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O processo histórico de colonização e

descolonização da África
O processo histórico de colonização e descolonização da África

PRIMEIROS POVOS QUE COLONIZARAM A ÁFRICA


A África, desde a Antiguidade, foi procurada por povos de outros continentes, que buscavam as suas riquezas, ocupando
partes do continente por longos períodos (Vedovate, 2010).

A história da colonização da
África encontra-se documentada desde que
os fenícios começaram a
estabelecer colônias na costa
africana do Mediterrâneo, por volta
do século X a.C. Seguiram-se os gregos a
partir do século VIII a.C.,
os romanos no século II a.C., os vândalos,
que tomaram algumas colónias romanas já
no século V da nossa era, seguidos
pelo Império Bizantino, no século
seguinte, os árabes, no século VII e,
finalmente, os estados modernos da Europa,
a partir do século XIV.

Os Vândalos eram uma tribo do norte da


Europa que penetraram no Império
Romano durante o século V e criaram
um estado no norte da África (Bellucci,
2012). Império Bizantino. Imagem 08. Fonte:
http://www.ricardocosta.com/sites/default/files/imagens/africa/africa3.jpg
O processo histórico de colonização e descolonização da África

A Fenícia foi um antigo reino cujo centro se situava


na planície costeira do que é hoje a Tunisia, limitado pelo
Mediterraneo e o Deserto do Saara.
Esta civilização desenvolveu-se entre os séculos X e V
a.C., estabelecendo colônias em todo o norte de África.
Uma das colônias fenícias mais importantes desta região
foi Cartago (Nascimento , 2006).

Fenícios. Imagem 09. Fonte:


http://historiacem01.weebly.com/uploads/9/9/1/7/9917924/4197981.jpg?430

A partir de 750 a.C. os gregos iniciaram um longo


processo de expansão, formando colônias em várias
regiões, como Sicília e sul da Itália, no sul da França, na
costa da Península Ibérica, no norte de África,
principalmente no Egito, e nas costas do mar Negro. Entre
os séculos VIII e VI a.C. fundaram novas cidades, as
colônias, as quais chamavam de apoíkias, palavra que
pode ser traduzida por "nova casa".
Gregos. Imagem 10. Fonte:
https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/f/f7/Greek_Colonization_Archaic_
Period.png
O processo histórico de colonização e descolonização da África

A colonização dos árabes ocorreu durante os


séculos VIII e IX e abrangeu todas as terras que
formam o Deserto do Saara e grande parte da África
Ocidental e a zona costeira da África Oriental.

Romanos. Imagem 12. Fonte:


https://pt.wikipedia.org/wiki/Limes#/media/File:RomanEmpire_117-pt.svg

Em 146 a.C. Cartago foi destruída por Roma no que se pode


considerar a implantação daquele império no norte de África. O
Império Romano dominou toda a África Mediterrânea, ou seja, a
Árabes. Imagem 11. Fonte:
http://civilizacoesafricanas.blogspot.com.br/2010/04/o-islamismo-no-cont
parte do norte da África e que rodeia o Mar Mediterrâneo
inente-africano.html (Nascimento , 2006).
O processo histórico de colonização e descolonização da África

Para os países europeus, inicialmente, a África era percebida como um espaço importante de passagem para o comércio
com a Ásia. Depois, o continente africano passou a interessar pela possibilidade de conseguir mão de obra escravizada,
para ser usada na colonização da América.

Rotas. Imagem 13. Fonte: http://www.educacional.com.br/upload/arquivo/atlrotas_das_viagens_maritimas_portuguesas_espanholas_dos_seculos_xv_e_xvi_300.jpg


O processo histórico de colonização e descolonização da África

No século XIV, época dos contato,


exploradores europeus chegaram a África.
Através de trocas com alguns chefes locais, os
europeus iniciaram a captura e exportação de
milhões de africanos, naquilo que ficou
conhecido como a escravidão. O mapa ao
lado mostra de onde saiam e para onde iam os
escravos.

