Você está na página 1de 39

Livro Eletrônico

Aula 10

Direito Administrativo p/ MPU (Técnico - Administração) Com


Videoaulas - Pós-Edital
Erick Alves, Time Erick Alves
Erick Alves, Time Erick Alves
Aula 10

Serviços públicos ............................................................................................................ 3!


Competência ............................................................................................................... 10!
Classificações ............................................................................................................... 13!
Originário e derivado ...................................................................................................................14!
Exclusivo e não exclusivo .............................................................................................................14!
Próprio e impróprio .....................................................................................................................15!
Administrativo, comercial e social ...............................................................................................15!
Geral e individual .........................................................................................................................16!
Obrigatório e facultativo .............................................................................................................17!
Formas de prestação .................................................................................................... 19!
Regulamentação e controle .......................................................................................... 20!
Questões de prova ....................................................................................................... 23!
Jurisprudência ............................................................................................................. 30!
RESUMÃO DA AULA ..................................................................................................... 32!
Lista de questões ......................................................................................................... 35!
Gabarito ...................................................................................................................... 37!
Referências .................................................................................................................. 38!

Inserir
Direito aqui o nomep/do
Administrativo Curso
MPU (Técnico - Administração) Com Videoaulas - Pós-Edital 1
www.estrategiaconcursos.com.br
www.estrategiaconcursos.com.br 38
Erick
Prof. Alves,
Erick AlvesTime Erick Alves
Aula
Aula 08 10

OBSERVAÇÃO IMPORTANTE

Este curso é protegido por direitos autorais (copyright), nos termos da Lei 9.610/98, que
altera, atualiza e consolida a legislação sobre direitos autorais e dá outras providências.
Grupos de rateio e pirataria são clandestinos, violam a lei e prejudicam os professores
que elaboram os cursos.
Valorize o trabalho de nossa equipe adquirindo os cursos honestamente através do site
Estratégia Concursos ;-)

Inserir
Direito aqui o nomep/do
Administrativo Curso
MPU (Técnico - Administração) Com Videoaulas - Pós-Edital 2
www.estrategiaconcursos.com.br
www.estrategiaconcursos.com.br 38
Erick
Prof. Alves,
Erick AlvesTime Erick Alves
Aula
Aula 08 10

Olá pessoal!
A aula de hoje é sobre “serviços públicos”. Estudaremos os aspectos doutrinários
relacionados ao tema e as formas de delegação aos particulares.
As leis necessárias para o acompanhamento da aula, além da Constituição Federal, são as
seguintes:
Ü Lei 8.987/1995: dispõe sobre o regime de concessão e permissão da prestação de
serviços públicos previsto no art. 175 da Constituição Federal, e dá outras providências.
Ü Lei 9.074/1995: estabelece normas para outorga e prorrogações das concessões e
permissões de serviços públicos e dá outras providências.
Ü Lei 11.079/2004: institui normas gerais para licitação e contratação de parceria
público-privada no âmbito da administração pública.

Preparados? Aos estudos!

SERVIÇOS PÚBLICOS
A Constituição Federal não apresenta, de forma expressa, um conceito de serviço público.
Porém, no plano infraconstitucional, podemos encontrar um conceito de serviço público na Lei
13.460/2017, que dispõe sobre participação, proteção e defesa dos direitos do usuário dos serviços
públicos da administração pública, e no Decreto 6.017/2007, que regulamenta os consórcios
públicos:
> Lei 13.460/2017 (art. 2º, II):
Serviço público: atividade administrativa ou de prestação direta ou indireta de bens ou
serviços à população, exercida por órgão ou entidade da administração pública;
> Decreto 6.017/2007 (art. 2º, XIV):
Serviço público: atividade ou comodidade material fruível diretamente pelo usuário, que
possa ser remunerado por meio de taxa ou preço público, inclusive tarifa;
Não obstante as definições apresentadas por nossa legislação, a doutrina enfatiza ser muito
difícil apresentar um conceito único de serviço público que o diferencie categoricamente da
atividade privada. Isso porque a atividade em si não permite concluirmos se um serviço é ou não
público. Além disso, o conceito não é nada estático. Afinal, é o Estado quem escolhe, por meio da
Constituição ou de lei, quais as atividades que, em determinado momento, são consideradas de
interesse geral e as rotula como serviços públicos, dando-lhes um tratamento diferenciado. Em um
dado momento, o Estado pode entender que determinada atividade, por sua importância para a
coletividade, não deve ficar na dependência da iniciativa privada e, mediante lei, a transforma em
um serviço público; em outro momento, determinada atividade hoje considerada pela lei como
serviço público pode passar a ser exercida como atividade econômica, aberta à livre iniciativa. Enfim,
é uma questão de escolha política.

Inserir
Direito aqui o nomep/do
Administrativo Curso
MPU (Técnico - Administração) Com Videoaulas - Pós-Edital 3
www.estrategiaconcursos.com.br
www.estrategiaconcursos.com.br 38
Erick
Prof. Alves,
Erick AlvesTime Erick Alves
Aula
Aula 08 10

Para ter uma noção da dificuldade de estabelecer um conceito taxativo para serviço público,
basta ver que existem atividades absolutamente essenciais à sociedade, como a educação e a saúde,
que podem ser exploradas por particulares a partir de livre iniciativa, independentemente de
delegação do Estado e sob regime de direito privado, ou seja, sem a “roupagem” de serviço público;
por outro lado, outras atividades, um tanto quanto dispensáveis, a exemplo das loterias1, são
prestadas pelo Estado como serviço público.
A despeito da dificuldade relatada, a doutrina costuma propor seu conceito para serviço
público. Vejamos o que dizem os principais autores:
Ø! Hely Lopes Meirelles
“Serviço público é todo aquele prestado pela Administração ou por seus delegados, sob normas e controles estatais, para
satisfazer necessidades essenciais ou secundárias da coletividade, ou simples conveniência do Estado”.

Ø! Maria Sylvia Di Pietro


“Serviço público é toda atividade material que a lei atribui ao Estado para que a exerça diretamente ou por meio de seus
delegados, com o objetivo de satisfazer concretamente às necessidades coletivas, sob regime jurídico total ou parcialmente
de direito público”.

Ø! Celso Antônio Bandeira de Mello


Serviço público é toda atividade de oferecimento de utilidade ou comodidade material fruível diretamente pelos
administrados, prestado pelo Estado ou por quem lhe faça as vezes, sob um regime de Direito Público portanto,
consagrador de prerrogativas de supremacia e de restrições especiais instituído pelo Estado em favor dos interesses que
houver definido como próprios no sistema normativo.

Ø! Carvalho Filho
“Serviço público é toda atividade prestada pelo Estado ou por seus delegados, basicamente sob regime de direito público,
com vistas à satisfação de necessidades essenciais e secundárias da coletividade”.

Como já é de nosso costume, o conceito de serviço público pode ser tomado em sentido
amplo ou em sentido restrito.
Em sentido amplo, serviço público seria toda e qualquer atividade que o Estado exerce para
alcançar seus objetivos, abrangendo, portanto, as funções legislativa, jurisdicional e administrativa.
Como se vê, nenhum dos autores acima adota esse conceito.
Também é considerado amplo o conceito de serviço público que, excluindo as funções
legislativa e jurisdicional, abrange apenas as atividades exercidas pela Administração, mas inclui
todas as atividades administrativas, inclusive o poder de polícia, a intervenção na atividade
econômica e o fomento (ex: conceito de Hely Lopes Meirelles).
Em sentido restrito, serviço público seria apenas as atividades exercidas pela Administração
ou por particulares a fim de satisfazer concreta e materialmente as necessidades da coletividade.
Ou seja, no sentido estrito, procura-se distinguir o serviço público das outras três atividades da
Administração Pública (polícia administrativa, intervenção e fomento). Abrange, assim, todas as
prestações de utilidades ou comodidades materiais efetuadas diretamente à população, como

1
Nos termos da Lei 12.869/2013, os servi•os de loterias federais s‹o explorados pelos particulares
mediante permiss‹o do Poder Pœblico (permiss‹o lotŽrica), outorgada pela Caixa Econ™mica Federal,
atravŽs de licita•‹o.

Inserir
Direito aqui o nomep/do
Administrativo Curso
MPU (Técnico - Administração) Com Videoaulas - Pós-Edital 4
www.estrategiaconcursos.com.br
www.estrategiaconcursos.com.br 38
Erick
Prof. Alves,
Erick AlvesTime Erick Alves
Aula
Aula 08 10

coletiva de lixo, transporte coletivo, energia elétrica (ex: conceito de Celso Antônio Bandeira de
Mello), podendo também abranger as atividades internas ou atividades-meio da Administração,
voltadas apenas indiretamente aos interesses ou necessidades dos administrados (ex: conceito de
Maria Sylvia Di Pietro).
****
Observando com atenção os conceitos apresentados pelos ilustres autores, podemos
destacar três elementos que neles aparecem, os quais nos ajudam a ter uma noção do que vem a
ser “serviço público”:

Sujeito
Interesse estatal
coletivo

Regime
de direito
público

Serviço público

Vamos falar um pouco sobre esses três elementos característicos do serviço público: (i)
subjetivo (sujeito estatal); (ii) objetivo (atividades de interesse público); e (iii) formal (regime de
direito público).
Elemento subjetivo (sujeito estatal)
O titular dos serviços públicos é o Estado, que os presta diretamente ou indiretamente, neste
último caso, mediante delegação a particulares, sob regime de concessão ou permissão, nos termos
do art. 175 da CF2 e, em alguns casos, sob autorização.
No que tange à prestação de serviços públicos de forma direta, há de se considerar os serviços
prestados tanto pela Administração direta como pela indireta.
Os serviços prestados pela Administração direta constituem, sem dúvida alguma, uma forma
de prestação direta de serviços pelo Poder Público (afinal, os serviços são prestados pelos próprios
órgãos despersonalizados do Estado). Um pouco mais complicado é fazer a mesma inferência em

2
CF, art. 175: Òincumbe ao Poder Pœblico, na forma da lei, diretamente ou sob regime de concess‹o
ou permiss‹o, sempre atravŽs de licita•‹o, a presta•‹o de servi•os pœblicosÓ.

