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Aula 03

Direito Constitucional p/ PC-CE (Delegado)

Felipo Livio Lemos Luz

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Felipo Livio Lemos Luz
DIREITO CONSTITUCIONAL
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Teoria e Questões
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DIREITO CONSTITUCIONAL

Sumário
Sumário .................................................................................................. 1
1 – DIREITOS SOCIAIS ............................................................................. 2
1.1 - Direitos sociais............................................................................... 2
1.2 - Direitos sociais dos trabalhadores................................................... 12
1.2.1 – Direitos sociais individuais dos trabalhadores ............................... 13
1.2.2 – Direitos sociais coletivos dos trabalhadores .................................. 25
1.2.3 – Direitos dos domésticos ............................................................. 30
2 – Resumo da Aula ................................................................................ 38
3 – Questões .......................................................................................... 39

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AULA 03 – DIREITOS SOCIAIS


1 – DIREITOS SOCIAIS

1.1 - Direitos sociais

Na exposição desse capítulo, pretendo, por questão de honestidade, que o


aluno leve em conta que a temática dos direitos sociais é cobrada de forma
mais recorrente em concursos da seara trabalhista. Ademais, mesmo nesse tipo
de certame, é possível inferir que as bancas examinadoras se preocupam
apenas com a literalidade do elenco constitucional de direitos sociais e os
aspectos relacionados ao mínimo existencial e à vedação do retrocesso, o que
revela que o estudante das demais carreiras não deve gastar muito tempo com
essa parte da disciplina, tendo em vista que precisa otimizar os seus estudos.
Fica a sugestão: se você precisa de tempo, apenas tente decorar os incisos
relacionados aos direitos dessa espécie e entenda de forma superficial os
conceitos de mínimo existencial e vedação ao retrocesso. No entanto, a
despeito dessa introdução, nessa aula buscaremos estabelecer algumas
premissas sobre os direitos sociais, tarefa que passaremos cumprir.
Conforme verificado anteriormente, os direitos de 1ª geração buscam
restringir a ação do Estado sobre os indivíduos, limitando o poder estatal. Como
essa limitação impõe ao Estado uma atuação negativa (abstenção), as
prerrogativas de 1ª geração também são denominadas de liberdades
negativas.
Por sua vez, os direitos de 2ª geração têm como pressuposto obrigar o Estado
a realizar prestações positivas, buscando atenuar as desigualdades de natureza
material entre os indivíduos. Preconizam, portanto, que os direitos associados à
igualdade tenham um papel cada vez mais relevante na sociedade e cobram do
Estado uma atuação mais incisiva na realização da justiça social.
Os direitos de 2ª geração são corporificados em um maior acesso dos
indivíduos à educação, saúde, alimentação, trabalho, previdência social,
etc. Segundo Dirley da Cunha Júnior, os direitos sociais surgiram na tentativa
de resolver uma profunda crise de desigualdade social que se instalou no
mundo no período pós-guerra. Fundados no princípio da solidariedade
humana, os direitos sociais foram alçados a categorias jurídicas
concretizadoras dos postulados da justiça social, dependentes, entretanto, de

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execução de políticas públicas voltadas a garantir amparo e proteção social aos


mais fracos e mais pobres.
Como grandes marcos dos direitos sociais, a doutrina cita a Constituição de
Weimar de 1919 e Constituição Mexicana de 1917. Na Constituição Federal de
1988, os direitos sociais estão relacionados nos art. 6º - art. 11. Há, também,
outros dispositivos do texto constitucional que versam sobre os direitos sociais.
É o caso, por exemplo, do art. 194 (que trata da seguridade social), art. 196
(direito à saúde) e art. 205 (direito à educação).
Sobre a questão da efetividade dos direitos sociais, Marcelo Novelino pondera
que “a questão envolvendo a efetividade é, sem dúvida, uma das
preocupações mais frequentes nos debates envolvendo direitos
sociais”.
Historicamente atribuiu-se às normas sociais o status de normas
programáticas, porquanto corporificam mais objetivos políticos a serem
alcançados pelo legislador e administradores públicos (eficácia limitada) do que
normas com obrigações jurídicas específicas a serem cumpridas de modo
imediato.
A implementação e proteção de qualquer espécie de direito fundamental
envolve, direta ou indiretamente, uma significativa alocação de recursos
materiais e humanos. Todavia, o “custo” especialmente oneroso dos direitos
sociais aliado à escassez de recursos orçamentários impedem sua realização em
grau máximo ou, às vezes, até em um grau satisfatório.
Tal característica impõe a necessidade de que os poderes públicos legitimados
pelo batismo popular – Executivo e Legislativo – elejam as prioridades a
serem atendidas entre demandas igualmente legítimas contempladas no texto
constitucional.
Bernardo Gonçalves – citando Sarmento - aponta que a doutrina moderna não
concebe os direitos sociais apenas como normas programáticas, pois isso
implica em deixá-los desprotegidos das omissões estatais, “o que não se
coaduna com o sistema de direitos fundamentais previsto constitucionalmente e
com sua aplicação imediata”.
Em continuidade, o mesmo autor preconiza a existência de três vertentes que
buscam delimitar os direitos sociais além da perspectiva de normas
programáticas:

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1) Tese dos direitos sociais como direitos não subjetivos – Para essa
vertente, os direitos sociais não podem ser exigidos pelos seus titulares
(ausência de dimensão subjetiva), mas é possível o controle judicial com
o fito de examinar a razoabilidade das políticas públicas adotadas pelo
Poder Público com o objetivo de concretização desses mesmos direitos.
2) Tese dos direitos fundamentais como direitos subjetivos
definitivos – Nesse paradigma, os direitos sociais não são normas
programáticas, podendo ser exigidos de maneira incondicional pelos seus
titulares, refletindo, assim, sua verdadeira dimensão subjetiva. Desse
modo, seria irrelevante a recorrentemente citada limitação orçamentária
para a concretização dos direitos dessa magnitude, eis que detentores de
eficácia imediata como qualquer outro direito fundamental.
3) Tese dos direitos sociais como direitos subjetivos prima facie –
Utilizando a teoria dos princípios como paradigma, essa tese advoga que
os direitos sociais são direitos subjetivos prima facie, ou seja, dependem
das possibilidades fáticas e jurídicas (Alexy) que permitem conformar e
reconhecer qualquer direito fundamental. Assim, os direitos sociais devem
sempre sofrer um processo de ponderação para que uma determinada
conjuntura jurídica e os contextos social e econômico permitam
considerá-los definitivos. Para Sarmento, “esta solução é profundamente
comprometida com a efetivação dos direitos sociais, mas leva em
consideração todas as dificuldades fáticas e jurídicas envolvidas nesse
processo, bem como a existência de ampla margem de liberdade para os
poderes neste campo, decorrente não só da legitimidade democrática,
como também de sua maior capacidade funcional”.

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Três vertentes que buscam


delimitar os direitos sociais

Tese dos direitos


Tese dos direitos Tese dos direitos
fundamentais como
sociais como direitos sociais como direitos
direitos subjetivos
não subjetivos subjetivos prima facie
definitivos

Gilmar Mendes cita as contribuições de Stephen Holmes e Cass Sunstein para o


reconhecimento de que todas as dimensões dos direitos fundamentais têm
custos públicos, dando significativo relevo ao tema da “reserva do possível”,
especialmente ao evidenciar a “escassez dos recursos” e a necessidade de se
fazerem escolhas alocativas. Concluem esses autores, parafraseando Ronald
Dworkin, que, a partir da perspectiva das finanças públicas, “levar a sério os
direitos significa levar a sério a escassez”.
A teoria da reserva do possível surgiu no âmbito da
jurisprudência alemã e compreende a adoção de
mecanismos de razoabilidade por parte da
administração pública, em um cenário de limitações de
natureza material (escassez de recursos).

No caso alemão, a tese foi adotada pelo Tribunal Constitucional em razão de


questionamento de política governamental que limitava o acesso de estudantes
a determinados cursos universitários (e.g, medicina, farmácia, direito, etc.), por
elevada procura. Estudantes preteridos contestaram esse posicionamento,
porquanto entendiam que a Lei Fundamental Alemã assegurava o direito à livre
escolha da profissão, direito que, na sua visão, estaria sendo vilipendiado pelo
comportamento estatal. Entretanto, para a Corte alemã, as escolhas da
administração pública em um ambiente de escassez devem ser inicialmente
consideradas legítimas, pois o ente público deve atender também outros

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interesses da coletividade, dentro dos limites disponibilizados em seu


orçamento. Assim, o princípio de reserva do possível valoriza inicialmente
as escolhas do Poder Executivo quanto às políticas públicas priorizadas,
vedando, por conseguinte, o controle judicial da discricionariedade peculiar a
essa mesma tarefa.
Buscando delimitar o conceito constitucional do princípio da reserva do possível,
Daniel Sarmento trabalha com a visão de que a reserva do possível revela dois
conteúdos, sendo o primeiro fático e o posterior jurídico. No que tange ao
aspecto fático, a reserva do possível envolve a real e efetiva disponibilidade
de recursos econômicos necessários à satisfação do direito prestacional. Sob a
perspectiva jurídica, esse princípio revela a obrigatoriedade de existência de
autorização orçamentária para os gastos do Estado.
Nesse ponto, de maneira crítica, o autor afirma que
“não concorda com a orientação que transparece em algumas
decisões judiciais, inclusive do STF, no sentido de que o juiz não
deveria se preocupar com a existência ou não da previsão
orçamentária para a realização de despesas atreladas a direitos
sociais, nem tampouco com a concepção de que a ausência desta
previsão constitui barreira insuperável para o judiciário na
adjudicação de direitos sociais (...) a ausência de previsão
orçamentária é um elemento que deve comparecer na ponderação
de interesses que envolve a adjudicação dos direitos fundamentais
sociais previstos de forma principiológica. Trata-se de um fator
relevante, mas que está longe de ser definitivo, podendo ser
eventualmente superado pelas peculiaridades do caso”.

Na jurisprudência pátria, a tese da reserva do possível enfrenta dificuldades


quando em conflito com o princípio do mínimo existencial, já que nesse
último aspecto, a participação estatal é curial no que se refere ao fornecimento
de condições mínimas que permitam o desenvolvimento das potencialidades
do indivíduo.
Na ADPF 45, o Min. Celso de Mello ressaltou bem o conflito entre esses
princípios quando, correlacionando o mínimo existencial e a dignidade da
pessoa humana, afirmou:

“(...) a limitação de recursos existe e é uma contingência que não se pode ignorar. O
intérprete deverá levá-la em conta ao afirmar que algum bem pode ser exigido
judicialmente, assim como o magistrado, ao determinar seu fornecimento pelo Estado.

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Por outro lado, não se pode esquecer que a finalidade do Estado ao obter recursos,
para, em seguida, gastá-los sob a forma de obras, prestação de serviços, ou qualquer
outra política pública, é exatamente realizar os objetivos fundamentais da
Constituição. A meta central das Constituições modernas, e da Carta de 1988 em
particular, pode ser resumida, como já exposto, na promoção do bem-estar do
homem, cujo ponto de partida está em assegurar as condições de sua própria
dignidade, que inclui, além da proteção dos direitos individuais, condições materiais
mínimas de existência. Ao apurar os elementos fundamentais dessa dignidade (o
mínimo existencial), estar-se-ão estabelecendo exatamente os alvos prioritários dos
gastos públicos. Apenas depois de atingi-los é que se poderá discutir, relativamente
aos recursos remanescentes, em que outros projetos se deverá investir. O mínimo
existencial, como se vê, associado ao estabelecimento de prioridades orçamentárias, é
capaz de conviver produtivamente com a reserva do possível."

Com base no mesmo paradigma, o Supremo no AI 598.212, determinou a


implantação e estruturação da Defensoria Pública do Estado do Paraná, no
prazo de 06 (seis) meses, sob pena de cominação de multa diária:

EMENTA: Defensoria Pública. Implantação. Omissão estatal que compromete e frustra


direitos fundamentais de pessoas necessitadas. Situação constitucionalmente
intolerável. O reconhecimento, em favor de populações carentes e desassistidas,
postas à margem do sistema jurídico, do “direito a ter direitos” como pressuposto de
acesso aos demais direitos, liberdades e garantias. Intervenção jurisdicional
concretizadora de programa constitucional destinado a viabilizar o acesso dos
necessitados à orientação jurídica integral e à assistência judiciária gratuitas (CF, art.
5º, inciso LXXIV, e art. 134). Legitimidade dessa atuação dos Juízes e Tribunais. O
papel do Poder Judiciário na implementação de políticas públicas instituídas pela
Constituição e não efetivadas pelo Poder Público. A fórmula da reserva do possível na
perspectiva da teoria dos custos dos direitos: impossibilidade de sua invocação para
legitimar o injusto inadimplemento de deveres estatais de prestação
constitucionalmente impostos ao Estado. A teoria da “restrição das restrições” (ou da
“limitação das limitações”). Controle jurisdicional de legitimidade sobre a omissão do
Estado: atividade de fiscalização judicial que se justifica pela necessidade de
observância de certos parâmetros constitucionais (proibição de retrocesso social,
proteção ao mínimo existencial, vedação da proteção insuficiente e proibição de
excesso). Doutrina. Precedentes. A função constitucional da Defensoria Pública e a
essencialidade dessa instituição da República. Recurso extraordinário conhecido e
provido. Recentemente, a jurisprudência tem reconhecido que o princípio do mínimo
existencial também pode ser analisado sob uma perspectiva ambiental, já que por trás

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da garantia constitucional do mínimo existencial, subjaz a ideia de que a dignidade da


pessoa humana também está intrinsecamente relacionada à qualidade ambiental.

NO RE 592581, o STF definiu importante tese, em sede de repercussão geral, sobre o


controle judicial das políticas públicas, ao afirmar que “é lícito ao Judiciário impor à
Administração Pública obrigação de fazer, consistente na promoção de medidas ou na
execução de obras emergenciais em estabelecimentos prisionais para dar efetividade
ao postulado da dignidade da pessoa humana e assegurar aos detentos o respeito à
sua integridade física e moral, nos termos do que preceitua o artigo 5º (inciso XLIX)
da Constituição Federal, não sendo oponível à decisão o argumento da reserva do
possível nem o princípio da separação dos Poderes”.

Ainda no contexto da implementação dos direitos sociais, importa citar o


princípio da vedação ao retrocesso, também denominado de efeito cliquet
pelos franceses. Esse princípio proclama que sempre que concretizado
determinado direito social, a atuação do Poder Público, daí por diante, não pode
afastar ou de qualquer modo vilipendiar o núcleo intransponível do direito
conquistado.
Como afirma J. J. Canotilho,
“a proteção dos direitos constitui um poderoso limite jurídico da
liberdade de conformação do legislador e, simultaneamente, uma
obrigação de realização de uma política consentânea com os
Direitos, visando sempre ao bem-estar de todos, de sorte que o
núcleo essencial dos Direitos “deve considerar-se
constitucionalmente garantido, sendo inconstitucionais quaisquer
medidas que, sem a criação de outros esquemas alternativos ou
compensatórios, se traduzam na prática numa ‘anulação’,
‘revogação’ ou ‘aniquilação’ pura e simples desse núcleo
essencial”.

A vedação ao retrocesso também é observada sob a perspectiva ambiental,


consoante bem explanado no Resp 302.906, de 26.08.2010, decisão em que o
STJ reconheceu a existência do Princípio da Proibição ao Retrocesso Ecológico:

“(...) O exercício do ius variandi, para flexibilizar restrições urbanístico-ambientais


contratuais, haverá de respeitar o ato jurídico perfeito e o licenciamento do
empreendimento, pressuposto geral que, no Direito Urbanístico, como no Direito
Ambiental, é decorrência da crescente escassez de espaços verdes e dilapidação da

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qualidade de vida nas cidades. Por isso mesmo, submete-se ao princípio da não
regressão (ou, por outra terminologia, princípio da proibição de retrocesso), garantia
de que os avanços urbanístico-ambientais conquistados no passado não serão diluídos,
destruídos ou negados pela geração atual ou pelas seguintes (...)”.

