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Desigualdades raciais

no Brasil: origens,
estruturação e
superação

Curso de Letramento Racial

Ministrado pelo Prof. Dr. Ramatis Jacino,


docente da UFABC Imagem 1: Representação de Piye, o Faraó Negro. (Fonte: National Geographic)
Desconstruindo a ideia
de África imposta pelos
colonizadores

Imagem 2: African Union headquarters.[photo: Botswana government on Facebook]

Essa imagem é da sede da União Africana,


em Addis Abeba, capital da Etiopia
Lagos, na Nigéria

Imagem 3: Foto: REUTERS/Nyancho NwaNri/File Photo


Imagem 4: Skyline of capital city Luanda
Imagem 5: Empresas multinacionais operam
na pujante indústria petrolífera nigeriana

Angola
Indústria petroleira
Imagem 6: The main gate of the University of Khartoum, Khartoum, Sudan.(Petr Adam Dohnálek)

Sudão
Universidade tradicional
Imagem 7: UMAA Zimbabwe University (UZU), a private university owned by UMAA Group of Colleges, will open its doors to the
public next January, becoming the first institution of higher learning in Mashonaland East province.

África do sul
Universitários se formando
Imagem 8: Unicef/Mauricio Bisol: Crianças em assentamento para Frequentemente a África é
deslocados internos em Cabo Delgado
apresentada como um território
homogêneo, selvagem, com
natureza linda ou lugar de
miséria e exotismo.

Imagem 9:
A África é o berço da
humanidade. Trata-se de
um continente composto
de 55 países, com povos
e culturas diversas e
uma história com
mais de 5.000 anos

Imagem 10: Mapa político da África - Ilustração


O legado Estamos falando do terceiro maior continente do
planeta, que soma 30 milhões de km2, cobrindo

científico e 20,3% da área total da terra firme do planeta.


Possui quase 900 milhões de habitantes

cultural dos distribuídos em 55 países. No sentido norte sul,


possui mais do 7800 Km, e no sentido leste oeste,

africanos em sua parte mais larga, aproximadamente 7200


Km. Seu território apresenta climas tropical,
equatorial e temperado, além do desértico e do
mediterrâneo.
A escravidão é um longo
episódio da história dos
negros, mas nossa A África legou ao Brasil e ao mundo uma cultura
história é muito maior. riquíssima, resultado do seu desenvolvimento
filosófico, artístico, científico e tecnológico.

Precisamos conhecer a
África cada vez mais em Isso tudo graças a avançada organização política,
suas várias dimensões. econômica e social de diversas nações, muitas
delas milenares.
Alguns dos principais
impérios e povos
• Originalmente os povos reconhecidamente autóctones do
continente africano, foram os pigmeus, os bosquímanos e
os hotentotes. Bosquímanos e hotentotes são denominados
khoisan ou ainda kheisan. Viviam como tribos nômades num
ponto inicial, já identificado pela paleontologia, situado à
nordeste do continente africano, onde atualmente
encontramos Quênia e Etiópia.

• Existem registros que entre o 3º e o 2º milênio a.C., existiam


três grandes reinos africanos: Egípcio no vale do Rio Nilo;
Núbio mais ao sul, acima das cataratas do Rio Nilo e
Abissínia na atual Etiópia. Atualmente existem mais de 1.000
línguas faladas no continente Africano.
Império Egípcio
A origem da civilização Egípcia
não foi ainda comprovada pela
história, porém inicialmente, é
indiscutível, dedicavam-se à
agricultura, sendo um povo
pacífico. Comerciavam com o
mediterrâneo, com as tribos
nômades que cruzavam o Saara Imagem 11: Pirâmides do Egito e a Esfinge de Gizé (Imagem: Shutterstock)

e com os povos da Núbia.