Inserir
Direito aqui o nomep/do
Administrativo Curso
MPU (Técnico - Administração) Com Videoaulas - Pós-Edital 5
www.estrategiaconcursos.com.br
www.estrategiaconcursos.com.br 38
Erick
Prof. Alves,
Erick AlvesTime Erick Alves
Aula
Aula 08 10

relação aos serviços prestados pelas entidades da Administração indireta, que também constituem
uma forma de prestação direta. Com efeito, as entidades da administração indireta não prestam
serviços públicos indiretamente, mediante delegação do ente que as criou3, e sim mediante outorga
(descentralização por serviços ou funcional), feita por meio de lei. Como a outorga se dá por lei (e
não através de um contrato de permissão ou concessão), o ente federado transfere a própria
titularidade do serviço para a entidade da sua Administração indireta. Assim, a prestação do serviço
continua sendo direta, porém, com a participação da Administração indireta.
Quanto à prestação de serviços de forma indireta, a delegação aos particulares (em regra,
feita mediante concessão ou permissão, podendo, em alguns casos, ocorrer por autorização) não
descaracteriza o serviço como público, vez que o Estado continua com a titularidade do serviço
(delega apenas a execução), contando ainda com o poder jurídico de regulamentar, alterar e
controlar o serviço. Trata-se de descentralização administrativa por colaboração ou delegação,
feita, em regra, mediante contrato (podendo ser por ato administrativo no caso de autorização).
Os serviços públicos passíveis de exploração mediante delegação são aqueles enquadrados
como atividade econômica, isto é, serviços que podem ser explorados com intuito de lucro, sem
perder a natureza de serviço público (por isso é que podem ser delegados a particulares). São
exemplos os serviços de telecomunicações (CF, art. 21, XI), de rádio e televisão, de energia elétrica,
de navegação aérea, de transporte ferroviário e aquaviário, de transporte rodoviário interestadual
e internacional de passageiros, de portos (CF, art. 21, XII), de gás canalizado (CF, art. 25, §2º) e de
transporte local (CF, art. 30, V).
Ressalte-se que tais serviços, embora possuam características de atividade econômica, são
serviços públicos da titularidade do Estado e só podem ser prestados por particulares mediante
delegação, conforme dispõe a própria Constituição.
Por outro lado, existem atividades que devem ser prestadas pelo Estado como serviços
públicos, mas que, ao mesmo tempo, são abertas à livre iniciativa, ou seja, os particulares podem
exercê-las livremente sem que tenham recebido delegação do Poder Público, fugindo, portanto, do
regramento imposto pelo art. 175 da CF. Trata-se, especialmente, das atividades relacionadas no
Título VIII da Constituição Federal, relativas à “ordem social”, sendo as mais importantes as
atividades de educação4 e saúde5.
Embora seja obrigação do Estado assegurar educação e saúde à população, a titularidade
desses serviços não é exclusiva do Estado. Quando essas atividades são desempenhadas por
particulares (ex: universidades e clínicas de saúde particulares), o são sob o regime de direito
privado, isto é, não se trata de serviços públicos, e sim de serviços privados, geridos por conta e
risco dos particulares (com intuito de lucro ou não), sem estarem submetidos ao regime de
delegação, mas, tão somente, aos controles inerentes ao poder de polícia administrativa. Por outro

3
Nos termos do art. 175 da CF, a delega•‹o a particulares Ž que caracteriza a presta•‹o indireta de
servi•os pœblicos.
4
CF, art. 209: ÒO ensino Ž livre ˆ iniciativa privada, atendidas as seguintes condi•›es (...)Ó
5
CF, art. 199: ÒA assist•ncia ˆ saœde Ž livre ˆ iniciativa privada.Ó

Inserir
Direito aqui o nomep/do
Administrativo Curso
MPU (Técnico - Administração) Com Videoaulas - Pós-Edital 6
www.estrategiaconcursos.com.br
www.estrategiaconcursos.com.br 38
Erick
Prof. Alves,
Erick AlvesTime Erick Alves
Aula
Aula 08 10

lado, essas mesmas atividades, quando desempenhadas pelo Estado, o são como serviço público,
sujeitas, portanto, a regime jurídico de direito público.
O esquema a seguir busca resumir esse cenário:

Administração direta
Direta

Poder Público Administração Indireta


CF, art. 175
Concessão, permissão,
Prestação de Indireta
autorização
serviços públicos

Serviços privados Por sua conta e risco


Particulares (sem delegação; sujeito
(ordem social) ao poder de polícia)

(Questão de prova) Entre os serviços públicos de prestação obrigatória e exclusiva do


Estado, que não podem ser prestados por concessão, permissão ou autorização, inclui-se a
navegação aérea e a infraestrutura aeroportuária, os serviços de transporte ferroviário e
aquaviário entre portos brasileiros e fronteiras nacionais.
Comentário:
Os serviços citados no enunciado estão enumerados no art. 21 da CF como de competência
da União, podendo ser explorados diretamente ou indiretamente, mediante autorização,
concessão ou permissão:
Art. 21. Compete à União:
XI - explorar, diretamente ou mediante autorização, concessão ou permissão, os serviços de
telecomunicações, nos termos da lei, que disporá sobre a organização dos serviços, a criação de um órgão
regulador e outros aspectos institucionais;
XII - explorar, diretamente ou mediante autorização, concessão ou permissão:
a) os serviços de radiodifusão sonora, e de sons e imagens;
b) os serviços e instalações de energia elétrica e o aproveitamento energético dos cursos de água, em
articulação com os Estados onde se situam os potenciais hidroenergéticos;
c) a navegação aérea, aeroespacial e a infra-estrutura aeroportuária;

Inserir
Direito aqui o nomep/do
Administrativo Curso
MPU (Técnico - Administração) Com Videoaulas - Pós-Edital 7
www.estrategiaconcursos.com.br
www.estrategiaconcursos.com.br 38
Erick
Prof. Alves,
Erick AlvesTime Erick Alves
Aula
Aula 08 10

d) os serviços de transporte ferroviário e aquaviário entre portos brasileiros e fronteiras nacionais, ou que
transponham os limites de Estado ou Território;
e) os serviços de transporte rodoviário interestadual e internacional de passageiros;
f) os portos marítimos, fluviais e lacustres;

Gabarito: Errado

Elemento objetivo ou material (atividades de interesse coletivo)

O serviço público, como regra, corresponde a uma atividade de interesse público,


desempenhada para atender às necessidades coletivas.
Entretanto, não se pode esquecer que existem atividades não essenciais, como as loterias,
que são prestadas pelo Estado como serviço público, porque assim dispõe a lei.

A corrente doutrinária denominada essencialista adota o critério material para definir serviço
público. De acordo com tal critério, pouco importa se o serviço está previsto ou não em norma,
prevalecendo o conteúdo, isto é, será serviço público toda atividade que tenha por objetivo a
satisfação de necessidades coletivas essenciais e não secundárias.
A crítica que se faz à corrente essencialista é que ela adota um conceito muito restrito de serviço
público, deixando de lado, por exemplo, os trabalhos internos realizados pelos servidores e os
serviços não essenciais, como as loterias. Ora, em nosso ordenamento jurídico, mesmo os serviços
não essenciais (os ditos secundários) e os serviços administrativos (os internos à Administração)
podem ser classificados como serviços públicos. É tudo uma questão de escolha política,
materializada na elaboração das leis.

Elemento formal (regime de direito público)

Diz respeito à forma de prestação do serviço. Como o serviço público é instituído pelo Estado
e almeja o interesse coletivo, nada mais natural que ele se submeta a regime de direito público.
Não obstante, quando particulares prestam serviço público por delegação, o fazem segundo
as regras de direito privado, embora não integralmente (é um regime híbrido, em que há a
incidência do direito público junto com o privado).
Nesse ponto, deve-se atentar para a existência de atividades de interesse público que não são
propriamente serviços públicos, pois são abertas à livre iniciativa dos particulares (como saúde e
educação). Tais atividades, quando desempenhadas por particulares, não são regidas por normas
de direito público, nem mesmo em caráter híbrido, vale dizer, são desempenhadas sob regime
exclusivamente privado, embora sejam serviços de utilidade pública. São serviços autorizados pelo
Estado, cabendo a este exercer o poder de polícia sobre tais atividades. Por outro lado, essas

Inserir
Direito aqui o nomep/do
Administrativo Curso
MPU (Técnico - Administração) Com Videoaulas - Pós-Edital 8
www.estrategiaconcursos.com.br
www.estrategiaconcursos.com.br 38
Erick
Prof. Alves,
Erick AlvesTime Erick Alves
Aula
Aula 08 10

mesmas atividades, quando desempenhadas pelo Estado, por intermédio de seus órgãos e
entidades, o são sob o regime de direito público.

A corrente doutrinária denominada formalista adota o critério formal para definir serviço público.
De acordo com tal critério, a atividade será serviço público sempre que o ordenamento jurídico
determine que ela seja reconhecida como serviço público e seja prestada sob regime de direito
público, sendo irrelevante verificar se ela é, ou não, imprescindível à satisfação de necessidades
existenciais da coletividade. É o critério adotado pela corrente formalista que prevalece no Brasil.
A crítica que se faz à corrente formalista é que, atualmente, nem todo serviço público é regido
exclusivamente por normas de direito público. Há serviços prestados em caráter essencialmente
privado por meio de concessionárias, como é o caso da energia elétrica e fornecimento de gás
canalizado, havendo apenas derrogações (interferências parciais) pelo direito público (trata-se, na
verdade, de um sistema híbrido).
Cumpre anotar que a corrente formalista, adotada majoritariamente no Brasil, não leva em
conta apenas o critério formal para definir serviço público, mas considera também um elemento
material, relacionado com a natureza da atividade (e não à sua importância ou essencialidade para
a população). Nesse sentido, somente pode ser serviço público uma prestação, um “fazer algo” que
configure uma utilidade ou comodidade material para a sociedade.
Conforme esse entendimento, não são serviços públicos6:
a)! a atividade jurisdicional, a atividade legislativa e a atividade de governo (atividade
política);
b)! o fomento em geral (qualquer prestação cujo objeto seja “dar algo”, em vez de um
“fazer”);
c)! todas as atividades que impliquem imposição de sanções, condicionamentos,
proibições ou quaisquer restrições do tipo “não fazer” (polícia administrativa e
intervenção na propriedade privada, por exemplo);
d)! as obras públicas, porque, nestas, não é o “fazer algo”, em si mesmo considerado, que
representa uma utilidade ou comodidade material oferecida à população; é o
resultado desse “fazer”, qual seja, a obra realizada, que constitui uma utilidade ou
comodidade que pode ser fruída pelo grupo social.

6
Marcelo Alexandrino e Vicente Paulo (2014, p. 717).

Inserir
Direito aqui o nomep/do
Administrativo Curso
MPU (Técnico - Administração) Com Videoaulas - Pós-Edital 9
www.estrategiaconcursos.com.br
www.estrategiaconcursos.com.br 38
Erick
Prof. Alves,
Erick AlvesTime Erick Alves
Aula
Aula 08 10

COMPETÊNCIA
A Constituição Federal prevê uma repartição de competências para a prestação de serviços
públicos entre União, Estados e Municípios.
Essa repartição segue o princípio da predominância do interesse, pelo qual a União tem
competência para prestar e regulamentar assuntos de interesse predominantemente nacional; aos
Estados são reservadas as matérias de interesse predominantemente regional; e aos Municípios
cabe a competência sobre assuntos de interesse predominantemente local; o Distrito Federal, em
razão de seu hibridismo, acumula funções de interesse regional e local.
Além disso, a CF prevê algumas competências que são comuns a todas as esferas, ou seja,
serviços que podem ser prestados por todos os entes, de forma paralela, e sem subordinação entre
eles. Sobre o tema, a CF prevê a edição de leis complementares para fixar normas de cooperação
entre a União e os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, tendo em vista o equilíbrio do
desenvolvimento e do bem-estar em âmbito nacional (art. 23, parágrafo único).
As competências exclusivas da União são enumeradas no art. 21 (rol taxativo). Da mesma
forma, são enumeradas as competências comuns a todos os entes federados no art. 23
(rol taxativo).
Quanto às competências dos Municípios, o art. 30 da CF indica que abrange os serviços de
interesse local, e enumera apenas alguns (rol exemplificativo).
Já a competência dos Estados é residual (competência remanescente), ou seja, abrange tudo
o que não estiver no âmbito da competência da União ou dos Municípios (CF, art. 25, §1º).
Em relação ao Distrito Federal, como regra, cabem-lhe todas as competências dos Estados e
Municípios.
No quadro a seguir, estão destacados os principais serviços inseridos na competência de cada
ente federado, conforme previsto na Constituição.

