Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
GOVERNADOR
Wilson Loureiro
1
EQUIPE TÉCNICA
COORDENAÇÃO GERAL
Fernando Scárdua, Engenheiro Florestal especialista em Áreas Protegidas.
COORDENAÇÃO EXECUTIVA
Régis Rodrigues Müller, especialista em Ecologia e Planejamento Territorial.
ASPECTOS JURÍDICOS
Carolina Lucena Schussel, Advogada.
SOCIOECONOMIA
Verônica Kusum Toledo, Socióloga e Educadora Ambiental.
MEIO FÍSICO
Ana Lizete Rocha, Geóloga, M.Sc.
MEIO BIÓTICO
Christiane Gomes Barreto, Bióloga.
CONSULTORES
Magno Segalla, Biólogo (herpetofauna).
APOIO TÉCNICO
Aline Ferreira de Quadros, acadêmica de Biologia.
2
SUPERVISÃO
Ivelise E. Vicenzi, Bióloga, Consultora da SEMA/PRÓ-ATLÂNTICA.
Maria Vitória Yamada Müller, Bióloga, Consultora da SEMA/PRÓ-ATLÂNTICA.
3
APRESENTAÇÃO
O Plano foi elaborado pela MRS Estudos Ambientais Ltda., empresa consultora contratada
pelo Pró-Atlântica, programa desenvolvido através da cooperação bilateral entre o Brasil e a
Alemanha. Envolve, na qualidade de agenciador, o KFW - Kreditanstalt für Wiederaufbau
(Banco da Reconstrução e Desenvolvimento da Alemanha), tendo como mutuário a
Secretaria de Estado do Meio Ambiente e dos Recursos Hídricos (SEMA). Os trabalhos
foram conduzidos considerando uma possível recategorização da área para Área de
Proteção Ambiental para adequá-la ao atual Sistema Nacional de Unidades de
Conservação, ao mesmo tempo em que se buscou manter as diretrizes traçadas pelo Plano
de Gerenciamento existente.
O documento está dividido em três partes: a) a caracterização da AEIT no que tange aos
aspectos legais, o contexto histórico-cultural e socioeconômico, o diagnóstico do das
condições naturais e do uso da terra, a identificação de conflitos e ameaças ao sistema
socioambiental, e de áreas prioritárias para conservação; b) o zoneamento ecológico
econômico, acompanhado de uma breve descrição de cada zona e as atividades proibidas;
e c) os programas de gestão propostos para a AEIT e o roteiro de implementação do Plano.
Os trabalhos do Plano tiveram a participação, tanto nas oficinas como em reuniões do Grpo
de Apoio ao Planejamento (GAP), de representantes das prefeituras, IAP/DIBAP, IBAMA,
SEMA/PRÓ-ATLÂNTICA, COMEC, SUDERHSA, MINEROPAR, DER, Coordenadoria do
Patrimônio Natural da Secretaria de Estado da Cultura, BFlo, entidades comunitárias e
organizações não-governamentais.
4
Índice Geral
1 INTRODUÇÃO _______________________________________________________ 13
5
4.5.2 USOS E QUALIDADE DAS ÁGUAS _____________________________________________ 50
4.6 Bioma Mata Atlântica ____________________________________________________ 55
4.6.1 DECLARAÇÃO DE SIGNIFICÂNCIA ____________________________________________ 55
4.7 Flora __________________________________________________________________ 57
4.7.1 FORMAÇÃO SUBMONTANA __________________________________________________ 58
4.7.2 FORMAÇÃO MONTANA ______________________________________________________ 59
4.7.3 FORMAÇÃO ALTOMONTANA_________________________________________________ 59
4.7.4 REFÚGIOS ECOLÓGICOS _____________________________________________________ 60
4.7.5 VEGETAÇÃO SECUNDÁRIA __________________________________________________ 60
4.8 Fauna__________________________________________________________________ 60
4.8.1 MASTOFAUNA ______________________________________________________________ 61
4.8.2 HERPETOFAUNA ____________________________________________________________ 66
4.8.3 ICTIOFAUNA________________________________________________________________ 67
4.8.4 ÁREAS PRIORITÁRIAS PARA CONSERVAÇÃO __________________________________ 69
6
7 ZONEAMENTO ECOLÓGICO ECONÔMICO_____________________________ 130
7
10 Estrutura do Plano Operacional _________________________________________ 182
8
Índice de Tabelas
Tabela 1 - Riqueza de Espécies de Mamíferos da AEIT do Marumbi em Relação do Brasil e ao Paraná ........... 62
Tabela 2 - Mamíferos Ameaçados de Extinção da AEIT do Marumbi .................................................................. 63
Tabela 3 - Preços do Trajeto Ferroviário Curitiba-Paranaguá ........................................................................... 82
Tabela 4 - Valores de Transferência de ICMS Ecológico para cada Município da AEIT do Marumbi ............... 86
Tabela 5 - Setores Censitários e Comunidades da AEIT do Marumbi.................................................................. 87
2
Tabela 6 - Área dos Municípios, Número de Moradores em 2000 e hab/km ....................................................... 89
Tabela 7 - Domicílios: Condição de Ocupação e Abastecimento d’Água ............................................................ 90
Tabela 8 - Domicílios: Banheiros, Sanitários e Destino do Lixo .......................................................................... 91
Tabela 9 - Domicílios Particulares: Especificidades ............................................................................................ 91
Tabela 10 - Características das Pessoas Responsáveis pelos Domicílios............................................................. 92
Tabela 11 - Pessoas Responsáveis pelos Domicílios - Rendimento Mensal.......................................................... 92
Tabela 12 - Pessoas Residentes por Sexo e Grupos Etários ................................................................................. 93
Tabela 13 - Pessoas Residentes: Taxas de Alfabetização ..................................................................................... 93
Tabela 14 - População Residente por Domicílio e Sexo - Paraná/Mesorregião / Microregião/Municípios da
AEIT do Marumbi em 2000 ................................................................................................................................... 97
Tabela 15 - Distribuição da População: Taxas de Crescimento e Densidade, segundo IBGE 2000.................... 98
Tabela 16 - Composição da População Residente por Grupos Etários e Índice de Envelhecimento dos
Municípios da AEIT do Marumbi em 2000 ........................................................................................................... 99
Tabela 17 - IDHM dos Municípios que Compõem a AEIT do Marumbi - Composição e Classificação 1991-2000
............................................................................................................................................................................. 101
Tabela 18 - Variação nos Índices que Compõem o IDHM dos Municípios da AEIT do Marumbi 1991-2000 ... 102
Tabela 19 - Educação e Renda: Total de Domicílios, Indicadores de Escolaridade e Renda, Desigualdade de
Renda e Analfabetismo - Paraná, RMC e Municípios da AEIT do Marumbi...................................................... 102
Tabela 20 - Abastecimento de Água por Rede Geral, Esgotamento Sanitário por Rede de Esgoto ou Pluvial e
Lixo Coletado - Paraná, RMC e Municípios da AEIT do Marumbi em 2000 ..................................................... 103
Tabela 21 - Áreas de Favelas, Famílias Estimadas, Número e Proporção de Domicílios sem Canalização
Interna e Sem Banheiro ou Sanitário - Paraná, RMC e Municípios da AEIT do Marumbi em 1997 e 2000...... 104
Tabela 22 - Estabelecimentos com Emprego Formal, Distribuição dos Empregados por Tamanho de
Estabelecimento e Total de Empregos em Estabelecimentos com 500 ou + Empregados - Paraná, RMC e
Municípios da AEIT do Marumbi em 2000 ......................................................................................................... 105
Tabela 23 - Empregos Formais, Anos de Estudo, Remuneração Superior a 3 Salários Mínimos, Renda Média
Nominal e Participação no Total da Remuneração Formal do Estado - Total do Estado, RMC e Municípios da
AEIT do Marumbi................................................................................................................................................ 106
Tabela 24 - Consumo Médio de Energia Elétrica Total, Residencial, Industrial, Comércio e Serviços, Rural -
RMC e Municípios da AEIT do Marumbi............................................................................................................ 107
Tabela 25 - Participação dos Municípios no Valor Adicionado Fiscal Total e Setorial no Estado em 2000 e PIB
per Capita em 1999 - RMC e Municípios da AEIT do Marumbi......................................................................... 107
Tabela 26 - Receita Municipal Total e per Capita - Proporção das Principais Fontes da Receita Corrente - RMC
e Municípios da AEIT do Marumbi em 2000....................................................................................................... 108
Tabela 27 - Imóveis Rurais e Áreas Correspondentes dos Municípios da AEIT do Marumbi em 2002 ............. 109
Tabela 28 - Utilização Produtiva dos Imóveis Rurais segundo INCRA em 2002 ............................................... 110
9
Tabela 29 - Uso da Terra - Municípios com Maiores Participações na AEIT do Marumbi em 1996 ................ 117
Tabela 30 - Condição do Produtor - Municípios com Maiores Participações na AEIT do Marumbi - 1996 ..... 118
Tabela 31 - Órgãos Municipais de Turismo da AEIT do Marumbi..................................................................... 122
Índice de Figuras
Figura 1 - Localização da AEIT do Marumbi no estado do Paraná..................................................................... 13
Figura 2 - Municípios da AEIT e seu percentual de participação territorial ....................................................... 14
Figura 3 - Geologia na AEIT do Marumbi............................................................................................................ 35
Figura 4 - Compartimentação Geomorfológica da AEIT (Adaptado de OKA-FIORI e CANALI, 1987).............. 42
Figura 5 - Mapa de Fragilidade Ambiental .......................................................................................................... 44
Figura 6 - Localização das Jazidas (códigos) na AEIT do Marumbi.................................................................... 46
Figura 7 - Bacias Hidrográficas ........................................................................................................................... 50
Figura 8 - Corredores Central e da Serra do Mar da Mata Atlântica Instituídos pelo PPG-7 e Áreas da Reserva
da Biosfera da Mata Atlântica, com Zoneamento (Terra Indígens, Zona de Amortecimento e Zona Núcleo)...... 56
Figura 9 - Áreas Prioritárias para Conservação da Fauna ................................................................................. 72
Figura 10 - Croqui da Serra do Mar com Trechos dos Antigos Caminhos Coloniais .......................................... 75
Figura 11 - Setores Censitários na AEIT do Marumbi ......................................................................................... 88
Figura 12 - Sobreposição de APAs ..................................................................................................................... 133
Figura 13 - Zoneamento Ecológico-Econômico.................................................................................................. 137
Índice de Quadros
Quadro 1 - Resumo das Competências Constitucionais sobre Meio Ambiente..................................................... 21
Quadro 2 - Características Geomorfológicas da AEIT do Marumbi (Adaptado de OKA-FIORI, 1987).............. 40
Quadro 3 - Situação Atual das Jazidas Presentes na AEIT do Marumbi.............................................................. 45
Quadro 4 - Dados Físicos, Químicos e Biológicos dos Rios (pontos de amostragem) da AEIT do Marumbi ...... 53
Quadro 5 - Matriz de Informações por Agregado de Comunidades ................................................................... 111
Quadro 6 - Atrativos Turísticos na Região da AEIT do Marumbi ...................................................................... 121
Quadro 7 - Dados sobre Parques Estaduais Inseridos na AEIT do Marumbi .................................................... 123
Quadro 8 - Atividades Relacionadas ao Uso Público e Impactos Observados................................................... 126
Quadro 9 - Cálculo de Áreas das Zonas Ambientais........................................................................................... 138
Quadro 10 - Convênios Governamentais ............................................................................................................ 154
Quadro 11 - Relação de Programas e Sub-Programas Propostos para a AEIT do Marumbi ............................ 158
Quadro 12 - Priorização das Ações de Manejo .................................................................................................. 185
10
Lista de Siglas
AEIT - Área Especial de Interesse Turístico
AOPA - Associação de Agricultura Orgânica
APA - Área de Proteção Ambiental
APP - Área de Preservação Permanente
BPFlo - Batalhão de Polícia Florestal
CEASA - Centrais de Abastecimento S.A.
CF - Constituição Federal
COLIT - Conselho de Desenvolvimento do Litoral
COMEC - Coordenação da Região Metropolitana de Curitiba
CONAMA - Conselho Nacional do Meio Ambiente
COPEL - Companhia Paranaense de Energia Elétrica
CPRM - Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais
DER - Departamento de Estradas de Rodagem
DNPM - Departamento Nacional de Produção Mineral
EMATER - Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural
EMBRAPA - Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária
EPAGRI - Empresa de Pesquisa Agrícola e Difusão de Tecnologias de Santa Catarina
FAO - Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação
FNMA - Fundo Nacional do Meio Ambiente
GTZ - Gesellschaft für Technische Zusammenarbeit
IAP - Instituto Ambiental do Paraná
IAPAR - Instituto Agronômico do Paraná
IBAMA - Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis
IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
ICMS - Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços
ICTF - Instituto de Terras, Cartografia e Florestas
IDHM - Índice de Desenvolvimento Humano
INCRA - Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária
IPARDES - Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social
IPTU - Imposto Predial e Territorial Urbano
IQA - Índice de Qualidade de Água
ISSQN - Imposto sobre Serviços de Qualquer Natureza
IUCN - International Union for Conservation of Nature
KFW - Kreditanstalt für Wiederaufbau
11
MINEROPAR - Minerais do Paraná S. A.
NIMAD - Núcleo Interdisciplinar de Meio Ambiente e Desenvolvimento
PPG7 - Programa Piloto de Proteção das Florestas Tropicais do Brasil
PR - Paraná
PRÓ-ATLÂNTICA - Programa Proteção da Floresta Atlântica
SANEPAR - Empresa de Saneamento do Paraná
SEBRAE - Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas
SEMA - Secretaria de Estado do Meio Ambiente e Recursos Hídricos
SNUC - Sistema Nacional de Unidades de Conservação
SUDERHSA - Superintendência de Desenvolvimento dos Recursos Hídricos e Saneamento
Ambiental
SPVS - Sociedade de Pesquisa em Vida Selvagem e Educação Ambiental
RMC - Região Metropolitana de Curitiba
UC - Unidade de Conservação
UFPR - Universidade Federal do Paraná
UNESCO - United Nations Educational, Scientific and Cultural Organization
WWF - World Wildlife Fund
12
1 INTRODUÇÃO
Os limites da AEIT englobam os municípios de Campina Grande do Sul, São José dos
Pinhais, Piraquara, Quatro Barras, Antonina e Morretes, dos quais os quatro primeiros
fazem parte da Região Metropolitana de Curitiba (Figura 1).
13
Figura 2 - Municípios da AEIT e seu percentual de participação territorial
Nesta região encontra-se uma das porções mais significativas do bioma Floresta Atlântica,
tendo sido incluída pela UNESCO na Reserva da Biosfera da Floresta Atlântica em 1991.
Por tratar-se de um dos ecossistemas mais ameaçados de degradação, tem importância
ímpar em termos de conservação.
Aliado ao elevado valor ambiental da área, a região possui um gande potencial recreativo
em função da alta qualidade estética da paisagem. Este resultado decorre da combinação
de fatores como a exuberância da vegetação e diversidade de formações montanhosas,
típicas da Serra do Mar. Há inúmeras cachoeiras e belíssimos rios com corredeiras, com
grande potencial para uso recreativo.
Acresce-se a toda esta riqueza natural, a grande importância histórica da região, onde os
caminhos coloniais, a construção da ferrovia e o conjunto dos outros valores culturais como
as construções típicas em estilo colonial constituem relevante patrimônio histórico, cultural e
arqueológico do Estado.
Na AEIT do Marumbi estão inseridos cinco Parque Estaduais, denominados do Pico Paraná,
do Pico Marumbi, da Graciosa, do Pau-Ôco e Roberto Ribas Lange. Dentre os parques
citados, apenas o do Pico Marumbi foi contemplado com um plano de manejo.
a) o uso em comum pelo povo, possibilitando a todos os cidadãos o contato com a natureza;
b) a proteção dos recursos naturais (...) monumentos e bens de valor histórico, artístico,
arqueológico ou pré-histórico, bem como dos mananciais de abastecimento d’água;
14
c) a proteção dos recursos naturais (...), a preservação da paisagem, monumentos e bens
de valor histórico, arqueológico ou pré-histórico, bem como dos mananciais de
abastecimento d’água;
O Decreto dispõe ainda sobre a definição da política para a AEIT do Marumbi, repassando
ao Conselho Estadual de Defesa do Ambiente (CEDA) e o Conselho de Desenvolvimento
Territorial do Litoral Paranaense esta atribuição, bem como a de aprovar os Planos Globais
de Gerenciamento e suas alterações nos limites de sua competência.
Em 1987, foi elaborado pelo ITCF o "Plano de Gerenciamento da Área Especial de Interesse
Turístico do Marumbi", com base nos princípios e diretrizes da IUCN e IBAMA/GTZ, no qual
foram estabelecidos o zoneamento, diretrizes de trabalho, demandas de curto prazo e
aquelas que necessitam de investimentos, sem, contudo, perder de vista os objetivos de
longo para a unidade.
1
instituído pela Lei Federal nº 9.985/00.
15
2 FICHA TÉCNICA DA UNIDADE
16
3 ASPECTOS LEGAIS
O zoneamento ambiental é tratado pela Lei 6.938/81 como um dos instrumentos da Política
Nacional de Meio Ambiente2. Esta lei traz os princípios e diretrizes a serem seguidos pelo
Poder Público e pela sociedade como um todo buscando “a preservação, melhoria e
recuperação da qualidade ambiental propícia à vida, visando assegurar, no País, condições
ao desenvolvimento sócio-econômico, aos interesses da segurança nacional e à proteção
da dignidade da vida humana.”3
Além disso, também está previsto como um dos instrumentos de planejamento pelo Estatuto
da Cidade (Lei Federal nº 10.527/01, art. 4º, inciso III, c), mas sua definição legal pode ser
encontrada na Lei Federal nº 9.985/00, instituidora do Sistema Nacional de Unidades de
Conservação:
Art. 2°. Para os fins previstos nesta Lei, entende-se por: (...)
2
Art. 9º, inciso II da Lei Federal nº 6.938/81.
3
Art. 2º da Lei Federal nº 6.938/81
4
“Zoneamento Ambiental: aspectos técnicos, jurídicos e metodológicos” - Consultora do MMA
17
• reservar áreas adequadas para usos mais impactantes, minimizando os
efeitos destes usos em outras áreas (conceito de áreas de sacrifício);
Através do zoneamento ambiental, procede-se à divisão do território em áreas nas quais são
autorizadas determinadas atividades, e proibidas, total ou parcialmente, em outras. Sem
dúvida, não é só um instrumento jurídico, mas também político, visto que influencia
diretamente a vida dos cidadãos que habitam a área zoneada e, muitas vezes, impõe uma
série de restrições aos direitos individuais no intuito de resguardar um direito coletivo.
No entanto, é importante ressaltar que o zoneamento ambiental deve ser observado como
apenas um dos instrumentos da Política Nacional do Meio Ambiente e, por isso, deve ser
considerado no contexto de toda a legislação ambiental aplicável à área.
A disciplina específica das Estações Ecológicas e das Áreas de Proteção Ambiental está
prevista na Lei Federal 6.902/81. Este diploma legal traz as características básicas das
APAs em seu art. 15:
Art. 15. A Área de Proteção Ambiental é uma área em geral extensa, com um certo grau
de ocupação humana, dotada de atributos abióticos, bióticos, estéticos ou culturais
especialmente importantes para a qualidade de vida e o bem-estar das populações
humanas, e tem como objetivos básicos proteger a diversidade biológica, disciplinar o
processo de ocupação e assegurar a sustentabilidade do uso dos recursos naturais.
18
§ 2º Respeitados os limites constitucionais, podem ser estabelecidas normas e restrições
para a utilização de uma propriedade privada localizada em uma Área de Proteção
Ambiental.
As APAs são unidades de conservação que se caracterizam por abranger terras privadas ou
públicas. Desta forma, as restrições feitas na sua ocupação não devem anular o direito de
propriedade ou impedir o seu exercício. Neste ponto é que está uma das principais
dificuldades na elaboração de seu zoneamento ecológico-econômico e na sua gestão.
A mesma resolução prevê ainda que todas as APAs deverão possuir zonas de vida silvestre,
onde serão proibidos ou regulados o uso dos sistemas naturais; bem como zonas de uso
agropecuário, nas APAs em que exista atividade agrícola ou pecuária.
A importância prática da instituição da APA foi reforçada através dessa resolução na medida
em que ela exige licença especial, a ser concedida pela entidade administradora da APA,
para qualquer projeto de urbanização ou loteamento rural a ser implantado em seu território.
Além disso, estão proibidas atividades de terraplanagem, mineração, dragagem e
escavação que venham a causar danos ou degradação do meio ambiente ou perigo para
pessoas ou para a biota.
19
23 são de competência tanto da União como dos Estados e Municípios. Assim, cada ente
poderá ter sua própria estrutura administrativa, tendo autonomia para estas atividades.
Art. 23. É competência comum da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos
Municípios: (...)
É preciso destacar que a autonomia dos entes da Federação, prevista no art. 18 da Carta
Maior, não deve ser causa de conflitos e dispersão de esforços. O objetivo é que cada ente
possa ter uma estrutura administrativa própria, mas eficiente no atendimento e controle das
atividades previstas no artigo citado. É claro que essa estrutura pode ter um formato
institucional diferente, mas deverá sempre obedecer às normas gerais federais em matéria
ambiental, para que seja mantida uma unidade e coerência de ações no país todo.
20
Quadro 1 - Resumo das Competências Constitucionais sobre Meio Ambiente
A Constituição Federal dispõe em seu art. 5º, inciso XXXVI: “A lei não prejudicará o direito
adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada.”
21
A importância dessa discussão reside no fato de que a maioria das atividades industriais,
comerciais e agrícolas exigem o controle do Poder Público, que pode se dar na forma de
permissões, autorizações e licenças (de instalação, de construção, de operação, etc.).
A Constituição Federal, ao garantir o direito de propriedade, em seu art. 5º, limitou-a dizendo
que ele deve atender à sua “função social”. Ou seja, ela não pode ser utilizada livremente
pelo seu proprietário, mas está sujeita às limitações impostas pelo Poder Público que visam
garantir a salubridade, a segurança e o bem-estar coletivo.
Como dito anteriormente, cada vez mais a doutrina e a legislação pátria se firmam no
sentido de uma nova definição do direito de propriedade. O novo Código Civil (Lei Federal nº
10.406/02) definiu nos seus art. 1.228 e seguintes os novos traços do direito de propriedade
e nos artigos 1.299 e seguintes as regras que disciplinam o direito de construir:
Art. 1.228.O proprietário tem a faculdade de usar, gozar e dispor da coisa, e o direito de
reavê-lo do poder de quem quer que, injustamente, a possua ou detenha.
Ocorre que a definição de populações tradicionais pode gerar alguma confusão. Isto porque
se pode entender que populações tradicionais são aquelas existentes na unidade de
conservação antes da sua criação. Como se pode entender também o termo “tradicional”
como indicador de que seria algo que passaria de geração para geração. Assim, “população
tradicional” seria aquela que está na área há pelo menos duas gerações.
Ainda que se considere essa outra característica, é preciso distinguir também entre os
proprietários de terra dentro da APA, os empregados (pessoas que só trabalham na terra,
22
mas com ela não tem relação de posse), e os posseiros, ou seja, aqueles que tem a posse
da terra ilegalmente.
§1º O Poder Público, por meio do órgão competente, priorizará o reassentamento das
populações tradicionais a serem realocadas.
§ 2º Até que seja possível efetuar o reassentamento de que trata este artigo, serão
estabelecidas normas e ações específicas destinadas a compatibilizar a presença das
populações tradicionais residentes com os objetivos da unidade, sem prejuízo dos
modos de vida, das fontes de subsistência e dos locais de moradia destas populações,
assegurando-se a sua participação na elaboração das referidas normas e ações.
Dentre os municípios abrangidos pela AEIT, apenas Campina Grande do Sul e São José
dos Pinhais estão em fase de elaboração de seus Planos Diretores.
Plano Diretor é o conjunto de normas obrigatórias, elaborado por lei municipal específica,
integrando o processo de planejamento municipal, que regula as atividades e os
empreendimentos do próprio Poder Público Municipal e das pessoas físicas ou jurídicas, de
Direito Privado ou Público, a serem levados a efeito no território municipal7.
7
LEME MACHADO, Paulo Affonso. Direito Ambiental Brasileiro. 10ª ed. Malheiros, São Paulo.
8
Art. 1º - Estatuto da Cidade
VII - integração e complementaridade entre as atividades urbanas e rurais, tendo em vista o desenvolvimento
socioeconômico do Município e do território sob sua área de influência;”
23
Apesar desta disposição, o restante do conteúdo da lei não facilita o trabalho do legislador
municipal nesta integração, pois está mais direcionada realmente para a área urbana.
Art. 2° - A política urbana tem por objetivo ordenar o pleno desenvolvimento das funções
sociais da cidade e da propriedade urbana, mediante as seguintes diretrizes gerais:
Nesse sentido, o ideal é que a elaboração do zoneamento da área e dos Planos Diretores
dos municípios seja feita de forma a serem evitadas incongruências entre as legislações. De
qualquer forma, em caso de conflito, valem as regras sobre competência já expostas
anteriormente.
24
com 1.189,58 ha; P.E. Pico Marumbi, com 2.342,41 ha e P.E. do Pau-Ôco, com 905,58 ha.
Dentre esses parques, somente o do Pico Marumbi possui Plano de Manejo.
Além disso, os parques também possuem a chamada Zona Tampão, que é a área de
entorno dos mesmos e que tem restrições que devem ser observadas. As zonas tampão ou
de amortecimento não podem, uma vez definidas formalmente, ser transformadas em zona
urbana (art. 49, parágrafo único, da Lei 9.985/00).
Outro fator que pode levar à definição de uma zona de uso especial em função de suas
características extremamente restritivas, e já definidas, é o tombamento da Serra do Mar. A
Serra do Mar é objeto de tombamento, levado a efeito em 25 de julho de 1986. A área
tombada abrange 376 mil hectares, iniciando-se no cruzamento da Rodovia Garuva –
Cubatão, na divisa dos Estados do Paraná e de Santa Catarina, incluindo áreas dos
municípios de Guaratuba, Matinhos, Paranaguá, Morretes, Antonina e Guaraqueçaba (Ver
Mapa de Legislação no Anexo).
O ato administrativo do tombamento significa catalogar, relacionar coisas (de valor histórico,
cultural, artístico, científico, estético, paisagístico, arquitetônico, urbanístico, documental,
bibliográfico, paleográfico, museográfico, toponímico, folclórico, hídrico, ambiental, etc., ou
afetivo para a população) em determinado registro público, para impedir que sejam
destruídos ou descaracterizados.
Entre nós esse instituto tem importância constitucional e está previsto nos arts. 23 III e IV,
24 VII e VIII, 30 IX, 215 e 216 §§ 1º e 5º da Carta Magna, como forma de se preservar nosso
patrimônio cultural e natural, com a colaboração da comunidade.
9
Art. 3º, §1º, Res. 10/88 - CONAMA
25
Dentre estes atores, as Prefeituras Municipais se destacam como elementos que devem
participar de todo o processo, cujas sugestões e interesses devem ser levados em conta. A
importância do papel das Prefeituras Municipais reside não só na sua participação durante a
fase de elaboração do zoneamento, mas também na fase da sua implementação prática,
quando é fundamental a ação e fiscalização local. A estrutura de gestão da APA precisará
necessariamente deste apoio e da mão de obra local, através da cessão ou contratação de
funcionários pelas Prefeituras para implementar eficazmente o zoneamento.
A Lei de Política Nacional do Meio Ambiente consagra como um dos seus objetivos a
“imposição ao poluidor e ao predador da obrigação de recuperar e/ou indenizar os danos
causados”10 e prevê que a responsabilidade pelo dano ambiental pode ser imputada
independentemente da existência de culpa. Ou seja, não se aprecia subjetivamente a
conduta do poluidor, mas a ocorrência de resultado prejudicial ao homem e ao meio
ambiente. Essa é a chamada responsabilidade civil objetiva.
A responsabilidade objetiva pode ter duas funções: a preventiva - que procura evitar os
danos - e a reparadora, que tenta reconstituir e/ou indenizar os prejuízos ocorridos. A
primeira dessas funções é fundamental em direito ambiental, uma vez que muitos danos
ecológicos são irreversíveis.
10
Lei Federal nº 6.938/81, art. 4º, VII.
11
CF, art.225, §3º. “As condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente sujeitarão os infratores,
pessoas físicas ou jurídicas, a sanções penais e administrativas,independentemente da obrigação de reparar os
danos causados.”
26
Art. 9º. (...)
De qualquer forma, o dano ambiental, como também vários danos de natureza civil,
caracteriza-se por não ser reparável mediante a sua substituição por equivalente em
dinheiro. Por isso, a legislação processual brasileira avançou e atualmente dispõe de
mecanismos que visam dar uma maior efetividade às ações de responsabilidade por dano
ambiental.
Também é preciso lembrar que não só os particulares estão sujeitos a sanções por
causarem danos ao meio ambiente. A legislação ambiental não excluiu do Poder Público
esta responsabilidade e as pessoas jurídicas de direito público respondem da mesma forma
que os particulares quando se trata de dano ambiental. Isto porque não é dado à
Administração Pública Federal, Estadual ou Municipal ignorar ou afastar os bens e valores
ambientais protegidos pela Constituição Federal. Esta obrigação persiste tanto nos
processos de licenciamento ambiental como no controle do uso adequado dos recursos e na
aplicação da legislação ambiental, através da fiscalização, monitoramento ou auditoria.
Quanto à questão do licenciamento, é bom lembrar que a licença ambiental não libera o
empreendedor de seu dever de reparar o dano ambiental. O que pode ocorrer é que, tendo
sido concedida regularmente uma licença para determinada atividade ou empreendimento,
não se pode falar em ilicitude do ato. Entretanto, isso não afasta a responsabilidade civil de
reparar o dano causado.
Nesse breve comentário sobre a reparação do dano ambiental, importa destacar a previsão
específica para o caso da mineração. Por ser uma atividade extremamente degradadora do
meio ambiente, a reparação dos danos por ela causados mereceu destaque constitucional:
§ 2º Aquele que explorar recursos minerais fica obrigado a recuperar o meio ambiente
degradado, de acordo com solução técnica exigida pelo órgão público competente, na
forma da lei.
A competência para legislar sobre águas é privativa da União Federal (art. 22, IV, CF). No
entanto, é preciso levar em consideração que o ordenamento do território do Município tem
importante influência neste aspecto, uma vez que a qualidade da água depende também da
política ambiental adotada pelo Município e da aplicação da legislação federal no âmbito
municipal.
A criação do Sistema Nacional de Recursos Hídricos, pela Lei Federal nº 9.433/97, foi um
marco no gerenciamento dos recursos hídricos do país e estabeleceu uma nova unidade
territorial de gestão, que é a bacia hidrográfica. Esta lei trouxe ainda o conceito da água
27
como um bem econômico e de domínio público, o que não significa que o Poder Público
seja seu proprietário, mas sim seu gestor.
Dessa forma, quando este sistema estiver em pleno funcionamento, a gestão dos recursos
hídricos será feita de forma conjunta e integrada, através dos Comitês de Bacia, dos quais
participarão os municípios integrantes da bacia. Estes comitês irão atuar abrangendo uma
bacia hidrográfica, um grupo de bacias hidrográficas contíguas ou através de um conjunto
misto - bacia do curso de água principal e duas sub-bacias hidrográficas.
Nesta legislação consta também que o direito de realizar escavações para fins
arqueológicos, em propriedade particular ou privada, depende de permissão a ser concedida
pelo Governo Federal, através da Diretoria do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional. Tal
permissão é precária e pode ser cassada pelo Ministro da Educação e Cultura no caso de
descumprimento das condições estabelecidas na legislação.
O dano ao patrimônio histórico e arqueológico deve ter o mesmo tratamento jurídico dado ao
dano aos demais recursos naturais e a destruição ou aproveitamento econômico destes está
proibida pelo art. 3º da já citada lei:
12
“Art. 2º. Consideram-se monumentos arqueológicos ou pré-históricos:
a) as jazidas de qualquer natureza, origem ou finalidade, que representem testemunhos da cultura dos
paleoameríndios do Brasil, tais como sambaquis, montes artificiais ou tesos, poços sepulcrais, jazigos aterrados,
estearias e quaisquer outras não especificadas aqui, mas de significado idêntico, a juízo da autoridade
competente;
b) os sítios nos quais se encontram vestígios positivos de ocupação pelos paleoameríndios, tais como grutas,
lapas e abrigos sob rocha;
c) os sítios identificados como cemitérios, sepulturas ou locais de pouso prolongado ou de aldeamento,
“estações” e “cerâmicas”, nos quais se encontram vestígios humanos de interesse arqueológico ou
paleoetnográfico;
d) as inscrições rupestres ou locais como sulcos de polimento de utensílios e outros vestígios de atividade de
paleoameríndios.
28
A verificação da existência de sítios arqueológicos na região da AEIT do Marumbi é
recomendada e, a sua proteção, além de já estar prevista na legislação citada, deve ser
considerada na elaboração do zoneamento da área.
3.10.3 VEGETAÇÃO
A competência para legislar sobre florestas é concorrente da União e dos Estados (art. 24,VI
da CF), mas os municípios têm competência para legislar sobre a flora local e áreas verdes
(art. 30, I e II, CF).
Essa competência dos municípios é reforçada ainda por dispositivo do Código Florestal13
que prevê:
A proteção jurídica da vegetação varia de acordo com a classificação dada pela própria
legislação. Por exemplo, as florestas de preservação permanente 14(criadas pelo Código
Florestal de 1965) e as reservas legais florestais só podem ser alteradas ou suprimidas
através de lei.
Para reforçar a proteção jurídica das áreas de preservação permanente, o Código Florestal
previu ainda, no caso de destruição ou desmatamento das mesmas que: “Nas terras de
propriedade privada onde seja necessário o florestamento ou o reflorestamento de
preservação permanente, o Poder Público poderá fazê-lo, sem desapropriá-las, se não o
fizer o proprietário (art. 18)”. Extrai-se deste dispositivo que é dever dos proprietários das
terras (mesmo públicas) plantarem as florestas ou reflorestarem as áreas de preservação
permanente (Ver Mapa de Legislação no Anexo).
