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DIREITO ADMINISTRATIVO E LICITAÇÃO


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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO..........................................................................................................3
2. CONCEITO................................................................................................................4
3. ESPÉCIES DE LICITAÇÃO......................................................................................6
3.1. Concorrência.....................................................................................................6
3.2. Tomada de preços............................................................................................7
3.3. Convite..............................................................................................................7
3.4. Concurso...........................................................................................................8
3.5. Leilão.................................................................................................................8
4. CRITÉRIO PARA AVALIAÇÃO DE LICITAÇÕES..................................................9
4.1 Qualidade.........................................................................................................10
4.2. Rendimento.....................................................................................................11
4.3. Preço...............................................................................................................11
4.4. Condições de pagamento...............................................................................11
4.5. Prazos.............................................................................................................12
5. TIPOS DE LICITAÇÃO...........................................................................................12
5.1. Menor preço....................................................................................................13
5.2. Melhor técnica.................................................................................................13
5.3. Técnica e preço..............................................................................................14
5.4. Maior lance ou oferta......................................................................................14
6. ATOS ADMINISTRATIVOS FINAIS DO PROCEDIMENTO LICITATÓRIO..........15
6.1. Adjudicação....................................................................................................15
6.2. Homologação..................................................................................................16
7. CONSIDERAÇÕES FINAIS....................................................................................17
8. REFERÊNCIAS.......................................................................................................18
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1. INTRODUÇÃO

O Direito Administrativo constitui um sub-ramo do Direito Público, haja vista


que as relações por ele regidas integram esse ramo do Direito. Para Diógenes
Gasparini (2007:2), a expressão “Direito Administrativo” comporta duas formas: um
conjunto de regras jurídicas ou uma disciplina científica autônoma.

Como conjunto de regras jurídicas, objetiva disciplinar o exercício da atividade


do poder público, seus órgãos, suas entidades e agentes públicos, com o fim último
de atender ao interesse público, ou seja, suprir as necessidades coletivas em
detrimento aos interesses particulares, colimando com o fim planejado pelo Estado.
São as leis administrativas, ou o direito positivo, de um determinado país (MELLO,
2007).

O administrativista Hely Lopes de Meirelles formulou a seguinte definição de


Direito Administrativo:

“Direito Administrativo é conjunto harmônico de princípios jurídicos


que regem os órgãos, os agentes, as atividades públicas tendentes a
realizar concreta, direta e imediatamente os fins desejados pelo
Estado” (MEIRELLES, 2004).

O Direito Administrativo brasileiro em sua formação sofreu influência


principalmente do direito francês, que se baseia em quatro princípios essenciais: o
da separação das autoridades administrativas e judiciária; o das decisões
executórias; o da legalidade e o da responsabilidade do poder público. Ademais, foi
influenciado hora pelo Direito alemão, por meio da evolução sistemática e científica,
bem como do Direito italiano. Por fim, o Common Law contribuiu com o Direito
Administrativo brasileiro com o sistema de unidade de jurisdição, a jurisprudência
como fonte de direito e a possibilidade de revisão judicial dos atos administrativos
(Jus Navigandi, 2019).

A primeira aparição da cadeira de Direito Administrativo nos cursos jurídicos


brasileiros se deu ainda no período imperial, em 1856. No período republicano, por
sua vez, a Administração Pública começou a ser sistematizada e a se afastar do
direito privado o que acabou por gerar uma grande evolução do Direito
Administrativo na Constituição Federal de 1934 (CUNHA, 2014). Posteriormente
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esta foi complementada pela lei 9.784/1999, pois já positivava atividades do Estado
de forma ampla, prevendo, entre outros institutos, a intervenção da Administração
Pública sobre aspectos sociais dos jurisdicionados, como saúde, educação,
economia, assistência e previdência social, surgindo assim as pessoas jurídicas com
obrigações específicas para execução de serviços públicos (lei 9.784/1999).

2. CONCEITO

Uma definição simples e bastante ampla de Administração Pública foi


formulada por Ciro Bächtold:

“Administração pública trata-se do planejamento, organização,


direção e controle dos serviços públicos, segundo as normas do
direito e da moral, visando ao bem comum” (BÄCHTOLD, 2012)

Em outras palavras, é o conjunto de atribuições necessárias e instituídas com


o intuito de conquistar os objetivos do governo. A mesma segue os princípios da
legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência (SILVA, 2012),
conforme explicita o artigo 37 da Constituição Brasileira:

“A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes


da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios
obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade,
publicidade e eficiência e, também, ao seguinte” (Art. 37; C.F. 1988).