§! Competência da União (art. 21): defesa nacional, emissão de moeda, serviço


postal, telecomunicações, radiodifusão sonora e de sons e imagens (emissoras de
rádio e de televisão), energia elétrica, navegação aérea e aeroespacial, transporte
ferroviário, aquaviário e rodoviário interestadual e internacional, serviços
nucleares.
§! Competência dos Municípios (art. 30): serviços que sejam de interesse local, ou
seja, aqueles que dizem respeito diretamente à população daquele Município. A
CF enumerou alguns desses serviços, tais como programas de educação infantil e
de ensino fundamental e atendimento à saúde da população (com a cooperação
da União e do Estado), além do transporte coletivo, que tem caráter essencial,
conforme o texto constitucional. Outro exemplo, não listado na CF, é a coleta de
lixo e o serviço funerário (o rol da CF, para os Municípios, é exemplificativo).
§! Competência dos Estados (art. 25): serviços que não sejam de competência da
União ou dos Municípios, por isso chamados de competência remanescente ou

Inserir
Direito aqui o nomep/do
Administrativo Curso
MPU (Técnico - Administração) Com Videoaulas - Pós-Edital 10
www.estrategiaconcursos.com.br
www.estrategiaconcursos.com.br 38
Erick
Prof. Alves,
Erick AlvesTime Erick Alves
Aula
Aula 08 10

residual, conforme dispõe a CF: “são reservadas aos Estados as competências que
não lhe sejam vedadas por esta Constituição”. Por exemplo: a CF estabelece que a
União deve prestar os serviços de transporte interestadual ou internacional, e o
Município o transporte coletivo (intramunicipal). Logo, o transporte
intermunicipal, que sobra (não aprece na CF), compete ao Estado. Além disso,
como exceção às competências de interesse regional, a CF prevê como de
competência dos Estados o serviço de gás canalizado (art. 25, §2º), que é de
interesse local.
§! Competência do Distrito Federal: em regra, compete ao DF a prestação de serviços
de competência dos Estados e dos Municípios, em razão da competência
cumulativa ou múltipla. No entanto, nem todos os serviços de competência
estadual são mantidos e organizados pelo DF. Alguns serviços do DF são mantidos
pela União, por exemplo: Poder Judiciário, Ministério Público (CF, art. 21, XIII),
polícia civil, polícia militar e bombeiros (CF, art. 21, XIV). Além disso, o art. 21, XIV
estabelece que cabe à União “prestar assistência financeira ao Distrito Federal
para a execução de serviços públicos, por meio de fundo próprio”.
§! Competência comum da União, Estados, Distrito Federal e Municípios (art. 23):
os serviços públicos são prestados de forma paralela, em condições de igualdade,
sem relação de subordinação (hierarquia) entre os entes federativos. A atuação
(ou omissão) de um ente não impossibilita a atuação do outro. Exemplos: saúde,
cultura, educação e proteção ao meio ambiente.
§! Gestão associada de serviços públicos (art. 241): a CF prevê que a “União, os
Estados, o Distrito Federal e os Municípios disciplinarão por meio de lei os
consórcios públicos e os convênios de cooperação entre os entes federados,
autorizando a gestão associada de serviços públicos, bem como a transferência
total ou parcial de encargos, serviços, pessoal e bens essenciais à continuidade dos
serviços transferidos”. Como se vê, os entes federados podem prestar serviços
públicos de forma associada, formando, entre eles, consórcios públicos ou
convênios.

(Questão de prova) Os serviços públicos outorgados constitucionalmente à União, como os


serviços de transporte rodoviário interestadual e internacional de passageiros, estão
enumerados taxativamente na CF.
Comentário:
Os serviços públicos de competência da União são enumerados taxativamente na CF, daí
a correção do item. Já a lista dos serviços de competência dos Municípios é meramente
exemplificativa (outros serviços de interesse local, não enumerados na CF, como os funerários,

Inserir
Direito aqui o nomep/do
Administrativo Curso
MPU (Técnico - Administração) Com Videoaulas - Pós-Edital 11
www.estrategiaconcursos.com.br
www.estrategiaconcursos.com.br 38
Erick
Prof. Alves,
Erick AlvesTime Erick Alves
Aula
Aula 08 10

também podem ser prestados pelos Municípios). Por fim, a competência dos Estados é residual
(inclui tudo o que não for da competência da União ou dos Municípios).
Gabarito: Certo

(Questão de prova) A promoção da proteção do patrimônio histórico-cultural local compete


aos estados.
Comentário:
A proteção do patrimônio histórico-cultural local é assunto de interesse local. Logo, insere-
se na competência dos Municípios como, aliás, estabelece o art. 30, IX da CF:
Art. 30. Compete aos Municípios:
IX - promover a proteção do patrimônio histórico-cultural local, observada a legislação e a ação fiscalizadora
federal e estadual.

Gabarito: Errado

(Questão de prova) É da competência dos estados-membros explorar os serviços de energia


elétrica.
Comentário:
A exploração dos serviços de energia elétrica é de competência da União, que pode
explorá-los diretamente ou mediante autorização, concessão ou permissão, em articulação com
os Estados. Em muitas regiões, a exploração desses serviços é delegada para concessionárias de
energia controladas pelos Estados-membros (ex: Cemig e CEB), mas o serviço, como em toda
delegação, continua na titularidade da União, sendo regulados pela Aneel (agência reguladora
federal). Eis o artigo da Constituição:
Art. 21. Compete à União:
XII - explorar, diretamente ou mediante autorização, concessão ou permissão:
b) os serviços e instalações de energia elétrica e o aproveitamento energético dos cursos de água, em
articulação com os Estados onde se situam os potenciais hidroenergéticos;

Gabarito: Errado

(Questão de prova) Por expressa determinação constitucional, devem, obrigatoriamente,


ser diretamente prestados pelo Estado os serviços postal, de aproveitamento energético dos
cursos de água e de transporte ferroviário e aquaviário entre portos brasileiros e fronteiras
nacionais.
Comentário:
Por expressa determinação constitucional, os serviços enumerados na questão devem ser
prestados pela União; mas não obrigatoriamente de forma direta, daí o erro.
Com efeito, os serviços de transporte ferroviário e aquaviário entre portos brasileiros e
fronteiras nacionais, e os de aproveitamento energético dos cursos de água (este último em
articulação com os Estados onde se situam os potenciais hidroenergéticos) podem ser explorados

Inserir
Direito aqui o nomep/do
Administrativo Curso
MPU (Técnico - Administração) Com Videoaulas - Pós-Edital 12
www.estrategiaconcursos.com.br
www.estrategiaconcursos.com.br 38
Erick
Prof. Alves,
Erick AlvesTime Erick Alves
Aula
Aula 08 10

diretamente ou mediante autorização, concessão ou permissão, nos termos do art. 21, XII, “b” e
“d”.
Já o serviço postal, embora o art. 21, X da CF não preveja expressamente a possibilidade
de prestação indireta, o art. 1º, VII da Lei 9.074/1995 dispõe que ele se sujeita ao regime de
concessão, ou quando couber, de permissão.
Vejamos os dispositivos constitucionais citados:
Art. 21. Compete à União:
X - manter o serviço postal e o correio aéreo nacional;
XII - explorar, diretamente ou mediante autorização, concessão ou permissão:
b) os serviços e instalações de energia elétrica e o aproveitamento energético dos cursos de água, em
articulação com os Estados onde se situam os potenciais hidroenergéticos;
d) os serviços de transporte ferroviário e aquaviário entre portos brasileiros e fronteiras nacionais, ou que
transponham os limites de Estado ou Território;

Gabarito: Errado

(Questão de prova) O serviço de distribuição de gás encanado é um serviço público privativo


do estado-membro; nesse sentido, sua execução se dá de forma exclusiva, de modo que
nenhum outro ente poderá exercê-la.
Comentário:
Segundo o art. 25, §2º da CF, o serviço de gás canalizado é da competência dos Estados-
membros, de modo que nenhum outro ente poderá executar esse serviço:
§ 2º - Cabe aos Estados explorar diretamente, ou mediante concessão, os serviços locais de gás canalizado,
na forma da lei, vedada a edição de medida provisória para a sua regulamentação.

! Detalhe interessante é que os Estados podem explorar o serviço de gás canalizado apenas
diretamente ou mediante concessão, ou seja, não cabe permissão ou autorização.
Gabarito: Certo

CLASSIFICAÇÕES
A doutrina n‹o apresenta uma classifica•‹o œnica para servi•os pœblicos. Vamos
ver as mais comuns e cobradas em prova:

Inserir
Direito aqui o nomep/do
Administrativo Curso
MPU (Técnico - Administração) Com Videoaulas - Pós-Edital 13
www.estrategiaconcursos.com.br
www.estrategiaconcursos.com.br 38
Erick
Prof. Alves,
Erick AlvesTime Erick Alves
Aula
Aula 08 10

• Originário e derivado
• Exclusivos e não exclusivos
Serviços • Próprios e impróprios
públicos • Administrativo, comercial e social
• Geral e individual
• Obrigatório e facultativo

ORIGINÁRIO E DERIVADO

O serviço público originário é aquele que, por essencial, é privativo do Estado e só por ele
pode ser prestado (é indelegável, portanto). São serviços cuja prestação exige exercício de poder de
império, tais como os serviços relacionados à defesa nacional, à segurança pública e à fiscalização
de atividades. São também chamados de serviços públicos propriamente ditos.
O serviço público derivado é o que não é considerado essencial, mas sim conveniente à
coletividade, podendo ser prestado por particular (é delegável, portanto). O Estado pode prestá-lo
diretamente ou delega-lo a terceiros, tais como telefonia, energia elétrica e transportes. São
também chamados de serviços de utilidade pública.

