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Bantus
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Os bantus[2][3][4] ou bantos[5] constituem


um grupo etnolinguístico localizado Bantus
principalmente na África subsariana e que
engloba cerca de 400 subgrupos étnicos
diferentes. A unidade desse grupo, contudo,
aparece de maneira mais clara no âmbito
linguístico, uma vez que essas centenas de
grupos e subgrupos têm, como língua
materna, uma língua da família banta.

Etimologia
A palavra "bantu" é derivada da palavra ba-
ntu, formado por ba (prefixo nominal de
classe 2) e nto, que significa "pessoa" ou
"humanos".[6] Versões dessa palavra ocorrem
em todas as línguas bantus: por exemplo,
como watu em suaíli; Muntu em quicongo; José Eduardo dos Santos • Samora Machel • Patrice Lumumba •
batu em lingala; bato em duala; abanto em Sam Nujoma • Nelson Mandela
Gusii; andũ em quicuio; abantu em zulu,
quitara,[7] e ganda; vanhu em xona; Batho
População total
em sesoto; vandu em alguns dialetos luia;
mbaityo em Tive; e vhathu em venda.
Estimada em 400 milhões[1]
História
Regiões com população significativa
Os bantus são provavelmente originários dos
Angola
Camarões e do sudeste da Nigéria. Por volta
de 2 000 a.C., começaram a expandir seu Moçambique
território na floresta equatorial da África Namíbia
central. Mais tarde, por volta do ano 1000,
África do Sul
ocorreu uma segunda fase de expansão mais
rápida, para o leste, e finalmente uma terceira Zâmbia
fase, em direção ao sul do continente, quando Zimbábue
Lesoto
Quênia
Essuatíni
Botsuana
os bantos se miscigenaram. Os bantos se Tanzânia
misturaram então aos grupos autóctones e
República Democrática do Congo
constituíram novas sociedades.
República do Congo

Distribuição geográfica Gabão


Guiné Equatorial
Os bantos distribuem-se, no continente Camarões
africano, no sentido oeste-leste, desde os República Centro-Africana
Camarões e o Gabão às ilhas Comores; no
sentido norte-sul, do Sudão à África do Sul, Uganda
cobrindo toda a parte meridional da África, Burundi
onde somente os bosquímanos e os Ruanda
hotentotes têm línguas de origens diferentes.
Comores
Enquanto os bosquímanos e hotentotes eram Maláui
nômades caçadores-coletores e pastores, os
bantos eram agricultores sedentários e já Línguas
conheciam o uso do ferro. Esses avanços lhes
Quimbundo, conguês, suaíli, zulu, Ovambo, hereró etc.
permitiram colonizar um amplo território, ao
longo de aproximadamente quatro mil anos, Religiões
forçando o recuo dos povos nômades. No
entanto, os bantos absorveram alguns cristianismo, islamismo, religiões tradicionais africanas
fenômenos linguísticos típicos das línguas Grupos étnicos relacionados
coisãs, como o clique.
zulus, ovimbundos, ovambo, Hereros, congos, Mbundu,
Embora não existam informações precisas, o macuas, chócues, Xindonga etc.
subgrupo etnolinguístico banto mais
numeroso parece ser o zulu. A língua zulu é a
mais falada na África do Sul, onde é uma das 11 línguas oficiais. Mais da metade dos 50 milhões de
habitantes da África do Sul é capaz de compreendê-la; mais de nove milhões de pessoas têm o zulu como
língua materna, e mais de 15 milhões falam o zulu fluentemente.[8]

Todos os subgrupos étnicos falam línguas pertencentes


à mesma família linguística, a das línguas bantus, a
qual, por sua vez pertence à família linguística nígero-
congolesa. Em muitos casos, esses subgrupos têm
costumes comuns.[9][10][11][12][13]

Os negros da África do Sul foram, às vezes, chamados


oficialmente "bantus" pelo regime do apartheid.[14]

Reinos

Entre os séculos XIV e XV, estados bantus


começaram a surgir na região dos Grandes Lagos
Africanos, na savana sul da floresta tropical centro-
africana. Na África Austral, no rio Zambeze, os reis
Localização dos subgrupos linguísticos nigero-
Monomatapa construíram o famoso complexo do
congoleses.
Grande Zimbábue, o maior dos mais de 200 desses
sítios na África Austral, como Bumbusi no Zimbábue
e Maniqueni em Moçambique. A partir do século XVI em diante, os processos de formação dos estados
entre os povos Bantus aumentaram em frequência. Alguns exemplos de tais estados bantus incluem: na
África Central, o Reino do Congo,[15] o Império Lunda,[16] o Império Luba[17] de Angola, a República do
Congo e a República Democrática do Congo; na Região dos Grandes Lagos Africanos, o Buganda[18] e o
Caragué[18] Reino de Uganda e da Tanzânia; e na África do Sul, o Império Monomotapa,[19] Império
Rozui,[20] e os Danangombe, Cami e Naletale Reinos de Zimbábue e Moçambique.[19]

