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GUIA PRÁTICO

GERENCIAMENTO
DE ÁREAS
CONTAMINADAS

Maio de 2021

CONSULTORIA AMBIENTAL

As questões ambientais fazem parte da estratégia competitiva de mercado para


qualquer empresa, pois se tornaram uma exigência da sociedade e do poder
público, sobretudo quando se trata dos impactos ao meio ambiente ou à saúde
humana.
Neste sentido, o meio ambiente deve fazer parte de uma gestão estratégica e
eficiente, visando sustentar o bom funcionamento operacional da companhia e o
seu valor marca, alinhado ainda ao bom relacionamento com órgãos ambientais e
demais entidades públicas.
Em face deste cenário cada vez mais competitivo, o sucesso de uma empresa
depende de uma boa gerência apoiada por parceiros e prestadoras de serviços
com a mesma visão estratégica.
A RAÍZCON Consultoria Ambiental é uma empresa focada nas soluções
ambientais, desenvolvendo projetos personalizados para as reais necessidades de
seus clientes.
A nossa atuação se estende aos serviços de Licenciamento Ambiental,
Gerenciamento de Áreas Contaminadas, Auditorias Ambientais, Gestão de
Resíduos, Assessoria Técnica, entre outros.
Com profissionais qualificados e experiência no mercado, sempre prezamos pela
qualidade no atendimento aos nossos clientes, formando uma parceria valiosa no
caminho para o sucesso.

CONHEÇA NOSSOS
SERVIÇOS

Gerenciamento Assessoria
Gerenciamento
de Áreas Técnica
Contaminadas Ambiental Ambiental
Nossas soluções em
Ambiental
Temos experiência nos A gestão dos aspectos
Gerenciamento de Áreas trâmites com órgãos am- ambientais para uma
Contaminadas se esten- bientais, conformidades empresa é fundamental
dem desde a etapa inicial legais e licenciamento na busca de eficiência no
até o encerramento do ambiental para auxiliar processo produtivo e
processo, trazendo nos diversos temas da competitividade no
confiança para o área ambiental. mercado.
empreendedor. Realizamos auditorias Nós temos especialistas
É fundamental para esse para avaliação ambiental em diversas áreas de
tema contar com uma interna e em casos de gestão ambiental, tais
equipe experiente e com compra e venda de como resíduos sólidos,
especialistas no assunto. ativos (Due Diligence). efluentes líquidos e
atmosféricos.
Como forma de contribuir com a pauta ambiental,
a RAÍZCON também elabora e disponibiliza conteúdos
relacionados ao meio ambiente nas redes sociais,
através da marca VALOR AMBIENTAL. Esse Guia é
fruto deste trabalho.

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o conteúdo da área mais rápida e Facebook temos um para acompanhar
ambiental de forma dinâmica, utilizamos grupo de consul- conteúdos exclusi-
simples e didática, o Instagram tores para discutir vos e oportunidades
criamos o canal no @canalvalorambiental sobre o tema de na área de con-
YouTube que está para postar conteú- meio ambiente, sultoria ambiental e
crescendo rápida- do da área de meio além de conteúdos nossos serviços
mente. ambiente. semanais. personalizados.

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DISCLAIMERS
Este GUIA foi elaborado com intuito de auxiliar os profissionais no Gerenciamento de
Áreas Contaminadas, não tendo a RAÍZCON qualquer responsabilidade sobre os que se
baseiam nele.
Para a realização dos estudos deve ser seguida a legislação nacional vigente, não tendo
este guia qualquer intenção ou finalidade de substituição de leis e normas ambientais.
Os materiais divulgados são de propriedade da RAÍZCON e possuem os direitos
reservados. As fotos e imagens são meramente ilustrativas e foram descaracterizadas
devido a questões de confidencialidade. Este guia não pode ser comercializado e a sua
reprodução não pode ser realizada sem a prévia autorização da RAÍZCON por escrito.
Com o passar do tempo, mudanças na tecnologia, condições econômicas e disposições
regulamentares podem surgir tornando este GUIA obsoleto. A utilização das informações
aqui presentes, uma vez obsoletas, será de risco exclusivo do usuário. A RAÍZCON se dá
o direito de realizar qualquer atualização ou cancelamento da divulgação deste GUIA sem
qualquer comunicação prévia.
A condução dos estudos ambientais deve ser realizada por um profissional capacitado,
sendo observado a necessidade de emissão da Anotação de Responsabilidade Técnica –
ART pelo conselho de classe, quando aplicável.
SOBRE OS AUTORES
Felipe Prenholato

Consultor Ambiental formado em Engenharia Ambiental e Bacharel em Ciência e


Tecnologia pela Universidade Federal do ABC com pós-graduação em Engenharia de
Segurança do Trabalho.
Realizou cursos de especialização em Sistema de Gestão Integrado (SGI) e
Licenciamento Ambiental. Também realizou apresentações de trabalhos e estudos em
congressos da área ambiental.
Dedicado à criação de conteúdo para as redes sociais, voltado a transmitir, de forma
simples e didática, temas relacionados ao meio ambiente.
Atualmente, atua como Diretor Executivo da RAÍZCON, trazendo seus conhecimentos e
visão estratégica de negócios para o mercado ambiental, de forma a auxiliar os
empreendedores nas questões ambientais.

Jean L. T. Correia

Engenheiro Ambiental e Urbano e Bacharel em Ciência e Tecnologia, ambos pela


UFABC, e Engenheiro de Segurança do Trabalho. Possui formação técnica em Química
e está finalizando especialização em Gerenciamento de Áreas Contaminadas,
Desenvolvimento Urbano Sustentável e Revitalização de Brownfields, pela
Universidade de São Paulo – USP.
Trabalha desde 2012 na área ambiental, coordenando projetos envolvendo o
gerenciamento de áreas contaminadas, auditorias ambientais, entre outros estudos
ambientais diversos.
Atualmente, atua como Diretor Operacional da RAÍZCON, auxiliando os clientes com o
que há de melhor em tecnologia de meio ambiente para o desenvolvimento de projetos
e comunicação com órgãos ambientais.
O GERENCIAMENTO
DE ÁREAS
CONTAMINADAS

Preparamos esse GUIA para auxiliar quem


possui interesse no Gerenciamento de
Áreas Contaminadas, a entender toda a
sua estrutura, regulamentação e
procedimentos, desde a etapa inicial até o
seu encerramento.
O QUE É UMA ÁREA
CONTAMINADA?
Uma área contaminada é um local que possui um passivo
ambiental, decorrente da presença de concentrações de
substâncias que alteraram a qualidade do meio e podem
trazer riscos à saúde humana e ao meio ambiente.
.
 Segundo a Resolução Conama nº 420 de 2009, entende-se como
contaminação:

“presença de substância(s) química(s) no ar, água ou solo,


decorrentes de atividades antrópicas, em concentrações tais
que restrinjam a utilização desse recurso ambiental para os
usos atual ou pretendido, definidas com base em avaliação de
risco à saúde humana, assim como aos bens a proteger, em
cenário de exposição padronizado ou específico”
Essa resolução foi um marco para o tema no país, conforme iremos
discutir a diante, pois ela estabeleceu diretrizes para o gerenciamento
ambiental dessas áreas contaminadas em decorrência de atividades
antrópicas.

