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assessoria jurídica cBesP

PARECER Nº 01
Interessado: Associação das Igrejas Batistas de Bebedouro e Adjacências
(ASSIBBA) e Ordem dos Pastores Batistas do Brasil, seção Estados de São
Paulo subseção Bebedouro e Adjacências (OPBB/SP - Bebedouro e
Adjacências).
Assunto: Fechamento das igrejas por decreto municipal na Fase 1 (vermelha)
do Plano São Paulo.
Ementa: Constitucional; Direitos de Livre Exercício de Culto; Conflito de Normas;
Atos dos Administradores Públicos.

I - RELATÓRIO

Parecer da assessoria jurídica da CONVENÇÃO BATISTA DO


ESTADO DE SÃO PAULO, doravante CBESP, em resposta à solicitação feita
pelo presidente da Associação das Igrejas Batistas de Bebedouro e Adjacências
(ASSIBBA), Pr Marcelo Rosa e pelo presidente da Ordem dos Pastores Batistas
do Brasil, seção Estados de São Paulo subseção Bebedouro e Adjacências
(OPBB/SP - Bebedouro e Adjacências), Pr Eucleme Jr., de parecer sobre
Fechamento das igrejas por decreto municipal na Fase 1 (vermelha) do Plano
São Paulo.
Foi relatado que, vindo algumas regiões a sofrerem regressão para a Fase
1 (vermelha) do Plano São Paulo, alguns prefeitos, através de decreto municipal,
têm determinado a suspensão total das atividades religiosas nos municípios
de sua competência.
Entendemos que tal determinação é abusiva e ilegal, vejamos:

II - FUNDAMENTAÇÃO

O Decreto Federal nº 10.292 de 25 de março de 2020 em seu Art. 3º, §


1º, XXXIX, definiu como essencial as atividades religiosas de qualquer natureza,
obedecidas as determinações do Ministério da Saúde.
A Assembleia Legislativa de São Paulo (ALESP) foi na mesma direção,
aprovando o Projeto de Lei 299/2020, que “reconhece as atividades religiosas
realizadas nos seus respectivos templos, e fora deles, como atividade essencial
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que deve ser mantida em tempos de crises ocasionadas por moléstias
contagiosas, epidemias, pandemias ou catástrofes naturais”.
Na fundamentação a ALESP invocou o Art. 5º, incisos VI e VII, da
Constituição Federal de 1988, que diz:

Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de


qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos
estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do
direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à
propriedade, nos termos seguintes:
VI - é inviolável a liberdade de consciência e de crença,
sendo assegurado o livre exercício dos cultos religiosos
e garantida, na forma da lei, a proteção aos locais de culto
e a suas liturgias;
VII - é assegurada, nos termos da lei, a prestação de
assistência religiosa nas entidades civis e militares de
internação coletiva; [grifos nosso].

É contundente a Constituição ao garantir a inviolabilidade da liberdade


de crença e assegurar o livre exercício dos cultos religiosos e as suas liturgias.
O Decreto Estadual nº 64.881/2020, que decretou quarentena no Estado
de São Paulo, no contexto da pandemia do COVID-19, inclui em seu rol de
atividades essenciais aquelas relacionadas no Art. 3º, § 1º, do Decreto Federal
nº 10.282/2020, que, como acima citado, faz menção, no rol de atividades
essenciais, às atividades religiosas, inciso XXXIX.
O Plano São Paulo, por sua vez, instituído pelo Decreto 64.994/2020,
estabeleceu os chamados “Protocolos Setoriais”, com diretrizes específicas para
diversos setores da economia, inclusive para as atividades religiosas.
Para as atividades religiosas, ao contrário da prática de alguns prefeitos,
“O Protocolo” não trouxe uma proibição geral das atividades religiosas, trouxe
algumas recomendações voltadas para a do contágio com o coronavírus.
Importa salientar que todas as diretrizes apontadas pelo Protocolo
Setorial para as atividades religiosas são colocadas como recomendações
não como determinações, vejamos:
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Verifica-se que, em nenhum momento o Plano São Paulo proibiu o


funcionamento das igrejas.
Assim sendo, embora o STF, na ADI 6341, reconheceu a competência
concorrente da União, estados, municípios e DF, no combate ao Covid 19,
eventuais conflitos entre essas normas são resolvidos de acordo com a
competência do ente federado para o tratamento da matéria, e neste caso, ao
Governo Federal, que o fez quando editou o Decreto nº 10.292/2020, definindo
como atividade essencial as atividades religiosas.
Além do mais não pode o município restringir a atividade religiosa
presencial abaixo do determinado pelo Decreto Estadual, que na pior da
hipótese, ocupação máxima de 30% da capacidade de seu templo, muito menos
a proibição absoluta das atividades.

III - CONCLUSÃO

Pelo todo exposto, o parecer é no sentido de total ilegalidade a ação


de prefeitos que determinam, através de decreto municipal, a suspensão
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total das atividades religiosas ou abaixo da capacidade de 30% da
ocupação do templo.
As organizações religiosas que tiverem seus direitos de livre exercício de
culto violados por tais práticas, querendo, poderão adotar medidas judiciais
cabíveis para a correção da ilegalidade.

São Paulo, 28 de janeiro de 2021.

ASSESSORIA JURÍDICA CBESP


Dr. Osmar Teles - relator
Dr. Marcelo Rateiro
Dr. Nivaldo Monteiro

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