Tais preceitos, à guisa de exemplificação, baseiam-se nas seguintes


definições (SILVA, 2012):

1. Princípio da legalidade: Pode ser considerado o princípio mais importante para o


bom funcionamento do regime jurídico-administrativo uma vez que suas
prerrogativas estabelecem que a Administração Pública deverá ser executada
somente quando estiver em conformidade com a Lei.

2. Princípio da Impessoalidade: Refere-se à atitude imparcial ou de neutralidade


que deverá ser adquirida pela Administração Pública em relação aos seus
administrados, sempre buscando se isentar de privilegiar ou acometer quem quer
que seja.
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3. Princípio da moralidade: Fundamenta-se especificamente na moral


administrativa, devendo se basear na ideia de probidade e boa-fé.

4. Princípio da publicidade: Através desse preceito, a Administração Pública


deverá transparecer os seus atos bem como as informações armazenadas em seus
respectivos bancos de dados acerca de seus administradores.

5. Princípio da eficiência: Estabelece que a Administração Pública deve manter ou


ampliar a qualidade dos serviços prestados aos administradores, a fim de evitar
desperdícios e buscando sempre a excelência na prestação dos serviços.

Nesse contexto, o Direto Administrativo irá analisar as funções


administrativas, uma vez que as mesmas deverão seguir as normas e princípios
presentes nesse ramo do Direito, independente do poder que as esteja exercendo
(ALVES, 2017/2018).

No que tange ao conceito de Direito Administrativo, declara-se as várias


definições que o mesmo recebe dependendo da conotação adotada pelo autor na
obra em questão (Jurisite, 2017). Uma definição bastante robusta, entretanto, foi
formulada por Hely Lopes de Meirelles e está disposta no índice introdutório do
presente trabalho. Para Celso Antônio Bandeira de Mello, no que lhe concerne, o
Direito Administrativo “é o ramo do Direito Público que disciplina o exercício da
função administrativa”. Assemelhando-se a essas abordagens, o conceito de Maria
Sylvia Di Pietro fala que:

“Direito Administrativo é o ramo do direito público que tem por objeto


órgãos, agentes e pessoas jurídicas administrativas que integram a
Administração Pública, a atividade jurídica não contenciosa que
exerce e os bens de que utiliza para a consecução dos seus fins, de
natureza pública” (DI PIETRO, 2007).

Entretanto, mesmo tendo diversas abordagens é importante destacar as


principais características desse ramo do Direito (Jurisite, 2017):

 Está presente no ramo do Direito Público, isto é, encontra-se submetido às


regras de caráter público assim como Direito Constitucional, Tributário entre
outros.
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 Encontra-se enquadrado em várias leis específicas denominadas de


legislações esparsas, não estando reunido em apenas uma única lei, daí o
fato de o mesmo ser considerado como direito não codificado.
 Tem como principal objetivo o estudo e análise da organização bem como a
estrutura da Administração Pública.
 Contém preceitos que se traduzem em Princípios Constitucionais e Princípios
Infraconstitucionais.
 No que tange ao Direito Administrativo Pátrio, pode-se afirmar que este é tido
como não contencioso por não haver previsão legal de Tribunais e Juízes
Administrativos vinculados ao poder Judiciário.

3. ESPÉCIES DE LICITAÇÃO

Espécies de licitação são formas de realização do procedimento licitatório que


pretendem ajustar-se às peculiaridades de cada tipo de negócio administrativo.
Somente através da lei federal, poderão ser instituídas modalidades licitatórias (DE
AMORIM, 2017). O art. 22 da Lei nº 8.666/1993 prevê cinco modalidades de
licitação:

I - concorrência;

II - tomada de preços;

III - convite;

IV - concurso;

VI - leilão.

Dos parágrafos 1º ao 5º, o artigo 22 conceitua cada uma das modalidades.

