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SECRETARIA DE ESTADO DO MEIO AMBIENTE E RECURSOS HÍDRICOS (SEMA)

INSTITUTO AMBIENTAL DO PARANÁ


PROGRAMA PROTEÇÃO DA FLORESTA ATLÂNTICA - PRÓ-ATLÂNTICA/PARANÁ

GOVERNADOR

Roberto Requião de Mello e Silva

SECRETÁRIO DO MEIO AMBIENTE E RECURSOS HÍDRICOS

Lindsey da Silva Rasca Rodrigues

DIRETOR DE CONTROLE DE RECURSOS AMBIENTAIS

Paulo Roberto Caçola

DIRETOR DE BIODIVERSIDADE E ÁREAS PROTEGIDAS

Wilson Loureiro

CHEFE DO DEPARTAMENTO DE UNIDADES DE CONSERVAÇÃO

Marcos Antonio Pinto

COORDENAÇÃO DE PLANOS DE MANEJO

João Batista Campos

Márcia de Guadalupe Pires Tossulino

COORDENADOR DO PROGRAMA PROTEÇÃO DA FLORESTA ATLÂNTICA

Valmir Augusto Detzel

GERENTE DA AEIT DO MARUMBI

Francisco A. Torres de Oliveira

1
EQUIPE TÉCNICA

COORDENAÇÃO GERAL
Fernando Scárdua, Engenheiro Florestal especialista em Áreas Protegidas.

COORDENAÇÃO EXECUTIVA
Régis Rodrigues Müller, especialista em Ecologia e Planejamento Territorial.

Catarina Chien Ming Mao, arquiteta.

ASPECTOS JURÍDICOS
Carolina Lucena Schussel, Advogada.

SOCIOECONOMIA
Verônica Kusum Toledo, Socióloga e Educadora Ambiental.

MEIO FÍSICO
Ana Lizete Rocha, Geóloga, M.Sc.

Adriano Fayh da Silveira, Engenheiro Agrônomo.

Alexandre Nunes da Rosa, Geólogo.

Alex Neves Strey. Oceanólogo.

MEIO BIÓTICO
Christiane Gomes Barreto, Bióloga.

Aline Godoy Stringuetti, Bióloga.

TURISMO E ASPECTOS HISTÓRICO-CULTURAIS


Luiz Fernando Carvalho, Bacharel em Turismo.

Bibiana Della Pasqua Ferreira, Bióloga.

GEOPROCESSAMENTO E ELABORAÇÃO DE MAPAS


Liciane Nunes, Engenheira Cartógrafa.

Dirley Schmidlin, Eng. Agrônomo, M.Sc.

CONSULTORES
Magno Segalla, Biólogo (herpetofauna).

Bernadete Lange, Bióloga (mamíferos).

Wolmar Wosiacki, Biólogo (ictiofauna).

APOIO TÉCNICO
Aline Ferreira de Quadros, acadêmica de Biologia.

2
SUPERVISÃO
Ivelise E. Vicenzi, Bióloga, Consultora da SEMA/PRÓ-ATLÂNTICA.
Maria Vitória Yamada Müller, Bióloga, Consultora da SEMA/PRÓ-ATLÂNTICA.

Márcia de Guadalupe Pires Tossulino, Bióloga, IAP/DIBAP.

3
APRESENTAÇÃO

O Plano de Manejo da atual AEIT do Marumbi é um documento direcionado a todos os


órgãos, instituições governamentais ou não, setores da sociedade civil organizada,
comunidades locais e proprietários rurais que estão direta ou indiretamente relacionados à
gestão ambiental e econômica da área. Ainda que voltado a um público amplo, representa,
no entanto, um instrumento técnico voltado principalmente à ação do setor governamental
estadual e municipal no que tange à gestão da área.

O Plano foi elaborado pela MRS Estudos Ambientais Ltda., empresa consultora contratada
pelo Pró-Atlântica, programa desenvolvido através da cooperação bilateral entre o Brasil e a
Alemanha. Envolve, na qualidade de agenciador, o KFW - Kreditanstalt für Wiederaufbau
(Banco da Reconstrução e Desenvolvimento da Alemanha), tendo como mutuário a
Secretaria de Estado do Meio Ambiente e dos Recursos Hídricos (SEMA). Os trabalhos
foram conduzidos considerando uma possível recategorização da área para Área de
Proteção Ambiental para adequá-la ao atual Sistema Nacional de Unidades de
Conservação, ao mesmo tempo em que se buscou manter as diretrizes traçadas pelo Plano
de Gerenciamento existente.

O documento está dividido em três partes: a) a caracterização da AEIT no que tange aos
aspectos legais, o contexto histórico-cultural e socioeconômico, o diagnóstico do das
condições naturais e do uso da terra, a identificação de conflitos e ameaças ao sistema
socioambiental, e de áreas prioritárias para conservação; b) o zoneamento ecológico
econômico, acompanhado de uma breve descrição de cada zona e as atividades proibidas;
e c) os programas de gestão propostos para a AEIT e o roteiro de implementação do Plano.

Acompanham os textos os mapas ilustrativos de Localização, Geologia, Geomorfologia,


Fragilidade Ambiental, Jazidas, Bacias Hidrográficas, Áreas Prioritárias para Conservação
da Fauna e Zoneamento Ecológico Econômico gerados a partir da base cartográfica DSG
1:25.000. Em anexo são encontrados os mapas de Legislação Ambiental, Vegetação, Usos
do Solo, Turismo e Zoneamento Ecológico Econômico, em escala 1:100.000; o resultado
das análises de água; a descrição dos setores censitários; a relação de espécies da flora e
fauna da área; e os relatórios das Oficinas.

Os trabalhos do Plano tiveram a participação, tanto nas oficinas como em reuniões do Grpo
de Apoio ao Planejamento (GAP), de representantes das prefeituras, IAP/DIBAP, IBAMA,
SEMA/PRÓ-ATLÂNTICA, COMEC, SUDERHSA, MINEROPAR, DER, Coordenadoria do
Patrimônio Natural da Secretaria de Estado da Cultura, BFlo, entidades comunitárias e
organizações não-governamentais.

O resultado deste trabalho é um conjunto de informações que vêm ampliar o conhecimento


técnico e científico a respeito da AEIT do Marumbi, de seus ecossistemas, suas
comunidades locais, suas potencialidades e fragilidades. Amplia também o conhecimento
necessário para a gestão das unidades de conservação já existentes no território. Isto
significa a disponibilização de instrumentos e produtos contendo ações e programas que
poderão auxiliar os órgãos envolvidos nas atividades de ordenamento territorial e no manejo
de áreas naturais protegidas.

4
Índice Geral

1 INTRODUÇÃO _______________________________________________________ 13

2 FICHA TÉCNICA DA UNIDADE ________________________________________ 16

3 ASPECTOS LEGAIS ___________________________________________________ 17

3.1 Aspectos Jurídicos do Zoneamento Ambiental ________________________________ 17


3.2 Legislação Básica Aplicável às Áreas de Proteção Ambiental ____________________ 18
3.3 Aspectos Relevantes ______________________________________________________ 19
3.3.1 DIVISÃO DE COMPETÊNCIAS: UNIÃO, ESTADO E MUNICÍPIOS___________________ 19
3.4 A Questão da Propriedade Privada e do Direito Adquirido _____________________ 21
3.5 Direitos e Deveres da População Tradicional _________________________________ 22
3.6 Planos Diretores dos Municípios Envolvidos__________________________________ 23
3.7 Unidades de Conservação Existentes na AEIT do Marumbi e o Tombamento da Serra
do Mar_______________________________________________________________________ 24
3.8 Análise do Arranjo Institucional Vigente ____________________________________ 25
3.9 Responsabilidade Civil: o Dano Ambiental e sua Reparação ____________________ 26
3.10 Legislação Específica Incidente na AEIT do Marumbi _________________________ 27
3.10.1 RECURSOS HÍDRICOS________________________________________________________ 27
3.10.2 PATRIMÔNIO HISTÓRICO E ARQUEOLÓGICO __________________________________ 28
3.10.3 VEGETAÇÃO________________________________________________________________ 29
3.10.4 FAUNA _____________________________________________________________________ 30
3.10.5 USO DO SOLO _______________________________________________________________ 30
3.10.6 MINERAÇÃO ________________________________________________________________ 32
3.10.7 AGROTÓXICOS______________________________________________________________ 33

4 CONDIÇÕES NATURAIS E DO USO DA TERRA __________________________ 34


4.1 Geologia________________________________________________________________ 34
4.1.1 ASPECTOS GERAIS __________________________________________________________ 34
4.1.2 ASPECTOS GEOLÓGICO-ESTRUTURAIS________________________________________ 37
4.2 Geomorfologia __________________________________________________________ 38
4.2.1 COMPARTIMENTAÇÃO GEOMORFOLÓGICA ___________________________________ 39
4.2.2 FRAGILIDADE AMBIENTAL __________________________________________________ 43
4.3 Mineração ______________________________________________________________ 45
4.4 Clima __________________________________________________________________ 47
4.5 Recursos Hídricos________________________________________________________ 48
4.5.1 HIDROGRAFIA ______________________________________________________________ 48

5
4.5.2 USOS E QUALIDADE DAS ÁGUAS _____________________________________________ 50
4.6 Bioma Mata Atlântica ____________________________________________________ 55
4.6.1 DECLARAÇÃO DE SIGNIFICÂNCIA ____________________________________________ 55
4.7 Flora __________________________________________________________________ 57
4.7.1 FORMAÇÃO SUBMONTANA __________________________________________________ 58
4.7.2 FORMAÇÃO MONTANA ______________________________________________________ 59
4.7.3 FORMAÇÃO ALTOMONTANA_________________________________________________ 59
4.7.4 REFÚGIOS ECOLÓGICOS _____________________________________________________ 60
4.7.5 VEGETAÇÃO SECUNDÁRIA __________________________________________________ 60
4.8 Fauna__________________________________________________________________ 60
4.8.1 MASTOFAUNA ______________________________________________________________ 61
4.8.2 HERPETOFAUNA ____________________________________________________________ 66
4.8.3 ICTIOFAUNA________________________________________________________________ 67
4.8.4 ÁREAS PRIORITÁRIAS PARA CONSERVAÇÃO __________________________________ 69

5 QUADRO HISTÓRICO-CULTURAL _____________________________________ 73

5.1 Povoamento e Ocupação __________________________________________________ 73


5.1.1 SÃO JOSÉ DOS PINHAIS, CAMPINA GRANDE DO SUL, PIRAQUARA E QUATRO
BARRAS - REGIÃO DE CURITIBA ____________________________________________________ 73
5.1.2 ANTONINA E MORRETES - REGIÃO DE PARANAGUÁ ___________________________ 74
5.2 Patrimônio Histórico _____________________________________________________ 75
5.2.1 CAMINHOS COLONIAIS ______________________________________________________ 75
5.2.2 ESTRADA DE FERRO CURITIBA-PARANAGUÁ__________________________________ 81
5.2.3 RODOVIA PARANAGUÁ-CURITIBA____________________________________________ 82
5.2.4 OLEODUTO ARAUCÁRIA-PARANAGUÁ________________________________________ 83

6 QUADRO SOCIOECONÔMICO _________________________________________ 85


6.1 A AEIT do Marumbi _____________________________________________________ 85
6.2 Indicadores Temáticos Municipais __________________________________________ 97
6.2.1 INDICADORES DEMOGRÁFICOS ______________________________________________ 97
6.2.2 INDICADORES SOCIAIS _____________________________________________________ 100
6.2.3 INDICADORES ECONÔMICOS________________________________________________ 104
6.2.4 INDICADORES FINANCEIROS________________________________________________ 107
6.3 Atividades Econômicas e Usos Conflitantes__________________________________ 110
6.4 Usos da Terra __________________________________________________________ 116
6.5 Recreação e Turismo ____________________________________________________ 119
6.5.1 TURISMO REGIONAL _______________________________________________________ 120
6.5.2 ATRATIVOS TURÍSTICOS DA AEIT DO MARUMBI______________________________ 120
6.5.3 PROJETOS DO GOVERNO DO ESTADO DO PARANÁ ____________________________ 124
6.5.4 IMPACTOS, TENDÊNCIAS E RECOMENDAÇÕES _______________________________ 125
6.5.5 PAISAGEM_________________________________________________________________ 129

6
7 ZONEAMENTO ECOLÓGICO ECONÔMICO_____________________________ 130

7.1 Método Adotado ________________________________________________________ 130


7.2 Consolidação das Zonas__________________________________________________ 131
7.3 Proposta de Readequação do Perímetro da Área _____________________________ 132
7.4 Definição das Zonas _____________________________________________________ 134
7.5 Apresentação das Zonas _________________________________________________ 136

8 PLANEJAMENTO E GESTÃO NA AEIT DO MARUMBI ___________________ 150

8.1 O Processo Adotado _____________________________________________________ 151


8.2 O Enfoque em Planejamento Estratégico como Metodologia Diferencial _________ 151
8.3 O Enfoque no Planejamento Participativo __________________________________ 152

9 MANEJO E DESENVOLVIMENTO _____________________________________ 154

9.1 Linhas de Desenvolvimento para AEIT do Marumbi__________________________ 154


9.2 PROGRAMA DE LOGÍSTICA DE OPERAÇÃO ____________________________ 159
9.3 PROGRAMA DE LOGÍSTICA DE OPERAÇÃO ____________________________ 160
9.4 PROGRAMA DE CONTROLE AMBIENTAL ______________________________ 162
9.5 PROGRAMA DE CONTROLE AMBIENTAL ______________________________ 164
9.6 PROGRAMA DE FISCALIZAÇÃO _______________________________________ 165
9.7 PROGRAMAS DE RECUPERAÇÃO DE ÁREAS DEGRADADAS _____________ 166
9.8 PROGRAMA DE CONTINGÊNCIA PARA ACIDENTES AMBIENTAIS _______ 167
9.9 PROGRAMA DE COMUNICAÇÃO AMBIENTAL __________________________ 168
9.10 PROGRAMA DE COMUNICAÇÃO AMBIENTAL __________________________ 169
9.11 PROGRAMA DE COMUNICAÇÃO AMBIENTAL __________________________ 170
9.12 PROGRAMA DE COMUNICAÇÃO AMBIENTAL __________________________ 171
9.13 PROGRAMA DE PESQUISA ____________________________________________ 172
9.14 PROGRAMA DE INTEGRAÇÃO INSTITUCIONAL ________________________ 173
9.15 PROGRAMA DE INTEGRAÇÃO INSTITUCIONAL ________________________ 174
9.16 PROGRAMA DE INTEGRAÇÃO INSTITUCIONAL ________________________ 175
9.17 PROGRAMA DE INTEGRAÇÃO INSTITUCIONAL ________________________ 176
9.18 PROGRAMA DE INTEGRAÇÃO INSTITUCIONAL ________________________ 177
9.19 PROGRAMA DE REGULARIZAÇÃO FUNDIÁRIA_________________________ 179
9.20 PROGRAMA DE ATIVIDADES ECONÔMICAS ___________________________ 180
9.21 PROGRAMA DE ATIVIDADES ECONÔMICAS ___________________________ 181

7
10 Estrutura do Plano Operacional _________________________________________ 182

1a Parte - Aprovação do Plano de Manejo _________________________________________ 182


2a Parte A transformação da Área de Especial Interesse Turístico do Marumbi em Área de
Proteção Ambiental ___________________________________________________________ 182
3a Parte - A criação do Conselho Gestor __________________________________________ 183
4a Parte – Priorização de implementação das ações de manejo propostas._______________ 184
5a Parte - Procedimentos metodológicos e técnicas de Plano de Manejo ________________ 185

11 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ____________________________________ 188

8
Índice de Tabelas
Tabela 1 - Riqueza de Espécies de Mamíferos da AEIT do Marumbi em Relação do Brasil e ao Paraná ........... 62
Tabela 2 - Mamíferos Ameaçados de Extinção da AEIT do Marumbi .................................................................. 63
Tabela 3 - Preços do Trajeto Ferroviário Curitiba-Paranaguá ........................................................................... 82
Tabela 4 - Valores de Transferência de ICMS Ecológico para cada Município da AEIT do Marumbi ............... 86
Tabela 5 - Setores Censitários e Comunidades da AEIT do Marumbi.................................................................. 87
2
Tabela 6 - Área dos Municípios, Número de Moradores em 2000 e hab/km ....................................................... 89
Tabela 7 - Domicílios: Condição de Ocupação e Abastecimento d’Água ............................................................ 90
Tabela 8 - Domicílios: Banheiros, Sanitários e Destino do Lixo .......................................................................... 91
Tabela 9 - Domicílios Particulares: Especificidades ............................................................................................ 91
Tabela 10 - Características das Pessoas Responsáveis pelos Domicílios............................................................. 92
Tabela 11 - Pessoas Responsáveis pelos Domicílios - Rendimento Mensal.......................................................... 92
Tabela 12 - Pessoas Residentes por Sexo e Grupos Etários ................................................................................. 93
Tabela 13 - Pessoas Residentes: Taxas de Alfabetização ..................................................................................... 93
Tabela 14 - População Residente por Domicílio e Sexo - Paraná/Mesorregião / Microregião/Municípios da
AEIT do Marumbi em 2000 ................................................................................................................................... 97
Tabela 15 - Distribuição da População: Taxas de Crescimento e Densidade, segundo IBGE 2000.................... 98
Tabela 16 - Composição da População Residente por Grupos Etários e Índice de Envelhecimento dos
Municípios da AEIT do Marumbi em 2000 ........................................................................................................... 99
Tabela 17 - IDHM dos Municípios que Compõem a AEIT do Marumbi - Composição e Classificação 1991-2000
............................................................................................................................................................................. 101
Tabela 18 - Variação nos Índices que Compõem o IDHM dos Municípios da AEIT do Marumbi 1991-2000 ... 102
Tabela 19 - Educação e Renda: Total de Domicílios, Indicadores de Escolaridade e Renda, Desigualdade de
Renda e Analfabetismo - Paraná, RMC e Municípios da AEIT do Marumbi...................................................... 102
Tabela 20 - Abastecimento de Água por Rede Geral, Esgotamento Sanitário por Rede de Esgoto ou Pluvial e
Lixo Coletado - Paraná, RMC e Municípios da AEIT do Marumbi em 2000 ..................................................... 103
Tabela 21 - Áreas de Favelas, Famílias Estimadas, Número e Proporção de Domicílios sem Canalização
Interna e Sem Banheiro ou Sanitário - Paraná, RMC e Municípios da AEIT do Marumbi em 1997 e 2000...... 104
Tabela 22 - Estabelecimentos com Emprego Formal, Distribuição dos Empregados por Tamanho de
Estabelecimento e Total de Empregos em Estabelecimentos com 500 ou + Empregados - Paraná, RMC e
Municípios da AEIT do Marumbi em 2000 ......................................................................................................... 105
Tabela 23 - Empregos Formais, Anos de Estudo, Remuneração Superior a 3 Salários Mínimos, Renda Média
Nominal e Participação no Total da Remuneração Formal do Estado - Total do Estado, RMC e Municípios da
AEIT do Marumbi................................................................................................................................................ 106
Tabela 24 - Consumo Médio de Energia Elétrica Total, Residencial, Industrial, Comércio e Serviços, Rural -
RMC e Municípios da AEIT do Marumbi............................................................................................................ 107
Tabela 25 - Participação dos Municípios no Valor Adicionado Fiscal Total e Setorial no Estado em 2000 e PIB
per Capita em 1999 - RMC e Municípios da AEIT do Marumbi......................................................................... 107
Tabela 26 - Receita Municipal Total e per Capita - Proporção das Principais Fontes da Receita Corrente - RMC
e Municípios da AEIT do Marumbi em 2000....................................................................................................... 108
Tabela 27 - Imóveis Rurais e Áreas Correspondentes dos Municípios da AEIT do Marumbi em 2002 ............. 109
Tabela 28 - Utilização Produtiva dos Imóveis Rurais segundo INCRA em 2002 ............................................... 110

9
Tabela 29 - Uso da Terra - Municípios com Maiores Participações na AEIT do Marumbi em 1996 ................ 117
Tabela 30 - Condição do Produtor - Municípios com Maiores Participações na AEIT do Marumbi - 1996 ..... 118
Tabela 31 - Órgãos Municipais de Turismo da AEIT do Marumbi..................................................................... 122

Índice de Figuras
Figura 1 - Localização da AEIT do Marumbi no estado do Paraná..................................................................... 13
Figura 2 - Municípios da AEIT e seu percentual de participação territorial ....................................................... 14
Figura 3 - Geologia na AEIT do Marumbi............................................................................................................ 35
Figura 4 - Compartimentação Geomorfológica da AEIT (Adaptado de OKA-FIORI e CANALI, 1987).............. 42
Figura 5 - Mapa de Fragilidade Ambiental .......................................................................................................... 44
Figura 6 - Localização das Jazidas (códigos) na AEIT do Marumbi.................................................................... 46
Figura 7 - Bacias Hidrográficas ........................................................................................................................... 50
Figura 8 - Corredores Central e da Serra do Mar da Mata Atlântica Instituídos pelo PPG-7 e Áreas da Reserva
da Biosfera da Mata Atlântica, com Zoneamento (Terra Indígens, Zona de Amortecimento e Zona Núcleo)...... 56
Figura 9 - Áreas Prioritárias para Conservação da Fauna ................................................................................. 72
Figura 10 - Croqui da Serra do Mar com Trechos dos Antigos Caminhos Coloniais .......................................... 75
Figura 11 - Setores Censitários na AEIT do Marumbi ......................................................................................... 88
Figura 12 - Sobreposição de APAs ..................................................................................................................... 133
Figura 13 - Zoneamento Ecológico-Econômico.................................................................................................. 137

Índice de Quadros
Quadro 1 - Resumo das Competências Constitucionais sobre Meio Ambiente..................................................... 21
Quadro 2 - Características Geomorfológicas da AEIT do Marumbi (Adaptado de OKA-FIORI, 1987).............. 40
Quadro 3 - Situação Atual das Jazidas Presentes na AEIT do Marumbi.............................................................. 45
Quadro 4 - Dados Físicos, Químicos e Biológicos dos Rios (pontos de amostragem) da AEIT do Marumbi ...... 53
Quadro 5 - Matriz de Informações por Agregado de Comunidades ................................................................... 111
Quadro 6 - Atrativos Turísticos na Região da AEIT do Marumbi ...................................................................... 121
Quadro 7 - Dados sobre Parques Estaduais Inseridos na AEIT do Marumbi .................................................... 123
Quadro 8 - Atividades Relacionadas ao Uso Público e Impactos Observados................................................... 126
Quadro 9 - Cálculo de Áreas das Zonas Ambientais........................................................................................... 138
Quadro 10 - Convênios Governamentais ............................................................................................................ 154
Quadro 11 - Relação de Programas e Sub-Programas Propostos para a AEIT do Marumbi ............................ 158
Quadro 12 - Priorização das Ações de Manejo .................................................................................................. 185

10
Lista de Siglas
AEIT - Área Especial de Interesse Turístico
AOPA - Associação de Agricultura Orgânica
APA - Área de Proteção Ambiental
APP - Área de Preservação Permanente
BPFlo - Batalhão de Polícia Florestal
CEASA - Centrais de Abastecimento S.A.
CF - Constituição Federal
COLIT - Conselho de Desenvolvimento do Litoral
COMEC - Coordenação da Região Metropolitana de Curitiba
CONAMA - Conselho Nacional do Meio Ambiente
COPEL - Companhia Paranaense de Energia Elétrica
CPRM - Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais
DER - Departamento de Estradas de Rodagem
DNPM - Departamento Nacional de Produção Mineral
EMATER - Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural
EMBRAPA - Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária
EPAGRI - Empresa de Pesquisa Agrícola e Difusão de Tecnologias de Santa Catarina
FAO - Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação
FNMA - Fundo Nacional do Meio Ambiente
GTZ - Gesellschaft für Technische Zusammenarbeit
IAP - Instituto Ambiental do Paraná
IAPAR - Instituto Agronômico do Paraná
IBAMA - Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis
IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
ICMS - Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços
ICTF - Instituto de Terras, Cartografia e Florestas
IDHM - Índice de Desenvolvimento Humano
INCRA - Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária
IPARDES - Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social
IPTU - Imposto Predial e Territorial Urbano
IQA - Índice de Qualidade de Água
ISSQN - Imposto sobre Serviços de Qualquer Natureza
IUCN - International Union for Conservation of Nature
KFW - Kreditanstalt für Wiederaufbau

11
MINEROPAR - Minerais do Paraná S. A.
NIMAD - Núcleo Interdisciplinar de Meio Ambiente e Desenvolvimento
PPG7 - Programa Piloto de Proteção das Florestas Tropicais do Brasil
PR - Paraná
PRÓ-ATLÂNTICA - Programa Proteção da Floresta Atlântica
SANEPAR - Empresa de Saneamento do Paraná
SEBRAE - Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas
SEMA - Secretaria de Estado do Meio Ambiente e Recursos Hídricos
SNUC - Sistema Nacional de Unidades de Conservação
SUDERHSA - Superintendência de Desenvolvimento dos Recursos Hídricos e Saneamento
Ambiental
SPVS - Sociedade de Pesquisa em Vida Selvagem e Educação Ambiental
RMC - Região Metropolitana de Curitiba
UC - Unidade de Conservação
UFPR - Universidade Federal do Paraná
UNESCO - United Nations Educational, Scientific and Cultural Organization
WWF - World Wildlife Fund

12
1 INTRODUÇÃO

A Área Especial de Interesse Turístico do Marumbi (AEIT do Marumbi) foi criada e


regulamentada pela Lei nº 7.919, de 22 de outubro de 1984 e Decreto nº 5.308 de 18 de
abril de 1985, com base na Lei Federal nº 6.513/77, que dispõe sobre a criação de áreas
especiais e de locais de interesse turístico. A legislação estadual que instituiu tais áreas foi a
Lei nº 7.389/80, que acabou sendo revogada pela Lei nº 12.243/98, atualmente em vigor.

Abrange uma área de 66.722,99 hectares, localizada no Primeiro Planalto Paranaense, na


região da Serra do Mar (Figura 1).

Figura 1 - Localização da AEIT do Marumbi no estado do Paraná

Os limites da AEIT englobam os municípios de Campina Grande do Sul, São José dos
Pinhais, Piraquara, Quatro Barras, Antonina e Morretes, dos quais os quatro primeiros
fazem parte da Região Metropolitana de Curitiba (Figura 1).

Do ponto de vista territorial, Morretes, Antonina e Campina Grande do Sul representam,


juntos, 84% da área total da AEIT. O município com maior porção territorial dentro da área é
Morretes, com 24.688,20 ha. São José dos Pinhais é o município que participa na AEIT com
o menor território, 1.049,12 ha.

13
Figura 2 - Municípios da AEIT e seu percentual de participação territorial

Nesta região encontra-se uma das porções mais significativas do bioma Floresta Atlântica,
tendo sido incluída pela UNESCO na Reserva da Biosfera da Floresta Atlântica em 1991.
Por tratar-se de um dos ecossistemas mais ameaçados de degradação, tem importância
ímpar em termos de conservação.

Aliado ao elevado valor ambiental da área, a região possui um gande potencial recreativo
em função da alta qualidade estética da paisagem. Este resultado decorre da combinação
de fatores como a exuberância da vegetação e diversidade de formações montanhosas,
típicas da Serra do Mar. Há inúmeras cachoeiras e belíssimos rios com corredeiras, com
grande potencial para uso recreativo.

Acresce-se a toda esta riqueza natural, a grande importância histórica da região, onde os
caminhos coloniais, a construção da ferrovia e o conjunto dos outros valores culturais como
as construções típicas em estilo colonial constituem relevante patrimônio histórico, cultural e
arqueológico do Estado.

Na AEIT do Marumbi estão inseridos cinco Parque Estaduais, denominados do Pico Paraná,
do Pico Marumbi, da Graciosa, do Pau-Ôco e Roberto Ribas Lange. Dentre os parques
citados, apenas o do Pico Marumbi foi contemplado com um plano de manejo.

As unidades de conservação existentes no perímetro da área são: a APA Federal de


Guaraqueçaba a Nordeste; as APAs Estaduais de Piraquara e Rio Pequeno e o Parque
Estadual Serra da Baitaca a Oeste; e a APA Estadual de Guaratuba a Sudeste.

Em 23 de abril de 1985 entrou em vigor o Decreto nº 5.308/85, estabelecendo que “a ação


governamental na AEIT do Marumbi terá por escopo a manutenção do equilíbrio ecológico,
(...) o desenvolvimento de atividades turísticas, recreativas, desportivas e de lazer,
assegurando:

a) o uso em comum pelo povo, possibilitando a todos os cidadãos o contato com a natureza;

b) a proteção dos recursos naturais (...) monumentos e bens de valor histórico, artístico,
arqueológico ou pré-histórico, bem como dos mananciais de abastecimento d’água;

14
c) a proteção dos recursos naturais (...), a preservação da paisagem, monumentos e bens
de valor histórico, arqueológico ou pré-histórico, bem como dos mananciais de
abastecimento d’água;

d) a utilidade dos recursos naturais para fins científicos, educativos e culturais;

e) a alocação de recursos e incentivos necessários à consecução dos objetivos anteriores.”

Para a consecução destes objetivos, o Decreto prevê a elaboração de Planos Globais,


Específicos e Particularizados de Gerenciamento da Área, sendo que o primeiro num prazo
máximo de dois anos a contar da data da sua publicação.

O Decreto dispõe ainda sobre a definição da política para a AEIT do Marumbi, repassando
ao Conselho Estadual de Defesa do Ambiente (CEDA) e o Conselho de Desenvolvimento
Territorial do Litoral Paranaense esta atribuição, bem como a de aprovar os Planos Globais
de Gerenciamento e suas alterações nos limites de sua competência.

Institui uma Câmara de Apoio Técnico, destinada a examinar, assessorar e aprovar os


Planos Específicos e Particularizados de Gerenciamento, e concedeu ao então Instituto de
Terras e Cartografia - ITCF do Estado do Paraná, através da Coordenadoria própria, a
responsabilidade, entre outras, pela elaboração e execução dos Planos Globais Específicos
de Gerenciamento.

Em 1987, foi elaborado pelo ITCF o "Plano de Gerenciamento da Área Especial de Interesse
Turístico do Marumbi", com base nos princípios e diretrizes da IUCN e IBAMA/GTZ, no qual
foram estabelecidos o zoneamento, diretrizes de trabalho, demandas de curto prazo e
aquelas que necessitam de investimentos, sem, contudo, perder de vista os objetivos de
longo para a unidade.

Transcorridos quinze anos, verificou-se a necessidade de realizar atualizações no referido


Plano, em especial adequações à atual legislação ambiental federal. Entre elas, destaca-se
a inexistência da categoria AEIT no atual Sistema Nacional de Unidades de Conservação1.
Para dar resposta a esta questão, cogita-se no reenquadramento da AEIT Marumbi para
APA da Serra do Mar, o que traz vantagens sob o ponto de vista legal, pois esta categoria
apresenta diplomas legais específicos e, portanto, encontra-se melhor amparada por lei.

Aliando a manutenção das diretrizes do Plano de Gerenciamento atualmente vigente, aos


propósitos e vantagens legais da criação de uma Unidade de Conservação oficialmente
reconhecida, o presente trabalho tem por objetivo principal atualizar as informações e o
cenário socioambiental da AEIT visando sua recategorização para APA. Esta nova
categoria, que se compatibiliza com as ações governamentais preconizadas na AEIT,
objetiva disciplinar o processo de ocupação das terras e promover a proteção dos recursos
abióticos e bióticos dentro de seus limites, de modo a assegurar o bem-estar das
populações humanas que aí vivem, resguardar ou incrementar as condições ecológicas
locais e manter paisagens e atributos culturais relevantes.

No entanto, para que essas ações de gerenciamento da área sejam devidamente


implementadas é necessário a formulação de um Plano de Manejo, que consiste na
ordenação e normatização do uso do solo através da delimitação de áreas e/ou zoneamento
definidos através de um espectro de usos a serem desenvolvidos.

1
instituído pela Lei Federal nº 9.985/00.

15
2 FICHA TÉCNICA DA UNIDADE

Nome da Unidade de Conservação: Área Especial de Interesse Turístico do Marumbi


Categoria de Manejo Atual: Área Especial de Interesse Turístico
Categoria de Manejo Futura: Área de Proteção Ambiental
Instituição Responsável: Instituto Ambiental do Paraná (IAP)
Endereço: Diretoria de Biodiversidade e Áreas Protegidas /
Departamento de Unidades de Conservação
(DIBAP/DUC) - Av. Eng. Rebouças, 1375 CEP
80.215-100, Curitiba - PR
IAP - escritório local em Morretes (subordinado ao
escritório do litoral, em Paranaguá) - Rua XV de
Novembro, 617 - CEP: 83.350-000, Morretes - PR.
Telefone / Fax: (041) 213-3700 (DIBAP/DUC) e (41) 462-1155
(Escritório IAP em Morretes)
Superfície (ha) 66.732,99 ha
Perímetro (m) 219.186,33
Municípios que abrange (%) São José dos Pinhais (1,13%), Piraquara (17,64%),
Quatro Barras (15,22), Campina Grande do Sul
(22,55%), Antonina (25,26%) e Morretes (35,58%)
Estado que abrange: Paraná
Mesoregião Geográfica que abrange: Mesoregião Metropolitana de Curitiba
Microregiões Geográficas que abrange: Microregião de Curitiba e Microregião de Paranaguá
Coordenadas Geográficas (centro da AEIT) Lat 25º20’57”S e Long. 48º52’28”
Número do Decreto e data de criação Lei nº 7.919, de 22 de outubro de 1984
Bioma e ecossistema: Mata Atlântica; Floresta Ombrófila Densa
Unidades de Conservação existentes na área: P. E. do Pico Paraná, P. E. do Pico Marumbi, P. E.
da Graciosa, P. E. do Pau-Ôco e P. E. Roberto
Ribas Lange
Atividades desenvolvidas: Agricultura e pecuária, turismo, comércio, serviços,
reflorestamento, agroecologia.
Fiscalização: A cargo do IAP e BFlo
Principais programas e projetos Programa de Proteção à Floresta Atlântica
desenvolvidos na região: (SEMA/KFW); Pólo Agroecologia (EMATER/SEAB),
além de programas federais de turismo,
saneamento básico, abastecimento de água e rede
de esgoto sanitário.
Monitoramento: Qualidade da água através de macroinvertebrados
bentônicos (IAP/DEPAM); evolução do uso e
ocupação do solo (SEMA/Pró-Atlântica).
Atividades conflitantes: Extração desordenada de recursos florestais e
animais; uso de agrotóxicos; caça; reflorestamento
com espécie exótica invasora; invasões, turismo
desordenado, sistemas inadequados de tratamento
de esgoto e disposição de lixo, especulação
imobiliária.

16
3 ASPECTOS LEGAIS

Com base no levantamento bibliográfico da legislação ambiental aplicável à AEIT do


Marumbi e à sua recategorização para APA, foi produzido o texto a seguir, que pretende,
resumidamente, avaliar a situação jurídica atual da AEIT, através do cruzamento das
legislações federal, estadual e municipal incidentes sobre o território, e da análise dos temas
jurídicos que mais suscitam discussões na implementação do zoneamento e na gestão das
áreas de proteção ambiental. Como objetivo final, busca-se o suporte jurídico para a
formatação institucional e legal de uma APA, a elaboração do zoneamento ecológico-
econômico da área e a implementação de seu Plano de Manejo.

3.1 Aspectos Jurídicos do Zoneamento Ambiental

O zoneamento ambiental é tratado pela Lei 6.938/81 como um dos instrumentos da Política
Nacional de Meio Ambiente2. Esta lei traz os princípios e diretrizes a serem seguidos pelo
Poder Público e pela sociedade como um todo buscando “a preservação, melhoria e
recuperação da qualidade ambiental propícia à vida, visando assegurar, no País, condições
ao desenvolvimento sócio-econômico, aos interesses da segurança nacional e à proteção
da dignidade da vida humana.”3

Além disso, também está previsto como um dos instrumentos de planejamento pelo Estatuto
da Cidade (Lei Federal nº 10.527/01, art. 4º, inciso III, c), mas sua definição legal pode ser
encontrada na Lei Federal nº 9.985/00, instituidora do Sistema Nacional de Unidades de
Conservação:

Art. 2°. Para os fins previstos nesta Lei, entende-se por: (...)

XVI - zoneamento: definição de setores ou zonas em uma unidade de conservação com


objetivos de manejo e normas específicas, com o propósito de proporcionar os meios e
as condições para que todos os objetivos da unidade possam ser alcançados de forma
harmônica e eficaz;

Os principais objetivos do zoneamento ambiental, como bem observou OGATA4, são:

• garantir o uso sustentável e ordenado dos recursos ambientais;

• prover a proteção para habitats críticos ou representativos, bem como para


os ecossistemas e processos ecológicos;

• solucionar ou minimizar as atividades humanas conflitantes;

• proteger os recursos naturais e histórico-culturais, permitindo um amplo


espectro de usos a serem desenvolvidos pela atividade humana;

2
Art. 9º, inciso II da Lei Federal nº 6.938/81.
3
Art. 2º da Lei Federal nº 6.938/81
4
“Zoneamento Ambiental: aspectos técnicos, jurídicos e metodológicos” - Consultora do MMA

17
• reservar áreas adequadas para usos mais impactantes, minimizando os
efeitos destes usos em outras áreas (conceito de áreas de sacrifício);

• preservar algumas áreas em seu estado natural, limitando as atividades


humanas aos propósitos de pesquisa científica ou educação (princípio da
precaução e conceito de manutenção de ecossistemas).

Através do zoneamento ambiental, procede-se à divisão do território em áreas nas quais são
autorizadas determinadas atividades, e proibidas, total ou parcialmente, em outras. Sem
dúvida, não é só um instrumento jurídico, mas também político, visto que influencia
diretamente a vida dos cidadãos que habitam a área zoneada e, muitas vezes, impõe uma
série de restrições aos direitos individuais no intuito de resguardar um direito coletivo.

O zoneamento passa a ser um referencial para as ações de controle ambiental e


desenvolvimento urbano, bem como para o ordenamento e planejamento territorial. Passa a
servir de parâmetro para a análise de requerimentos de uso do espaço geográfico, através
do licenciamento ambiental. É também um instrumento de política econômica, podendo ser
utilizado para orientar a ocupação de determinada região, de forma a promover um maior
desenvolvimento da mesma, prevendo inclusive estímulos econômicos para determinados
usos - às vezes não proibidos - mas considerados mais adequados para determinada zona.

No entanto, é importante ressaltar que o zoneamento ambiental deve ser observado como
apenas um dos instrumentos da Política Nacional do Meio Ambiente e, por isso, deve ser
considerado no contexto de toda a legislação ambiental aplicável à área.

3.2 Legislação Básica Aplicável às Áreas de Proteção Ambiental

As APAs - Áreas de Proteção Ambiental são unidades de conservação integrantes do


Sistema Nacional de Unidades de Conservação, disciplinado pela Lei Federal nº 9.985/00.
São definidas como Unidades de Uso Sustentável, que têm por objetivo “compatibilizar a
conservação da natureza com o uso sustentável de parcela dos seus recursos naturais.”5

O conceito de “uso sustentável” segundo a lei é a “exploração do ambiente de maneira a


garantir a perenidade dos recursos ambientais renováveis e dos processos ecológicos,
mantendo a biodiversidade e os demais atributos ecológicos, de forma socialmente justa e
economicamente viável.”6

A disciplina específica das Estações Ecológicas e das Áreas de Proteção Ambiental está
prevista na Lei Federal 6.902/81. Este diploma legal traz as características básicas das
APAs em seu art. 15:

Art. 15. A Área de Proteção Ambiental é uma área em geral extensa, com um certo grau
de ocupação humana, dotada de atributos abióticos, bióticos, estéticos ou culturais
especialmente importantes para a qualidade de vida e o bem-estar das populações
humanas, e tem como objetivos básicos proteger a diversidade biológica, disciplinar o
processo de ocupação e assegurar a sustentabilidade do uso dos recursos naturais.

§1º A Área de Proteção Ambiental é constituída por terras públicas ou privadas.

5 Lei Federal n° 9.985/00, art. 7º, §2º.

6 Lei Federal n° 9.985/00, art. 7º, §2º.

18
§ 2º Respeitados os limites constitucionais, podem ser estabelecidas normas e restrições
para a utilização de uma propriedade privada localizada em uma Área de Proteção
Ambiental.

§ 3º As condições para realização de pesquisa científica e visitação pública nas áreas


sob domínio público serão estabelecidas pelo órgão gestor da unidade.

§ 4º Nas áreas sob propriedade privada, cabe ao proprietário estabelecer as condições


para pesquisa e visitação pelo público, observadas as exigências e restrições legais.

§ 5º A Área de Proteção Ambiental disporá de um Conselho presidido pelo órgão


responsável por sua administração e constituído por representantes dos órgãos públicos,
de organizações da sociedade civil e da população residente, conforme se dispuser no
regulamento desta Lei.

As APAs são unidades de conservação que se caracterizam por abranger terras privadas ou
públicas. Desta forma, as restrições feitas na sua ocupação não devem anular o direito de
propriedade ou impedir o seu exercício. Neste ponto é que está uma das principais
dificuldades na elaboração de seu zoneamento ecológico-econômico e na sua gestão.

As orientações básicas para a elaboração do zoneamento ecológico-econômico de uma


APA estão contidas na Resolução 10, de 14 de dezembro de 1988 do CONAMA (Conselho
Nacional do Meio Ambiente). Segundo a citada resolução, o zoneamento deverá estabelecer
normas de uso de acordo com as condições locais bióticas, geológicas, urbanísticas, agro-
pastoris, extrativistas, culturais e outras.

A mesma resolução prevê ainda que todas as APAs deverão possuir zonas de vida silvestre,
onde serão proibidos ou regulados o uso dos sistemas naturais; bem como zonas de uso
agropecuário, nas APAs em que exista atividade agrícola ou pecuária.

A importância prática da instituição da APA foi reforçada através dessa resolução na medida
em que ela exige licença especial, a ser concedida pela entidade administradora da APA,
para qualquer projeto de urbanização ou loteamento rural a ser implantado em seu território.
Além disso, estão proibidas atividades de terraplanagem, mineração, dragagem e
escavação que venham a causar danos ou degradação do meio ambiente ou perigo para
pessoas ou para a biota.

A Área Especial de Interesse Turístico do Marumbi AEIT do Marumbi foi criada e


regulamentada pela Lei nº 7.919, de 22 de outubro de 1984 e Decreto nº 5.308 de 18 de
abril de 1985, com base na Lei Federal nº 6.513/77, que dispõe sobre a criação de áreas
especiais e de locais de interesse turístico. A legislação estadual que instituiu tais áreas foi a
Lei nº 7.389/80, que acabou sendo revogada pela Lei nº 12.243/98, atualmente em vigor.

Tendo em vista a predominância de Floresta Atlântica no território da AEIT, a aplicação do


Decreto Federal n° 750/93 é fundamental. Trata-se de uma legislação bastante restritiva que
considera a área de Mata Atlântica como área de preservação permanente, onde pouco ou
nada poderá ser feito em termos de desenvolvimento de atividades econômicas.

3.3 Aspectos Relevantes

3.3.1 DIVISÃO DE COMPETÊNCIAS: UNIÃO, ESTADO E MUNICÍPIOS

A Constituição Federal de 1988 estabeleceu na verdade dois tipos de competência: a


competência para administrar e a competência para legislar. As atividades previstas no art.

19
23 são de competência tanto da União como dos Estados e Municípios. Assim, cada ente
poderá ter sua própria estrutura administrativa, tendo autonomia para estas atividades.

No caso da competência em matéria ambiental, o referido dispositivo prevê:

Art. 23. É competência comum da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos
Municípios: (...)

III - proteger os documentos, as obras e outros bens de valor histórico, artístico e


cultural, os monumentos, as paisagens naturais notáveis e sítios arqueológicos;

VI - proteger o meio ambiente e combater a poluição em qualquer de suas formas;

VII - preservar as florestas, a fauna e a flora;

XI - registrar, acompanhar e fiscalizar as concessões de direitos de pesquisa e


exploração de recursos hídricos e minerais em seus territórios;

É preciso destacar que a autonomia dos entes da Federação, prevista no art. 18 da Carta
Maior, não deve ser causa de conflitos e dispersão de esforços. O objetivo é que cada ente
possa ter uma estrutura administrativa própria, mas eficiente no atendimento e controle das
atividades previstas no artigo citado. É claro que essa estrutura pode ter um formato
institucional diferente, mas deverá sempre obedecer às normas gerais federais em matéria
ambiental, para que seja mantida uma unidade e coerência de ações no país todo.

O Quadro 1 a seguir apresenta um resumo das competências constitucionais sobre o meio


ambiente.

20
Quadro 1 - Resumo das Competências Constitucionais sobre Meio Ambiente

COMPETÊNCIAS EM MATÉRIA AMBIENTAL


UNIÃO ESTADOS E DF MUNICÍPIOS
! proteger os documentos, as obras e outros Igual à da União e dos Estados
bens de valor histórico, artístico e cultural, os e DF, mais:
monumentos, as paisagens naturais notáveis e
! promover a proteção do
sítios arqueológicos;
C patrimônio histórico-cultural
Administrativa
O ! proteger o meio ambiente e combater a local, observada a
M (art. 23 da poluição em qualquer de suas formas; legislação e a ação
Constituição fiscalizadora federal e
U Federal)
! preservar as florestas, a fauna e a flora;
estadual.
M ! registrar, acompanhar e fiscalizar as
concessões de direitos de pesquisa e
exploração de recursos hídricos e minerais em
seus territórios.

P ! águas, energia, ! Autorizados por Lei ! promover, no que couber,


R informática, complementar adequado ordenamento
telecomunicações podem Legislar territorial, mediante
I e radiodifusão; sobre questões planejamento e controle
V específicas em: do uso do solo, do
! jazidas, minas,
A parcelamento e da
Legislativa outros recursos ! águas, energia,
TI ocupação do solo urbano;
minerais e informática,
V (art.22) metalurgia; telecomunicações ! legislar sobre assuntos de
A e radiodifusão; interesse local;
! jazidas, minas, ! suplementar a legislação
outros recursos federal e a estadual no
minerais e que couber.
metalurgia

C Normas gerais Normas suplementares


O ! florestas, caça, pesca, fauna, conservação
N da natureza, defesa do solo e dos recursos
C naturais, proteção do meio ambiente e
controle da poluição;
O
R Legislativa (art.24) ! proteção ao patrimônio histórico, cultural,
R artístico, turístico e paisagístico;
E ! responsabilidade por dano ao meio
N ambiente, ao consumidor, a bens e direitos
TE de valor artístico, estético, histórico, turístico e
paisagístico.

3.4 A Questão da Propriedade Privada e do Direito Adquirido

A Constituição Federal dispõe em seu art. 5º, inciso XXXVI: “A lei não prejudicará o direito
adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada.”

A discussão acerca da existência ou não de direito adquirido face à instituição de novo


zoneamento ou alteração do anterior é grande e complexa, mas, aos poucos, posições vêm
sendo definidas, tanto na doutrina nacional, como na própria legislação.

21
A importância dessa discussão reside no fato de que a maioria das atividades industriais,
comerciais e agrícolas exigem o controle do Poder Público, que pode se dar na forma de
permissões, autorizações e licenças (de instalação, de construção, de operação, etc.).

Na elaboração do zoneamento ambiental é comum surgirem casos de empreendimentos


que, apesar de previamente autorizados pelo Poder Público, passam a ser proibidos em
função de ato administrativo ou lei superveniente. Nesses casos, é importante a análise da
questão da propriedade privada e do direito adquirido, constitucionalmente previstos.

A Constituição Federal, ao garantir o direito de propriedade, em seu art. 5º, limitou-a dizendo
que ele deve atender à sua “função social”. Ou seja, ela não pode ser utilizada livremente
pelo seu proprietário, mas está sujeita às limitações impostas pelo Poder Público que visam
garantir a salubridade, a segurança e o bem-estar coletivo.

A própria Carta, no § 2° do art. 182, concretizou o princípio da função social da propriedade


nos seguintes termos: “A propriedade urbana cumpre sua função social quando atende às
exigências fundamentais de ordenação da cidade expressas no Plano Diretor”. Para as
propriedades rurais, o princípio está consagrado no art. 186.

Como dito anteriormente, cada vez mais a doutrina e a legislação pátria se firmam no
sentido de uma nova definição do direito de propriedade. O novo Código Civil (Lei Federal nº
10.406/02) definiu nos seus art. 1.228 e seguintes os novos traços do direito de propriedade
e nos artigos 1.299 e seguintes as regras que disciplinam o direito de construir:

Art. 1.228.O proprietário tem a faculdade de usar, gozar e dispor da coisa, e o direito de
reavê-lo do poder de quem quer que, injustamente, a possua ou detenha.

§1º - O direito de propriedade deve ser exercido em consonância com as finalidades


econômicas e sociais e de modo que sejam preservados, de conformidade com o
estabelecido em lei especial, a flora, a fauna, as belezas naturais, o equilíbrio ecológico
e o patrimônio histórico e artístico, bem como evitada a poluição do ar e das águas.

No parágrafo primeiro deste dispositivo percebe-se claramente a intenção do legislador de


reforçar a previsão constitucional e adaptar o direito de propriedade à necessidade da
preservação do meio ambiente. Destacaram-se, assim, a funções social e ambiental da
propriedade.

3.5 Direitos e Deveres da População Tradicional

As Áreas de Proteção Ambiental são unidades de conservação em que a ocupação humana


é presumida e faz parte de suas finalidades. O art. 5º da lei 9.985/00 dispõe que o Sistema
Nacional de Unidades de Conservação deverá formular diretrizes que “garantam às
populações tradicionais, cuja subsistência dependa da utilização de recursos naturais
existentes no interior das unidades de conservação, meios de subsistência alternativos ou a
justa indenização pelos recursos perdidos.”

Ocorre que a definição de populações tradicionais pode gerar alguma confusão. Isto porque
se pode entender que populações tradicionais são aquelas existentes na unidade de
conservação antes da sua criação. Como se pode entender também o termo “tradicional”
como indicador de que seria algo que passaria de geração para geração. Assim, “população
tradicional” seria aquela que está na área há pelo menos duas gerações.

Ainda que se considere essa outra característica, é preciso distinguir também entre os
proprietários de terra dentro da APA, os empregados (pessoas que só trabalham na terra,

22
mas com ela não tem relação de posse), e os posseiros, ou seja, aqueles que tem a posse
da terra ilegalmente.

A definição do conceito de população tradicional e a distinção entre aqueles que são


proprietários e os que não são, é importante na medida em que a lei determina que essas
pessoas sejam indenizadas pelas benfeitorias existentes e realocadas pelo Poder Público,
conforme previsto no art. 42 da Lei Federal nº 9.985/00:

Art. 42. As populações tradicionais residentes em unidades de conservação, nas quais


sua permanência não seja permitida, serão indenizadas ou compensadas pelas
benfeitorias existentes e devidamente realocadas pelo Poder Público, em local e
condições acordadas pelas partes.

§1º O Poder Público, por meio do órgão competente, priorizará o reassentamento das
populações tradicionais a serem realocadas.

§ 2º Até que seja possível efetuar o reassentamento de que trata este artigo, serão
estabelecidas normas e ações específicas destinadas a compatibilizar a presença das
populações tradicionais residentes com os objetivos da unidade, sem prejuízo dos
modos de vida, das fontes de subsistência e dos locais de moradia destas populações,
assegurando-se a sua participação na elaboração das referidas normas e ações.

§ 3º Na hipótese prevista no § 2º as normas regulando o prazo de permanência e suas


condições serão estabelecidas em regulamento.

3.6 Planos Diretores dos Municípios Envolvidos

Dentre os municípios abrangidos pela AEIT, apenas Campina Grande do Sul e São José
dos Pinhais estão em fase de elaboração de seus Planos Diretores.

Plano Diretor é o conjunto de normas obrigatórias, elaborado por lei municipal específica,
integrando o processo de planejamento municipal, que regula as atividades e os
empreendimentos do próprio Poder Público Municipal e das pessoas físicas ou jurídicas, de
Direito Privado ou Público, a serem levados a efeito no território municipal7.

É o instrumento básico da política de desenvolvimento e de expansão urbana e está previsto


art. 182 da CF. O §2° do art. 40 do Estatuto da Cidade dispõe que “o Plano Diretor deverá
englobar o território do município como um todo”. Apesar de não ser expressa, a disposição
legal determina que o Plano Diretor deve abranger tanto a área urbana, quanto a área rural
do município.

Essa integração é fundamental para um adequado planejamento do desenvolvimento do


município, porque não é possível desprezar a integração entre as atividades realizadas na
zona urbana e na zona rural8, bem como o fato de que muitos dos habitantes da zona rural
trabalham na zona urbana - além da necessidade, por exemplo, de proteção dos mananciais
de abastecimento.

7
LEME MACHADO, Paulo Affonso. Direito Ambiental Brasileiro. 10ª ed. Malheiros, São Paulo.
8
Art. 1º - Estatuto da Cidade
VII - integração e complementaridade entre as atividades urbanas e rurais, tendo em vista o desenvolvimento
socioeconômico do Município e do território sob sua área de influência;”

23
Apesar desta disposição, o restante do conteúdo da lei não facilita o trabalho do legislador
municipal nesta integração, pois está mais direcionada realmente para a área urbana.

De qualquer forma, a lei é um marco em matéria de legislação urbanística, e destaca a


importância dos Planos Diretores como instrumentos de ordenação do território:

Art. 2° - A política urbana tem por objetivo ordenar o pleno desenvolvimento das funções
sociais da cidade e da propriedade urbana, mediante as seguintes diretrizes gerais:

I - garantia do direito a cidades sustentáveis, entendido como o direito à terra urbana, à


moradia, ao saneamento ambiental, à infra-estrutura urbana, ao transporte, aos serviços
públicos, ao trabalho e ao lazer, para as presentes e futuras gerações; (...)

IV - planejamento do desenvolvimento das cidades, da distribuição espacial da


população e das atividades econômicas do Município e do território sob sua área de
influência, de modo a evitar e corrigir as distorções do crescimento urbano e seus efeitos
negativos sobre o meio ambiente; (...)

VI - ordenação e controle do uso do solo, de forma a evitar:

a utilização inadequada dos imóveis urbanos;

a proximidade de usos incompatíveis ou inconvenientes;

o parcelamento do solo, a edificação ou o uso excessivos ou inadequados em relação à


infra-estrutura urbana;

a instalação de empreendimentos ou atividades que possam funcionar como pólos


geradores de tráfego, sem a previsão da infra-estrutura correspondente;

a retenção especulativa de imóvel urbano, que resulte na sua subutilização ou não


utilização;

a deterioração das áreas urbanizadas;

a poluição e a degradação ambiental; (...)

VIII - adoção de padrões de produção e consumo de bens e serviços e de expansão


urbana compatíveis com os limites da sustentabilidade ambiental, social e econômica do
Município e do território sob sua área de influência (...).

XII - proteção, preservação e recuperação do meio ambiente natural e construído, do


patrimônio cultural, histórico, artístico, paisagístico e ecológico.

Nesse sentido, o ideal é que a elaboração do zoneamento da área e dos Planos Diretores
dos municípios seja feita de forma a serem evitadas incongruências entre as legislações. De
qualquer forma, em caso de conflito, valem as regras sobre competência já expostas
anteriormente.

3.7 Unidades de Conservação Existentes na AEIT do Marumbi e o

Tombamento da Serra do Mar

Dentro da AEIT do Marumbi, localizam-se os seguintes Parques Estaduais: P.E.do Pico


Paraná, com 4.333,83 ha; P.E. Roberto Ribas Lange, com 2.698,69 ha; P. E. da Graciosa,

24
com 1.189,58 ha; P.E. Pico Marumbi, com 2.342,41 ha e P.E. do Pau-Ôco, com 905,58 ha.
Dentre esses parques, somente o do Pico Marumbi possui Plano de Manejo.

É importante ressaltar a existência dessas unidades de conservação dentro da AEIT porque,


conforme previsão da Resolução 10/88 do CONAMA, “se houver na área decretada outra
unidade de conservação, de manejo, ou outras situações especiais de proteção ambiental,
administradas efetivamente pelo Poder Público, as mesmas serão consideradas como
zonas de usos especiais.”9

Assim, quando da elaboração do zoneamento ecológico-econômico de uma APA, além do


fato de que, por se tratarem de parques, estas unidades deverão manter os usos mais
restritivos próprios desta espécie, eles deverão ser considerados necessariamente como
zonas de usos especiais.

Além disso, os parques também possuem a chamada Zona Tampão, que é a área de
entorno dos mesmos e que tem restrições que devem ser observadas. As zonas tampão ou
de amortecimento não podem, uma vez definidas formalmente, ser transformadas em zona
urbana (art. 49, parágrafo único, da Lei 9.985/00).

