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Relações Internacionais na

África
Antiguidade Africana
O termo pré-história

✣ Pré-história - “pré-história”, aquilo que vem antes da “história”.


✣ Aprendemos normalmente que a história começa quando surge a
“civilização” ou um de seus indicadores, a escrita.
✣ A ideia de “civilização” inclui a escrita, mas também a emergência do Estado
e a construção de monumentos e obras públicas
✣ No entanto, a ausência da escrita em uma sociedade não significa que ela
seja mais "atrasada", mais “primitiva”, ou menos “sofisticada” que as outras
Divisões por períodos

✣ Divisão três períodos: pré-colonial (até o século XIX), colonial (até


meados do século XX) e independente (até o presente).
✣ Adotar essa periodização significa continuar a olhar para o passado
africano com os olhos dos colonizadores.
✣ significa considerar a colonização e o imperialismo europeu o elemento
central dos processos históricos que ali se desenvolveram
✣ substituição da expressão África Pré-colonial por África tradicional pode
também acarretar prejuízos na medida em que, no Ocidente, a ideia de
tradição costuma ser identificada com imobilismo, conservadorismo,
estagnação, opondo-se ao dinamismo
Meio geográfico
• Terceiro maior continente (depois das Américas e a Ásia), mas tem baixa densidade
demográfica.
1. Parte do continente é ocupada por áreas desfavoráveis; desertos, florestas densas
2. Índices de mortalidade alto, embora se tenha uma diminuição nos últimos 50 anos.
3. Recebeu correntes migratórias, mas perdeu muitos habitantes por conta das guerras
e do tráfico.
• Mas qual é o papel que o meio geográfico desempenhou na história do Continente
Africano?
• O primeiro deles foi o isolamento geográfico de seu interior. Protegido por dois
oceanos a leste e oeste, um imenso deserto ao norte e um litoral inóspito e de difícil
acesso dificultaram, durante séculos, a penetração de outros povos para o seu
interior
• O Saara teve o papel fundamental de manter o interior do continente isolado
durante vários séculos
Regiões
• África Setentrional: também conhecida como Norte da África. Localiza-se
próximo do Mar Mediterrâneo e concentra um considerável número de
habitantes
• África Meridional: conhecida também por África Austral, é a região
localizada na parte sul do continente africano. Geograficamente, essa região
encontra-se entre o Oceano Índico, a leste, e o Oceano Atlântico, a oeste.
Destaca-se economicamente com a agricultura e extrativismo mineral.
• África Central: como o próprio nome sugere, encontra-se na porção central
do continente africano. Essa é uma região que se difere das outras quanto às
semelhanças, visto que esse agrupamento não leva em conta similaridades
históricas, políticas ou econômicas. Basicamente, apenas agrupa os países
que estão no centro do continente.
• África Ocidental: localiza-se na parte oeste, entre o deserto do Saara e o
Golfo da Guiné. Parte desses países faz parte da Comunidade Econômica
dos Estados da África Ocidental.
• África Oriental: localiza-se na parte leste da África, entre a bacia
hidrográfica do Congo e o Oceano Índico. A África Oriental é considerada
uma das regiões com os piores índices de desenvolvimento humano e,
consequentemente, possui diversos problemas de ordem social.
• Foi nesse imenso território que teve origem o lento processo de evolução da
espécie humana, há cerca de 4,5 milhões de anos
• A África é o único continente que se pode acompanhar de maneira processual e
completa o aparecimento do ser humano.
• O Continente Africano é o berço da humanidade. Na África oriental e
Meridional surgiram os primeiros homo sapiens para se espalhar pelo mundo.