Em direção dos séculos XVIII e XIX, o fluxo


de escravos bantus do Sudeste africano
aumentou com o aumento do Omani Sultanato
de Zanzibar, com sede em Zanzibar, na
Tanzânia. Com a chegada dos colonizadores
europeus, o Sultanato de Zanzibar entrou em
conflito direto no comércio e na concorrência
com portugueses e outros europeus ao longo
da Costa Suaíli, levando eventualmente à
queda do sultanato e ao fim da negociação de
escravos na costa suaíli em meados do
século XX.

O uso do termo "bantos" na


África do Sul

Reino do Congo ca. 1630

Na década de 1920, os sul-africanos relativamente liberais, os


missionários e a intelectualidade negra começaram a usar o termo
"bantus" e termos mais depreciativos (como "Cafre") para se referir
coletivamente aos bosquimanos sul-africanos. Após a Segunda Guerra
Mundial (1939-1945), o Partido Nacional governista adotou
oficialmente o seu uso, enquanto o crescente movimento indígena
apoiado pela União Soviética e seus aliados liberais adotaram o termo
"negro", de modo que "bantus" tornou-se identificado com as políticas
do Apartheid. Na década de 1970, o termo "bantus" estava tão
desacreditado como uma designação etno-racial que o governo do
apartheid mudou para o termo "preto" em suas categorizações raciais
oficiais, restringindo-a a africanos que falavam idiomas Bantu, mais ou
menos na mesma época em que o Movimento da Consciência Negra
liderado por Steve Biko e outros estavam definindo, como Black
("preto"), o conjunto de oprimidos sul-africanos (negros, mestiços e Um dançarino tradicional Zulu em
indianos). África do Sul

Ver também
Centre international des civilisations bantu
Jan Vansina
Candomblé bantu
Candomblé nação angola (https://sites.google.com/site/candomblenacaoangola/)