Outro fator que pode levar à definição de uma zona de uso especial em função de suas
características extremamente restritivas, e já definidas, é o tombamento da Serra do Mar. A
Serra do Mar é objeto de tombamento, levado a efeito em 25 de julho de 1986. A área
tombada abrange 376 mil hectares, iniciando-se no cruzamento da Rodovia Garuva –
Cubatão, na divisa dos Estados do Paraná e de Santa Catarina, incluindo áreas dos
municípios de Guaratuba, Matinhos, Paranaguá, Morretes, Antonina e Guaraqueçaba (Ver
Mapa de Legislação no Anexo).

O ato administrativo do tombamento significa catalogar, relacionar coisas (de valor histórico,
cultural, artístico, científico, estético, paisagístico, arquitetônico, urbanístico, documental,
bibliográfico, paleográfico, museográfico, toponímico, folclórico, hídrico, ambiental, etc., ou
afetivo para a população) em determinado registro público, para impedir que sejam
destruídos ou descaracterizados.

Entre nós esse instituto tem importância constitucional e está previsto nos arts. 23 III e IV,
24 VII e VIII, 30 IX, 215 e 216 §§ 1º e 5º da Carta Magna, como forma de se preservar nosso
patrimônio cultural e natural, com a colaboração da comunidade.

Segundo este instrumento de proteção, a instalação, ampliação, reforma ou recuperação de


obras ou atividades existentes na área compreendida pelo Tombamento dependerá da
anuência prévia da Curadoria do Patrimônio Histórico e Artístico, após análise dos planos
e/ou projetos e, quando couber, do relatório de impacto ambiental, observando-se normas
específicas.

3.8 Análise do Arranjo Institucional Vigente

O processo de elaboração do zoneamento econômico-ecológico de uma área de proteção


ambiental não pode ignorar a ação de diversos atores sobre a área e a sua necessária
influência e colaboração no desenvolvimento da mesma. Não considerar o papel destas
instituições nesse processo pode dificultar ou até mesmo inviabilizar a aplicação prática do
zoneamento.

9
Art. 3º, §1º, Res. 10/88 - CONAMA

25
Dentre estes atores, as Prefeituras Municipais se destacam como elementos que devem
participar de todo o processo, cujas sugestões e interesses devem ser levados em conta. A
importância do papel das Prefeituras Municipais reside não só na sua participação durante a
fase de elaboração do zoneamento, mas também na fase da sua implementação prática,
quando é fundamental a ação e fiscalização local. A estrutura de gestão da APA precisará
necessariamente deste apoio e da mão de obra local, através da cessão ou contratação de
funcionários pelas Prefeituras para implementar eficazmente o zoneamento.

As Secretarias Municipais de Urbanismo e Meio Ambiente dos municípios envolvidos


também são parte da estrutura que deve ser posta em movimento na implementação do
zoneamento da APA. Isto porque, apesar de serem órgãos de atuação direcionada para a
área urbana, com a aprovação dos Planos Diretores, elas serão importantes elos entre os
gestores da APA e os municípios.

O Conselho de Desenvolvimento do Litoral (COLIT) e a Coordenação da Região


Metropolitana de Curitiba (COMEC) são duas entidades responsáveis, respectivamente,
pela disciplina do uso do solo no Litoral Paranaense e da Região Metropolitana, sendo
compostos por Secretários de Estado, Prefeitos, representantes do Ministério Público e da
sociedade civil. Sua participação na elaboração da proposta de zoneamento da área é
fundamental.

O NIMAD - Núcleo Interdisciplinar de Meio Ambiente e Desenvolvimento é uma entidade


de caráter acadêmico, criada com o objetivo de estimular a pesquisa e extensão
interdisciplinar. É uma entidade que pode colaborar através de consultorias de
especialistas e no âmbito da qual já foram elaboradas várias teses relacionadas ao litoral.

3.9 Responsabilidade Civil: o Dano Ambiental e sua Reparação

A Lei de Política Nacional do Meio Ambiente consagra como um dos seus objetivos a
“imposição ao poluidor e ao predador da obrigação de recuperar e/ou indenizar os danos
causados”10 e prevê que a responsabilidade pelo dano ambiental pode ser imputada
independentemente da existência de culpa. Ou seja, não se aprecia subjetivamente a
conduta do poluidor, mas a ocorrência de resultado prejudicial ao homem e ao meio
ambiente. Essa é a chamada responsabilidade civil objetiva.

A responsabilidade objetiva pode ter duas funções: a preventiva - que procura evitar os
danos - e a reparadora, que tenta reconstituir e/ou indenizar os prejuízos ocorridos. A
primeira dessas funções é fundamental em direito ambiental, uma vez que muitos danos
ecológicos são irreversíveis.

Assim, a obrigação da reparação do dano ambiental depende apenas da existência do dano


e de uma relação de causalidade entre a sua ocorrência e o seu autor. Veja-se que a
obrigação de reparar é independente da aplicação de sanções penais ou administrativas11.
Ou seja, a irresponsabilidade administrativa ou penal não acarreta a irresponsabilidade civil.

Na legislação específica sobre áreas de proteção ambiental (Lei Federal nº 6.902/81),


também há dispositivos sobre a obrigação de reparação de danos:

10
Lei Federal nº 6.938/81, art. 4º, VII.
11
CF, art.225, §3º. “As condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente sujeitarão os infratores,
pessoas físicas ou jurídicas, a sanções penais e administrativas,independentemente da obrigação de reparar os
danos causados.”

26
Art. 9º. (...)

§ 2º Nas Áreas de Proteção Ambiental, o não-cumprimento das normas disciplinadoras


previstas neste artigo sujeitará os infratores ao embargo das iniciativas irregulares, à
medida cautelar de apreensão do material e das máquinas usadas nessas atividades, à
obrigação de reposição e reconstituição, tanto quanto possível, da situação anterior e à
imposição de multas graduadas de Cr$ 200,00 (duzentos cruzeiros) a Cr$ 2.000,00 (dois
mil cruzeiros), aplicáveis, diariamente, em caso de infração continuada, e reajustáveis de
acordo com os índices das ORTNs - Obrigações Reajustáveis do Tesouro Nacional.

De qualquer forma, o dano ambiental, como também vários danos de natureza civil,
caracteriza-se por não ser reparável mediante a sua substituição por equivalente em
dinheiro. Por isso, a legislação processual brasileira avançou e atualmente dispõe de
mecanismos que visam dar uma maior efetividade às ações de responsabilidade por dano
ambiental.

Também é preciso lembrar que não só os particulares estão sujeitos a sanções por
causarem danos ao meio ambiente. A legislação ambiental não excluiu do Poder Público
esta responsabilidade e as pessoas jurídicas de direito público respondem da mesma forma
que os particulares quando se trata de dano ambiental. Isto porque não é dado à
Administração Pública Federal, Estadual ou Municipal ignorar ou afastar os bens e valores
ambientais protegidos pela Constituição Federal. Esta obrigação persiste tanto nos
processos de licenciamento ambiental como no controle do uso adequado dos recursos e na
aplicação da legislação ambiental, através da fiscalização, monitoramento ou auditoria.

Quanto à questão do licenciamento, é bom lembrar que a licença ambiental não libera o
empreendedor de seu dever de reparar o dano ambiental. O que pode ocorrer é que, tendo
sido concedida regularmente uma licença para determinada atividade ou empreendimento,
não se pode falar em ilicitude do ato. Entretanto, isso não afasta a responsabilidade civil de
reparar o dano causado.

Nesse breve comentário sobre a reparação do dano ambiental, importa destacar a previsão
específica para o caso da mineração. Por ser uma atividade extremamente degradadora do
meio ambiente, a reparação dos danos por ela causados mereceu destaque constitucional:

Art. 225. (...)

§ 2º Aquele que explorar recursos minerais fica obrigado a recuperar o meio ambiente
degradado, de acordo com solução técnica exigida pelo órgão público competente, na
forma da lei.

3.10 Legislação Específica Incidente na AEIT do Marumbi

3.10.1 RECURSOS HÍDRICOS

A competência para legislar sobre águas é privativa da União Federal (art. 22, IV, CF). No
entanto, é preciso levar em consideração que o ordenamento do território do Município tem
importante influência neste aspecto, uma vez que a qualidade da água depende também da
política ambiental adotada pelo Município e da aplicação da legislação federal no âmbito
municipal.

A criação do Sistema Nacional de Recursos Hídricos, pela Lei Federal nº 9.433/97, foi um
marco no gerenciamento dos recursos hídricos do país e estabeleceu uma nova unidade
territorial de gestão, que é a bacia hidrográfica. Esta lei trouxe ainda o conceito da água

27
como um bem econômico e de domínio público, o que não significa que o Poder Público
seja seu proprietário, mas sim seu gestor.

Dessa forma, quando este sistema estiver em pleno funcionamento, a gestão dos recursos
hídricos será feita de forma conjunta e integrada, através dos Comitês de Bacia, dos quais
participarão os municípios integrantes da bacia. Estes comitês irão atuar abrangendo uma
bacia hidrográfica, um grupo de bacias hidrográficas contíguas ou através de um conjunto
misto - bacia do curso de água principal e duas sub-bacias hidrográficas.

O zoneamento em elaboração e o plano de manejo devem levar em consideração essa


legislação para que a gestão dos recursos hídricos da área seja integrada e para que seja
aberta a participação destes órgãos, no intuito de otimizar as ações e resultados dessa
gestão.

3.10.2 PATRIMÔNIO HISTÓRICO E ARQUEOLÓGICO

O patrimônio histórico e arqueológico é parte integrante do chamado patrimônio cultural,


previsto no art. 216, inciso V da Constituição Federal como “conjuntos urbanos e sítios de
valor histórico, paisagístico, artístico, arqueológico, paleontológico, ecológico e científico”.

A tutela legal do patrimônio histórico e arqueológico, além da previsão constitucional, é feita


principalmente pela Lei Federal n° 3.924/61, pelos Decretos lei nº 4.146/42 e 25/37. Esta lei
define em seu art. 2º o que são monumentos arqueológicos ou pré-históricos12.

Nesta legislação consta também que o direito de realizar escavações para fins
arqueológicos, em propriedade particular ou privada, depende de permissão a ser concedida
pelo Governo Federal, através da Diretoria do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional. Tal
permissão é precária e pode ser cassada pelo Ministro da Educação e Cultura no caso de
descumprimento das condições estabelecidas na legislação.

O dano ao patrimônio histórico e arqueológico deve ter o mesmo tratamento jurídico dado ao
dano aos demais recursos naturais e a destruição ou aproveitamento econômico destes está
proibida pelo art. 3º da já citada lei:

Art. 3º. São proibidos em todo o território nacional o aproveitamento econômico, a


destruição ou a mutilação, para qualquer fim, das jazidas arqueológicas ou pré-históricas
conhecidas como sambaquis, casqueiros, concheiros, birbigueiras ou sernambis, e bem
assim dos sítios, inscrições e objetos numerados nas alíneas b, c e d, do artigo anterior,
antes de serem devidamente pesquisados, respeitadas as concessões anteriores e não
caducas.

12
“Art. 2º. Consideram-se monumentos arqueológicos ou pré-históricos:
a) as jazidas de qualquer natureza, origem ou finalidade, que representem testemunhos da cultura dos
paleoameríndios do Brasil, tais como sambaquis, montes artificiais ou tesos, poços sepulcrais, jazigos aterrados,
estearias e quaisquer outras não especificadas aqui, mas de significado idêntico, a juízo da autoridade
competente;
b) os sítios nos quais se encontram vestígios positivos de ocupação pelos paleoameríndios, tais como grutas,
lapas e abrigos sob rocha;
c) os sítios identificados como cemitérios, sepulturas ou locais de pouso prolongado ou de aldeamento,
“estações” e “cerâmicas”, nos quais se encontram vestígios humanos de interesse arqueológico ou
paleoetnográfico;
d) as inscrições rupestres ou locais como sulcos de polimento de utensílios e outros vestígios de atividade de
paleoameríndios.

28
A verificação da existência de sítios arqueológicos na região da AEIT do Marumbi é
recomendada e, a sua proteção, além de já estar prevista na legislação citada, deve ser
considerada na elaboração do zoneamento da área.

3.10.3 VEGETAÇÃO

A competência para legislar sobre florestas é concorrente da União e dos Estados (art. 24,VI
da CF), mas os municípios têm competência para legislar sobre a flora local e áreas verdes
(art. 30, I e II, CF).

Essa competência dos municípios é reforçada ainda por dispositivo do Código Florestal13
que prevê:

No caso de áreas urbanas, assim entendidas as compreendidas nos perímetros urbanos


definidos por lei municipal, e nas regiões metropolitanas e aglomerações urbanas, em
todo o território abrangido, observar-se-á o disposto nos respectivos planos diretores e
leis de uso do solo, respeitados os princípios e limites a que se refere este artigo.

A proteção da vegetação, e das florestas mais especificamente, está intimamente


relacionada com o conceito de propriedade. Na realidade, está vinculada ao conceito de
função social da propriedade, estabelecido constitucionalmente (art. 5º XXIII). Assim, o
interesse público existente na boa utilização e conservação das florestas é um dos limites da
função social da propriedade.

A proteção jurídica da vegetação varia de acordo com a classificação dada pela própria
legislação. Por exemplo, as florestas de preservação permanente 14(criadas pelo Código
Florestal de 1965) e as reservas legais florestais só podem ser alteradas ou suprimidas
através de lei.

Para reforçar a proteção jurídica das áreas de preservação permanente, o Código Florestal
previu ainda, no caso de destruição ou desmatamento das mesmas que: “Nas terras de
propriedade privada onde seja necessário o florestamento ou o reflorestamento de
preservação permanente, o Poder Público poderá fazê-lo, sem desapropriá-las, se não o
fizer o proprietário (art. 18)”. Extrai-se deste dispositivo que é dever dos proprietários das
terras (mesmo públicas) plantarem as florestas ou reflorestarem as áreas de preservação
permanente (Ver Mapa de Legislação no Anexo).

A AEIT caracteriza-se por estar em área tomada pela Floresta Atlântica, que, por ser
considerada patrimônio nacional pela Constituição Federal15, possui proteção especial
extremamente rígida, tendo como um dos principais instrumentos legais o Decreto Federal
nº750/93. Diante disso, é imprescindível tomar como parâmetro no estabelecimento das
zonas de proteção da área tal legislação, que por si só já restringe os usos nas áreas
cobertas por essa vegetação.

13
Cód. Florestal, art. 2º, parágrafo único.
14
“Cód. Florestal, art. 1º. Área protegida nos termos dos art. 2º e 3º desta Lei, coberta ou não por vegetação
nativa, com a função ambiental de preservar os recursos hídricos, a paisagem, a estabilidade geológica, a
biodiversidade, o fluxo gênico da fauna e da flora, proteger o solo e assegurar o bem-estar das populações
urbanas”.
15
CF, art. 225, § 4º. “A Floresta Amazônica brasileira, a Mata Atlântica, a Serra do Mar, o Pantanal Mato
Grossense e a Zona Costeira são patrimônio nacional, e a sua utilização far-se-á na forma da lei, dentro de
condições que assegurem a preservação do meio ambiente, inclusive quanto ao uso dos recursos naturais.”

29
3.10.4 FAUNA

A competência para legislar sobre fauna é concorrente da União e dos Estados, sendo que
a fauna silvestre é um bem público de uso comum do povo, ou seja, a Administração Pública
não pode dispor dela como melhor lhe aprouver.

Já quanto à questão da caça, é preciso distinguir entre a caça profissional (proibida pela Lei
Federal nº 5.197/67 - Lei de Proteção à Fauna); a caça amadorista (a qual está prevista na
citada lei, que prevê a criação de Parques de Caça); a caça de subsistência (que não foi
prevista pela lei) e a caça científica (para a qual a lei exige licença específica - art.14).

A tutela da fauna como patrimônio natural de uso comum é feita preventiva e


repressivamente. A Lei de Proteção à Fauna prevê a necessidade de licença e permissão
para a atividade, além de especificar os instrumentos com os quais a caça é proibida e os
territórios onde ela não pode ser praticada.

É importante salientar que a Lei de Proteção à Fauna não impede o proprietário de proibir a
caça dentro da sua propriedade, mas ele também não pode permitir ou praticar a caça em
épocas ou condições proibidas pelo Poder Público. Além disso, a Lei de Crimes Ambientais
tem uma seção específica (seção I - Cap. V) para os crimes praticados contra a fauna. Essa
legislação deve ser observada não só na determinação das zonas como também nos limites
e restrições a serem impostos em razão da fauna específica existente na região.

3.10.5 USO DO SOLO

A questão do ordenamento do uso do solo e da regularização fundiária é sem dúvida uma


das que mais gera conflitos no estabelecimento de um zoneamento. O problema do direito
adquirido e da propriedade privada já foram tratados em tópico específico, mas é preciso
fazer uma análise da legislação que deve ser tomada como parâmetro na definição dos usos
do solo.

A Lei Federal nº 6.766/79, que dispõe sobre o parcelamento do solo urbano, é de


observação obrigatória nesse caso, e deve ser complementada pela Lei Federal nº 4.504/64,
pelo Decreto Lei nº 57/66 e pela Lei Federal nº 5.172/66, no caso de parcelamento do solo
rural.

Na interpretação do art. 13, inciso I da Lei Federal nº 6.766/79, que dispõe serem áreas de
preservação ecológica aquelas de “proteção aos mananciais ou ao patrimônio cultural,
histórico, paisagístico e arqueológico, definidas por legislação estadual ou federal”, pode-se
entender estarem incluídas neste conceito as chamadas áreas de interesse especial.

Além disso, as florestas de preservação permanente, os parques nacionais, estaduais e


municipais, as reservas biológicas, as reservas de caça, as estações ecológicas e as áreas
de proteção ambiental cujos objetivos transcendem os do art. 13, inciso I da lei nº 6.766/79,
estão também abrangidos por essa disposição.

Essa interpretação é importante na medida em que, segundo o mesmo art. 13 da referida


lei:

Art. 13. Aos Estados caberá disciplinar a aprovação pelos Municípios de loteamentos e
desmembramentos nas seguintes condições:

I - quando localizados em área de interesse especial, tais como as de proteção aos


mananciais, ou ao patrimônio cultural, histórico, paisagístico e arqueológico, assim
definidas por legislação estadual ou federal.

30
Na definição dos parâmetros de uso do solo no território da AEIT também é importante
observar as restrições quanto às faixas não edificáveis. A legislação prevê dois tipos de
faixas não edificáveis: uma, de 15 metros de cada lado das águas correntes e dormentes e
das faixas de domínio público das rodovias, ferrovias e dutos; outra, de imposição facultativa
pelo Poder Público, para a implementação de equipamentos urbanos.

A Lei Federal nº 6.766/79 estabeleceu o mínimo de 15 metros, que é maior do que o exigido
em alguns casos pelo Código Florestal. É importante destacar que a proibição de edificar
não é só para os particulares, o Poder Público também deverá atender ao disposto na lei16.
Como já explicitado em tópico anterior, a implementação de zoneamento que impõe novas
limitações diferentes ou mais restritivas das já existentes, é preciso analisar com cuidado o
direito à indenização nas regularizações fundiárias.

Isto porque, quando a limitação for apenas no sentido de regular o exercício da propriedade,
através de regras de caráter geral, fundamentadas no interesse coletivo, não há direito à
indenização. Nesse caso, a restrição, que foi imposta a todos é compensada por um
benefício coletivo. É essa a solução também para certos tipos de servidão que se
assemelham às limitações administrativas, por decorrerem diretamente da lei e incidirem
sobre toda uma categoria de prédios, como nas servidões marginais aos rios públicos e nas
servidões ao redor dos aeroportos.

A Lei Estadual nº 7.389/80, que estrutura e disciplina a ocupação do solo no litoral, foi
regulamentada pelo Decreto 2.722/84. Esta lei tenta conciliar a política pública de ocupação
e preservação ambiental. O Decreto Estadual nº 2.722/84 regulamentou a proteção das
áreas definidas na Lei Estadual nº 7.389/80, definindo e especificando as condições para a
ocupação do solo em Áreas Especiais de Interesse Turístico.

O referido decreto, no entanto, deixa para o órgão estadual competente a definição das
restrições a serem impostas nas chamadas Zonas de Proteção Ambiental (art. 9º, inciso IV).
Desta forma, o zoneamento de uma APA tem maior liberdade para estabelecer as condições
que entenda serem as que preservam ao máximo os recursos naturais incluídos nessas
zonas.

O Macrozoneamento da Região do Litoral Paranaense, foi estabelecido pelo Decreto


Estadual nº 5.040/89. Esse zoneamento vai além da área urbana e traz outros conceitos de
planejamento territorial. Ele define Unidades Ambientais Naturais e estabelece as atividades
permitidas em cada uma delas, no intuito de preservar o meio ambiente e promover o
desenvolvimento sustentável da região.

A legislação estadual tratou como sendo mais restritiva as áreas lindeiras à linha de
contorno das baías do litoral paranaense, numa extensão de 80 metros medidos
horizontalmente em sentido contrário ao mar. Também foram proibidos o desmatamento, a
remoção da cobertura vegetal autóctone e a movimentação de terras, obras e edificações de
caráter permanente.

A questão mais importante nesse aspecto é a aprovação e implantação de loteamentos em


área de Floresta Atlântica. O Decreto Federal nº 750/93 foi um marco legislativo na
preservação da Floresta Atlântica e proibiu o corte de vegetação primária ou secundária em
estágios médio ou avançado de regeneração. Esses dispositivos são o fundamento legal
para a impossibilidade da implantação de loteamentos aprovados nesta área.

16
Súmula 479 - STF - “As margens dos rios navegáveis são de domínio público, insuscetíveis de expropriação e,
por isso mesmo, excluídas de indenização.”

31
3.10.6 MINERAÇÃO

A competência legislativa sobre “jazidas, minas, outros recursos minerais e metalurgia” (art.
22, XII, CF) é privativa da União Federal. Mas, a União, os Estados e o DF têm competência
concorrente para legislar sobre o meio ambiente e controle da poluição. Além disso,
segundo o inciso XI do artigo 23 da Constituição Federal, é competência comum da União,
Estados, Distrito Federal e Municípios registrar, acompanhar e fiscalizar as concessões de
direito de pesquisa e concessão de exploração de recursos minerais.

Como o exercício da mineração não pode ser considerado sem que sejam levados em conta
os danos potenciais e efetivos causados ao meio ambiente por essa atividade, as
competências devem ser harmonizadas. Isso significa que, apesar de não terem
competência para legislar sobre a matéria, os Estados e Municípios têm o direito e o dever
de fiscalizar e controlar este tipo de atividade quando realizada em seus territórios, o que
inclui a legitimidade para exigir que a legislação federal seja aplicada.

O controle da atividade mineradora no país é feito pelo DNPM - Departamento Nacional de


Pesquisa Mineral que é uma autarquia vinculada ao Ministério de Minas e Energia. No
entanto, está sujeito tanto à legislação federal pertinente como às legislações ambientais do
Estado e do Município em que se localizam a mina ou a jazida.

Existem três tipos de controle, realizado pelo DNPM, para a exploração mineral no Brasil: a
Autorização de Pesquisa, a Concessão de Lavra e a Permissão de Lavra Garimpeira.

O Código de Mineração (Decreto-Lei nº 227/67) define como pesquisa mineral:

Art. 14. A execução dos trabalhos necessários à definição da jazida, sua avaliação e a
determinação da exeqüibilidade do seu aproveitamento econômico.

O procedimento de autorização de pesquisa é necessariamente precedente à concessão de


lavra, tendo validade de dois anos e podendo ser renovado por mais um. O titular da
concessão assume também uma série de obrigações relativas à preservação da área
explorada e reparação do ambiente degradado. Segundo o Código de Mineração:

Art. 47. Ficará obrigado o titular da concessão, além das condições gerais que constam
deste Código, ainda, às seguintes condições, sob pena de sanções previstas no Cap. V.

X - evitar o extravio das águas e drenar as que possam ocasionar danos e prejuízos aos
vizinhos;

XI - evitar poluição do ar ou da água que possam resultar dos trabalhos de mineração;

XII - proteger e conservar as fontes, bem como utilizar as águas segundo os preceitos
técnicos, quando se tratar de jazida da Classe VIII (jazida de águas minerais).

Para que esse dispositivo do Código de Mineração tenha efetividade, é fundamental que
sejam controladas as atividades minerárias também após a concessão da licença. Essa
fiscalização pode ser realizada através dos órgãos ambientais (IBAMA, DNPM e órgãos
estaduais) e de auditorias ambientais a serem realizadas pelas próprias empresas
mineradoras.

Já a outorga de permissão de lavra garimpeira depende também de licenciamento do órgão


ambiental competente (art. 3º, Lei nº 7.805/89). Assim, esse licenciamento pode ser federal,
estadual ou municipal (ou até mesmo das três esferas) e a sua falta acarretará a nulidade da
permissão de lavra. É importante lembrar que a mesma lei exige o prévio licenciamento

32
ambiental também para a concessão de lavra17. O órgão ambiental competente no caso é o
órgão estadual integrante do Sistema Nacional do Meio Ambiente e do IBAMA, em caráter
supletivo.

A Lei Federal nº 7.805/89 alterou o Código de Mineração e criou o regime de permissão de


lavra garimpeira, extinguindo o regime de matrícula. Esta lei determina também que o órgão
público que administre ou fiscalize qualquer das unidades de conservação ou de
preservação - em que se incluem as áreas de proteção ambiental - está vinculado
constitucionalmente às finalidades dessas unidades e portanto, deve ser o responsável pela
autorização da prática da mineração nessas áreas.

Também é preciso destacar que nas Áreas de Preservação Permanente (art. 2 e 3 da Lei nº
4.771/65) a atividade da mineração (como extração de areia ou a exploração de jazidas em
encostas) pode acarretar danos à vegetação de preservação permanente, para o que
devem obrigatoriamente atentar o DNPM e os órgãos ambientais estaduais.

Apesar de a Lei nº 7.805/89 não exigir expressamente o licenciamento ambiental prévio para
a pesquisa mineral, nada impede que os Estados e Municípios suplementem a legislação e
passem a exigí-lo. Mas no caso da AEIT, o artigo 17 da mesma lei pode ser interpretado de
forma a entender-se que é uma “área de conservação” e que, portanto, a exigência de
licenciamento prévio para pesquisa mineral já está prevista.

3.10.7 AGROTÓXICOS

Através da Lei Federal nº 7.802/89 foi instituído um sistema de controle do uso de


agrotóxicos cuja responsabilidade é conjunta dos Ministérios da Agricultura, da Saúde e do
Meio Ambiente. Desta forma, a competência dos municípios neste aspecto limita-se a
averiguar a regularidade da autorização federal; analisar a existência de interesse local
peculiar que não esteja protegido pela legislação federal e determinar, dentro do
ordenamento urbano, os locais em que será permitida a venda, distribuição, armazenagem e
destinação final destes produtos.

17
“Assim, o ato do DNPM de outorga de permissão de lavra garimpeira e de concessão de lavra é um ato
administrativo complexo, pois necessita do ato administrativo anterior - o licenciamento ambiental favorável.” (p.
639 - Direito Ambiental Brasileiro - Paulo Affonso Leme Machado).

33
4 CONDIÇÕES NATURAIS E DO USO DA TERRA

4.1 Geologia

4.1.1 ASPECTOS GERAIS

A região da AEIT do Marumbi pode ser entendida como um sistema geoambiental, onde os
componentes físicos (as rochas, feições estruturais como falhas e fraturamentos) e seus
processos de erosão, sedimentação, escorregamentos, inundação, escoamento superficial e
processos de fluxos subterrâneos condicionam as condições de estabelecimento e
permanência não somente da fauna e flora, mas também da vida humana.

O entendimento deste sistema deve fazer parte das ações de planejamento que nortearão a
implementação da AEIT, uma vez que a região se configura como um notável ambiente a
ser preservado, onde a imponente cadeia de montanhas da Serra do Mar vem se
constituindo na fonte principal de sedimentos que vêm progressivamente colmatando e
modificando a extensão da Baía de Paranaguá (BIGARELLA,1978).

A partir destas considerações e ressaltando a grande complexidade da formação do


geoambiente Serra do Mar e, conseqüentemente, a fragilidade com que este pode
responder às intervenções antrópicas, adota-se, em linhas gerais e com pequenas
modificações, uma descrição litológica e estratigráfica18 apresentada nos mapeamentos
geológicos da CPRM (1998), bem como o trabalho da MINEROPAR para o Programa Pró-
Atlântica (SEMA/PRÓ-ATLÂNTICA, 2002f).

De uma forma geral, podem ser individualizados quatro domínios na região (Figura 3):

• Aqueles formados por terrenos sustentados pelas rochas mais antigas da região ou
embasamento cristalino: gnaisses e migmatitos;

• Terrenos sustentados por rochas graníticas;

• Terrenos sustentados por rochas intrusivas mesozóicas (diques de diabásio e


diorito);

• Depósitos sedimentares recentes.

As rochas gnáissico-migmatíticas se caracterizam por serem formadas por dois tipos de


materiais de composição e idades distintas formando bandeamento plano-paralelo e/ou
lenticularizado com espessuras que variam de centimétricas a métricas e mineralogia em variados
graus de achatamento e estiramento.

18
Estratigrafia: ramo da geologia que se ocupa do estudo da seqüência das camadas das rochas procurando
estabelecer uma idade.

34
Figura 3 - Geologia na AEIT do Marumbi

35
Cuidados especiais devem ser tomados na execução de taludes de corte, escavações,
obras terraplenadas, leitos viários, etc. quando em domínios onde predominam as rochas
gnáissico-migmatíticas. As camadas de solo acima da rocha, via de regra, são muito
argilosas e/ou argilosas-siltosas, de baixa a moderada permeabilidade, e por isso, pouco
percolativo, com alta capacidade de armazenamento d’água, mas de baixa
transmissividade, ou seja, retém água, mas não a libera para circulação, características que
indicam baixo potencial hídrico e que recomendam cuidados especiais com a
impermeabilização e o desmatamento excessivo.

O domínio das rochas graníticas corresponde aos terrenos sustentados por rochas
graníticas intrusivas pouco ou não-deformadas, com textura granular maciça, granulação
media a grossa, não-foliadas e compostas principalmente de feldspato e quartzo.

Os terrenos com rochas graníticas apresentam muitos setores problemáticos para se executar
escavações, perfurações, cravar estacas, fundações e infra-estrutura viária e subterrânea
(esgotos, canalizações), pois é necessário usar explosivos para o desmonte de rochas duras.
As características topográficas da área onde se insere este domínio são favoráveis à
ocorrência de movimentações (escorregamento de solos, rolamento de blocos). Os solos são
instáveis, sofrendo erosão e depauperamento muito rápidos. Suas características físicas e
provavelmente químicas são inadequadas para agricultura.

Os maciços graníticos na região da AEIT apresentam dimensões variadas, com


denominações que têm por base a toponímia regional onde ocorrem: Anhangava, Graciosa,
Alto Turvo, Rio do Salto, Morro Redondo, Marumbi, Serra da Igreja e Agudos do Sul.

O domínio das rochas intrusivas mesozóicas está relacionado a um dos maiores eventos
vulcânicos de caráter fissural que aconteceu na historia geológica da Terra, há mais ou menos
130 milhões de anos. Esse vulcanismo ocorreu sob várias formas: no norte do Paraná, como
derrames de lavas basálticas, e, na região metropolitana de Curitiba, cristalizou-se em fendas
abertas na crosta sob forma de diques (veios) e também, mais restritamente, extravasou-se
na superfície como pequenos vulcões.
19 20
São rochas do tipo diabásio, e mais restritamente basaltos e gabros , ocorrendo na forma de
cristas estreitas e alongadas, compondo terrenos de alta percolatividade secundária, sendo por
isso muito frágeis à contaminação e, portanto, inadequados para locação de qualquer tipo de
fonte potencialmente poluidora, como lixões, aterros sanitários e cemitérios.

As rochas intrusivas mesozóicas são rochas que compõem terrenos de alta percolatividade
secundária, sendo por isso muito frágeis à contaminação e, portanto, inadequados para
locação de qualquer tipo de fonte potencialmente poluidora como lixões, aterros sanitários,
cemitérios, etc.

Os sedimentos recentes ocupam uma considerável superfície da área aqui considerada,


não tendo sido individualizados no mapeamento da MINEROPAR (Figura 3). São depósitos
de cascalhos com matriz argilosa e arenosa, provavelmente originados pela coalescência e
retrabalhamento de tálus, colúvios e sedimentos aluvionares.

19
Termo genérico que designa rochas ígneas básicas, de cor escura, compostas de minerais relativamente ricos
em ferro e magnésio.
20
Rocha plutônica básica, granular, constituída por plagioclásio cálcico e augita. Possui coloração escura.

36
Os aluviões cobrem extensas regiões da Área do Programa Pró-Atlântica, com destaque em
Morretes, nos vales do Rio Nhundiaquara e afluentes e ao longo dos tributários do Rio
Cacatu, e ao longo das encostas inferiores da Serra do Mar. São constituídos por
sedimentos de deposição fluvial21, predominando termos arenosos e leitos de cascalho.

Os depósitos de tálus observados ao longo das escarpas principais da Serra do Mar


constituem-se numa mistura desordenada de solo com uma profusão de seixos e blocos ou
matacões geralmente angulosos, pouco trabalhados, sem estratificação interna. Trata-se de
formações superficiais de espessuras variáveis, em situação de alto grau de vulnerabilidade
a movimentações de massa e a escorregamentos (Foto 1).

Foto 1 - Depósito de tálus em meia encosta contendo blocos


de diorito de tamanhos variados

4.1.2 ASPECTOS GEOLÓGICO-ESTRUTURAIS

A área enfocada apresenta uma intrincada e importante trama estrutural de fraturas e falhas,
indicando importantes sistemas antigos de destas feições estruturais, onde é relevante
mencionar os da direção NNE-SSW, que constituem as zonas de contato de alguns corpos
graníticos com o complexo gnáissico-migmatítico (Fotos 2 e 3). Outro exemplo expressivo é
o sistema N-S, que também afeta as ocorrências de granitos, colocando-os em contato
tectônico com as litologias intrudidas.

Foto 2 - Imagem de satélite da região do rio Cachoeira Foto 3 - Detalhe da paisagem da Serra mostrando
(observar as feições de preenchimento das fraturas o fraturamento visível
por diques)

21
material originado da destruição de qualquer tipo de rocha, transportado e depositado em um dos muitos
ambientes da superfície terrestre, ou material de origem biológica.

37
Em menores proporções, mas igualmente importantes quando se analisa o conjunto
tectônico regional, são referidos os sistemas Leste-Oeste (E-W) e Oeste-Sudoeste a Leste-
Nordeste (E-NE).

Numa avaliação imediata, estas características geológicas e geomorfológicas locais indicam


que, além dos vários processos a que a região foi submetida ao longo do tempo geológico, a
área da AEIT apresenta condições favoráveis para a ocorrência de água subterrânea.

A rigor, são três os aqüíferos (ou reservatórios de água subterrânea) principais na área: o de
fraturas; o constituído pelos depósitos sedimentares; e aquele configurado pelo manto de
alteração (regolito).

Embora não existam parâmetros adequados para análises comparativas, trabalhos na


região efetivados pelo geólogo RIAD SALAMUNI (2001) inferiam que as reservas de água
subterrânea, apenas considerado o aqüífero de fraturas, deve ser de 8 a 10 vezes
superiores àquelas dos mananciais de superfície (rios, riachos).

4.2 Geomorfologia

Conforme descrito anteriormente, o conjunto geológico-geomorfológico onde está situada a


AEIT é uma feição notável e infelizmente com poucos trabalhos de detalhamento voltados
para a gestão ambiental, exceção feita ao levantamento geomorfológico efetivado por OKA-
FIORI e CANALI em 1987.

De uma maneira simplificada o relevo é considerado a partir da grande unidade "Serra do


Mar”, uma extensa faixa de direção N-S, com declives voltados para o mar e para o
continente.

A Serra do Mar não constitui apenas o degrau que separa a região litorânea dos planaltos,
em patamares, do interior, mas constitui um divisor assimétrico, cujos picos se elevam a
quase 2 km de altura (500 a 1000 m sobre o nível o planalto de Curitiba). Sua
compartimentação em blocos dá origem a diversos maciços que recebem denominações
locais, tais como Serra da Graciosa, do Capivari Grande, Serra da Virgem Maria, Serra dos
Órgãos, Serra da Farinha Seca, Serra do Marumbi, Serra da Igreja e Serra da Canavieira.

O conjunto constitui-se num grande arco, com concavidade voltada para leste, subparalelo à
linha de costa, com as direções ENE-WSW ao norte; NE-SW na porção central e NNW-SSE
na porção meridional. Conjuntos menores destacam-se como ramificações, ora paralelas,
ora oblíquas ou perpendiculares à escarpa principal (Serra da Prata, Igreja e Canavieiras).
Os blocos diminuem de altitude de NE para SW.

Aparentemente, três fatores fundamentais contribuíram e contribuem na geração e


modelado da Serra do Mar: diferenças litológicas (tipos de rochas), tectônica rígida (falhas e
fraturas) e agentes morfoclimáticos (escupildores de relevo).

Assim é que, se por um lado os picos mais elevados (Marumbi, Anhangava, Paraná, entre
outros) são de natureza granítica (rocha homogênea), e se acham circundados por regiões
rebaixadas constituídas por migmatitos, xistos, anfibolitos entre outros (rochas
heterogêneas), indicando efeito de erosão diferencial, por outro lado, os grandes vales
acompanham e se dispõem segundo linhas tectônicas claras (adaptação). Os falhamentos
ocorrentes apresentam indícios de mobilização em tempo próximo (escarpas rochosas
circundadas por regiões de grande espessura de manto de alteração, espelhos de falha,
depósitos de tálus e cicatrizes de escorregamento).

38
4.2.1 COMPARTIMENTAÇÃO GEOMORFOLÓGICA

Os estudos desenvolvidos por OKA-FIORI E CANALI (1987) permitiram a divisão da AEIT


em quatro compartimentos, a partir do entendimento sobre as litologias (tipos de rochas),
altimetria, drenagem, tipos de vertentes e declividades das encostas.

Os domínios foram subdivididos em quatro compartimentos, cujas características se


encontram resumidas no Quadro 2 e podem ser visualizados na Figura 4 :

• Compartimento I, cenário das Serras do Capivari, Órgãos, Graciosa, Marumbi, parte


norte da Serra das Canasvieiras e pequenas elevações que aparecem a Leste do
conjunto Capivari Grande, próximo às nascentes do rio Cachoeira;

• Compartimentos II e III, que abrigam as feições paisagísticas de duas porções dentro


da parte oriental da APA, subdividido em dois sub-ambientes:

- Faixa intermediária, que contorna os grandes maciços e

- Faixa de planícies aluviais, referida às áreas de planícies colúvio-aluvionares;

• Compartimento IV, relacionado ao Primeiro Planalto Paranaense.

39
Quadro 2 - Características Geomorfológicas da AEIT do Marumbi (Adaptado de OKA-FIORI, 1987)
COMPARTIMENTOS PAISAGEM ALTITUDES LITOLOGIAS FEIÇÕES DE RELEVO REDE DE DRENAGEM EROSÃO
Serras do Capivari,
Órgãos, Graciosa, Conjuntos de serras com cristas
Rede de drenagem:
Marumbi, parte norte angulosas em grandes seqüências, Presença de grandes
Granitos intrusivos, com canais com cursos
da Serra das com direção NW-SE. Vertentes do tipo cicatrizes de escorre-
migmatitos em pequena longos, encaixados e
Canasvieiras e Superiores a 1.000m côncavo - retilínea - convexas, com gamento, principal-mente
expressão ao Sul, ao Norte e ordenados pelo grande
Compartimento I pequenas elevações podendo chegar até predomínio de vertentes íngremes com na Serra dos Órgãos em
em pequenas faixas a Leste. número de
que aparecem a 1900, com sentido NE declividades superiores a 30%. Região altitudes até 1.400.
Afloramentos rochosos em falhamentos. Alta
Leste do conjunto bastante escarpada , com taludes Predomínio de erosão em
grande proporção. densidade de
Capivari Grande, íngremes e vertentes que formam sulcos e ravinamentos.
drenagem.
próximo às nascentes paredões abruptos.
do rio Cachoeira
Faixa Intermediária: Vertentes côncavo-convexas, íngremes
vertentes com (médio curso do rio Marumbi). Topos
espaçamentos isolados, principalmente entre os rios
Erosão nas margens dos
regulares e acentua- Mergulhão e Xaxim, presença de
Granitos e migmatitos,estes rios Geada e Canoa,
dos nas áreas Variam entre 200 e cristas arredondadas e angulosas. Canais com cursos
associados a altitudes existência de tálus e
centrais e pouco mais 1.000m, contornando os Vales em “V” mais abertos. Declives de longos, paralelos e
inferiores a 200m na porção leques próximos aos rios
acentuados ao norte grandes maciços e 20 a 12%, intercaladas com pequenas encaixados, com
leste e também na porção do Pinto, São João, Mãe
constituindo as acompanhando os vales elevações com declividades superiores densidade mais baixa.
Centro-Oeste. Catira, Cachoeira e
vertentes orientais da a 30%. Vales do rio Marumbi e
Marumbi
Serra do Capivari e afluentes: encostas com declives
Compartimentos NE da Serra dos superiores a 45%. Encostas do
II e III Órgãos Cachoeira: superiores a 30%.
Inferiores a 200m,
correspondendo aos rios
Cachoeira, Conceição, Topos isolados e cristas arredondadas.
Faixa de Planícies
Cotia, Mergulhão, Venda, Predominam vales de fundo côncavo-
Aluviais: áreas de
Cacatu, Nunes, Xaxim, amplo, aparecendo também casos de
planícies colúvio-
São João, Mãe Catira, côncavo estreito e em “V”. Declividades
aluvionares
Tombo d’Água, inferiores a 12%.
Nhundiaquara, Cristal,
Bromado e Marumbi
Relevo composto por grande número Padrão de drenagem
Predominante migmatitos, mas
de topos isolados, colinas e cristas predominante
aparecendo também granitos e
arredondadas, de vertentes convexas, dendrítico, com canais
Variam de 300 a depósitos colúvio-aluvionares
Pequena porção do geralmente alongadas, orientando-se formadores de uma alta
1.000metros. Nas regiões (localizados ao longo do rio Erosão linear (sulcos e
Compartimento IV Primeiro Planalto segundo a direção NE-SW ou densidade, com padrão
graníticas as altitudes Capivari e de alguns afluentes). ravinas) predominante
Paranaense acompanhando a direção dos diques sensivelmente
variam de 800 a 1.200m Os vales mais profundos e os
de diabásio. Vales em “V”, estreitos retangular
morros elevados são referidos
com desníveis médios entre 100 a condicionado às
aos granitos.
200m. feições estruturais.

40
41
Figura 4 - Compartimentação Geomorfológica da AEIT (Adaptado de OKA-FIORI e CANALI, 1987)

42
4.2.2 FRAGILIDADE AMBIENTAL

A avaliação da fragilidade ambiental da área enfocada foi elaborada a partir do método


apresentado no Manual de Ocupação de Encostas (IPT, 1991), priorizando os componentes
e processos de ordem física. Para a quantificação e qualificação das diferentes classes de
fragilidade, foram utilizadas áreas de isodeclividades, informações acerca do uso e
ocupação dos solos na mesma, bem como a distribuição dos principais núcleos urbanos.

Os componentes do meio físico consideradas na avaliação foram, principalmente, o relevo,


a geologia, rede de drenagem, além de informações de natureza físico-mecânica de solos e
rochas dominantes (comportamento geotécnico) em caráter mais genérico.

No que diz respeito aos processos do meio físico observados na avaliação da fragilidade
ambiental, foram analisados:
- processos de erosão;
- processos de escorregamento;
- processos de sedimentação;
- processos de inundação;
- processos de escoamento superficial;
- processos de fluxos subterrâneos.
Os mesmos foram adaptados do trabalho de FORNAZARI FILHO et al., (1992), o qual
agrega a importância relativa de alterações em processos do meio físico como decorrência
de diferentes tipos de atividades e empreendimentos.

Da avaliação realizada, concluiu-se que a região como um todo, segundo os critérios de


topografia e geologia, se apresenta bastante restritiva, conforme apresentado na Figura 5 -
Mapa de Fragilidade Ambiental, o que na prática não acontece, pois o uso e a ocupação
sobre estes locais já ocorre em diversos graus ou intensidades (rodovias implantadas,
cultivos, criação de gado, clubes, chácaras).

No setor Centro-Sul da AEIT a situação geral das fragilidades não é muito diferente do outro
setor. As maiores restrições ficam por conta dos polígonos vermelhos.

De um modo geral, a fragilidade é alta ou tende a ser alta. As áreas com fragilidade baixa
(amarelas) são em menor proporção. Este fato é um primeiro passo na limitação de
uso/ocupação. O passo seguinte, para se trabalhar com uso e ocupação, seria o de se
estabelecer critérios e limites, onde as restrições físicas seriam determinantes.

43
Figura 5 - Mapa de Fragilidade Ambiental

44
4.3 Mineração

A mineração, do ponto de vista ambiental, geralmente está inclusa nas discussões como
atividade potencialmente degradadora, pois causa modificação drástica nos meio físico e
biótico. O resultado é que, no Brasil, a mineração é a atividade mais controlada pela
legislação ambiental e a única citada nominalmente em vários dispositivos de proteção ao
meio ambiente presentes na Constituição Federal (MINEROPAR, 2001).

Na AEIT do Marumbi, as lavras existentes estão concentradas no município de Campina


Grande do Sul, na zona limítrofe (parte noroeste) e não propriamente inseridas dentro da
área (Figura 6). Duas se referem a rochas graníticas e duas são de saibro e brita (Quadro
3). Dos trabalhos até hoje efetivados na região, pode-se concluir que os impactos com
relação à mineração são apenas do tipo local, ou seja: nos pontos de extração e nas
atividades de beneficiamento.
Quadro 3 - Situação Atual das Jazidas Presentes na AEIT do Marumbi
CÓDIGO SITUAÇÃO PRODUTO
TITULAR MUNICÍPIO SITUAÇÃO ATUAL
MINERAÇÃO NO DNPM EXPLORADO
Granito Campina
CM197 Lavra ativa
paralepípedo Grande do Sul
Lavra paralisada

Campina
CM198 Saibro
Grande do Sul

Lavra ativa

Sem direito
minerário Granito Campina
CM199
junto ao paralepípedo Grande do Sul
DNPM

Lavra ativa

Tce-
Triunfo
Autorização Campina
CM201 Comércio Brita
de pesquisa Grande do Sul
e Eng.
Ltda.

Fonte: MINEROPAR

45
Figura 6 - Localização das Jazidas (códigos) na AEIT do Marumbi

46
4.4 Clima

A região onde está inserida a AEIT do Marumbi se destaca por apresentar características
diversificadas em seu substrato rochoso e suas formas peculiares. Os tipos de relevo
exercem uma influência marcante sobre o comportamento dos fenômenos meteorológicos,
atuando como barreiras às massas de ar responsáveis pelos regimes pluviométrico e
térmico destas áreas. Também sobre os processos de ocupação antrópica, o
condicionamento da diversidade do relevo assume extrema relevância, tanto nos limites
AEIT quanto nas áreas circunvizinhas.

Desta forma, a área apresenta um zoneamento climático fortemente influenciado pela


compartimentação regional do relevo e pelo desnivelamento altimétrico, que produz
descontinuidades no padrão de distribuição espacial e temporal dos regimes de precipitação
e de temperatura. Isto se deve, principalmente, ao efeito “orográfico”, ou seja, relativo à
grande variação topográfica do relevo da Serra do Mar (desde o nível do mar até mais de
2.000 m), que atua sobre o comportamento dos sistemas frontais, principais responsáveis
pela pluviosidade regional (BIGARELLA, 1978).

Além disso, ocorre o impacto direto dos sistemas frontais (“frentes frias”) provenientes do
Atlântico Sul/Antártida sobre a região litorânea, na qual as íngremes escarpas e as
montanhas funcionam como barreiras que dificultam a passagem deste fenômeno climático.
Decorre, então, regionalmente, uma forte sazonalidade do regime das precipitações devido
ao impacto das “frentes frias” ser mais intenso durante os meses quentes de verão
(novembro a março), quando se concentra a estação chuvosa provocada pelo contraste
térmico, e gerar, por outro lado, uma estação um pouco mais seca durante os meses de
inverno - maio a agosto. Outro fenômeno comum durante os meses de verão é a marcante
atuação das chuvas convectivas, que se precipitam durante à tarde e/ou à noite, a partir da
forte evaporação gerada pelo aquecimento diurno.

A classificação climática regional corresponde ao tipo de clima subtropical úmido


mesotérmico, caracterizando-se por apresentar temperatura média para o mês mais quente
acima de 22oC, e temperatura média para o mês mais frio entre 18oC e -3oC.

A temperatura média anual na região varia entre 20,8 e 22o C. Conforme já mencionado, a
grande variação topográfica do relevo da Serra do Mar gera uma marcada variação na
intensidade de precipitação da região produzindo intensidades médias anuais relativamente
inferiores na zona limite entre a Serra do Mar e o Primeiro Planalto (1500 a 2.000mm) e nas
regiões baixas de planície (2.000mm), e valores mais elevados na zona montanhosa
litorânea (2.000 à >2.500mm), sendo esta variabilidade aguçada no verão, conforme
registros apresentados em SUDERHSA (1998).

As médias anuais de precipitação e evaporação correspondem a 2.545 e 405 mm, em


Antonina (período 1978-1997); 1.924 e 576 mm, em Morretes (período 1966-1997) e 2.033 e
787 em Paranaguá (período 1931-1988). A maior média anual de precipitação (período 1975
- 1994), superior a 3.400m, tem sido reportada para região próxima ao Pico Marumbi
(MANTOVANELLI, 1999).

As maiores precipitações ocorrem nos meses de verão e as menores no inverno nas regiões
que abrangem Antonina, Morretes. Aproximadamente 40% da chuva anual ocorre nos três
meses mais chuvosos (janeiro, fevereiro, março) e somente 15% nos meses secos (junho a
agosto). Além disso, no verão, a precipitação média diária é cerca de três vezes superior à
verificada no inverno e a ocorrência de dias sem chuva reduzida (<40% do total), enquanto
que no inverno representa mais do que 60% do período.

47
A maior evaporação direta ocorre nos meses mais quentes, de novembro a março, sendo
reduzida nos meses de inverno. A maior evaporação média ocorre em Paranaguá, seguida
por Morretes e Antonina. As maiores médias relativas de temperatura do ar, geralmente
observadas em Paranaguá, podem explicar em parte os maiores valores de evaporação.
Entretanto, diferenças locais em outros fatores condicionantes das taxas de evaporação
direta (como radiação, vento, pressão de vapor) também devem ser responsáveis por esta
distinção.

As menores razões E/Pm (evaporação/precipitação) médias mensais, determinadas a partir


das séries históricas, ocorrem nos meses de verão, sendo incrementadas em 2,8 a 4,5
vezes no inverno, quando apresentam uma maior variabilidade interanual. Embora a
evaporação seja de 25 a 30% inferior no inverno com relação ao verão, períodos de seca
prolongados, verificados em alguns anos, acarretaram altas razões E/Pm (MANTOVANELLI,
1999).

Ainda segundo dados de MANTOVANELLI (op cit.), nos três meses mais chuvosos de verão
(janeiro a março) a evaporação média representa de 10 a 40% da precipitação média,
enquanto nos meses mais secos perfaz de 60 a 150%. Desta forma, a importância relativa
da evaporação na redução do escoamento superficial é maior nos meses secos.

Certamente a verificação das diferenças na distribuição das chuvas e temperaturas


permitiriam distinguir áreas distintas para uma melhor avaliação quali-quantitativa da região.
No entanto, a inexistência de dados já era apontada pelos estudos elaborados em 1987
para o Plano de Gerenciamento da AEIT do Marumbi. O referido documento descreve a
necessidade da instalação de estações meteorológicas em áreas estratégicas que
permitissem registrar as transições significativas dos processos climáticos, auxiliando assim
na compreensão dos processos erosivos, o conhecimento do balanço hídrico e o estudo do
regime térmico da região.

Trabalhos clássicos de BIGARELLA (1978) desenvolvidos na região desde a década de 70


também já ressaltavam a importância do sistema climático da região:

“A perenidade dos pequenos córregos da serra está vinculada a vários fatores de ordem
física tais como: elevada pluviosidade da região; boa distribuição de chuvas anuais;
condensação da umidade atmosférica que se infiltra no solo; densas neblinas que cobrem
freqüentemente a região situada acima de 700m de altitude. A umidade permanente do
manto de intemperismo abastece o lençol freático, o qual, por sua vez, alimenta as fontes
d’água.”

A carência de dados demonstra a necessidade de ser implementado um programa


específico voltado para o estudo das variáveis que compõem o micro-clima da AEIT e sua
importância no contexto de preservação da região.

4.5 Recursos Hídricos

4.5.1 HIDROGRAFIA

A drenagem oriental do estado do Paraná abrange os terrenos montanhosos da Serra do


Mar, a planície e a baixada litorânea. Trata-se de um sistema hidrográfico composto por
pequenas bacias, limitado a montante pelas montanhas e a jusante pelas baías.

As condições geográficas, incluindo o relevo, fornecem condições para que os altos valores
de pluviosidade propiciem uma densa rede de drenagem na região que podem ser
subdivididas em quatro bacias e sub-bacias, a saber: Ribeira, localizada na porção

48
Ocidental e Norte da AEIT, Nhundiaquara, situada na parte mais ao Sul, Antonina, na
porção Oriental e Leste, e Iguaçu, junto ao limite Ocidental e Sul da área.

À bacia do Ribeira pertencem os rios que têm suas nascentes na parte norte e muito
dissecada do primeiro planalto paranaense. Alguns nascem no reverso da Serra do Mar,
alimentando o rio Capivari, outros na parte norte da Região Metropolitana de Curitiba, nas
vertentes das escarpas do Purunã e das Almas e em outras serras mais distantes
(BIGARELLA, 1978). Em toda a bacia do Ribeira os rios são ativos, dotados de grande
poder erosivo devido ao desnível e retirada do recobrimento florestal.

A sub-bacia hidrográfica do Nhundiaquara, pertencente à Bacia Litorânea, tem 311km2,


compreendendo os rios Mãe Catira e São João, cujas nascentes se encontram na Serra dos
Órgãos - onde se encontram as maiores elevações do da Serra do Mar no estado do Paraná
- e da Graciosa (1.472m de altitude); o rio Ipiranga penetrando no planalto entre as serras
da Farinha Seca (1.181m de altitude) e do Marumbi (1.564m de altitude). Os rios Marumbi,
do Pinto, Sagrado e Saquarema tem suas cabeceiras nas serras do Leão, Igreja e
Canavieira.

A sub-bacia hidrográfica de Antonina, também pertencente à Bacia Litorânea, possui


uma área de 1.000km2, tendo como principal contribuinte o rio Cachoeira, cujas nascentes
situam-se nas serras do Capivari (1.640 a 1.676m de altitude) e do Cabrestante. Na
Serrinha nascem os rios Pequeno e Gervásio, enquanto que na serra dos Órgãos nascem
os rios Cacatu, do Meio e das Pedras.

A bacia do Iguaçu é o maior complexo hídrico do Estado, ocupando uma área de


55.024km2. Suas nascentes se localizam na frente meridional da Serra do Mar, nas
proximidades de Curitiba e percorre 1.275 km até sua foz. Na área da AEIT encontra-se
uma minúscula porção desta bacia (que nesta região é também chamado Altíssimo

Iguaçu), basicamente as nascentes do rio Arraial e parte do rio Pequeno, este último
constituindo parte do limite Oeste da área.

De uma maneira geral, a maioria do rios tem suas nascentes distribuídas na encosta da
Serra e próximo aos topos, sob a forma de riachos ou córregos. Na faixa ocidental e
setentrional da AEIT encontram-se as nascentes e o alto curso do rio Capivari, que
alimentam o Ribeira do Iguape. Nas escarpas e patamares a drenagem apresenta um
padrão retangular predominante oriundo da adaptação a zonas de menor resistência como
fendas, falhamentos e fraturas. Trata-se de uma área de drenagem densa, onde os rios
apresentam perfil longitudinal com ressaltos no curso superior, sendo freqüentes as quedas
do tipo “véu de noiva”, feição notável do relevo da AEIT.

Os trabalhos desenvolvidos por OKA-FIORI e CANALI (1987) apresentam resultados sobre


a distribuição da drenagem e sua associação ao substrato rochoso. Foi observado que as
áreas de densidade mais baixa correspondem ao substrato granítico, e as densidades
elevadas, ao substrato migmatítico.

