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História, Licenciatura

Disciplina: História da África


Tutor: Tiago Tadeu Contiero RA: 8086696
Aluno(a): Lienaldo Oliveira Santos Turma:
Unidade:

África Pré-Colonial

Falar de uma África uniforme, cercada de tribos e culturas consolidadas é uma


leitura errônea deste território. O quadro mais aproximado do real é o
deslocamento, da ocupação dos espaços, da fusão de identidades, das
conexões com os próprios africanos e as relações internacionais. Descrever este
território tão rico, tão complexo e tão vasto não é uma tarefa simples e quanto
mais um ambiente pré-colonial, tão cercado de polêmicas e de sombras seja
pelo preconceito histórico, seja pela falta de fontes e mais referências na área.
Entretanto, em linhas gerais pode se dizer que foi na África que surgiu o Homem
Sapiens, há cerca de 160 mil anos, o sistema agrícola era móvel, adaptado ao
ambiente ao invés de transformado, as populações buscavam deter uma grande
extensão de terra e ter um controle sobre o povo e ainda a posse de materiais
preciosos e a criação de gados em ambientes favoráveis. Todavia, um império
africano não representava uma entidade territorial como os países europeus, por
não permanecerem muito tempo em um local deixava um rastro de ruína
arquitetônica através das migrações. É comumente citado a subdivisão da África
em duas partes: a parte norte - do Deserto do Saara e a parte sul –
Subsaariana, ou África Negra. É uma terra riquíssima em recursos minerais,
valiosos e raros, com grandes jazidas de carvão, reservas de petróleo de gás
natural, ouro, diamantes, cobre, bauxita, rádio, fosfato, entre outros. Vale
mencionar segundo Diop (1999) a civilização egípcia é a base do patrimônio
cultural e filosófico e científico de todos os africanos do continente, influenciando
também a diáspora. A África pré-colonial se dividia em grandes reinos ou
impérios que funcionavam com uma organização política e socioeconômica
assentada em estruturas específicas, cujo núcleo de base é a família estendida.
A sociedade era organizada conforme uma ordem patrimonial ou matrimonial,
não sendo o poder necessariamente hereditário, geralmente vários clãs eram
ligados pela comunidade da língua formando uma etnia. As estruturas
socioeconômicas eram complexas, baseadas nas diferenças, além de ter
sistemas ou formas de governo próprio, com a maioria dos Estados formando
federações, cujo rei assegurava a unidade e nas províncias os governadores ou
monarquias locais simbolizavam a descentralização do poder e da sociedade. A
sociedade africana pré-colonial não colocava o indivíduo acima do grupo, mas o
interligava, tornando-o solidário e em uma estrutura complexa e de
interdependência. A economia se organizava em torno da posse coletiva das
terras. Um chefe tribal ordenava a distribuição de lotes de terra mediante o
pagamento de uma determinada tributação. A divisão de tarefas no trabalho
agrícola contava com a participação de homens e mulheres. As famílias
agregavam uma ampla extensão de indivíduos que englobava filhos, esposas,
parentes mais pobres, agregados e escravos. A prática da escravidão nessas
culturas contava com uma complexa organização. No geral em termos de língua
é difícil fazer um mapeamento devido a diversidade, variedade de culturas,
grupos étnicos, espaço físico que ocupavam. Na medida em que os povos se
tornaram numerosos e se deslocavam a língua gradativamente se dividia ou
sofria alterações. Em termos religiosos segundo Tedanga (2005), para
caracterizar as práticas religiosas na África tradicional os estudiosos das
religiões e antropólogos do mundo moderno fabricaram todo tipo de
denominação reducionista e ideológica das crenças africanas. Nesse sentido,
encontramos na literatura conceitos como animismo, fetichismo, ancestralismo,
magismo e totemismo, entre outros. Independentemente do termo ou conceito
que se use, percebe-se a carga reducionista. No entanto, se considerarmos que
fetichismo, animismo ou totemismo são três fenômenos da vida humana, é
normal que a religião africana tenha interesse por eles, embora seja abusivo
reduzir o conjunto de suas crenças focando somente esses elementos.

Africanos no Brasil e suas contribuições

A miscigenação entre africanos, indígenas e europeus é a base da formação


populacional do Brasil. A cultura africana chegou ao Brasil com os povos
escravizados trazidos da África durante o longo período em que durou o tráfico
negreiro transatlântico. A diversidade cultural da África refletiu-se na diversidade
dos escravos, pertencentes a diversas etnias que falavam idiomas diferentes e
trouxeram tradições distintas. Os africanos trazidos ao Brasil incluíram bantos,
nagôs e jejes, cujas crenças religiosas deram origem às religiões afro-brasileiras,
e os hauçás e malês, de religião islâmica e alfabetizados em árabe. Os africanos
contribuíram para a cultura brasileira em uma enormidade de aspectos: dança,
música, religião, culinária e idioma. Na música a cultura africana contribuiu com
os ritmos que são a base de boa parte da música popular brasileira. Gêneros
musicais coloniais de influência africana, como o lundu, terminaram dando
origem à base rítmica do maxixe, samba, choro, bossa-nova e outros gêneros
musicais atuais. Também há alguns instrumentos musicais brasileiros, como o
berimbau, o afoxé e o agogô, que são de origem africana. O berimbau é o
instrumento utilizado para criar o ritmo que acompanha os passos da capoeira,
mistura de dança e arte marcial criada pelos escravos no Brasil colonial. São
exemplos culinários da influência africana o vatapá, acarajé, pamonha,
mugunzá, caruru, quiabo e chuchu. Temperos também foram trazidos da África,
como pimentas, o leite de coco e o azeite de dendê. No aspecto religioso são
exemplos de participação religiosa africana o candomblé, a umbanda, a
quimbanda e o catimbó e vale ressaltar que algumas divindades religiosas
africanas ligadas às forças da natureza ou a fatos do dia a dia foram
aproximadas a personagens do catolicismo. Por exemplo, Iemanjá, que para
alguns grupos étnicos africanos é a deusa das águas, no Brasil foi representada
por Nossa Senhora. Xangô, o senhor dos raios e tempestades, foi representado
por São Jerônimo.

Os africanos tiveram um papel importante no processo de formação cultural


brasileiro, pois através da inserção de suas práticas e seus costumes na
sociedade brasileira contribuíram para a formação de uma identidade cultural
afro – brasileira.

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