A influência Núbia (ou país de Kush, atual Sudão), no Egito foi imensa e as duas
nações viveram períodos de conflito e de paz, sendo que o Egito que anexou o País
de Kush como província, na época da 4ª dinastia. Contudo, estes conquistaram o
Egito no século 8 a.C. Durante um século eles imperaram em todo o vale do Nilo, até
serem obrigados a retroceder às terras do atual Sudão.

A dinastia de Meroe foi a última numa linhagem de "faraós negros" que governou
Kush por mais de um milênio, até 350 d.C., quando o império, já enfraquecido pelas
guerras contra o Egito, então sob domínio romano, foi invadido e subjugado pelas
tropas de Ezana, rei de Axum, na atual Etiópia. Arqueólogos encontraram
recentemente uma estátua de uma tonelada do rei Taharqa, o mais famoso dos
faraós negros, que governou por volta do ano 7 a.C.
Império Egípcio
Ficaram famosos na 25ª dinastia egípcia,
os Faraós negros, de Napata, oriundos
da capital da Núbia, Napata. Nefertiti
(que significa “A mais bela chegou”) e
Amenófis IV, que mudou o nome para
Akenaton seriam faraós dessa região.
Promoveram grande revolução religiosa
ao imporem adoração Aton como
divindade principal do panteão egípcio.

Imagem 12: máscara de Tutankhamon


Império Kush
Pirâmides de Meroe, na última capital do
império Kush (a antiga Núbia), a 200
quilômetros a nordeste de Cartum
Imagem 13: máscara de Tutankhamon

Uma das mais antigas civilizações do vale


do Nilo, Kush tinha seu núcleo principal na
confluência dos rios Nilo Azul, Nilo Branco
e Atbara, mas se estendia por 1.200
quilômetros às margens do maior
curso d'água da África.
Imagem 14: sítio arqueológico de Nuri
Imagem 15: Pyramids of Meroe in Sudan Imagem 16: Avenue of rams in front of the Temple of Amun

Templo e
Alameda
dos Leões
Imagem 17: O imperador Mansa Musa liderou o Mali no século 14 (Foto: Wikimedia Commons)

Abissínia
Os abissínios desenvolveram uma civilização que influenciou e foi
influenciada por mais de 4.000 anos. Os livros sagrados do Judaísmo, do
Cristianismo e do Islamismo, citam egípcios e abissínios (ou etíopes), em suas
narrativas. Moisés, segundo a Bíblia, foi um judeu criado na corte egípcia e
fugiu para a Etiópia ao ser acusado de um crime. Neste país foi acolhido pelo
Sacerdote Jetro e sua filha, Siforá, com quem acabou casando. A Abissínia é
citada mais de 70 vezes na Bíblia. Ou seja, os europeus já conheciam a
Abissínia, ainda assim retrataram todos os africanos como selvagens, sem
cultura, sem ciência e sem história.

As influências exercidas pelos etíopes, sobre os núbios e os egípcios, não


foram sempre pacíficas, tendo ambos os impérios, sido invadidos por tropas
etíopes, diversas vezes. Por outro lado, a Etiópia (Abissínia), além de
invasões, sofreu influência cultural não só de egípcios, mas também, de
sabeus (Reino de Sabá, no atual Iemen), e até mesmo de hindus.
Sudaneses
Os Sudaneses compunham-se, inicialmente, de
negros miscigenados com árabes e com
bosquímanos e hotentotes (Kheisans), e deram
origem a vários reinos. Provavelmente os
bantos, que se estabeleceram e se
desenvolveram no vale do Congo, e por todo o
sul da África, são resultantes dessa
miscigenação inicial, de Sudaneses com
Khoisan.