• Hominização
• Por hominização, denomina-se o longo processo de transformação que levou
ao aparecimento dos seres humanos. Seu estudo é realizado por
paleontólogos, que são especialistas na pesquisa e análise de vestígios
fossilizados
1. Por que a África, e não outro lugar, foi o cenário da evolução humana?
• A resposta está ligada a sua geomorfologia, isto é, às características da
composição de sua superfície.
• O mais antigo vestígio de atividade dos antepassadosindiretos do ser
humano foi encontrado por uma equipe de pesquisadores em 1978
• Os primeiros fósseis do A ustralopithecus africanus foram descobertospelo
cientista em 1924, na África do Sul
• coube a Yvens Coppens a descoberta do fóssil mais completo de que se
tem notícia em Afar, na Etiópia, de onde a atribuição do nome de
Australopithecusafarensis, ou, como ficou mais conhecido popularmente, Lucy
✣ Os australopitecos adquiriram a capacidade de se locomover usando apenas as patas
traseiras, tornando-se bípedes. Um passo muito importante na escala evolutiva da
humanidade, pois a pata dianteira, livre, ganhou outra função, a de manipular objetos.
Transformou-se na mão humana.
✣ A África foi também o berço do Homo habilis, que teria vivido por volta de 1,5 milhão de
anos. Além do bipedismo, como o próprio nome indica, este dispunha de algumas
"habilidades" físicas, sobretudo a possibilidade de manipular artefatos e atuar sobre o
meio natural
✣ A conquista e a domesticação do fogo assinalam um passo importantíssimo na trajetória
para a humanidade. A posse e o controle do fogo permitiram o aquecimento do corpo
contra o frio e a proteção noturna contra animais perigosos.
• Com o desenvolvimento da linguagem da linguagem verbal passou a ser possível
transmitir os conhecimentos adquiridos
• No período paleolítico foi desenvolvido as primeiras tecnologias e instituições
sociais. Nele, a África foi um espaço privilegiado de circulação de grupos de
caçadores e coletores
• Provavelmente por volta de 1 milhão a.e.e. partiram as primeiras ondas migratórias
para outras partes do planeta. As hordas de africanthropus , que, como consequência
de um agravamento do clima africano ou de uma melhoria das condições naturais na
Ásia e na Europa, passaram para essas cerras levavam consigo saberes, técnicas e
equipamentos líticos, originados na África
• Data do período Neolítico a fabricação de artefatos em pedra polida. Mas a alteração
essencial deve-se à gradual adoção, ao lado da caça e da coleta, de uma economia
baseada na agricultura e na pecuária.
• Com a adoção da agricultura e da pecuária, a natureza passa a ser transformada, com o
cultivo de determinados alimentos e a criação contínua de cercos animais que poderiam
servir de fonte de alimento, de energia e de transporte.
• Os grupos tendem a se fixar em determinados territórios, a viver em aldeias,
segundo uma estrutura social bem mais ampla e complexa, e com o
aparecimento de grupos não vinculados diretamente ao trabalho, entre os
quais os guerreiros e os sacerdotes.
• Tais inovações técnicas, econômicas e sociais abririam caminho para as
transformações subsequentes, ligadas à descoberta da fabricação da cerâmica e
da metalurgia.
• Devido ao processo de desertificação do Saara, o empobrecimento da
vegetação forçou grupos humanos e animais a procurar subsistência em locais
que oferecessem melhores condições de subsistência.
• Foi então que o Nilo ganhou o prodigioso valor econômico que conserva até
hoje, atraindo as populações que dariam origem ao Egito
✣ Os povos da Núbia e do Índico

• O Nilo oferece as condições de vida para inúmeras espécies de animais e


vegetais, e às suas margens formaram-se as primeiras comunidades
sedentárias organizadas.
• Por volta de 3.200 a.e.e., toda a região do vale do Nilo, que abrigava
inúmeras comunidades aldeãs sedentárias, foi unificada e controlada por
um Estado de caráter teocrático, isto é, religioso, centralizado na figura
dos faraós.
• Vistos como seres divinos ou divinizados apoiado numa elite governante
constituída por aliados e dependentes pessoais, de onde provinham
escribas, sacerdotes e chefes militares, o poder faraônico se prolongou ao
longo dos milênios, através de sucessivas dinastias.
✣ As gigantescas pirâmides e obeliscos, os santuários edificados em pedra e as estátuas
colossais de entidades divinas e faraós, as belíssimas pinturas e os relevos nas
paredes dos edifícios atestam o alto grau de desenvolvimento das técnicas
arquitetônicas entre os egípcios.
✣ Ao longo de seu extenso canal, o Nilo funciona como um corredor, através do
qual os diferentes povos que habitaram as suas margens se relacionaram.
✣ Das florestas e savanas situadas em sua nascente, ele se projeta para o norte,
recortado por várias cataratas, e atravessa todo o território onde habitavam os
povos negros da Núbia, que, em contato com o Egito, dariam origem à mais
antiga civilização negra da África, Meroé
✣ Os habitantes de Núbia constituíam uma ameaça para a estabilidade do poder faraônico.
Os faraós relacionaram-se, às vezes, de modo pacífico, outras pela guerra com os povos
núbios que habitavam os territórios de Yam, Kerma e Kush, abaixo da primeira catarata
do Nilo, até que, por volta de 1530 a.e.e., foram dominados.
✣ Um dos traços distintivos e originais das sociedades africanas antigas foi o papel
diferencial das mulheres.
✣ A explicação para isso é sociológica: durante muito tempo prevaleceu na África formas de
organização social de tipo matrilinear, em que a sucessão se fazia pela linha familiar
materna.
✣ Mesmo que não se possa provar com isso que o estatuto feminino fosse melhor ou pior
do que o estatuto masculino, o fato é que o papel reservado às mulheres era muito amplo
na vida econômica quanto na vida religiosa e mesmo nas formas de governo.
✣ noutras sociedades africanas tradicionais em que vigoravam relações matrilineares, as
mulheres desfrutaram de boa posição social
✣ Esse traço distintivo começou a mudar com a lenta adoção do cristianismo ou do
islamismo, cujos valores culturais reproduzem traços de uma organização social de tipo
patrilinear.