Ainda é possível analisar o ordenamento social sob uma perspectiva


interessante, qual seja, a possibilidade de intervenção regulatória por parte do
Estado sobre os agentes econômicos, como meio assecuratório e de fomento
dos direitos sociais. Segundo Rafael Carvalho Rezende de Oliveira, o termo
regulação é polissêmico, admitindo, ao menos, três sentidos:

regulação estatal é toda forma de intervenção estatal, correspondendo


ao conceito generico de intervenção estatal na economia, o que engloba
Sentido amplo tanto a atuação direta do Estado como o estabelecimento de condições
para o exercício de atividades econômicas;

Sentido regulação estatal equivale ao condicionamento, coordenação e disciplina


da atividade privada, excluindo-se, portanto, a atuação direta do Estado
intermediário na economia;

regulação seria somente o condicionamento da atividade econômica por


Sentido restrito lei ou ato normativa.

Segue o mesmo autor afirmando que a regulação pode ser melhor definida
como uma forma de intervenção indireta do Estado na economia que não
possui pertinência com a atuação empresarial do Estado (intervenção direta),
não se confundindo, todavia, com a simples adoção de uma postura passível de
poder de polícia (na modalidade fiscalizatória), mas, sim, de uma postura ativa
na imposição de comportamentos aos mercados que serão regulados.
Ao diferenciar o poder de polícia da regulação/intervenção sobre o
ordenamento social, Diogo de Figueiredo percucientemente afirma que essa
última intervenção difere da função administrativa de polícia, pois, enquanto,
com esta atividade, a Administração procura apenas harmonizar a convivência
pela contenção da realização do interesse individual em nível coletivamente
aceitável, distinta e ampliadamente, ao atuar no desempenho do ordenamento
social propõe-se o Estado a ir mais longe, buscando alcançar o coletivamente
desejável, através de preceitos e de ações voltados à preservação da dignidade
humana e dos seus valores culturais, em sociedades sempre ameaçadas por
injustiças sociais, egoísmo e ignorância.

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Assim, se na função de polícia o Estado exerce o mínimo de


coerção necessário para a sociedade desfrutar
de uma ordem social segura, sadia, decorosa e
estética, na função de ordenamento social, as
exigências se dirigem a condicionar e orientar a sociedade para lograr
um contínuo aperfeiçoamento de relações mais sensíveis, através de
uma atuação regrada, fundada em seus próprios valores culturais,
democraticamente recolhidos, e com a finalidade última de garantir a
dignidade da pessoa humana.
Destarte, para atender plenamente aos ideais do Estado Democrático de
Direito, não mais basta ao Poder Público instituir os condicionantes de um
ordenamento voltado ao progresso econômico das sociedades contemporâneas,
estendendo-se, ainda, sobre certos setores sensíveis de seus relacionamentos
não econômicos para imprimir-lhes, com o mesmo sentido construtivo, uma
ordem dirigida à elevada finalidade de dignificar a pessoa humana, como valor
cardeal e megaprincípio do Direito, para proteger seus legítimos valores
culturais.
Nesta linha, a Constituição de 1988 dispõe, em extenso Título (VIII), a respeito
desses específicos setores e de instrumentos interventivos voltados ao
progresso social, que compreendem: a seguridade social, a saúde, a
previdência social, a assistência social, a educação, a cultura, o
desporto, a ciência, a tecnologia, a comunicação social, o meio
ambiente, a família, a criança, o adolescente, o idoso e o índio,
complementados com normas esparsas no Título das Disposições
Constitucionais Gerais (IX).
Desse modo, conceitua-se a regulação sobre
ordenamento social como a função
administrativa que disciplina relações jurídicas não
econômicas, com a finalidade de resguardar a dignidade da
pessoa humana, ao assegurar seus valores culturais e qualidade da vida,
voltada à realização concreta, direta e imediata, através de ações de proteção e
de prestação, de princípios constitucionais específicos.
Para a execução dessa intervenção, a Administração exerce um conjunto
de atribuições regulatórias, prestacionais, fiscalizatórias e
sancionatórias, distribuídas por esses setores, constitucionalmente previstas,
exercidas através de órgãos especificamente criados para tais fins. Considerada
sob enfoque sociológico, esta função administrativa de ordenamento social é
bem mais extensa e de efeitos mais intensos do que a desempenhada no
exercício.

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Reforçando a ideia de Intervenção do Estado no domínio social, é possível


afirmar que, consoante o art. 193 da CF, o ordenamento social deve relevar o
primado do trabalho e sua consequente valorização, objetivando, por
corolário, o bem-estar da coletividade e a obtenção da tão sonhada
justiça social. Nesse contexto, figura-se plenamente possível uma maior
atuação do Estado no âmbito privado para a consecução dos objetivos
elencados pela Constituição no plano social, sendo, portanto, imperiosa uma
atuação mais assertiva do Estado nesse segmento.
Do simples cotejo de alguns dispositivos constitucionais é possível inferir que o
Estado Brasileiro busca “construir uma sociedade livre, justa e solidária” (art.
3º, I, da CF), “erradicar a pobreza, marginalização e reduzir as desigualdades
(art. 3º, III e art. 170, VII).
Por sua vez, Celso Antônio Bandeira de Mello de forma deveras contundente
afirma que “há um programa em que está luminosamente explícita a
prioridade ao que seja favorecedor do trabalho e dos trabalhadores,
relegando-se a segundo plano o que favoreça ao capital e seus interesses”. Mais
adiante, afirma o autor que “isto, evidentemente, não significa menoscabar seja
a importância, seja a valia desta segunda ordem de interesse, por certo
também de alta relevância; mas significa que a realização deles há de estar
entrosada com a realização dos primeiros e atrelada à satisfação deles”.
No campo das políticas públicas, há quem sustente que a interferência do Poder
Judiciário nesse tipo de demanda é antidemocrática e incompatível com o
princípio da separação dos poderes, desvelando uma usurpação de
competências do Legislativo e do Executivo pelo Judiciário.
No entanto, Gilmar Mendes afirma que
“se alguns sistemas constitucionais, como aquele fundado pela Lei
Fundamental de Bonn, admitem discussão sobre a existência de
direitos fundamentais de caráter social (sozialeGrundrechte), é
certo que tal controvérsia não assume maior relevo entre nós, uma
vez que o constituinte, embora em capítulos destacados, houve
por bem consagrar os direitos sociais, que também vinculam o
Poder Público, por força inclusive da eficácia vinculante que se
extrai da garantia processualconstitucional do mandado de
injunção e da ação direta de inconstitucionalidade por omissão”.

Desse modo, no seio da Constituição Brasileira, os direitos sociais, na qualidade


de direitos fundamentais, possuem uma dimensão subjetiva, conferindo aos
cidadãos o direito de exigir (prestação positiva) do Estado determinadas
condutas de natureza material, configurando a atuação do Judiciário
simplesmente um dever de observância às diretrizes e programas
traçados na Constituição, porquanto vinculantes e obrigatórios.

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Educação

Assistência aos
Saúde
desamparados

Proteção à
maternidade Alimentação
e à infância
DIREITOS
SOCIAIS
art.6º
Previdência
Trabalho
Social

Segurança Moradia

Lazer

1.2 - Direitos sociais dos trabalhadores

Além dos direitos sociais previstos no artigo 6º (educação, saúde, alimentação,


trabalho, moradia, transporte, lazer, a segurança, previdência social, proteção à
maternidade e à infância e assistência aos desamparados), a Constituição
Brasileira também enumera os direitos sociais pertinentes às relações de
trabalho, impondo normas de ordem pública para que os direitos dos
trabalhadores não sejam desconfigurados pela assimetria existente entre o
capital e trabalho. No texto original da Constituição Federal, não se fazia
menção à alimentação, à moradia e ao transporte como direitos sociais, sendo
estes inseridos pelo Poder Constituinte Reformador. A moradia foi inserida pela
EC nº 26/2000; a alimentação, pela EC nº 64/2010; e o transporte, pela EC nº
90/2015. O estudante deve se manter atento a essa questão, pois, como será
visto, essas sutis alterações são cobradas pelas bancas examinadoras.

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1.2.1 – Direitos sociais individuais dos trabalhadores

Pra efeito de concurso público, é importantíssimo que o “concurseiro” decore os


dispositivos elencados entre o art. 7º e 11, pois, como afirmado na nossa
exposição inicial, a exigência das bancas remete simplesmente a uma
reprodução literal ou quase literal das normas. Diante desse contexto,
destacaremos os artigos e, posteriormente, resolveremos as questões
correlatas, momento em que o leitor pode verificar essa afirmação.
Vejamos:

Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à
==10a285==

melhoria de sua condição social:

A CF/88 equiparou os direitos entre trabalhadores urbanos e rurais, o que


uniformizou, em regra, o tratamento entre essas espécies de trabalhadores.
Isso não significa que a legislação infraconstitucional não possa regulamentar
situações pontuais, como observamos nas normas contidas na lei 5889/73 que
prevê, por exemplo, horário noturno diferenciado para os trabalhadores rurais
da lavoura e pecuária (art. 7º).

I - relação de emprego protegida contra despedida arbitrária ou sem justa causa, nos
termos de lei complementar, que preverá indenização compensatória, dentre outros
direitos;

A lei complementar sobre o tema ainda não foi promulgada, situação que não
encontra maior prejuízo em virtude da norma de transição prevista no art. 10
do ADCT (Ato das Disposições Constitucionais Transitórias), afirmando que até
a promulgação da mencionada lei complementar, a indenização contra a
despedida arbitrária ou sem justa causa ficará restrita a 40% sobre os
depósitos do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), realizados em
favor do empregado.
Nesse ponto, merece destaque também o art. 4º da Convenção 158 da OIT,
norma denunciada unilateralmente pelo presidente da República em 1996, ao
dispor que “não se dará término à relação de trabalho de um trabalhador a
menos que exista para isso uma causa justificada relacionada com sua
capacidade ou seu comportamento ou baseada nas necessidades de
funcionamento da empresa, estabelecimento ou serviço”. Discute-se,
entretanto, se essa denúncia, em si, é constitucional, matéria ainda pendente

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de julgamento no Supremo Tribunal Federal (Ação Direta de


Inconstitucionalidade 1.625-3), embora com votos caminhando no sentido da
declaração da inconstitucionalidade da denúncia. Destaque-se, por último, que
o mesmo art. 10 do ADCT estabelece 2 (dois) casos de vedação à dispensa
arbitrária ou sem justa causa: a) Do empregado eleito para cargo de direção de
comissões internas de prevenção de acidentes (CIPA), desde o registro de sua
candidatura até um ano após o final de seu mandato; b) Da empregada
gestante, desde a confirmação da gravidez até cinco meses após o parto.

II - seguro-desemprego, em caso de desemprego involuntário;

Como resta claro, apenas o desemprego involuntário ocasiona o pagamento do


benefício do seguro desemprego, deixando a norma de lado as situações de
pedido de demissão e dispensa por justa causa. Nesse sentido, a lei 7998/90,
ao abarcar situações análogas, dispôs ser tarefa do seguro-desemprego “prover
assistência financeira temporária ao trabalhador desempregado em virtude de
dispensa sem justa causa, inclusive a indireta, e ao trabalhador
comprovadamente resgatado de regime de trabalho forçado ou da
condição análoga à de escravo”.

III - fundo de garantia do tempo de serviço;

A CF/88 extinguiu a antiga “estabilidade decenal”, que, apesar de contemplada


na CLT, não foi recepcionada pela novel Constituição. Por essa antiga regra, o
empregado que tivesse mais de 10 anos de empresa não poderia ser demitido,
salvo em caso de falta grave ou força maior. Deve ser lembrado também nesse
ponto, que O Plenário do Supremo Tribunal Federal declarou a
inconstitucionalidade das normas que previam prazo prescricional de 30 anos
para ações relativas a valores não depositados no Fundo de Garantia do Tempo
de Serviço (FGTS). O entendimento é o de que o FGTS está expressamente
definido na Constituição da República (artigo 7º, inciso III) como direito dos
trabalhadores urbanos e rurais e, portanto, deve se sujeitar à prescrição
trabalhista, de cinco anos (ARE 709212, com repercussão geral reconhecida).

IV - salário mínimo, fixado em lei, nacionalmente unificado, capaz de atender a suas


necessidades vitais básicas e às de sua família com moradia, alimentação, educação,
saúde, lazer, vestuário, higiene, transporte e previdência social, com reajustes periódicos
que lhe preservem o poder aquisitivo, sendo vedada sua vinculação para qualquer fim;

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É importante observarmos sobre o tema que, embora a CF exija lei formal para
a fixação do valor anual do salário mínimo, o STF entendeu constitucional o
artigo 3º da Lei 12.382/2011, que atribuiu ao Poder Executivo a incumbência de
editar decreto para divulgar, a cada ano, até 2015, os valores mensal, diário e
horário do salário mínimo, com base em parâmetros fixados pelo Congresso
Nacional. Segundo colhe-se do voto da ministra Cármen Lúcia, o decreto
presidencial de divulgação anual do salário mínimo é mera aplicação da
fórmula, do índice e da periodicidade para ele estabelecidos pela Lei
12.382/2011. É importante atentar sobre a vedação contida na parte final do
inciso, asseverando não ser permitida qualquer vinculação de obrigação ao
salário mínimo. A jurisprudência pátria, ao temperar a essa rigidez, evolui no
sentido de que a utilização do salário mínimo como base de cálculo do valor da
pensão alimentícia não ofende o dispositivo constitucional invocado, dada a
premissa de que a prestação tem por objetivo a preservação da subsistência
humana e o resguardo do padrão de vida daquele que a percebe (tema 821,
repercussão geral). Desse modo, perfeitamente aplicável a indexação do salário
mínimo às obrigações de caráter alimentar, o que é muito observado nas varas
de família na fixação de pensões alimentícias e nos arbitramentos de danos
pelos demais órgãos do Poder Judiciário. Em remate, é importante o
conhecimento pelo “concurseiro” das súmulas vinculantes sobre o tema,
porquanto recorrentemente cobradas, inclusive, em direito administrativo:

 Salvo nos casos previstos na Constituição, o salário mínimo não pode ser
usado como indexador de base de cálculo de vantagem de servidor
público ou de empregado, nem ser substituído por decisão judicial
(Súmula Vinculante 4)

 Não viola a Constituição o estabelecimento de remuneração inferior ao


salário mínimo para as praças prestadoras de serviço militar inicial
(Súmula Vinculante 6).

 O cálculo de gratificações e outras vantagens do servidor público não


incide sobre o abono utilizado para se atingir o salário mínimo (Súmula
Vinculante 15).

 Os arts. 7º, IV, e 39, § 3º (redação da EC 19/1998), da Constituição


referem-se ao total da remuneração percebida pelo servidor público
(Súmula Vinculante 16).

V - piso salarial proporcional à extensão e à complexidade do trabalho;

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Como previsto claramente no texto, na fixação do piso salarial deve-se levar em


consideração a extensão e a complexidade do trabalho. O piso salarial é
estabelecido, em regra, por categorias profissionais e fixados mediante
negociação coletiva de trabalho. A LC 103/2000 permite que os Estados e o
Distrito Federal ficam autorizados a instituir, mediante lei de iniciativa do Poder
Executivo, o piso salarial de que trata essa norma para os empregados que não
tenham piso salarial definido em lei federal, convenção ou acordo coletivo de
trabalho.

VI - irredutibilidade do salário, salvo o disposto em convenção ou acordo coletivo;

O inciso veda, como regra, a redução salarial, sendo possível a sua negociação
em negociação coletiva (acordo ou convenção), o que mostra que uma situação
fática pode excepcionar a premissa antes estabelecida (irredutibilidade).