A AEIT caracteriza-se por estar em área tomada pela Floresta Atlântica, que, por ser
considerada patrimônio nacional pela Constituição Federal15, possui proteção especial
extremamente rígida, tendo como um dos principais instrumentos legais o Decreto Federal
nº750/93. Diante disso, é imprescindível tomar como parâmetro no estabelecimento das
zonas de proteção da área tal legislação, que por si só já restringe os usos nas áreas
cobertas por essa vegetação.
13
Cód. Florestal, art. 2º, parágrafo único.
14
“Cód. Florestal, art. 1º. Área protegida nos termos dos art. 2º e 3º desta Lei, coberta ou não por vegetação
nativa, com a função ambiental de preservar os recursos hídricos, a paisagem, a estabilidade geológica, a
biodiversidade, o fluxo gênico da fauna e da flora, proteger o solo e assegurar o bem-estar das populações
urbanas”.
15
CF, art. 225, § 4º. “A Floresta Amazônica brasileira, a Mata Atlântica, a Serra do Mar, o Pantanal Mato
Grossense e a Zona Costeira são patrimônio nacional, e a sua utilização far-se-á na forma da lei, dentro de
condições que assegurem a preservação do meio ambiente, inclusive quanto ao uso dos recursos naturais.”
29
3.10.4 FAUNA
A competência para legislar sobre fauna é concorrente da União e dos Estados, sendo que
a fauna silvestre é um bem público de uso comum do povo, ou seja, a Administração Pública
não pode dispor dela como melhor lhe aprouver.
Já quanto à questão da caça, é preciso distinguir entre a caça profissional (proibida pela Lei
Federal nº 5.197/67 - Lei de Proteção à Fauna); a caça amadorista (a qual está prevista na
citada lei, que prevê a criação de Parques de Caça); a caça de subsistência (que não foi
prevista pela lei) e a caça científica (para a qual a lei exige licença específica - art.14).
É importante salientar que a Lei de Proteção à Fauna não impede o proprietário de proibir a
caça dentro da sua propriedade, mas ele também não pode permitir ou praticar a caça em
épocas ou condições proibidas pelo Poder Público. Além disso, a Lei de Crimes Ambientais
tem uma seção específica (seção I - Cap. V) para os crimes praticados contra a fauna. Essa
legislação deve ser observada não só na determinação das zonas como também nos limites
e restrições a serem impostos em razão da fauna específica existente na região.
Na interpretação do art. 13, inciso I da Lei Federal nº 6.766/79, que dispõe serem áreas de
preservação ecológica aquelas de “proteção aos mananciais ou ao patrimônio cultural,
histórico, paisagístico e arqueológico, definidas por legislação estadual ou federal”, pode-se
entender estarem incluídas neste conceito as chamadas áreas de interesse especial.
Art. 13. Aos Estados caberá disciplinar a aprovação pelos Municípios de loteamentos e
desmembramentos nas seguintes condições:
30
Na definição dos parâmetros de uso do solo no território da AEIT também é importante
observar as restrições quanto às faixas não edificáveis. A legislação prevê dois tipos de
faixas não edificáveis: uma, de 15 metros de cada lado das águas correntes e dormentes e
das faixas de domínio público das rodovias, ferrovias e dutos; outra, de imposição facultativa
pelo Poder Público, para a implementação de equipamentos urbanos.
A Lei Federal nº 6.766/79 estabeleceu o mínimo de 15 metros, que é maior do que o exigido
em alguns casos pelo Código Florestal. É importante destacar que a proibição de edificar
não é só para os particulares, o Poder Público também deverá atender ao disposto na lei16.
Como já explicitado em tópico anterior, a implementação de zoneamento que impõe novas
limitações diferentes ou mais restritivas das já existentes, é preciso analisar com cuidado o
direito à indenização nas regularizações fundiárias.
Isto porque, quando a limitação for apenas no sentido de regular o exercício da propriedade,
através de regras de caráter geral, fundamentadas no interesse coletivo, não há direito à
indenização. Nesse caso, a restrição, que foi imposta a todos é compensada por um
benefício coletivo. É essa a solução também para certos tipos de servidão que se
assemelham às limitações administrativas, por decorrerem diretamente da lei e incidirem
sobre toda uma categoria de prédios, como nas servidões marginais aos rios públicos e nas
servidões ao redor dos aeroportos.
A Lei Estadual nº 7.389/80, que estrutura e disciplina a ocupação do solo no litoral, foi
regulamentada pelo Decreto 2.722/84. Esta lei tenta conciliar a política pública de ocupação
e preservação ambiental. O Decreto Estadual nº 2.722/84 regulamentou a proteção das
áreas definidas na Lei Estadual nº 7.389/80, definindo e especificando as condições para a
ocupação do solo em Áreas Especiais de Interesse Turístico.
O referido decreto, no entanto, deixa para o órgão estadual competente a definição das
restrições a serem impostas nas chamadas Zonas de Proteção Ambiental (art. 9º, inciso IV).
Desta forma, o zoneamento de uma APA tem maior liberdade para estabelecer as condições
que entenda serem as que preservam ao máximo os recursos naturais incluídos nessas
zonas.
A legislação estadual tratou como sendo mais restritiva as áreas lindeiras à linha de
contorno das baías do litoral paranaense, numa extensão de 80 metros medidos
horizontalmente em sentido contrário ao mar. Também foram proibidos o desmatamento, a
remoção da cobertura vegetal autóctone e a movimentação de terras, obras e edificações de
caráter permanente.
16
Súmula 479 - STF - “As margens dos rios navegáveis são de domínio público, insuscetíveis de expropriação e,
por isso mesmo, excluídas de indenização.”
31
3.10.6 MINERAÇÃO
A competência legislativa sobre “jazidas, minas, outros recursos minerais e metalurgia” (art.
22, XII, CF) é privativa da União Federal. Mas, a União, os Estados e o DF têm competência
concorrente para legislar sobre o meio ambiente e controle da poluição. Além disso,
segundo o inciso XI do artigo 23 da Constituição Federal, é competência comum da União,
Estados, Distrito Federal e Municípios registrar, acompanhar e fiscalizar as concessões de
direito de pesquisa e concessão de exploração de recursos minerais.
Como o exercício da mineração não pode ser considerado sem que sejam levados em conta
os danos potenciais e efetivos causados ao meio ambiente por essa atividade, as
competências devem ser harmonizadas. Isso significa que, apesar de não terem
competência para legislar sobre a matéria, os Estados e Municípios têm o direito e o dever
de fiscalizar e controlar este tipo de atividade quando realizada em seus territórios, o que
inclui a legitimidade para exigir que a legislação federal seja aplicada.
Existem três tipos de controle, realizado pelo DNPM, para a exploração mineral no Brasil: a
Autorização de Pesquisa, a Concessão de Lavra e a Permissão de Lavra Garimpeira.
Art. 14. A execução dos trabalhos necessários à definição da jazida, sua avaliação e a
determinação da exeqüibilidade do seu aproveitamento econômico.
Art. 47. Ficará obrigado o titular da concessão, além das condições gerais que constam
deste Código, ainda, às seguintes condições, sob pena de sanções previstas no Cap. V.
X - evitar o extravio das águas e drenar as que possam ocasionar danos e prejuízos aos
vizinhos;
XII - proteger e conservar as fontes, bem como utilizar as águas segundo os preceitos
técnicos, quando se tratar de jazida da Classe VIII (jazida de águas minerais).
Para que esse dispositivo do Código de Mineração tenha efetividade, é fundamental que
sejam controladas as atividades minerárias também após a concessão da licença. Essa
fiscalização pode ser realizada através dos órgãos ambientais (IBAMA, DNPM e órgãos
estaduais) e de auditorias ambientais a serem realizadas pelas próprias empresas
mineradoras.
32
ambiental também para a concessão de lavra17. O órgão ambiental competente no caso é o
órgão estadual integrante do Sistema Nacional do Meio Ambiente e do IBAMA, em caráter
supletivo.
Também é preciso destacar que nas Áreas de Preservação Permanente (art. 2 e 3 da Lei nº
4.771/65) a atividade da mineração (como extração de areia ou a exploração de jazidas em
encostas) pode acarretar danos à vegetação de preservação permanente, para o que
devem obrigatoriamente atentar o DNPM e os órgãos ambientais estaduais.
Apesar de a Lei nº 7.805/89 não exigir expressamente o licenciamento ambiental prévio para
a pesquisa mineral, nada impede que os Estados e Municípios suplementem a legislação e
passem a exigí-lo. Mas no caso da AEIT, o artigo 17 da mesma lei pode ser interpretado de
forma a entender-se que é uma “área de conservação” e que, portanto, a exigência de
licenciamento prévio para pesquisa mineral já está prevista.
3.10.7 AGROTÓXICOS
17
“Assim, o ato do DNPM de outorga de permissão de lavra garimpeira e de concessão de lavra é um ato
administrativo complexo, pois necessita do ato administrativo anterior - o licenciamento ambiental favorável.” (p.
639 - Direito Ambiental Brasileiro - Paulo Affonso Leme Machado).
33
4 CONDIÇÕES NATURAIS E DO USO DA TERRA
4.1 Geologia
A região da AEIT do Marumbi pode ser entendida como um sistema geoambiental, onde os
componentes físicos (as rochas, feições estruturais como falhas e fraturamentos) e seus
processos de erosão, sedimentação, escorregamentos, inundação, escoamento superficial e
processos de fluxos subterrâneos condicionam as condições de estabelecimento e
permanência não somente da fauna e flora, mas também da vida humana.
O entendimento deste sistema deve fazer parte das ações de planejamento que nortearão a
implementação da AEIT, uma vez que a região se configura como um notável ambiente a
ser preservado, onde a imponente cadeia de montanhas da Serra do Mar vem se
constituindo na fonte principal de sedimentos que vêm progressivamente colmatando e
modificando a extensão da Baía de Paranaguá (BIGARELLA,1978).
De uma forma geral, podem ser individualizados quatro domínios na região (Figura 3):
• Aqueles formados por terrenos sustentados pelas rochas mais antigas da região ou
embasamento cristalino: gnaisses e migmatitos;
18
Estratigrafia: ramo da geologia que se ocupa do estudo da seqüência das camadas das rochas procurando
estabelecer uma idade.
34
Figura 3 - Geologia na AEIT do Marumbi
35
Cuidados especiais devem ser tomados na execução de taludes de corte, escavações,
obras terraplenadas, leitos viários, etc. quando em domínios onde predominam as rochas
gnáissico-migmatíticas. As camadas de solo acima da rocha, via de regra, são muito
argilosas e/ou argilosas-siltosas, de baixa a moderada permeabilidade, e por isso, pouco
percolativo, com alta capacidade de armazenamento d’água, mas de baixa
transmissividade, ou seja, retém água, mas não a libera para circulação, características que
indicam baixo potencial hídrico e que recomendam cuidados especiais com a
impermeabilização e o desmatamento excessivo.
O domínio das rochas graníticas corresponde aos terrenos sustentados por rochas
graníticas intrusivas pouco ou não-deformadas, com textura granular maciça, granulação
media a grossa, não-foliadas e compostas principalmente de feldspato e quartzo.
Os terrenos com rochas graníticas apresentam muitos setores problemáticos para se executar
escavações, perfurações, cravar estacas, fundações e infra-estrutura viária e subterrânea
(esgotos, canalizações), pois é necessário usar explosivos para o desmonte de rochas duras.
As características topográficas da área onde se insere este domínio são favoráveis à
ocorrência de movimentações (escorregamento de solos, rolamento de blocos). Os solos são
instáveis, sofrendo erosão e depauperamento muito rápidos. Suas características físicas e
provavelmente químicas são inadequadas para agricultura.
O domínio das rochas intrusivas mesozóicas está relacionado a um dos maiores eventos
vulcânicos de caráter fissural que aconteceu na historia geológica da Terra, há mais ou menos
130 milhões de anos. Esse vulcanismo ocorreu sob várias formas: no norte do Paraná, como
derrames de lavas basálticas, e, na região metropolitana de Curitiba, cristalizou-se em fendas
abertas na crosta sob forma de diques (veios) e também, mais restritamente, extravasou-se
na superfície como pequenos vulcões.
19 20
São rochas do tipo diabásio, e mais restritamente basaltos e gabros , ocorrendo na forma de
cristas estreitas e alongadas, compondo terrenos de alta percolatividade secundária, sendo por
isso muito frágeis à contaminação e, portanto, inadequados para locação de qualquer tipo de
fonte potencialmente poluidora, como lixões, aterros sanitários e cemitérios.
As rochas intrusivas mesozóicas são rochas que compõem terrenos de alta percolatividade
secundária, sendo por isso muito frágeis à contaminação e, portanto, inadequados para
locação de qualquer tipo de fonte potencialmente poluidora como lixões, aterros sanitários,
cemitérios, etc.
19
Termo genérico que designa rochas ígneas básicas, de cor escura, compostas de minerais relativamente ricos
em ferro e magnésio.
20
Rocha plutônica básica, granular, constituída por plagioclásio cálcico e augita. Possui coloração escura.
36
Os aluviões cobrem extensas regiões da Área do Programa Pró-Atlântica, com destaque em
Morretes, nos vales do Rio Nhundiaquara e afluentes e ao longo dos tributários do Rio
Cacatu, e ao longo das encostas inferiores da Serra do Mar. São constituídos por
sedimentos de deposição fluvial21, predominando termos arenosos e leitos de cascalho.
A área enfocada apresenta uma intrincada e importante trama estrutural de fraturas e falhas,
indicando importantes sistemas antigos de destas feições estruturais, onde é relevante
mencionar os da direção NNE-SSW, que constituem as zonas de contato de alguns corpos
graníticos com o complexo gnáissico-migmatítico (Fotos 2 e 3). Outro exemplo expressivo é
o sistema N-S, que também afeta as ocorrências de granitos, colocando-os em contato
tectônico com as litologias intrudidas.
Foto 2 - Imagem de satélite da região do rio Cachoeira Foto 3 - Detalhe da paisagem da Serra mostrando
(observar as feições de preenchimento das fraturas o fraturamento visível
por diques)
21
material originado da destruição de qualquer tipo de rocha, transportado e depositado em um dos muitos
ambientes da superfície terrestre, ou material de origem biológica.
37
Em menores proporções, mas igualmente importantes quando se analisa o conjunto
tectônico regional, são referidos os sistemas Leste-Oeste (E-W) e Oeste-Sudoeste a Leste-
Nordeste (E-NE).
A rigor, são três os aqüíferos (ou reservatórios de água subterrânea) principais na área: o de
fraturas; o constituído pelos depósitos sedimentares; e aquele configurado pelo manto de
alteração (regolito).
4.2 Geomorfologia
A Serra do Mar não constitui apenas o degrau que separa a região litorânea dos planaltos,
em patamares, do interior, mas constitui um divisor assimétrico, cujos picos se elevam a
quase 2 km de altura (500 a 1000 m sobre o nível o planalto de Curitiba). Sua
compartimentação em blocos dá origem a diversos maciços que recebem denominações
locais, tais como Serra da Graciosa, do Capivari Grande, Serra da Virgem Maria, Serra dos
Órgãos, Serra da Farinha Seca, Serra do Marumbi, Serra da Igreja e Serra da Canavieira.
O conjunto constitui-se num grande arco, com concavidade voltada para leste, subparalelo à
linha de costa, com as direções ENE-WSW ao norte; NE-SW na porção central e NNW-SSE
na porção meridional. Conjuntos menores destacam-se como ramificações, ora paralelas,
ora oblíquas ou perpendiculares à escarpa principal (Serra da Prata, Igreja e Canavieiras).
Os blocos diminuem de altitude de NE para SW.
Assim é que, se por um lado os picos mais elevados (Marumbi, Anhangava, Paraná, entre
outros) são de natureza granítica (rocha homogênea), e se acham circundados por regiões
rebaixadas constituídas por migmatitos, xistos, anfibolitos entre outros (rochas
heterogêneas), indicando efeito de erosão diferencial, por outro lado, os grandes vales
acompanham e se dispõem segundo linhas tectônicas claras (adaptação). Os falhamentos
ocorrentes apresentam indícios de mobilização em tempo próximo (escarpas rochosas
circundadas por regiões de grande espessura de manto de alteração, espelhos de falha,
depósitos de tálus e cicatrizes de escorregamento).
38
4.2.1 COMPARTIMENTAÇÃO GEOMORFOLÓGICA
39
Quadro 2 - Características Geomorfológicas da AEIT do Marumbi (Adaptado de OKA-FIORI, 1987)
COMPARTIMENTOS PAISAGEM ALTITUDES LITOLOGIAS FEIÇÕES DE RELEVO REDE DE DRENAGEM EROSÃO
Serras do Capivari,
Órgãos, Graciosa, Conjuntos de serras com cristas
Rede de drenagem:
Marumbi, parte norte angulosas em grandes seqüências, Presença de grandes
Granitos intrusivos, com canais com cursos
da Serra das com direção NW-SE. Vertentes do tipo cicatrizes de escorre-
migmatitos em pequena longos, encaixados e
Canasvieiras e Superiores a 1.000m côncavo - retilínea - convexas, com gamento, principal-mente
expressão ao Sul, ao Norte e ordenados pelo grande
Compartimento I pequenas elevações podendo chegar até predomínio de vertentes íngremes com na Serra dos Órgãos em
em pequenas faixas a Leste. número de
que aparecem a 1900, com sentido NE declividades superiores a 30%. Região altitudes até 1.400.
Afloramentos rochosos em falhamentos. Alta
Leste do conjunto bastante escarpada , com taludes Predomínio de erosão em
grande proporção. densidade de
Capivari Grande, íngremes e vertentes que formam sulcos e ravinamentos.
drenagem.
próximo às nascentes paredões abruptos.
do rio Cachoeira
Faixa Intermediária: Vertentes côncavo-convexas, íngremes
vertentes com (médio curso do rio Marumbi). Topos
espaçamentos isolados, principalmente entre os rios
Erosão nas margens dos
regulares e acentua- Mergulhão e Xaxim, presença de
Granitos e migmatitos,estes rios Geada e Canoa,
dos nas áreas Variam entre 200 e cristas arredondadas e angulosas. Canais com cursos
associados a altitudes existência de tálus e
centrais e pouco mais 1.000m, contornando os Vales em “V” mais abertos. Declives de longos, paralelos e
inferiores a 200m na porção leques próximos aos rios
acentuados ao norte grandes maciços e 20 a 12%, intercaladas com pequenas encaixados, com
leste e também na porção do Pinto, São João, Mãe
constituindo as acompanhando os vales elevações com declividades superiores densidade mais baixa.
Centro-Oeste. Catira, Cachoeira e
vertentes orientais da a 30%. Vales do rio Marumbi e
Marumbi
Serra do Capivari e afluentes: encostas com declives
Compartimentos NE da Serra dos superiores a 45%. Encostas do
II e III Órgãos Cachoeira: superiores a 30%.
Inferiores a 200m,
correspondendo aos rios
Cachoeira, Conceição, Topos isolados e cristas arredondadas.
Faixa de Planícies
Cotia, Mergulhão, Venda, Predominam vales de fundo côncavo-
Aluviais: áreas de
Cacatu, Nunes, Xaxim, amplo, aparecendo também casos de
planícies colúvio-
São João, Mãe Catira, côncavo estreito e em “V”. Declividades
aluvionares
Tombo d’Água, inferiores a 12%.
Nhundiaquara, Cristal,
Bromado e Marumbi
Relevo composto por grande número Padrão de drenagem
Predominante migmatitos, mas
de topos isolados, colinas e cristas predominante
aparecendo também granitos e
arredondadas, de vertentes convexas, dendrítico, com canais
Variam de 300 a depósitos colúvio-aluvionares
Pequena porção do geralmente alongadas, orientando-se formadores de uma alta
1.000metros. Nas regiões (localizados ao longo do rio Erosão linear (sulcos e
Compartimento IV Primeiro Planalto segundo a direção NE-SW ou densidade, com padrão
graníticas as altitudes Capivari e de alguns afluentes). ravinas) predominante
Paranaense acompanhando a direção dos diques sensivelmente
variam de 800 a 1.200m Os vales mais profundos e os
de diabásio. Vales em “V”, estreitos retangular
morros elevados são referidos
com desníveis médios entre 100 a condicionado às
aos granitos.
200m. feições estruturais.
40
41
Figura 4 - Compartimentação Geomorfológica da AEIT (Adaptado de OKA-FIORI e CANALI, 1987)
42
4.2.2 FRAGILIDADE AMBIENTAL
No que diz respeito aos processos do meio físico observados na avaliação da fragilidade
ambiental, foram analisados:
- processos de erosão;
- processos de escorregamento;
- processos de sedimentação;
- processos de inundação;
- processos de escoamento superficial;
- processos de fluxos subterrâneos.
Os mesmos foram adaptados do trabalho de FORNAZARI FILHO et al., (1992), o qual
agrega a importância relativa de alterações em processos do meio físico como decorrência
de diferentes tipos de atividades e empreendimentos.
No setor Centro-Sul da AEIT a situação geral das fragilidades não é muito diferente do outro
setor. As maiores restrições ficam por conta dos polígonos vermelhos.
De um modo geral, a fragilidade é alta ou tende a ser alta. As áreas com fragilidade baixa
(amarelas) são em menor proporção. Este fato é um primeiro passo na limitação de
uso/ocupação. O passo seguinte, para se trabalhar com uso e ocupação, seria o de se
estabelecer critérios e limites, onde as restrições físicas seriam determinantes.
43
Figura 5 - Mapa de Fragilidade Ambiental
44
4.3 Mineração
A mineração, do ponto de vista ambiental, geralmente está inclusa nas discussões como
atividade potencialmente degradadora, pois causa modificação drástica nos meio físico e
biótico. O resultado é que, no Brasil, a mineração é a atividade mais controlada pela
legislação ambiental e a única citada nominalmente em vários dispositivos de proteção ao
meio ambiente presentes na Constituição Federal (MINEROPAR, 2001).
Campina
CM198 Saibro
Grande do Sul
Lavra ativa
Sem direito
minerário Granito Campina
CM199
junto ao paralepípedo Grande do Sul
DNPM
Lavra ativa
Tce-
Triunfo
Autorização Campina
CM201 Comércio Brita
de pesquisa Grande do Sul
e Eng.
Ltda.
Fonte: MINEROPAR
45
Figura 6 - Localização das Jazidas (códigos) na AEIT do Marumbi
46
4.4 Clima
A região onde está inserida a AEIT do Marumbi se destaca por apresentar características
diversificadas em seu substrato rochoso e suas formas peculiares. Os tipos de relevo
exercem uma influência marcante sobre o comportamento dos fenômenos meteorológicos,
atuando como barreiras às massas de ar responsáveis pelos regimes pluviométrico e
térmico destas áreas. Também sobre os processos de ocupação antrópica, o
condicionamento da diversidade do relevo assume extrema relevância, tanto nos limites
AEIT quanto nas áreas circunvizinhas.
Além disso, ocorre o impacto direto dos sistemas frontais (“frentes frias”) provenientes do
Atlântico Sul/Antártida sobre a região litorânea, na qual as íngremes escarpas e as
montanhas funcionam como barreiras que dificultam a passagem deste fenômeno climático.
Decorre, então, regionalmente, uma forte sazonalidade do regime das precipitações devido
ao impacto das “frentes frias” ser mais intenso durante os meses quentes de verão
(novembro a março), quando se concentra a estação chuvosa provocada pelo contraste
térmico, e gerar, por outro lado, uma estação um pouco mais seca durante os meses de
inverno - maio a agosto. Outro fenômeno comum durante os meses de verão é a marcante
atuação das chuvas convectivas, que se precipitam durante à tarde e/ou à noite, a partir da
forte evaporação gerada pelo aquecimento diurno.
A temperatura média anual na região varia entre 20,8 e 22o C. Conforme já mencionado, a
grande variação topográfica do relevo da Serra do Mar gera uma marcada variação na
intensidade de precipitação da região produzindo intensidades médias anuais relativamente
inferiores na zona limite entre a Serra do Mar e o Primeiro Planalto (1500 a 2.000mm) e nas
regiões baixas de planície (2.000mm), e valores mais elevados na zona montanhosa
litorânea (2.000 à >2.500mm), sendo esta variabilidade aguçada no verão, conforme
registros apresentados em SUDERHSA (1998).
As maiores precipitações ocorrem nos meses de verão e as menores no inverno nas regiões
que abrangem Antonina, Morretes. Aproximadamente 40% da chuva anual ocorre nos três
meses mais chuvosos (janeiro, fevereiro, março) e somente 15% nos meses secos (junho a
agosto). Além disso, no verão, a precipitação média diária é cerca de três vezes superior à
verificada no inverno e a ocorrência de dias sem chuva reduzida (<40% do total), enquanto
que no inverno representa mais do que 60% do período.
47
A maior evaporação direta ocorre nos meses mais quentes, de novembro a março, sendo
reduzida nos meses de inverno. A maior evaporação média ocorre em Paranaguá, seguida
por Morretes e Antonina. As maiores médias relativas de temperatura do ar, geralmente
observadas em Paranaguá, podem explicar em parte os maiores valores de evaporação.
Entretanto, diferenças locais em outros fatores condicionantes das taxas de evaporação
direta (como radiação, vento, pressão de vapor) também devem ser responsáveis por esta
distinção.
Ainda segundo dados de MANTOVANELLI (op cit.), nos três meses mais chuvosos de verão
(janeiro a março) a evaporação média representa de 10 a 40% da precipitação média,
enquanto nos meses mais secos perfaz de 60 a 150%. Desta forma, a importância relativa
da evaporação na redução do escoamento superficial é maior nos meses secos.
“A perenidade dos pequenos córregos da serra está vinculada a vários fatores de ordem
física tais como: elevada pluviosidade da região; boa distribuição de chuvas anuais;
condensação da umidade atmosférica que se infiltra no solo; densas neblinas que cobrem
freqüentemente a região situada acima de 700m de altitude. A umidade permanente do
manto de intemperismo abastece o lençol freático, o qual, por sua vez, alimenta as fontes
d’água.”
4.5.1 HIDROGRAFIA
As condições geográficas, incluindo o relevo, fornecem condições para que os altos valores
de pluviosidade propiciem uma densa rede de drenagem na região que podem ser
subdivididas em quatro bacias e sub-bacias, a saber: Ribeira, localizada na porção
48
Ocidental e Norte da AEIT, Nhundiaquara, situada na parte mais ao Sul, Antonina, na
porção Oriental e Leste, e Iguaçu, junto ao limite Ocidental e Sul da área.
À bacia do Ribeira pertencem os rios que têm suas nascentes na parte norte e muito
dissecada do primeiro planalto paranaense. Alguns nascem no reverso da Serra do Mar,
alimentando o rio Capivari, outros na parte norte da Região Metropolitana de Curitiba, nas
vertentes das escarpas do Purunã e das Almas e em outras serras mais distantes
(BIGARELLA, 1978). Em toda a bacia do Ribeira os rios são ativos, dotados de grande
poder erosivo devido ao desnível e retirada do recobrimento florestal.
Iguaçu), basicamente as nascentes do rio Arraial e parte do rio Pequeno, este último
constituindo parte do limite Oeste da área.
De uma maneira geral, a maioria do rios tem suas nascentes distribuídas na encosta da
Serra e próximo aos topos, sob a forma de riachos ou córregos. Na faixa ocidental e
setentrional da AEIT encontram-se as nascentes e o alto curso do rio Capivari, que
alimentam o Ribeira do Iguape. Nas escarpas e patamares a drenagem apresenta um
padrão retangular predominante oriundo da adaptação a zonas de menor resistência como
fendas, falhamentos e fraturas. Trata-se de uma área de drenagem densa, onde os rios
apresentam perfil longitudinal com ressaltos no curso superior, sendo freqüentes as quedas
do tipo “véu de noiva”, feição notável do relevo da AEIT.
Além desta relação predominante, foi verificado pelos pesquisadores que o fator topográfico
e a posição da encosta também condiciona o comportamento da drenagem, sendo
demonstrado pelo fato de que áreas elevadas de origem granítica que apresentam fortes
declividades de vertentes podem estar associadas às áreas de maior densidade de rios.
Formações superficiais que apresentem maior participação de elementos de natureza
síltico-argilosa também podem apresentar uma densidade elevada de drenagem.
49
Figura 7 - Bacias Hidrográficas
50
4.5.2 USOS E QUALIDADE DAS ÁGUAS
O presente item foi elaborado com base nos dados secundários presentes em estudos,
publicações, periódicos editados pela SUDERHSA, IAP e outras instituições do estado do
Paraná. Dentre estes documentos destacam-se o “Relatório das Águas Interiores do Estado
do Paraná 1987 - 1995” publicado pela SUDERHSA, a publicação “Avaliação da qualidade
das águas de rios através da análise combinada de parâmetros, físicos, químicos e
biológicos em Unidades de Conservação abrangidas pelo Programa Pró-Atlântica: APA da
Serra do Mar, APA de Guaratuba e Parque Estadual das Lauráceas” publicado pelo IAP e o
folder “Águas do Litoral” em sua edição nº 10, de responsabilidade também do IAP.
Todas estas publicações trazem informações sobre a qualidade das águas em pontos que
estão dentro da AEIT do Marumbi, ou são influenciados por atividades que ocorrem dentro
dos limites da AEIT. Assim, oportuniza-se a descrição do processo que vincula o processo
histórico de ocupação do solo e seus usos atuais, com os parâmetros de qualidade de água
encontrados nos programas de monitoramento, avaliados nas publicações anteriormente
referidas.
Destaca-se que os usos solo atribuídos à população fixa, aparentemente, têm pouca
contribuição no insumo de fatores que potencialmente podem causar a desestabilização dos
ecossistemas aquáticos das quatro bacias que compõem a área da AEIT do Marumbi. No
entanto, as atividades que possuem incremento de sua intensidade caracterizados pela
sazonalidade, com acréscimo de população oriunda de outras regiões, principalmente com
fins de lazer e turismo, estas sim modificam de forma perceptível os indicadores utilizados
para monitorar a qualidade das águas tendo, portanto, potencial para a desestabilização dos
ecossistemas aquáticos presentes na AEIT.
Os rios da bacia do Altíssimo Iguaçu, em área afeta à AEIT, apresentam uso antrópico
incipiente, onde a agropecuária, a diluição de esgotos domésticos e a captação para uso na
indústria são pouco relevantes.
A bacia do rio Nhundiaquara possui uso antrópico diversificado, que vai desde a
agropecuária, passando pela diluição de esgotos domésticos até a utilização para o lazer.
Tais usos não comprometem os aspectos quantitativos de oferta d’água nesta bacia.
51
4.5.2.2 Qualidade da Água
A qualidade da água dos recursos hídricos na área de influência da AEIT pode ser
caracterizada pelo monitoramento efetuado em 8 pontos de amostragem pela SUDERHSA e
IAP. Tais pontos são descritos no Quadro 4 apresentado a seguir e podem ser visualizados
no Mapa de Uso Atual do Solo (Ver Anexo).
A região que delimita a AEIT caracteriza-se por formar as nascentes das 4 bacias
anteriormente destacadas (Iguaçu, Nhundiquara, Nunes e Ribeira). O mapa de Uso do Solo
evidencia que a quase totalidade desta região está ocupada por vegetação “Alto_Montana”,
“Montana” e “Sub-Montana”, estando a AEIT com ínfimas áreas caracterizadas como de uso
essencialmente antrópico. Tais características refletem a qualidade das águas monitoradas
no entorno da área. A visualização dos resultados presentes nas Tabelas 1 a 8 (Ver Anexo)
revela que a maioria dos parâmetros analisados indicam a preservação das condições
naturais dos mananciais superficiais, sem grande influência antrópica.
52
Quadro 4 - Dados Físicos, Químicos e Biológicos dos Rios (pontos de amostragem) da AEIT do Marumbi
Rio / Bacia - Coordenadas/ Período de Usos do solo a
Estação Enquadramento
Sub bacia Critério de seleção Amostragem montante das estações
BL 04 Nhundiaquara 22J0718294 UTM Classe 1 1989/1992 Hotelaria, estações de
7180286 2001/2002 turismo e esportes
Bacia Corpo receptor de aquáticos, moradias e
Litorânea residências de lazer,
matéria orgânica e
utilizações agrícolas
Sub bacia do efluentes de (hortigranjeiros e
Nhundiaquara estabelecimentos pecuária)
comerciais de
Morretes
BL 11 Nhundiaquara 22J0712724 UTM Classe Especial 1989/1992 Estações de turismo e
7186673 2001/2002 esportes aquáticos,
Bacia Utilização do moradias e residências de
Litorânea lazer, utilizações agrícolas
manancial para lazer
(hortigranjeiros e
Sub bacia do e atividades pecuária)
Nhundiaquara turísticas.
Alterações significativas
de qualidade de água no
período de verão
(Jan/Fev) devido á
elevada ocupação
turística.
BL 32 Dos Padres 22J0713811 UTM Classe Especial 1989/1992 Moradias e residências de
7168155 2001/2002 lazer, usos agrícolas
Bacia Ponto branco em (pastagens, pecuária,
Litorânea cultivos de subsistência
local crítico para
em pequenas
Sub bacia do acidentes com propriedades e fruticultura
Nhundiaquara cargas tóxicas na BR em pequena escala).
277.
BL 33 Do Pinto 22J0712633 UTM Classe Especial 1989/1992 Moradias e residências de
7170078 2001/2002 lazer, usos agrícolas
Bacia Antigo ponto de (pastagens, pecuária e
Litorânea monitoramento de cultivos de subsistência
em pequenas
Sub bacia do acidente ambiental, propriedades e fruticultura
Nhundiaquara à montante da em pequena escala).
confluência do rio
dos Padres.
BL 30 Do Pinto 22J0712785 UTM Classe 1 1989/1992 Utilizações agrícolas
7170031 2001/2002 (pastagens, pecuária e
Bacia Antigo ponto (PJ2) cultivos de subsistência
Litorânea do acidente em pequenas
propriedades e fruticultura
Sub bacia do ambiental de abril de em pequena escala).