EXCLUSIVO E NÃO EXCLUSIVO

Serviços públicos exclusivos são aqueles de titularidade do Estado, prestados diretamente


pela Administração ou indiretamente mediante concessão, permissão ou autorização.
Conforme a Constituição, são exemplos de serviços públicos exclusivos o serviço postal, o
correio aéreo nacional (art. 21, X), os serviços de telecomunicações (art. 21, XI), os de radiodifusão,
energia elétrica, navegação aérea, transportes e demais indicados no artigo 21, XII, e o serviço de
gás canalizado (art. 25, §2º), este de competência dos Estados-membros.
Atente que os serviços exclusivos não se confundem com serviços indelegáveis (originários).
Por exemplo: o serviço de telecomunicações é competência da União, ou seja, é serviço de
titularidade exclusiva da União, porém pode ser prestado por particulares, no caso, as
concessionárias.
Serviços não exclusivos são aqueles que não são de titularidade do Estado e, por isso, podem
ser prestados pelos particulares independentemente de delegação. Tal é o caso dos serviços
previstos no título VIII da Constituição, concernentes à ordem social, abrangendo saúde (arts. 196 e
199), previdência social (art. 201, § 8), assistência social (art. 204) e educação (arts. 208 e 209).
Ressalte-se que os serviços não exclusivos podem ser prestados tanto pelo Estado, sob
regime de direito público, como pelos particulares, neste último caso, sob o regime de direito

Inserir
Direito aqui o nomep/do
Administrativo Curso
MPU (Técnico - Administração) Com Videoaulas - Pós-Edital 14
www.estrategiaconcursos.com.br
www.estrategiaconcursos.com.br 38
Erick
Prof. Alves,
Erick AlvesTime Erick Alves
Aula
Aula 08 10

privado, de livre iniciativa, independentemente de delegação estatal. Ou seja, são serviços que não
são de titularidade exclusiva do Estado.

PRÓPRIO E IMPRÓPRIO

Conforme ensina Maria Sylvia Di Pietro, quando serviços não exclusivos são prestados pelo
Estado, também são chamados de serviços públicos próprios (ex: escola ou hospital públicos);
quando prestados por particulares, denominam-se serviços públicos impróprios (ex: escola ou
hospital particulares).

Para parte da doutrina, a definição de serviços públicos próprios é a mesma que a de serviços
públicos exclusivos. Assim, também é certo afirmar que serviços públicos próprios são aqueles que
atendem às necessidades coletivas e que o Estado executa tanto diretamente quanto
indiretamente, por intermédio de empresas concessionárias ou permissionárias.

Cabe comentar um pouco sobre os serviços públicos impróprios.


Serviços públicos impróprios são aqueles que atendem às necessidades coletivas, mas que
não são de titularidade e nem são prestados pelo Estado, mas apenas por ele autorizados,
regulamentados e fiscalizados (são prestados por particulares, sob regime de direito privado). Na
verdade, são verdadeiras atividades privadas controladas pelo poder de polícia do Estado. Segundo
Maria Sylvia Di Pietro, são considerados serviços públicos, porque atendem a necessidades coletivas;
mas impropriamente públicos, porque falta um dos elementos do conceito de serviço público, que
é a gestão, direta ou indireta, pelo Estado.
Registre-se que, relativamente aos serviços públicos impróprios, a “autorização” consiste
numa anuência prévia do Estado, no exercício do poder polícia (ou seja, fiscalização e controle
estatal de uma atividade privada), e não num ato administrativo de delegação de serviço público.
Como exemplo de serviços públicos impróprios podem ser citados os serviços prestados por
instituições financeiras, por seguradoras e os serviços de previdência privada, além dos serviços de
educação e saúde prestados por entidades particulares.
Vale salientar que, para boa parte da doutrina, os serviços impróprios sequer deveriam ser
reconhecidos em sentido jurídico como serviço público (seriam simples atividades privadas).

ADMINISTRATIVO, COMERCIAL E SOCIAL

Serviço público administrativo é aquele que a Administração executa para satisfazer suas
próprias necessidades internas ou para preparar outros serviços que são prestados ao público
(atividades-meio), tais como a imprensa oficial (impressão de diários oficiais). O usuário direto é a
própria Administração.

Inserir
Direito aqui o nomep/do
Administrativo Curso
MPU (Técnico - Administração) Com Videoaulas - Pós-Edital 15
www.estrategiaconcursos.com.br
www.estrategiaconcursos.com.br 38
Erick
Prof. Alves,
Erick AlvesTime Erick Alves
Aula
Aula 08 10

Serviço público comercial, também denominado econômico ou industrial, é o que atende às


necessidades coletivas de ordem econômica, produzindo lucro para quem o presta, como os
serviços de telecomunicações, de transportes e de energia elétrica.
Saliente-se que não se enquadram nessa categoria as atividades econômicas em sentido
estrito, regidas pelo art. 173 da Constituição Federal (ex: bancos públicos e Petrobras). Isso porque,
mesmo se forem excepcionalmente desempenhadas pelo Estado, essas atividades o serão sob
regime jurídico (predominante) de direito privado, e não como serviço público.
Serviço público social é o que atende às necessidades coletivas de ordem social, como saúde,
educação e cultura, abrangendo ainda os serviços assistenciais e protetivos (ex: assistência à criança
e ao adolescente). Tais serviços são, em regra, deficitários (não geram lucro) e podem ser
desempenhados por particulares, independentemente de delegação (como serviços privados).

GERAL E INDIVIDUAL

Serviço público geral, ou uti universi, é aquele prestado a toda a coletividade,


indistintamente, ou seja, beneficia grupos indeterminados de indivíduos, não sendo possível ao
Poder Público identificar, de forma individualizada e exata, quanto cada usuário utiliza do serviço.
São financiados pelas receitas dos impostos, a exemplo dos serviços de segurança pública,
iluminação pública e saneamento básico.
Serviço individual, ou uti singuli, é aquele usufruído individual e diretamente pelo cidadão,
sendo possível mensurar, caso a caso, quanto do serviço está sendo consumido por cada usuário,
separadamente. São mantidos por meio das receitas das taxas ou das tarifas, a exemplo da energia
elétrica, telefone, água etc.

Gerais – uti universi Individuais – uti singuli

Disponíveis para a coletividade, mas


Prestados à coletividade
prestados a cada pessoa, individualmente.

§ Taxa –> obrigatório


§ Impostos –> obrigatório
Ex: coleta de lixo
Ex: saneamento, saúde, iluminação
§ Tarifa –> facultativo
pública.
Ex: energia, água, telefone.

Os impostos são uma espécie de tributo que se paga sem que haja uma contraprestação direta pelo
Poder Público. Por exemplo, os recursos arrecadados a título de IPTU, IPVA e IR são utilizados pelo
Estado de forma indiscriminada para a saúde, educação, programas sociais, realização de obras,
investimentos em infraestrutura e mesmo para o custeio da máquina pública. Ou seja, não há uma

Inserir
Direito aqui o nomep/do
Administrativo Curso
MPU (Técnico - Administração) Com Videoaulas - Pós-Edital 16
www.estrategiaconcursos.com.br
www.estrategiaconcursos.com.br 38
Erick
Prof. Alves,
Erick AlvesTime Erick Alves
Aula
Aula 08 10

correlação direta entre o recurso do IPVA e a manutenção de rodovias, por exemplo. Os recursos
oriundos de impostos não possuem destinação específica.
As taxas, por sua vez, também são uma espécie de tributo. Mas, diferentemente dos impostos, são
devidas em razão de serviço público específico e divisível, prestado ao contribuinte ou posto a sua
disposição. As taxas, como todo tributo, são estabelecidas por lei e, ademais, são compulsórias, ou
seja, a pessoa não pode deixar de pagá-la, ainda que não utilize o serviço (ex: taxa de coleta de lixo).
Já a tarifa não é um tributo. Trata-se de uma espécie de preço público, cobrado por particulares
delegatários de serviço público a título de contraprestação pecuniária pelo serviço prestado. São
estabelecidas mediante contrato e apenas são cobradas no caso de utilização efetiva do serviço, a
exemplo das tarifas de energia elétrica e de água.
Ressalte-se que existem exceções à regra de que serviços uti universi são financiados por impostos
e serviços uti singuli por taxas e tarifas.
Com efeito, determinados serviços gerais – uti universi – também podem ser remunerados por
tarifas (e não por impostos), como os serviços de saneamento básico e de limpeza urbana. A Lei
9.074/1995 permite que esses serviços sejam executados por meio de concessão ou permissão sem
que, no entanto, tenham caráter individual.

OBRIGATÓRIO E FACULTATIVO

Os serviços públicos obrigatórios são aqueles remunerados por tributos (impostos e taxas),
enquanto os serviços facultativos são remunerados por tarifas.
*****
A seguir, um resumo das classificações de serviço público.

Serviço
Descrição Serviço Público Descrição
Público

Essencial, poder de
Originário, Derivado, Conveniente, delegável.
império. Ex: segurança
indelegável delegável Ex: energia, telefonia.
nacional.

Estado não é titular;


Titularidade do Estado, podem ser prestados por
Exclusivo prestados direta ou Não exclusivo particulares sem
indiretamente. Ex: energia. delegação. Ex: saúde,
educação.

Inserir
Direito aqui o nomep/do
Administrativo Curso
MPU (Técnico - Administração) Com Videoaulas - Pós-Edital 17
www.estrategiaconcursos.com.br
www.estrategiaconcursos.com.br 38
Erick
Prof. Alves,
Erick AlvesTime Erick Alves
Aula
Aula 08 10

Prestado pelo Estado, Prestado por particular,


Próprio direta ou indiretamente. Impróprio sem delegação.
Ex: escola pública. Ex: saúde, educação.

Usuários indeterminados, Usuários determinados,


Geral, financiados por impostos. Individual, mensuração per capta,
uti universi Ex: iluminação pública, uti singuli financiados por taxas e
saneamento. tarifas. Ex: água, exergia.

Atende necessidades
Atende necessidades
econômicas da
Administrativo internas da Administração. Comercial
população; gera lucro. Ex:
Ex: imprensa oficial
transporte

Atende necessidades de
ordem social; não gera
Social
lucro. Ex: cultura,
assistência social.