VII - garantia de salário, nunca inferior ao mínimo, para os que percebem remuneração
variável;

A CF/88, atenta à realidade, permitiu a remuneração variável, desde que o


trabalhador não receba remuneração inferior ao salário mínimo. A doutrina
aponta que a remuneração variável aludida diz respeito aos trabalhadores que
recebem comissões, gorjetas, percentagens, prêmios ou tarefas. Nesse ponto,
indagação comum no âmbito trabalhista é a que versa sobre a possibilidade de
remuneração inferior ao mínimo para os empregados que laboram em jornada
parcial (como ex-auditor do trabalho enfrentava recorrentemente essa pergunta
no plantão fiscal!). Nesse contexto, o que deve ser aferido é a remuneração
pelo valor-hora de trabalho, porquanto essa última é que não pode ser inferior
ao valor-hora mínimo (atualmente R$4,34!). É dizer, se eu trabalho 10 h
semanais posso perfeitamente perceber um valor menor que o salário mínimo
na contabilização mensal (salvo alguma previsão em norma coletiva) desde que
respeitado o valor por hora mínimo. Ademais, o salário mínimo previsto no
inciso IV do artigo 7º da Constituição Federal é fixado com base na jornada de
trabalho de oito horas diárias ou quarenta e quatro semanais, conforme o artigo
7º, inciso XIII, do Texto Constitucional, o que permite o entendimento firmado
acima. Merece, por último, ressaltarmos que, de modo excepcional, a Suprema
Corte vem se pronunciando no sentido de que a remuneração do servidor
público não pode ser inferior a um salário-mínimo, ainda que o servidor
trabalhe em regime de jornada reduzida (AI 815.869 AgR, rel. min. Dias

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Toffoli, j. 4-11-2014, 1ª T, DJE de 24-11-2014). Nesse ponto, entende o STF


que o direito constitucional à remuneração não inferior ao salário mínimo,
aplicável ao servidores em razão do art. 39, § 3º, da Constituição Federal,
não comporta exceções.

VIII - décimo terceiro salário com base na remuneração integral ou no valor da


aposentadoria;

A gratificação natalina (13º salário) tem natureza remuneratória e integra, para


todos os efeitos, a remuneração do empregado, conforme estabelecido
pela Súmula 207/STF que preconiza que “as gratificações habituais, inclusive a
de Natal, consideram-se tacitamente convencionadas, integrando o salário”. No
mesmo sentido, a súmula 688 da mesma corte afirma ser legítima a incidência
da contribuição previdenciária sobre o 13º salário, o que não deve ser também
esquecido no campo dos concursos que cobram direito previdenciário.

IX – remuneração do trabalho noturno superior à do diurno;

Atualmente, o adicional noturno é regulamentado pela legislação trabalhista


com percentuais de 20% para o trabalho em ambiente urbano e 25% em
ambiente rural. A Súmula 213 do STF impõe ser devido o adicional de serviço
noturno, ainda que sujeito o empregado ao regime de revezamento.

X - proteção do salário na forma da lei, constituindo crime sua retenção dolosa;

O DL 368/68 afirma que a empresa em mora contumaz relativamente a salários


não poderá ser favorecida com qualquer benefício de natureza fiscal, tributária,
ou financeira, por parte de órgãos da União, dos Estados ou dos Municípios (art.
2º). No que tange aos aspectos criminais, conquanto esse inciso constitua um
mandado de criminalização ao legislador, essa norma ainda não foi editada, o
que torna inócua a previsão constitucional.

XI – participação nos lucros, ou resultados, desvinculada da remuneração, e,


excepcionalmente, participação na gestão da empresa, conforme definido em lei;

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A Lei 10.101/00 regula a participação dos trabalhadores nos lucros ou


resultados da empresa como instrumento de integração entre o capital e o
trabalho e como incentivo à produtividade.

XII - salário-família pago em razão do dependente do trabalhador de baixa renda nos


termos da lei;

Importante ressaltar que o salário-família é um benefício previdenciário


conferido apenas aos trabalhadores de baixa renda, assim como o auxílio-
reclusão, sendo o último devido somente aos dependentes dos segurados do
INSS (Instituto Nacional do Seguro Social) que se encontrem presos. Segundo a
lei de benefícios da previdência social (8213/91), o salário-família será pago sob
a forma de uma quota calculada por filho menor de qualquer condição, até 14
anos de idade ou inválido. O aposentado por invalidez ou por idade e os demais
aposentados com 65 (sessenta e cinco) anos ou mais de idade, se do sexo
masculino, ou 60 (sessenta) anos ou mais, se do feminino, terão direito ao
salário-família, pago juntamente com a aposentadoria.

XIII - duração do trabalho normal não superior a oito horas diárias e quarenta e quatro
semanais, facultada a compensação de horários e a redução da jornada, mediante acordo
ou convenção coletiva de trabalho;

Sobre o tema, o STF recentemente assentou que a jornada de 12 horas de


trabalho por 36 horas de descanso não afronta o art. 7º, XIII, da CR, pois
encontra-se respaldada na faculdade, conferida pela norma constitucional, de
compensação de horários (ADI 4.842, rel. min. Edson Fachin, j. 14-9-2016,
P, DJE de 8-8-2017).

XIV - jornada de seis horas para o trabalho realizado em turnos ininterruptos de


revezamento, salvo negociação coletiva;

No entendimento da Suprema Corte, são os turnos que devem ser ininterruptos


e não o trabalho da empresa. Para o meso órgão, circunscreve-se a expressão
"turno" aos segmentos das 24 horas, pelo que se tem como irrelevante a
paralisação coletiva do trabalho aos domingos.

XV - repouso semanal remunerado, preferencialmente aos domingos;

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Deve ser atentado que a norma prevê preferencialmente o repouso semanal


aos domingos, de modo não há a obrigatoriedade de concessão nesse dia.

XVI - remuneração do serviço extraordinário superior, no mínimo, em cinquenta por cento


à do normal;

Para efeito de concurso público deve ser ressaltada a expressão “no mínimo”, já
que as bancas de concurso gostam desse tipo de cobrança pouco inteligente em
primeira fase. Portanto, a remuneração de serviço extraordinário deve ser
superior a, no mínimo, ....
1

XVII - gozo de férias anuais remuneradas com, pelo menos, um terço a mais do que o
salário normal;

Esse dispositivo trata do adicional de férias. Deve sempre ser lembrado que a
CF não estabelece o período mínimo de férias, sendo essa tarefa realizada
pela legislação trabalhista. O texto constitucional estatui apenas os aspectos
remuneratórios do direito, asseverando que as férias remuneradas devem ser
de gozadas com um adicional de, pelo menos, 1/3 da remuneração normal. É
pacífica a jurisprudência do STF no sentido de que o servidor público
aposentado tem direito ao recebimento de indenização pelas férias não
gozadas, adquiridas ao tempo da atividade, sob pena de enriquecimento sem
causa da administração, bem como o entendimento no sentido da não
incidência de contribuição social sobre o adicional de um terço, matéria
bastante cobrada em direito previdenciário.

XVIII - licença à gestante, sem prejuízo do emprego e do salário, com a duração de cento
e vinte dias;
XIX - licença-paternidade, nos termos fixados em lei;

No RE nº 778.889/PE, o STF fixou a tese de que os prazos da licença-gestante


não podem ser superiores aos prazos da licença-adotante no caso de servidoras
públicas, inclusive no que diz respeito às prorrogações. Nesse julgado, foi
salientado que, ao contrário da administração pública, a iniciativa privada, por
previsão na Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), prevê o mesmo tempo de
licença-maternidade para mães biológicas e adotantes. Assim, seria

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desarrazoado o tratamento diferenciado para as servidoras submetidas ao


regime do direito administrativo. Em relação à licença adotante, ficou também
assentado pelo Tribunal que não é possível fixar prazos diversos em função da
idade da criança adotada. Sobre a estabilidade provisória no emprego às
trabalhadoras gestantes, nos termos do art. 10, II, b, do ADCT, o STF também
fixou entendimento no sentido de que as servidoras públicas e empregadas
gestantes, inclusive as contratadas a título precário, independentemente
do regime jurídico de trabalho, têm direito à licença-maternidade de 120 dias e
à estabilidade provisória desde a confirmação da gravidez até cinco meses após
o parto. No que tange à licença-paternidade, segundo o art. 10, § 1º, do ADCT,
"até que lei venha a disciplinar o disposto no art. 7º, XIX da Constituição, o
prazo da licença-paternidade a que se refere o inciso é de cinco dias". Para as
empresas inscritas no programa empresa cidadã (lei 11770/08) a duração da
0
licença-maternidade será estendida para 180 dias e a licença-paternidade de
cinco para 20 dias.

XX - proteção do mercado de trabalho da mulher, mediante incentivos específicos, nos


termos da lei;

Trata-se de norma que vislumbra o estabelecimento de igualdade material entre


os sexos. Dessa forma, o estabelecimento de incentivos específicos à mulher
por lei não viola o princípio da isonomia.

XXI - aviso prévio proporcional ao tempo de serviço, sendo no mínimo de trinta dias, nos
termos da lei;

O aviso prévio é benefício aplicável aos contratos de trabalho por tempo


indeterminado. Seu objetivo é conceder ao trabalhador uma busca
relativamente mais tranquila por uma nova colocação no mercado, após tomar
conhecimento da intenção de dispensa por parte do empregador. Como visto, a
CF afirma que o aviso prévio é de, no mínimo, trinta dias. A lei 12506/11 deu
maior elasticidade ao regime do aviso prévio, porquanto definiu que serão
acrescidos 3 (três) dias por ano de serviço prestado na mesma empresa, até o
máximo de 60 (sessenta) dias, perfazendo, assim, um total de até 90 (noventa)
dias ao benefício.

XXII - redução dos riscos inerentes ao trabalho, por meio de normas de saúde, higiene e
segurança;

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O inciso trata das normas regulamentadoras editadas pelo Ministério do


Trabalho e Emprego, matéria recorrentemente cobrada em concursos de
natureza trabalhista. A súmula 736 do STF afirma, por seu turno, que compete
à Justiça do Trabalho julgar as ações que tenham como causa de pedir o
descumprimento de normas trabalhistas relativas à segurança, higiene e saúde
dos trabalhadores. Recentemente (08/2017), também com fundamento na
saúde dos trabalhadores (o assunto será tratado de forma mais pormenorizada
na aula sobre repartições de competências legislativas), o STF julgou
improcedente a Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) 3937 ajuizada pela
Confederação Nacional dos Trabalhadores na Indústria (CNTI) contra a Lei
12.687/2007, do Estado de São Paulo, que proibia o uso de produtos, materiais
ou artefatos que contenham quaisquer tipos de amianto no território estadual.
Os ministros também declararam, incidentalmente, a inconstitucionalidade do
artigo 2º da Lei Federal 9.055/1995, a
que permitia a extração, industrialização,
comercialização e a distribuição do uso do amianto na variedade crisotila no
País.

XXIII - adicional de remuneração para as atividades penosas, insalubres ou perigosas, na


forma da lei;

Devido à falta de regulamentação, o adicional de remuneração para atividades


penosas ainda não poderá ser cobrado do empregador. A insalubridade é
definida em função do tempo de exposição ao agente nocivo, levando em conta
ainda o tipo de atividade desenvolvida pelo empregado, observados, ainda, os
limites de tolerância e tempo de exposição, nos termos da Norma
Regulamentadora 15. No caso desse adicional, a jurisprudência do STF afirma
que descabe considerar o salário mínimo como base de cálculo, nos termos da
súmula vinculante 4, questão também reiteradamente cobrada. O art. 193 da
CLT afirma que são consideradas atividades ou operações perigosas, na forma
da regulamentação aprovada pelo Ministério do Trabalho (NR16), aquelas que,
por sua natureza ou métodos de trabalho, impliquem o contato permanente
com inflamáveis ou explosivos em condições de risco acentuado.

XXIV - aposentadoria;

Sobre esse ponto, a jurisprudência do STF assevera que para efeito de


aposentadoria especial de professores, não se computa o tempo de serviço
prestado fora da sala de aula (súmula 726). No entanto, recentemente, em
repercussão geral (RE 1.039.644, Relator Ministro Alexandre de Moraes,
julgamento finalizado no. Plenário Virtual em 12.10.2017), o mesmo tribunal

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definiu que: “para a concessão da aposentadoria especial de que trata o artigo


40, parágrafo 5º, da Constituição, conta-se o tempo de efetivo exercício, pelo
professor, da docência e das atividades de direção de unidade escolar e de
coordenação e assessoramento pedagógico, desde que em estabelecimentos
de educação infantil ou de ensino fundamental e médio". Dessa forma,
ficam de fora os professores de estabelecimentos de ensino superior. Por fim, é
pacífico o entendimento de que a aposentadoria espontânea não implica, por si
só, extinção do contrato de trabalho, sendo distintos, portanto, os campos
previdenciário e trabalhista.

XXV - assistência gratuita aos filhos e dependentes desde o nascimento até 5 (cinco) anos
de idade em creches e pré-escolas;
2
Esse direito foi assegurado pela Emenda Constitucional 53 de 2006. Deve ser
atentado pelo concurseiro a idade máxima prevista: 5 anos.

XXVI - reconhecimento das convenções e acordos coletivos de trabalho;

Segundo a Convenção 154 da Organização Internacional do Trabalho, a


expressão "negociação coletiva" compreende todas as negociações que tenham
lugar entre, de uma parte, um empregador, um grupo de empregadores ou
uma organização ou várias organizações de empregadores, e, de outra parte,
uma ou várias organizações de trabalhadores, com o fim de: a) fixar as
condições de trabalho e emprego; b) regular as relações entre empregadores e
trabalhadores; c) regular as relações entre os empregadores ou suas
organizações e uma ou várias organizações de trabalhadores, ou alcançar todos
estes objetivos de uma só vez. As negociações coletivas de trabalho podem ser
de dois tipos: i) convenções coletivas de trabalho (celebradas entre sindicato
patronal e sindicato dos trabalhadores) e; ii) acordos coletivos de trabalho
(celebrados entre sindicato dos trabalhadores e uma empresa ou grupo de
empresas). Por sua vez, já decidiu o STF que a celebração de convenções e
acordos coletivos de trabalho constitui direito reservado exclusivamente aos
trabalhadores da iniciativa privada. A negociação coletiva demanda a existência
de partes detentoras de ampla autonomia negocial, o que não se realiza no
plano da relação estatutária. A administração pública é vinculada pelo princípio
da legalidade (ADI 559, rel. min. Eros Grau, j. 15-2-2006, P, DJ de 5-5-2006).

XXVII - proteção em face da automação, na forma da lei;

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A norma é autoexplicativa, não comportando maiores elucubrações, só devendo


ser atentado que trata-se de norma de eficácia limitada.

XXVIII - seguro contra acidentes de trabalho, a cargo do empregador, sem excluir a


indenização a que este está obrigado, quando incorrer em dolo ou culpa;

A norma fundamenta a instituição do seguro de acidente de trabalho (SAT),


previsto na legislação previdenciária e custeado pelas empresas para o
pagamento de benefícios do INSS oriundos de acidente de trabalho ou doença
ocupacional. A alíquota normal é de um, dois ou três por cento sobre a
remuneração do empregado, conforme previsão da legislação de regência (lei
8212/91). É importante lembrar que o pagamento desse seguro não exime o
8
empregador do pagamento de indenização em situações de acidente de
trabalho, no caso de dolo ou culpa. Sob a perspectiva jurisprudencial, a
súmula 22 do STF afirma que a Justiça do Trabalho é competente para
processar e julgar as ações de indenização por danos morais e patrimoniais
decorrentes de acidente de trabalho propostas por empregado contra
empregador, inclusive aquelas que ainda não possuíam sentença de
mérito em primeiro grau quando da promulgação da EC 45/2004.
XXIX - ação, quanto aos créditos resultantes das relações de trabalho, com prazo
prescricional de cinco anos para os trabalhadores urbanos e rurais, até o limite de dois
anos após a extinção do contrato de trabalho;

Nessa quadra, importante lembrar que esse inciso é aplicável, inclusive, aos
créditos decorrentes das demandas que versam sobre o Fundo de Garantia por
Tempo de Serviço (FGTS), conforme comentado anteriormente. A redação
desse inciso é um pouco confusa, mas quer dizer que o trabalhador poderá
entrar com uma ação de natureza trabalhista em, no máximo, dois anos após a
extinção do contrato de trabalho, podendo, no entanto, cobrar os créditos
relativos aos últimos cinco anos do contrato de trabalho. Assim, a cada dia de
inércia por parte do trabalhador em ajuizar a demanda, será “descontado” um
dia de direito trabalhista. Se, por exemplo, entrar com uma ação trabalhista no
último dia do prazo de dois anos, só poderá reaver os créditos referentes aos
três últimos anos do contrato de trabalho.