3.1. Concorrência

É a modalidade de licitação própria para contratos de grande valor, em que se


admite a participação de quaisquer interessados, cadastrados ou não, que
satisfaçam as condições do edital, convocados com antecedência mínima de trinta
dias, com ampla publicidade pelo órgão oficial e pela imprensa particular (DE
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AMORIM, 2017; FONSECA, 2014). A concorrência é obrigatória nos seguintes


casos:

 contratações de obras, serviços e compras, dentro dos limites de valor fixados


pelo ato competente;
 compra ou alienação de bens imóveis;
 concessão de obra ou serviço público e na concessão de direito real de uso,
qualquer que seja o valor do contrato;
 licitações internacionais.

No § 1º do art. 22:

‘‘Concorrência é a modalidade de licitação entre quaisquer


interessados que, na fase inicial de habilitação preliminar,
comprovem possuir os requisitos mínimos de qualificação exigidos
no edital para execução de seu objeto’’ (Art. 22, § 1º, da Lei nº
8.666/1993).

3.2. Tomada de preços

Modalidade de licitação realizada em contratações de vulto médio, o que


difere da modalidade concorrência é que essa só ocorre entre interessados
devidamente cadastrados ou que atenderem a todas as condições exigidas para
cadastramento até o terceiro dia anterior à data do recebimento das propostas,
observada a necessária qualificação (DI PIETRO, 2001). Ou seja, só poderão
participar efetivamente do certame os interessados que já estejam previamente
cadastrados no órgão promotor da licitação (DE AMORIM, 2017).

No § 2º do art. 22:

‘‘Tomada de preços é a modalidade de licitação entre interessados


devidamente cadastrados ou que atenderem a todas as condições
exigidas para cadastramento até o terceiro dia anterior à data do
recebimento das propostas, observada a necessária qualificação’’
(Art. 22, § 2º, da Lei nº 8.666/1993).
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3.3. Convite

É uma modalidade mais simplificada, destinado à celebração de contratações


de objetos com pequeno valor econômico. Tal modalidade de licitação é realizada
entre interessados do ramo pertinente ao seu objeto, cadastrados ou não,
escolhidos e convidados em número mínimo de 3 (três) pela unidade administrativa.
A modalidade dispensa publicação, pois é feito diretamente aos escolhidos pela
Administração por meio da “carta-convite”, que nada mais é que um edital
simplificado (DE AMORIM, 2017; DI PIETRO, 2001)

No § 3º do art. 22:

‘‘Convite é a modalidade de licitação entre interessados do ramo


pertinente ao seu objeto, cadastrados ou não, escolhidos e
convidados em número mínimo de 3 (três) pela unidade
administrativa, a qual afixará, em local apropriado, cópia do
instrumento convocatório e o estenderá aos demais cadastrados na
correspondente especialidade que manifestarem seu interesse com
antecedência de até 24 (vinte e quatro) horas da apresentação das
propostas’’ (Art. 22, § 3º, da Lei nº 8.666/1993).

3.4. Concurso

Modalidade escolhida em virtude do objeto, isto é, utilizada para a escolha de


trabalho técnico, científico ou artístico, mediante a instituição de prêmios ou
remuneração aos vencedores, com base em critérios estipulados em um edital
publicado na imprensa oficial com antecedência mínima de 45 (quarenta e cinco)
dias (DE AMORIM, 2017; FONSECA, 2014).

No § 4º do art. 22:

‘‘Concurso é a modalidade de licitação entre quaisquer interessados


para escolha de trabalho técnico, científico ou artístico, mediante a
instituição de prêmios ou remuneração aos vencedores, conforme
critérios constantes de edital publicado na imprensa oficial com
antecedência mínima de 45 (quarenta e cinco) dias’’ (Art. 22, § 4º, da
Lei nº 8.666/1993).
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3.5. Leilão

Modalidade que tem como objetivo a venda de bens por parte da


Administração Pública, ou seja, é a licitação para a venda de bens móveis
inservíveis para a administração, ou bens imóveis avaliados, isolada ou globalmente,
até R$ 650.000,00, ou para a alienação de bens imóveis, ou de produtos legalmente
apreendidos ou penhorados (FONSECA, 2014; DI PIETRO, 2001).

No § 5º do art. 22:

‘‘Leilão é a modalidade de licitação entre quaisquer interessados


para a venda de bens móveis inservíveis para a administração ou de
produtos legalmente apreendidos ou penhorados, ou para a
alienação de bens imóveis prevista no art. 19, a quem oferecer o
maior lance, igual ou superior ao valor da avaliação’’(Art. 22, § 5º, da
Lei nº 8.666/1993).