Ao sul do Saara, formaram-se reinos dispersos, Imagem 18: Grande Templo de Abu Simbel
com estrutura tribal, sem compor, inicialmente,
uma nação. A partir do progresso destes reinos,
as tribos nômades árabes, mais ao norte,
também se agruparam, e organizaram ataques,
visando a pilhagem desses reinos. Entre o
deserto propriamente dito e as florestas
pluviais da região equatorial africana, criou-se
Sahel (do árabe: costa ou fronteira), que é uma
zona de transição entre o deserto e a savana.
Os grandes impérios Sudaneses vieram a se
formar no Sahel.
O império de Gana, ao contrário de Egito
e Abissínia, não desenvolveu a escrita,
por isso, não temos registros escritos de
O Império
sua história. Sua duração foi de
aproximadamente 1.000 anos: Do final
de Gana
do século IV ao começo do século XV da
Era Cristã. Sua riqueza era imensa, e o
nome indica isso: Ghana era uma
denominação árabe para ouro. O atual
país chamado Gana, antiga colônia
inglesa da “Costa do ouro”, não faz parte
do território desse antigo Império de
Gana.
Com uma religião politeísta e panteísta,
o Império foi oficialmente islamizado,
nos últimos séculos, porém a influência
Muçulmana sempre foi parcial e entre o Imagem 19: reinos da África de Mariana Massarani

povo e o “animismo” continuou a ser


praticado. O Império de Gana é o de
mais difícil estudo, pois não se sabe com
certeza qual era sua extensão, a sua
Capital e as suas fronteiras. É discutível
também, quando teve início.
O Império do Mali
Também difícil de determinar o seu início,
mas o seu apogeu foi o século XIV D.C.
Estendia-se do Oceano Atlântico até o meio
do deserto, ocupando quase toda a área da
atual República do Mali. De enorme riqueza
em ouro e tendo desenvolvido, uma rica
civilização técnica, o Império durou,
provavelmente, 400 anos. Sua Capital,
chamada Mali, estava às margens do Rio
Niger e não existe concordância entre os Imagem 20: Djenné, Mali - Wikimedia Commons
estudiosos se essa cidade é a atual Niamei,
Capital da República do Niger, Tombuctu no Sankoré foi uma universidade que existiu na cidade de
Mali atual ou se desapareceu, consumida Timbuktu, fundada em 989 dC. (A Universidade de Coimbra, uma
pelo deserto. das mais antigas da Europa, é 1290) onde se estudava filosofia,
astronomia, matemática, geometria, física, geografia, artes.
Depois se tornou uma madastra (escola islâmica), mas
O Rei do Mali era chamado Mansa, e Kango conviviam pacificamente as religiões originais, o judaísmo, o
Mussa foi o maior e mais famoso deles. Ficou islamismo e o cristianismo. O pátio interno tinha as mesmas
na história islâmica a peregrinação dimensões da Caaba, em Meca. Seu acervo de livros e
espetacular do Mansa Mussa à Meca em manuscritos girava entre 400.00 e 700.000 e abrigava 25.000
1325 D.C. Passando pelo Cairo, de um Egito estudantes numa cidade de aproximadamente 100.000 pessoas.
já Islamizado, Mansa Mussa causou surpresa
ao distribuir grande quantidade de moedas
de ouro, ao povo Egípcio que assistia a sua
comitiva.
Tombuctu
Provável capital do Mali, Tombuctu, Tombouctou, Tumbutu ou Timbukto foi
fundada cerca do ano 1.100 próximo ao rio Niger para servir às caravanas que
traziam sal das minas do deserto do Saara para trocar por ouro e pessoas
escravizadas por árabes, trazidos do sul por aquele rio. Em 1330, Tombuctu fazia
parte do poderoso império do Mali, que controlava o lucrativo negócio do sal por
ouro em toda a região, estando ligada à cidade de Yenné através do comércio do
sal, de cereais e do ouro. A sua função comercial era acompanhada de uma
função militar. Dois séculos mais tarde, Tombuctu atingiu o seu apogeu sob o
império Songhay, tornando-se um paraíso para os estudiosos e a capital
espiritual dos finais da dinastia Mandingo Askia (1493-1591). Tombuctu, que foi
habitada por muçulmanos, cristãos e judeus durante centenas de anos, foi
sempre um centro de tolerância religiosa e racial.
O Império
Este Império, de vida efêmera, surgiu no
século XIV, em decorrência da
independência da Dinastia Songhay,
com relação ao Império Mali. Os
soberanos Songhay usavam no Império
de Gao
Gao, o título Sonni, ou ainda, Si. No fim
do século XV, Os Songhay foram
substituídos pela Dinastia dos Askya,
cujo fundador foi Mohammed,
historicamente considerado usurpador
do trono. Mohammed, muçulmano
fervoroso, considerou a todos os Sonni
anteriores hereges. Manteve durante o
seu reinado, constante guerra contra as
tribos Mossis e Peules.
Imagem 21: Sunni Ali Ber. Pintura de Leo Dillon

