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Apostila de

Proteção
Ambiental
Apostila de Proteção Ambiental

Apresentação

Este material possui caráter introdutório para a disciplina Proteção Ambiental do


Centro de Ensino Técnico São Carlos. A apostila foi elaborada com o objetivo de
fornecer aos alunos do curso Técnico em Segurança do Trabalho, um material
acessível. O material deve ser complementado com as notas de aula e exercícios
propostos a parte.

Elaborada por:

Luiz Henrique de Oliveira Reis


Licenciatura Ciências Biológicas – UFOP
Especialização em Educação Ambiental – CEPEMG/Newton Paiva

Revisada por:

Raphael Ricardo da Silva


Licenciado em Geografia-UNIUBE,
Especialista em Química-UFLA
Especialista em Engenharia Ambiental - Prominas
Mestrando em Sustentabilidade: Recursos Hídricos/Saneamento - UFOP

Centro de Ensino Técnico São Carlos – Itabirito - 2022

CETESC – Curso Técnico em Segurança do Trabalho – Proteção Ambiental – Módulo V 1


Sumário
Apostila de Proteção Ambiental ............................................................................. 0
Centro de Ensino Técnico São Carlos – Itabirito - 2017......................................... 1
1. INTRODUÇÃO ................................................................................................... 4
1.1 Natureza ....................................................................................................... 4
1.2 Meio Ambiente .............................................................................................. 4
1.3 Ecologia ........................................................................................................ 4
1.4 Preservação Ambiental ................................................................................. 5
2.0 Lei de Crimes Ambientais................................................................................. 5
2.1 Impacto Ambiental ........................................................................................ 8
3.0 Avaliação de Impacto Ambiental ...................................................................... 8
3.1. Aspectos legais ............................................................................................ 9
3.2. Aspectos ecológicos .................................................................................. 12
3.3. Aspectos econômicos ................................................................................ 12
3.4. Aspectos éticos .......................................................................................... 12
4.0 Conceitos Básicos .......................................................................................... 12
4.1. Compartimento Ambiental ......................................................................... 12
4.2. Impacto Ambiental de um Projeto .............................................................. 13
4.3. Processo impactante ................................................................................. 15
4.4. Principais Atributos dos Impactos Ambientais ........................................... 15
4.5. Classificação qualitativa de impactos ambientais ...................................... 16
4.6. Avaliação de Impactos Ambientais ............................................................ 17
4.7. Conclusão .................................................................................................. 22
4.8. Atos sociais................................................................................................ 23
4.9. Empreendimento Impactante ..................................................................... 23
4.9.1. Atividade Impactante .............................................................................. 23
4.9.2. Área Diretamente afetada ....................................................................... 24
4.9.3. Área Indiretamente Afetada .................................................................... 24
5.0 Principais Documentos para o Licenciamento................................................ 24
5.1. Formato Básico para o EIA ........................................................................ 24
5.2. Descrição do Empreendimento .................................................................. 25
5.3. Área de Influência ...................................................................................... 26
5.4. Diagnóstico Ambiental da Área de Influência ............................................ 26
5.5. Fatores Ambientais .................................................................................... 26
5.6. Análise dos Impactos Ambientais .............................................................. 28
5.7. Proposição das Medidas Mitigadoras ........................................................ 29