XXX - proibição de diferença de salários, de exercício de funções e de critério de admissão


por motivo de sexo, idade, cor ou estado civil;
XXXI - proibição de qualquer discriminação no tocante a salário e critérios de admissão do
trabalhador portador de deficiência;

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XXXII - proibição de distinção entre trabalho manual, técnico e intelectual ou entre os


profissionais respectivos;

As normas destacadas objetivam contemplar o princípio constitucional da


isonomia, consoante anteriormente exposto. Conforme o STF, O limite de idade
para a inscrição em concurso público só se legitima em face do art. 7º, XXX, da
Constituição, quando possa ser justificado pela natureza das atribuições do
cargo a ser preenchido (Súmula 683). Como visto também ao discorrermos
sobre a igualdade, não pode uma empresa, no Brasil, seja nacional ou
estrangeira, desde que funcione, opere em território nacional, estabelecer
discriminação decorrente de nacionalidade para seus empregados, em
regulamento de empresa (...) (RE 161243).

5
XXXIII - proibição de trabalho noturno, perigoso ou insalubre a menores de dezoito e de
qualquer trabalho a menores de dezesseis anos, salvo na condição de aprendiz, a partir de
quatorze anos;

O que deve ser lembrado para efeito de concurso são, infelizmente, os


números:
i) A idade mínima de trabalho é, em regra, 16 anos, salvo
aprendiz, que poderá ter 14 anos;
ii) É proibido o trabalho noturno, insalubre ou perigoso aos menores
de 18 anos

XXXIV - igualdade de direitos entre o trabalhador com vínculo empregatício permanente e


o trabalhador avulso.

A Constituição Federal de 1988 conferiu a igualdade de direitos entre o


trabalhador avulso e o trabalhador com vínculo empregatício permanente.
Trabalhador avulso portuário é aquele que, sindicalizado ou não, presta serviços
de natureza urbana ou rural, sem vínculo empregatício, a diversas empresas,
com intermediação obrigatória do sindicato da categoria ou, quando se tratar de
atividade portuária, do Órgão Gestor de Mão de Obra (OGMO). De acordo com a
Lei nº 12.023/09, as atividades de movimentação de mercadorias em geral
exercidas por trabalhadores avulsos (não portuários), são aquelas
desenvolvidas em áreas urbanas ou rurais sem vínculo empregatício, mediante
intermediação obrigatória do sindicato da categoria, por meio de Acordo ou
Convenção Coletiva de Trabalho para execução das atividades.

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Parágrafo único. São assegurados à categoria dos trabalhadores domésticos os direitos


previstos nos incisos IV, VI, VII, VIII, X, XIII, XV, XVI, XVII, XVIII, XIX, XXI, XXII, XXIV,
XXVI, XXX, XXXI e XXXIII e, atendidas as condições estabelecidas em lei e observada a
simplificação do cumprimento das obrigações tributárias, principais e acessórias,
decorrentes da relação de trabalho e suas peculiaridades, os previstos nos incisos I, II,
III, IX, XII, XXV e XXVIII, bem como a sua integração à previdência social.

O presente parágrafo será discutido no item específico pertinente ao tema.

1.2.2 – Direitos sociais coletivos dos trabalhadores

Art. 8º É livre a associação profissional ou sindical, observado o seguinte:


I - a lei não poderá exigir autorização do Estado para a fundação de sindicato, ressalvado
o registro no órgão competente, vedadas ao Poder Público a interferência e a intervenção
na organização sindical;

Para a fundação de sindicato não é exigida a autorização por parte do Estado,


ou seja, não deve haver ingerência por parte do Estado na constituição das
entidades representativas de trabalhadores ou empregadores (princípio da
autonomia sindical)
II - é vedada a criação de mais de uma organização sindical, em qualquer grau,
representativa de categoria profissional ou econômica, na mesma base territorial, que
será definida pelos trabalhadores ou empregadores interessados, não podendo ser inferior
à área de um Município;

Esse dispositivo fundamenta o princípio da unicidade ou unidade sindical, que


limita, de certa forma, a liberdade antes estatuída na conformação das
entidades sindicais. Segundo esse princípio, em cada base territorial (unidade
mínima que não pode ser inferior a um município) não podem coexistir mais de
um sindicato da mesma categoria profissional. Assim, se uma categoria
profissional já for representada na cidade do Rio de Janeiro por um sindicato,
fica vedada a constituição de outro sindicato na mesma base territorial. O STF,
por meio da súmula 677, definiu que “até que lei venha a dispor a respeito,
cabe ao Ministério do Trabalho proceder ao registro das entidades sindicais e
zelar pela observância do princípio da unicidade”. Dessa forma, o registro de
entidade sindical é efetuado no Ministério do Trabalho e Emprego. A mesma
corte, por outro lado, definiu que não implica ofensa ao princípio da unicidade
sindical a criação de novo sindicato, por desdobramento de sindicato
preexistente, para representação de categoria profissional específica, desde que
respeitados os requisitos impostos pela legislação trabalhista e atendida a
abrangência territorial mínima estabelecida pela CF”. Trata-se, por exemplo, do

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caso em que determinada categoria profissional – até então filiada a sindicato


que representava diversas categorias, em bases territoriais diferentes – forma
organização sindical específica, em base territorial de menor abrangência.

III - ao sindicato cabe a defesa dos direitos e interesses coletivos ou individuais da


categoria, inclusive em questões judiciais ou administrativas;

O sindicato tem legitimidade para atuar como representante ou substituto


processual na defesa de direitos e interesses coletivos ou individuais
homogêneos da categoria que representa. No caso de substituição processual,
como vimos quando discorremos sobre o mandado de segurança coletivo, é
desnecessária a expressa autorização dos sindicalizados. É prescindível também
a comprovação da situação funcional de cada substituído, na fase de
conhecimento, nas ações em que os sindicatos agem como substituto
processual, devendo essa individualização ser efetuada apenas em fase de
liquidação.

IV - a assembleia geral fixará a contribuição que, em se tratando de categoria profissional,


será descontada em folha, para custeio do sistema confederativo da representação
sindical respectiva, independentemente da contribuição prevista em lei;

A Reforma Trabalhista (lei 13.467/17) trouxe uma modificação expressiva sobre


a temática da contribuição sindical, porquanto determinou a obrigatoriedade de
autorização prévia e expressa por parte do trabalhador, para a validade do seu
recolhimento mediante desconto na folha de pagamento. Antes, a doutrina
diferenciava a contribuição confederativa e sindical, atribuindo a essa última a
natureza tributária, em face da sua obrigatoriedade. No caso da contribuição
confederativa, a súmula vinculante 40 assentou que os descontos por ela
abarcados só é exigível dos filiados ao sindicato respectivo. O STF tem também
se orientado no sentido de que a contribuição sindical é devida pelos servidores
públicos, independentemente da existência de lei específica regulamentando
sua instituição. Nesse ponto, é importante observar a evolução jurisprudencial a
respeito do tema “reforma trabalhista”, para a verificação de novas construções
interpretativas ou manutenção das antigas.

V - ninguém será obrigado a filiar-se ou a manter-se filiado a sindicato;

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De acordo com o princípio da liberdade sindical, a participação em sindicato não


é obrigatória, cabendo aos próprios trabalhadores a decisão de se filiar ou
manter-se filiado a sindicato. Por esse motivo, de maneira acertada, o STF
entendeu que a necessidade de filiação à colônia de pescadores para habilitação
ao seguro-desemprego violava os princípios constitucionais da liberdade de
associação (art. 5º, XX) e da liberdade sindical (ADI 3.464, rel. min. Menezes
Direito, j. 29-10-2008, P, DJE de 6-3-2009).

VI - é obrigatória a participação dos sindicatos nas negociações coletivas de trabalho;

A norma em epígrafe, consagrando a importância da participação dos sindicatos


nas negociações coletiva, diz ser obrigatória a participação da entidade
associativa nos acordos e convenções coletivas de trabalho.

VII - o aposentado filiado tem direito a votar e ser votado nas organizações sindicais;

Norma que deve sempre ser lembrada em concurso, pois, mesmo os


trabalhadores aposentados devem possuir representatividade nas organizações
sindicais.

VIII - é vedada a dispensa do empregado sindicalizado a partir do registro da candidatura


a cargo de direção ou representação sindical e, se eleito, ainda que suplente, até um ano
após o final do mandato, salvo se cometer falta grave nos termos da lei.

Como assentado pela doutrina e jurisprudência, a garantia constitucional da


estabilidade provisória do dirigente sindical (CF, art. 8º, VIII) protege o
empregado sindicalizado – registrado como candidato ou já investido no
mandato sindical – contra injusta ruptura do contrato de trabalho, assim
considerada toda despedida que não se fundar em falta grave ou, então, que
não decorrer da extinção da própria empresa ou, ainda, que não resultar do
encerramento das atividades empresariais na base territorial do sindicato,
motivados, em qualquer dessas duas ultimas hipóteses, por fatores de ordem
técnica, econômica e/ou financeira. O STF, ademais, possui entendimento de
que o art. 8º, VIII, da CF, ao fazer a distinção, no caput, entre associação e
sindicato, teria conferido a garantia de estabilidade provisória somente ao
último, ou seja, aos dirigentes ou representantes sindicais.
(RE 777.227 AgR, rel. min. Roberto Barroso, j. 25-8-2017, 1ª T, DJE de 9-8-
2017).

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Parágrafo único. As disposições deste artigo aplicam-se à organização de sindicatos rurais


e de colônias de pescadores, atendidas as condições que a lei estabelecer.

Norma extensiva, atribuindo, por questão de isonomia, as mesmas disposições


anteriormente aludidas aos sindicatos rurais e colônia de pescadores.

Art. 9º É assegurado o direito de greve, competindo aos trabalhadores decidir sobre a


oportunidade de exercê-lo e sobre os interesses que devam por meio dele defender.

A constituição permite, portanto, a paralisação das atividades laborais com o


objetivo de defesa de interesse da classe trabalhadora. Sobre o ponto,
importante lembrarmos que o STF declarou a omissão legislativa quanto ao
dever constitucional em editar lei que regulamente o exercício do direito de
greve no setor público e, por essa razão, aplicou e esse setor, no que couber,
a lei de greve vigente no campo privado (Lei nº 7.783/89). Em sede de
repercussão geral, a mesma corte definiu importantes entendimentos sobre o
tema:
(i) A administração pública deve proceder ao desconto dos
dias de paralisação decorrentes do exercício do direito
de greve pelos servidores públicos, em virtude da
suspensão do vínculo funcional que dela decorre, permitida a
compensação em caso de acordo. O desconto será, contudo,
incabível se ficar demonstrado que a greve foi provocada por
conduta ilícita do Poder Público". (RE 693456).

(ii) O exercício do direito de greve, sob qualquer forma ou


modalidade, é vedado aos policiais civis e a todos os
servidores públicos que atuem diretamente na área de
segurança pública. É obrigatória a participação do Poder
Público em mediação instaurada pelos órgãos classistas das
carreiras de segurança pública, nos termos do artigo 165 do
Código de Processo Civil, para vocalização dos interesses da
categoria”. (ARE 654432).

§ 1º A lei definirá os serviços ou atividades essenciais e disporá sobre o atendimento das


necessidades inadiáveis da comunidade.

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A disciplina do direito de greve para os trabalhadores em geral, no que tange às


"atividades essenciais", é delineada nos arts. 9º a 11 da Lei 7.783/1989, norma
aplicável, como visto, com algumas limitações, aos servidores públicos.

§ 2º Os abusos cometidos sujeitam os responsáveis às penas da lei.

Os abusos cometidos em virtude do movimento paredista comportam


reprimenda, inclusive, na perspectiva penal, como observamos na leitura dos
artigos 199 a 201 do Código Penal.

Art. 10. É assegurada a participação dos trabalhadores e empregadores nos colegiados


dos órgãos públicos em que seus interesses profissionais ou previdenciários sejam objeto
de discussão e deliberação.

O art. 194, VII da Constituição, por exemplo, dispõe que a seguridade social
deve possuir caráter democrático e descentralizado de administração, mediante
gestão quadripartite, com participação dos trabalhadores, dos empregadores,
dos aposentados e do Governo nos órgãos colegiados. A norma em comento
reforça essa premissa, assegurando a participação dos trabalhadores e
empregadores nos colegiados dos órgãos públicos, sendo hipótese, por
exemplo, a participação de trabalhadores e empregados no Conselho Nacional
de Previdência Social.

Art. 11. Nas empresas de mais de duzentos empregados, é assegurada a eleição de um


representante destes com a finalidade exclusiva de promover-lhes o entendimento direto
com os empregadores.

Como antes afirmado, o que deve ser guardado pelo estudante é o aspecto
numérico do artigo, ou seja, apenas nas empresas com mais de 200
empregados é obrigatória a eleição de representante com o objetivo de
promover uma melhor interlocução com a parte patronal.

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Direito de associação ou
sindical

Relações individuais
Direito de Greve
de trabalho - art. 7º.
Direitos sociais dos
trabalhadores Direitos coletivos
Direito de Substituição
dos trabalhadores -
processual
art. 8º a 11.

Direito de participação

Direito de representação
classista

1.2.3 – Direitos dos domésticos

O parágrafo único do art. 7º da Constituição sofreu importantes modificações


pela Emenda Constitucional nº 72/2013 que conferiu relevantes direitos
trabalhistas aos empregados domésticos. O objetivo da EC nº 72/2013 foi
justamente assegurar a isonomia entre os trabalhadores domésticos e demais
trabalhadores, sejam urbanos ou rurais:

Parágrafo único. São assegurados à categoria dos trabalhadores domésticos os direitos


previstos nos incisos IV, VI, VII, VIII, X, XIII, XV, XVI, XVII, XVIII, XIX, XXI, XXII, XXIV,
XXVI, XXX, XXXI e XXXIII e, atendidas as condições estabelecidas em lei e observada a
simplificação do cumprimento das obrigações tributárias, principais e acessórias,
decorrentes da relação de trabalho e suas peculiaridades, os previstos nos incisos I, II,
III, IX, XII, XXV e XXVIII, bem como a sua integração à previdência social.

Esquematicamente, temos:

Salário mínimo, fixado em lei, nacionalmente


Direitos do unificado, capaz de atender a suas necessidades
doméstico vitais básicas e às de sua família com moradia,
alimentação, educação, saúde, lazer, vestuário,

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higiene, transporte e previdência social, com


reajustes periódicos que lhe preservem o poder
aquisitivo, sendo vedada sua vinculação para
qualquer fim.

Irredutibilidade do salário, salvo o disposto em


convenção ou acordo coletivo.

Garantia de salário, nunca inferior ao mínimo,


para os que percebem remuneração variável
(direito assegurado após a EC nº 72/2013).

Proteção do salário na forma da lei,


constituindo crime sua retenção dolosa (direito
assegurado após a EC nº 72/2013).