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O HISTÓRICO DAS ÁREAS
CONTAMINADAS
A história é marcada por grandes avanços tecnológicos e na melhoria do
nosso padrão de vida, trazendo novos produtos e avanços que antes eram
inimagináveis.
Contudo, esses avanços vieram com uma série de consequências para o
meio ambiente, que sofreu grandes impactos associados aos processos
antrópicos desenvolvidos sem os devidos cuidados.
Destaca-se neste cenário o papel da revolução industrial ocorrida no
século XVIII, pela qual se deu a transição dos métodos de produção
artesanais para processos em larga escala, com o aumento do consumo
dos recursos naturais, bem como a introdução de novos produtos
químicos.
O meio ambiente passou a receber substâncias químicas fabricadas pelo
homem, advindas do processo de industrialização. Desta ação surgiram
as áreas contaminadas (AC) e inúmeros impactos negativos sobre a saúde
humana e o meio ambiente, alguns retratados em filmes, como é o caso
de Dark Waters que abordou a contaminação causada pelos PFOAs em
West Virginia nos Estados Unidos.

Veja o caso de
contaminação retratado
no filme Dark Waters em
nosso canal no YouTube.
Clique na imagem para
acessar.

Após esse caso e inúmeros outros, que o tema de áreas contaminadas


começou a ser discutido de forma mais ampla. Uma obra famosa que
aborda os efeitos deletérios de uma substância química, que foi utilizada

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para controle de pragas, é o livro “Primavera Silenciosa” de
Rachel Carson, que retrata os impactos ocasionados pelo pesticida DDT,
que posteriormente teve sua produção proibida.
Importante mencionar que os problemas que enfrentamos relacionados
às áreas contaminadas estão ligados a forma de urbanização e a rápida
expansão urbana sem planejamento que ocorreu principalmente aqui no
país.
No passado, as regiões urbanas centrais eram ocupadas por indústrias,
que operavam e geravam emprego nessas regiões, no entanto, ao longo
do tempo foram sendo desativadas e migraram para as regiões mais
afastadas.
Este processo gerou extensas áreas subutilizadas, com passivos
ambientais, sem um devido uso ou uma finalidade para elas. Com a
evolução e adensamento das cidades, formou-se uma pressão para a
ocupação destas áreas.
Assim, após alguns anos, começaram a surgir relatos de populações
afetadas devido à exposição aos contaminantes existentes, seja pelo fato
que esses locais com passivos ambientais passaram a abrigar áreas
residenciais, sem qualquer estudo prévio, ou pela proximidade destas aos
locais impactados por tais substâncias.
Outros casos ainda ficaram famosos nas décadas de 70 e 80,
principalmente na Baixada Santista, devido à poluição ocasionada por
indústrias que lançavam poluentes atmosféricos e efluentes em corpos
hídricos sem nenhum tratamento, ficando esse local conhecido como
“Vale da Morte”.
Importante relembrarmos como era o contexto histórico da época. Nas
décadas de 70 e 80 não tínhamos uma consolidação de normas e leis para
essas questões, além do que, o entendimento ambiental era outro.
Era comum que as empresas, no passado, enterrassem seus resíduos sem
tratamento por acreditarem que o solo possuísse uma capacidade de
depuração para lidar com as substâncias despejadas.
Outra questão era que não havia tantos estudos sobre os efeitos das
substâncias químicas que utilizávamos. Um exemplo disso era o
percloroetileno (PCE), largamente utilizado no passado como

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desengraxante pelas indústrias, devido às suas excelentes características
químicas para tal função.
Hoje sabemos que esse composto é carcinogênico e recalcitrante, isto é,
ele pode provocar câncer e quando lançado no meio ambiente,
permanece inalterado por muito tempo, pois os microrganismos
naturalmente presentes no solo não conseguem fazer a degradação dessa
substância xenobiótica.
O uso deste composto durante as décadas passadas sem o devido
controle e manipulação adequada, ocasionou a contaminação de grandes
áreas pelo que chamamos de compostos organoclorados e estão
presentes até os dias atuais.
Aqui no Brasil, em 2009, com a publicação da Resolução CONAMA n° 420,
o gerenciamento de áreas contaminadas ganhou força e tornou-se
factível.
A referida Resolução trouxe consigo diretrizes para o Gerenciamento de
Áreas Contaminadas, estipulando que o processo deve ser realizado em
etapas.

Entenda mais sobre o


histórico das Áreas
Contaminadas em
nosso canal no
YouTube.
Clique na imagem para
acessar.

Nos anos após a publicação da Resolução CONAMA nº 420, houve um


avanço em leis, tecnologias, diretrizes e sistemas para realizar o
Gerenciamento de Áreas Contaminadas, por sua sigla GAC.
Muitos desses avanços foram produzidos no estado de São Paulo pela
CETESB, órgão ambiental estadual. Foram tomadas várias iniciativas
como a elaboração de um cadastro de áreas contaminadas e a introdução
de novos requisitos legais que trouxeram vários recursos para a
reabilitação dessas áreas.

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Atualmente, dispomos de procedimentos detalhados para a entrega de
estudos ambientais, com uma maior exigência e fiscalização. Em 2017,
houve uma grande contribuição para o tema com a publicação da Decisão
de Diretoria nº 38 da CETESB.

A história das áreas contaminadas tem muitos detalhes e avanços que


foram gradualmente sendo conquistados aqui no país e no mundo, sendo
este um breve relato de toda essa complexidade e que não pode ser
explicado em poucas linhas.
O recado mais importante que queremos transmitir é que esse tema tem
uma importância significativa nas nossas vidas e no meio ambiente, assim
precisamos cada vez mais de pessoas discutindo sobre isso e de
profissionais comprometidos com essa questão.
Buscando contribuir com a pauta, elaboramos esse GUIA que contempla
os procedimentos existentes no estado de São Paulo, em consonância
com a Resolução CONAMA nº 420, abordando de forma simplificada,
todas as etapas do Gerenciamento de Áreas Contaminadas.
Ressaltamos que será dada uma ênfase na legislação pertinente ao estado
de São Paulo no tema de GAC, mas devem ser avaliadas as normas e
diretrizes regionais para o caso, quando aplicável.

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UM PROCESSO FEITO EM
ETAPAS
O GAC é realizado em etapas e tem um bom motivo para isso. Cada etapa
complementa a anterior e fornece novas informações para a tomada de
decisão acerca das ações para o gerenciamento do site.
O Modelo Conceitual, que é atualizado em cada etapa, vai ganhando mais
solidez e riqueza de detalhes, o que permite um melhor entendimento do
meio físico local, das Substâncias Químicas de Interesse (SQI), do
comportamento destas substâncias no meio, das dimensões da pluma de
contaminantes e mecanismos de transporte, entre outras informações.
Aliás, é importante entendermos a definição de Modelo Conceitual. De
acordo com a Decisão de Diretoria nº 38 da CETESB, o Modelo Conceitual
é definido como:
“relato escrito, acompanhado de representação gráfica, dos
processos associados ao transporte das substâncias químicas de
interesse na área investigada, desde as fontes potenciais, primárias
e secundárias de contaminação, até os potenciais ou efetivos
receptores. Esse relatório deve conter a identificação das
substâncias químicas de interesse, das fontes de contaminação, dos
mecanismos de liberação das substâncias, dos meios pelos quais as
substâncias serão transportadas, dos receptores e das vias de
ingresso das substâncias nos receptores.”

Esse conceito é fundamental, pois o Modelo Conceitual é o coração de


cada estudo, sendo que em cada etapa deve ser observado o atendimento
a certas questões. Vamos abordar o objetivo de cada etapa mais adiante
nesse GUIA. Agora vamos entender um ponto inicial: quando e por que o
GAC se inicia?
A resposta na cabeça de muitos é: quando demandado pelo órgão
ambiental. Mas há situações em que é obrigatório realizar esses estudos,
independente de solicitação pelo órgão ambiental e, além disso, o órgão
tem normativas próprias para solicitar ao responsável legal a realização
dos estudos de investigação de áreas contaminadas.

