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Sumário
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A geografia egípcia e suas influências culturais, étnicas e
linguísticas.
Localização socioespacial.
O Egito 1 antigo vai do Mediterrâneo, ao norte, até a atual Assuã, ao sul, onde
começava a Núbia, região repartida hoje tanto pelos egípcios e pelo país Sudão.
Os egípcios se dividiam em Baixo e Alto Egito, onde o delta do Nilo (no formato
de uma asa aberta ao Mediterrâneo) era uma área de exploração agrícola; já o vale
do Nilo era o principal ponto de convívio até parte do segundo milênio a.C. 2 O delta,
a parte mais fértil do Egito, era composta uma região de pântanos e terras cultiváveis.
Chamada de Baixo Egito, acredita-se que de lá partiu o esforço da unificação para
unir a região mais árida do Alto Egito.
1 Do grego Aígyptos, que segundo Estrabão deriva de Aegeou yptios (a terra abaixo do Egeu
— o mar Egeu). Foi como os gregos, banhados pelo Egeu, denominaram o Egito, porém os
egípcios chamavam sua terra de Kemet, ou Terra Negra — as cheias do Nilo cobriam o solo
com nutrientes que escureciam a área de plantio.
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a.C.: antes de Cristo, d.C.: depois de Cristo. Usa-se também antes da Era Comum, depois
da Era Comum.
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(ramos do Nilo – delta)
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(o vale do Nilo – parte mais árida)
3 Significa, também segundo os gregos, terra entre rios (Eufrates e o Tigre, semelhantes do
Egito na Mesopotâmia).
4 Definição daqueles que são nômades.
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ao pararem próximos ao Nilo, 5 reuniam mais de um povo, com mais de um costume,
mais de uma língua, e misturadas, deram origem aos hieróglifos; mistura essa que é
pouco clara pelas provas restantes, natural de um tempo tão passado.
A união do Baixo e Alto Egito, divisão geográfica e cultural, deu lugar ao título
e ao domínio do faraó como rei dessas duas terras. Período chamado de Unificação
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ou Protodinástico. A partir daí, se seguem vários períodos e diversas dinastias
faraônicas, que vão desde o domínio inicial do Estado sobre a corvéia, 8 da agricultura
5
Se tornam sedentários.
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Múltiplas influências de diferentes grupos e povos africanos.
7 Anterior a dinastia.
8
É o tributo na forma de trabalho pago ao faraó, não só nós palácios e terras reais mas
também nos templos.
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à construção das grandes pirâmides e aos períodos de fome, guerra e ameaça
estrangeira — principalmente com as conquistas e domínios desses estrangeiros.
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Marco de referência para a cronologia dos faraós. Manethon foi um historiador e sacerdote
egípcio que escreveu a História do Egito [Egiptíaca].
10 Conjunto de populações estrangeiras que se estabeleceram no Egito, principalmente no
As forças de produção.
O rio Nilo possuía cheias regulares e pouco destruidoras, onde a água trazia
todos os nutrientes que residiam em seu fundo, necessários para o solo e o cultivo
dos mais variados alimentos, como os cereais, a oliveira e a vinha. Também
cultivavam o algodão. As obras que tornavam isso possível foi por um bom período
tocadas pelas pessoas locais, sem controle do faraó e seus funcionários. Largas
obras, como a de imensas pirâmides, por exemplo, só surgiram no Reino Médio, por
volta de 2000 a.C.
Foi frequente o comércio do Egito com países estrangeiros, tanto por terra,
subindo o Nilo, quanto por mar, com destaque à Ilha de Chipre e Creta, com a Fenícia,
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no Mediterrâneo, e com o “país de Punt”. 11 Houve importações de matérias-primas e
artigos de luxo, inclusive os artigos necessários para a prática religiosa. Este comércio
de longo curso por bastante tempo foi ordenado pelo rei ou pelos templos.