Décimo terceiro salário com base na remuneração


integral ou no valor da aposentadoria.

Duração do trabalho normal não superior a oito


horas diárias e quarenta e quatro semanais,
facultada a compensação de horários e a
redução da jornada, mediante acordo ou
convenção coletiva de trabalho (direito
assegurado após a EC nº 72/2013).

Repouso semanal remunerado, preferencialmente


aos domingos.

Remuneração do serviço extraordinário


superior, no mínimo, em cinquenta por cento à
do normal (direito assegurado após a EC nº
72/2013).

Gozo de férias anuais remuneradas com, pelo


menos, um terço a mais do que o salário normal.

Licença à gestante, sem prejuízo do emprego e do


salário, com a duração de cento e vinte dias.

Licença-paternidade, nos termos fixados em lei.

Aviso prévio proporcional ao tempo de serviço,


sendo no mínimo de trinta dias, nos termos da lei.

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Redução dos riscos inerentes ao trabalho, por


meio de normas de saúde, higiene e segurança
(direito assegurado após a EC nº 72/2013).

Aposentadoria.

Reconhecimento das convenções e acordos coletivos


de trabalho (direito assegurado após a EC nº
72/2013).

Proibição de diferença de salários, de exercício


de funções e de critério de admissão por
motivo de sexo, idade, cor ou estado civil
(direito assegurado após a EC nº 72/2013).

Proibição de qualquer discriminação no tocante a


salário e critérios de admissão do trabalhador
portador de deficiência (direito assegurado após a
EC nº 72/2013).

Proibição de trabalho noturno, perigoso ou


insalubre a menores de dezoito e de qualquer
trabalho a menores de dezesseis anos, salvo na
condição de aprendiz, a partir de quatorze anos
(direito assegurado após a EC nº 72/2013).

Integração à previdência social.

Relação de emprego protegida contra


despedida arbitrária ou sem justa causa, nos
termos de lei complementar, que preverá
indenização compensatória, dentre outros
direitos (direito assegurado após a EC nº
72/2013).

Seguro-desemprego, em caso de desemprego


involuntário (direito assegurado após a EC nº
72/2013).

Fundo de garantia do tempo de serviço (direito


assegurado após a EC nº 72/2013).

Remuneração do trabalho noturno superior à do

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diurno (direito assegurado após a EC nº 72/2013).

Salário-família pago em razão do dependente


do trabalhador de baixa renda nos termos da
lei (direito assegurado após a EC nº 72/2013).

Assistência gratuita aos filhos e dependentes


desde o nascimento até 5 (cinco) anos de idade
em creches e pré-escolas (direito assegurado
após a EC nº 72/2013).

Seguro contra acidentes de trabalho, a cargo


do empregador, sem excluir a indenização a
que este está obrigado, quando incorrer em
dolo ou culpa (direito assegurado após a EC nº
72/2013).

 Piso salarial proporcional à extensão e à


complexidade do trabalho;
 Participação nos lucros, ou resultados,
desvinculada da remuneração, e,
excepcionalmente, participação na gestão da
empresa, conforme definido em lei;
 Jornada de seis horas para o trabalho realizado
em turnos ininterruptos de revezamento, salvo
Direitos que não negociação coletiva;
foram atribuídos  Proteção do mercado de trabalho da mulher,
aos domésticos mediante incentivos específicos, nos termos da
lei;
 Adicional de remuneração para as atividades
penosas, insalubres ou perigosas na forma da
lei;
 Proteção em face da automação, na forma da
lei;
 Ação, quanto aos créditos resultantes das
relações de trabalho, com prazo prescricional
de cinco anos para os trabalhadores urbanos e
rurais, até o limite de dois anos após a
extinção do contrato de trabalho;
 Proibição de distinção entre trabalho manual,

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técnico e intelectual ou entre os profissionais


respectivos;
 Igualdade de direitos entre o trabalhador com
vínculo empregatício permanente e o
trabalhador avulso.

SÚMULAS

Súmula Vinculante 16 - Os arts. 7º, IV, e 39, § 3º (redação da EC 19/1998),


da Constituição referem-se ao total da remuneração percebida pelo servidor
público.
Súmula Vinculante 15 - O cálculo de gratificações e outras vantagens do
servidor público não incide sobre o abono utilizado para se atingir o salário
mínimo.
Súmula Vinculante 6 - Não viola a Constituição o estabelecimento de
remuneração inferior ao salário mínimo para as praças prestadoras de serviço
militar inicial.
Súmula Vinculante 40 - A contribuição confederativa de que trata o art. 8º,
IV, da CF, só é exigível dos filiados ao sindicato respectivo.
Súmula Vinculante 22 - A Justiça do Trabalho é competente para processar e
julgar as ações de indenização por danos morais e patrimoniais decorrentes de
acidente de trabalho propostas por empregado contra empregador, inclusive
aquelas que ainda não possuíam sentença de mérito em primeiro grau quando
da promulgação da EC 45/2004.
Súmula Vinculante 4 - Salvo nos casos previstos na Constituição, o salário
mínimo não pode ser usado como indexador de base de cálculo de vantagem de
servidor público ou de; empregado, nem ser substituído por decisão judicial.
Súmula 677 - Até que lei venha a dispor a respeito, incumbe ao Ministério do
Trabalho proceder ao registro das entidades sindicais e zelar pela observância
do princípio da unicidade.

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“A administração pública deve proceder ao desconto dos dias de paralisação


decorrentes do exercício do direito de greve pelos servidores públicos, em virtude da
suspensão do vínculo funcional que dela decorre, permitida a compensação em caso
de acordo. O desconto será, contudo, incabível se ficar demonstrado que a greve foi
provocada por conduta ilícita do Poder Público” (RE 693456, repercussão geral, Rel.
Min. Dias Toffoli, j. 27/10/2016).

É constitucional o art. 19-A da Lei 8.036/1990, o qual dispõe ser devido o depósito do
FGTS na conta de trabalhador cujo contrato com a administração pública seja
declarado nulo por ausência de prévia aprovação em concurso público, desde que
mantido o seu direito ao salário. Mesmo quando reconhecida a nulidade da
contratação do empregado público, nos termos do art. 37, § 2º, da CF, subsiste o
direito do trabalhador ao depósito do FGTS quando reconhecido ser devido o salário
pelos serviços prestados. (RE 596.478, rel. p/ o ac. min. Dias Toffoli, j. 13/06/2012).

A Suprema Corte vem se pronunciando no sentido de que a remuneração do servidor


público não pode ser inferior a um salário mínimo. Esse entendimento se aplica ao
servidor que trabalha em regime de jornada reduzida. (AI 815.869 AgR, rel. min. Dias
Toffoli, j. 04/11/2014).

Piso salarial dos técnicos em radiologia. Adicional de insalubridade. Vinculação ao


salário mínimo. Súmula Vinculante 4. (...) O art. 16 da Lei 7.394/1985 deve ser
declarado ilegítimo, por não recepção, mas os critérios estabelecidos pela referida lei
devem continuar sendo aplicados, até que sobrevenha norma que fixe nova base de
cálculo, seja lei federal, editada pelo Congresso Nacional, sejam convenções ou
acordos coletivos de trabalho, ou, ainda, lei estadual, editada conforme delegação
prevista na LC 103/2000. Congelamento da base de cálculo em questão, para que seja
calculada de acordo com o valor de dois salários mínimos vigentes na data do trânsito
em julgado desta decisão, de modo a desindexar o salário mínimo. Solução que, a um
só tempo, repele do ordenamento jurídico lei incompatível com a Constituição atual,
não deixe um vácuo legislativo que acabaria por eliminar direitos dos trabalhadores,
mas também não esvazia o conteúdo da decisão proferida por este STF. (ADPF 151
MC, rel. p/ o ac. min. Gilmar Mendes, j. 02/02/2011).

Após a edição das leis de custeio e benefícios da previdência social, impossível a


revisão de benefícios previdenciários vinculada ao salário mínimo. (AI 594.561 AgR,
rel. min. Ricardo Lewandowski, j. 23/06/2009).

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Morte de preso no interior de estabelecimento prisional. Indenização por danos morais


e materiais. Cabimento. Responsabilidade objetiva do Estado. (...) Pensão fixada. Hi
pótese excepcional em que se permite a vinculação ao salário mínimo. (AI 577.908
AgR, rel. min. Gilmar Mendes, j. 30/09/2008).

Adicional de insalubridade. Base de cálculo. Salário mínimo. Mesmo em se tratando de


adicional de insalubridade, descabe considerar o salário mínimo como base de cálculo.
Verbete Vinculante 4 da Súmula do Supremo. Agravo. Reforma. Alcance. Afasta-se a
observância do verbete vinculante quando conclusão diversa acarreta o prejuízo do
recorrente. (RE 388.658 AgR, rel. min. Marco Aurélio, j. 12/08/2008).

É da jurisprudência do STF que a remuneração total do servidor é que não pode ser
inferior ao salário mínimo (CF, art. 7º, IV). Ainda que os vencimentos sejam inferiores
ao mínimo, se tal montante é acrescido de abono para atingir tal limite, não há falar
em violação dos arts. 7º, IV, e 39, § 3º, da Constituição. Inviável, ademais, a
pretensão de reflexos do referido abono no cálculo de vantagens, que implicaria
vinculação constitucionalmente vedada (CF, art. 7º, IV, parte final). [RE 439.360 AgR,
rel. min. Sepúlveda Pertence, j. 09/08/2005).

Transposição do regime celetista para o estatutário. Inexistência de direito adquirido a


regime jurídico. Possibilidade de diminuição ou supressão de vantagens sem redução
do valor da remuneração. (RE 599.618 ED, rel. min. Cármen Lúcia, j. 01/02/2011).

O art. 7º, XVI, da CF, que cuida do direito dos trabalhadores urbanos e rurais à
remuneração pelo serviço extraordinário com acréscimo de, no mínimo, 50%, aplica-
se imediatamente aos servidores públicos, por consistir em norma autoaplicável.
(AI 642.528 AgR, rel. min. Dias Toffoli, j. 25/09/2012).

É pacífica a jurisprudência desta Corte no sentido de que o servidor público


aposentado tem direito ao recebimento de indenização pelas férias não gozadas,
adquiridas ao tempo da atividade, sob pena de enriquecimento sem causa da
administração. (RE 234.485 AgR, rel. min. Dias Toffoli, j. 02/08/2011).

O STF, em sucessivos julgamentos, firmou entendimento no sentido da não incidência


de contribuição social sobre o adicional de 1/3, a que se refere o art. 7º, XVII, da CF.
(RE 587.941 AgR, rel. min. Celso de Mello, j. 30/09/2008).

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A estabilidade provisória advinda de licença-maternidade decorre de proteção


constitucional às trabalhadoras em geral. O direito amparado pelo art. 7º, XVIII, da
CF, nos termos do art. 142, VIII, da CF/1988, alcança as militares. (RE 523.572 AgR,
rel. min. Ellen Gracie, j. 06/10/2009).

O STF fixou entendimento no sentido de que as servidoras públicas e empregadas


gestantes, inclusive as contratadas a título precário, independentemente do regime
jurídico de trabalho, têm direito à licença-maternidade de 120 dias e à estabilidade
provisória desde a confirmação da gravidez até cinco meses após o parto, nos termos
do art. 7º, XVIII, da Constituição do Brasil e do art. 10, II, b, do ADCT. (RE 600.057
AgR, rel. min. Eros Grau, j. 29-9-2009).

No caso de mandado de injunção impetrado antes da edição da Lei 12.506/2011, o


empregado possui interesse processual no writ para ter assegurado o seu direito ao
aviso prévio proporcional ao tempo de serviço na hipótese de tê-lo recebido em valor
inferior ao que seria devido uma vez regulamentado o dispositivo constitucional.
(MI 1.011 AgR-segundo, rel. min. Ricardo Lewandowski, j. 14/05/2014).

FGTS. Cobrança de valores não pagos. Prazo prescricional. Prescrição quinquenal.


Art. 7º, XXIX, da Constituição. Superação de entendimento anterior sobre prescrição
trintenária. Inconstitucionalidade dos arts. 23, § 5º, da Lei 8.036/1990 e 55 do
Regulamento do FGTS aprovado pelo Decreto 99.684/1990. (ARE 709.212, rel. min.
Gilmar Mendes, j. 13/11/2014).

Trabalhadora rural. Menor de dezesseis anos de idade. Concessão de salário-


maternidade. (...) Nos termos da jurisprudência do STF, o art. 7º, XXXIII, da
Constituição “não pode ser interpretado em prejuízo da criança ou adolescente que
exerce atividade laboral, haja vista que a regra constitucional foi criada para a
proteção e defesa dos trabalhadores, não podendo ser utilizada para privá-los dos
seus direitos” (RE 537.040, rel. min. Dias Toffoli). (RE 600.616 AgR, rel. min. Roberto
Barroso, j. 26/08/2014).

O ato de fiscalização estatal se restringe à observância da norma constitucional no que


diz respeito à vedação da sobreposição, na mesma base territorial, de organização
sindical do mesmo grau. Interferência estatal na liberdade de organização sindical.
Inexistência. O Poder Público, tendo em vista o preceito constitucional proibitivo,
exerce mera fiscalização. (RE 157.940, rel. min. Maurício Corrêa, j. 03/11/1997).

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É pacífica a jurisprudência deste nosso Tribunal no sentido de que não implica ofensa
ao princípio da unidade sindical a criação de novo sindicato, por desdobramento de
sindicato preexistente, para representação de categoria profissional específica, desde
que respeitados os requisitos impostos pela legislação trabalhista e atendida a
abrangência territorial mínima estabelecida pela CF. (AI 609.989 AgR, rel. min. Ayres
Britto, j. 30/08/2011).

Uma vez respeitada a unicidade quanto a certa base territorial, descabe impor
exigências incompatíveis com a liberdade de associação. (RMS 21.053, rel. p/ o ac.
min. Marco Aurélio, j. 24/11/2010).

Esta Corte firmou o entendimento segundo o qual o sindicato tem legitimidade para
atuar como substituto processual na defesa de direitos e interesses coletivos ou
individuais homogêneos da categoria que representa. (...) Quanto à violação ao
art. 5º, LXX e XXI, da Carta Magna, esta Corte firmou entendimento de que é
desnecessária a expressa autorização dos sindicalizados para a substituição
processual. (RE 555.720 AgR, voto do rel. min. Gilmar Mendes, j. 30/09/2008).

Art. 2º, IV, a, b e c, da Lei 10.779/2003. Filiação à colônia de pescadores para


habilitação ao seguro-desemprego. (...) Viola os princípios constitucionais da liberdade
de associação (art. 5º, XX) e da liberdade sindical (art. 8º, V), ambos em sua
dimensão negativa, a norma legal que condiciona, ainda que indiretamente, o
recebimento do benefício do seguro-desemprego à filiação do interessado a colônia de
pescadores de sua região. (ADI 3.464, rel. min. Menezes Direito, j. 29/10/2008).

Estabilidade sindical provisória (art. 8º, VIII, CF): não alcança o servidor público,
regido por regime especial, ocupante de cargo em comissão e, concomitantemente, de
cargo de direção no sindicato da categoria. (RE 183.884, rel. min. Sepúlveda Pertence,
j. 08/06/1999).

2 – Resumo da Aula

1. Os direitos sociais têm como pressuposto obrigar o Estado a realizar


prestações positivas, buscando atenuar as desigualdades de natureza material
entre os indivíduos.

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2. Para a tese dos direitos sociais como direitos não subjetivos, os direitos
sociais não podem ser exigidos pelos seus titulares (ausência de dimensão
subjetiva), mas é possível o controle judicial com o fito de examinar a
razoabilidade das políticas públicas adotadas pelo Poder Público com o objetivo
de concretização desses mesmos direitos.