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5.8. Programa de Acompanhamento e Monitoramento dos Impactos Ambientais
.......................................................................................................................... 29
5.9. Detalhamento dos Fatores Ambientais ...................................................... 30
5.9.1 – Gestão ambiental empresarial .............................................................. 35
6.0. PAE – Plano de Atendimento emergência ................................................ 41
6.2. Estrutura do PAE ....................................................................................... 43
6.3.Introdução ................................................................................................... 43
6.4. Objetivos .................................................................................................... 43
6.5.Definições ................................................................................................... 43
7.0.Brigada de emergência ................................................................................ 46
7.1.Equipe de Emergência................................................................................ 46
7.3.Equipe de Primeiros Socorros .................................................................... 47
8.0. Métodos de Avaliação de Impactos ........................................................... 48
8.1. Método “Ad Hoc” ........................................................................................ 48
8.2. Método da listagem de controle (“check-list”) ............................................ 48
8.3. Método da sobreposição de cartas (“overlay mapping”) ............................ 49
8.4. Métodos dos modelos matemáticos .......................................................... 51
8.5. Método das Matrizes de Interação ............................................................. 52
8.6. Método das Redes de Interação ................................................................ 53
9.0 Impactos Ambientais em Áreas Urbanas ................................................... 54
9.1. O Espaço Urbano e a Distribuição Espacial dos Impactos Ambientais ..... 54
10.0. Referências Bibliográficas ....................................................................... 63

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1. INTRODUÇÃO
Antes de deliberarmos sobre impactos ambientais, precisamos aprender o
significado de algumas palavras que se relacionam diretamente com o assunto
abordado. Palavras, estas, ultimamente pronunciadas com constância e
preocupação. São elas: Natureza, Meio Ambinte, Ecologia e Preservação
Ambiental.

1.1 Natureza
É tudo que envolve o ambiente existente e que não teve intenção antrópica, ou
seja, não foi alterado pelo homem. Corresponde ao mundo material, ao universo
físico. Toda sua materia e energia estão inseridas em um processo dinâmico de
característica única e cujo funcionamento segue regras próprias (estudadas pelas
Ciências Naturais).

1.2 Meio Ambiente


É a relação de todos os fatores que afetam diretamente o metabolismo ou o
comportamento de um ser vivo como, por exemplo, fatores ambientais abióticos ou
sem vida one temos a luz, o ar, a água, o solo e os fatores ambientais bióticos,
onde os seres vivos coabitam mo mesmo tipo biótico. Tanto o meio ambiente
abiótico quanto o biótico atuam entre si para formar o meio ambiente total de seres
vivos e sem vida.

1.3 Ecologia
O meio ambiente afeta os seres vivos no que diz respeito ao espaço para
reprodução e sobrevivência – levando, por vezes, ao territorialismo – e também às
suas funções vitais, incluindo o seu comportamento através do metabolismo. Por
essa razão, o meio ambiente faz com que se determine o número de indivíduos e
de espécies que podem viver no mesmo hábitat.
Por outro lado, os seres vivos também alteram permanentemente o meio ambiente
em que vivem. Essas alterações nos ecossistemas, principalmente do ponto de
vista da manutenção da sua saúde, não só da física, mas também social. Por outro
lado, apareceram também os conceitos de Conservação que se impuseram através
das ações de regulamentação do uso do ambiente natural e das suas espécies.
Podemos concluir que a ecologia se relaciona com diversas áreas do
conhecimento, principalmente a economia. Nosso modelo de desenvolvimento
econômico é baseado no capitalismo e na produção de bens de consumo cada vez

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mais sofisticados, interferindo na ecologia, pois acaba-se não tendo limites para a
produção desses bens dentro de um espaço finito e limitado.

1.4 Preservação Ambiental


É de vital importância para a manutenção e a evolução da biodiverdidade, uma vez
que considera a conservação dos ecossistemas priorizando o desenvolvimento
sustentável.
A questão da preservação e da conservação ambiental ganha destaque no
Brasil a partir da década de 70, com o surgimento de pequenos grupos que
apontam a necessidade de incluir o tema do meio ambiente nas discussões da
sociedade.
Na década de 80, com a redemocratização do Brasil, cresce
o número de organizações não governamentais ambientalistas e
surgem novas propostas de preservação do meio ambiente.
Algumas se transformam em políticas públicas, dando contornos
mais definidos à legislação ambiental brasileira.
Antes de 1988, o país já possuía leis que tratavam da questão ambiental. O
Código Florestal, por exemplo, é de 1965 e previa diversas sanções penais para os
crimes contra o meito ambiente, embora elas nãao fossem detalhadas. A
Constituição de 1988 consolida o processo legal e institucional. O capítulo que trata
do meio ambiente enfatiza a necessidade de sua defesa e preservação e procura
estabelecer mecanismos para que isso ocorra. Outro destaque na defesa do meio
ambiente é a criação, em 1989, do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos
Recursos Renováveis, o Ibama. Entretanto, o avanço da legislação e a
possibilidade de uma fiscalização mais rígida esbarram no, ainda escasso, volume
de recursos destinados às questões ambientais e na falta de articulação entre os
governos federal, estaduais e municipais, sociedade civil, e mesmo entre vários
órgãos federais, que frequentemente se opõem a questões como o uso da terra ou
dos recursos hídricos.

