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Direito Administrativo para Delegado PF 2017

Teoria e exercícios comentados


Prof. Erick Alves – Aula 15

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AULA 15
Ol‡ pessoal!

O tema da nossa aula Ž Interven•‹o do Estado na propriedade


privada.

Estudaremos os seguintes assuntos:

SUMÁRIO

Intervenção do Estado na propriedade privada .............................................................................................3


Modalidades de intervenção ......................................................................................................................................6
Servidão administrativa...............................................................................................................................................7
Requisição administrativa .......................................................................................................................................11
Ocupação temporária.................................................................................................................................................16
Limitações administrativas .....................................................................................................................................18
Tombamento..................................................................................................................................................................20
Desapropriação...............................................................................................................................................................31
Bens desapropriáveis.................................................................................................................................................32
Procedimento ................................................................................................................................................................32
Indenização ....................................................................................................................................................................38
Imissão provisória na posse....................................................................................................................................40
Destino dos bens desapropriados ........................................................................................................................41
Desapropriação sancionatória ...............................................................................................................................41
Desapropriação indireta ...........................................................................................................................................43
Direito de extensão .....................................................................................................................................................45
Tredestinação ................................................................................................................................................................45
Retrocessão ....................................................................................................................................................................46
JU R IS P R U D Ê N C IA .....................................................................................................................................................58
RESUMÃO DA AULA.......................................................................................................................................................59
Questões comentadas na aula ................................................................................................................................59
Gabarito...............................................................................................................................................................................68

Vamos l‡?!

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INTERVENÇÃO DO ESTADO NA PROPRIEDADE PRIVADA

Nesta aula estudaremos as principais modalidades de interven•‹o


do Estado na propriedade privada.
Mas, professor, como assim Òinterven•‹oÓ do Estado? O direito de
propriedade n‹o Ž absoluto?
Pois bem, vamos por partes. De fato, ˆ Žpoca dos Estados liberais
(sŽculos XVIII e XIX), o direito de propriedade era considerado absoluto.
Naquela Žpoca, da mesma forma que se pregava a aus•ncia do Estado na
economia, tambŽm n‹o se admitia a interfer•ncia estatal na propriedade
privada.
PorŽm, no sŽculo XX, esse entendimento come•ou a mudar. Passou-
se a considerar que o papel do Estado seria o de prover a sociedade com o
m’nimo de conforto material, prestando-lhe servi•os essenciais. Era o
per’odo do Estado do bem-estar social. A partir de ent‹o, deixou-se de dar
tanta import‰ncia aos direitos de cada indiv’duo para conferir maior
prote•‹o aos interesses coletivos, de toda a sociedade. Por conseguinte,
passou-se a admitir que alguns direitos individuais, dentre eles o direito
de propriedade, pudessem ser mitigados ou restringidos em prol do
interesse da coletividade.
Na Constitui•‹o Federal, o direito de propriedade Ž reconhecido no
art. 5¼, XII: ÒŽ garantido o direito de propriedadeÓ. O dispositivo indica
que esse direito n‹o poder‡ ser suprimido do nosso ordenamento jur’dico,
mas, por outro lado, n‹o impede que ele seja condicionado e limitado.
Em outras palavras, a propriedade n‹o Ž mais um direito absoluto, como
ocorria na Žpoca medieval.
Com efeito, j‡ no inciso seguinte do art. 5¼, o texto constitucional
disp›e: Òa propriedade atender‡ a sua fun•‹o socialÓ. Ou seja, hoje, o
direito de propriedade s— se justifica para atender a fun•‹o social, vale
dizer, para proporcionar o bem-estar da coletividade em geral, e n‹o
apenas do indiv’duo que detŽm a posse do bem. Se a propriedade n‹o
est‡ atendendo a sua fun•‹o social, o Estado deve intervir para amold‡-
la a essa qualifica•‹o, estabelecendo obriga•›es, limita•›es ou mesmo se
apropriando do bem, tudo com o intuito de impedir o uso ego’stico e
antissocial da propriedade1.

1 Carvalho Filho (2014, p. 791).

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Como se nota, dois princ’pios fundamentais sustentam a possibilidade


de o Estado intervir na propriedade privada: a supremacia do interesse
pœblico sobre o dos particulares e a fun•‹o social da propriedade.
No que tange ˆ supremacia do interesse pœblico, o Estado,
quando intervŽm na propriedade de um particular, age de forma vertical,
ou seja, cria imposi•›es que de alguma forma restringem ou atŽ mesmo
impedem o uso da propriedade pelo seu dono. E faz isso exatamente pela
posi•‹o de supremacia que ostenta relativamente aos interesses privados,
com o intuito de defender o interesse pœblico.
Em rela•‹o ˆ fun•‹o social, trata-se, na verdade, de um conceito
jur’dico indeterminado. A Constitui•‹o, contudo, procurou dar-lhe alguma
objetividade em certas passagens.
No cap’tulo destinado ˆ pol’tica urbana, diz a Constitui•‹o: ÒA
propriedade urbana cumpre sua fun•‹o social quando atende ˆs
exig•ncias fundamentais de ordena•‹o da cidade expressas no plano
diretorÓ (art. 182, ¤2¼). Portanto, no que tange ˆ propriedade urbana,
o paradigma para a express‹o da sua fun•‹o social Ž o plano diretor do
Munic’pio. Por exemplo, o indiv’duo adquire de um particular um terreno ˆ
beira lago cuja destina•‹o, no plano diretor do Munic’pio, Ž ser um espa•o
para o lazer da popula•‹o em geral, s— que o novo propriet‡rio coloca
uma cerca ao redor do terreno e resolve construir uma casa para sua
pr—pria moradia. Nessa situa•‹o, a propriedade n‹o est‡ cumprindo sua
fun•‹o social, mas apenas satisfazendo o interesse de seu propriet‡rio, o
que autoriza a interven•‹o do Munic’pio. De fato, em caso de
descumprimento do plano diretor, a Constitui•‹o confere poderes
interventivos ao Munic’pio, os quais podem culminar na desapropria•‹o do
bem (art. 182, ¤4¼2), conforme veremos adiante.
Quanto ˆ propriedade rural, a Constitui•‹o estabelece requisitos
m’nimos para que se considere atendida a sua fun•‹o social. Segundo o
art. 186, a fun•‹o social Ž cumprida quando a propriedade rural atende,
simultaneamente, segundo critŽrios e graus de exig•ncia estabelecidos
em lei, aos seguintes requisitos:

2§ 4º & É facultado ao Poder Público municipal, mediante lei específica para área incluída no plano diretor,
exigir, nos termos da lei federal, do proprietário do solo urbano não edificado, subutilizado ou não utilizado,
que promova seu adequado aproveitamento, sob pena, sucessivamente, de:
I & parcelamento ou edificação compulsórios;
II & imposto sobre a propriedade predial e territorial urbana progressivo no tempo;
III & desapropriação com pagamento mediante títulos da dívida pública de emissão previamente aprovada
pelo Senado Federal, com prazo de resgate de até dez anos, em parcelas anuais, iguais e sucessivas,
assegurados o valor real da indenização e os juros legais.

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! Aproveitamento racional e adequado;

! Utiliza•‹o adequada dos recursos naturais dispon’veis e preserva•‹o do


meio ambiente;

! Observ‰ncia das disposi•›es que regulam as rela•›es de trabalho;

! Explora•‹o que favore•a o bem-estar dos propriet‡rios e dos trabalhadores.

Ademais, a CF considera que, automaticamente, h‡ o cumprimento


da fun•‹o social na pequena e mŽdia propriedade rural, bem como na
propriedade produtiva (art. 1853).
Caso a propriedade rural n‹o cumpra a sua fun•‹o social, a
Constitui•‹o autoriza a Uni‹o a promover a respectiva desapropria•‹o
por interesse social, para fins de reforma agr‡ria (art. 184, caput4),
como tambŽm veremos na sequ•ncia da aula.
Ao condicionar o direito ˆ propriedade ao atendimento da sua fun•‹o
social, o texto constitucional, de um lado, assegura o direito do
propriet‡rio, tornando inatac‡vel sua propriedade caso ela esteja
cumprindo aquela fun•‹o (o Estado tem o dever jur’dico de respeit‡-la
nessas condi•›es), e, de outro, imp›e ao propriet‡rio o dever jur’dico de
mant•-la ajustada ˆ exig•ncia constitucional, garantindo ao Estado
(abrangendo, aqui, todos os entes da Federa•‹o) o poder de interven•‹o
na propriedade que estiver em dŽbito com a fun•‹o social.
Na mesma linha, o C—digo Civil disp›e que o propriet‡rio tem a
faculdade de Òusar, gozar e dispor da coisa, e o direito de reav•-la do
poder de quem quer que injustamente a possua ou detenhaÓ (art. 1.228).
Mas em seguida, faz a seguinte ressalva, condizente com o car‡ter social
da propriedade: Òo direito de propriedade deve ser exercido em
conson‰ncia com as suas finalidades econ™micas e sociais e de modo
que sejam preservados, de conformidade com o estabelecido em lei
especial, a flora, a fauna, as belezas naturais, o equil’brio ecol—gico
e o patrim™nio hist—rico e art’stico, bem como evitada a polui•‹o do ar
e das ‡guasÓ (art. 1.228, ¤1¼). Por fim, o C—digo admite a perda da

3 Art. 185. São insuscetíveis de desapropriação para fins de reforma agrária:


I & a pequena e média propriedade rural, assim definida em lei, desde que seu proprietário não possua outra;
II & a propriedade produtiva.
Parágrafo único. A lei garantirá tratamento especial à propriedade produtiva e fixará normas para o
cumprimento dos requisitos relativos a sua função social.
4 Art. 184. Compete à União desapropriar por interesse social, para fins de reforma agrária, o imóvel rural

que não esteja cumprindo sua função social, mediante prévia e justa indenização em títulos da dívida
agrária, com cláusula de preservação do valor real, resgatáveis no prazo de até vinte anos, a partir do
segundo ano de sua emissão, e cuja utilização será definida em lei.

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propriedade por desapropria•‹o por necessidade ou utilidade pœblica, ou


interesse social, bem como sua priva•‹o tempor‡ria na hip—tese de
requisi•‹o, em caso de perigo pœblico iminente (art. 1.228, ¤3¼). Essas
disposi•›es do C—digo Civil refor•am o sentido social da propriedade. Se o
propriet‡rio n‹o respeita essa fun•‹o, nasce para o Estado o poder
jur’dico de nela intervir e atŽ de suprimi-la.
Resumindo essas no•›es, Carvalho Filho conceitua interven•‹o do
Estado na propriedade privada da seguinte forma:

Interven•‹o do Estado na propriedade privada: toda e qualquer


atividade estatal que, amparada em lei, tenha por fim ajustar a
propriedade aos inœmeros fatores exigidos pela fun•‹o social a que est‡
condicionada.

Mas, como se d‡ a interven•‹o do Estado na propriedade privada? ƒ


somente por meio da desapropria•‹o ou existem outras formas? ƒ o que
veremos em seguida.

MODALIDADES DE INTERVENÇÃO

Carvalho Filho ensina que existem duas formas b‡sicas de


interven•‹o do Estado na propriedade, a saber:
" Interven•‹o restritiva

" Interven•‹o supressiva

A interven•‹o restritiva Ž aquela em que o Estado imp›e restri•›es


e condicionamentos ao uso da propriedade, sem, no entanto, retir‡-la de
seu dono. S‹o modalidades de interven•‹o restritiva: servid‹o
administrativa, requisi•‹o, ocupa•‹o tempor‡ria, limita•›es
administrativas e tombamento.
A interven•‹o supressiva, por sua vez, Ž aquela em que o Estado,
valendo-se da supremacia que possui em rela•‹o aos indiv’duos, transfere
coercitivamente para si a propriedade de terceiro, em virtude de algum
interesse pœblico previsto na lei. Em outras palavras, o dono efetivamente
perde a sua propriedade em favor do Estado. A œnica modalidade de
interven•‹o supressiva Ž a desapropria•‹o.