Além desta relação predominante, foi verificado pelos pesquisadores que o fator topográfico
e a posição da encosta também condiciona o comportamento da drenagem, sendo
demonstrado pelo fato de que áreas elevadas de origem granítica que apresentam fortes
declividades de vertentes podem estar associadas às áreas de maior densidade de rios.
Formações superficiais que apresentem maior participação de elementos de natureza
síltico-argilosa também podem apresentar uma densidade elevada de drenagem.

49
Figura 7 - Bacias Hidrográficas

50
4.5.2 USOS E QUALIDADE DAS ÁGUAS

O presente item foi elaborado com base nos dados secundários presentes em estudos,
publicações, periódicos editados pela SUDERHSA, IAP e outras instituições do estado do
Paraná. Dentre estes documentos destacam-se o “Relatório das Águas Interiores do Estado
do Paraná 1987 - 1995” publicado pela SUDERHSA, a publicação “Avaliação da qualidade
das águas de rios através da análise combinada de parâmetros, físicos, químicos e
biológicos em Unidades de Conservação abrangidas pelo Programa Pró-Atlântica: APA da
Serra do Mar, APA de Guaratuba e Parque Estadual das Lauráceas” publicado pelo IAP e o
folder “Águas do Litoral” em sua edição nº 10, de responsabilidade também do IAP.

Todas estas publicações trazem informações sobre a qualidade das águas em pontos que
estão dentro da AEIT do Marumbi, ou são influenciados por atividades que ocorrem dentro
dos limites da AEIT. Assim, oportuniza-se a descrição do processo que vincula o processo
histórico de ocupação do solo e seus usos atuais, com os parâmetros de qualidade de água
encontrados nos programas de monitoramento, avaliados nas publicações anteriormente
referidas.

Destaca-se que os usos solo atribuídos à população fixa, aparentemente, têm pouca
contribuição no insumo de fatores que potencialmente podem causar a desestabilização dos
ecossistemas aquáticos das quatro bacias que compõem a área da AEIT do Marumbi. No
entanto, as atividades que possuem incremento de sua intensidade caracterizados pela
sazonalidade, com acréscimo de população oriunda de outras regiões, principalmente com
fins de lazer e turismo, estas sim modificam de forma perceptível os indicadores utilizados
para monitorar a qualidade das águas tendo, portanto, potencial para a desestabilização dos
ecossistemas aquáticos presentes na AEIT.

4.5.2.1 Uso das Água


Conforme indicado anteriormente, a AEIT tem sua rede de drenagem natural subdividida em
quatro bacias, nas quais se descreve a seguir os usos preponderantes da água.

Os rios da bacia do Ribeira, dada as características de densidade demográfica e usos do


solo na área de influência da AEIT, são muito pouco utilizados para o afastamento e diluição
de esgotos domésticos. Os usos consuntivos são de pequena monta, uma vez que o
abastecimento das poucas e pequenas indústrias, presentes na região crenal (região de
fonte) e ritral (região de rio corrente) desta bacia, é realizado por captação em mananciais
subterrâneos. A dessedentação animal e a irrigação também são de pequena significância,
tendo sua quantidade subtraída dos mananciais subterrâneos.

Os rios da bacia do Altíssimo Iguaçu, em área afeta à AEIT, apresentam uso antrópico
incipiente, onde a agropecuária, a diluição de esgotos domésticos e a captação para uso na
indústria são pouco relevantes.

A bacia do rio Nhundiaquara possui uso antrópico diversificado, que vai desde a
agropecuária, passando pela diluição de esgotos domésticos até a utilização para o lazer.
Tais usos não comprometem os aspectos quantitativos de oferta d’água nesta bacia.

Os usos antrópicos da bacia do rio do Nunes são essencialmente na área agropecuária e


residências de lazer e estão relativamente restritos às regiões do curso inferior da bacia.

51
4.5.2.2 Qualidade da Água
A qualidade da água dos recursos hídricos na área de influência da AEIT pode ser
caracterizada pelo monitoramento efetuado em 8 pontos de amostragem pela SUDERHSA e
IAP. Tais pontos são descritos no Quadro 4 apresentado a seguir e podem ser visualizados
no Mapa de Uso Atual do Solo (Ver Anexo).

A região que delimita a AEIT caracteriza-se por formar as nascentes das 4 bacias
anteriormente destacadas (Iguaçu, Nhundiquara, Nunes e Ribeira). O mapa de Uso do Solo
evidencia que a quase totalidade desta região está ocupada por vegetação “Alto_Montana”,
“Montana” e “Sub-Montana”, estando a AEIT com ínfimas áreas caracterizadas como de uso
essencialmente antrópico. Tais características refletem a qualidade das águas monitoradas
no entorno da área. A visualização dos resultados presentes nas Tabelas 1 a 8 (Ver Anexo)
revela que a maioria dos parâmetros analisados indicam a preservação das condições
naturais dos mananciais superficiais, sem grande influência antrópica.

No entanto, mínimas quantidades adicionais de fósforo (melhor representante da


eutrofização cultural), em relação ao esperado em águas naturais, são encontradas nos
pontos de monitoramento instalados nas cercanias de áreas urbanizadas ou com algum tipo
de uso antrópico mais intenso (BL 04 - efluentes da zona urbana de Morretes; AL84 -
agropecuária; BL11 - turismo na localidade de Porto de Cima; e BL05 - turismo). Também é
perceptível, nos meses de verão, o aumento sazonal da quantidade de coliformes em áreas
de intenso uso turístico, verificado nos pontos de monitoramento BL11, BL05 e BL04,
afetando inclusive a balneabilidade.

Nas Tabelas 1 a 8 também é possível se verificar o índice BMWP - Biological Monitoring


Working Party (LOYOLA, 2000) que indica, por meio da presença ou ausência de famílias
de macroinvertebrados, a qualidade da água considerada. Assim, com este índice é possível
classificar-se a qualidade da água como: Ótima (>150); Boa (101-149); Aceitável (61-100);
Duvidosa (36-60); Crítica (16-36); e Muito Crítica (<15). A utilização de índices biológicos é
de grande valia uma vez que reflete o histórico da presença de contaminantes na água e o
respectivo reflexo nas estruturas ecossistêmicas. Os resultados dos monitoramentos
existentes revelam que o único ponto em que o ecossistema aquático está sob intensa
influência dos usos antrópicos da água é o BL04, onde a classificação passou de Boa à
Aceitável no período de abril de 2002 a outubro de 2002. Os demais pontos estiveram com
índices indicando uma qualidade de Boa a Ótima, ou seja, nestes pontos estão presentes
famílias de macroinvertebrados que somente podem sobreviver em águas de boa qualidade.

Cabe salientar que os pontos de monitoramento BL30 e BL33 tem a finalidade de


caracterizar a evolução de acidentes que tiveram conseqüências ambientais, ocorridos na
BR-277. O ponto BL32 caracteriza o ponto “branco” em relação aos valores dos pontos
BL30 e BL33.

O enquadramento dos cursos d’água onde localizam-se os pontos de monitoramento


considerados neste trabalho está descrito no Quadro 4.

52
Quadro 4 - Dados Físicos, Químicos e Biológicos dos Rios (pontos de amostragem) da AEIT do Marumbi
Rio / Bacia - Coordenadas/ Período de Usos do solo a
Estação Enquadramento
Sub bacia Critério de seleção Amostragem montante das estações
BL 04 Nhundiaquara 22J0718294 UTM Classe 1 1989/1992 Hotelaria, estações de
7180286 2001/2002 turismo e esportes
Bacia Corpo receptor de aquáticos, moradias e
Litorânea residências de lazer,
matéria orgânica e
utilizações agrícolas
Sub bacia do efluentes de (hortigranjeiros e
Nhundiaquara estabelecimentos pecuária)
comerciais de
Morretes
BL 11 Nhundiaquara 22J0712724 UTM Classe Especial 1989/1992 Estações de turismo e
7186673 2001/2002 esportes aquáticos,
Bacia Utilização do moradias e residências de
Litorânea lazer, utilizações agrícolas
manancial para lazer
(hortigranjeiros e
Sub bacia do e atividades pecuária)
Nhundiaquara turísticas.
Alterações significativas
de qualidade de água no
período de verão
(Jan/Fev) devido á
elevada ocupação
turística.
BL 32 Dos Padres 22J0713811 UTM Classe Especial 1989/1992 Moradias e residências de
7168155 2001/2002 lazer, usos agrícolas
Bacia Ponto branco em (pastagens, pecuária,
Litorânea cultivos de subsistência
local crítico para
em pequenas
Sub bacia do acidentes com propriedades e fruticultura
Nhundiaquara cargas tóxicas na BR em pequena escala).
277.
BL 33 Do Pinto 22J0712633 UTM Classe Especial 1989/1992 Moradias e residências de
7170078 2001/2002 lazer, usos agrícolas
Bacia Antigo ponto de (pastagens, pecuária e
Litorânea monitoramento de cultivos de subsistência
em pequenas
Sub bacia do acidente ambiental, propriedades e fruticultura
Nhundiaquara à montante da em pequena escala).
confluência do rio
dos Padres.
BL 30 Do Pinto 22J0712785 UTM Classe 1 1989/1992 Utilizações agrícolas
7170031 2001/2002 (pastagens, pecuária e
Bacia Antigo ponto (PJ2) cultivos de subsistência
Litorânea do acidente em pequenas
propriedades e fruticultura
Sub bacia do ambiental de abril de em pequena escala).
Nhundiaquara 2001, à jusante da
confluência do rio
dos Padres

AL 84 Pequeno 22J0702755 UTM Classe Especial 1989/1992 Formações florestais e


7173485 2001/2002 utilização agrícola de
Bacia do À montante da ETA pequenas áreas
(subsistência).
Altíssimo da SANEPAR e do
Iguaçu distrito industrial da
Renoult de São José
dos Pinhais.

53
Rio / Bacia - Coordenadas/ Período de Usos do solo a
Estação Enquadramento
Sub bacia Critério de seleção Amostragem montante das estações
BL 05 Marumbi Classe 1 1987/1991 e Pequenas pousadas,
2001/2002 estações de turismo e
Bacia esportes aquáticos, uso
Litorânea agrícola (pastagens,
pecuária e cultivos de
Sub bacia do subsistência em
Nhundiaquara pequenas propriedades e
fruticultura em pequena
escala).
BL 07 Do Nunes Classe 1 2001/2002 Moradias e residências de
lazer, utilizações agrícolas
Bacia (hortigranjeiros e
Litorânea pecuária).
Sub bacia do
Cachoeira
RB 15 Taquari 22J0708281 UTM Classe 2 2001/2002 Moradias e residências de
7195094 lazer, utilizações agrícolas
Bacia do (hortigranjeiros e
pecuária).
Ribeira

54
4.6 Bioma Mata Atlântica

A área da AEIT do Marumbi está inserida no bioma Mata Atlântica, um dos mais importantes
conjuntos de ecossistemas do Brasil (CONSERVATION INTERNATIONAL, 2000). De
acordo com o Decreto 750/93, considera-se Mata Atlântica “as formações florestais e
ecossistemas associados inseridos no domínio Mata Atlântica, com as respectivas
delimitações estabelecidas pelo Mapa de Vegetação do Brasil (IBGE, 1988): Floresta
Ombrófila Densa Atlântica, Floresta Ombrófila Mista, Floresta Ombrófila Aberta, Floresta
Estacional Semidecidual, Floresta Estacional Decidual, manguezais, restingas, campos de
altitude, brejos interioranos e encraves florestais do Nordeste”. Destas formações ocorrem
no Paraná a Floresta Ombrófila Densa, a Floresta Ombrófila Mista e a Floresta Estacional
Semidecidual.

A porção paranaense da Serra do Mar ainda constitui um dos remanescentes mais bem
preservados de Mata Atlântica do país. Este remanescente deve-se principalmente à
dificuldade de acesso à região associado ao relevo recortado das encostas da serra.
Atualmente as maiores extensões de remanescentes florestais do Paraná encontram-se nos
extremos do estado: a Leste, na Serra do Mar, e a Oeste, no Parque Nacional do Iguaçu
(SEMA, 2002). Na porção paranaense da Serra do Mar, dois eventos contribuíram
significativamente para o início da intensa exploração econômica da Mata: a abertura da
Estrada da Graciosa, em 1873 (que liga Curitiba a Antonina) e a inauguração da Ferrovia
Paranaguá-Curitiba, em 1885.

4.6.1 DECLARAÇÃO DE SIGNIFICÂNCIA

Apesar do intenso desmatamento e fragmentação, a Mata Atlântica ainda é extremamente


rica em biodiversidade, abrigando uma proporção elevada das espécies brasileiras, com
altos níveis de endemismo. A importância da conservação da Mata Atlântica é reconhecida
nacional e internacionalmente, sendo esta incluída no programa Man and Biosphere da
UNESCO, que instituiu a Reserva da Biosfera da Mata Atlântica, além de ser reconhecida
como um dos 25 hotspots22 mundiais para a conservação da biodiversidade pela
Conservation International.

Seu alto valor biológico traduz-se pelos altos índices de diversidade e principalmente, pelo
alto grau de endemismos que apresenta: este bioma está entre as cinco regiões com os
maiores índices de endemismo de plantas vasculares e vertebrados (excluindo peixes). Em
conjunto, os mamíferos, aves, répteis e anfíbios que ocorrem na Mata Atlântica, somam
1.810 espécies, sendo 389 endêmicas, o que significa que ali se encontram
aproximadamente 7% das espécies conhecidas no mundo nesses grupos de vertebrados
(CONSERVATION INTERNATIONAL, 2000).

Dentre as iniciativas nacionais para a conservação da Mata Atlântica, cita-se o grande


número de ONGs brasileiras engajadas nesta tarefa e a criação do Corredor Central e do
Corredor da Serra do Mar pelo PPG-7 (Programa Piloto de Proteção das Florestas Tropicais
do Brasil).

A criação dos Corredores e Reserva da Biosfera da Mata Atlântica (Figura 8) constituem


instrumentos de planejamento complementares.

22
regiões que abrigam uma grande quantidade de espécies endêmicas e que têm sido significativamente
impactado e alterado pela atividade humana. Para ser considerado um hotspot, uma região precisa apresentar
1.500 espécies de plantas endêmicas e ter sofrido perdas de sua área original superiores a 70%.

55
Figura 8 - Corredores Central e da Serra do Mar da Mata Atlântica Instituídos pelo PPG-7 e Áreas da Reserva da
Biosfera da Mata Atlântica, com Zoneamento (Terra Indígens, Zona de Amortecimento e Zona Núcleo)

56
Um "corredor de biodiversidade" ou "corredor ecológico" compreende um mosaico de uso
das terras, com parques, reservas e outras áreas de uso menos intensivo, que são
gerenciadas de maneira integrada para garantir a sobrevivência do maior número possível
de espécies de uma região.

O planejamento dos corredores de biodiversidade tem como objetivo reverter (ou pelo
menos amenizar) a contínua fragmentação e isolamento das florestas para facilitar o fluxo
genético entre populações, aumentando a chance de sobrevivência a longo prazo das
comunidades biológicas. As principais diretrizes do planejamento são o manejo de áreas
protegidas e incentivo à pesquisas biológicas e sócio-econômicas que ajudem a reduzir a
ameaça de extinção de espécies. Entretanto, a implementação dos corredores isoladamente
não é suficiente. Se o grau de exposição da reserva ao ambiente circundante é muito alto, o
seu tamanho efetivo será progressivamente reduzido pela deterioração do hábitat a partir de
suas margens externas.

Torna-se necessário, portanto, um planejamento para a área de entorno de forma a


minimizar seu impacto, transformando-a em "zona-tampão", estratégia que constituiu a
essência do programa das Reservas da Biosfera da UNESCO. A Reserva da Biosfera da
Mata Atlântica, instituída pela UNESCO a partir de 1991, abriga os principais remanescentes
de Mata Atlântica e ecossistemas associados, do Ceará ao Rio Grande do Sul (Figura 8).

Através dos resultados do Workshop “Avaliação e ações prioritárias para a conservação da


biodiversidade da Mata Atlântica e Campos Sulinos”, a área da AEIT foi reconhecida como
sendo área de Extrema Importância Biológica, ou seja, a categoria de mais alto valor
biológico. Em relação aos grupos temáticos avaliados, a área foi considerada de Extrema
Importância para a conservação de flora, répteis, anfíbios, aves, mamíferos e fatores
abióticos. A bacia do rio Nhundiaquara foi considerada como de Muito Alta Importância para
a conservação de peixes. Em relação às áreas prioritárias para Ações em Unidades de
Conservação, para a região da AEIT a prioridade apontada é a criação de Unidades de
Conservação.

4.7 Flora

A vegetação da área da AEIT do Marumbi é composta principalmente pela Floresta


Ombrófila Densa (formações Submontana, Montana e Altomontana), além de áreas de
refúgios vegetacionais e vegetação secundária (Ver Mapa de Vegetação no Anexo).

A Floresta Ombrófila Densa caracteriza-se pela marcada predominância de árvores de


grande porte, perenifoliadas23 geralmente com brotos foliares sem proteção à seca. Distribui-
se sobre as encostas que constituem a Serra do Mar (Foto 4) e suas ramificações mais
interiores (CONSERVATION INTERNATIONAL, 2000). A característica ombrotérmica da
Floresta Ombrófila Densa está ligada aos fatores climáticos tropicais de elevadas
temperaturas (médias de 25º C) e de alta precipitação (entre 0 e 60 dias sem chuva).
Estima-se que a flora arbórea deste tipo de vegetação seja representada por mais de 700
espécies. A esta riqueza florística somam-se também inúmeras espécies de lianas e epífitas
(CIGOLINI et al., 2002).

23
Com folhagem permanente.

57
Foto 4 - Visual da Floresta Ombrófila Densa na AEIT do Marumbi

A posição geográfica de uma cadeia de montanhas em relação aos ventos e a altura que
atingem infuencia o padrão de distribuição da vegetação natural em faixas altitudinais bem
definidas, como resposta à distribuição vertical de temperatura e umidade. Desta maneira, a
Floresta Ombrófila Densa da AEIT, onde as altitudes variam de 40 a 1.800 m, não se
apresenta como um conjunto vegetacional homogêneo, mas sim em três diferentes
formações, caracterizadas a seguir.

4.7.1 FORMAÇÃO SUBMONTANA

Compreende as formações florestais distribuídas sobre o início das encostas da Serra do


Mar e no vale do rio Ribeira. Esta formação situa-se entre 30 e 400 metros de altitude,
apresenta dossel bastante denso com alturas variando entre 25 e 30 metros, elevada
diversidade de espécies arbóreas entre as quais pode-se citar Hyeronima alchorneoides
(licurana), Virola bicuhyba (bocuva), Cedrela fissilis (cedro), Cabralea canjerana (canjerana),
Pouteria torta (guapeva), Ficus luschnatiana (figueira branca), Schizolobium parahyba
(guapuruvú), Pterocarpus violaceus (pau-sangue), Aspidosperma olivaceum (guatambu),
Sloanea guianensis (laranjeira-do-mato), Cariniana estrellensis (estopeira), Alchornea
triplinervia (tapiá), Cryptocarya aschersoniata (canela-nhutinga), Centrolobium robustum
(araribá), Tapirira guianensis (cupiúva), Podacarpus sellowii (pinho-bravo). Nos estratos
inferiores destacam-se espécies de menor porte como Bathysa meridionalis (queima-casa),
Euterpe edulis (palmiteiro) e Psychotria nuda (araçá-de-macaco) (CIGOLINI et al., 2002).

O estrato herbáceo-arbustivo é caracterizado principalmente pelos xaxins (pteridófitas dos


gêneros Nephelea, Alsophylla e Cyathea) e caetês que em conjunto com bromeliáceas
terrestres e epífitas, lianas (notadamente bignoniáceas, sapindáceas e leguminosas),
aráceas, rubiáceas e melastomatáceas, imprimem os aspectos mais vistosos do ambiente
tropical sob influência atlântica (ITCF, 1987).

58
4.7.2 FORMAÇÃO MONTANA

Compreende as formações florestais distribuídas sobre a porção intermediária das encostas


da Serra do Mar e no vale do rio Ribeira em altitudes superiores a 400 metros. Esta
formação corresponde, no Paraná, a comunidades situadas entre 400 e 1.000 metros de
altitude. Apresenta dossel uniforme, variando em torno de 20 metros de altura (CIGOLINI et
al., 2002).

A família das lauráceas contribui significativamente para a composição e fisionomia da


floresta montana, dentre as quais duas espécies - Ocotea catharinensis (canela-preta) e a
Ocotea odorifera (canela-sassafrás) - que além de abundantes, foram imensamente
exploradas pelo volume e valor comercial de suas madeiras. Outras leguminosas de grande
porte que ocorrem são Newtonia glazziovii (caouí) e Copaifera trapezifolia (pau-óleo). Ainda
no andar superior da floresta o encontra-se o guatambu, o ipê-amarelo, a licurana, a
canjerana, o cedro, o tapiá, Pouteria torta (guapeva), Talauma ovata (baguaçu) e o
Ventanea compacta (guaraparim), entre outras. O andar arbóreo intermediário é
caracterizado pela Weinmania sp. (gramimunha), Ingá marginata (ingá), Posoqueria latifolia
(baga-de-macaco), Miconia cabuçu (pixiricão), Lamanonia speciosa (guaraperê), entre
outras. O estrato herbáceo-arbustivo é caracterizado pela presença generalizada de
bromeliáceas, epífitas e terrestres, acompanhadas de pteridófitas, melastomatáceas e
rubiáceas (ITCF, 1987).

4.7.3 FORMAÇÃO ALTOMONTANA

É a formação florestal situada nas porções mais elevadas da Serra do Mar, acima dos 1.000
metros de altitude, geralmente associadas a refúgios vegetacionais campestres e rupestres
dos topos das serras. São as chamadas “Matas Nebulares”, cuja vegetação permanece em
constante contato com a neblina (CIGOLINI et al., 2002). Devido à declividade acentuada
destas regiões de altitudes elevadas, os solos apresentam-se mais rasos e erodidos,
impossibilitando o desenvolvimento da exuberante vegetação arbórea da formação Montana
e favorecendo árvores de baixa estatura e troncos retorcidos, de crescimento lento, com
copas compactas de folhas pequenas e esclerófilas.

Dentre as árvores características deste ambiente encontra-se a gramimunha, o Clusia


criuva, Drimys brasiliensis, Ilex dunosa e Ilex theezans (cocão), mirtáceas dos gêneros
Eugenai, Myrcia e Myrceugenia (guamirins e cambuí), entre outras. O estrato herbáceo-
arbustivo é representado por espécies de Vriesia (bromeliáceas), Gleichenia e Polytichum
(pteridófitas). Já os locais mais abertos ou já alterados são ocupados principalmente por
Panicum sp. (gramíneas) e compostas onde dominam as vassourinhas e espécies de
Bacharis (carqueja), podendo ocorrer também densos taquarais, geralmente constituídos
por espécies dos gêneros Chusquea e Merostachys (ITCF, 1987).

Estas florestas exibem uma fisionomia própria, diretamente influenciadas pelo clima. Além
de possuir constante precipitação, apresentam uma cobertura nebular persistente que
contribui para reduzir a insolação direta, que por consequência reduz a perda de água do
solo através da evapotranspiração. Este baixo consumo hídrico da floresta aliado aos solos
bastante úmidos, frequentemente saturados em água, permite que a água interceptada
diretamente da umidade das nuvens seja incorporada ao sistema hidrológico. A integridade
e continuidade deste conjunto de características (vegetação adaptada à altitude elevada e
baixa insolação, frequente precipitação e solos rasos e saturados) mantêm o regime hídrico
que abastece o litoral paranaense.

59
4.7.4 REFÚGIOS ECOLÓGICOS

Refúgios ecológicos se constituem de agrupamentos vegetais que imprimem a uma área,


ambientes dissonantes ao reflexo normal da vegetação regional, como os campos de
altitude dos topos das serras, observáveis regularmente em altitudes superiores a 1.200-
1.400m, podendo ocorrer entretanto em níveis inferiores, mais em conseqüência da ação
antrópica. Os solos rasos ou incipientes destas altitudes não permitem o desenvolvimento
de vegetação arbórea, restringindo-se à formações graminóide-arbustivas, dominadas na
maior extensão por gramíneas do gênero Paspalum e ciperáceas, entremeadas por ervas e
arbustos de melastomatáceas, ericáceas e compostas. Comumente observa-se também a
dominância localizada de bambusáceas anãs, constituindo os caratuvais ou caratuba,
pertencentes aos gêneros Chusquea e Eragrotis. Em pequenas depressões que apresentam
alguma profundidade de solos geralmente úmidos ocorrem as chamadas turfeiras, onde
musgos do gênero Sphagnum, normalmente cohabitados por bromeliáceas terrestres,
xiridáceas, eriocauláceas e iridáceas, muito caracterizam estes ambientes.

4.7.5 VEGETAÇÃO SECUNDÁRIA

A vegetação chamada de secundária compreende todas as comunidades vegetacionais


existentes nos terrenos que tiveram sua vegetação primitiva (primária) removida ou
profundamente alterada. É a vegetação que se observa após a devastação da floresta ou
abandono de terreno cultivado. Sem interferência, a vegetação original tende a ser
reconstituída, obedecendo a estágios sucessionais bem definidos. Porém, o vigor com que a
vegetação é recomposta é relacionado ao uso anterior da terra (agricultura, pastagens,
formações primárias ou secundárias) e a condição do substrato após a sua utilização.

Os estágios sucessionais observados na formação da vegetação secundária são


conhecidos como capoeirinha, capoeira baixa, capoeira alta e floresta secundária.
Inicialmente, ocorre a ocupação por espécies herbáceas e arbustivas heliófilas
(capoeirinha). Segue-se a instalação das espécies arbóreas de rápido crescimento, que
formam associações densas e homogêneas, formando a capoeira baixa. A vegetação da
capoeira tende a ser progressivamente substituída pelas espécies arbóreas, até o
estabelecimento da floresta secundária (ITCF, 1987).

Mimosa scabrella, a bracatinga, é uma espécie pioneira característica do planalto sul-


brasileiro. A bracatinga destaca-se por colonizar terrenos nus, via sementes. Muito comum
na vegetação secundária, principalmente em capoeira e capoeirões e na floresta
secundária, às vezes formando associações puras, conhecidas por bracatingais. Por ser
uma espécie de crescimento rápido, esta espécie têm sido comum nos reflorestamentos
com árvores nativas. Grandes superfícies da área metropolitana de Curitiba e outras,
principalmente nos estados do Paraná e Santa Catarina, estão reflorestadas com
bracatinga, que forma densas associações em que cerca de 61% corresponde à bracatinga
e o restante engloba outras 80 espécies (MAZZA et. al, 2000).

4.8 Fauna

No levantamento da fauna da região da AEIT do Marumbi foram catalogadas diversas


espécies endêmicas, raras e ameaçadas de extinção (SEMA, 1996). Para possibilitar o
entendimento das categorias utilizadas para enquadrar as espécies do ponto de vista da
conservação, é necessário diferenciar espécies raras e espécies em vias de extinção. Cada
espécie possui sua “Reserva Natural” (número de indivíduos equilibrados naturalmente que
existem sem intervenção do homem) e sua “Reserva Fundamental” (número mínimo de
indivíduos capaz de assegurar naturalmente a continuidade da espécie, sem intervenção do
homem). Assim, um animal raro é aquele cujas reservas natural e fundamental são baixas,

60
não significando que esteja em extinção. Já as espécies em vias de extinção apresentam
populações menores que a reserva fundamental, aproximando-se do limiar de extinção. Esta
espécie não é mais capaz de manter a sua continuidade caso não se apliquem medidas
rigorosas para proteger a espécie e seu ambiente.

As espécies raras (e, conseqüentemente, as áreas que as abrigam) merecem atenção


especial e maior ênfase nas medidas conservacionistas, visto que uma alteração negativa
no número de indivíduos aproxima a espécie da sua reserva fundamental. Quando as áreas
naturais são fragmentadas e as populações tornam-se isoladas, a espécie pode chegar a
sua reserva fundamental e ao limiar da extinção.

A seguir são apresentados alguns aspectos conhecidos sobre a diversidade da fauna da


AEIT do Marumbi.

4.8.1 MASTOFAUNA

A Mata Atlântica abriga uma expressiva parcela da riqueza da mastofauna brasileira. Para o
Brasil são registradas 524 espécies e destas, 250 ocorrem na Mata Atlântica e 82 são
endêmicas a este bioma (C.I. et al., 2000).

O Paraná abriga 19 das 69 espécies de mamíferos incluídas na Lista Nacional das Espécies
Ameaçadas de Extinção, sendo 2 consideradas “Criticamente em Perigo”: Leontopithecus
caissara (mico-leão-de-cara-preta) e Wilfredomys oenax (roedor); e uma espécie “Em
Perigo”: Brachyteles arachnoides (macaco mono-carvoeiro). Brachyteles arachnoides é
considerado o maior macaco das Américas e um dos mais ameaçados do mundo (IUCN,
2002). É endêmico da Mata Atlântica da Serra do Mar, sendo registrado para os estados do
RJ, SP e PR (IBAMA, 2003).

O Plano de Manejo do Parque Estadual do Pico Marumbi (inserido na AEIT do Marumbi)


elaborado em 1996, registrou 30 espécies para a área, entre as ordens Carnivora,
Marsupialia, Edentata, Chiroptera, Primates, Rodentia e Artiodactyla. registrou a ocorrência
de mais 5 espécies: Cuniculus paca (paca) (Foto 5), Sciurus ingrami (serelepe) (Foto 6),
Procyon cancrivorous (mão-pelada), Tamandua tetradactyla (tamanduá-mirim). Este Plano
informa ainda, o registro de Pantera onça (onça-pintada) para a área. O levantamento dos
roedores realizado por LANGE (1991) na área da AEIT registrou a ocorrência de 18
espécies, entre elas Sciurus ingrami (serelepe), Dasyprocta aguti (cutia), Hydrochaeris
hydrochaeris (capivara) e Agouti paca (paca), que consta como vulnerável na Lista das
Espécies Ameaçadas do Paraná (SEMA, 1995).

Foto 5 - Agouti paca, roedor ameaçado de extinção Foto 6 - Sciurus ingrami, o serelepe

61
No limite Nordeste da AEIT ocorrem aproximadamente 70 espécies de mamíferos, entre
eles: Tapirus terrestris (anta), Mazama spp. (veados) e carnívoros, como Panthera onca
(onça-pintada) e Puma concolor (puma) (IPARDES, 2003). Cabe ressaltar aqui a
importância da conectividade destas áreas naturais e da conservação das mesmas, com fins
de permitir uma maior possibilidade de dispersão para espécies mais exigentes quanto ao
tamanho da área de vida.

Foto 7 - Panthera onca (onça pintada) Foto 8 - Puma concolor (puma)

Na área enfocada ocorrem 9 ordens, 27 famílias, 55 gêneros e cerca de 76 espécies.


Encontram-se, portanto, representados na área o total de ordens de mamíferos terrestres
ocorrentes no Paraná e aproximadamente 90% de suas famílias, 62% dos gêneros (SPVS,
1988) e 49% das espécies (Tabela 1).
Tabela 1 - Riqueza de Espécies de Mamíferos da AEIT do Marumbi em Relação do Brasil e ao Paraná
1 2
Ordem Brasil Paraná AEIT do Marumbi
3
Didelphimorphia 44 17 8
Xenarthra 19 9 3
4
Chiroptera 141 56 15
Primates 75 5 2
Carnivora 32 19 12
Artiodactyla 8 5 5
Perissodactyla 1 1 1
Rodentia 165 42 29
Lagomorpha 1 1 1*
Total 483 155 76
1 2 3 4
FONSECA et al. (1996); LANGE & JABLONSKI (1981); LANGE & JABLONSKI (1998); MIRETZKI
(2000).
* espécie exótica

Entre os mamíferos ocorrentes na APA, 11 estão sob algum grau de ameaça de extinção
(Tabela 2), segundo MARGARIDO (1995) e/ou FUNDAÇÃO BIODIVERSITAS (2003).

62
Tabela 2 - Mamíferos Ameaçados de Extinção da AEIT do Marumbi
Táxons ameaçados e status de conservação
Alouatta guariba clamitans, vulnerável Puma concolor, vulnerável
Lontra longicaudis, vulnerável Tapirus terrestris, em perigo
1
Pteronura brasiliensis, extinto Tayassu pecari, vulnerável
Leopardus pardalis, vulnerável Mazama nana, vulnerável
Panthera onca, em perigo Agouti paca, vulnerável
Leopardus sp.
1
Considerado extinto por MARGARIDO (1995), na região só foi registrado por meio de entrevista, não
sendo possível confirmar sua presença.

1.3.2 AVIFAUNA

O conhecimento taxonômico da fauna de aves do Brasil é relativamente extenso,


registrando 1.677 espécies. A Mata Atlântica é o bioma melhor amostrado e conhecido, e
com o maior número de espécies registradas até o momento. Este bioma abriga 1020
espécies, das quais 188 são endêmicas (SABINO & PRADO, 2000). A maior parcela da
avifauna da Mata Atlântica (63%) é composta por espécies florestais (ALEIXO, 2001).

Para a área de abrangência deste estudo foram registradas 290 espécies de aves. Dentre
estas espécies destaca-se Trogon rufus (surucuá-de-barriga-amarela); Spizaetus tyrannus
(gavião-pega-macaco), grande falconiforme especializado em se alimentar de mamíferos
(macacos, morcegos) e aves de médio porte; Leucopternis polionota (gavião-pombo);
Penelope obscura (jacu-açu); Tinamus solitarius (macuco); Phylloscartes oustaleti (cara-
pintada); Carpornis cucullatus (corocochó). Destaca-se ainda a presença de Platyrinchus
leucoryphus (patinho-grande), uma ave considerada rara no Paraná.

Um levantamento avifaunístico recente, realizado por STRAUBE (2003) na área da AEIT,


registrou a ocorrência de 314 espécies, distribuídas em 46 famílias e 19 ordens. Cabe
ressaltar que 16 das espécies citadas para a área constam na Lista Vermelha de Animais
Ameaçados de Extinção no Estado do Paraná, das quais duas foram classificadas como
Ameaçadas: Sporophila frontalis (pichochó) e Oryzoborus angolensis (curió) e sete como
espécies Raras: Trichlaria malachitacea (sabiá-cica), Chlorophanes spiza (saí verde),
Phylloscartes paulista (borboletinha-paulista), Platyrinchus leucoryphus (patinho grande),
Accipter poliogaster (tauató-pintado), Dysithamnus xanthopterus (choca das costas
castanhas) e Drymophila ocropyga (choquinha-de-dorso-vermelho) (TOSSULINO et al.,
1995).

Sporophila frontalis é um passeriforme que habita o interior da mata espessa e taquarais.


Por época da floração do bambu podem aparecer em grande quantidade. Também
exploram terrenos cultivados como arrozais (SICK, 1997). Na AEIT foi registrada na Estação
Ferroviária Marumbi e também na localidade de Porto de Cima, em Morretes.

Os curiós, Oryzoborus angolensis, são passeriformes canoros considerados dos mais


nobres cujo som imita um violino, o que os torna muito visados pelo comércio de animais
silvestres. Vivem nos brejos, mangues, capões de matos, beiras de rios e de lagoas, onde
haja o capim-navalha (Hypolytrum pungens) ou navalha-de-macaco (Hypolytrum
schraerianum) ou a tiririca ou navalha-de-mico (Cyperus rotundus) seu alimento básico na
natureza. O território dos curiós está sempre perto de lugares onde há água limpa e
abundante. Em geral, essas localidades possuem densa vegetação de arbustos de baixa

63
altura, alternados de lugares limpos compostos só de capim navalha, de muita ventilação,
muita umidade, muito sol e muito calor. Na época da muda ficam escondidos no meio das
matas e não cantam. De acordo STRAUBE (2003), estes pássaros são encontrados em
Porto de Cima, no município de Morretes, bem próximo a área da AEIT do Marumbi.

De acordo com ITCF (1986), algumas aves como Conopophaga melanops (chupa-dente-de-
máscara), Anabazemops fuscus (trepador-de-coleira), Philydor atricapillus (limpa-folhas) e
Myrmecyza loricata (papa-formigas) eram encontradas em abundância apenas na porção
paranaense da Serra do Mar. Cabe ressaltar que Conopophaga melanops e Anabazemops
fuscus constam atualmente como Vulneráveis na Lista Vermelha de Animais Ameaçados de
Extinção no Estado do Paraná.

A AEIT abriga também espécies muito conspícuas e de forte apelo estético e carismático,
que podem vir a constituir excelentes modelos para programas de educação ambiental na
área. Destacam-se para este propósito os periquitos e papagaios da família Psittacidae
(Fotos 9 a 14) e os tucanos e araçarís da família Ramphastidae.

Foto 9 - Brotogeris tirica Foto 10 - Forpus xanthopterygius Foto 11 - Pyrrhura frontalis

Foto 12 - Pionopsitta pileata Foto 13 - Pionus maximiliani Foto 14 - Triclaria malachitacea

Segundo GUIX et al. (1999), os psitacídeos são as aves mais intensivamente visadas pelo
tráfico ilegal de animais. A fiscalização pelos órgãos ambientais é necessária e importante,
mas sensibilizar e engajar a população nesta tarefa pode contribuir significativamente para
diminuir a pressão sobre estes animais. De acordo com STRAUBE (2003), os psitacídeos da
AEIT são representados por 5 espécies: Brotogeris tirica (periquito-verde), Forpus
xanthopterygius (tuim), Pyrrhura frontalis (tiriba-testa-vermelha), Pionopsitta pileata (cuiú-
cuiú), Pionus maximiliani (maritaca) e Triclaria malachitacea (sabiá-cica). Estas seis

64
espécies são encontradas no rio do Corvo (Quatro Barras), na Estação Ferroviária Marumbi
e em Porto de Cima (Prainhas, próximo aos limites da AEIT). O periquito-verde também é
encontrado nos Mananciais da Serra (Piraquara), na Fazenda Thá (Antonina) e no Rio Mãe
Catira (Morretes).

Conforme STRAUBE (2003), na área ocorrem 3 espécies de tucanos e 2 araçarís.


Ramphastos toco (tucanuçu) ocorre apenas na Estação Ferroviária do Marumbi (Foto 15),
enquanto Ramphastos dicolorus (tucano-do-bico-verde) foi encontrado nas 6 áreas
amostradas ao longo da área.

Os tucanos-de-bico-preto, citados como vulneráveis à extinção no Paraná (Foto 16), são


importantes dispersores de sementes que vivem em florestas úmidas das terras baixas,
florestas pantanosas e manchas florestais em savanas; preferem a proximidade da água e
evitam zonas de crescimento secundário; são vistos em altitudes de até 1.700 m. Na área
da AEIT são encontrados em Antonina e no Rio Mãe Catira, em Morretes. Alimentam-se de
frutos, invertebrados (cupins, aracnídeos) e pequenos vertebrados (lagartos, rãs, morcegos,
ovos e filhotes de aves).

Foto 15 - Ramphastos toco, o tucanuçu Foto 16 - Ramphastos vitellinus, o tucano-de-bico-preto,


espécie ameaçada de extinção no Paraná

De acordo com HAFFER (1974), o refúgio florestal da Serra do Mar do Brasil Leste-
Meridional constitui um centro de distribuição avifaunística extremamente isolado e
particularmente importante, pois identificou nele 30 gêneros e 160 espécies endêmicas
nesta área. Segundo MULLER (1973), a região da Serra do Mar do Sul-Sudeste brasileiro é
talvez a área melhor definida em termos de endemismos avifaunísticos.

Considerando que a área da AEIT abriga cerca de 48% das 708 espécies ocorrentes no
Paraná, torna-se evidente a importância da região do ponto de vista da conservação da
avifauna. Futuros inventários na porção paranaense da Serra do Mar poderão revelar
índices mais altos e até a descoberta de espécies novas para a ciência. Por serem muito
utilizadas como indicadores biológicos, o maior conhecimento sobre a diversidade e
dinâmica de populações de aves pode subsidiar programas de conservação e manejo de
ecossistemas pois muitas espécies típicas de florestas são sensíveis ao desmatamento e
fragmentação da floresta, apresentando declínios populacionais ou mesmo extinções locais
após alterações do hábitat (SABINO & PRADO, 2000).

65
4.8.2 HERPETOFAUNA

Os registros existentes para a área da AEIT do Marumbi registram apenas 14 espécies de


répteis (ordem Squamata, famílias Teeidae, Scincidae, Gekkonidae, Iguanidae, Colubridae e
Elapidae) (ITCF, 1987). Trata-se de um número inexpressivo frente à riqueza de espécies
da Mata Atlântica, para a qual são registradas 197 espécies (36 % da fauna de répteis
brasileira) e 60 espécies endêmicas (SABINO & PRADO, 2000). No Paraná ocorrem 140
espécies de répteis, sendo 12 considerados ameaçados de extinção (TOSSULINO et al.
1995).

Os répteis encontrados mais comumente na AEIT são Bothrops jararaca, Xenodon


neuwiedii, Sybionomorphus neuwiedii, Chironius bicarinatus, Liophis miliares, Liophis
melanostigma, Chironius fuscus, Spilotes pullatus, Oxyrhopus clatharatus, Tupinambis
teguixin, Enyalius iheringi e Hydromedusa tectyfera (ITCF, 1987).

Os anfíbios constituem um grupo de distribuição geográfica mundial, só não ocorrem nas


regiões polares, nos desertos mais áridos e em algumas ilhas oceânicas isoladas. Estão
presentes em quase todos os tipos de hábitats terrestres e de água doce, sua distribuição é
fortemente influenciada pela presença e abundância de água, muitas vezes apenas na
forma de chuva. Apesar de depender muito da água para a vida e reprodução, muitas
espécies apresentam adaptações à vida em ambientes com longos períodos de aridez. No
entanto, é nas regiões de matas úmidas neotropicais (América Central, Floresta Amazônica
e Floresta Atlântica) onde ocorre a maior diversidade e abundância (DUELLMAN, 1999).
No Brasil são conhecidas mais de 600 espécies de anfíbios (HADDAD, 1998). Destas, 65%
ocorrem em ecossistemas de Mata Atlântica e de acordo com o nível atual de
conhecimento, cerca de 24% das espécies de anuros são endêmicas de Mata Atlântica ou
seja ocorrem em uma área restrita, como por exemplo um segmento de serra ou município
(HADDAD & ABE, 1999). Para o estado do Paraná, é estimada a existência de pouco mais
de 100 espécies, cerca de 16% das espécies conhecidas para o Brasil.
A Serra do Mar, sobretudo nos municípios de Piraquara, São José dos Pinhais, Quatro
Barras, Campina Grande do Sul é uma região pouco estudada, sobretudo as áreas da
encosta Oeste e a transição desta com a Floresta de Araucária. Em toda a área da AEIT
pouquíssimas localidades foram alvo de estudos sistemáticos envolvendo anfíbios, apenas
amostragens esporádicas em locais de fácil acesso como áreas em Mananciais da Serra
(Piraquara), ao longo da estrada de ferro Curitiba-Paranaguá, estrada da Graciosa, BR-277
e as trilhas que levam aos cumes de montanhas como do Conjunto Marumbi e Pico Paraná.

Mesmo pontuais, as amostragens realizadas nestas áreas tiveram como resultado a


descrição de várias espécies novas (algumas ainda e processo de descrição) como
Eleutherodactylus paranaensis (LANGONE & SEGALLA, 1996), espécie conhecida apenas
do Pico Paraná e descrita com base em um único exemplar procedente dos Campos de
Altitude; Cycloramphus duseni, conhecido apenas de exemplares coletados próximos à
Casa do Ipiranga (Parque Estadual do Marumbi); Cycloramphus mirandaribeiroi, conhecida
de São João da Graciosa e do Rio Taquaral (Marumbi); Cycloramphus rhyakonastes,
conhecida da estação de Banhado (Piraquara), São João da Graciosa e rio Taquaral
(Marumbi) e Hyla langei, conhecida do rio Taquaral (Marumbi). Afora as espécies citadas
acima, estão em processo de descrição novas espécies dos generos Brachycephalus,
Crossodactylus, Melanophryniscus e Paratelamtobius, todas de localidades dentro da AEIT.

Cabe também destacar algumas espécies que, apesar de terem distribuições abrangendo
dois ou mais estados no Paraná, são conhecidas apenas de localidades dentro da AEIT.
São elas: Phyllomedusa guttata, conhecida do Parque Marumbi; Proceratophrys
appendiculata e Scythrophrys sawayae conhecidos de Mananciais da Serra (Piraquara).

66
Cerca de 70% das espécies registradas para o estado apresenta pelo menos parte da sua
distribuição associada ao Domínio Florestal Atlântico.

Com base na análise do material depositado em coleções de anfíbios e citado em


bibliografia, foram listadas 89 espécies como de ocorrência confirmada para a AEIT. Destas,
cerca de 31 espécies ocorrem exclusivamente em áreas de Floresta Ombrófila Densa e 39
espécies tem parte de sua distribuição associada à Floresta Ombrófila Mista.

Os anfíbios apresentam uma das maiores taxas de descrição de novas espécies (HANKEN,
1999), é provável que algumas espécies já tenham sido extintas ou estejam se extinguindo
antes mesmo de sua descrição formal (HADDAD,1998). As maiores taxas de endemismos
para anfíbios da Mata Atlântica estão nas áreas de encostas. O declínio de populações e
talvez até mesmo a extinção de alguma espécie no Brasil tem sido observado (e.g.
HADDAD, 1998; HEYER et al.,1988; WEYGOLDT, 1989), isto em função da Floresta
Atlântica concentrar um grande número de espécies de hábitos especializados e portanto
sensíveis às alterações ambientais. A vulnerabilidade de muitas espécies de anfíbios pode
ser atribuída a diversos fatores como o alto grau de endemismo e modos reprodutivos
especializados. E importante salientar que de 36 modos reprodutivos conhecidos, 24 estão
presentes na Mata Atlântica (HADDAD, 1998).

Um registro importante para a área é a ocorrência de Phylomedusa distincta (ITCF, 1987)


(Foto 17). Esta espécie é encontrada na Mata Atlântica de Santa Catarina, Paraná e Sul de
São Paulo. Esta e as outras 22 espécies de Phylomedusa correm risco de extinção. Estudos
já comprovaram o malefício das radiações ultravioleta aos ovos dos anfíbios e acredita-se
ela também afete o sistema imunológico desses animais, permitindo que algumas espécies
sejam dizimadas pela ação de vírus, bactérias ou fungos. Como todos os anuros, esta
espécie desempenha importante papel na natureza, pois controla a população de insetos e
também sustenta a base da cadeia alimentar da fauna. Sua ausência afeta o equilíbrio da
floresta, pois seu excremento (assim como o de várias outras espécies de anuros), contém
altas concentrações de uréia, constituindo uma das escassas fontes de nitrogênio na
floresta, elemento essencial para manter o vigor das plantas epífitas e das árvores (WOEHL
& WOEHL, 2000).

Foto 17 - Phylomedusa distincta, perereca


ocorrente na área da AEIT do Marumbi

4.8.3 ICTIOFAUNA

O grau de conhecimento da diversidade dos peixes de água doce do Brasil é considerado


incipiente, sendo registradas somente 350 espécies, das quais 133 endêmicas. Com a
recente exploração de certos ambientes mal amostrados, o número de espécies de peixes
de água doce do Brasil pode aumentar consideravelmente. Estima que de 30 a 40% das
espécies de peixes de água doce permanecem desconhecidas. Isto se deve principalmente

67
ao fato de o Brasil apresentar uma rica rede de drenagem, com numerosos ambientes
pouco amostrados como riachos de cabeceiras, áreas de corredeiras, calhas profundas de
rios e cavernas inundadas (SABINO & PRADO, 2000).

Considerando que a área encerra em uma mesma Unidade de Conservação nascentes e


cabeceiras de rios pertencentes a três sistemas hídricos distintos (Bacias Litorânea, do
Ribeira e do Iguaçu), cada um deles com grupos de espécies próprias, pode-se dizer que a
AEIT do Marumbi constitui uma das áreas mais importantes do Paraná em termos
biogeográficos e de conservação da fauna íctica.

As porções superiores do rio Ribeira em território paranaense, particularmente aquelas


inseridas na AEIT do Marumbi, foram ainda pouco estudadas. Embora trabalhos como o de
BIZERRIL (2000) apresentem 77 espécies para a bacia, é certo que estas não ocorrem em
toda a extensão do rio e muitas delas restringem sua distribuição ao trecho inferior externo à
APA. Os rios da vertente leste da Serra do Mar foram exaustivamente exploradas em
trabalhos de levantamento conduzidos pelo Museu de Historia Natural do Capão da Imbuia,
sendo a composição de sua fauna objeto de dissertação de mestrado realizada por
GRANDO (2000). Contabilizadas todas as formas até então conhecidas chega-se a 51
espécies que, a exemplo do comentado para o Ribeira, também não estão em sua
totalidade abrigadas pela área de estudo.

A composição da fauna aquática do rio Iguaçu também encontra-se estudada em relativa


profundidade, já sendo conhecidas 52 espécies para a bacia, conforme depreende-se de
GARAVELLO et al. (1997), sendo a maioria delas endêmicas. Contudo, nesta bacia os
estudos concentraram-se na porção média permanecendo seus córregos e várzeas de
cabeceira pouco explorados.

Nestas coleções d'água localizadas no extremo sul da AEIT registra-se um evento


geomorfológico único com conseqüências biogeográficas extremamente interessantes: a
captura de cabeceiras do Iguaçu por rios que drenam diretamente para o litoral. O fenômeno
foi constatado inicialmente por ÂNGULO (1992), sendo que padrões de distribuição
estudados em GRANDO (op. cit.) corroboram esta informação, tornando a área
extremamente importante sob o ponto de vista evolutivo e de conservação. Cabe ressaltar
que a bacia do rio Nhundiaquara foi indicada como área de “Muito alta importância biológica”
para a conservação de peixes no Brasil (CONSERVATION INTERNATIONAL, 2000).

Se fossem consideradas todas as espécies presentes nas três bacias hidrográficas


parcialmente inseridas no perímetro da AEIT, teríamos listadas 180 espécies ictíicas.
Contudo, a presença de tais espécies está condicionada a padrões de distribuição
longitudinais diferenciados e, corriqueiramente, as cabeceiras apresentam-se menos ricas
em espécies do que as porções inferiores.

Entre as espécies citadas para a área (especificamente no P. E do Pico Marumbi), estão os


cascudinhos Astyanax fasciatus, Bryconamericus sp., Deuterodon cf. iguape e Deuterodon
cf. rosae; Hollandichthys mustifasciatus; Hypherssobricon cf. parvellus (bandeirinha);
Oligossarcus jenynsii (saicanga) e Characidium sp. (canivete). Também são citadas as
espécies Pimelodella transitoria e Imparfinis piperatus (bagres da família Pimelodidae),
Ancistus cf. stigmaticus, Rineloricaria cf. lima e Pseudancistrus cf. setosus (Loricaridae),
Phalocerus caudimaculatus (Poeciliidae), Synbranchus marmoratus (mussum), Corydora
barbatus (Coredora mármore), Geophagus brasiliensis (acará-diadema), Oligosarcus
jenynsi.

68
Synbranchus marmoratus (mussum) é um peixe em forma de enguia, sendo o único
representante da família Synbranchidae no Brasil. Os machos medem em média 50 cm mas
as fêmeas podem chegar a 1,5 m. Oligosarcus jenynsi (saicanga) é uma espécie predadora
piscívora, geralmente indicadora de águas limpas (Foto 18). Conforme informações de
moradores da região, também ocorre na AEIT outro peixe predador, Salminus hilarii
(tabarana), que habita rios de águas rápidas e bem oxigenadas (Foto 19). Corydora
barbatus (sarro) (Callichthydae) é um peixe comumente utilizadas por aquariofilistas, pois
alimenta-se de algas, restos de comida de outros peixes e demais detritos que se acumulam
no fundo do aquário. Geophagus brasiliensis, o acará-diadema (Cichlidae) é também muito
visado por aquariofilistas pois apresenta efeito ornamental de grande beleza (Foto 20).

Foto 19 - Salminus hilarii, tabarana

Foto 18 - Oligosarcus jenynsi Foto 20 - Geophagus brasiliensis, acará-diadema, espécie muito visada por
saicanga aquariofilistas

4.8.3.1 Considerações sobre a Conservação dos Ambientes Aquáticos

Os impactos sobre a biodiversidade aquática na AEIT do Marumbi ocorrem principalmente


pela ocupação do solo inadequada e modificação de regimes hídricos, os quais são
particularmente intensos nas bacias do Iguaçu e Ribeira.

Os rios da Bacia do Leste encontram-se em situação menos crítica, dada a intensificação


das ações de fiscalização na área a partir da década de 90. Ainda assim, alguns rios
importantes da região como o Cachoeira e o Nhundiaquara padecem pelo mau uso do solo
nas encostas da Serra do Mar, situação que se pronuncia nas épocas de pluviosidade mais
intensa.

4.8.4 ÁREAS PRIORITÁRIAS PARA CONSERVAÇÃO

As áreas prioritárias para conservação da fauna da AEIT do Marumbi foram delimitadas na


Figura 9, adotando-se os seguintes critérios:

69
a) LOCALIDADES-TIPO

Áreas ou bacias hidrográficas onde foram capturados espécimes que serviram de base
(material-tipo) para descrição de espécies.

• Bacia do Rio Cotia - Pareiorhina sp. n.

• Rio Taquaral - Hyla langei (rãzinha-de-cachoeira) e Cycloramphus duseni

• Estação Banhado - Scytophrys sawaiae

• Pico Paraná - Eleutherodactylus paranaensis

• Mananciais da Serra - Paratelmatobius sp. n.

• São João da Graciosa - Cycloramphus rhyakonastes e Cycloramphus mirandaribeiroi

b) REGISTROS ÚNICOS (para o estado do Paraná)

Áreas de ocorrência exclusiva de determinadas espécies no contexto da APA.

• Parque Estadual do Marumbi - Phasmahyla guttata

• Mananciais da Serra - Proceratophrys appendiculata

• Rio Taquaral, São João da Graciosa - Cycloramphus rhyakonastes

c) AMBIENTES RESTRITOS

Unidades de paisagem de extensão restrita.

• Várzeas

Eixo da Barragem do Caiguava

Bacia dos Rios Corvo e Taquari

• Campos de Altitude

Serra do Marumbi

Serra do Ibitiraquire (Serra dos Órgãos)

• Floresta Alto-Montana

Serra do Marumbi e Serra do Ibitiraquire (Serra dos Órgãos)

• Ecótone Floresta Ombrófila Mista / Floresta Ombrófila Densa

Mananciais da Serra - prioridade para as áreas de maior extensão de ecótone


(toda a porção da AEIT marginal à BR 116).

70
d) PRESSÃO ANTRÓPICA

Áreas de elevada riqueza de espécies em processo de alteração de suas características


naturais por atividades humanas.

Áreas da AEIT entre a BR 116 e Serra do Mar

Entrada da estrada da Graciosa após o Portal

Rios da vertente Leste da Serra do Ibitiraquire (Serra dos Órgãos)

Bacia do Rio do Cedro

Bacias dos Rios Corvo e Taquari

e) RIQUEZA DE ESPÉCIES

Áreas de pequena extensão nas quais ocorrem elevado número de espécies

Mananciais da Serra

Rios da vertente Leste da Serra dos Ibitiraquire (Serra dos Órgãos)

Vertente Leste do Parque Marumbi

71
Figura 9 - Áreas Prioritárias para Conservação da Fauna

72
5 QUADRO HISTÓRICO-CULTURAL

5.1 Povoamento e Ocupação

5.1.1 SÃO JOSÉ DOS PINHAIS, CAMPINA GRANDE DO SUL, PIRAQUARA E


QUATRO BARRAS - REGIÃO DE CURITIBA
Os primeiros sinais de vida humana na região do litoral paranaense, por onde os europeus
iniciam seu processo civilizatório no Paraná, é registrado pela presença de mais de uma
centena de sítios arqueológicos e sambaquis, ou casqueiros. Aparentemente tratou-se de
agrupamentos nômades - carijó e tupiniquim -, que se deslocavam alternadamente para o
interior, no verão, e para a costa, no inverno, em busca de alimentos.
Nos anos do século XVII, a busca de ouro e de índios promove a ocupação portuguesa no
Litoral de Paranaguá e nos Campos de Curitiba, regiões que abrigam, hoje, a AEIT do
Marumbi. Naquela época, na região compreendida pelo Vale do Assungui teriam se formado
arraiais relativamente estáveis de mineradores, entre eles o Arraial Grande. Outros locais
também passaram a ser habitados por remanescentes de bandeiras, a compor a população
original do povoado de Nossa Senhora da Luz e Bom Jesus dos Pinhais.
No século XVIII, exauridas as minas locais, as Minas Gerais e as minas de Cuiabá
polarizam a ação dos mineradores. Para os que ficam, o Litoral de Paranaguá e os Campos
de Curitiba passam a constituir uma única base geográfica. Ainda que politicamente
dependente da Província de São Paulo e prolongamento dela, a comunidade regional
adquiria identidade própria, a se diferenciar como comunidade paranaense. Esta
comunidade se fixaria entorno das Vilas de Paranaguá e de Curitiba, e a partir daí adentraria
os Campos Gerais.
A religiosidade foi, desde os tempos originais, o fator do encontro e da convivência. Nas
primeiras décadas do século XIX, Saint-Hilaire descreve Curitiba como uma cidade tímida
com a maioria dos habitantes formada por agricultores que vinham à cidade nos domingos e
dias santos para cumprir seus deveres com a igreja.
Em 1838, a Comarca de Curitiba era composta pelos distritos de Guaratuba, Paranaguá,
Antonina, Lapa, Curitiba e Castro, esta última nos Campos Gerais. Em 1842, a sociedade
local conquista para Curitiba e Paranaguá a categoria de Cidade. Em 1852, a freguesia de
São José dos Pinhais ascende à categoria de Vila. Em 1853, negociações e arranjos
políticos e econômicos resultam na emancipação da Comarca de Curitiba, com a criação da
Província do Paraná. Curitiba é confirmada como a capital da nova Província depois de
acirrada disputa entre os interesses associados aos paulistas - que preferiam Paranaguá - e
aos paranaenses. A partir daí a cidade começa a se organizar.
Atrair imigrantes foi uma das primeiras iniciativas dos dirigentes. Em articulação com o
poder central, imperial, o movimento migratório é estimulado. Ao contrário das outras
regiões onde a imigração se destinava a suprir carência de mão-de-obra na grande lavoura
para exportação, no Paraná o fio condutor foi a criação de uma agricultura de abastecimento
para o mercado interno, medida que resultou num progresso agrário com geração de
riqueza relativamente mais distribuída que a opção exportadora.
A expansão da atividade colonizadora atingiu os terrenos dos arredores de Curitiba e o
planalto, com o estabelecimento de núcleos coloniais num raio de aproximadamente 30 km
do centro urbano da capital paranaense. Além destas colônias, origem dos bairros da
Curitiba atual, outras se instalaram nas localidades vizinhas, entre elas o Arraial Queimado,
primórdios de Bocaiúva do Sul, que por sua vez é a matriz de Campina Grande do Sul.