Os africanos foram escravizados por razões


econômicas, para serem usados pelos
europeus no desenvolvimento das terras que
eles invadiram na América. A justificativa
usada foi a crença da superioridade europeia
em relação aos africanos.

De acordo com Benedicto (2010) “nenhuma


linguagem pode descrever adequadamente o
que o supremacismo branco fez à humanidade
do Africano durante a era da Europa de 1492
a 1900”.
Rota da Escravidão. Imagem 14. Fonte:
https://historiadesaopaulo.files.wordpress.com/2010/12/mapa_thumb.jpg?w=420&h=393
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COMO COMEÇOU A ESCRAVIDÃO NA ÁFRICA


As pessoas se tornavam escravizadas na África
principalmente por guerras. Outra forma de
escravidão presente na África foi a escravidão
por dívida, ou seja, a escravidão já existia na
África antes da chegada dos europeus no
continente, assim como em vários outros povos,
fora da África, que adotavam esta prática, mas a
escravidão africana se tornou um negócio
lucrativo tanto para os africanos que
escravizavam, quanto para os europeus que
traficavam escravos. A acentuação da escravidão
na África aconteceu porque as vendas de
escravos para a América se tornou uma lucrativa
atividade.

Escravidão. Imagem 15. Fonte:


http://www.mundoeducacao.com/upload/conteudo_legenda/53a2cea5ca7b37944360625a003395
0d.jpg

“Desde os tempos mais antigos, alguns homens escravizaram outros homens, que não eram vistos como seus
semelhantes, mas sim como inimigos e inferiores. A maior fonte de escravos sempre foram as guerras, com os
prisioneiros sendo postos a trabalhar ou sendo vendidos pelos vencedores. Mas um homem podia perder seus direitos de
membro da sociedade por outros motivos, como a condenação por transgressão e crimes cometidos, impossibilidade de
pagar dívidas, ou mesmo de sobreviver independentemente por falta de recursos “ (Camargo, 2010).
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O processo de migração forçada que foi imposto aos


povos africanos não tem paralelo nenhum na história da
humanidade. Nada comparável aconteceu a nenhum outro
povo. Os europeus, para realizar tamanha atrocidade,
tiveram que vencer as intempéries marítimas, construir
portos, dividir os povos africanos, promovendo durante
três séculos o maior genocídio que a história conheceu.
Isto sem contar a destruição de impérios, culturas, famílias
– que, juntamente com racismo e o imperialismo, são os
responsáveis pelas dificuldades socio-economia que
muitos países africanos enfrentam na atualidade. Estima-
se que dez a cem milhões de africanos foram vitimados
(Benedicto, 2015).

Racismo – conjunto de ideias sobre o direito de uma Escravidão. Imagem 16. Fonte:
https://xadrezverbal.files.wordpress.com/2014/02/rugendas.jpg
raça, considerada pura e superior, de dominar outras
(Luft, 2005). Imperialismo - política de expansão e domínio territorial,
cultural ou econômico de uma nação sobre outras, ou sobre
Raça – conjunto de indivíduos de características uma ou várias regiões (Luft, 2005).
corporais semelhantes e transmitidos hereditariamente
(Luft, 2005).
Entenda melhor como viviam os escravos africanos na
NÃO HÁ CONSENSO SOBRE A EXISTÊNCIA DE América, assistindo ao filme ‘12 anos de escravidão’,
RAÇAS ENTRE A HUMANIDADE. baseado em fatos reais, de 2013, classificação: 14 anos.
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SOMOS TODOS ÁFRICA O Homo erectus, teria saído da África há quase


dois milhões de anos, em ondas migratórias rumo
A crença da superioridade europeia em relação aos africanos não é à Ásia e à Europa, iniciando o povoamento do
justificada, pois a África é considerada o berço de toda a mundo. O consenso científico sustenta ainda que o
humanidade porque hoje é consenso entre cientistas que processo homem moderno (Homo sapiens sapiens) também
evolutivo humano (do Australopithecus ao Homo sapiens) evoluiu na África e de lá saiu, há mais ou menos
começou na África. 150 mil anos, em uma segunda fase de ondas
migratórias. Isso é comprovado por fósseis e
artefatos encontrados África.