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pode o Estado faz•-lo em rela•‹o aos bens da Uni‹o. Por outro lado
(desde que haja autoriza•‹o legislativa), a Uni‹o pode instituir servid‹o
em rela•‹o a bens estaduais e municipais, e o Estado em rela•‹o a bens
municipais. Na verdade, essa regra de ÒhierarquiaÓ entre os entes
federados vale para todas as modalidades de interven•‹o que podem
incidir sobre bens pœblicos.
As servid›es administrativas podem ser institu’das por meio de
acordo administrativo ou por senten•a judicial. Por essa raz‹o, diz-se
que, na servid‹o administrativa, n‹o h‡ autoexecutoriedade.
Pelo acordo administrativo, o Poder Pœblico e o particular
propriet‡rio do im—vel celebram um acordo formal permitindo que o
Estado utilize a propriedade para determinada finalidade de interesse
pœblico. Esse acordo deve ser sempre precedido da declara•‹o de
necessidade pœblica de instituir a servid‹o por parte do Estado. Essa
declara•‹o Ž feita por meio de decreto do Chefe do Executivo.
Quando n‹o h‡ acordo entre as partes, a servid‹o pode ser institu’da
por senten•a judicial. O mais comum Ž o Poder Pœblico entrar com a•‹o
contra o propriet‡rio. Mas tambŽm pode ocorrer o contr‡rio, ou seja, o
propriet‡rio entrar com a•‹o contra o Poder Pœblico caso, por exemplo, o
Estado passe a usar sua propriedade sem a institui•‹o formal da servid‹o
e, consequentemente, sem lhe pagar a devida indeniza•‹o.
Por falar em indeniza•‹o, ela s— Ž devida para ressarcir os danos
ou preju’zos causados pelo Poder Pœblico durante o uso. Afinal, n‹o
h‡ transfer•ncia de propriedade. Portanto, se o Poder Pœblico n‹o
provocar nenhum dano ou preju’zo ao im—vel, o propriet‡rio n‹o far‡ jus a
qualquer indeniza•‹o. Por outro lado, se houver preju’zo, o propriet‡rio
dever‡ ser indenizado em montante equivalente ao preju’zo. E o ™nus da
prova Ž do propriet‡rio, ou seja, Ž ele quem deve demonstrar que o
Poder Pœblico danificou seu im—vel e, por isso, lhe deve a indeniza•‹o.
O prazo de prescri•‹o para o particular pleitear indeniza•‹o no caso
de servid‹o administrativa Ž de cinco anos, contados da efetiva restri•‹o
imposta pelo Poder Pœblico (Decreto-lei 3.365/1941, art. 10, par‡grafo
œnico).
Sendo a servid‹o administrativa um direito real em favor do Poder
Pœblico sobre a propriedade alheia, cabe inscrev•-la no Registro de
Im—veis para produzir efeitos erga omnes, ou seja, para assegurar o
conhecimento do fato por terceiros interessados.

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condicionada à existência de prejuízo e constituição mediante acordo ou decisão


judicial.
a) requisição
b) tombamento
c) servidão administrativa
d) ocupação temporária
e) desapropriação
Comentários: Do que foi visto até aqui, trataRse, sem dúvida, da definição
de servidão administrativa.
Gabarito: alternativa “c”

REQUISIÇÃO ADMINISTRATIVA

Requisi•‹o administrativa Ž a utiliza•‹o coativa de bens e servi•os


particulares pelo Estado em situa•‹o de perigo pœblico iminente, com
indeniza•‹o posterior, se houver dano.
A express‹o-chave para a requisi•‹o, portanto, Ž Òperigo pœblico
iminenteÓ, que Ž aquele perigo que n‹o apenas coloca em risco a
coletividade, mas que tambŽm est‡ prestes a acontecer.
Na Constitui•‹o Federal, o instituto est‡ previsto em seu art. 5¼,
XXV:

XXV - no caso de iminente perigo pœblico, a autoridade competente poder‡


usar de propriedade particular, assegurada ao propriet‡rio indeniza•‹o
ulterior, se houver dano;

A requisi•‹o administrativa pode ser militar ou civil. A requisi•‹o


militar objetiva o resguardo da seguran•a interna e a manuten•‹o da
soberania nacional, diante de conflito armado, como•‹o interna etc.; a
requisi•‹o civil, por sua vez, visa a evitar danos ˆ vida, ˆ saœde e aos
bens da coletividade, diante de inunda•‹o, inc•ndio, sonega•‹o de
g•neros de primeira necessidade, epidemias, cat‡strofes etc5.
A requisi•‹o pode incidir sobre bens m—veis e im—veis, assim como
sobre servi•os particulares. Numa situa•‹o de iminente calamidade
pœblica, por exemplo, a Administra•‹o poder‡ requisitar o uso de im—vel
particular ou dos equipamentos e dos servi•os mŽdicos de um hospital

5 Marcelo Alexandrino e Vicente Paulo (2014, p. 1027).

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privado. Outros exemplos seriam a utiliza•‹o de ve’culo particular pela


Pol’cia para a persegui•‹o de criminosos ou o uso de uma escada
particular pelos Bombeiros para combater inc•ndio.
Diante da situa•‹o de perigo iminente, a requisi•‹o poder‡ ser
decretada de imediato, sem a necessidade de prŽvia autoriza•‹o
judicial. Trata-se, portanto, de um ato autoexecut—rio. A œnica
condi•‹o Ž a exist•ncia do perigo pœblico iminente e a observ‰ncia das
formalidades legais quanto ˆ compet•ncia para a pr‡tica do ato e ao
procedimento adequado.
A Constitui•‹o Federal estabelece que compete privativamente ˆ
Uni‹o legislar sobre requisi•›es civis e militares, em caso de iminente
perigo e em tempo de guerra (art. 22, III). Tal compet•ncia, porŽm, Ž
apenas legislativa, ou seja, para editar leis sobre o assunto. De fato,
todos os entes federados podem praticar atos de requisi•‹o, desde que
presentes os requisitos constitucionais e legais6.
Quanto ˆ indeniza•‹o, somente Ž devida em caso de dano; se
n‹o houver dano, n‹o h‡ que se falar em indeniza•‹o pelo uso do bem ou
servi•o durante a situa•‹o de perigo pœblico.
A pretens‹o do propriet‡rio para postular a indeniza•‹o prescreve
em cinco anos, contados a partir do momento em que se inicia o efetivo
uso do bem pelo Poder Pœblico. O princ’pio, neste caso, Ž o mesmo
aplicado ˆ servid‹o administrativa.
Por outro lado, enquanto a servid‹o administrativa possui um car‡ter
permanente, a requisi•‹o Ž transit—ria: sua extin•‹o ocorre t‹o logo
desapare•a a situa•‹o de perigo pœblico iminente.

6 Carvalho Filho (2014, p. 804).

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fato, o proprietário terá direito à indenização se houver dano decorrente do


uso de seu bem ou serviço pelo Poder Público.
d) ERRADA. Como afirmado anteriormente, a requisição é transitória, e
não há transferência de propriedade para o Estado.
e) ERRADA. A requisição constitui ato autoexecutório, e, portanto,
independe do consentimento do proprietário.
Gabarito: alternativa “a”

7. (Cespe – TRE/PI 2016) Acerca da requisição administrativa, assinale a opção


correta.
a) A requisição administrativa é definitiva, e deve ser precedida de indenização paga
em dinheiro.
b) A requisição administrativa é direito pessoal da administração pública, incidindo
sobre bens móveis, imóveis e serviços.
c) A indenização é devida somente no caso de requisição administrativa de bens
imóveis, condicionada à existência de prejuízo ou dano.
d) Da requisição administrativa, cujo pressuposto é unicamente o interesse público,
resulta indenização, sempre ulterior.
e) Para a ocorrência da requisição administrativa, um direito real da administração
pública, basta o interesse público.
Comentários: vamos analisar cada alternativa:
a) ERRADA. A requisição administrativa é transitória, pois sua extinção
ocorre tão logo desapareça a situação de perigo que a motivou. Ademais, a
indenização é posterior e condicionada, sendo devida apenas se houver dano
ao bem.
b) CERTA. Diferentemente da servidão administrativa, que constitui um
direito real, a requisição configura um direito pessoal da Administração.
c) ERRADA. A indenização é devida em qualquer caso, requisição
administrativa de bens imóveis e móveis, mas sempre condicionada à
existência de prejuízo ou dano.
d) ERRADA. O pressuposto da requisição administrativa não é só o
interesse público, mas especificamente a existência de uma situação de perigo
iminente.
e) ERRADA. A requisição administrativa é um direito pessoal, e não real.
Ademais, não basta o interesse público, sendo necessária a configuração de
uma situação de perigo iminente.
Gabarito: alternativa “b”

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OCUPAÇÃO TEMPORÁRIA

Ocupa•‹o tempor‡ria Ž a forma de interven•‹o pela qual o Poder


Pœblico usa transitoriamente im—veis privados, como meio de apoio ˆ
execu•‹o de obras e servi•os pœblicos.
ƒ o caso, por exemplo, de quando a Administra•‹o, em obras de
estradas, usa terreno particular como local para guardar m‡quinas e
equipamentos ou para montagem de barracas de oper‡rios. Ocorre
tambŽm quando o Poder Pœblico usa escolas, clubes e outros
estabelecimentos privados como locais de vota•‹o nas elei•›es ou como
postos de vacina•‹o nas campanhas pœblicas.
Detalhe Ž que a ocupa•‹o tempor‡ria s— incide sobre bem im—vel.
A institui•‹o da ocupa•‹o tempor‡ria Ž ato autoexecut—rio, ou seja,
n‹o depende de prŽvia autoriza•‹o do Poder Judici‡rio.
J‡ a sua extin•‹o d‡-se com a conclus‹o da obra ou servi•o pelo
Poder Pœblico, ou seja, com o fim da necessidade que lhe deu causa.
Na ocupa•‹o tempor‡ria, assim como na servid‹o e na requisi•‹o, a
indeniza•‹o tambŽm Ž condicionada ˆ ocorr•ncia de preju’zo ao
propriet‡rio, ou seja, em princ’pio n‹o haver‡ indeniza•‹o alguma; esta
s— ser‡ devida se o uso do bem particular acarretar preju’zo ao seu
propriet‡rio7.
Ocorre em cinco anos a prescri•‹o para que o propriet‡rio postule
indeniza•‹o pelos preju’zos decorrentes da ocupa•‹o tempor‡ria.

7 Há casos em que a ocupação temporária incide sobre terrenos vizinhos a obras públicas vinculadas ao
processo de desapropriação. Nestes casos, a ocupação temporária será sempre indenizada,
independentemente de dano. É o que dispõe o art. 36 do Decreto 3.365/1941, que trata da desapropriação
por utilidade pública: “É permitida a ocupação temporária, que será indenizada, afinal, por ação própria, de
terrenos não edificados, vizinhos às obras e necessários à sua realização”.

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LIMITAÇÕES ADMINISTRATIVAS

Limita•›es administrativas s‹o determina•›es de car‡ter geral,


previstas em lei ou em ato normativo, por meio das quais o Poder
Pœblico imp›e a propriet‡rios indeterminados obriga•›es de fazer
(obriga•›es ÒpositivasÓ), ou obriga•›es de deixar de fazer alguma coisa
(obriga•›es ÒnegativasÓ, ou de Òn‹o fazerÓ ou de ÒpermitirÓ), com a
finalidade de assegurar que a propriedade atenda sua fun•‹o social.
No caso das limita•›es administrativas, o Poder Pœblico n‹o pretende
realizar qualquer obra ou servi•o pœblico. Pretende, ao contr‡rio,
condicionar as propriedades ˆ fun•‹o social que delas Ž exigida, ainda que
contrariando o interesse individual dos respectivos propriet‡rios.
S‹o exemplos de limita•›es administrativas: a obriga•‹o de observar
o recuo de alguns metros das constru•›es em terrenos urbanos; a
proibi•‹o de desmatamento de parte da ‡rea de floresta em propriedade
rural; proibi•‹o de construir alŽm de determinado nœmero de pavimentos;
a obrigatoriedade de permitir vistorias em elevadores de edif’cios ou o
ingresso de agentes para fins de vigil‰ncia sanit‡ria etc.
Como se nota, as limita•›es administrativas possuem fundamento no
poder de pol’cia do Estado.
As limita•›es administrativas podem incidir tanto sobre bens
im—veis como sobre quaisquer outros bens e atividades
particulares.
Devem ser sempre gerais, dirigidas a propriedades
indeterminadas, e jamais a algum particular espec’fico. Geralmente, t•m
origem em leis e atos normativos de natureza urbanista.
Sendo imposi•›es de car‡ter geral, dirigida a pessoas
indeterminadas, as limita•›es administrativas, de regra, n‹o afetam
diretamente o direito subjetivo de alguŽm, raz‹o pela qual n‹o d‹o
ensejo ˆ indeniza•‹o em favor dos propriet‡rios. Com efeito, os
preju’zos eventualmente ocorridos n‹o s‹o individualizados, mas sim
gerais, devendo ser suportados pelos prejudicados em favor da
coletividade.

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TOMBAMENTO

Tombamento Ž a forma de interven•‹o na propriedade por meio da


qual o Poder Pœblico busca proteger bens que possuem valor cultural
hist—rico, art’stico, cient’fico, tur’stico e paisag’stico.
Na Constitui•‹o Federal, o dever do Estado de proteger o patrim™nio
cultural brasileiro est‡ previsto no art. 216, ¤1¼. Dentre as v‡rias
formas de prote•‹o, a CF prev• o tombamento. Vejamos:

¤ 1¼ - O Poder Pœblico, com a colabora•‹o da comunidade, promover‡ e


proteger‡ o patrim™nio cultural brasileiro, por meio de invent‡rios, registros,
vigil‰ncia, tombamento e desapropria•‹o, e de outras formas de acautelamento
e preserva•‹o.

O patrim™nio cultural brasileiro Ž constitu’do por bens de natureza


material e imaterial, tomados individualmente ou em conjunto,
portadores de refer•ncia ˆ identidade, ˆ a•‹o e ˆ mem—ria dos diferentes
grupos formadores da sociedade brasileira, nos quais se incluem (CF,
art. 216):
! as formas de express‹o;

! os modos de criar, fazer e viver;

! as cria•›es cient’ficas, art’sticas e tecnol—gicas;

! as obras, objetos, documentos, edifica•›es e demais espa•os destinados


ˆs manifesta•›es art’stico-culturais;

! os conjuntos urbanos e s’tios de valor hist—rico, paisag’stico, art’stico,


arqueol—gico, paleontol—gico, ecol—gico e cient’fico.