2.0 Lei de Crimes Ambientais


A lei nº 9.605, sancionada em fevereiro de 1988 e regulamentada em setembro de
1999, estabelece as penas para as infrações e agressões cometidas contra o meio

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ambiente no Brasil. Prevê multas que chegam a 50 milhões de reais, detenção e
suspensão para uma variedade de infrações.
Dentre o que estudaremos neste manual, dispomos alguns artigos que relacionam
com crimes de impactos ambientais.
Dos crimes contra a fauna
Artigo 29º - Matar, perseguir, caçar, apanhar, utilizar espécimes da fauna silvestre,
nativos ou em rota migratória, sem a devida permissão, licença ou autorização da
autoridade competente, ou em desacordo com a obtida:
Pena - detenção de seis meses a um ano, e multa.
Artigo 33º - Provocar, pela emissão de efluentes ou carreamento de materiais, o
perecimento de espécimes da fauna aquática existente em rios, lagos, açudes,
lagoas, baías ou águas jurisdicionais brasileiras:
Pena - detenção, de um a três anos, ou multa, ou ambas cumulativamente.
Parágrafo único: Incorre nas mesmas penas:
I – quem causa degradação em viveiros, açudes ou estações de aqüicultura
de domínio público;
II – quem explora campos naturais de invertebrados aquáticos e algas, sem
licença, permissão ou autorização da autoridade competente;
III – quem fundeia embarcações ou lança detritos de qualquer natureza sobre
bancos de moluscos ou corais, devidamente demarcados em carta náutica.
Dos Crimes Contra a Flora
Artigo 38º - Destruir ou danificar floresta considerada de preservação
permanente, mesmo que em formação, ou utilizá-la com infringência das normas
de proteção:
Pena - detenção, de um a três anos, ou multa, ou ambas as penas
cumulativamente.
Parágrafo único. Se o crime for culposo, a pena será reduzida à metade.
Artigo 39º - Cortar árvores em floresta considerada de preservação permanente,
sem permissão da autoridade competente:
Pena - detenção, de um a três anos, ou multa, ou ambas as penas
cumulativamente.
Artigo 41º - Provocar incêndio em mata ou floresta:
Pena - reclusão, de dois a quatro anos, e multa.

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Artigo 44º - Extrair de florestas de domínio público ou consideradas de preservação
permanente, sem prévia autorização, pedra, areia, cal ou qualquer espécie de
minerais:
Pena - detenção, de seis meses a um ano, e multa.
Artigo 45º - Cortar ou transformar em carvão madeira de lei, assim classificada
por ato do Poder Público, para fins industriais, energéticos ou para qualquer outra
exploração, econômica ou não, em desacordo com as determinações legais:
Pena - reclusão, de um a dois anos, e multa.
Artigo 48º - Impedir ou dificultar a regeneração natural de florestas e demais formas
de vegetação:
Pena - detenção, de seis meses a um ano, e multa.
Da Poluição e Outros Crimes Ambientais
Artigo 54º - Causar poluição de qualquer natureza em níveis tais que resultem ou
possam resultar em danos à saúde humana, ou que provoquem a mortandade de
animais ou a destruição significativa da flora:
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.
Parágrafo 1º. Se o crime é culposo:
Pena – detenção, de seis meses a um ano, e multa.
Parágrafo 2º. Se o crime:
I - tornar uma área, urbana ou rural, imprópria para a ocupação humana;
II - causar poluição atmosférica que provoque a retirada, ainda que
momentânea, dos habitantes das áreas afetadas, ou que cause danos diretos à
saúde da população;
III - causar poluição hídrica que torne necessária a interrupção do
abastecimento público de água de uma comunidade;
IV - dificultar ou impedir o uso público das praias;
V - ocorrer por lançamento de resíduos sólidos, líquidos ou gasosos, ou
detritos, óleos ou substâncias oleosas, em desacordo com as exigências
estabelecidas em leis ou regulamentos:
Pena - reclusão, de um a cinco anos
Parágrafo 3º. Incorre nas mesmas penas previstas no parágrafo anterior
quem deixar de adotar, quando assim o exigir a autoridade competente, medidas
de precaução em caso de risco de dano ambiental grave ou irreversível.

