exemplo); o edital é a única forma possível para

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convocar os interessados em participar de licitação na modalidade concorrência (a convocação não


pode ocorrer por carta-convite, por exemplo).
O ato emitido com forma diversa da estabelecida na lei como essencial à validade do ato deve
ser anulado; nas demais hipóteses, em que a forma não é essencial, o vício de forma pode ser
convalidado, isto é, pode ser corrigido sem obrigar a anulação do ato.

Quando a forma é essencial, o vício de forma é


insanável, sendo obrigatória a anulação do ato.
Nos demais casos, o vício é passível de
convalidação.

Detalhe interessante é que a falta de motivação (declaração escrita dos motivos que
ensejaram a prática do ato), quando obrigatória, representa vício de forma, acarretando a nulidade
do ato.
Por exemplo: determinado servidor praticou falta disciplinar grave e foi demitido (portanto,
existe motivo para a demissão); no entanto, a autoridade competente, ao emitir o ato de demissão,
não declarou de forma expressa as razões que a levaram a tomar aquela decisão; nesse caso, o ato
de demissão sem motivação expressa é um ato com vício de forma.

VÍCIOS DE MOTIVO

O vício de motivo ocorre quando a matéria de fato ou de direito em que se fundamenta o ato
é materialmente inexistente. Diz-se, então, que o motivo é inexistente.
Além da hipótese de inexistência, o vício também pode ocorrer pela falsidade do motivo, ou
pela incongruência entre o fato e a norma, ou seja, o motivo é ilegítimo ou juridicamente
inadequado ao resultado obtido.
Por exemplo: se a Administração pune servidor, mas este não praticou qualquer infração, o
motivo é inexistente; por outro lado, se ele praticou infração diversa da apontada, o motivo é falso;
finalmente, se ele realmente praticou a conduta apontada, mas essa conduta não é definida na lei
como infração disciplinar, o motivo é ilegítimo ou juridicamente inadequado.

• Motivo inexistente
• Motivo falso
Vícios de motivo
• Motivo ilegítimo ou juridicamente inadequado
• Leva à anulação do ato

Em qualquer hipótese, o vício de motivo acarreta a invalidade do ato, sendo obrigatória a sua
anulação.

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VÍCIOS DE OBJETO

Como visto, o objeto é o efeito jurídico imediato produzido pelo ato. Ocorrerá vício do objeto
quando este for:
§! Proibido pela lei; por exemplo, um Município que desaproprie bem imóvel da União.
§! Com conteúdo diverso do previsto na lei para aquela situação; por exemplo, a
autoridade aplica a pena de suspensão, quando cabível a advertência; a autoridade
suspende servidor por 120 dias, quando a lei prevê que a suspensão será por, no
máximo, 90 dias.
§! Impossível, porque os efeitos pretendidos são irrealizáveis, de fato ou de direito; por
exemplo, a nomeação para um cargo inexistente; a instalação de antena de
concessionária em terreno pantanoso; a desapropriação de terras produtivas pela
União para fins de Reforma Agrária.
§! Imoral; por exemplo, a emissão de parecer sob encomenda, contrário ao
entendimento de quem o elabora.
§! Incerto em relação aos destinatários, às coisas, ao tempo, ao lugar; por exemplo,
desapropriação de bem não definido com precisão.
O vício de objeto é insanável, ou seja, invariavelmente acarreta a nulidade do ato.

O vício de objeto é insanável, sendo obrigatória


a anulação do ato.

VINCULAÇÃO E DISCRICIONARIEDADE
Por conta do princípio da legalidade, a atuação da Administração Pública deve sempre
respeitar os limites da lei.
Em alguns casos, os atos administrativos são vinculados, pois a lei estabelece uma única
solução possível de atuação para a Administração, não lhe concedendo nenhum grau de liberdade
para manifestação de sua vontade.
Em outras hipóteses, a lei deixa certa margem de liberdade de decisão diante do caso
concreto, de tal modo que a autoridade poderá optar por uma dentre várias soluções possíveis,
podendo também decidir o momento mais apropriado para agir. Nesses casos, os atos
administrativos são discricionários, e são editadas em decorrência do poder discricionário que a
Administração detém.
Nos atos administrativos vinculados, todos os elementos (competência, finalidade, forma,
motivo e objeto) são vinculados, não restando ao agente público nenhuma liberdade para avalia-
los, justamente porque estão todos rigidamente previstos na legislação.

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Por outro lado, nos atos administrativos discricionários somente são estritamente
vinculados os elementos competência, finalidade e forma34. Já motivo e objeto serão
discricionários.
Elementos
Com Fi For Mo Ob
Ato vinculado V V V V V
Ato discricionário V V V D D
Analisando o quadro acima, pode-se afirmar que não existe ato administrativo inteiramente
discricionário, afinal, nos atos discricionários os elementos competência, finalidade e forma são
sempre vinculados; a discricionariedade ocorre apenas no motivo e no objeto, elementos que,
juntos, constituem o chamado mérito administrativo.

MÉRITO ADMINISTRATIVO

O mérito do ato administrativo reside na possibilidade estabelecida em lei para valoração do


motivo e escolha do objeto do ato, segundo critérios de conveniência e oportunidade. O mérito
administrativo é, portanto, conceito restrito aos atos administrativos discricionários.
Questão interessante diz respeito à possibilidade de controle do Poder Judiciário sobre o
mérito do ato administrativo.
O entendimento geral é que o Poder Judiciário não pode efetuar controle de mérito dos atos
administrativos discricionários. Ou seja, o Judiciário não pode decretar se o ato foi ou não
conveniente e oportuno, avaliando se a decisão foi boa ou má e dizendo que administrador deveria
ter agido desta ou daquela maneira. Caso contrário, o Judiciário estaria tomando o lugar da
Administração e também do próprio legislador – que conferiu discricionariedade ao agente público
– ofendendo, assim, o princípio da separação dos Poderes.
Não se deve, todavia, confundir a vedação a que o Judiciário aprecie o mérito administrativo
com a possibilidade de aferição judicial da legalidade ou legitimidade dos atos discricionários. São
coisas completamente distintas.
O controle de mérito é sempre controle de oportunidade e conveniência, só podendo ser
realizado pela própria Administração. O controle de mérito resulta na revogação ou não do ato, e
nunca em sua anulação; o Poder Judiciário, no exercício da função jurisdicional, não revoga atos
administrativos, somente os anula, se houver ilegalidade ou ilegitimidade35.
Assim, a rigor, pode-se dizer que, com relação ao ato discricionário, o Judiciário pode apreciar
os aspectos de legalidade e legitimidade dos elementos competência, finalidade e forma. Quanto
aos elementos motivo e objeto, o Judiciário pode verificar se a Administração ultrapassou ou não

34
Quanto ao elemento forma, h‡ de se ressalvar que algumas leis permitem certo grau de
discricionariedade, admitindo mais de uma forma poss’vel para praticar o mesmo ato. Por exemplo, a
comunica•‹o de determinado ato ao interessado pode, quando a lei permite, ser dada por meio de
publica•‹o ou de notifica•‹o direta; nesse caso, existe discricionariedade com rela•‹o ˆ forma.
35
Marcelo Alexandrino e Vicente Paulo (2014, p. 494).