Podemos concluir que todos os humanos de hoje


são descendentes de africanos. Estes se espalharam
pela Eurásia dando início a um processo de
intercâmbios genéticos, que se processa até hoje.
Esses intercâmbios teriam provocado novas
características às populações locais (Nascimento,
2006).

Então, pense: o conceito de raça existe?

Visualize o que foi explicado, assistindo ao vídeo:


África – Berço da Humanidade. Disponível em:
https://www.youtube.com/watch?v=8ZnsBrIrULs
Evolução. Imagem 17. Fonte:
http://pt.slideshare.net/eiprofessor/frica-o-bero-da-humanidade-20489241
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COLONIZAÇÃO NA ÁFRICA
O continente africano e o asiático foram os últimos a serem colonizados pelos europeus. Nas Américas, o processo de
colonização teve início ainda no século XVI. Três séculos mais tarde o continente americano já havia sido descolonizado e
a Primeira Revolução Industrial se encontrava em plena expansão. Diante disso, os europeus buscaram novas fontes de
recursos, como o ferro, cobre, chumbo, além de produtos de origem agrícola, como algodão e borracha para abastecer as
suas indústrias (Nascimento , 2006).

A Revolução industrial foi um conjunto de


mudanças que aconteceram na Europa nos séculos Indústria.
XVIII e XIX. A principal particularidade dessa Imagem 18.
Fonte:
revolução foi a substituição do trabalho artesanal http://www.sohist
pelo trabalho com o uso das máquinas. oria.com.br/resu
mos/revolucaoin
dustrial_clip_ima
ge001.jpg

No princípio do século XIX, com a expansão


do capitalismo industrial, começa
o neocolonialismo no continente africano. Neocolonialismo é o “novo
O capitalismo
As potências europeias, como Inglaterra, colonialismo” que surge, por ser em
Industrial foi a segunda
França, Bélgica, Holanda e Alemanha, outra época e por atingir outros
fase do desenvolvimento
desenvolveram uma "corrida à África" continentes, neste caso, África e Ásia.
do capitalismo. Teve
massiva e ocuparam a maior parte do Porém, os objetivos de dominação e
início com a Primeira
continente, criando muitas colônias. exploração são semelhantes.
Revolução Industrial.
O processo histórico de colonização e descolonização da África

A partir de 1880, a competição entre as metrópoles


pelo domínio dos territórios africanos intensifica-
se.

A partilha da África tem início, de fato, com


a Conferência de Berlim (1884), que institui
normas para a ocupação, onde as potências
coloniais negociaram a divisão da África, para que
cada uma delas ficassem com um “pedaço”.

Início. Imagem 19. Fonte:


Berlim. Imagem 20. Fonte: http://3.bp.blogspot.com/_htsEYY73V58/TToZ4eCI_fI/AAAAAAAAATA/ytV2kD3d9E
https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/5/5c/Afrikako Q/s1600/africa.jpg
nferenz.jpg
O processo histórico de colonização e descolonização da África

No início da Primeira Guerra Mundial,


90% das terras já estavam sob domínio da
Europa. A partilha é feita de maneira
arbitrária, não respeitando as
características étnicas e culturais de cada
povo, o que contribui para muitos dos Etiópia
conflitos atuais no continente africano,
povos aliados foram separadas e povos
inimigos foram unidos, ou seja, os
europeus não dividiram de acordo com Libéria
divisões das povos africanos, gerando
assim muitas guerras internas.

Os únicos países africanos que não foram


colônias foram a Etiópia (que apenas foi
brevemente invadida pela Itália, durante
a Segunda Guerra Mundial) e a Libéria,
que tinha sido recentemente formada por
escravos libertos dos Estados Unidos da
América.