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No estado de São Paulo, de acordo com o Decreto Estadual n° 59.263/13,
os responsáveis legais deverão ser demandados a realizar a Avaliação
Preliminar quando houver indícios ou suspeita de contaminação, isto é,
quando houve a ocorrência de vazamentos ou o manejo inadequado de
substâncias ou produtos que possam impactar o local.
Caso haja a presença de instalações com projeto inadequado ou fora das
normas existentes, que também possam facilitar a infiltração de
contaminantes, também deve ser considerada como fator para ser
executado a Avaliação Preliminar.
O órgão ambiental também poderá solicitar a realização do estudo
motivado por denúncias ou reclamações de terceiros. De acordo com o
artigo 27 do Decreto supracitado, a condução destes estudos
independerá de solicitação ou exigência da CETESB, sendo obrigatório
para os imóveis enquadrados nos seguintes casos:
“I - Áreas com Potencial de Contaminação (AP) localizadas em
regiões onde ocorreu ou está ocorrendo mudança de uso do solo,
especialmente para uso residencial ou comercial;
II - Áreas com Potencial de Contaminação (AP) localizadas em
regiões com evidências de contaminação regional de solo e de água
subterrânea;
III - Áreas com Potencial de Contaminação (AP) cuja atividade foi
considerada como prioritária para o licenciamento da CETESB;
IV - Sempre que houver qualquer alteração de uso de área
classificada como Área com Potencial de Contaminação (AP).”
Em caso de desativação de empreendimentos sujeitos ao
licenciamento ambiental e potenciais geradores de contaminação,
também deverão ser apresentados, em conjunto com o Plano de
Desativação, os estudos de Avaliação Preliminar e Investigação
Confirmatória, a fim de obter o termo de encerramento da atividade
licenciada. Agora que você entendeu a importância e o motivo de
serem realizados estudos de investigação de áreas contaminadas,
vamos ver cada uma de suas etapas. O fluxograma a seguir ilustra os
caminhos a serem percorridos, em função dos resultados obtidos em
cada etapa, para o estado de São Paulo.

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Fonte: Decreto Estadual 59.263/13 e Decisão de Diretoria nº 38 da CETESB de 2017.

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AVALIAÇÃO
PRELIMINAR

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A etapa de Avaliação Preliminar tem como objetivo caracterizar as
atividades desenvolvidas e em desenvolvimento, identificar as áreas fonte
e as fontes potenciais de contaminação e orientar quanto à execução das
demais etapas do processo de GAC.
Para o estudo de Avaliação de Preliminar é necessária a condução de uma
vistoria de reconhecimento na área de estudo, por profissionais
capacitados para avaliação das estruturas atuais, processos
desenvolvidos na área, locais e formas de armazenamento de produtos
químicos e resíduos, entre outras coisas.
Além disso, é necessário levantar informações atuais e históricas da área,
por meio de entrevistas com funcionários antigos e pessoas familiarizadas
com o histórico do local, vistas aos processos presentes em órgãos
públicos, avaliação de fotos aéreas históricas entre outros.
Os trabalhos devem estar de acordo com a Norma ABNT NBR 15515-
1/2011: “Passivo ambiental em solo e água subterrânea. Parte 1: Avaliação
Preliminar”.
Ao final do estudo, quando a área for classificada como Área com
Potencial de Contaminação (AP) ou Área Suspeita de Contaminação (AS),
será elaborado o Modelo Conceitual Inicial (MCA 1), identificando as
fontes de contaminação levantadas, para o desenvolvimento do Plano de
Investigação Confirmatória, propondo as metodologias de investigação
para cada uma das áreas fonte.
Ainda, segundo a CETESB, o Plano de Investigação Confirmatória deverá
ser elaborado em função da disponibilidade e qualidade dos dados
levantados na Avaliação Preliminar, bem como das informações obtidas
para o MCA 1 da área de estudo.
O MCA 1 deve apresentar informações sobre as áreas fonte, bem como
os dados do meio físico e das substâncias químicas de interesse e
mecanismos de transporte.
Em função da qualidade das informações levantadas, o MCA 1 poderá ser
classificado como “A”, “B” ou “C”.
De acordo com a Decisão de Diretoria nº 38 da CETESB, a classificação
do modelo conceitual como MCA 1A se aplica à situação em que foi
possível identificar todas as áreas fonte existentes (atuais e pretéritas) e

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obter dados e informações que permitam realizar uma investigação direta
de todas as áreas fonte.
Tenha em mente que para isso é necessário o conhecimento da
localização de todas as fontes potenciais de contaminação (inclusive as
históricas), quais as substâncias químicas associadas a cada uma delas e
ainda o conhecimento dos materiais em subsuperfície, mesmo que de
forma preliminar.
A Imagem 1 abaixo ilustra um estudo no qual foi possível identificar todas
as áreas fonte e as SQIs.

Fonte: Elaborado pelos autores.

Imagem 1: Imóvel onde foi conduzida a Avaliação Preliminar e todas as


áreas fonte (atuais e pretéritas) e as SQIs foram identificadas, podendo
ser direcionada a investigação para essas áreas1.
Com base na Imagem 1 apresentada, é possível direcionar o Plano de
Investigação Confirmatória para a investigação das respectivas fontes e
SQIs, assim, caso haja alguma contaminação, é possível identificá-la por
meio de investigações diretas.
Ressalta-se que esse é um caso ilustrativo e para se chegar à conclusão
de que todas as fontes são conhecidas, é necessário um estudo muito

1
Na Imagem 1 foram identificadas as áreas fontes, sendo que em cada uma dessas áreas pode haver
mais de uma fonte potencial de contaminação. Este fato deve ser avaliado para a elaboração do Plano
de Investigação Confirmatória.

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bem embasado, a fim de identificar possíveis incertezas nas informações
consultadas.
Já a classificação como MCA 1B se aplica à situação em que ainda há
incertezas quanto à localização de algumas áreas fonte ou até mesmo
sobre às substâncias químicas manipuladas e armazenadas na área. Para
essa situação, o Plano de Investigação Confirmatória deverá ser elaborado
utilizando-se métodos de investigação probabilísticos, que proporcionem
informações sobre o meio físico ou sobre a natureza e a distribuição das
substâncias químicas de interesse.
São exemplos desses métodos: geofísica, amostradores passivos,
amostragem multi-incremento, entre outros. Esses métodos permitem
realizar uma varredura inicial para, em seguida, direcionar as amostragens
subsequentes.
A Imagem 2 exemplifica um resultado obtido utilizando-se amostradores
passivos, sendo possível observar o hotspot de vapores nas cores mais
quentes, em tons avermelhados.

Fonte: Elaborado pelos autores.

Imagem 2: Resultado da técnica de amostradores passivos em uma área


onde havia a presença de substâncias químicas que geravam a fase de
vapor (unidade de massa das SQIs não foram reportadas).

