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NOVOS PARADIGMAS NA
ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA MUNICIPAL
CONTEMPORÂNEA
Autores/Colaboradores:
(*)
Pós-Doutora em Direito pela Ruprecht-Karls Universität Heidelberg, Ale-
manha. Doutora em Direito pela Universidade do Vale do Rio dos Sinos
– Unisinos. Professora do Programa de Pós-Graduação em Direito – Mes-
trado e Doutorado da Universidade de Santa Cruz do Sul, onde ministra
as disciplinas de Jurisdição Constitucional e de Controle Jurisdicional de
Políticas Públicas, respectivamente. Bolsista de produtividade em pesquisa
do CNPq.
(**)
Pós-graduando lato sensu (Especialização) em Direito Público pela Universida-
de Cândido Mendes – UCAM e em Gestão Pública Municipal pela Universi-
dade Federal de Santa Maria – UFSM. Pós-graduando stricto sensu (Mestrado)
em Direito pela Universidade de Santa Cruz do Sul.
1
Este artigo é resultante das atividades do projeto de pesquisa “Controle
jurisdicional de políticas públicas: o papel e os limites do Supremo Tribunal
Federal na fiscalização e na implementação de políticas públicas de inclusão
social – análise crítica e busca de novos mecanismos/instrumentos para
uma atuação democrática e cooperativa entre os Poderes”, onde os auto-
res atuam na condição de coordenadora e de participante, respectivamente,
vinculado ao Grupo de Pesquisa “Jurisdição Constitucional aberta” (CNPq)
e desenvolvido junto ao Centro Integrado de Estudos e Pesquisas em Polí-
ticas Públicas – CIEPPP (financiado pelo FINEP), ligado ao Programa de
Pós-Graduação em Direito – Mestrado e Doutorado da Universidade de
Santa Cruz do Sul – UNISC.
14 Felipe Dalenogare Alves, Fabiano de Oliveira Becker e Silomar Garcia Silveira
1. Introdução
2
MIRANDA, Pontes de. Comentários à Constituição de 1967 com a Emenda nº 1, de
1969. 2. ed. 1. v. São Paulo: Revista dos Tribunais, 1970. p. 15.
Novos Paradigmas na Administração Pública Municipal Contemporânea 15
3
CARA, Juan Carlos Gavara de. La dimensión objetiva de los derechos sociales. Barce-
lona: Bosch Editor, 2010. p. 18.
16 Felipe Dalenogare Alves, Fabiano de Oliveira Becker e Silomar Garcia Silveira
4
SARLET, Ingo Wolfgang. Os direitos sociais como direitos fundamentais: contributo
para um balanço aos vinte anos da Constituição Federal de 1988. In SOUZA NETO,
Cláudio Pereira de, SARMENTO, Daniel, BINENBOJM, Gustavo (coords.).
Vinte Anos da Constituição Federal de 1988. Rio de Janeiro: Editora Lumen
Juris, 2009. p. 482-483.
5
BARRETTO, Vicente de Paulo. Reflexões sobre os direitos sociais. In: Revista Quaes-
tio Iuris. v. 1. n. 6-9. Rio de Janeiro: UERJ, 2012. p. 3.
6
Idem.
Novos Paradigmas na Administração Pública Municipal Contemporânea 17
7
KELBERT, Fabiana Okchstein. Reserva do Possível e a efetividade dos direitos sociais
no direito brasileiro. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2011. p. 75.
8
MEKSENAS, Paulo. Cidadania, poder e comunicação. 4. ed. São Paulo: Cortez,
2002. p.108-109.
18 Felipe Dalenogare Alves, Fabiano de Oliveira Becker e Silomar Garcia Silveira
9
BARRETO, Op Cit. p. 3.
10
LEAL, Mônia Clarissa Hennig Leal; BOLESINA, Iuri. Três “porquês” a jurisdição cons-
titucional brasileira diante do (aparente) conflito entre o mínimo existencial e a reserva do possível
na garantia dos direitos fundamentais sociais e no controle de políticas públicas: há mesmo escolhas
trágicas? In: Revista do Direito. n. 38. Santa Cruz do Sul: UNISC, 2012. p. 16-17.
Novos Paradigmas na Administração Pública Municipal Contemporânea 19
11
O julgado pode ser consultado em língua alemã no site: <http://www.servat.
unibe.ch/dfr/bv033303.html>. Acesso em: 1º mai 13.
12
KELBERT. Op Cit. p. 69-70.
13
HÄBERLE, Peter. Grundrechte im Leistungsstaat. In: VVDStRL n. 30. Berlin:
Walter de Gruyter, 1972, p. 114.
20 Felipe Dalenogare Alves, Fabiano de Oliveira Becker e Silomar Garcia Silveira
14
OLSEN, Ana Carolina. A eficácia dos direitos fundamentais sociais frente à reserva do
possível. (Dissertação). Curitiba: UFPR, 2006. p. 209.
