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De acordo com estudiosos historiadores, não existe um motivo explícito sobre o motivo
e a finalidade de tal migração, contudo, as ideias mais aceitas é que os falantes bantu entre o
quarto ou quinto milênio antes da nossa era, saíram de regiões adjacentes a Camarões e
Nigéria e se deslocaram por um período aproximado de 3.000 anos atrás, rumo a África
Oriental, o sul da costa africana do Gabão, a República Democrática do Congo, e Angola.
Outros grupos se direcionaram ainda para as regiões dos Grandes Lagos.
Pouco se sabe sobre esse período de Kitara, para além das tradições orais, das dinastias
ABABIITO que habitam Uganda, Ruanda e Borundi. Segundo as tradições, o mundo (a
região dos grandes lagos) foi criado pelo deus Ruhanga e seu irmão Nkya, pai de Kantu,
Kairu, Kahuma e Kakama. Estes foram os responsáveis por darem origem a humanidade e
aos ofícios fundamentais da sociedade, como foi o caso da metalurgia.
O reinado dos filhos de Nkya, ficou conhecido como a dinastia de Abatembuzi. Esta foi
o governo de uma família divinizada e lendária que perpetuou até o desaparecimento do
último líder, Isaza. Com seu desaparecimento, as tradições orais apresentam que os
Abachwezi, outra família divinizada, assumem o vazio do trono e fundam eventualmente o
que é conhecido como Império de Kitara. Os Abachwezi são entendidos como semideuses
que fundaram um estado hegemônico e que lançaram para aquelas sociedades, fundações
políticas para o desenvolvimento das regiões. Durante a metade do século XX, alguns
historiadores apresentavam os Abachwezi, como possíveis estrangeiros - Etíopes, Turcos,
Árabes e até mesmo portugueses e outros. Contudo, tanto os Abatembuzi como os
Abachwezi, pertencem de uma narrativa histórica legitimadora muito própria das dinastias
que governaram as regiões dos grandes lagos por séculos. Ainda segundo as tradições,
posterior aos Abachwezi, os Ababiitos tomam o trono (localizado na Uganda, onde
permanecem até os dias atuais.
Os reinos menores já apresentados, nos mostram mais uma vez que o tempo histórico
da África ocorre de uma forma distinta, e que os intervalos temporais deles são fluidos e
longos do que o que conhecemos. O passado distante vive no presente através das narrativas
politizada, oralizada e através das memoria comunitárias. O aspecto mais importante que
surge sobre o império de Kitara, diz muito sobre as tradições orais.