73
Em vinte anos, a imigração fez a população de Curitiba triplicar. Este aumento no número de
moradores foi decisivo para que as localidades conquistassem autonomia. Piraquara é fruto
deste movimento. Em meados do século XX, surge Quatro Barras, resultado da
fragmentação de Campina Grande do Sul.

5.1.2 ANTONINA E MORRETES - REGIÃO DE PARANAGUÁ

Os primeiros registros sobre a ocupação do litoral paranaense são os de Hans Staden, em


1549: integrante de um barco espanhol acossado por tempestade, aportou na costa
encontrando dois portugueses a conviver com os tupiniquins. Mais ao sul, registra,
predominavam os carijós.

A capitania de São Vicente começava na Barra de Bertioga, perto de Santos prolongando-se


até a Ilha de Mel. Pertencia a Martin Afonso de Souza. A capitania de Sant’Ana, de Pero
Lopes, começava imediatamente ao sul da capitania de São Vicente, isto é, na Ilha do Mel e
prosseguia até Laguna. As entradas e conquistas do litoral paranaense acontecem a partir
de 1550 com gente de São Vicente e Cananéia, pelo Vale do Ribeira, em direção à
Paranaguá - instalando-se primeiramente na Ilha da Cotinga e a seguir nas margens do Rio
Itiberê; e por Pinheiros e Guarapirocaba. Guarapirocaba é o povoado que deu origem a
Antonina.

Antonina começou numa capela. Em 1714, Manoel do Valle Porto construiu uma capela em
sua fazenda, a capela da Graciosa. Próximo ao sítio da Graciosa viviam três irmãs muito
devotas de Nossa Senhora do Pilar, da qual possuíam uma estampa. Celebravam todos os
anos terços e festas em honra a Nossa Senhora do Pilar, atraindo moradores dos Cubatões
de Guarapirocaba. Manoel do Valle Porto, sargento-mor, virou devoto, erigiu outra capela
para a padroeira.

Esta capela se transformou na igreja matriz de Antonina. Portugueses, caboclos,


pescadores, mestiços, índios, a devoção à Nossa Senhora do Pilar aumentava, os bairros
vizinhos se povoavam. Em 29 de agosto de 1797 foi criada a vila de Antonina. Em 6 de
novembro de 1797 foi elevada à condição de cidade. Em 29 de janeiro de 1857, foi
integrada à comarca da província da São Paulo. Tentativas de políticas migratórias
européias fracassaram, mas alguns movimentos colonizadores não europeus foram
realizados nas bacias hidrográficas maiores com relativo sucesso. Entre eles Cacatu e
Cachoeira, os dois distritos de Antonina que integram a AEIT do Marumbi.

Ainda que combinadas com outras, em Antonina - e no Litoral Norte do Paraná - as


atividades extrativistas estão na origem da economia local e foram historicamente
predominantes: a busca pelo ouro, a extração florestal, a caça, a pesca.

Na agricultura, são significativos o cultivo da mandioca, do arroz e da banana, além de café,


cana de açúcar e uva, e pequenas indústrias de transformação da madeira, da mandioca, da
cana-de-açúcar e da uva, que se sucedem em importância. A erva-mate - colhida nos ervais
nativos do planalto paranaense - era levada até o litoral onde era beneficiada e exportada,
figurando como carro-chefe da economia paranaense até os anos de 1920. Na economia
litorânea e paranaense - o movimento portuário foi decisivo na economia: em Antonina, cujo
porto foi recentemente reativado; e em Paranaguá, onde o Porto de Paranaguá prossegue
como um dos mais importantes do País.

Inicialmente parte de Antonina, Morretes é uma das três cidades históricas do litoral
paranaense (as outras duas são Antonina e Guaraqueçaba). Em 1721 consta que o Ouvidor
Rafael Pires Pardinho teria determinado a demarcação de 300 braças no local que viria a
ser Morretes. Em 31 de outubro de 1733, a Câmara Municipal de Paranaguá determina a

74
efetiva demarcação da área, de modo que esta é a data de aniversário comemorada até
hoje. João de Almeida é o nome que figura como o primeiro morador da região. Em meados
do século XVIII, o Capitão Antonio Rodrigues de Carvalho e sua mulher, dona Maria Gomes
Setúbal, teriam se mudado para o povoado de Morretes, construindo ali uma capela sob a
invocação de Nossa Senhora do Porto e Menino Deus dos Três Morretes. Em março de
1841 foi elevado à categoria de município pela Lei Provincial nº 16. Efetivamente, sua
autonomia política se realiza em julho de 1841 quando se desmembra de Antonina. Em 24
de maio de 1869, pela Lei Provincial nº 188, passou a denominar-se Nhundiaquara e recebe
os foros de Cidade. Em 07 de abril de 1870, pela Lei nº 227, volta a ser denominada
Morretes.

5.2 Patrimônio Histórico

5.2.1 CAMINHOS COLONIAIS

Parte da história da colonização do território sul brasileiro encontra-se eternizada nesta


região pela existência das vias de acesso ao Primeiro Planalto Paranaense.

Pelas primeiras picadas que ligavam o litoral de Paranaguá com o Planalto subiram os
predadores de índios, os faiscadores de ouro e os homens que povoaram os Campos de
Curitiba e os Campos Gerais. A principio frágeis picadas, com o passar do tempo, os
melhoramentos nela realizados possibilitaram que nela se mantivessem parcialmente
conservadas na travessia da Serra do Mar.

Figura 10 - Croqui da Serra do Mar com Trechos dos Antigos Caminhos Coloniais
Fonte: AMBIENTAL, 2003.

75
5.2.1.1 Caminho de Itupava
Aberto por volta de 1625, o Caminho de Itupava foi, nos tempos mais remotos do Brasil
colonial, o mais importante caminho para o trânsito de comerciantes e aventureiros.

Apesar de suas péssimas condições de tráfego, o Caminho de Itupava tinha a vantagem de


ser o mais curto percurso entre os campos de Curitiba e o litoral. Durante muito tempo, este
caminho servia apenas para os viajantes com cargas aos ombros, pois sequer possibilitava
a passagem de animais como mulas e cavalos.

O trajeto começava no passo do Rio Belém, em Curitiba (lugar em que atualmente fica o
Largo Bittencourt, junto ao Círculo Militar). Daí rumava para Leste, na direção da passagem
da serra. Nos campos transpunha os ribeirões Belém e Juvevê, meia légua adiante cruzava
o rio Bacacheri, e deste subia para o Bairro Alto até o divisor das águas, descendo então
para o ribeirão Atuba. Na margem direita desse ribeirão, junto ao caminho, ficava a paragem
onde outrora existiu a histórica “Vilinha”, criada para a moradia dos mineradores e mais
tarde conhecida por Vila Velha e berço efêmero da Nova Povoação de Nossa Senhora da
Luz.

Correndo sempre para Leste, o caminho passava pela Varginha, pouco adiante atravessava
o rio Palmital, também margeado por terras alagadiças. A seguir, atingia a Borda do Campo,
onde existiam diversas fazendas. A fazenda da Borda do Campo estendia-se para Leste até
o mato, com mais de meia légua de largura, conhecido geralmente pelo nome de Mato
Grosso da Borda do Campo. Antes de sair dos campo, o caminho recebia do lado direito
uma trilha denominada Atalho de Piraquara, conhecido simplesmente pelo nome de
Encruzilhada. Pouco além atravessava a Campina, sitio aprazível onde, por algum tempo,
esteve a barreira destinada à cobrança de tributos devidos pelos tropeiros. Deste ponto em
diante, o terreno ia se tornando cada vez mais acidentado ate atingir o Pão de Loth - morro
que marcava o início da Serra do Mar.

Como é sabido, as contribuições arrecadadas pelas barreiras destinavam-se à conservação


da estrada desde Curitiba até Porto de Cima. Somente o trecho da serra consumia o total
dos recursos arrecadados, nada sobrando para os demais.

No alto da serra e na parte de baixo, junto ao rio Itupava, construíam rodeios destinados a
acomodar os animais que ali chegavam, transportando pessoas e cargas. Em diversos
outros pontos do caminho havia ranchos cobertos de palha para descanso e dormida dos
tropeiros.

O caminho margeava os rios Itupava e Ipiranga, passava pela pitoresca “Prainhas”, sede de
diversos engenhos de soque e casas de moradia. Pouco além, próximo a foz do Rio
Ipiranga, ficava o Sítio do Barro Vermelho, onde, por alguns anos, estivera a barreira, antes
de ser transferida para Itupava.

Pela confluência dos rios Mãe Catira e Ipiranga, formava-se o Cubatão, atualmente
chamado Nhundiaquara, na margem do qual ficava o caminho - Porto de Cima. Esse porto
era a ligação entre o caminho terrestre de Itupava e a primitiva navegação fluvial do
Cubatão. Dali em diante, os viajantes continuavam a jornada em canoas ou, mais tarde,
pelos ramais de Antonina ou Morretes, rumo ao Paranaguá.

Ao longo de sua existência teve ele diversos nomes: Caminho do Mar, Caminho de
Paranaguá, Caminho de Cubatão, Caminho Real, Caminho Grande, Caminho da Serra,
Caminho de Morretes, Caminho de Curitiba, etc. Foi, além disso, designado pelos topônimos
dos lugares onde funcionaram as barreiras arrecadadores dos impostos pagos pelos

76
tropeiros e comerciante que transitavam o caminho Porto de Cima, Morretes, Campina,
Barro Vermelho e, finalmente, Itupava. Este ultimo topônimo apelidou para a posteridade o
histórico e precioso caminho. Essa denominação originou-se do fato de ter sido construída a
barreira nas margens do rio desse nome, lugar de aspecto selvagem e sombrio ao sopé da
montanha, que impressionava vivamente o espírito dos que ali passavam.
Dos caminhos (Arraial, Graciosa e Itupava) este é, sem dúvida, o mais bonito. Ainda hoje ele
pode ser percorrido numa distância de aproximadamente 20 km, entre a borda do campo e
as proximidades da estação ferroviária de Engenheiro Lange.

Hoje, esse local, cortado pela estrada de ferro Paranaguá-Curitiba, é ponto obrigatório de
parada da litorina que transporta os turistas na viagem. Dali, podem ser admiradas, também,
inúmeras pontes, viadutos e “bocas” de túneis da linha férrea. E, de tempos em tempos,
pode-se acompanhar a descida ou subida das grandes composições ferroviárias que
transportam cargas importadas ou para exportação, via Porto de Paranaguá.

Diferentes meios de transporte são utilizados para acessar o Caminho do Itupava, entre eles
o ônibus Curitiba - Borda do Campo, o Curitiba- Morretes e o trem, através da ferrovia
Curitiba - Paranaguá, que acompanha em grande parte o caminho. O ponto oficial de parada
é a Estação do Parque Estadual do Marumbi.

Calcula-se que em 2.000 aproximadamente 1.500 pessoas visitaram o caminho. O trajeto


também é muito utilizado para alcançar o Conjunto Marumbi. Jovens, amigos e famílias,
visitam o caminho, principalmente em finais de semana, por ser um programa bonito e
barato. O público hospeda-se em pousadas ou em campings selvagens ao longo do
caminho. A grande maioria, entretanto, realiza apenas o passeio de um dia, sem o pernoite.

Destacam-se no percurso a Casa do Ipiranga (hoje em ruínas, tendo sido adquirida por
leilão pelo Sr. Ari Portugal, que está buscando parceria para restaurá-la), o Santuário do
Cadeado e a região conhecida como Prainhas, local junto ao rio Nhundiaquara utilizado para
piquenique e camping, onde hoje há uma infra-estrutura edificada em Área de Preservação
Permanente.

O Caminho do Itupava é objeto de diversos estudos. A área possui normativas e usos


propostos por um Plano de Zoneamento elaborado pela Secretaria Estadual de Meio
Ambiente - SEMA e a Secretaria de Estado e Cultura - SEEC, que estabeleceu uma
proposta de zoneamento.

Realizou-se o mapeamento e o levantamento topográfico, foram identificados os


proprietários e criou-se o Grupo Interinstitucional de Trabalho. Em um trabalho bastante
complexo e completo, diagnosticou-se a área, em seus aspectos naturais, históricos,
políticos e sociais, identificando-se usos adequados e inadequados, fatores de pressão e
propondo-se um plano de uso público e de manejo dividido em áreas e com diversos níveis
de atuação. O plano ainda não foi implementado, aguardando recuperação do caminho.

O caminho também já foi objeto de estudo na área de arqueologia. O material encontrado,


no entanto, não está disponível para os visitantes.

5.2.1.2 Caminho do Arraial


A picada do Arraial é muito antiga, não sabendo-se ao certo quando foi aberta. No entanto,
os historiadores admitem que foi o resultado das incursões realizadas pelos primeiros
mineradores que, na afoiteza de encontrar ouro e prata, penetraram na baía de Paranaguá,
infiltrando-se pelos rios e suas imediações, ao que se sabe, por volta de 1640. É também

77
admissível que tenha sido uma trilha índia, reavivada durante o afanoso trabalho nas catas,
ao longo do rio do Pinto.

O seu nome teria sido dado em razão da existência do Arraial Grande dos mineradores de
ouro, que, a partir de uma trilha, construíram o caminho para facilitar o acesso da serra até o
litoral.

Observações históricas sobre as origens dos caminhos que ligavam o litoral aos campos de
Curitiba, relatadas por VIEIRA DOS SANTOS em suas “Memórias”, comparadas com os
textos de documentos posteriormente encontrados, levam a crer que as primitivas entradas
no âmago dos sertões das Capitanias sulinas não passavam de pequenas bandeiras de
preia de índios e que, fortuitamente toparam com algum ouro de aluvião nos ribeiros do
planalto. Foram essas trilhas que, na época da mineração, se transformaram posteriormente
em picadas e importantes caminhos.

Pode-se inferir, portanto, que as primeiras trilhas das margens do rio do Pinto deram origem
ao importante Caminho do Arraial.

O caminho, desde o Arraial Grande até São José dos Pinhais

Mal se haviam arraialado os mineradores do alto da serra, começaram a emanar deste


ponto longas trilhas que se irradiavam pelos campos, em demandas de outras paragens.
Uma delas seguia para o local hoje conhecido por Nova Tirol, ou Santa Maria e daí ao rio
Piraquara, onde se unia à trilha que vinha da encruzilhada do caminho de Itupava e se
dirigia para São José dos Pinhais. A outra tomava o rumo do poente pelo divisor das águas
dos rios Pequeno e Miringuava ate chegar aos campos de Águas Belas (local atualmente
situado a meia distância entre São José dos Pinhais e o Aeroporto Afonso Pena).

São José dos Pinhais era o ponto onde, administrativamente, terminava o caminho do
Arraial e encontravam-se diversos caminhos, que mais tarde tornaram-se importantes
estradas, entre eles o de Curitiba e o dos Ambrósios.

O caminho do Arraial, em seu todo, sob o aspecto administrativo e a natureza do terreno,


poderia ser dividido em duas partes nitidamente distintas: a primeira, entre o rio Cubatão e o
cume da serra (Arraial Grande), estava sob a jurisdição e responsabilidade da Câmara de
Paranaguá. A segunda, do Arraial Grande até a freguesia de São José dos Pinhais, sob
jurisdição da Câmara de Curitiba. O aspecto topográfico e a natureza topográfica do terreno
eram bem diferentes; a primeira subia a serra desde a baixada até o cume, por terreno
agreste, enquanto a outra atravessava zona do planalto, pouco acidentada. Este trecho com
pequena ondulação tinha alguns capões de mato, muitas capoeiras ralas e poucos e
insignificantes córregos. A parte da serra era de dispendiosa conservação e penosa
passagem aos viajantes e às tropas.

Pelo caminho do Arraial deu-se o primeiro transporte de pinheiros para mastreação de


grande navio que estava sendo construído na cidade da Bahia; também por ele descia todo
o gado, produtos agrícolas e erva-mate procedentes de Miringuava, Roseira, Mandirituba e,
mesmo, de Santo Antônio da Lapa.

No trecho entre São José e o Arraial Grande (povoados importantes e de bastante


comércio) o trânsito era intenso e havia moradores ocupando os terrenos dos dois lados da
estrada. Por quase três séculos, esta via serviu aos viajantes que, da região ao sul do rio
Iguaçu desciam para o litoral.

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De 1827, já no período do Brasil imperial, existem relatos que demonstravam aprimeiras
preocupações com relação à melhoria e conservação do Caminho do Arraial. No mesmo
ano, foi determinada pelas autoridades locais da época a cobrança de taxas de pedágio das
tropas de animais que transitavam pelo Arraial.

Como ponto de referência sobre o trajeto deste histórico caminho, devemos lembrar que
atravessara ele a atual rodovia asfaltada que liga Curitiba a Paranaguá, no ponto, até há
pouco tempo chamado Pilão de Pedra. Existem ainda, bem evidentes, longos trechos do
caminho empedrado, tanto no planalto como na descida da serra.

Atualmente, dos 40 km originais, pouco menos de 20 km ainda mantêm as pedras do


calçamento original. A área cortada pela trilha é um conjunto de propriedades particulares.

Recentemente uma ONG local (Caramuru) iniciou o trabalho de abertura da trilha, para
descobrir seu traçado, trazendo à superfície suas pedras de calçamento. A trilha não está
toda recuperada, e não apresenta nenhuma infra-estrutura para apoio a turistas.

A exploração turística do Caminho do Arraial representa uma alternativa de renda para


proprietários e prestadores de serviços de São José dos Pinhais. Entretanto, é exatamente
em função desse início de processo de recuperação do Caminho que se torna urgente a
adoção de medidas de controle e proteção do patrimônio histórico, requisito para o
desenvolvimento sustentável da atividade.

5.2.1.3 Caminho da Graciosa


Segundo alguns historiadores, o Caminho da Graciosa é a trilha mais primitiva entre o litoral
e o planalto, onde, mais tarde, seria fundada Curitiba. Essa trilha teria sido aberta pelos
índios que habitavam a região e, freqüentemente desciam a serra.

Com relação ao uso mais intenso desses caminhos, são escassas as informações sobre a
chegada dos primeiros exploradores de ouro em Paranaguá e das trilhas que lhes deram
acesso aos campos de Curitiba.

Os motivos que atraíram aqueles homens foram, sem dúvida, a caça de índios e, ao que
supomos, a busca de ouro, que proporcionavam enriquecimento rápido. Como se sabe, de
início chegaram nessas plagas para o preamento do índio carijó e, a seguir, a procura do
rico metal, encontrado no cascalho dos ribeiros. Esses pioneiros, sem qualquer organização
e sujeitos apenas às leis rudes do sertão, percorreram cuidadosamente a região garimpando
nos riachos e sopés das montanhas, deixando em toda a parte vestígios de sua passagem.
É razoável admitir-se que nessas andanças tenham encontrado e utilizado o antigo
caminho, o mesmo pelo qual os índios desciam para mariscar no litoral e subiam no tempo
do pinhão.

O percurso do caminho iniciava em Curitiba, na Vilinha de Atuba, onde ocorreu, de fato, o


surgimento de sua povoação. Passava por onde hoje se situa o Canguiri e Quatro Barras,
seguia à esquerda da Borda do Campo e do Pico do Anhangava, até atingir a Serra da
Graciosa. De Quatro Barras até o alto da Serra eram mais de três léguas e meia de
caminhada, em terreno muito acidentado e cortado por pequenos rios e córregos.

Generalidades

Do êxodo dos mineradores das primitivas catas nos ribeirões de cima da serra, nas
proximidades da bacia do rio Açungui e do Arraial Queimado resultou o abandono da trilha
da Graciosa. De sua existência ficou apenas a tradição oral.

79
Em 1738, por ordem dos governantes da Comarca, a antiga trilha foi aberta, porém com a
trajeto ligeiramente modificado. Partia do litoral, seguia para o Porto de Cima, tomava a
direção noroeste até o alto da serra, quando alterava seu trajeto em direção ao Curral Falso,
onde passava a trilha de Itupava. Daí até Curitiba, os dois se confundiam. Em sentido
contrário, de cima para o litoral, o caminho da Graciosa era, então, formado pela porção que
da encruzilhada do Curral Falso, passando pelo São João e Porto de Cima ia até Antonina.
A sua direção não foi longa, pois, logo que o ouvidor Santos Lobato deixou a comarca, tudo
voltou ao abandono.

Trinta anos depois, o caminho foi novamente reaberto e anos mais tarde, fechado. Com a
criação da Vila Antonina iniciou-se um movimento no sentido de destampamento e
reabertura da velha estrada, contando para isso com o apoio integral da população capelista
e de parte dos moradores de Curitiba. Mais uma vez, o caminho teve existência efêmera e
foi abandonado.

A disputa entre Antonina e Morretes (esta aliada a Paranaguá) pela passagem da estrada
próxima aos seus respectivos territórios durou muitos anos e retardou progresso da região.
A chamada “Guerra dos Portos” atrasou a transformação do Caminho da Graciosa em
estrada carroçável, e que permitisse o tráfego de grandes veículos tracionados por animais.

Em 1830, por ordem do governo de São Paulo, o caminho da Graciosa foi aberto com novo
traçado para o planalto. Após a instalação do governo do Paraná, foi elaborado o novo
projeto da estrada.

Posteriormente, em 1866, o Governo Imperial liberou recursos financeiros que permitiram,


finalmente, a abertura definitiva da Estrada da Graciosa, pavimentada com pedras regulares
no seu trecho de doze quilômetros de descida, e que até hoje é preservada.

Origem do Atual Traçado

Logo que a comarca da Curitiba foi emancipada, transformando-se em província autônoma,


o seu presidente , o conselheiro Zacarias Góes e Vasconcelos nomeou um engenheiro para
estudar e projetar a melhoria da estrada da Graciosa e das demais que de Curitiba desciam
para o litoral. Ele acreditava que a estrada da Graciosa e o porto de Antonina viriam libertar
o comércio das fortes corredeiras do rio Cubatão. Desenvolveu atividade efetiva nesse
sentido, colocando ponto final na fastidiosa contenda entre as vilas do litoral, as quais, havia
mais de um século, vinham se jogando umas contra as outras, em razão do traçado das
estradas, principalmente do caminho da Graciosa.

Inicialmente foram feitos alguns reparos no trecho entre Curitiba e a Borda do Campo, e
melhoradas as condições na baixada litorânea. Zacarias, devido à escassez de verbas,
optou por melhorar os piores lugares, para facilitar o trânsito e, para isso, deu início ao
alargamento e retificação do caminho, dando-lhe condições de estrada carroçável.

A estrada da Graciosa, durante o período em que Curitiba dependia do governo de São


Paulo, não passava de um caminho estreito, grosseiramente calçado no trecho da serra.
Somente depois da emancipação da província tomou aspecto de estrada carroçável em toda
sua extensão.

Atualmente, a Estrada da Graciosa é um local de lazer. Distante 37 km da BR-116, conta


com seis recantos, separados por distâncias que variam entre um e seis quilômetros: Vista
Engenheiro Lacerda, Rio Cascata, Grota Funda, Bela Vista, Curva da Ferradura e Mãe
Catira. Os recantos oferecem estruturas com churrasqueiras, bancos, sanitários, quiosques
para venda de produtos típicos e mirantes.

80
Segundo pesquisa realizada em 1997, a maioria dos visitantes é composta de famílias, com
faixa etária predominante de 26 a 34 anos. Visitam o local para apreciar a natureza. São
procedentes da Região Metropolitana de Curitiba (75,85%) em sua maioria, seguidos pelos
que vêm do interior do Paraná (9,93%) e São Paulo (9,32%).

Ainda segundo a pesquisa, durante o verão chegam a circular cerca de 21 mil veículos por
mês na Graciosa, o que representa um número de visitantes em torno de 70 mil por ano.
Com o início da cobrança do pedágio na BR-277, muitos motoristas passaram a utilizar a
Estrada da Graciosa como alternativa, o que ocasionou um aumento no fluxo de veículos.

5.2.1.4 Caminho do Cachoeira


Acredita-se que as características naturais dessa região contribuíram significativamente
para sua intensa ocupação em passado pouco recente. Este fato é perfeitamente
demonstrado através de mapas antigos, de posse do antigo ITCF, que indicam a existência
de povoações no final do século XIX e início do século XX, no vale do rio Cachoeira e no
planalto próximo ao rio Capivari. Igualmente são demonstrados nos mapas a existência de
ligação entre o litoral e o planalto, seguindo-se por entre as Serras dos Órgãos e Capivari e
mesmo através das cabeceiras do Rio Cachoeira e São Sebastião.

Cabe salientar que esta região apresenta declives muito inferiores àqueles encontrados nos
demais caminhos históricos.

Embora não se tenha realizado um levantamento aprofundado, pode-se concluir que, pelos
vestígios ali encontrados somados aos depoimentos prestados pelos moradores mais
antigos da região, que o caminho, aqui denominado Cachoeira, deverá necessariamente ser
melhor estudado, pois se num contexto mais amplo não apresentou significação na história
dos Caminhos das Comarcas de Curitiba e Paranaguá, representa verdadeiro marco no
contexto sócio-econômico regional.

Essa estrada, juntamente com a ferrovia, representou, na época, a grande redenção da


economia paranaense. Por ela passou, durante quase cem anos, grande parte dos produtos
exportados e importados pelo estado. Era o único acesso rodoviário ao litoral e às praias,
antes da abertura da moderna auto-estrada BR-277, hoje, principal ligação com a capital.
Mesmo assim, a Estrada da Graciosa continua sendo um dos principais pontos de atração
turística do estado. Nela, os visitantes encontram fauna e flora exuberantes e paisagens do
trecho da Serra do Mar mais preservado do país.

5.2.2 ESTRADA DE FERRO CURITIBA-PARANAGUÁ

O crescente desenvolvimento da Província do Paraná passou a exigir novos e econômicos


meios de comunicação entre os portos do litoral e da capital. A experiência da Guerra do
Paraguai indicava também a necessidade de construção de uma ferrovia.

Idealizada em 1871 pelo engenheiro Antonio Pereira Rebouças, a linha férrea partiria de
Antonina e passaria por Morretes. O início da execução do projeto só ocorreu em 1873
devido ao descontentamento de Paranaguá, preterida como ponto de partida.

A operação da estrada de ferro consolidou o comércio ferroviário entre o litoral e a capital e,


desta, com o interior. O tráfego regular de trens de passageiros começou a operar em 5 de
fevereiro de 1885, três dias após a inauguração da linha e perdurou até 13 de novembro de
1972, quando a antiga estação foi desativada.

A construção do ramal ferroviário para atender Antonina, a partir de Morretes, só foi iniciada
seis anos depois da inauguração da ferrovia Paranaguá-Curitiba, pela empresa francesa

81
que tinha concessão. A sua conclusão ocorreu no dia18 de agosto de 1892, quando os trens
de carga e de passageiros passaram a percorrer o trecho de quase 17 quilômetros em
quarenta minutos.

A construção dessa estrada é hoje considerada fantástica. Mobilizou verdadeiro exército de


homens que lutou contra todas as dificuldades. Os obstáculos naturais juntaram-se às
doenças. Foram 5 anos de incessantes esforços contra os desafios permanentes à técnica,
à capacidade da incipiente engenharia ferroviária nacional e à tenacidade de seus
construtores. Sem dúvida, trata-se de um monumento histórico e cultural de valor
inestimável.

O transporte de passageiros no trecho Curitiba-Paranaguá é hoje objeto de concessão para


a empresa Serra Verde Express, que detém a concessão de operação desta ferrovia desde
1997, sendo esta válida por 20 anos e renovável a cada 10 anos.

O passeio é realizado todos os dias, inclusive domingos e feriados, exceto a litorina, que
não funciona segundas e terças-feiras. O percurso parte de Curitiba, passa pelo Marumbi e
tem ponto final em Morretes.

Na viagem de retorno, a litorina funciona somente aos sábados, domingos e feriados.

Os valores dependem do tipo de vagão, da idade (adulto ou criança) e do trajeto (ida ou


volta. Estes valores estão detalhados na Tabela 3 a seguir:
Tabela 3 - Preços do Trajeto Ferroviário Curitiba-Paranaguá
Ida Volta
Tipo de vagão
Criança Adulto Criança Adulto
Executivo ou camarote R$35,00 R$ 65,00 R$ 26,00 R$ 40,00
Turístico R$ 26,00 R$ 37,00 R$ 19,00 R$ 25,00
Litorina R$ 51,00 R$ 90,00 R$ 40,00 R$ 50,00
Fonte: www.serraverdeexpress.com.br

A empresa também oferece roteiros por Morretes e Antonina, Paranaguá, Santuário


Nhundiaquara, Antonina - Passeio Catamarã e Obra Prima Express-Piraquara. Os preços
variam de acordo com o roteiro, com os serviços incluídos e com a idade do visitante
(criança/adulto).

Os serviços básicos oferecidos são: translado, viagem, city-tour pela cidade correspondente
e almoço ou janta, além de outros peculiares a cada roteiro.

5.2.3 RODOVIA PARANAGUÁ-CURITIBA

Esta auto-estrada compreende 85 quilômetros da denominada BR-277, que se estende do


Porto de Paranaguá até a Ponte da Amizade, na fronteira com o Paraguai, em Foz do
Iguaçu. Ao todo são 640 quilômetros de rodovia e integra o chamado Corredor de
Exportações, pelo qual escoam as safras das regiões produtoras dos estados do Paraná,
Santa Catarina, Mato Grosso do Sul e do Paraguai.

Foi o trecho mais difícil de ser construído justamente por necessitar de obras em plena
Serra do Mar, e o seu trabalho foi vencer, novamente, o degrau de 900 metros em relação
ao nível do mar. Anteriormente, os caminhos históricos e a estrada de ferro já haviam
desafiado o homem, nesta mesma serra de lendas, mistérios e grande sagacidade humana.

82
A história desse trecho da grande estrada começou em 1946, quando foram concluídos os
primeiros projetos e iniciados os trabalhos de topografia.

Projetada para ter duas pistas, somente 22 anos depois, em 1968, a BR-277 pode ser
concluída, com a inauguração de uma das duas pistas completas e a outra, parcialmente
pavimentada.

A sua construção, principalmente no alto da serra, foi das mais difíceis, pois, afora
problemas de topografia e da cerrada mata, o elevado índice de pluviometria retardou muito
os trabalhos. Milhares de homens, técnicos e máquinas foram empregados na implantação
e pavimentação desta via que, cortando uma zona até então inóspita do território
paranaense, veio abrir novas perspectivas de desenvolvimento.

Quem percorre hoje a BR-277, no trecho de Curitiba a Paranaguá, cruzando com centenas
de enormes caminhões, em ambos os sentidos, transportando cereais, automóveis novos,
“containers”, maquinários, produtos manufaturados e grandes peças industriais, não
consegue imaginar como seria possível transpor a serra, contando apenas com as
centenárias estradas de ferro e a Graciosa.

A maior parte dos produtos exportados pelo Porto de Paranaguá desce pela BR-277. A
ferrovia ainda desempenha significativo papel complementar, mas encontra-se no limite de
sua capacidade de transporte. Há muitos anos, foram terminados projetos para a construção
de um novo traçado de ferrovia e algumas obras de terraplanagem e viadutos chegaram a
ser realizadas.

Essa rodovia permitiu o desenvolvimento do turismo, até então, incipiente no litoral. Não só
os municípios históricos tiveram maior movimentação de visitantes e comercialização de
terras, como as praias tiveram o maior surto imobiliário jamais visto na história. O comércio
urbano e de beira de estrada floresceu. A agricultura e a fruticultura cresceram com a
facilidade de comercialização dos seus produtos. Pontos históricos foram redescobertos e
tiveram incentivada a sua visitação.

5.2.4 OLEODUTO ARAUCÁRIA-PARANAGUÁ

Esta obra de engenharia, executada pela Petrobrás, representa o mais recente desafio que
o homem enfrentou para vencer as dificuldades de transposição da Serra do Mar, no estado
do Paraná. Os serviços foram desenvolvidos em dois trechos da serra: um que desceu em
direção a Paranaguá, no Paraná; e outro que seguiu em direção a Garuva, na parte baixa da
serra, no estado de Santa Catarina.

Comparando-se a data de abertura do Caminho do Arraial, o caminho mais antigo, até a


data de inauguração do oleoduto para Paranaguá, em 1977, pode-se constatar que quase
400 anos separaram a primeira da última conquista da Serra do Mar, no seu trecho
paranaense.

Já em 1968 a Federação do Comércio do Paraná lançava o seu manifesto a favor da


construção de um oleoduto que ligasse Curitiba a Paranaguá, mesmo sem mencionar a
construção de uma refinaria no Estado.

O documento apontava, ainda, razões para a implantação do oleoduto. Além das vantagens
relacionadas diretamente com o transporte, a construção de um oleoduto interligando
Paranaguá a Curitiba traria ainda outras razões, como desafogo do tráfego num dos trechos
mais movimentados da rodovia paranaense, manutenção da frota de caminhões-tanque do
Paraná, possibilidade de baratear o preço da gasolina e outros combustíveis no Estado, etc.

83
Em 12 de março de 1973 a PETROBRAS deu início às obras da Refinaria de Araucária,
numa área de 10 milhões de metros quadrados, às margens da BR-476, na chamada
Rodovia do Xisto, a 25 quilômetros de Curitiba. Simultaneamente, dois oleodutos,
necessários para o funcionamento da refinaria, eram instalados. Um ligando o terminal de
Ubatuba com a refinaria de Araucária, numa extensão de 117 quilômetros, transpondo a
Serra do Mar, 13 rios e riachos e os municípios de Araucária, Curitiba, Fazenda Rio Grande,
São José dos Pinhais, Tijucas do Sul, Guaratuba, Garuva, Itapoá e São Francisco do Sul. O
outro, interligando Araucária com o Porto de Paranaguá, permitia o escoamento do
excedente de produção e atendia outras regiões do país.

O oleoduto Araucária-Paranaguá possui 99 quilômetros de comprimento, sendo 52 situados


no planalto, e está enterrado a uma profundidade que varia de um a um metro e meio em
solo dos municípios de Araucária, Curitiba, São José dos Pinhais, Morretes e Paranaguá. O
seu trajeto, que em vários trechos passa pelo Caminho do Arraial, cruza os rios Barigui,
Iguaçu, Miringuava-Mirim, Fortuna, dos Padres, Toral e Ribeirão, e também as BRs 116, 376
e 277, além da estrada de ferro Curitiba-Paranaguá.

84
6 QUADRO SOCIOECONÔMICO

6.1 A AEIT do Marumbi


A AEIT do Marumbi é composta por territórios de seis municípios: São José dos Pinhais,
Piraquara, Quatro Barras, Campina Grande do Sul, Antonina e Morretes, cinco deles
oficialmente instalados ainda no século XIX e um em meados do século XX. Todos integram
a Mesoregião Metropolitana de Curitiba: São José dos Pinhais, Piraquara, Quatro Barras e
Campina Grande do Sul como parte da Microregião de Curitiba; Antonina e Morretes como
municípios da Microregião de Paranaguá, no Litoral Paranaense. Um território heterogêneo,
na história e na inserção estadual, que tem na geografia e nos desafios da complexidade
social um relativo ponto de unidade.
De acordo com os índices de desenvolvimento humano IDH-M, desenvolvidos pelo Instituto
João Pinheiro/PNUD, os seis municípios da AEIT fazem parte do grupo daqueles
classificados com o grau médio de desenvolvimento, todos com IDH-M superiores a 0,700,
com variação entre 0,796, índice de São José dos Pinhais e 0,744, índice obtido por
Piraquara.
No estudo Tipologia dos Municípios Paranaenses, desenvolvido pelo IPARDES/
SEPLAN/PR, com base em indicadores socioeconômicos e demográficos que incluem
variáveis econômicas, renda, agricultura, população, mercado de trabalho, inserção urbana,
educação e infância, e moradia e ambiente esta classificação é matizada: Morretes e
Antonina são considerados municípios de grau de desenvolvimento médio; Campina Grande
do Sul, Quatro Barras e Piraquara, desenvolvimento médio alto; e São José dos Pinhais,
município de grau de desenvolvimento alto.

Urbanizados em sua maioria, com uma taxa média de urbanização em torno de 77,45%,
exceto Morretes e Piraquara, onde a população rural é superior à urbana, os seis municípios
reúnem aproximadamente 12% da população da Mesoregião Metropolitana de Curitiba.
São José dos Pinhais é o terceiro maior valor adicionado da Região Metropolitana de
Curitiba e um dos vinte maiores consumidores de energia elétrica do Estado, com consumo
médio por consumidor de 9,5 MWH24, superior à média da RMC, que é 6,7 MWH.
Quanto ao valor adicionado fiscal, o destaque nos diferentes setores da economia (primário,
secundário, comércio e serviços) é a participação de São José dos Pinhais, como já
mencionado: 5,411% no valor adicionado total do Estado.
Os outros cinco municípios têm participação pouco expressiva em relação ao total do
Estado: variação de 0,035%, percentual de Morretes; a 0,217%, Quatro Barras. O Produto
Interno Bruto/PIB per capita anual, em 1999, revelava a disparidade entre as economias
destes municípios: valores que vão de R$11.553,91 (onze mil e quinhentos reais) em São
José dos Pinhais; a R$2.616,89 (dois mil e seiscentos reais) em Antonina. Portando, um PIB
mensal per capita de R$962,82 em São José dos Pinhais; e de R$218,07 em Antonina.
Além da presença de segmentos importantes dos afloramentos rochosos da Serra do Mar,
Quatro Barras, Piraquara, e Campina Grande do Sul destacam-se como áreas de
mananciais, reservatórios de água para toda a Região Metropolitana de Curitiba, e por isso
mesmo municípios recortados por APAs e outras modalidades de Unidades de
Conservação, o que lhes determina o uso diferenciado do território, com restrições ao

24
Megawatt hora

85
desenvolvimento nos padrões convencionais vigentes. Ao mesmo tempo, têm pressão
demográfica acentuada por efeito da gestão da terra em Curitiba - que empurra para a
periferia e arredores a população em desvantagem social e econômica. Os quatro
municípios da Região de Curitiba contêm importantes áreas de mineração, e de reservas
minerais para a construção civil.

Antonina e Morretes, da microregião de Paranaguá, são cidades históricas, de forte apelo


turístico. Áreas com remanescentes de Floresta Atlântica são municípios que também têm
no fluxo de migrantes de Curitiba e arredores o maior fator determinante do crescimento
demográfico. Como os demais, têm porções significativas de seus territórios definidos como
UC e, portanto, submetidas à legislação ambiental que por enquanto apenas limita e
fiscaliza a ocupação do espaço e o uso convencional dos recursos naturais, sem políticas
efetivas de informação e de apoio na transição para o desenvolvimento de sociedades social
e ambientalmente sustentáveis.
Por conta das restrições ao desenvolvimento convencional que a presença das diferentes
unidades de conservação impõem a estes territórios, e como mecanismo de compensação,
estes municípios recebem um aporte adicional em suas receitas, nas transferências feitas
pelo Estado: o ICMS Ecológico. É um instrumento estadual legal, constitucional, que
assegura aos municípios com parte de seu território a integrar unidades de conservação
e/ou mananciais de abastecimento público tratamento especial quanto ao crédito na receita
do ICMS. Através deste instrumento, se destina 5% do ICMS total a estes municípios. O
valor da transferência dos recursos rateados é calculado de acordo com a importância e o
tamanho do fato ecológico protegido.
Segundo informações do IAP/setor responsável pelo cálculo do ICMS Ecológico, neste ano
de 2003, entre janeiro e junho, a transferência de recursos aos municípios da AEIT foi de R$
304.447,96, assim distribuídos:
Tabela 4 - Valores de Transferência de ICMS Ecológico para cada Município da AEIT do Marumbi
CAMPINA QUATRO SÃO JOSÉ DOS
ANTONINA MORRETES PIRAQUARA
GRANDE DO SUL BARRAS PINHAIS
R$ 80.049,84 R$ 74.629,55 R$ 92.746,18 Por enquanto, não R$ 57.022,39 Por enquanto, não
recebe pela UC recebe pela UC
Média mensal de Média mensal de Média mensal de estudada Média mensal de estudada.
R$13.341,64. R$12.438,26 R$ 15.457,69 R$9.503,73
Fonte: IAP

Este aporte de recursos é significativo para os seis municípios: na origem dos seus recursos
financeiros, as receitas predominantes são as transferências do Estado e as da União. Em
Antonina e Morretes, 1999, o impacto do ICMS Ecológico sobre o ICMS total foi de 30,98%
e 40,88% respectivamente. Importante observar que os seis municípios com territórios na
AEIT contêm áreas que entram na composição de outras unidades de conservação, pelas
quais também recebem ICMS Ecológico.

A porção territorial dos seis municípios que configuram a AEIT do Marumbi (Figura 1) é
100% rural, as manchas de ocupação antrópica são localizadas exclusivamente às margens
da UC e se caracterizam por atividades de pequenos produtores de subsistência e
extrativistas; chácaras e condomínios de recreio; turismo rural, esportivo e de aventura,
ainda nos moldes convencionais; iniciativas pontuais de investimento no ecoturismo;
reflorestamentos e agricultura comercial convencional; cultivo e comércio de ornamentais
exóticas e nativas; e iniciativas localizadas de agroecologia associadas ao movimento da
agricultura familiar no Estado, estimuladas pela EMATER, em parceria com associações
locais e instituições, governamentais e não governamentais.

86
Além de suas margens que abrigam atividades antrópicas, a AEIT exibe densa e complexa
vegetação florestal, nascentes, quedas d’água e bacias hidrográficas, sistema
magnificamente protegido por afloramentos rochosos de grande, médio e pequeno porte, a
Serra do Mar. Morretes, Antonina e Campina Grande do Sul são, nesta ordem, os
municípios com maior porção de território dentro da APA: juntos, representam 88% da área
total da UC.

Para obter as informações exclusivas do território da AEIT foram trabalhadas as


informações do Censo Demográfico do IBGE para 2000, desagregadas por setor censitário.
Com base nos mapas da aplicação dos formulários do Censo foram localizados os setores
correspondentes ao traçado da UC e então coletadas as informações apresentadas neste
item (Figura 4).

De acordo com este procedimento foram registrados e analisados dados de 16 setores


censitários rurais dos seis municípios, e produzidas informações agregadas para 52
comunidades neles situadas. Setores e comunidades assim se distribuem:
Tabela 5 - Setores Censitários e Comunidades da AEIT do Marumbi
Rio do Nunes, Cacatu e
ANTONINA Bacia do Cachoeira Distrito Cacatu - setor 3*
Mergulhão
Distrito Cachoeira - setor 2* Bairro Alto e Cachoeira

CAMPINA GRANDE DO Bacia do Capivari Sede - setor 35* Samambaia, Saltinho, Barro
SUL Branco, Rio Bonito, Rio Tucum,
Belisco, Cerrinho, Britador
Setor 36* Guaricana, Cachoeira,
Ribeirão Grande
Setor 37* Capivari, Ribeirão Vermelho,
Indiatuba
Setor 38* Jaguatirica
Setor 39* Pinheiros, Bela Vista, Figueira,
Água Amarela, Lajeado
Setor 40* Barra da Cruz

MORRETES Bacia do Nhundiaquara Distrito 10 - Porto de Cima Grota Funda, Corvo, Ferradura,
SJoão Graciosa, Prainha,
Setor 2*
Poço Preto, Entre Rios,
Itupava, Ipiranga, Formigueira.
Distrito 05 - Sede Pantanal, Fartura, Anhaia
Setor 10*
Setor 11* Cruz Alta, Ponte Alta, América
de Cima, América de Baixo
Setor 18* Pau Oco, Cabrestante,
Santana, Pedra Preta, Marumbi

PIRAQUARA Bacia do Iraí Setor 36* Mananciais da Serra

QIUATRO BARRAS Bacia do Iraí Setor 10* Chaminé e Rio do Meio


Setor 11* -

SÃO JOSÉ DOS PINHAIS Bacia do Rio Pequeno Distrito Borda do Campo de Morro do Meio
São Sebastião
Setor 19*

Fonte: Mapas dos setores censitários do IBGE e consulta com técnicos locais: Prefeituras, EMATER e IAP.

87
Figura 11 - Setores Censitários na AEIT do Marumbi

88
O número de moradores na AEIT do Marumbi é relativamente pouco expressivo: segundo
dados do IBGE/2000, agregados por setores censitários situados dentro área, 7.512
moradores habitavam os 66.722,99 km2 da AEIT, o que indica uma densidade demográfica -
índice dado pela relação número de moradores por quilômetro quadrado - de
aproximadamente 1,13 hab/km2.

Campina Grande do Sul, Morretes e Antonina são, nesta ordem, os municípios com os
destaques superiores, com 89% da população da UC. A densidade demográfica revela a
pouco expressiva ocupação humana na região: ela é maior em Campina Grande do Sul - 37
hab/km2 e Quatro Barras - 11,4 hab/km2. Em ordem decrescente, Morretes - 7,8 hab/km2;
Piraquara e Antonina - 3,1 hab/km2 cada uma; e São José dos Pinhais - 2,5 hab/km2,
completam a seqüência (Tabela 6). É na faixa de Campina Grande do Sul, Morretes e
Antonina, que as manchas das atividades antrópicas estão acentuadas.
2
Tabela 6 - Área dos Municípios, Número de Moradores em 2000 e hab/km
2
Municípios Área/km Moradores Densidade Demográfica
ANTONINA 223.352,5 704 3,1 hab/km2
CAMPINA GRANDE DO SUL 120.836,8 4.445 37,0 hab/km2
MORRETES 241.481,4 1.874 7,8 hab/km2
PIRAQUARA 41.653,1 131 3,1 hab/km2
QUATRO BARRAS 29.119,2 331 11,4 hab/km2
SÃO JOSÉ DOS PINHAIS 10.770,1 27 2,5 hab/km2
AEIT do Marumbi 667.213,1 7.512 11,3 hab/km2
Fonte: IAP/2003 e IBGE/2000

Unidade de Conservação imediatamente associada ao complexo Litoral do Paraná e Região


de Curitiba, os territórios que compõem a AEIT revelam influências da dinâmica destas
microrregiões e com elas mantém relações de interdependência geopolítica e econômica: a
COMEC, organismo governamental de coordenação do planejamento da Região
Metropolitana de Curitiba/RMC atua em Campina Grande do Sul, Quatro Barras, Piraquara e
São José dos Pinhais e mais 19 municípios, inclusive os do Vale do Ribeira, uma das
regiões que concentra os menores índices de desenvolvimento humano do Brasil.

Através do Sistema Integrado de Gestão e Proteção dos Mananciais da RMC, a COMEC


coordena o conselho formado por organismos do setor público, privado e sociedade civil
para a gestão dos mananciais, conselho em exercício desde 1999.

A Região Metropolitana de Curitiba tem a terceira maior concentração de produtores de


hortaliças do Brasil: 60% deles entre São José dos Pinhais e sua vizinha, Colombo. Cultivo
convencional, de alto impacto ambiental devido ao uso intensivo de adubos químicos,
agrotóxicos, e constantes revolvimentos no solo (NASCIMENTO, 2000).

De modo geral, os municípios da RMC são os mais importantes receptores da migração


estadual: Curitiba expulsa na direção dos municípios contíguos 68,3% dos migrantes que
recebe. E são os municípios vizinhos, da região de Curitiba e do Litoral, que se constituem
em áreas de fixação dos migrantes, com destaque para São José dos Pinhais e Piraquara
(KLEINKE et alli, 2000).

O Conselho do Litoral coordena o programa de desenvolvimento do litoral, o que inclui as


cidades de Antonina e Morretes. Territórios que integram o Litoral do Paraná, os dois
municípios fazem parte de uma nova fronteira de ocupação que tem em Guaratuba,
Matinhos e Pontal do Paraná, municípios vizinhos e balneários, suas maiores expressões:

89
mais que pelo crescimento vegetativo, relativamente estabilizado em linha descendente, a
dinâmica de sua população é fortemente caracterizada pelos fluxos migratórios.

Nos dois recortes, Região de Curitiba e Litoral do Paraná, vale observar que os atuais
moradores dos domicílios rurais se diferenciam do rural tradicional onde a atividade
extrativa, agrícola e de criação de animais de produção eram praticamente exclusivas. Sua
característica é a diversificação de atividades a incluir: prestação de serviços nas rodovias
postos de gasolinas, restaurantes, hotéis e pousadas, borracharias e afins; prestação de
serviços de turismo e lazer; diaristas em cultivos vizinhos; assalariados mensalistas em
chácaras; pequeno comércio de beira de estrada alimentos e artesanato, plantas
ornamentais e cernes de madeira; pequenas indústrias de transformação - farinha de
mandioca, passas e balas de banana, compotas e doces em pasta, mel e alambiques - e
chacareiros, uma população crescente formada por aposentados, ex-moradores urbanos,
que buscam na vida campestre o conforto da qualidade de vida junto à natureza.

Segundo o Censo Demográfico de 2000, divulgado pelo IBGE, o território da AEIT está
ocupado por aproximadamente 7.512 pessoas distribuídas em 1.974 domicílios
permanentes, numa relação de 3,8 moradores por domicílio, sendo 68,9% dos domicílios na
condição de imóvel próprio e 26,2% na condição de cedido. Destes, 79% cedidos pelo
empregador, fenômeno característico de áreas de chácaras de lazer e da transferência de
propriedades, onde o antigo proprietário passa a prestar serviço ao novo na condição de
caseiro, a desenvolver atividades agrícolas de pequeno porte.

Poços ou nascentes são a principal fonte de abastecimento de água nas moradias


localizadas no interior da AEIT (72,0%), a maioria delas com água canalizada da fonte até a
propriedade. O abastecimento de água via rede geral corresponde a 28% (Tabela 7).
Tabela 7 - Domicílios: Condição de Ocupação e Abastecimento d’Água
DOMICILIOS PARTICULARES DESTINO DO LIXO

Fossa Rio Banheiro


MUN. LOC. Banh/ Rede Fossa Cole- Quei- Enter Terreno Rio,
rudi- Vala lago lago
san esgoto séptica tado mado rado baldio mar
mentar mar Com Sem

ANT 5 140 - 102 24 12 1 130 41 101 73 7 - -


CGS 21 1.081 24 302 504 131 116 903 67 301 707 93 36 -
MOR 22 499 2 348 92 4 1 392 11 167 216 56 28 -
PIR 1 30 - 1 29 - - 22 - 12 17 1 - -
Q BAR 2 87 - 73 2 12 - 72 1 59 16 11 1 -
SJP 1 7 - 3 4 - - 6 1 6 1 - - -
APA 52 1.844 26 829 655 159 118 1.525 121 646 1030 168 65 -
Fonte: IBGE. CDROM Agregados por Setores Censitários, 2000

No aspecto sanitário, 93,4% dos domicílios têm banheiro ou sanitário (Tabela 8). O IBGE,
fonte destas informações, entendeu por banheiro o “cômodo que dispunha de chuveiro ou
banheira e aparelho sanitário”. E por sanitário o “local limitado por paredes de qualquer
material, coberto ou não por um teto, que dispunha de aparelho sanitário ou um buraco para
dejeções”. Destes, apenas 1,4% estão ligados à rede de esgoto, praticamente todos - 24 de
26 - em Campina Grande do Sul.

Ainda do ponto de vista do esgotamento sanitário, 45% dos domicílios conta com fossa
séptica e 35,5% com fossa rudimentar. Entende-se por fossa rudimentar a também
chamada fossa negra, poço ou buraco. A vala, também conhecida como esgoto a céu
aberto, responde por 8,6% dos canais de esgotamento sanitário. Os cursos d´água próximos

90
- rio, lago ou mar - são o destino dos dejetos de 6,4% dos banheiros ou sanitários na AEIT.
Ao se associarem as condições inadequadas evidenciadas pela utilização da fossa
rudimentar, vala, e cursos d’água, tem-se aproximadamente 55% dos domicílios nesta
situação (Tabela 8), a maioria concentrada em Campina Grande do Sul, onde se encontram
76,9% das fossas rudimentares, 82,4% das valas e 98,0% dos depósitos em rios e lagos.

Proporcionalmente ao número de domicílios, pertence às comunidades de Rio do Meio e


Chaminé, ambas em Quatro Barras, o melhor desempenho quanto a destinação adequada
dos esgotamentos sanitários, com 83,9% dos domicílios com fossa séptica instalada. Em
contrapartida, é alta a incidência das fossas negras na comunidade dos Mananciais da
Serra, em Piraquara: 96,7% dos domicílios nesta condição.
Tabela 8 - Domicílios: Banheiros, Sanitários e Destino do Lixo
DOMICILIOS PARTICULARES DESTINO DO LIXO
MUN. LOC. Fossa Rio Rio
Banh/ Rede Fossa Cole- Quei- Enter Terreno
rudi- Vala lago Banheiro lago
san esgoto séptica tado mado rado baldio
mentar mar mar
ANT 5 140 - 102 24 12 1 130 41 101 73 7 - -
CGS 21 1.081 24 302 504 131 116 903 67 301 707 93 36 -
MOR 22 499 2 348 92 4 1 392 11 167 216 56 28 -
PIR 1 30 - 1 29 - - 22 - 12 17 1 - -
Q BAR 2 87 - 73 2 12 - 72 1 59 16 11 1 -
SJP 1 7 - 3 4 - - 6 1 6 1 - - -
APA 52 1.844 26 829 655 159 118 1.525 121 646 1.030 168 65 -
Fonte: IBGE. CDROM Agregados por Setores Censitários, 2000

Em relação ao destino do lixo, apenas 32,7% dos domicílios dispõem de algum tipo de
serviço de coleta, direta ou por caçamba. Queimar enterrar ou simplesmente jogar em
terrenos baldios é a prática alternativa em 67% dos demais domicílios, com destaque para a
primeira delas, a queimada (Tabela 8). Não há lixo jogado em cursos d’água.