Pelo tombamento, o Poder Pœblico protege bens que s‹o considerados


de valor hist—rico ou art’stico, determinando a sua inscri•‹o nos chamados
Livros do Tombo. Como consequ•ncia dessa medida, o bem, ainda que
pertencente a particular, passa a ser considerado bem de interesse
pœblico, sujeitando o seu titular a uma sŽrie de restri•›es. Ou seja, no
tombamento, da mesma forma que nas demais modalidades de
interven•‹o j‡ estudadas, os bens n‹o passam para a propriedade do
Poder Pœblico, mas apenas sofrem restri•›es e condicionamentos no seu
uso.
Geralmente, os bens tombados s‹o im—veis que retratam a
arquitetura de Žpocas passadas. Mas tambŽm Ž comum o tombamento de
bairros ou atŽ mesmo de cidades, quando retratam aspectos culturais da

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nossa Hist—ria. O tombamento pode ainda recair sobre bens m—veis,


como documentos textuais e acervos de museus.
Detalhe Ž que o tombamento tambŽm pode incidir sobre
bens pœblicos, vale dizer, bens pertencentes ˆs pessoas pol’ticas (Uni‹o,
Estados, DF e Munic’pios).
N‹o est‹o sujeitas ao tombamento as obras de origem
estrangeira, como as que perten•am ˆs representa•›es diplom‡ticas ou
que sejam trazidas para exposi•›es comemorativas (Decreto-lei 25/1937,
art. 3¼).
A compet•ncia para legislar sobre a prote•‹o ao patrim™nio
hist—rico, cultural, art’stico, tur’stico e paisag’stico Ž concorrente entre a
Uni‹o, os Estados e o Distrito Federal Ð os Munic’pios n‹o est‹o
inclu’dos (CF, art. 24, VII).
Aos Munic’pios foi dada a atribui•‹o de Òpromover a prote•‹o do
patrim™nio hist—rico-cultural local, observada a legisla•‹o e a a•‹o
fiscalizadora federal e estadualÓ (CF, art. 30, IX). Vale dizer, os Munic’pios
n‹o t•m compet•ncia legislativa nessa matŽria 8 , mas devem utilizar os
instrumentos de prote•‹o previstos na legisla•‹o federal e estadual.
O tombamento pode ser volunt‡rio ou compuls—rio.
Ocorre o tombamento volunt‡rio sempre que o processo for
provocado pelo pr—prio propriet‡rio ou sempre que este consentir com a
proposta feita pelo Poder Pœblico. J‡ o tombamento compuls—rio Ž feito
por iniciativa do Poder Pœblico, mesmo contra a vontade do propriet‡rio.
O tombamento pode, ainda, ser provis—rio ou definitivo.
Ser‡ provis—rio enquanto est‡ em curso o processo instaurado pela
notifica•‹o do Poder Pœblico, e definitivo quando, depois de conclu’do o
processo, o Poder Pœblico procede ˆ inscri•‹o do bem como tombado, nos
respectivos registros oficiais. Para todos os efeitos, o tombamento
provis—rio se equiparar‡ ao definitivo (exceto quanto ao registro nos
livros oficiais, que somente Ž feito por ocasi‹o do tombamento definitivo).
Outra classifica•‹o do tombamento, quanto aos destinat‡rios,
considera o individual, que atinge um bem determinado, e o geral, que
atinge todos os bens situados em um bairro ou cidade.

8 Carvalho Filho ensina que a legislação federal e estadual poderá ser suplementada, no que couber, pela
legislação municipal, por força do art. 30, II da CF.

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O tombamento Ž promovido mediante ato administrativo do Poder


Executivo. Tal ato deve ser sempre precedido de processo
administrativo no qual se assegure ao propriet‡rio o direito ao
contradit—rio e ˆ ampla defesa. Neste processo s‹o obrigat—rios9:
! O parecer do —rg‹o tŽcnico cultural (na esfera federal, Ž o Instituto do
Patrim™nio Hist—rico e Art’stico Nacional Ð IPHAN);

! A notifica•‹o ao propriet‡rio, que poder‡ manifestar-se anuindo com o


tombamento ou impugnando a inten•‹o do Poder Pœblico de decret‡-lo;

! Decis‹o do Conselho Consultivo da pessoa incumbida do tombamento,


ap—s as manifesta•›es dos tŽcnicos e do propriet‡rio. A decis‹o poder‡ ser
pela anula•‹o do processo, se houver ilegalidade, pela rejei•‹o da
proposta de tombamento ou pela homologa•‹o da proposta;

! Possibilidade de interposi•‹o de recurso pelo propriet‡rio, contra o


tombamento, a ser dirigido ao chefe do Poder Executivo.

O tombamento produz diversos efeitos, especialmente sobre a


aliena•‹o, as transforma•›es, a conserva•‹o e a fiscaliza•‹o do
bem tombado. Os principais efeitos do tombamento s‹o:
! ƒ vedado ao propriet‡rio, ou ao titular de eventual direito de uso, destruir,
demolir ou mutilar o bem tombado;

! O propriet‡rio somente poder‡ reparar, pintar ou restaurar o bem ap—s a


devida autoriza•‹o do Poder Pœblico;

! O propriet‡rio dever‡ conservar o bem tombado para mant•-lo dentro de


suas caracter’sticas culturais; se n‹o tiver para tanto, dever‡ comunicar
sua necessidade ao —rg‹o competente;

! Independentemente de solicita•‹o do propriet‡rio, pode o Poder Pœblico,


no caso de urg•ncia, providenciar as obras de conserva•‹o;

! Os propriet‡rios dos im—veis vizinhos n‹o podem, sem a autoriza•‹o do


Poder Pœblico, fazer constru•‹o que impe•a ou reduza a visibilidade do
im—vel tombado, nem nele colocar anœncios ou cartazes;

! O tombamento do bem n‹o impede o propriet‡rio de grav‡-lo por meio de


penhor, anticrese ou hipoteca;

! No caso de leil‹o judicial do bem tombado, o Poder Pœblico (Uni‹o,


Estado e Munic’pio, nesta ordem) tem direito de prefer•ncia.

Por este œltimo item, repare que n‹o Ž vedada a aliena•‹o do


bem particular tombado. PorŽm, se essa aliena•‹o for feita em leil‹o
judicial (por exemplo, para executar uma d’vida do propriet‡rio), a

9 Marcelo Alexandrino e Vicente Paulo (2014, p. 1033f1034).

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14. (Cespe – MPE/PI 2012) Assinale a opção correta a respeito dos efeitos do
tombamento.
a) O proprietário de coisa tombada sem recursos para proceder às obras de
conservação e reparação que a coisa requerer deverá entrar com pedido de
concessão de crédito no BNDES, de acordo com o disposto na lei de incentivo à
cultura, e levar ao conhecimento do Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico
Nacional a necessidade das mencionadas obras, sob pena de desapropriação do
bem.
b) As coisas tombadas que pertençam à União, aos estados ou aos municípios
somente poderão ser alienadas e transferidas de uma à outra das referidas
entidades, e, uma vez feita a transferência, dela deve o adquirente dar imediato
conhecimento ao Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional.
c) Sem que seja protocolado o pedido de uso comercial do bem tombado ou que
seja obtida autorização posterior do Conselho Consultivo Nacional do Patrimônio
Histórico, não se poderá, na vizinhança da coisa tombada, fazer construção ou
introduzir objeto que lhe impeça ou reduza a visibilidade, nem nela colocar anúncios
ou cartazes, sob pena de se mandar destruir a obra ou retirar o objeto, impondoPse
ao agente, nesse caso, a multa de 50% do valor da obra ou do objeto.
d) As coisas tombadas ficam sujeitas à vigilância permanente do Serviço de
Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, que, por meio dos agentes da fiscalização
patrimonial do Ministério da Cultura, poderá inspecionáPlas sempre que conveniente,
não podendo os respectivos proprietários ou responsáveis criar obstáculos à
inspeção, sob pena de multa.
e) A coisa tombada não poderá sair do país, senão por curto prazo, sem
transferência de domínio e para fim de intercâmbio cultural, a juízo do Conselho
Consultivo do Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional.
Comentário: Mais uma questão literal do DecretoRlei 25/37. Vamos lá.
a) ERRADA. Nos termos do art. 19 do DecretoRlei 25/37, o “proprietário de
coisa tombada, que não dispuser de recursos para proceder às obras de
conservação e reparação que a mesma requerer, levará ao conhecimento do
Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional a necessidade das
mencionadas obras, sob pena de multa correspondente ao dobro da
importância em que for avaliado o dano sofrido pela mesma coisa”. Ou seja,
não há previsão de financiamento do BNDES e nem de desapropriação do
bem.
b) ERRADA. Segundo o art. 11 do DecretoRlei 25/37, as coisas tombadas
pertencentes aos entes federativos somente poderão ser transferidas (e não
alienadas). Vejamos:

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Passemos agora ao estudo da desapropria•‹o, œnica modalidade de


interven•‹o supressiva na propriedade e, por isso mesmo, mais cheia
de detalhes e mais cobrada em prova.
Em frente!

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DESAPROPRIAÇÃO

Desapropria•‹o ou expropria•‹o Ž o procedimento administrativo


pelo qual o Poder Pœblico transfere para si a propriedade de terceiro, por
raz›es de utilidade pœblica, de necessidade pœblica ou de interesse social,
mediante o pagamento de prŽvia e justa indeniza•‹o.
Na Constitui•‹o Federal, a desapropria•‹o est‡ prevista no art. 5¼,
XXIV:

XXIV - a lei estabelecer‡ o procedimento para desapropria•‹o por


necessidade ou utilidade pœblica, ou por interesse social, mediante justa e
prŽvia indeniza•‹o em dinheiro, ressalvados os casos previstos nesta
Constitui•‹o;

Da leitura do dispositivo constitucional, ganham destaque os


poss’veis pressupostos da desapropria•‹o:
" Necessidade pœblica ou utilidade pœblica;

" Interesse social.

A necessidade pœblica ocorre quando h‡ uma situa•‹o de


emerg•ncia cuja solu•‹o requeira a transfer•ncia da propriedade do bem
para o Poder Pœblico. Por exemplo, numa calamidade pœblica, pode ser
necess‡rio desapropriar im—veis que estejam em situa•‹o de risco.
Diversamente, na utilidade pœblica a transfer•ncia do bem Ž
conveniente e vantajosa ao interesse coletivo, mas n‹o imprescind’vel. Ou
seja, n‹o h‡ uma situa•‹o de emerg•ncia que imponha o ato
expropriat—rio. Exemplo de utilidade pœblica seria a desapropria•‹o de um
im—vel para a constru•‹o de uma escola ou para a abertura de vias
pœblicas.
Por sua vez, o interesse social ocorre quando as circunst‰ncias
imp›em a distribui•‹o ou o condicionamento da propriedade para seu
melhor aproveitamento, utiliza•‹o ou produtividade em benef’cio da
coletividade ou de categorias sociais merecedoras de amparo espec’fico do
Poder Pœblico. Em outras palavras, na desapropria•‹o por interesse social,
busca-se real•ar a fun•‹o social da propriedade, mediante a transfer•ncia
do dom’nio do bem. Como exemplo, pode-se citar a desapropria•‹o de
terras rurais para fins de reforma agr‡ria ou assento de colonos. ConvŽm
assinalar, desde logo, que os bens desapropriados por interesse social n‹o
se destinam ˆ Administra•‹o, mas sim ˆ coletividade ou a certos
benefici‡rios que a lei credencia para recebe-los e utiliza-los

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A primeira exig•ncia implica dizer que a entidade pol’tica ÒmaiorÓ ou


ÒcentralÓ (isto Ž, a que representa os interesses mais abrangentes, quais
sejam, nacional, regional e local, nesta ordem) pode desapropriar bens da
entidade pol’tica ÒmenorÓ ou ÒlocalÓ (que representa os interesses menos
abrangentes), mas o inverso n‹o Ž poss’vel.
Por exemplo, a Uni‹o pode desapropriar um bem pœblico estadual,
mas o Estado n‹o pode desapropriar um bem pœblico federal, embora
possa expropriar um bem pœblico municipal, desde que se trate de um
Munic’pio situado no seu territ—rio.
Disso decorre que os bens pœblicos federais s‹o inexpropri‡veis e que
os Estados n‹o podem desapropriar os bens de outros Estados ou de
Munic’pios situados em outros Estados, nem os Munic’pios podem
desapropriar bens de outras entidades federativas.
Essas regras tambŽm valem para os bens pertencentes ˆs entidades
da administra•‹o indireta vinculadas a cada um dos entes federados,
inclusive no caso das entidades cujos bens se classificam formalmente
como bens privados (funda•›es pœblicas de direito privado, empresas
pœblicas e sociedades de economia mista).
Assim, por exemplo, um Estado n‹o pode desapropriar os bens de
uma autarquia da Uni‹o, mas pode desapropriar os bens de uma empresa
pœblica vinculada a um Munic’pio situado em seu territ—rio.
O art. 2¼, ¤3¼ do Decreto-lei 3.365/1941 disp›e que Ž vedada a
desapropria•‹o, pelos Estados, Distrito Federal, Territ—rios e Munic’pios de
a•›es, cotas e direitos representativos do capital de institui•›es e
empresas cujo funcionamento dependa de autoriza•‹o do Governo Federal
e se subordine ˆ sua fiscaliza•‹o, salvo mediante prŽvia autoriza•‹o,
por decreto do Presidente da Repœblica.
Amparados nessa previs‹o legal, a doutrina e a jurisprud•ncia
constru’ram o entendimento de que um Munic’pio ou um Estado pode
desapropriar bens de uma entidade da administra•‹o indireta
vinculada ˆ Uni‹o, desde que haja prŽvia autoriza•‹o do Presidente
da Repœblica, concedida mediante decreto. Da mesma forma, um
decreto estadual pode autorizar um Munic’pio situado no respectivo
territ—rio a desapropriar bens de entidades administrativas vinculadas ao
Estado.