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os limites de discricionariedade; nesse caso, o controle judicial também é de legalidade e


legitimidade (e não de mérito), afinal, se a autoridade ultrapassou o espaço livre deixado pela lei,
ela invadiu o campo da legalidade, o que pode levar à anulação do ato.
Atualmente, observa-se uma tendência de ampliação do alcance do controle judicial sobre os
atos administrativos discricionários. De fato, são admitidas várias razões que podem configurar uso
indevido dos critérios de conveniência e oportunidade, por exemplo:
§! Desvio de poder, que ocorre quando a autoridade usa o poder discricionário para
desviar-se da finalidade de persecução do interesse público;
§! Teoria dos motivos determinantes, pela qual quando a Administração indica os
motivos que a levaram a praticar o ato, este somente será válido se os motivos forem
verdadeiros;
§! Princípios da moralidade e da razoabilidade, segundo os quais a valoração subjetiva
dos atos discricionários tem que ser feita em consonância com aquilo que, para o senso
comum, seria considerado moral, razoável, proporcional.
Todos esses quesitos têm sido usados pelo Poder Judiciário como fundamento para decretar
a anulação de atos administrativos discricionários. Isso, contudo, não implica invasão na
discricionariedade administrativa; o que se procura é colocar essa discricionariedade em seus
devidos limites, impedindo arbitrariedades que a Administração Pública pratica sob o pretexto de
agir discricionariamente36.

(Questão de prova) Embora tenha competência para analisar a legalidade dos atos
administrativos, o Poder Judiciário não a tem relativamente ao mérito administrativo desses
atos.
Comentário:
O item está correto. O controle judicial sobre os atos administrativos se restringe à aferição
da legalidade e da legitimidade. O Poder Judiciário não pode entrar no mérito do ato, quer dizer,
não pode fazer juízo de conveniência e oportunidade em relação a atos discricionários praticados
dentro dos limites da lei e com observância aos princípios administrativos. Caso a Administração
ultrapasse esses limites, o Judiciário poderá invalidar ato, sem que isso caracterize controle de
mérito; uma vez rompidos os limites da lei, o controle passa a ser de legalidade.
Gabarito: Certo

36
Di Pietro (2009, p. 219).

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(Questão de prova) Mérito administrativo é a margem de liberdade conferida por lei aos
agentes públicos para escolherem, diante da situação concreta, a melhor maneira de
atender ao interesse público.
Comentário:
Definição correta. O mérito administrativo consiste na avaliação da conveniência e da
oportunidade relativas ao motivo e ao objeto dos atos discricionários. Ressalte-se que essa
liberdade é limitada, pois o agente público deve observar os contornos da lei e os princípios da
Administração Pública.
Gabarito: Certo

*****
Pronto, chegamos ao fim do conteúdo teórico da aula de hoje. Lembrando que ainda não
esgotamos o assunto. Continuaremos a estudar os atos administrativos na aula seguinte.
Vamos resolver questões?!

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QUESTÕES DE PROVA
1. (Cespe – INSS 2016)
A autoexecutoriedade é atributo restrito aos atos administrativos praticados no exercício do
poder de polícia.
Comentário:
A autoexecutoriedade é atributo geral dos atos administrativos, não restrito aos atos praticados no
exercício do poder de polícia.
Gabarito: Errado

2. (Cespe – TCU 2015)


A exoneração dos ocupantes de cargos em comissão deve ser motivada, respeitando-se o
contraditório e a ampla defesa.
Comentário:
A doutrina cita a exoneração dos ocupantes de cargos em comissão como uma exceção ao princípio
da motivação, uma vez que a Constituição (art. 37, II) afirma que esses cargos são de livre nomeação
e exoneração.
Assim, a autoridade competente pode, livremente, tanto nomear como exonerar pessoas para os
cargos em comissão, sem que para tanto tenha que apresentar os motivos que fundamentaram a
escolha.
Gabarito: Errado

3. (Cespe – TCU 2015)


Conforme a teoria dos motivos determinantes, a validade do ato administrativo vincula-se aos
motivos que o determinaram, sendo, portanto, nulo o ato administrativo cujo motivo estiver
dissociado da situação de direito ou de fato que determinou ou autorizou a sua realização.
Comentário:
A teoria dos motivos determinantes estipula que a validade do ato está adstrita aos motivos
indicados como seu fundamento, de maneira que, se os motivos forem inexistentes ou falsos, o ato
será nulo.
Gabarito: Certo

4. (Cespe – TCU 2015)


Ao delegar a prática de determinado ato administrativo, a autoridade delegante transfere a
titularidade para sua prática.
Comentário:

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O ato de delegação não retira a competência da autoridade delegante, que continua competente
cumulativamente com o agente delegado. A delegação apenas transfere a responsabilidade pelo
exercício de determinada tarefa; a titularidade permanece com quem delegou.
Tanto é verdade que o ato de delegação é um ato discricionário, revogável a qualquer tempo pela
autoridade delegante.
Gabarito: Errado

5. (Cespe – TCU 2015)


É proibido delegar a edição de atos de caráter normativo.
Comentário:
O item está correto. O art. 13 da Lei 9.784/1999 dispõe que não podem ser objeto de delegação:
§! a edição de atos de caráter normativo;
§! a decisão de recursos administrativos;
§! as matérias de competência exclusiva do órgão ou autoridade.
Gabarito: Certo

6. (Cespe – MIN 2013)


O conceito de ato administrativo não se confunde com o conceito legal de ato jurídico.
Comentário:
Ato jurídico é toda manifestação da vontade humana que produz efeitos jurídicos, como o
casamento e a adoção de uma criança. Por sua vez, ato administrativo é o ato jurídico decorrente
de manifestações da Administração Pública, a exemplo da nomeação de um servidor público e da
adjudicação de uma licitação. Logo, a assertiva está incorreta, pois o ato administrativo é uma
espécie do gênero ato jurídico.
Gabarito: Errado

7. (Cespe – MIN 2013)


A construção de uma ponte pela administração pública caracteriza um fato administrativo, pois
constitui uma atividade pública material em cumprimento de alguma decisão administrativa.
Comentário:
É certo que a construção de uma ponte é um fato administrativo, pois representa uma atividade
administrativa material, isto é, trata-se de um “fazer algo” no seio da Administração, no caso, a
realização de uma obra.
De regra, o fato administrativo, como operação material, ocorre como consequência de um ato
administrativo (ou de uma decisão administrativa, como diz o quesito). Por exemplo, a construção
da ponte (fato administrativo) foi precedida da ordem de serviço (ato administrativo) que
determinou a realização da obra. Daí, portanto, a correção do item. Ressalte-se, contudo, que o fato
administrativo não se consuma sempre em virtude de algum ato administrativo. Por exemplo, um

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raio que destrói um bem público ou uma enchente que inutiliza equipamentos pertencentes ao
serviço público são fatos administrativos decorrentes de fenômenos natureza, e não de atos
administrativos. Em outras situações, ainda, é o fato administrativo que precede o ato: é o caso da
apreensão de bens, em que o agente primeiro produz a operação material de apreender, e depois é
que a descreve no auto de apreensão, este sim o ato administrativo.
Gabarito: Certo

8. (Cespe – MIN 2013)


Todos os atos da administração pública que produzem efeitos jurídicos são considerados atos
administrativos, ainda que sejam regidos pelo direito privado.
Comentário:
Nem todos os atos praticados pela Administração Pública são atos administrativos, a exemplo dos
atos regidos pelo direito privado, como a permuta e a doação de bens. Tais atos são chamados de
atos da Administração, pelo simples fato de serem emanados da Administração Pública. Não são
atos administrativos porque atos administrativos são regidos pelo direito público.
Gabarito: Errado