Fatos que chamam a atenção neste universo de domicílios: os números, quase tribais, de
moradores por domicílio, característica dos antigos domicílios rurais, cedem a vez para um
território onde a relação é semelhante à situação urbana, com aproximadamente 3,8
moradores por moradia; há um percentual expressivo de domicílios com apenas um
morador - 10,5% deles; e um índice surpreendente: quase 10% dos domicílios não têm
moradora mulher (Tabela 9).
Tabela 9 - Domicílios Particulares: Especificidades
DOMICÍLIOS PARTICULARES
MUNICÍPIOS LOCALIDADES Com + de 10 Com zero Com zero morador
Com 1 morador
moradores morador homem mulher
ANTONINA 5 27 5 11 25
C.G.SUL 21 93 7 45 91
MORRETES 22 75 8 34 60
PIRAQUARA 1 3 2 1 3
Q.BARRAS 2 9 - 4 11
S.J.PINHAIS 1 1 - - 1
APA 52 208 22 95 191
Fonte: IBGE. CDROM Agregados por Setores Censitários, 2000

91
Das 1.966 pessoas declaradas como responsáveis pelos domicílios situados na AEIT
(Tabela 10), 45,7% são alfabetizadas e 13,7% são mulheres. O grupo etário constituído por
pessoas com mais de sessenta anos representa quase 18% dos responsáveis pelos
domicílios, a reproduzir uma situação presente na sociedade brasileira, onde é cada vez
maior o número de famílias que dependem da aposentadoria dos mais velhos, no caso
aposentadorias rurais, para a sua manutenção. Mananciais da Serra, em Quatro Barras, é a
comunidade com a maior incidência proporcional de domicílios cujos responsáveis têm mais
de 60 anos: 26,4%. Adolescentes como chefes de família ocorre em 1,6% dos domicílios.
Eles se concentram em Campina Grande do Sul, com maior incidência de casos em Rio
Vermelho, Bela Vista e arredores.
Tabela 10 - Características das Pessoas Responsáveis pelos Domicílios
PESSOAS RESPONSÁVEIS PELOS DOMICÍLIOS
Sem instrução e menos de 1
MUNIC. LOCAL. MULH.ALF 10 a 19 60 anos
TOTAL ALFAB. MULHERES ano de estudo
. anos e+
Total Mulheres
ANT 5 181 154 21 16 6 38 37 5
CGS 21 1149 968 148 91 21 179 196 59
MOR 22 510 179 82 69 3 98 51 14
PIR 1 30 27 5 5 1 4 6 -
Q BAR 2 88 68 13 6 - 23 19 7
SJP 1 8 3 - - - 3 5 -
APASM 52 1966 899 269 187 31 345 314 85
Fonte: IBGE. CDROM Agregados por Setores Censitários, 2000

Dentre os responsáveis pelos domicílios, aproximadamente 16% não têm instrução formal
ou têm menos de um ano de escolaridade. Neste grupo, as mulheres são minoria, 4,3%; isto
é, no conjunto dos responsáveis pelos domicílios na AEIT as mulheres com escolaridade
formam um subconjunto mais representativo.

Do ponto de vista do rendimento mensal (Tabela 11), o quadro obtido para os responsáveis
pelos domicílios na AEIT indica aproximadamente 36,70% de chefes de família - 701 num
universo de 1966 - nos grupos sem rendimento ou rendimentos de até 1 salário mínimo.
Tabela 11 - Pessoas Responsáveis pelos Domicílios - Rendimento Mensal
Ate ½ ½a1 1a2 2a3 3a5 5 a 10 + de SEM RENDIMENTO
MUNICÍPIOS LOCALIDADES
SM SM SM SM SM SM 10 SM TOTAL MULHERES
ANTONINA 5 3 61 37 11 18 21 21 20 1
C.G.SUL 21 10 284 338 163 176 87 87 63 16
MORRETES 22 4 161 137 62 52 36 36 41 9
PIRAQUARA 1 - 1 10 4 1 1 - 9 2
Q.BARRAS 2 2 26 28 7 8 3 1 13 2
S.J.PINHAIS 1 - 3 4 1 - - - - -
APASM 52 19 536 554 248 255 148 18 146 30
Fonte: IBGE. CDROM Agregados por Setores Censitários - 2000

No Paraná este índice é de 26,0% e no Brasil 33,53%. Nas APAs no Litoral do Paraná, Vale
do Ribeira e Região de Curitiba, exceto Curitiba, a situação se repete, agravada em
Guaraqueçaba, onde o mesmo índice é de 56,89%. Se a este segmento somar-se os que
obtêm rendimento mensal entre um e dois salários mínimos, tem-se 64% dos chefes de

92
família com rendimentos insuficientes para sobreviver numa economia de mercado. Este
dado é especialmente importante porque evidencia a dependência deste segmento dos
moradores das atividades extrativistas e da prática da agricultura de subsistência para a
reprodução social da família.

Na composição da população por sexo, observa-se a ligeira predominância da população


masculina sobre a feminina. Por grupos etários, fica evidente a importância quantitativa da
população bem jovem, com 44,8% deles com idades entre zero e 19 anos (Tabela 12).
Tabela 12 - Pessoas Residentes por Sexo e Grupos Etários
Total 7.512 100,0%
Mulheres 3.584 47,7%
Homens 3.928 52,3%
0 a 4 anos 905 12,0%
5 a 9 anos 802 10,7%
10 a 14 anos 821 11,0%
15 a 19 anos 833 11,1%
20 a 24 anos 710 9,4%
25 a 29 anos 590 7,9%
30 a 34 anos 510 6,8%
35 a 39 anos 484 6,4%
40 a 44 anos 398 5,3%
45 a 49 anos 360 4,8%
50 a 54 anos 298 4,0%
55 a 59 anos 234 3,1%
60 a 64 anos 204 2,6%
65 a 69 anos 155 2,1%
70 anos e + 216 2,8%
Fonte: IBGE. CDROM Agregados por Setores Censitários - 2000

O outro extremo - o dos moradores com mais de sessenta anos - participa com 7,5% do
total, a destacar que neste grupo estão 18% dos responsáveis pelas famílias locais que as
sustentam com sua aposentadoria. A maioria da população residente na AEIT é
alfabetizada, 74,9%, sendo o número de homens alfabetizados superior ao das mulheres
(Tabela 13).
Tabela 13 - Pessoas Residentes: Taxas de Alfabetização
PESSOAS RESIDENTES MULHERES RESIDENTES HOMENS RESIDENTES
MUNICÍPIOS Localidades
TOTAL ALFAB. TX.ALF. TOTAL ALFAB. TX.ALF. TOTAL ALFAB. TX.ALF.
ANTONINA 5 704 555 78,9 341 256 75,1 363 299 82,4
C.G.SUL 21 4.445 3.265 73,4 2.112 1.513 71,6 2.333 1752 75,1
MORRETES 22 1.874 1.454 77,6 911 703 77,2 963 751 78,0
PIRAQUARA 1 131 88 67,2 63 39 61,9 68 49 72,1
Q.BARRAS 2 331 249 75,2 143 106 74,1 188 143 76,1
S.J.PINHAIS 1 27 13 48,1 14 7 50,0 13 6 46,1
APASM 52 7.512 5.624 74,9 3.584 2624 73,2 3.928 3.000 76,6
Fonte: IBGE. CDROM Agregados por Setores Censitários, 2000

93
É importante acentuar que, de maneira geral, a idéia de abrigar unidades de conservação
aparece para os municípios da AEIT como restrição ao desenvolvimento local. Para
moradores e administradores, abrigar bens naturais de interesse coletivo é um fato, na
prática, por enquanto experimentado como uma punição. A região da AEIT que recorta os
mananciais, especialmente a de Piraquara, mas também a de Quatro Barras e de Campina
Grande do Sul, carrega o ônus de ser o lugar onde ainda há água de boa qualidade, o ônus
de ser o manancial da Serra. E, de acordo com os valores locais, isso tem um custo, o custo
de não poder se desenvolver da mesma maneira que os demais municípios.

Este conjunto de municípios que abriga inúmeras áreas protegidas para assegurar o
abastecimento de água para os que já contaminaram suas próprias fontes, e a preservação
das áreas que os nativos mantiveram intactas, “para os de fora, porque não querem a gente
aqui”, contraditoriamente desempenhou o papel de “colchão amortecedor” para a população
pobre, aquela que não pode se estabelecer em Curitiba. Fazer “vistas grossas” à legislação
incidente sobre a área dos mananciais, na Região de Curitiba, e deixar que a população
pobre ali se instalasse foi uma possibilidade porque, até recentemente, para o mercado
imobiliário, estas áreas eram sem valor, sofriam restrição de uso, não podiam ser loteadas,
ocupadas e vendidas.

Assim, explodiram as populações de Piraquara, Colombo e São José dos Pinhais, parte e
entorno da AEIT, abrigando a mão de obra barata que apenas mora na região, não produz
nem consome nela. Ali ocorreu uma dinâmica onde numa ponta havia uma restrição mal
vista pelos municípios, e na outra uma legislação não cumprida pelo Estado. A animosidade
foi gerada. Conter unidades de conservação significa, de maneira geral, para os
administradores municipais, “perder oportunidades”. Nos anos recentes, o afrouxamento e a
alteração da legislação que incidia sobre as áreas dos mananciais, medida governamental
determinada para viabilizar a instalação das montadoras de automóveis, transformou estas
áreas em três APAs. A medida favoreceu especialmente São José dos Pinhais. E o capital
imobiliário.

A figura legal de uma APA parece ser pouco compreendida: diferentemente dos parques,
não se trata de uma área desapropriada pelo Estado para ser protegida. Trata-se de uma
disciplinação mais rigorosa de uso numa área que continua privada, mas é de interesse
público. A municipalidade sofre pressão do setor privado que não assimila a interferência do
Estado em seu domínio. As APAs são compostas por fragmentos de municípios, o que
dificulta a gestão interna (no mesmo município territórios submetidos a legislação
diferenciada) e a gestão externa, compartilhada. Geram cobranças que os municípios não
estão capacitados a responder, sem recursos técnicos nem financeiros.

O turismo, destacado como vocação natural das regiões de beleza cênica e diversidade
cultural até por evidências localizadas de seu potencial como atividade socioambientalmente
sustentável, não é uma unanimidade, encontra restrições particularmente entre aqueles com
interesses e/ou raízes na agricultura e no extrativismo. Estes expressam intolerância frente
à possibilidade de ter o espaço invadido por estranhos que, segundo eles, “por onde
passam estragam tudo”, “fazem do lugar um depósito de lixo”, “acham que porque a gente
planta, a gente destrói a natureza”. “Não queremos limpar latrinas usadas por
desconhecidos”. “Sempre rezamos nossas missas nos morros, mais perto de Deus. Agora,
por conta de ser área de preservação, é proibido”. “Por causa do turista, que vem pra fazer
sujeira e bagunça”.

À exceção de empreendedores localizados, decididos a fazer valer o que percebem como


um bom negócio; e de grupos de montanhistas formados por não moradores, são estes os
pensamentos que informam as atitudes de resistência à idéia de unidades de conservação e
ao desenvolvimento do turismo a elas associado. Em contrapartida, os que estão a investir

94
no turismo revelam receios frente a políticas que estimulem a expansão da agropecuária
comercial e da agricultura familiar: iniciativas desta ordem “reduziriam o potencial regional
para o desenvolvimento do turismo”, que é a “vocação natural da região”.

A população, em geral, quer trabalho e renda. Sua visão de futuro é alimentada pelos
diversos cultos religiosos que, a exemplo do que ocorre na sociedade brasileira, urbana e
rural, se multiplicam em progressão geométrica. Na AEIT do Marumbi, os agrupamentos
religiosos mais significativos e influentes são a Convenção Batista, as Testemunhas de
Jeová, a Assembléia de Deus, a Congregação Cristã, a Igreja Pentecostal, a Igreja Católica
e a Federação Espírita/União Espírita. No litoral, a maçonaria, sociedade parcialmente
secreta, muito antiga, que articula lideranças com o objetivo de desenvolver o princípio da
fraternidade e da filantropia, também é influente. Somam-se a estes inúmeros agrupamentos
menores, dentre eles as sincréticas tendas de umbanda e afins que realizam seus rituais
nas áreas naturais, privilegiadamente ao longo da Estrada da Graciosa, em pontos de
encruzilhadas, cachoeiras e corredeiras.

Nas atividades agrícolas comerciais observam-se novas tendências: com a crise na


comercialização do gengibre convencional, seu cultivo é substituído pelo de não-
madeiráveis, especialmente palmáceas, palmeira real e pupunha. O avanço do cultivo sem
agrotóxicos, com mais de uma centena de produtores certificados e grupos temáticos de
estudo e programação de produção em formação, liderados pelo Pólo de Agroecologia,
fórum que reúne governamentais, não governamentais e empreendedores em interação
para organizar e qualificar a produção, conquistar mercados, fixar os moradores do campo
no campo e conservar o ambiente.

Na agricultura de subsistência, a informação do potencial do cultivo com tecnologias não


agressivas têm ressonância até por memória cultural, a refazer o percurso dos ancestrais.
Há uma tendência para a diversificação de produtos e de canais de subsistência, a combinar
as possibilidades da agroecologia: cultivo da matéria-prima, transformação agroindustrial de
pequeno porte, artesanato, organização social e roteiros de turismo rural.

No setor imobiliário, o grande diferencial atual é que onde antes não havia interesse, hoje
há. E isto é mais uma frente de conflito. As terras que não valiam nada, agora valem: há
uma tendência de mudança do perfil da ocupação da Região de Curitiba, uma tendência de
“melhorar” o padrão de ocupação, de instalar o “uso nobre”, com a construção de
condomínios de luxo, e a implantação de investimentos turísticos mais e menos sofisticados,
uma tendência interessante para as administrações municipais. Para onde serão
(re)empurrados os pobres? O que sobrará para este grupo? Provavelmente, a faixa
litorânea, a Serra do Mar.

É preciso muita atenção para que, ao disciplinar o uso da terra na AEIT do Marumbi, não
sejam geradas restrições que se constituam em futuros “vazamentos” a atingir novas áreas
naturais. Nas frentes de expansão das cidades, nos pontos de atração turística e ao longo
das estradas, o atendimento ao Estatuto da Cidade e a elaboração de um Plano Diretor
Municipal, disciplinando eixos de expansão urbana, áreas mínimas para lotes25 e áreas
máximas de construção, são instrumentos legais que podem assegurar a conservação dos
recursos naturais e impedir a luxúria do capital imobiliário.

Configuram-se, assim, três frentes de preocupações a integrar um Plano de Manejo para a


área: a frente institucional, a do capital imobiliário, e a da compatibilização das atividades

25
deverão ser seguidas as normas da Instrução nº 17b/80/INCRA, Portaria nº 32/89 e Portaria MA nº 168/89
referente a fração mínima de parcelamento do solo rural.

95
agropecuárias, da agricultura familiar e de subsistência com o desenvolvimento do turismo,
e toda a rede de serviços integrados/gerados pelo setor.

Como as prefeituras, o conjunto dos moradores igualmente não tem informação nem apoio
para a transição cultural, para a conversão econômica e para a gestão política que a
.implantação de uma APA exige. Sem tradição associativa, apenas sentem o peso das
restrições. É preciso tempo e programas especiais para a identificação e construção
conjuntas - setor público, privado e sociedade civil - de alternativas para a mudança.

Nas manchas de ocupação antrópica da AEIT do Marumbi predominam as pequenas


propriedades com cultivo de subsistência, criação de aves caseiras e de pequenos animais,
e a pequena produção de olerícolas. Há experiências inovadoras de empreendedores
isolados, localizados, com pousadas, pesque-e-pagues, espaços de lazer e aventura,
agroindústria alimentar, artesanato em barro e fibras, plantios diversificados de frutas e
cultivo de ornamentais. Associado à venda de artesanato, se desenvolve a extração e
comercialização de cernes de troncos. Mas a produção convencional, o comércio
convencional e a prestação de serviços convencionais é que têm assegurado rentabilidade
às atividades econômicas. É preciso tempo e investimento para a identificação e
disseminação de alternativas, para a descoberta de outros caminhos, e para a consolidação
dos novos empreendimentos políticos e econômicos.

A questão do escoamento da produção é tão fundamental quanto a identificação de


matérias-primas locais que possam ser manejadas para “alimentar” as novas atividades. A
pobreza é grande e crescente, e hoje assume a configuração de ameaça concreta não só à
segurança pública e individual: ela é ameaçadora também por representar o horizonte
visível a setores cada vez maiores da classe média. Assalariar ainda é a maneira conhecida
mais ágil para resolver a questão da miséria. A instalação de indústrias, a instalação de
fábricas, é a maneira mais conhecida para dar conta do assalariamento, da geração de
renda e do aumento nas receitas municipais, via arrecadação direta. A recente abertura
viária do Contorno Leste favorece esta solução.

Na porção interna do território da AEIT, investimentos industriais devem ser evitados. Mas
no entorno da UC - Região de Curitiba - eles não apenas estão previstos, como se
configuram como necessários. Devem ser tomadas medidas para que os municípios
respondam seus desafios de desenvolvimento com empreendimentos economicamente
eficientes, ecologicamente prudentes e que revelem atenção à eqüidade social. Entende-se
aqui por eqüidade social a capacidade de responder às diferenças sociais com políticas e
ações diferenciadas, de modo a assegurar oportunidades iguais para todos.

O Plano Diretor de Campina Grande do Sul, município que tem a área de maior densidade
demográfica da AEIT do Marumbi, e que acompanha a BR-116, prevê um ”setor de
serviços” nesta linha, com vistas à geração de trabalho e renda para a crescente população
local; e investimentos na urbanização das três maiores comunidades locais: Paiol de Baixo,
Barragem e Jaguatirica, as duas últimas dentro da UC. A Agência de Desenvolvimento da
Mesorregião Ribeira/Guaraqueçaba articula uma cadeia produtiva de madeira na região de
Campina Grande do Sul, Bocaiúva do Sul, Tunas, Adrianópolis e Cerro Azul, áreas fora da
APA, mas em sua vizinhança imediata e com repercussões na dinâmica populacional local.

O grau de eficácia dos processos de gestão estará relacionado ao esforço conjunto de


moradores, prefeituras, empreendedores privados e instituições públicas, governamentais e
não-governamentais. A convergência de moradores e prefeituras será proporcional à
compreensão de que os resultados efetivamente têm valor para a sua vida e para o
desenvolvimento do lugar.

96
6.2 Indicadores Temáticos Municipais

6.2.1 INDICADORES DEMOGRÁFICOS

O predomínio da urbanização é a marca deste conjunto de municípios, de resto tendência


da maioria das sociedades atuais (Tabela 14).
Tabela 14 - População Residente por Domicílio e Sexo - Paraná/Mesorregião / Microregião/Municípios da AEIT
do Marumbi em 2000
População 2000 Urbana Rural
Total Homens Mulheres Total Homens Mulheres Total Homens Mulheres

Paraná 9.563.458 4.737.420 4.826.038 7.786.084 3.786.08 3.984.067 1.777.374 52,6 841.971

% 100,0 49,5 50,5 81,4 48,8 51,2 18,6 935.403 47,4

RMC 3.053.313 1.499.659 1.553.654 2.764.921 1.348.072 1.416.849 288.392 151.587 136.805

% 100,0 49,1 50,9 90,6 48,8 51,2 9,4 52,6 47,4

MR Curitiba 2.662.441 1.301.422 1.361.019 2.487.517 1.209.947 1.277.570 174.924 91.475 83.449

% 100,0 48,9 51,1 93,4 48,6 51,4 6,6 52,3 47,7

C. Grande do 34.566 17.570 16.996 25.973 13.070 12.903 8.593 4.500 4.093
Sul

Piraquara 72.886 37.662 35.224 33.829 16.874 16.955 39.057 2.088 18.269

% 53,6

Quatro Barras 16.161 8.140 8.021 14.520 7.257 7.263 1.641 883 758

SJPinhais 204.316 102.412 101.904 183.366 91443 91.923 20.950 10.969 9.981

MRParanaguá 235.840 118.709 117.131 209.224 104.456 104.768 26.616 14.253 12.363

% 100,0 50,3 49,7 88,7 49,9 50,1 11,3 53,6 46,4

Antonina 19.174 9.629 9.545 15.837 7.860 7.977 3.337 1.769 1.568

Morretes 15.275 7.854 7.421 7.153 3.570 3.583 8.122 4.284 3.838

% 53,2

Municípios da 362.378 183.267 179.111 280.678 140.074 140.604 81.700 43.193 38.507
APA

% 100,0 50,6 49,4 77,4 49,9 50,1 22,6 52,9 47,1

Fonte - Dados brutos Censo Demográfico 2000 CD ROM: IBGE, 2002

Na contramão das taxas de urbanização significativas estão os municípios de Morretes, na


microregião do Litoral; e Piraquara, na microregião de Curitiba, que apresentam populações
rurais mais expressivas que o grupo urbanizado. Cumpre observar que Piraquara passa a
ter este desempenho apenas depois de 1991, quando Pinhais, originalmente bairro de
Piraquara, conquista foro de município. Até aquela data exibia uma taxa de urbanização
superior a 80%. Um padrão relativamente homogêneo também se observa na composição
da população por sexo: ligeira predominância da população feminina nas áreas urbanas, e
masculina nas áreas rurais, em todos os municípios.

No Litoral do Paraná, desde 1980 Antonina se destaca como um dos três municípios com
taxas relativamente superiores de crescimento anual da população (os outros dois são
Guaratuba e Matinhos). Como pode ser observado na Tabela 15, entre 1980 e 1991
Antonina cresceu respectivamente a taxas de 0,42% a.a., e 1,31% a.a.

97
Tabela 15 - Distribuição da População: Taxas de Crescimento e Densidade, segundo IBGE 2000
Taxas de crescimento
Taxas de crescimento Densidade Taxa de
Área População total Densidade
demográfica urbanização
km2 Urbana Rural demográfica
1991/2000 1991/2000 rural 2000 2000
1980/1991 1991/2000
RMC 2,84 3,13 3,28 1,82 132,67 90,56
Antonina 968,98 0,42 1,31 1,38 1,01 19,79 82,60
C.G do Sul 544,22 6,38 6,73 8,33 2,97 63,51 75,51
Morretes 686,59 - 0,07 1,71 1,63 1,78 22,25 12,28 46,83
Piraquara 226,33 -7,09 9,89 6,39 14,17 322,03 46,40
Q. Barras 179,67 5,23 5,52 6,72 -1,48 89,95 89,84
SJ Pinhais 945,61 5,51 5,43 5,69 3,43 216,07 27,50 89,75
Municípios
3.551,40 102,03 77,45
da APA
Fonte: IBGE/IPARDES - Dados brutos, 2000.

Morretes, que apresentava crescimento negativo na década 80/90 (-0,07% a.a.) retoma o
crescimento na década seguinte: 1,71% a.a. Desdobradas as informações para população
urbana e rural, observa-se variação positiva no crescimento da população rural, revertendo
a tendência até então histórica de perda de população - à exceção de Quatro Barras, na
Região de Curitiba, onde se destacam os índices de crescimento em Piraquara, 14,17%
a.a.; São José dos Pinhais, 3,43% a.a.; e Campina Grande do Sul, 2,97% a.a.

É importante assinalar que neste crescimento há uma qualificação diferenciada da


população rural: os atuais moradores dos domicílios rurais se diferenciam do rural
tradicional, onde a atividade extrativa, agrícola e de criação de animais de produção eram
praticamente exclusivas. Porção crescente desta população é formada por ex-moradores
urbanos que mantém seu trabalho na metrópole, e escolhem morar nos arredores; e
aposentados que se transformam em chacareiros, ao encontro de melhor qualidade de vida.
A população rural se caracteriza por uma diversificação de atividades que inclui desde a
mineração até a prestação de serviços nas margens das rodovias; prestação de serviços na
área do turismo e do lazer, diaristas, assalariados mensalistas em chácaras; pequeno
comércio de beira de estrada (alimentos e artesanato), pequenas indústrias de
transformação - farinha de mandioca, passas e balas de banana, compotas e doces em
pasta, mel e alambiques.

Uma outra dinâmica a ser destacada é a rede de agricultores que se articula e se organiza a
partir do Pólo de Agroecologia, presente tanto na microregião de Curitiba, sob liderança da
AOPA (Associação da Agricultura Orgânica do Paraná); quanto na microregião de
Paranaguá/Litoral, numa iniciativa da EMATER/PR.

O Pólo de Agroecologia reúne sete prefeituras, associações de apicultores, associações de


produtores rurais, instituições governamentais e não-governamentais, empresas de
certificação, empreendedores privados, instituições de pesquisa e agência de
desenvolvimento, num total de trinta e cinco parceiros.

A experiência tem por objetivo o fomento do desenvolvimento local segundo padrões de


eficiência econômica, prudência ecológica e eqüidade social, orientado por critérios e
processos de certificação. Em pouco mais de três anos de existência, o resultado deste
empenho se traduz em 360 produtores e aproximadamente 600 ha com cultivos sem
agrotóxicos. Dentre os principais cultivos destacam-se olerícolas, banana, maracujá,
gengibre, mandioca, arroz, milho e taiá.

98
Desde a década de 60, constatam-se alterações na estrutura etária da população brasileira,
mais especialmente na Região Sul do país, alterações aparentemente resultantes de queda
nos níveis de fecundidade (IBGE, 2000). Entre os anos 1980 e 2000, observa-se redução
proporcionalmente significativa no número de crianças de 0 a 14 anos na população total.
Ao mesmo tempo, um aumento da proporção da população em idade ativa, entre 15 a 64
anos, e da população com 65 anos e mais.

Tabela 16 - Composição da População Residente por Grupos Etários e Índice de Envelhecimento dos Municípios
da AEIT do Marumbi em 2000
População 0 a População 15 a População 65 Índice de Razão de
14 anos 64 anos anos e + Envelhecimento(1) dependência(2)
Urbana Rural Urbana Rural Urbana Rural Urbana Rural Urbana Rural
Antonina 4.840 1.113 9.772 2.017 1.225 207 7,74 6,20 62,07 65,44
C.G. do Sul 8.570 2.757 16.653 5.439 750 397 2,89 4,62 55,97 57,99
Morretes 2.029 2.617 4.583 4.957 541 548 7,56 6,75 56,08 63,85
Piraquara 11.016 13.288 21.550 24.781 1.263 988 3,73 2,53 56,08 63,85
Q.Barras 4.532 525 9.443 1.050 545 66 3,75 4,02 53,76 56,29
S.J.Pinhais 55.907 6.209 12.1084 13.676 6.375 1.065 3,48 5,08 51,44 53,19
Municípios da
86.894 26.509 183.085 51.920 10.699 3.271 3,81 4,00 53,30 57,35
APA
(1) Índice de envelhecimento: proporção de idosos (65 e +) sobre a população total.
(2) Razão de dependência: percentual de idosos e crianças (0 a 14 e 65 e+) sobre a população de 15 a 64 anos
Fonte - Dados brutos Censo Demográfico 2000 CD ROM: IBGE, 2002

No Litoral do Paraná e na Região de Curitiba, estas modificações são igualmente


observadas, o que pode indicar uma tendência de estabilização do crescimento vegetativo
da população, o que significa que acréscimos populacionais serão predominantemente
resultantes de movimentos migratórios, relacionados com perdas nas regiões de origem. A
distribuição etária e por sexo da população, e sua tendência, é informação básica para a
formulação de políticas públicas de atendimento à população feminina em idade fértil, 15 a
49 anos, às crianças de 0 a 5 anos, através dos serviços de saúde materno-infantil, à
população em idade escolar de 7 a 14 anos, com serviços voltados à educação; serviços de
saúde e de lazer para a melhor idade - a população acima de 65 anos - e políticas de
geração de trabalho e renda.

Nos seis municípios com porções territoriais na AEIT (Tabela 16), 31,3% da população total
faz parte do grupo entre zero e 14 anos de idade. E 3,9% dos com 65 anos e mais. Nos
mesmos grupos, a situação rural apresenta ligeira superioridade sobre a urbana: 32,4% rural
e 30,9 urbana, na faixa de zero a 14 anos; e 4,0% rural para 3,8% urbana, na faixa de 65
anos e mais. No grupo intermediário, da população entre 15 e 64 anos de idade,
considerado o grupo da população economicamente ativa, a situação se inverte: a
predominância é do grupo urbano (65,2%) sobre o rural (63,5%).

A superioridade das ofertas de trabalho do ambiente urbano explica este desempenho. Em


decorrência, o indicador razão de dependência, que mede exatamente a relação entre a
população economicamente não ativa e a economicamente ativa, é maior na zona rural. No
entanto, esta informação é relativa: sabe-se que a responsabilidade de 18% das famílias
rurais recai sobre os aposentados.

99
6.2.2 INDICADORES SOCIAIS

6.2.2.1 Indice de Desenvolvimento Humano (IDHM) nos Municípios da AEIT do


Marumbi
O índice de Desenvolvimento Humano (IDHM) é calculado com base nos indicadores
longevidade, educação e renda. É considerado como sendo de alto desenvolvimento os
município que apresenta um IDHM >=0,8; médio desenvolvimento o de IDHM >= 0,65 e <
0,8; médio inferior o de IDHM >= 0,5 e < 0,65; e baixo desenvolvimento o de IDHM < 0,5.

Ao mesmo tempo que apontam as áreas onde há carência, suficiência, melhor e menor
aproveitamento dos investimentos sociais, públicos e/ou privados - e portanto orientam
programas de aplicação de recursos - os IHDMs também atraem empreendedores por
sinalizarem áreas onde o capital humano é melhor qualificado. O capital humano é
constituído no mundo da cultura, contém o universo simbólico e emocional, o saber fazer e
os conhecimentos; é desenvolvido no processo educacional e pelo sistema de saúde; pela
capacidade de produção e de consumo; pela capacidade intelectual e criatividade do grupo
social (ORGANIZATION FOR ECONOMIC COOPERATION AND DEVELOPMENT, 2000).

No conjunto dos municípios que constituem a AEIT, entre 1991 e 2000, o acesso à
educação foi o maior responsável pelo aumento do IDHM (Tabela 17). O aumento do
componente longevidade contribuiu positivamente para o crescimento do IDHM em todos os
municípios, e apesar de sua contribuição para o acréscimo geral do IDHM do conjunto,
apresenta grandes variações quando são analisados os municípios individualmente. Este
índice se destaca especialmente em dois dos municípios - Antonina e Morretes - de tal
forma, que determina o desempenho do grupo. A variação da renda é menos significativa no
conjunto dos municípios. No período entre 1991 e 2000 este indicador varia entre 0,05, São
José dos Pinhais; até 0,061, Antonina (Tabela 18).

Os maiores IDHM do grupo são os de São José dos Pinhais (0,796), Quatro Barras (0,774),
e Antonina (0,770) o que situa estes municípios na categoria de médio desenvolvimento
humano. Embora menores, os IDHMs dos demais municípios são superiores à 0,700
situando-os na mesma categoria. Os valores mais baixos são os de Piraquara (0,744) e
Morretes (0,755) (Tabela 17). Nenhum município situou-se na faixa de baixo
desenvolvimento humano (< ou = 0,499). Como a alavanca se expressou principalmente no
desempenho do indicador Educação, e parcialmente no indicador de longevidade, estes
resultados estariam eventualmente a demonstrar que o desenvolvimento humano não
depende só da renda, que as condições sociais podem melhorar mesmo em um ambiente
de pobreza monetária.

Os dois municípios que mais aumentaram o índice de desenvolvimento humano, entre 1991
e 2000, foram Antonina e Morretes, ambos com uma variação de 0,086: Antonina passou de
0,684 para 0,770; Morretes de 0,669 para 0,755. Os que menos cresceram foram Piraquara,
de 0,705 para 0,744; e São José dos Pinhais, de 0,728 para 0,796. Como estes dois
detinham os maiores IDHMs em 1991, isto pode revelar que é relativamente mais difícil
crescer a partir de um patamar mais alto do que de um mais baixo.

A comparação entre estes municípios e os demais do estado do Paraná revela que os


municípios que subiram no ranking foram Morretes (subiu da 165ª para a 139ª posição) e
Antonina (da 107ª para a 91ª posição). Os demais - Campina Grande do Sul, Piraquara,
Quatro Barras e São José dos Pinhais - caíram. Campina Grande do Sul foi a que mais caiu:
37 pontos, da 83ª para a 120ª. No ranking nacional, as maiores variações para cima são as
reveladas por Antonina - subiu da 1567ª para a 1329ª; e Morretes, que subiu da 1933ª para a
1736ª posição. Quatro Barras também mudou sua posição para cima: passou da 1239ª para

100
a 1205ª. Importante observar que Morretes e Antonina são municípios históricos, da linha
litorânea, sob influência da dinâmica dos balneários e dos portos de Antonina e Paranaguá.
Campina Grande do Sul, Piraquara, Quatro Barras e São José dos Pinhais fazem parte da
aglomeração metropolitana polarizada por Curitiba.

O desempenho do IDHM/2000 no conjunto destes municípios revela que se reduziram as


distâncias relativas entre o IDHM ideal, isto é, IDHM = 1,0 e o atual processo de
desenvolvimento.

São José dos Pinhais e Quatro Barras, municípios polarizados por Curitiba, capital do
estado, portadores dos IDHMs mais altos em 1991, fazem parte dos que concentram a
renda regional proveniente do comércio e da indústria, expressivamente representadas pela
capital e São José dos Pinhais. Se a eles associarmos o município de Campina Grande do
Sul temos os quatro municípios que - no grupo dos que formam a AEIT do Marumbi -
participam da aglomeração metropolitana, compondo a maior fração do valor adicionado
local (Tabela 25), depois de Curitiba; e detentores das maiores taxas de crescimento
regional da população urbana entre 1991 e 2000 (Tabela 15). Em contrapartida, Antonina e
Morretes participam do grupo mais empobrecido do Paraná.
Tabela 17 - IDHM dos Municípios que Compõem a AEIT do Marumbi - Composição e Classificação 1991-2000
Exp. Taxa Taxa Índice
Renda Índice Índice IDH- Class. Class.
MUNICÍPIOS Ano Vida Alfab. Bruta Longe-
p/capita Educ. Renda M UF (2) Nac.
(1) Adultos Frq. esc. vidade
1991 67,11 82,46 62,71 136,04 0,702 0,759 0,593 0,684 107 1.567
ANTONINA
2000 73,67 88,56 76,14 196,80 0,811 0,844 0,654 0,770 91 1.329

1991 67,53 84,90 52,93 176,60 0,709 0,742 0,636 0,696 83 1.327
C.G.SUL
2000 70,73 92,19 72,13 212,54 0,762 0,855 0,667 0,762 120 1.542

1991 61,66 86,94 60,12 157,40 0,611 0,778 0,617 0,669 165 1.933
MORRETES
2000 67,64 91,18 80,93 223,13 0,711 0,878 0,675 0,755 139 1.736

1991 66.05 86,85 60,42 192,45 0,684 0,780 0,651 0,705 57 1.124
PIRAQUARA
2000 67,47 91,39 74,84 208,89 0,708 0,859 0,664 0,744 183 2.053

QUATRO 1991 63,66 88,27 61,24 208,45 0,644 0,793 0,664 0,700 72 1.239
BARRAS 2000 67,85 92,85 80,35 294,64 0,714 0,887 0,722 0,774 76 1.205

S. J. DOS 1991 66,61 90,61 61,79 230,18 0,694 0,810 0,681 0,728 20 637
PINHAIS 2000 70,85 94,31 79,31 311,29 0,764 0,893 0,731 0,796 28 640

MUNICÍPIOS 1991 65,43 86,47 59,86 183,52 0,674 0,777 0,640 0,697 - -
AEIT* 2000 69,70 91,74 77,28 241,21 0,745 0,866 0,685 0,767 - -

1991 0,719 6
PARANÁ
2000 0,786 6
*Dimensionado a partir da média dos indicadores municipais.
(1) Expectativa de vida
(2) Classificação da Unidade da Federação
Fonte: www.undp.org.br

101
Tabela 18 - Variação nos Índices que Compõem o IDHM dos Municípios da AEIT do Marumbi 1991-2000
MUNICÍPIOS LONGEVIDADE EDUCAÇÃO RENDA IDHM
ANTONINA 0,109 0,085 0,061 0,086
C. G. DO SUL 0,053 0,113 0,031 0,072
MORRETES 0,100 0,100 0,058 0,086
PIRAQUARA 0,024 0,079 0,013 0,039
QUATRO BARRAS 0,070 0,094 0,058 0,074
S. J.DOS PINHAIS 0.070 0,083 0,050 0,068
MUNICÍPIOS APA 0,071 0,089 0,045 0,070
PARANÁ 0,067

6.2.2.2 Escolaridade e Rendimento

Do ponto de vista dos anos de estudo, em geral mais de 30% dos responsáveis pelos
domicílios situam-se na faixa de nenhuma instrução ou até 3 anos de estudo. Este
desempenho é semelhante ao do Estado e inferior ao da RMC. Na média dos municípios
que constituem a AEIT, 16% dos responsáveis pelos domicílios têm 11 anos e mais de
estudo. No Estado este índice é 23% e na RMC, 32%.

Tabela 19 - Educação e Renda: Total de Domicílios, Indicadores de Escolaridade e Renda, Desigualdade de


Renda e Analfabetismo - Paraná, RMC e Municípios da AEIT do Marumbi
Anos de estudo do Rendimento do
responsável pelo responsável pelo
domicílio domicílio Taxa de
Total de Menos de 1 Desigualdade analfabetos
domicílios Até 3 anos 11 anos Mais de de renda (2) população +
SM (1) e
e sem e+ 15 SM 10 anos
sem
instrução (1)
% rendimento
% %
%
Paraná 2.664.276 30,48 22,98 26,00 5,96 0,49 8,57
RMC 861.086 20,91 31,72 17,78 9,61 0,47 5,01
Antonina 5.066 37,09 15,99 36,28 2,19 0,55 10,33
C.G.do Sul 9.280 31,54 12,49 24,18 1,70 0,65 6,96
Morretes 4.168 33,95 16,31 32,08 2,86 0,53 8,16
Piraquara 18.996 28,47 12,73 23,09 1,54 0,71 7,78
Q.Barras 4.418 26,30 19,90 20,37 3,37 0,58 6,44
S. J. dos 55.811 24,04 20,49 17,28 4,11 0,61 5,17
Pinhais
Fonte: IBGE 2000
(1) Salário Mínimo
(2) Cálculo: proporção valor do rendimento mediano mensal das pessoas com rendimento responsáveis pelos
domicílios/valor do rendimento nominal médio mensal das pessoas com rendimento responsáveis pelos domicílios.
Quanto menor o índice, maior a desigualdade.

102
Quanto ao rendimento, a faixa de responsáveis por domicílios com menos de um salário
mínimo e sem rendimento representa em média 25,5% do total no conjunto dos municípios
da UC, índice ligeiramente superior ao do estado do Paraná e bem acima do revelado pela
Região Metropolitana de Curitiba. Antonina e Morretes têm a maior concentração de
ocorrências nesta categoria. Comparados com o Estado e com a RMC, os rendimentos
superiores a 15 salários mínimos mensais são significativamente inferiores, e representam o
rendimento de em média 2,6% dos responsáveis pelos domicílios nos municípios da AEIT
do Marumbi. São José dos Pinhais e Quatro Barras são as exceções de desempenho mais
aproximado daqueles obtidos no total do Estado e da RMC.

6.2.2.3 Saneamento Básico


No conjunto dos municípios que formam a AEIT, o percentual médio de atendimento
domiciliar com abastecimento d’água é de 78%; Morretes e Piraquara encontram-se abaixo
desta média. Não por coincidência, são os dois municípios onde os moradores da zona rural
predominam (Tabela 20).
Tabela 20 - Abastecimento de Água por Rede Geral, Esgotamento Sanitário por Rede de Esgoto ou Pluvial e
Lixo Coletado - Paraná, RMC e Municípios da AEIT do Marumbi em 2000
Abastecimento d’água rede Esgotamento sanitário por
Total Lixo coletado
geral rede geral
domicílios
permanentes Domicílios % Domicílios % Com %
atendidos atendimento atendidos atendimento atendimento atendimento

Paraná 2.664.276 2.227.821 83,62 1.003.340 37,66 2.217.117 83,22


RMC 861.086 787.851 91,50 504.687 58,61 813.054 94,42
Antonina 5.066 4.531 89,44 1.633 32,23 4.275 84,39
C.G.do Sul 9.280 7.245 78,07 3.942 42,48 7.678 82,74
Morretes 4.168 2.247 53,91 296 7,10 2.242 53,79
Piraquara 18.996 14.041 73,92 7891 41,54 18.097 95,27
Q.Barras 4.418 3.980 90,09 2057 46,56 4.214 95,38
S. J. dos 55.811 46.732 83,73 28.892 51,77 53.027 95,01
Pinhais
Fonte: Indicadores e mapas temáticos para o planejamento regional - IPARDES, 2000

O percentual médio de domicílios atendidos com esgotamento sanitário fica em torno de


37%. Em Antonina, o percentual de atendimento está abaixo desta média (32,2%) e em
Morretes muito abaixo, 7,1%. A média de domicílios atendidos com serviço de coleta de lixo
é de 84%; Morretes é o que se distancia deste indicador, com 53,79% dos domicílios
atendidos por este serviço.

6.2.2.4 Moradia
Os indicadores de moradia e ambiente foram obtidos pelo estudo das condições do
domicílio e infra-estrutura urbana disponibilizada. A base de dados é constituída de
informações do IPARDES e remetem aos anos 1997 e 2000.

O resultado do exame das condições das moradias associado às análises acerca da


disponibilização de infra-estrutura oferece parâmetros para a tomada de decisão acerca dos
investimentos em políticas. As informações da Tabela 21 mostram que São José dos
Pinhais, Piraquara e Campina Grande do Sul apresentam o maior número de áreas com
favelas em 1997.

103
Tabela 21 - Áreas de Favelas, Famílias Estimadas, Número e Proporção de Domicílios sem Canalização Interna
e Sem Banheiro ou Sanitário - Paraná, RMC e Municípios da AEIT do Marumbi em 1997 e 2000
Domicílios
Domicílios Proporção sem
No. famílias sem banheiro Proporção sem
Áreas de sem canalização/total
estimadas em e sem sanitários/ total
favelas 1997 canalização de domicílios
favelas 1997 sanitários domicílios
interna 2000 2000
2000
Paraná 1372 110491 134031 5,03 56069 2,10
RMC 735 63879 29065 3,38 13714 1,59
Antonina 7 1000 261 3,16 202 3,99
C.G. do Sul 13 584 429 2,34 194 2,09
Morretes 1 30 404 1,62 112 2,69
Piraquara 47 4229 1316 1,35 369 1,94
Q.Barras 0 0 195 6,56 54 1,22
S J Pinhais 69 3845 2335 4,23 557 1,00
Fonte: Indicadores e mapas temáticos para o planejamento regional - IPARDES, 2000

A imigração é o fator que determina esta condição, Curitiba atrai migrantes, não os fixa, e os
empurra para as periferias e municípios dos arredores. Este panorama é resultado da
gestão das terras na capital do Estado: Curitiba expulsa na direção dos municípios
contíguos 68,3% dos migrantes que recebe. E são os municípios vizinhos, da região de
Curitiba e do Litoral, que se constituem em áreas de fixação dos migrantes, com destaque
para São José dos Pinhais e Piraquara (KLEINKE et alli, 2000).

Quatro Barras e São José dos Pinhais são os municípios com a maior proporção de
domicílios sem canalização de água. Antonina, Morretes e Campina Grande do Sul têm a
maior proporção de domicílios sem sanitários.

A porção da Região de Curitiba na AEIT inclui territórios protegidos como mananciais para o
abastecimento de água regional. Em todos os municípios estudados o saneamento básico, o
tratamento da água e dos esgotos é precário. Nas áreas rurais especialmente, onde a
vulnerabilidade dos lençóis e bacias hidrográficas aos esgotos domésticos, comercial e
industrial é complementada pela destinação inadequada de insumos agrícolas e pecuários.

Os serviços de abastecimento de água são de responsabilidade da SANEPAR, mas nas


áreas rurais sua presença é ainda pouco significativa e a principal fonte de abastecimento
de água são os poços e as nascentes. Em Antonina, os serviços equivalentes à SANEPAR
são prestados pelo Serviço Autônomo Municipal de Água e Esgoto - SAMAE, entidade
autárquica municipal com personalidade jurídica própria. Seu objetivo é a operação,
manutenção, conservação e exploração direta dos serviços de água potável e de esgotos
sanitários. No litoral, as cidades de Antonina e Guaraqueçaba contam com este sistema. A
água do SAMAE/Antonina provém de uma Reserva Particular do Patrimônio Natural/RPPN
cujo nome, Morro da Mina, faz referência exatamente à fonte de abastecimento d’água
municipal.

6.2.3 INDICADORES ECONÔMICOS

6.2.3.1 Estrutura Ocupacional


Em média, 23,3% dos empregos formais oferecidos nos municípios que fazem parte da
AEIT provêm de estabelecimentos de até 19 empregados; 18,4% daqueles de 20 a 99
104
empregados; e 58,4% dos estabelecimentos com 100 ou mais empregados. Estes índices
confirmam a capacidade empregatícia dos maiores estabelecimentos. No Estado e na RMC
esta relação se mantém.

Tabela 22 - Estabelecimentos com Emprego Formal, Distribuição dos Empregados por Tamanho de
Estabelecimento e Total de Empregos em Estabelecimentos com 500 ou + Empregados - Paraná, RMC e
Municípios da AEIT do Marumbi em 2000
Distribuição % dos empregados por tamanho do Total empregos
Estabelecimentos estabelecimento em
com emprego estabelecimentos
formal Até 19 20 a 99 > ou = 100 com 500 e +
empregados empregados empregados empregados
Paraná 174.508 31,30 20,46 48,24 454.469
RMC 57.329 24,09 18,31 57,60 302.794
Antonina 224 13,04 8,81 78,14 1.691
C.G.do Sul 323 16,88 18,11 65,61 2.970
Morretes 211 50,85 18,74 30,41 0
Piraquara 290 26,15 23,73 50,12 954
Q.Barras 258 8,20 14,37 77,43 5313
S J. dos Pinhais 2.863 24,60 26,91 48,49 8.909
Fonte: Indicadores e mapas temáticos para o planejamento regional - IPARDES, 2000

Entre 1990 e 2000, observa-se evolução positiva na oferta de empregos formais no Estado,
na Região Metropolitana do Curitiba, e no conjunto dos municípios que fazem parte da AEIT.
A exceção aparece em Piraquara que em 1991 teve seu território fragmentado com a
autonomia política e administrativa de Pinhais, seu maior distrito. Em 2000, em quatro
municípios da AEIT do Marumbi a participação feminina no total de empregos formais era
superior a do Estado e a da Região Metropolitana de Curitiba. Em cinco municípios a
proporção de empregados com 8 anos e mais de estudo é superior ao mesmo índice para o
Estado, e em todos inferior a proporção da RMC (Tabela 23).

105
Tabela 23 - Empregos Formais, Anos de Estudo, Remuneração Superior a 3 Salários Mínimos, Renda Média
Nominal e Participação no Total da Remuneração Formal do Estado - Total do Estado, RMC e Municípios da
AEIT do Marumbi
Empregos formais total Participa-
Remun.(1)
ção femi- Emprega- Rendimen- Participação
Empregados média
nina no dos c/ 8 to médio total remun.
remun. (1) feminina
1990 2000 total de anos e + nominal (1) formal
> 3 SM (%
empregos de estudo (R$) Estado
masculina)
formais %
Paraná 1.290.406 1.653.435 38,9 67,1 40,5 638,69 80,29 100,00%
RMC 620.389 774.115 41,3 73,8 54,3 825,11 75,22 60,48%
Antonina 990 4.301 44,0 61,5 28,2 402,05 58,70 0,16%
C.G. do 6.087 6.412 54,0 68,4 25,0 397,40 65,55 0,24%
Sul
Morretes 909 1.174 45,0 70,4 18,3 358,45 75,25 0,045%
Piraquara 11.379 3.021 47,1 68,9 40,0 534,70 75,94 0,15%
Q. Barras 6.777 10.847 37,8 68,2 37,7 524,09 73,72 0,54%
S J. dos 20.184 38.322 32,7 70,4 53,9 728,59 74,06 2,64%
Pinhais
Fonte: Indicadores e mapas temáticos para o planejamento regional - IPARDES, 2000
(1) remuneração

Em relação à remuneração, o desempenho do conjunto dos municípios que formam a AEIT


é desigual: Antonina, Campina Grande do Sul, Morretes e Quatro Barras têm desempenho
inferior ao percentual do Estado (40,5%) e da RMC (54,3%). Piraquara (40%) e São José
dos Pinhais (53,9%) se aproximam destas referências. Morretes tem apenas 18,3% dos
empregados do setor formal com remuneração superior a três salários mínimos. São José
dos Pinhais é o município cujo índice (53,9%) mais se aproxima aos do Estado e da Região
Metropolitana de Curitiba.

No Paraná e na RMC, a remuneração do trabalho feminino é pelo menos 20% menor que a
masculina. No conjunto dos seis municípios, a mesma relação revela uma defasagem ainda
maior: em média a remuneração feminina representa 70% da remuneração masculina.
Antonina e Campina Grande do Sul são os municípios que influenciam negativamente esta
média: em Antonina as mulheres recebem 58,70% do valor pago ao trabalho masculino. Em
Campina Grande do Sul este índice é 65,55%.

6.2.3.2 Infra-Estrutura - Energia Elétrica


São José dos Pinhais é um dos vinte maiores consumidores de energia elétrica do Estado,
com consumo médio por consumidor de 9,5 MWH26, superior à média da RMC, que é de
6,7MWH.

26
megawatts/hora

106
Tabela 24 - Consumo Médio de Energia Elétrica Total, Residencial, Industrial, Comércio e Serviços, Rural - RMC
e Municípios da AEIT do Marumbi
COMÉRCIO E
TOTAL RESIDENCIAL INDUSTRIAL RURAL
SERVIÇOS
Média Média Média Média Média
p/consumidor p/consumidor p/consumidor p/consumidor p/consumidor
RMC 6,7 2,2 170,4 14,0 2,9
Antonina 2,6 1,6 10,4 7,0 3,1
C.G. de Sul 5,3 1,6 170,6 14,7 3,6
Morretes 3,4 1,9 87,4 7,7 2,4
Piraquara 4,3 1,8 141,1 9,9 7,7
Q. Barras 8,4 1,9 254,6 9,8 3,1
S.J. dos Pinhais 9,5 2,0 184,3 10,8 4,2
Fonte: Indicadores e Mapas Temáticos para o Planejamento Regional/cd rom - IPARDES.2000

À exceção de Quatro Barras, onde a média de consumo é de 8,4 MWH por consumidor - os
demais municípios situam-se bem abaixo, entre 2,6 MWH/Antonina e 5,3MWH/Campina
Grande do Sul. A média por consumidor rural de energia elétrica é maior em Piraquara 7,7
MWH, bastante superior a da RMC, 2,9; e a dos outros municípios que compartilham o
território da AEIT, onde o consumo varia entre 2,4MWH/Morretes e 3,6MWH/Campina
Grande do Sul.

6.2.4 INDICADORES FINANCEIROS

6.2.4.1 Renda da Economia - Valor Adicionado


Quanto ao valor adicionado fiscal27, o destaque nos diferentes setores da economia
(primário, secundário, comércio e serviços) é a participação de São José dos Pinhais:
5,411% no valor adicionado total do Estado. Os outros cinco municípios têm participação
pouco expressiva em relação ao total do Estado: variação de 0,035%, percentual de
Morretes; a 0,217%, Quatro Barras.

Tabela 25 - Participação dos Municípios no Valor Adicionado Fiscal Total e Setorial no Estado em 2000 e PIB per
Capita em 1999 - RMC e Municípios da AEIT do Marumbi
PRIMÁRIO SECUNDÁRIO COMÉRCIO SERVIÇOS TOTAL PIB P/CAPITA
Paraná R$6.643,86
RMC 3,735 52,733 50,410 69,393 45,859 R$8.987,67
Antonina 0,003 0,159 0,052 0,033 0,098 R$2.616,80
C.G. do Sul 0,027 0,152 0,214 0,321 0,162 R$3.968,59
Morretes 0,033 0,029 0,035 0,100 0,035 R$3.532,95
Piraquara 0,026 0,095 0,076 0,011 0,075 R$3.039,94
Q.Barras 0,007 0,357 0,117 0,027 0,217 R$8250,32
S J Pinhais 0,403 7,546 4,786 1,858 5.411 R$11553,91
Fonte: Indicadores e Mapas Temáticos para o Planejamento Regional/cd rom - IPARDES.2000

27
indicador econômico-contábil utilizado pelo Estado para calcular o repasse de receita do ICMS e do IPI dos
municípios.

107
O Produto Interno Bruto/PIB28 per capita anual, em 1999, revelava a disparidade entre as
economias destes municípios: valores que vão de R$ 11.553,91 (onze mil e quinhentos
reais) em São José dos Pinhais; a R$ 2.616,89 (dois mil e seiscentos reais) em Antonina.
Portando, um PIB mensal per capita de R$ 962,82 em São José dos Pinhais; e de R$
218,07 em Antonina.

6.2.4.2 Receitas Municipais


A receita corrente é aquela constituída pelo Fundo de Participação dos Municípios (FPM),
Imposto sobre a Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS), impostos municipais como o
IPTU29, o ISSQN30, o ITBI31; taxas por prestação de serviços e por policiamento; e outras
decorrentes de contribuições por melhorias.
Tabela 26 - Receita Municipal Total e per Capita - Proporção das Principais Fontes da Receita Corrente - RMC e
Municípios da AEIT do Marumbi em 2000
PRINCIPAIS TRANSFERÊNCIAS DA RECEITA
RECEITA TOTAL CORRENTE % RECEITA ANUAL
(R$1,00) PER CAPITA
UNIÃO ESTADO PRÓPRIA
RMC 2.275.909.545,42 24,86 22,93 18,60 745,39
Antonina 6.810.051,25 57,53 20,94 8,55 355,17
C.G.do Sul 16.875.010,60 28,39 25,36 8,10 488,20
Morretes 5.602.595,00 44,28 35,83 7,91 366,78
Piraquara 19.347.298,49 34,22 45,06 6,73 265,45
Q.Barras 13.124.691,58 23,25 26,18 9,11 812,12
S J Pinhais 103.330.803,24 15,80 51,00 17,38 505,74
Fonte: Indicadores e Mapas Temáticos para o Planejamento Regional/Cd Rom - IPARDES, 2000

Na RMC e no conjunto dos municípios da AEIT é relevante a participação das transferências


da União e as do Estado na formação da receita corrente, e na receita total. Na formação da
receita municipal em geral, há um índice de dependência significativo que, em Morretes, por
exemplo, chega a 80%.

6.2.4.3 Uso do Solo Rural


Estrutura Fundiária

Os dados de estrutura fundiária dos municípios que constituem a AEIT se originam de duas
fontes: INCRA e IBGE. Os dados do INCRA referem-se a unidades agrárias e são
denominados imóveis rurais. Revelam a estrutura de detenção da terra, independente de
sua apropriação. A unidade de referência utilizada pelo IBGE é a do estabelecimento
agrícola. Refere-se à unidade de produção, e revela a apropriação da terra. Os dados dos
imóveis rurais foram coletados no INCRA, diretamente na Divisão de Suporte Operacional
daquela instituição. São oficiais, atualizados até outubro de 2002, mas ainda não estão
publicados. Os dados do IBGE, relativos aos estabelecimentos agrícolas, foram extraídos do

28
soma dos bens e serviços produzidos pelo município, região, estado, país, etc.
29
Imposto Predial Territorial Urbano
30
Imposto Sobre Serviços de Qualquer Natureza
31
Imposto de Transmissão Intervivos

108
Censo Agropecuário de 1996, último dado disponível, a partir das informações organizadas
pelo IPARDES nos Cadernos Estatísticos Municipais.

A Tabela 27 reúne informações relativas à realidade fundiária dos seis municípios que
participam com áreas na formação do território da AEIT, Antonina, Campina Grande do Sul,
Morretes, Piraquara, Quatro Barras e São José dos Pinhais. São as informações
disponibilizadas diretamente pela Divisão de Suporte Operacional do INCRA, atualizadas
até outubro de 2002.

O INCRA classifica os imóveis rurais a partir de uma unidade denominada módulo fiscal,
módulo que varia segundo características municipais associadas ao tamanho médio das
propriedades. Assim, em São José dos Pinhais, Piraquara e Quatro Barras, um (1) módulo
fiscal equivale a 12,0 ha. Em Campina Grande do Sul, 14,0 ha. Em Antonina e Morretes esta
unidade de medida corresponde a 16,0 ha.

A categoria minifúndio inclui os imóveis de até 1 módulo fiscal. São consideradas pequenas
propriedades aquelas cujo tamanho varia entre 1 e 4 módulos fiscais. As médias
propriedades são aquelas que se enquadram entre 4 até 15 módulos fiscais. E grandes
propriedades todas aquelas com tamanho superior a 15 módulos fiscais. Na categoria
imóveis não classificados se encontram as áreas de reserva legal e de preservação
ambiental. Em imóveis não calculados, aqueles cuja informação não foi registrada no ato de
cadastramento.
Tabela 27 - Imóveis Rurais e Áreas Correspondentes dos Municípios da AEIT do Marumbi em 2002
Antonina C.G. do Sul Morretes Piraquara Q. Barras S.J.Pinhais Total
Minifúndios 260 726 831 455 280 3.220 5.772
% total de imóveis 52,9 65,5 70,0 63,5 66,3 72,1 68,5
Pequenas
129 245 245 185 89 997 1890
propriedades
% total de imóveis 24,4 22,1 20,6 25,8 21,1 22,3 22,4
Médias
67 61 52 44 39 150 413
propriedades
% total de imóveis 12,7 5,5 4,4 6,1 9,2 3,4 4,9
Grandes
49 45 31 8 9 44 186
Propriedades
% no total de
9,3 4,0 2,6 1,2 2,1 1,0 2,2
imóveis
Imóveis não
24 26 24 22 5 53 154
classificados
% no total de
4,5 2,3 2,0 3,1 1,2 1,2 1,8
imóveis
Imóveis não
- 5 5 2 - 2 14
calculados
Total 529 1.108 1.188 716 422 4.466 8.429
Fonte: INCRA Divisão de Suporte Operacional. Dados atualizados até out 2002

Em seu conjunto, nos seis municípios predominam as unidades agrárias classificadas como
minifúndio, 68,5% delas com áreas de até 1 módulo fiscal, que neste caso têm sua
dimensão situada entre 12 ha e 16 ha. São José dos Pinhais e Morretes revelam a maior
concentração desta categoria, com mais de 70,0% dos imóveis rurais assim classificados.
Piraquara participa com a maior porcentagem de pequenas propriedades, com quase 26%
dos imóveis nesta categoria. Antonina se destaca na presença das médias e grandes
propriedades, com 20% dos imóveis nestas categorias, enquanto todos os demais

109
municípios têm em torno de 10% de imóveis assim classificados. São José dos Pinhais,
Piraquara e Quatro Barras detêm as menores participações de imóveis classificados como
grandes propriedades, aqueles com áreas superiores a 15 módulos fiscais ou, no caso, 180
hectares.