Obrigatório Remunerado por tributos Facultativo Remunerado por tarifas

(Questão de prova) De acordo com critério de classificação que considera a exclusividade


ou não do poder público na prestação do serviço, o serviço postal constitui um exemplo de
serviço público não exclusivo do Estado.
Comentário:
O serviço postal é um serviço exclusivo do Estado, prestado diretamente pela União, nos
termos do art. 21, X da CF:
Art. 21. Compete à União:
X - manter o serviço postal e o correio aéreo nacional;

Gabarito: Errado

(Questão de prova) O serviço de uso de linha telefônica é um típico exemplo de serviço


singular, visto que sua utilização é mensurável por cada usuário, embora sua prestação se
destine à coletividade.
Comentário:

Inserir
Direito aqui o nomep/do
Administrativo Curso
MPU (Técnico - Administração) Com Videoaulas - Pós-Edital 18
www.estrategiaconcursos.com.br
www.estrategiaconcursos.com.br 38
Erick
Prof. Alves,
Erick AlvesTime Erick Alves
Aula
Aula 08 10

O serviço de uso de linha telefônica é passível de mensuração individual (veja a sua conta
telefônica); portanto, trata-se de serviço uti singuli ou individual.
Gabarito: Certo

(Questão de prova) O serviço de iluminação pública pode ser considerado uti universi, assim
como o serviço de policiamento público.
Comentário:
Tanto o serviço de iluminação pública como o de policiamento não são mensuráveis
individualmente, ou seja, não é possível dizer com certeza quanto que determinado indivíduo
consome de iluminação pública ou de policiamento. Sendo assim, tais serviços são considerados
uti universi ou gerais.
Gabarito: Certo
==f260a==

(Questão de prova) Caracterizam-se como serviços públicos sociais apenas os serviços de


necessidade pública, de iniciativa e implemento exclusivo do Estado.
Comentário:
Serviço público social é o que atende às necessidades coletivas de ordem social, como
saúde, educação e cultura, abrangendo ainda os serviços assistenciais e protetivos. O erro é que
os serviços sociais não são privativos do Estado, podendo também ser desempenhados por
particulares, independentemente de delegação.
Gabarito: Errado

(Questão de prova) Os serviços de utilidade pública, a exemplo dos serviços de transporte


coletivo, visam proporcionar aos seus usuários mais conforto e bem-estar.
Comentário:
Os serviços de utilidade pública são aqueles considerados não essenciais, mas sim
convenientes à coletividade, podendo ser prestados por particulares. Portanto, são serviços
delegáveis. São exemplos de serviço de utilidade pública: transporte coletivo, energia elétrica,
telefonia, etc.
Gabarito: Certo

FORMAS DE PRESTAÇÃO
Os serviços públicos podem ser prestados pela Administração de forma: (i) centralizada ou
descentralizada; (ii) desconcentrada centralizada ou desconcentrada descentralizada; e (iii) direta
ou indireta. Vejamos:
Ø!Prestação centralizada: o serviço é prestado pela administração direta.

Inserir
Direito aqui o nomep/do
Administrativo Curso
MPU (Técnico - Administração) Com Videoaulas - Pós-Edital 19
www.estrategiaconcursos.com.br
www.estrategiaconcursos.com.br 38
Erick
Prof. Alves,
Erick AlvesTime Erick Alves
Aula
Aula 08 10

Ø!Prestação descentralizada: o serviço é prestado por pessoa diferente do ente federado a que
a Constituição atribui a titularidade do serviço:
§! descentralização por serviços: o serviço é prestado por entidade da administração
indireta, à qual a lei transfere a sua titularidade;
§! descentralização por colaboração: o serviço é prestado por particulares, aos quais,
mediante delegação do Poder Público, é atribuída a sua mera execução.
Ø! Prestação desconcentrada: o serviço é executado por um órgão, com competência específica
para prestá-lo, integrante da estrutura da pessoa jurídica que detém a titularidade do serviço
(ou seja, existe uma só pessoa e vários órgãos dessa pessoa):
§! prestação desconcentrada centralizada: o órgão com competência específica para
prestar o serviço integra a estrutura de uma entidade integrante da administração
direta do ente federado que detém a titularidade do serviço;
§! prestação desconcentrada descentralizada: o órgão com competência específica para
prestar o serviço integra a estrutura de uma entidade integrante da administração
indireta; essa entidade detém a titularidade do serviço.
Ø! Prestação direta: o serviço é prestado pela Administração Pública, direta ou indireta.
Ø! Prestação indireta: o serviço é prestado por particulares, aos quais, mediante delegação do
Poder Público, é atribuída a sua mera execução.

A doutrina majoritária considera que o serviço prestado pela administração indireta é uma forma
de prestação direta. É esse o entendimento que deve ser levado para a prova. Contudo, é importante
saber que autores consagrados, como Carvalho Filho, entendem que o serviço prestado pela
administração indireta constitui prestação indireta.

REGULAMENTAÇÃO E CONTROLE
Regulamentar ou, mais propriamente, regular o serviço público consiste no estabelecimento
de regras básicas para a sua execução, mediante a edição de leis e atos normativos, bem como
através da prática de atos administrativos concretos (ex: fiscalização, mediação de conflitos), a fim
de remover obstáculos que possam impedir ou dificultar a execução do serviço.
A regulamentação ou regulação do serviço público cabe ao ente federado a que a
Constituição atribui a titularidade do serviço. Assim, por exemplo, compete à União regular os
serviços de telefonia e de navegação aérea, da mesma forma que compete aos Estados regular o
serviço de transporte intermunicipal.

Inserir
Direito aqui o nomep/do
Administrativo Curso
MPU (Técnico - Administração) Com Videoaulas - Pós-Edital 20
www.estrategiaconcursos.com.br
www.estrategiaconcursos.com.br 38
Erick
Prof. Alves,
Erick AlvesTime Erick Alves
Aula
Aula 08 10

A regulação de serviços públicos é atividade


típica do Poder Público, indelegável a
particulares.

A regulação pode ser desempenhada tanto pelo próprio ente federado, centralizadamente,
como por pessoas jurídicas de direito público integrantes da administração indireta, mais
especificamente, pelas autarquias. É o caso, por exemplo, das agências reguladoras que, na esfera
federal, foram constituídas sob a forma de “autarquias sob regime especial”, entidades dotadas de
amplo poder normativo mediante o qual são estabelecidas inúmeras regras relativas ao serviço
regulado.
Além do poder de regulamentação, a competência constitucional para a instituição do serviço
confere ainda o poder de controlar sua execução.
O controle da prestação dos serviços públicos se submete aos controles tradicionais da
atividade administrativa, derivados do poder de autotutela e da tutela administrativa (esta no caso
de prestação por entidades da administração indireta).
Ademais, a Administração pode/deve exercer controle sobre os particulares colaboradores
(concessionários e permissionários). Para tanto, o ordenamento jurídico confere prerrogativas
especiais ao poder concedente7, tais como a possibilidade de acesso aos dados relativos à
administração, contabilidade recursos técnicos, econômicos, e financeiros da concessionária, de
alteração unilateral das cláusulas contratuais, de intervenção na concessão ou permissão, de
encampação, de decretação de caducidade e outras.
A fiscalização do poder concedente deve ocorrer com a cooperação dos usuários. Nesse
sentido, a Lei 9.074/19958 determina que, em cada modalidade de serviço público, o poder
concedente estabeleça “forma de participação dos usuários na fiscalização e torne disponível ao
público, periodicamente, relatório sobre os serviços prestados”.
Quanto ao controle popular, cumpre destacar, ainda, o art. 37, §3º, I da CF, segundo o qual a
“lei disciplinará as formas de participação do usuário na administração pública direta e indireta,
regulando especialmente as reclamações relativas à prestação dos serviços públicos em geral,
asseguradas a manutenção de serviços de atendimento ao usuário e a avaliação periódica, externa
e interna, da qualidade dos serviços”.
Por fim, nunca é demais lembrar que qualquer lesão ou ameaça a direito decorrente da má
prestação de serviços públicos poderá ser levada à apreciação do Poder Judiciário.

7
Poder concedente Ž o ente federado (Uni‹o, Estado, DF ou Munic’pio) que delega o servi•o pœblico
mediante concess‹o ou permiss‹o.
8
Estabelece normas para outorga e prorroga•›es das concess›es e permiss›es de servi•os pœblicos e d‡
outras provid•ncias.

Inserir
Direito aqui o nomep/do
Administrativo Curso
MPU (Técnico - Administração) Com Videoaulas - Pós-Edital 21
www.estrategiaconcursos.com.br
www.estrategiaconcursos.com.br 38
Erick
Prof. Alves,
Erick AlvesTime Erick Alves
Aula
Aula 08 10

(Questão de prova) A regulamentação e o controle dos serviços públicos e de utilidade


pública competem sempre ao poder público.
Comentário:
Embora a execução de determinados serviços públicos possa ser delegada a particulares,
a regulamentação e o controle desses serviços são atividades exclusivas de Estado, portanto,
indelegáveis.
Gabarito: Certo

*****
É isso pessoal. Finalizamos aqui a teoria sobre serviços públicos. Vamos agora resolver mais
uma bateria de questões!

Inserir
Direito aqui o nomep/do
Administrativo Curso
MPU (Técnico - Administração) Com Videoaulas - Pós-Edital 22
www.estrategiaconcursos.com.br
www.estrategiaconcursos.com.br 38
Erick
Prof. Alves,
Erick AlvesTime Erick Alves
Aula
Aula 08 10

QUESTÕES DE PROVA
1. (Cespe – TCU 2011)
Suponha que, após a realização de procedimento licitatório, na modalidade de concorrência,
tenha sido firmada uma PPP com o objetivo único de executar obra pública e que as obrigações
pecuniárias assumidas pela administração pública tenham sido oferecidas mediante garantia
prestada por organismos internacionais. Considerando-se essa situação, é correto afirmar que
há ofensa à legislação de regência, visto que é vedada a celebração de contrato de PPP que
tenha por único objeto a execução de obra pública, embora a garantia prestada por organismo
internacional seja admitida pela lei como garantia das obrigações pecuniárias assumidas pela
administração pública.
Comentário:
O quesito está perfeito. Eis os dispositivos da Lei 11.079/2004 que amparam o gabarito:
Art. 2º (...)
§ 4o É vedada a celebração de contrato de parceria público-privada:
I – cujo valor do contrato seja inferior a R$ 10.000.000,00 (dez milhões de reais);
II – cujo período de prestação do serviço seja inferior a 5 (cinco) anos; ou
III – que tenha como objeto único o fornecimento de mão-de-obra, o fornecimento e instalação de
equipamentos ou a execução de obra pública.
Art. 8o As obrigações pecuniárias contraídas pela Administração Pública em contrato de parceria público-
privada poderão ser garantidas mediante:
I – vinculação de receitas, observado o disposto no inciso IV do art. 167 da Constituição Federal;
II – instituição ou utilização de fundos especiais previstos em lei;
III – contratação de seguro-garantia com as companhias seguradoras que não sejam controladas pelo Poder
Público;
IV – garantia prestada por organismos internacionais ou instituições financeiras que não sejam controladas
pelo Poder Público;
V – garantias prestadas por fundo garantidor ou empresa estatal criada para essa finalidade;
VI – outros mecanismos admitidos em lei.