9. (Cespe – Ibama 2013)


Ato administrativo corresponde, conceitualmente, a manifestação unilateral de vontade do
Poder Executivo, com efeito jurídico imediato, exarada sob o regime jurídico de direito público.
Comentário:
O ato administrativo não é privilégio do Poder Executivo: o Legislativo e o Judiciário, assim como o
Tribunal de Contas e o Ministério Público, também editam atos administrativos. E fazem isso quando
exercem sua função administrativa, ou, no jargão da Administração, suas “atividades-meio”. Assim,
corrigindo o item: “ato administrativo corresponde, conceitualmente, a manifestação unilateral de
vontade do Poder Executivo da Administração Pública, com efeito jurídico imediato, exarada sob o
regime jurídico de direito público”.
Gabarito: Errado

10. (Cespe – Bacen 2013)


Para concretizar a desapropriação de um imóvel, a administração toma providência para tomar
a posse desse imóvel, situação que constitui exemplo de fato administrativo.
Comentário:
O procedimento administrativo de desapropriação é composto, basicamente, de duas fases
distintas: fase declaratória e fase executória. Na fase declaratória, o Poder Público, por meio de um
ato administrativo (decreto do chefe do Executivo), declara a existência de utilidade pública ou
interesse social para a desapropriação de determinado bem; na fase executória, são adotadas as
providências para consumar a transferência do bem do patrimônio particular para o Poder Público,
incluindo, por exemplo, a negociação do valor da indenização com o proprietário e a formalização
de escritura pública junto ao registro de imóveis. Tais providências para efetivar a desapropriação

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são classificadas pela doutrina como fatos administrativos, pois são despidas das características dos
atos administrativos (ex: a negociação, em si, não produz um efeito jurídico imediato; o registro da
escritura é um ato de direito privado).
Gabarito: Certo

11. (Cespe – Suframa 2014)


Caso a administração seja suscitada a se manifestar acerca da construção de um condomínio
em área supostamente irregular, mas se tenha mantida inerte, essa ausência de manifestação
da administração será considerada ato administrativo e produzirá efeitos jurídicos,
independentemente de lei ou decisão judicial.
Comentário:
A ausência de manifestação da administração em situações em que deve pronunciar-se, conhecida
como silêncio administrativo, não é considerada pela doutrina majoritária como um ato
administrativo. Afinal, uma das características que definem o ato administrativo é justamente a
declaração de vontade, isto é, a exteriorização do pensamento. Inclusive, Maria Sylvia Di Pietro, ao
invés de dizer que ato administrativo é “manifestação unilateral”, prefere usar “declaração
unilateral”, para reforçar a necessidade de que a manifestação seja exteriorizada para configurar um
ato administrativo. O silêncio administrativo é o oposto disso, ou seja, é a completa ausência de
declaração, por isso não é considerado um ato administrativo. Quando muito, o silêncio é
considerado um fato administrativo, nas hipóteses em que a ausência de declaração provoca efeitos
jurídicos, como a decadência e a prescrição, ou nos casos em que a lei fixa um prazo, findo o qual o
silêncio da Administração significa concordância (anuência tácita) ou discordância.
Gabarito: Errado

12. (Cespe – Suframa 2014)


Caso a SUFRAMA pretenda alugar uma nova sala para nela realizar curso de formação de novos
servidores, o contrato de locação, nessa hipótese, em razão do interesse público, apesar de ser
regido pelo direito privado, será considerado tecnicamente como ato administrativo.
Comentário:
Os atos de direito privado praticados pela Administração, como a locação de imóveis, não são atos
administrativos (estes são de direito público), e sim atos da Administração.
Gabarito: Errado

13. (Cespe – Cade 2014)


Embora a função administrativa seja atípica para os Poderes Judiciário e Legislativo, no
exercício da função administrativa, esses poderes praticam atos administrativos.
Comentário:
Os órgãos administrativos de todos os Poderes – Executivo, Legislativo e Judiciário – exercem
atividades administrativas e, portanto, editam atos administrativos. É o caso, por exemplo, de
quando a Mesa do Senado promove concurso público para a seleção de novos servidores; de quando

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a Secretaria do STF realiza licitação para adquirir uma nova frota de veículos para o Tribunal; ou de
quando o Presidente do TCU demite servidor do órgão.
Gabarito: Certo

14. (Cespe – CNJ 2013)


Se do atributo da executoriedade do ato administrativo resultar dano ao particular em razão
de ilegitimidade ou abuso, o Estado estará obrigado a indenizar o lesado, uma vez configurados
a conduta danosa, o dano e o nexo causal.
Comentário:
A autoexecutoriedade é a prerrogativa de que certos atos administrativos sejam executados
imediata e diretamente pela própria Administração, independentemente de ordem judicial. Se dessa
autoexecutoriedade resultar danos ao particular, entretanto, o Estado deve indenizá-lo. Para surgir
o dever de indenizar do Estado, é necessário demonstrar o nexo causal entre o dano e a ação estatal,
isto é, comprovar que realmente foi a conduta do Estado a responsável por causar prejuízo ao
particular.
Gabarito: Certo

15. (Cespe – TRT10 2013)


Segundo a doutrina, os atos administrativos gozam dos atributos da presunção de legitimidade,
da imperatividade, da exigibilidade e da autoexecutoriedade.
Comentário:
Os atributos do ato administrativo apresentados pela doutrina são: Presunção de legitimidade;
Autoexecutoriedade; Tipicidade; Imperatividade. Para guardar, usamos o mnemônico “PATI”.
A questão não lista o atributo da tipicidade, porém, não deve ser tomada como exaustiva (está
incompleta, mas não está errada).
Por outro lado, o item apresenta o atributo da exigibilidade que, segundo a doutrina, é um
desdobramento da autoexecutoriedade, e representa os atos administrativos exigíveis por meios de
coerção indireta (ex: multa).
Gabarito: Certo

16. (Cespe – PRF 2012)


É o atributo da autoexecutoriedade o que permite à administração pública aplicar multas de
trânsito ao condutor de um veículo particular.
Comentário:
O atributo que permite à administração pública aplicar multas de trânsito ao condutor de um veículo
particular é a exigibilidade. A multa é um meio de coerção indireta, que tem como fim compelir o
administrado a cumprir determinado ato exigível; no caso, o ato exigível seria a lei de trânsito (ex: o
motorista não excede o limite de velocidade porque tem receio de ser multado). Boa parte da
doutrina considera que a exigibilidade seria um desdobramento da autoexecutoriedade. Se fosse

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aplicado esse entendimento da doutrina, a assertiva deveria ser tida como correta. Mas esse não
parece ser o entendimento do Cespe. Veja, por exemplo, a questão anterior, em que a banca, ao
listar os atributos do ato administrativo, citou a autoexecutoriedade e a exigibilidade
separadamente. Nessa mesma linha, o gabarito da questão ora em comento é errado,
demonstrando que a banca prefere distinguir os conceitos de autoexecutoriedade e exigibilidade.
Portanto, muita atenção na prova.
Gabarito: Errado

17. (Cespe – MIN 2013)


O atributo da imperatividade não está presente em todos os atos administrativos.
Comentário:
A imperatividade está presente apenas nos atos que impõem obrigações e restrições; por
conseguinte, não está presente nos atos enunciativos (ex: certidão, atestado, parecer), nos atos
internos (ex: ordem de serviço, portarias de criação de grupo de trabalho) e nem nos atos negociais
(ex: licença ou autorização de uso do bem público), uma vez que, nesses casos, não há a criação de
obrigações ou restrições a terceiros.
Gabarito: Certo