O Império de Gao estendia-se desde a


foz do Rio Senegal, até o deserto do
Saara. Exploraram várias minas de ouro,
e as salinas de Teghaza situadas em
pleno deserto do Saara.
Reino de Aksum
Fundado por volta do 1º século da Era Cristã, no
que hoje é a Eritréia, este reino negro teve como
origem, colonos Sabeus (Árabes do Iemen), que
sofreram grande influência cultural Grega.
Montaram extensa marinha mercante, e passaram
a concorrer comercialmente, com os demais povos
navegantes do Mar Vermelho. Chegaram a estender
seu comércio, até a costa da Índia. No século IV D.C.
O Rei Ezana, converteu-se ao Cristianismo, e nesta
época seu Império atingiu o ponto mais alto: O
próprio Iemen ficou sob sua autoridade.

O Reino de Aksum, foi importante aliado na política


internacional do Império Bizantino e da Pérsia. Mas,
no ano 570 D.C. a Pérsia conquistou o Iemen, e o
Reino de Aksum encerrou-se no Continente
Africano. Entrou em declínio lento, sendo sucedido,
no século X, pelo Reino de Gondar, que foi o núcleo
da Abissínia histórica, Cristã, atual Etiópia.

Imagem 22: cavalaria songhai


O monomotapa Imagem 23: Grande Zimbabué ruínas

O Reino banto de Monomotapa, teria surgido entre os séculos V


e VIII, porém seu apogeu foi entre os séculos XII e XV. Estendia-se
pelas terras dos atuais Zimbabue e Zâmbia, até a região norte do
Transvaal, hoje província Sul africana. Com metalurgia muito
desenvolvida, trabalhavam o ouro, o cobre e o ferro, e
mantinham intenso comércio com a Índia, através do Porto de
Sofala, hoje no Moçambique. As ruínas de Zimbabue, no País de
mesmo nome, são atribuídas ao Reino Monomotapa.
Ciência, tecnologia
e mão de obra
Antes da chegada dos europeus, os africanos já haviam se desenvolvido em
diversos setores da ciência, da tecnologia e da economia:

• Conheciam matemática avançada, física, a movimentação dos ventos, das marés e da


astronomia
• Desenvolviam diversas modalidades de agricultura como a cana de açúcar, banana, café,
algodão, arroz, amendoim dendê, inhame e o milho
• Praticavam navegação fluvial, de cabotagem e de longo curso
• Possuíam Produção de barcos de pesca e para longas viagens de comércio
• Produziam sabão, produtos têxteis, com diversificado artesanato, incluindo opções de
vestimentas e redes de dormir, além de produtos químicos para colorir aqueles panos.
Kano, na Nigéria, produzia índigo (atual índigo Blue), assim como o Reino do Congo,
Madagascar e Marrocos, famosos produtores de tapetes e tecidos.
• Cultura do gado e da utilização do couro, inclusive com a confecção de calçados
• A técnica de construção utilizando taipa de pilão
• Fabricação de sabão, Medicina e farmacologia
• A prática do comércio e da navegação, Mineração
O avanço tecnológico dos africanos na tecnologia do ferro. As primeiras
metalúrgicas do Brasil foram as “forjas” de Sorocabana, onde o ferro era
produzido por escravizados. Na África descobriu-se uma liga muito
próxima no aço, antes do século XVI. Tecnologia que os europeus só
chegariam no século XIX