Gabarito: Certo

2. (Cespe – AGU 2012)


A contratação de parceria público-privada deve ser precedida de licitação na modalidade
convite, estando a abertura do processo licitatório condicionada a autorização, fundamentada
em estudo técnico, da autoridade competente.
Comentário:

Inserir
Direito aqui o nomep/do
Administrativo Curso
MPU (Técnico - Administração) Com Videoaulas - Pós-Edital 23
www.estrategiaconcursos.com.br
www.estrategiaconcursos.com.br 38
Erick
Prof. Alves,
Erick AlvesTime Erick Alves
Aula
Aula 08 10

A contratação de parceria público-privada será precedida de licitação na modalidade de


concorrência, e não convite, daí o erro.
Por outro lado, é certo que a abertura do processo licitatório fica condicionada à autorização da
autoridade competente, fundamentada em estudo técnico que demonstre a conveniência, a
oportunidade e a viabilidade econômica da contratação.
Outros itens que condicionam a abertura do processo licitatório são:
§! elaboração de estimativa do impacto orçamentário-financeiro nos exercícios em que deva
vigorar o contrato de parceria público-privada;
§! declaração do ordenador da despesa de que as obrigações contraídas pela Administração
Pública no decorrer do contrato são compatíveis com a lei de diretrizes orçamentárias e
estão previstas na lei orçamentária anual;
§! estimativa do fluxo de recursos públicos suficientes para o cumprimento, durante a vigência
do contrato e por exercício financeiro, das obrigações contraídas pela Administração
Pública;
§! seu objeto estar previsto no plano plurianual em vigor no âmbito onde o contrato será
celebrado;
§! submissão da minuta de edital e de contrato à consulta pública, mediante publicação na
imprensa oficial, em jornais de grande circulação e por meio eletrônico, que deverá informar
a justificativa para a contratação, a identificação do objeto, o prazo de duração do contrato,
seu valor estimado, fixando-se prazo mínimo de 30 (trinta) dias para recebimento de
sugestões, cujo termo dar-se-á pelo menos 7 (sete) dias antes da data prevista para a
publicação do edital; e
§! licença ambiental prévia ou expedição das diretrizes para o licenciamento ambiental do
empreendimento, na forma do regulamento, sempre que o objeto do contrato exigir.
Tais disposições estão previstas no art. 10 da Lei 11.079/2004 (Lei das PPP).
Gabarito: Errado

3. (Cespe – JF TRF2 2013)


Mediante lei sancionada em 2004, o Brasil adotou a PPP como instrumento para a viabilização
de projetos fundamentais ao crescimento do país. Referida lei incorporou conceitos bem
sucedidos da experiência internacional, de modo a garantir que as PPPs sejam balizadas na
atuação transparente da administração pública. Acerca desse instrumento de gestão pública,
assinale a opção correta.
a) Embora a responsabilidade fiscal não seja uma diretriz expressa na legislação de PPP, o
melhor entendimento doutrinário aponta para a aplicação da Lei de Responsabilidade Fiscal à
execução desse tipo de contrato administrativo.
b) Não se admite o emprego da arbitragem na hipótese de um município querer dirimir
conflitos decorrentes de contrato de PPP.

Inserir
Direito aqui o nomep/do
Administrativo Curso
MPU (Técnico - Administração) Com Videoaulas - Pós-Edital 24
www.estrategiaconcursos.com.br
www.estrategiaconcursos.com.br 38
Erick
Prof. Alves,
Erick AlvesTime Erick Alves
Aula
Aula 08 10

c) Um estado da Federação, no âmbito de contrato de PPP para a realização de obras públicas


nos seus municípios, estará impedido de ceder parte de seus créditos não tributários a título
de contraprestação.
d) É expressamente vedada a uma sociedade de propósito específico, incumbida de implantar
e gerir o objeto de uma PPP em determinado estado da Federação, constituir-se sob a forma
de companhia aberta.
e) Caso um estado da Federação celebre contrato administrativo de PPP visando à concessão
de serviços públicos, conforme legislação específica, e, além da tarifa a ser cobrada dos
usuários, o contrato preveja contraprestação pecuniária do parceiro público ao parceiro
privado, ter-se-á, nessa hipótese, um exemplo da chamada concessão patrocinada.
Comentários:
Vamos analisar cada alternativa:
a) ERRADA. A responsabilidade fiscal é sim uma diretriz expressa na legislação de PPP (Lei
11.079/2004). Vejamos:
Art. 4o Na contratação de parceria público-privada serão observadas as seguintes diretrizes:
I – eficiência no cumprimento das missões de Estado e no emprego dos recursos da sociedade;
II – respeito aos interesses e direitos dos destinatários dos serviços e dos entes privados incumbidos da sua
execução;
III – indelegabilidade das funções de regulação, jurisdicional, do exercício do poder de polícia e de outras
atividades exclusivas do Estado;
IV – responsabilidade fiscal na celebração e execução das parcerias;
V – transparência dos procedimentos e das decisões;
VI – repartição objetiva de riscos entre as partes;
VII – sustentabilidade financeira e vantagens socioeconômicas dos projetos de parceria.

b) ERRADA. O uso da arbitragem é permitido como método de solução de conflitos nos contratos
de PPP (e também nas concessões comuns).
Art. 11. O instrumento convocatório conterá minuta do contrato, indicará expressamente a submissão da
licitação às normas desta Lei e observará, no que couber, os §§ 3o e 4o do art. 15, os arts. 18, 19 e 21 da Lei no
8.987, de 13 de fevereiro de 1995, podendo ainda prever:
I – exigência de garantia de proposta do licitante, observado o limite do inciso III do art. 31 da Lei no 8.666 , de
21 de junho de 1993;
III – o emprego dos mecanismos privados de resolução de disputas, inclusive a arbitragem, a ser realizada no
Brasil e em língua portuguesa, nos termos da Lei no 9.307, de 23 de setembro de 1996, para dirimir conflitos
decorrentes ou relacionados ao contrato.

c) ERRADA. O art. 6º da Lei 11.079/2004 permite a cessão de créditos tributários a título de


contraprestação pecuniária do Poder Público. Lembrando que a Lei 11.079/2007 é de caráter
nacional, portanto, aplicável aos estados e municípios.

Inserir
Direito aqui o nomep/do
Administrativo Curso
MPU (Técnico - Administração) Com Videoaulas - Pós-Edital 25
www.estrategiaconcursos.com.br
www.estrategiaconcursos.com.br 38
Erick
Prof. Alves,
Erick AlvesTime Erick Alves
Aula
Aula 08 10

Art. 6o A contraprestação da Administração Pública nos contratos de parceria público-privada poderá ser feita
por:
I – ordem bancária;
II – cessão de créditos não tributários;
III – outorga de direitos em face da Administração Pública;
IV – outorga de direitos sobre bens públicos dominicais;
V – outros meios admitidos em lei.

d) ERRADA. A Lei das PPP obriga que a empresa vencedora, antes da celebração do contrato,
constitua uma sociedade de propósito específico (SPE). A SPE é que assinará o contrato,
incumbindo-se de implantar e gerir o objeto da PPP. A Lei 11.079 permite que a SPE assuma a forma
de companhia aberta (isto é, com ações negociadas no mercado).
Art. 9o Antes da celebração do contrato, deverá ser constituída sociedade de propósito específico, incumbida de
implantar e gerir o objeto da parceria.
(...)
§ 2o A sociedade de propósito específico poderá assumir a forma de companhia aberta, com valores mobiliários
admitidos a negociação no mercado.

e) CERTA, nos termos do art. 2º da Lei 11.079/2004:


Art. 2o Parceria público-privada é o contrato administrativo de concessão, na modalidade patrocinada ou
administrativa.
§ 1o Concessão patrocinada é a concessão de serviços públicos ou de obras públicas de que trata a Lei no 8.987,
de 13 de fevereiro de 1995, quando envolver, adicionalmente à tarifa cobrada dos usuários contraprestação
pecuniária do parceiro público ao parceiro privado.
§ 2o Concessão administrativa é o contrato de prestação de serviços de que a Administração Pública seja a
usuária direta ou indireta, ainda que envolva execução de obra ou fornecimento e instalação de bens.

Gabarito: alternativa “e”

4. (ESAF – EPPGG 2009)


Identifique, entre as modalidades de parcerias entre os setores público e privado, a modalidade
que não é pertinente a uma PPP (Parceria Público-Privado).
a) Modalidade na qual a construção é separada juridicamente da operação, já que neste caso
o empreendimento da construção cabe ao setor privado, mas, após o fim da mesma, o direito
de concessão cabe ao Estado, que diante de outro ato legal, concede a exploração à mesma
empresa ou a outra.
b) Mecanismo de concessão para a exploração de um serviço público, no qual o setor privado
exige do Estado uma taxa de risco social para adquirir a concessão.
c) Mecanismo de concessão para a exploração de um serviço público, na qual a empresa fica
com plenos direitos sobre o projeto, sem devolução posterior para o Estado, não havendo
prazo final da concessão.

Inserir
Direito aqui o nomep/do
Administrativo Curso
MPU (Técnico - Administração) Com Videoaulas - Pós-Edital 26
www.estrategiaconcursos.com.br
www.estrategiaconcursos.com.br 38
Erick
Prof. Alves,
Erick AlvesTime Erick Alves
Aula
Aula 08 10

d) Venda da concessão para o setor privado de um ativo já em operação, acompanhada da


obrigação de operação e eventual expansão por parte dos novos controladores.
e) Mecanismo de concessão para a exploração de um serviço público, no final da qual, porém,
ela retorna às mãos do Estado.
Comentários:
Essa questão exige conhecimentos avançados de PPP, próprios para cargos de gestor. Mesmo que
esse não seja o seu foco no momento, vale a pena resolvê-la, a título de conhecimento.
A questão não trata propriamente da Lei 11.079/2004 e sim da doutrina sobre o tema. Na prática
internacional, é comum se indicarem por siglas as diferentes modelagens de parcerias público-
privadas, conforme a extensão da transferência de funções à iniciativa privada. As siglas são
compostas pelas iniciais das palavras em inglês que designam cada uma das principais funções
transferidas.
Vejamos então alguns exemplos de modelagens de parcerias público-privadas:
§! BOT – Build Operate Transfer: representa um mecanismo clássico para a exploração de um
serviço, no qual ela (a exploração do serviço) retorna às mãos do Estado após o término do
contrato.
§! BTO – Build Transfer Operate: trata-se de uma modalidade na qual a construção é separada
da operação, em termo jurídicos, já que neste caso o empreendimento da construção cabe
ao setor privado, mas, após o fim da mesma e antes da exploração do serviço, o direito de
concessão cabe ao Estado, que mediante outro ato legal, concede a exploração do serviço à
mesma empresa ou a outra.
§! BOO – Build Own Operate: é um mecanismo similar ao BOT com a diferença de que não há
prazo final da concessão, ou seja, a empresa fica com plenos direitos sobre o projeto sem
devolução posterior para o Estado.
§! BBO – Buy Build Operate: a concessão representa a transferência de propriedade de um ativo
já em operação, acompanhada da obrigação de operação e eventual expansão por parte dos
novos controladores. O Estado já está explorando, mas não tem dinheiro para continuar, aí
vende para a iniciativa privada que é obrigada a fazer o trabalho até o fim.
Com isso, vamos verificar se as alternativas da questão se encaixam em alguma das modalidades
apresentadas no box acima:
a) CERTA. Trata-se da modalidade BTO (Buil-Transfer-Operate), ou seja, a concessionária apenas
executa a obra e, logo em seguida, transfere os bens reversíveis para o poder concedente. Ressalte-
se que a Lei 11.079/2004 veda a celebração de PPP que tenha como objeto único a execução de obra
pública. Mas, como a questão não é para ser resolvida com base na lei, está correta.
b) ERRADA. Não há modalidade que prevê uma taxa de risco social.
c) CERTA. O item descreve a modalidade BOO (Build-Own-Operate), similar à BOT, com a diferença
de que não há prazo para a concessão. Ressalte-se que, no Brasil, as concessões especiais, na
modalidade PPP, devem ter prazo determinado, que não pode extrapolar 35 anos, incluindo

