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A ÁFRICA DOS

GRANDES REINOS E
IMPÉRIOS
ÁFRICA E BRASIL
Conhecer a história dos povos africanos
ajuda a compreender melhor a formação do
povo brasileiro. Sabemos que os negros
africanos tiveram importante papel na
formação da nossa cultura. Estima-se que,
entre os séculos XVI e XIX, cerca de 10 a 12
milhões de africanos escravizados foram
trazidos para o nosso continente,
aproximadamente 4 milhões deles para o
Brasil.
TROCAS CULTURAIS
As trocas culturais feitas no Brasil pelos
africanos não se restringram às comunidades
africanas. Elas foram incorporadas ao modo
de ser do brasileiro, às palavras, na
sonoridade da língua, à música etc. Aqui, os
africanos e seus descendentes criaram
expressões culturais novas, e deram origem,
por exemplo, ao samba, à capoeira, ao
candomblé, às congadas, ao maracatu entre
tantas outras expressões culturais que são
parte de nossa identidade e constituem a
cultura alfo-brasileira.
OLHAR EUROPEU SOBRE A
ÁFRICA
Durante a Idade Média, o cristianismo ajudou a
reforçar o imaginário negativo dos europeus em
relação aos africanos. Figuras demoníacas eram
sempre representadas com a pele negra, e as
condições climáticas do continente eram
associadas a deformidades físicas e morais. A
falta de informação contribuiu, também, para a
criação de um imaginário fantasioso do continente
por parte dos navegantes europeus no início das
grandes navegações. Monstros, terras inóspitas,
imoralidades, regiões e hábitos demoníacos eram
elementos constantes nas descrições de
viajantes, aventureiros e missionários.
RIQUEZAS AFRICANAS
"Um visitante holandês do século XVII não
escondeu a sua admiração por Benin, uma cidade
enorme cortada por uma longa avenida, que lhe
parecia mais larga do que a principal rua de
Amsterdã. Bem antes dele, os portugueses
espantaram-se com o tamanho de ljebu-Ode e mais
ainda, com a sua muralha, que em alguns pontos
alcançava os sete metros de altura e tinha quase
130 quilômetros de comprimento. Vasco da Gama,
ao chegar à costa oriental da África, encontrou
portos cheios de navios e de comerciantes de todas
as partes do Oceano Índico, bem como cidades
com casas parecidíssimas com as do Algarves em
Portugal“
SILVA, Alberto da Costa e. A África explicada aos meus filhos. Rio de Janeiro: Agir, 2008. p. 27-28.
Joanesburgo (África do Sul)
REINOS SUDANESES
Os povos ao norte e ao sul do Deserto do
Saara estabeleceram diversas rotas comerciais.
A partir do século VII, os árabes penetraram no
norte da África e movimentaram ainda mais
essas rotas. A região subsaariana do continente
era conhecida pelos árabes como Sudão (terra
dos negros). Nessa área formaram-se grandes
reinos graças ao rico comércio transaariano de
cereais, ouro, marfim, pimenta, âmbar e
escravos, que eram trocados por sal, conchas,
tâmaras e tecidos. O Reino de Gana, o Reino
do Mali e o Império Songhai foram três
importantes reinos sudaneses.
REINO DE GANA
O Reino de Gana floresceu a oeste do continente
africano, na área em que, atualmente, se situam o
Mali e o sul da Mauritânia. O reino desenvolveu-se
a partir do século IlI graças ao comércio que se
estabeleceu entre árabes e ganenses. Caravanas
árabes do norte de África trocavam tecidos, cobre,
sal, joias, tâmaras e figos por ouro e noz-de-cola
ganeses. O Reino de Gana conheceu seu apogeu
político e econômico entre os séculos VII e XI. A
difusão do Islã no norte da África, o ressentimento
de alguns povos berberes contra o domínio de
Gana e as revoltas dos povos dominados
colocaram o reino em franca decadencia a partir do
século XI.