Divisão. Imagem 21. Fonte:


http://www.infoescola.com/wp-content/uploads/2010/05/partilha-da-africa.png
O processo histórico de colonização e descolonização da África

AS COLONIAS DAS POTÊNCIAS EUROPEIAS NA ÁFRICA

A colonização portuguesa na África foi o


resultado do contato com a América. A
primeira ocupação violenta dos
portugueses na África foi a conquista de
Ceuta em 1415. Em 1444, Dinis Dias toma
posse de Cabo Verde e segue-se a ocupação
das ilhas ainda no século XV, povoamento
este que se prolongou até ao século XIX.
No virar do século XV, Bartolomeu
Dias dobrou o Cabo da Boa Esperança,
abrindo as portas para a colonização da
costa oriental da África pelos europeus. A
partir de meados do século XVI,
os ingleses, os franceses e
os holandeses expulsam os portugueses das
melhores zonas costeiras para
o comércio de escravos.

Cabo da Boa Esperança

Portugal. Imagem 22. Fonte:


http://historiabruno.blogspot.com.br/2013/07/africa-portuguesa.html
A colonização francesa se iniciou
no Senegal em 1624, mas não formaram verdadeiras
colônias até ao século XIX, limitando-se a
traficar escravos para as suas colônias na América
Central. Os franceses colonizaram as ilhas Reunião,
em 1664, Maurício, em 1718 e as Seychelles,
em 1756. Durante o reinado de Napoleão, o Egito foi
também conquistado por um breve período. O
verdadeiro interesse da França por África
manifestou-se em 1830 com a invasão da Argélia e o
estabelecimento de um protetorado na Tunísia,
em 1881. Entretanto, expandiram-se para o interior e França. Imagem 23.
para sul, formando, em 1880, a colônia do Sudão Fonte:
http://3.bp.blogspot.co
Francês e, nos anos que se seguiram ocupando a m/_l1k4tvRFGlY/Ss88
grande parte do Norte de África e da África co0XGEI/AAAAAAA
ABV8/5i_OmGPgYP8
ocidental e central. Em 1912, os franceses assinaram /s400/africa.jpg
com o sultão de Marrocos o Tratado de Fez,
tornando-se outro protetorado.
Protetorado é um território ou país que, no direito
internacional, possui algumas características de Estado
independente, porém, está dependente de uma potência
que decide sua política externa e, às vezes, controla
internamente seu governo (Luft, 2005).
A colonização britânica ocorreu no final do século
XVIII e meados do século XIX, com enorme poder
naval e econômico, assumindo a liderança da
colonização africana. Combatem a escravatura,
direcionando o comércio africano para a exportação de
ouro, marfim, tapetes e animais. Os britânicos
estabelecem novas colônias na costa e passam a
implantar um sistema administrativo fortemente
centralizado na mão de colonos brancos ou
representantes da coroa inglesa. Estabelecem colonias
em alguns países da África Ocidental, no nordeste e no
sudeste e no sul do continente (Nascimento, 2006).

Os ingleses começam a ficar contra a escravidão por


interesses financeiros, pois a grande quantidade de
produtos produzidos nas fábricas durante a Primeira
Revolução Industrial (que ocorreu na Inglaterra)
precisava de consumidores assalariados, ou seja, pessoas
que pudessem pagar por estes produtos. Logo, o
interesse da Inglaterra era de que a grande quantidade de
mão de obra escrava se tornasse livre e assalariada.
Inglaterra. Imagem 24. Fonte:
https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/5/52/British_Decolonis
ation_in_Africa.png
AS OUTRAS POTÊNCIAS
QUE COLONIZARAM A
ÁFRICA FORAM:

Alemanha Bélgica
Espanha Itália

Como você pode perceber os países


mostrados estão distribuídos em
territórios menores, a maior parte da
África estava dividida entre a
Inglaterra e a França, ou seja, a
Conferência de Berlim não repartiu
os territórios igualmente, mas de
acordo com o poder de cada nação. A
consequência disso é a insatisfação
de alguns países, principalmente a
Alemanha, que terá nesse fato um
dos motivos para deflagrar a Segunda
Guerra Mundial.