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No caso apresentado, conforme ilustrado na Imagem 2, foi utilizada uma
técnica de screening para a investigação das áreas fontes, cujas
localizações não eram conhecidas com precisão, contudo era de
conhecimento a presença de substância que poderiam liberar compostos
na fase de vapor.
Essa técnica permitiu identificar uma área onde pode ser direcionado
investigações diretas para confirmação ou não das substâncias químicas
de interesse. Assim, essas técnicas, que devem ser avaliadas pelo
responsável técnico com os devidos cuidados para cada situação, são de
grande importância na realização dos estudos de investigação.
Por fim, a classificação como MCA 1C se aplica para casos em que não
foi possível identificar a localização e as características das áreas fonte do
imóvel em estudo, devendo ser adotadas estratégias probabilísticas para
o direcionamento da investigação.
Nesse caso, a investigação se torna mais complexa, pois não há
informação das fontes, devendo ser adotada uma ou mais técnicas de
screening para direcionamento das próximas etapas, de acordo com cada
caso em questão.
A eficácia na condução da etapa de Avaliação Preliminar promove a
eficiência da Investigação Confirmatória, direcionando melhor as próximas
etapas a serem realizadas para o gerenciamento de todo o processo junto
ao órgão ambiental, garantindo o sucesso da investigação e,
consequentemente, o encerramento do caso em menor tempo e com
menor custo.

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INVESTIGAÇÃO
CONFIRMATÓRIA

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A etapa de Investigação Confirmatória tem como objetivo confirmar ou
não a existência de contaminação, por meio da investigação de todas as
fontes identificadas na etapa de Avaliação Preliminar.
Para isso, a Investigação Confirmatória deve ser executada com base no
Plano de Investigação Confirmatória, apresentado no Relatório de
Avaliação Preliminar.
Lembrando que a seleção da melhor estratégia de investigação garante
uma melhor resposta, permitindo que, caso haja uma contaminação, ela
seja identificada de forma mais precisa.
O desenvolvimento desse trabalho deve seguir a Norma ABNT NBR
15515-2/2011: “Passivo Ambiental em Solo e Água Subterrânea, Parte 2:
Investigação Confirmatória”.
A forma mais usual de se realizar a investigação de uma área fonte
conhecida é por meio de sondagens investigativas, com coleta de
amostras de solo para a realização de análises químicas em laboratório.
É importante destacar que nessa etapa devem ser obtidas informações a
respeito do meio físico, através da avaliação dos perfis litológicos das
sondagens executadas, conseguindo assim, definir as unidades
hidroestratigráficas locais.
Para a execução das sondagens e coleta de amostras de solo, podem ser
utilizados diversos métodos mecânicos e manuais. Um exemplo de
método manual, para sondagens mais superficiais (entre 3 a 6 metros) é
através do uso de trado manual e equipamento composto por hastes com
roscas ou engates rápidos e compartimento coletor de amostra (em aço
inox).
Através de método percussivo, os amostradores que possuem no seu
interior tubos do tipo liner de PVC transparente, são cravados no solo para
a coleta de amostras. Este método permite executar uma amostragem
contínua de todo o perfil do solo, sem contato com o meio externo e
coletar a amostra na profundidade desejada.
Para a realização de coleta de amostras de água subterrânea, inicialmente
é necessária a instalação de poços de monitoramento, sendo que há
diversos métodos para essa finalidade. Um perfil construtivo básico de um
poço de monitoramento é composto por revestimento interno (tubo

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geomecânico), tubo filtro, pré-filtro, selo de compactolite e bentonita e
caixa de proteção.
A Imagem 3 exibe um perfil construtivo de um poço de monitoramento.

Fonte: Elaborado pelos autores.

Imagem 3: Perfil construtivo de um poço de monitoramento.


Para a instalação dos poços de monitoramento é necessário ter em mente
qual será a profundidade de instalação do filtro, ou seja, qual a unidade
hidroestratigráficas será avaliada e se pode haver a presença de fase livre
- DNAPL (dense non-aqueous phase liquid) ou LNAPL (light non-aqueous
phase liquid).
Quando há presença de DNAPL, que são compostos insolúveis e mais
densos do que a água, pode ocorrer o acúmulo no fundo do aquífero ou
sobre lentes de argila, assim, a instalação do filtro deve levar esse fato em
consideração.
Já quando existem compostos LNAPL, que são insolúveis e menos densos
do que a água, forma-se fase livre sobre o aquífero, principalmente na
franja capilar, sendo necessário que o filtro seja instalado nessa região
para que a fase livre possa ser aferida.

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Os métodos para a execução das perfurações das sondagens
investigativas para coletas de amostras de solo e instalação de poços de
monitoramento devem seguir as referências estabelecidas pela ABNT nas
NBR 15492/2007: “Sondagem de Reconhecimento para Fins de
Qualidade Ambiental – Procedimento” e 15495-1/2009: “Poços de
Monitoramento de Águas Subterrâneas em Aquíferos Granulares – Parte
1: Projeto e Construção”.
Os dados das análises químicas resultantes das coletas em campo de solo
e água subterrânea deverão ser comparados com os Valores de
Investigação para solos e águas subterrâneas definidos pela Resolução
CONAMA nº 420 de 2009 ou pela normativa regional.
No estado de São Paulo, atualmente, seguimos os valores estabelecidos
pela CETESB, por meio da Decisão de Diretoria nº 256/2016/E, de 22 de
novembro de 2016.
Para as substâncias químicas de interesse ou meios não contemplados
nas listas nacionais, deverão ser utilizados os valores definidos na última
atualização dos Regional Screening Levels (RSLs), desenvolvidos pela
United States Environmental Protection Agency (USEPA) ou calculados a
partir da Planilha de Avaliação de Risco da CETESB. Ainda, para as
substâncias que não constarem nessas listas citadas, poderão ser
utilizadas listas de valores orientadores produzidas por outras entidades
reconhecidas.
Ressalta-se a importância de se estabelecer o padrão de referência, das
amostras de solo, específico para o cenário de uso e ocupação existente
na área, atual ou futuro, enquadrando-o em um dos 3 cenários possíveis:
comercial/industrial, residencial ou agrícola.
Por exemplo, para comparar os resultados das amostras de solo coletados
em uma indústria em operação em São Paulo que está passando pela
etapa de Investigação Confirmatória, deve-se utilizar como referência
os valores estabelecidos pela CETESB, por meio da Decisão de Diretoria
nº 256/2016/E para o cenário industrial.
Já para uma indústria desativada em São Paulo, onde no local está
ocorrendo uma mudança de uso para uma área residencial, deverá ser
adotado os valores de referência do cenário futuro (residencial) da lista da
CETESB citada acima.

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E QUANDO QUE MINHA
ÁREA ESTÁ CONTAMINADA?
Segundo o Decreto Estadual de São Paulo nº 59.263/2013, de 05 de junho
de 2013, a área de estudo poderá ser classificada como Área
Contaminada sob Investigação (ACI), caso sejam constatadas uma ou
mais das condições estabelecidas no seu artigo 28, após a etapa de
Investigação Confirmatória:
I – Contaminantes no solo ou na água subterrânea em
concentrações acima dos Valores de Intervenção;
II – Produto ou substância em fase livre;
III – Substâncias, condições ou situações que, de acordo com os
parâmetros específicos, possam representar perigo, conforme
artigo 19, § 3º deste decreto;
IV – Resíduos perigosos dispostos em desacordo com as normas
vigentes.
Caso a área de estudo seja enquadrada em algum dos itens acima, o
Responsável Legal deverá seguir com as próximas etapas de
gerenciamento, a fim de se detalhar a contaminação e verificar a possível
existência de riscos aos receptores locais expostos ou potencialmente
expostos.
Conforme mostrado anteriormente, para a execução da Investigação
Confirmatória, existem diversas metodologias para cada caso, que devem
ser executadas de acordo com as técnicas selecionadas no Plano de
Investigação elaborado na Avaliação Preliminar.
Uma boa investigação possibilita que as próximas etapas sejam
executadas de maneira mais adequadas e que as ações de gerenciamento
do site permitam que a área seja reabilitada para o uso pretendido em
menor tempo e com menor custo.