18. (Cespe – Bacen 2013)


A autoexecutoriedade é um atributo presente em todos os atos administrativos.
Comentário:
A autoexecutoriedade é o atributo que confere à Administração Pública a prerrogativa de operar
diretamente seus atos, independentemente de manifestação prévia do Poder Judiciário. A
autoexecutoriedade não está presente em todos os atos administrativos, daí o erro. Di Pietro ensina
que ela só é possível quando expressamente prevista em lei ou na adoção de medidas urgentes
para a proteção do interesse público.
Gabarito: Errado

19. (Cespe – CADE 2014)


A autoexecutoriedade, um dos atributos do ato administrativo, dispensa a necessidade de a
administração obter autorização judicial prévia para a prática do ato.
Comentário:
De fato, a autoexecutoriedade é o atributo que confere à Administração Pública a prerrogativa de
operar diretamente seus atos, independentemente de manifestação prévia do Poder Judiciário. O
quesito está correto, portanto.
Gabarito: Certo

20. (Cespe – Polícia Federal 2014)


Há presunção de legitimidade e veracidade nos atos praticados pela administração durante
processo de licitação.

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Comentário:
Um dos atributos do ato administrativo é a presunção de legitimidade e de veracidade. A
legitimidade refere-se à conformidade do ato com a lei. A veracidade, por sua vez, diz respeito aos
fatos alegados pela Administração, que são tidos como verdadeiros até que se prove o contrário (o
ônus da prova é do administrado).
Em decorrência do princípio da presunção de legitimidade, os atos administrativos operam efeitos
imediatamente, vinculando os administrados por ele atingidos desde a sua edição. Por conseguinte,
o administrado não pode negar-se a cumpri-lo. Isso não significa, contudo, que o administrado não
possa buscar amparo junto ao Poder Judiciário visando à anulação do ato ou à sustação liminar dos
seus efeitos. Enquanto, porém, não sobrevier o pronunciamento de nulidade ou de suspensão
liminar, os atos administrativos terão plena eficácia.
Como ensina Maria Sylvia Di Pietro, a presunção de legitimidade e veracidade acompanha todos os
atos estatais, quer imponham obrigações, quer reconheçam ou confiram direitos aos administrados,
e decorre da própria ideia de “Poder” que permite ao Estado assumir posição de supremacia perante
os particulares. O quesito está correto, portanto.
Gabarito: Certo

21. (Cespe – Polícia Federal 2014)


Em decorrência do princípio de legalidade aplicado à administração pública, os atos
administrativos possuem presunção de legitimidade.
Comentário:
A presunção de legitimidade é um atributo dos atos administrativos que decorre do princípio da
legalidade. Este princípio possui status constitucional e obriga toda Administração a praticar os atos
em conformidade com a lei; dessa forma, pode-se presumir que todo ato administrativo observou
esse mandamento.
Gabarito: Certo

22. (Cespe – TJDFT 2013)


Considere a seguinte situação hipotética.
Um oficial de justiça requereu concessão de férias para o mês de julho e o chefe da repartição
indeferiu o pleito sob a alegação de falta de pessoal. Na semana seguinte, outro servidor da
mesma repartição requereu o gozo de férias também para o mês de julho, pleito deferido pelo
mesmo chefe. Nessa situação hipotética, o ato que deferiu as férias ao servidor está viciado,
aplicando-se ao caso a teoria dos motivos determinantes.
Comentário:
O item está certo. Apesar de ser um direito do servidor, a concessão das férias se sujeita à
discricionariedade da Administração, especialmente quanto ao momento do usufruto (imagine se
todos os servidores do órgão pretendessem tirar férias ao mesmo tempo!). Portanto, não há
ilegalidade no fato de a chefia imediata indeferir o pedido de férias do servidor. Ocorre que, ao
motivar o indeferimento com a falta de pessoal, a chefia se vinculou ao motivo indicado, de modo

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que, se este for inexistente ou falso, o ato é nulo. Portanto, no caso concreto, o deferimento ou não
das férias dos servidores no mês julho ficou vinculado à falta ou não de pessoal no período, daí a
correção do item.
Gabarito: Certo

23. (Cespe – Suframa 2014)


Considere a seguinte situação hipotética.
Determinado servidor público teve seu pedido de férias negado pela chefia competente e, em
que pese a possibilidade de indeferir a solicitação sem fundamentar sua decisão de forma
expressa, a autoridade competente o fez, sob o fundamento de falta de pessoal na repartição.
Nessa situação hipotética, caso o servidor consiga provar que, em verdade, havia excesso de
servidores onde trabalha, o referido ato será inválido.
Comentário:
Mais um exemplo de aplicação da teoria dos motivos determinantes. Se o servidor conseguir provar
que existe excesso ao invés de falta de servidores, estará demonstrando a falsidade do motivo
apresentado para a prática do ato que negou seu pedido de férias, o que, segundo a teoria dos
motivos determinantes, torna o referido ato inválido, ainda que se trate de ato discricionário.
Gabarito: Certo

24. (Cespe – MDIC 2014)


Se determinado servidor público for removido, de ofício, por interesse da administração
pública, sob a justificativa de falta de servidores em outra localidade, e se esse servidor
constatar o excesso de pessoal na sua nova unidade de exercício e não a falta, o
correspondente ato de remoção, embora seja discricionário, poderá ser invalidado.
Comentário:
Questão muito parecida com a anterior, sobre a aplicação da teoria dos motivos determinantes, e
está correta pelas mesmas razões.
Gabarito: Certo

25. (Cespe – AFRE/ES 2013)


No que se refere a atos administrativos, assinale a opção correta.
a) A ausência de manifestação da administração em situações em que deve pronunciar-se,
conhecida como silêncio administrativo, é considerada ato administrativo,
independentemente de lei, pois afeta direta ou indiretamente os administrados.
b) Os atos administrativos discricionários não exigem motivação e a motivação, se houver, em
nada afeta a validade do ato administrativo, ante a impossibilidade de vinculação dos motivos.
c) O atributo da imperatividade dos atos administrativos diz respeito à possibilidade de o ato
ser imediatamente executado, independentemente de solicitação prévia ou posterior do Poder
Judiciário.