Outros. Imagem 25 Fonte: http://revistaescola.abril.com.br/img/historia/216-africa-colonizacao.gif


DESCOLONIZAÇÃO
Com a ocorrência da Segunda Guerra Mundial, que aconteceu na Europa entre 1939 e 1945, as colônias africanas
iniciaram o processo de independência. Pois este conflito envolveu muitos países, dentre eles nações europeias que
detinham territórios de exploração no continente africano e ao final dessa guerra, a Europa se encontrou bastante debilitada
no âmbito político e econômico. Assim, foram aos poucos perdendo o controle sobre os territórios africanos de sua
administração.

O processo de independência das colônias


em relação às metrópoles europeias é
denominado historicamente como
descolonização (Luft, 2005).

O enfraquecimento das nações fez ressurgir


movimentos de luta pela independência em
todas as colônias africanas. No decorrer da
década de 1960, os protestos se multiplicaram
e muitos países europeus não apresentaram
grande resistência para aceitar a
independência das colônias. Porém, a
independência de alguns territórios se
efetivou depois de prolongados confrontos
entre nativos e colonizadores.
Guerra. Imagem 26. Fonte:
http://www.creasp.org.br/uploads/fotonoticia/2012/05/8a497-foto-guerra1.JPG
Os movimentos independentistas começaram a tomar Apesar da união entre os territórios africanos, firmada
uma forma mais organizada na Conferência de na Conferência dos Povos da África (1958), realizada
Bandung (1955), que levou as antigas potências na cidade de Acra (capital do Gana, primeira colônia que
coloniais a negociarem a independência das colônias. se tornou independente), a independência de alguns
países, como a Argélia, a República Democrática do
Congo e as então colônias portuguesas Angola, Guiné-
Bissau e Moçambique, somente foi alcançada após
desgastantes conflitos que se estenderam por até anos de
guerra (Camargo, 2010)

Povos. Imagem
28. Fonte:
http://portaldopr
ofessor.mec.gov.
br/fichaTecnica
Aula.html?aula=
36154

Bandung. Imagem 27. Fonte:


https://guilhermetissot.files.wordpress.com/2012/05/conferencia-de-bandung
.jpg
Em alguns países como a Tunísia e o Marrocos, dentre outros, a independência menos confltuosa, em alguns casos, com
realização de consulta popular.

Na Argélia, argelinos
e franceses estiveram envolvidos em um
conflito, após diversos movimentos
fracassados contra a ocupação francesa,
que ocorriam desde de 1940. Os
movimentos aumentaram após a Segunda
Guerra Mundial, e foram reprimidos pelas
forças militares francesas. Em 1954,
eclodiu a sangrenta guerra que só
terminou oito anos depois, com a
declaração de independência da Argélia
(Camargo, 2010).

Argélia. Imagem 29. Fonte: http://ohistoriante.com.br/pos-coloniais3.jpg

As antigas colônias se transformaram em países autônomos, no entanto, a partilha do território para formar estes países foi
realizada pelas nações europeias, que, novamente, não consideraram as divergências étnicas existentes antes da
colonização. Desse modo, os territórios estipulados pelos colonizadores continuavam separando povos de mesma
característica histórico-cultural e agrupando etnias rivais, como mostra o mapa a seguir.
O continente está atualmente
fragmentado em 54 países. Tal
iniciativa produziu
instabilidade política, que
resultou em diversos conflitos
entre grupos étnicos rivais.
Diante dessa situação, as
minorias continuaram sendo
reprimidas por grupos
majoritários, semelhante ao
que acontecia no período
colonial. Além disso, muitos
países africanos ainda sofrem a
influência, direta ou indireta,
de suas antigas metrópoles.

Países. Imagem 30. Fonte: http://s2.online24.pt/foto/quantos-paises-tem-a-africa_bg.jpg


ATUALMENTE DIVIDE-SE A ÁFRICA DE DUAS MANEIRAS

Considerando a localização
geográfica dos países dentro do
continente:

Geografia. Imagem 31. Fonte: https://14minionuoua1981.files.wordpress.com/2013/02/atl_africa_divisao_regional_300.jpg


Considerando sua
população:

África do Norte - compreende


as populações africanas árabes.