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INVESTIGAÇÃO
DETALHADA

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A etapa de Investigação Detalhada tem como objetivo delimitar
tridimensionalmente as concentrações de contaminantes identificados na
etapa de Investigação Confirmatória e caracterizar o meio físico da área
contaminada. O desenvolvimento desse trabalho deve seguir a Norma
ABNT NBR 15515-3/2013: “Avaliação de Passivo Ambiental em Solo e
Água Subterrânea, Parte 3 — Investigação Detalhada”. Para isso, as
investigações são voltadas para delimitar tridimensionalmente os limites
das plumas de contaminação e quantificar as massas das SQI.
A Imagem 4 ilustra como exemplo um mapa de distribuição espacial de
contaminantes na fase dissolvida, cuja delimitação está realizada
tridimensionalmente (geologia não apresentada para melhor visualização).

Fonte: Elaborado pelos autores.

Imagem 4: Mapa de isoconcentração na fase dissolvida delimitada


tridimensionalmente (mapa apenas para fins ilustrativos).

GERENCIAMENTO DE ÁREAS CONTMINADAS 27


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Destaca-se que as substâncias químicas podem estar presentes em
diferentes compartimentos como, por exemplo, retidas no solo,
dissolvidas na água subterrânea, em fase livre ou na fase de vapor,
podendo gerar cenários de intrusão de vapores no piso das construções,
quando atingem a superfície.
Desta forma, um outro objetivo da Investigação Detalhada é entender
como ocorre o transporte dessas substâncias químicas de interesse nas
diferentes unidades hidroestratigráficas até chegarem aos receptores
locais ou aos bens a proteger.
Uma das formas de caracterizar o meio físico da área de estudo para
entender o comportamento dos contaminantes é através da coleta de
amostras de solo indeformadas nas diferentes unidades
hidroestratigráficas alvo de investigação ou a realização da análise
granulométrica e comparação com a literatura para avaliação de dados
geotécnicos (Exemplo: porosidade total e efetiva).
Lembre-se que o solo é um material heterogêneo e o comportamento dos
contaminantes presentes nele dependem de suas características. No
aquífero pode haver zonas de retenção de contaminantes, associadas a
camadas com maior porcentagem de argila, e zonas de fluxo,
representadas por regiões onde há maior fração de areia, por exemplo.
A avaliação da condutividade hidráulica (k) em todas as unidades
hidroestratigráficas é fundamental para o entendimento do
comportamento do contaminante na área de estudo. Essa avaliação que
se iniciou na Investigação Confirmatória, deve ser aprofundada nessa
etapa de detalhamento.
Para o cumprimento desta etapa, a Decisão de Diretoria nº 038/2017/C da
CETESB, estabelece que as plumas de contaminação, com origem na
área investigada, deverão estar integralmente delimitadas no plano
horizontal e vertical.
Além disso, os hotspots (centro de massa dos contaminantes) deverão ser
investigados com a resolução adequada, de modo a proporcionar a
delimitação da sua distribuição espacial e permitir a quantificação das
massas das substâncias químicas de interesse.

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Caso esses objetivos não sejam alcançados nos trabalhos executados na
Investigação Detalhada, novos trabalhos de delimitação dos compostos de
interesse deverão ser propostos para a área.
A partir das plumas delimitadas tridimensionalmente, a investigação
detalhada deve incluir ainda a modelagem matemática de fluxo e
transporte de contaminantes, se necessário, para o refinamento da
compreensão hidrogeológica do local, bem como avaliar se as plumas
podem atingir receptores identificados e bens a proteger, podendo
colocá-los em risco no futuro.

Quais são os próximos passos


após a Delimitação?
Conforme mencionado, essas informações de detalhamento dos
contaminantes e sua extensão pela área de estudo são necessários para
subsidiar a próxima etapa de gerenciamento composta pela Avaliação de
Risco à Saúde Humana, onde será verificado ou não a existência de risco
aos receptores locais e bens a proteger.
Caso haja contaminação associada a compostos orgânicos voláteis, a
investigação deverá incluir o mapeamento das plumas de vapores, a fim
de avaliar os cenários de intrusão de vapores.

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AVALIAÇÃO DE
RISCO À SAÚDE
HUMANA

LICENCIAMENTO AMBIENTA 30
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A Avaliação de Risco à Saúde Humana tem como objetivo avaliar se os
receptores locais e do seu entorno imediato estão expostos ou
potencialmente expostos às substâncias químicas de interesse presentes
na área contaminada.
Entende-se como receptores toda pessoa ou grupo de pessoas, ou ainda
algum bem a proteger, que possam estar expostos a uma determinada
substância presente em uma área contaminada.
Estes receptores podem ser classificados pelo seu tipo de exposição. Em
São Paulo, a CETESB disponibiliza em seu site, 4 planilhas para o cálculo
do risco, específicas para cada cenário de exposição, que contemplam:
➔ Residentes em Áreas Urbanas (adultos ou crianças);
➔ Residentes em Áreas Rurais (adultos ou crianças);
➔ Trabalhadores Comerciais/Industriais; e
➔ Trabalhadores em Obras Civis.

A Imagem 5 a seguir exibe uma das abas da planilha da CETESB, utilizada


para os cálculos de risco.

Fonte: CETESB, maio de 2013.

Imagem 5: Planilha de Risco da CETESB, com última atualização de maio


de 2013.

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31
Este estudo deve ser realizado com os dados obtidos a partir da
Investigação Detalhada, quando as plumas de contaminantes estão
delimitadas tridimensionalmente e o meio físico caracterizado, podendo
então ter como base o modelo conceitual mais atualizado e bem
detalhado. Importante que todos os dados coletados sejam analisados,
interpretados e validados para então serem utilizados para os cálculos de
risco.
Inicialmente, deve ser avaliado o modelo conceitual de exposição ao risco,
que envolve analisar as vias de ingresso das substâncias aplicáveis para
cada tipo de receptor presente na fonte de contaminação ou a partir dela.
As vias de ingresso ocorrem através do contato direto ou indireto com as
substâncias químicas de interesse. Como exemplo de contato direto com
as substâncias, podemos citar o contato dérmico ou a ingestão de água
subterrânea ou solo. Quanto às vias de contato indireto, podemos citar
como exemplos a inalação de vapores, que podem ocorrer em ambientes
abertos ou fechados, através da intrusão dos vapores formados pelas
fontes de contaminação. A Imagem 6 a seguir exibe um modelo
esquemático da intrusão de vapores em uma área residencial e outras vias
de ingresso.

Fonte: Elaborado pelos autores.

Imagem 6: Modelo esquemático da intrusão de vapores em uma área


residencial, bem como outras possíveis vias de ingresso (figura apenas
para fins didáticos).

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32
Após a definição dos potenciais receptores, do modelo conceitual de
exposição e das substâncias químicas de interesse, devem ser levantados
os dados de dimensionamento das fontes na área impactada, tanto no solo
como na água subterrânea, bem como os parâmetros físico-químicos do
meio e construtivos da edificação local, sendo este último específico para
o cenário de intrusão de vapores.