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d) Um fato administrativo não se preordena à produção de efeitos jurídicos, traduzindo-se em


uma atividade material no exercício da função administrativa.
e) A locação de um prédio pela administração traduz um ato da administração que, embora
regido pelo direito público, põe o particular em posição igualitária com o poder público.
Comentário:
Vamos analisar cada alternativa:
a) ERRADA. O ato administrativo caracteriza-se pela declaração de vontade, isto é, pela
exteriorização do pensamento. O silêncio administrativo é o oposto disso, ou seja, é a completa
ausência de declaração. Por isso, a doutrina majoritária não considera o silêncio como um ato
administrativo. Quando muito, o silêncio é considerado um fato administrativo, nas hipóteses em
que a ausência de declaração provoca efeitos jurídicos, como a decadência e a prescrição, ou nos
casos em que a lei fixa um prazo, findo o qual o silêncio da Administração significa concordância
(anuência tácita) ou discordância.
b) ERRADA. Parte da doutrina entende que os atos discricionários não exigem motivação. Este,
porém, não é o entendimento predominante. Prevalece a orientação de que, em regra, todos os
atos administrativos, vinculados ou discricionários, devem ser motivados. Não obstante, o erro mais
evidente do item é que, quando houver motivação, mesmo que a lei não a exija, a validade do ato
se vincula à existência e veracidade dos motivos indicados; caso eles forem falsos ou inexistentes, o
ato é nulo. Trata-se da teoria dos motivos determinantes.
c) ERRADA. A descrição apresentada diz respeito ao atributo da autoexecutoriedade, e não da
imperatividade. Esta, por sua vez, é a característica pela qual os atos administrativos se impõem a
terceiros, independentemente da sua concordância, criando obrigações ou impondo restrições.
Perceba um detalhe: a imperatividade independe de concordância dos terceiros; já a
autoexecutoriedade, independe da autorização do Poder Judiciário. É uma boa forma de guardar
esses conceitos.
d) CERTA. Nesta questão, a banca adotou a doutrina de Carvalho Filho, para quem a ideia de fato
administrativo não leva em consideração a produção de efeitos jurídicos, mas, ao revés, tem o
sentido de atividade material no exercício da função administrativa, que visa a efeitos de ordem
prática para a Administração (ex: apreensão de mercadorias, dispersão de manifestantes,
desapropriação de bens privados, etc.). Maria Sylvia Di Pietro classifica essas atividades materiais
como atos da Administração.
e) ERRADA. A locação é um ato da Administração regido pelo direito privado, e não pelo direito
público.
Gabarito: alternativa “d”

26. (ESAF – CVM 2010)


Assinale a assertiva que não pode ser caracterizada como ato administrativo.
a) Semáforo na cor vermelha.
b) Queda de uma ponte.

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c) Emissão de Guia de Recolhimento da União eletrônica.


d) Protocolo de documento recebido em órgão público.
e) Instrução Normativa da Secretaria de Patrimônio da União.
Comentário:
Atos administrativos se caracterizam por expressar uma manifestação de vontade. Assim, fatos
concretos, materiais, produzidos independentemente de qualquer manifestação de vontade, ainda
que provoquem efeitos no mundo jurídico e no âmbito da Administração Pública, não são atos
administrativos, e sim fatos administrativos.
É o caso, por exemplo, da queda de uma ponte (opção “b”). A princípio, trata-se de um evento da
natureza, não decorrente de manifestação alguma de vontade dos agentes públicos. A queda pode,
é claro, provocar consequências jurídicas para o Estado (como a necessidade de organizar o trânsito,
de recolher os entulhos, de fazer outra licitação etc.); porém, nem por isso o evento passa a ser um
ato administrativo; pela ausência de manifestação volitiva da Administração, a queda é
simplesmente um fato administrativo.
Das alternativas da questão, as opções “c”, “d” e “e” não suscitam maiores dúvidas, afinal,
evidentemente constituem declarações de vontade da Administração Pública, ou seja, atos
administrativos. Já a alternativa “a” é interessante. O “semáforo na cor vermelha” também é um ato
administrativo. Isso porque os atos administrativos não são produzidos apenas na forma escrita
(embora essa seja a forma mais comum); a vontade da Administração também pode ser
exteriorizada de outras formas: verbalmente, por placas de sinalização e até por sinais sonoros e
luminosos, como é o caso do semáforo.
Gabarito: alternativa “b”

27. (ESAF – AFRFB 2009)


Quanto à competência para a prática dos atos administrativos, assinale a assertiva incorreta.
a) Não se presume a competência administrativa para a prática de qualquer ato, necessária
previsão normativa expressa.
b) A definição da competência decorre de critérios em razão da matéria, da hierarquia e do
lugar, entre outros.
c) A competência é, em regra, inderrogável e improrrogável.
d) Admite-se, excepcionalmente, a avocação e a delegação de competência administrativa pela
autoridade superior competente, nos limites definidos em lei.
e) Com o ato de delegação, a competência para a prática do ato administrativo deixa de
pertencer à autoridade delegante em favor da autoridade delegada.
Comentário:
Vamos analisar cada alternativa:
a) CERTA. A competência deve decorrer de norma expressa, vale dizer, não há presunção de
competência administrativa. Como dizem, “não é competente quem quer, ou quem sabe fazer, mas

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sim quem a norma determinar que é”. Todavia, há de ressaltar que Maria Sylvia Di Pietro salienta a
possibilidade de omissão do legislador quanto à fixação da competência para a prática de
determinados atos. Segundo a autora, a rigor, não havendo lei, entende-se que é competente o
Chefe do Poder Executivo.
b) CERTA. No nosso ordenamento jurídico, as competências para a prática de atos administrativos
são atribuídas originariamente aos entes políticos (União, Estados, Municípios e DF). A partir daí, as
competências são distribuídas entre os respectivos órgãos administrativos (como os Ministérios,
Secretarias e suas unidades) e, dentro destes, entre seus agentes, pessoas físicas. Para a distribuição
das competências são utilizados vários critérios, dentre eles: matéria, hierarquia, lugar, tempo e
fracionamento.
c) CERTA. A competência é inderrogável (intransferível), pois não pode ser transmitida por mero
acordo entre as partes; também é improrrogável, pois não pode ser assumida por agente
incompetente sem a autorização de norma expressa.
d) CERTA. A autoridade administrativa pode, a seu critério, delegar o exercício de competências de
sua titularidade ou avocar o exercício de competências da titularidade de seu subordinado. A
doutrina majoritária entende que a possibilidade de delegação é regra, não sendo admitida apenas
se houver impedimento legal. Porém, parte da doutrina entende que a delegação de competência
só é possível nos casos em que a norma expressamente autoriza, ou seja, tratar-se-ia de medida
excepcional, como afirma o item. Quanto à avocação não há dúvida: constitui medida de caráter
excepcional, devendo ser feita apenas “temporariamente” e “por motivos relevantes devidamente
justificados”.
e) ERRADA. Para dar a assertiva como errada, a banca deve ter considerado que, ao afirmar que a
“competência para a prática do ato administrativo deixa de pertencer à autoridade delegante”, o
item se referiu à transferência da titularidade da competência, e não do seu exercício. De fato, a
delegação transfere apenas o exercício, mas não a titularidade da competência, a qual permanece
com a autoridade delegante.
Gabarito: alternativa “e”

28. (ESAF – MIN 2012)


Nos termos da legislação federal vigente, não há exigência expressa de motivação dos atos
administrativos que
a) dispensem licitação.
b) suspendam outros atos administrativos.
c) decorram de reexame de ofício.
d) exonerem servidor ocupante de cargo em comissão.
e) revoguem outros atos administrativos.
Comentários:

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Em regra, os atos administrativos devem ser motivados, sejam eles discricionários, sejam vinculados.
Afinal, estamos tratando da coisa pública, e o uso que se faz dela deve ser bem explicado e justificado
aos seus verdadeiros donos: a sociedade.
Todavia, ainda que desejável, nem sempre a motivação prévia ou concomitante dos atos é
obrigatória. Com efeito, o art. 50 da Lei 9.784/1999 determina ser obrigatória a motivação dos
seguintes atos:
Art. 50. Os atos administrativos deverão ser motivados, com indicação dos fatos e dos fundamentos jurídicos,
quando:
I - neguem, limitem ou afetem direitos ou interesses;
II - imponham ou agravem deveres, encargos ou sanções;
III - decidam processos administrativos de concurso ou seleção pública;
IV - dispensem ou declarem a inexigibilidade de processo licitatório;
V - decidam recursos administrativos;
VI - decorram de reexame de ofício;
VII - deixem de aplicar jurisprudência firmada sobre a questão ou discrepem de pareceres, laudos, propostas e
relatórios oficiais;
VIII - importem anulação, revogação, suspensão ou convalidação de ato administrativo.