Nhundiaquara 2001, à jusante da
confluência do rio
dos Padres
53
Rio / Bacia - Coordenadas/ Período de Usos do solo a
Estação Enquadramento
Sub bacia Critério de seleção Amostragem montante das estações
BL 05 Marumbi Classe 1 1987/1991 e Pequenas pousadas,
2001/2002 estações de turismo e
Bacia esportes aquáticos, uso
Litorânea agrícola (pastagens,
pecuária e cultivos de
Sub bacia do subsistência em
Nhundiaquara pequenas propriedades e
fruticultura em pequena
escala).
BL 07 Do Nunes Classe 1 2001/2002 Moradias e residências de
lazer, utilizações agrícolas
Bacia (hortigranjeiros e
Litorânea pecuária).
Sub bacia do
Cachoeira
RB 15 Taquari 22J0708281 UTM Classe 2 2001/2002 Moradias e residências de
7195094 lazer, utilizações agrícolas
Bacia do (hortigranjeiros e
pecuária).
Ribeira
54
4.6 Bioma Mata Atlântica
A área da AEIT do Marumbi está inserida no bioma Mata Atlântica, um dos mais importantes
conjuntos de ecossistemas do Brasil (CONSERVATION INTERNATIONAL, 2000). De
acordo com o Decreto 750/93, considera-se Mata Atlântica “as formações florestais e
ecossistemas associados inseridos no domínio Mata Atlântica, com as respectivas
delimitações estabelecidas pelo Mapa de Vegetação do Brasil (IBGE, 1988): Floresta
Ombrófila Densa Atlântica, Floresta Ombrófila Mista, Floresta Ombrófila Aberta, Floresta
Estacional Semidecidual, Floresta Estacional Decidual, manguezais, restingas, campos de
altitude, brejos interioranos e encraves florestais do Nordeste”. Destas formações ocorrem
no Paraná a Floresta Ombrófila Densa, a Floresta Ombrófila Mista e a Floresta Estacional
Semidecidual.
A porção paranaense da Serra do Mar ainda constitui um dos remanescentes mais bem
preservados de Mata Atlântica do país. Este remanescente deve-se principalmente à
dificuldade de acesso à região associado ao relevo recortado das encostas da serra.
Atualmente as maiores extensões de remanescentes florestais do Paraná encontram-se nos
extremos do estado: a Leste, na Serra do Mar, e a Oeste, no Parque Nacional do Iguaçu
(SEMA, 2002). Na porção paranaense da Serra do Mar, dois eventos contribuíram
significativamente para o início da intensa exploração econômica da Mata: a abertura da
Estrada da Graciosa, em 1873 (que liga Curitiba a Antonina) e a inauguração da Ferrovia
Paranaguá-Curitiba, em 1885.
Seu alto valor biológico traduz-se pelos altos índices de diversidade e principalmente, pelo
alto grau de endemismos que apresenta: este bioma está entre as cinco regiões com os
maiores índices de endemismo de plantas vasculares e vertebrados (excluindo peixes). Em
conjunto, os mamíferos, aves, répteis e anfíbios que ocorrem na Mata Atlântica, somam
1.810 espécies, sendo 389 endêmicas, o que significa que ali se encontram
aproximadamente 7% das espécies conhecidas no mundo nesses grupos de vertebrados
(CONSERVATION INTERNATIONAL, 2000).
22
regiões que abrigam uma grande quantidade de espécies endêmicas e que têm sido significativamente
impactado e alterado pela atividade humana. Para ser considerado um hotspot, uma região precisa apresentar
1.500 espécies de plantas endêmicas e ter sofrido perdas de sua área original superiores a 70%.
55
Figura 8 - Corredores Central e da Serra do Mar da Mata Atlântica Instituídos pelo PPG-7 e Áreas da Reserva da
Biosfera da Mata Atlântica, com Zoneamento (Terra Indígens, Zona de Amortecimento e Zona Núcleo)
56
Um "corredor de biodiversidade" ou "corredor ecológico" compreende um mosaico de uso
das terras, com parques, reservas e outras áreas de uso menos intensivo, que são
gerenciadas de maneira integrada para garantir a sobrevivência do maior número possível
de espécies de uma região.
O planejamento dos corredores de biodiversidade tem como objetivo reverter (ou pelo
menos amenizar) a contínua fragmentação e isolamento das florestas para facilitar o fluxo
genético entre populações, aumentando a chance de sobrevivência a longo prazo das
comunidades biológicas. As principais diretrizes do planejamento são o manejo de áreas
protegidas e incentivo à pesquisas biológicas e sócio-econômicas que ajudem a reduzir a
ameaça de extinção de espécies. Entretanto, a implementação dos corredores isoladamente
não é suficiente. Se o grau de exposição da reserva ao ambiente circundante é muito alto, o
seu tamanho efetivo será progressivamente reduzido pela deterioração do hábitat a partir de
suas margens externas.
4.7 Flora
23
Com folhagem permanente.
57
Foto 4 - Visual da Floresta Ombrófila Densa na AEIT do Marumbi
A posição geográfica de uma cadeia de montanhas em relação aos ventos e a altura que
atingem infuencia o padrão de distribuição da vegetação natural em faixas altitudinais bem
definidas, como resposta à distribuição vertical de temperatura e umidade. Desta maneira, a
Floresta Ombrófila Densa da AEIT, onde as altitudes variam de 40 a 1.800 m, não se
apresenta como um conjunto vegetacional homogêneo, mas sim em três diferentes
formações, caracterizadas a seguir.
58
4.7.2 FORMAÇÃO MONTANA
É a formação florestal situada nas porções mais elevadas da Serra do Mar, acima dos 1.000
metros de altitude, geralmente associadas a refúgios vegetacionais campestres e rupestres
dos topos das serras. São as chamadas “Matas Nebulares”, cuja vegetação permanece em
constante contato com a neblina (CIGOLINI et al., 2002). Devido à declividade acentuada
destas regiões de altitudes elevadas, os solos apresentam-se mais rasos e erodidos,
impossibilitando o desenvolvimento da exuberante vegetação arbórea da formação Montana
e favorecendo árvores de baixa estatura e troncos retorcidos, de crescimento lento, com
copas compactas de folhas pequenas e esclerófilas.
Estas florestas exibem uma fisionomia própria, diretamente influenciadas pelo clima. Além
de possuir constante precipitação, apresentam uma cobertura nebular persistente que
contribui para reduzir a insolação direta, que por consequência reduz a perda de água do
solo através da evapotranspiração. Este baixo consumo hídrico da floresta aliado aos solos
bastante úmidos, frequentemente saturados em água, permite que a água interceptada
diretamente da umidade das nuvens seja incorporada ao sistema hidrológico. A integridade
e continuidade deste conjunto de características (vegetação adaptada à altitude elevada e
baixa insolação, frequente precipitação e solos rasos e saturados) mantêm o regime hídrico
que abastece o litoral paranaense.
59
4.7.4 REFÚGIOS ECOLÓGICOS
4.8 Fauna
60
não significando que esteja em extinção. Já as espécies em vias de extinção apresentam
populações menores que a reserva fundamental, aproximando-se do limiar de extinção. Esta
espécie não é mais capaz de manter a sua continuidade caso não se apliquem medidas
rigorosas para proteger a espécie e seu ambiente.
4.8.1 MASTOFAUNA
A Mata Atlântica abriga uma expressiva parcela da riqueza da mastofauna brasileira. Para o
Brasil são registradas 524 espécies e destas, 250 ocorrem na Mata Atlântica e 82 são
endêmicas a este bioma (C.I. et al., 2000).
O Paraná abriga 19 das 69 espécies de mamíferos incluídas na Lista Nacional das Espécies
Ameaçadas de Extinção, sendo 2 consideradas “Criticamente em Perigo”: Leontopithecus
caissara (mico-leão-de-cara-preta) e Wilfredomys oenax (roedor); e uma espécie “Em
Perigo”: Brachyteles arachnoides (macaco mono-carvoeiro). Brachyteles arachnoides é
considerado o maior macaco das Américas e um dos mais ameaçados do mundo (IUCN,
2002). É endêmico da Mata Atlântica da Serra do Mar, sendo registrado para os estados do
RJ, SP e PR (IBAMA, 2003).
Foto 5 - Agouti paca, roedor ameaçado de extinção Foto 6 - Sciurus ingrami, o serelepe
61
No limite Nordeste da AEIT ocorrem aproximadamente 70 espécies de mamíferos, entre
eles: Tapirus terrestris (anta), Mazama spp. (veados) e carnívoros, como Panthera onca
(onça-pintada) e Puma concolor (puma) (IPARDES, 2003). Cabe ressaltar aqui a
importância da conectividade destas áreas naturais e da conservação das mesmas, com fins
de permitir uma maior possibilidade de dispersão para espécies mais exigentes quanto ao
tamanho da área de vida.
Entre os mamíferos ocorrentes na APA, 11 estão sob algum grau de ameaça de extinção
(Tabela 2), segundo MARGARIDO (1995) e/ou FUNDAÇÃO BIODIVERSITAS (2003).
62
Tabela 2 - Mamíferos Ameaçados de Extinção da AEIT do Marumbi
Táxons ameaçados e status de conservação
Alouatta guariba clamitans, vulnerável Puma concolor, vulnerável
Lontra longicaudis, vulnerável Tapirus terrestris, em perigo
1
Pteronura brasiliensis, extinto Tayassu pecari, vulnerável
Leopardus pardalis, vulnerável Mazama nana, vulnerável
Panthera onca, em perigo Agouti paca, vulnerável
Leopardus sp.
1
Considerado extinto por MARGARIDO (1995), na região só foi registrado por meio de entrevista, não
sendo possível confirmar sua presença.
1.3.2 AVIFAUNA
Para a área de abrangência deste estudo foram registradas 290 espécies de aves. Dentre
estas espécies destaca-se Trogon rufus (surucuá-de-barriga-amarela); Spizaetus tyrannus
(gavião-pega-macaco), grande falconiforme especializado em se alimentar de mamíferos
(macacos, morcegos) e aves de médio porte; Leucopternis polionota (gavião-pombo);
Penelope obscura (jacu-açu); Tinamus solitarius (macuco); Phylloscartes oustaleti (cara-
pintada); Carpornis cucullatus (corocochó). Destaca-se ainda a presença de Platyrinchus
leucoryphus (patinho-grande), uma ave considerada rara no Paraná.
63
altura, alternados de lugares limpos compostos só de capim navalha, de muita ventilação,
muita umidade, muito sol e muito calor. Na época da muda ficam escondidos no meio das
matas e não cantam. De acordo STRAUBE (2003), estes pássaros são encontrados em
Porto de Cima, no município de Morretes, bem próximo a área da AEIT do Marumbi.
De acordo com ITCF (1986), algumas aves como Conopophaga melanops (chupa-dente-de-
máscara), Anabazemops fuscus (trepador-de-coleira), Philydor atricapillus (limpa-folhas) e
Myrmecyza loricata (papa-formigas) eram encontradas em abundância apenas na porção
paranaense da Serra do Mar. Cabe ressaltar que Conopophaga melanops e Anabazemops
fuscus constam atualmente como Vulneráveis na Lista Vermelha de Animais Ameaçados de
Extinção no Estado do Paraná.
A AEIT abriga também espécies muito conspícuas e de forte apelo estético e carismático,
que podem vir a constituir excelentes modelos para programas de educação ambiental na
área. Destacam-se para este propósito os periquitos e papagaios da família Psittacidae
(Fotos 9 a 14) e os tucanos e araçarís da família Ramphastidae.
Segundo GUIX et al. (1999), os psitacídeos são as aves mais intensivamente visadas pelo
tráfico ilegal de animais. A fiscalização pelos órgãos ambientais é necessária e importante,
mas sensibilizar e engajar a população nesta tarefa pode contribuir significativamente para
diminuir a pressão sobre estes animais. De acordo com STRAUBE (2003), os psitacídeos da
AEIT são representados por 5 espécies: Brotogeris tirica (periquito-verde), Forpus
xanthopterygius (tuim), Pyrrhura frontalis (tiriba-testa-vermelha), Pionopsitta pileata (cuiú-
cuiú), Pionus maximiliani (maritaca) e Triclaria malachitacea (sabiá-cica). Estas seis
64
espécies são encontradas no rio do Corvo (Quatro Barras), na Estação Ferroviária Marumbi
e em Porto de Cima (Prainhas, próximo aos limites da AEIT). O periquito-verde também é
encontrado nos Mananciais da Serra (Piraquara), na Fazenda Thá (Antonina) e no Rio Mãe
Catira (Morretes).
De acordo com HAFFER (1974), o refúgio florestal da Serra do Mar do Brasil Leste-
Meridional constitui um centro de distribuição avifaunística extremamente isolado e
particularmente importante, pois identificou nele 30 gêneros e 160 espécies endêmicas
nesta área. Segundo MULLER (1973), a região da Serra do Mar do Sul-Sudeste brasileiro é
talvez a área melhor definida em termos de endemismos avifaunísticos.
Considerando que a área da AEIT abriga cerca de 48% das 708 espécies ocorrentes no
Paraná, torna-se evidente a importância da região do ponto de vista da conservação da
avifauna. Futuros inventários na porção paranaense da Serra do Mar poderão revelar
índices mais altos e até a descoberta de espécies novas para a ciência. Por serem muito
utilizadas como indicadores biológicos, o maior conhecimento sobre a diversidade e
dinâmica de populações de aves pode subsidiar programas de conservação e manejo de
ecossistemas pois muitas espécies típicas de florestas são sensíveis ao desmatamento e
fragmentação da floresta, apresentando declínios populacionais ou mesmo extinções locais
após alterações do hábitat (SABINO & PRADO, 2000).
65
4.8.2 HERPETOFAUNA
Cabe também destacar algumas espécies que, apesar de terem distribuições abrangendo
dois ou mais estados no Paraná, são conhecidas apenas de localidades dentro da AEIT.
São elas: Phyllomedusa guttata, conhecida do Parque Marumbi; Proceratophrys
appendiculata e Scythrophrys sawayae conhecidos de Mananciais da Serra (Piraquara).
66
Cerca de 70% das espécies registradas para o estado apresenta pelo menos parte da sua
distribuição associada ao Domínio Florestal Atlântico.
Os anfíbios apresentam uma das maiores taxas de descrição de novas espécies (HANKEN,
1999), é provável que algumas espécies já tenham sido extintas ou estejam se extinguindo
antes mesmo de sua descrição formal (HADDAD,1998). As maiores taxas de endemismos
para anfíbios da Mata Atlântica estão nas áreas de encostas. O declínio de populações e
talvez até mesmo a extinção de alguma espécie no Brasil tem sido observado (e.g.
HADDAD, 1998; HEYER et al.,1988; WEYGOLDT, 1989), isto em função da Floresta
Atlântica concentrar um grande número de espécies de hábitos especializados e portanto
sensíveis às alterações ambientais. A vulnerabilidade de muitas espécies de anfíbios pode
ser atribuída a diversos fatores como o alto grau de endemismo e modos reprodutivos
especializados. E importante salientar que de 36 modos reprodutivos conhecidos, 24 estão
presentes na Mata Atlântica (HADDAD, 1998).
4.8.3 ICTIOFAUNA
67
ao fato de o Brasil apresentar uma rica rede de drenagem, com numerosos ambientes
pouco amostrados como riachos de cabeceiras, áreas de corredeiras, calhas profundas de
rios e cavernas inundadas (SABINO & PRADO, 2000).
68
Synbranchus marmoratus (mussum) é um peixe em forma de enguia, sendo o único
representante da família Synbranchidae no Brasil. Os machos medem em média 50 cm mas
as fêmeas podem chegar a 1,5 m. Oligosarcus jenynsi (saicanga) é uma espécie predadora
piscívora, geralmente indicadora de águas limpas (Foto 18). Conforme informações de
moradores da região, também ocorre na AEIT outro peixe predador, Salminus hilarii
(tabarana), que habita rios de águas rápidas e bem oxigenadas (Foto 19). Corydora
barbatus (sarro) (Callichthydae) é um peixe comumente utilizadas por aquariofilistas, pois
alimenta-se de algas, restos de comida de outros peixes e demais detritos que se acumulam
no fundo do aquário. Geophagus brasiliensis, o acará-diadema (Cichlidae) é também muito
visado por aquariofilistas pois apresenta efeito ornamental de grande beleza (Foto 20).
Foto 18 - Oligosarcus jenynsi Foto 20 - Geophagus brasiliensis, acará-diadema, espécie muito visada por
saicanga aquariofilistas
69
a) LOCALIDADES-TIPO
Áreas ou bacias hidrográficas onde foram capturados espécimes que serviram de base
(material-tipo) para descrição de espécies.
c) AMBIENTES RESTRITOS
• Várzeas
• Campos de Altitude
Serra do Marumbi
• Floresta Alto-Montana
70
d) PRESSÃO ANTRÓPICA
e) RIQUEZA DE ESPÉCIES
Mananciais da Serra
71
Figura 9 - Áreas Prioritárias para Conservação da Fauna
72
5 QUADRO HISTÓRICO-CULTURAL
73
Em vinte anos, a imigração fez a população de Curitiba triplicar. Este aumento no número de
moradores foi decisivo para que as localidades conquistassem autonomia. Piraquara é fruto
deste movimento. Em meados do século XX, surge Quatro Barras, resultado da
fragmentação de Campina Grande do Sul.
Antonina começou numa capela. Em 1714, Manoel do Valle Porto construiu uma capela em
sua fazenda, a capela da Graciosa. Próximo ao sítio da Graciosa viviam três irmãs muito
devotas de Nossa Senhora do Pilar, da qual possuíam uma estampa. Celebravam todos os
anos terços e festas em honra a Nossa Senhora do Pilar, atraindo moradores dos Cubatões
de Guarapirocaba. Manoel do Valle Porto, sargento-mor, virou devoto, erigiu outra capela
para a padroeira.
Inicialmente parte de Antonina, Morretes é uma das três cidades históricas do litoral
paranaense (as outras duas são Antonina e Guaraqueçaba). Em 1721 consta que o Ouvidor
Rafael Pires Pardinho teria determinado a demarcação de 300 braças no local que viria a
ser Morretes. Em 31 de outubro de 1733, a Câmara Municipal de Paranaguá determina a
74
efetiva demarcação da área, de modo que esta é a data de aniversário comemorada até
hoje. João de Almeida é o nome que figura como o primeiro morador da região. Em meados
do século XVIII, o Capitão Antonio Rodrigues de Carvalho e sua mulher, dona Maria Gomes
Setúbal, teriam se mudado para o povoado de Morretes, construindo ali uma capela sob a
invocação de Nossa Senhora do Porto e Menino Deus dos Três Morretes. Em março de
1841 foi elevado à categoria de município pela Lei Provincial nº 16. Efetivamente, sua
autonomia política se realiza em julho de 1841 quando se desmembra de Antonina. Em 24
de maio de 1869, pela Lei Provincial nº 188, passou a denominar-se Nhundiaquara e recebe
os foros de Cidade. Em 07 de abril de 1870, pela Lei nº 227, volta a ser denominada
Morretes.
Pelas primeiras picadas que ligavam o litoral de Paranaguá com o Planalto subiram os
predadores de índios, os faiscadores de ouro e os homens que povoaram os Campos de
Curitiba e os Campos Gerais. A principio frágeis picadas, com o passar do tempo, os
melhoramentos nela realizados possibilitaram que nela se mantivessem parcialmente
conservadas na travessia da Serra do Mar.
Figura 10 - Croqui da Serra do Mar com Trechos dos Antigos Caminhos Coloniais
Fonte: AMBIENTAL, 2003.
75
5.2.1.1 Caminho de Itupava
Aberto por volta de 1625, o Caminho de Itupava foi, nos tempos mais remotos do Brasil
colonial, o mais importante caminho para o trânsito de comerciantes e aventureiros.
O trajeto começava no passo do Rio Belém, em Curitiba (lugar em que atualmente fica o
Largo Bittencourt, junto ao Círculo Militar). Daí rumava para Leste, na direção da passagem
da serra. Nos campos transpunha os ribeirões Belém e Juvevê, meia légua adiante cruzava
o rio Bacacheri, e deste subia para o Bairro Alto até o divisor das águas, descendo então
para o ribeirão Atuba. Na margem direita desse ribeirão, junto ao caminho, ficava a paragem
onde outrora existiu a histórica “Vilinha”, criada para a moradia dos mineradores e mais
tarde conhecida por Vila Velha e berço efêmero da Nova Povoação de Nossa Senhora da
Luz.
Correndo sempre para Leste, o caminho passava pela Varginha, pouco adiante atravessava
o rio Palmital, também margeado por terras alagadiças. A seguir, atingia a Borda do Campo,
onde existiam diversas fazendas. A fazenda da Borda do Campo estendia-se para Leste até
o mato, com mais de meia légua de largura, conhecido geralmente pelo nome de Mato
Grosso da Borda do Campo. Antes de sair dos campo, o caminho recebia do lado direito
uma trilha denominada Atalho de Piraquara, conhecido simplesmente pelo nome de
Encruzilhada. Pouco além atravessava a Campina, sitio aprazível onde, por algum tempo,
esteve a barreira destinada à cobrança de tributos devidos pelos tropeiros. Deste ponto em
diante, o terreno ia se tornando cada vez mais acidentado ate atingir o Pão de Loth - morro
que marcava o início da Serra do Mar.
No alto da serra e na parte de baixo, junto ao rio Itupava, construíam rodeios destinados a
acomodar os animais que ali chegavam, transportando pessoas e cargas. Em diversos
outros pontos do caminho havia ranchos cobertos de palha para descanso e dormida dos
tropeiros.
O caminho margeava os rios Itupava e Ipiranga, passava pela pitoresca “Prainhas”, sede de
diversos engenhos de soque e casas de moradia. Pouco além, próximo a foz do Rio
Ipiranga, ficava o Sítio do Barro Vermelho, onde, por alguns anos, estivera a barreira, antes
de ser transferida para Itupava.
Pela confluência dos rios Mãe Catira e Ipiranga, formava-se o Cubatão, atualmente
chamado Nhundiaquara, na margem do qual ficava o caminho - Porto de Cima. Esse porto
era a ligação entre o caminho terrestre de Itupava e a primitiva navegação fluvial do
Cubatão. Dali em diante, os viajantes continuavam a jornada em canoas ou, mais tarde,
pelos ramais de Antonina ou Morretes, rumo ao Paranaguá.
Ao longo de sua existência teve ele diversos nomes: Caminho do Mar, Caminho de
Paranaguá, Caminho de Cubatão, Caminho Real, Caminho Grande, Caminho da Serra,
Caminho de Morretes, Caminho de Curitiba, etc. Foi, além disso, designado pelos topônimos
dos lugares onde funcionaram as barreiras arrecadadores dos impostos pagos pelos
76
tropeiros e comerciante que transitavam o caminho Porto de Cima, Morretes, Campina,
Barro Vermelho e, finalmente, Itupava. Este ultimo topônimo apelidou para a posteridade o
histórico e precioso caminho. Essa denominação originou-se do fato de ter sido construída a
barreira nas margens do rio desse nome, lugar de aspecto selvagem e sombrio ao sopé da
montanha, que impressionava vivamente o espírito dos que ali passavam.
Dos caminhos (Arraial, Graciosa e Itupava) este é, sem dúvida, o mais bonito. Ainda hoje ele
pode ser percorrido numa distância de aproximadamente 20 km, entre a borda do campo e
as proximidades da estação ferroviária de Engenheiro Lange.
Hoje, esse local, cortado pela estrada de ferro Paranaguá-Curitiba, é ponto obrigatório de
parada da litorina que transporta os turistas na viagem. Dali, podem ser admiradas, também,
inúmeras pontes, viadutos e “bocas” de túneis da linha férrea. E, de tempos em tempos,
pode-se acompanhar a descida ou subida das grandes composições ferroviárias que
transportam cargas importadas ou para exportação, via Porto de Paranaguá.
Diferentes meios de transporte são utilizados para acessar o Caminho do Itupava, entre eles
o ônibus Curitiba - Borda do Campo, o Curitiba- Morretes e o trem, através da ferrovia
Curitiba - Paranaguá, que acompanha em grande parte o caminho. O ponto oficial de parada
é a Estação do Parque Estadual do Marumbi.
Destacam-se no percurso a Casa do Ipiranga (hoje em ruínas, tendo sido adquirida por
leilão pelo Sr. Ari Portugal, que está buscando parceria para restaurá-la), o Santuário do
Cadeado e a região conhecida como Prainhas, local junto ao rio Nhundiaquara utilizado para
piquenique e camping, onde hoje há uma infra-estrutura edificada em Área de Preservação
Permanente.
77
admissível que tenha sido uma trilha índia, reavivada durante o afanoso trabalho nas catas,
ao longo do rio do Pinto.
O seu nome teria sido dado em razão da existência do Arraial Grande dos mineradores de
ouro, que, a partir de uma trilha, construíram o caminho para facilitar o acesso da serra até o
litoral.
Observações históricas sobre as origens dos caminhos que ligavam o litoral aos campos de
Curitiba, relatadas por VIEIRA DOS SANTOS em suas “Memórias”, comparadas com os
textos de documentos posteriormente encontrados, levam a crer que as primitivas entradas
no âmago dos sertões das Capitanias sulinas não passavam de pequenas bandeiras de
preia de índios e que, fortuitamente toparam com algum ouro de aluvião nos ribeiros do
planalto. Foram essas trilhas que, na época da mineração, se transformaram posteriormente
em picadas e importantes caminhos.
Pode-se inferir, portanto, que as primeiras trilhas das margens do rio do Pinto deram origem
ao importante Caminho do Arraial.
São José dos Pinhais era o ponto onde, administrativamente, terminava o caminho do
Arraial e encontravam-se diversos caminhos, que mais tarde tornaram-se importantes
estradas, entre eles o de Curitiba e o dos Ambrósios.
78
De 1827, já no período do Brasil imperial, existem relatos que demonstravam aprimeiras
preocupações com relação à melhoria e conservação do Caminho do Arraial. No mesmo
ano, foi determinada pelas autoridades locais da época a cobrança de taxas de pedágio das
tropas de animais que transitavam pelo Arraial.
Como ponto de referência sobre o trajeto deste histórico caminho, devemos lembrar que
atravessara ele a atual rodovia asfaltada que liga Curitiba a Paranaguá, no ponto, até há
pouco tempo chamado Pilão de Pedra. Existem ainda, bem evidentes, longos trechos do
caminho empedrado, tanto no planalto como na descida da serra.
Recentemente uma ONG local (Caramuru) iniciou o trabalho de abertura da trilha, para
descobrir seu traçado, trazendo à superfície suas pedras de calçamento. A trilha não está
toda recuperada, e não apresenta nenhuma infra-estrutura para apoio a turistas.
Com relação ao uso mais intenso desses caminhos, são escassas as informações sobre a
chegada dos primeiros exploradores de ouro em Paranaguá e das trilhas que lhes deram
acesso aos campos de Curitiba.
Os motivos que atraíram aqueles homens foram, sem dúvida, a caça de índios e, ao que
supomos, a busca de ouro, que proporcionavam enriquecimento rápido. Como se sabe, de
início chegaram nessas plagas para o preamento do índio carijó e, a seguir, a procura do
rico metal, encontrado no cascalho dos ribeiros. Esses pioneiros, sem qualquer organização
e sujeitos apenas às leis rudes do sertão, percorreram cuidadosamente a região garimpando
nos riachos e sopés das montanhas, deixando em toda a parte vestígios de sua passagem.
É razoável admitir-se que nessas andanças tenham encontrado e utilizado o antigo
caminho, o mesmo pelo qual os índios desciam para mariscar no litoral e subiam no tempo
do pinhão.
Generalidades
Do êxodo dos mineradores das primitivas catas nos ribeirões de cima da serra, nas
proximidades da bacia do rio Açungui e do Arraial Queimado resultou o abandono da trilha
da Graciosa. De sua existência ficou apenas a tradição oral.
79
Em 1738, por ordem dos governantes da Comarca, a antiga trilha foi aberta, porém com a
trajeto ligeiramente modificado. Partia do litoral, seguia para o Porto de Cima, tomava a
direção noroeste até o alto da serra, quando alterava seu trajeto em direção ao Curral Falso,
onde passava a trilha de Itupava. Daí até Curitiba, os dois se confundiam. Em sentido
contrário, de cima para o litoral, o caminho da Graciosa era, então, formado pela porção que
da encruzilhada do Curral Falso, passando pelo São João e Porto de Cima ia até Antonina.
A sua direção não foi longa, pois, logo que o ouvidor Santos Lobato deixou a comarca, tudo
voltou ao abandono.
Trinta anos depois, o caminho foi novamente reaberto e anos mais tarde, fechado. Com a
criação da Vila Antonina iniciou-se um movimento no sentido de destampamento e
reabertura da velha estrada, contando para isso com o apoio integral da população capelista
e de parte dos moradores de Curitiba. Mais uma vez, o caminho teve existência efêmera e
foi abandonado.
A disputa entre Antonina e Morretes (esta aliada a Paranaguá) pela passagem da estrada
próxima aos seus respectivos territórios durou muitos anos e retardou progresso da região.
A chamada “Guerra dos Portos” atrasou a transformação do Caminho da Graciosa em
estrada carroçável, e que permitisse o tráfego de grandes veículos tracionados por animais.
Em 1830, por ordem do governo de São Paulo, o caminho da Graciosa foi aberto com novo
traçado para o planalto. Após a instalação do governo do Paraná, foi elaborado o novo
projeto da estrada.
Inicialmente foram feitos alguns reparos no trecho entre Curitiba e a Borda do Campo, e
melhoradas as condições na baixada litorânea. Zacarias, devido à escassez de verbas,
optou por melhorar os piores lugares, para facilitar o trânsito e, para isso, deu início ao
alargamento e retificação do caminho, dando-lhe condições de estrada carroçável.
80
Segundo pesquisa realizada em 1997, a maioria dos visitantes é composta de famílias, com
faixa etária predominante de 26 a 34 anos. Visitam o local para apreciar a natureza. São
procedentes da Região Metropolitana de Curitiba (75,85%) em sua maioria, seguidos pelos
que vêm do interior do Paraná (9,93%) e São Paulo (9,32%).
Ainda segundo a pesquisa, durante o verão chegam a circular cerca de 21 mil veículos por
mês na Graciosa, o que representa um número de visitantes em torno de 70 mil por ano.
Com o início da cobrança do pedágio na BR-277, muitos motoristas passaram a utilizar a
Estrada da Graciosa como alternativa, o que ocasionou um aumento no fluxo de veículos.
Cabe salientar que esta região apresenta declives muito inferiores àqueles encontrados nos
demais caminhos históricos.
Embora não se tenha realizado um levantamento aprofundado, pode-se concluir que, pelos
vestígios ali encontrados somados aos depoimentos prestados pelos moradores mais
antigos da região, que o caminho, aqui denominado Cachoeira, deverá necessariamente ser
melhor estudado, pois se num contexto mais amplo não apresentou significação na história
dos Caminhos das Comarcas de Curitiba e Paranaguá, representa verdadeiro marco no
contexto sócio-econômico regional.
Idealizada em 1871 pelo engenheiro Antonio Pereira Rebouças, a linha férrea partiria de
Antonina e passaria por Morretes. O início da execução do projeto só ocorreu em 1873
devido ao descontentamento de Paranaguá, preterida como ponto de partida.
A construção do ramal ferroviário para atender Antonina, a partir de Morretes, só foi iniciada
seis anos depois da inauguração da ferrovia Paranaguá-Curitiba, pela empresa francesa
81
que tinha concessão. A sua conclusão ocorreu no dia18 de agosto de 1892, quando os trens
de carga e de passageiros passaram a percorrer o trecho de quase 17 quilômetros em
quarenta minutos.
O passeio é realizado todos os dias, inclusive domingos e feriados, exceto a litorina, que
não funciona segundas e terças-feiras. O percurso parte de Curitiba, passa pelo Marumbi e
tem ponto final em Morretes.
Os serviços básicos oferecidos são: translado, viagem, city-tour pela cidade correspondente
e almoço ou janta, além de outros peculiares a cada roteiro.
Foi o trecho mais difícil de ser construído justamente por necessitar de obras em plena
Serra do Mar, e o seu trabalho foi vencer, novamente, o degrau de 900 metros em relação
ao nível do mar. Anteriormente, os caminhos históricos e a estrada de ferro já haviam
desafiado o homem, nesta mesma serra de lendas, mistérios e grande sagacidade humana.
82
A história desse trecho da grande estrada começou em 1946, quando foram concluídos os
primeiros projetos e iniciados os trabalhos de topografia.
Projetada para ter duas pistas, somente 22 anos depois, em 1968, a BR-277 pode ser
concluída, com a inauguração de uma das duas pistas completas e a outra, parcialmente
pavimentada.
A sua construção, principalmente no alto da serra, foi das mais difíceis, pois, afora
problemas de topografia e da cerrada mata, o elevado índice de pluviometria retardou muito
os trabalhos. Milhares de homens, técnicos e máquinas foram empregados na implantação
e pavimentação desta via que, cortando uma zona até então inóspita do território
paranaense, veio abrir novas perspectivas de desenvolvimento.
Quem percorre hoje a BR-277, no trecho de Curitiba a Paranaguá, cruzando com centenas
de enormes caminhões, em ambos os sentidos, transportando cereais, automóveis novos,
“containers”, maquinários, produtos manufaturados e grandes peças industriais, não
consegue imaginar como seria possível transpor a serra, contando apenas com as
centenárias estradas de ferro e a Graciosa.
A maior parte dos produtos exportados pelo Porto de Paranaguá desce pela BR-277. A
ferrovia ainda desempenha significativo papel complementar, mas encontra-se no limite de
sua capacidade de transporte. Há muitos anos, foram terminados projetos para a construção
de um novo traçado de ferrovia e algumas obras de terraplanagem e viadutos chegaram a
ser realizadas.
Essa rodovia permitiu o desenvolvimento do turismo, até então, incipiente no litoral. Não só
os municípios históricos tiveram maior movimentação de visitantes e comercialização de
terras, como as praias tiveram o maior surto imobiliário jamais visto na história. O comércio
urbano e de beira de estrada floresceu. A agricultura e a fruticultura cresceram com a
facilidade de comercialização dos seus produtos. Pontos históricos foram redescobertos e
tiveram incentivada a sua visitação.