15
BRASIL. STF. ADI 3768-4/DF. Rel: Min. Carmem Lúcia. Tribunal Pleno. Jul-
gamento em 19 set 07. Disponível em: < http://redir.stf.jus.br/paginadorpub/
paginador.jsp?docTP=AC&docID=491812>. Acesso em: 1º mai 13.
16
ROCHA, Manoel Ilson Cordeiro. A doutrina da reserva do possível e a garantia
dos direitos fundamentais sociais. In: Revista Ciência et Praxis, v. 4. n. 7. Passos:
FESP, 2011.
17
LEAL; BOLESINA. Op Cit. p. 14.
18
BRASIL. STF. ARE 639.337 AgR/SP. Rel: Min. Celso de Melo. 2ª Turma. Jul-
gamento em 23 ago 11. Disponível em: <http://www.stf.jus. br/arquivo/cms/
noticiaNoticiaStf/anexo/ARE639337ementa.pdf>. Acesso em: 1º mai 13.
19
Idem.
Novos Paradigmas na Administração Pública Municipal Contemporânea 21
20
LEAL; BOLESINA. Op Cit. p. 15.
21
SARLET. Op Cit. 2009. p. 502.
22
LEAL; BOLESINA. Op Cit. p. 13.
23
KRELL, Andreas Joachim. Direitos Sociais e Controle Judicial no Brasil e na Alema-
nha: os (des)caminhos de um direito constitucional “comparado”. Porto Alegre: Fabris
Editor, 2002. p. 52.
22 Felipe Dalenogare Alves, Fabiano de Oliveira Becker e Silomar Garcia Silveira
24
O autor chega a indagar, expressamente: “como importar limites de uma so-
ciedade tão diferente, especialmente quanto à garantia mínima de direitos?
KRELL. Op Cit. p. 51.
25
FREIRE JÚNIOR, Américo Bedê. O controle judicial de políticas públicas. São Pau-
lo: Revista dos Tribunais, 2005. p. 73.
26
SARLET. Op Cit. 2009. p. 498-499.
27
KELBERT. Op Cit. p. 78.
28
Idem.
Novos Paradigmas na Administração Pública Municipal Contemporânea 23
atribuir a carga da prova à parte que estiver mais próxima dos fatos
e tiver mais facilidade de prová-los. 29
29
GRINOVER, Ada Pellegrini. O controle das políticas públicas pelo Poder Judiciário. Revista
do Curso de Direito da Faculdade de Humanidades e Direito. 7. v. 7. n. 2010. p. 24.
30
Nesse sentido: ADPF nº 45; Reexame Necessário nº 70053046934-TJ/RS;
AI nº 70054140157-TJ/RS; Apel n° 978.439.5/9-00-TJ/SP; AI nº 0008975-
60.2010.8.19.0000-TJ/RJ; AI nº 1.0342.12.010192-4/001 -TJ/MG; e AI nº
2008.035.137-2-TJ/SC.
31
LEAL; BOLESINA. Op Cit. p. 10.
24 Felipe Dalenogare Alves, Fabiano de Oliveira Becker e Silomar Garcia Silveira
32
KELBERT. Op Cit. p. 82-83.
Novos Paradigmas na Administração Pública Municipal Contemporânea 25
33
Nesse sentido: ADPF nº 45; Apel nº 9001228-08.2011.8.26.0506-TJ/SP; Apel
nº 70052857802-TJ/RS; Apel nº 70052857802/MG.
34
KELBERT. Op Cit. p. 86.
35
Ibidem.
36
Idem.
26 Felipe Dalenogare Alves, Fabiano de Oliveira Becker e Silomar Garcia Silveira
37
SARLET, Ingo Wolfgang. A eficácia dos direitos fundamentais. 8. ed. Porto Alegre:
Livraria do Advogado, 2007. p. 339-340.
38
SARLET, Ingo Wolfgang; FIGUEIREDO, Mariana Filchtiner. Reserva do pos-
sível, mínimo existencial e direito à saúde: algumas aproximações. In: SARLET, Ingo
Wolfgang; TIMM, Luciano Benetti (orgs). Direitos Fundamentais: orçamen-
to e “reserva do possível”. 2. ed. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2010.
p. 20-21.
Novos Paradigmas na Administração Pública Municipal Contemporânea 27
39
TORRES, Ricardo Lobo. O Mínimo Existencial e os Direitos Fundamentais. In: Re-
vista de Direito Processual Geral. n. 42. Rio de Janeiro, 1990. p. 69.
40
Idem.
41
Ibidem.
42
TORRES, 1990. p. 70.
43
TORRES, 1990. Ibidem.