✣ O CRISTIANISMO EM AXUM E NA ETIÓPIA


✣ Na metade do século IV, o Estado de maior expressão no vasto território da Núbia era
conhecido pelo nome de Axum. Herdeiro das tradições de Meroé, distinguia-se delas
devido a uma alteração cultural fundamental: a adoção do cristianismo.

✣ Originado na Palestina, no século I, o cristianismo foi levado pelos seus adeptos a quase
todos os territórios sob domínio romano, entre eles o Egito.
✣ O cristianismo difundido nessa parte da África diferia da versão oficial romana, e depois
da versão bizantina. Ele foi difundido nos territórios da Núbia através da língua copta,
que passou a ser a língua-matriz religiosa
✣ de um cristianismo africano que se afirmou ao longo dos séculos num processo
complexo de amálgamas entre a doutrina monofisita e costumes das religiões
tradicionais da África negra
✣ Alguns costumes, como as danças e os tambores, os sacrifícios de cabras e, nos
primeiros tempos, a admissão da poligamia, sugerem a persistência de traços da
organização social e das religiões africanas tradicionais
✣ Por outro lado, a distinção entre o consumo de carne pura e impura, a proibição das
mulheres entrarem nos templos no dia seguinte ao que tiveram relações sexuais e a
observação do sábado e não do domingo como dia consagrado sugerem heranças dos
costumes judaicos.
✣ Com os governantes dos Estados criados no Oriente Médio após o surgimento do Islã,
no século VII, as relações oscilaram entre a cordialidade, a desconfiança e o confronto
declarado.
✣ Nos séculos VIII a influência político-militar de Axum diminuiu gradualmente em
decorrência da expansão muçulmana nos dois lados do Mar Vermelho. Nos séculos
seguintes seu território passou a ser disputado por líderes de potentados que,
unificados, dariam origem ao reino da Etiópia, que distingue-se como espaço
multicultural e multiétnico.
✣ O cristianismo em Axum e na Etiópia representa uma exceção, e não a regra. Devido à
proximidade com os portos do mar Vermelho que funcionaram como pontos de
passagem entre a África e a Arábia e o Oriente Médio, a influência cultural, política e
religiosa predominante proveio do islã.
✣ No caso da África, a conquista do Egito em 642 foi o ponto de partida de um lento
processo de islamização de toda a área mediterrânica e do Nilo, através do Sudão Oriental.
✣ do ponto de vista religioso, o continente africano apresenta uma rica
variedade que reflete o importante papel das crenças nas organizações políticas e
socioeconômicas.
Isso mostra a importância da religião, da divindade ou do sagrado na vida dos
africanos, bem mesmo antes da chegada das chamadas religiões reveladas
(cristianismo e islamismo).
1. grupos etnoculturais
• O continente está dividido em cerca de oitocentos grupos étnicos, cada qual com
sua própria língua e cultura.
• são faladas mais de mil línguas diferentes, que são divididas em quatro famílias: as
afro-asiáticas, as khoisan, as nígero-congolesas e as nilo-saarianas
• a maior parte dos países africanos adotou, pelo menos como uma de suas línguas
oficiais, uma língua europeia (português, francês e inglês nas respectivas ex-colônias)
• A África figura entre os continentes com maior grau de complexidade linguística do
mundo. Um detalhado mapeamento linguístico do continente africano, apesar de
necessário para o desenvolvimento socioeconômico, político e cultural da África,
ainda não foi feito
• Cada região e cada povo desse continente formaram grupos linguísticos separados e
diferentes, embora um dado grupo étnico ou linguístico pudesse pertencer a várias
regiões geográficas, o que explica certamente a riqueza cultural do continente.

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