Por sua vez, a LEI Nº 10.520, DE 17 DE JULHO DE 2002, trabalha com uma
modalidade adicional de licitação, o pregão. É a modalidade de licitação voltada à
aquisição de bens e serviços comuns. O pregão tem como objetivo dar maior
transparência e agilidade as compras do governo, reduzindo os custos da
Administração Pública bem como os dos fornecedores (FONSECA, 2014).

4. CRITÉRIO PARA AVALIAÇÃO DE LICITAÇÕES

Sendo brevemente licitação uma sucessão ordenada de atos, mediante os


quais a administração (governo) seleciona a proposta mais vantajosa para a compra
do seu interesse. Tais propostas, passam por critérios, nos quais serão avaliados
vários pontos da mesma, a fim de que a proposta escolhida seja a melhor e a que
traga mais benefícios ao mesmo (MUHR, 1986). O decreto-lei federal nº 200, de 25
de fevereiro de 1976 modificou os princípios de aquisição na esfera pública, uma vez
que antes deste era obrigatória a compra da proposta mais barata, ficando assim, os
critérios divididos em cinco conforme o Artigo de número 36 do decreto-lei nº 200/67.
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O art. 36 intitula que no julgamento das propostas levar-se-ão em conta,


conforme o caso, no interesse do serviço público, os seguintes fatores:

I - qualidade;

II - rendimento;

III - preço;

IV - condições de pagamento;

V - prazos;

VI - outras vantagens ou fatores previstos no edital ou no convite.

Dos parágrafos 1º ao 3º, o artigo 36 está expresso algumas situações


condicionais dos critérios a serem tomados no procedimento licitatório:

“No exame do preço serão consideradas todas as circunstâncias de


que resulte vantagem para a Administração” (Art. 36, § 1º, da Lei nº
6.544/1989).

“Será obrigatória a justificação escrita da Comissão Julgadora,


sempre que não for escolhida a proposta de menor preço” (Art. 36, §
2º, da Lei nº 6.544/1989).

“Não poderá ser levada em conta qualquer oferta de vantagem não


prevista no edital ou no convite, nem preço ou vantagem baseada
nas ofertas dos demais licitantes” (Art. 36, § 3º, da Lei nº
6.544/1989).

4.1 Qualidade

Em primeiro lugar, cita-se a qualidade em que há uma série de níveis


relacionados que vão de mau nível de qualidade até o bom, critério esse em que
deve haver uma exigência do comprador em um nível exato de qualidade, o qual é
determinado por normas técnicas. A qualidade, portanto, não é um fator de
julgamento ou de ordenamento das propostas, mas de qualificação ou
desclassificação, conforme a necessidade for, ou não, atendida. Segue abaixo
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alguns tópicos que podem ser usados para a avaliação da qualidade da proposta
(MUHR, 1986):

1. Durabilidade: A durabilidade é um dos fatores mais importantes no julgamento da


qualidade, mas as normas técnicas não definem uma durabilidade mínima para uma
proposta ser boa ou ruim, uma vez que o tempo para cumprir o objetivo pode variar
de acordo com a licitação.

2. Confiabilidade: Reflete o quão provável é o produto de exercer a sua função


durante o tempo previsto. Este parâmetro é determinado através de ensaios e de
experiencias práticas e um maior grau de confiabilidade reflete a um maior preço.

3. Consertabilidade: É a facilidade de se consertar um equipamento. Alguns


componentes quebram com alguma frequência, outros não quebram tão fácil, o
custo para consertar e o tempo que leva podem ser avaliados e ponderados pela
probabilidade de quebra. Tal custo também é ajustado conforme o preço cotado.

4.2. Rendimento

Rendimento é o segundo critério de julgamento descrito no decreto-lei e


geralmente é confundido com qualidade. Como definiu Ernst Muhr (1986)
“Rendimento, termo sinônimo de eficiência ou de produtividade, é expresso sob
forma de um quociente, menor que 1, representando a sua capacidade de produzir
um resultado visado, em comparação com um ideal teórico, cujo rendimento, por
definição, é igual a 1”.