3. Por outro lado, a tese dos direitos sociais como direitos subjetivos
definitivos, os direitos sociais não são normas programáticas, podendo ser
exigidos de maneira incondicional pelos seus titulares, sendo irrelevante a
recorrentemente citada limitação orçamentária para a concretização dos
direitos dessa magnitude, porquanto são direitos fundamentais dotados de
eficácia imediata.

4. A tese dos direitos sociais como direitos subjetivos prima facie aduz que
os direitos sociais são direitos subjetivos prima facie, ou seja, dependem das
possibilidades fáticas e jurídicas (Alexy) que permitem conformar e reconhecer
qualquer direito fundamental (Teoria principiológica).

5. A teoria da reserva do possível surgiu no âmbito da jurisprudência alemã


e compreende a adoção de mecanismos de razoabilidade por parte da
administração pública, em um cenário de limitações de natureza material
(escassez de recursos).

6. O mínimo existencial é capaz de conviver produtivamente com a reserva


do possível.

7. O princípio da vedação ao retrocesso, também denominado de efeito


cliquet pelos franceses, proclama que sempre que concretizado determinado
direito social, a atuação do Poder Público, posteriormente, não pode afastar ou
diminuir o núcleo intransponível do direito conquistado.

3 – Questões

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01 (MPT – PROCURADOR DO TRABALHO – 2017) Assinale a alternativa


INCORRETA:
a) A Constituição de 1988 é estruturada mediante princípios e regras jurídicas, ambos
com natureza normativa. Há, em seu interior, princípios constitucionais amplos, mas
que ostentam também importante repercussão no campo das relações trabalhistas. A
seu lado, existem princípios jurídicos eminentemente trabalhistas, e que foram
incorporados pela Constituição.
b) Os princípios constitucionais do trabalho são aqueles que, oriundos do Direito do
Trabalho, foram incorporados pela Constituição da República. Os princípios
constitucionais que colocam a pessoa humana no vértice e no centro da ordem jurídica
não podem, tecnicamente, ser englobados no rol dos princípios constitucionais do
trabalho, pois não há essa referência explícita, nem lógica ou teleológica, na
Constituição Federal.
c) A ideia de igualdade comparece em diversos tópicos do conteúdo constitucional de
1988, estruturando-se como um princípio jurídico de, pelo menos, dupla dimensão: a
igualdade em sentido formal, oriunda do antigo constitucionalismo; e a igualdade em
sentido material, de impacto profundo e abrangente na Constituição da República.
d) Os direitos trabalhistas apresentam natureza de direitos individuais e sociais
daqueles que vivem de seu trabalho empregatício e de outras relações sociojurídicas
equiparadas, como o trabalho avulso. Nessa medida, ostentam também o caráter de
direitos fundamentais da pessoa humana.
e) Não respondida.

Comentários:
Essa é o típico questionamento em que é cobrado o bom senso do candidato, bem
como o seu poder de “alinhamento” ideológico à instituição em que pretende ser
aprovado. A despeito de qualquer controvérsia doutrinária ou localização constitucional
topográfica, um candidato desse tipo de concurso tem que defender a ideia de que os
direitos sociais são tão fundamentais quanto quaisquer outros elencados no texto
constitucional. Ademais, resta também claro que o examinado deve também defender
a existência de certos princípios específicos no campo laboral, bem como a aplicação
de princípios gerais (e.g, dignidade da pessoa humana) à esfera trabalhista,
aumentando, portanto, o espectro de sua “análise principiológica”. Com isso em
mente, a questão (a) afirma a existência de princípios constitucionais amplos com
repercussão no campo das relações trabalhistas e princípios específicos dessa
disciplina, indo ao encontro do que expusemos anteriormente e tornando essa
assertiva correta. Resumidamente, o item (b) assevera que a dignidade da pessoa
humana não pode ser um princípio com repercussão o direito do trabalho o que, por
óbvio, é deveras absurdo, já que a dignidade humana é um vetor interpretativo para
diferentes ramos jurídicos, sendo aplicável, inclusive, no direito tributário. Alternativa
incorreta. O item (c) discorre sobre igualdade material e formal, não merecendo
maiores questionamentos, pois está correto. O item (d) entra em rota de colisão com
o b, porquanto afirma que os direitos trabalhistas ostentam caráter de direitos
fundamentais da pessoa humana, hipótese negada pela alternativa b, que, como
verificamos, é a única incorreta.

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02 (MPT – PROCURADOR DO TRABALHO – 2017) Assinale a alternativa


INCORRETA:
São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais previstos expressamente no artigo 7º
da Constituição da República:
a) Duração do trabalho normal não superior a oito horas diárias e quarenta e quatro
semanais, facultada a compensação de horários e a redução da jornada, mediante
acordo ou convenção coletiva de trabalho.
b) Jornada de seis horas para o trabalho realizado em turnos ininterruptos de
revezamento, salvo negociação coletiva.
c) Gozo de férias anuais remuneradas de trinta dias com, pelo menos, um terço a mais
do que o salário normal.
d) Repouso semanal remunerado, preferencialmente aos domingos.
e) Não respondida.

Comentários:
Como dissemos no início da aula, as questões sobre o tema tendem a cobrar a
literalidade do texto constitucional. Senão vejamos:

Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à
melhoria de sua condição social:
(...)
XIII - duração do trabalho normal não superior a oito horas diárias e quarenta e
quatro semanais, facultada a compensação de horários e a redução da jornada,
mediante acordo ou convenção coletiva de trabalho;
XIV - jornada de seis horas para o trabalho realizado em turnos ininterruptos de
revezamento, salvo negociação coletiva;
XV - repouso semanal remunerado, preferencialmente aos domingos;
XVII - gozo de férias anuais remuneradas com, pelo menos, um terço a mais do que o
salário normal;
Dessa forma, o único item incorreto é o c, pois não há a previsão de trinta dias na CF,
a despeito de qualquer previsão em legislação infraconstitucional. Deprimente, mas o
aluno deve permanecer focado no que o examinador cobra mesmo em concursos de
alto nível.
Gabarito C

03 (MPT – PROCURADOR DO TRABALHO – 2017) Analise as assertivas abaixo


expostas:

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I - O conceito de mínimo existencial pode ser equiparado, no campo constitucional


trabalhista, ao de patamar civilizatório mínimo que a ordem jurídica constitucional,
internacional ratificada e infraconstitucional heterônoma estatal assegura à pessoa
humana que vive de seu trabalho empregatício ou equiparado.

II - O princípio da proibição do retrocesso ostenta suporte constitucional, por exemplo,


no dispositivo da Constituição da República que estabelece que os direitos e garantias
expressos na Constituição não excluem outros decorrentes do regime e dos princípios
por ela adotados, ou dos tratados internacionais em que a República Federativa do
Brasil seja parte.

III - A igualdade entre empregados urbanos e rurais, fixada na Constituição da


República, é plena, tendo provocado a não recepção das distintas regras diferenciadas
da legislação trabalhista rural precedente a 1988.

IV - A efetividade, proteção e justiciabilidade dos direitos individuais e sociais


trabalhistas fundamentais devem se compatibilizar com o princípio da segurança
jurídica, o que atrai, desse modo, a cláusula da reserva do possível, de maneira a
atenuar o princípio constitucional do amplo acesso à jurisdição.
Assinale a alternativa CORRETA:

a) Apenas as assertivas I e II estão corretas.


b) Apenas as assertivas I e IV estão corretas.
c) Apenas as assertivas III e IV estão corretas.
d) Todas as assertivas estão corretas.
e) Não respondida.

Comentários:
Em caso de dúvida, é sempre recomendável obter a resposta por exclusão. Com
efeito, percebemos que o item III é flagrantemente errado, porquanto afirma ser
impossível a recepção de normas distintivas entre trabalhadores urbanos e rurais, o
que, como vimos, é errado, já que a lei 5889/73 (norma relativa aos trabalhadores
rurais) foi recepcionada pela CF. Já o item IV afirma que a cláusula da reserva do
possível atenua o amplo acesso à jurisdição, devendo também ser considerado errado,
porquanto é possível a judicialização e questionamento da efetividade dos direitos
sociais, conforme pacífica jurisprudência. Dessa forma, restam os itens I e II como
resposta da questão. Esses itens são bastante retóricos, mas o candidato de concursos
da seara trabalhista sempre devem ter uma interpretação mais elastecida dos
conceitos originalmente elencados, de modo a abarcar princípios mais amplos como
mínimo existencial e vedação ao retrocesso nesse campo de atuação.
Gabarito A

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04 (TRF2 – JUIZ FEDERAL SUBSTITUTO – 2017) O direito ao exercício de


profissão (inciso XIII do artigo 5º da Constituição) é clássico exemplo de norma cuja
eficácia não pode ser contida, conforme amplamente decidido nos vários litígios que
envolvem os Conselhos de fiscalização da profissão.

Comentários:
Se existe um dispositivo constitucional que a doutrina invoca reiteradamente como
exemplo de norma de eficácia contida é o que se refere à liberdade do exercício de
profissão. Dessa forma, a assertiva é incorreta.

05 (FCC / TST – JUIZ DO TRABALHO - 2017) Na redação vigente do parágrafo


único do art. 7° da Constituição Federal, tal como conferida pela Emenda
Constitucional n° 72 de 2013, são assegurados aos trabalhadores domésticos os
direitos a

a) licença à gestante, sem prejuízo do emprego e do salário, com a duração de cento


e vinte dias; e proteção em face da automação, na forma da lei.
b) piso salarial proporcional à extensão e à complexidade do trabalho; e
irredutibilidade do salário, salvo o disposto em convenção ou acordo coletivo.
c) reconhecimento das convenções e acordos coletivos de trabalho; e proibição de
qualquer discriminação no tocante a salário e critérios de admissão do trabalhador
portador de deficiência.
d) proteção do salário na forma da lei, constituindo crime sua retenção dolosa; e
participação nos lucros, ou resultados, desvinculada da remuneração.
e) duração do trabalho normal não superior a dez horas diárias e quarenta e quatro
semanais, facultada a compensação de horários; e a redução da jornada, mediante
acordo ou convenção coletiva de trabalho.

Comentários:
Gabarito C
Segundo a nova redação do parágrafo único do art. 7º da CF, conferida pela EC
72/2013, são assegurados à categoria dos trabalhadores domésticos os direitos
previstos nos incisos IV, VI, VII, VIII, X, XIII, XV, XVI, XVII, XVIII, XIX, XXI, XXII,
XXIV, XXVI, XXX, XXXI e XXXIII e, atendidas as condições estabelecidas em lei e
observada a simplificação do cumprimento das obrigações tributárias, principais e
acessórias, decorrentes da relação de trabalho e suas peculiaridades, os previstos nos
incisos I, II, III, IX, XII, XXV e XXVIII, bem como a sua integração à previdência
social. A partir da tabela delineada nessa aula, o único item correto é o c. O item a
está errado, pois não existe a proteção para os domésticos em relação à automação. A
letra b peca ao afirmar que o piso salarial dos domésticos pode variar em relação à
complexidade de trabalho, não tendo sido abarcada essa proteção na emenda aludida.
Não é razoável também admitir que o empregado doméstico possa ter participação
nos lucros, pois o empregador doméstico não exerce atividade empresarial. Por

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último, a duração do trabalho normal é de dez horas, para os trabalhadores em geral,


inclusive domésticos, o que acarreta o erro da letra e. Portanto, correto apenas o item
c.

06 (FCC / TST – JUIZ DO TRABALHO - 2017) Os direitos sociais estabelecidos no


art. 6° da Constituição Federal consistem em prestações positivas do Estado
interligadas à concretização da igualdade. À luz do citado artigo, considere:

I. O direito à moradia não é necessariamente direito à casa própria, na medida em


que não se confunde com o direito de propriedade.
II. O direito ao trabalho é um direito subjetivo a um trabalho remunerado na
iniciativa privada ou disponibilizado pelo Poder Público.
III. O direito ao lazer relaciona-se com a qualidade de vida, meio ambiente sadio e
equilibrado, descanso e ociosidade repousante.
IV. O direito à segurança é prerrogativa constitucional indisponível, garantido
mediante a implementação de políticas públicas, impondo ao Estado a obrigação de
criar condições objetivas que possibilitem o efetivo acesso a tal serviço.

Está correto o que se afirma APENAS em


a) I, III e IV.
b) I e II.
c) II, III e IV.
d) II e IV.
e) I e III.

Comentários:
Eu, pessoalmente, observo o item mais recorrente nas respostas na hora de
responder. Na minha experiência, é quase certo o gabarito contemplá-lo. Essa questão
não difere, porquanto o item IV diz ser uma obrigação do Estado criar condições
objetivas que possibilitem o exercício do direito à segurança. Admitir o contrário
afetaria o bom senso. Da mesma forma, o item III afirma que o direito ao lazer está
relacionado ao meio ambiente sadio e à qualidade de vida, o que seria difícil não
admitir. O item I, correto, afirma que o direito à moradia não se confunde com o
direito de propriedade, o que parece também deveras razoável. O item II, por sua vez,
assevera que o direito ao trabalho é um direito subjetivo ao trabalho remunerado na
iniciativa privada ou poder público, o que, parece bem controvertido, porquanto o
indivíduo não pode exigir que algum empregador o contrate. Assim, a meu sentir,
seria difícil exigir (aspecto subjetivo do direito) um trabalho de outrem, inclusive do
poder público, ainda mais pelo fato desse último estar jungido ao princípio do concurso
público. Dessa forma, correto o item a.

07 (FCC / DPE-SC – DEFENSOR - 2017) A Constituição Federal de 1988 inovou na


consolidação de um Estado Social e Democrático de Direito, positivando inúmeros
direitos sociais no seu texto. Sobre o tema, é correto afirmar:
a) Não é possível o reconhecimento de outros direitos sociais em sede constitucional

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para além daqueles expressamente arrolados no artigo 6° da Constituição Federal de


1988.
b) As normas constitucionais que consagram direitos sociais possuem natureza
estritamente programática.
c) Não obstante os direitos sociais possuam natureza de direito fundamental, não é
possível atribuir eficácia imediata aos mesmos a partir da norma constitucional,
dependendo da intermediação do legislador infraconstitucional.
d) Muito embora os direitos sociais não tenham sido consagrados expressamente no
rol das cláusulas pétreas do nosso sistema constitucional, a doutrina majoritária
sustenta que os mesmos estão incluídos neste rol.
e) O direito à alimentação foi o último direito social a ser inserido no caput do artigo
6° da Constituição Federal de 1988, por meio da Emenda Constitucional n° 90/2015.

