O documento discute a história pré-colonial da África, descrevendo sua diversidade cultural e organização social complexa em reinos e impérios. Também aborda as contribuições culturais dos africanos escravizados trazidos ao Brasil, incluindo influências na música, dança, culinária e religião que enriqueceram a cultura brasileira.
O documento discute a história pré-colonial da África, descrevendo sua diversidade cultural e organização social complexa em reinos e impérios. Também aborda as contribuições culturais dos africanos escravizados trazidos ao Brasil, incluindo influências na música, dança, culinária e religião que enriqueceram a cultura brasileira.
O documento discute a história pré-colonial da África, descrevendo sua diversidade cultural e organização social complexa em reinos e impérios. Também aborda as contribuições culturais dos africanos escravizados trazidos ao Brasil, incluindo influências na música, dança, culinária e religião que enriqueceram a cultura brasileira.
Falar de uma África uniforme, cercada de tribos e culturas consolidadas é uma
leitura errônea deste território. O quadro mais aproximado do real é o deslocamento, da ocupação dos espaços, da fusão de identidades, das conexões com os próprios africanos e as relações internacionais. Descrever este território tão rico, tão complexo e tão vasto não é uma tarefa simples e quanto mais um ambiente pré-colonial, tão cercado de polêmicas e de sombras seja pelo preconceito histórico, seja pela falta de fontes e mais referências na área. Entretanto, em linhas gerais pode se dizer que foi na África que surgiu o Homem Sapiens, há cerca de 160 mil anos, o sistema agrícola era móvel, adaptado ao ambiente ao invés de transformado, as populações buscavam deter uma grande extensão de terra e ter um controle sobre o povo e ainda a posse de materiais preciosos e a criação de gados em ambientes favoráveis. Todavia, um império africano não representava uma entidade territorial como os países europeus, por não permanecerem muito tempo em um local deixava um rastro de ruína arquitetônica através das migrações. É comumente citado a subdivisão da África em duas partes: a parte norte - do Deserto do Saara e a parte sul – Subsaariana, ou África Negra. É uma terra riquíssima em recursos minerais, valiosos e raros, com grandes jazidas de carvão, reservas de petróleo de gás natural, ouro, diamantes, cobre, bauxita, rádio, fosfato, entre outros. Vale mencionar segundo Diop (1999) a civilização egípcia é a base do patrimônio cultural e filosófico e científico de todos os africanos do continente, influenciando também a diáspora. A África pré-colonial se dividia em grandes reinos ou impérios que funcionavam com uma organização política e socioeconômica assentada em estruturas específicas, cujo núcleo de base é a família estendida. A sociedade era organizada conforme uma ordem patrimonial ou matrimonial, não sendo o poder necessariamente hereditário, geralmente vários clãs eram ligados pela comunidade da língua formando uma etnia. As estruturas socioeconômicas eram complexas, baseadas nas diferenças, além de ter sistemas ou formas de governo próprio, com a maioria dos Estados formando federações, cujo rei assegurava a unidade e nas províncias os governadores ou monarquias locais simbolizavam a descentralização do poder e da sociedade. A sociedade africana pré-colonial não colocava o indivíduo acima do grupo, mas o interligava, tornando-o solidário e em uma estrutura complexa e de interdependência. A economia se organizava em torno da posse coletiva das terras. Um chefe tribal ordenava a distribuição de lotes de terra mediante o pagamento de uma determinada tributação. A divisão de tarefas no trabalho agrícola contava com a participação de homens e mulheres. As famílias agregavam uma ampla extensão de indivíduos que englobava filhos, esposas, parentes mais pobres, agregados e escravos. A prática da escravidão nessas culturas contava com uma complexa organização. No geral em termos de língua é difícil fazer um mapeamento devido a diversidade, variedade de culturas, grupos étnicos, espaço físico que ocupavam. Na medida em que os povos se tornaram numerosos e se deslocavam a língua gradativamente se dividia ou sofria alterações. Em termos religiosos segundo Tedanga (2005), para caracterizar as práticas religiosas na África tradicional os estudiosos das religiões e antropólogos do mundo moderno fabricaram todo tipo de denominação reducionista e ideológica das crenças africanas. Nesse sentido, encontramos na literatura conceitos como animismo, fetichismo, ancestralismo, magismo e totemismo, entre outros. Independentemente do termo ou conceito que se use, percebe-se a carga reducionista. No entanto, se considerarmos que fetichismo, animismo ou totemismo são três fenômenos da vida humana, é normal que a religião africana tenha interesse por eles, embora seja abusivo reduzir o conjunto de suas crenças focando somente esses elementos.
Africanos no Brasil e suas contribuições
A miscigenação entre africanos, indígenas e europeus é a base da formação
populacional do Brasil. A cultura africana chegou ao Brasil com os povos escravizados trazidos da África durante o longo período em que durou o tráfico negreiro transatlântico. A diversidade cultural da África refletiu-se na diversidade dos escravos, pertencentes a diversas etnias que falavam idiomas diferentes e trouxeram tradições distintas. Os africanos trazidos ao Brasil incluíram bantos, nagôs e jejes, cujas crenças religiosas deram origem às religiões afro-brasileiras, e os hauçás e malês, de religião islâmica e alfabetizados em árabe. Os africanos contribuíram para a cultura brasileira em uma enormidade de aspectos: dança, música, religião, culinária e idioma. Na música a cultura africana contribuiu com os ritmos que são a base de boa parte da música popular brasileira. Gêneros musicais coloniais de influência africana, como o lundu, terminaram dando origem à base rítmica do maxixe, samba, choro, bossa-nova e outros gêneros musicais atuais. Também há alguns instrumentos musicais brasileiros, como o berimbau, o afoxé e o agogô, que são de origem africana. O berimbau é o instrumento utilizado para criar o ritmo que acompanha os passos da capoeira, mistura de dança e arte marcial criada pelos escravos no Brasil colonial. São exemplos culinários da influência africana o vatapá, acarajé, pamonha, mugunzá, caruru, quiabo e chuchu. Temperos também foram trazidos da África, como pimentas, o leite de coco e o azeite de dendê. No aspecto religioso são exemplos de participação religiosa africana o candomblé, a umbanda, a quimbanda e o catimbó e vale ressaltar que algumas divindades religiosas africanas ligadas às forças da natureza ou a fatos do dia a dia foram aproximadas a personagens do catolicismo. Por exemplo, Iemanjá, que para alguns grupos étnicos africanos é a deusa das águas, no Brasil foi representada por Nossa Senhora. Xangô, o senhor dos raios e tempestades, foi representado por São Jerônimo.
Os africanos tiveram um papel importante no processo de formação cultural
brasileiro, pois através da inserção de suas práticas e seus costumes na sociedade brasileira contribuíram para a formação de uma identidade cultural afro – brasileira.