4.3. Preço

Antes, o preço era o único critério na escolha de uma licitação e hoje trata-se
de um dos cinco critérios para a avaliação de propostas, mas sendo este de extrema
importância. O Decreto-lei nº 200/67 mantém a obrigação da "justificativa escrita da
autoridade competente, sempre que não for escolhida a proposta de menor preço''
(Art. 133, parágrafo único). Portanto, é evidente que a escolha de uma proposta com
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preço maior será dificultada, visto que tal justificativa não é de maneira
simples/facilitada (MUHR, 1986).

O Departamento Federal de Compras, esclarece que "o preço escolhido


deverá ser o que melhores vantagens oferecerem aos cofres públicos ou que melhor
satisfizer aos interesses do serviço, prevalecendo, em princípio, a proposta de prazo
mínimo" (Portaria DFC, nº123, item 11.1).

4.4. Condições de pagamento

Para os órgãos da administração direta ou indireta que possuem


independência econômica, é indicado que se possibilite aos licitantes o poder de
escolher diversas condições de pagamento na proposta de cada um deles; a
administração do órgão irá escolher a que lhe possibilitar mais vantagens, não
apenas quanto ao custo financeiro, mas também quanto ao fluxo de caixa
decorrente. Essas condições de pagamento são necessariamente, cada uma,
convertidas ao valor do mercado presente, pelo método de desconto composto. A
taxa de juros será a que a administração paga no mercado financeiro (MUHR, 1986).

4.5. Prazos

Por último, existem os prazos como critério de julgamento mencionado na


legislação os quais referem-se a prazos de fornecimento ou de execução do
serviço/obra. Se o prazo para a realização da obra for extremamente alto, é evidente
que será mais difícil dessa licitação ser escolhida, portanto, quando o prazo é curto,
o custo dessa obra pode aumentar, então é necessário haver um equilíbrio entre o
prazo de entrega e os custos associados.

O custo financeiro cessa a partir do momento em que o trabalho está


terminado e entregue aos usuários, pois, daí em diante, a obra produzirá o benefício
dela esperado (MUHR, 1986).
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5. TIPOS DE LICITAÇÃO

Tipo de licitação refere-se ao critério de julgamento para a escolha da


proposta mais adequada aos interesses da Administração Pública (FONSECA,
2014). O art. 45 da Lei nº 8.666/1993 prevê quatro tipos de licitação:

I – Menor preço;

II – Melhor técnica;

III – Técnica e preço;

IV – Maior lance ou oferta.

É obrigatória a expressa previsão, do tipo de licitação que será adotado no


procedimento licitatório. A ausência desta previsão acarreta a nulidade da licitação,
a qual pode ser declarada independentemente de manifestação de algum
interessado. A Administração deve ter cuidado ao escolher o tipo de licitação que é
mais adequado ao interesse público perseguido, pois, cada um dos tipos possui
peculiaridades procedimentais. Assim como, é necessário verificar se o tipo de
licitação é compatível com a modalidade licitatória que será adotada (OLIVEIRA,
2012).

5.1. Menor preço

O preço é um dos fatores mais importantes para a seleção de uma proposta,


considerando-se que a licitação busca alcançar a satisfação do interesse público
com o menor custo possível. Vale ressaltar que o preço nominalmente inferior não é
necessariamente o menor preço, pois outros fatores, como as condições de
pagamento e o rendimento do objeto podem interferir na conclusão sobre qual a
proposta é mais vantajosa. Assim, adquirir o produto de ‘menor preço’ não significa
que o produto tem o menor valor nominal (OLIVEIRA, 2012).

A legislação denomina de “menor preço” o tipo de licitação em que o critério


de seleção da proposta mais vantajosa para a Administração determinar que será
vencedor o licitante que apresentar a proposta com o menor preço, desde que
esteja de acordo com as especificações do edital. Neste tipo de licitação, é
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irrelevante se um determinado produto ou serviço apresenta qualidade muito


superior aos outros (DE AMORIM, 2017).

De acordo com a referência legislativa, a licitação do tipo “menor preço”


estaria restrita aos procedimentos destinados a aquisição de bens. No entanto, a
Administração possui autonomia para identificar, diante do interesse a ser satisfeito,
qual o tipo de licitação mais adequado à hipótese (OLIVEIRA, 2012).