África Subsaariana -
caracterizada pela população de
maioria negra e pela maior
diversidade étnica.

População. Imagem 32. Fonte:


http://geounespgrupo1.blogspot.com.br/p/localizacao-geografica.html
Uma das heranças da colonização foi o apartheid, que em africâner significa "separação" foi um regime de segregação
racial adotado de 1948 a 1994 pelos sucessivos governos do Partido Nacional na África do Sul, no qual os direitos da
maioria dos habitantes foram diminuídos pelo governo, formado pela minoria branca (Moreira, 2010).

Essa política racial foi implantada na


África do Sul, antiga colônia britânica,
onde a administração política e
econômica estava sob o controle desses
colonos, mesmo depois da
descolonização. De acordo com esse
regime, a minoria branca, os únicos com
direito a voto, detinha todo poder
político e econômico no país,
enquanto à imensa maioria negra
restava a obrigação de obedecer
rigorosamente à legislação separatista.
A imagem ao lado mostra soldados
brancos perseguindo criança negra.

Apartheid. Imagem 33. Fonte:


http://reporteralagoas.com.br/novo/wp-content/uploads/2014/04/repression_apartheid.jpg
A política de segregação racial foi oficializada em 1948, com
a chegada do Novo Partido Nacional (NNP) ao poder. O
apartheid não permitia o acesso dos negros às urnas e os
proibia de adquirir terras na maior parte do país, obrigando-
os a viver em zonas residenciais separadas, uma espécie de
confinamento geográfico. Casamentos entre pessoas de
diferentes etnias também eram proibidos.
A oposição ao apartheid teve início de forma mais intensa na
década de 1950, quando o Congresso Nacional Africano
(CNA), organização negra criada em 1912. Em 1960, a
polícia matou 67 negros que participavam de uma
manifestação. O Massacre de Sharpeville (mostrado na
Massacre. Imagem 34. Fonte: imagem ao lado) , como ficou conhecido, provocou
http://www.pco.org.br/banco_arquivos/conoticias/img/2014/3/3767/44162/gale
ria/sharpeville1.JPG protestos em diversas partes do mundo. Como consequência,
a CNA foi declarada ilegal e seu líder, Nelson Mandela, foi
preso em 1962 e condenado à prisão perpétua (Nascimento,
2006).

Saiba maiores detalhes sobre esse regime de segregação


racial assistindo ao vídeo ‘Apartheid’. Disponível em:
https://www.youtube.com/watch?v=3ajrzoMUVLc
Mandela. Imagem 35. Fonte:
http://www.clickescolar.com.br/wp-content/uploads/2011/02/nelson-mandela.jpg
Nigéria. Imagem A descolonização da África foi tão marcada por conflitos.
36. Fonte: Pois a descolonização, entre 1950 e 1970, deu origem a
https://upload.wiki
media.org/wikiped sistema políticos que não se sustentam sozinhos. Muitos
ia/commons/e/ef/ países, acabaram em ditaduras (pois alguns queriam chegar
Government_Milit
ia_in_Darfur.PNG ao poder através de golpes e pelo uso da força e não pelo
voto) ou em sangrentas guerras civis envolvendo clãs e
etnias rivais (para tomar o poder local ou retomar seus
antigos territórios). A instabilidade do continente é uma
herança do caótico processo de colonização e
descolonização, além dos séculos de escravidão que
Sudão. Imagem fragilizaram a população. Muitos dos conflitos africanos se
37. Fonte:
http://www.galizac
arrastam há anos sem perspectiva de se obter a paz, como as
ig.gal/imxact/2004 guerras civis que devastam a Nigéria, o Sudão e a
/10/2004sudan.jpg
Somália, mostrados, respectivamente nas imagens ao lado.
As principais tensões atuais ocorrem nos Grandes Lagos e
na porção norte do continente.