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Em regra, um ente federado ÒmenorÓ n‹o pode


desapropriar os bens de entidades da
administra•‹o indireta vinculadas a um ente
federado ÒmaiorÓ, salvo se houver autoriza•‹o do
chefe do Poder Executivo do ente ÒmaiorÓ,
mediante decreto.

ƒ importante anotar que, de maneira semelhante, os bens de uma


pessoa privada (n‹o integrante da Administra•‹o Pœblica) que seja
delegat‡ria de um servi•o pœblico de titularidade de um ente federado
ÒmaiorÓ n‹o podem ser desapropriados por um ente ÒmenorÓ, salvo se o
ente ÒmaiorÓ autorizar a desapropria•‹o, mediante decreto. O detalhe Ž
que, nessa hip—tese, a veda•‹o s— alcan•a os bens da delegat‡ria
efetivamente empregados na presta•‹o do servi•o pœblico; dizendo
de outra forma, o decreto de autoriza•‹o n‹o Ž necess‡rio para a
desapropria•‹o de bens n‹o empregados na presta•‹o do servi•o.
Ainda com rela•‹o ao objeto da desapropria•‹o, cabe assinalar que
determinados tipos de bens n‹o podem ser objeto de desapropria•‹o, a
exemplo da moeda corrente do Pa’s e dos chamados direitos
personal’ssimos, como a honra, a liberdade e a cidadania.

PROCEDIMENTO

A doutrina classifica a desapropria•‹o como forma origin‡ria de


aquisi•‹o de propriedade, porque n‹o provŽm de nenhum t’tulo
anterior, vale dizer, nasce de uma rela•‹o direta entre o expropriante e o
bem expropriado, sem a interven•‹o de um terceiro.
Por essa raz‹o, o bem expropriado torna-se insuscet’vel de
reinvindica•‹o, ou seja, n‹o pode ninguŽm aparecer reclamando a
propriedade do bem. Disso decorre, inclusive, que a desapropria•‹o pode
prosseguir mesmo que a Administra•‹o n‹o saiba quem seja o
propriet‡rio do bem; apenas no momento de levantar o valor da
indeniza•‹o Ž que o interessado dever‡ provar que Ž o propriet‡rio.
A desapropria•‹o Ž efetivada mediante um procedimento
administrativo que possui duas fases:
" Fase declarat—ria

" Fase execut—ria

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Na fase declarat—ria, o Poder Pœblico manifesta sua vontade na


futura desapropria•‹o, declarando a exist•ncia de utilidade pœblica, de
necessidade pœblica ou de interesse social para fins de desapropria•‹o.
A declara•‹o expropriat—ria pode ser feita pelo Poder Executivo, por
meio de decreto do Presidente da Repœblica, do Governador ou do
Prefeito (regra), ou pelo Poder Legislativo, mediante lei11. Quando ela
Ž feita pelo Poder Legislativo, cabe ao Executivo tomar as medidas
necess‡rias ˆ efetiva•‹o da desapropria•‹o.
Detalhe Ž que a declara•‹o, quando feita pelo Poder Executivo,
independe de autoriza•‹o legislativa, em regra. Esta somente Ž
obrigat—ria quando a desapropria•‹o recaia sobre bens pœblicos.
O ato declarat—rio, seja lei ou decreto, deve indicar: (i) a descri•‹o
precisa do bem a ser desapropriado; (ii) a finalidade da desapropria•‹o e
a destina•‹o espec’fica a ser dada ao bem; (iii) o fundamento legal;
(iv) os recursos or•ament‡rios destinados ao atendimento da despesa
com a indeniza•‹o.
A declara•‹o de utilidade/necessidade pœblica ou de interesse social,
por si s—, j‡ produz alguns efeitos, dentre os quais se destacam:
! Fixar o estado em que se encontra o bem, isto Ž, indica suas
condi•›es e as benfeitorias existentes, para fins de determinar o valor da
futura indeniza•‹o;

! Conferir ao Poder Pœblico o direito de penetrar no bem a fim de fazer


verifica•›es e medi•›es, sendo poss’vel o recurso ˆ for•a policial no caso
de resist•ncia do propriet‡rio;

! Dar in’cio ˆ contagem do prazo de caducidade da declara•‹o.

Como assinalado acima, o estado do bem no momento da declara•‹o


expropriat—ria Ž que ser‡ levado em considera•‹o no c‡lculo da
indeniza•‹o. Mas isso n‹o impede a realiza•‹o de obras e benfeitorias no
im—vel ap—s a declara•‹o. Todavia, na hip—tese de realiza•‹o de obras
posteriores, a indeniza•‹o somente cobrir‡ as benfeitorias necess‡rias,
isto Ž, aquelas que t•m a finalidade de conservar o im—vel para evitar a
sua deteriora•‹o, a exemplo do reparo de infiltra•›es ou da substitui•‹o
de sistemas elŽtricos danificados. Ademais, desde que autorizadas pelo
Poder Pœblico, tambŽm poder‹o ser indenizadas as benfeitorias œteis,
isto Ž, aquelas que aumentam ou facilitam o uso do im—vel, como a

11Há na doutrina quem defenda que a declaração expropriatória do Poder Legislativo não deve ser feita
por meio de lei, e sim por decreto legislativo. A diferença fundamental é que, se o ato for um decreto
legislativo, não precisa passar pelo crivo do Poder Executivo para fins de sanção ou veto.

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constru•‹o de uma garagem ou a instala•‹o de travas eletr™nicas nas


portas. Por outro lado, n‹o s‹o indeniz‡veis as benfeitorias
voluptu‡rias, que t•m a finalidade apenas de tornar o im—vel mais
bonito e agrad‡vel, tais como obras de jardinagem e de decora•‹o.
Cumpre salientar que as benfeitorias, de qualquer espŽcie, existentes
no im—vel antes da declara•‹o, ser‹o todas indenizadas, uma vez que a
declara•‹o deve recompor integralmente o patrim™nio expropriado12.
Quanto ao prazo de caducidade da declara•‹o, em regra, Ž de
cinco anos, contados da data da expedi•‹o do decreto. Significa que, se
a fase execut—ria da desapropria•‹o n‹o for efetivada nesse prazo, o
decreto caducar‡, ou seja, perder‡ a efic‡cia, e somente ap—s um ano o
mesmo bem poder‡ ser objeto de nova declara•‹o. Na hip—tese de
desapropria•‹o por interesse social, o prazo de caducidade Ž de
dois anos, tambŽm contado a partir da expedi•‹o do decreto.
Ap—s a fase declarat—ria, em que o Poder Pœblico manifesta a
inten•‹o de desapropriar o bem, tem in’cio a fase execut—ria, a qual
compreende os atos pelos quais o Poder Pœblico efetivamente promove a
desapropria•‹o, ou seja, adota as medidas necess‡rias para transferir a
propriedade do bem para o expropriante e para assegurar ao antigo
propriet‡rio a devida indeniza•‹o.
A compet•ncia para promover a desapropria•‹o Ž tanto dos entes
competentes para editar o ato declarat—rio (Uni‹o, Estados, DF e
Munic’pios) como tambŽm das entidades da administra•‹o indireta
(autarquias, funda•›es, empresas pœblicas e sociedades de economia
mista) e das concession‡rias e permission‡rias de servi•os
pœblicos. Frise-se que, para as concession‡rias e permission‡rias de
servi•os pœblicos, a compet•ncia Ž condicionada, visto que s— podem
promover a•‹o de desapropria•‹o se estiverem expressamente
autorizadas em lei ou contrato (Decreto-lei 3.365/1941, art. 3¼).

12 Di Pietro (2009, p. 164).

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A fase execut—ria poder‡ ser administrativa ou judicial.


Ser‡ administrativa quando houver acordo entre as partes,
expropriante e expropriado, em rela•‹o ˆ necessidade de transferir o bem
e ao valor da indeniza•‹o a ser paga. ƒ a chamada Òdesapropria•‹o
amig‡velÓ. Havendo acordo na via administrativa, o neg—cio ser‡
formalizado por meio de escritura pœblica ou por outro meio que a lei
venha especificamente indicar, sendo desnecess‡ria a fase judicial.
N‹o havendo acordo, a fase execut—ria ser‡ judicial (o que Ž mais
comum). No caso, o Poder Pœblico dever‡ propor uma a•‹o judicial de
desapropria•‹o (o autor da a•‹o deve necessariamente ser o Poder
Pœblico13), tendo como rŽu o propriet‡rio do bem a ser expropriado.
Iniciado o processo judicial, se as partes chegarem num acordo, a
decis‹o judicial ser‡ apenas homologat—ria, valendo como t’tulo para
transcri•‹o no registro de im—veis.
No processo judicial s— podem ser discutidas quest›es relativas ao
valor da indeniza•‹o ou a v’cio processual. N‹o Ž poss’vel discutir
outras quest›es como, por exemplo, os motivos que levaram o Poder
Pœblico a declarar o bem como de utilidade pœblica ou de interesse social,
ou ainda, se foi feita a correta identifica•‹o do propriet‡rio, se houve
algum desvio de finalidade etc.; a pessoa que queira discutir essas
quest›es pode atŽ leva-las ao Poder Judici‡rio, mas em uma a•‹o
aut™noma, diferente da a•‹o de desapropria•‹o proposta pelo Poder
Pœblico.
Detalhe interessante Ž que, antes de efetivada a transfer•ncia do
bem, o Poder Pœblico pode desistir da desapropria•‹o, caso desapare•am
as raz›es que a motivaram. A desist•ncia pode ocorrer, inclusive, no
curso da a•‹o judicial. Na hip—tese de desist•ncia, o propriet‡rio faz jus ˆ
indeniza•‹o por todos os preju’zos causados pelo expropriante.

13O autor da ação de desapropriação poderá ser a União, os Estados, o Distrito Federal, os Municípios,
uma entidade da administração indireta ou um concessionário ou permissionário de serviço público, estes
últimos quando autorizados em lei ou contrato.

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INDENIZAÇÃO

Conforme prescreve o art. 5¼, XXIV da CF, a desapropria•‹o ser‡


promovida Òmediante justa e prŽvia indeniza•‹o em dinheiro,
ressalvados os casos previstos nesta Constitui•‹oÓ.
O valor da indeniza•‹o deve ser suficiente para recompor
integralmente o patrim™nio da pessoa que teve o bem expropriado (afinal,
a CF exige que a indeniza•‹o seja justa). Para tanto, a indeniza•‹o dever‡
abranger n‹o s— o valor atual do bem, como tambŽm os danos
emergentes e os lucros cessantes decorrentes da perda da
propriedade, alŽm dos juros morat—rios e compensat—rios, da
atualiza•‹o monet‡ria, das despesas judiciais e dos honor‡rios
advocat’cios.
Quaisquer pessoas atingidas indiretamente pela desapropria•‹o
tambŽm far‹o jus ˆ indeniza•‹o, a ser reclamada em a•‹o pr—pria. ƒ o
caso, por exemplo, do locat‡rio de im—vel desapropriado que tenha sido
prejudicado pelo ato.
Todavia, no caso de ™nus reais eventualmente incidentes sobre o
bem expropriado (ex: penhor, hipoteca, anticrese), o Poder Pœblico n‹o
responde, porque tais direitos ficam sub-rogados no pre•o (Decreto-lei
3.365/1941, art. 31), ou seja, presume-se que a indeniza•‹o devida ao
propriet‡rio substitui essas garantias. Sendo assim, uma vez depositado o
valor indenizat—rio, s‹o os pr—prios interessados que devem disputar suas
respectivas parcelas de acordo com a natureza e a dimens‹o dos seus
direitos14.
A regra Ž a indeniza•‹o ser paga em dinheiro, mas h‡ casos
previstos na Constitui•‹o em que o pagamento poder‡ ser efetuado de
outras formas (Òressalvados os casos previstos nesta Constitui•‹oÓ), quais
sejam:
# Desapropria•‹o de propriedades urbanas que descumprem o plano diretor
do Munic’pio (CF, art. 182, ¤4¼, III): a indeniza•‹o ser‡ paga em t’tulos da
d’vida pœblica de emiss‹o previamente aprovada pelo Senado
Federal, Òcom prazo de resgate de atŽ dez anos, em parcelas anuais, iguais
e sucessivas, assegurados o valor real da indeniza•‹o e os juros legaisÓ;

14Carvalho Filho (2014, p. 880). O autor ensina que, no caso de hipoteca ou penhor, a desapropriação
acarreta o vencimento antecipado da dívida. Dessa forma, caso, por exemplo, o imóvel expropriado
estivesse hipotecado como garantia de um financiamento imobiliário, o proprietário, ao receber a
indenização, teria que quitar a dívida ou constituir uma nova garantia.