5.2. Melhor técnica

Tipo de licitação no qual a proposta mais vantajosa para administração é


selecionada com base em fatores de ordem técnica (TCU, 2010). De acordo com o
art. 46 da Lei nº 8.666/1993, esse tipo de licitação será utilizado exclusivamente para
serviços de natureza predominantemente intelectual, em especial na elaboração de
estudos técnicos preliminares, projetos básicos e executivos, cálculos, fiscalização,
supervisão e gerenciamento, e de engenharia consultiva em geral.

A Administração, ao optar pela utilização de uma licitação de técnica, seja


qual for, deverá fixar, no edital, os critérios de avaliação, os requisitos técnicos que
os licitantes deverão preencher, os quais devem ser adequados e compatíveis
com o objeto pretendido, além de atribuir as pontuações respectivas, sempre com
cuidado (MEIRELLES, 2010).

5.3. Técnica e preço

A Administração poderá, ao realizar o procedimento licitatório, adotar o tipo


“técnica e preço”, o critério de seleção da proposta mais vantajosa é baseado na
maior média ponderada, considerando-se as notas obtidas nas propostas de preço e
técnica [6], ou seja, “técnica e preço” é o tipo de licitação que será utilizado para
objetos em que a qualidade seja tão ou mais importante que o preço. A título de
exemplo, os tribunais já decidiram que o tipo ‘‘técnica e preço’’ deve ser aplicado
para terceirização de hospitais, para a contratação de serviços de comunicação de
dados, assim como na escolha de estabelecimento destinado a depósito de
materiais químicos, pois são objetos nos quais, a necessidade da Administração
estará satisfeita, quanto maior a qualidade verificada (OLIVEIRA, 2012).
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Nos termos do art. 46 da Lei nº 8.666/1993, esse tipo de licitação é obrigatório


na contratação de bens e serviços de informática, nas modalidades concorrência e
tomada de preços (TCU, 2010).

O tipo “técnica e preço” poderá ser utilizado também, assim como o tipo
“melhor técnica”, para contratação de serviços de natureza predominantemente
intelectual. Especialmente na elaboração de estudos técnicos preliminares, projetos
básicos e executivos, cálculos, fiscalização, supervisão e gerenciamento, e de
engenharia consultiva em geral, em consonância com o disposto no artigo 46 da Lei
nº 8.666/1993.

5.4. Maior lance ou oferta

Segundo o art. 45, § 1º, inciso IV da Lei 8.666/93, maior lance ou oferta é o
tipo de licitação utilizado pela Administração para a alienação de bens ou concessão
de direito real de uso, sendo que a proposta vencedora será aquela que oferecer o
maior valor econômico, ou seja, “a proposta mais vantajosa é aquela que maior
numerário carrear para os cofres públicos, na razão inversa da licitação de menor
preço” (MEIRELLES, 2010).

O Edital de licitação que adote o tipo maior lance ou oferta deverá prever um
valor mínimo para o início das sessões, o qual deve ser resultante de prévia
avaliação do objeto pretendido pela Administração (OLIVEIRA, 2012).

6. ATOS ADMINISTRATIVOS FINAIS DO PROCEDIMENTO LICITATÓRIO

Há dificuldades enfrentadas pela doutrina para estabelecer um conceito de


ato administrativo de forma universal, definição esta que deve respeitar os seus
traços intrínsecos com o objetivo de intensificar os aspectos jurídicos (DE OLIVO,
2010). Dois critérios relevantes para a conceituação de ato administrativo, por sua
vez, são o subjetivo, isto é, o ponto de vista do órgão que pratica o ato e o objetivo
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que revela o tipo de atividade exercida. Com base nesses critérios Medauar define
ato administrativo como:

[...] um dos modos de expressão das decisões tomadas por órgãos e


autoridades da Administração Pública, que produz efeitos jurídicos,
em especial no sentido de reconhecer, modificar, extinguir direitos ou
impor restrições e obrigações com observância da legalidade
(MEDAUAR 2005, p.155)

São diversos os parâmetros utilizados para enquadrar esses atos


administrativos nas espécies correspondentes, baseando-se nos seus efeitos, grau
de liberdade e prerrogativas, com a finalidade de assegurar uma melhor
compreensão dos mesmos (MEIRELLES, 1990). No processo licitatório, por sua vez,
vale ressaltar duas espécies previstas no artigo 43, inciso VI, da Lei nº 8.666/93
como atos finais do procedimento licitatório, a homologação e a adjudicação.