Esta obra de engenharia, executada pela Petrobrás, representa o mais recente desafio que
o homem enfrentou para vencer as dificuldades de transposição da Serra do Mar, no estado
do Paraná. Os serviços foram desenvolvidos em dois trechos da serra: um que desceu em
direção a Paranaguá, no Paraná; e outro que seguiu em direção a Garuva, na parte baixa da
serra, no estado de Santa Catarina.
O documento apontava, ainda, razões para a implantação do oleoduto. Além das vantagens
relacionadas diretamente com o transporte, a construção de um oleoduto interligando
Paranaguá a Curitiba traria ainda outras razões, como desafogo do tráfego num dos trechos
mais movimentados da rodovia paranaense, manutenção da frota de caminhões-tanque do
Paraná, possibilidade de baratear o preço da gasolina e outros combustíveis no Estado, etc.
83
Em 12 de março de 1973 a PETROBRAS deu início às obras da Refinaria de Araucária,
numa área de 10 milhões de metros quadrados, às margens da BR-476, na chamada
Rodovia do Xisto, a 25 quilômetros de Curitiba. Simultaneamente, dois oleodutos,
necessários para o funcionamento da refinaria, eram instalados. Um ligando o terminal de
Ubatuba com a refinaria de Araucária, numa extensão de 117 quilômetros, transpondo a
Serra do Mar, 13 rios e riachos e os municípios de Araucária, Curitiba, Fazenda Rio Grande,
São José dos Pinhais, Tijucas do Sul, Guaratuba, Garuva, Itapoá e São Francisco do Sul. O
outro, interligando Araucária com o Porto de Paranaguá, permitia o escoamento do
excedente de produção e atendia outras regiões do país.
84
6 QUADRO SOCIOECONÔMICO
Urbanizados em sua maioria, com uma taxa média de urbanização em torno de 77,45%,
exceto Morretes e Piraquara, onde a população rural é superior à urbana, os seis municípios
reúnem aproximadamente 12% da população da Mesoregião Metropolitana de Curitiba.
São José dos Pinhais é o terceiro maior valor adicionado da Região Metropolitana de
Curitiba e um dos vinte maiores consumidores de energia elétrica do Estado, com consumo
médio por consumidor de 9,5 MWH24, superior à média da RMC, que é 6,7 MWH.
Quanto ao valor adicionado fiscal, o destaque nos diferentes setores da economia (primário,
secundário, comércio e serviços) é a participação de São José dos Pinhais, como já
mencionado: 5,411% no valor adicionado total do Estado.
Os outros cinco municípios têm participação pouco expressiva em relação ao total do
Estado: variação de 0,035%, percentual de Morretes; a 0,217%, Quatro Barras. O Produto
Interno Bruto/PIB per capita anual, em 1999, revelava a disparidade entre as economias
destes municípios: valores que vão de R$11.553,91 (onze mil e quinhentos reais) em São
José dos Pinhais; a R$2.616,89 (dois mil e seiscentos reais) em Antonina. Portando, um PIB
mensal per capita de R$962,82 em São José dos Pinhais; e de R$218,07 em Antonina.
Além da presença de segmentos importantes dos afloramentos rochosos da Serra do Mar,
Quatro Barras, Piraquara, e Campina Grande do Sul destacam-se como áreas de
mananciais, reservatórios de água para toda a Região Metropolitana de Curitiba, e por isso
mesmo municípios recortados por APAs e outras modalidades de Unidades de
Conservação, o que lhes determina o uso diferenciado do território, com restrições ao
24
Megawatt hora
85
desenvolvimento nos padrões convencionais vigentes. Ao mesmo tempo, têm pressão
demográfica acentuada por efeito da gestão da terra em Curitiba - que empurra para a
periferia e arredores a população em desvantagem social e econômica. Os quatro
municípios da Região de Curitiba contêm importantes áreas de mineração, e de reservas
minerais para a construção civil.
Este aporte de recursos é significativo para os seis municípios: na origem dos seus recursos
financeiros, as receitas predominantes são as transferências do Estado e as da União. Em
Antonina e Morretes, 1999, o impacto do ICMS Ecológico sobre o ICMS total foi de 30,98%
e 40,88% respectivamente. Importante observar que os seis municípios com territórios na
AEIT contêm áreas que entram na composição de outras unidades de conservação, pelas
quais também recebem ICMS Ecológico.
A porção territorial dos seis municípios que configuram a AEIT do Marumbi (Figura 1) é
100% rural, as manchas de ocupação antrópica são localizadas exclusivamente às margens
da UC e se caracterizam por atividades de pequenos produtores de subsistência e
extrativistas; chácaras e condomínios de recreio; turismo rural, esportivo e de aventura,
ainda nos moldes convencionais; iniciativas pontuais de investimento no ecoturismo;
reflorestamentos e agricultura comercial convencional; cultivo e comércio de ornamentais
exóticas e nativas; e iniciativas localizadas de agroecologia associadas ao movimento da
agricultura familiar no Estado, estimuladas pela EMATER, em parceria com associações
locais e instituições, governamentais e não governamentais.
86
Além de suas margens que abrigam atividades antrópicas, a AEIT exibe densa e complexa
vegetação florestal, nascentes, quedas d’água e bacias hidrográficas, sistema
magnificamente protegido por afloramentos rochosos de grande, médio e pequeno porte, a
Serra do Mar. Morretes, Antonina e Campina Grande do Sul são, nesta ordem, os
municípios com maior porção de território dentro da APA: juntos, representam 88% da área
total da UC.
CAMPINA GRANDE DO Bacia do Capivari Sede - setor 35* Samambaia, Saltinho, Barro
SUL Branco, Rio Bonito, Rio Tucum,
Belisco, Cerrinho, Britador
Setor 36* Guaricana, Cachoeira,
Ribeirão Grande
Setor 37* Capivari, Ribeirão Vermelho,
Indiatuba
Setor 38* Jaguatirica
Setor 39* Pinheiros, Bela Vista, Figueira,
Água Amarela, Lajeado
Setor 40* Barra da Cruz
MORRETES Bacia do Nhundiaquara Distrito 10 - Porto de Cima Grota Funda, Corvo, Ferradura,
SJoão Graciosa, Prainha,
Setor 2*
Poço Preto, Entre Rios,
Itupava, Ipiranga, Formigueira.
Distrito 05 - Sede Pantanal, Fartura, Anhaia
Setor 10*
Setor 11* Cruz Alta, Ponte Alta, América
de Cima, América de Baixo
Setor 18* Pau Oco, Cabrestante,
Santana, Pedra Preta, Marumbi
SÃO JOSÉ DOS PINHAIS Bacia do Rio Pequeno Distrito Borda do Campo de Morro do Meio
São Sebastião
Setor 19*
Fonte: Mapas dos setores censitários do IBGE e consulta com técnicos locais: Prefeituras, EMATER e IAP.
87
Figura 11 - Setores Censitários na AEIT do Marumbi
88
O número de moradores na AEIT do Marumbi é relativamente pouco expressivo: segundo
dados do IBGE/2000, agregados por setores censitários situados dentro área, 7.512
moradores habitavam os 66.722,99 km2 da AEIT, o que indica uma densidade demográfica -
índice dado pela relação número de moradores por quilômetro quadrado - de
aproximadamente 1,13 hab/km2.
Campina Grande do Sul, Morretes e Antonina são, nesta ordem, os municípios com os
destaques superiores, com 89% da população da UC. A densidade demográfica revela a
pouco expressiva ocupação humana na região: ela é maior em Campina Grande do Sul - 37
hab/km2 e Quatro Barras - 11,4 hab/km2. Em ordem decrescente, Morretes - 7,8 hab/km2;
Piraquara e Antonina - 3,1 hab/km2 cada uma; e São José dos Pinhais - 2,5 hab/km2,
completam a seqüência (Tabela 6). É na faixa de Campina Grande do Sul, Morretes e
Antonina, que as manchas das atividades antrópicas estão acentuadas.
2
Tabela 6 - Área dos Municípios, Número de Moradores em 2000 e hab/km
2
Municípios Área/km Moradores Densidade Demográfica
ANTONINA 223.352,5 704 3,1 hab/km2
CAMPINA GRANDE DO SUL 120.836,8 4.445 37,0 hab/km2
MORRETES 241.481,4 1.874 7,8 hab/km2
PIRAQUARA 41.653,1 131 3,1 hab/km2
QUATRO BARRAS 29.119,2 331 11,4 hab/km2
SÃO JOSÉ DOS PINHAIS 10.770,1 27 2,5 hab/km2
AEIT do Marumbi 667.213,1 7.512 11,3 hab/km2
Fonte: IAP/2003 e IBGE/2000
89
mais que pelo crescimento vegetativo, relativamente estabilizado em linha descendente, a
dinâmica de sua população é fortemente caracterizada pelos fluxos migratórios.
Nos dois recortes, Região de Curitiba e Litoral do Paraná, vale observar que os atuais
moradores dos domicílios rurais se diferenciam do rural tradicional onde a atividade
extrativa, agrícola e de criação de animais de produção eram praticamente exclusivas. Sua
característica é a diversificação de atividades a incluir: prestação de serviços nas rodovias
postos de gasolinas, restaurantes, hotéis e pousadas, borracharias e afins; prestação de
serviços de turismo e lazer; diaristas em cultivos vizinhos; assalariados mensalistas em
chácaras; pequeno comércio de beira de estrada alimentos e artesanato, plantas
ornamentais e cernes de madeira; pequenas indústrias de transformação - farinha de
mandioca, passas e balas de banana, compotas e doces em pasta, mel e alambiques - e
chacareiros, uma população crescente formada por aposentados, ex-moradores urbanos,
que buscam na vida campestre o conforto da qualidade de vida junto à natureza.
Segundo o Censo Demográfico de 2000, divulgado pelo IBGE, o território da AEIT está
ocupado por aproximadamente 7.512 pessoas distribuídas em 1.974 domicílios
permanentes, numa relação de 3,8 moradores por domicílio, sendo 68,9% dos domicílios na
condição de imóvel próprio e 26,2% na condição de cedido. Destes, 79% cedidos pelo
empregador, fenômeno característico de áreas de chácaras de lazer e da transferência de
propriedades, onde o antigo proprietário passa a prestar serviço ao novo na condição de
caseiro, a desenvolver atividades agrícolas de pequeno porte.
No aspecto sanitário, 93,4% dos domicílios têm banheiro ou sanitário (Tabela 8). O IBGE,
fonte destas informações, entendeu por banheiro o “cômodo que dispunha de chuveiro ou
banheira e aparelho sanitário”. E por sanitário o “local limitado por paredes de qualquer
material, coberto ou não por um teto, que dispunha de aparelho sanitário ou um buraco para
dejeções”. Destes, apenas 1,4% estão ligados à rede de esgoto, praticamente todos - 24 de
26 - em Campina Grande do Sul.
Ainda do ponto de vista do esgotamento sanitário, 45% dos domicílios conta com fossa
séptica e 35,5% com fossa rudimentar. Entende-se por fossa rudimentar a também
chamada fossa negra, poço ou buraco. A vala, também conhecida como esgoto a céu
aberto, responde por 8,6% dos canais de esgotamento sanitário. Os cursos d´água próximos
90
- rio, lago ou mar - são o destino dos dejetos de 6,4% dos banheiros ou sanitários na AEIT.
Ao se associarem as condições inadequadas evidenciadas pela utilização da fossa
rudimentar, vala, e cursos d’água, tem-se aproximadamente 55% dos domicílios nesta
situação (Tabela 8), a maioria concentrada em Campina Grande do Sul, onde se encontram
76,9% das fossas rudimentares, 82,4% das valas e 98,0% dos depósitos em rios e lagos.
Em relação ao destino do lixo, apenas 32,7% dos domicílios dispõem de algum tipo de
serviço de coleta, direta ou por caçamba. Queimar enterrar ou simplesmente jogar em
terrenos baldios é a prática alternativa em 67% dos demais domicílios, com destaque para a
primeira delas, a queimada (Tabela 8). Não há lixo jogado em cursos d’água.
Fatos que chamam a atenção neste universo de domicílios: os números, quase tribais, de
moradores por domicílio, característica dos antigos domicílios rurais, cedem a vez para um
território onde a relação é semelhante à situação urbana, com aproximadamente 3,8
moradores por moradia; há um percentual expressivo de domicílios com apenas um
morador - 10,5% deles; e um índice surpreendente: quase 10% dos domicílios não têm
moradora mulher (Tabela 9).
Tabela 9 - Domicílios Particulares: Especificidades
DOMICÍLIOS PARTICULARES
MUNICÍPIOS LOCALIDADES Com + de 10 Com zero Com zero morador
Com 1 morador
moradores morador homem mulher
ANTONINA 5 27 5 11 25
C.G.SUL 21 93 7 45 91
MORRETES 22 75 8 34 60
PIRAQUARA 1 3 2 1 3
Q.BARRAS 2 9 - 4 11
S.J.PINHAIS 1 1 - - 1
APA 52 208 22 95 191
Fonte: IBGE. CDROM Agregados por Setores Censitários, 2000
91
Das 1.966 pessoas declaradas como responsáveis pelos domicílios situados na AEIT
(Tabela 10), 45,7% são alfabetizadas e 13,7% são mulheres. O grupo etário constituído por
pessoas com mais de sessenta anos representa quase 18% dos responsáveis pelos
domicílios, a reproduzir uma situação presente na sociedade brasileira, onde é cada vez
maior o número de famílias que dependem da aposentadoria dos mais velhos, no caso
aposentadorias rurais, para a sua manutenção. Mananciais da Serra, em Quatro Barras, é a
comunidade com a maior incidência proporcional de domicílios cujos responsáveis têm mais
de 60 anos: 26,4%. Adolescentes como chefes de família ocorre em 1,6% dos domicílios.
Eles se concentram em Campina Grande do Sul, com maior incidência de casos em Rio
Vermelho, Bela Vista e arredores.
Tabela 10 - Características das Pessoas Responsáveis pelos Domicílios
PESSOAS RESPONSÁVEIS PELOS DOMICÍLIOS
Sem instrução e menos de 1
MUNIC. LOCAL. MULH.ALF 10 a 19 60 anos
TOTAL ALFAB. MULHERES ano de estudo
. anos e+
Total Mulheres
ANT 5 181 154 21 16 6 38 37 5
CGS 21 1149 968 148 91 21 179 196 59
MOR 22 510 179 82 69 3 98 51 14
PIR 1 30 27 5 5 1 4 6 -
Q BAR 2 88 68 13 6 - 23 19 7
SJP 1 8 3 - - - 3 5 -
APASM 52 1966 899 269 187 31 345 314 85
Fonte: IBGE. CDROM Agregados por Setores Censitários, 2000
Dentre os responsáveis pelos domicílios, aproximadamente 16% não têm instrução formal
ou têm menos de um ano de escolaridade. Neste grupo, as mulheres são minoria, 4,3%; isto
é, no conjunto dos responsáveis pelos domicílios na AEIT as mulheres com escolaridade
formam um subconjunto mais representativo.
Do ponto de vista do rendimento mensal (Tabela 11), o quadro obtido para os responsáveis
pelos domicílios na AEIT indica aproximadamente 36,70% de chefes de família - 701 num
universo de 1966 - nos grupos sem rendimento ou rendimentos de até 1 salário mínimo.
Tabela 11 - Pessoas Responsáveis pelos Domicílios - Rendimento Mensal
Ate ½ ½a1 1a2 2a3 3a5 5 a 10 + de SEM RENDIMENTO
MUNICÍPIOS LOCALIDADES
SM SM SM SM SM SM 10 SM TOTAL MULHERES
ANTONINA 5 3 61 37 11 18 21 21 20 1
C.G.SUL 21 10 284 338 163 176 87 87 63 16
MORRETES 22 4 161 137 62 52 36 36 41 9
PIRAQUARA 1 - 1 10 4 1 1 - 9 2
Q.BARRAS 2 2 26 28 7 8 3 1 13 2
S.J.PINHAIS 1 - 3 4 1 - - - - -
APASM 52 19 536 554 248 255 148 18 146 30
Fonte: IBGE. CDROM Agregados por Setores Censitários - 2000
No Paraná este índice é de 26,0% e no Brasil 33,53%. Nas APAs no Litoral do Paraná, Vale
do Ribeira e Região de Curitiba, exceto Curitiba, a situação se repete, agravada em
Guaraqueçaba, onde o mesmo índice é de 56,89%. Se a este segmento somar-se os que
obtêm rendimento mensal entre um e dois salários mínimos, tem-se 64% dos chefes de
92
família com rendimentos insuficientes para sobreviver numa economia de mercado. Este
dado é especialmente importante porque evidencia a dependência deste segmento dos
moradores das atividades extrativistas e da prática da agricultura de subsistência para a
reprodução social da família.
O outro extremo - o dos moradores com mais de sessenta anos - participa com 7,5% do
total, a destacar que neste grupo estão 18% dos responsáveis pelas famílias locais que as
sustentam com sua aposentadoria. A maioria da população residente na AEIT é
alfabetizada, 74,9%, sendo o número de homens alfabetizados superior ao das mulheres
(Tabela 13).
Tabela 13 - Pessoas Residentes: Taxas de Alfabetização
PESSOAS RESIDENTES MULHERES RESIDENTES HOMENS RESIDENTES
MUNICÍPIOS Localidades
TOTAL ALFAB. TX.ALF. TOTAL ALFAB. TX.ALF. TOTAL ALFAB. TX.ALF.
ANTONINA 5 704 555 78,9 341 256 75,1 363 299 82,4
C.G.SUL 21 4.445 3.265 73,4 2.112 1.513 71,6 2.333 1752 75,1
MORRETES 22 1.874 1.454 77,6 911 703 77,2 963 751 78,0
PIRAQUARA 1 131 88 67,2 63 39 61,9 68 49 72,1
Q.BARRAS 2 331 249 75,2 143 106 74,1 188 143 76,1
S.J.PINHAIS 1 27 13 48,1 14 7 50,0 13 6 46,1
APASM 52 7.512 5.624 74,9 3.584 2624 73,2 3.928 3.000 76,6
Fonte: IBGE. CDROM Agregados por Setores Censitários, 2000
93
É importante acentuar que, de maneira geral, a idéia de abrigar unidades de conservação
aparece para os municípios da AEIT como restrição ao desenvolvimento local. Para
moradores e administradores, abrigar bens naturais de interesse coletivo é um fato, na
prática, por enquanto experimentado como uma punição. A região da AEIT que recorta os
mananciais, especialmente a de Piraquara, mas também a de Quatro Barras e de Campina
Grande do Sul, carrega o ônus de ser o lugar onde ainda há água de boa qualidade, o ônus
de ser o manancial da Serra. E, de acordo com os valores locais, isso tem um custo, o custo
de não poder se desenvolver da mesma maneira que os demais municípios.
Este conjunto de municípios que abriga inúmeras áreas protegidas para assegurar o
abastecimento de água para os que já contaminaram suas próprias fontes, e a preservação
das áreas que os nativos mantiveram intactas, “para os de fora, porque não querem a gente
aqui”, contraditoriamente desempenhou o papel de “colchão amortecedor” para a população
pobre, aquela que não pode se estabelecer em Curitiba. Fazer “vistas grossas” à legislação
incidente sobre a área dos mananciais, na Região de Curitiba, e deixar que a população
pobre ali se instalasse foi uma possibilidade porque, até recentemente, para o mercado
imobiliário, estas áreas eram sem valor, sofriam restrição de uso, não podiam ser loteadas,
ocupadas e vendidas.
Assim, explodiram as populações de Piraquara, Colombo e São José dos Pinhais, parte e
entorno da AEIT, abrigando a mão de obra barata que apenas mora na região, não produz
nem consome nela. Ali ocorreu uma dinâmica onde numa ponta havia uma restrição mal
vista pelos municípios, e na outra uma legislação não cumprida pelo Estado. A animosidade
foi gerada. Conter unidades de conservação significa, de maneira geral, para os
administradores municipais, “perder oportunidades”. Nos anos recentes, o afrouxamento e a
alteração da legislação que incidia sobre as áreas dos mananciais, medida governamental
determinada para viabilizar a instalação das montadoras de automóveis, transformou estas
áreas em três APAs. A medida favoreceu especialmente São José dos Pinhais. E o capital
imobiliário.
A figura legal de uma APA parece ser pouco compreendida: diferentemente dos parques,
não se trata de uma área desapropriada pelo Estado para ser protegida. Trata-se de uma
disciplinação mais rigorosa de uso numa área que continua privada, mas é de interesse
público. A municipalidade sofre pressão do setor privado que não assimila a interferência do
Estado em seu domínio. As APAs são compostas por fragmentos de municípios, o que
dificulta a gestão interna (no mesmo município territórios submetidos a legislação
diferenciada) e a gestão externa, compartilhada. Geram cobranças que os municípios não
estão capacitados a responder, sem recursos técnicos nem financeiros.
O turismo, destacado como vocação natural das regiões de beleza cênica e diversidade
cultural até por evidências localizadas de seu potencial como atividade socioambientalmente
sustentável, não é uma unanimidade, encontra restrições particularmente entre aqueles com
interesses e/ou raízes na agricultura e no extrativismo. Estes expressam intolerância frente
à possibilidade de ter o espaço invadido por estranhos que, segundo eles, “por onde
passam estragam tudo”, “fazem do lugar um depósito de lixo”, “acham que porque a gente
planta, a gente destrói a natureza”. “Não queremos limpar latrinas usadas por
desconhecidos”. “Sempre rezamos nossas missas nos morros, mais perto de Deus. Agora,
por conta de ser área de preservação, é proibido”. “Por causa do turista, que vem pra fazer
sujeira e bagunça”.
94
no turismo revelam receios frente a políticas que estimulem a expansão da agropecuária
comercial e da agricultura familiar: iniciativas desta ordem “reduziriam o potencial regional
para o desenvolvimento do turismo”, que é a “vocação natural da região”.
A população, em geral, quer trabalho e renda. Sua visão de futuro é alimentada pelos
diversos cultos religiosos que, a exemplo do que ocorre na sociedade brasileira, urbana e
rural, se multiplicam em progressão geométrica. Na AEIT do Marumbi, os agrupamentos
religiosos mais significativos e influentes são a Convenção Batista, as Testemunhas de
Jeová, a Assembléia de Deus, a Congregação Cristã, a Igreja Pentecostal, a Igreja Católica
e a Federação Espírita/União Espírita. No litoral, a maçonaria, sociedade parcialmente
secreta, muito antiga, que articula lideranças com o objetivo de desenvolver o princípio da
fraternidade e da filantropia, também é influente. Somam-se a estes inúmeros agrupamentos
menores, dentre eles as sincréticas tendas de umbanda e afins que realizam seus rituais
nas áreas naturais, privilegiadamente ao longo da Estrada da Graciosa, em pontos de
encruzilhadas, cachoeiras e corredeiras.
No setor imobiliário, o grande diferencial atual é que onde antes não havia interesse, hoje
há. E isto é mais uma frente de conflito. As terras que não valiam nada, agora valem: há
uma tendência de mudança do perfil da ocupação da Região de Curitiba, uma tendência de
“melhorar” o padrão de ocupação, de instalar o “uso nobre”, com a construção de
condomínios de luxo, e a implantação de investimentos turísticos mais e menos sofisticados,
uma tendência interessante para as administrações municipais. Para onde serão
(re)empurrados os pobres? O que sobrará para este grupo? Provavelmente, a faixa
litorânea, a Serra do Mar.
É preciso muita atenção para que, ao disciplinar o uso da terra na AEIT do Marumbi, não
sejam geradas restrições que se constituam em futuros “vazamentos” a atingir novas áreas
naturais. Nas frentes de expansão das cidades, nos pontos de atração turística e ao longo
das estradas, o atendimento ao Estatuto da Cidade e a elaboração de um Plano Diretor
Municipal, disciplinando eixos de expansão urbana, áreas mínimas para lotes25 e áreas
máximas de construção, são instrumentos legais que podem assegurar a conservação dos
recursos naturais e impedir a luxúria do capital imobiliário.
25
deverão ser seguidas as normas da Instrução nº 17b/80/INCRA, Portaria nº 32/89 e Portaria MA nº 168/89
referente a fração mínima de parcelamento do solo rural.
95
agropecuárias, da agricultura familiar e de subsistência com o desenvolvimento do turismo,
e toda a rede de serviços integrados/gerados pelo setor.
Como as prefeituras, o conjunto dos moradores igualmente não tem informação nem apoio
para a transição cultural, para a conversão econômica e para a gestão política que a
.implantação de uma APA exige. Sem tradição associativa, apenas sentem o peso das
restrições. É preciso tempo e programas especiais para a identificação e construção
conjuntas - setor público, privado e sociedade civil - de alternativas para a mudança.
Na porção interna do território da AEIT, investimentos industriais devem ser evitados. Mas
no entorno da UC - Região de Curitiba - eles não apenas estão previstos, como se
configuram como necessários. Devem ser tomadas medidas para que os municípios
respondam seus desafios de desenvolvimento com empreendimentos economicamente
eficientes, ecologicamente prudentes e que revelem atenção à eqüidade social. Entende-se
aqui por eqüidade social a capacidade de responder às diferenças sociais com políticas e
ações diferenciadas, de modo a assegurar oportunidades iguais para todos.
O Plano Diretor de Campina Grande do Sul, município que tem a área de maior densidade
demográfica da AEIT do Marumbi, e que acompanha a BR-116, prevê um ”setor de
serviços” nesta linha, com vistas à geração de trabalho e renda para a crescente população
local; e investimentos na urbanização das três maiores comunidades locais: Paiol de Baixo,
Barragem e Jaguatirica, as duas últimas dentro da UC. A Agência de Desenvolvimento da
Mesorregião Ribeira/Guaraqueçaba articula uma cadeia produtiva de madeira na região de
Campina Grande do Sul, Bocaiúva do Sul, Tunas, Adrianópolis e Cerro Azul, áreas fora da
APA, mas em sua vizinhança imediata e com repercussões na dinâmica populacional local.
96
6.2 Indicadores Temáticos Municipais
Paraná 9.563.458 4.737.420 4.826.038 7.786.084 3.786.08 3.984.067 1.777.374 52,6 841.971
RMC 3.053.313 1.499.659 1.553.654 2.764.921 1.348.072 1.416.849 288.392 151.587 136.805
MR Curitiba 2.662.441 1.301.422 1.361.019 2.487.517 1.209.947 1.277.570 174.924 91.475 83.449
C. Grande do 34.566 17.570 16.996 25.973 13.070 12.903 8.593 4.500 4.093
Sul
Piraquara 72.886 37.662 35.224 33.829 16.874 16.955 39.057 2.088 18.269
% 53,6
Quatro Barras 16.161 8.140 8.021 14.520 7.257 7.263 1.641 883 758
SJPinhais 204.316 102.412 101.904 183.366 91443 91.923 20.950 10.969 9.981
MRParanaguá 235.840 118.709 117.131 209.224 104.456 104.768 26.616 14.253 12.363
Antonina 19.174 9.629 9.545 15.837 7.860 7.977 3.337 1.769 1.568
Morretes 15.275 7.854 7.421 7.153 3.570 3.583 8.122 4.284 3.838
% 53,2
Municípios da 362.378 183.267 179.111 280.678 140.074 140.604 81.700 43.193 38.507
APA
No Litoral do Paraná, desde 1980 Antonina se destaca como um dos três municípios com
taxas relativamente superiores de crescimento anual da população (os outros dois são
Guaratuba e Matinhos). Como pode ser observado na Tabela 15, entre 1980 e 1991
Antonina cresceu respectivamente a taxas de 0,42% a.a., e 1,31% a.a.
97
Tabela 15 - Distribuição da População: Taxas de Crescimento e Densidade, segundo IBGE 2000
Taxas de crescimento
Taxas de crescimento Densidade Taxa de
Área População total Densidade
demográfica urbanização
km2 Urbana Rural demográfica
1991/2000 1991/2000 rural 2000 2000
1980/1991 1991/2000
RMC 2,84 3,13 3,28 1,82 132,67 90,56
Antonina 968,98 0,42 1,31 1,38 1,01 19,79 82,60
C.G do Sul 544,22 6,38 6,73 8,33 2,97 63,51 75,51
Morretes 686,59 - 0,07 1,71 1,63 1,78 22,25 12,28 46,83
Piraquara 226,33 -7,09 9,89 6,39 14,17 322,03 46,40
Q. Barras 179,67 5,23 5,52 6,72 -1,48 89,95 89,84
SJ Pinhais 945,61 5,51 5,43 5,69 3,43 216,07 27,50 89,75
Municípios
3.551,40 102,03 77,45
da APA
Fonte: IBGE/IPARDES - Dados brutos, 2000.
Morretes, que apresentava crescimento negativo na década 80/90 (-0,07% a.a.) retoma o
crescimento na década seguinte: 1,71% a.a. Desdobradas as informações para população
urbana e rural, observa-se variação positiva no crescimento da população rural, revertendo
a tendência até então histórica de perda de população - à exceção de Quatro Barras, na
Região de Curitiba, onde se destacam os índices de crescimento em Piraquara, 14,17%
a.a.; São José dos Pinhais, 3,43% a.a.; e Campina Grande do Sul, 2,97% a.a.
Uma outra dinâmica a ser destacada é a rede de agricultores que se articula e se organiza a
partir do Pólo de Agroecologia, presente tanto na microregião de Curitiba, sob liderança da
AOPA (Associação da Agricultura Orgânica do Paraná); quanto na microregião de
Paranaguá/Litoral, numa iniciativa da EMATER/PR.
98
Desde a década de 60, constatam-se alterações na estrutura etária da população brasileira,
mais especialmente na Região Sul do país, alterações aparentemente resultantes de queda
nos níveis de fecundidade (IBGE, 2000). Entre os anos 1980 e 2000, observa-se redução
proporcionalmente significativa no número de crianças de 0 a 14 anos na população total.
Ao mesmo tempo, um aumento da proporção da população em idade ativa, entre 15 a 64
anos, e da população com 65 anos e mais.
Tabela 16 - Composição da População Residente por Grupos Etários e Índice de Envelhecimento dos Municípios
da AEIT do Marumbi em 2000
População 0 a População 15 a População 65 Índice de Razão de
14 anos 64 anos anos e + Envelhecimento(1) dependência(2)
Urbana Rural Urbana Rural Urbana Rural Urbana Rural Urbana Rural
Antonina 4.840 1.113 9.772 2.017 1.225 207 7,74 6,20 62,07 65,44
C.G. do Sul 8.570 2.757 16.653 5.439 750 397 2,89 4,62 55,97 57,99
Morretes 2.029 2.617 4.583 4.957 541 548 7,56 6,75 56,08 63,85
Piraquara 11.016 13.288 21.550 24.781 1.263 988 3,73 2,53 56,08 63,85
Q.Barras 4.532 525 9.443 1.050 545 66 3,75 4,02 53,76 56,29
S.J.Pinhais 55.907 6.209 12.1084 13.676 6.375 1.065 3,48 5,08 51,44 53,19
Municípios da
86.894 26.509 183.085 51.920 10.699 3.271 3,81 4,00 53,30 57,35
APA
(1) Índice de envelhecimento: proporção de idosos (65 e +) sobre a população total.
(2) Razão de dependência: percentual de idosos e crianças (0 a 14 e 65 e+) sobre a população de 15 a 64 anos
Fonte - Dados brutos Censo Demográfico 2000 CD ROM: IBGE, 2002
Nos seis municípios com porções territoriais na AEIT (Tabela 16), 31,3% da população total
faz parte do grupo entre zero e 14 anos de idade. E 3,9% dos com 65 anos e mais. Nos
mesmos grupos, a situação rural apresenta ligeira superioridade sobre a urbana: 32,4% rural
e 30,9 urbana, na faixa de zero a 14 anos; e 4,0% rural para 3,8% urbana, na faixa de 65
anos e mais. No grupo intermediário, da população entre 15 e 64 anos de idade,
considerado o grupo da população economicamente ativa, a situação se inverte: a
predominância é do grupo urbano (65,2%) sobre o rural (63,5%).
99
6.2.2 INDICADORES SOCIAIS
Ao mesmo tempo que apontam as áreas onde há carência, suficiência, melhor e menor
aproveitamento dos investimentos sociais, públicos e/ou privados - e portanto orientam
programas de aplicação de recursos - os IHDMs também atraem empreendedores por
sinalizarem áreas onde o capital humano é melhor qualificado. O capital humano é
constituído no mundo da cultura, contém o universo simbólico e emocional, o saber fazer e
os conhecimentos; é desenvolvido no processo educacional e pelo sistema de saúde; pela
capacidade de produção e de consumo; pela capacidade intelectual e criatividade do grupo
social (ORGANIZATION FOR ECONOMIC COOPERATION AND DEVELOPMENT, 2000).
No conjunto dos municípios que constituem a AEIT, entre 1991 e 2000, o acesso à
educação foi o maior responsável pelo aumento do IDHM (Tabela 17). O aumento do
componente longevidade contribuiu positivamente para o crescimento do IDHM em todos os
municípios, e apesar de sua contribuição para o acréscimo geral do IDHM do conjunto,
apresenta grandes variações quando são analisados os municípios individualmente. Este
índice se destaca especialmente em dois dos municípios - Antonina e Morretes - de tal
forma, que determina o desempenho do grupo. A variação da renda é menos significativa no
conjunto dos municípios. No período entre 1991 e 2000 este indicador varia entre 0,05, São
José dos Pinhais; até 0,061, Antonina (Tabela 18).
Os maiores IDHM do grupo são os de São José dos Pinhais (0,796), Quatro Barras (0,774),
e Antonina (0,770) o que situa estes municípios na categoria de médio desenvolvimento
humano. Embora menores, os IDHMs dos demais municípios são superiores à 0,700
situando-os na mesma categoria. Os valores mais baixos são os de Piraquara (0,744) e
Morretes (0,755) (Tabela 17). Nenhum município situou-se na faixa de baixo
desenvolvimento humano (< ou = 0,499). Como a alavanca se expressou principalmente no
desempenho do indicador Educação, e parcialmente no indicador de longevidade, estes
resultados estariam eventualmente a demonstrar que o desenvolvimento humano não
depende só da renda, que as condições sociais podem melhorar mesmo em um ambiente
de pobreza monetária.