Nas categorias pequena, média e grandes propriedades o INCRA acresce a classificação


produtivo e improdutivo. Imóveis rurais produtivos seriam aqueles que geram renda. Os
improdutivos incluem os denominados reservas de valor, destinados à especulação
imobiliária. Assim, do ponto de vista da utilização produtiva dos imóveis, São José dos
Pinhais se destaca com o maior percentual de imóveis na categoria pequena propriedade,
41,1%, seguido por Piraquara, 30,2%. Os imóveis de Quatro Barras têm a menor
participação nesta categoria, 16,9% (Tabela 28).

Tabela 28 - Utilização Produtiva dos Imóveis Rurais segundo INCRA em 2002


C.G.DO QUATRO S.J.
ANTONINA MORRETES PIRAQUARA TOTAL
SUL BARRAS PINHAIS
Pequena propriedade
20,1% 26,15 20,6% 30,2% 16,9% 41,1% 31,7%
produtiva %

Média Propriedade
32,8 22,9 19,2 34,1 30,8 23,2 26,1
Produtiva %

Grande Propriedade
26,5 63,1 12,5 11,1 18,2 21,5
Produtiva %

Fonte INCRA. Divisão de Suporte Operacional. Dados atualizados até OUT/2002.

O maior percentual de imóveis rurais produtivos classificados na categoria média


propriedade estão em Piraquara, 34,1% do total. Na categoria grande propriedade, a maior
concentração de imóveis produtivos se encontra em Morretes, com 63,1% de seus imóveis
assim classificados. Os imóveis rurais classificados como minifúndios são considerados
como de uso para subsistência, sem excluir a possibilidade de geração de renda, mas não
tendo seu foco nesta condição.

6.3 Atividades Econômicas e Usos Conflitantes

O Quadro 5 a seguir apresenta um resumo das principais atividades e usos conflitantes


referentes à porção de cada município inserida na AEIT (Figura 11). Cabe esclarecer que as
porcentagens de população responsável pelos domicílios que recebem determinada renda
incluem os da faixa inferior.

110
Quadro 5 - Matriz de Informações por Agregado de Comunidades
2
ANTONINA - Densidade demográfica - 0,31hab/km Renda responsável pelos domicílios****: 46% até 1SM;
56% até 2SM
Bacia do Cachoeira
Distrito Bairro Alto*** Moradores - 443; Principais Usos conflitantes
Cachoeira - Setor e Cachoeira*** Domicílios - 116. atividades: Turismo sem
2 M/D=3,8 Agricultura normatização; sistemas
Cultos: comercial e de de esgotamento
Congregação subsistência; sanitário inadequado.
Cristã, Assembléia, Caça e extração de Tratamento inadequado
Católica, palmito; pequeno do lixo. Fracionamento
Presbiteriana comércio; pesque- de propriedades para
Renovada. pagues, trilhas, instalação de chácaras.
Associações: rafting e outras Recomendações
Associação de atividades turísticas. Adequação
Moradores e Produtores esgotamento sanitário e
Associação de associados ao Pólo tratamento/destinação
Produtores de Agroecologia. do lixo; legislação para
Forte tendência ao parcelamento do solo;
parcelamento do planos de manejo
solo para chácaras. palmito e caça;
Chácaras. normatização do
turismo; capacitação
para o turismo rural e de
aventura; orientação
para o empreendedor;
Apoio ao Pólo de
Agroecologia. Apoio a
agroindústria: polpa de
frutas; mandiquera;
multimistura/sugestões
EMATER/Antonina.
Distrito Cacatu - Rio do Nunes***, Moradores - 261; Principais Usos conflitantes
Setor 3 Cacatu e Domicílios - 66 atividades: Turismo sem
Mergulhão M/D=3,9 agricultura de normatização:
Cultos: Deus é subsistência; delinqüência; sistemas
Amor, Assembléia, extrativismo; de esgotamento
Católica. prestação de sanitário inadequado.
serviços turísticos; Idem lixo. Parcelamento
Associações: pequeno comércio. do solo para chácaras.
Associação de Chácaras/caseiros.
Moradores do Rio Recomendações:
do Nunes Adequação
esgotamento sanitário e
tratamento do lixo;
legislação para
parcelamento do solo;
planos de manejo
palmito e caça;
normatização do
turismo; capacitação
para o turismo. Apoio ao
Pólo de Agroecologia.
2
CAMPINA GRANDE DO SUL Densidade demográfica 3,7hab/km Renda do responsável pelo domicílio****:
31% até 1SM; 60,5% até 2SM
Bacia do Capivari
Sede - setor 35 Samambaia, Moradores - 862; Principais Usos Conflitantes
Da divisa com Saltinho**, Barro Domicílios - 230; atividades: Parcelamento do solo
Quatro Barras até Branco, Rio Bonito, M/D = 3,7 Chácaras/caseiros; para a instalação de
o rio Tucum Rio Tucum, Belisco, Cultos: Assembléia cultivo do caqui e chácaras; Sistemas de
Cerrinho, Britador de Deus; piscicultura; esgotamento sanitário
i lt d
111
Presbiteriana agricultura de inadequado, inclusive
Independente; subsistência; em rios e lagos.
Convenção Batista; Mineração e Inadequação tratamento
Católica reflorestamento; do lixo.

Caminhoneiros; Recomendações
prestação de Adequação
serviços gerais nos esgotamento sanitário e
arredores; diaristas tratamento do lixo.
em serviços Legislação para o
domésticos e em parcelamento do solo;
lavouras vizinhas. normatização do
Lavouras orgânicas turismo; capacitação
certificadas (2) para o turismo.
Turismo.
Setor 36a Guaricana, Moradores - 195; Principais Usos Conflitantes
Do rio Tucum até Barragem Domicílios - 49; M/D atividades: Tendência expansão do
o rio da Lapinha Cachoeira, = 4,0 cultivo do caqui e setor de serviços, o que
Ribeirão Cultos: Assembléia piscicultura; pode atrair o
Grande*** de Deus; agricultura de crescimento da
Presbiteriana subsistência; população local.
Independente; caminhoneiros e Sistemas de
Convenção Batista; prestação de esgotamento sanitário
Católica serviços gerais nos inadequado. Tratamento
arredores; diaristas inadequado do lixo.
em serviços Recomendações
domésticos e em
lavouras vizinhas. Adequação
esgotamento sanitário.
Adequação tratamento e
destino do lixo. Fomento
do turismo
socioambientalmente
responsável.
Setor 37 Capivari, Ribeirão Moradores - 1373; Principais Usos Conflitantes
Rio da Lapinha até Vermelho**, Domicílios - 357; atividades: Grande incidência de
o rio Saltinho Indiatuba M/D = 3,8 Chácaras/ caseiros; chácaras. Multiplicação
Cultos: Assembléia Pequenas de loteamentos.
de Deus; propriedades de Sistemas de
Presbiteriana pessoas com esgotamento sanitário
Independente; dinheiro; chácaras inadequado, inclusive
Convenção Batista; de lazer. em rios e lagos.
Católica. Nativos: cultivos de Destinação e tratamento
subsistência; inadequado do lixo.
caseiros; prestação Recomendações
de serviços Adequação
domésticos. esgotamento sanitário.
Turismo. Destinação adequada
do lixo. Fomento do
turismo
socioambientalmente
responsável. Rios e
lagos
Setor 38 Jaguatirica*** Moradores - 625; Principais Usos Conflitantes
Domicílios - 168; atividades: Sistemas de
M/D = 3,7 cultivo do caqui e esgotamento sanitário
Cultos: piscicultura; inadequado. Tratamento
Assembléia de agricultura de inadequado do lixo.
Deus; Presbiteriana subsistência; Tendência expansão
Independente; caminhoneiros e setor de
Convenção Batista; prestação de serviços/aumento da
Católica; Universal serviços gerais nos população.
do Reino de Deus arredores; diaristas Recomendações

112
do Reino de Deus em serviços Adequação
domésticos e em esgotamento sanitário.
lavouras vizinhas. Destinação adequada
do lixo. Fomento do
turismo
socioambientalmente
responsável.
Setor 39 Pinheiros, Bela Moradores - 1067; Principais Usos Conflitantes
Vista, Figueira*, Domicílios - 269; atividades: Sistemas de
Água Amarela, M/D = 4,0 agricultura de esgotamento sanitário
Lajeado Cultos: Católico; subsistência; inadequado. Tratamento
Assembléia de caminhoneiros e inadequado do lixo.
Deus; Congregação prestação de Recomendações
Cristã. Evangélicas serviços gerais nos
em geral. arredores; diaristas Adequação
em serviços esgotamento sanitário.
domésticos e em Destinação adequada
lavouras vizinhas. do lixo. Fomento do
turismo
socioambientalmente
responsável.
Setor 40 Barra da Cruz Moradores - 323; Principais Usos Conflitantes
Domicílios - 78; M/D atividades: Sistemas de
= 4,14. agricultura de esgotamento sanitário
Cultos: Assembléia subsistência; inadequado. Tratamento
de Deus, Católico; caminhoneiros e inadequado do lixo.
Adventistas de prestação de
serviços gerais nos Recomendações
Sétimo Dia.
Testemunhas de arredores; diaristas Adequação
Jeová em serviços esgotamento sanitário.
domésticos e em Destinação adequada
lavouras vizinhas. do lixo. Fomento do
turismo
socioambientalmente
responsável.
2
MORRETES Densidade demográfica 0,78hab/km Renda do responsável pelo domicílio****:40% até 1 SM;
79,2% até 2SM.
Bacia do Nhundiaquara
Distrito 10 - Porto Grota Funda, Moradores - 440; Principais Usos Conflitantes
de Cima Corvo, Ferradura, S Domicílios - 117; atividades: Turismo sem
Setor 2 João Graciosa*** M/D = 3,8 Comércio de beira normatização: seis
Prainha, Poço Cultos: de estrada (relatico recantos na linha da
Preto, Entre Rios, Comunidade privilégio produtos Estrada,da Graciosa;
Itupava, Ipiranga, Evangélica; de fora). Pequenas extrativismo de palmito
Formigueira. Assembléia de indústrias de balas sem manejo; extrativis-
Deus; Metodista; de banana, mo e comercialização
Quadrangular; conservas de de cernes de madeira,
Católica, mais pepino, pimenta e sem manejo.
rituais de Umbanda gengibre;
alambiques e 411/Salto dos Macacos.
em pontos da Sistema de
Estrada da farinha de
mandioca. esgotamento sanitário
Graciosa: inadequado. Tratamento
cachoeiras e Extrativismo vegetal
e animal:palmito, inadequado do lixo.
corredeiras.
cernes de troncos e Recomendações
Associações: caça.
Normatização turismo;
Associação dos Nos arredores: planos de manejo para
Comerciantes da fazendas de búfalo as palmáceas e criames
Graciosa. e de gengibre, estas animais silvestres.
últimas em Planos de manejo
conversão para participativos para a
palmáceas; retirada de cernes de
alambiques; troncos. Qualificação

113
grandes áreas produtos locais para
florestadas; pesque- incrementar a venda.
pagues e pousadas. Ativação da casa da
Turismo. guarda da Prainha como
Centro de Visitante
/outra ponto do Caminho
do Itupava. Adequação
esgotamento sanitário.
Destinação adequada
do lixo.
Distrito 05 - Sede Pantanal, Fartura, Moradores - 555; Principais Usos Conflitantes
Setor 10 Anhaia Domicílios - 137; atividades: Caça para consumo,
Fartura: M/D = 4,05 agricultura de sem manejo (aves
comunidade nativa, Cultos: subsistência; silvestres, paca, veado,
alta dependência Comunidade extrativismo vegetal porco-do-mato).
do extrativismo e Evangélica; e animal: caça e Envasamento ilegal de
da agricultura de Assembléia de pesca. EMATER e palmito/fundos de
subsistência. Deus; Metodista; AOPA iniciam quintal); sistemas de
Quadrangular; formação de grupos esgotamento sanitário
Testemunhas de de produtores para inadequado. Tratamento
Jeová, Católica cultivo sem inadequado do lixo.
Associação de agrotóxico.
Recomendações
Moradores e
Cozinha Plano de Manejo da
Comunitária. palmácea; estudos para
a implantação de
PROHORTA e criadouros de animais
AGROLITORAL. silvestres para consumo
e até comercialização.
Apoio Pólo de
Agroecologia. Destina-
ção adequada do lixo.
Sistemas adequados de
esgotamento sanitário.
Setor 11 Cruz Alta, Ponte Moradores - 754; Principais Usos Conflitantes
Alta, América de Domicílios - 224; atividades: Tendência aumento de
Cima* América de M/D = 3,4 agricultura de chácaras, parcelamento
Baixo*** Cultos: subsistência; progressivo das
Comunidade extrativismo vegetalpropriedades;
Evangélica; e animal: caça e extrativismo ilegal
Assembléia de pesca. animal e vegetal;
Deus; Metodista; Chácaras de lazer e sistemas de
Quadrangular; turismo rural esgotamento sanitário
Testemunhas de incipiente. inadequado. Tratamento
Jeová, Católica. inadequado do lixo.
Associação de Recomendações
Moradores. Legislação para o
parcelamento do solo.
Planos de Manejo para
o extrativismo. Roteiro
turismo rural para
implantação a médio
prazo. Destinação
adequada do lixo.
Sistemas adequados de
esgotamento sanitário.
Setor 18 Marumbi* Pau Moradores - 125; Principais Usos Conflitantes
Oco, Cabrestante, Domicílios - 37; M/D atividades: Bananal em linha de alta
Santana, Pedra =3,4 agricultura de tensão;extrativismo
Preta, Comunidade subsistência; vegetal sem manejo;
Evangélica; extrativismo vegetal caça sem manejo;
Assembléia de e animal: caça e sistema de esgotamento
Deus; Metodista; pesca. sanitário inadequado.

114
Quadrangular; Tratamento inadequado
Testemunhas de do lixo.
Jeová, Católica. Recomendações
Planos de Manejo para
o extrativismo e para a
caça. Estudar
possibilidade criadouros
de animais silvestres.
Adequação sistema de
esgotamento sanitário,
destinação e tratamento
do lixo.
2
PIRAQUARA Densidade demográfica 0,31hab/km Renda do responsável pelo domicílio****: 33% até
1SM; 67% até 2SM.
Bacia do Irai
Setor 36b Mananciais da Moradores - 131; Principais Usos Conflitantes
Serra Domicílios - 30; M/D atividades: Turismo não
= 4,4 Agricultura de organizado. Sistemas de
Comunidade subsistência,caça e esgotamento sanitário
indígena Arco Íris: pesca. Prestação inadequado. Tratamento
60 famílias de serviços no inadequado do lixo.
instaladas na beira turismo não Parcelamento do solo
da Barragem organizado. para chácaras.
Piraquara Utilização como Recomendações
Represa Caiguava, área de lazer. Módulos mínimos para o
divisa com a APA. Chácaras.
parcelamento do solo.
Escola guarani e
posto de saúde. Atenção com o
agrupamento indígena
Cultos: na divisa da Represa do
Testemunhas de Caiguava/Barragem
Jeová; Convenção Piraquara I.
Batista; católicos. Organização do turismo.
Adequação
esgotamento sanitário.
Adequação destino e
tratamento do lixo.

2
QUATRO BARRAS densidade demográfica 1,14hab/km Renda do responsável pelo domicílio****: 46% até
1SM; 78% até 2SM.
Bacia do Irai
Setor 10 Chaminé e Rio do Moradores - 331; Principais Usos Conflitantes
Meio* Domicílios - 87; M/D atividades: Rio do Corvo, início da
=3,8 Cultivos de Graciosa, uso intensivo
Cultos: subsistência: milho, e regular para oferendas
Testemunhas de caqui. Pastagens ligadas a rituais
Jeová; Convenção (vaquinhas, religiosos com
Batista; Tendas de ovelhas). Criação abandono de animais
Umbanda; Católico; de aves caseiras; mortos. Chorume.
Assembléia de extração de Tratamento inadequado
Deus. bracatinga; do lixo.
exploração da erva- Recomendações
mate nativa e
plantada; Trabalho Parceria com ECOVIA
nas pedreiras; para diálogos com
traballho na grupos religiosos que
Fazenda praticam rituais no Rio
Chaminé/Rosacruz; do Corvo. Centro de
trabalho de diarista, Visitantes em Borda do
jardinagem, roçados Campo/recepção para o
e pastos. Turismo Caminho do Itupava.

115
não organizado: Adequação tratamento e
pesque-pagues e destino do lixo.
montanha.
EMATER programa
de criação de aves
semiconfinadas,
com construção de
abatedouros, fora
da APA.
Setor 11 Sem ocupação
antrópica
2
SÃO JOSÉ DOS PINHAIS Densidade demográfica 0,25hab/km Renda do responsável pelos domicílios:
37,5% até 1SM; 87,5% até 2SM.
Bacia do Rio Pequeno
Setor 19 - Distrito Morro do Meio Moradores - 27; Principais ativida- Usos Conflitantes
Borda do Campo Domicílios - 8; M/D des: cultivos de Especulação imobiliária:
de São Sebastião =3,4 subsistência e chácaras e
Cultos: não trabalho de condomínios.
identificados. caseiros. Área de
chácaras de lazer. Recomendações
Cultivo e comércio Legislação municipal
de orquídeas. para uso e
Condomínio parcelamento do solo.
inacabado.
Fonte: Mapas dos setores censitários do IBGE; leitura do espaço e consulta com técnicos locais: Prefeituras, EMATER e IAP.
• Comunidades com escola ** Comunidades com escola e Posto de Saúde *** Comunidades com escola, posto de saúde e
posto telefônico. **** Inclui os sem rendimentos. Na localidade de Morro do Meio/São José dos Pinhais, todos os
responsáveis declararam renda.

6.4 Usos da Terra

Conforme descrito nos itens 5.1 e 5.2, a população rural da Região de Curitiba e do Litoral
do Paraná é produto do processo de ocupação de origem comum, diferenciado ao longo do
tempo: na Região de Curitiba, quando a sociedade começa a se organizar política e
administrativamente, no século XIX, atrai imigrantes europeus com o objetivo de criar uma
agricultura de abastecimento para o mercado interno. Este povo é que efetivamente ocupou
e desenvolveu a região, dinamizando suas potencialidades.

O Litoral do Paraná atraiu imigrantes europeus e orientais, que tinham em vista o


desenvolvimento de lavouras, e que encontraram a região ocupada pelo povo nativo
dedicado ao extrativismo florestal e animal. As duas culturas estabeleceram laços de
convivência e trocas culturais amalgamadas pelas condições geográficas e climáticas locais,
de tal forma que a região de Curitiba e o Litoral do Paraná constituem hoje grupos com
identidades distintas e interesses comuns. Nas duas regiões, as propriedades rurais são
principalmente pequenas, áreas médias de 10 ha; a mão-de-obra é principalmente familiar e
se encontra um domínio das tecnologias de produção agropecuária (NASCIMENTO, 2000).

Nas duas regiões há produção de hortaliças: no Litoral especialmente Morretes e Antonina;


na Região de Curitiba, todos os municípios. No litoral, as grandes propriedades são
destinadas ao cultivo da banana, do gengibre e do arroz; reflorestamentos, e grandes áreas
de florestas naturais submetidas a uma legislação ambiental que as protege. Na Região de
Curitiba, as grandes propriedades destinam-se aos haras, à produção florestal e à
agricultura comercial.

116
Condições naturais, tipos de solo, relevo e disponibilidade de água, processo de ocupação e
proximidade do mercado consumidor são fatores que geram um movimento próprio na
produção de alimentos e de matérias-primas. O núcleo urbano da Região de Curitiba é o
principal mercado das duas regiões, a CEASA - Central de Abastecimento - é a terceira
unidade do Brasil em volume de produtos comercializados.

Na Região de Curitiba a produção coexiste com bacias hidrográficas importantes como


mananciais urbanos e concentra a produção de hortaliças e algumas frutíferas,
principalmente o caqui. Na região do Litoral, Morretes e Antonina, a banana é o carro-chefe
de uma oferta de alimentos que inclui mandioca, arroz, feijão, milho, cana-de-açúcar,
algumas olerícolas e hortaliças, e frutíferas como abacate, laranja, limão, tangerina e
maracujá. Nas duas regiões desenvolve-se a apicultura e a criação de pequenos animais,
aves caseiras, e bovinos, com a decorrente produção de mel, leite e ovos.

A extração da lenha e a extração de minérios também são atividades significativas. A


extração mineral fornece matérias-primas para a construção civil e ornamental. A região de
Curitiba é a terceira maior concentração de produção de alimentos no Brasil. O uso intensivo
de adubos químicos e agrotóxicos, mais o constante revolvimento do solo provocam
impactos negativos ao ambiente.

A Tabela 29 apresenta os dados sobre o uso da terra nos municípios que têm a maior
participação territorial na AEIT do Marumbi. As porções territoriais de Morretes, Antonina e
Campina Grande do Sul representam 84% da área, daí tomá-las como áreas
representativas do universo estudado.
Tabela 29 - Uso da Terra - Municípios com Maiores Participações na AEIT do Marumbi em 1996
MORRETES ANTONINA C.GRANDE DO SUL Total do conjunto
Lavouras permanentes
Informantes 428 65 127 620
Área 1.457 ha 260 ha 248 ha 1965 ha
Lavouras Temporárias
Informantes 453 60 72 585
Área 1.744 ha 242 ha 318 ha 2.304 ha
Temporárias em descanso
Informantes 99 27 35 136
Área 284 ha 485 228 ha 1.133 ha
Pastagens Naturais
Informantes 161 89 81 331
Área 2.522 ha 4.317 ha 2.905 ha 10.075 ha
Pastagens Plantadas
Informantes 29 30 25 84
Área 416ha 1.604 ha 270 ha 2.290 ha
Matas e Florestas Naturais
Informantes 477 136 222 835
Área 17.269 ha 14.805 ha 2.178 ha 35.087 ha
Matas e Florestas Plantadas
Informantes 12 7 22 41
Área 1.678 ha 520 ha 232 ha 2.471 ha
Produtiva não utilizada
Informantes 149 34 46 229
Área 1.589 ha 636 ha 124 ha 2.349 ha
Fonte: IBGE - Censo Agropecuário de 1996, in Cadernos Estatísticos Municipais. IPARDES, 2000.

117
Verifica-se que dos 57.674 hectares declarados no Censo Agropecuário/IBGE 1996, 64,2%
são ocupados com as florestas naturais, e 4,3% com florestas plantadas, os
reflorestamentos. 91,4% da porção de florestas naturais estão em Morretes e Antonina,
municípios que também contêm a porção mais representativa das florestas plantadas, 89%.
Nos três municípios, 7,4% das terras são utilizadas com as lavouras, permanentes e
temporárias. E 2% das terras estavam em pousio, prática de manejo benéfica para a
conservação. As pastagens naturais representam 17,5% das terras utilizadas e as plantadas
4,0%.
Ainda de acordo com dados registrados pelo Censo Agropecuário de 1996/IBGE, nos
estabelecimentos de uso agropecuário em Morretes, Antonina e Campina Grande do Sul, os
três municípios com maior porção de área na AEIT, predominam produtores na condição de
proprietários, 73,7% deles (Tabela 30).
Tabela 30 - Condição do Produtor - Municípios com Maiores Participações na AEIT do Marumbi - 1996
32
MUNICÍPIOS ARRENDATÁRIOS OCUPANTES PARCEIROS PROPRIETÁRIOS
MORRETES
ESTABELECIMENTOS 11 125 12 590
ÁREA HECTARES 154 2229 201 26004
ANTONINA
ESTABELECIMENTOS - - - 159
ÁREA HECTARES - - - 23573
CAMPINA GRANDE DO SUL
ESTABELECIMENTOS 2 8 176 186
ÁREA HECTARES 1549 72 5176 6797
Fonte: IBGE/Censo Agropecuário - 1996. Cadernos Estatísticos Municipais. IPARDES - 2000

Na condição de parceiros aparecem 14,8%. Na de ocupantes, 10,5%. E na de arrendatários,


apenas 1,0%. Aos produtores na condição de proprietários correspondem 85,7% das áreas
declaradas.

A partir de uma análise qualitativa das áreas apresentadas no Mapa de Uso da Terra (Ver
no Anexo), associadas às informações espaciais apresentadas nos mapas contidos no
trabalho “Análise de Tendências de Uso e Ocupação do Solo na Área de Abrangência do
Programa Pró-Atlântica 1986-1999”, elaborado em 2002, é possível confirmar a tendência
de alteração de classes do uso da terra nas regiões limítrofes da AEIT do Marumbi,
próximas às Rodovias Estaduais e Federais, onde se verifica a perda da cobertura vegetal
em detrimento do aumento da área urbanizada e da atividade agropecuária. A pressão
antrópica ocorre principalmente na região dos municípios de São José dos Pinhais e
Piraquara, próximo à BR-277; Campina Grande do Sul, nas proximidades da BR-116;
Morretes, nas áreas próximas à BR-277 e PR-411; e Antonina, nas proximidades da PR-
340.

Quanto à cobertura vegetal no interior da AEIT, ao serem comparados os dados de uso da


terra obtidos das imagens LandSat 7 de 1999 e 2002, não foram identificadas diferenças
significativas nas áreas de cobertura vegetal do tipo Altomontana, Montana e Submontana,
classes representativas da Floresta Ombrófila, que se localizam nas proximidades dos
Parques Estaduais do Pico do Marumbi, da Graciosa e do Pico do Paraná.

32 produtores que produzem sob acordos de parceria: proprietário cede área em troca da metade (a meia) ou a terça parte da produção.

118
O avanço das ocupações irregulares na Região Metropolitana de Curitiba, notadamente em
sua porção Leste ocorre de forma acelerada, confrontando o crescimento urbano com a
vertente Oeste da Serra do Mar. Ainda, empreendimentos destinados ao estabelecimento de
represas para o abastecimento público de água são também responsáveis pela supressão
de ambientes peculiares das cabeceiras, nas quais populações de espécies da fauna
aquática estão sendo severamente impactadas.

Igualmente drástica é a evolução das ocupações humanas nas margens da BR 116, ao


Norte da AEIT, região onde os desmatamentos ocorrem de maneira mais pronunciada,
atingindo aí as cabeceiras de rios que afluem para o rio Ribeira.

Os rios da Bacia do Leste encontram-se em situação menos crítica, dada a intensificação


das ações de fiscalização na área a partir da década de 90. Ainda assim, alguns rios
importantes da região como o Cachoeira e o Nhundiaquara padecem pelo mau uso do solo
nas encostas da Serra do Mar, situação que se pronuncia nas épocas de alta temporada,
devido ao aumento súbito da população, o que gera um aumento expressivo de carga
orgânica nos mananciais sem, contudo, comprometer sobremaneira a qualidade das águas.

6.5 Recreação e Turismo

É inequívoca a potencialidade turística da AEIT do Marumbi, em função, principalmente, de


suas características naturais e do rico patrimônio histórico e cultural descrito anteriormente
(Capítulo 5 - Quadro Histórico-Cultural).

Já na criação da AEIT, destacavam-se entre as justificativas a necessidade de proteção e


valorização dos atrativos naturais e histórico-culturais voltados às atividades desportivas,
recreativas e de lazer.

Considerando um contexto de uso público realizado em uma unidade de conservação,


entende-se que a visitação pública na AEIT do Marumbi deve contribuir como elemento
essencial para: formar o apoio social necessário para legitimar os esforços de preservação;
oferecer alternativas de lazer; educar sobre a natureza; dinamizar a economia local; ampliar
as capacidades de investimento; e tornar o controle social um aliado da conservação.

Assim, a AEIT pode se transformar em verdadeira “âncora” para pólos e roteiros turísticos,
induzindo de forma sustentável o desenvolvimento de atrativos privados e investimentos em
serviços, que não se restringem somente à área delimitada, mas que podem alcançar
regiões, o estado do Paraná e o país como um todo.

Para cumprir este papel, o processo de desenvolvimento de atividades de uso público na


AEIT deve ter como objetivos:

• Minimizar os impactos ambientais negativos;

• Promover a valorização das culturas locais;

• Contribuir para financiar as iniciativas de conservação da biodiversidade;

• Melhorar a renda das comunidades envolvidas.

119
6.5.1 TURISMO REGIONAL

Segundo as estatísticas da PARANATUR (2003), o estado do Paraná recebeu em 2002


aproximadamente 5,55 milhões de turistas. Deste total, 48% correspondem a turistas
estaduais, 35% aos interestaduais e 17% a turistas internacionais.

Calcula-se a permanência média do turista no Estado em 3,6 dias e o gasto médio em cerca
de US$ 45,00, o que resultou numa receita aproximada de 900 milhões de dólares no ano
de 2002.

Curitiba foi responsável pela vinda de cerca de 1,4 milhões de visitantes, sendo que o
turismo de negócios atraiu 39% deste total. Foz do Iguaçu recebeu aproximadamente 769
mil turistas no ano de 2003. Curitiba e Foz do Iguaçu são os grandes pólos turísticos do
Paraná, recebendo juntos, 39% do total de turistas do Estado.

A região do Litoral compreende os municípios de Guaraqueçaba, Morretes, Antonina,


Guaratuba, Matinhos, Pontal do Paraná e Paranaguá. Destes, apenas Morretes e Antonina
tem partes de seus territórios inseridas na AEIT.

Estima-se o fluxo de turistas para o litoral em cerca de 1,38 milhões para o ano de 2003.
Destes, apenas 5% se destinam a Antonina e 8% se destinam a Morretes, o que representa
cerca de 69 mil turistas/ano em Antonina e 110 mil turistas/ano em Morretes.

A PARANATUR ainda apresenta a permanência e o gasto médio diário em Antonina e


Morretes referentes a 2002: 6,7 dias e US$ 6,30 em Antonina e 4 dias e US$ 5,60 em
Morretes (PARANATUR, 2003).

Assumindo-se estes valores para a estimativa de fluxo de 2003, obtém-se uma estimativa
para a receita do turismo nos dois municípios, que deve se situar em torno de US$ 2,9
milhões para Antonina e US$ 2,47 milhões para Morretes.

6.5.2 ATRATIVOS TURÍSTICOS DA AEIT DO MARUMBI

Além dos caminhos coloniais e Estrada de Ferro Curitiba-Paranaguá, a AEIT inclui diversos
atrativos turísticos consolidados, que recebem um fluxo intenso de visitantes, outros em fase
inicial de exploração ou ainda apenas com potencial para receber visitantes (Ver Mapa de
Turismo no Anexo). Alguns atrativos no entorno imediato da área foram incluídos neste
diagnóstico, em função da influência direta que exercem sobre a visitação no interior da
unidade.

O Quadro 6 apresenta os principais atrativos identificados nos municípios abrangidos pela


AEIT, com destaque para Antonina e Morretes, que apresentam um patrimônio arquitetônico
bem conservado, pouco alterado.

120
Quadro 6 - Atrativos Turísticos na Região da AEIT do Marumbi
Atividade, forma de
Município Local Atrativo Facilidades
turismo
Antonina Rio Cachoeira Paisagem, rio Raftting Vestiários, quadras de
vôlei, campo de futebol,
restaurante, pesqueiros,
trilhas ecológicas.
Antonina Rio do Nunes Paisagem, praia Atividades náuticas, Mesas, bancos,
fluvial, local para “bóiacross” churrasqueiras, bar,
acampamentos vestiários, sanitários.
Antonina Bairro Alto Rios, cachoeiras, Trilhas ecológicas
vegetação, antiga
Usina Cotia
Antonina Carnaval Recreação
Morretes Estação Construção antiga Turismo histórico e
Rodoviária e bem conservada, contemplativo
vista da Serra do
Mar, doces típicos,
artesanato
Morretes Rio Cascatinha paisagem Recreação, turismo Churrasqueiras, vestiários,
contemplativo sanitários, lanchonete,
camping.
Morretes Rio Paisagem, Pesca, “bóiacross”,
Nhundiaquara recreação canoagem
Morretes Salto dos Cachoeiras, Recreação, turismo
Macacos piscinas naturais contemplativo
Redondo
Morretes Chácara Pesque-pague Turismo rural, lazer Salão para lanche, árvores
Reomar frutíferas, passeios a
cavalo.
Morretes Rio Mãe Catira Ponte metálica, Turismo contemplativo,
Recanto Mãe lazer
Catira
Morretes Curva da Pesca, rio Pesca, “bóiacross” Banheiros; churrasqueiras.
Graciosa
Morretes Estrada das Acesso a vários pontos
Prainhas turísticos, “bóiacross”
Morretes Doces, barreado, Gastronomia
cachaça
Quatro Barras Caminho de Turismo histórico e
Itupava contemplativo
Quatro Barras Estrada da Turismo histórico e
Graciosa contemplativo
Quatro Barras Propriedades Turismo rural
rurais
Quatro Barras Rancho do Cachoeiras, Passeios a cavalos pela Lanchonete e espaço para
Cavalo paisagem, cavalos região eventos (em construção).
Quatro Barras Cachoeiras do cachoeiras Recreação e lazer,
Rio Capitanduva turismo contemplativo
Quatro Barras Cachoeira Véu Cachoeira, Recreação e lazer,
da Noiva paisagem turismo contemplativo
Piraquara Represa lazer Quadras de esportes,
Caiguava churrasqueiras,
quiosques, bancos.
Piraquara Caminhos Comunidades de Turismo histórico,
Trentinos Santa Maria e cultural e rural
Novo Tirol; aldeia
indígena Caruguá
Piraquara e Entorno da Propriedades Pesque-pague,
Morretes Estrada da rurais, artesanato, educação ambiental,
Graciosa café colonial, passeios a cavalo
gastronomia

121
Todos os municípios inseridos na AEIT contam com órgãos municipais de turismo, conforme
apresentado na Tabela 31:
Tabela 31 - Órgãos Municipais de Turismo da AEIT do Marumbi
MUNICÍPIO ÓRGÃO MUNICIPAL TELEFONE
Antonina Câmara Temática da Cadeia Produtiva do Turismo (41) 432-1122
Morretes Secretaria Municipal de Turismo (41) 462-1024
Piraquara Secretaria de Meio Ambiente, Agricultura e Turismo (41) 673-2122
Quatro Barras Secretaria Municipal de Indústria, Comércio e Turismo (41) 671-8800
São José dos Pinhais Departamento Municipal de Turismo (41) 381-5813

Os Parques Estaduais inseridos na área também representam importantes oportunidades


para o desenvolvimento sustentável do uso público na região.

O Quadro 7 a seguir resume as principais informações referentes a estes parques.

122
Quadro 7 - Dados sobre Parques Estaduais Inseridos na AEIT do Marumbi
DECRETO PLANO DE INFRA-
NOME ÁREA (ha) MUNICÍPIO VISITAÇÃO PRINCIPAIS IMPACTOS
ESTADUAL MANEJO ESTRUTURA
Parque Estadual 2.342,41 Morretes 7.300 de 24/10/90 Plano de Manejo Possui trilhas, Mais de 100.000 Caça, invasão por espécies exóticas,
Pico do Marumbi elaborado mas não laboratório, centro de visitantes ano. queimadas, erosão, atividades
implementado. visitantes e militares, extração de espécies
alojamento para vegetais.
pesquisadores.
Parque Estadual 4.333,83 Campina Grande 5.769 de 05/06/2002 Não possui. Trilha Não é aberto à Caça, mineração, erosão, turismo
Pico Paraná do Sul, Antonina visitação. desordenado, extração de espécies
vegetais.
Parque Estadual 905,58 Morretes 4.266 de 21/11/94 Não possui, mas Trilha Não é aberto à Caça
do Pau Oco está inserido no visitação.
Plano de
Gerenciamento da
AEIT do Marumbi.
Parque Estadual 2.698,69 Antonina, 4.267 de 21/11/94 Não possui, mas Nenhuma Não é aberto à Caça, extração de palmito
Roberto Ribas Morretes está inserido no visitação.
Lange Plano de
Gerenciamento da
AEIT do Marumbi.
Parque Estadual 1.189,58 Morretes 7.302 de 24/10/90 Não possui, mas Nenhuma Não é aberto à Caça, erosão, extração de espécies
da Graciosa está inserido no visitação. vegetais.
Plano de
Gerenciamento da
AEIT do Marumbi.

123
6.5.3 PROJETOS DO GOVERNO DO ESTADO DO PARANÁ

Diversos projetos governamentais são previstos e alguns iniciados na área da AEIT:

Antonina

Projeto Antonina Ferrovia e Mar: Tem como proposta a reativação do trecho ferroviário que
liga o município de Morretes a Antonina, visando a integração desses dois municípios
históricos, e, consequentemente, dos atrativos da região através da revitalização da linha
férrea. A Associação Brasileira de Preservação Ferroviária - ABPF está empenhada a
viabilizar este empreendimento através de parcerias com entidades e empresários que
invistam no projeto.

Revitalização da Estação Ferroviária: Visa a revitalização da estação Ferroviária de


Antonina, um dos mais representativos monumentos históricos do município, de modo a
adequá-la ao uso público (cidadãos e turistas). A proposta conta com a parceria da
Secretaria de Estado da Cultura - SEEC e da Prefeitura Municipal.

Caminhos do Mar: Tem o intuito de fortalecer o turismo do litoral paranaense (dentre estes,
Antonina e Morretes) e proporcionar estruturas adequadas ao turismo náutico. A premissa
para sua realização foi a construção de Estações Náuticas nos 7 municípios do litoral, cujos
programas arquitetônicos compreendem atracadouro para barcos e infraestrutura para o
turismo, tais como: sanitários, área de estar/espera, serviços de comunicação, etc. Para a
operação das estações, as prefeituras envolvidas visam atrair a iniciativa privada, seja na
operação dos roteiros hidroviários ou na exploração comercial das estruturas.

Projeto Trilhos e Trilhas: Iniciado em 1999, esse projeto objetiva elaborar um plano de
revitalização e integração das principais vias de acesso à Serra do Mar, sejam elas
rodovias, ferrovias, trilhas ou caminhos coloniais, e também dos atrativos existentes na
região: cidades históricas, parques estaduais e demais áreas de visitação pública. As
entidades envolvidas no desenvolvimento desse projeto são: Ecoparaná, SEMA, IAP,
Secretaria de Estado da Indústria, do Comércio e do Turismo - SEIT, SEEC, Pró-Atlântica,
COMEC, Sociedade de Pesquisa em Vida Selvagem e Educação Ambiental - SPVS,
Prefeituras de Morretes e Quatro Barras, Rede Ferroviária Federal S.A.- RFFSA, Serra
Verde Express, Fundação de Pesquisas Florestais do Paraná e Fundação O Boticário de
Proteção à Natureza.

Dentre as propostas desenvolvidas, destacam-se:

• Projeto Estrada Histórica da Graciosa: é uma das áreas de maior importância


histórica, cultural e ecológica do Paraná e está inserida na AEIT do Marumbi. Foram
realizadas reformas e melhorias nos recantos existentes e implantado o Centro de
Visitantes Mãe Catira, situado no recanto de mesmo nome, onde os visitantes podem
obter informações turísticas e participar de programações educativas.

• Estrada de Ferro Paranaguá-Curitiba/Estação Ferroviária de Porto de Cima: Foi


desenvolvido, em 2002, pela Associação Brasileira de Preservação Ferroviária -
ABPF e pela Ecoparaná, uma proposta de uso das edificações existentes na estação
Porto de Cima, de modo a buscar parcerias e captar recursos para a restauração
desse importante patrimônio.

124
6.5.4 IMPACTOS, TENDÊNCIAS E RECOMENDAÇÕES

A visitação em todo o território da APA ocorre praticamente sem nenhum controle ou


ordenamento (a principal exceção fica por conta do Parque Estadual Pico do Marumbi, onde
existe registro dos visitantes, sinalização e manutenção das trilhas).

Esta situação gera uma série de conflitos e impactos negativos, nos atrativos, nos recursos
naturais e na própria experiência dos visitantes, destacados no Quadro 8.

125
Quadro 8 - Atividades Relacionadas ao Uso Público e Impactos Observados
ATIVIDADE IMPACTOS AMBIENTAIS
Uso sem controle do caminho de Itupava e - agravamento da erosão
da Graciosa - abertura de trilhas sociais
- extração de espécies vegetais
- caça
- danos ao patrimônio arqueológico
- geração de lixo
- risco de incêndios
- assaltos a visitantes
Visitação sem controle no Pico Paraná - abertura de trilhas sociais
- extração de espécies vegetais
- caça
- geração de lixo
- risco de incêndios
Uso intensivo e descontrolado do Salto dos - abertura de trilhas sociais
Macacos - extração de espécies vegetais
- geração de lixo
- contaminação dos cursos d’ água
- barulho
Manifestações religiosas no rio do Corvo - geração de lixo
- contaminação dos cursos d’ água
Acampamentos sem controle na região de - geração de lixo
Prainhas - compactação do solo
- danos à vegetação
- barulho
Atividade desordenada de bóia-cross no Rio - competição pelo preço, sem critérios de qualidade e
Nhundiaquara equipamentos de segurança,
- acidentes
Aumento da ocupação e abertura de - geração de lixo
lanchonetes na descida da BR 277 - compactação do solo
- danos à vegetação
- barulho
Falta de controle de fluxo de veículos na - comprometimento da estrutura e do calçamento
Estrada da Graciosa
Estruturas abandonadas nos recantos da - geração de lixo
Estrada da Graciosa - degradação do patrimônio público
- risco de incêndio
Grupos de jipeiros e motoqueiros circulando - compactação do solo
sem controle - danos à vegetação
Loteamentos e pequenas chácaras - esgoto
- ocupação das APPs
- falta de conhecimento e de educação ambiental

126
Outras carências e situações que ameaçam ou interferem na sustentabilidade da atividade
turística na AEIT foram identificadas durante as oficinas realizadas para a construção
participativa do presente trabalho, nos relatórios das oficinas do Programa Melhores
Práticas de Ecoturismo no Pólo Morretes (desenvolvido pela Secretaria de Turismo de
Morretes com o apoio técnico da empresa Gondwana Brasil Ecoturismo e recursos do
FUNBIO, em 2002) e nos trabalhos de campo:

- A atividade dos guias de turismo na região acontece sem normatização, sem critérios e
sem controle. Além dos riscos para a segurança dos turistas, a qualidade dos serviços
pode ser comprometida;

- A fiscalização é insuficiente (motivada pela falta de recursos, equipamentos e efetivo);

- Ausência de equipamentos de apoio e infra-estrutura nos principais atrativos (incluindo a


maior parte dos Parques Estaduais no interior da AEIT);

- Falta de integração inter-institucional, resultando em grande parte dos casos em


iniciativas isoladas e sem coordenação;

- Sinalização inexistente ou insuficiente nos atrativos e municípios;

- desarticulação das diversas instituições relacionadas à atividade turística;

- Descumprimento das leis existentes para normatização do uso público (ex. bóia-cross);

- comportamento inadequado dos visitantes e inexistência de ações educativas;

- Inexistência ou desatualização (no caso do Marumbi) dos Planos de Manejo dos


Parques Estaduais no interior da AEIT;

- Dificuldade de acesso às informações e projetos relacionadas à região;

- Capacitação inadequada em todos os níveis (empreendedores, prestadores de serviços,


guias, etc.).

Por outro lado, entre as potencialidades e oportunidades identificadas destacam-se:

- A proximidade de grandes centros emissores (Curitiba e São Paulo);

- A diversidade, quantidade e qualidade dos atrativos;

- A existência de produção artesanal de alimentos e artefatos;

- A organização de segmentos ligados à atividade turística;

- A oferta diversificada de meios de hospedagem e de restaurantes em Morretes;

- Interesse das prefeituras no desenvolvimento das atividades turísticas;

- Interesse dos empreendedores privados no desenvolvimento do turismo sustentável.

Através da observação em campo, foram identificadas algumas tendências para o


desenvolvimento da atividade.

127
Observa-se, por exemplo, a tendência para a ocupação das faixas marginais das principais
vias de acesso à região, relacionada principalmente à prestação de serviços e ao comércio
voltado para os viajantes. Esse tipo de ocupação é motivo de preocupação crescente no
caso da BR-277, na BR-116 e na Estrada do Anhaia. No caso da Estrada da Graciosa, o
processo já se encontra em fase adiantada, contando inclusive com representação
organizada, a Associação Comercial da Graciosa.

É fundamental, nesses casos, a fiscalização do respeito às faixas de domínio das vias.


Também se recomenda a assessoria técnica para os prestadores de serviço instalados ou
que vierem a se instalar nessas regiões, abordando além das questões relativas à
legislação, os aspectos que afetam a sustentabilidade da atividade, entre eles: qualidade
dos serviços, destinação de resíduos, saneamento, adequação às normas da vigilância
sanitária, viabilidade econômica, etc.

Também se identifica a tendência para ocupação dos terrenos às margens dos principais
rios da região por empreendimentos hoteleiros. Nesse caso, além da fiscalização do
cumprimento da legislação ambiental com respeito às APPs, é importante observar com
rigor os projetos de sistemas de saneamento, que devem ser adequados às características
físicas de cada região.

O desenvolvimento dos Caminhos Históricos dependerá em grande parte do sucesso do


Caminho de Itupava como produto turístico. A pressão pela utilização dos caminhos será
proporcional ao desenvolvimento do fluxo no Caminho do Itupava e aos benefícios que esse
desenvolvimento gerar.

O modelo adotado para o processo de planejamento do uso público do Caminho do Itupava


deve ser replicado para os outros caminhos, garantindo um diagnóstico adequado e a
adoção de medidas de proteção ambiental e do patrimônio arqueológico antes do início das
atividades recreativas.

Os Parques Estaduais no interior da AEIT, com exceção do Parque Estadual Pico do


Marumbi que se diferencia pela organização e fluxo já estabelecido e controlado,
representam um imenso potencial inexplorado para geração de benefícios econômicos e
educação ambiental. A elaboração dos Planos de Manejo das unidades é prioritária para o
desenvolvimento das atividades turísticas na AEIT.

É desejável que seja realizado um planejamento integrado entre as unidades, explorando de


forma complementar o potencial de cada uma. A integração deve se estender também à
gestão, principalmente no que se refere ao controle do fluxo de visitantes, monitoramento de
impactos e prevenção de acidentes, que devem seguir os modelos já estabelecidos com
sucesso para o Parque Estadual Pico do Marumbi.

No entorno dos Parques Estaduais e nos principais acessos às montanhas, observa-se a


tendência para a instalação de facilidades para os montanhistas, principalmente
estacionamentos, alojamentos e banheiros. Atualmente já existe a cobrança pelo ingresso
em algumas propriedades no entorno do Pico Paraná e no Pau Oco. É necessário que os
proprietários sejam identificados, sensibilizados e capacitados para a prestação dos
serviços. Além das questões relativas às instalações físicas (respeito à legislação, cuidado
com resíduos e saneamento) é importante que esses prestadores de serviço sejam capazes
de orientar os visitantes no que se refere às regras de segurança e de conduta de mínimo
impacto.

Seria interessante que o modelo de cadastro e registro de visitantes dos Parques pudesse
ser utilizado e aplicado também por esses proprietários.

128
Observando-se a tendência mundial para o crescimento da demanda por esportes de
aventura e dadas as características naturais da região, com grande potencial para estas
atividades, é lógico supor o crescimento exponencial destas atividades no interior da AEIT.
É preciso que as principais associações ligadas aos esportes de aventura (jipeiros,
montanhistas, motoqueiros, ciclistas, praticantes de asa-delta e parapente, entre outros)
sejam sensibilizados para a necessidade de regulamentação e ordenamento de suas
atividades, não só no interior da AEIT, que terá regras e restrições definidas pelo Conselho,
mas em todos os ambientes naturais do Estado.

Nesse processo de estímulo à auto-regulamentação é fundamental que sejam incluídos e


responsabilizados também os fabricantes de equipamentos, lojas e agências especializadas,
que promovem sistematicamente as atividades de aventura em ambientes naturais e que
podem (e devem) participar também da divulgação das técnicas de mínimo impacto, regras
de segurança e normas estabelecidas pelas associações e pela unidade.

6.5.5 PAISAGEM

Não sendo o objetivo deste trabalho a aplicação de métodos específicos para valoração da
paisagem, optou-se por listar, dentre os elementos da paisagem da AEIT do Marumbi,
aqueles que apresentam valor extremo, que por si só justificariam sua conservação. São
eles:

- o Conjunto Marumbi, complexo que reúne oito picos com afloramento de rocha,
vegetação preservada, cachoeiras, entre outras atributos físicos de grande valor
paisagístico;

- o Pico Paraná, destaque na paisagem de Antonina e Campina Grande do Sul, com


vegetação preservada, é o pico mais alto do Estado;

- a Cachoeira Véu da Noiva, praticamente 70 metros de queda d’água, cartão postal que
compõe a paisagem da Graciosa;

- os rios Cachoeira, Mãe Catira e Nhundiaquara, rios de extraordinário valor


paisagístico em seus trechos mais conservados, ainda propiciam diversos usos
turísticos;

- a estrada de ferro Curitiba-Paranaguá, patrimônio histórico-cultural de grande valor


paisagístico, reverenciado nacionalmente;

- a Estrada da Graciosa.

129
7 ZONEAMENTO ECOLÓGICO ECONÔMICO

7.1 Método Adotado

O zoneamento ecológico econômico, além de ser considerado pela Lei 6.938/81 como um
dos instrumentos da Política Nacional do Meio Ambiente, está também previsto como um
dos instrumentos de planejamento pelo Estatuto da Cidade (Lei Federal nº 10.527/01,
Capítulo III, artigo 41, inciso IV) e tem sua definição legal na Lei Federal nº 9.985/00,
instituidora do Sistema Nacional de Unidades de Conservação.

O IBAMA adota em seu “Roteiro Metodológico para a Gestão de Área de Proteção


Ambiental” (IBAMA, 2001), o seguinte conceito de zoneamento ambiental: “é o instrumento
que estabelece a ordenação do território da APA e as normas de ocupação e uso do solo e
dos recursos naturais. Atua organizando o espaço da APA em áreas com graus
diferenciados de proteção e sobre as quais deve ser aplicado conteúdo normativo
específico. Objetiva estabelecer distintos tipos e intensidades de ocupação e uso do solo e
dos recursos naturais, através da definição de um conjunto de zonas ambientais com seu
respectivo corpo normativo. Tem como pressuposto um cenário de desenvolvimento futuro,
formulado a partir das peculiaridades ambientais da região, em sua interação com
processos sociais, culturais, econômicos e políticos, vigentes ou prognosticados para a APA
e sua região.”

Partindo destas fontes, foi elaborado um zoneamento para atender a estes objetivos e às
necessidades de conservação dos recursos naturais e qualidade de vida da população local
da AEIT.

Alguns fatores de natureza legal, social ou ambiental orientaram a elaboração do


zoneamento. Os parâmetros legais foram analisados no diagnóstico (Capítulo 4), sendo os
principais textos a serem observados a legislação referente so Sistema Nacional de
Unidades de Conservação, o Decreto Federal nº 759/93 (Proteção da Floresta Atlântica), o
Código Florestal, o Código de Mineração, o Código de Águas e o Tombamento da Serra do
Mar.

A Resolução nº 10/88 do CONAMA, dispõe que as APAs deverão ter Zonas de Conservação
e Zonas de Preservação da Vida Silvestre. Nas zonas de preservação da vida silvestre,
segundo a referida resolução, será proibido ou regulado o uso dos sistemas naturais,
enquanto nas zonas de conservação da vida silvestre poderá ser admitido um uso
moderado e auto sustentado da biota, regulado de modo a assegurar a manutenção dos
ecossistemas naturais.

Ainda segundo o artigo 5º da referida Resolução, nas APAs onde existam ou possam existir
atividades agrícolas ou pecuárias, haverá Zona de Uso Agropecuário, nas quais serão
proibidos ou regulados os usos ou práticas capazes de causar sensível degradação do meio
ambiente.

A Resolução CONAMA nº 13/90 estabelece um raio de 10 km como área de influência


regional do território da APA, na qual o órgão ambiental competente deverá efetuar o
licenciamento ambiental observando qualquer atividade que possa afetar a biota da APA.

Além disso, no caso de continuidade de uma APA com uma Unidade de Proteção Integral, a
APA será parte integrante da zona de amortecimento da outra Unidade de Conservação,

130
mais restritiva, e como tal deverá ter seu uso e ocupação do solo subordinado às normas
estabelecidas pelo plano de manejo da UC de Proteção Integral. No caso do Parque
Estadual Serra da Baitaca, este ainda não dispõe de Plano de Manejo.

Observados estes parâmetros legais, são os fatores ambientais e sociais que determinarão
a identificação das áreas sociambientalmente homogêneas, ou seja, a divisão do território
da APA em parcelas com peculiaridades ambientais e condições de ocupação similares.

Como materiais básicos para o desenvolvimento dos trabalhos de zoneamento foram


empregadas diversas bases cartográficas, as quais foram integradas em ambiente SIG
(Sistema de Informações Geográficas):

- Imagem de satélite Landsat ETM 7;

- Bases cartográficas planialtimétricas na escala 1: 25.000.

A partir disto, o estabelecimento das zonas ambientais foi baseado na integração e análise
de dados no referido ambiente SIG. Todos os dados secundários disponíveis somados aos
diagnósticos e demais trabalhos realizados serviram como critérios para o zoneamento e
foram integrados em um projeto contemplando os seguintes temas relacionados:

- Limites de bacias hidrográficas;

- Limites administrativos (municipais);

- Legislação;

- Locais de mineração;

- Geologia e geomorfologia;

- Fragilidade ambiental do ponto de vista de meio físico (a partir do cruzamento dos temas
geologia, declividade e atuação de processos físicos;

- Áreas estratégicas (integrando dados levantados nas oficinas de trabalho);

- Uso atual do solo/vegetação;

- Socioeconomia (a partir de informações do IBGE sobre os setores censitários);

- Turismo.

7.2 Consolidação das Zonas

O Mapa de Zoneamento Ecológico Econômico foi elaborado na escala 1:25.000, a partir de


cartas topográficas do mapeamento sistemático na escala 1:25.000, e a a delimitação da
AEIT do Marumbi foi realizada a partir de base cartográfica na escala 1:50.000 (Pró-
Atlântica). Em vista disto, foi constatada uma diferença nas áreas totais e no perímetro da
AEIT, ou seja, os valores constantes do decreto de criação são de 66.732,99 (área total) e
219.186,33 (perímetro), e os valores calculados na nova base foram de 66.868,27 e
181.684,50, respectivamente.

131
7.3 Proposta de Readequação do Perímetro da Área

O perímetro da AEIT do Marumbi se sobrepõe aos perímetros de duas APAs estaduais: a


APA de Piraquara e a APA do Rio Pequeno (Figura 12).

A Área de Proteção Ambiental de Piraquara foi criada pelo Decreto Estadual nº 1.754/96. O
seu zoneamento ecológico-econômico foi aprovado em 2002, pelo Decreto Estadual nº
6.706. Nesse zoneamento, a área coincidente com a AEIT foi classificada como “Zona de
Conservação da Vida Silvestre I”. A normatização referente ao uso do solo desta área de
transição de florestas foi feita através de referência ao Tombamento da Serra do Mar e
demais legislações pertinentes à área, visando não só preservar ecossistemas típicos da
Mata Atlântica, com a maior diversidade de espécies de flora e fauna da região, como
também garantir a perenidade e qualidade de água de mananciais utilizados para
abastecimento público.

Diante dessa situação, a melhor opção é, no caso de viabilizar-se a recategorização da


AEIT para APA, a delimitação do seu perímetro (o que deverá necessariamente ser feita
através de uma lei estadual), deverá excluir a área de sobreposição. Do contrário, ocorrerá a
incidência de dois diplomas legais de mesma hierarquia e finalidade (o decreto que institui o
zoneamento da APA do Piraquara e o decreto que instituirá o zoneamento da futura APA)
sobre o mesmo território, o que resultará em um conflito de normas desnecessário e de
difícil solução.

Além disso, se fosse sugerido o contrário - a exclusão dessa área do perímetro da APA do
Piraquara e a sua inclusão na futura APA - isto também teria que ser feito através de lei
estadual. Assim, seria exigido um duplo esforço perante o legislativo - aprovar a lei de
criação da APA da Serra do Mar e a lei de readequação do perímetro da APA de Piraquara.

No caso da Área de Proteção Ambiental do Rio Pequeno, criada pelo Decreto Estadual nº
1.752/96, a solução é a mesma. A diferença é que o zoneamento dessa APA ainda está em
fase de elaboração, sem previsão de data de aprovação. Contudo, o problema acima
descrito permaneceria: para evitar o conflito legal deve-se manter apenas uma norma
vigente sobre o território e a readequação do perímetro da APA do Rio Pequeno também
teria que ser feita através de lei.

Diante disso, recomenda-se a readequação do perímetro da atual AEIT do Marumbi,


procedendo-se à exclusão das áreas em que ocorre sobreposição com as APAs de
Piraquara e do Rio Pequeno.

132
Figura 12 - Sobreposição de APAs

133
7.4 Definição das Zonas

O Zoneamento Ecológico-Econômico proposto para a AEIT do Marumbi divide o território


em 19 zonas (Ver Mapa de Zoneamento Ecológico-Econômico no Anexo), classificadas de
acordo com o “Roteiro Metodológico para a Gestão da Área de Proteção Ambiental” do
IBAMA (2000):

Zona de Proteção Ambiental da Serra do Mar (total:1) - tem como função a preservação
de espaços para proteger a biodiversidade, sistemas naturais ou patrimônio cultural
existentes, embora possa admitir um nível de utilização em setores já alterados do território,
com normas de controle bastante rigorosas.

Nesta zona encontram-se cinco Parques Estaduais, para os quais a ZP é parte integrante
das zonas de amortecimento; áreas prioritárias de preservação da fauna, inclusive com
mamíferos ameaçados de extinção no limite Nordeste, riqueza avifaunística (inclusive
espécies ameaçadas) em Porto de Cima, junto aos limites da APA; pontos de extremo valor
paisagístico (Conjunto Marumbi, Pico Paraná, Cachoeira Véu de Noiva, rios Cachoeira, Mãe
Catira e Nhundiaquara); Mata Atlântica em toda a área, a qual é protegida por legislação
extremamente rígida; além de ser limítrofe com 3 APAs (Guaraqueçaba, Piraquara e Rio
Pequeno) e ao P. E. Serra da Baitaca.

Zonas de Conservação Ambiental (total: 8) - Nestas áreas admite-se a ocupação do


território sob condições adequadas de manejo e de utilização sustentada dos recursos
naturais. Nelas predominam recursos e fatores ambientais alterados pelo processo de uso e
ocupação do solo. Apresentam níveis diferenciados de fragilidade, conservação e alteração.
Devem, portanto, ser correlacionados com objetivos e necessidades específicas de
conservação ambiental. As normas de uso e ocupação do solo devem estabelecer
condições de manejo dos recursos e fatores ambientais para as atividades
socioeconômicas. Devem também refletir medidas rigorosas de conservação aplicadas a
peculiaridades ambientais frágeis ou de valor relevante, presentes na área.

As Zonas de Conservação serão constituídas por:

ZC I (Fartura) - Pólo de Referência em Agroecologia (que inclui as produções de Fartura e


Rodeio), com cadeia produtiva instalada e em funcionamento. A existência de captação de
água da SANEPAR ao Norte e de fonte de água mineral da Fartura em Morretes implica na
preservação da qualidade de água dos rios Ipiranga e Marumbi, e trecho a montante do rio
Nhundiaquara, do qual são contribuintes. Linha de transmissão de energia elétrica (Arraial)
no limite Leste da área. Os principais conflitos na área são: caça, envasamento ilegal de
palmito, uso de defensivos agrícolas no plantio de bananas e tratamento inadequado do lixo.

ZC II (Arraial) - Linhas de transmissão de energia elétrica, oleoduto, ferrovia, rodovia.


Pressão de ocupação antrópica a Sudoeste e reflorestamento com pinus a Oeste da área.
Pequenos comércios e serviços de beira de estrada. Cultivos de subsistência e chácaras de
lazer. Os principais conflitos na área são: cultivo de bananas sob linhas de alta tensão,
extrativismo vegetal sem manejo, caça, especulação imobiliária (chácaras e condomínios)
no Distrito Borda do Campo de São Sebastião, sistema de esgotamento sanitário
inadequado e tratamento inadequado do lixo. Deverão ser previstas áreas de escape (500m)
ao longo da BR 277 para possibilitar um atendimento mais ágil no caso de acidentes.

ZC III (Piraquara) - Pequenas propriedades com agricultura e pecuária de subsistência.


Sítios de lazer. Os principais conflitos na área são: parcelamento do solo para chácaras,

134
sistema de esgotamento sanitário inadequado e tratamento inadequado do lixo. Nesta zona
encontram-se 3 pontos de monitoramento de qualidade de água (SEMA/IAP).

ZC IV (Caiguava) - Pequenas propriedades com agricultura e pecuária de subsistência.


Caça e pesca. Comunidade indígena Arco Íris com 60 famílias em área próxima à Represa
do Caiguava/Barragem Piraquara I. Os principais conflitos são: turismo não organizado,
sistemas de esgotamento sanitário inadequado e tratamento inadequado do lixo. Toda a
área está inserida na área prioritária para conservação da fauna.

ZC V (Rio do Corvo) - Usos múltiplos de baixa intensidade, como mineração, agricultura,


pecuária, piscicultura, reflorestamento, turismo, serviços. Cultivos de subsistência,
pastagens com pequenas criações de vacas e ovelhas, lavouras orgânicas certificadas em
Campina Grande do Sul. Exploração de erva-mate nativa e plantada. Turismo não
organizado. Os principais conflitos da área são: parcelamento do solo para a instalação de
chácaras, abandono de animais mortos e geração de lixo em locais onde são realizados
rituais religiosos (Rio do Corvo, início da Graciosa), existência de chorume e tratamento
inadequado do lixo.

ZC VI (Pico Paraná) - Usos múltiplos com potencial para atividades industriais, comerciais e
de serviços. Agricultura de subsistência. Prestação de serviços gerais nos arredores.
Diaristas em serviços domésticos e em lavouras vizinhas. Cultivo do caqui e piscicultura. Os
principais conflitos são: sistemas de esgotamento sanitário e de tratamento de lixo
inadequados, risco de acidentes com produtos perigosos na faixa situada junto à BR-116, no
limite Oeste. Turismo excessivo em acessos ao Pico Paraná, Capivari e outros. Deverão ser
previstas áreas de escape (500m) ao longo da BR 116.

ZC VII (Jaguatirica) - Características similares à ZC VI. Os pricipais conflitos são:


multiplicação de loteamentos e aumento da população, sistemas de esgotamento sanitário e
de tratamento de lixo inadequados, risco de acidentes com produtos perigosos junto à BR-
116, no limite Oeste. Deverão ser previstas áreas de escape (500m) ao longo da BR 277.

ZC VIII (Bairro Alto) - Usos múltiplos com ênfase em turismo, mananciais, geração de
energia e núcleos habitacionais. Agricultura comercial e de subsistência, caça e extração de
palmito, além de pequenos comércios e atividades turísticas. Produtores associados ao Pólo
de Agroecologia. Chácaras e aglomeração populacional em Bairro Alto e Cachoeira,
comunidades que interagem com a UC. A Leste encontra-se o complexo da COPEL, com
barragem, usina e vila da COPEL. Há linhas de alta tensão que atravessam grande parte da
área. Espécie nova de peixe descoberta no rio Cotia (Pareiorhina sp. n.). Os principais
conflitos são: turismo sem normatização, fracionamento de propriedades para instalação de
chácaras, tratamento inadequado do lixo, pressão urbana e risco de acidentes com produtos
perigosos junto à PR-340.

Zonas de Usos Especiais (Total de 5) - são assim consideradas as unidades de


conservação existentes na área: Parque Estadual do Pico Paraná, Parque Estadual Roberto
Ribas Lange, Parque Estadual da Graciosa, Parque Estadual do Pico Marumbi e Parque
Estadual do Pau-Ôco. A normatização destas deve estar estabelecido nos respectivos
planos de manejo. No P.E. do Pico Marumbi há grande riqueza de peixe e de aves (algumas
raras, ameaçadas ou endêmicas), bem como espécies novas de anfíbios.

Zona de Uso Agropecuário (Capivari) (única): área onde predominam atividades agrícolas
ou pecuárias, que serão reguladas para evitar práticas capazes de causar sensível
degradação ao meio ambiente, além de agricultura de subsistência e piscicultura. Há
caminhoneiros e prestação de serviços gerais nos arredores, diaristas em serviços
domésticos e em lavouras vizinhas.Os principais conflitos são: tendência de expansão do

135
setor de serviços e multiplicação de loteamentos, o que pode causar o aumento da
população local, sistemas de esgotamento sanitário e de tratamento de lixo inadequados. A
bacia do rio do Cedro é uma área de elevada riqueza de espécies da fauna que está em
processo de alteração de suas características naturais devido à pressão de atividades
humanas. A área abriga a espécie Wilfredomys oenax, um roedor considerado “criticamente
em perigo”. Deverão ser previstas áreas de escape (500m) ao longo da BR 116.

Zona de Uso Histórico-Cultural (Total de 4) - considerada como área estratégica neste


Plano, são constituídas pelos antigos caminhos coloniais, onde predominam as atividades
de turismo, que deverão ser reguladas para evitar práticas capazes de causar degradação
do meio ambiente.

7.5 Apresentação das Zonas

Foram elaboradas fichas técnicas específicas para cada zona as quais podem ser
visualizadas no Mapa de Zoneamento que acompanha este documento e pelo Quadro 9.

Estas fichas servirão como base para as ações de gestão a serem implementadas na área,
e contemplam:

- Caracterização: uma breve descrição das características físicas, bióticas e


socioeconômicas da zona;

- Atividades proibidas: usos considerados não compatíveis com a zona, além dos que são
proibidos pela legislação ambiental;

- Objetivos específicos: para orientação da gestão da zona;

- Recomendações de manejo: principais ações consideradas importantes para atender


aos objetivos específicos.

O Quadro 9 apresenta as áreas correspondendentes a cada zona ambiental proposta.

136
Figura 13 - Zoneamento Ecológico-Econômico

137
Quadro 9 - Cálculo de Áreas das Zonas Ambientais
ZONEAMENTO HECTARES
Zona de Proteção da Serra do Mar 40.233,70
Zona de Conservação I (Fartura) 1.986,15
Zona de Conservação II (Arraial) 1.246,39
Zona de Conservação III (Piraquara) 188,72
Zona de Conservação IV (Caiguava) 117,48
Zona de Conservação V (Rio do Corvo) 1.091,16
Zona de Conservação VI (Pico Paraná) 1.088,59
Zona de Conservação VII (Jaguatirica) 1.762,82
Zona de Conservação VIII (Bairro Alto) 1.267,91
Zona de Uso Especial P. E. do Pico Paraná 4.332,94
Zona de Uso Especial P. E. Roberto Ribas Lange 2.801,93
Zona de Uso Especial P. E. da Graciosa 1.147,62
Zona de Uso Especial P. E. do Pico Marumbi 2.387,76
Zona de Uso Especial P. E. do Pau-Ôco 880,78
Zona de Uso Agropecuário Capivari 1.869,69
Zona Histórico Cultural Caminho da Cachoeira 330,21
Zona Histórico Cultural Estrada da Graciosa 278,22
Zona Histórico Cultural Caminho de Itupava 190,81
Zona Histórico Cultural Caminho do Arraial 118,70
Sobreposição com APA do Piraquara 2.751,67
Sobreposição com APA do Rio Pequeno 904,66
TOTAL 66.868,27

Foram adotados os seguintes critérios para comércio e serviços: pequeno porte - área de
construção de até 100 m2; médio porte - entre 100 e 400 m2 e grande porte - superior a 400
m2.

138
Municípios: Campina Grande do Sul, Quatro Barras, Morretes,
ZONA DE PROTEÇÃO da Serra do Mar
Piraquara e Antonina
Caracterização Atividades Proibidas Objetivos Específicos Recomendações de Manejo
Características físicas: - Atividades de turismo que causem - Proteger as paisagens naturais e - Normatizar as atividades de
Região com relevos íngremes, possuindo altitudes impactos negativos ao meio ambiente. pouco alteradas de notável beleza turismo.
superiores na parte mais central e com - Comércio e serviços de grande porte*. cênica. - Permitir somente atividades
características de planície na porção Leste. - Atividades industriais de qualquer - Proteger espécies raras ou científicas que não comprometam a
Circunda os grandes maciços rochosos da Serra porte. ameaçadas de extinção, tanto da integridade dos ecossistemas.
dos Órgãos, Graciosa, Marumbi, Capivari Grande e flora como da fauna. - Limitar a infra-estrutura a algumas
Canavieiras. Nesta zona estão inseridos os - Parcelamento de solo.
- Proteger áreas de endemismo e trilhas necessárias ao
Parques Estaduais do Pico Paraná, Roberto Ribas - Plantio de espécies exóticas invasoras de grande riqueza de espécies da desenvolvimento de atividades
Lange, da Graciosa, do Pico Marumbi e do Pau- para reflorestamento comercial ou fauna. científicas, de ecoturismo, de
Ôco. ambiental. proteção da área e de educação
- Proporcionar uma “zona de
- Atividades de aquacultura. amortecimento” dos parques ambiental.
Características bióticas: - Atividades de agricultura ou pecuária. estaduais inseridos ou limítrofes à - Não permitir que as trilhas sofram
Área com grandes porções conservadas de Mata área. melhoramentos no seu leito visando
- Pesca.
Atlântica (Floresta Ombrófila Densa) formada por - Preservar a conectividade entre o uso motorizado.
- Extração de espécies vegetais nativas,
espécies da flora e fauna de grande valor corredores biológicos. - Realizar obras para proporcionar
incluindo desmatamentos, corte de
científico, típicas deste ambiente e protegidas pela - Possibilitar atividades de pesquisa um adequado escoamento da água
árvores isoladas e roçadas.
lei. científica. pluvial.
- Despejo nos cursos d’água de
- Fiscalizar a caça e pesca.
quaisquer efluentes líquidos, resíduos - Garantir a qualidade dos recursos
Características socioeconômicas: sólidos ou detritos in natura. hídricos. - Incrementar a fiscalização e o
Áreas naturais de mínima intervenção do homem, policiamento nas áreas de turismo.
- Disposição final de resíduos sólidos
com ecossistemas únicos, tolerantes a um uso industriais. - Controlar a qualidade de água dos
limitado do público. rios das bacias do Cachoeira,
Nhundiaquara, Iguaçu e Ribeira.
Conflitos: - Propor diretrizes de uso do solo no
Caça, retirada de palmito e plantas ornamentais, Parque de Férias do Marumbi.
desmatamento para cultivos de subsistência, - Fomentar ações de educação
turismo desordenado. Depósito de lixo ao longo de ambiental junto aos Parques.
rodovias e ferrovias, risco de acidentes com
produtos perigosos, capina química para
manutenção de oleodutos. Loteamento Parque de
Férias do Marumbi.
2 2 2
* Critérios adotados para comércio e serviços: pequeno porte - área de construção de até 100 m ; médio porte - entre 100 e 400 m e grande porte - superior a 400 m .

139
ZONA DE CONSERVAÇÃO I - FARTURA Município: Morretes
Caracterização Atividades Proibidas Objetivos Específicos Recomendações de Manejo
Características físicas: - Plantio de áreas extensas (>10 ha) de - Estimular o desenvolvimento da - Dar apoio à capacitação de
Compreende áreas de planície com rochas florestas exóticas invasoras. Agroecologia. produtores para a conversão do
gnáissico-migmatíticas e depósitos sedimentares - Empreendimentos de aquacultura de - Fomentar a agricultura de sistema produtivo.
recentes. grande porte (> 2 ha) e de médio e subsistência. - Estimular o plantio da pupunha
pequeno porte com as seguintes - Garantir a qualidade dos recursos (bactris gasipaes), palmeira real da
espécies: bagre africano (clarias ssp.), hídricos, em especial dos Australia (Archontophoenix ssp.) e
Características bióticas: catfish (Ichtalurus punctatus), black- açaí (euterpe oleracea).
mananciais dos rios Cristal e
Área com porções conservadas de Mata Atlântica bass (Micropterus spp.), apaiari Iporanga. - Normatizar a atividades de
(Floresta Ombrófila Densa) contendo espécies da (Astronotus ocelatus), camarão da produção de palmito (euterpe
flora e fauna típicas deste ambiente situadas em malásia (Macrobrachium rosenbergii), - Adequar e modernizar a cultura edulis) e o cultivo de bromélias.
altitudes que variam entre 30 e 400 m (Formação rã touro (Rana catesbiana), tucunaré de bananas (utilização de
Submontana) protegidas pela lei. Em algumas (Cichla ssp.). sistemas agroflorestais com - Adequar a destinação final do lixo.
áreas a mata foi suprimida para dar lugar à - Suinocultura, granja de aves, orientação da EMATER). - Fiscalizar o comércio de produtos
agricultura. abatedouros, sem o tratamento - Estimular a aquacultura utilizando oriundos do extrativismo e da fauna
adequado dos efluentes. espécies nativas, como o jundiá silvestre.

Características socioeconômicas: - Uso de agrotóxicos sem receituário de corredeira (rhandia kuelen). - Fiscalizar a caça e a pesca.
agronômico. - Fiscalizar a ocupação em Áreas de
Agricultura de subsistência. Extrativismo vegetal,
caça e pesca. Pólo de referência em Agroecologia - Extração de “cernes de troncos” e Preservação Permanente.
com cadeia produtiva instalada e em xaxins. - Controlar a qualidade da água, em
funcionamento, com certificação. Cultivo de - Extração de bromélias, palmito e especial dos rios Cristal e Iporanga,
bananas. Captação de água pela SANEPAR na orquídeas sem manejo sustentável. a montante da captação da
extremidade Norte. Fonte de água mineral da SANEPAR.
Fartura. - Indústrias potencialmente
degradadoras, capazes de - Fomentar ações de educação
comprometer a qualidade dos ambiental.
Conflitos: mananciais de água.
Caça para consumo sem manejo (aves silvestres, - Disposição final de resíduos sólidos
paca, veado, porco-do-mato). Envasamento ilegal industriais.
de palmito. Tratamento inadequado do lixo. Uso de - Despejo nos cursos d’água de
defensivos agrícolas no plantio de bananas. quaisquer efluentes líquidos, resíduos
sólidos ou detritos in natura.

140
ZONA DE CONSERVAÇÃO II - ARRAIAL Municípios: Morretes e São José dos Pinhais
Caracterização Atividades Proibidas Objetivos Específicos Recomendações de Manejo
Características físicas: - Plantio de áreas extensas (>10 ha) de - Estimular o desenvolvimento da - Apoiar a capacitação de produtores
Relevo sustentado por rochas do tipo granitos e florestas exóticas invasoras. Agroecologia. para a conversão do sistema
migmatitos com altitudes que variam de 200 a - Suinocultura, granja de aves, - Fomentar a agricultura de produtivo.
1.000 m. abatedouros, sem o tratamento subsistência. - Promover a elaboração de
Características bióticas: adequado dos efluentes. - Limitar as invasões existentes. instrumentos legais de ordenamento
Área com porções conservadas de Mata Atlântica - Uso de agrotóxicos sem receituário - Ordenar a ocupação e uso do territorial em harmonia com o
(Floresta Ombrófila Densa) contendo espécies da agronômico. solo, principalmente na margem zoneamento ecológico-econômico.
flora e fauna típicas deste ambiente situadas em - Extração de “cernes de troncos” e da rodovia BR-277. - Normatizar as atividades religiosas
altitudes que variam entre 30 e 1.000 m (Formação xaxins. - Garantir a qualidade dos recursos junto ao rio dos Padres.
Submontana e Montana) protegidas pela lei. Em - Extração de bromélias, palmito e hídricos. - Dar continuidade ao monitoramento
algumas áreas a mata foi suprimida para dar lugar orquídeas sem manejo sustentável. - Adequar e modernizar a cultura de qualidade da água dos rios do
à agricultura. - Indústrias potencialmente de bananas (utilização de Padre e do Pinto, pertencentes à
degradadoras, capazes de sistemas agroflorestais com bacia do Nhundiaquara.
Características socioeconômicas: comprometer a qualidade dos orientação da EMATER). - Fiscalizar a circulação de veículos
Cultivos de subsistência e chácaras de lazer. mananciais de água. - Estimular culturas tradicionais (motocicletas e jipes) no oleoduto.
Pequenos comércios e serviços de beira de - Disposição final de resíduos sólidos como mandioca em áreas - Fiscalizar a ocupação em Áreas de
estrada. Borda do P. E. do Pau Ôco. Previsão de industriais. declivosas. Preservação Permanente e ao
ampliação deste parque em parte desta zona. - Despejo nos cursos d’água de longo das faixas de domínio de
- Limitar as atividades de estradas (15 m) e linhas de alta
Presença de linhas de alta tensão, oleoduto, quaisquer efluentes líquidos, resíduos reflorestamento com espécies
estrada de ferro e rodovia. Pressão de ocupação sólidos ou detritos in natura. tensão (20 a 40m).
exóticas.
antrópica e reflorestamento com pinus a Oeste. - Ocupação da faixa de domínio das - Adequar a destinação final do lixo.
Divisa com APAs de Guaratuba e Rio Pequeno. estradas e linhas de transmissão. - Promover a implantação de sistema
BR-277 no limite Sul. 3 pontos de monitoramento de coleta e de tratamento de
de qualidade de água no limite Leste. esgotos.
- Estabelecer convênios com a
Conflitos: Defesa Civil e articular planos de
Área de invasão no limite Sudoeste. Pressão contingência para eventuais
antrópica junto à BR 277. Risco de acidentes com acidentes com cargas perigosas.
produtos perigosos. Capina química para - Fomentar ações de educação
manutenção de oleoduto. Cultivo de bananas sob ambiental.
linhas de alta tensão. Extrativismo vegetal sem - Prever áreas de escape (500m) ao
manejo. Caça. Sistemas de esgotamento sanitário longo da BR 277.
e tratamento de lixo inadequados. Abandono de
lixo (trabalhos espirituais) no rio dos Padres.

141
ZONA DE CONSERVAÇÃO III - PIRAQUARA Municípios: São José dos Pinhais e Piraquara
Caracterização Atividades Proibidas Objetivos Específicos Recomendações de Manejo
Características físicas: - Plantio de áreas extensas de florestas - Estimular o desenvolvimento da - Apoiar a capacitação de produtores
Abrange pequena porção do Primeiro Planalto exóticas invasoras (>10 ha). Agroecologia. para a conversão do sistema
Paranaense com altitudes que variam de 300 a - Empreendimentos de aquacultura de - Fomentar a agricultura de produtivo.
1.000m. grande porte (> 2 ha) e de médio e subsistência. - Promover a elaboração de
pequeno porte com as seguintes - Ordenar a ocupação e uso do instrumentos legais de ordenamento
espécies: bagre africano (clarias ssp.), solo. territorial em harmonia com o
Características bióticas: catfish (Ichtalurus punctatus), black- zoneamento ecológico-econômico.
Área com porções conservadas de Mata Atlântica bass (Micropterus spp.), apaiari - Garantir a qualidade dos recursos
hídricos. - Normatizar atividades de turismo.
(Floresta Ombrófila Densa) contendo espécies da (Astronotus ocelatus), camarão da
flora e fauna típicas deste ambiente situadas em malásia (Macrobrachium rosenbergii), - Estimular a aquacultura utilizando - Fiscalizar a caça e pesca.
altitudes que variam entre 400 e 1.000m rã touro (Rana catesbiana), tucunaré espécies nativas, como o jundiá - Controlar a qualidade da água dos
(Formação Montana) protegidas pela lei. Em (Cichla ssp.). de corredeira (rhandia kuelen). rio Pequeno, pertencente à bacia do
algumas áreas a mata foi suprimida para dar lugar - Suinocultura, granja de aves, Iguaçu.
à agricultura. - Limitar as atividades de
abatedouros, sem o tratamento reflorestamento com espécies - Adequar a destinação final do lixo.
adequado dos efluentes. exóticas. - Promover a implantação de sistema
Características socioeconômicas: - Uso de agrotóxicos sem receituário de coleta e de tratamento de
agronômico. esgotos.
Pequenas propriedades com cultivos de
subsistência, caça e pesca. Área de chácaras de - Extração de “cernes de troncos” e - Fomentar ações de educação
lazer. Prestação de serviços no turismo não xaxins. ambiental.
organizado. Divisa com APAs do Rio Pequeno e - Extração de bromélias, palmito e
Piraquara. Reflorestamento e agropecuária a orquídeas sem manejo sustentável.
Noroeste.
- Indústrias potencialmente
degradadoras, capazes de
Conflitos: comprometer a qualidade dos
Especulação imobiliária em área próxima (Distrito mananciais de água.
de Borda do Campo de São Sebastião). - Disposição final de resíduos sólidos
Parcelamento do solo para chácaras, turismo não industriais.
organizado. Sistemas de esgotamento sanitário e
- Despejo nos cursos d’água de
tratamento de lixo inadequados.
quaisquer efluentes líquidos, resíduos
sólidos ou detritos in natura.

142
ZONA DE CONSERVAÇÃO IV - CAIGUAVA Município: Piraquara
Caracterização Atividades Proibidas Objetivos Específicos Recomendações de Manejo
Características físicas: - Empreendimentos de aquacultura de - Estimular o desenvolvimento da - Dar apoio à capacitação de
Região com características físicas semelhantes a grande porte (> 2 ha) e de médio e Agroecologia. produtores para a conversão do
Zona ZCIII, situando-se também no Primeiro pequeno porte com as seguintes - Fomentar a agricultura de sistema produtivo.
Planalto Paranaense, com altitudes que variam de espécies: bagre africano (clarias ssp.), subsistência. - Promover a elaboração de
300 a 1.000 m. catfish (Ichtalurus punctatus), black- instrumentos legais de ordenamento
bass (Micropterus spp.), apaiari - Ordenar a ocupação e uso do
solo. territorial em harmonia com o
(Astronotus ocelatus), camarão da zoneamento ecológico-econômico
Características bióticas: malásia (Macrobrachium rosenbergii), - Proteger os recursos naturais
rã touro (Rana catesbiana), tucunaré necessários à subsistência de - Dar atenção especial ao
Área com grandes porções conservadas de Mata agrupamento indígena próximo à
(Cichla ssp.). populações tradicionais e
Atlântica (Floresta Ombrófila Densa) contendo Represa do Caiguava /Barragem
espécies da flora e fauna típicas deste ambiente - Suinocultura, granja de aves, indígenas, respeitando e
valorizando seu conhecimento e Piraquara I.
situadas em altitudes que variam entre 400 e abatedouros, sem o tratamento
1.000m (Formação Montana) protegidas pela lei. adequado dos efluentes. sua cultura e promovendo-as - Participar da elaboração e
social e economicamente. implementação do Plano Diretor do
- Uso de agrotóxicos sem receituário entorno do reservatório.
agronômico. - Garantir a qualidade dos recursos
Características socioeconômicas: hídricos. - Normatizar atividades de turismo.
- Extração de “cernes de troncos” e
Pequenas propriedades com agricultura e pecuária - Estimular a aquacultura utilizando - Adequar a destinação final do lixo.
xaxins.
de subsistência. Caça e pesca. Prestação de espécies nativas, como o jundiá - Fiscalizar a caça.
serviços no turismo ainda não organizado, - Extração de bromélias, palmito e de corredeira (rhandia kuelen).
predatório. Chácaras de lazer. orquídeas sem manejo sustentável. - Regularizar a pesca esportiva e de
- Pesca predatória. - Promover o enriquecimento subsistência.
Comunidade indígena Arco Íris com 60 famílias florestal junto às margens da
próximo à represa Piraquara. Área prioritária para - Indústrias potencialmente - Fiscalizar a pesca predatória.
represa do Caiguava.
conservação da fauna junto aos Mananciais da degradadoras, capazes de - Controlar a qualidade da água do
Serra (APA de Piraquara). Divisa com o P. E. da comprometer a qualidade dos rio Ipiranga, pertencente à bacia do
Baitaca a Oeste. mananciais de água. Nhundiaquara.
- Disposição final de resíduos sólidos - Fiscalizar o uso de agrotóxicos em
Conflitos: industriais. zonas de agricultura.
Turismo desordenado. Tratamento inadequado do - Despejo nos cursos d’água de - Fomentar ações de educação
lixo. Parcelamento do solo para chácaras. Risco de quaisquer efluentes líquidos, resíduos ambiental.
acidentes com produtos perigosos. sólidos ou detritos in natura.

143
ZONA DE CONSERVAÇÃO V - RIO DO CORVO Municípios: Quatro Barras e Campina Grande do Sul
Caracterização Atividades Proibidas Objetivos Específicos Recomendações de Manejo
Características físicas: - Plantio de áreas extensas de florestas - Estimular o desenvolvimento da - Normatizar as atividades de
Abrange pequena porção do Primeiro Planalto exóticas invasoras (>10 ha). Agroecologia. turismo.
Paranaense, com altitudes que variam de 300 a - Suinocultura, granja de aves, - Fomentar a agricultura de - Promover a elaboração de
1.000 m. abatedouros, sem o tratamento subsistência. instrumentos legais de ordenamento
adequado dos efluentes. - Ordenar a ocupação e uso do territorial em harmonia com o
- Uso de agrotóxicos sem receituário solo, principalmente na margem zoneamento ecológico-econômico.
Características bióticas:
agronômico. da rodovia PR-410. - Adequar a destinação final do lixo.
Área com porções conservadas de Mata Atlântica
- Extração de “cernes de troncos” e - Garantir a qualidade dos recursos - Promover a implantação de sistema
(Floresta Ombrófila Densa) contendo espécies da
xaxins. hídricos, em especial do rio do de coleta e de tratamento de
flora e fauna típicas deste ambiente situadas em
altitudes que variam entre 400 e 1.000m - Extração de bromélias, palmito e Corvo. esgotos.
(Formação Montana) protegidas pela lei. Em orquídeas sem manejo sustentável. - Limitar as atividades de - Estabelecer convênios com a
algumas áreas a mata foi suprimida para dar lugar - Caça. reflorestamento com espécies Defesa Civil e articular planos de
à agricultura. exóticas. contingência para eventuais
- Indústrias potencialmente acidentes com cargas perigosas.
degradadoras, capazes de
Características socioeconômicas: comprometer a qualidade dos - Fiscalizar a caça.
mananciais de água. - Controlar a qualidade da água dos
Usos múltiplos de baixa intensidade como
agricultura e pecuária de subsistência, piscicultura, - Disposição final de resíduos sólidos rios Taquari e Corvo, pertencentes à
reflorestamento, turismo, serviços. Lavouras industriais. bacia do Ribeira.
orgânicas certificadas. Diaristas em serviços - Despejo nos cursos d’água de - Regulamentar e controlar o uso de
domésticos e em lavouras vizinhas. PR-410 na quaisquer efluentes líquidos, resíduos locais utilizados para rituais
divisa entre os 2 municípios. sólidos ou detritos in natura. religiosos.
- Verificar situação ambiental do
Conflitos: loteamento Taquari.

Multiplicação de loteamentos. Abandono de - Fomentar ações de educação


animais mortos e geração de lixo em locais de ambiental.
rituais religiosos. Sistemas de esgotamento - Prever áreas de escape (500m) ao
sanitário e tratamento de lixo inadequados. Risco longo da BR 116.
de acidentes com produtos perigosos.

144
ZONA DE CONSERVAÇÃO VI - PICO PARANÁ Municípios: Campina Grande do Sul e Antonina
Caracterização Atividades Proibidas Objetivos Específicos Recomendações de Manejo
Características físicas: - Plantio de áreas extensas de florestas - Fomentar o desenvolvimento das - Promover a elaboração de
A região apresenta altitudes que variam de 200 até exóticas invasoras (>10 ha). atividades comerciais, industriais instrumentos legais de ordenamento
mais de 1.000m. O relevo se apresenta escarpado, - Suinocultura, granja de aves, e de serviços. territorial em harmonia com o
com vertentes íngremes ao Norte e topos isolados, abatedouros, sem o tratamento - Compatibilizar as atividades com zoneamento ecológico-econômico.
colinas e cristas arredondadas, de vertentes adequado dos efluentes. a preservação da qualidade dos - Adequar o esgotamento sanitário e
convexas a Oeste. - Uso de agrotóxicos sem receituário recursos hídricos. a destinação final do lixo.
agronômico. - Ordenar a ocupação e uso do - Controlar a qualidade da água do
Características bióticas: - Extração de “cernes de troncos” e solo. ribeirão Terra, Samambaia e
xaxins. - Disciplinar as atividades Manoel José, pertencentes à bacia
Área com porções conservadas de Mata Atlântica do Ribeira.
(Floresta Ombrófila Densa) contendo espécies da - Extração de bromélias, palmito e industriais de grande potencial
flora e fauna típicas deste ambiente situadas em orquídeas sem manejo sustentável. poluidor. - Fiscalizar acessos aos picos
altitudes que variam entre 400 e 1.000m Paraná, Capivari e outros locais de
- Disposição final de resíduos sólidos ecoturismo.
(Formação Montana) protegidas pela lei. Em industriais.
algumas áreas a mata foi suprimida para dar lugar - Disciplinar o uso e incentivar a
à agricultura. - Despejo nos cursos d’água de construção de infra-estrutura na
quaisquer efluentes líquidos, resíduos Fazenda Pico Paraná.
sólidos ou detritos in natura.
Características socioeconômicas: - Estabelecer convênios com a
Defesa Civil e articular planos de
Usos múltiplos com potencial para atividades contingência para eventuais
industriais, comerciais e de serviços. Agricultura de acidentes com cargas perigosas.
subsistência e agroindústria. Prestação de serviços
gerais nos arredores. Diaristas em serviços - Fomentar ações de educação
domésticos e em lavouras vizinhas. Cultivo do ambiental.
caqui e piscicultura. BR 116 no limite Oeste. - Prever áreas de escape (500m) ao
longo da BR 116.
Conflitos:
Sistemas de esgotamento sanitário e tratamento
de lixo inadequados. Risco de acidentes com
produtos perigosos. Turismo excessivo em
acessos ao Pico Paraná, Capivari e outros. Risco
de acidentes com produtos perigosos.

145
ZONA DE CONSERVAÇÃO VII - JAGUATIRICA Municípios: Campina Grande do Sul e Antonina
Caracterização Atividades Proibidas Objetivos Específicos Recomendações de Manejo
Características físicas: - Empreendimentos de aquacultura de - Fomentar o desenvolvimento das - Promover a elaboração de
A região apresenta altitudes com valores que grande porte (> 2 ha) e de médio e atividades comerciais, industriais instrumentos legais de ordenamento
variam de 200 a mais de 1.000 m. O relevo se pequeno porte com as seguintes e de serviços. territorial em harmonia com o
apresenta escarpado, com vertentes íngremes ao espécies: bagre africano (clarias ssp.), - Compatibilizar as atividades com zoneamento ecológico-econômico.
Norte e topos isolados, colinas e cristas catfish (Ichtalurus punctatus), black- a preservação da qualidade dos - Adequar o esgotamento sanitário e
arredondadas, de vertentes convexas a Oeste. bass (Micropterus spp.), apaiari recursos hídricos. a destinação final do lixo.
(Astronotus ocelatus), camarão da
malásia (Macrobrachium rosenbergii), - Estimular a aquacultura utilizando - Controlar a qualidade da água do
rã touro (Rana catesbiana), tucunaré espécies nativas, como o jundiá ribeirão Terra, Samambaia e
Características bióticas:
(Cichla ssp.). de corredeira (rhandia kuelen). Manoel José, pertencentes à bacia
Área com porções conservadas de Mata Atlântica do Ribeira.
(Floresta Ombrófila Densa) contendo espécies da - Plantio de áreas extensas de florestas - Ordenar a ocupação e uso do
flora e fauna típicas deste ambiente situadas em exóticas invasoras (>10 ha). solo. - Avaliar condições de mineração
altitudes que variam entre 400 e 1.000m - Suinocultura, granja de aves, - Limitar as atividades de junto à represa do Ribeirão Grande.
(Formação Montana) protegidas pela lei. Em abatedouros, sem o tratamento reflorestamento com espécies
algumas áreas a mata foi suprimida para dar lugar adequado dos efluentes. exóticas. - Estabelecer convênios com a
à agricultura. - Disciplinar as atividades Defesa Civil e articular planos de
- Uso de agrotóxicos sem receituário contingência para eventuais
agronômico. industriais de grande potencial
poluidor. acidentes com cargas perigosas.
Características socioeconômicas: - Extração de “cernes de troncos” e
Usos múltiplos com potencial para atividades xaxins. - Incentivar o turismo (vôo livre) - Fomentar ações de educação
industriais, comerciais e de serviços. Agricultura de junto à torre da EMBRATEL. ambiental.
- Extração de bromélias, palmito e
subsistência. Prestação de serviços gerais nos orquídeas sem manejo sustentável.
arredores. Diaristas em serviços domésticos e em
lavouras vizinhas. Cultivo do caqui e piscicultura. - Caça.
BR 116 no limite Oeste. Minerações de brita, - Disposição final de resíduos sólidos
granito e paralelepípedo junto à represa do industriais.
Ribeirão Grande. - Despejo nos cursos d’água de
quaisquer efluentes líquidos, resíduos
Conflitos: sólidos ou detritos in natura.
Multiplicação de loteamentos e aumento da
população. Sistemas de esgotamento sanitário e
tratamento de lixo inadequados. Risco de
acidentes com produtos perigosos.

146
ZONA DE CONSERVAÇÃO VIII - BAIRRO ALTO Municípios: Antonina
Caracterização Atividades Proibidas Objetivos Específicos Recomendações de Manejo
Características físicas: - Plantio de áreas extensas de florestas - Promover o ecoturismo. - Normatizar as atividades de
Região de planícies com altitudes inferiores a exóticas invasoras (>10 ha). - Estimular o desenvolvimento da turismo, inclusive junto à estrada da
200m na bacia do rio Cachoeira. Aparecem topos - Suinocultura, granja de aves, Agroecologia. Piscina dos Elefantes.
isolados e cristas arredondadas em toda a abatedouros, sem o tratamento - Estimular o plantio de frutíferas - Capacitar mão-de-obra local para o
extensão da zona. Declividades inferiores a 12%. adequado dos efluentes. nativas adaptadas às condições turismo rural e de aventura.
- Uso de agrotóxicos sem receituário locais de solo e clima. - Orientar o empreendedor da área
Características bióticas: agronômico. - Limitar as atividades de turística.
Área com porções conservadas de Mata Atlântica - Extração de “cernes de troncos” e reflorestamento com espécies - Implementar planos de manejo para
(Floresta Ombrófila Densa) contendo espécies da xaxins. exóticas. extração de palmito.
flora e fauna típicas deste ambiente situadas em - Extração de bromélias, palmito, - Garantir a qualidade dos recursos - Dar apoio ao Pólo de Agroecologia.
altitudes que variam entre 30 e 400 m (Formação bracatinga e erva-mate nativa sem hídricos. - Dar apoio à agroindústria: polpa de
Submontana) protegidas pela lei. Em algumas manejo sustentável. - Ordenar a ocupação e uso do frutas, mandiquera, multimistura
áreas a mata foi suprimida para dar lugar à - Indústrias potencialmente solo, principalmente na margem (sugestões EMATER).
agricultura. degradadoras, capazes de da rodovia PR-340. - Adequar a destinação final do lixo.
comprometer a qualidade dos - Fiscalizar a caça.
Características socioeconômicas: mananciais de água.
- Controlar a qualidade da água dos
Usos múltiplos com ênfase em turismo, - Disposição final de resíduos sólidos rios Cachoeira e Cotia, pertencentes
mananciais, geração de energia e núcleos industriais. à bacia do Cachoeira.
habitacionais. Agricultura comercial e de - Despejo nos cursos d’água de - Fiscalizar o uso de agrotóxicos em
subsistência; caça e extração de palmito; pequeno quaisquer efluentes líquidos, resíduos zonas de agricultura.
comércio; atividades turísticas. Produtores sólidos ou detritos in natura.
associados ao Pólo de Agroecologia. Chácaras. - Promover a elaboração de
- Ocupação da faixa de domínio das instrumentos legais de ordenamento
PR-340 no limite Leste. Usina da COPEL. linhas de transmissão.
Aglomeração populacional em Bairro Alto e territorial em harmonia com o
Cachoeira, comunidades que interagem com a UC. zoneamento ecológico-
Divisa com APA de Guaraqueçaba a Leste. econômico.Participar da
implantação do Plano Diretor do
entorno do reservatório da COPEL.
Conflitos: Turismo sem normatização, - Fiscalizar a ocupação em Áreas de
Fracionamento de propriedades para instalação de Preservação Permanente e ao
chácaras. Pressão urbana junto à PR - 340. longo das faixas de domínio de
Tratamento inadequado do lixo. Risco de acidentes linhas de alta tensão (20 a 40m).
com produtos perigosos.
- Estabelecer convênios com a
Defesa Civil e articular planos de
contingência para eventuais
acidentes com cargas perigosas.
- Fomentar ações de educação
ambiental.

147
ZONAS DE USO AGROPECUÁRIO CAPIVARI Municípios: Campina Grande do Sul e Antonina
Caracterização Atividades Proibidas Objetivos Específicos Recomendações de Manejo
Características físicas: - Suinocultura, granja de aves, - Apoiar o desenvolvimento das - Estimular a utilização de critérios
Região que abrange parte do Primeiro Planalto abatedouros, sem o tratamento atividades agropecuárias. técnicos que visem a manutenção
Paranaense no limite Oeste, com altitudes de 300 adequado dos efluentes. - Garantir a qualidade dos recursos da qualidade física, química e
a 1.000 m. Na porção Leste o relevo apresenta - Uso de agrotóxicos sem receituário hídricos. biológica dos solos pelas atividades
feição de serra, altitudes superiores a 1.000m, agronômico. - Ordenar a ocupação e uso do agrícolas.
afloramentos rochosos em grande proporção e - Disposição final de resíduos sólidos solo, principalmente na margem - Manter os animais domésticos em
vertentes íngremes com declividades superiores a industriais. da rodovia BR-116. áreas cercadas ou em locais
30%. - Despejo nos cursos d’água de - Promover o enriquecimento adequados, para evitar a
quaisquer efluentes líquidos, resíduos vegetal junto à represa do degradação do ecossistema.
Características bióticas: sólidos ou detritos in natura. Capivari. - Exigir a implantação de estruturas
Área com poucas porções conservadas de Mata - Ocupação da faixa de domínio das de drenagem para os acessos
Atlântica (Floresta Ombrófila Densa) contendo linhas de transmissão. existentes ou a serem construídos.
espécies da flora e fauna típicas deste ambiente - Avaliar condições de mineração
situadas em altitudes que variam de 400 a 1.000m junto à represa do Capivari.
(Formação Montana) protegidas pela lei. Em - Adequar o esgotamento sanitário e
grande parte da área a mata foi suprimida para dar a destinação final do lixo.
lugar à agropecuária. - Fiscalizar a caça.
- Fiscalizar o uso de agrotóxicos em
Características socioeconômicas: zonas de agricultura.
Predomínio de atividades agropecuárias: cultivo de - Controlar a qualidade da água dos
grãos e hortaliças, fruticultura, psicultura, pecuária. rios do Cedro e Lapinha, perten-
BR-116 e represa do Capivari no limite Oeste e centes à bacia do Ribeira.
linhas de transmissão cortando a área. Mineração - Fiscalizar a ocupação em Áreas de
de saibro no limite Oeste, junto à represa do Preservação Permanente e ao
Capivari. longo das faixas de domínio de
linhas de alta tensão (20 a 40m).
Conflitos: - Estabelecer convênios com a
Tendência de expansão do setor de serviços e Defesa Civil e articular planos de
multiplicação de loteamentos, o que pode causar o contingência para eventuais
aumento da população local. Sistemas de acidentes com cargas perigosas.
esgotamento sanitário e tratamento de lixo - Fomentar ações de educação
inadequados. Problemas de erosão. Risco de ambiental.
acidentes com produtos perigosos.

148
ZONA HISTÓRICO - CULTURAL (Caminho da Cachoeira, Estrada da Graciosa, Municípios: Morretes, Campina Grande do Sul, Quatro Barras,
Caminho de Itupava e Caminho do Arraial) Piraquara e Antonina
Caracterização Atividades Proibidas Objetivos Específicos Recomendações de Manejo
Municípios: Quatro Barras, Morretes, Campina - Instalação de edificações sem que - Preservar sítios históricos e - Exigir a prévia autorização do
Grande do Sul, São José dos Pinhais e Antonina. sejam observados critérios que arqueológicos. IPHAN e Secretaria de Cultura do
possibilitem a proteção dos sítios de - Promover o turismo histórico- Paraná para as pesquisas e
valor histórico, arqueológico ou cultural cultural. construções realizadas na área.
Características físicas: existentes.
- Fomentar o estudo dos valores - Regulamentar o acesso do público
Região com relevo típico de serras (altitudes - Execução de infra-estrutura viária. a locais previamente determinados
superiores a 1.000m) e de planície com (altitudes históricos, arqueológicos e
- Retirada ou remoção de qualquer culturais. e demarcados e de forma ordenada,
inferiores a 200m). orientada e exclusiva.
objeto de cunho arqueológico, histórico, - Fomentar a educação e
Características bióticas: cultural. - Exigir a comunicação à
interpretação ambiental e a
Área com grandes porções conservadas de Mata - Atividades industriais de qualquer recreação em contato com a administração da área sobre a
Atlântica (Floresta Ombrófila Densa) formada por porte. natureza. descoberta de bens de valor
espécies da flora e fauna típicas deste ambiente e arqueológico, histórico ou cultural.
que são protegidas pela lei. - Comércio e serviços de grande porte. - Fomentar a criação de áreas de
lazer públicas e particulares. - Elaborar zoneamento e avaliação
- Projetos de urbanização ou de capacidade de carga, nos
loteamentos rurais de qualquer porte. - Garantir a qualidade dos recursos moldes do trabalho realizado para o
Características socioeconômicas: hídricos.
- Atividades de aquacultura. Caminho de Itupava.
Áreas com antigos caminhos coloniais, onde
- Extração de espécies vegetais nativas. - Fornecer ao visitante todas as
predominam as atividades de turismo (serviços e
informações sobre o caminho
comércio) junto às faixas de domínio, - Despejo nos cursos d’água de
histórico, tais como sua importância,
principalmente no Caminho de Itupava. Vários quaisquer efluentes líquidos, resíduos
possibilidades de recreação e
indícios arqueológico na área de influência deste sólidos ou detritos in natura.
normas de comportamento.
Caminho. Ponto de monitoramento de qualidade - Tratamento ou disposição final de
de água junto ao Santuário Nhundiaquara. - Propiciar o apoio logístico ao
resíduos sólidos industriais.
visitante.
- Incrementar a fiscalização e o
Conflitos: Agravamento da erosão, extração de policiamento nas áreas de turismo.
espécies vegetais, caça, geração de lixo, impactos
do solo, danos ao patrimônio arqueológico. - Fiscalizar a caça.
Invasão no entroncamento da BR-116 com a PR- - Controlar a qualidade da água dos
410. Risco de acidentes com produtos perigosos. rios e lagos.

149
8 PLANEJAMENTO E GESTÃO NA AEIT DO MARUMBI

O processo de planejamento territorial, em especial quando se trata da proteção de áreas


relevantes pela sua biodiversidade e demais atributos e recursos naturais, implica na
imposição de limitações administrativas ao direito de propriedade. Assim, restringe o
exercício de determinadas atividades e impõe algumas obrigações a quem detém a
propriedade da terra.

A nova Constituição Federal trouxe avanços sociais positivos, em especial no que se refere
à conservação ambiental. Embora garanta o direito de propriedade, estabelece que esta
atenderá à sua função social. Além disso, nos seus "Princípios Gerais da Atividade
Econômica", destaca a função social da propriedade e a defesa do meio ambiente.

No caso de uma AEIT, o estabelecimento de controles e restrições com o objetivo de


conservar os atributos naturais, disciplinar o uso e ocupação do solo e a utilização dos
recursos naturais, tem base na aplicação das disposições dos artigos 8º e 9º da Lei Federal
nº 6.902/81 e da Lei nº 6.938/81.

Cada norma, independentemente do grau da restrição ao direito de uso, dependendo do


objeto de controle, muitas vezes deverá estar apoiada em outros diplomas legais que tratem
mais especificamente da matéria. Existe, ainda, disponível um rico conjunto de diplomas
legais referentes à maioria das matérias abrangidas pelas questões de zoneamento, manejo
e utilização de recursos naturais, renováveis e não-renováveis, ao patrimônio ambiental,
histórico e cultural, ao turismo e referentes às questões rurais e urbanas. Cabe registrar
também, a legislação voltada à matéria da gestão regional e a bacias hídricas.

Nesta evolução conceitual e jurídica, o Código Florestal (Lei nº 4.771/65), desempenhou um


papel relevante, pois desde 1965 estabelece normas de ordenamento e restrições em áreas
públicas e privadas ao prescrever as Áreas de Preservação Permanente e as Reservas
Legais, cujo cumprimento pode garantir a conservação de boa parte das propriedades e dos
ecossistemas.

É comum deparar-se com uma situação de restrição integral ao uso de uma ou mais
propriedades, abrangendo sua área total. Essas restrições podem vir a gerar situações de
conversão em área pública ou de criação de uma unidade de conservação de proteção
integral, pública ou privada. As dificuldades encontradas pelos proprietários em cumprir a
legislação sobre Reservas Legais têm gerado propostas quanto à formação de condomínios
e/ou cooperativas de proprietários.

O planejamento e a gestão da AEIT do Marumbi se ajusta muito bem ao contexto do


planejamento biorregional. As bases comuns são: abrangem áreas extensas, contêm áreas-
núcleos de proteção integral (Parques), orientam o ordenamento territorial e o uso
sustentável dos recursos naturais com ênfase nas diferentes modalidades de turismo que se
aplicam na região e através de processos políticos que resultem na melhoria da qualidade
de vida das comunidades locais.

A gestão ambiental busca conduzir processos administrativos e operacionais a partir de um


padrão de modelo de conservação e desenvolvimento programado. Para compor este tipo
de gestão, são estabelecidas ações, recursos e mecanismos jurídicos e institucionais
necessários à perspectiva compartilhada entre os atores envolvidos e seus diferentes
papéis.

150
É básica a premissa de que todas as partes interessadas têm papéis a desempenhar. A
administração governamental deve se tornar ágil e flexível para acomodar e promover este
novo modelo.

Gerir a AEIT significa exercer sobre ela um conjunto de ações políticas, legislativas e
administrativas para que, partindo da realidade existente, se possa alcançar uma cultura
organizacional que promova trabalhos em equipe com a comunidade, objetivando a
capacitação dos atores, a produção de bens e serviços, de modo a minimizar os impactos
dessa produção sobre os recursos naturais e o cumprimento dos objetivos
conservacionistas.

8.1 O Processo Adotado

O planejamento da AEIT apresenta-se de tal forma que uma seqüência de ações durante
sua implementação leva à uma evolução progressiva do plano previstas, vislumbrando-se
pelo menos três fases. Parte-se da formulação do planejamento com dados secundários, na
primeira, e alcança-se a disponibilidade de estudos específicos que permitirão atuar sobre
os problemas mais complexos e menos conhecidos da AEIT, à medida que se aprofundam
os conhecimentos e domínio das variáveis envolvidas em sua gestão.

Cada fase tem um período de planejamento e um de implantação. A implantação da


primeira fase deve conter atividades capazes de gerar o conhecimento necessário para o
planejamento da segunda fase. Por sua vez, o planejamento da segunda fase ocorrerá em
paralelo com o final do período de implantação da primeira e assim sucessivamente. Assim,
este processo deve gerar e implantar as fases do Plano de Manejo, que é o instrumento
através do qual se apresentam as diretrizes e as atividades básicas para a consolidação da
AEIT.

Adotar este enfoque processual pressupõe que a evolução gradual do conhecimento amplia
a capacidade de identificação dos problemas. Além disso, possibilita prever as
potencialidades e os riscos futuros e cria as condições para se formular as etapas do Plano.
Este enfoque deve ser dinâmico e evolutivo, enriquecido com o aprofundamento do
conhecimento técnico e científico dos processos socioambientais que ocorrem na área. A
revisão da eficiência e ações dos programas devem ser avaliadas periodicamente.

Ao longo do tempo, o processo de amadurecimento da gestão e do planejamento em si


estrutura-se sucessivamente, de forma a garantir sua evolução. Este amadurecimento
ocorre com base nas seguintes premissas:

• ao conhecimento adquirido;

• à experiência obtida na execução das atividades;

• ao aprofundamento da participação dos agentes;

• à maior consolidação dos objetivos da AEIT.

8.2 O Enfoque em Planejamento Estratégico como Metodologia


Diferencial

O enfoque estratégico de planejamento propicia a elaboração de análises estratégicas e a


formulação de cenários futuros, reduzindo as incertezas do processo e ampliando a
capacidade de formulação de ações adequadas para enfrentar os problemas e a

151
consolidação da missão da AEIT. A missão da AEIT revela o objetivo específico da unidade
de conservação, os meios para alcançar este objetivo e a contribuição deste para a
preservação e conservação da biodiversidade e para o desenvolvimento sustentável da
região.

A definição da "missão", fundamenta-se nos objetivos de sua criação, ou seja, na proteção


de sua biodiversidade e dos processos naturais, por um lado, e de outro, nas estratégias de
desenvolvimento, em bases sustentáveis, e nas questões relevantes, definidas a partir da
análise e discussão relativas aos conflitos de uso do solo e de manejo dos recursos
naturais, assim como dos impactos ambientais resultantes. Não deve ser esquecido que as
expectativas dos agentes ou usuários, também devem ser incorporadas para que haja um
ajuste na missão, estratégias e ações.

O enfoque estratégico também leva a considerar as forças interagentes, avaliando seu


comportamento no presente e no futuro, relacionadas ao ambiente externo e interno da
AEIT. Os pontos de partida são o quadro socioambiental e a missão da AEIT, para auxiliar
na definição das estratégias e ações que irão compor o Plano de Manejo. Estas forças que
são restritivas ou propulsoras da preservação da biodiversidade e do desenvolvimento
sustentável, corresponderão respectivamente a ameaças ou oportunidades para alcançar os
objetivos da AEIT.

8.3 O Enfoque no Planejamento Participativo

A concretização dos objetivos de criação de uma AEIT estará mais garantida e de maneira
mais eficaz dentro de procedimentos de Planejamento Participativo. Engajando-se a
comunidade no processo, é possível buscar respostas concretas à sociedade que vive e
produz na região. O Planejamento Participativo busca também motivar a comunidade, tendo
em vista seu engajamento no processo de desenvolvimento e implantação da AEIT, através
de novas alternativas e oportunidades capazes de ampliar sua qualidade de vida e
conservar a biodiversidade, além de propiciar o gerenciamento dos conflitos existentes e
potenciais.

Trata-se de envolver valores, expectativas e perspectivas da comunidade. Assim, a


sociedade, bem como cada habitante presente nesse processo, dimensiona os problemas
sociais, econômicos, culturais e políticos em seu território e explicita suas aspirações
coletivas ou pessoais. Por outro lado, é importante que receba informações sobre o "todo
ambiental" do seu lugar. Assim, cada um terá a oportunidade de democratizar seu
conhecimento e sua percepção particular, ao mesmo tempo em que politiza sua
problemática pessoal.

O enfoque participativo pressupõe que os agentes envolvidos no processo de planejamento


colaboram na formulação dos componentes do Plano de Manejo da AEIT. Busca, com isso,
motivar a comunidade, tendo em vista seu engajamento no processo de desenvolvimento e
implantação da AEIT. Para tanto, na elaboração de cada instrumento ou produto de cada
fase do processo serão aplicados procedimentos participativos.

No processo participativo, a realidade é explicada pelo conjunto dos atores que dele
participam e a identificação da problemática, assim como a busca das soluções dependem
do conjunto dos mesmos. O quadro socioambiental, assim obtido, deve refletir melhor os
objetivos definidos pelos agentes e contar com o compromisso dos mesmos para a sua
implementação. Deve-se obter uma participação de qualidade em todos os momentos do
processo. Os agentes fornecerão suas contribuições para identificar e avaliar os problemas
e potencialidades da região a partir da realidade e da cultura das populações tradicionais. O

152
processo permite, ainda, explicitar conflitos, promover processos de negociação entre os
agentes, tornando-se uma oportunidade para a exposição de pontos de vista específicos.