Inserir
Direito aqui o nomep/do
Administrativo Curso
MPU (Técnico - Administração) Com Videoaulas - Pós-Edital 27
www.estrategiaconcursos.com.br
www.estrategiaconcursos.com.br 38
Erick
Prof. Alves,
Erick AlvesTime Erick Alves
Aula
Aula 08 10

eventual prorrogação. Porém, como visto, a questão trata das parcerias de forma geral, e não
conforme a Lei 11.079/2004.
d) CERTA. Trata-se da modalidade BBO (Buy-Buil-Operate), também não aplicável no Brasil.
e) CERTA. Trata-se da modalidade BOT (Build-Operate-Transfer), mecanismo clássico de concessão
para construção e exploração de um serviço por período determinado, ao fim do qual o projeto
retorna ao Estado. É a modelagem estabelecida na Lei 11.079/2004.
Gabarito: alternativa “b”

5. (Cespe – CGE/PI 2015)


Determinado ente da administração pública deseja realizar procedimento licitatório para a
contratação de serviços de segurança patrimonial armada para seu edifício sede. Considerando
essa situação hipotética, julgue o próximo item.
A contratação dos serviços pretendidos constitui forma descentralizada de execução de
serviços públicos, por delegação, na modalidade terceirização.
Comentário:
De acordo com Marçal Justen Filho (2014, p. 852), a terceirização “consiste num contrato de
prestação de serviços por meio do qual um sujeito transfere a outrem o dever de executar uma
atividade determinada, necessária à satisfação de um dever”.
A doutrina cuida de diferenciar a terceirização da delegação de serviços públicos. A delegação é a
forma de descentralização de serviços públicos (descentralização por colaboração) em que o Estado
transfere, para o setor privado, a gestão e a execução de determinado serviço público (telefonia,
energia elétrica, transporte público, etc.). Por outro lado, na terceirização a administração contrata
apenas uma atividade de apoio (atividade-meio), necessária para dar suporte ao cumprimento da
atividade-fim do órgão ou entidade, como o serviço de segurança, o serviço de limpeza etc.
A grande diferença pode ser percebida no relacionamento entre o prestador de serviços e o usuário.
Na delegação, é a empresa delegatária do serviço que aparece na relação com o usuário (por
exemplo, no seu contrato de telefonia, quem aparece na relação é o prestador do serviço: Tim, Oi,
Vivo, Claro, etc.). Já na terceirização é a Administração Pública que aparece na relação com o usuário
(por exemplo, a Polícia Federal terceirizou diversas atividades de execução – cadastramento de
digitais, fotos, etc. – na emissão de passaportes, mas é a própria Polícia Federal que continua
emitindo o passaporte).
Quanto à questão em si, o erro é que, embora a contração dos serviços de segurança patrimonial
armada para o edifício sede do órgão seja, de fato, uma forma de terceirização, a terceirização não
constitui uma modalidade de delegação de serviços públicos, a qual somente pode ocorrer mediante
concessão, permissão ou autorização.
Gabarito: Errado

Inserir
Direito aqui o nomep/do
Administrativo Curso
MPU (Técnico - Administração) Com Videoaulas - Pós-Edital 28
www.estrategiaconcursos.com.br
www.estrategiaconcursos.com.br 38
Erick
Prof. Alves,
Erick AlvesTime Erick Alves
Aula
Aula 08 10

*****
Terminamos aqui pessoal. Até a próxima!

Bons estudos!

Erick Alves

Inserir
Direito aqui o nomep/do
Administrativo Curso
MPU (Técnico - Administração) Com Videoaulas - Pós-Edital 29
www.estrategiaconcursos.com.br
www.estrategiaconcursos.com.br 38
Erick
Prof. Alves,
Erick AlvesTime Erick Alves
Aula
Aula 08 10

JURISPRUDÊNCIA

STJ – REsp 1032454/RJ (16/10/2009)

1. A assinatura básica é remunerada por tarifa cujo regramento legal legitimante deriva dos
seguintes diplomas:
a) art. 175, parágrafo único, inciso III, da Constituição Federal;
b) art. 2º, II, da Lei n. 8.987/95, que regulamenta o art. 175 da CF, ao disciplinar o regime de
concessão e permissão da prestação de serviços públicos, exige que o negócio jurídico bilateral
(contrato) a ser firmado entre o poder concedente e a pessoa jurídica concessionária seja,
obrigatoriamente, precedido de licitação, na modalidade de concorrência.
(...)
4. Outrossim, no contrato de concessão firmado entre a recorrente e o poder concedente, há
cláusula expressa refletindo o constante no Edital de Licitação, contemplando o direito de a
concessionária exigir do usuário o pagamento mensal da tarifa de assinatura básica.
(...)
7. Sob o ângulo prático, a tarifa mensal de assinatura básica, incluindo o direito do consumidor a
uma franquia mínima de pulsos, além de ser legal e contratual, justifica-se pela necessidade da
concessionária manter disponibilizado o serviço de telefonia ao assinante, de modo contínuo e
ininterrupto, o que lhe exige dispêndios financeiros para garantir a sua eficiência.
(...)
10. Em suma, a cobrança mensal de assinatura básica está amparada pelo art. 93, VII, da Lei n. 9.472,
de 16.07.1997, que a autoriza, desde que prevista no Edital e no contrato de concessão, razão pela
qual a obrigação do usuário pagar tarifa mensal pela assinatura do serviço decorre da política
tarifária instituída por lei, sendo certo que a Anatel pode fixá-la, por ser a reguladora do setor,
amparada no que consta expressamente no contrato de concessão, com respaldo no art. 103, §§ 3º
e 4º, da Lei n. 9.472, de 16.07.1997.
11. A cobrança mensal de assinatura, no serviço de telefonia, sem que chamadas sejam feitas, não
constitui abuso proibido pelo Código de Defesa do Consumidor, quer sob o ângulo da legalidade,
quer por tratar-se de serviço que é necessariamente disponibilizado, de modo contínuo e
ininterrupto, aos usuários.

STF – RE 591.874 (26/8/2009)

EMENTA: CONSTITUCIONAL. RESPONSABILIDADE DO ESTADO. ART. 37, § 6º, DA CONSTITUIÇÃO.


PESSOAS JURÍDICAS DE DIREITO PRIVADO PRESTADORAS DE SERVIÇO PÚBLICO. CONCESSIONÁRIO
OU PERMISSIONÁRIO DO SERVIÇO DE TRANSPORTE COLETIVO. RESPONSABILIDADE OBJETIVA EM
RELAÇÃO A TERCEIROS NÃO-USUÁRIOS DO SERVIÇO. RECURSO DESPROVIDO. I - A responsabilidade
civil das pessoas jurídicas de direito privado prestadoras de serviço público é objetiva

Inserir
Direito aqui o nomep/do
Administrativo Curso
MPU (Técnico - Administração) Com Videoaulas - Pós-Edital 30
www.estrategiaconcursos.com.br
www.estrategiaconcursos.com.br 38
Erick
Prof. Alves,
Erick AlvesTime Erick Alves
Aula
Aula 08 10

relativamente a terceiros usuários e não-usuários do serviço, segundo decorre do art. 37, § 6º, da
Constituição Federal. II - A inequívoca presença do nexo de causalidade entre o ato administrativo e
o dano causado ao terceiro não-usuário do serviço público, é condição suficiente para estabelecer a
responsabilidade objetiva da pessoa jurídica de direito privado. III - Recurso extraordinário
desprovido.
*****

Inserir
Direito aqui o nomep/do
Administrativo Curso
MPU (Técnico - Administração) Com Videoaulas - Pós-Edital 31
www.estrategiaconcursos.com.br
www.estrategiaconcursos.com.br 38
Erick
Prof. Alves,
Erick AlvesTime Erick Alves
Aula
Aula 08 10

RESUMÃO DA AULA
SERVIÇOS PÚBLICOS
Ü Elementos da definição:
§ Subjetivo: o sujeito é o Estado (Poder Público), que presta direta ou indiretamente.
§ Objetivo: atividades de interesse coletivo (nem sempre, ex: loterias).
§ Formal: o regime jurídico é de direito público (mas quando prestado por concessionárias ou permissionárias o regime
predominante é de direito privado – regime híbrido).
Ü Não são serviços públicos: atividades judiciais, legislativas e de governo (políticas); fomento; poder de polícia; intervenção
na propriedade privada; obras públicas.
Ü Ordem social (saúde e educação): podem ser prestados pelos particulares independentemente de delegação. São
atividades privadas, sujeitas ao poder de polícia do Estado. Apenas quando desempenhadas pelo Estado é que se sujeitam
ao regime de direito público.
Ü Formas de prestação:
§ Prestação direta: o serviço é prestado pela Administração Pública, direta ou indireta.
§ Prestação indireta: o serviço é prestado por particulares, aos quais, mediante delegação do Poder Público, é atribuída a
sua mera execução.
Ü Regulamentação e controle: atividade típica do Poder Público, indelegável a particulares.

REPARTIÇÃO DE COMPETÊNCIAS
Princípio da predominância do interesse.
§ União: interesse nacional. Rol taxativo. Ex: defesa nacional, serviço postal, energia, transporte ferroviária, e rodoviário
interestadual e internacional.
§ Municípios: interesse local. Rol exemplificativo. Ex: transporte coletivo, serviço funerário.
§ Estados: interesse regional. Serviços residuais. Ex: transporte intermunicipal; gás canalizado.
§ Distrito Federal: serviços estaduais e municipais.
§ Comum: rol taxativo. Serviços prestados de forma paralela, sem subordinação.

CLASSIFICAÇÕES
Originário: só pode ser prestado pelo Estado; poder de império; indelegável. Ex: segurança nacional.
Derivado: pode ser prestado por particulares; delegável. Ex: energia, telefonia.

Exclusivo: titularidade do Estado, prestados direta ou indiretamente. Ex: energia.


Não exclusivo: Estado não é titular; podem ser prestados por particulares sem delegação. Ex: saúde, educação.

Próprio: prestado pelo Estado, direta ou indiretamente. Ex: energia, escola pública.
Impróprio: prestado por particular, sem delegação. Ex: saúde, educação.

Geral, uti universi: Usuários indeterminados. Ex: iluminação pública, saneamento.


Individual, uti singuli: Usuários determinados, mensuráveis. Ex: água, exergia.

Administrativo: atende necessidades internas da Administração. Ex: imprensa oficial.


Comercial: atende necessidades econômicas da população; gera lucro. Ex: transporte
Social: atende necessidades de ordem social; não gera lucro. Ex: cultura, assistência social.

