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RESENHA
Movimento negro e ditadura civil-militar:
muitas questões com poucas respostas
Os moldes de família tradicional cristã, burguesa aos moldes pai, mãe e filhos
eram inacessíveis a essas pessoas.
Tudo isso é fruto do que mais a frente Florestan Fernandes vai chamar de "mito
da democracia racial", que cruelmente se máscara de uma mestiçagem inclusiva para,
de fato, excluir os negros e branquear a sociedade. Através de um racismo assimilativo,
ou seja, camuflando historicamente toda uma cultura afro-brasileira e sonegando todos
os direitos de uma população que foi escravizada durante séculos.
"A democracia racial”, parte de um princípio em que as três raças se fundem de
uma forma romantizada, na qual encobre o racismo existente na sociedade brasileira,
então Florestan Fernandes discorre sobre essa visão mistificadora e como o papel dessa
"omissão" no pós abolição foi dificultador para o negro se integrar na sociedade já
existente, uma sociedade de classes de ordem social competitiva, na qual já havia
relações de poder desde o regime escravocrata, porem essa transição de sistema colonial
para o mercado de trabalho livre, não previa a entrada do negro no mesmo. Com teorias
eugenistas que marcaram o século XX, o mito da democracia racial veio para idealizar
uma mestiçagem e mascarar um passado de exclusão, refletindo hoje em dia num
extermínio da população negra.
Os chamados "mecanismos de controle, de repressão ou de assistência
invariavelmente ineficazes, corruptíveis ou desmoralizadores" por Florestan
Fernandes, podemos ver a atuação do Estado sobre o negro com seus mecanismo de
coerção, como a atuação da polícia, atingindo criança e no jovem negro, como
entidades como Fundação Estadual para o Bem Estar do Menor (FEBEM).
De certo, é fato que assimilação de tudo que há e faz parte da história afro-
brasileira, mas o considerável a ponderar é que as lutas e movimentos sempre estiveram
aqui, inclusive, sem cessar, até porque pelo histórico dito acima, lutar não era verbo, mas
prática diária. Com isso, é importante ressaltar dois movimentos que fizeram parte em
paralelo coma ditadura civil-militar: O Movimento Black Rio e o Movimento Negro
Unificado (MNU), um com intuito mais cultural e outro político.
O movimento black rio inicialmente se caracterizou pelo gênero musical, que foi
difundido e muito inspirado no soul music e as efervescentes lutas luta pelos direitos
civis nos Estados Unidos. "Essa liberdade e plena identificação com um novo tipo de
entretenimento e lazer só seriam experimentadas pela maioria da juventude periférica".
(SEBADELHE, p.27). Assim nascia um novo movimento de jovens suburbanos e
negros, para além de um gênero musical, mas também de lazer - algo que dificilmente
se chega as periferias - e identitário.
E por conta da notoriedade, ganha da mídia e até um baile na zona sul -
antigo Mourisco de Botafogo - repressões eram rotineiras:
" A perseguição nessa época ficou evidente, quando alguns dos principais
produtores e DJs das equipes de maior visibilidade começaram a ser
convocados para averiguação policial. Paulão Black foi detido algumas vezes
por agentes especiais do DOI-CODI, pois insistiam que o nome da equipe
Black Power teria ligação direta
com o partido norte-americano dos Panteras Negras"(SEBADELHE,p.84)
Referências bibliográficas: