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Cultura Africana

Cultura africana é o conjunto de conhecimentos, crenças, valores e costumes dos


povos que habitam o continente africano, que possui cerca de 1,1 bilhão de
pessoas. Como a África é imensa e diversa, o mais correto é falar não de uma única
cultura, mas de “culturas africanas”, no plural.

Só para se ter uma ideia de tamanha diversidade cultural, existem na África cerca
de 490 etnias diferentes, muitas delas convivendo dentro de um mesmo país. Só na
África do Sul, há 11 idiomas e diversos grupos étnicos, dentre os quais os zulus, os
xhosas, os pedis, os sotos e os tswanas.

Tradições Africanas

Religião

Apesar da colonização, a cultura tradicional africana persistiu. Na esfera religiosa, o


avanço do cristianismo, sobretudo após a colonização, não foi capaz de eliminar os
sistemas de crença tradicionais.

Cerca de 20% de toda população africana se declara adepta de alguma religião


tradicional, como a dos iorubá, grupo étnico que ocupa parte dos territórios da
Nigéria, Benin e Togo. Foi a religião do povo iorubá, com sua adoração aos orixás,
que deu origem ao candomblé no Brasil.

Muitos costumes ou tradições, mesmo entre indivíduos que se declaram cristãos ou


muçulmanos, vêm dessas crenças tradicionais. Podemos destacar os seguintes:

● Respeito pela ancestralidade e crença de que eles podem intervir no mundo.


● Manipulação de forças do bem e do mal através do acesso a divindades
(como os orixás).
● Práticas rituais, como sacrifícios e orações, e uso de amuletos e talismãs.
● Utilização de práticas tradicionais de cura, em caso de problemas de saúde.
● Procura por curandeiros e feiticeiros.

Oralidade

Um aspecto fundamental da cultura tradicional africana é a oralidade. As crenças,


os rituais, os costumes, a sabedoria ancestral – tudo isso sempre foi transmitido de
geração para geração através da linguagem oral. A tradição oral permitiu com que
africanos de muitas gerações aprendessem desde técnicas agrícolas a rituais
religiosos.

Sobre esse tema, importante mencionar a figura dos griots, pessoas que cumprem a
função de transmitir a tradição através da fala. Os griots são guardiões da memória
na África Ocidental. Além de excelentes oradores e contadores de histórias, os
griots também tocam instrumentos e cantam, à semelhança dos poetas trovadores.

Já que estamos falando de um continente tão vasto e diverso, mencionaremos, a


título de exemplo, apenas algumas tradições de grupos étnicos africanos:

Ritual wodaabe

Um dos rituais mais interessantes é uma espécie de concurso de beleza masculino


praticado pelos wodaabe, grupo étnico nômade que vive na região centro-oeste do
continente. Durante as reuniões tribais, os jovens se enfeitam e são julgados por
mulheres de outra linhagem.

O penteado das mulheres himba

As mulheres himba, etnia seminômade do noroeste da Namíbia, cultivam um


penteado a base de um creme (otjize) composto por gordura, pasta de manteiga e
ocre vermelho (que é um pigmento da terra). O ritual estético, que também inclui a
pele, é reproduzido todas as manhãs.

O véu dos tuareg

Dentre os tuareg, grupo nômade que habita a região do Sahel e o deserto do Saara,
são os homens que vestem véu e turbante. Esses longos panos azuis servem para
proteger do sol e da areia e são vistos como símbolo de masculinidade.

Ritual de beleza das mulheres mursi

Um dos rituais de beleza das mulheres mursi, etnia que vive no vale do rio O’mo, na
Etiópia, é a aplicação de um disco no lábio inferior, que pode medir vários
centímetros. O ornamento faz lembrar os botoques, dos índios da etnia brasileira
caiapó.

Elementos da cultura africana

Idioma
Um elemento central de qualquer cultura é a sua língua. É ela que carrega a
identidade de um povo e através dela são transmitidos seus saberes e valores.
Porém, durante o processo de colonização, tanto os valores tradicionais como as
línguas faladas pelos povos locais estiveram ameaçados.

Iniciado no século XIX, o neocolonialismo teve profundos impactos nas culturas dos
povos africanos. A exploração das riquezas e da mão de obra veio acompanhada da
imposição do modo de vida e das ideias ocidentais, consideradas pelos dirigentes
coloniais como “civilizadas” ou “mais evoluídas”.

Mas a imposição do idioma do colonizador não exterminou as línguas tradicionais


africanas. Hoje, na África, existem mais de 2.000 idiomas diferentes. Alguns deles,
aliás, são produto da troca linguística com árabes, orientais e europeus.

Impossível falar de cultura sem falar de troca. E a troca é o que caracteriza os


idiomas euro-africanos, como os crioulos e os pidgins, falados em países como
Camarões, Guiné-Bissau e Cabo Verde. Esses idiomas não são considerados
naturais, já que resultam da mistura de línguas tradicionais com europeias.

O idioma mais falado no continente africano é o árabe, com 170 milhões de falantes,
depois o inglês, com 130 milhões de falantes. Em terceiro lugar vem o suaíli, idioma
falado por 100 milhões de pessoas em países como Ruanda, Quênia, Tanzânia e
República Democrática do Congo.

Artes

Em relação às artes, é difícil apresentar de forma breve um panorama da arte


africana. Mais uma vez, o que prevalece é a diversidade, seja na arte popular,
tradicional ou acadêmica.

A arte tradicional ainda é muito forte na África. Pinturas em cerâmica e cabaça, a


escultura e a pintura de temas tradicionais são importantes expressões artísticas
dos africanos.

São famosas as máscaras africanas, muitas delas expostas em museus ao redor do


mundo. Algumas delas têm função religiosa e festiva. Um exemplos são as
máscaras geledé, usadas por homens iorubá em rituais de dança.

Outro item bastante conhecido das artes africanas são os tecidos, que caíram no
gosto de muitas pessoas de outras culturas ao redor mundo. Famosos por suas
cores vibrantes e pela diversidade de estilos, os tecidos africanos comunicam, entre
outras coisas, a identidade cultural da pessoa que o utiliza.

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