Perceba que, embora seja bastante amplo o rol de atos que devem ser obrigatoriamente motivados,
a lei deixa espaço para que alguns atos sejam praticados sem motivação. Um deles é a exoneração
de servidor ocupante de cargo em comissão (alternativa “d”), ato que prescinde de motivação
prévia, eis que é tratado pela própria Constituição Federal como de livre nomeação e exoneração.
Todos os demais atos apresentados nas alternativas da questão estão previstos nos incisos do art.
50 da Lei 9.784/1999, portanto, devem ser obrigatoriamente motivados.
Gabarito: alternativa “d”

*****
Por hoje é só pessoal!

Bons estudos!

Erick Alves

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LEGISLAÇÃO PERTINENTE

Lei 4.717/1965 – regula a ação popular

Art. 2º São nulos os atos lesivos ao patrimônio das entidades mencionadas no artigo anterior, nos casos de:
a) incompetência;
b) vício de forma;
c) ilegalidade do objeto;
d) inexistência dos motivos;
e) desvio de finalidade.
Parágrafo único. Para a conceituação dos casos de nulidade observar-se-ão as seguintes normas:
a) a incompetência fica caracterizada quando o ato não se incluir nas atribuições legais do agente que o
praticou;
b) o vício de forma consiste na omissão ou na observância incompleta ou irregular de formalidades
indispensáveis à existência ou seriedade do ato;
c) a ilegalidade do objeto ocorre quando o resultado do ato importa em violação de lei, regulamento ou outro
ato normativo;
d) a inexistência dos motivos se verifica quando a matéria de fato ou de direito, em que se fundamenta o ato,
é materialmente inexistente ou juridicamente inadequada ao resultado obtido;
e) o desvio de finalidade se verifica quando o agente pratica o ato visando a fim diverso daquele previsto,
explícita ou implicitamente, na regra de competência.
Art. 3º Os atos lesivos ao patrimônio das pessoas de direito público ou privado, ou das entidades mencionadas
no art. 1º, cujos vícios não se compreendam nas especificações do artigo anterior, serão anuláveis, segundo as
prescrições legais, enquanto compatíveis com a natureza deles.

Lei 9.784/99 – regula processo administrativo federal

Art. 11. A competência é irrenunciável e se exerce pelos órgãos administrativos a que foi atribuída como
própria, salvo os casos de delegação e avocação legalmente admitidos.
Art. 12. Um órgão administrativo e seu titular poderão, se não houver impedimento legal, delegar parte da sua
competência a outros órgãos ou titulares, ainda que estes não lhe sejam hierarquicamente subordinados,
quando for conveniente, em razão de circunstâncias de índole técnica, social, econômica, jurídica ou territorial.
Parágrafo único. O disposto no caput deste artigo aplica-se à delegação de competência dos órgãos colegiados
aos respectivos presidentes.
Art. 13. Não podem ser objeto de delegação:
I - a edição de atos de caráter normativo;
II - a decisão de recursos administrativos;

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III - as matérias de competência exclusiva do órgão ou autoridade.


Art. 14. O ato de delegação e sua revogação deverão ser publicados no meio oficial.
§ 1o O ato de delegação especificará as matérias e poderes transferidos, os limites da atuação do delegado, a
duração e os objetivos da delegação e o recurso cabível, podendo conter ressalva de exercício da atribuição
delegada.
§ 2o O ato de delegação é revogável a qualquer tempo pela autoridade delegante.
§ 3o As decisões adotadas por delegação devem mencionar explicitamente esta qualidade e considerar-se-ão
editadas pelo delegado.
Art. 15. Será permitida, em caráter excepcional e por motivos relevantes devidamente justificados, a avocação
temporária de competência atribuída a órgão hierarquicamente inferior.
(...)
Art. 50. Os atos administrativos deverão ser motivados, com indicação dos fatos e dos fundamentos jurídicos,
quando:
I - neguem, limitem ou afetem direitos ou interesses;
II - imponham ou agravem deveres, encargos ou sanções;
III - decidam processos administrativos de concurso ou seleção pública;
IV - dispensem ou declarem a inexigibilidade de processo licitatório;
V - decidam recursos administrativos;
VI - decorram de reexame de ofício;
VII - deixem de aplicar jurisprudência firmada sobre a questão ou discrepem de pareceres, laudos, propostas e
relatórios oficiais;
VIII - importem anulação, revogação, suspensão ou convalidação de ato administrativo.
§ 1o A motivação deve ser explícita, clara e congruente, podendo consistir em declaração de concordância com
fundamentos de anteriores pareceres, informações, decisões ou propostas, que, neste caso, serão parte
integrante do ato.
§ 2o Na solução de vários assuntos da mesma natureza, pode ser utilizado meio mecânico que reproduza os
fundamentos das decisões, desde que não prejudique direito ou garantia dos interessados.

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RESUMÃO DA AULA
ATOS ADMINISTRATIVOS: praticados por todos os Poderes, quando exercem função administrativa.

Ø! Principais aspectos do conceito de ato administrativo:

§! Produzido no exercício da função administrativa;


§! Declaração de vontade unilateral;
§! Realizado por agente público, inclusive particulares em colaboração;
§! Regido pelo Direito Público;
§! Produz efeitos jurídicos imediatos;
§! Sujeito ao controle judicial.

ATOS DA ADMINISTRAÇÃO ≠ ATOS ADMINISTRATIVOS


Ø! Atos da Administração são todos aqueles praticados pela Administração Pública.
Ø! Exemplos de atos da administração: atos de direito privado (ex: locação e abertura de conta corrente); atos materiais da
Administração (ex: demolição de prédio; limpeza de ruas); contratos administrativos e convênios.
FATOS ADMINISTRATIVOS ≠ ATOS ADMINISTRATIVOS
Ø! Fatos administrativos são produzidos independentemente de manifestação de vontade.
Ø! Inclui o silêncio administrativo e os atos materiais da Administração.
Ø! Fatos administrativos produzem efeitos jurídicos para a Administração (ex: morte de servidor)
Ø! Fatos da Administração não produzem efeitos jurídicos (ex: servidor que se machuca sem gravidade)

ELEMENTOS (Com Fi For M Ob) e ATRIBUTOS (PATI) do ato administrativo

ELEMENTOS: partes do ato ATRIBUTOS: características do ato


§! COMpetência: poder atribuído §! Presunção de legitimidade: conformidade do ato com a
§! FInalidade: interesse público (resultado ordem jurídica e veracidade dos fatos (sempre existe).
mediato) §! Autoexecutoriedade: permite que a Administração atue
§! FORma: como o ato vem ao mundo independente de autorização judicial
§! Motivo: pressupostos de fato e de direito §! Tipicidade: vem sempre definido em lei.
§! OBjeto: conteúdo (resultado imediato) §! Imperatividade: faz com que o destinatário deva
obediência ao ato, independente de concordância.