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# Desapropria•‹o de propriedades rurais para fins de reforma agr‡ria (CF,


art. 184): a indeniza•‹o ser‡ paga em t’tulos da d’vida agr‡ria Òcom
cl‡usula de preserva•‹o do valor real, resgat‡veis no prazo de atŽ vinte
anos, a partir do segundo ano de sua emiss‹o, e cuja utiliza•‹o ser‡
definida em leiÓ;

# Desapropria•‹o de terras em que sejam cultivadas plantas psicotr—picas


ilegais ou haja explora•‹o de trabalho escravo (CF, art. 243): a
desapropria•‹o se consuma sem o pagamento de qualquer indeniza•‹o
(œnica hip—tese de desapropria•‹o sem indeniza•‹o).

Ressalte-se que, na hip—tese de desapropria•‹o rural para fins de


reforma agr‡ria (segundo item acima), as benfeitorias œteis e
necess‡rias ser‹o indenizadas em dinheiro, ressalva que n‹o consta na
hip—tese de desapropria•‹o urban’stica (primeiro item acima). Veremos
essas hip—teses de desapropria•‹o com mais detalhes adiante, no t—pico
Òdesapropria•‹o sancionat—riaÓ.

IMISSÃO PROVISÓRIA NA POSSE

A desapropria•‹o, em regra, somente se completa depois de efetuado


o pagamento da devida indeniza•‹o; caso contr‡rio, estaria sendo
desatendido o mandamento constitucional que exige prŽvia indeniza•‹o.
PorŽm, desde que haja declara•‹o de urg•ncia pelo Poder
Pœblico e dep—sito prŽvio, Ž poss’vel ocorrer a chamada imiss‹o
provis—ria na posse, isto Ž, o expropriante passa a ter a posse
provis—ria do bem antes de finalizada a a•‹o de desapropria•‹o.
A declara•‹o de urg•ncia pode ser feita pelo Poder Pœblico na
pr—pria declara•‹o expropriat—ria ou, depois, a qualquer momento,
mesmo no curso do processo judicial.
Detalhe Ž que o valor do dep—sito prŽvio para permitir a imiss‹o
provis—ria na posse ser‡ arbitrado pelo juiz segundo critŽrios
estabelecidos em lei, ou seja, n‹o se trata do valor definitivo da
indeniza•‹o, o qual somente ser‡ determinado ao final do procedimento
de desapropria•‹o, com a transfer•ncia do bem. Para compensar a
diferen•a entre o valor do dep—sito prŽvio e o realmente devido ao final do
processo, s‹o pagos juros compensat—rios15 ao expropriado.

15Segundo a Súmula 618 do STF, “na desapropriação, direta ou indireta, a taxa dos juros
compensatórios é de 12% (doze por cento) ao ano”. Na ADI 2.332/DF, o STF fixou o entendimento de
que a base de cálculo dos juros compensatórios deve corresponder à diferença entre 80% do preço
ofertado pelo Poder Público e o valor fixado na sentença. Ademais, na mesma ação, o STF entendeu
que os juros compensatórios são devidos independentemente de o imóvel produzir renda.

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DESTINO DOS BENS DESAPROPRIADOS

Como regra, os bens desapropriados passam a integrar o patrim™nio


das entidades que providenciaram a desapropria•‹o e pagaram a
respectiva indeniza•‹o, abrangendo, portanto, as pessoas pol’ticas
(Uni‹o, Estados, DF e Munic’pios), as entidades da administra•‹o indireta
ou as concession‡rias e permission‡rias de servi•os pœblicos.
Quando o bem expropriado for destinado a integrar o patrim™nio
pœblico, d‡-se o que a doutrina denomina integra•‹o definitiva.
No entanto, pode ocorrer de os bens desapropriados serem
transferidos a terceiros. Trata-se da chamada integra•‹o provis—ria,
de que s‹o exemplos: a desapropria•‹o para fins de reforma agr‡ria, pois
os bens s— ficam em poder do Estado enquanto n‹o s‹o repassados para
os futuros benefici‡rios; a desapropria•‹o para abastecimento da
popula•‹o, em que os bens s‹o distribu’dos para a popula•‹o; a
desapropria•‹o confiscat—ria, pois as glebas rurais s‹o destinadas ao
assentamento de colonos, para cultivo de produtos aliment’cios e
medicamentosos; a desapropria•‹o para constru•‹o ou amplia•‹o de
distritos industriais, pois os lotes s‹o revendidos ou locados para
empresas previamente qualificadas etc.

DESAPROPRIAÇÃO SANCIONATÓRIA

A Constitui•‹o prev• tr•s modalidades de desapropria•‹o com


car‡ter sancionat—rio, quais sejam:
" Desapropria•‹o urban’stica (CF, art. 182, ¤4¼)

" Desapropria•‹o rural (CF, art. 184)

" Desapropria•‹o confiscat—ria (CF, art. 243)

A desapropria•‹o urban’stica tem como fundamento o


descumprimento da fun•‹o social da propriedade urbana, ou seja, o
n‹o atendimento do plano diretor do Munic’pio. O expropriante, nessa
hip—tese, ser‡ o Munic’pio, segundo as regras gerais de desapropria•‹o
estabelecidas em lei federal. A indeniza•‹o ser‡ paga mediante t’tulos da
d’vida pœblica de emiss‹o previamente aprovada pelo Senado
Federal.
Na verdade, nos termos do art. 182, ¤4¼ da CF, a desapropria•‹o Ž a
Òœltima medidaÓ que o Poder Pœblico disp›e para obrigar a propriedade
urbana a cumprir sua fun•‹o social prevista no plano diretor do Munic’pio.

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Antes disso, o Munic’pio, mediante lei espec’fica, dever‡ determinar o


parcelamento ou edifica•‹o compuls—rios, fixando as condi•›es e os
prazos para implementa•‹o; o propriet‡rio dever‡ ser notificado para o
cumprimento da obriga•‹o e a respectiva notifica•‹o dever‡ ser averbada
no registro de im—veis. Desatendida a notifica•‹o nos prazos legais, o
propriet‡rio ficar‡ sujeito a IPTU progressivo no tempo, mediante a
majora•‹o da al’quota do imposto pelo prazo m‡ximo de cinco anos
consecutivos ou atŽ que cumpra a obriga•‹o. S— ap—s esse prazo Ž que
o Munic’pio poder‡ efetuar a desapropria•‹o com pagamento em
t’tulos.
J‡ a desapropria•‹o rural incide sobre im—veis rurais que n‹o
estejam cumprindo a sua fun•‹o social. Trata-se, na verdade, de
desapropria•‹o por interesse social para fins de reforma agr‡ria. O
expropriante, nesse caso, ser‡ exclusivamente a Uni‹o16. A indeniza•‹o
ser‡ paga em t’tulos da d’vida agr‡ria.
Lembrando que a desapropria•‹o rural n‹o pode incidir sobre a
pequena e mŽdia propriedade rural, desde que seu propriet‡rio n‹o
possua outra, nem sobre a propriedade produtiva (CF, art. 185).
Por fim, a desapropria•‹o confiscat—ria incide sobre
propriedades rurais e urbanas de qualquer regi‹o do Pa’s onde
forem localizadas:
! Culturas ilegais de plantas psicotr—picas; ou a

! Explora•‹o de trabalho escravo.

O adjetivo Òconfiscat—riaÓ deriva do fato de que, nessa hip—tese de


desapropria•‹o, o propriet‡rio n‹o tem direito ˆ indeniza•‹o, ou seja,
trata-se, na realidade, de um ÒconfiscoÓ da terra pelo Estado.
Ap—s a transfer•ncia da propriedade, as ‡reas expropriadas ser‹o
destinadas ˆ reforma agr‡ria e a programas de habita•‹o popular,
como dito, sem qualquer indeniza•‹o ao propriet‡rio e sem preju’zo de
outras san•›es previstas em lei (CF, art. 243).
Qualquer bem de valor econ™mico que venha a ser apreendido em
decorr•ncia do tr‡fico il’cito de entorpecentes e drogas afins e da
explora•‹o de trabalho escravo ser‡ confiscado e reverter‡ a

16Maria Sylvia Di Pietro ensina que não é correto afirmar que a desapropriação de imóveis rurais é
sempre competência da União; somente o é quando o imóvel rural se destine à reforma agrária. Nesse
sentido, podem os Estados e Municípios desapropriar imóveis rurais para fins de utilidade pública; não
podem, frisefse, para fins de reforma agrária, privativa da União.

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fundo especial com destina•‹o espec’fica, na forma da lei (CF,


art. 243, par‡grafo œnico).
Por fim, ressalte-se que n‹o Ž qualquer cultura de plantas
psicotr—picas que d‡ margem a esse tipo de desapropria•‹o, mas apenas
aquela que seja il’cita, por n‹o estar autorizada pelo Poder Pœblico.
Ademais, segundo a jurisprud•ncia do STF, a expropria•‹o motivada pelo
cultivo il’cito de espŽcies entorpecentes deve abranger a totalidade da
‡rea do im—vel, e n‹o apenas a ‡rea cultivada. Mesmo que a cultura
ilegal ocupe apenas uma pequena fra•‹o da superf’cie do im—vel, a
desapropria•‹o deve recair sobre toda a propriedade, sem que isso
represente ofensa ao princ’pio da proporcionalidade17.

DESAPROPRIAÇÃO INDIRETA

Desapropria•‹o indireta Ž a que se processa sem observ‰ncia do


devido processo legal, vale dizer, a desapropria•‹o Ž efetuada sem que
o Poder Pœblico declare o bem como de interesse pœblico ou pague a
devida indeniza•‹o.
Caso o propriet‡rio n‹o conteste o ato no momento oportuno,
deixando que a Administra•‹o d• uma destina•‹o pœblica ao bem, ocorre
um Òfato consumadoÓ, gerador da desapropria•‹o indireta. A partir de
ent‹o, o ex-propriet‡rio n‹o mais poder‡ reivindicar o bem, pois, nos
termos do art. 35 do Decreto 3.365/1941, Òos bens expropriados, uma
vez incorporados ˆ Fazenda Pœblica, n‹o podem ser objeto de
reivindica•‹o, ainda que fundada em nulidade do processo de
desapropria•‹oÓ.
Imagine, por exemplo, hip—tese em que o Poder Pœblico construa
uma pra•a, uma escola, um cemitŽrio ou um aeroporto em ‡rea
pertencente a particular; terminada a constru•‹o e afetado o bem ao uso
comum do povo ou ao uso especial da Administra•‹o, certa ou
erradamente, a situa•‹o torna-se irrevers’vel, vale dizer, o bem passa ˆ
categoria de bem pœblico, incorporando-se definitivamente ao patrim™nio
do Estado e, consequentemente, tornando-se insuscet’vel de
reivindica•‹o. A solu•‹o que cabe ao particular Ž pleitear indeniza•‹o
por perdas e danos.
Outra situa•‹o que pode acarretar a desapropria•‹o indireta Ž quando
o Poder Pœblico imp›e a determinado bem particular restri•›es t‹o

17 STF – RE 543.974/MG

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DIREITO DE EXTENSÃO

O direito de extens‹o surge no caso de desapropria•‹o parcial,


quando a parte n‹o expropriada do bem se torna inœtil, inserv’vel, sem
valor econ™mico ou de dif’cil utiliza•‹o. Nessa hip—tese, o propriet‡rio da
parte inserv’vel pode exercer seu direito de extens‹o, exigindo que a
desapropria•‹o, e a consequente indeniza•‹o, seja estendida a todo o
bem.
O direito de extens‹o deve ser manifestado pelo propriet‡rio durante
as fases administrativa ou judicial do procedimento de desapropria•‹o,
n‹o se admitindo o pedido ap—s o tŽrmino da desapropria•‹o.

TREDESTINAÇÃO

Tredestina•‹o ocorre quando o Poder Pœblico confere ao bem


desapropriado uma destina•‹o diferente da inicialmente prevista no ato
expropriat—rio, com desvio de finalidade, ou seja, com preju’zo ao
interesse pœblico.
Seria o caso, por exemplo, de o Poder Pœblico desapropriar uma ‡rea
para a constru•‹o de uma escola e, ao invŽs disso, permitir que certa
empresa se beneficie de tal ‡rea, utilizando-a para outros fins. Neste
caso, em que est‡ claro o desvio de finalidade, temos a
tredestina•‹o il’cita, que gera o direito de reintegra•‹o do bem ao
ex-propriet‡rio (retrocess‹o).
Diversa Ž a hip—tese da tredestina•‹o l’cita, em que o Poder
Pœblico d‡ ao bem desapropriado um fim diverso daquele originalmente
declarado no ato expropriat—rio, porŽm sem deixar de observar o
interesse pœblico. Seria o caso, por exemplo, de o Poder Pœblico
desapropriar uma ‡rea para a constru•‹o de uma escola e, ao invŽs disso,
dado o interesse pœblico superveniente, construir um hospital. Nessa
hip—tese, n‹o h‡ ilegalidade.

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RETROCESSÃO

Retrocess‹o Ž o direito que tem o expropriado de exigir de volta o


seu im—vel caso o Poder Pœblico n‹o d• a ele o destino que motivou a sua
desapropria•‹o, nem outro destino que atenda o interesse pœblico.
O instituto Ž disciplinado no art. 519 do C—digo Civil, in verbis:

Art. 519. Se a coisa expropriada para fins de necessidade ou utilidade


pœblica, ou por interesse social, n‹o tiver o destino para que se
desapropriou, ou n‹o for utilizada em obras ou servi•os pœblicos, caber‡
ao expropriado direito de prefer•ncia, pelo pre•o atual da coisa.