Obrigatório: colocado à disposição dos cidadãos, obrigatoriamente; remunerado por tributos.


Facultativo: usuário pode optar por recebê-lo ou não; remunerado por tarifas.

Inserir
Direito aqui o nomep/do
Administrativo Curso
MPU (Técnico - Administração) Com Videoaulas - Pós-Edital 32
www.estrategiaconcursos.com.br
www.estrategiaconcursos.com.br 38
Erick
Prof. Alves,
Erick AlvesTime Erick Alves
Aula
Aula 08 10

DELEGAÇÃO
Concessão Permissão Autorização

Sempre precedida de licitação, na Sempre precedida de licitação, mas Não há licitação.


modalidade concorrência. não há modalidade específica.

Celebração com pessoa jurídica ou Celebração com pessoa física ou Celebração com pessoa física ou
consórcio de empresas. jurídica. jurídica.

Não há precariedade. Delegação a título precário. Delegação a título precário.

Natureza contratual. Natureza contratual; a lei explicita Ato administrativo, discricionário.


tratar-se de contrato de adesão.

Não é cabível revogação do A lei prevê a revogabilidade Pode ser revogado, sem
contrato. unilateral do contrato pelo poder indenização ao particular.
concedente.

Ü! Permissão de serviço público = contrato administrativo


Ü! Permissão de uso de bem público = ato administrativo

CONCESSÃO E PERMISSÃO
Serviço público adequado: regularidade, continuidade, eficiência, segurança, atualidade, generalidade, cortesia na sua prestação
e modicidade das tarifas.
ü! Em situação de emergência (ex: queda de raio na central elétrica); ou
ü!Após prévio aviso, quando:
Serviço pode
§!motivada por razões de ordem técnica ou de segurança das instalações (ex:
ser paralisado
manutenção periódica e reparos preventivos); e
§!por inadimplemento do usuário, considerado o interesse da coletividade;

ü!Concessão = concorrência; permissão = qualquer modalidade.


ü!Não pode ser dispensada (a doutrina admite a inexigibilidade, por inviabilidade de
competição).
Licitação ü!Inversão de fases (julgamento antes da habilitação)
ü!É possível a participação de empresa estatal (pode contratar por dispensa para formular
proposta).
ü!Autores dos projetos básicos ou executivo podem participar.

Prazo: deve ser determinado (a lei não prevê prazos mínimos e máximos).
Transferência de encargos:
§! Contratação com terceiros (não depende de autorização)
§! Subconcessão (parcial; licitação na modalidade concorrência; sub-rogação)
§! Transferência de concessão (total; anuência prévia do poder concedente, sob pena de caducidade)
§! Transferência de controle societário (anuência prévia do poder concedente, sob pena de caducidade)
§! Assunção do controle ou da administração temporária pelos financiadores
Política tarifária: poder concedente homologa reajustes e promove a revisão.

INTERVENÇÃO:
Ø! Provisória, por decreto, para assegurar serviço público adequado. Prazo: 30 dias para instaurar processo administrativo e
mais 180 dias para conclusão do procedimento (máximo 210 dias).
Ø! Após a intervenção a concessão será extinta; ou a administração será devolvida à concessionária.

Inserir
Direito aqui o nomep/do
Administrativo Curso
MPU (Técnico - Administração) Com Videoaulas - Pós-Edital 33
www.estrategiaconcursos.com.br
www.estrategiaconcursos.com.br 38
Erick
Prof. Alves,
Erick AlvesTime Erick Alves
Aula
Aula 08 10

EXTINÇÃO:
Ø! Termo contratual: término do prazo do contrato.
Ø! Encampação: por interesse público, com indenização prévia e autorização legislativa.
Ø! Caducidade: por inadimplência do contratado, com indenização posterior e sem autorização legislativa.
Ø! Rescisão: por iniciativa da concessionária, após decisão judicial.
Ø! Anulação: por ilegalidade ou ilegitimidade no contrato ou na licitação; decretada pelo poder concedente ou pelo Judiciário,
se provocado.
Ø! Falência ou extinção da concessionária (ou falecimento/incapacidade o titular, no caso de empresa individual).
Ü! Em todas as hipóteses há indenização das parcelas não amortizadas dos bens reversíveis.

Inserir
Direito aqui o nomep/do
Administrativo Curso
MPU (Técnico - Administração) Com Videoaulas - Pós-Edital 34
www.estrategiaconcursos.com.br
www.estrategiaconcursos.com.br 38
Erick
Prof. Alves,
Erick AlvesTime Erick Alves
Aula
Aula 08 10

LISTA DE QUESTÕES
1. (Cespe – TCU 2011)
Suponha que, após a realização de procedimento licitatório, na modalidade de concorrência,
tenha sido firmada uma PPP com o objetivo único de executar obra pública e que as obrigações
pecuniárias assumidas pela administração pública tenham sido oferecidas mediante garantia
prestada por organismos internacionais. Considerando-se essa situação, é correto afirmar que
há ofensa à legislação de regência, visto que é vedada a celebração de contrato de PPP que
tenha por único objeto a execução de obra pública, embora a garantia prestada por organismo
internacional seja admitida pela lei como garantia das obrigações pecuniárias assumidas pela
administração pública.
2. (Cespe – AGU 2012)
A contratação de parceria público-privada deve ser precedida de licitação na modalidade
convite, estando a abertura do processo licitatório condicionada a autorização, fundamentada
em estudo técnico, da autoridade competente.
3. (Cespe – JF TRF2 2013)
Mediante lei sancionada em 2004, o Brasil adotou a PPP como instrumento para a viabilização
de projetos fundamentais ao crescimento do país. Referida lei incorporou conceitos bem
sucedidos da experiência internacional, de modo a garantir que as PPPs sejam balizadas na
atuação transparente da administração pública. Acerca desse instrumento de gestão pública,
assinale a opção correta.
a) Embora a responsabilidade fiscal não seja uma diretriz expressa na legislação de PPP, o
melhor entendimento doutrinário aponta para a aplicação da Lei de Responsabilidade Fiscal à
execução desse tipo de contrato administrativo.
b) Não se admite o emprego da arbitragem na hipótese de um município querer dirimir
conflitos decorrentes de contrato de PPP.
c) Um estado da Federação, no âmbito de contrato de PPP para a realização de obras públicas
nos seus municípios, estará impedido de ceder parte de seus créditos não tributários a título
de contraprestação.
d) É expressamente vedada a uma sociedade de propósito específico, incumbida de implantar
e gerir o objeto de uma PPP em determinado estado da Federação, constituir-se sob a forma
de companhia aberta.
e) Caso um estado da Federação celebre contrato administrativo de PPP visando à concessão
de serviços públicos, conforme legislação específica, e, além da tarifa a ser cobrada dos
usuários, o contrato preveja contraprestação pecuniária do parceiro público ao parceiro
privado, ter-se-á, nessa hipótese, um exemplo da chamada concessão patrocinada.
4. (ESAF – EPPGG 2009)
Identifique, entre as modalidades de parcerias entre os setores público e privado, a modalidade
que não é pertinente a uma PPP (Parceria Público-Privado).

Inserir
Direito aqui o nomep/do
Administrativo Curso
MPU (Técnico - Administração) Com Videoaulas - Pós-Edital 35
www.estrategiaconcursos.com.br
www.estrategiaconcursos.com.br 38
Erick
Prof. Alves,
Erick AlvesTime Erick Alves
Aula
Aula 08 10

a) Modalidade na qual a construção é separada juridicamente da operação, já que neste caso


o empreendimento da construção cabe ao setor privado, mas, após o fim da mesma, o direito
de concessão cabe ao Estado, que diante de outro ato legal, concede a exploração à mesma
empresa ou a outra.
b) Mecanismo de concessão para a exploração de um serviço público, no qual o setor privado
exige do Estado uma taxa de risco social para adquirir a concessão.
c) Mecanismo de concessão para a exploração de um serviço público, na qual a empresa fica
com plenos direitos sobre o projeto, sem devolução posterior para o Estado, não havendo
prazo final da concessão.
d) Venda da concessão para o setor privado de um ativo já em operação, acompanhada da
obrigação de operação e eventual expansão por parte dos novos controladores.
e) Mecanismo de concessão para a exploração de um serviço público, no final da qual, porém,
ela retorna às mãos do Estado.
5. (Cespe – CGE/PI 2015)
Determinado ente da administração pública deseja realizar procedimento licitatório para a
contratação de serviços de segurança patrimonial armada para seu edifício sede. Considerando
essa situação hipotética, julgue o próximo item.
A contratação dos serviços pretendidos constitui forma descentralizada de execução de
serviços públicos, por delegação, na modalidade terceirização.
*****

Inserir
Direito aqui o nomep/do
Administrativo Curso
MPU (Técnico - Administração) Com Videoaulas - Pós-Edital 36
www.estrategiaconcursos.com.br
www.estrategiaconcursos.com.br 38
Erick
Prof. Alves,
Erick AlvesTime Erick Alves
Aula
Aula 08 10

GABARITO
1. C 4. b
2. E 5. E
3. e

Inserir
Direito aqui o nomep/do
Administrativo Curso
MPU (Técnico - Administração) Com Videoaulas - Pós-Edital 37
www.estrategiaconcursos.com.br
www.estrategiaconcursos.com.br 38
Erick Alves, Time Erick Alves
Aula 10

REFERÊNCIAS
Alexandrino, M. Paulo, V. Direito Administrativo Descomplicado. 22ª ed. São Paulo: Método, 2014.
Bandeira de Mello, C. A. Curso de Direito Administrativo. 32ª ed. São Paulo: Malheiros, 2015.
Borges, C.; Sá, A. Direito Administrativo Facilitado. São Paulo: Método, 2015.
Carvalho Filho, J. S. Manual de Direito Administrativo. 27ª ed. São Paulo: Atlas, 2014.
Di Pietro, M. S. Z. Direito Administrativo. 28ª ed. São Paulo: Editora Atlas, 2014.
Furtado, L. R. Curso de Direito Administrativo. 4ª ed. Belo Horizonte: Fórum, 2013.
Knoplock, G. M. Manual de Direito Administrativo: teoria e questões. 7ª ed. Rio de Janeiro: Elsevier,
2013.
Justen Filho, Marçal. Curso de direito administrativo. 10ª ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2014.
Marrara, Thiago. As fontes do direito administrativo e o princípio da legalidade. Revista Digital de
Direito Administrativo. Ribeirão Preto. V. 1, n. 1, p. 23-51, 2014.
Meirelles, H. L. Direito administrativo brasileiro. 41ª ed. São Paulo: Malheiros, 2015.
Scatolino, G. Trindade, J. Manual de Direito Administrativo. 2ª ed. JusPODIVM, 2014.

Inserir
Direito aqui o nomep/do
Administrativo Curso
MPU (Técnico - Administração) Com Videoaulas - Pós-Edital 38
www.estrategiaconcursos.com.br
www.estrategiaconcursos.com.br 38

Você também pode gostar