Ø!ATRIBUTOS:
§!Presunção de legitimidade: presume-se que o ato foi praticado conforme a lei.
§!Presunção de veracidade: presume-se que os fatos alegados pela Adm são verdadeiros.
§!Permite que os atos produzam efeitos de imediato, ainda que apresentem vícios aparentes.
Presunção
de §!O administrado terá que se submeter ao ato, até que ele seja invalidado.
legitimidade §!Presunção relativa (admite prova em contrário).
§!Inverte o ônus da prova (o administrado é que deve provar o erro da Administração)
§!Presente em todos os atos administrativos.

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§!Imposição de restrições e obrigações ao administrado sem necessidade de sua


concordância.
§!Decorre do poder extroverso (poder de impor obrigações a terceiros, de modo unilateral)
Imperatividade
§!Está presente apenas nos atos que impõem obrigações ou restrições.
§!Não está presente nos atos enunciativos (ex: certidão, parecer) e nos atos que conferem
direitos (ex: licença ou autorização de bem público).

§!Certos atos administrativos podem ser executados pela própria Administração, sem
necessidade de intervenção judicial.
§!Desdobra-se em:
ü! Exigibilidade: coerção indireta (ex: aplicação de multas);
ü! Executoriedade: coerção direta (ex: demolição de obra irregular)
Autoexecutoriedade
§!Está presente apenas quando:
ü! expressamente prevista em lei (ex: poder de polícia; penalidades disciplinares).
ü! tratar-se de medida urgente.
§!Não está presente quando envolve o patrimônio do particular (ex: cobrança de multa
não paga; desconto de indenização ao erário nos vencimentos do servidor).

§!Cada espécie de ato administrativo requer a devida previsão legal.


Tipicidade
§!Impede a prática de atos inominados (atos sem previsão legal).

Ø!ELEMENTOS:

§!Conjunto de atribuições de um agente órgão ou entidade pública.


§!Decorre sempre de norma expressa (CF e lei = fontes primárias; infralegais = secundárias)
§!Critérios de distribuição: matéria, hierarquia, lugar, tempo e fracionamento.
§!É irrenunciável, imodificável, improrrogável e intransferível.
§!Delegação: transfere o exercício da competência a agente subordinado ou não.
ü! Delegar é regra, somente obstada se houver impedimento legal.
ü! Não é possível: atos normativos, recursos administrativos e competência exclusiva.
Competência §!Avocação: atrai o exercício de competência pertencente a agente subordinado (apenas).
ü! Medida excepcional.
ü! Não é possível: atos de competência exclusiva
§!Vícios de competência:
ü! Incompetência: excesso de poder (em regra, pode ser convalidado, exceto
competência em razão da matéria e competência exclusiva); usurpação de função
(ato inexistente); função de fato (ato é considerado válido e eficaz)
ü! Incapacidade: impedimento (situações objetivas) e suspeição (situações subjetivas)

§!Resultado pretendido pela Administração com a prática do ato administrativo.


§!Finalidade genérica (satisfação do interesse público) e específica (própria de cada ato =
Finalidade objeto)
§!Decorre do princípio da impessoalidade.
§!Vício de finalidade: desvio de finalidade (insanável, ato deve ser anulado).

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§!Modo de exteriorização do ato e procedimentos para sua formação e validade.


§!A regra é a forma escrita, mas atos podem ser produzidos na forma de ordens verbais, gestos,
apitos, sinais sonoros e luminosos (semáforos de trânsito), placas.
§!Os atos não dependem de forma determinada exceto quando a lei expressamente a exigir
Forma
(formalismo moderado)
§!Vício de forma: não observância de formalidades essenciais à existência do ato (insanável, ato
deve ser anulado); quando a forma não é essencial, o vício pode ser convalidado.
§!A falta de motivação, quando obrigatória, é vício de forma, acarretando a nulidade do ato.

§!Fundamentos de fato e de direito que justificam a prática do ato.


§!Motivo ≠ motivação.
§!Motivação é a exposição dos motivos. Deve ser prévia ou concomitante.
§!Em rega, a Administração tem o dever motivar seus atos, discricionários ou vinculados.
§!A motivação é obrigatória se houver normal legal expressa nesse sentido (ex: atos que
neguem, limitem ou afetem direitos, que imponham deveres, que decidam recursos etc.)
Motivo
§!Ex. de ato que não precisa de motivação: nomeação e exoneração para cargo em comissão.
§!Motivo (realidade objetiva, o que aconteceu) ≠ Móvel (realidade subjetiva, intenção do agente)
§!Teoria dos motivos determinantes: o ato administrativo somente é válido se sua motivação for
verdadeira, ainda que feita sem ser obrigatória.
§!Vícios de motivo: quando o motivo for falso, inexistente, ilegítimo ou juridicamente falho
(insanável, ato deve ser anulado).

§!Efeitos jurídicos imediatos do ato administrativo.


§!Identifica-se com o conteúdo do ato (demissão, autorização para edificar, desapropriação etc).
§!Deve ser lícito, possível, certo e moral.
Objeto §!Objeto acidental: encargo/modo (ônus imposto ao destinatário do ato), termo (início e fim da
eficácia do ato) e condição (suspensiva e resolutiva).
§!Vícios de objeto: quando é proibido, impossível, imoral e incerto (insanável, ato deve ser
anulado).

VINCULAÇÃO e DISCRICIONARIEDADE:

ü Ato vinculado: todos os elementos são vinculados.


ü Ato discricionário:
§ Motivo e objeto: discricionários (mérito administrativo)
§ Competência, finalidade e forma: vinculados.
§ Não existe ato totalmente discricionário!

Ø! Poder Judiciário não aprecia o mérito administrativo: caso a Administração ultrapasse os limites da discricionariedade, o
Judiciário poderá anular o ato (jamais convalidar), sem que isso caracterize controle de mérito; uma vez rompidos os limites
da lei, o controle passa a ser de legalidade.

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LISTA DE QUESTÕES
1. (Cespe – INSS 2016)
A autoexecutoriedade é atributo restrito aos atos administrativos praticados no exercício do
poder de polícia.
2. (Cespe – TCU 2015)
A exoneração dos ocupantes de cargos em comissão deve ser motivada, respeitando-se o
contraditório e a ampla defesa.
3. (Cespe – TCU 2015)
Conforme a teoria dos motivos determinantes, a validade do ato administrativo vincula-se aos
motivos que o determinaram, sendo, portanto, nulo o ato administrativo cujo motivo estiver
dissociado da situação de direito ou de fato que determinou ou autorizou a sua realização.
4. (Cespe – TCU 2015)
Ao delegar a prática de determinado ato administrativo, a autoridade delegante transfere a
titularidade para sua prática.
5. (Cespe – TCU 2015)
É proibido delegar a edição de atos de caráter normativo.
6. (Cespe – MIN 2013)
O conceito de ato administrativo não se confunde com o conceito legal de ato jurídico.
7. (Cespe – MIN 2013)
A construção de uma ponte pela administração pública caracteriza um fato administrativo, pois
constitui uma atividade pública material em cumprimento de alguma decisão administrativa.
8. (Cespe – MIN 2013)
Todos os atos da administração pública que produzem efeitos jurídicos são considerados atos
administrativos, ainda que sejam regidos pelo direito privado.
9. (Cespe – Ibama 2013)
Ato administrativo corresponde, conceitualmente, a manifestação unilateral de vontade do
Poder Executivo, com efeito jurídico imediato, exarada sob o regime jurídico de direito público.
10. (Cespe – Bacen 2013)
Para concretizar a desapropriação de um imóvel, a administração toma providência para tomar
a posse desse imóvel, situação que constitui exemplo de fato administrativo.
11. (Cespe – Suframa 2014)
Caso a administração seja suscitada a se manifestar acerca da construção de um condomínio
em área supostamente irregular, mas se tenha mantida inerte, essa ausência de manifestação