O direito de retrocess‹o surge quando h‡ desinteresse


superveniente do Poder Pœblico pelo bem que desapropriou. Nesse caso,
o expropriante tem a obriga•‹o de oferecer ao ex-propriet‡rio o direito
de prefer•ncia na aquisi•‹o do bem. Detalhe Ž que, se o ex-propriet‡rio
desejar exercer seu direito de prefer•ncia, dever‡ faz•-lo pelo valor atual
do bem (e n‹o pelo valor da indeniza•‹o que recebeu anteriormente).
O direito de retrocess‹o tambŽm surge para o expropriado quando
ocorre a denominada tredestina•‹o il’cita, isto Ž, quando h‡ desvio de
finalidade na destina•‹o do bem expropriado.
Na hip—tese de n‹o ser poss’vel o retorno do bem para o ex-
propriet‡rio, este passa a ter direito ˆ indeniza•‹o por perdas e danos.
ƒ importante ficar claro que o direito de retrocess‹o n‹o pode ser
exercido quando o bem, embora n‹o esteja sendo empregado na
finalidade para a qual foi desapropriado, o esteja em outra destina•‹o
pœblica. Por outras palavras, desde que o im—vel seja utilizado para um
fim pœblico qualquer, ainda que diferente do especificado
originariamente, n‹o ocorre o direito de retrocess‹o.

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# Um Estado pode desapropriar bens de um Município, desde que se trate de


Município situado em seu territórioW
# Os Municípios e o Distrito Federal não podem desapropriar bens das demais
entidades federativasW
# A União não pode ter seus bens desapropriados.

Gabarito: Errado

19. (Cespe – AGU 2012) TratandoPse de desapropriação por zona, o domínio do


expropriante sobre as áreas que sofrem valorização extraordinária é provisório,
ficando, por isso, os novos adquirentes sujeitos ao pagamento da contribuição de
melhoria, conforme dispõe a CF.
Comentário: A desapropriação por zona, também chamada de
desapropriação extensiva, ocorre quando o Poder Público expropria uma
extensão de área maior que a estritamente necessária para a realização de uma
obra ou serviço, com a inclusão de áreas adjacentes que ficam reservadas
para uma das finalidades seguintes:
# Ulterior continuação do desenvolvimento da obra ou do serviçoW
# Para serem alienadas depois que, em decorrência da obra ou do serviço,
ocorrer a sua valorização.

A desapropriação por zona possui previsão no art. 4º do DecretoRlei


3.365/1941:
Art. 4o A desapropriação poderá abranger a área contígua necessária ao
desenvolvimento da obra a que se destina, e as zonas que se valorizarem
extraordinariamente, em consequência da realização do serviço. Em qualquer
caso, a declaração de utilidade pública deverá compreendêFlas, mencionandoFse quais
as indispensaveis à continuação da obra e as que se destinam à revenda.
Parágrafo único. Quando a desapropriação destinarFse à urbanização ou à
reurbanização realizada mediante concessão ou parceria públicoFprivada, o edital de
licitação poderá prever que a receita decorrente da revenda ou utilização imobiliária
integre projeto associado por conta e risco do concessionário, garantido ao poder
concedente no mínimo o ressarcimento dos desembolsos com indenizações, quando
estas ficarem sob sua responsabilidade.

Detalhe é que o ato expropriatório deve especificar qual área que se


destina à continuidade da obra e qual a que se destina à revenda, em
decorrência da sua valorização. Nesta última hipótese, o bem não é
expropriado para integrar o patrimônio público, mas para ser revendido, com
lucro, depois de concluída a obra que valorizou o imóvel, evitando que os
proprietários daquelas áreas tenham ganhos extraordinários com a valorização
causada pelas obras ou serviços públicos.
Maria Sylvia Di Pietro ensina que o efeito da desapropriação por zona,

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para o Poder Público, é o mesmo da contribuição de melhoria, tributo devido


pelo proprietário de imóvel que se valorizou em razão da execução de obras
públicas (CF, art. 145, III). Ora, tanto na desapropriação por zona quanto na
contribuição de melhoria há o fato de que o imóvel experimenta valorização em
decorrência de obras públicas. Portanto, havendo a previsão de valorização de
imóveis vizinhos, o Poder Público poderá escolher: (i) cobrar simplesmente a
contribuição de melhoria do proprietário após a valorização ou (ii) antes da
realização da obra, desapropriar a área contígua que será valorizada para,
após o término da obra, revendeRla com lucro. Por óbvio, caso escolha a
segunda opção, os novos adquirentes não ficarão sujeitos ao pagamento da
contribuição de melhoria, daí o erro do quesito.
Gabarito: Errado

20. (Cespe – AGU 2012) O ato de a União desapropriar, mediante prévia e justa
indenização, para fins de reforma agrária, imóvel rural que não esteja cumprindo a
sua função social configura desapropriação por utilidade pública.
Comentário: A desapropriação de imóvel rural para fins de reforma
agrária configura desapropriação por interesse social, e não por utilidade
pública.
Gabarito: Errado

21. (Cespe – TJ/BA 2012) Considerando a disciplina que rege a desapropriação,


assinale a opção correta.
a) A União poderá desapropriar bens para atendimento de necessidades coletivas,
urgentes e transitórias, decorrentes de situações de perigo iminente, de calamidade
pública ou de irrupção de epidemias.
b) Conforme entendimento sumulado pelo STJ, o prazo prescricional da ação de
desapropriação indireta é de cinco anos.
c) Caso recaia hipoteca sobre o imóvel a ser desapropriado, o poder público ficará
impedido de dar início ao processo expropriatório.
d) O Poder Legislativo pode tomar a iniciativa da desapropriação, cabendo, nesse
caso, ao Executivo praticar os atos necessários à sua efetivação.
e) Um município é competente para, presentes os requisitos legais, desapropriar
bens de empresa pública federal.
Comentários:
a) ERRADA. A desapropriação é a retirada da propriedade de forma
definitiva. Portanto, não se presta para satisfazer necessidades coletivas
transitórias. Para os casos apresentados no item – perigo iminente,
calamidade pública ou irrupção de epidemias – o instituto adequado é a

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requisição administrativa.
b) ERRADA. De fato, o STJ possui uma Súmula a respeito do prazo
prescricional para que o proprietário vítima da desapropriação indireta ajuíze a
ação visando à indenização pelas perdas e danos dela decorrentes. TrataRse da
Súmula 119, que diz: “a ação de desapropriação indireta prescreve em
vinte anos”. Portanto, o item erra ao falar em cinco anos. Não obstante,
ressalteRse que a referida Súmula foi editada com base no Código Civil antigo,
de 1916, aplicando por analogia o prazo prescricional de vinte anos então
previsto para a ação de usucapião extraordinário. O Código Civil atual, de
2002, reduziu esse prazo para dez anos, razão pela qual a jurisprudência do
STJ tem evoluído para considerar que a ação de desapropriação indireta
prescreve em dez, e não em vinte anos. Esse tema, porém, ainda não está
pacificado na jurisprudência.
c) ERRADA. A hipoteca não impede o prosseguimento do procedimento
de desapropriação. No caso de ônus reais (ex: hipoteca, penhor e anticrese),
esses ficam subRrogados no preço da indenização.
d) CERTA, nos exatos termos do art. 8º do DecretoRlei 3.365/1941:
Art. 8o O Poder Legislativo poderá tomar a iniciativa da desapropriação, cumprindo,
neste caso, ao Executivo, praticar os atos necessários à sua efetivação.

e) ERRADA. Em regra, é vedado ao Município desapropriar bens da União


e das respectivas entidades da administração indireta, exceto se houver
autorização do Presidente da República, mediante decreto. Essa ressalva não
possui previsão expressa na lei, mas constitui um entendimento doutrinário e
jurisprudencial pacífico. Perceba que a assertiva fala em “presentes os
requisitos legais”, o que reforça o erro.
Gabarito: alternativa “d”

22. (Cespe – DP/DF 2013) Os juros compensatórios, que podem ser cumulados
com os moratórios, incidem tanto sobre a desapropriação direta quanto sobre a
indireta, sendo calculados sobre o valor da indenização, com a devida correção
monetáriac entretanto, independem da produtividade do imóvel, pois decorrem da
perda antecipada da posse.
Comentário: A indenização pela desapropriação deve ser justa e prévia.
Ou seja, o pagamento deve ser realizado, em regra, antes da imissão na posse
pelo Poder Público. No entanto, desde que haja declaração de urgência pelo
Poder Público e depósito prévio, é possível ocorrer a chamada imissão
provisória na posse, isto é, o expropriante passa a ter a posse provisória do
bem antes da finalização da ação de desapropriação. Assim, se ocorrer a
imissão provisória na posse pelo Poder Público, serão devidos juros
compensatórios como forma de ressarcir a perda da posse pelo proprietário

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antes do recebimento da indenização que lhe é devida. A seguir, alguns


entendimentos jurisprudenciais sobre o tema:
# Súmula 618 do STF: "na desapropriação, direta ou indireta, a taxa dos
juros compensatórios é de 12% (doze por cento) ao ano".
# Súmula 12 do STJ: “em desapropriação, são cumuláveis juros
compensatórios e moratórios".
# Súmula 69 do STJ: "Na desapropriação direta, os juros compensatórios
são devidos desde a antecipada imissão na posse e, na desapropriação
indireta, a partir da efetiva ocupação do imóvel".
# Súmula 113 do STJ: "Os juros compensatórios, na desapropriação direta,
incidem a partir da imissão na posse, calculados sobre o valor da
indenização, corrigido monetariamente".
# REsp 1.001.455 – STJ: “Os juros compensatórios são devidos
independentemente de se tratar de imóvel improdutivo, pela perda da
posse antes da justa indenização”.
Gabarito: Certo

23. (Cespe – TRF2 Juiz – 2013) Os juros compensatórios e moratórios, na


desapropriação, não são cumuláveis, sendo devidos apenas os juros
compensatórios, os quais são pagos na desapropriação direta, a partir da efetiva
ocupação do imóvel.
Comentário: Juros compensatórios e juros moratórios não se confundem.
Os primeiros servem para compensar a perda antecipada da posse, na
hipótese de imissão provisória da posse. Já os juros moratórios decorrem da
demora do Poder Público em indenizar o particular. Sobre a indenização
devida ao expropriado deve incidir tanto juros compensatórios como
moratórios, ou seja, eles são cumuláveis. Aliás, esse é o teor da Súmula 12 do
STJ: “em desapropriação, são cumuláveis juros compensatórios e
moratórios".
Gabarito: Errado

24. (Cespe – TJ/RR 2013) Considerando o disposto no ordenamento jurídico, na


doutrina e na jurisprudência, assinale a opção correta a respeito do regime das
desapropriações.
a) O imóvel gravado com hipoteca não poderá ser desapropriado antes da quitação
da dívida com o credor hipotecário.
b) No caso de desapropriação indireta, os juros compensatórios contamPse a partir
do trânsito em julgado da sentença.

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c) O poder público protegerá o patrimônio cultural brasileiro por meio de inventários,


registros, vigilância e tombamento, sendo vedada a desapropriação para esse fim.
d) O município pode desapropriar bens de propriedade de empresa pública federal,
desde que autorizado por decreto do presidente da República.
e) O prazo prescricional da ação de desapropriação indireta é de cinco anos.
Comentários: Vamos analisar cada assertiva:
a) ERRADA. A hipoteca não impede a desapropriação do imóvel, pois, nos
termos do art. 31 do DecretoRlei 3.365/1941, “ficam sub>rogados no preço
quaisquer ônus ou direitos que recaiam sobre o bem expropriado”.
b) ERRADA. O STJ, pela Súmula 69, fixou o entendimento de que “na
desapropriação direta, os juros compensatórios são devidos desde a
antecipada imissão na posse e, na desapropriação indireta, a partir da efetiva
ocupação do imóvel”.
c) ERRADA. Nos termos do art. 216, §1º da CF, “o Poder Público, com a
colaboração da comunidade, promoverá e protegerá o patrimônio cultural
brasileiro, por meio de inventários, registros, vigilância, tombamento e
desapropriação, e de outras formas de acautelamento e preservação”.
d) CERTA. Em regra, é vedado ao Município desapropriar bens da União e
das respectivas entidades da administração indireta, exceto se houver
autorização do Presidente da República, mediante decreto. RessalteRse que
essa ressalva não possui previsão expressa na lei, mas constitui um
entendimento doutrinário e jurisprudencial pacífico.
e) ERRADA. Embora não haja consenso sobre a matéria, é possível
afirmar que quase ninguém mais defende o prazo prescricional de cinco anos.
De fato, vem prevalecendo no STJ o entendimento de que o prazo
prescricional da ação de desapropriação indireta é de dez anos. Há também
quem entenda que esse prazo é de quinze anos.
Gabarito: alternativa “d”

25. (Cespe – DP/DF 2013) A desapropriação é forma originária de aquisição de


propriedade que libera o bem de qualquer ônus que sobre ele incida, ou seja, se o
bem estiver gravado com algum encargo, será repassado para o poder público sem
nenhum ônus, não havendo, inclusive, a incidência de imposto sobre esse tipo de
operação de transferência de imóveis. Entretanto, segundo o STJ, incidirá imposto
de renda sobre verba recebida pelo proprietário a título de indenização decorrente
de desapropriação.
Comentário: É certo que o Poder Público não responde por eventuais
ônus reais incidentes sobre o bem expropriado. Com efeito, dispõe o art. 31 do