Esta participação contribui fundamentalmente com a criação de instâncias formais de co-


gestão e permite identificar agentes motivados, o que é extremamente importante para o
estabelecimento de uma parceria efetiva para AEIT. Esta instância de co-gestão deverá
complementar e amplificar o processo de governabilidade existente no espaço regional e
local, sem constituir-se, no entanto, em elemento estranho às instâncias administrativas e de
poder legalmente constituído. Portanto, a articulação inter e intra-institucional com as
instâncias já existentes, através de processos de consulta, divulgação e reuniões técnicas,
enriquece o processo de gestão e permite trabalhar o caráter integrado do planejamento, em
relação aos planos e programas setoriais previstos e ao planejamento territorial da região
onde se insere a AEIT.

153
9 MANEJO E DESENVOLVIMENTO

9.1 Linhas de Desenvolvimento para AEIT do Marumbi

Os Programas de Gestão organizam o conjunto de atividades a realizar para alcançar os


objetivos específicos da AEIT, dentro das estratégias estabelecidas. Consideram, em sua
formulação, os espaços institucionais, os mecanismos e os instrumentos legais já existentes
na área do projeto (Quadro 10).
Quadro 10 - Convênios Governamentais
Objetivo do Órgão Valor Período de
Concedente Convenente
Convênio Superior Liberado Vigência
ANTONINA
Execução de sistemas de Fundação Nacional Prefeitura de
Ministério da Saúde 0,00 2002/2004
abastecimento de água de Saúde Antonina
Ministério do Programa Nacional
Prefeitura de
Infra-estrutura e serviços Desenvolvimento de Agricultura 148.181,00 2001/2002
Antonina
Agrário Familiar
Ministério da
Desenvolvimento do
Agricultura, Caixa Econômica Prefeitura de
Cooperativismo e 60.606,00 2001/202
Pecuária e Federal Antonina
Associativismo Rural
Abastecimento
Secretaria de
Aquisição de Ministério o Meio Qualidade Ambiental Prefeitura de
124.000,00 2001/2002
equipamentos de lixo Ambiente nos Assentamentos Antonina
Humanos
Ministério da
Agricultura, Caixa Econômica Prefeitura de
Infra-estrutura e serviços 45.000,00 2000/2001
Pecuária e Federal Antonina
Abastecimento
Construção de rede
coletora de esgoto Fundação Nacional Prefeitura de
Ministério da Saúde 300.000,00 2000/2002
sanitário e estação da Saúde Antonina
elevatória
Implantação do sistema
Fundação Nacional Prefeitura de
de abastecimento de Ministério da Saúde 100.000,00 2000/2002
da Saúde Antonina
água
Desenvolvimento de
Diretoria Executiva
ações do plano de Prefeitura de
Ministério da Saúde do Fundo Nacional 38.164,00 1998/2000
erradicação do Aedes Antonina
de Saúde
aegypti no município
PIRAQUARA
Caixa Econômica Prefeitura
Ministério das
Infra-estrutura urbana Federal- Programas Municipal de 100.000,00 2001/2004
Cidades
Sociais Piraquara
Caixa Econômica Prefeitura
Melhoria das Condições Ministério das
Federal Programas Municipal de 64.646,40 2001/2003
de Habitabilidade Cidades
Sociais Piraquara
Diretoria Executiva Prefeitura
Plano de Erradicação do
Ministério da Saúde do Fundo Nacional Municipal de 13.606,00 1998/2000
Aedes aegypti
de Saúde Piraquara

154
Campina Grande do Sul
Promover a geração de
emprego e renda em
pequenas propriedades
agrícolas familiares
Agência de
através da implantação Ministério da
Desenvolvimento
de sistemas Integração Administração Geral 0,00 2003/2004
dos municípios
agrosilviculturais, Nacional
da mesoregião
organizados em torno de
unidades rurais de
desenvolvimento
integrado
Caixa econômica Prefeitura de
Melhoria da condições de Ministério das
Federal- Programas Campina Grande 0,00 2003/2004
habitabilidade cidades
Sociais do Sul
Habitar/BID- Caixa econômica Prefeitura de
Ministério das
Desenvolvimento Federal- Programas Campina Grande 112.778,00 2002/2004
Cidades
institucional Sociais do Sul
Implementação do fórum
Agência de
de desenvolvimento Ministério da
Desenvolvimento
integrado e sustentável Integração Administração Geral 245.304,00 2001/2003
dos municípios
da mesorregião Vale do Nacional
da mesoregião
Ribeira/Guaraqueçaba
Ministério do Programa Nacional Prefeitura de
Infra-estrutura e serviços Desenvolvimento de Agricultura Campina Grande 54.545,00 2001/2004
Agrário Familiar do Sul
Prefeitura de
Execução de sistemas de Fundação Nacional
Ministério da Saúde Campina Grande 36.000,00 2002/2003
abastecimento de água de Saúde
do Sul
Reestruturação urbana,
Caixa Econômica Prefeitura de
interligação de áreas Ministério das
Federal- Programas Campina Grande 200.000,00 2001/2003
urbanas e adequação de Cidades
Sociais do Sul
vias
Ministério da
Prefeitura de
Agricultura, Caixa Econômica
Infra-estrutura e serviços Campina Grande 50.000,00 2000/2001
Pecuária e Federal
do Sul
Abastecimento
Caixa Econômica Prefeitura de
Ações de saneamento Ministério das
Federal- Programas Campina Grande 750.000,00 2000/2004
básico cidades
Sociais do Sul
Caixa Econômica Prefeitura de
Ações de saneamento Ministério das
Federal- Programas Campina Grande 60.000,00 2000/2002
básico cidades
Sociais do Sul
Ministério da Prefeitura de
Construção de galerias
Integração Administração geral Campina Grande 100.000,00 2000/2001
de águas pluviais
Nacional do Sul
Ministério da Prefeitura de
Dragagem e retificação
Integração Administração Geral Campina Grande 18.000,00 1999/2000
de leito do córrego
Nacional do Sul
Prefeitura de
Conclusão do centro de Ministério do Instituto Brasileiro do
Campina Grande 442.500,00 1999/2000
eventos Turismo Turismo
do Sul
Desenvolvimento de
Diretoria Executiva Prefeitura de
ações do plano de
Ministério da Saúde do Fundo Nacional Campina Grande 65.210,00 1998/2000
erradicação do Aedes
de Saúde do Sul
aegypti

155
Morretes
Melhoria das condições Ministério das Caixa Econômica Prefeitura de
50.000,00 2001/2003
de habitabilidade Cidades Federal Morretes
Secretaria de
Ações de
Ministério do Meio Qualidade Ambiental Prefeitura de
desenvolvimento 75.000,00 2001/2002
Ambiente nos Assentamentos Morretes
Ambiental Urbano
Urbanos
Ministério do Programa Nacional
Implantação de infra- Prefeitura de
Desenvolvimento de Agricultura 147.670,18 2000/2003
estrutura e serviços Morretes
Agrário Familiar
Revitalização do Fundo Geral de
Ministério do Prefeitura de
Complexo Turístico da Turismo 120.000,00 1999/2001
Turismo Morretes
Praça Rocha Pombo (FUNGETUR)
Estabelecer as condições
para o desenvolvimento Diretoria Executiva
Prefeitura de
das ações do plano de Ministério da Saúde do Fundo Nacional 31.064,00 1998/2000
Morretes
erradicação da Aedes de Saúde
aegypti no município
Quatro Barras
Execução de Sistemas Ministério da Saúde Fundação Nacional Prefeitura de 0,00 2002/2004
de Abastecimento de de Saúde Quatro Barras
Água
Melhoria das Condições Ministério das Caixa Econômica Prefeitura de 25.000,00 2000/2004
de Habitabilidade Cidades Federal- Programas Quatro Barras
Sociais
Praça de uso público, Ministério do Instituto Brasileiro de Prefeitura de 142.500,00 2000/2001
localizada no distrito de Turismo Turismo Quatro Barras
Borda do Campo
Canalização de águas Ministério da Administração Geral Prefeitura de 40.000,00 1999/2000
pluviais Integração Quatro Barras
Nacional
Controle de Enchentes Ministério da Administração Geral Prefeitura de 80.000,00 1999/2000
Integração Quatro Barras
Nacional
Centro Cultural Quatro Ministério da Coordenadoria Geral Prefeitura de 91.428,00 1999/2000
Barras Cultura de Recursos Quatro Barras
Logísticos
Fonte - Controladoria Geral da União

As diversas atividades definidas no âmbito do Plano integram os Programas de Gestão, que


são delineados para atender à complexidade de aspectos que envolvem o tratamento das
questões ambientais existentes na AEIT. Este conjunto de atividades é estruturado para
atingir objetivos relevantes no plano do Conhecimento, da Gestão Interinstitucional e da
Gestão Ambiental. A aplicação de Programas de Gestão, articulados às Zonas Ambientais,
permite a gestão ambiental específica e geral. A “massa crítica” responsável pela
elaboração deste documento consensou os seguintes fundamentos da gestão e das ações
gerenciais gerais:

• Eficiência Econômica;

• Eqüidade Social;

• Prudência Ecológica.

156
A MRS Estudos Ambientais Ltda., por meio do contrato firmado com a Pró-Atlântica e com o
Instituto Ambiental do Paraná - IAP, promoveu nos dias 20 e 21 de agosto de 2003, em
Matinhos - PR, a primeira de duas Oficinas de Planejamento com o objetivo de subsidiar a
elaboração do Plano de Manejo da AEIT do Marumbi. Delas participaram lideranças da
região e representantes das principais instituições envolvidas com a AEIT.

Foram apresentados, de forma sucinta, os aspectos notáveis da unidade destacados pelo


diagnóstico. A Oficina foi iniciada com a exposição das expectativas positivas e negativas
(anseios e receios) relativas à implementação da AEIT . As expectativas foram registradas e
estruturadas em painéis - de forma organizada, sendo pontuadas segundo o grau de
importância atribuído por cada participante.

Finalizada a etapa de análise estratégica do quadro sócio-ambiental, foram identificadas


áreas estratégicas, diferenciadas no planejamento da unidade.

Nos dias 09 e 10 de outubro de 2003, em Quatro Barras - PR, a Segunda Oficina de


Planejamento com o objetivo de subsidiar a elaboração do Planejamento. Os participantes
elaboraram para cada uma das áreas estratégicas e linhas de ação, conjuntos temáticos de
assuntos que, posteriormente, compuseram parte dos programas de gestão. As propostas
elaboradas pelos grupos de trabalho foram apresentadas e discutidas em sessão plenária, e
consensualmente ajustadas.

Foram definidos os critérios para o desenvolvimento dos programas de gestão considerados


como fundamentais para implementação da AEIT e os participantes estabeleceram a
listagem das instituições com potencial de envolvimento na gestão da AEIT, indicando o tipo
de apoio potencial das mesmas. Definiram-se como parâmetros temporais os seguintes
prazos:

• Até 2 anos: curto prazo

• De 2 a 5 anos: médio prazo

• Acima de 5: longo prazo

As avaliações realizadas pela equipe, o zoneamento, Oficinas de Planejamento e as


reuniões com o Grupo de Apoio ao Planejamento realizadas em 2003 indicaram o seguinte
conjunto de temas em programas e sub-programas de desenvolvimento para a AEIT:

157
Quadro 11 - Relação de Programas e Sub-Programas Propostos para a AEIT do Marumbi
HORIZONTE DE
PROGRAMAS E SUB-PROGRAMAS PRIORIDADE*
PLANEJAMENTO
LOGÍSTICA DE OPERAÇÃO
Administração 1 ano
Monitoramento do Plano de Manejo 1 ano
CONTROLE AMBIENTAL
Monitoramento Ambiental (Geral) 2 anos
Monitoramento de Recursos Hidricos 1 ano
FISCALIZAÇÃO 1 ano
RECUPERAÇÃO DE ÁREAS DEGRADADAS 3 anos
CONTINGÊNCIA PARA ACIDENTES AMBIENTAIS 1 ano
COMUNICAÇÃO AMBIENTAL 1 ano
Pesquisa para Desenvolvimento da Comunicação 1 ano
Educação Ambiental Informal 1 ano
Comunicação Visual 1 ano
Divulgação para Rádio, Jornal e TV 1 ano
PESQUISA
Conservação da Biodiversidade 3 anos
INTEGRAÇÃO INSTITUCIONAL
Licenciamento Ambiental 2 anos
Desenvolvimento Institucional 2 a 5 anos
Captação de Recursos Financeiros 2 anos
Segurança Pública (segurança do morador local) 1 ano
Pesquisa para Desenvolvimento Sustentável 1 a 2 anos
REGULARIZAÇÃO FUNDIÁRIA mais de 5 anos
ATIVIDADES ECONÔMICAS
Turismo 2 anos
Agricultura e Pecuária 3 anos
* a ser definido com a coordenação do Plano

158
9.2 PROGRAMA DE LOGÍSTICA DE OPERAÇÃO
Sub-programa Administração

Objetivo:

Abordará os seguintes itens: equipamentos (controle de almoxarife e compras),


manutenção, monitoramento, recursos humanos, recursos financeiros, infra-estrutura.

Justificativa

Viabilizar e manter as condições necessárias de trabalho no dia-a-dia da administração da


AEIT por parte dos seus responsáveis diretos.

Escopo:

Manter a logística necessária para administração da AEIT através de:

• Instalações em boas condições de uso;

• Recursos financeiros disponíveis;

• Funcionários motivados e capacitados;e

• Equipamentos disponíveis e operantes.

Potenciais executores:

SEMA/IAP/DIBAP

Prazo p/ avaliação:

Curto prazo (1 ano)

159
9.3 PROGRAMA DE LOGÍSTICA DE OPERAÇÃO
Sub-programa de Monitoramento do Plano de Manejo

Objetivo:

O Monitoramento do Plano de Manejo contribuirá para ajustar qualquer defasagem que


porventura exista entre as atividades previstas e as implementadas, possibilitando:

- Verificar e corrigir a execução das atividades programadas;

- Contribuir para a programação de atividades de cada Plano Operativo Anual; e

- Fornecer uma visão global da implementação do Plano de Manejo para uma possível
mudança de fase.

Abordará a eficiência dos seguintes itens: equipamentos, segurança, manutenção,


monitoramento, licenciamento, recursos humanos, recursos financeiros, infra-estrutura.

Justificativa

A mudança do ambiente de implementação do Plano determina que o planejamento seja


gradativamente aprimorado. A monitoria e a avaliação asseguram a interação entre o
planejamento e a execução, possibilitando corrigir desvios e retroalimentar
permanentemente todo o processo de gestão por meio da experiência vivenciada com a
execução do Plano.

Escopo:

Recomenda-se monitorar:

- Início de cada uma das atividades, verificando se os recursos básicos necessários para
iniciar as atividades estão disponíveis;

- A execução das atividades, em períodos ou etapas estrategicamente estabelecidos em


função de sua duração e da importância de se ter um melhor controle;

- Final da atividade, aferindo o alcance das metas planejadas em termos físicos e


financeiros;

- Registro do alcance das metas nos prazos previstos pela gerência da Unidade a cada
semestre.

Avaliação da Matriz de Planejamento da Unidade E7

Avalia-se o avanço dos programas de ação através de seus indicadores e dos objetivos
propostos - em suas dimensões qualitativa, quantitativa e temporal - analisa-se a gravidade
dos desvios entre o planejado e o executado, suas causas, propondo-se medidas corretivas
ou a revisão do planejamento.

160
Com base nos dados obtidos pelo Monitoramento e Avaliação, será realizada anualmente
uma revisão e atualização dos Programas, elaborando-se um relatório anual de avanço do
Plano.

Monitoria e Avaliação como função externa à gerência da Unidade

A avaliação da implementação, externa à gerência, será realizada de forma sistemática,


anualmente, com base nos dados obtidos nos relatórios de monitoria e avanço do Plano.

Potenciais executores:

Gerência da AEIT

Prazo p/ avaliação:

Curto Prazo (01 ano)

161
9.4 PROGRAMA DE CONTROLE AMBIENTAL
Sub-programa de Monitoramento Ambiental (Geral)

Objetivo:

Entre seus objetivos inclui-se o monitoramento da evolução das condições de conservação


e preservação da biodiversidade da AEIT, assim como a eficiência da aplicação das
políticas e normas ambientais, através da definição, medição e acompanhamento de
parâmetros ambientais. Os eventos que implicam ou acarretam mudanças nos
ecossistemas abrangidos pela AEIT também deverão ser acompanhados.

Justificativa

O Monitoramento e a Avaliação são instrumentos básicos para o gerenciamento da


implementação do Plano de Manejo. Na concepção e desenvolvimento do Plano, desde a
definição de sua estratégia de ação (objetivos, resultados e atividades) até o
estabelecimento de indicadores e metas qualitativos e quantitativas, trabalha-se com um
universo de variáveis, hipóteses e alternativas de atuação que freqüentemente constituem
desafios ao processo de tomada de decisão dos planejadores. Além disso, durante a
implementação de planos, encontram-se obstáculos e situações que dificultam ou impedem
a realização de atividades, colocando em risco o alcance dos objetivos propostos.

Escopo:

Para o acompanhamento da conservação e preservação da biodiversidade, recomenda-se o


uso dos seguintes parâmetros a serem medidos e avaliados segundo padrões de qualidade
ambiental, definidos pela legislação ambiental, considerando as características específicas
da AEIT:

• Acompanhamento dos ecossistemas existentes, com especificações de suas extensões


e distribuição espacial, biomassa das tipologias vegetacionais, inventários de fauna entre
outras;

• Medição de parâmetros físicos, químicos e biológicos, das condições de qualidade dos


recursos naturais;

• Parâmetros referentes à capacidade suporte dos ecossistemas: bioindicadores, dados


taxônomicos, entre outro;

• Parâmetros referentes à diversidade faunística, com inventários periódicos das espécies


mais importantes (espécies chave);

• Registros da evolução da recuperação de condições naturais de ecossistemas


existentes.

Potenciais executores:

SEMA/IAP, SUDERHSA, Universidades, Petrobras, ALL, Ecovia, DNIT, Copel.

162
Prazo p/ avaliação:

Curto prazo (2 anos)

163
9.5 PROGRAMA DE CONTROLE AMBIENTAL
Sub-programa de Monitoramento de Recursos Hídricos

Objetivo:

Proteção de mananciais, manutenção de florestas ciliares, proibição (controle) de uso


turístico à montante captação, garantia de vazão mínima após a captação, fiscalização da
ação antrópica principal, captação, licenciamento, recuperação de áreas degradadas,
avaliação da situação ambiental, regulamentar o uso dos cursos, ocupação e/ou exploração
dos mananciais e quedas d’água (evitar ações poluentes).

Justificativa:

Os aspectos quali-quantitativos a serem monitorados na execução deste sub-programa


terão condições de avaliar a evolução histórica de como os usos antrópicos do solo e da
água afetam os ecossistemas aquáticos, permitindo que as correlações daí definidas
proporcionem a indicação de correções das ações de gestão dos usos do solo e da água e
proposições, nos modelos atuais, dos processos produtivos tradicionais.

Escopo:

Articulação interinstitucional para unificação de todas as estações de monitoramento da


SUDERHSA e IAP, padronizando os parâmetros de monitoramento,

Eleição de pontos adicionais de amostragem de forma que toda a área da AEIT esteja
contemplada pelo programa.

Definição dos cronogramas de amostragem e definição de responsabilidade no programa


unificado

Potenciais executores:

IAP, SUDERHSA

Prazo p/ avaliação:

Curto prazo (2 anos)

164
9.6 PROGRAMA DE FISCALIZAÇÃO

Objetivo:

Definir estratégias para o adequado controle e fiscalização dos diversos tipos de usos e
empreendimentos existentes e a serem implantados na AEIT do Marumbi, visando o efetivo
controle ambiental das atividades e suas decorrências, bem como o cumprimento da
legislação relacionada, de modo integrado.

Justificativa:

É necessário o estabelecimento de um “modus operandi”, bem como a definição do quadro


(RH), vias de acesso, equipamentos, políticas e estratégias de fiscalização na área de AEIT.
Uma área frágil, repleta de atributos ambientais e sociais particulares, regida por um
instrumento de planejamento e ordenamento territorial, também depende de ações de
fiscalização afim de verificar-se o atendimento as normas impostas, eventuais delitos e
crimes ambientais.

Escopo:

Formular estratégias de investigação (identificação dos problemas, fragilidades, entre


outros) e de incursão (rotas, periodicidade, entre outros);

Orientar e capacitar os órgãos fiscalizadores para atuarem de forma preventiva e educativa,


com preponderância sobre a repressiva;

Estabelecer estratégias de monitoramento das atividades licenciadas visando a fiscalização


e o controle ambiental;

Promover a integração entre os setores de fiscalização e licenciamento (com enfoque


sistêmico da propriedade);

Estabelecer o novo Sistema de Controle e Fiscalização Integrado com base nas estratégias
definidas, bem como definir um método de monitoramento do sistema visando avaliar
permanentemente seus resultados.

Potenciais executores:

SEMA, SEMA/IAP, Prefeituras, BPFlo.

Prazo p/ avaliação:

Curto prazo (1 ano)

165
9.7 PROGRAMAS DE RECUPERAÇÃO DE ÁREAS DEGRADADAS

Objetivo:

Recuperar áreas degradadas por atividades impactantes ao ambiente e recompor as áreas


de Preservação Permanente (topo de morros, encostas declivosas e faixa mínima de 30 m
ao longo de corpos hídricos).

Justificativa:

Atender aos objetivos da AEIT de fomento do uso racional dos recursos naturais, proteção
da rede hídrica e proteção dos remanescentes da Floresta Atlântica. Atender à legislação
ambiental quanto à recuperação de áreas degradadas e áreas de preservação permanente,
visto que o processo de degradação destes sítios tem causado severos impactos
ambientais, principalmente sobre os recursos hídricos, através da erosão do solo exposto e
conseqüente assoreamento.

Escopo:

Promoção da recomposição de Áreas de Preservação Permanente ocupadas por


reflorestamentos de exóticas e plantios agrícolas (principalmente cultivos de banana).

Fomento à aplicação prática da Resolução 028/98 da SEMA, que implementa o “Programa


de Substituição de Florestas Homogêneas com Espécies Exóticas localizadas às margens
de rios e cursos d´água por Florestas Heterogêneas com Espécies Nativas”.

Conscientização de proprietários rurais sobre a importância das matas ciliares como


corredores biológicos e sobre a aplicação prática do Código Florestal.

Incentivo a implementação de parcelas experimentais em campo para identificação de


espécies mais apropriadas para a recuperação de áreas degradadas nos diversos
ambientes que formam a AEIT. Apoio aos trabalhos de reestruturação da infra-estrutura de
recepção de lixo, a mitigação de possíveis impactos gerados pela deposição de lixo.

Potenciais executores:
SEMA, SEMA/IAP, EMATER, Secretaria da Cultura, Agentes geradores do impacto,
Prefeituras.

Prazo p/ avaliação:
Médio prazo (3 anos)

166
9.8 PROGRAMA DE CONTINGÊNCIA PARA ACIDENTES AMBIENTAIS

Objetivo:

Dotar a gestão da AEIT dos mecanismos e estratégias necessárias para atender casos de
emergência ambiental.

Justificativa:

Na área da AEIT do Marumbi são comuns os acidentes com cargas perigosas e eventuais
incêndios nas faixas de domínio das rodovias, ferrovias, linhas de transmissão e polidutos.
Face ao exposto é fundamental que exista uma coordenação dos esforços dispendidos no
caso de sinistro.

Escopo:

Buscar a integração dos planos de contingência e de acidentes com cargas perigosas


oficializados pelo DER, ALL, Transpetro e COPEL;

Informar a Defesa Civil sobre o nivelamento destes planos segunda a gestão da AEIT e criar
mecanismos de ação conjunta para área.

Disponibilizar informações e procedimentos adequados a sociedade civil sobre qual postura


e procedimentos adotar em caso de acidentes.

Potenciais executores:

SEMA, SEMA/IAP, COPEL, SANEPAR, ALL, Defesa Civil, DNIT, Compagás, Petrobras,
Ecovia, DER.

Prazo p/ avaliação:
Curto prazo (1 ano)

167
9.9 PROGRAMA DE COMUNICAÇÃO AMBIENTAL

Sub-programa de Pesquisa para Desenvolvimento da Comunicação

Objetivo:
Criação de condições para organização independente dos moradores da AEIT para práticas
de participação comunitária e auxílio na gestão no horizonte previsto deste Plano.

Justificativa:

A articulação dos moradores da AEIT e a gestão participativa deve ser estimulada a fim de
que se coloque em prática os mecanismos propostos no Plano de Manejo, que em muito
depende do acesso a informação clara, paupável e de fácil compreensão para cultura local.
Além disto devem se buscar focos de interesse que retratem as questões regionais e
realidades locais.

Escopo:

Ordenar as atividades como recreação, turismo, produção agropecuária , entre outras com
a finalidade de subsidiar elementos para as estratégias e ações de comunicação.

Potenciais executores:

IAP, Prefeituras locais, Universidades/escolas e ONGs.

Prazo p/ avaliação:

Curto prazo (1 ano).

168
9.10 PROGRAMA DE COMUNICAÇÃO AMBIENTAL

Sub-programa de Educação Ambiental Informal

Objetivo:

Construção da identidade da AEIT e ampliação do apoio da sociedade com o compromisso


de gestão sobre a área.

Justificativa:

Desenvolvimento de consciência ambiental e da participação pró-ativa para gestão da AEIT,


estimulando a comunidade residente e visitantes os valores conservacionistas, atributos
ambientais e regras e normas estabelecidas para o uso da região da AEIT.

Escopo:

• Resgate dos elementos sociais

• Promoção de eventos sazonais para percepção da natureza e da cultura;

• Promoção de atividades lúdicas, temáticas, em espaços comunitários,

• Capacitar professores das redes de ensino público e particular para a análise e atuação
segundo enfoque socioambiental;

• Capacitar lideranças políticas e empresariais para a análise e atuação segundo enfoque


socioambiental.

Potenciais executores:
Secretarias de Educação e Meio Ambiente, ONGs, Prefeituras, Sociedade Civil Organizada,
BPFlo, SEMA/IAP, IBAMA,

Prazo p/ avaliação:

Curto prazo (1 ano)

169
9.11 PROGRAMA DE COMUNICAÇÃO AMBIENTAL

Sub-programa de Comunicação Visual

Objetivo:

Construção de identidade visual e material fim para informação e sensibilização da


população residente e ocasional das questões inerentes à AEIT;

Elaboração de material gráfico informativo para os visitantes e moradores;

Elaboração de projeto gráfico para placas informativas e de orientação turística e ambiental.

Justificativa:

Para implantação da AEIT acontecer de forma amigável, é necessário estabelecer um


processo de entendimento das relações ecológicas e sociais na região.

Uma comunicação dinâmica e efetiva entre a rede de parceiros e usuários pode viabilizar
aprendizagens comuns através da circulação do saber possibilitando troca de informações,
acordos e concesos levando a compreensão de cenários futuros.

Escopo:

Identificar elementos respresentativos e significantes para o desenvolvimento dos


programas e materiais que envolvem a comunicação visual;

Criação de material padronizado para campanhas publicitárias, material de divulgação e


placas informativas;

Adequar o sistema de sinalização e placas informativas com um novo “design” mais


moderno e atual, respeitando todavia as situações impostas por lei.

Potenciais executores:
SEMA/IAP, DNIT, DER, Empresas Privadas (concessionárias, convênios, parcerias),
Secretaria Municipal de Comunicação e Meio Ambiente, ONGs,

Prazo p/ avaliação:
Curto Prazo (1 ano)

170
9.12 PROGRAMA DE COMUNICAÇÃO AMBIENTAL

Sub-programa de Divulgação para Jornal, Rádio e Televisão

Objetivo:

Estabelecer um “release” padrão de forma a condensar as informações básicas da AEIT e


seu Plano de Manejo para serem repassadas a imprensa quando solicitado.

Justificativa:

Sistematizar e padronizar as informações, atividades e fatos notórios que devem ser


veiculados pela imprensa, quando demandados. Esta padronização busca a preservação
das informações fidedignas referentes aos objetivos da AEIT e seu Plano de Manejo,
independentemente do momento e dos agentes que as repassem.

Escopo:

Elaborar normas de relações com a vizinhança, com a participação de representantes de


moradores;

Divulgar atividades da AEIT- via rádio, jornal e mural nas escolas e pontos de encontro;

Distribuir mapas de sítios históricos, arqueológicos e de alto valor ambiental, para trabalho
em escolas, ONGs locais, associações e afins;

Confeccionar e distribuir mapas das características culturais marcantes da história local;


produzir e editar estudos de história oral.

Potenciais executores:

Assessoria de Imprensa (Imprensa Oficial), DNIT, DER, Empresas Privadas


(concessionárias, convênios, parcerias), Secretaria Municipal de Comunicação e Meio
Ambiente, ONGs,

Prazo p/ avaliação:

Curto prazo (1 ano)

171
9.13 PROGRAMA DE PESQUISA
Subprograma Conservação da Biodiversidade

Objetivo:
Ampliar o conhecimento sobre a biodiversidade da AEIT do Marumbi, a fim de embasar
ações de manejo e conservação. Áreas prioritárias: Bioindicadores, Peixes, Répteis e
“Status” de Conservação.

Justificativa:

Ampliando-se o conhecimento sobre as espécies e suas interações, distribuição e estrutura,


pode-se identificar novas estratégias, com base no princípio “estado-resposta” e ajustar as
medidas de manejo de forma coerente com a dinâmica do ambiente.

Escopo:

Identificação de instituições parceiras para a execução dos trabalhos de pesquisa;

Levantamentos da biodiversidade regional, em diferentes ambientes e fragmentos da AEIT


do Marumbi, incluindo-se aspectos sobre a estrutura da formação, distribuição e grau de
conservação;

Identificação espécies ameaçadas, espécies chave, status de conservação ;

Identificar áreas prioritárias para a conservação e indicar novas estratégias visando proteger
a biodiversidade da AEIT do Marumbi.

Potenciais executores:

Universidades e Instituições de pesquisa e desenvolvimento governamentais e não


governamentais

Prazo para avaliação:

Médio Prazo (3 anos)

172
9.14 PROGRAMA DE INTEGRAÇÃO INSTITUCIONAL

Sub-programa de Licenciamento Ambiental

Objetivo:

Criação de sistema de trabalho que assegure planos de ação operativos e cooperativos


entre as instituições que atuam na AEIT

Justificativa:

Compatibilizar os procedimentos, diretrizes e normas legais que dizem respeito ao processo


de licenciamento ambiental.

Escopo:

Integrar os Planos de Trabalho para evitar a duplicação de ações, intersecções , bem como
verificar o potencial de ação cooperativa;

Celebrar convênios de cooperação técnica e/ou outras modalidades de atuação conjunta;

Produzir boletins informativos periódicos, com assuntos gerais e um tema mais


desenvolvido, sob responsabilidade de técnicos ou pesquisadores;

Viabilizar comunicação em rede/internet.

Potenciais executores:

SEMA/IAP (licenciamento, DIBAP), COLIT, COMEC, IBAMA, Prefeituras

Prazo p/ avaliação:

Curto prazo ( 2 anos)

173
9.15 PROGRAMA DE INTEGRAÇÃO INSTITUCIONAL

Sub-programa de Desenvolvimento Institucional

Objetivo:

Criação de sistema de trabalho que assegure planos de ação operativos e cooperativos


entre as instituições que atuam na AEIT.

Justificativa:

Em boa parte o sucesso da gestão da AEIT depende da uma troca sistemática de


informações e da construção compartilhada de ações e informações por todos os atores
envolvidos no processo.

Escopo:

Disseminar a gestão da AEIT, em formato ágil, para uso das instituições locais e sociedade
civil organizada, com base nas informações do Plano de Manejo;

Promover dois Fóruns Temáticos Anuais de moradores da AEIT;

Promover Fórum Temático Anual para técnicos e gestores de AEIT;

Promover dois intercâmbios anuais entre moradores, gestores, técnicos e pesquisadores;

Celebrar convênios de cooperação.

Potenciais executores:

Secretarias de Estado, SEMA/IAP, IBAMA, Prefeituras, COLIT, COMEC, Ministério Público,


SEAB, Secretarias Municipais de Turismo, Instituições de Ensino de 3o grau, SEED,
FUNBIO (MPE), Associações Locais, ALL, Petrobras, IEP, Conselhos Municipais de
Turismo, FEPAM, EMATER, SENAC, Federações Esportivas, EMBRATUR, Associação
Brasileira de Turismo Rural, SEMA/IAP, BPFlo, DER, Serra Verde, ACOPAG, Ecovia,
Águias (Morretes), Empresários, SEBRAE, Corpo de Bombeiros, SEEC, SESP, Rede
Turismo Rural na Agricultura Familiar, Rede Nacional de Turismo Sustentável, SETUR
(Paraná Turismo), ECOPARANÁ, COPEL.

Prazo p/ avaliação:

Médio prazo (de 2 a 5 anos)

174
9.16 PROGRAMA DE INTEGRAÇÃO INSTITUCIONAL

Sub-programa de Captação de Recursos Financeiros

Objetivo:

Catalisar o processo de implementação das ações preconizadas neste plano.

Justificativa:

Uma vez que inúmeras ações estão programadas neste planejamento, os recursos
necessários devem ser previstos e dimensionados de forma adequada. Sabendo-se da
abrangência e horizontalidade das ações preconizadas, diferentes agentes financeiros e
patrocinadores devem ser envolvidos.

Escopo:

Adequação de Planejamento Orçamentário Anual ajustado as novas realidades;

Identificação e contato com potenciais agentes financeiros;

Desenvolvimento e envio de projetos de captação de recursos;

Avaliação dos passivos ambientais e legais existentes na área da AEIT, bem como sua
respectiva forma de compensação ambiental;

Conquista de patrocinadores interessados na AEIT.

Potenciais executores: (aqui também denominados parceiros)


SEMA/IAP, Pró-Atlântica, FNMA, Fundação Boticário, ALL, Petrobras, COPEL, SANEPAR,
Ecovia, Prefeituras Municipais, entre outras.

Prazo p/ avaliação:
Curto prazo (até 2 anos)

175
9.17 PROGRAMA DE INTEGRAÇÃO INSTITUCIONAL
Sub-programa de Segurança Pública

Objetivo:

Garantir a segurança do morador local e dos visitantes.

Justificativa:

Nos últimos anos os registros de acidentes envolvendo turistas, assaltos e violência vêm
causando profundo constrangimento não só aos moradores como aos visitantes da AEIT.
Assim sendo este tema não poderia de ser abordado com prioritário no planejamento e
ordenamento desta região.

Escopo:

Identificar as principais demandas que envolvem a segurança dos moradores e visitantes;

Articular mecanismos e formas de ação conjunta entre os diferentes agentes da segurança


pública;

Promover campanhas informativas sobre as questões de segurança;

Disponibilizar serviços de atendimento ao cidadão;

Realizar operações de fiscalização ostensiva.

Potenciais executores:
SEMA/IAP, Secretaria de Segurança Pública (BPFlo, Corpo de Bombeiros, Polícia Militar,
Defesa Civil, Polícia Civil), Prefeituras, Polícia Rodoviária Federal, Ecovia, Cosmo, entre
outros.

Prazo p/ avaliação:
Curto prazo (1 ano)

176
9.18 PROGRAMA DE INTEGRAÇÃO INSTITUCIONAL

Subprograma Desenvolvimento Sustentável

Objetivo:

Promover o desenvolvimento sustentável através das iniciativas locais de Agroecologia


como base tecnológica referencial na AEIT do Marumbi.

Justificativa:

Aproveitamento de energias renováveis, Saneamento básico, Produção agroecológica de


frutas e hortaliças, Pecuária, Aquicultura, Turismo: demanda, limites aceitáveis de mudança,
planejamento.

Escopo:

Reuniões com o poder público local e grupos representativos para exposição da proposta;

Organizar os grupos que participarão da capacitação e definir o calendário juntamente aos


grupos e aos demais participantes;

Definir quais os pólos estratégicos para se efetivar o trabalho e capacitar os produtores e


interessados;

Envolver as comunidades num processo de aprendizado que valorize o saber local e


promova a sustentabilidade;

Adequar os sistemas de produção às normas internacionais de produção orgânica, bem


como adequar as demais atividades com possibilidade de intersecção, para a formação de
“clusters”;

Encaminhar os processos e certificação dos produtos oriundos dos sistemas convertidos;

Organizar junto às comunidades e ao município canais de comercialização específicos para


estes produtos, tais como: feiras, quiosques, quitandas;

Incentivar a criação de novos negócios como turismo rural, ecoturismo, e adequar os demais
sistemas produtivos a nova ordem proposta.

Potenciais executores:
SEMA/IAP Universidades e Instituições de pesquisa e desenvolvimento governamentais e
não governamentais ,Secretarias Municipais de Turismo, Instituições de Ensino de 3o grau,
SEED, FUNBIO (MPE), Associações Locais, ALL, Petrobras, IEP, Conselhos Municipais de
Turismo, FEPAM, EMATER, SENAC, Federações Esportivas, EMBRATUR, Associação
Brasileira de Turismo Rural, BPFlo, DER, Serra Verde, ACOPAG, Ecovia, Águias (Morretes),
Empresários, SEBRAE, Corpo de Bombeiros, SEEC, SESP, SETUR (Paraná Turismo),
ECOPARANÁ, COPEL.

177
Prazo para avaliação:
Apoio para certificação: 1 ano

Contratação e reestruturação para pesquisa e extensão: 1 ano

Capacitação dos produtores: 2 anos

178
9.19 PROGRAMA DE REGULARIZAÇÃO FUNDIÁRIA

Objetivo:

Organização do registro e monitoramento da ocupação territorial na AEIT do Marumbi.

Justificativa:

É uma necessidade expressa para o ordenamento da ocupação territorial, implantação do


zoneamento ecológico econômico e seu monitoramento.

Escopo:

Realizar campanha de conscientização sobre a importância do cadastramento rural, e


esclarecimento do que se trata a regularização fundiária;

Instituir o levantamento topográfico geo-referenciado como condição para a regularização;

Capacitar e equipar órgãos públicos e ONGs para realizar o levantamento topográfico


georefenciado; atribuir e distribuir responsabilidades;

Comprometer a realização de todas as transações imobiliárias rurais com a atualização do


cadastro e a “consulta verde”, uma modalidade de guia que o comprador deve obter nas
Prefeituras, e que informa sobre o zoneamento ecológico econômico da área adquirida;

Instalar um banco de dados georeferenciados do cadastro rural, compartilhado entre as


instituições conveniadas.

Potenciais executores:
SEMA/IAP, CGET, INCRA, EMATER, FETAEP, Prefeituras

Prazo p/ avaliação:
Longo Prazo (mais de 5 anos)

179
9.20 PROGRAMA DE ATIVIDADES ECONÔMICAS

Objetivo Sub-programa de Turismo

Objetivo:

Capacitação para o turismo sustentável, segurança dos visitantes (assaltos, acidentes),


normas específicas para o turismo em cada área de visitação, sinalização (orientação para o
usuário), postos de orientação ao usuário, monitoramento dos atrativos naturais, infra-
estrutura (áreas de uso público), normas específicas para o turismo em cada área de
visitação, normas de segurança para as atividades de turismo na AEIT (esportivas).

Justificativa:

Dimensionamento da atividade turística, incluindo estimativa de empregos diretos e indiretos


gerados pela atividade, funcionamento e identificação das áreas impactadas pelo turismo.

Escopo:

Identificação dos pontos fortes e pontos fracos dos principais produtos turísticos; das
ameaças e as oportunidades ao seu desenvolvimento; das necessidades de investimentos
em infra-estrutura para a viabilização da implantação de novos produtos turísticos.

identificação do nível de participação dos operadores e empresas turísticas na


administração e operação local dos produtos na área, bem como avaliação da legislação
turística e ambiental que estimulam e que inibem o desenvolvimento do turismo na AEIT.

Identificação das áreas prioritárias para exploração do ecoturismo baseado em: qualidade e
diversidade dos atrativos, capacidade de carga destes atrativos, menor necessidade de
investimentos em infra-estrutura básica, maior facilidade de acesso, maior grau de
envolvimento da comunidade com o desenvolvimento da atividade, maior disponibilidade de
empreendedores locais, maior disponibilidade de serviços turísticos, menor número de
entraves legais.

Potenciais executores:
Secretarias Municipais de Turismo, SEED, Associações Locais, IEP, Conselhos Municipais
de Turismo, FEPAM, EMATER, SENAC, Federações Esportivas, EMBRATUR, Associação
Brasileira de Turismo Rural, SEMA/IAP, BPFlo, DER, Serra Verde, ACOPAG, Ecovia,
Águias (Morretes), Empresários, SEBRAE, SEEC, SESP, Rede Turismo Rural na Agricultura
Familiar, Nacional de Turismo Sustentável, SETUR (Paraná Turismo) e ECOPARANÁ.

Prazo p/ avaliação:

Para regulamentação/normatização do turismo sustentável: 1 ano

Segurança: 1 ano

Capacitação do pessoal local: 2 anos

Infra-estrutura/Sinalização: 2 anos

180
9.21 PROGRAMA DE ATIVIDADES ECONÔMICAS
Sub-Programa Agricultura e Pecuária

Objetivo:

Estrutura para extensão rural, diversificação da produção, fomento do capital social,


melhoria das vias de acesso das populações produtivas, incentivo da produção para
abastecimento interno, fomento à agricultura de subsistência, incentivo aos produtores para
conversão do sistema produtivo para econômico e ambientais mais sustentáveis, busca de
parcerias para desenvolvimento de projetos econômicos e ambiental mais sustentáveis,
agroecologia, extrativismo, plano de manejo p/uso da mata, sistemas agroflorestais.

Justificativa:

Face à iminente expansão do setor em determinadas zonas da AEIT, é fundamental que


sejam preconizadas ações de fomento e direcionamento do crescimento do agronegócio
segundo as novas tendências de mercado e segundo a harmonia do ordenamento territorial
aqui proposto.

Escopo:

Trabalhar a organização da produção e todas as formas possíveis de diversificação da


produção compatíveis com as condições edafoclimáticas da região;

Capacitar agricultores na modernização das práticas agrícolas, florestais e pecuária;

Buscar alternativas de transformação da produção, visando agregação de valor, geração de


renda e clusters agroindustriais;

Envolver o poder público local e os consumidores na discussão e implantação da proposta.

Potenciais executores:
EMBRAPA, SEMA/IAP, IBAMA, PUC, UFPR, Tuiuti, Pró-Horta (Morretes), Agrolitoral, Sabiá
da Mata (Morretes), COAMATA, ABUPAR, Petrobras, Pólo de Agroecologia, ACIAM
(Morretes), Secr. Municipais da Agricultura e Meio Ambiente, ASPRAN, CMDR, AOPA,
SPVS, Rede Ecovida de Agrocologia, Ecovia, Defesa Civil, DNIT, DER, Compagás,
SEMA/IAPAR, EMATER, SEAB.

Prazo p/ avaliação:

Médio Prazo (3 anos)

181
10 Estrutura do Plano Operacional

1a Parte - Aprovação do Plano de Manejo

O Plano de Manejo, segundo o art. 2º, inciso XVII, da Lei Federal nº 9.985/00, é o
“documento técnico mediante o qual, com fundamento nos objetivos gerais de uma unidade
de conservação, se estabelece o seu zoneamento e as normas que devem presidir o uso da
área e o manejo dos recursos naturais, inclusive a implantação das estruturas físicas
necessárias à gestão da unidade.”

Segundo o art. 12 do Decreto Federal nº 4.340/02, “O Plano de Manejo da unidade de


conservação, elaborado pelo órgão gestor ou pelo proprietário quando for o caso, será
aprovado: I - em portaria do órgão executor, no caso de Estação Ecológica, Reserva
Biológica, Parque Nacional, Monumento Natural, Refúgio de Vida Silvestre, Área de
Proteção Ambiental, Área de Relevante Interesse Ecológico, Floresta Nacional, Reserva de
Fauna e Reserva Particular do patrimônio Natural (...)”;

A AEIT poderá ser utilizada para o desenvolvimento de atividades produtivas, científicas,


culturais, educacionais e recreativas, de acordo com a Lei e seu plano de manejo. O
responsável pela gestão da AEIT poderá buscar apoio e a cooperação de organizações não-
governamentais, de organizações privadas e pessoas físicas para o desenvolvimento de
estudos, pesquisas científicas, práticas de educação ambiental, atividades de lazer e de
turismo ecológico, monitoramento, manutenção e outras atividades de gestão da unidade de
conservação.

O uso dos recursos naturais e interferências nos ecossistemas de uma maneira geral serão
restringidos nas AEIT, com base na capacidade de suporte da área. A definição da
capacidade de suporte da área deverá ser determinada com base em estudos técnicos e
científicos, considerando-se as fragilidades dos ecossistemas e a intensidade dos danos a
serem causados pelas atividades humanas.

O Plano de Manejo da AEIT deverá ser aprovado, por meio de Portaria, pelo órgão gestor
da unidade e deverá conter em princípio no mínimo, um diagnóstico sócio-ambiental, o
zoneamento ecológico-econômico e os programas de manejo básicos para o funcionamento
da unidade.

Enquanto a AEIT não tiver seu Plano de Manejo aprovado, o órgão gestor responsável pela
Unidade de Conservação, juntamente com os órgãos licenciadores e de meio ambiente,
definirão as atividades que possam afetar a biota da Unidade de Conservação.

2a Parte A transformação da Área de Especial Interesse Turístico do


Marumbi em Área de Proteção Ambiental

O Governo do Estado do Paraná, atendendo ao disposto no artigo 55, da Lei Federal


9.985/00, está procedendo à recategorização da AEIT do Marumbi. Diz o referido
dispositivo: “As unidades de conservação e áreas protegidas criadas com base nas
legislações anteriores e que não pertençam às categorias previstas nesta Lei serão
reavaliadas, no todo ou em parte, no prazo de até 2 (dois) anos, com o objetivo de definir
sua destinação com base na categoria e função para as quais foram criadas, conforme o
disposto no regulamento desta lei.”

182
Nesse sentido, após avaliação dos atributos naturais e do tipo de ocupação da área em
questão e dos objetivos principais da sua gestão, concluiu-se que a categoria do Sistema
Nacional de Unidades de Conservação que melhor se adapta à situação é a de Área de
Proteção Ambiental.

Assim, após diagnóstico da situação local abordando os aspectos mais importantes que
fundamentam essa decisão, faz-se necessária uma proposta de Projeto de Lei Estadual
para a efetivação dessa transformação. A necessidade de uma Lei Estadual justifica-se em
razão do previsto no artigo 40, do Decreto Federal n° 4.340/02: ”A reavaliação de unidade
de conservação prevista no art. 55 da Lei n° 9.985, de 2000, será feita mediante ato
normativo do mesmo nível hierárquico que a criou. Parágrafo único. O ato normativo de
reavaliação será proposto pelo órgão executor.”

Como a AEIT do Marumbi foi criada por uma Lei Estadual (Lei nº 7.919/84), a sua
transformação em APA deverá ser feita necessariamente através de outra Lei Estadual (que
revogará expressamente a lei que instituiu a AEIT e seu decreto regulamentador).

No Decreto de criação da APA deverá constar os objetivos de conservação dos atributos a


serem protegidos, o memorial descritivo contendo a justificativa de criação da APA, a
localização da unidade, sua dimensão e respectivos limites geográficos, claramente
explicitados.

A criação da APA deverá ser precedida de consulta pública. Anteriormente a realização de


consulta pública, o poder público deverá disponibilizar à população local e outras partes
interessadas informações claras e em linguagem acessível sobre os objetivos gerais e
específicos para criação da APA e as conseqüências positivas e negativas que advirão após
sua criação, além da localização da unidade, sua dimensão e respectivos limites
geográficos.

A consulta consiste em reuniões públicas, de caráter informativo e consultivo, e deverá ser


realizada em cada um dos municípios onde pretende-se criar a unidade.

O órgão executor proponente deverá promover a realização das reuniões de consulta


precedida de ampla divulgação à população local e outras partes interessadas por meio de
estações de rádio locais, Internet e cartazes fixados em locais públicos dos municípios.

O órgão proponente da criação da APA será o responsável pela consolidação das


informações a serem obtidas nas reuniões de consultas públicas realizadas junto aos
municípios envolvidos, as quais farão parte do processo de criação da unidade de
conservação em questão.

3a Parte - A criação do Conselho Gestor

Após a aprovação da Lei de criação da APA pela Assembléia Legislativa do Estado e da sua
publicação, o próximo passo será a instituição do Conselho Gestor da Unidade.

Conforme previsão legal (art. 15, § 5°, da Lei Federal n° 9.985/00), a APA Ambiental será
administrada por um Conselho presidido pelo órgão responsável por sua administração e
constituído por representantes dos órgãos públicos, de organizações da sociedade civil e da
população residente. No caso em questão, o órgão administrador é o IAP - Instituto
Ambiental do Paraná.

183
Os membros do Conselho serão nomeados pelo seu presidente, dentre os indicados pelos
setores a serem representados (art. 17 do Decreto Federal nº 4.340/02). Esse ato poderá
ser feito mediante portaria do órgão executor. Seu “modus operandi” no geral poderá seguir
as seguintes orientações:

• Conselho deverá ter Reuniões Ordinárias a cada 3 (três) meses, sendo marcado datas
no regimento (ex: fevereiro, maio, agosto e novembro) e se reunirá de qualquer forma,
estando prevista e disponibilizada as verbas necessárias.

• Conselho será convocado, mediante protocolo, com 15 dias de antecedência


comunicando a pauta do dia. Se possível, enviando junto os documentos referentes à
pauta;

• Nestas Reuniões Ordinárias seriam, obrigatoriamente, vistos os andamentos dos


Programas/Ações;

• Poderia o Conselho ser chamado a Reuniões Extraordinárias a qualquer tempo, sendo


protocolada com, pelo menos, sete dias antes da reunião;

• Conselho deverá ter Câmaras Técnicas que poderão se reunir a qualquer tempo,
devendo elas mesmas decidir como o farão;

• Estas Câmaras Técnicas poderão sugerir Programas/Ações, que uma vez aprovados
pelo Conselho, poderão ser vistos/fiscalizados por ela e tocados/gerenciados por onde o
Conselho indicar (poderá ser elas mesmas);

• As Câmaras Técnicas deverão apresentar um relatório (sintético?) em cada reunião


ordinária dos Programas/Ações a si subordinados e, eventualmente, solicitar reuniões
extraordinárias;

• Estes relatórios deverão comparar os dados do plano original com os dados do que já foi
feito (temporal-físico-financeiro), com explicações detalhadas onde houver falhas; e

• mesmo se dará pela Administração da APA, assessorias, fiscalização e licenciamento.

4a Parte – Priorização de implementação das ações de manejo


propostas.

A avaliação das expectativas das plenárias de planejamento participativo registradas


durante as “oficinas”, apontaram tanto nos “anseios” como nos “receios” dos atores
envolvidos aspectos diretamente relacionados com o envolvimento social, clareza nas
informações e decisões, definição e posicionamento claro do estado, recursos para
implementação de programas regionais e a “implementação de um Plano de Manejo“ que
obviamente seria o norteador dos aspectos arrolados.

Quanto as prioridades de implementação deste Plano de Manejo, pode-se dizer que de


certa forma elas se distribuem espacialmente e temporalmente segundo as zonas
planejadas da seguinte forma (Quadro 12):

184
Quadro 12 - Priorização das Ações de Manejo

Identificação das zonas Prioridade Justificativas


Indicada pelo Plano de Gerenciamento da
AEIT do Marumbi, alta intensidade de uso e
ZCI (Fartura) 1 ocupação, proximidade às áreas de maior
visitação turística.
Local onde já ocorreram acidentes com
cargas perigosas, margens da BR 277,
ZCII (Arraial) 2 oleoduto, linha de transmissão, pressão
antrópica no limite Oeste.
Áreas com intensa atividade comercial,
ZCVI e ZCVII (Pico Paraná e margens da BR 116 e futura zona de
3
Jaguatirica) expansão industrial segundo Plano Diretor
de Campina Grande do Sul.
Importante área de preservação de
ZCIV (Caiguava) 4 mananciais hídricos, biodiversidade e
comunidade indígena.
Potencial pressão antrópica, turismo e infra-
ZCVIII (Bairro Alto) 5 estrutura pública e privada.
Necessidade de ordenamento das
ZAP Capivari 6 atividades agro-silvopastoris em regime
mais intensivo e normatizado.

ZP Serra do Mar, ZCV (Rio do Preservação e amortecimento da pressão


7 antrópica sobre a biodiversidade e
Corvo) e ZCIII (Piraquara) estabelecimento de corredores ecológicos.

Prioridades:

Alta prioridade
Média prioridade
De longo Prazo

5a Parte - Procedimentos metodológicos e técnicas de Plano de


Manejo

Sistema de Informação Georreferenciado

O Sistema de Informações da APA, deverá disponibilizar os dados cartográficos em escala:


1:50.000 e 1:250.000 inclusive de sua área de influência. Essas cartas devem estar
atualizadas através de interface com o SIG - Sistema de Informação Geográfica do
IAP/SEMA. Deve também fornecer Cartas-Imagem do território da APA. Estas constituem
apoio aos trabalhos de definição do Quadro Ambiental registrados no início do processo de
implementação da AEIT.

As informações do quadro socioambiental e áreas estratégicas deverão estar digitalizadas


neste sistema com formatação desenvolvida para necessidades e características da gestão
da APA, devendo ser atualizadas ao longo do tempo.

185
O resultado esperado é a disponibilização de um Instrumento para organização e
sistematização das informações geradas na gestão da APA , bem como ferramenta para o
auxilio na tomada de decisões estratégicas. O processamento de dados para análises
ambientais será eventual e aplicado em situações especiais, a critério da equipe interna
envolvida com o planejamento e implementação da APA.

Revisão, Monitoria e Avaliação do Plano de Manejo

Monitoria e Avaliação do Cronograma Físico-Financeiro do Plano de Manejo

Esta monitoria tem como objetivos:

• Verificar e corrigir a execução das atividades programadas no Plano de Manejo;

• Contribuir para a programação de atividades de cada Plano Operativo Anual;

• Fornecer uma visão global da implementação do Plano de Manejo para uma possível
mudança de Fase.

A Monitoria do Cronograma Físico-financeiro do Plano de Manejo contribuirá para ajustar


qualquer defasagem que porventura exista entre as atividades previstas no Plano de Manejo
e as previstas e as implementadas.

Monitoria e Avaliação do Plano Operativo Anual (POA)

Após a elaboração do POA, a gerência da Unidade deverá desenvolver um calendário de


monitoria. Ao nível do POA recomenda-se monitorar:

• Início de cada uma das atividades, verificando se os recursos básicos necessários para
iniciar as atividades estão disponíveis.

• A execução das atividades, em períodos ou etapas estrategicamente estabelecidos em


função de sua duração e da importância de se ter um melhor controle;

• Final da atividade, aferindo o alcance das metas planejadas em termos físicos e


financeiros.

• Trimestralmente, a gerência da Unidade deverá registrar o alcance das metas nos


prazos previstos.

Monitoria e Avaliação da Matriz de Planejamento da UnidadeE7

Avalia-se o avanço dos programas de ação através de seus indicadores, bem como através
da ocorrência dos pressupostos - em suas dimensões qualitativa, quantitativa e temporal -
analisa-se a gravidade dos desvios entre o planejado e o executado, suas causas,
propondo-se medidas corretivas ou a revisão do planejamento.

Com base nos dados obtidos pela Monitoria e Avaliação, anualmente será realizada uma
revisão e atualização dos Programas de Ação, elaborando-se um relatório anual de avanço
do Plano.

186
Monitoria e Avaliação como função externa à gerência da Unidade

A avaliação da implementação do Plano de Manejo, externa à gerência, será realizada de


forma sistemática pelo Conselho da APA, anualmente, com base nos dados obtidos nos
relatórios de monitoria e avanço do Plano.

A avaliação externa poderá também ocorrer de forma circunstancial em decorrência de


graves desvios detectados pela monitoria e avaliação interna, bem como por novas e graves
situações surgidas na APA e sua Zona de Influência.

Monitoramento SocioambientalE7

Para o acompanhamento da conservação e preservação da biodiversidade, recomenda-se o


uso dos seguintes parâmetros a serem medidos e avaliados segundo padrões de qualidade
ambiental, definidos pela legislação ambiental, considerando as características específicas
da APA:

• Acompanhamento dos ecossistemas existentes, com especificações de suas extensões


e distribuição espacial, biomassa das tipologias vegetacionais, inventários de fauna
existentes etc.;

• Medição de parâmetros físicos, químicos e biológicos, das condições de qualidade dos


recursos naturais;

• Parâmetros referentes à capacidade suporte dos ecossistemas: bioindicadores, dados


taxônomicos etc.;

• Parâmetros referentes à diversidade faunística, com inventários periódicos das espécies


mais importantes;

• Registros da evolução da recuperação de condições naturais de ecossistemas


existentes.

187
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