Os dois municípios que mais aumentaram o índice de desenvolvimento humano, entre 1991
e 2000, foram Antonina e Morretes, ambos com uma variação de 0,086: Antonina passou de
0,684 para 0,770; Morretes de 0,669 para 0,755. Os que menos cresceram foram Piraquara,
de 0,705 para 0,744; e São José dos Pinhais, de 0,728 para 0,796. Como estes dois
detinham os maiores IDHMs em 1991, isto pode revelar que é relativamente mais difícil
crescer a partir de um patamar mais alto do que de um mais baixo.
100
a 1205ª. Importante observar que Morretes e Antonina são municípios históricos, da linha
litorânea, sob influência da dinâmica dos balneários e dos portos de Antonina e Paranaguá.
Campina Grande do Sul, Piraquara, Quatro Barras e São José dos Pinhais fazem parte da
aglomeração metropolitana polarizada por Curitiba.
São José dos Pinhais e Quatro Barras, municípios polarizados por Curitiba, capital do
estado, portadores dos IDHMs mais altos em 1991, fazem parte dos que concentram a
renda regional proveniente do comércio e da indústria, expressivamente representadas pela
capital e São José dos Pinhais. Se a eles associarmos o município de Campina Grande do
Sul temos os quatro municípios que - no grupo dos que formam a AEIT do Marumbi -
participam da aglomeração metropolitana, compondo a maior fração do valor adicionado
local (Tabela 25), depois de Curitiba; e detentores das maiores taxas de crescimento
regional da população urbana entre 1991 e 2000 (Tabela 15). Em contrapartida, Antonina e
Morretes participam do grupo mais empobrecido do Paraná.
Tabela 17 - IDHM dos Municípios que Compõem a AEIT do Marumbi - Composição e Classificação 1991-2000
Exp. Taxa Taxa Índice
Renda Índice Índice IDH- Class. Class.
MUNICÍPIOS Ano Vida Alfab. Bruta Longe-
p/capita Educ. Renda M UF (2) Nac.
(1) Adultos Frq. esc. vidade
1991 67,11 82,46 62,71 136,04 0,702 0,759 0,593 0,684 107 1.567
ANTONINA
2000 73,67 88,56 76,14 196,80 0,811 0,844 0,654 0,770 91 1.329
1991 67,53 84,90 52,93 176,60 0,709 0,742 0,636 0,696 83 1.327
C.G.SUL
2000 70,73 92,19 72,13 212,54 0,762 0,855 0,667 0,762 120 1.542
1991 61,66 86,94 60,12 157,40 0,611 0,778 0,617 0,669 165 1.933
MORRETES
2000 67,64 91,18 80,93 223,13 0,711 0,878 0,675 0,755 139 1.736
1991 66.05 86,85 60,42 192,45 0,684 0,780 0,651 0,705 57 1.124
PIRAQUARA
2000 67,47 91,39 74,84 208,89 0,708 0,859 0,664 0,744 183 2.053
QUATRO 1991 63,66 88,27 61,24 208,45 0,644 0,793 0,664 0,700 72 1.239
BARRAS 2000 67,85 92,85 80,35 294,64 0,714 0,887 0,722 0,774 76 1.205
S. J. DOS 1991 66,61 90,61 61,79 230,18 0,694 0,810 0,681 0,728 20 637
PINHAIS 2000 70,85 94,31 79,31 311,29 0,764 0,893 0,731 0,796 28 640
MUNICÍPIOS 1991 65,43 86,47 59,86 183,52 0,674 0,777 0,640 0,697 - -
AEIT* 2000 69,70 91,74 77,28 241,21 0,745 0,866 0,685 0,767 - -
1991 0,719 6
PARANÁ
2000 0,786 6
*Dimensionado a partir da média dos indicadores municipais.
(1) Expectativa de vida
(2) Classificação da Unidade da Federação
Fonte: www.undp.org.br
101
Tabela 18 - Variação nos Índices que Compõem o IDHM dos Municípios da AEIT do Marumbi 1991-2000
MUNICÍPIOS LONGEVIDADE EDUCAÇÃO RENDA IDHM
ANTONINA 0,109 0,085 0,061 0,086
C. G. DO SUL 0,053 0,113 0,031 0,072
MORRETES 0,100 0,100 0,058 0,086
PIRAQUARA 0,024 0,079 0,013 0,039
QUATRO BARRAS 0,070 0,094 0,058 0,074
S. J.DOS PINHAIS 0.070 0,083 0,050 0,068
MUNICÍPIOS APA 0,071 0,089 0,045 0,070
PARANÁ 0,067
Do ponto de vista dos anos de estudo, em geral mais de 30% dos responsáveis pelos
domicílios situam-se na faixa de nenhuma instrução ou até 3 anos de estudo. Este
desempenho é semelhante ao do Estado e inferior ao da RMC. Na média dos municípios
que constituem a AEIT, 16% dos responsáveis pelos domicílios têm 11 anos e mais de
estudo. No Estado este índice é 23% e na RMC, 32%.
102
Quanto ao rendimento, a faixa de responsáveis por domicílios com menos de um salário
mínimo e sem rendimento representa em média 25,5% do total no conjunto dos municípios
da UC, índice ligeiramente superior ao do estado do Paraná e bem acima do revelado pela
Região Metropolitana de Curitiba. Antonina e Morretes têm a maior concentração de
ocorrências nesta categoria. Comparados com o Estado e com a RMC, os rendimentos
superiores a 15 salários mínimos mensais são significativamente inferiores, e representam o
rendimento de em média 2,6% dos responsáveis pelos domicílios nos municípios da AEIT
do Marumbi. São José dos Pinhais e Quatro Barras são as exceções de desempenho mais
aproximado daqueles obtidos no total do Estado e da RMC.
6.2.2.4 Moradia
Os indicadores de moradia e ambiente foram obtidos pelo estudo das condições do
domicílio e infra-estrutura urbana disponibilizada. A base de dados é constituída de
informações do IPARDES e remetem aos anos 1997 e 2000.
103
Tabela 21 - Áreas de Favelas, Famílias Estimadas, Número e Proporção de Domicílios sem Canalização Interna
e Sem Banheiro ou Sanitário - Paraná, RMC e Municípios da AEIT do Marumbi em 1997 e 2000
Domicílios
Domicílios Proporção sem
No. famílias sem banheiro Proporção sem
Áreas de sem canalização/total
estimadas em e sem sanitários/ total
favelas 1997 canalização de domicílios
favelas 1997 sanitários domicílios
interna 2000 2000
2000
Paraná 1372 110491 134031 5,03 56069 2,10
RMC 735 63879 29065 3,38 13714 1,59
Antonina 7 1000 261 3,16 202 3,99
C.G. do Sul 13 584 429 2,34 194 2,09
Morretes 1 30 404 1,62 112 2,69
Piraquara 47 4229 1316 1,35 369 1,94
Q.Barras 0 0 195 6,56 54 1,22
S J Pinhais 69 3845 2335 4,23 557 1,00
Fonte: Indicadores e mapas temáticos para o planejamento regional - IPARDES, 2000
A imigração é o fator que determina esta condição, Curitiba atrai migrantes, não os fixa, e os
empurra para as periferias e municípios dos arredores. Este panorama é resultado da
gestão das terras na capital do Estado: Curitiba expulsa na direção dos municípios
contíguos 68,3% dos migrantes que recebe. E são os municípios vizinhos, da região de
Curitiba e do Litoral, que se constituem em áreas de fixação dos migrantes, com destaque
para São José dos Pinhais e Piraquara (KLEINKE et alli, 2000).
Quatro Barras e São José dos Pinhais são os municípios com a maior proporção de
domicílios sem canalização de água. Antonina, Morretes e Campina Grande do Sul têm a
maior proporção de domicílios sem sanitários.
A porção da Região de Curitiba na AEIT inclui territórios protegidos como mananciais para o
abastecimento de água regional. Em todos os municípios estudados o saneamento básico, o
tratamento da água e dos esgotos é precário. Nas áreas rurais especialmente, onde a
vulnerabilidade dos lençóis e bacias hidrográficas aos esgotos domésticos, comercial e
industrial é complementada pela destinação inadequada de insumos agrícolas e pecuários.
Tabela 22 - Estabelecimentos com Emprego Formal, Distribuição dos Empregados por Tamanho de
Estabelecimento e Total de Empregos em Estabelecimentos com 500 ou + Empregados - Paraná, RMC e
Municípios da AEIT do Marumbi em 2000
Distribuição % dos empregados por tamanho do Total empregos
Estabelecimentos estabelecimento em
com emprego estabelecimentos
formal Até 19 20 a 99 > ou = 100 com 500 e +
empregados empregados empregados empregados
Paraná 174.508 31,30 20,46 48,24 454.469
RMC 57.329 24,09 18,31 57,60 302.794
Antonina 224 13,04 8,81 78,14 1.691
C.G.do Sul 323 16,88 18,11 65,61 2.970
Morretes 211 50,85 18,74 30,41 0
Piraquara 290 26,15 23,73 50,12 954
Q.Barras 258 8,20 14,37 77,43 5313
S J. dos Pinhais 2.863 24,60 26,91 48,49 8.909
Fonte: Indicadores e mapas temáticos para o planejamento regional - IPARDES, 2000
Entre 1990 e 2000, observa-se evolução positiva na oferta de empregos formais no Estado,
na Região Metropolitana do Curitiba, e no conjunto dos municípios que fazem parte da AEIT.
A exceção aparece em Piraquara que em 1991 teve seu território fragmentado com a
autonomia política e administrativa de Pinhais, seu maior distrito. Em 2000, em quatro
municípios da AEIT do Marumbi a participação feminina no total de empregos formais era
superior a do Estado e a da Região Metropolitana de Curitiba. Em cinco municípios a
proporção de empregados com 8 anos e mais de estudo é superior ao mesmo índice para o
Estado, e em todos inferior a proporção da RMC (Tabela 23).
105
Tabela 23 - Empregos Formais, Anos de Estudo, Remuneração Superior a 3 Salários Mínimos, Renda Média
Nominal e Participação no Total da Remuneração Formal do Estado - Total do Estado, RMC e Municípios da
AEIT do Marumbi
Empregos formais total Participa-
Remun.(1)
ção femi- Emprega- Rendimen- Participação
Empregados média
nina no dos c/ 8 to médio total remun.
remun. (1) feminina
1990 2000 total de anos e + nominal (1) formal
> 3 SM (%
empregos de estudo (R$) Estado
masculina)
formais %
Paraná 1.290.406 1.653.435 38,9 67,1 40,5 638,69 80,29 100,00%
RMC 620.389 774.115 41,3 73,8 54,3 825,11 75,22 60,48%
Antonina 990 4.301 44,0 61,5 28,2 402,05 58,70 0,16%
C.G. do 6.087 6.412 54,0 68,4 25,0 397,40 65,55 0,24%
Sul
Morretes 909 1.174 45,0 70,4 18,3 358,45 75,25 0,045%
Piraquara 11.379 3.021 47,1 68,9 40,0 534,70 75,94 0,15%
Q. Barras 6.777 10.847 37,8 68,2 37,7 524,09 73,72 0,54%
S J. dos 20.184 38.322 32,7 70,4 53,9 728,59 74,06 2,64%
Pinhais
Fonte: Indicadores e mapas temáticos para o planejamento regional - IPARDES, 2000
(1) remuneração
No Paraná e na RMC, a remuneração do trabalho feminino é pelo menos 20% menor que a
masculina. No conjunto dos seis municípios, a mesma relação revela uma defasagem ainda
maior: em média a remuneração feminina representa 70% da remuneração masculina.
Antonina e Campina Grande do Sul são os municípios que influenciam negativamente esta
média: em Antonina as mulheres recebem 58,70% do valor pago ao trabalho masculino. Em
Campina Grande do Sul este índice é 65,55%.
26
megawatts/hora
106
Tabela 24 - Consumo Médio de Energia Elétrica Total, Residencial, Industrial, Comércio e Serviços, Rural - RMC
e Municípios da AEIT do Marumbi
COMÉRCIO E
TOTAL RESIDENCIAL INDUSTRIAL RURAL
SERVIÇOS
Média Média Média Média Média
p/consumidor p/consumidor p/consumidor p/consumidor p/consumidor
RMC 6,7 2,2 170,4 14,0 2,9
Antonina 2,6 1,6 10,4 7,0 3,1
C.G. de Sul 5,3 1,6 170,6 14,7 3,6
Morretes 3,4 1,9 87,4 7,7 2,4
Piraquara 4,3 1,8 141,1 9,9 7,7
Q. Barras 8,4 1,9 254,6 9,8 3,1
S.J. dos Pinhais 9,5 2,0 184,3 10,8 4,2
Fonte: Indicadores e Mapas Temáticos para o Planejamento Regional/cd rom - IPARDES.2000
À exceção de Quatro Barras, onde a média de consumo é de 8,4 MWH por consumidor - os
demais municípios situam-se bem abaixo, entre 2,6 MWH/Antonina e 5,3MWH/Campina
Grande do Sul. A média por consumidor rural de energia elétrica é maior em Piraquara 7,7
MWH, bastante superior a da RMC, 2,9; e a dos outros municípios que compartilham o
território da AEIT, onde o consumo varia entre 2,4MWH/Morretes e 3,6MWH/Campina
Grande do Sul.
Tabela 25 - Participação dos Municípios no Valor Adicionado Fiscal Total e Setorial no Estado em 2000 e PIB per
Capita em 1999 - RMC e Municípios da AEIT do Marumbi
PRIMÁRIO SECUNDÁRIO COMÉRCIO SERVIÇOS TOTAL PIB P/CAPITA
Paraná R$6.643,86
RMC 3,735 52,733 50,410 69,393 45,859 R$8.987,67
Antonina 0,003 0,159 0,052 0,033 0,098 R$2.616,80
C.G. do Sul 0,027 0,152 0,214 0,321 0,162 R$3.968,59
Morretes 0,033 0,029 0,035 0,100 0,035 R$3.532,95
Piraquara 0,026 0,095 0,076 0,011 0,075 R$3.039,94
Q.Barras 0,007 0,357 0,117 0,027 0,217 R$8250,32
S J Pinhais 0,403 7,546 4,786 1,858 5.411 R$11553,91
Fonte: Indicadores e Mapas Temáticos para o Planejamento Regional/cd rom - IPARDES.2000
27
indicador econômico-contábil utilizado pelo Estado para calcular o repasse de receita do ICMS e do IPI dos
municípios.
107
O Produto Interno Bruto/PIB28 per capita anual, em 1999, revelava a disparidade entre as
economias destes municípios: valores que vão de R$ 11.553,91 (onze mil e quinhentos
reais) em São José dos Pinhais; a R$ 2.616,89 (dois mil e seiscentos reais) em Antonina.
Portando, um PIB mensal per capita de R$ 962,82 em São José dos Pinhais; e de R$
218,07 em Antonina.
Os dados de estrutura fundiária dos municípios que constituem a AEIT se originam de duas
fontes: INCRA e IBGE. Os dados do INCRA referem-se a unidades agrárias e são
denominados imóveis rurais. Revelam a estrutura de detenção da terra, independente de
sua apropriação. A unidade de referência utilizada pelo IBGE é a do estabelecimento
agrícola. Refere-se à unidade de produção, e revela a apropriação da terra. Os dados dos
imóveis rurais foram coletados no INCRA, diretamente na Divisão de Suporte Operacional
daquela instituição. São oficiais, atualizados até outubro de 2002, mas ainda não estão
publicados. Os dados do IBGE, relativos aos estabelecimentos agrícolas, foram extraídos do
28
soma dos bens e serviços produzidos pelo município, região, estado, país, etc.
29
Imposto Predial Territorial Urbano
30
Imposto Sobre Serviços de Qualquer Natureza
31
Imposto de Transmissão Intervivos
108
Censo Agropecuário de 1996, último dado disponível, a partir das informações organizadas
pelo IPARDES nos Cadernos Estatísticos Municipais.
A Tabela 27 reúne informações relativas à realidade fundiária dos seis municípios que
participam com áreas na formação do território da AEIT, Antonina, Campina Grande do Sul,
Morretes, Piraquara, Quatro Barras e São José dos Pinhais. São as informações
disponibilizadas diretamente pela Divisão de Suporte Operacional do INCRA, atualizadas
até outubro de 2002.
O INCRA classifica os imóveis rurais a partir de uma unidade denominada módulo fiscal,
módulo que varia segundo características municipais associadas ao tamanho médio das
propriedades. Assim, em São José dos Pinhais, Piraquara e Quatro Barras, um (1) módulo
fiscal equivale a 12,0 ha. Em Campina Grande do Sul, 14,0 ha. Em Antonina e Morretes esta
unidade de medida corresponde a 16,0 ha.
A categoria minifúndio inclui os imóveis de até 1 módulo fiscal. São consideradas pequenas
propriedades aquelas cujo tamanho varia entre 1 e 4 módulos fiscais. As médias
propriedades são aquelas que se enquadram entre 4 até 15 módulos fiscais. E grandes
propriedades todas aquelas com tamanho superior a 15 módulos fiscais. Na categoria
imóveis não classificados se encontram as áreas de reserva legal e de preservação
ambiental. Em imóveis não calculados, aqueles cuja informação não foi registrada no ato de
cadastramento.
Tabela 27 - Imóveis Rurais e Áreas Correspondentes dos Municípios da AEIT do Marumbi em 2002
Antonina C.G. do Sul Morretes Piraquara Q. Barras S.J.Pinhais Total
Minifúndios 260 726 831 455 280 3.220 5.772
% total de imóveis 52,9 65,5 70,0 63,5 66,3 72,1 68,5
Pequenas
129 245 245 185 89 997 1890
propriedades
% total de imóveis 24,4 22,1 20,6 25,8 21,1 22,3 22,4
Médias
67 61 52 44 39 150 413
propriedades
% total de imóveis 12,7 5,5 4,4 6,1 9,2 3,4 4,9
Grandes
49 45 31 8 9 44 186
Propriedades
% no total de
9,3 4,0 2,6 1,2 2,1 1,0 2,2
imóveis
Imóveis não
24 26 24 22 5 53 154
classificados
% no total de
4,5 2,3 2,0 3,1 1,2 1,2 1,8
imóveis
Imóveis não
- 5 5 2 - 2 14
calculados
Total 529 1.108 1.188 716 422 4.466 8.429
Fonte: INCRA Divisão de Suporte Operacional. Dados atualizados até out 2002
Em seu conjunto, nos seis municípios predominam as unidades agrárias classificadas como
minifúndio, 68,5% delas com áreas de até 1 módulo fiscal, que neste caso têm sua
dimensão situada entre 12 ha e 16 ha. São José dos Pinhais e Morretes revelam a maior
concentração desta categoria, com mais de 70,0% dos imóveis rurais assim classificados.
Piraquara participa com a maior porcentagem de pequenas propriedades, com quase 26%
dos imóveis nesta categoria. Antonina se destaca na presença das médias e grandes
propriedades, com 20% dos imóveis nestas categorias, enquanto todos os demais
109
municípios têm em torno de 10% de imóveis assim classificados. São José dos Pinhais,
Piraquara e Quatro Barras detêm as menores participações de imóveis classificados como
grandes propriedades, aqueles com áreas superiores a 15 módulos fiscais ou, no caso, 180
hectares.
Média Propriedade
32,8 22,9 19,2 34,1 30,8 23,2 26,1
Produtiva %
Grande Propriedade
26,5 63,1 12,5 11,1 18,2 21,5
Produtiva %
110
Quadro 5 - Matriz de Informações por Agregado de Comunidades
2
ANTONINA - Densidade demográfica - 0,31hab/km Renda responsável pelos domicílios****: 46% até 1SM;
56% até 2SM
Bacia do Cachoeira
Distrito Bairro Alto*** Moradores - 443; Principais Usos conflitantes
Cachoeira - Setor e Cachoeira*** Domicílios - 116. atividades: Turismo sem
2 M/D=3,8 Agricultura normatização; sistemas
Cultos: comercial e de de esgotamento
Congregação subsistência; sanitário inadequado.
Cristã, Assembléia, Caça e extração de Tratamento inadequado
Católica, palmito; pequeno do lixo. Fracionamento
Presbiteriana comércio; pesque- de propriedades para
Renovada. pagues, trilhas, instalação de chácaras.
Associações: rafting e outras Recomendações
Associação de atividades turísticas. Adequação
Moradores e Produtores esgotamento sanitário e
Associação de associados ao Pólo tratamento/destinação
Produtores de Agroecologia. do lixo; legislação para
Forte tendência ao parcelamento do solo;
parcelamento do planos de manejo
solo para chácaras. palmito e caça;
Chácaras. normatização do
turismo; capacitação
para o turismo rural e de
aventura; orientação
para o empreendedor;
Apoio ao Pólo de
Agroecologia. Apoio a
agroindústria: polpa de
frutas; mandiquera;
multimistura/sugestões
EMATER/Antonina.
Distrito Cacatu - Rio do Nunes***, Moradores - 261; Principais Usos conflitantes
Setor 3 Cacatu e Domicílios - 66 atividades: Turismo sem
Mergulhão M/D=3,9 agricultura de normatização:
Cultos: Deus é subsistência; delinqüência; sistemas
Amor, Assembléia, extrativismo; de esgotamento
Católica. prestação de sanitário inadequado.
serviços turísticos; Idem lixo. Parcelamento
Associações: pequeno comércio. do solo para chácaras.
Associação de Chácaras/caseiros.
Moradores do Rio Recomendações:
do Nunes Adequação
esgotamento sanitário e
tratamento do lixo;
legislação para
parcelamento do solo;
planos de manejo
palmito e caça;
normatização do
turismo; capacitação
para o turismo. Apoio ao
Pólo de Agroecologia.
2
CAMPINA GRANDE DO SUL Densidade demográfica 3,7hab/km Renda do responsável pelo domicílio****:
31% até 1SM; 60,5% até 2SM
Bacia do Capivari
Sede - setor 35 Samambaia, Moradores - 862; Principais Usos Conflitantes
Da divisa com Saltinho**, Barro Domicílios - 230; atividades: Parcelamento do solo
Quatro Barras até Branco, Rio Bonito, M/D = 3,7 Chácaras/caseiros; para a instalação de
o rio Tucum Rio Tucum, Belisco, Cultos: Assembléia cultivo do caqui e chácaras; Sistemas de
Cerrinho, Britador de Deus; piscicultura; esgotamento sanitário
i lt d
111
Presbiteriana agricultura de inadequado, inclusive
Independente; subsistência; em rios e lagos.
Convenção Batista; Mineração e Inadequação tratamento
Católica reflorestamento; do lixo.
Caminhoneiros; Recomendações
prestação de Adequação
serviços gerais nos esgotamento sanitário e
arredores; diaristas tratamento do lixo.
em serviços Legislação para o
domésticos e em parcelamento do solo;
lavouras vizinhas. normatização do
Lavouras orgânicas turismo; capacitação
certificadas (2) para o turismo.
Turismo.
Setor 36a Guaricana, Moradores - 195; Principais Usos Conflitantes
Do rio Tucum até Barragem Domicílios - 49; M/D atividades: Tendência expansão do
o rio da Lapinha Cachoeira, = 4,0 cultivo do caqui e setor de serviços, o que
Ribeirão Cultos: Assembléia piscicultura; pode atrair o
Grande*** de Deus; agricultura de crescimento da
Presbiteriana subsistência; população local.
Independente; caminhoneiros e Sistemas de
Convenção Batista; prestação de esgotamento sanitário
Católica serviços gerais nos inadequado. Tratamento
arredores; diaristas inadequado do lixo.
em serviços Recomendações
domésticos e em
lavouras vizinhas. Adequação
esgotamento sanitário.
Adequação tratamento e
destino do lixo. Fomento
do turismo
socioambientalmente
responsável.
Setor 37 Capivari, Ribeirão Moradores - 1373; Principais Usos Conflitantes
Rio da Lapinha até Vermelho**, Domicílios - 357; atividades: Grande incidência de
o rio Saltinho Indiatuba M/D = 3,8 Chácaras/ caseiros; chácaras. Multiplicação
Cultos: Assembléia Pequenas de loteamentos.
de Deus; propriedades de Sistemas de
Presbiteriana pessoas com esgotamento sanitário
Independente; dinheiro; chácaras inadequado, inclusive
Convenção Batista; de lazer. em rios e lagos.
Católica. Nativos: cultivos de Destinação e tratamento
subsistência; inadequado do lixo.
caseiros; prestação Recomendações
de serviços Adequação
domésticos. esgotamento sanitário.
Turismo. Destinação adequada
do lixo. Fomento do
turismo
socioambientalmente
responsável. Rios e
lagos
Setor 38 Jaguatirica*** Moradores - 625; Principais Usos Conflitantes
Domicílios - 168; atividades: Sistemas de
M/D = 3,7 cultivo do caqui e esgotamento sanitário
Cultos: piscicultura; inadequado. Tratamento
Assembléia de agricultura de inadequado do lixo.
Deus; Presbiteriana subsistência; Tendência expansão
Independente; caminhoneiros e setor de
Convenção Batista; prestação de serviços/aumento da
Católica; Universal serviços gerais nos população.
do Reino de Deus arredores; diaristas Recomendações
112
do Reino de Deus em serviços Adequação
domésticos e em esgotamento sanitário.
lavouras vizinhas. Destinação adequada
do lixo. Fomento do
turismo
socioambientalmente
responsável.
Setor 39 Pinheiros, Bela Moradores - 1067; Principais Usos Conflitantes
Vista, Figueira*, Domicílios - 269; atividades: Sistemas de
Água Amarela, M/D = 4,0 agricultura de esgotamento sanitário
Lajeado Cultos: Católico; subsistência; inadequado. Tratamento
Assembléia de caminhoneiros e inadequado do lixo.
Deus; Congregação prestação de Recomendações
Cristã. Evangélicas serviços gerais nos
em geral. arredores; diaristas Adequação
em serviços esgotamento sanitário.
domésticos e em Destinação adequada
lavouras vizinhas. do lixo. Fomento do
turismo
socioambientalmente
responsável.
Setor 40 Barra da Cruz Moradores - 323; Principais Usos Conflitantes
Domicílios - 78; M/D atividades: Sistemas de
= 4,14. agricultura de esgotamento sanitário
Cultos: Assembléia subsistência; inadequado. Tratamento
de Deus, Católico; caminhoneiros e inadequado do lixo.
Adventistas de prestação de
serviços gerais nos Recomendações
Sétimo Dia.
Testemunhas de arredores; diaristas Adequação
Jeová em serviços esgotamento sanitário.
domésticos e em Destinação adequada
lavouras vizinhas. do lixo. Fomento do
turismo
socioambientalmente
responsável.
2
MORRETES Densidade demográfica 0,78hab/km Renda do responsável pelo domicílio****:40% até 1 SM;
79,2% até 2SM.
Bacia do Nhundiaquara
Distrito 10 - Porto Grota Funda, Moradores - 440; Principais Usos Conflitantes
de Cima Corvo, Ferradura, S Domicílios - 117; atividades: Turismo sem
Setor 2 João Graciosa*** M/D = 3,8 Comércio de beira normatização: seis
Prainha, Poço Cultos: de estrada (relatico recantos na linha da
Preto, Entre Rios, Comunidade privilégio produtos Estrada,da Graciosa;
Itupava, Ipiranga, Evangélica; de fora). Pequenas extrativismo de palmito
Formigueira. Assembléia de indústrias de balas sem manejo; extrativis-
Deus; Metodista; de banana, mo e comercialização
Quadrangular; conservas de de cernes de madeira,
Católica, mais pepino, pimenta e sem manejo.
rituais de Umbanda gengibre;
alambiques e 411/Salto dos Macacos.
em pontos da Sistema de
Estrada da farinha de
mandioca. esgotamento sanitário
Graciosa: inadequado. Tratamento
cachoeiras e Extrativismo vegetal
e animal:palmito, inadequado do lixo.
corredeiras.
cernes de troncos e Recomendações
Associações: caça.
Normatização turismo;
Associação dos Nos arredores: planos de manejo para
Comerciantes da fazendas de búfalo as palmáceas e criames
Graciosa. e de gengibre, estas animais silvestres.
últimas em Planos de manejo
conversão para participativos para a
palmáceas; retirada de cernes de
alambiques; troncos. Qualificação
113
grandes áreas produtos locais para
florestadas; pesque- incrementar a venda.
pagues e pousadas. Ativação da casa da
Turismo. guarda da Prainha como
Centro de Visitante
/outra ponto do Caminho
do Itupava. Adequação
esgotamento sanitário.
Destinação adequada
do lixo.
Distrito 05 - Sede Pantanal, Fartura, Moradores - 555; Principais Usos Conflitantes
Setor 10 Anhaia Domicílios - 137; atividades: Caça para consumo,
Fartura: M/D = 4,05 agricultura de sem manejo (aves
comunidade nativa, Cultos: subsistência; silvestres, paca, veado,
alta dependência Comunidade extrativismo vegetal porco-do-mato).
do extrativismo e Evangélica; e animal: caça e Envasamento ilegal de
da agricultura de Assembléia de pesca. EMATER e palmito/fundos de
subsistência. Deus; Metodista; AOPA iniciam quintal); sistemas de
Quadrangular; formação de grupos esgotamento sanitário
Testemunhas de de produtores para inadequado. Tratamento
Jeová, Católica cultivo sem inadequado do lixo.
Associação de agrotóxico.
Recomendações
Moradores e
Cozinha Plano de Manejo da
Comunitária. palmácea; estudos para
a implantação de
PROHORTA e criadouros de animais
AGROLITORAL. silvestres para consumo
e até comercialização.
Apoio Pólo de
Agroecologia. Destina-
ção adequada do lixo.
Sistemas adequados de
esgotamento sanitário.
Setor 11 Cruz Alta, Ponte Moradores - 754; Principais Usos Conflitantes
Alta, América de Domicílios - 224; atividades: Tendência aumento de
Cima* América de M/D = 3,4 agricultura de chácaras, parcelamento
Baixo*** Cultos: subsistência; progressivo das
Comunidade extrativismo vegetalpropriedades;
Evangélica; e animal: caça e extrativismo ilegal
Assembléia de pesca. animal e vegetal;
Deus; Metodista; Chácaras de lazer e sistemas de
Quadrangular; turismo rural esgotamento sanitário
Testemunhas de incipiente. inadequado. Tratamento
Jeová, Católica. inadequado do lixo.
Associação de Recomendações
Moradores. Legislação para o
parcelamento do solo.
Planos de Manejo para
o extrativismo. Roteiro
turismo rural para
implantação a médio
prazo. Destinação
adequada do lixo.
Sistemas adequados de
esgotamento sanitário.
Setor 18 Marumbi* Pau Moradores - 125; Principais Usos Conflitantes
Oco, Cabrestante, Domicílios - 37; M/D atividades: Bananal em linha de alta
Santana, Pedra =3,4 agricultura de tensão;extrativismo
Preta, Comunidade subsistência; vegetal sem manejo;
Evangélica; extrativismo vegetal caça sem manejo;
Assembléia de e animal: caça e sistema de esgotamento
Deus; Metodista; pesca. sanitário inadequado.
114
Quadrangular; Tratamento inadequado
Testemunhas de do lixo.
Jeová, Católica. Recomendações
Planos de Manejo para
o extrativismo e para a
caça. Estudar
possibilidade criadouros
de animais silvestres.
Adequação sistema de
esgotamento sanitário,
destinação e tratamento
do lixo.
2
PIRAQUARA Densidade demográfica 0,31hab/km Renda do responsável pelo domicílio****: 33% até
1SM; 67% até 2SM.
Bacia do Irai
Setor 36b Mananciais da Moradores - 131; Principais Usos Conflitantes
Serra Domicílios - 30; M/D atividades: Turismo não
= 4,4 Agricultura de organizado. Sistemas de
Comunidade subsistência,caça e esgotamento sanitário
indígena Arco Íris: pesca. Prestação inadequado. Tratamento
60 famílias de serviços no inadequado do lixo.
instaladas na beira turismo não Parcelamento do solo
da Barragem organizado. para chácaras.
Piraquara Utilização como Recomendações
Represa Caiguava, área de lazer. Módulos mínimos para o
divisa com a APA. Chácaras.
parcelamento do solo.
Escola guarani e
posto de saúde. Atenção com o
agrupamento indígena
Cultos: na divisa da Represa do
Testemunhas de Caiguava/Barragem
Jeová; Convenção Piraquara I.
Batista; católicos. Organização do turismo.
Adequação
esgotamento sanitário.
Adequação destino e
tratamento do lixo.
2
QUATRO BARRAS densidade demográfica 1,14hab/km Renda do responsável pelo domicílio****: 46% até
1SM; 78% até 2SM.
Bacia do Irai
Setor 10 Chaminé e Rio do Moradores - 331; Principais Usos Conflitantes
Meio* Domicílios - 87; M/D atividades: Rio do Corvo, início da
=3,8 Cultivos de Graciosa, uso intensivo
Cultos: subsistência: milho, e regular para oferendas
Testemunhas de caqui. Pastagens ligadas a rituais
Jeová; Convenção (vaquinhas, religiosos com
Batista; Tendas de ovelhas). Criação abandono de animais
Umbanda; Católico; de aves caseiras; mortos. Chorume.
Assembléia de extração de Tratamento inadequado
Deus. bracatinga; do lixo.
exploração da erva- Recomendações
mate nativa e
plantada; Trabalho Parceria com ECOVIA
nas pedreiras; para diálogos com
traballho na grupos religiosos que
Fazenda praticam rituais no Rio
Chaminé/Rosacruz; do Corvo. Centro de
trabalho de diarista, Visitantes em Borda do
jardinagem, roçados Campo/recepção para o
e pastos. Turismo Caminho do Itupava.
115
não organizado: Adequação tratamento e
pesque-pagues e destino do lixo.
montanha.
EMATER programa
de criação de aves
semiconfinadas,
com construção de
abatedouros, fora
da APA.
Setor 11 Sem ocupação
antrópica
2
SÃO JOSÉ DOS PINHAIS Densidade demográfica 0,25hab/km Renda do responsável pelos domicílios:
37,5% até 1SM; 87,5% até 2SM.
Bacia do Rio Pequeno
Setor 19 - Distrito Morro do Meio Moradores - 27; Principais ativida- Usos Conflitantes
Borda do Campo Domicílios - 8; M/D des: cultivos de Especulação imobiliária:
de São Sebastião =3,4 subsistência e chácaras e
Cultos: não trabalho de condomínios.
identificados. caseiros. Área de
chácaras de lazer. Recomendações
Cultivo e comércio Legislação municipal
de orquídeas. para uso e
Condomínio parcelamento do solo.
inacabado.