6.1. Adjudicação

“Adjudicação, no direito público, vinculada ao processo de licitação, é a


atribuição do objeto da licitação ao licitante vencedor do certame. Opera
objetivamente quanto ao objeto da licitação. Não traz, necessariamente, o sentido de
outorga, mas o de garantia de um direito” (BRAZ, 2006). Logo, é importante ressaltar
que a adjudicação é chave essencial para que a Administração conclua a finalidade
primeira do processo, embora não seja de caráter essencial no procedimento de
licitação.

Trata-se de um ato que parte da Administração, podendo ser executado pela


Comissão de Licitação que por sua vez irá proceder para a homologação posterior,
não concretizando, por si só, uma relação de contrato. Portanto, a homologação da
licitação a autoridade superior ratifica o ato de adjudicação da Comissão de
Licitação (BRAZ, 2006).

Embasado no que foi explícito, vale-se, ainda, do fato de que a adjudicação


não é uma decisão e sim uma declaração. Isto é, caso não haja um posterior
consentimento fornecido pela autoridade administrativa referente ao ato da
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Comissão de Licitação, com o intuito de que produza os efeitos jurídicos cabíveis, a


adjudicação não irá gerar impactos fora do processo.

Quanto ao mérito para adjudicar, destaca-se o presidente da Comissão que,


no que tange ao processo de licitação, é atribuído de certos poderes. Há também
uma autoridade superior a esta que se encontra fora da Comissão de Licitação,
cujos poderes estão relacionados a homologar ou revogar o processo licitatório
(BRAZ, 2006). Sendo assim, a adjudicação é o ato preparatório para o processo de
homologação.

6.2. Homologação

A homologação é o ato unilateral e vinculado pelo qual a Administração


reconhece a legalidade de um ato jurídico (DI PIETRO, 2018). Ela se realiza sempre
a posteriori e examina apenas os aspectos de ilegalidade, fator este que a distingue
de aprovação.

Dentro do procedimento licitatório, no que lhe concerne, a homologação é o


ato de controle pelo qual a autoridade competente a quem incumbir a deliberação
final sobre o julgamento confirma a classificação das propostas e adjudica o objeto
da licitação ao proponente vendedor (art. 43, VI). Essa autoridade competente,
entretanto, deve ser hierarquicamente superior à Comissão de Julgamento e, em
regra, é aquela que determinou a abertura da licitação.

A autoridade terá diante de si três possibilidades de escolha: anuir o


julgamento, homologando-o; ordenar a correção da classificação de forma parcial ou
integral, ou, ainda, anular o julgamento, ou todo o processo licitatório caso verifique
algum vício de ilegalidade (DI PIETRO, 2018). Feita a homologação e adjudicação a
autoridade passará a responder por todos os efeitos e consequências da licitação, o
que demonstra a importância de uma análise minuciosa da situação de todas as
etapas do procedimento licitatório antes de homologar o julgamento (MEIRELLES,
2005).

A decisão pela anulação do julgamento ou do processo licitatório, deverá ser


publicada para propiciar a interposição do recurso cabível (art. 109, I, “c”, e § 1º).
Além disso, ainda que não esteja previsto por lei o despacho homologatório, devido
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ser de efeito externo, este, obrigatoriamente, deve ser publicado na imprensa oficial
(MAZZA, 2018).

7. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Com base nos estudos realizados sobre Direito Administrativo, seus princípios
e processos de licitação, vale destacar a importância dos estudos, leis e princípios
que regem essa área do direito. Todavia, há uma necessidade de se buscar avanços
em tais estudos a fim de se obter melhorias na Administração Pública, dada a
importância desse ramo do Direito aliado ao Direito Constitucional, o que justifica a
imposição de regras cada vez mais rígidas acerca da atuação dos agentes públicos,
buscando limitá-la em prol do interesse público e não de interesses individuais.

Ressalta-se, ainda, que o tema estudado é bastante amplo e diversificado não


sendo, por isso, esgotado no presente trabalho e que devido sua importância pode ir
muito além do que foi abordado. Tal afirmação baseia-se no fato de que o Direito
Administrativo, a Administração Pública e o Procedimento Licitatório são elementos
vitais para a sociedade e para a administração de um governo, mas o presente
trabalho só os abordou de forma geral, expressando os pontos mais relevantes e
fundamentais do tema proposto.
18

8. REFERÊNCIAS

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