Comentários:

Essa, mais uma vez, é a questão pra avaliar se o indivíduo “veste a camisa” da
instituição. Com efeito, é difícil admitir numa prova da defensoria que as normas
sociais são estritamente programáticas ou que não possuem eficácia, como afirmado
nas letras b e c. Do mesmo modo, seria, no mínimo, ingenuidade responder nesse tipo
de prova que não é possível o reconhecimento de outros direitos sociais além do
previsto no artigo 6º da CF (Vc quer mesmo ser defensor e não ter uma visão
ampliada dos direitos sociais?!). O item e está equivocado pois a EC 90/15 assegurou
o transporte como direito social e não a alimentação ( assegurada pela EC 64). Assim,
o único item correto é o d.
Gabarito: letra D

08 (CESPE / DPU – DEFENSOR - 2017) Lúcio foi internado em um hospital da rede


privada para submeter-se a tratamento médico eletivo a ser realizado pelo SUS. Na
unidade hospitalar onde ele foi internado, os quartos individuais superiores são
reservados a pacientes particulares, e àqueles que desfrutam do atendimento gratuito
são disponibilizados quartos coletivos de nível básico. Com o intuito de utilizar um
quarto individual, por ser mais confortável, Lúcio se prontificou a pagar o valor da
diferença entre as modalidades dos quartos, o que foi recusado pelo hospital, que
informou ser vedado o uso das acomodações superiores por pacientes atendidos pelo
SUS, mesmo mediante pagamento complementar.
Considerando essa situação hipotética, julgue os seguintes itens com base na posição
majoritária e atual do STF.
1) É vedado às instituições privadas com fins lucrativos participarem do SUS, as quais
não podem, ainda, oferecer quartos com custos diferentes para pacientes sujeitos ao
mesmo procedimento médico.
Comentários:

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Não é vedada a participação de entidades privadas com fins lucrativos no SUS, nos
termos do § 1º do art. 199 da CF que preconiza que ”as instituições privadas poderão
participar de forma complementar do sistema único de saúde, segundo diretrizes deste,
mediante contrato de direito público ou convênio, tendo preferência as entidades
filantrópicas e as sem fins lucrativos”.
Gabarito E
2) A vedação à internação de Lúcio em acomodações superiores mediante o
pagamento da diferença é constitucional: o atendimento pelo SUS é orientado, entre
outros critérios, pela isonomia.
Comentários:
O STF considerou inconstitucional a possibilidade de um paciente do Sistema Único de
Saúde (SUS) pagar para ter acomodações superiores ou ser atendido por médico de
sua preferência, a chamada diferença de classes.(RE 581488). Dessa forma, a
vedação a esse tipo de procedimento é constitucional, eis que respeita a isonomia.
Gabarito C

09 (CESPE / TJPR – 2017) A respeito da ordem e dos direitos sociais


previstos na CF, assinale a opção correta.
A) É constitucional norma que obriga escolas privadas a oferecer atendimento
adequado a pessoas com deficiência, vedado o repasse do custo financeiro da
adaptação às mensalidades escolares.
B) Segundo o STF, a liberdade de expressão e informação asseguradas na CF é
compatível com a criação, pelo Estado, de um conselho de regulação e fiscalização da
profissão jornalística.
C) Em virtude da proibição constitucional da comercialização de órgãos e tecidos
humanos para fins de transplante, o STF entende ser inconstitucional lei estadual que
concede meia-entrada aos doadores regulares de sangue.
D) Em razão do princípio da reserva do possível, não cabe ao Poder Judiciário
determinar a construção de creches e pré-escolas pelos municípios.

Comentários:
a) O STF julgou constitucionais as normas do Estatuto da Pessoa com Deficiência (Lei
13.146/2015) que estabelecem a obrigatoriedade de as escolas privadas promoverem
a inserção de pessoas com deficiência no ensino regular e prover as medidas de
adaptação necessárias sem que ônus financeiro seja repassado às mensalidades,
anuidades e matrículas. (ADI) 5357. Item correto
b) No RE 511.961/SP, que versava sobre a exigência de diploma de jornalista em

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curso superior para o exercício dessa profissão, o STF rememorou sua antiga
jurisprudência ao assentar a impossibilidade do estabelecimento de controles estatais
sobre a profissão jornalística, o que leva à conclusão de que não pode o Estado criar
uma ordem ou um conselho profissional (autarquia) para a fiscalização desse tipo de
profissão. O exercício do poder de polícia do Estado é vedado nesse campo em que
imperam as liberdades de expressão e de informação. Jurisprudência do STF:
Representação n.° 930, Redator p/ o acórdão Ministro Rodrigues Alckmin, ‘DJ’, 2-9-
1977. Dessa forma, item incorreto.
c) O STF entende constitucional esse incentivo efetuado por lei estadual (e.g, ADI
3512)
d) A jurisprudência do STF firmou-se no sentido da existência de direito subjetivo
público de crianças até cinco anos de idade ao atendimento em creches e pré-escolas.
(...) também consolidou o entendimento de que é possível a intervenção do Poder
Judiciário visando à efetivação daquele direito constitucional. (RE 554.075 AgR, rel.
min. Cármen Lúcia, j. 30-6-2009, 1ª T, DJE de 21-8-2009).

Correto o item a

10 (CESPE / DPE-AC – 2017) Segundo a CF, o Estado proverá a educação


mediante, entre outras, a oferta de
A) atendimento educacional especializado a pessoas com deficiência,
preferencialmente em rede especial de ensino.
B) educação básica obrigatória e gratuita dos quatro anos de idade aos dezessete anos
de idade, sendo facultativa a oferta gratuita àqueles que a ela não tenham tido acesso
na idade adequada.
C) ensino fundamental ministrado no idioma vernáculo, sendo assegurada às
comunidades indígenas a utilização de suas línguas maternas.
D) ensino religioso, de matrícula facultativa, fora do horário regular das escolas
públicas de ensino fundamental.
E) pós-graduação lato sensu gratuita nas universidades públicas.

Comentários:

a) O inciso III do artigo 208 da CF confere atendimento educacional especializado aos


portadores de deficiência, preferencialmente na rede regular de ensino. Item
incorreto.

b) O inciso I do mesmo artigo assegura educação básica obrigatória e gratuita dos 4


(quatro) aos 17 (dezessete) anos de idade, assegurada inclusive sua oferta gratuita

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para todos os que a ela não tiveram acesso na idade própria. Item incorreto

c) O § 2º do artigo 210 reza que “o ensino fundamental regular será ministrado em


língua portuguesa, assegurada às comunidades indígenas também a utilização de suas
línguas maternas e processos próprios de aprendizagem”. Item correto, embora
incompleto.

d) O § 1º do mesmo artigo aduz que “o ensino religioso, de matrícula facultativa,


constituirá disciplina dos horários normais das escolas públicas de ensino
fundamental”. Item incorreto.

e) A CF não assegura o direito à Pós-graduação gratuita. O STF, inclusive, admitiu a


possibilidade de as universidades públicas cobrarem por cursos de especialização. Em
tese de repercussão geral, a Corte afirmou que “a garantia constitucional da
gratuidade de ensino não obsta a cobrança, por universidades públicas, de
mensalidades em cursos de especialização” (RE 597854).

Gabarito: letra C.

11 (CESPE / DPU – 2016) A cláusula de reserva do possível refere-se à


possibilidade material de o poder público concretizar direitos sociais e constitui, em
regra, uma limitação válida à implementação total desses direitos.
Comentários:
A cláusula da reserva do possível é uma cláusula que deve ser levada em conta na
concretização dos direitos, assim como a reserva do possível. Questão correta.

12 (CESPE / TRE-PI – 2016) Dado o direito à estabilidade sindical, assegurado pela


CF, é vedada a dispensa do empregado sindicalizado a partir da posse no cargo de
direção ou representação sindical e até um ano após o término do mandato.
Comentários:
A estabilidade sindical se aplica desde o registro da candidatura até um ano após o
término do mandato, nos termos da Constituição. Questão incorreta.

13 (CESPE-TJDFT-JUIZ-2016) São direitos sociais atribuídos pela CF aos servidores


públicos estatutários:
A) o fundo de garantia por tempo de serviço.
B) a remuneração do serviço extraordinário superior, no mínimo, em cinquenta por
cento do valor normal.
C) a participação, desvinculada da remuneração, nos lucros ou resultados e,

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excepcionalmente, a participação na gestão da organização pública.


D) a proibição de distinção entre trabalho manual, técnico e intelectual ou entre os
profissionais respectivos.
E o piso salarial proporcional à extensão e à complexidade do trabalho.
Comentários:
Segundo o §3º do art. 39 da CF:
§ 3º Aplica-se aos servidores ocupantes de cargo público o disposto no art. 7º, IV, VII,
VIII, IX, XII, XIII, XV, XVI, XVII, XVIII, XIX, XX, XXII e XXX, podendo a lei estabelecer
requisitos diferenciados de admissão quando a natureza do cargo o exigir. As
respectivas assertivas estão elencadas nos seguintes incisos do art. 7º: III - fundo de
garantia do tempo de serviço; XVI - remuneração do serviço extraordinário superior,
no mínimo, em cinqüenta por cento à do normal; XI – participação nos lucros, ou
resultados, desvinculada da remuneração, e, excepcionalmente, participação na
gestão da empresa, conforme definido em lei; XXXII - proibição de distinção entre
trabalho manual, técnico e intelectual ou entre os profissionais respectivos; V - piso
salarial proporcional à extensão e à complexidade do trabalho; Dessa forma, o único
direito coincidente entre os servidores estatutários e celetistas nas assertivas é o
constante na letra B (remuneração maior em virtude de horas extras).

14 (DPE/BA-DEFENSOR-2016) O direito à moradia encontra-se consagrado no


caput do artigo 6o da Constituição Federal de 1988 desde o seu texto original.
Comentários:
O direito à moradia foi reconhecido pela EC 26 de 2000. Questão incorreta.

15 (DPE/BA-DEFENSOR-2016) A localização “topográfica” dos direitos sociais no


texto da Constituição Federal reforça a tese de que os mesmos não se tratam de
direitos fundamentais.
Comentários:
Os direitos sociais estão presentes no título II do texto constitucional, que trata dos
direitos e garantias individuais. Questão incorreta.

16 (DPE/BA-DEFENSOR-2016) Muito embora a doutrina sustente a tese do “direito


ao mínimo existencial”, a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal rejeita o seu
acolhimento, amparada, sobretudo, no princípio da separação dos poderes.
Comentários:
A jurisprudência do Supremo Tribunal Federal acolhe a tese do direito ao mínimo

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existencial, porquanto está umbilicalmente ligado ao princípio da dignidade da pessoa


humana. Questão incorreta.

17 (DPE/BA-DEFENSOR-2016) O caput do art. 6o da Constituição Federal elenca


rol taxativo dos direitos sociais consagrados pelo texto constitucional.
Comentários:
Diferentemente do afirmado, o art. 6º elenca um rol exemplificativo de direitos sociais.
Questão incorreta.

18 (DPE/BA-DEFENSOR-2016) A Constituição Federal consagra expressamente o


direito à educação como direito público subjetivo.
Comentários:
Afirma o artigo 6º da CF: Art. 6º São direitos sociais a educação, a saúde, a
alimentação, o trabalho, a moradia, o transporte, o lazer, a segurança, a previdência
social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos desamparados, na
forma desta Constituição. Questão correta.

19 (FUB – 2015) Os direitos sociais impõem deveres ao Estado que assegurem ao


cidadão condições mínimas para uma vida digna, independentemente da existência de
recursos públicos para custeio; assim, autoriza-se a livre invasão da atividade
administrativa pelo Poder Judiciário para efetivação daqueles direitos, fenômeno
conhecido como judicialização de políticas públicas.
Comentários:
A existência de recursos públicos é importante para a efetivação dos direitos sociais.
Ademais, não é permitida uma livre invasão da atividade administrativa pelo poder
judiciário. Questão incorreta.

20 (PUC/PR-PROCURADOR/2015-PGE-PR) No que toca à realização dos direitos


sociais constitucionalmente garantidos, há que se atentar para a vedação do
retrocesso social, que se coloca apenas às políticas públicas executivas, posto que não
se pode ferir a liberdade do legislador.
Comentários:
O princípio da vedação ao retrocesso social é voltado primordialmente ao legislador.
Questão incorreta.

21 (PUC/PR-PROCURADOR/2015-PGE-PR) A teoria de efetivação dos direitos

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sociais na dependência de recursos econômicos (“reserva do possível”) é a adaptação


de entendimento fixado pela jurisprudência constitucional alemã e integralmente
aceita pelo Supremo Tribunal Federal.
Comentários:
A “reserva do possível” não é integralmente aceita pelo STF, porquanto deverá se
cotejada com o princípio do “mínimo existencial”. Questão incorreta.

22 (MPE / BA – 2015) A implementação das prestações materiais e jurídicas


exigíveis para a redução das desigualdades no plano fático, por dependerem em
grande medida da disponibilidade orçamentária do Estado, faz com que estes direitos
tenham o seu campo de efetividade mais dificultado que os direitos de primeira
geração.
Comentários:
Mais uma questão versando sobre o cotejo entre reserva do possível e mínimo
existencial. Questão correta.

23 (CESPE-DPE/PE–DEFENSOR-2015) De acordo com o entendimento do STF, é


inadmissível que o Poder Judiciário disponha sobre políticas públicas de segurança,
mesmo em caso de persistente omissão do Estado, haja vista a indevida ingerência
em questão, que envolve a discricionariedade do Poder Executivo.
Comentários:
Havendo persistente omissão do Estado, poderá, sim, o Poder Judiciário intervir para o
equacionamento da questão, ainda que se trate de direitos de 1ª geração. Questão
incorreta.

24 (CESPE-DPE/PE–DEFENSOR-2015) Conforme jurisprudência do STJ, o juiz pode


determinar o bloqueio de verbas públicas para garantir o fornecimento de
medicamentos.
Comentários:
A jurisprudência do STJ admite o bloqueio de verbas objetivando o fornecimento de
medicamentos. Questão correta.

25 (CESPE-DPE/RN–DEFENSOR-2015) Uma decisão judicial que ordenasse à


administração pública a execução de obras emergenciais em um estabelecimento
prisional, necessárias para a garantia da integridade física dos detentos, seria uma
afronta ao princípio da separação dos poderes, segundo entendimento do STF.

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Comentários:
A jurisprudência do STF entende não haver violação ao princípio da separação de
poderes nesse caso, ou seja, é possível que uma ordem judicial determine a realização
de obras emergenciais em presídio com o objetivo de assegurar a integridade física
dos detentos. Questão incorreta.

26 (CESPE-DPE/RN–DEFENSOR-2015) O direito ao mínimo existencial, no tocante


aos direitos fundamentais, está vinculado às condições estritamente necessárias para
a manutenção da vida dos indivíduos.
Comentários:
O direito ao mínimo existencial está vinculado à ideia de uma proteção social mínima
que deve ser concedida a todos os indivíduos. No entanto, busca, também, garantir a
todos uma existência digna. Questão incorreta.

27 (CESPE / STJ – 2015) O registro do sindicato no órgão competente é exigência


constitucional que não se confunde com a autorização estatal para a fundação da
entidade.
Comentários:
A CF/88 determina que não existe a necessidade de autorização estatal para a
fundação de sindicato. Por outro lado, isso não se confunde com a exigência de
registro no órgão competente. Questão correta.

28 (CESPE / STJ – 2015) O princípio da unicidade, que veda a criação, na mesma


base territorial, de mais de uma organização sindical representativa de mesma
categoria profissional, não alcança entidades que, no âmbito de um mesmo município,
mas em bairros distintos, representem mesma profissão.
Comentários:
Nos termos do art. 8º, II, CF/88, “é vedada a criação de mais de uma organização
sindical, em qualquer grau, representativa de categoria profissional ou econômica, na
mesma base territorial, que será definida pelos trabalhadores ou empregadores
interessados, não podendo ser inferior à área de um Município”. Assim, dentro de um
mesmo Município, só pode existir um único sindicato representativo de categoria
profissional. Questão incorreta.

29 (CESPE / MPOG – 2015) Os direitos sociais estão inseridos na segunda geração,


ou dimensão, dos direitos fundamentais.

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Comentários:
De fato, os direitos sociais são direitos de segunda geração, pois impõe um dever de
atuação ao Estado. Questão correta.

30 (CESPE / FUB – 2015) Cabe ao sindicato a defesa dos direitos e interesses


coletivos ou individuais da categoria a que representa, inclusive no que diz respeito a
questões administrativas.
Comentários:
Consoante o art. 8º, III, CF/88, “ao sindicato cabe a defesa dos direitos e interesses
coletivos ou individuais da categoria, inclusive em questões judiciais ou
administrativas”. Questão correta.

31 (CESPE/ TJ-DF – 2014) Caso determinado trabalhador rural ajuíze ação visando
obter provimento que lhe assegure o recebimento da remuneração pelo trabalho
noturno superior à remuneração do trabalho diurno, o juiz deverá rejeitar o pedido,
pois a CF não conferiu ao trabalhador rural o direito postulado.
Comentários:
O direito à remuneração pelo trabalho noturno superior à remuneração do trabalho
diurno é assegurado aos trabalhadores urbanos e rurais (art. 7º, IX, CF). Questão
incorreta.