Fonte: Mapas dos setores censitários do IBGE; leitura do espaço e consulta com técnicos locais: Prefeituras, EMATER e IAP.
• Comunidades com escola ** Comunidades com escola e Posto de Saúde *** Comunidades com escola, posto de saúde e
posto telefônico. **** Inclui os sem rendimentos. Na localidade de Morro do Meio/São José dos Pinhais, todos os
responsáveis declararam renda.
Conforme descrito nos itens 5.1 e 5.2, a população rural da Região de Curitiba e do Litoral
do Paraná é produto do processo de ocupação de origem comum, diferenciado ao longo do
tempo: na Região de Curitiba, quando a sociedade começa a se organizar política e
administrativamente, no século XIX, atrai imigrantes europeus com o objetivo de criar uma
agricultura de abastecimento para o mercado interno. Este povo é que efetivamente ocupou
e desenvolveu a região, dinamizando suas potencialidades.
116
Condições naturais, tipos de solo, relevo e disponibilidade de água, processo de ocupação e
proximidade do mercado consumidor são fatores que geram um movimento próprio na
produção de alimentos e de matérias-primas. O núcleo urbano da Região de Curitiba é o
principal mercado das duas regiões, a CEASA - Central de Abastecimento - é a terceira
unidade do Brasil em volume de produtos comercializados.
A Tabela 29 apresenta os dados sobre o uso da terra nos municípios que têm a maior
participação territorial na AEIT do Marumbi. As porções territoriais de Morretes, Antonina e
Campina Grande do Sul representam 84% da área, daí tomá-las como áreas
representativas do universo estudado.
Tabela 29 - Uso da Terra - Municípios com Maiores Participações na AEIT do Marumbi em 1996
MORRETES ANTONINA C.GRANDE DO SUL Total do conjunto
Lavouras permanentes
Informantes 428 65 127 620
Área 1.457 ha 260 ha 248 ha 1965 ha
Lavouras Temporárias
Informantes 453 60 72 585
Área 1.744 ha 242 ha 318 ha 2.304 ha
Temporárias em descanso
Informantes 99 27 35 136
Área 284 ha 485 228 ha 1.133 ha
Pastagens Naturais
Informantes 161 89 81 331
Área 2.522 ha 4.317 ha 2.905 ha 10.075 ha
Pastagens Plantadas
Informantes 29 30 25 84
Área 416ha 1.604 ha 270 ha 2.290 ha
Matas e Florestas Naturais
Informantes 477 136 222 835
Área 17.269 ha 14.805 ha 2.178 ha 35.087 ha
Matas e Florestas Plantadas
Informantes 12 7 22 41
Área 1.678 ha 520 ha 232 ha 2.471 ha
Produtiva não utilizada
Informantes 149 34 46 229
Área 1.589 ha 636 ha 124 ha 2.349 ha
Fonte: IBGE - Censo Agropecuário de 1996, in Cadernos Estatísticos Municipais. IPARDES, 2000.
117
Verifica-se que dos 57.674 hectares declarados no Censo Agropecuário/IBGE 1996, 64,2%
são ocupados com as florestas naturais, e 4,3% com florestas plantadas, os
reflorestamentos. 91,4% da porção de florestas naturais estão em Morretes e Antonina,
municípios que também contêm a porção mais representativa das florestas plantadas, 89%.
Nos três municípios, 7,4% das terras são utilizadas com as lavouras, permanentes e
temporárias. E 2% das terras estavam em pousio, prática de manejo benéfica para a
conservação. As pastagens naturais representam 17,5% das terras utilizadas e as plantadas
4,0%.
Ainda de acordo com dados registrados pelo Censo Agropecuário de 1996/IBGE, nos
estabelecimentos de uso agropecuário em Morretes, Antonina e Campina Grande do Sul, os
três municípios com maior porção de área na AEIT, predominam produtores na condição de
proprietários, 73,7% deles (Tabela 30).
Tabela 30 - Condição do Produtor - Municípios com Maiores Participações na AEIT do Marumbi - 1996
32
MUNICÍPIOS ARRENDATÁRIOS OCUPANTES PARCEIROS PROPRIETÁRIOS
MORRETES
ESTABELECIMENTOS 11 125 12 590
ÁREA HECTARES 154 2229 201 26004
ANTONINA
ESTABELECIMENTOS - - - 159
ÁREA HECTARES - - - 23573
CAMPINA GRANDE DO SUL
ESTABELECIMENTOS 2 8 176 186
ÁREA HECTARES 1549 72 5176 6797
Fonte: IBGE/Censo Agropecuário - 1996. Cadernos Estatísticos Municipais. IPARDES - 2000
A partir de uma análise qualitativa das áreas apresentadas no Mapa de Uso da Terra (Ver
no Anexo), associadas às informações espaciais apresentadas nos mapas contidos no
trabalho “Análise de Tendências de Uso e Ocupação do Solo na Área de Abrangência do
Programa Pró-Atlântica 1986-1999”, elaborado em 2002, é possível confirmar a tendência
de alteração de classes do uso da terra nas regiões limítrofes da AEIT do Marumbi,
próximas às Rodovias Estaduais e Federais, onde se verifica a perda da cobertura vegetal
em detrimento do aumento da área urbanizada e da atividade agropecuária. A pressão
antrópica ocorre principalmente na região dos municípios de São José dos Pinhais e
Piraquara, próximo à BR-277; Campina Grande do Sul, nas proximidades da BR-116;
Morretes, nas áreas próximas à BR-277 e PR-411; e Antonina, nas proximidades da PR-
340.
32 produtores que produzem sob acordos de parceria: proprietário cede área em troca da metade (a meia) ou a terça parte da produção.
118
O avanço das ocupações irregulares na Região Metropolitana de Curitiba, notadamente em
sua porção Leste ocorre de forma acelerada, confrontando o crescimento urbano com a
vertente Oeste da Serra do Mar. Ainda, empreendimentos destinados ao estabelecimento de
represas para o abastecimento público de água são também responsáveis pela supressão
de ambientes peculiares das cabeceiras, nas quais populações de espécies da fauna
aquática estão sendo severamente impactadas.
Assim, a AEIT pode se transformar em verdadeira “âncora” para pólos e roteiros turísticos,
induzindo de forma sustentável o desenvolvimento de atrativos privados e investimentos em
serviços, que não se restringem somente à área delimitada, mas que podem alcançar
regiões, o estado do Paraná e o país como um todo.
119
6.5.1 TURISMO REGIONAL
Calcula-se a permanência média do turista no Estado em 3,6 dias e o gasto médio em cerca
de US$ 45,00, o que resultou numa receita aproximada de 900 milhões de dólares no ano
de 2002.
Curitiba foi responsável pela vinda de cerca de 1,4 milhões de visitantes, sendo que o
turismo de negócios atraiu 39% deste total. Foz do Iguaçu recebeu aproximadamente 769
mil turistas no ano de 2003. Curitiba e Foz do Iguaçu são os grandes pólos turísticos do
Paraná, recebendo juntos, 39% do total de turistas do Estado.
Estima-se o fluxo de turistas para o litoral em cerca de 1,38 milhões para o ano de 2003.
Destes, apenas 5% se destinam a Antonina e 8% se destinam a Morretes, o que representa
cerca de 69 mil turistas/ano em Antonina e 110 mil turistas/ano em Morretes.
Assumindo-se estes valores para a estimativa de fluxo de 2003, obtém-se uma estimativa
para a receita do turismo nos dois municípios, que deve se situar em torno de US$ 2,9
milhões para Antonina e US$ 2,47 milhões para Morretes.
Além dos caminhos coloniais e Estrada de Ferro Curitiba-Paranaguá, a AEIT inclui diversos
atrativos turísticos consolidados, que recebem um fluxo intenso de visitantes, outros em fase
inicial de exploração ou ainda apenas com potencial para receber visitantes (Ver Mapa de
Turismo no Anexo). Alguns atrativos no entorno imediato da área foram incluídos neste
diagnóstico, em função da influência direta que exercem sobre a visitação no interior da
unidade.
120
Quadro 6 - Atrativos Turísticos na Região da AEIT do Marumbi
Atividade, forma de
Município Local Atrativo Facilidades
turismo
Antonina Rio Cachoeira Paisagem, rio Raftting Vestiários, quadras de
vôlei, campo de futebol,
restaurante, pesqueiros,
trilhas ecológicas.
Antonina Rio do Nunes Paisagem, praia Atividades náuticas, Mesas, bancos,
fluvial, local para “bóiacross” churrasqueiras, bar,
acampamentos vestiários, sanitários.
Antonina Bairro Alto Rios, cachoeiras, Trilhas ecológicas
vegetação, antiga
Usina Cotia
Antonina Carnaval Recreação
Morretes Estação Construção antiga Turismo histórico e
Rodoviária e bem conservada, contemplativo
vista da Serra do
Mar, doces típicos,
artesanato
Morretes Rio Cascatinha paisagem Recreação, turismo Churrasqueiras, vestiários,
contemplativo sanitários, lanchonete,
camping.
Morretes Rio Paisagem, Pesca, “bóiacross”,
Nhundiaquara recreação canoagem
Morretes Salto dos Cachoeiras, Recreação, turismo
Macacos piscinas naturais contemplativo
Redondo
Morretes Chácara Pesque-pague Turismo rural, lazer Salão para lanche, árvores
Reomar frutíferas, passeios a
cavalo.
Morretes Rio Mãe Catira Ponte metálica, Turismo contemplativo,
Recanto Mãe lazer
Catira
Morretes Curva da Pesca, rio Pesca, “bóiacross” Banheiros; churrasqueiras.
Graciosa
Morretes Estrada das Acesso a vários pontos
Prainhas turísticos, “bóiacross”
Morretes Doces, barreado, Gastronomia
cachaça
Quatro Barras Caminho de Turismo histórico e
Itupava contemplativo
Quatro Barras Estrada da Turismo histórico e
Graciosa contemplativo
Quatro Barras Propriedades Turismo rural
rurais
Quatro Barras Rancho do Cachoeiras, Passeios a cavalos pela Lanchonete e espaço para
Cavalo paisagem, cavalos região eventos (em construção).
Quatro Barras Cachoeiras do cachoeiras Recreação e lazer,
Rio Capitanduva turismo contemplativo
Quatro Barras Cachoeira Véu Cachoeira, Recreação e lazer,
da Noiva paisagem turismo contemplativo
Piraquara Represa lazer Quadras de esportes,
Caiguava churrasqueiras,
quiosques, bancos.
Piraquara Caminhos Comunidades de Turismo histórico,
Trentinos Santa Maria e cultural e rural
Novo Tirol; aldeia
indígena Caruguá
Piraquara e Entorno da Propriedades Pesque-pague,
Morretes Estrada da rurais, artesanato, educação ambiental,
Graciosa café colonial, passeios a cavalo
gastronomia
121
Todos os municípios inseridos na AEIT contam com órgãos municipais de turismo, conforme
apresentado na Tabela 31:
Tabela 31 - Órgãos Municipais de Turismo da AEIT do Marumbi
MUNICÍPIO ÓRGÃO MUNICIPAL TELEFONE
Antonina Câmara Temática da Cadeia Produtiva do Turismo (41) 432-1122
Morretes Secretaria Municipal de Turismo (41) 462-1024
Piraquara Secretaria de Meio Ambiente, Agricultura e Turismo (41) 673-2122
Quatro Barras Secretaria Municipal de Indústria, Comércio e Turismo (41) 671-8800
São José dos Pinhais Departamento Municipal de Turismo (41) 381-5813
122
Quadro 7 - Dados sobre Parques Estaduais Inseridos na AEIT do Marumbi
DECRETO PLANO DE INFRA-
NOME ÁREA (ha) MUNICÍPIO VISITAÇÃO PRINCIPAIS IMPACTOS
ESTADUAL MANEJO ESTRUTURA
Parque Estadual 2.342,41 Morretes 7.300 de 24/10/90 Plano de Manejo Possui trilhas, Mais de 100.000 Caça, invasão por espécies exóticas,
Pico do Marumbi elaborado mas não laboratório, centro de visitantes ano. queimadas, erosão, atividades
implementado. visitantes e militares, extração de espécies
alojamento para vegetais.
pesquisadores.
Parque Estadual 4.333,83 Campina Grande 5.769 de 05/06/2002 Não possui. Trilha Não é aberto à Caça, mineração, erosão, turismo
Pico Paraná do Sul, Antonina visitação. desordenado, extração de espécies
vegetais.
Parque Estadual 905,58 Morretes 4.266 de 21/11/94 Não possui, mas Trilha Não é aberto à Caça
do Pau Oco está inserido no visitação.
Plano de
Gerenciamento da
AEIT do Marumbi.
Parque Estadual 2.698,69 Antonina, 4.267 de 21/11/94 Não possui, mas Nenhuma Não é aberto à Caça, extração de palmito
Roberto Ribas Morretes está inserido no visitação.
Lange Plano de
Gerenciamento da
AEIT do Marumbi.
Parque Estadual 1.189,58 Morretes 7.302 de 24/10/90 Não possui, mas Nenhuma Não é aberto à Caça, erosão, extração de espécies
da Graciosa está inserido no visitação. vegetais.
Plano de
Gerenciamento da
AEIT do Marumbi.
123
6.5.3 PROJETOS DO GOVERNO DO ESTADO DO PARANÁ
Antonina
Projeto Antonina Ferrovia e Mar: Tem como proposta a reativação do trecho ferroviário que
liga o município de Morretes a Antonina, visando a integração desses dois municípios
históricos, e, consequentemente, dos atrativos da região através da revitalização da linha
férrea. A Associação Brasileira de Preservação Ferroviária - ABPF está empenhada a
viabilizar este empreendimento através de parcerias com entidades e empresários que
invistam no projeto.
Caminhos do Mar: Tem o intuito de fortalecer o turismo do litoral paranaense (dentre estes,
Antonina e Morretes) e proporcionar estruturas adequadas ao turismo náutico. A premissa
para sua realização foi a construção de Estações Náuticas nos 7 municípios do litoral, cujos
programas arquitetônicos compreendem atracadouro para barcos e infraestrutura para o
turismo, tais como: sanitários, área de estar/espera, serviços de comunicação, etc. Para a
operação das estações, as prefeituras envolvidas visam atrair a iniciativa privada, seja na
operação dos roteiros hidroviários ou na exploração comercial das estruturas.
Projeto Trilhos e Trilhas: Iniciado em 1999, esse projeto objetiva elaborar um plano de
revitalização e integração das principais vias de acesso à Serra do Mar, sejam elas
rodovias, ferrovias, trilhas ou caminhos coloniais, e também dos atrativos existentes na
região: cidades históricas, parques estaduais e demais áreas de visitação pública. As
entidades envolvidas no desenvolvimento desse projeto são: Ecoparaná, SEMA, IAP,
Secretaria de Estado da Indústria, do Comércio e do Turismo - SEIT, SEEC, Pró-Atlântica,
COMEC, Sociedade de Pesquisa em Vida Selvagem e Educação Ambiental - SPVS,
Prefeituras de Morretes e Quatro Barras, Rede Ferroviária Federal S.A.- RFFSA, Serra
Verde Express, Fundação de Pesquisas Florestais do Paraná e Fundação O Boticário de
Proteção à Natureza.
124
6.5.4 IMPACTOS, TENDÊNCIAS E RECOMENDAÇÕES
Esta situação gera uma série de conflitos e impactos negativos, nos atrativos, nos recursos
naturais e na própria experiência dos visitantes, destacados no Quadro 8.
125
Quadro 8 - Atividades Relacionadas ao Uso Público e Impactos Observados
ATIVIDADE IMPACTOS AMBIENTAIS
Uso sem controle do caminho de Itupava e - agravamento da erosão
da Graciosa - abertura de trilhas sociais
- extração de espécies vegetais
- caça
- danos ao patrimônio arqueológico
- geração de lixo
- risco de incêndios
- assaltos a visitantes
Visitação sem controle no Pico Paraná - abertura de trilhas sociais
- extração de espécies vegetais
- caça
- geração de lixo
- risco de incêndios
Uso intensivo e descontrolado do Salto dos - abertura de trilhas sociais
Macacos - extração de espécies vegetais
- geração de lixo
- contaminação dos cursos d’ água
- barulho
Manifestações religiosas no rio do Corvo - geração de lixo
- contaminação dos cursos d’ água
Acampamentos sem controle na região de - geração de lixo
Prainhas - compactação do solo
- danos à vegetação
- barulho
Atividade desordenada de bóia-cross no Rio - competição pelo preço, sem critérios de qualidade e
Nhundiaquara equipamentos de segurança,
- acidentes
Aumento da ocupação e abertura de - geração de lixo
lanchonetes na descida da BR 277 - compactação do solo
- danos à vegetação
- barulho
Falta de controle de fluxo de veículos na - comprometimento da estrutura e do calçamento
Estrada da Graciosa
Estruturas abandonadas nos recantos da - geração de lixo
Estrada da Graciosa - degradação do patrimônio público
- risco de incêndio
Grupos de jipeiros e motoqueiros circulando - compactação do solo
sem controle - danos à vegetação
Loteamentos e pequenas chácaras - esgoto
- ocupação das APPs
- falta de conhecimento e de educação ambiental
126
Outras carências e situações que ameaçam ou interferem na sustentabilidade da atividade
turística na AEIT foram identificadas durante as oficinas realizadas para a construção
participativa do presente trabalho, nos relatórios das oficinas do Programa Melhores
Práticas de Ecoturismo no Pólo Morretes (desenvolvido pela Secretaria de Turismo de
Morretes com o apoio técnico da empresa Gondwana Brasil Ecoturismo e recursos do
FUNBIO, em 2002) e nos trabalhos de campo:
- A atividade dos guias de turismo na região acontece sem normatização, sem critérios e
sem controle. Além dos riscos para a segurança dos turistas, a qualidade dos serviços
pode ser comprometida;
- Descumprimento das leis existentes para normatização do uso público (ex. bóia-cross);
127
Observa-se, por exemplo, a tendência para a ocupação das faixas marginais das principais
vias de acesso à região, relacionada principalmente à prestação de serviços e ao comércio
voltado para os viajantes. Esse tipo de ocupação é motivo de preocupação crescente no
caso da BR-277, na BR-116 e na Estrada do Anhaia. No caso da Estrada da Graciosa, o
processo já se encontra em fase adiantada, contando inclusive com representação
organizada, a Associação Comercial da Graciosa.
Também se identifica a tendência para ocupação dos terrenos às margens dos principais
rios da região por empreendimentos hoteleiros. Nesse caso, além da fiscalização do
cumprimento da legislação ambiental com respeito às APPs, é importante observar com
rigor os projetos de sistemas de saneamento, que devem ser adequados às características
físicas de cada região.
Seria interessante que o modelo de cadastro e registro de visitantes dos Parques pudesse
ser utilizado e aplicado também por esses proprietários.
128
Observando-se a tendência mundial para o crescimento da demanda por esportes de
aventura e dadas as características naturais da região, com grande potencial para estas
atividades, é lógico supor o crescimento exponencial destas atividades no interior da AEIT.
É preciso que as principais associações ligadas aos esportes de aventura (jipeiros,
montanhistas, motoqueiros, ciclistas, praticantes de asa-delta e parapente, entre outros)
sejam sensibilizados para a necessidade de regulamentação e ordenamento de suas
atividades, não só no interior da AEIT, que terá regras e restrições definidas pelo Conselho,
mas em todos os ambientes naturais do Estado.
6.5.5 PAISAGEM
Não sendo o objetivo deste trabalho a aplicação de métodos específicos para valoração da
paisagem, optou-se por listar, dentre os elementos da paisagem da AEIT do Marumbi,
aqueles que apresentam valor extremo, que por si só justificariam sua conservação. São
eles:
- o Conjunto Marumbi, complexo que reúne oito picos com afloramento de rocha,
vegetação preservada, cachoeiras, entre outras atributos físicos de grande valor
paisagístico;
- a Cachoeira Véu da Noiva, praticamente 70 metros de queda d’água, cartão postal que
compõe a paisagem da Graciosa;
- a Estrada da Graciosa.
129
7 ZONEAMENTO ECOLÓGICO ECONÔMICO
O zoneamento ecológico econômico, além de ser considerado pela Lei 6.938/81 como um
dos instrumentos da Política Nacional do Meio Ambiente, está também previsto como um
dos instrumentos de planejamento pelo Estatuto da Cidade (Lei Federal nº 10.527/01,
Capítulo III, artigo 41, inciso IV) e tem sua definição legal na Lei Federal nº 9.985/00,
instituidora do Sistema Nacional de Unidades de Conservação.
Partindo destas fontes, foi elaborado um zoneamento para atender a estes objetivos e às
necessidades de conservação dos recursos naturais e qualidade de vida da população local
da AEIT.
A Resolução nº 10/88 do CONAMA, dispõe que as APAs deverão ter Zonas de Conservação
e Zonas de Preservação da Vida Silvestre. Nas zonas de preservação da vida silvestre,
segundo a referida resolução, será proibido ou regulado o uso dos sistemas naturais,
enquanto nas zonas de conservação da vida silvestre poderá ser admitido um uso
moderado e auto sustentado da biota, regulado de modo a assegurar a manutenção dos
ecossistemas naturais.
Ainda segundo o artigo 5º da referida Resolução, nas APAs onde existam ou possam existir
atividades agrícolas ou pecuárias, haverá Zona de Uso Agropecuário, nas quais serão
proibidos ou regulados os usos ou práticas capazes de causar sensível degradação do meio
ambiente.
Além disso, no caso de continuidade de uma APA com uma Unidade de Proteção Integral, a
APA será parte integrante da zona de amortecimento da outra Unidade de Conservação,
130
mais restritiva, e como tal deverá ter seu uso e ocupação do solo subordinado às normas
estabelecidas pelo plano de manejo da UC de Proteção Integral. No caso do Parque
Estadual Serra da Baitaca, este ainda não dispõe de Plano de Manejo.
Observados estes parâmetros legais, são os fatores ambientais e sociais que determinarão
a identificação das áreas sociambientalmente homogêneas, ou seja, a divisão do território
da APA em parcelas com peculiaridades ambientais e condições de ocupação similares.
A partir disto, o estabelecimento das zonas ambientais foi baseado na integração e análise
de dados no referido ambiente SIG. Todos os dados secundários disponíveis somados aos
diagnósticos e demais trabalhos realizados serviram como critérios para o zoneamento e
foram integrados em um projeto contemplando os seguintes temas relacionados:
- Legislação;
- Locais de mineração;
- Geologia e geomorfologia;
- Fragilidade ambiental do ponto de vista de meio físico (a partir do cruzamento dos temas
geologia, declividade e atuação de processos físicos;
- Turismo.
131
7.3 Proposta de Readequação do Perímetro da Área
A Área de Proteção Ambiental de Piraquara foi criada pelo Decreto Estadual nº 1.754/96. O
seu zoneamento ecológico-econômico foi aprovado em 2002, pelo Decreto Estadual nº
6.706. Nesse zoneamento, a área coincidente com a AEIT foi classificada como “Zona de
Conservação da Vida Silvestre I”. A normatização referente ao uso do solo desta área de
transição de florestas foi feita através de referência ao Tombamento da Serra do Mar e
demais legislações pertinentes à área, visando não só preservar ecossistemas típicos da
Mata Atlântica, com a maior diversidade de espécies de flora e fauna da região, como
também garantir a perenidade e qualidade de água de mananciais utilizados para
abastecimento público.
Além disso, se fosse sugerido o contrário - a exclusão dessa área do perímetro da APA do
Piraquara e a sua inclusão na futura APA - isto também teria que ser feito através de lei
estadual. Assim, seria exigido um duplo esforço perante o legislativo - aprovar a lei de
criação da APA da Serra do Mar e a lei de readequação do perímetro da APA de Piraquara.
No caso da Área de Proteção Ambiental do Rio Pequeno, criada pelo Decreto Estadual nº
1.752/96, a solução é a mesma. A diferença é que o zoneamento dessa APA ainda está em
fase de elaboração, sem previsão de data de aprovação. Contudo, o problema acima
descrito permaneceria: para evitar o conflito legal deve-se manter apenas uma norma
vigente sobre o território e a readequação do perímetro da APA do Rio Pequeno também
teria que ser feita através de lei.
132
Figura 12 - Sobreposição de APAs
133
7.4 Definição das Zonas
Zona de Proteção Ambiental da Serra do Mar (total:1) - tem como função a preservação
de espaços para proteger a biodiversidade, sistemas naturais ou patrimônio cultural
existentes, embora possa admitir um nível de utilização em setores já alterados do território,
com normas de controle bastante rigorosas.
Nesta zona encontram-se cinco Parques Estaduais, para os quais a ZP é parte integrante
das zonas de amortecimento; áreas prioritárias de preservação da fauna, inclusive com
mamíferos ameaçados de extinção no limite Nordeste, riqueza avifaunística (inclusive
espécies ameaçadas) em Porto de Cima, junto aos limites da APA; pontos de extremo valor
paisagístico (Conjunto Marumbi, Pico Paraná, Cachoeira Véu de Noiva, rios Cachoeira, Mãe
Catira e Nhundiaquara); Mata Atlântica em toda a área, a qual é protegida por legislação
extremamente rígida; além de ser limítrofe com 3 APAs (Guaraqueçaba, Piraquara e Rio
Pequeno) e ao P. E. Serra da Baitaca.
134
sistema de esgotamento sanitário inadequado e tratamento inadequado do lixo. Nesta zona
encontram-se 3 pontos de monitoramento de qualidade de água (SEMA/IAP).
ZC VI (Pico Paraná) - Usos múltiplos com potencial para atividades industriais, comerciais e
de serviços. Agricultura de subsistência. Prestação de serviços gerais nos arredores.
Diaristas em serviços domésticos e em lavouras vizinhas. Cultivo do caqui e piscicultura. Os
principais conflitos são: sistemas de esgotamento sanitário e de tratamento de lixo
inadequados, risco de acidentes com produtos perigosos na faixa situada junto à BR-116, no
limite Oeste. Turismo excessivo em acessos ao Pico Paraná, Capivari e outros. Deverão ser
previstas áreas de escape (500m) ao longo da BR 116.
ZC VIII (Bairro Alto) - Usos múltiplos com ênfase em turismo, mananciais, geração de
energia e núcleos habitacionais. Agricultura comercial e de subsistência, caça e extração de
palmito, além de pequenos comércios e atividades turísticas. Produtores associados ao Pólo
de Agroecologia. Chácaras e aglomeração populacional em Bairro Alto e Cachoeira,
comunidades que interagem com a UC. A Leste encontra-se o complexo da COPEL, com
barragem, usina e vila da COPEL. Há linhas de alta tensão que atravessam grande parte da
área. Espécie nova de peixe descoberta no rio Cotia (Pareiorhina sp. n.). Os principais
conflitos são: turismo sem normatização, fracionamento de propriedades para instalação de
chácaras, tratamento inadequado do lixo, pressão urbana e risco de acidentes com produtos
perigosos junto à PR-340.
Zona de Uso Agropecuário (Capivari) (única): área onde predominam atividades agrícolas
ou pecuárias, que serão reguladas para evitar práticas capazes de causar sensível
degradação ao meio ambiente, além de agricultura de subsistência e piscicultura. Há
caminhoneiros e prestação de serviços gerais nos arredores, diaristas em serviços
domésticos e em lavouras vizinhas.Os principais conflitos são: tendência de expansão do
135
setor de serviços e multiplicação de loteamentos, o que pode causar o aumento da
população local, sistemas de esgotamento sanitário e de tratamento de lixo inadequados. A
bacia do rio do Cedro é uma área de elevada riqueza de espécies da fauna que está em
processo de alteração de suas características naturais devido à pressão de atividades
humanas. A área abriga a espécie Wilfredomys oenax, um roedor considerado “criticamente
em perigo”. Deverão ser previstas áreas de escape (500m) ao longo da BR 116.
Foram elaboradas fichas técnicas específicas para cada zona as quais podem ser
visualizadas no Mapa de Zoneamento que acompanha este documento e pelo Quadro 9.
Estas fichas servirão como base para as ações de gestão a serem implementadas na área,
e contemplam:
- Atividades proibidas: usos considerados não compatíveis com a zona, além dos que são
proibidos pela legislação ambiental;
136
Figura 13 - Zoneamento Ecológico-Econômico
137
Quadro 9 - Cálculo de Áreas das Zonas Ambientais
ZONEAMENTO HECTARES
Zona de Proteção da Serra do Mar 40.233,70
Zona de Conservação I (Fartura) 1.986,15
Zona de Conservação II (Arraial) 1.246,39
Zona de Conservação III (Piraquara) 188,72
Zona de Conservação IV (Caiguava) 117,48
Zona de Conservação V (Rio do Corvo) 1.091,16
Zona de Conservação VI (Pico Paraná) 1.088,59
Zona de Conservação VII (Jaguatirica) 1.762,82
Zona de Conservação VIII (Bairro Alto) 1.267,91
Zona de Uso Especial P. E. do Pico Paraná 4.332,94
Zona de Uso Especial P. E. Roberto Ribas Lange 2.801,93
Zona de Uso Especial P. E. da Graciosa 1.147,62
Zona de Uso Especial P. E. do Pico Marumbi 2.387,76
Zona de Uso Especial P. E. do Pau-Ôco 880,78
Zona de Uso Agropecuário Capivari 1.869,69
Zona Histórico Cultural Caminho da Cachoeira 330,21
Zona Histórico Cultural Estrada da Graciosa 278,22
Zona Histórico Cultural Caminho de Itupava 190,81
Zona Histórico Cultural Caminho do Arraial 118,70
Sobreposição com APA do Piraquara 2.751,67
Sobreposição com APA do Rio Pequeno 904,66
TOTAL 66.868,27
Foram adotados os seguintes critérios para comércio e serviços: pequeno porte - área de
construção de até 100 m2; médio porte - entre 100 e 400 m2 e grande porte - superior a 400
m2.
138
Municípios: Campina Grande do Sul, Quatro Barras, Morretes,
ZONA DE PROTEÇÃO da Serra do Mar
Piraquara e Antonina
Caracterização Atividades Proibidas Objetivos Específicos Recomendações de Manejo
Características físicas: - Atividades de turismo que causem - Proteger as paisagens naturais e - Normatizar as atividades de
Região com relevos íngremes, possuindo altitudes impactos negativos ao meio ambiente. pouco alteradas de notável beleza turismo.
superiores na parte mais central e com - Comércio e serviços de grande porte*. cênica. - Permitir somente atividades
características de planície na porção Leste. - Atividades industriais de qualquer - Proteger espécies raras ou científicas que não comprometam a
Circunda os grandes maciços rochosos da Serra porte. ameaçadas de extinção, tanto da integridade dos ecossistemas.
dos Órgãos, Graciosa, Marumbi, Capivari Grande e flora como da fauna. - Limitar a infra-estrutura a algumas
Canavieiras. Nesta zona estão inseridos os - Parcelamento de solo.
- Proteger áreas de endemismo e trilhas necessárias ao
Parques Estaduais do Pico Paraná, Roberto Ribas - Plantio de espécies exóticas invasoras de grande riqueza de espécies da desenvolvimento de atividades
Lange, da Graciosa, do Pico Marumbi e do Pau- para reflorestamento comercial ou fauna. científicas, de ecoturismo, de
Ôco. ambiental. proteção da área e de educação
- Proporcionar uma “zona de
- Atividades de aquacultura. amortecimento” dos parques ambiental.
Características bióticas: - Atividades de agricultura ou pecuária. estaduais inseridos ou limítrofes à - Não permitir que as trilhas sofram
Área com grandes porções conservadas de Mata área. melhoramentos no seu leito visando
- Pesca.
Atlântica (Floresta Ombrófila Densa) formada por - Preservar a conectividade entre o uso motorizado.
- Extração de espécies vegetais nativas,
espécies da flora e fauna de grande valor corredores biológicos. - Realizar obras para proporcionar
incluindo desmatamentos, corte de
científico, típicas deste ambiente e protegidas pela - Possibilitar atividades de pesquisa um adequado escoamento da água
árvores isoladas e roçadas.
lei. científica. pluvial.
- Despejo nos cursos d’água de
- Fiscalizar a caça e pesca.
quaisquer efluentes líquidos, resíduos - Garantir a qualidade dos recursos
Características socioeconômicas: sólidos ou detritos in natura. hídricos. - Incrementar a fiscalização e o
Áreas naturais de mínima intervenção do homem, policiamento nas áreas de turismo.
- Disposição final de resíduos sólidos
com ecossistemas únicos, tolerantes a um uso industriais. - Controlar a qualidade de água dos
limitado do público. rios das bacias do Cachoeira,
Nhundiaquara, Iguaçu e Ribeira.
Conflitos: - Propor diretrizes de uso do solo no
Caça, retirada de palmito e plantas ornamentais, Parque de Férias do Marumbi.
desmatamento para cultivos de subsistência, - Fomentar ações de educação
turismo desordenado. Depósito de lixo ao longo de ambiental junto aos Parques.
rodovias e ferrovias, risco de acidentes com
produtos perigosos, capina química para
manutenção de oleodutos. Loteamento Parque de
Férias do Marumbi.
2 2 2
* Critérios adotados para comércio e serviços: pequeno porte - área de construção de até 100 m ; médio porte - entre 100 e 400 m e grande porte - superior a 400 m .
139
ZONA DE CONSERVAÇÃO I - FARTURA Município: Morretes
Caracterização Atividades Proibidas Objetivos Específicos Recomendações de Manejo
Características físicas: - Plantio de áreas extensas (>10 ha) de - Estimular o desenvolvimento da - Dar apoio à capacitação de
Compreende áreas de planície com rochas florestas exóticas invasoras. Agroecologia. produtores para a conversão do
gnáissico-migmatíticas e depósitos sedimentares - Empreendimentos de aquacultura de - Fomentar a agricultura de sistema produtivo.
recentes. grande porte (> 2 ha) e de médio e subsistência. - Estimular o plantio da pupunha
pequeno porte com as seguintes - Garantir a qualidade dos recursos (bactris gasipaes), palmeira real da
espécies: bagre africano (clarias ssp.), hídricos, em especial dos Australia (Archontophoenix ssp.) e
Características bióticas: catfish (Ichtalurus punctatus), black- açaí (euterpe oleracea).
mananciais dos rios Cristal e
Área com porções conservadas de Mata Atlântica bass (Micropterus spp.), apaiari Iporanga. - Normatizar a atividades de
(Floresta Ombrófila Densa) contendo espécies da (Astronotus ocelatus), camarão da produção de palmito (euterpe
flora e fauna típicas deste ambiente situadas em malásia (Macrobrachium rosenbergii), - Adequar e modernizar a cultura edulis) e o cultivo de bromélias.
altitudes que variam entre 30 e 400 m (Formação rã touro (Rana catesbiana), tucunaré de bananas (utilização de
Submontana) protegidas pela lei. Em algumas (Cichla ssp.). sistemas agroflorestais com - Adequar a destinação final do lixo.