Portanto, vieram para cá - na condição de escravizados - marceneiros,


carpinteiros, ferreiros, oleiros, “artistas” das mais diversas áreas que
trabalhavam com madeira; mineradores, vaqueiros e profissionais no
abate de animais e na utilização de seu couro e carne; artesãos têxteis e
químicos, ourives, fabricantes de sabão; profissionais de saúde física e
mental , que tinham profundo conhecimento de farmacologia, como
barbeiros, herbalistas, parteiras, curandeiros, rezadores

CUNHA JUNIOR, Henrique. Tecnologia africana na formação brasileira. Rio de Janeiro: CEAP, 2010.
Debred e Rugendas:
vestimentas de negros (as) século XIX

Imagem 24: Caffé (sic) Torrado, Imagem 25: 'Castigo Imposto aos Negros', obra
1826 Jean-Baptiste Debret pintada por J.B. Debret entre 1816 e 1831 Imagem 26: uma interpretação do carnaval
Imagem 28: Maria Filipa de Oliveira –
(Johann Moritz Rugendas)

Debred e
Rugendas:
Imagem 27: Negro e Negra numa Fazenda, 1835 - Johann Moritz Rugendas vestimentas de
negros (as) século XIX

A grande característica eram as cores,


padrão de vestimenta não adotado pelos
senhores e senhoras da casa grande.
Um profissional
de destaque
Dentre profissionais africanos ou afro
descendentes que dominavam as
técnicas de construção com adobe e
com pedras de cantaria destacou
Joaquim Pinto de Oliveira, mais
conhecido como Tebas, que foi um
homem negro nascido em 1721, na
cidade de Santos, escravizado de
Bento de Oliveira, construtor, que
vem para São Paulo trabalhar mas
morre em seguida e Tebas assume os
negócios. Os valores recebidos pelo
trabalho dele em 1765 giravam em
torno de 640 réis por dia, mais que o
dobro do que se pagava aos demais
construtores, inclusive brancos. Seu
valor como escravizado era 400 mil
réis. O valor atribuído a outros três
oficiais pedreiros juntos somava
apenas 319 mil réis.
Imagem 29: capa do livro “Tebas: um negro arquiteto na São Paulo escravocrata”
Mas não o único
Sua qualificação profissional,
contudo, não deve ser
considerada inédita, dentre os
três únicos pedreiros registrados
na cidade de São Paulo naquele
ano aparecem Antônio do
Rozario, preto forro, casado, com
45 anos de idade, com renda de
100 mil réis anuais; Estevão da
Silva, branco, casado, 54 anos,
que não tem a renda
mencionada; e Bento de Oliveira Imagem 30: O cirurgião negro. Obra de Debret

Lima, branco, casado, 56 anos e


com renda de 500 mil réis.
Construindo São Dentre os principais trabalhos de Tebas em
São Paulo podemos destacar:
Paulo e ascendendo
econômica e • Ergueu a torre do Recolhimento de Santa Teresa,
utilizando a técnica de taipa de pilão, coberta por
socialmente telhas de barro
• Construiu o frontispício da Igreja da Ordem Terceira
do Carmo;
• Consertou da fonte de São Francisco
• Trabalhou na construção do primeiro chafariz
público da cidade, o da Misericórdia, talhado em
pedra e com quatro torneiras em que a água era
conduzida por gravidade das nascentes do
Caaguassú (atual Paraíso) por meio de tubos com
papelão coberto por betume.