SEM COMENTÁRIOS

01 (MPT – PROCURADOR DO TRABALHO – 2017) Assinale a alternativa


INCORRETA:
a) A Constituição de 1988 é estruturada mediante princípios e regras jurídicas, ambos
com natureza normativa. Há, em seu interior, princípios constitucionais amplos, mas
que ostentam também importante repercussão no campo das relações trabalhistas. A
seu lado, existem princípios jurídicos eminentemente trabalhistas, e que foram
incorporados pela Constituição.
b) Os princípios constitucionais do trabalho são aqueles que, oriundos do Direito do
Trabalho, foram incorporados pela Constituição da República. Os princípios
constitucionais que colocam a pessoa humana no vértice e no centro da ordem jurídica
não podem, tecnicamente, ser englobados no rol dos princípios constitucionais do
trabalho, pois não há essa referência explícita, nem lógica ou teleológica, na

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Constituição Federal.
c) A ideia de igualdade comparece em diversos tópicos do conteúdo constitucional de
1988, estruturando-se como um princípio jurídico de, pelo menos, dupla dimensão: a
igualdade em sentido formal, oriunda do antigo constitucionalismo; e a igualdade em
sentido material, de impacto profundo e abrangente na Constituição da República.
d) Os direitos trabalhistas apresentam natureza de direitos individuais e sociais
daqueles que vivem de seu trabalho empregatício e de outras relações sociojurídicas
equiparadas, como o trabalho avulso. Nessa medida, ostentam também o caráter de
direitos fundamentais da pessoa humana.
e) Não respondida.

02 (MPT – PROCURADOR DO TRABALHO – 2017) Assinale a alternativa


INCORRETA:
São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais previstos expressamente no artigo 7º
da Constituição da República:
a) Duração do trabalho normal não superior a oito horas diárias e quarenta e quatro
semanais, facultada a compensação de horários e a redução da jornada, mediante
acordo ou convenção coletiva de trabalho.
b) Jornada de seis horas para o trabalho realizado em turnos ininterruptos de
revezamento, salvo negociação coletiva.
c) Gozo de férias anuais remuneradas de trinta dias com, pelo menos, um terço a mais
do que o salário normal.
d) Repouso semanal remunerado, preferencialmente aos domingos.
e) Não respondida.

03 (MPT – PROCURADOR DO TRABALHO – 2017) Analise as assertivas abaixo


expostas:

I - O conceito de mínimo existencial pode ser equiparado, no campo constitucional


trabalhista, ao de patamar civilizatório mínimo que a ordem jurídica constitucional,
internacional ratificada e infraconstitucional heterônoma estatal assegura à pessoa
humana que vive de seu trabalho empregatício ou equiparado.

II - O princípio da proibição do retrocesso ostenta suporte constitucional, por exemplo,


no dispositivo da Constituição da República que estabelece que os direitos e garantias
expressos na Constituição não excluem outros decorrentes do regime e dos princípios
por ela adotados, ou dos tratados internacionais em que a República Federativa do
Brasil seja parte.

III - A igualdade entre empregados urbanos e rurais, fixada na Constituição da

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República, é plena, tendo provocado a não recepção das distintas regras diferenciadas
da legislação trabalhista rural precedente a 1988.

IV - A efetividade, proteção e justiciabilidade dos direitos individuais e sociais


trabalhistas fundamentais devem se compatibilizar com o princípio da segurança
jurídica, o que atrai, desse modo, a cláusula da reserva do possível, de maneira a
atenuar o princípio constitucional do amplo acesso à jurisdição.
Assinale a alternativa CORRETA:

a) Apenas as assertivas I e II estão corretas.


b) Apenas as assertivas I e IV estão corretas.
c) Apenas as assertivas III e IV estão corretas.
d) Todas as assertivas estão corretas.
e) Não respondida.

04 (TRF2 – JUIZ FEDERAL SUBSTITUTO – 2017) O direito ao exercício de


profissão (inciso XIII do artigo 5º da Constituição) é clássico exemplo de norma cuja
eficácia não pode ser contida, conforme amplamente decidido nos vários litígios que
envolvem os Conselhos de fiscalização da profissão.

05 (FCC / TST – JUIZ DO TRABALHO - 2017) Na redação vigente do parágrafo


único do art. 7° da Constituição Federal, tal como conferida pela Emenda
Constitucional n° 72 de 2013, são assegurados aos trabalhadores domésticos os
direitos a

a) licença à gestante, sem prejuízo do emprego e do salário, com a duração de cento


e vinte dias; e proteção em face da automação, na forma da lei.
b) piso salarial proporcional à extensão e à complexidade do trabalho; e
irredutibilidade do salário, salvo o disposto em convenção ou acordo coletivo.
c) reconhecimento das convenções e acordos coletivos de trabalho; e proibição de
qualquer discriminação no tocante a salário e critérios de admissão do trabalhador
portador de deficiência.
d) proteção do salário na forma da lei, constituindo crime sua retenção dolosa; e
participação nos lucros, ou resultados, desvinculada da remuneração.
e) duração do trabalho normal não superior a dez horas diárias e quarenta e quatro
semanais, facultada a compensação de horários; e a redução da jornada, mediante
acordo ou convenção coletiva de trabalho.

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06 (FCC / TST – JUIZ DO TRABALHO - 2017) Os direitos sociais estabelecidos no


art. 6° da Constituição Federal consistem em prestações positivas do Estado
interligadas à concretização da igualdade. À luz do citado artigo, considere:

I. O direito à moradia não é necessariamente direito à casa própria, na medida em


que não se confunde com o direito de propriedade.
II. O direito ao trabalho é um direito subjetivo a um trabalho remunerado na
iniciativa privada ou disponibilizado pelo Poder Público.
III. O direito ao lazer relaciona-se com a qualidade de vida, meio ambiente sadio e
equilibrado, descanso e ociosidade repousante.
IV. O direito à segurança é prerrogativa constitucional indisponível, garantido
mediante a implementação de políticas públicas, impondo ao Estado a obrigação de
criar condições objetivas que possibilitem o efetivo acesso a tal serviço.

Está correto o que se afirma APENAS em


a) I, III e IV.
b) I e II.
c) II, III e IV.
d) II e IV.
e) I e III.

07 (FCC / DPE-SC – DEFENSOR - 2017) A Constituição Federal de 1988 inovou na


consolidação de um Estado Social e Democrático de Direito, positivando inúmeros
direitos sociais no seu texto. Sobre o tema, é correto afirmar:
a) Não é possível o reconhecimento de outros direitos sociais em sede constitucional
para além daqueles expressamente arrolados no artigo 6° da Constituição Federal de
1988.
b) As normas constitucionais que consagram direitos sociais possuem natureza
estritamente programática.
c) Não obstante os direitos sociais possuam natureza de direito fundamental, não é
possível atribuir eficácia imediata aos mesmos a partir da norma constitucional,
dependendo da intermediação do legislador infraconstitucional.
d) Muito embora os direitos sociais não tenham sido consagrados expressamente no
rol das cláusulas pétreas do nosso sistema constitucional, a doutrina majoritária
sustenta que os mesmos estão incluídos neste rol.
e) O direito à alimentação foi o último direito social a ser inserido no caput do artigo
6° da Constituição Federal de 1988, por meio da Emenda Constitucional n° 90/2015.

08 (CESPE / DPU – DEFENSOR - 2017) Lúcio foi internado em um hospital da rede


privada para submeter-se a tratamento médico eletivo a ser realizado pelo SUS. Na
unidade hospitalar onde ele foi internado, os quartos individuais superiores são
reservados a pacientes particulares, e àqueles que desfrutam do atendimento gratuito
são disponibilizados quartos coletivos de nível básico. Com o intuito de utilizar um

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quarto individual, por ser mais confortável, Lúcio se prontificou a pagar o valor da
diferença entre as modalidades dos quartos, o que foi recusado pelo hospital, que
informou ser vedado o uso das acomodações superiores por pacientes atendidos pelo
SUS, mesmo mediante pagamento complementar.
Considerando essa situação hipotética, julgue os seguintes itens com base na posição
majoritária e atual do STF.
1) É vedado às instituições privadas com fins lucrativos participarem do SUS, as quais
não podem, ainda, oferecer quartos com custos diferentes para pacientes sujeitos ao
mesmo procedimento médico.
2) A vedação à internação de Lúcio em acomodações superiores mediante o
pagamento da diferença é constitucional: o atendimento pelo SUS é orientado, entre
outros critérios, pela isonomia.

09 (CESPE / TJPR – 2017) A respeito da ordem e dos direitos sociais


previstos na CF, assinale a opção correta.
A) É constitucional norma que obriga escolas privadas a oferecer atendimento
adequado a pessoas com deficiência, vedado o repasse do custo financeiro da
adaptação às mensalidades escolares.
B) Segundo o STF, a liberdade de expressão e informação asseguradas na CF é
compatível com a criação, pelo Estado, de um conselho de regulação e fiscalização da
profissão jornalística.
C) Em virtude da proibição constitucional da comercialização de órgãos e tecidos
humanos para fins de transplante, o STF entende ser inconstitucional lei estadual que
concede meia-entrada aos doadores regulares de sangue.
D) Em razão do princípio da reserva do possível, não cabe ao Poder Judiciário
determinar a construção de creches e pré-escolas pelos municípios.

10 (CESPE / DPE-AC – 2017) Segundo a CF, o Estado proverá a educação


mediante, entre outras, a oferta de
A) atendimento educacional especializado a pessoas com deficiência,
preferencialmente em rede especial de ensino.
B) educação básica obrigatória e gratuita dos quatro anos de idade aos dezessete anos
de idade, sendo facultativa a oferta gratuita àqueles que a ela não tenham tido acesso
na idade adequada.
C) ensino fundamental ministrado no idioma vernáculo, sendo assegurada às
comunidades indígenas a utilização de suas línguas maternas.

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D) ensino religioso, de matrícula facultativa, fora do horário regular das escolas


públicas de ensino fundamental.
E) pós-graduação lato sensu gratuita nas universidades públicas.

11 (CESPE / DPU – 2016) A cláusula de reserva do possível refere-se à


possibilidade material de o poder público concretizar direitos sociais e constitui, em
regra, uma limitação válida à implementação total desses direitos.

12 (CESPE / TRE-PI – 2016) Dado o direito à estabilidade sindical, assegurado pela


CF, é vedada a dispensa do empregado sindicalizado a partir da posse no cargo de
direção ou representação sindical e até um ano após o término do mandato.

13 (CESPE-TJDFT-JUIZ-2016) São direitos sociais atribuídos pela CF aos servidores


públicos estatutários:
A) o fundo de garantia por tempo de serviço.
B) a remuneração do serviço extraordinário superior, no mínimo, em cinquenta por
cento do valor normal.
C) a participação, desvinculada da remuneração, nos lucros ou resultados e,
excepcionalmente, a participação na gestão da organização pública.
D) a proibição de distinção entre trabalho manual, técnico e intelectual ou entre os
profissionais respectivos.
E o piso salarial proporcional à extensão e à complexidade do trabalho.

14 (DPE/BA-DEFENSOR-2016) O direito à moradia encontra-se consagrado no


caput do artigo 6o da Constituição Federal de 1988 desde o seu texto original.

15 (DPE/BA-DEFENSOR-2016) A localização “topográfica” dos direitos sociais no


texto da Constituição Federal reforça a tese de que os mesmos não se tratam de
direitos fundamentais.

16 (DPE/BA-DEFENSOR-2016) Muito embora a doutrina sustente a tese do “direito


ao mínimo existencial”, a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal rejeita o seu
acolhimento, amparada, sobretudo, no princípio da separação dos poderes.

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17 (DPE/BA-DEFENSOR-2016) O caput do art. 6o da Constituição Federal elenca


rol taxativo dos direitos sociais consagrados pelo texto constitucional.

18 (DPE/BA-DEFENSOR-2016) A Constituição Federal consagra expressamente o


direito à educação como direito público subjetivo.

19 (FUB – 2015) Os direitos sociais impõem deveres ao Estado que assegurem ao


cidadão condições mínimas para uma vida digna, independentemente da existência de
recursos públicos para custeio; assim, autoriza-se a livre invasão da atividade
administrativa pelo Poder Judiciário para efetivação daqueles direitos, fenômeno
conhecido como judicialização de políticas públicas.

20 (PUC/PR-PROCURADOR/2015-PGE-PR) No que toca à realização dos direitos


sociais constitucionalmente garantidos, há que se atentar para a vedação do
retrocesso social, que se coloca apenas às políticas públicas executivas, posto que não
se pode ferir a liberdade do legislador.

21 (PUC/PR-PROCURADOR/2015-PGE-PR) A teoria de efetivação dos direitos


sociais na dependência de recursos econômicos (“reserva do possível”) é a adaptação
de entendimento fixado pela jurisprudência constitucional alemã e integralmente
aceita pelo Supremo Tribunal Federal.

22 (MPE / BA – 2015) A implementação das prestações materiais e jurídicas


exigíveis para a redução das desigualdades no plano fático, por dependerem em
grande medida da disponibilidade orçamentária do Estado, faz com que estes direitos
tenham o seu campo de efetividade mais dificultado que os direitos de primeira
geração.

23 (CESPE-DPE/PE–DEFENSOR-2015) De acordo com o entendimento do STF, é


inadmissível que o Poder Judiciário disponha sobre políticas públicas de segurança,
mesmo em caso de persistente omissão do Estado, haja vista a indevida ingerência
em questão, que envolve a discricionariedade do Poder Executivo.

24 (CESPE-DPE/PE–DEFENSOR-2015) Conforme jurisprudência do STJ, o juiz pode


determinar o bloqueio de verbas públicas para garantir o fornecimento de

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25 (CESPE-DPE/RN–DEFENSOR-2015) Uma decisão judicial que ordenasse à


administração pública a execução de obras emergenciais em um estabelecimento
prisional, necessárias para a garantia da integridade física dos detentos, seria uma
afronta ao princípio da separação dos poderes, segundo entendimento do STF.

26 (CESPE-DPE/RN–DEFENSOR-2015) O direito ao mínimo existencial, no tocante


aos direitos fundamentais, está vinculado às condições estritamente necessárias para
a manutenção da vida dos indivíduos.

27 (CESPE / STJ – 2015) O registro do sindicato no órgão competente é exigência


constitucional que não se confunde com a autorização estatal para a fundação da
entidade.

28 (CESPE / STJ – 2015) O princípio da unicidade, que veda a criação, na mesma


base territorial, de mais de uma organização sindical representativa de mesma
categoria profissional, não alcança entidades que, no âmbito de um mesmo município,
mas em bairros distintos, representem mesma profissão.

29 (CESPE / MPOG – 2015) Os direitos sociais estão inseridos na segunda geração,


ou dimensão, dos direitos fundamentais.

30 (CESPE / FUB – 2015) Cabe ao sindicato a defesa dos direitos e interesses


coletivos ou individuais da categoria a que representa, inclusive no que diz respeito a
questões administrativas.

31 (CESPE/ TJ-DF – 2014) Caso determinado trabalhador rural ajuíze ação visando
obter provimento que lhe assegure o recebimento da remuneração pelo trabalho
noturno superior à remuneração do trabalho diurno, o juiz deverá rejeitar o pedido,
pois a CF não conferiu ao trabalhador rural o direito postulado.

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GABARITO

1 B 2 C 3 A

4 ERRADO 5 C 6 A

7 D 8 1)ERRADO 2)CERTO 9 A

10 C 11 CERTO 12 ERRADO

13 B 14 ERRADO 15 ERRADO

16 ERRADO 17 ERRADO 18 CERTO

19 ERRADO 20 ERRADO 21 ERRADO

22 CERTO 23 ERRADO 24 CERTO

25 ERRADO 26 ERRADO 27 CERTO

28 ERRADO 29 CERTO 30 CERTO

31 ERRADO

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