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a) ERRADA. A indenização paga nos processos de desapropriação deve


ser justa e, para tanto, deve abranger não só o valor atual do bem, como
também os danos emergentes e os lucros cessantes decorrentes da perda da
propriedade, além dos juros moratórios e compensatórios, da atualização
monetária, das despesas judiciais e dos honorários advocatícios. Em relação
aos honorários advocatícios, segundo a jurisprudência do STJ, devem ser
calculados sobre a diferença entre a oferta inicial e o valor da indenização,
acrescidos de juros moratórios e compensatórios, todas essas parcelas
corrigidas monetariamente.
b) CERTA. Importante lembrar que as concessionárias de serviços
públicos podem “promover” a desapropriação, isto é, adotar as medidas da
fase executória, incluindo o pagamento da indenizaçãoW por outro lado, elas
não podem “declarar” o interesse público na desapropriação (fase
declaratória), ato este exclusivo do Estado, emitido por intermédio de decreto
do Executivo ou de lei aprovada pelo Legislativo. Detalhe é que a competência
das concessionárias para promover a desapropriação deve estar autorizada
expressamente em lei ou contrato.
c) ERRADA. Antes de efetivada a transferência do bem, o Poder Público
pode desistir da desapropriação, caso desapareçam as razões que a
motivaram. A desistência pode ocorrer, inclusive, no curso da ação judicial. O
erro é que, na hipótese de desistência, o proprietário faz jus à indenização por
todos os prejuízos causados pelo expropriante.
d) ERRADA. Ao contrário do que afirma o item, o instituto da retrocessão
garante ao exRproprietário reivindicar de volta a propriedade expropriada, em
razão de o imóvel não ter sido utilizado para alguma finalidade pública
(tredestinação ilícita). Apenas na hipótese de não ser possível o retorno do
bem para o exRproprietário é que este passa a ter direito à indenização por
perdas e danos.
e) ERRADA. O primeiro erro é que a competência para legislar sobre
desapropriação é privativa da União, mas poderá ser delegada aos Estados e
ao Distrito Federal (não aos Municípios), para o trato de questões específicas,
desde que a delegação seja efetivada por meio de lei complementar (CF, art.
22, parágrafo único). O outro erro é que compete apenas à União declarar o
interesse social de imóvel rural para fins de reforma agrária (CF, art. 184).
Gabarito: alternativa “b”

29. (Cespe – MPE/AC 2014) O prefeito de determinado município realizou a


desapropriação de um imóvel para fins de implantação de um parque ecológico,
tendo a prefeitura instalado posteriormente, na área expropriada, um conjunto
habitacional popular.

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JURISPRUDÊNCIA

STF Ð RE 543.974/MG (26/3/2009)


EMENTA: RECURSO EXTRAORDINçRIO. CONSTITUCIONAL. EXPROPRIA‚ÌO.
GLEBAS. CULTURAS ILEGAIS. PLANTAS PSICOTRîPICAS. ARTIGO 243 DA
CONSTITUI‚ÌO DO BRASIL. INTERPRETA‚ÌO DO DIREITO. LINGUAGEM DO
DIREITO. LINGUAGEM JURêDICA. ARTIGO 5¼, LIV DA CONSTITUI‚ÌO DO
BRASIL. O CHAMADO PRINCêPIO DA PROPORCIONALIDADE. 1. Gleba, no artigo
243 da Constitui•‹o do Brasil, s— pode ser entendida como a propriedade na qual
sejam localizadas culturas ilegais de plantas psicotr—picas. O preceito n‹o
refere ‡reas em que sejam cultivadas plantas psicotr—picas, mas as
glebas, no seu todo. 2. A gleba expropriada ser‡ destinada ao assentamento
de colonos, para o cultivo de produtos aliment’cios e medicamentosos. 3. A
linguagem jur’dica corresponde ˆ linguagem natural, de modo que Ž nesta,
linguagem natural, que se h‡ de buscar o significado das palavras e express›es
que se comp›em naquela. Cada voc‡bulo nela assume significado no contexto no
qual inserido. O sentido de cada palavra h‡ de ser discernido em cada caso. No
seu contexto e em face das circunst‰ncias do caso. N‹o se pode atribuir ˆ
palavra qualquer sentido distinto do que ela tem em estado de dicion‡rio, ainda
que n‹o baste a consulta aos dicion‡rios, ignorando-se o contexto no qual ela Ž
usada, para que esse sentido seja em cada caso discernido. A
interpreta•‹o/aplica•‹o do direito se faz n‹o apenas a partir de elementos
colhidos do texto normativo [mundo do dever-ser], mas tambŽm a partir de
elementos do caso ao qual ser‡ ela aplicada, isto Ž, a partir de dados da
realidade [mundo do ser]. 4. O direito, qual ensinou CARLOS MAXIMILIANO,
deve ser interpretado "inteligentemente, n‹o de modo que a ordem legal envolva
um absurdo, prescreva inconveni•ncias, v‡ ter a conclus›es inconsistentes ou
imposs’veis". 5. O entendimento sufragado no ac—rd‹o recorrido n‹o pode ser
acolhido, conduzindo ao absurdo de expropriar-se 150 m2 de terra rural para
nesses mesmos 150 m2 assentar-se colonos, tendo em vista o cultivo de
produtos aliment’cios e medicamentosos. 6. N‹o viola•‹o do preceito
veiculado pelo artigo 5¼, LIV da Constitui•‹o do Brasil e do chamado
"princ’pio" da proporcionalidade. Aus•ncia de "desvio de poder legislativo"
Recurso extraordin‡rio a que se d‡ provimento.

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! Necessidade pública: a desapropriação é necessária (casos de urgência);


Pressupostos
! Utilidade pública: a desapropriação é conveniente e vantajosa, mas não imprescindível;
da
desapropriação ! Interesse social: melhor aproveitamento da propriedade em benefício da coletividade
(ex: reforma agrária).

! Exige autorização legislativa, emanada do ente que está promovendo a desapropriação;


! Os bens do domínio dos Estados, Municípios, Distrito Federal e Territórios poderão ser
desapropriados pela União, e os dos Municípios pelos Estados;
Desapropriação
de bens ! Em regra, um ente federado “menor” não pode desapropriar os bens de entidades da
públicos administração indireta vinculadas a um ente federado “maior”, salvo se houver
autorização do chefe do Poder Executivo do ente “maior”, mediante decreto;
! A mesma regra vale para bens de delegatárias de serviço público que estejam
diretamente empregados na prestação do serviço.

$ Procedimento da desapropriação:
# Fase declaratória: por decreto do Poder Executivo ou por lei do Poder Legislativo. A declaração fixa o
estado do bem para fins de indenização. Caduca em 5 anos (se for por interesse social, caduca em 2 anos).
# Fase executória: pode ser promovida pelas entidades da administração indireta e pelas delegatárias de
serviços públicos (estas, se autorizadas por lei ou contrato). Pode ser administrativa ou judicial. No
processo judicial só se discute o valor da indenização ou vício processual.

$ Indenização:
! Justa, prévia e em dinheiro (regra).
! Pode ser em títulos da dívida pública, no caso de desapropriação por descumprimento do plano diretor do
Município ou em títulos da dívida agrária, no caso de desapropriação rural para reforma agrária (neste
último caso, benfeitorias úteis e necessárias serão indenizadas em dinheiro).
! Abrange o valor total do bem, assim como danos emergentes, os lucros cessantes, juros moratórios e
compensatórios, atualização monetária, despesas judiciais e honorários advocatícios.
! Ônus reais (penhor, hipoteca) ficam sub^rogados no preço.
! Benfeitorias feitas após a declaração: cobrirá apenas as necessárias e, se autorizadas, as úteis; jamais as
voluptuárias.

$ Imissão provisória na posse: desde que haja declaração de urgência pelo Poder Público e depósito prévio. Dá
direito a juros compensatórios.

$ Desapropriação indireta: desapropriação sem observância do devido processo legal, que gera uma situação
fática irreversível. Dá direito a indenização por perdas e danos. Prazo de prescrição, segundo o STJ: 10 anos.

$ Direito de extensão: em caso de desapropriação parcial, quando a parte não expropriada do bem se torna
inútil ou sem valor econômico. Pode pedir que a desapropriação seja estendida a todo o bem.

$ Tredestinação: dar ao bem expropriado uma destinação diferente da prevista no ato expropriatório.
# Lícita: a destinação é diferente, mas não deixa de observar o interesse público; não dá direito a retrocessão.
# Ilícita: a destinação é diferente e não atende o interesse público (desvio de finalidade).

$ Retrocessão: é o direito que tem o expropriado de exigir de volta o seu imóvel caso o Poder Público não dê a
ele o destino que motivou a sua desapropriação, nem outro destino que atenda o interesse público. O
proprietário, para reaver o bem, deve pagar o seu valor atual (e não o valor que recebeu de indenização).

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QUESTÕES COMENTADAS NA AULA

1. (Cespe – AGU 2009) Servidão administrativa é um direito real de gozo que independe
de autorização legal, recaindo sobre imóvel de propriedade alheia. Sejam públicas ou
privadas, as servidões se caracterizam pela perpetuidade, podendo, entretanto, ser extintas
no caso de perda da coisa gravada ou de desafetação da coisa dominante. Em regra, não
cabe indenização quando a servidão, incidente sobre imóvel determinado, decorrer de
decisão judicial.

2. (Cespe – DP/MA 2011) O poder público comunicou a Maria que, em atendimento a


interesse coletivo, precisaria erguer postes de energia elétrica dentro de sua propriedade
privada para levar luz a um vilarejo próximo, instituindo direito real sobre a área atingida.
Nessa situação hipotética, incide, sobre o bem de Maria,
a) concessão de uso.
b) limitação administrativa.
c) servidão administrativa.
d) ocupação temporária.
e) desapropriação indireta.

3. (Cespe – TRT8 2016) Assinale a opção que indica a modalidade interventiva do


Estado na propriedade que tenha como características natureza jurídica de direito real,
incidência sobre bem imóvel, caráter de definitividade, indenização prévia e condicionada à
existência de prejuízo e constituição mediante acordo ou decisão judicial.
a) requisição
b) tombamento
c) servidão administrativa
d) ocupação temporária
e) desapropriação

4. (Cespe – DPU 2010) O poder público pode intervir na propriedade do particular por
atos que visem satisfazer as exigências coletivas e reprimir a conduta antissocial do
particular. Essa intervenção do Estado, consagrada na Constituição Federal, é regulada por
leis federais que disciplinam as medidas interventivas e estabelecem o modo e a forma de
sua execução, condicionando o atendimento do interesse público ao respeito às garantias
individuais previstas na Constituição. Acerca da intervenção do Estado na propriedade
particular, julgue o item subsequente.
No caso de requisição de bem particular, se este sofrer qualquer dano, caberá indenização
ao proprietário.

5. (Cespe – DP/DF 2013) A requisição administrativa é ato unilateral e autoexecutório


por meio do qual o Estado, em caso de iminente perigo público, utiliza bem móvel ou imóvel.
Esse instituto administrativo, a exemplo da desapropriação, não incide sobre serviços.

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6. (Cespe – TCE/ES 2013) Considere que um imóvel particular localizado em área de


grande circulação seja objeto de requisição pela prefeitura para o atendimento de
necessidades coletivas urgentes e transitórias. Nessa situação,
a) ocorrerá utilização coativa por ato de execução imediata e direta da autoridade
requisitante.
b) o imóvel será destinado, após o atendimento à necessidade imediata, para uso
beneficente de acordo com o interesse público.
c) a utilização se dará de forma gratuita, sem indenização ao proprietário, em caso de
atendimento a calamidade pública.
d) o bem será alienado para a administração pública, que pagará o equivalente ao valor
venal do imóvel.
e) o proprietário poderá recusar a requisição.

7. (Cespe – TRE/PI 2016) Acerca da requisição administrativa, assinale a opção correta.


a) A requisição administrativa é definitiva, e deve ser precedida de indenização paga em
dinheiro.
b) A requisição administrativa é direito pessoal da administração pública, incidindo sobre
bens móveis, imóveis e serviços.
c) A indenização é devida somente no caso de requisição administrativa de bens imóveis,
condicionada à existência de prejuízo ou dano.
d) Da requisição administrativa, cujo pressuposto é unicamente o interesse público, resulta
indenização, sempre ulterior.
e) Para a ocorrência da requisição administrativa, um direito real da administração pública,
basta o interesse público.

8. (Cespe – DPU 2010) O poder público pode intervir na propriedade do particular por
atos que visem satisfazer as exigências coletivas e reprimir a conduta antissocial do
particular. Essa intervenção do Estado, consagrada na Constituição Federal, é regulada por
leis federais que disciplinam as medidas interventivas e estabelecem o modo e a forma de
sua execução, condicionando o atendimento do interesse público ao respeito às garantias
individuais previstas na Constituição. Acerca da intervenção do Estado na propriedade
particular, julgue o item subsequente.
De acordo com a lei, denominaPse ocupação temporária a situação em que agente policial
obriga o proprietário de veículo particular em movimento a parar, a fim de utilizar este na
perseguição a terrorista internacional que porta bomba, para iminente detonação.