REINO DE MALI
O Reino do Mali desenvolveu-se entre os séculos
XIII e XVI, período em que impôs sua hegemonia
sobre a bacia do Rio Níger. O ouro e a noz-de-cola
continuaram sendo as principais mercadorias
comercializadas na região. As cidades de Gao,
Djenné e Timbuctu, localizadas às margens do Rio
Níger, tornaram-se importantes centros mercantis e
políticos do Mali. Timbuctu era um dos principais
polos culturais e religiosos do continente africano
graças à presença de vastas bibliotecas, madrasas
e mesquitas. Além disso, a cidade passou a ser
ponto de encontro de poetas, intelectuais e artistas
da África e do Oriente Médio. No séc. XVI, devido a
conflitos internos, o Reino enfraqueceu e foi
dominado pelo Império de Songhai.
IMPÉRIO DE SONGHAI
Estabelecido nas margens do Rio Níger, o Império
Songhai desenvolveu-se no entomo da cidade de
Gao. Diferente dos demais reinos africanos do
período, a Império Songhai caracterizou pela forte
centralização política em torno de seu imperador,
chamado askia. Além disso, a ciência islâmica
alcançou grande desenvolvimento no império
Songhai. As cidades de Djenné e Timbuctu
passaram a abrigar milhares de estudantes, que
para estudar em suas madrasas e universidades.
Apesar do grande desenvolvimento, disputas
internas pelo poder e a invasão de Timbuctu pelos
marroquinos contribuíram para o fim do Império no
séc. XVI.
REINOS IORUBÁS
Os povos iorubás compartilhavam língua e
cultura semelhantes e habitavam a região
sudoeste da atual Nigéria. Eles constituíram
sociedades tipicamente urbanas, com
economias diversificadas e ofícios
especializados. Esses povos criaram
importantes microestados e reinos, caso da
cidade-Estado de lfé e do Reino do Benin.
IFÉ, O UMBIGO DO MUNDO
Vestígios arqueológicos indicam que, no século
VI, ifé não era um Estado centralizado, mas um
conjunto de aldeias de agricultores e
comerciantes. O chefe político de cada aldeia era
um ancião, escolhido entre os mais velhos. A
posição privilegiada de Ifé, entre a floresta, a
savana e o litoral, tornou a região um
movimentado entreposto comercial. Ifé também
era um importante centro religioso que recebia
tributos de outros miniestados iorubás. Segundo a
mitologia iorubá, Ifé seria a origem de todas as
coisas, o umbigo do universo, de onde os homens
teriam se espalhado pelo mundo.
REINO DO BENIN
Situado a sudeste de ifé, o Reino do Benin teria
se desenvolvido entre os séculos XII e XIII. A
região era habitada havia milhares de anos por
um grupo de povos denominados edos que se
dividiam em vários miniestados. Aos poucos,
esses miniestados foram se fundindo, por meio
de alianças, ou foram conquistados. Benin vivia
do comércio de produtos como sal, dendê, cobre,
tecidos e contas. No século XV, o território do
Benin expandiu-se e o comércio intensificou-se
com a inclusão dos europeus. O reino
desintegrou-se apenas no século XIX, sob a
domínio dos ingleses.
POVOS BANTOS
Os povos bantos são parte de um grupo
linguístico que se formou há milhares de
anos na região das províncias hoje
conhecidas como Catanga e Kasai, na
República Democrática do Congo,
Aproximadamente em 1000 a.C., os bantos
começaram a migrar para o centro-sul do
continente, atuais regiões de Angola,
Congo, Camarões, Gabão, Uganda,
Namíbia, Zâmbia, Moçambique, Botsuana e
Zimbábue.
REINO DO CONGO
Fundado no século XIV, o Reino do Congo ocupava a
região da África Centro-Ocidental e era formado por
povos do grupo banto. O comércio da região era
bastante desenvolvido, principalmente de tecidos, sal,
metais e derivados de animais, que foi impulsionado
após o contato com os portugueses no final do século
XV. O relacionamento entre os governos do Congo e
de Portugal estreitou-se, por isso o rei do Congo se
converteu ao catolicismo em 1491, com o nome de D.
João I. Seu sucessor, Afonso I, (Nzinga Mbemba)
divulgou os mandamentos cristãos e ressaltou a
necessidade da educação formal, valorizando a leitura
e a escrita. As relações entre Portugal e Congo
pioraram na segunda metade do séc. XVI com a
intensificação da escravidão de africanos pelos
portugueses.

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