áreas a mata foi suprimida para dar lugar à - Suinocultura, granja de aves, orientação da EMATER). - Fiscalizar o comércio de produtos
agricultura. abatedouros, sem o tratamento - Estimular a aquacultura utilizando oriundos do extrativismo e da fauna
adequado dos efluentes. espécies nativas, como o jundiá silvestre.
Características socioeconômicas: - Uso de agrotóxicos sem receituário de corredeira (rhandia kuelen). - Fiscalizar a caça e a pesca.
agronômico. - Fiscalizar a ocupação em Áreas de
Agricultura de subsistência. Extrativismo vegetal,
caça e pesca. Pólo de referência em Agroecologia - Extração de “cernes de troncos” e Preservação Permanente.
com cadeia produtiva instalada e em xaxins. - Controlar a qualidade da água, em
funcionamento, com certificação. Cultivo de - Extração de bromélias, palmito e especial dos rios Cristal e Iporanga,
bananas. Captação de água pela SANEPAR na orquídeas sem manejo sustentável. a montante da captação da
extremidade Norte. Fonte de água mineral da SANEPAR.
Fartura. - Indústrias potencialmente
degradadoras, capazes de - Fomentar ações de educação
comprometer a qualidade dos ambiental.
Conflitos: mananciais de água.
Caça para consumo sem manejo (aves silvestres, - Disposição final de resíduos sólidos
paca, veado, porco-do-mato). Envasamento ilegal industriais.
de palmito. Tratamento inadequado do lixo. Uso de - Despejo nos cursos d’água de
defensivos agrícolas no plantio de bananas. quaisquer efluentes líquidos, resíduos
sólidos ou detritos in natura.
140
ZONA DE CONSERVAÇÃO II - ARRAIAL Municípios: Morretes e São José dos Pinhais
Caracterização Atividades Proibidas Objetivos Específicos Recomendações de Manejo
Características físicas: - Plantio de áreas extensas (>10 ha) de - Estimular o desenvolvimento da - Apoiar a capacitação de produtores
Relevo sustentado por rochas do tipo granitos e florestas exóticas invasoras. Agroecologia. para a conversão do sistema
migmatitos com altitudes que variam de 200 a - Suinocultura, granja de aves, - Fomentar a agricultura de produtivo.
1.000 m. abatedouros, sem o tratamento subsistência. - Promover a elaboração de
Características bióticas: adequado dos efluentes. - Limitar as invasões existentes. instrumentos legais de ordenamento
Área com porções conservadas de Mata Atlântica - Uso de agrotóxicos sem receituário - Ordenar a ocupação e uso do territorial em harmonia com o
(Floresta Ombrófila Densa) contendo espécies da agronômico. solo, principalmente na margem zoneamento ecológico-econômico.
flora e fauna típicas deste ambiente situadas em - Extração de “cernes de troncos” e da rodovia BR-277. - Normatizar as atividades religiosas
altitudes que variam entre 30 e 1.000 m (Formação xaxins. - Garantir a qualidade dos recursos junto ao rio dos Padres.
Submontana e Montana) protegidas pela lei. Em - Extração de bromélias, palmito e hídricos. - Dar continuidade ao monitoramento
algumas áreas a mata foi suprimida para dar lugar orquídeas sem manejo sustentável. - Adequar e modernizar a cultura de qualidade da água dos rios do
à agricultura. - Indústrias potencialmente de bananas (utilização de Padre e do Pinto, pertencentes à
degradadoras, capazes de sistemas agroflorestais com bacia do Nhundiaquara.
Características socioeconômicas: comprometer a qualidade dos orientação da EMATER). - Fiscalizar a circulação de veículos
Cultivos de subsistência e chácaras de lazer. mananciais de água. - Estimular culturas tradicionais (motocicletas e jipes) no oleoduto.
Pequenos comércios e serviços de beira de - Disposição final de resíduos sólidos como mandioca em áreas - Fiscalizar a ocupação em Áreas de
estrada. Borda do P. E. do Pau Ôco. Previsão de industriais. declivosas. Preservação Permanente e ao
ampliação deste parque em parte desta zona. - Despejo nos cursos d’água de longo das faixas de domínio de
- Limitar as atividades de estradas (15 m) e linhas de alta
Presença de linhas de alta tensão, oleoduto, quaisquer efluentes líquidos, resíduos reflorestamento com espécies
estrada de ferro e rodovia. Pressão de ocupação sólidos ou detritos in natura. tensão (20 a 40m).
exóticas.
antrópica e reflorestamento com pinus a Oeste. - Ocupação da faixa de domínio das - Adequar a destinação final do lixo.
Divisa com APAs de Guaratuba e Rio Pequeno. estradas e linhas de transmissão. - Promover a implantação de sistema
BR-277 no limite Sul. 3 pontos de monitoramento de coleta e de tratamento de
de qualidade de água no limite Leste. esgotos.
- Estabelecer convênios com a
Conflitos: Defesa Civil e articular planos de
Área de invasão no limite Sudoeste. Pressão contingência para eventuais
antrópica junto à BR 277. Risco de acidentes com acidentes com cargas perigosas.
produtos perigosos. Capina química para - Fomentar ações de educação
manutenção de oleoduto. Cultivo de bananas sob ambiental.
linhas de alta tensão. Extrativismo vegetal sem - Prever áreas de escape (500m) ao
manejo. Caça. Sistemas de esgotamento sanitário longo da BR 277.
e tratamento de lixo inadequados. Abandono de
lixo (trabalhos espirituais) no rio dos Padres.
141
ZONA DE CONSERVAÇÃO III - PIRAQUARA Municípios: São José dos Pinhais e Piraquara
Caracterização Atividades Proibidas Objetivos Específicos Recomendações de Manejo
Características físicas: - Plantio de áreas extensas de florestas - Estimular o desenvolvimento da - Apoiar a capacitação de produtores
Abrange pequena porção do Primeiro Planalto exóticas invasoras (>10 ha). Agroecologia. para a conversão do sistema
Paranaense com altitudes que variam de 300 a - Empreendimentos de aquacultura de - Fomentar a agricultura de produtivo.
1.000m. grande porte (> 2 ha) e de médio e subsistência. - Promover a elaboração de
pequeno porte com as seguintes - Ordenar a ocupação e uso do instrumentos legais de ordenamento
espécies: bagre africano (clarias ssp.), solo. territorial em harmonia com o
Características bióticas: catfish (Ichtalurus punctatus), black- zoneamento ecológico-econômico.
Área com porções conservadas de Mata Atlântica bass (Micropterus spp.), apaiari - Garantir a qualidade dos recursos
hídricos. - Normatizar atividades de turismo.
(Floresta Ombrófila Densa) contendo espécies da (Astronotus ocelatus), camarão da
flora e fauna típicas deste ambiente situadas em malásia (Macrobrachium rosenbergii), - Estimular a aquacultura utilizando - Fiscalizar a caça e pesca.
altitudes que variam entre 400 e 1.000m rã touro (Rana catesbiana), tucunaré espécies nativas, como o jundiá - Controlar a qualidade da água dos
(Formação Montana) protegidas pela lei. Em (Cichla ssp.). de corredeira (rhandia kuelen). rio Pequeno, pertencente à bacia do
algumas áreas a mata foi suprimida para dar lugar - Suinocultura, granja de aves, Iguaçu.
à agricultura. - Limitar as atividades de
abatedouros, sem o tratamento reflorestamento com espécies - Adequar a destinação final do lixo.
adequado dos efluentes. exóticas. - Promover a implantação de sistema
Características socioeconômicas: - Uso de agrotóxicos sem receituário de coleta e de tratamento de
agronômico. esgotos.
Pequenas propriedades com cultivos de
subsistência, caça e pesca. Área de chácaras de - Extração de “cernes de troncos” e - Fomentar ações de educação
lazer. Prestação de serviços no turismo não xaxins. ambiental.
organizado. Divisa com APAs do Rio Pequeno e - Extração de bromélias, palmito e
Piraquara. Reflorestamento e agropecuária a orquídeas sem manejo sustentável.
Noroeste.
- Indústrias potencialmente
degradadoras, capazes de
Conflitos: comprometer a qualidade dos
Especulação imobiliária em área próxima (Distrito mananciais de água.
de Borda do Campo de São Sebastião). - Disposição final de resíduos sólidos
Parcelamento do solo para chácaras, turismo não industriais.
organizado. Sistemas de esgotamento sanitário e
- Despejo nos cursos d’água de
tratamento de lixo inadequados.
quaisquer efluentes líquidos, resíduos
sólidos ou detritos in natura.
142
ZONA DE CONSERVAÇÃO IV - CAIGUAVA Município: Piraquara
Caracterização Atividades Proibidas Objetivos Específicos Recomendações de Manejo
Características físicas: - Empreendimentos de aquacultura de - Estimular o desenvolvimento da - Dar apoio à capacitação de
Região com características físicas semelhantes a grande porte (> 2 ha) e de médio e Agroecologia. produtores para a conversão do
Zona ZCIII, situando-se também no Primeiro pequeno porte com as seguintes - Fomentar a agricultura de sistema produtivo.
Planalto Paranaense, com altitudes que variam de espécies: bagre africano (clarias ssp.), subsistência. - Promover a elaboração de
300 a 1.000 m. catfish (Ichtalurus punctatus), black- instrumentos legais de ordenamento
bass (Micropterus spp.), apaiari - Ordenar a ocupação e uso do
solo. territorial em harmonia com o
(Astronotus ocelatus), camarão da zoneamento ecológico-econômico
Características bióticas: malásia (Macrobrachium rosenbergii), - Proteger os recursos naturais
rã touro (Rana catesbiana), tucunaré necessários à subsistência de - Dar atenção especial ao
Área com grandes porções conservadas de Mata agrupamento indígena próximo à
(Cichla ssp.). populações tradicionais e
Atlântica (Floresta Ombrófila Densa) contendo Represa do Caiguava /Barragem
espécies da flora e fauna típicas deste ambiente - Suinocultura, granja de aves, indígenas, respeitando e
valorizando seu conhecimento e Piraquara I.
situadas em altitudes que variam entre 400 e abatedouros, sem o tratamento
1.000m (Formação Montana) protegidas pela lei. adequado dos efluentes. sua cultura e promovendo-as - Participar da elaboração e
social e economicamente. implementação do Plano Diretor do
- Uso de agrotóxicos sem receituário entorno do reservatório.
agronômico. - Garantir a qualidade dos recursos
Características socioeconômicas: hídricos. - Normatizar atividades de turismo.
- Extração de “cernes de troncos” e
Pequenas propriedades com agricultura e pecuária - Estimular a aquacultura utilizando - Adequar a destinação final do lixo.
xaxins.
de subsistência. Caça e pesca. Prestação de espécies nativas, como o jundiá - Fiscalizar a caça.
serviços no turismo ainda não organizado, - Extração de bromélias, palmito e de corredeira (rhandia kuelen).
predatório. Chácaras de lazer. orquídeas sem manejo sustentável. - Regularizar a pesca esportiva e de
- Pesca predatória. - Promover o enriquecimento subsistência.
Comunidade indígena Arco Íris com 60 famílias florestal junto às margens da
próximo à represa Piraquara. Área prioritária para - Indústrias potencialmente - Fiscalizar a pesca predatória.
represa do Caiguava.
conservação da fauna junto aos Mananciais da degradadoras, capazes de - Controlar a qualidade da água do
Serra (APA de Piraquara). Divisa com o P. E. da comprometer a qualidade dos rio Ipiranga, pertencente à bacia do
Baitaca a Oeste. mananciais de água. Nhundiaquara.
- Disposição final de resíduos sólidos - Fiscalizar o uso de agrotóxicos em
Conflitos: industriais. zonas de agricultura.
Turismo desordenado. Tratamento inadequado do - Despejo nos cursos d’água de - Fomentar ações de educação
lixo. Parcelamento do solo para chácaras. Risco de quaisquer efluentes líquidos, resíduos ambiental.
acidentes com produtos perigosos. sólidos ou detritos in natura.
143
ZONA DE CONSERVAÇÃO V - RIO DO CORVO Municípios: Quatro Barras e Campina Grande do Sul
Caracterização Atividades Proibidas Objetivos Específicos Recomendações de Manejo
Características físicas: - Plantio de áreas extensas de florestas - Estimular o desenvolvimento da - Normatizar as atividades de
Abrange pequena porção do Primeiro Planalto exóticas invasoras (>10 ha). Agroecologia. turismo.
Paranaense, com altitudes que variam de 300 a - Suinocultura, granja de aves, - Fomentar a agricultura de - Promover a elaboração de
1.000 m. abatedouros, sem o tratamento subsistência. instrumentos legais de ordenamento
adequado dos efluentes. - Ordenar a ocupação e uso do territorial em harmonia com o
- Uso de agrotóxicos sem receituário solo, principalmente na margem zoneamento ecológico-econômico.
Características bióticas:
agronômico. da rodovia PR-410. - Adequar a destinação final do lixo.
Área com porções conservadas de Mata Atlântica
- Extração de “cernes de troncos” e - Garantir a qualidade dos recursos - Promover a implantação de sistema
(Floresta Ombrófila Densa) contendo espécies da
xaxins. hídricos, em especial do rio do de coleta e de tratamento de
flora e fauna típicas deste ambiente situadas em
altitudes que variam entre 400 e 1.000m - Extração de bromélias, palmito e Corvo. esgotos.
(Formação Montana) protegidas pela lei. Em orquídeas sem manejo sustentável. - Limitar as atividades de - Estabelecer convênios com a
algumas áreas a mata foi suprimida para dar lugar - Caça. reflorestamento com espécies Defesa Civil e articular planos de
à agricultura. exóticas. contingência para eventuais
- Indústrias potencialmente acidentes com cargas perigosas.
degradadoras, capazes de
Características socioeconômicas: comprometer a qualidade dos - Fiscalizar a caça.
mananciais de água. - Controlar a qualidade da água dos
Usos múltiplos de baixa intensidade como
agricultura e pecuária de subsistência, piscicultura, - Disposição final de resíduos sólidos rios Taquari e Corvo, pertencentes à
reflorestamento, turismo, serviços. Lavouras industriais. bacia do Ribeira.
orgânicas certificadas. Diaristas em serviços - Despejo nos cursos d’água de - Regulamentar e controlar o uso de
domésticos e em lavouras vizinhas. PR-410 na quaisquer efluentes líquidos, resíduos locais utilizados para rituais
divisa entre os 2 municípios. sólidos ou detritos in natura. religiosos.
- Verificar situação ambiental do
Conflitos: loteamento Taquari.
144
ZONA DE CONSERVAÇÃO VI - PICO PARANÁ Municípios: Campina Grande do Sul e Antonina
Caracterização Atividades Proibidas Objetivos Específicos Recomendações de Manejo
Características físicas: - Plantio de áreas extensas de florestas - Fomentar o desenvolvimento das - Promover a elaboração de
A região apresenta altitudes que variam de 200 até exóticas invasoras (>10 ha). atividades comerciais, industriais instrumentos legais de ordenamento
mais de 1.000m. O relevo se apresenta escarpado, - Suinocultura, granja de aves, e de serviços. territorial em harmonia com o
com vertentes íngremes ao Norte e topos isolados, abatedouros, sem o tratamento - Compatibilizar as atividades com zoneamento ecológico-econômico.
colinas e cristas arredondadas, de vertentes adequado dos efluentes. a preservação da qualidade dos - Adequar o esgotamento sanitário e
convexas a Oeste. - Uso de agrotóxicos sem receituário recursos hídricos. a destinação final do lixo.
agronômico. - Ordenar a ocupação e uso do - Controlar a qualidade da água do
Características bióticas: - Extração de “cernes de troncos” e solo. ribeirão Terra, Samambaia e
xaxins. - Disciplinar as atividades Manoel José, pertencentes à bacia
Área com porções conservadas de Mata Atlântica do Ribeira.
(Floresta Ombrófila Densa) contendo espécies da - Extração de bromélias, palmito e industriais de grande potencial
flora e fauna típicas deste ambiente situadas em orquídeas sem manejo sustentável. poluidor. - Fiscalizar acessos aos picos
altitudes que variam entre 400 e 1.000m Paraná, Capivari e outros locais de
- Disposição final de resíduos sólidos ecoturismo.
(Formação Montana) protegidas pela lei. Em industriais.
algumas áreas a mata foi suprimida para dar lugar - Disciplinar o uso e incentivar a
à agricultura. - Despejo nos cursos d’água de construção de infra-estrutura na
quaisquer efluentes líquidos, resíduos Fazenda Pico Paraná.
sólidos ou detritos in natura.
Características socioeconômicas: - Estabelecer convênios com a
Defesa Civil e articular planos de
Usos múltiplos com potencial para atividades contingência para eventuais
industriais, comerciais e de serviços. Agricultura de acidentes com cargas perigosas.
subsistência e agroindústria. Prestação de serviços
gerais nos arredores. Diaristas em serviços - Fomentar ações de educação
domésticos e em lavouras vizinhas. Cultivo do ambiental.
caqui e piscicultura. BR 116 no limite Oeste. - Prever áreas de escape (500m) ao
longo da BR 116.
Conflitos:
Sistemas de esgotamento sanitário e tratamento
de lixo inadequados. Risco de acidentes com
produtos perigosos. Turismo excessivo em
acessos ao Pico Paraná, Capivari e outros. Risco
de acidentes com produtos perigosos.
145
ZONA DE CONSERVAÇÃO VII - JAGUATIRICA Municípios: Campina Grande do Sul e Antonina
Caracterização Atividades Proibidas Objetivos Específicos Recomendações de Manejo
Características físicas: - Empreendimentos de aquacultura de - Fomentar o desenvolvimento das - Promover a elaboração de
A região apresenta altitudes com valores que grande porte (> 2 ha) e de médio e atividades comerciais, industriais instrumentos legais de ordenamento
variam de 200 a mais de 1.000 m. O relevo se pequeno porte com as seguintes e de serviços. territorial em harmonia com o
apresenta escarpado, com vertentes íngremes ao espécies: bagre africano (clarias ssp.), - Compatibilizar as atividades com zoneamento ecológico-econômico.
Norte e topos isolados, colinas e cristas catfish (Ichtalurus punctatus), black- a preservação da qualidade dos - Adequar o esgotamento sanitário e
arredondadas, de vertentes convexas a Oeste. bass (Micropterus spp.), apaiari recursos hídricos. a destinação final do lixo.
(Astronotus ocelatus), camarão da
malásia (Macrobrachium rosenbergii), - Estimular a aquacultura utilizando - Controlar a qualidade da água do
rã touro (Rana catesbiana), tucunaré espécies nativas, como o jundiá ribeirão Terra, Samambaia e
Características bióticas:
(Cichla ssp.). de corredeira (rhandia kuelen). Manoel José, pertencentes à bacia
Área com porções conservadas de Mata Atlântica do Ribeira.
(Floresta Ombrófila Densa) contendo espécies da - Plantio de áreas extensas de florestas - Ordenar a ocupação e uso do
flora e fauna típicas deste ambiente situadas em exóticas invasoras (>10 ha). solo. - Avaliar condições de mineração
altitudes que variam entre 400 e 1.000m - Suinocultura, granja de aves, - Limitar as atividades de junto à represa do Ribeirão Grande.
(Formação Montana) protegidas pela lei. Em abatedouros, sem o tratamento reflorestamento com espécies
algumas áreas a mata foi suprimida para dar lugar adequado dos efluentes. exóticas. - Estabelecer convênios com a
à agricultura. - Disciplinar as atividades Defesa Civil e articular planos de
- Uso de agrotóxicos sem receituário contingência para eventuais
agronômico. industriais de grande potencial
poluidor. acidentes com cargas perigosas.
Características socioeconômicas: - Extração de “cernes de troncos” e
Usos múltiplos com potencial para atividades xaxins. - Incentivar o turismo (vôo livre) - Fomentar ações de educação
industriais, comerciais e de serviços. Agricultura de junto à torre da EMBRATEL. ambiental.
- Extração de bromélias, palmito e
subsistência. Prestação de serviços gerais nos orquídeas sem manejo sustentável.
arredores. Diaristas em serviços domésticos e em
lavouras vizinhas. Cultivo do caqui e piscicultura. - Caça.
BR 116 no limite Oeste. Minerações de brita, - Disposição final de resíduos sólidos
granito e paralelepípedo junto à represa do industriais.
Ribeirão Grande. - Despejo nos cursos d’água de
quaisquer efluentes líquidos, resíduos
Conflitos: sólidos ou detritos in natura.
Multiplicação de loteamentos e aumento da
população. Sistemas de esgotamento sanitário e
tratamento de lixo inadequados. Risco de
acidentes com produtos perigosos.
146
ZONA DE CONSERVAÇÃO VIII - BAIRRO ALTO Municípios: Antonina
Caracterização Atividades Proibidas Objetivos Específicos Recomendações de Manejo
Características físicas: - Plantio de áreas extensas de florestas - Promover o ecoturismo. - Normatizar as atividades de
Região de planícies com altitudes inferiores a exóticas invasoras (>10 ha). - Estimular o desenvolvimento da turismo, inclusive junto à estrada da
200m na bacia do rio Cachoeira. Aparecem topos - Suinocultura, granja de aves, Agroecologia. Piscina dos Elefantes.
isolados e cristas arredondadas em toda a abatedouros, sem o tratamento - Estimular o plantio de frutíferas - Capacitar mão-de-obra local para o
extensão da zona. Declividades inferiores a 12%. adequado dos efluentes. nativas adaptadas às condições turismo rural e de aventura.
- Uso de agrotóxicos sem receituário locais de solo e clima. - Orientar o empreendedor da área
Características bióticas: agronômico. - Limitar as atividades de turística.
Área com porções conservadas de Mata Atlântica - Extração de “cernes de troncos” e reflorestamento com espécies - Implementar planos de manejo para
(Floresta Ombrófila Densa) contendo espécies da xaxins. exóticas. extração de palmito.
flora e fauna típicas deste ambiente situadas em - Extração de bromélias, palmito, - Garantir a qualidade dos recursos - Dar apoio ao Pólo de Agroecologia.
altitudes que variam entre 30 e 400 m (Formação bracatinga e erva-mate nativa sem hídricos. - Dar apoio à agroindústria: polpa de
Submontana) protegidas pela lei. Em algumas manejo sustentável. - Ordenar a ocupação e uso do frutas, mandiquera, multimistura
áreas a mata foi suprimida para dar lugar à - Indústrias potencialmente solo, principalmente na margem (sugestões EMATER).
agricultura. degradadoras, capazes de da rodovia PR-340. - Adequar a destinação final do lixo.
comprometer a qualidade dos - Fiscalizar a caça.
Características socioeconômicas: mananciais de água.
- Controlar a qualidade da água dos
Usos múltiplos com ênfase em turismo, - Disposição final de resíduos sólidos rios Cachoeira e Cotia, pertencentes
mananciais, geração de energia e núcleos industriais. à bacia do Cachoeira.
habitacionais. Agricultura comercial e de - Despejo nos cursos d’água de - Fiscalizar o uso de agrotóxicos em
subsistência; caça e extração de palmito; pequeno quaisquer efluentes líquidos, resíduos zonas de agricultura.
comércio; atividades turísticas. Produtores sólidos ou detritos in natura.
associados ao Pólo de Agroecologia. Chácaras. - Promover a elaboração de
- Ocupação da faixa de domínio das instrumentos legais de ordenamento
PR-340 no limite Leste. Usina da COPEL. linhas de transmissão.
Aglomeração populacional em Bairro Alto e territorial em harmonia com o
Cachoeira, comunidades que interagem com a UC. zoneamento ecológico-
Divisa com APA de Guaraqueçaba a Leste. econômico.Participar da
implantação do Plano Diretor do
entorno do reservatório da COPEL.
Conflitos: Turismo sem normatização, - Fiscalizar a ocupação em Áreas de
Fracionamento de propriedades para instalação de Preservação Permanente e ao
chácaras. Pressão urbana junto à PR - 340. longo das faixas de domínio de
Tratamento inadequado do lixo. Risco de acidentes linhas de alta tensão (20 a 40m).
com produtos perigosos.
- Estabelecer convênios com a
Defesa Civil e articular planos de
contingência para eventuais
acidentes com cargas perigosas.
- Fomentar ações de educação
ambiental.
147
ZONAS DE USO AGROPECUÁRIO CAPIVARI Municípios: Campina Grande do Sul e Antonina
Caracterização Atividades Proibidas Objetivos Específicos Recomendações de Manejo
Características físicas: - Suinocultura, granja de aves, - Apoiar o desenvolvimento das - Estimular a utilização de critérios
Região que abrange parte do Primeiro Planalto abatedouros, sem o tratamento atividades agropecuárias. técnicos que visem a manutenção
Paranaense no limite Oeste, com altitudes de 300 adequado dos efluentes. - Garantir a qualidade dos recursos da qualidade física, química e
a 1.000 m. Na porção Leste o relevo apresenta - Uso de agrotóxicos sem receituário hídricos. biológica dos solos pelas atividades
feição de serra, altitudes superiores a 1.000m, agronômico. - Ordenar a ocupação e uso do agrícolas.
afloramentos rochosos em grande proporção e - Disposição final de resíduos sólidos solo, principalmente na margem - Manter os animais domésticos em
vertentes íngremes com declividades superiores a industriais. da rodovia BR-116. áreas cercadas ou em locais
30%. - Despejo nos cursos d’água de - Promover o enriquecimento adequados, para evitar a
quaisquer efluentes líquidos, resíduos vegetal junto à represa do degradação do ecossistema.
Características bióticas: sólidos ou detritos in natura. Capivari. - Exigir a implantação de estruturas
Área com poucas porções conservadas de Mata - Ocupação da faixa de domínio das de drenagem para os acessos
Atlântica (Floresta Ombrófila Densa) contendo linhas de transmissão. existentes ou a serem construídos.
espécies da flora e fauna típicas deste ambiente - Avaliar condições de mineração
situadas em altitudes que variam de 400 a 1.000m junto à represa do Capivari.
(Formação Montana) protegidas pela lei. Em - Adequar o esgotamento sanitário e
grande parte da área a mata foi suprimida para dar a destinação final do lixo.
lugar à agropecuária. - Fiscalizar a caça.
- Fiscalizar o uso de agrotóxicos em
Características socioeconômicas: zonas de agricultura.
Predomínio de atividades agropecuárias: cultivo de - Controlar a qualidade da água dos
grãos e hortaliças, fruticultura, psicultura, pecuária. rios do Cedro e Lapinha, perten-
BR-116 e represa do Capivari no limite Oeste e centes à bacia do Ribeira.
linhas de transmissão cortando a área. Mineração - Fiscalizar a ocupação em Áreas de
de saibro no limite Oeste, junto à represa do Preservação Permanente e ao
Capivari. longo das faixas de domínio de
linhas de alta tensão (20 a 40m).
Conflitos: - Estabelecer convênios com a
Tendência de expansão do setor de serviços e Defesa Civil e articular planos de
multiplicação de loteamentos, o que pode causar o contingência para eventuais
aumento da população local. Sistemas de acidentes com cargas perigosas.
esgotamento sanitário e tratamento de lixo - Fomentar ações de educação
inadequados. Problemas de erosão. Risco de ambiental.
acidentes com produtos perigosos.
148
ZONA HISTÓRICO - CULTURAL (Caminho da Cachoeira, Estrada da Graciosa, Municípios: Morretes, Campina Grande do Sul, Quatro Barras,
Caminho de Itupava e Caminho do Arraial) Piraquara e Antonina
Caracterização Atividades Proibidas Objetivos Específicos Recomendações de Manejo
Municípios: Quatro Barras, Morretes, Campina - Instalação de edificações sem que - Preservar sítios históricos e - Exigir a prévia autorização do
Grande do Sul, São José dos Pinhais e Antonina. sejam observados critérios que arqueológicos. IPHAN e Secretaria de Cultura do
possibilitem a proteção dos sítios de - Promover o turismo histórico- Paraná para as pesquisas e
valor histórico, arqueológico ou cultural cultural. construções realizadas na área.
Características físicas: existentes.
- Fomentar o estudo dos valores - Regulamentar o acesso do público
Região com relevo típico de serras (altitudes - Execução de infra-estrutura viária. a locais previamente determinados
superiores a 1.000m) e de planície com (altitudes históricos, arqueológicos e
- Retirada ou remoção de qualquer culturais. e demarcados e de forma ordenada,
inferiores a 200m). orientada e exclusiva.
objeto de cunho arqueológico, histórico, - Fomentar a educação e
Características bióticas: cultural. - Exigir a comunicação à
interpretação ambiental e a
Área com grandes porções conservadas de Mata - Atividades industriais de qualquer recreação em contato com a administração da área sobre a
Atlântica (Floresta Ombrófila Densa) formada por porte. natureza. descoberta de bens de valor
espécies da flora e fauna típicas deste ambiente e arqueológico, histórico ou cultural.
que são protegidas pela lei. - Comércio e serviços de grande porte. - Fomentar a criação de áreas de
lazer públicas e particulares. - Elaborar zoneamento e avaliação
- Projetos de urbanização ou de capacidade de carga, nos
loteamentos rurais de qualquer porte. - Garantir a qualidade dos recursos moldes do trabalho realizado para o
Características socioeconômicas: hídricos.
- Atividades de aquacultura. Caminho de Itupava.
Áreas com antigos caminhos coloniais, onde
- Extração de espécies vegetais nativas. - Fornecer ao visitante todas as
predominam as atividades de turismo (serviços e
informações sobre o caminho
comércio) junto às faixas de domínio, - Despejo nos cursos d’água de
histórico, tais como sua importância,
principalmente no Caminho de Itupava. Vários quaisquer efluentes líquidos, resíduos
possibilidades de recreação e
indícios arqueológico na área de influência deste sólidos ou detritos in natura.
normas de comportamento.
Caminho. Ponto de monitoramento de qualidade - Tratamento ou disposição final de
de água junto ao Santuário Nhundiaquara. - Propiciar o apoio logístico ao
resíduos sólidos industriais.
visitante.
- Incrementar a fiscalização e o
Conflitos: Agravamento da erosão, extração de policiamento nas áreas de turismo.
espécies vegetais, caça, geração de lixo, impactos
do solo, danos ao patrimônio arqueológico. - Fiscalizar a caça.
Invasão no entroncamento da BR-116 com a PR- - Controlar a qualidade da água dos
410. Risco de acidentes com produtos perigosos. rios e lagos.
149
8 PLANEJAMENTO E GESTÃO NA AEIT DO MARUMBI
A nova Constituição Federal trouxe avanços sociais positivos, em especial no que se refere
à conservação ambiental. Embora garanta o direito de propriedade, estabelece que esta
atenderá à sua função social. Além disso, nos seus "Princípios Gerais da Atividade
Econômica", destaca a função social da propriedade e a defesa do meio ambiente.
É comum deparar-se com uma situação de restrição integral ao uso de uma ou mais
propriedades, abrangendo sua área total. Essas restrições podem vir a gerar situações de
conversão em área pública ou de criação de uma unidade de conservação de proteção
integral, pública ou privada. As dificuldades encontradas pelos proprietários em cumprir a
legislação sobre Reservas Legais têm gerado propostas quanto à formação de condomínios
e/ou cooperativas de proprietários.
150
É básica a premissa de que todas as partes interessadas têm papéis a desempenhar. A
administração governamental deve se tornar ágil e flexível para acomodar e promover este
novo modelo.
Gerir a AEIT significa exercer sobre ela um conjunto de ações políticas, legislativas e
administrativas para que, partindo da realidade existente, se possa alcançar uma cultura
organizacional que promova trabalhos em equipe com a comunidade, objetivando a
capacitação dos atores, a produção de bens e serviços, de modo a minimizar os impactos
dessa produção sobre os recursos naturais e o cumprimento dos objetivos
conservacionistas.
O planejamento da AEIT apresenta-se de tal forma que uma seqüência de ações durante
sua implementação leva à uma evolução progressiva do plano previstas, vislumbrando-se
pelo menos três fases. Parte-se da formulação do planejamento com dados secundários, na
primeira, e alcança-se a disponibilidade de estudos específicos que permitirão atuar sobre
os problemas mais complexos e menos conhecidos da AEIT, à medida que se aprofundam
os conhecimentos e domínio das variáveis envolvidas em sua gestão.
Adotar este enfoque processual pressupõe que a evolução gradual do conhecimento amplia
a capacidade de identificação dos problemas. Além disso, possibilita prever as
potencialidades e os riscos futuros e cria as condições para se formular as etapas do Plano.
Este enfoque deve ser dinâmico e evolutivo, enriquecido com o aprofundamento do
conhecimento técnico e científico dos processos socioambientais que ocorrem na área. A
revisão da eficiência e ações dos programas devem ser avaliadas periodicamente.
• ao conhecimento adquirido;
151
consolidação da missão da AEIT. A missão da AEIT revela o objetivo específico da unidade
de conservação, os meios para alcançar este objetivo e a contribuição deste para a
preservação e conservação da biodiversidade e para o desenvolvimento sustentável da
região.
A concretização dos objetivos de criação de uma AEIT estará mais garantida e de maneira
mais eficaz dentro de procedimentos de Planejamento Participativo. Engajando-se a
comunidade no processo, é possível buscar respostas concretas à sociedade que vive e
produz na região. O Planejamento Participativo busca também motivar a comunidade, tendo
em vista seu engajamento no processo de desenvolvimento e implantação da AEIT, através
de novas alternativas e oportunidades capazes de ampliar sua qualidade de vida e
conservar a biodiversidade, além de propiciar o gerenciamento dos conflitos existentes e
potenciais.