Referências
1. A população total não pode ser estabelecida com precisão dada a indisponibilidade de
dados precisos de conso da África subsaariana. Um número superior a 200 milhões foi
citado no começo dos anos 2000 (veja Niger-Congo languages: subgroups and numbers of
speakers. Estimativas de população estimadas para o Centro-oeste africano são
reconhecidads como significamente baixas pelo Departamento de Assuntos Econômicos e
Sociais das Nações Unidas em 2015 («World Population Prospects: The 2016 Revision –
Key Findings and Advance Tables» (https://web.archive.org/web/20190626225001/https://es
a.un.org/unpd/wpp/Publications/Files/WPP2017_KeyFindings.pdf) (PDF). United Nations
Department of Economic and Social Affairs, Population Division. Julho de 2016. Consultado
em 26 de junho de 2017. Arquivado do original (https://esa.un.org/unpd/wpp/Publications/Fil
es/WPP2017_KeyFindings.pdf) (PDF) em 26 de junho de 2019). O crescimento populacional
é estimado entre 2.5% and 2.8% anuais, para um aumento anual da população bantu entre
8 e 10 milhões.
2. Historia de Moçambique (http://www.mz.one.un.org/por/Mocambique/Historia-de-Mocambiqu
e)
3. Migrações Bantus (http://www.infopedia.pt/$migracoes-bantus)
4. Tradição Bantu (http://ilabantu.inzotumbansi.org/malunda-bantu/)
5. Correia, Paulo. «Etnónimos, uma categoria gramatical à parte?» (https://ec.europa.eu/transl
ation/portuguese/magazine/documents/folha40_pt.pdf) (PDF). A folha. Consultado em 3 de
abril de 2021
6. FERREIRA, A. B. H. Novo dicionário da língua portuguesa. 2ª edição. Rio de Janeiro. Nova
Fronteira. 1986. p. 230.
7. Bunyoro-Kitara Kingdom; ARKBK CLBG. «Banyoro - Bunyoro-Kitara Kingdom (Rep.
Uganda) - The most powerful Kingdom in East Africa!» (http://bunyoro-kitara.org/53.html).
Consultado em 13 de maio de 2015
8. «Ethnologue report for language code ZUL (zulu)» (http://www.ethnologue.com/show_langu
age.asp?code=zul). ethnologue.com
9. Castrì, Loredana; Sergio (1 de outubro de 2009). «mtDNA variability in two Bantu-speaking
populations (Shona and Hutu) from Eastern Africa: implications for peopling and migration
patterns in sub-Saharan Africa» (https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/19425093). American
Journal of Physical Anthropology. 140 (2): 302–311. ISSN 1096-8644 (https://www.worldcat.
org/issn/1096-8644). PMID 19425093 (https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/19425093).
doi:10.1002/ajpa.21070 (https://dx.doi.org/10.1002%2Fajpa.21070)
10. Alves, Isabel; Margarida (1 de fevereiro de 2011). «Genetic homogeneity across Bantu-
speaking groups from Mozambique and Angola challenges early split scenarios between
East and West Bantu populations» (https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/21453002).
Human Biology. 83 (1): 13–38. ISSN 1534-6617 (https://www.worldcat.org/issn/1534-6617).
PMID 21453002 (https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/21453002).
doi:10.3378/027.083.0102 (https://dx.doi.org/10.3378%2F027.083.0102)
11. de Filippo, Cesare; Chiara (1 de março de 2011). «Y-chromosomal variation in sub-Saharan
Africa: insights into the history of Niger-Congo groups» (https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubme
d/21109585). Molecular Biology and Evolution. 28 (3): 1255–1269. ISSN 1537-1719 (https://
www.worldcat.org/issn/1537-1719). PMID 21109585 (https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/
21109585). doi:10.1093/molbev/msq312 (https://dx.doi.org/10.1093%2Fmolbev%2Fmsq312)
12. Coelho, Margarida; Fernando (21 de abril de 2009). «On the edge of Bantu expansions:
mtDNA, Y chromosome and lactase persistence genetic variation in southwestern Angola»
(https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/19383166). BMC evolutionary biology. 9. 80 páginas.
ISSN 1471-2148 (https://www.worldcat.org/issn/1471-2148). PMID 19383166 (https://www.n
cbi.nlm.nih.gov/pubmed/19383166). doi:10.1186/1471-2148-9-80 (https://dx.doi.org/10.118
6%2F1471-2148-9-80)
13. Plaza, Stéphanie; Antonio (1 de outubro de 2004). «Insights into the western Bantu
dispersal: mtDNA lineage analysis in Angola» (https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/15340
834). Human Genetics. 115 (5): 439–447. ISSN 0340-6717 (https://www.worldcat.org/issn/03
40-6717). PMID 15340834 (https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/15340834).
doi:10.1007/s00439-004-1164-0 (https://dx.doi.org/10.1007%2Fs00439-004-1164-0)
14. História da África do Sul (http://www.africadosul.org.br/historia.html)
15. Roland Oliver, et al. "Africa South of the Equator," in Africa Since 1800. Cambridge, UK:
Cambridge University Press, 2005, pp. 21
16. Roland Oliver, et al. "Africa South of the Equator," in Africa Since 1800. Cambridge, UK:
Cambridge University Press, 2005, pp. 23
17. Roland Oliver, et al. "Africa South of the Equator," in Africa Since 1800. Cambridge, UK:
Cambridge University Press, 2005, pp. 23.
18. Roland Oliver, et al. "Africa South of the Equator," in Africa Since 1800. Cambridge, UK:
Cambridge University Press, 2005, pp. 24-25.
19. Roland Oliver, et al. "Africa South of the Equator," in Africa Since 1800. Cambridge, UK:
Cambridge University Press, 2005, pp. 25.
20. Isichei, Elizabeth Allo, A History of African Societies to 1870 Cambridge University Press,
1997, ISBN 978-0521455992 page 435

Bibliografia
Christopher Ehret and Merrick Posnansky, eds., The Archaeological and Linguistic
Reconstruction of African History, University of California Press, Berkeley and Los Angeles,
1982
Christopher Ehret, An African Classical Age: Eastern and Southern Africa in World History,
1000 B.C. to A.D. 400, James Currey, London, 1998
April A. Gordon and Donald Trump L. Gordon, Understanding Contemporary Africa, Lynne
Riener, London, 1996
John M. Janzen, Ngoma: Discourses of Healing in Central and Southern Africa, University of
California Press, Berkeley and Los Angeles, 1992
James L. Newman, The Peopling of Africa: A Geographic Interpretation, Yale University
Press, New Haven, 1995
Kevin Shillington, History of Africa, 3rd ed. St. Martin's Press, New York, 2005
Jan Vansina, Paths in the Rainforest: Toward a History of Political Tradition in Equatorial
Africa, University of Wisconsin Press, Madison, 1990
Jan Vansina, "New linguistic evidence on the expansion of Bantu," Journal of African History
36:173-195, 1995
Armando Castro, O sistema colonial Português em África (meados do século XX), Lisboa;
Caminho, 1978

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