Em 1803, Tebas apareceria com 82 anos de idade,


viúvo, proprietário de uma casa na Rua dos Freitas
onde morava com suas três filhas

Imagem 31: fotografia da Igreja da Ordem Terceira do Carmo /


Crédito: Wikimedia Commons.
Tecnologia africana e trabalho
qualificado: fundamentais para a
economia no pós abolição
Não obstante, a contribuição dos
africanos e afrodescendentes para a
urbanização e a economia de São Paulo
foi imensa. Na produção da riqueza ao
longo de 350 anos, plantando a cana de
açúcar e o café, produtos que fizeram a
fortuna das oligarquias nativas,
minerando ouro e pedras preciosas e
fornecendo o conhecimento científico e
o desenvolvimento tecnológico,
determinantes para construção da Imagem 32: Quituteiras no Rio de Janeiro, em 1875
sociedade capitalista e republicana que
sucederia a sociedade escravista e
monarquista.
Trabalho rural:
açúcar e mineração

Imagem 33: Engenho Manual que Faz Caldo de Cana, 1822 Imagem 34: Engenho Manual que Faz Caldo de Cana, 1822
Jean-Baptiste Debret Jean-Baptiste Debret
Trabalho rural: café

Imagem 35: Colheita do café. Foto de Marc Ferrez, c. 1885.


Trabalho urbano:
carregando e socando

Imagem 37: Calceteiros, 1824, Jean-Baptiste Debret


Trabalho urbano:
vendedores e artesão

Imagem 38: Prendas de Natal. O costume colonial de presentear com víveres


adentrou o século XIX. Litografia de Debret publicada em 1839. BN Digital, dp Imagem 39: Black basket-maker. Brazil Marc Ferrez circa 1875
Trabalho urbano:
barbeiro e sapateiros

Imagem 40: Escravo Barbeiro com um Cliente, Imagem 41: Jean-Baptiste Debret foi o principal cronista da vida privada na Colônia
1865 - José Christiano Júnior Foto: Jean-Baptiste Debret
Algumas personagens negras e sua contribuição
a cultura, ciência e tecnologia brasileiras

• Literatura - O Fundador da Academia Brasileira de letras foi um escritor


negro, Machado de Assis e outros escritores negros tiveram grande
destaque como Cruz e Souza, Lima Barreto e Auta de Sousa;
• No direito - O Fundador da OAB foi um jurista negro Francisco Jê
Acaiaba de Montezuma, o Visconde de Jequitinhonha;
• Na geografia - Teodoro Sampaio foi um dos mais importantes
geógrafos brasileiro
• Na engenharia - Os irmãos Antonio Pereira de Rebouças Filho, André
Pereira de Rebouças, e José Pereira de Rebouças;
• Na arquitetura - Tebas, primeiro arquiteto de São Paulo;
• Na medicina - O médico considerado pai da psiquiatria é bahiano
Juliano Moreira;
• Empresária - Francisca da Silva de Oliveira, a Chica da Silva. Que foi
apresentada de forma destorcida. Era uma grande administradora junto
com seu marido, o português João Fernandes de Oliveira, com quem
viveu por 15 anos e de quem teve 13 filhos.
• No Direito. Visconde de Jequitinhonha
Francisco Jê Acaiaba de Foi batizado com o nome de Francisco
Montezuma, o Visconde Gomes Brandão. Filho do comerciante
de Jequitinhonha português Manuel Gomes Brandão e da
(23/03/1794 – 15/02/1870) negra Narcisa Teresa de Jesus Barreto.
Mudou o nome no bojo do movimento
nativista a época da Independência.
Advogado, formado pela Universidade
de Coimbra, foi diplomata, senador e
deputado constituinte eleito em 1823.
Preso a mando de Dom Pedro I, quando
esse dissolveu o Parlamento, exilou-se
na França, Inglaterra, Bélgica e Holanda.
Exerceu os cargos de presidente do
Banco do Brasil e ministro, no período
regencial. Fundou e tornou-se o
primeiro presidente do Instituto dos
Advogados Brasileiros.
Imagem 42: Visconde de Jequitinhonha foi precursor da OAB
e um dos exemplos mais famosos de 'tupinização' do nome
pela Independência Foto: Domínio público/Acervo
digital/Biblioteca Brasilia / BBC News Brasil

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