44
Sobre a teoria dos status, ver LEAL, Mônia Clarissa Hennig; BRUGGER, Win-
fried. Os Direitos Fundamentais nas Modernas Constituições: análise comparativa entre as
Constituições Alemã, Norteamericana e Brasileira. In: Revista do Direito. n. 28. Santa
Cruz do Sul: UNISC, 2007. p.123-142.
28 Felipe Dalenogare Alves, Fabiano de Oliveira Becker e Silomar Garcia Silveira
45
Exemplo: medicamentos ou tratamentos extremamente onerosos sem com-
provação científica de resultado, quando comprovadamente incompatível com
a razoabilidade.
46
TORRES, Ricardo Lobo. O direito à saúde, o mínimo existencial e a Defensoria Pú-
blica. In: Revista da Defensoria Pública. v. 1. n. 1. São Paulo: EDEPE, 2008.
p. 273.
47
Nesse sentido: AgR no RE nº 642536/AP; AgR no RE nº 639337/SP.
48
TORRES, 2008. Ibidem.
49
FENSTERSEIFER, Tiago. Defensoria Pública, direito fundamental à saúde, mínimo
existencial, ação civil pública e controle judicial de políticas públicas. In: Revista da De-
fensoria Pública. v. 1. n. 1. São Paulo: EDEPE, 2008. p. 274-275.
Novos Paradigmas na Administração Pública Municipal Contemporânea 29
50
Dentre as Políticas Públicas Constitucionais Vinculantes, o autor destaca o
disposto nos seguintes dispositivos constitucionais: (art.5º, XXXIV – política
pública que viabilize a obtenção de certidões em repartições públicas, para
defesa de direitos e esclarecimento de situações de interesse pessoal; art.5º,
XLVIII, XLIX e L – políticas públicas prisionais, a fim de garantir que a res-
trição da liberdade se dê de maneira a dar guarida às prerrogativas de que a
pena seja cumprida em estabelecimentos distintos, de acordo com a natureza
do delito, a idade e o sexo do apenado, assegurando-lhe o respeito à integri-
dade física e moral, e que, às presidiárias, sejam asseguradas condições para
que possam permanecer com seus filhos durante o período de amamentação;
art.5º, LV – políticas públicas jurisdicionais, por exemplo, a fim de dar efeti-
vidade ao comando constitucional que determina aos litigantes, em processo
judicial ou administrativo, e aos acusados em geral, que sejam assegurados o
contraditório e a ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes; art.23 e
incisos, quando determina as competências comum da União, dos Estados, do
Distrito Federal e dos Municípios). Gesta Leal ainda destaca que tais exemplos
poderiam se prolongar por outros temas constitucionais, passando pela ordem
social e econômica dos arts.170, 194, 196 e 197, 201, e tantos outros, haja vista
o alcance que possuem em face das demandas sociais e interesses da cidadania.
51
LEAL, Rogério Gesta. O Controle Jurisdicional de Políticas Públicas no Brasil: Possibi-
lidades Materiais. In: Revista de Derecho de la Universidad de Montevideo. v. 5.
n. 9. Montevidéu, 2006. p. 59.
52
LEAL; BOLESINA. Op Cit. p. 17.
30 Felipe Dalenogare Alves, Fabiano de Oliveira Becker e Silomar Garcia Silveira
53
GUERRA, Sidney; EMERIQUE, Lilian Márcia Balmant. O Princípio da digni-
dade da pessoa humana e o mínimo existencial. Revista da Faculdade de Direito de
Campos. v. 7 n. 9. Campos, 2006. p. 388.
54
GUERRA; EMERIQUE. Op Cit. p. 390.
55
Idem.
Novos Paradigmas na Administração Pública Municipal Contemporânea 31
conduzirá sua vida com certa dignidade, ainda não plena, sofren-
do algumas limitações; e um nível ideal – no qual há integral sa-
tisfação das necessidades e inteira dignidade humana. Concluem
que somente os dois primeiros níveis poderão ser objeto de sin-
dicalização jurisdicional.56
Importante destacar, pois, que o mínimo existencial é lapidado
e constitui-se um desafio sempre relacionado ao momento histó-
rico e sociocultural levado em análise. A exemplo disso, pode-se
destacar o progresso social adquirido pela sociedade brasileira, que
levou o constituinte ordinário a garantir o direito subjetivo à edu-
cação básica como obrigatória e gratuita, passando-se a ampliar
o mínimo existencial (até então garantidas constitucionalmente a
gratuidade e obrigatoriedade do ensino fundamental). Atualmente,
o mínimo existencial deve ser sempre analisado sob a perspectiva
da dignidade da pessoa humana, farol de toda a perspectiva orien-
tadora do Constitucionalismo Contemporâneo.
Conclusão
56
LEAL; BOLESINA. Op Cit. p. 18-19.
32 Felipe Dalenogare Alves, Fabiano de Oliveira Becker e Silomar Garcia Silveira
Referências