Somália. Imagem
38. Fonte:
http://www.defesa
net.com.br/terror/ Ditadura é uma forma de governo em que o governante
noticia/12396/Al-
Shabaab-e-ameaca (presidente, rei, primeiro ministro) exerce seu poder sem
-global--dizem-es
pecialistas/ respeitar a democracia, ou seja, governa de acordo com suas
vontades ou com as do grupo político ao qual pertence (Luft,
2005).
DITADURAS E REVOLTAS EM PAÍSES DA ÁFRICA
Um exemplo de governo ditatorial na África é a Líbia, que enfrentou uma onda de revoltas populares, que cresceu para
uma Guerra Civil e culminou com o fim do regime do ditador Muammar Kadhafi, no poder há quase 42 anos, foi morto
brutalmente pelos revoltosos e teve seu corpo exposto. A imagem abaixo mostra um protesto com a foto de Kadhafi
sendo queimada.

Antes da Líbia, a onda de protestos


em países no norte da África,
inspirados no levante que derrubou o
presidente da Tunísia, Zine El
Abidine Ben Ali, provocou a renúncia
do presidente do Egito, Hosni
Mubarak, que estava havia 30 anos
no poder. Os protestos se espalharam,
em diferentes graus, também por
Marrocos, Sudão e Omã.

Revoltas. Imagem 39. Fonte:


http://www.africa21online.com/arquivos/artigos/13875_artigo_Libiamanifesntantequa
imlivro20110302size598.jpg
Estes refugiados fogem não só dos conflitos violentos,
existente em várias regiões das África, mas, também das
Após o fim da Guerra Civil inicia-se uma profunda crise consequencias dele, como perseguições e a pobreza que
política que dá origem a mais conflitos armados com assola nestas áreas, por causa desses conflitos.
envolvimento de várias milícias e as novas forças de
segurança do Estado, disputando o poder. A população
tenta, desesperadamente, fugir da violência instaurada.
Esses refugiados arriscam a vida ao se lançarem no Mar
Mediterrâneo em embarcações precárias, tentando
chegar à Europa.

Fome. Imagem 41. Fonte:


http://www.envolverde.com.br/wp-content/uploads/2011/11/59.jpg

Veja o drama dos refugiados líbios na reportagem feita pelo


Jornal Nacional da TV Globo. Disponível em:
http://g1.globo.com/jornal-nacional/videos/t/edicoes/v/viag
em-de-refugiados-da-africa-para-europa-termina-em-traged
Refugiados. Imagem 40. Fonte: ia/3957081/
http://veja.abril.com.br/blog/ricardo-setti/files/2011/05/refugiados1.jpg
Podemos concluir que os
impactos sociais que a
colonização e a descolonização
europeia causaram a África foi

Limites. Imagem 42. Fonte:


a sua modificação territorial, https://complicesdepaz.files
cultural e administrativa e, .wordpress.com/2012/04/c3
a1frica.png
sendo assim,
REFERÊNCIAS

BELLUCCI, Beluce; GARCIA, Valquíria Pires. Projeto Radix. 2 ed. 9º ano. São Paulo: Scipione, 2012.

BENEDICTO, Ricardo Matheus. Sobre a escravização dos africanos. Centro de Estudos Filosóficos de
Santos. 21 ed. São Paulo, 2015. Disponível em:
http://www.paradigmas.com.br/index.php/revista/edicoes-21-a-30/edicao-21/292-sobre-a-escravizacao-dos-afric
anos

CAMARGO, Rosiane de; MOCELLIN, Renato. História em debate. Volume 2. Ensino Médio. São Paulo:
Editora do Brasil, 2010.

LUFT, Celso Pedro. Dicionário Escolar da Língua Portuguesa. São Paulo: Ática, 2005.

MOREIRA, Igor; AURICCHIO, Elizabeth. Construindo o Espaço Mundial. 3 ed. 9º ano. São Paulo: Ática,
2010.

NASCIMENTO, Elisa Larkin. Introdução à história da África. Brasil. MEC – SECAD – UnB – CEAD –
Faculdade de Educação. Brasília. 2006.

VEDOVATE, Fernando Carlo. Projeto Araribá. 3 ed. 9º ano. São Paulo: Moderna, 2010.

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