9. (Cespe – TJ/PI Juiz – 2012) As limitações administrativas, como forma de restrição da


propriedade privada, impõem ao Estado a obrigação de indenizar o proprietário pelo uso de
imóvel particular.

10. (Cespe – TJDFT 2016) Assinale a opção correta, segundo a qual a modalidade de
intervenção na propriedade privada sujeita o bem, cuja conservação seja de interesse

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público, por sua importância histórica, artística, arqueológica, bibliográfica ou etnológica, a


restrições parciais, mediante procedimento administrativo.
a) tombamento
b) ocupação temporária
c) servidão administrativa
d) limitação administrativa
e) desapropriação

11. (Cespe – TJ/PI Juiz – 2012) O tombamento pode ser voluntário ou compulsório,
provisório ou definitivo, conforme a manifestação da vontade ou a eficácia do ato.

12. (Cespe – AGU 2009) O instituto do tombamento provisório não é uma fase
procedimental antecedente do tombamento definitivo, mas uma medida assecuratória da
eficácia que este último poderá, ao final, produzir. A caducidade do tombamento provisório,
por excesso de prazo, não é prejudicial ao tombamento definitivo.

13. (Cespe – MPE/TO 2012) No que se refere ao tombamento, assinale a opção correta.
a) O tombamento definitivo dos bens de propriedade particular deve ser, por iniciativa do
órgão competente do Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, transcrito, para os
devidos efeitos, em livro a cargo dos oficiais do registro de imóveis e averbado ao lado da
transcrição do domínio. No caso de transferência de domínio desses bens, o adquirente
deve, dentro do prazo de dois anos, contado a partir da data do depósito, fazêPla constar do
registro, ainda que se trate de transmissão judicial ou causa mortis.
b) As coisas tombadas poderão, se o proprietário ou possuidor efetuar a compensação
patrimonial do bem atingido, ser destruídas, demolidas ou mutiladas sem prévia autorização
do Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional.
c) As coisas tombadas pertencentes à União, aos estados ou aos municípios só podem ser
alienadas por intermédio do Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional.
d) As obras históricas ou artísticas tombadas pertencentes a pessoas naturais ou jurídicas
de direito privado não se sujeitam a nenhum tipo de restrição.
e) A coisa tombada não pode ser levada para fora do país, senão por curto prazo, sem
transferência de domínio e para fim de intercâmbio cultural, a juízo do Conselho Consultivo
do Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional.

14. (Cespe – MPE/PI 2012) Assinale a opção correta a respeito dos efeitos do
tombamento.
a) O proprietário de coisa tombada sem recursos para proceder às obras de conservação e
reparação que a coisa requerer deverá entrar com pedido de concessão de crédito no
BNDES, de acordo com o disposto na lei de incentivo à cultura, e levar ao conhecimento do
Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional a necessidade das mencionadas obras,
sob pena de desapropriação do bem.

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b) As coisas tombadas que pertençam à União, aos estados ou aos municípios somente
poderão ser alienadas e transferidas de uma à outra das referidas entidades, e, uma vez
feita a transferência, dela deve o adquirente dar imediato conhecimento ao Serviço do
Patrimônio Histórico e Artístico Nacional.
c) Sem que seja protocolado o pedido de uso comercial do bem tombado ou que seja obtida
autorização posterior do Conselho Consultivo Nacional do Patrimônio Histórico, não se
poderá, na vizinhança da coisa tombada, fazer construção ou introduzir objeto que lhe
impeça ou reduza a visibilidade, nem nela colocar anúncios ou cartazes, sob pena de se
mandar destruir a obra ou retirar o objeto, impondoPse ao agente, nesse caso, a multa de
50% do valor da obra ou do objeto.
d) As coisas tombadas ficam sujeitas à vigilância permanente do Serviço de Patrimônio
Histórico e Artístico Nacional, que, por meio dos agentes da fiscalização patrimonial do
Ministério da Cultura, poderá inspecionáPlas sempre que conveniente, não podendo os
respectivos proprietários ou responsáveis criar obstáculos à inspeção, sob pena de multa.
e) A coisa tombada não poderá sair do país, senão por curto prazo, sem transferência de
domínio e para fim de intercâmbio cultural, a juízo do Conselho Consultivo do Serviço do
Patrimônio Histórico e Artístico Nacional.

15. (Cespe – TJ/RR 2013) No que se refere ao tombamento, assinale a opção correta.
a) A partir do tombamento, o bem tornaPse inalienável.
b) A partir do tombamento, o bem somente poderá ser alienado à União, se ela for a
instituidora do gravame.
c) O tombamento de bens de valor histórico ou artístico é de competência privativa da
União.
d) A partir do tombamento, o bem somente poderá ser alienado depois de exercido o direito
de preferência pela União, pelos estados e pelos municípios, nessa ordem.
e) Os bens móveis públicos não são passíveis de tombamento.

16. (Cespe – TJ/PI Juiz – 2012) A União pode desapropriar bens dos estados, do DF e
dos municípios, tendo os estados e os municípios, por sua vez, o poder de desapropriar
bens entre si, mas não bens da União.

17. (Cespe – MPOG 2012) Com base na Lei n.º 3.365/1941 e suas alterações, bem como
nos instrumentos de controle urbanístico, julgue o item consecutivo.
A construção de um estádio está prevista no corpo da lei como caso de utilidade pública,
podendo ser feita desapropriação para a execução da obra. Ao Poder Legislativo caberá
decretar e tomar medidas de desapropriação, e ao Judiciário, analisar e decidir se o caso de
utilidade pública se caracteriza ou não.

18. (Cespe – AGU 2012) SujeitamPse à desapropriação o espaço aéreo, o subsolo, a


posse, bem como direitos e ações, entre outros bens, desde que sejam privados e se
tornem objeto de declaração de utilidade pública ou de interesse social.

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19. (Cespe – AGU 2012) TratandoPse de desapropriação por zona, o domínio do


expropriante sobre as áreas que sofrem valorização extraordinária é provisório, ficando, por
isso, os novos adquirentes sujeitos ao pagamento da contribuição de melhoria, conforme
dispõe a CF.

20. (Cespe – AGU 2012) O ato de a União desapropriar, mediante prévia e justa
indenização, para fins de reforma agrária, imóvel rural que não esteja cumprindo a sua
função social configura desapropriação por utilidade pública.

21. (Cespe – TJ/BA 2012) Considerando a disciplina que rege a desapropriação, assinale
a opção correta.
a) A União poderá desapropriar bens para atendimento de necessidades coletivas, urgentes
e transitórias, decorrentes de situações de perigo iminente, de calamidade pública ou de
irrupção de epidemias.
b) Conforme entendimento sumulado pelo STJ, o prazo prescricional da ação de
desapropriação indireta é de cinco anos.
c) Caso recaia hipoteca sobre o imóvel a ser desapropriado, o poder público ficará impedido
de dar início ao processo expropriatório.
d) O Poder Legislativo pode tomar a iniciativa da desapropriação, cabendo, nesse caso, ao
Executivo praticar os atos necessários à sua efetivação.
e) Um município é competente para, presentes os requisitos legais, desapropriar bens de
empresa pública federal.

22. (Cespe – DP/DF 2013) Os juros compensatórios, que podem ser cumulados com os
moratórios, incidem tanto sobre a desapropriação direta quanto sobre a indireta, sendo
calculados sobre o valor da indenização, com a devida correção monetáriac entretanto,
independem da produtividade do imóvel, pois decorrem da perda antecipada da posse.

23. (Cespe – TRF2 Juiz – 2013) Os juros compensatórios e moratórios, na


desapropriação, não são cumuláveis, sendo devidos apenas os juros compensatórios, os
quais são pagos na desapropriação direta, a partir da efetiva ocupação do imóvel.

24. (Cespe – TJ/RR 2013) Considerando o disposto no ordenamento jurídico, na doutrina


e na jurisprudência, assinale a opção correta a respeito do regime das desapropriações.
a) O imóvel gravado com hipoteca não poderá ser desapropriado antes da quitação da
dívida com o credor hipotecário.
b) No caso de desapropriação indireta, os juros compensatórios contamPse a partir do
trânsito em julgado da sentença.
c) O poder público protegerá o patrimônio cultural brasileiro por meio de inventários,
registros, vigilância e tombamento, sendo vedada a desapropriação para esse fim.
d) O município pode desapropriar bens de propriedade de empresa pública federal, desde
que autorizado por decreto do presidente da República.
e) O prazo prescricional da ação de desapropriação indireta é de cinco anos.

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25. (Cespe – DP/DF 2013) A desapropriação é forma originária de aquisição de


propriedade que libera o bem de qualquer ônus que sobre ele incida, ou seja, se o bem
estiver gravado com algum encargo, será repassado para o poder público sem nenhum
ônus, não havendo, inclusive, a incidência de imposto sobre esse tipo de operação de
transferência de imóveis. Entretanto, segundo o STJ, incidirá imposto de renda sobre verba
recebida pelo proprietário a título de indenização decorrente de desapropriação.

26. (Cespe – AGU 2013) Caracteriza desapropriação por utilidade pública, entre outras,
aquela que o Estado promove para a preservação e conservação dos monumentos
históricos e artísticos, assim como para a criação de estádios, aeródromos ou campos de
pouso para aeronaves.

27. (Cespe – PGE/BA 2014) Caso um governador resolva desapropriar determinado


imóvel particular com o objetivo de construir uma creche para a educação infantil e,
posteriormente, com fundamento no interesse público e em situação de urgência, mude a
destinação do imóvel para a construção de um hospital público, o ato deve ser anulado, por
configurar tredestinação ilícita.

28. (Cespe – MPTCE/PB 2014) Assinale a opção correta acerca da intervenção no


domínio econômico por meio da desapropriação.
a) No cálculo da verba advocatícia nas ações de desapropriação, devem ser excluídas as
parcelas relativas aos juros compensatórios e moratórios.
b) As concessionárias de serviços públicos, quando do exercício das funções delegadas
pelo poder público, poderão promover desapropriações mediante autorização expressa,
constante de lei ou contrato.
c) O poder público pode desistir do processo expropriatório, inclusive no curso da ação
judicial, sem a obrigação de pagar indenização ao expropriado.
d) O expropriado pode pleitear indenização, pelo instituto da retrocessão, em razão de o
imóvel não ter sido utilizado para os fins declarados no decreto expropriatório, sendoPlhe
vedado, contudo, reivindicar a propriedade expropriada, por se tratar de bem já incorporado
ao patrimônio público.
e) Compete privativa e exclusivamente à União legislar sobre desapropriação, competindo,
no entanto, a todos os entes federativos declarar a utilidade pública ou o interesse social de
bem imóvel para fins de reforma agrária.

29. (Cespe – MPE/AC 2014) O prefeito de determinado município realizou a


desapropriação de um imóvel para fins de implantação de um parque ecológico, tendo a
prefeitura instalado posteriormente, na área expropriada, um conjunto habitacional popular.
Nesse caso hipotético,
a) como a área expropriada não foi utilizada para a implantação do parque ecológico, cabe
indenização dos expropriados por perdas e danos sofridos, desde que devidamente
comprovados.
b) não houve desvio de finalidade, dado o atendimento do interesse público, estando
configurada a tredestinação lícita.

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c) embora tenha ocorrido desvio de finalidade, o bem expropriado foi incorporado ao


patrimônio público, o que torna inviável a retrocessão, cabendo, entretanto, indenização por
perdas e danos.
d) houve desvio de finalidade, dado o descumprimento dos objetivos que justificaram a
desapropriação, cabendo a retrocessão.
e) houve desvio de finalidade, devendo ser decretada a nulidade do ato expropriatório com a
reintegração dos expropriados na posse do imóvel e indenização em lucros cessantes.
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Referências:
Alexandrino, M. Paulo, V. Direito Administrativo Descomplicado. 22ª ed. São Paulo:
Método, 2014.
Bandeira de Mello, C. A. Curso de Direito Administrativo. 27ª ed. São Paulo: Malheiros,
2010.
Borges, C. Curso de Direito Administrativo para AFRB 2014: teoria e questões comentadas.
Estratégia Concursos, 2014.
Carvalho Filho, J. S. Manual de Direito Administrativo. 27ª ed. São Paulo: Atlas, 2014.
Di Pietro, M. S. Z. Direito Administrativo. 22ª ed. São Paulo: Editora Atlas, 2009.
Furtado, L. R. Curso de Direito Administrativo. 4ª ed. Belo Horizonte: Fórum, 2013.
Knoplock, G. M. Manual de Direito Administrativo: teoria e questões. 7ª ed. Rio de
Janeiro: Elsevier, 2013.
Júnior, C. F; Bernardes, S. H. Licitações e Contratos. Rio de Janeiro: Elsevier: 2008
Justen Filho, Marçal. Curso de direito administrativo. 10ª ed. São Paulo: Revista dos
Tribunais, 2014.
Marrara, Thiago. As fontes do direito administrativo e o princípio da legalidade. Revista
Digital de Direito Administrativo. Ribeirão Preto. V. 1, n. 1, p. 23f51, 2014.
Meirelles, H. L. Direito administrativo brasileiro. 40ª ed. São Paulo: Malheiros, 2014.
Scatolino, G. Trindade, J. Manual de Direito Administrativo. 2ª ed. JusPODIVM, 2014.

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