Cálculo de Risco
Para cada substância química de interesse presente no meio em
concentrações superiores aos valores máximos permitidos, devem ser
calculados os riscos carcinogênicos e não carcinogênicos.
Para isso, devem ser levantados os parâmetros físico-químicos e
toxicológicos de cada substância que será calculado o risco.
Os cálculos têm como base o procedimento descrito no RAGS – Risk
Assessment Guidance for Superfund – Volume I – Human Health
Evaluation Manual (Part A) (USEPA, 1989) para a quantificação da
exposição e do risco, bem como as equações de Domênico (1987) para
transporte de contaminantes em meio saturado, o modelo de Jury e
Johnson (1991) para transporte de contaminantes em meio não saturado
e Johnson e Etinger (1992) para intrusão de vapores.
De acordo com o Art. 36 do Decreto nº 59.263/2013, às seguintes
situações podem caracterizar a existência de risco acima dos níveis
aceitáveis em uma área, determinando sua classificação como Área
Contaminada com Risco Confirmado (ACRi):
I – Realizada Avaliação de Risco foi constatado que os valores
definidos para risco aceitável à saúde humana foram ultrapassados,
considerando-se os níveis de risco definidos por meio de Resolução
conjunta da Secretaria Estadual de Meio Ambiente e da Secretaria
Estadual de Saúde, após ouvido o CONSEMA;
II – Quando for observado risco inaceitável para organismos
presentes nos ecossistemas, por meio da utilização de resultados de
Avaliação de Risco Ecológico;
III – Nas situações em que os contaminantes gerados em uma área
tenham atingido compartimentos do meio físico e determinado a

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33
ultrapassagem dos padrões legais aplicáveis ao enquadramento dos
corpos d’água e de potabilidade;
IV – Nas situações em que os contaminantes gerados possam atingir
corpos d’água superficiais ou subterrâneos, determinando a
ultrapassagem dos padrões legais aplicáveis, comprovadas por
modelagem do transporte dos contaminantes;
V – Nas situações em que haja risco à saúde ou à vida em
decorrência de exposição aguda aos contaminantes, ou à segurança
do patrimônio público e privado.

Resultados da Avaliação de Risco


A Avaliação de Risco à Saúde Humana irá calcular o risco para cada
cenário de exposição, considerando cada via de ingresso para cada tipo
de receptor.
O risco máximo aceitável para substâncias carcinogênicas é de um caso
de câncer para cada 100.000 indivíduos (1x10-5), já o quociente de perigo
máximo aceitável para as substâncias não carcinogênicas é de 1.
O risco deve ser considerado e calculado para cada substância e via de
exposição específica, mas também devem ser considerados os riscos
cumulativos por substância e por via de exposição, tanto para o risco
carcinogênico como para o não carcinogênico.
As concentrações máximas aceitáveis (CMA) também são calculadas a
partir das planilhas da CETESB levando em consideração as
características da área e dos contaminantes presentes no meio. Essas
concentrações podem ser utilizadas como metas de remediação, quando
aplicável.
Apesar das planilhas de risco calcularem CMA para a via de ingestão de
água subterrânea, seguindo o que preconiza a DD n° 038/2017/C, para as
CMA para ingestão de água subterrânea, devem ser utilizados os padrões
de potabilidade estabelecidos pelo Ministério da Saúde, atualmente
vigente por meio da Portaria GM/MS n° 888, de 4 de maio de 2021, em
seu Anexo 9, onde é apresentada a “Tabela de padrão de potabilidade
para substâncias químicas que representam risco à saúde”.

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34
Caso não seja identificado nenhum dos itens descritos no Art. 36 do
Decreto n° 59.263, de maneira que os riscos sejam aceitáveis, a área pode
ser considerada como Área em Processo de Monitoramento para
Encerramento (AME).
Já nos casos em que forem constatados um ou mais dos itens
mencionados, o responsável legal será responsável por executar o Plano
de Intervenção, que tem como objetivo gerenciar os riscos a que os
receptores possam estar expostos. A partir dos resultados da Avaliação
de Risco, será decidido quanto à necessidade de implementação de
medidas de intervenção, que será discutido adiante.

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PLANO DE
INTERVENÇÃO

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36
O Plano de Intervenção é um documento técnico que contempla as
ações a serem tomadas pelo Responsável Legal, devidamente
apresentadas, discutidas e justificadas, após a área de estudo ter sido
classificada como Área Contaminada com Risco Confirmado (ACRi), por
meio do estudo de Avaliação de Risco à Saúde Humana, de maneira a
viabilizar o uso pretendido do local atendendo às metas estabelecidas.
O Plano de Intervenção tem como objetivo eliminar ou minimizar os
riscos que os receptores estão expostos ou potencialmente expostos,
devido à contaminação da área, de maneira que estes se tornem riscos
aceitáveis, buscando proteger a saúde humana e os bens a proteger.
Para isso, a depender do cenário de risco, pode ser adotado um conjunto
de medidas de intervenção, que inclui: medidas de controle institucional,
medidas de engenharia e/ou medidas de remediação. Também podem ser
adotadas medidas emergenciais, se necessário, em qualquer uma das
etapas do gerenciamento da área.
Tais medidas de intervenção devem ser selecionadas em função da
viabilidade técnica, econômica e ambiental, sempre priorizando a saúde
humana dos receptores expostos às substâncias químicas de interesse.
As medidas de controle institucional são ações adotadas em substituição
ou de forma complementar às técnicas de remediação, visando eliminar o
risco através da restrição de acesso à área contaminada ou do uso do
solo, das águas subterrâneas ou superficiais, de maneira a eliminar a
exposição dos receptores aos contaminantes.
As medidas de engenharia são ações voltadas à interrupção da exposição
dos receptores aos contaminantes, através de projetos de engenharia.
Alguns exemplos são: a impermeabilização do solo, evitando o contato
direto com o solo superficial, a construção de edifícios sobre pilotis,
evitando a intrusão de vapores, entre outras.
As medidas de remediação são um conjunto de técnicas que visam o
abatimento e redução de massa de contaminantes, ou ainda a sua
contenção ou isolamento, buscando evitar a migração dos contaminantes.
As medidas emergenciais são ações destinadas à eliminação do perigo,
que devem serem consideradas durante qualquer uma das etapas do
gerenciamento de áreas contaminadas.

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37
Um Plano de Intervenção deve conter o seu cronograma executivo e o
detalhamento das etapas de obras de implantação, operação e
monitoramentos. O plano também deve conter o mapa de intervenção,
indicando a localização das medidas de intervenção a serem adotadas em
planta, com demais informações pertinentes a cada uma dessas medidas.
Segundo a Decisão de Diretoria nº 038/2017/C da CETESB, para a
elaboração do Plano de Intervenção deverão ser desenvolvidos os
seguintes itens:
➔ Definição dos objetivos do Plano de Intervenção;
➔ Definição das medidas de intervenção a serem adotadas;
➔ Seleção das técnicas a serem empregadas;
➔ Desenvolvimento do modelo conceitual de intervenção; e
➔ Análises de incertezas e limitações.
Diante do exposto, o Plano de Intervenção deve conter o detalhamento
das ações para se atingir os seguintes objetivos:
➔ Controlar as fontes de contaminação identificadas;
➔ Atingir o nível de risco aceitável aos receptores humanos e/ou
ecológicos identificados;
➔ Controlar os riscos identificados com base nos padrões legais
aplicáveis; e
➔ Evitar que outros receptores e bens a proteger sejam afetados.
Após a elaboração do Plano de Intervenção, as medidas de intervenção
implementadas devem ser acompanhadas durante o período de vigência
estabelecidas no plano.

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Reutilização das Áreas
Contaminadas
No estado de São Paulo, visando a reutilização das áreas contaminadas,
é possível solicitar à CETESB um parecer técnico sobre o Plano de
Intervenção para Reutilização de Área Contaminada.