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da administração será considerada ato administrativo e produzirá efeitos jurídicos,


independentemente de lei ou decisão judicial.
12. (Cespe – Suframa 2014)
Caso a SUFRAMA pretenda alugar uma nova sala para nela realizar curso de formação de novos
servidores, o contrato de locação, nessa hipótese, em razão do interesse público, apesar de ser
regido pelo direito privado, será considerado tecnicamente como ato administrativo.
13. (Cespe – Cade 2014)
Embora a função administrativa seja atípica para os Poderes Judiciário e Legislativo, no
exercício da função administrativa, esses poderes praticam atos administrativos.
14. (Cespe – CNJ 2013)
Se do atributo da executoriedade do ato administrativo resultar dano ao particular em razão
de ilegitimidade ou abuso, o Estado estará obrigado a indenizar o lesado, uma vez configurados
a conduta danosa, o dano e o nexo causal.
15. (Cespe – TRT10 2013)
Segundo a doutrina, os atos administrativos gozam dos atributos da presunção de legitimidade,
da imperatividade, da exigibilidade e da autoexecutoriedade.
16. (Cespe – PRF 2012)
É o atributo da autoexecutoriedade o que permite à administração pública aplicar multas de
trânsito ao condutor de um veículo particular.
17. (Cespe – MIN 2013)
O atributo da imperatividade não está presente em todos os atos administrativos.
18. (Cespe – Bacen 2013)
A autoexecutoriedade é um atributo presente em todos os atos administrativos.
19. (Cespe – CADE 2014)
A autoexecutoriedade, um dos atributos do ato administrativo, dispensa a necessidade de a
administração obter autorização judicial prévia para a prática do ato.
20. (Cespe – Polícia Federal 2014)
Há presunção de legitimidade e veracidade nos atos praticados pela administração durante
processo de licitação.
21. (Cespe – Polícia Federal 2014)
Em decorrência do princípio de legalidade aplicado à administração pública, os atos
administrativos possuem presunção de legitimidade.
22. (Cespe – TJDFT 2013)
Considere a seguinte situação hipotética.

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Um oficial de justiça requereu concessão de férias para o mês de julho e o chefe da repartição
indeferiu o pleito sob a alegação de falta de pessoal. Na semana seguinte, outro servidor da
mesma repartição requereu o gozo de férias também para o mês de julho, pleito deferido pelo
mesmo chefe. Nessa situação hipotética, o ato que deferiu as férias ao servidor está viciado,
aplicando-se ao caso a teoria dos motivos determinantes.
23. (Cespe – Suframa 2014)
Considere a seguinte situação hipotética.
Determinado servidor público teve seu pedido de férias negado pela chefia competente e, em
que pese a possibilidade de indeferir a solicitação sem fundamentar sua decisão de forma
expressa, a autoridade competente o fez, sob o fundamento de falta de pessoal na repartição.
Nessa situação hipotética, caso o servidor consiga provar que, em verdade, havia excesso de
servidores onde trabalha, o referido ato será inválido.
24. (Cespe – MDIC 2014)
Se determinado servidor público for removido, de ofício, por interesse da administração
pública, sob a justificativa de falta de servidores em outra localidade, e se esse servidor
constatar o excesso de pessoal na sua nova unidade de exercício e não a falta, o
correspondente ato de remoção, embora seja discricionário, poderá ser invalidado.
25. (Cespe – AFRE/ES 2013)
No que se refere a atos administrativos, assinale a opção correta.
a) A ausência de manifestação da administração em situações em que deve pronunciar-se,
conhecida como silêncio administrativo, é considerada ato administrativo,
independentemente de lei, pois afeta direta ou indiretamente os administrados.
b) Os atos administrativos discricionários não exigem motivação e a motivação, se houver, em
nada afeta a validade do ato administrativo, ante a impossibilidade de vinculação dos motivos.
c) O atributo da imperatividade dos atos administrativos diz respeito à possibilidade de o ato
ser imediatamente executado, independentemente de solicitação prévia ou posterior do Poder
Judiciário.
d) Um fato administrativo não se preordena à produção de efeitos jurídicos, traduzindo-se em
uma atividade material no exercício da função administrativa.
e) A locação de um prédio pela administração traduz um ato da administração que, embora
regido pelo direito público, põe o particular em posição igualitária com o poder público.
26. (ESAF – CVM 2010)
Assinale a assertiva que não pode ser caracterizada como ato administrativo.
a) Semáforo na cor vermelha.
b) Queda de uma ponte.
c) Emissão de Guia de Recolhimento da União eletrônica.
d) Protocolo de documento recebido em órgão público.

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e) Instrução Normativa da Secretaria de Patrimônio da União.


27. (ESAF – AFRFB 2009)
Quanto à competência para a prática dos atos administrativos, assinale a assertiva incorreta.
a) Não se presume a competência administrativa para a prática de qualquer ato, necessária
previsão normativa expressa.
b) A definição da competência decorre de critérios em razão da matéria, da hierarquia e do
lugar, entre outros.
c) A competência é, em regra, inderrogável e improrrogável.
d) Admite-se, excepcionalmente, a avocação e a delegação de competência administrativa pela
autoridade superior competente, nos limites definidos em lei.
e) Com o ato de delegação, a competência para a prática do ato administrativo deixa de
==f260a==

pertencer à autoridade delegante em favor da autoridade delegada.


28. (ESAF – MIN 2012)
Nos termos da legislação federal vigente, não há exigência expressa de motivação dos atos
administrativos que
a) dispensem licitação.
b) suspendam outros atos administrativos.
c) decorram de reexame de ofício.
d) exonerem servidor ocupante de cargo em comissão.
e) revoguem outros atos administrativos.

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GABARITO
1. E
2. E
3. C
4. E
5. C
6. E
7. C
8. E
9. E
10. C
11. E
12. E
13. C
14. C
15. C
16. E
17. C
18. E
19. C
20. C
21. C
22. C
23. C
24. C
25. d
26. b
27. e
28. d

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REFERÊNCIAS
Alexandrino, M. Paulo, V. Direito Administrativo Descomplicado. 22ª ed. São Paulo: Método, 2014.
Bandeira de Mello, C. A. Curso de Direito Administrativo. 32ª ed. São Paulo: Malheiros, 2015.
Borges, C.; Sá, A. Direito Administrativo Facilitado. São Paulo: Método, 2015.
Carvalho Filho, J. S. Manual de Direito Administrativo. 27ª ed. São Paulo: Atlas, 2014.
Di Pietro, M. S. Z. Direito Administrativo. 28ª ed. São Paulo: Editora Atlas, 2014.
Furtado, L. R. Curso de Direito Administrativo. 4ª ed. Belo Horizonte: Fórum, 2013.
Knoplock, G. M. Manual de Direito Administrativo: teoria e questões. 7ª ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2013.
Justen Filho, Marçal. Curso de direito administrativo. 10ª ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2014.
Meirelles, H. L. Direito administrativo brasileiro. 41ª ed. São Paulo: Malheiros, 2015.
Scatolino, G. Trindade, J. Manual de Direito Administrativo. 2ª ed. JusPODIVM, 2014.

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