No processo participativo, a realidade é explicada pelo conjunto dos atores que dele
participam e a identificação da problemática, assim como a busca das soluções dependem
do conjunto dos mesmos. O quadro socioambiental, assim obtido, deve refletir melhor os
objetivos definidos pelos agentes e contar com o compromisso dos mesmos para a sua
implementação. Deve-se obter uma participação de qualidade em todos os momentos do
processo. Os agentes fornecerão suas contribuições para identificar e avaliar os problemas
e potencialidades da região a partir da realidade e da cultura das populações tradicionais. O
152
processo permite, ainda, explicitar conflitos, promover processos de negociação entre os
agentes, tornando-se uma oportunidade para a exposição de pontos de vista específicos.
153
9 MANEJO E DESENVOLVIMENTO
154
Campina Grande do Sul
Promover a geração de
emprego e renda em
pequenas propriedades
agrícolas familiares
Agência de
através da implantação Ministério da
Desenvolvimento
de sistemas Integração Administração Geral 0,00 2003/2004
dos municípios
agrosilviculturais, Nacional
da mesoregião
organizados em torno de
unidades rurais de
desenvolvimento
integrado
Caixa econômica Prefeitura de
Melhoria da condições de Ministério das
Federal- Programas Campina Grande 0,00 2003/2004
habitabilidade cidades
Sociais do Sul
Habitar/BID- Caixa econômica Prefeitura de
Ministério das
Desenvolvimento Federal- Programas Campina Grande 112.778,00 2002/2004
Cidades
institucional Sociais do Sul
Implementação do fórum
Agência de
de desenvolvimento Ministério da
Desenvolvimento
integrado e sustentável Integração Administração Geral 245.304,00 2001/2003
dos municípios
da mesorregião Vale do Nacional
da mesoregião
Ribeira/Guaraqueçaba
Ministério do Programa Nacional Prefeitura de
Infra-estrutura e serviços Desenvolvimento de Agricultura Campina Grande 54.545,00 2001/2004
Agrário Familiar do Sul
Prefeitura de
Execução de sistemas de Fundação Nacional
Ministério da Saúde Campina Grande 36.000,00 2002/2003
abastecimento de água de Saúde
do Sul
Reestruturação urbana,
Caixa Econômica Prefeitura de
interligação de áreas Ministério das
Federal- Programas Campina Grande 200.000,00 2001/2003
urbanas e adequação de Cidades
Sociais do Sul
vias
Ministério da
Prefeitura de
Agricultura, Caixa Econômica
Infra-estrutura e serviços Campina Grande 50.000,00 2000/2001
Pecuária e Federal
do Sul
Abastecimento
Caixa Econômica Prefeitura de
Ações de saneamento Ministério das
Federal- Programas Campina Grande 750.000,00 2000/2004
básico cidades
Sociais do Sul
Caixa Econômica Prefeitura de
Ações de saneamento Ministério das
Federal- Programas Campina Grande 60.000,00 2000/2002
básico cidades
Sociais do Sul
Ministério da Prefeitura de
Construção de galerias
Integração Administração geral Campina Grande 100.000,00 2000/2001
de águas pluviais
Nacional do Sul
Ministério da Prefeitura de
Dragagem e retificação
Integração Administração Geral Campina Grande 18.000,00 1999/2000
de leito do córrego
Nacional do Sul
Prefeitura de
Conclusão do centro de Ministério do Instituto Brasileiro do
Campina Grande 442.500,00 1999/2000
eventos Turismo Turismo
do Sul
Desenvolvimento de
Diretoria Executiva Prefeitura de
ações do plano de
Ministério da Saúde do Fundo Nacional Campina Grande 65.210,00 1998/2000
erradicação do Aedes
de Saúde do Sul
aegypti
155
Morretes
Melhoria das condições Ministério das Caixa Econômica Prefeitura de
50.000,00 2001/2003
de habitabilidade Cidades Federal Morretes
Secretaria de
Ações de
Ministério do Meio Qualidade Ambiental Prefeitura de
desenvolvimento 75.000,00 2001/2002
Ambiente nos Assentamentos Morretes
Ambiental Urbano
Urbanos
Ministério do Programa Nacional
Implantação de infra- Prefeitura de
Desenvolvimento de Agricultura 147.670,18 2000/2003
estrutura e serviços Morretes
Agrário Familiar
Revitalização do Fundo Geral de
Ministério do Prefeitura de
Complexo Turístico da Turismo 120.000,00 1999/2001
Turismo Morretes
Praça Rocha Pombo (FUNGETUR)
Estabelecer as condições
para o desenvolvimento Diretoria Executiva
Prefeitura de
das ações do plano de Ministério da Saúde do Fundo Nacional 31.064,00 1998/2000
Morretes
erradicação da Aedes de Saúde
aegypti no município
Quatro Barras
Execução de Sistemas Ministério da Saúde Fundação Nacional Prefeitura de 0,00 2002/2004
de Abastecimento de de Saúde Quatro Barras
Água
Melhoria das Condições Ministério das Caixa Econômica Prefeitura de 25.000,00 2000/2004
de Habitabilidade Cidades Federal- Programas Quatro Barras
Sociais
Praça de uso público, Ministério do Instituto Brasileiro de Prefeitura de 142.500,00 2000/2001
localizada no distrito de Turismo Turismo Quatro Barras
Borda do Campo
Canalização de águas Ministério da Administração Geral Prefeitura de 40.000,00 1999/2000
pluviais Integração Quatro Barras
Nacional
Controle de Enchentes Ministério da Administração Geral Prefeitura de 80.000,00 1999/2000
Integração Quatro Barras
Nacional
Centro Cultural Quatro Ministério da Coordenadoria Geral Prefeitura de 91.428,00 1999/2000
Barras Cultura de Recursos Quatro Barras
Logísticos
Fonte - Controladoria Geral da União
• Eficiência Econômica;
• Eqüidade Social;
• Prudência Ecológica.
156
A MRS Estudos Ambientais Ltda., por meio do contrato firmado com a Pró-Atlântica e com o
Instituto Ambiental do Paraná - IAP, promoveu nos dias 20 e 21 de agosto de 2003, em
Matinhos - PR, a primeira de duas Oficinas de Planejamento com o objetivo de subsidiar a
elaboração do Plano de Manejo da AEIT do Marumbi. Delas participaram lideranças da
região e representantes das principais instituições envolvidas com a AEIT.
157
Quadro 11 - Relação de Programas e Sub-Programas Propostos para a AEIT do Marumbi
HORIZONTE DE
PROGRAMAS E SUB-PROGRAMAS PRIORIDADE*
PLANEJAMENTO
LOGÍSTICA DE OPERAÇÃO
Administração 1 ano
Monitoramento do Plano de Manejo 1 ano
CONTROLE AMBIENTAL
Monitoramento Ambiental (Geral) 2 anos
Monitoramento de Recursos Hidricos 1 ano
FISCALIZAÇÃO 1 ano
RECUPERAÇÃO DE ÁREAS DEGRADADAS 3 anos
CONTINGÊNCIA PARA ACIDENTES AMBIENTAIS 1 ano
COMUNICAÇÃO AMBIENTAL 1 ano
Pesquisa para Desenvolvimento da Comunicação 1 ano
Educação Ambiental Informal 1 ano
Comunicação Visual 1 ano
Divulgação para Rádio, Jornal e TV 1 ano
PESQUISA
Conservação da Biodiversidade 3 anos
INTEGRAÇÃO INSTITUCIONAL
Licenciamento Ambiental 2 anos
Desenvolvimento Institucional 2 a 5 anos
Captação de Recursos Financeiros 2 anos
Segurança Pública (segurança do morador local) 1 ano
Pesquisa para Desenvolvimento Sustentável 1 a 2 anos
REGULARIZAÇÃO FUNDIÁRIA mais de 5 anos
ATIVIDADES ECONÔMICAS
Turismo 2 anos
Agricultura e Pecuária 3 anos
* a ser definido com a coordenação do Plano
158
9.2 PROGRAMA DE LOGÍSTICA DE OPERAÇÃO
Sub-programa Administração
Objetivo:
Justificativa
Escopo:
Potenciais executores:
SEMA/IAP/DIBAP
Prazo p/ avaliação:
159
9.3 PROGRAMA DE LOGÍSTICA DE OPERAÇÃO
Sub-programa de Monitoramento do Plano de Manejo
Objetivo:
- Fornecer uma visão global da implementação do Plano de Manejo para uma possível
mudança de fase.
Justificativa
Escopo:
Recomenda-se monitorar:
- Início de cada uma das atividades, verificando se os recursos básicos necessários para
iniciar as atividades estão disponíveis;
- Registro do alcance das metas nos prazos previstos pela gerência da Unidade a cada
semestre.
Avalia-se o avanço dos programas de ação através de seus indicadores e dos objetivos
propostos - em suas dimensões qualitativa, quantitativa e temporal - analisa-se a gravidade
dos desvios entre o planejado e o executado, suas causas, propondo-se medidas corretivas
ou a revisão do planejamento.
160
Com base nos dados obtidos pelo Monitoramento e Avaliação, será realizada anualmente
uma revisão e atualização dos Programas, elaborando-se um relatório anual de avanço do
Plano.
Potenciais executores:
Gerência da AEIT
Prazo p/ avaliação:
161
9.4 PROGRAMA DE CONTROLE AMBIENTAL
Sub-programa de Monitoramento Ambiental (Geral)
Objetivo:
Justificativa
Escopo:
Potenciais executores:
162
Prazo p/ avaliação:
163
9.5 PROGRAMA DE CONTROLE AMBIENTAL
Sub-programa de Monitoramento de Recursos Hídricos
Objetivo:
Justificativa:
Escopo:
Eleição de pontos adicionais de amostragem de forma que toda a área da AEIT esteja
contemplada pelo programa.
Potenciais executores:
IAP, SUDERHSA
Prazo p/ avaliação:
164
9.6 PROGRAMA DE FISCALIZAÇÃO
Objetivo:
Definir estratégias para o adequado controle e fiscalização dos diversos tipos de usos e
empreendimentos existentes e a serem implantados na AEIT do Marumbi, visando o efetivo
controle ambiental das atividades e suas decorrências, bem como o cumprimento da
legislação relacionada, de modo integrado.
Justificativa:
Escopo:
Estabelecer o novo Sistema de Controle e Fiscalização Integrado com base nas estratégias
definidas, bem como definir um método de monitoramento do sistema visando avaliar
permanentemente seus resultados.
Potenciais executores:
Prazo p/ avaliação:
165
9.7 PROGRAMAS DE RECUPERAÇÃO DE ÁREAS DEGRADADAS
Objetivo:
Justificativa:
Atender aos objetivos da AEIT de fomento do uso racional dos recursos naturais, proteção
da rede hídrica e proteção dos remanescentes da Floresta Atlântica. Atender à legislação
ambiental quanto à recuperação de áreas degradadas e áreas de preservação permanente,
visto que o processo de degradação destes sítios tem causado severos impactos
ambientais, principalmente sobre os recursos hídricos, através da erosão do solo exposto e
conseqüente assoreamento.
Escopo:
Potenciais executores:
SEMA, SEMA/IAP, EMATER, Secretaria da Cultura, Agentes geradores do impacto,
Prefeituras.
Prazo p/ avaliação:
Médio prazo (3 anos)
166
9.8 PROGRAMA DE CONTINGÊNCIA PARA ACIDENTES AMBIENTAIS
Objetivo:
Dotar a gestão da AEIT dos mecanismos e estratégias necessárias para atender casos de
emergência ambiental.
Justificativa:
Na área da AEIT do Marumbi são comuns os acidentes com cargas perigosas e eventuais
incêndios nas faixas de domínio das rodovias, ferrovias, linhas de transmissão e polidutos.
Face ao exposto é fundamental que exista uma coordenação dos esforços dispendidos no
caso de sinistro.
Escopo:
Informar a Defesa Civil sobre o nivelamento destes planos segunda a gestão da AEIT e criar
mecanismos de ação conjunta para área.
Potenciais executores:
SEMA, SEMA/IAP, COPEL, SANEPAR, ALL, Defesa Civil, DNIT, Compagás, Petrobras,
Ecovia, DER.
Prazo p/ avaliação:
Curto prazo (1 ano)
167
9.9 PROGRAMA DE COMUNICAÇÃO AMBIENTAL
Objetivo:
Criação de condições para organização independente dos moradores da AEIT para práticas
de participação comunitária e auxílio na gestão no horizonte previsto deste Plano.
Justificativa:
A articulação dos moradores da AEIT e a gestão participativa deve ser estimulada a fim de
que se coloque em prática os mecanismos propostos no Plano de Manejo, que em muito
depende do acesso a informação clara, paupável e de fácil compreensão para cultura local.
Além disto devem se buscar focos de interesse que retratem as questões regionais e
realidades locais.
Escopo:
Ordenar as atividades como recreação, turismo, produção agropecuária , entre outras com
a finalidade de subsidiar elementos para as estratégias e ações de comunicação.
Potenciais executores:
Prazo p/ avaliação:
168
9.10 PROGRAMA DE COMUNICAÇÃO AMBIENTAL
Objetivo:
Justificativa:
Escopo:
• Capacitar professores das redes de ensino público e particular para a análise e atuação
segundo enfoque socioambiental;
Potenciais executores:
Secretarias de Educação e Meio Ambiente, ONGs, Prefeituras, Sociedade Civil Organizada,
BPFlo, SEMA/IAP, IBAMA,
Prazo p/ avaliação:
169
9.11 PROGRAMA DE COMUNICAÇÃO AMBIENTAL
Objetivo:
Justificativa:
Uma comunicação dinâmica e efetiva entre a rede de parceiros e usuários pode viabilizar
aprendizagens comuns através da circulação do saber possibilitando troca de informações,
acordos e concesos levando a compreensão de cenários futuros.
Escopo:
Potenciais executores:
SEMA/IAP, DNIT, DER, Empresas Privadas (concessionárias, convênios, parcerias),
Secretaria Municipal de Comunicação e Meio Ambiente, ONGs,
Prazo p/ avaliação:
Curto Prazo (1 ano)
170
9.12 PROGRAMA DE COMUNICAÇÃO AMBIENTAL
Objetivo:
Justificativa:
Escopo:
Divulgar atividades da AEIT- via rádio, jornal e mural nas escolas e pontos de encontro;
Distribuir mapas de sítios históricos, arqueológicos e de alto valor ambiental, para trabalho
em escolas, ONGs locais, associações e afins;
Potenciais executores:
Prazo p/ avaliação:
171
9.13 PROGRAMA DE PESQUISA
Subprograma Conservação da Biodiversidade
Objetivo:
Ampliar o conhecimento sobre a biodiversidade da AEIT do Marumbi, a fim de embasar
ações de manejo e conservação. Áreas prioritárias: Bioindicadores, Peixes, Répteis e
“Status” de Conservação.
Justificativa:
Escopo:
Identificar áreas prioritárias para a conservação e indicar novas estratégias visando proteger
a biodiversidade da AEIT do Marumbi.
Potenciais executores:
172
9.14 PROGRAMA DE INTEGRAÇÃO INSTITUCIONAL
Objetivo:
Justificativa:
Escopo:
Integrar os Planos de Trabalho para evitar a duplicação de ações, intersecções , bem como
verificar o potencial de ação cooperativa;
Potenciais executores:
Prazo p/ avaliação:
173
9.15 PROGRAMA DE INTEGRAÇÃO INSTITUCIONAL
Objetivo:
Justificativa:
Escopo:
Disseminar a gestão da AEIT, em formato ágil, para uso das instituições locais e sociedade
civil organizada, com base nas informações do Plano de Manejo;
Potenciais executores:
Prazo p/ avaliação:
174
9.16 PROGRAMA DE INTEGRAÇÃO INSTITUCIONAL
Objetivo:
Justificativa:
Uma vez que inúmeras ações estão programadas neste planejamento, os recursos
necessários devem ser previstos e dimensionados de forma adequada. Sabendo-se da
abrangência e horizontalidade das ações preconizadas, diferentes agentes financeiros e
patrocinadores devem ser envolvidos.
Escopo:
Avaliação dos passivos ambientais e legais existentes na área da AEIT, bem como sua
respectiva forma de compensação ambiental;
Prazo p/ avaliação:
Curto prazo (até 2 anos)
175
9.17 PROGRAMA DE INTEGRAÇÃO INSTITUCIONAL
Sub-programa de Segurança Pública
Objetivo:
Justificativa:
Nos últimos anos os registros de acidentes envolvendo turistas, assaltos e violência vêm
causando profundo constrangimento não só aos moradores como aos visitantes da AEIT.
Assim sendo este tema não poderia de ser abordado com prioritário no planejamento e
ordenamento desta região.
Escopo:
Potenciais executores:
SEMA/IAP, Secretaria de Segurança Pública (BPFlo, Corpo de Bombeiros, Polícia Militar,
Defesa Civil, Polícia Civil), Prefeituras, Polícia Rodoviária Federal, Ecovia, Cosmo, entre
outros.
Prazo p/ avaliação:
Curto prazo (1 ano)
176
9.18 PROGRAMA DE INTEGRAÇÃO INSTITUCIONAL
Objetivo:
Justificativa:
Escopo:
Reuniões com o poder público local e grupos representativos para exposição da proposta;
Incentivar a criação de novos negócios como turismo rural, ecoturismo, e adequar os demais
sistemas produtivos a nova ordem proposta.
Potenciais executores:
SEMA/IAP Universidades e Instituições de pesquisa e desenvolvimento governamentais e
não governamentais ,Secretarias Municipais de Turismo, Instituições de Ensino de 3o grau,
SEED, FUNBIO (MPE), Associações Locais, ALL, Petrobras, IEP, Conselhos Municipais de
Turismo, FEPAM, EMATER, SENAC, Federações Esportivas, EMBRATUR, Associação
Brasileira de Turismo Rural, BPFlo, DER, Serra Verde, ACOPAG, Ecovia, Águias (Morretes),
Empresários, SEBRAE, Corpo de Bombeiros, SEEC, SESP, SETUR (Paraná Turismo),
ECOPARANÁ, COPEL.
177
Prazo para avaliação:
Apoio para certificação: 1 ano
178
9.19 PROGRAMA DE REGULARIZAÇÃO FUNDIÁRIA
Objetivo:
Justificativa:
Escopo:
Potenciais executores:
SEMA/IAP, CGET, INCRA, EMATER, FETAEP, Prefeituras
Prazo p/ avaliação:
Longo Prazo (mais de 5 anos)
179
9.20 PROGRAMA DE ATIVIDADES ECONÔMICAS
Objetivo:
Justificativa:
Escopo:
Identificação dos pontos fortes e pontos fracos dos principais produtos turísticos; das
ameaças e as oportunidades ao seu desenvolvimento; das necessidades de investimentos
em infra-estrutura para a viabilização da implantação de novos produtos turísticos.
Identificação das áreas prioritárias para exploração do ecoturismo baseado em: qualidade e
diversidade dos atrativos, capacidade de carga destes atrativos, menor necessidade de
investimentos em infra-estrutura básica, maior facilidade de acesso, maior grau de
envolvimento da comunidade com o desenvolvimento da atividade, maior disponibilidade de
empreendedores locais, maior disponibilidade de serviços turísticos, menor número de
entraves legais.
Potenciais executores:
Secretarias Municipais de Turismo, SEED, Associações Locais, IEP, Conselhos Municipais
de Turismo, FEPAM, EMATER, SENAC, Federações Esportivas, EMBRATUR, Associação
Brasileira de Turismo Rural, SEMA/IAP, BPFlo, DER, Serra Verde, ACOPAG, Ecovia,
Águias (Morretes), Empresários, SEBRAE, SEEC, SESP, Rede Turismo Rural na Agricultura
Familiar, Nacional de Turismo Sustentável, SETUR (Paraná Turismo) e ECOPARANÁ.
Prazo p/ avaliação:
Segurança: 1 ano
Infra-estrutura/Sinalização: 2 anos
180
9.21 PROGRAMA DE ATIVIDADES ECONÔMICAS
Sub-Programa Agricultura e Pecuária
Objetivo:
Justificativa:
Escopo:
Potenciais executores:
EMBRAPA, SEMA/IAP, IBAMA, PUC, UFPR, Tuiuti, Pró-Horta (Morretes), Agrolitoral, Sabiá
da Mata (Morretes), COAMATA, ABUPAR, Petrobras, Pólo de Agroecologia, ACIAM
(Morretes), Secr. Municipais da Agricultura e Meio Ambiente, ASPRAN, CMDR, AOPA,
SPVS, Rede Ecovida de Agrocologia, Ecovia, Defesa Civil, DNIT, DER, Compagás,
SEMA/IAPAR, EMATER, SEAB.
Prazo p/ avaliação:
181
10 Estrutura do Plano Operacional
O Plano de Manejo, segundo o art. 2º, inciso XVII, da Lei Federal nº 9.985/00, é o
“documento técnico mediante o qual, com fundamento nos objetivos gerais de uma unidade
de conservação, se estabelece o seu zoneamento e as normas que devem presidir o uso da
área e o manejo dos recursos naturais, inclusive a implantação das estruturas físicas
necessárias à gestão da unidade.”
O uso dos recursos naturais e interferências nos ecossistemas de uma maneira geral serão
restringidos nas AEIT, com base na capacidade de suporte da área. A definição da
capacidade de suporte da área deverá ser determinada com base em estudos técnicos e
científicos, considerando-se as fragilidades dos ecossistemas e a intensidade dos danos a
serem causados pelas atividades humanas.
O Plano de Manejo da AEIT deverá ser aprovado, por meio de Portaria, pelo órgão gestor
da unidade e deverá conter em princípio no mínimo, um diagnóstico sócio-ambiental, o
zoneamento ecológico-econômico e os programas de manejo básicos para o funcionamento
da unidade.
Enquanto a AEIT não tiver seu Plano de Manejo aprovado, o órgão gestor responsável pela
Unidade de Conservação, juntamente com os órgãos licenciadores e de meio ambiente,
definirão as atividades que possam afetar a biota da Unidade de Conservação.
182
Nesse sentido, após avaliação dos atributos naturais e do tipo de ocupação da área em
questão e dos objetivos principais da sua gestão, concluiu-se que a categoria do Sistema
Nacional de Unidades de Conservação que melhor se adapta à situação é a de Área de
Proteção Ambiental.
Assim, após diagnóstico da situação local abordando os aspectos mais importantes que
fundamentam essa decisão, faz-se necessária uma proposta de Projeto de Lei Estadual
para a efetivação dessa transformação. A necessidade de uma Lei Estadual justifica-se em
razão do previsto no artigo 40, do Decreto Federal n° 4.340/02: ”A reavaliação de unidade
de conservação prevista no art. 55 da Lei n° 9.985, de 2000, será feita mediante ato
normativo do mesmo nível hierárquico que a criou. Parágrafo único. O ato normativo de
reavaliação será proposto pelo órgão executor.”
Como a AEIT do Marumbi foi criada por uma Lei Estadual (Lei nº 7.919/84), a sua
transformação em APA deverá ser feita necessariamente através de outra Lei Estadual (que
revogará expressamente a lei que instituiu a AEIT e seu decreto regulamentador).
Após a aprovação da Lei de criação da APA pela Assembléia Legislativa do Estado e da sua
publicação, o próximo passo será a instituição do Conselho Gestor da Unidade.
Conforme previsão legal (art. 15, § 5°, da Lei Federal n° 9.985/00), a APA Ambiental será
administrada por um Conselho presidido pelo órgão responsável por sua administração e
constituído por representantes dos órgãos públicos, de organizações da sociedade civil e da
população residente. No caso em questão, o órgão administrador é o IAP - Instituto
Ambiental do Paraná.
183
Os membros do Conselho serão nomeados pelo seu presidente, dentre os indicados pelos
setores a serem representados (art. 17 do Decreto Federal nº 4.340/02). Esse ato poderá
ser feito mediante portaria do órgão executor. Seu “modus operandi” no geral poderá seguir
as seguintes orientações:
• Conselho deverá ter Reuniões Ordinárias a cada 3 (três) meses, sendo marcado datas
no regimento (ex: fevereiro, maio, agosto e novembro) e se reunirá de qualquer forma,
estando prevista e disponibilizada as verbas necessárias.
• Conselho deverá ter Câmaras Técnicas que poderão se reunir a qualquer tempo,
devendo elas mesmas decidir como o farão;
• Estas Câmaras Técnicas poderão sugerir Programas/Ações, que uma vez aprovados
pelo Conselho, poderão ser vistos/fiscalizados por ela e tocados/gerenciados por onde o
Conselho indicar (poderá ser elas mesmas);
• Estes relatórios deverão comparar os dados do plano original com os dados do que já foi
feito (temporal-físico-financeiro), com explicações detalhadas onde houver falhas; e
184
Quadro 12 - Priorização das Ações de Manejo
Prioridades:
Alta prioridade
Média prioridade
De longo Prazo
185
O resultado esperado é a disponibilização de um Instrumento para organização e
sistematização das informações geradas na gestão da APA , bem como ferramenta para o
auxilio na tomada de decisões estratégicas. O processamento de dados para análises
ambientais será eventual e aplicado em situações especiais, a critério da equipe interna
envolvida com o planejamento e implementação da APA.
• Fornecer uma visão global da implementação do Plano de Manejo para uma possível
mudança de Fase.
• Início de cada uma das atividades, verificando se os recursos básicos necessários para
iniciar as atividades estão disponíveis.
Avalia-se o avanço dos programas de ação através de seus indicadores, bem como através
da ocorrência dos pressupostos - em suas dimensões qualitativa, quantitativa e temporal -
analisa-se a gravidade dos desvios entre o planejado e o executado, suas causas,
propondo-se medidas corretivas ou a revisão do planejamento.
Com base nos dados obtidos pela Monitoria e Avaliação, anualmente será realizada uma
revisão e atualização dos Programas de Ação, elaborando-se um relatório anual de avanço
do Plano.
186
Monitoria e Avaliação como função externa à gerência da Unidade
Monitoramento SocioambientalE7
187
11 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ANDERSSON, L.G.1911.A new Leptodactylus and a new Notrotema from Brazil. Arkiv
Zool., 7(17):1-6.
ANDERSSON, L.G.1914.A new Telmatobius and new teiidoid lizards from South America,
Ark.Zool., 9:1-12.
188
BIZERRIL, C.R.S.F. 7 LIMA, N.R.W. 2000. Levantamento da ictiofauna da bacia do rio
Ribeira, Brasil. Acta Biologica Leopoldensia, 22 (1): 103 - 110.
BOKERMANN, W. C. A. 1965. Hyla langei a new frog from Paraná, southern Brasil. J. Ohio
Herpetol. Soc., 5(2): 49-
CAETANO, Marcos Fassina e PALHARES, José Mauro. História do Paraná: breve história
de sua colonização e sua gente. Foz do Iguaçu, 2003.
CIGOLINI, A. A.; CASTELLA, P. R. & JASTER, C.B. Atlas da Vegetação do Paraná. 2002.
COCHRAN, D. M. 1955. Frogs of Southeastern Brazil. U.S. National Mus. Bull., 206: 1-409.
CRUZ, C. A. G.; Caramaschi, U. & Izecksohn, E. 1997. The genus Chiasmocleis Méhely,
1904 (Anura, Microhylidae) in the Atlantic rain forest of Brazil, with description of three
new species. Alytes, 15(2): 49-71.
DERANI, Cristiane. Direito Ambiental Econômico. São Paulo, Max Limonad, 1997.
DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito Administrativo. 8ª ed. São Paulo, Atlas, 1997.
DUELLMAN, W. E.& P. Gray. 1983. Developmental biology and systematics of the egg-
brooding hylid frogs, genera Flectonotus and Fritziana. Herpertologica, 39(4):333-359.
189
DUELLMAN, W.E.1999. Distribution Patterns of Amphibians in South America. Pp. 255-
328 in W.E.Duellman (ed.), Patters of Distribution of Amphibians. A Global Perspective.
The Johns Hopkins University Press. 633p.
DUMERIL, A. M. & G. Bibron . 1841. Erpétologie générale, ou histoire naturelle des Reptiles.
Lib. Encyc. Roret, Paris, 8: 1-792.
FIGUEIREDO, Lucia Valle. Disciplina Urbanística da Propriedade. São Paulo, ed. RT,
1980.
FONSECA, G. A. B.; HERRMANN, G.; LEITE, Y. L. R.; Mittermeier, R. A.; Rylands, A. B.;
Patton, J. L. 1996. Lista anotada dos mamíferos do Brasil. Occasional Papers in
Conservation Biology, 3: 1-35.
FREITAS, V. Passos de. Direito Administrativo e Meio Ambiente. Curitiba, Juruá, 1993.
190
HADDAD, C. F. B. & A. S. Abe, 1999. Anfíbios e répteis. In: Base de Dados Tropical,
Avaliação e Ações Prioritárias para Conservação dos Biomas Floresta Atlântica e
Campos Sulinos. [on line]. Disponível na Internet como
http://www.bdt.org.br/workshop/mata.atlantica/BR/rp_anfib. Arquivo capturado em 10 de
novembro de 2001.
HADDAD, C. F. B.& Hödl, W. 1997. New reproductive mode in anurans: Bubble nest in
Chiasmocleis leucosticta (Microhylidae). Copeia, 1997(3): 585-588.
HADDAD, C.F.B. 1998. Biodiversidade dos anfíbios no Estado de São Paulo, p. 15-26. In:
Biodiversidade do Estado de São Paulo, Brasil: síntese do conhecimento ao final do
século XX. Vol. 6: vertebrados. R.M.C. Castro (ed.), São Paulo.
HANKEN, J. 1999. Why are there so many new amphibian species when amphibians
are declining? Trends in Ecology and Evolution, v.14, p.7-8.
HAFFER, J. Avian speciation in tropical South America. Publ. Nuttal Ornith. Club, 14,
1974.
HEYER, W. R.; Rand, A. S.; Cruz, C. A. G. & Peixoto, O. L. 1988. Decimations, extinctions,
and colonizations of frog populations in Southeast Brazil and their evolutionary
implications. Biotropica, 20(3): 230-235.
IBAMA. Lista nacional das espécies da fauna brasileira ameaçadas de extinção. 2003.
Instituto Agronômico Campinas. Boletim Técnico 172. Cultivo da palmeira real australiana.
snt.
191
Instituto Agronômico Campinas. Boletim Técnico 173. Palmito pupunha: informações
básicas para cultivo. Snt
IUCN 2002. 2002 IUCN Red List of Threatened Species. Downloaded on 02 September
2003. snt
IZECKSOHN, E., C.A.G. Cruz & O.L. Peixoto. 1998. Sobre Proceratophrys appendiculata e
algumas espécies afins. Rev. Univ. Rural, (Cienc. Vida)20(1-2):37-54.
LANGE, R. B. & JABLONSKI, E. F. 1981. Lista prévia dos Mammalia do Estado do Paraná.
Estudos de Biologia, 6: 1-35.
LANGONE, J. A. & Segalla, M. V.. 1996. Una nueva especie de Eleutherodactylus del
Estado de Paraná, Brasil. Com.Zool. Mus. Hist. Nat. Montevideo, 12(185):1-7.
192
LEITE, José Rubens M. Dano Ambiental - Do Individual ao Coletivo Extrapatrimonial.
São Paulo, ed. RT, 2000.
LEME MACHADO, Paulo Afonso. Direito Ambiental Brasileiro. 10ª ed. Malheiros Editores,
2002.
LIMA, Claudia Edde Mendes; SANTOS, Manoel Jair dos. Fauna associada à arecastrum
romanzoffianum (chamisso) beccari, 1916 var. romanzoffianum
(monocotyledoneae, arecaceae). Curitiba, 1989. 35 fl.
LYNCH, J. D. 1979. The amphibians of the lowland tropical for ests. Pp. 189 - 215 in W. E.
Duellman (cd.), The South American herpetofauna: its origin, evolution, and dispersal.
Monogr. Mus. Nat. Hist. Univ. Kansas 7:1- 485.
MEIRELLES. Hely Lopes. Direito Administrativo Brasileiro. 26ª ed. São Paulo, Malheiros
Editores, 2001.
_________________. Direito Municipal Brasileiro. 11ª ed. São Paulo, Malheiros Editores,
2000.
193
MELÃO, Ivo & IGNÁCIO, Sérgio. A Tipologia dos Municípios Paranaenses segundo
Indicadores Socioeconômicos e Demográficos. IPARDES. Curitiba, 2003.
www.ipardes.gov.br
MELLO, Celso Antônio Bandeira de. Curso de Direito Administrativo. 13ª ed. São Paulo,
Malheiros Editores, 2001.
MIRANDA - RIBEIRO, A. de. 1926. Notas para servirem ao estudo dos Gymnobatrachios
(Anura) brasileiros. Tomo I. Arq. Mus. Nac., 27:1-227.
MIRETZKI, M.; PERACHI, A.L.; BIANCONI, G.V. Southernmost records of Sturnira tildae de
la Torre, 1959 (Chiroptera: Phyllostomidae) in Brazil. Mammalia, t.66, n.2, 2002: 306-
309.
194
PEIXOTO, O. L. & Cruz, C. A. G. 1980. Observações sobre a larva de Proceratophrys
appendiculata (Günther, 1873) (Amphibia, Anura, Leptodactylidae). Rev. Brasil. Biol.,
40(3):491-493.
195
Programa de Comunicação e Manejo Ecoturístico na Estrada da Graciosa -
Relatório Final. Curitiba, 1997.
STECA, Lucinéia Cunha e FLORES, Mariléia Dias. História do Paraná: do século XVI à
década de 1950. Ed. UEL, Londrina, 2002.
196
SUDERHSA - Superintendência de Desenvolvimento de Recursos Hídricos e Saneamento
Ambiental. Atlas de Recursos Hídricos do Estado do Paraná. Governo do Estado do
Paraná, 1998.
ULTRAMAR, Clovis & MOURA, Rosa. Metrópole - Grande Curitiba: Teoria e Prática.
IPARDES. Curitiba, 1994.
VEROCAI, A Política e a Gestão Ambiental no Brasil. Paper, Rio de Janeiro, 1991. 40p.
WOEHL G. JR. & WOEHL, E.N. Pererecas Protetoras da Mata Atlântica sob Ameaça.
CIÊNCIA HOJE (28):164, pp. 72-74. 2000.
197