Por esse meio, é possível se dar um uso aos imóveis em processo de


gerenciamento de áreas contaminadas, desde que atendidos os critérios
e as ações previstas em lei.
Tendo sido aprovado o Plano de Intervenção para Reutilização de Área
Contaminada, pela CETESB, a área será classificada como Área
Contaminada em Processo de Reutilização (ACRu).
Nesse processo, serão executadas ações de monitoramento da
contaminação, conforme discutidas anteriormente, para se avaliar se as
medidas propostas atenderam as metas e objetivos do Plano de
Intervenção, de forma a permitir o uso seguro da área.
Como visto, para a elaboração de um Plano de Intervenção é necessário
um grande conhecimento técnico e experiência na área, sendo essa uma
etapa crucial para compatibilizar o uso pretendido da área.

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REMEDIAÇÃO
AMBIENTAL

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A Remediação Ambiental é uma medida de intervenção que visa a
reabilitação a níveis de risco aceitáveis de uma área contaminada, através
da aplicação de técnicas para a remoção ou redução de massa de
contaminantes presentes no local, ou ainda a sua contenção dentro de
uma determinada área.
A remediação é necessária quando as concentrações de contaminantes
identificados podem acarretar riscos inaceitáveis aos receptores locais
humanos e/ou ecológicos.
Assim, a remediação ambiental consiste em um conjunto de técnicas
voltadas para a remoção da fonte de contaminação e redução da
contaminação nas matrizes do aquífero, para que não ofereçam mais
riscos à saúde humana ou aos bens a proteger.
De acordo o artigo n° 44 do Decreto nº 59.263/2013, as medidas de
remediação por tratamento deverão ser priorizadas, em relação às
medidas de remediação por contenção, tendo em vista sua ação no
sentido de promover a remoção da massa de contaminantes presentes na
área.

Técnicas de Remediação
Ambiental
Para escolher a melhor técnica a ser empregada na remediação, deve-se
levar em consideração as características intrínsecas de cada área, como
os dados de cada compartimento do meio físico e da hidrogeologia local,
características químicas do contaminante, entre outros.
Essas informações são coletadas durante as etapas de diagnóstico,
realizadas pelas investigações confirmatória e detalhada. Assim, é
fundamental que todas as etapas do gerenciamento de áreas
contaminadas sejam bem conduzidas, de maneira a se obter um modelo
conceitual devidamente detalhado da área.
A remediação de uma área contaminada pode ser feita com técnicas
aplicadas in situ ou ex situ.

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Remediação In Situ
A remediação in situ é realizada no próprio local da contaminação,
normalmente apresenta um custo menor em relação à ex situ e não há
riscos de provocar uma contaminação secundária, devido ao transporte e
tratamento em área de terceiros.
São exemplos de remediação in situ:
➔ Sistemas de bombeamento e tratamento (pump and treat);
➔ Sistemas de Extração Multifásica;
➔ Sistemas de Extração de Vapores (soil vapor extraction);
➔ Processos Oxidativos Avançados;
➔ Barreiras Reativas e Barreiras Hidráulicas;
➔ Sistemas térmicos;
➔ Biorremediação;
➔ Fitorremediação;
➔ Atenuação Natural Monitorada.

Remediação Ex Situ
Para a realização dessa remediação é necessário realizar a escavação,
remoção e tratamento com destinação final adequada do material
contaminado. Desta forma, essa técnica envolve um processo de
transporte do material escavado até o local de destino (Ex. Aterro
industrial).
Como forma de tratamento ex situ temos:
➔ Disposição em Aterro Sanitário;
➔ Coprocessamento;
➔ Dessorção térmica;
➔ Biopilhas.

A Imagem 7 apresenta um gráfico barras que apresenta as técnicas de


remediação mais aplicadas no estado de São Paulo até o final do ano de
2020, disponibilizado no site da CETESB.
As técnicas mais aplicadas no estado são: bombeamento e tratamento,
extração multifásica e recuperação de fase livre. Apesar da escavação e
remoção do solo contaminado ter perdido espaço para as técnicas de
remediação in situ a partir da década de 1990, ainda é uma das 5 técnicas

GERENCIAMENTO DE ÁREAS CONTAMIANDAS 42


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mais adotadas atualmente, juntamente com a atenuação natural
monitorada.

Fonte: CETESB, dezembro de 2020.

Imagem 7: Técnicas de remediação declaradas na relação de áreas


contaminadas da CETESB.
Como visto, há várias técnicas para realizar a remediação ambiental de
uma área contaminada. A técnica escolhida deve levar em consideração
diversos fatores que estão relacionados ao local e aos contaminantes
presentes, bem como a viabilidade ambiental e econômica da técnica ou
do conjunto de técnicas a serem adotadas.
Por isso, a condução deve ser realizada por uma equipe especializada
com um amplo conhecimento técnico para se propor a melhor alternativa
de remediação para cada caso.

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MONITORAMENTOS
AMBIENTAIS

LICENCIAMENTO AMBIENTAL 44
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Os monitoramentos ambientais, de forma mais ampla, consistem na
realização de medições e avaliações para indicadores e parâmetros
específicos, a fim de verificar se o sistema está em acordo com as normas
e leis ambientais, bem como para verificar a evolução das concentrações
e disposição dos contaminantes em determinada matriz ambiental.
Há diversos tipos de monitoramentos ambientais, além dos
monitoramentos realizados em áreas contaminadas.
A obrigatoriedade de realização desses monitoramentos pode estar
condicionada ao licenciamento ambiental, onde o órgão competente irá
listar as ações necessárias para a instalação e operação do
empreendimento.
Para o GAC, podemos citar os Monitoramentos Preventivos de Água
Subterrânea e os Monitoramentos para Encerramento, realizados para
obtenção do Termo de Área Reabilitada para Uso Declarado – AR.
Conforme o Decreto nº 59.263/2013, os Responsáveis Legais pelas áreas
com Potencial de Contaminação (APs) deverão implementar Programa de
Monitoramento Preventivo da Qualidade do Solo e da Água Subterrânea,
a ser apresentado para a CETESB:
I – Nas Áreas com Potencial de Contaminação (AP) onde ocorre o
lançamento de efluentes ou resíduos no solo como parte de
sistemas de tratamento ou disposição final;
II – Nas Áreas com Potencial de contaminação (AP) onde ocorre o
uso de solventes halogenados;
III – Nas Áreas com Potencial de Contaminação (AP) onde ocorre a
fundição secundária ou a recuperação de chumbo ou mercúrio.
Já os Monitoramento para Encerramento, segundo a Decisão de Diretoria
nº 038/2017/C, da CETESB, são realizados quando:
I – Após a execução da etapa de Avaliação de Risco foram
observadas concentrações das substâncias químicas de interesse
abaixo das concentrações máximas aceitáveis (CMA) calculadas,
além de não terem sido verificadas quaisquer das demais situações
indicadas no artigo 36 do Decreto nº 59.263/2013;
II – Quando o Plano de Intervenção proposto para a área indicar
somente a necessidade de implementação de medidas de controle
institucional e/ou de medidas de engenharia;
GERENCIAMENTO DE ÁREAS CONTAMINADAS 45
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III – Quando as metas de remediação, definidas no Plano de
Intervenção, forem atingidas pela aplicação de medidas de
remediação.
O responsável legal, em conjunto com o responsável técnico, deve definir
quantas campanhas de monitoramento deverão ser realizadas e qual a
sua periodicidade.
Exemplo: Realização de campanhas de monitoramento por dois ciclos
hidrológicos, a fim de avaliar o comportamento das concentrações de
contaminantes no período de cheia e de seca. Isso equivale a quatro
campanhas semestrais de monitoramentos para o encerramento.
O número de campanhas e a sua periodicidade pode variar de acordo
com o Modelo Conceitual da área, que foi elaborado com todas as
informações disponíveis das etapas anteriores.
A realização das campanhas de monitoramento permitirá acompanhar a
evolução das concentrações dos contaminantes e avaliar se eles estão em
uma tendência de estabilidade ou redução, atestando a eficiência das
medidas que foram propostas para a área no Plano de Intervenção.
Caso haja um aumento das concentrações de contaminantes ao longo dos
trabalhos, deve ser avaliado novas ações para a área, para o entendimento
do porquê dessa elevação.
Caso essa elevação ultrapassem as CMAs estabelecidas para a área, as
ações propostas no Plano de Intervenção deverão ser revistas, a fim de
que esse risco seja gerenciado.
Para os trabalhos de campo no Estado de São Paulo, deve-se atentar à
Resolução SMA n° 100, de 22 de outubro de 2013, que estabelece que a
coleta das amostras de água subterrânea deve ser realizada por equipe
de amostragem acreditada na Norma ABNT NBR ISO/IEC n° 17025:2005,
Versão Corrigida 2:2006 – “Requisitos Gerais para a Competência de
Laboratórios de Ensaio e Calibração”.
Com relação ao procedimento de coleta de água a ser adotado, deve ser
avaliado qual será o procedimento de purga, para que a amostra de água
subterrânea a ser coletada seja representativa do meio amostrado.
Os métodos utilizados para a purga da água subterrânea são o bailer (tubo
transparente de polietileno) ou a bomba de baixa vazão (low flow). A
amostragem com bomba de baixa vazão provoca uma menor agitação no