A formação da sociedade dos faraós se deu por uma unificação que foi a
primeira da história. E até mesmo antes dos povos se juntarem sob um rei e deus, 12
a cultura egípcia se encontrava bastante coesa. A unificação política deu organicidade
a uma conjuntura bastante unificada em termos culturais. O deus-rei, sua corte real, e
secundariamente os centros regionais de poder, como os líderes religiosos,
concentraram por muito tempo a riqueza da terra. As trocas, assim, ficaram no controle
dos poderosos, ao passo que a ascensão da “monarquia” divina no campo político
obrigou mudanças pequenas na estrutura social e econômica do povo, pois a base
rural do Egito unificado permaneceu uma sociedade fundamentada na agricultura
aldeã, das pessoas comuns nas pequenas vilas e aglomerações populacionais. Se
eles não atrapalhassem o exercício de poder e não deixassem de pagar tributo ao
faraó, pouco eram perturbados pelos funcionários reais.
Estudiosos sobre Egito sentem que algo fortemente mudou no segundo milênio
e no primeiro milênio a.C. Foi uma época no Reino Novo repleta de conquistas
militares, quando o comércio e a prática da escravidão cresceram — muito secundário
na historia egípcia, sendo predominante o trabalho pela corvéia. Houve ainda uma
expansão de propriedades privadas por meio das doações de terras a soldados,
especialmente para premiar serviços prestados nas guerras da Ásia e na própria
África. O comércio se manifesta, até mesmo o privado entre diferentes regiões (daí o
11 Acredita-se ser uma referência nos escritos antigos ao que hoje seria a Somália, a parte
da Etiópia, ao sul da Núbia ou até mesmo ao Omã.
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Figura do rei-deus no faraó.
13 Acumulação que excede o necessário, a qual gera riqueza.
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tráfico também). Muitas dessas transformações se devem pelo domínio estrangeiro
dos hicsos no Egito, e elas não afetaram muitas características anteriores ao Reino
Novo. Contudo, enfraqueceram as comunidades aldeãs, as quais viviam sempre se
ajudando nas suas condições sociais e econômicas diversas, com uma produção
separada do templo e do palácio, na medida que realizavam a própria administração
e justiça; tais comunidades estavam inseridas em toda a história egípcia numa
desigualdade social presente desde o Pré-Dinástico, que faraó nenhum
exclusivamente impôs.
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ditar e ordenar leis, impostos, cultos e funcionários (sejam eles do palácio ou dos
templos religiosos). Antes de humano, ele era divino num mundo de desordem. Esta
justificativa religiosa do poder foi uma característica de vários outros povos,
principalmente na defesa militar, na busca por mais riquezas pela guerra, pela corvéia
imposta aos vencidos e súditos, alguns até escravizados
Tal poder teve, é claro, altos e baixos. Porém, ainda que o faraó em certo
período esteja enfraquecido e os poderes locais e templários se destaquem, esse
regime de exercício do poder nunca deixou de se separar nas suas múltiplas e unidas
características. Os próprios sacerdotes quando ganham poder demais não comandam
apenas a fé de seus adeptos, eles também administram o templo, o qual faz uso da
corvéia (e o trabalho e a produção consequentes).
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A religião egípcia se caracterizava pelo culto funerário com a conservação do
corpo, depositado num túmulo cheio de oferendas às vezes muito ricas; nele se
recebia comida e bebida por sacerdotes, funcionários e súditos. A imortalidade no
reino dos mortos, muito cultuada pela população, era exclusiva do rei, podendo ser
estendida aos seus parentes e funcionários preferidos. Essa exclusividade também
indica uma diversidade do culto popular em relação ao que se pregava pelo templo e
pelo palácio. Mesmo que o faraó tenha unido o Egito na política e na religião, um
sistema predominante de culto certamente se demorou a aparecer, e provavelmente
nunca venceu as condições vividas pelas regiões locais das aldeias e seus cultos.
Afinal, não faria sentido elas trazerem um imaginário religioso que os excluía da
imortalidade. Certamente a cultura popular se apresentava como mais branda. Sem
falar das trocas de faraós, sacerdotes e funcionários reais com preferências religiosas
únicas, as quais não se deve nunca separar e esquecer das preferências políticas e
econômicas ligadas ao culto.
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Bibliografia
FLAMARION, Ciro Santana Cardoso. O Egito Antigo. São Paulo: Editora Brasiliense,
1982. p. 7-44.
OLIVEIRA, Filipe. Egito Antigo. 2019. Educa Mais Brasil. Disponível em:
https://www.educamaisbrasil.com.br/enem/historia/egito-antigo. Acesso em: 27 de
junho de 2022 às 21:24.
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