GERENCIAMENTO DE ÁREAS CONTAMINADAS 46


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aquífero, diminuindo a suspensão de sedimentos e perturbação do
aquífero durante a purga, desta forma, sendo recomendada a sua
utilização em relação a amostragem com bailer.
Durante a purga da água subterrânea pelo método de baixa vazão, é
realizada a leitura dos parâmetros físico-químicos do aquífero local.
Os parâmetros a serem avaliados são: condutividade elétrica, potencial de
oxirredução, oxigênio dissolvido, pH, temperatura e variação do nível
d’água durante o bombeamento.
Os procedimentos de coleta devem seguir a norma da ABNT NBR
n° 15847, de julho de 2010, “Amostragem de Águas Subterrâneas em
Poços de Monitoramento: Métodos de Purga”.
As amostras coletadas devem ser acondicionadas em frascos específicos
para cada parâmetro, com presença de preservantes (caso aplicável),
sendo devidamente identificadas.
Após a coleta, as amostras devem ser preservadas em caixas térmicas e
refrigeradas à temperatura de 4±2 °C, desde o momento da coleta até a
entrega no laboratório para a realização das análises químicas.
Após as análises químicas pelo laboratório e tratamento dos dados, são
elaborados mapas de isoconcentrações das SQIs da área de estudo, caso
aplicável.
Esses mapas mostram a distribuição dessas substâncias no plano
horizontal e vertical (corte em seção) no aquífero local, permitindo avaliar
a delimitação dos compostos, seus hot spots, locais impactados e
tendência de migração conforme o fluxo subterrâneo, além de poder ser
utilizados para a comparação da sua evolução ao longo das campanhas
de monitoramento.
A Imagem 8 mostra a evolução da concentração da SQI no plano
horizontal para a água subterrânea.

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Imagem 8: Evolução da concentração da SQI ao longo das campanhas
de monitoramento da água subterrânea (mapa apenas para fins
ilustrativos).
A partir da compilação e tratamento dos dados é possível avaliar o
comportamento das SQIs na área de estudo e propor novas ações caso
sejam necessárias ou atestar que os trabalhos realizados na área foram
suficientes para o gerenciamento da contaminação, podendo a área ser
reabilitada para uso declarado, encerrando assim, o processo de GAC
(para o cenário vigente da área).
Importante mencionar que outros fatores devem ser levados em
consideração ao se atestar que a área está com o risco gerenciado, tais
como a investigação de todas as áreas fonte levantadas na Avaliação
Preliminar de forma satisfatória, a delimitação dos contaminantes
tridimensionalmente, a avaliação da todas as fases do contaminante,
incluindo a fase de vapor (caso aplicável) e o possível impacto a bens a
proteger na área ou no entorno a partir da possível migração dos
contaminantes identificados.
Por conta de todos os itens relacionados neste GUIA, observa-se que o
GAC deve ser conduzido por uma equipe multidisciplinar, capacitada para
a compreensão dos diferentes fatores e heterogeneidades apresentadas
em cada uma de suas etapas.
Quando as melhores estratégias são adotadas, a partir da compreensão
de cada caso específico, com análise crítica e empenho por todas as
partes envolvidas, são atingidos os melhores resultados, permitindo um
melhor gerenciamento do risco, redução do tempo do processo de
reabilitação do imóvel e menor custo para o empreendedor.

GERENCIAMENTO DE ÁREAS CONTAMINADAS 48


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CONSIDERAÇÕES FINAIS
As ações antrópicas podem impactar o meio ambiente e as áreas
contaminadas são um resultado dessas atividades. Felizmente, hoje temos
legislações e procedimentos para a reabilitação delas e o seu uso seguro.
A Resolução CONAMA nº 420 de 2009, dispõe uma série de diretrizes a
respeito desse tema a nível federal. No âmbito do estado de São Paulo,
temos o Decreto 59.263 de 2013, que que dispõe sobre diretrizes e
procedimentos para a proteção da qualidade do solo e gerenciamento de
áreas contaminadas e foi o foco abordado neste GUIA.
A CETESB, como órgão ambiental de São Paulo, trouxe uma série de
contribuições para a área e a publicação da Decisão de Diretoria nº 038
de 2017 detalha os itens que cada estudo deve contemplar.
Nós como profissionais da área precisamos expor a importância desse
tema para a sociedade e para o meio ambiente, de forma que cada vez
mais haja pessoas discutindo sobre isso e profissionais comprometidos
com essa questão.
Assim, ao final da leitura deste GUIA, é importante você ter entendido que:
I - O GAC é fundamental para permitir o uso seguro de áreas que
possuem um passivo ambiental, decorrente das atividades que
foram desenvolvidas no local;
II - O seu processo é realizado em etapas, por um bom motivo.
Cada etapa acrescenta mais informações ao Modelo Conceitual e
permite a tomada de melhores decisões no seu gerenciamento;
III - Ao final de cada etapa deve-se atender os objetivos propostos
do estudo realizado e propor as próximas ações de acordo com os
procedimentos descritos na legislação e apresentados nesse GUIA;
IV - A execução das atividades e análise dos cenários deve ser
realizada por profissionais capacitados, sendo cada vez mais
buscado profissionais que entendem desse tema;
V - É uma área multidisciplinar que envolve o trabalho em equipe e
que pode ser explorada por diferentes perfis de profissionais;

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VI - Há muita tecnologia sendo desenvolvida e empregada para
otimização dos trabalhos e obtenção de melhores resultados.
Quem se adequar às novas práticas ganhará no longo prazo.
Nós da RAÍZCON temos o propósito de compartilhar conhecimento
através das redes sociais e estamos presentes no LinkedIn, Facebook,
YouTube e Instagram, sempre trazendo conteúdo da área ambiental de
forma simples e didática, através da marca Valor Ambiental.
Nossa equipe técnica é composta por profissionais com ampla experiência
no Gerenciamento de Áreas Contaminadas, sendo esse GUIA um
resultado de anos de estudos e atuação nessa área.
Esperamos que este GUIA possa contribuir com o desenvolvimento da
área e auxiliá-lo a entender mais sobre esse tema.

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para ficar por dentro da área de
consultoria ambiental!

Sempre à disposição.

Atenciosamente,

Diretor Executivo RAÍZCON Diretor Operacional RAÍZCON

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