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Artigo 60º - Construir, reformar, ampliar, instalar ou fazer funcionar, em qualquer
parte do território nacional, estabelecimentos, obras ou serviços potencialmente
poluidores, sem licença ou autorização dos órgãos ambientais competentes, ou
contrariando as normas legais e regulamentares pertinentes:
Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa, ou ambas as penas
cumulativamente.

2.1 Impacto Ambiental


Impacto Ambiental é qualquer alteração benéfica ou adversa causada pelas
atividades naturais (vulcões, tsunamis, enchentes, terremotos e outras) ou
antrópicas (lançamento de efluentes, desmatamentos, etc.).
É observado, também como o resultado da intervenção do ser humano sobre o
meio ambiente podendo este ser positivo ou negativo – o grande desafio no entanto
é garantir que esta intervenção seja positiva. Para isso, a ciência e a tecnologia
devem ser utilizadas de forma correta para contribuírem com a conservação do
meio ambiente.
A contínua e crescente pressão exercida pelo homem sobre os recursos naturais
contrasta com um mínimo de interferência que anteriormente mantinha nos
ecossistemas. Deste modo, são relativamente comuns, hoje, a contaminação das
coleções d’água, a poluição atmosférica e a substituição indiscriminada da
cobertura vegetal nativa, com a consequente redução dos habitats silvestres, entre
outras formas de agressão ao meio ambiente (SILVA, 1994; FERNANDES, 1997).
Essa situação tem sido observada, exatamente pelo fato de, muitas vezes, o
homem visar apenas os benefícios imediatos de suas ações, privilegiando o
crescimento econômico a qualquer custo e relegando, a um segundo plano, a
capacidade de recuperação dos ecossistemas (GODOI FILHO, 1992)
Dentro desse contexto, em praticamente todas as partes do mundo, notadamente
a partir da década de 60, surgiu a preocupação de promover a mudança de
comportamento do homem em relação à natureza, a fim de harmonizar interesses
econômicos e conservacionistas, com reflexos positivos junto à qualidade de vida
de todos (MILANO, 1990; LISKER, 1994).

3.0 Avaliação de Impacto Ambiental

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3.1. Aspectos legais
Como principal marco dessa conscientização no mundo ocidental, surgiu nos
Estados Unidos da América, por inspiração de movimentos ambientalistas, uma Lei
Federal denominada "National Environmental Policy Act of 1969", conhecida pela
sigla NEPA, que passou a vigora em janeiro de 1970. Esse instrumento legal
dispunha sobre os objetivos e princípios da política ambiental norte americana,
exigindo para todos os empreendimentos com potencial impactante, a observação
dos seguintes pontos: identificação dos impactos ambientais, efeitos ambientais
negativos da proposta, alternativas da ação, relação entre a utilização dos recursos
ambientais no curto prazo e a manutenção ou mesmo melhoria do seu padrão no
longo prazo, e por fim, a definição clara quanto a possíveis comprometimentos dos
recursos ambientais para o caso da implantação da proposta.
Como reflexo da aplicação da NEPA e de outros instrumentos legais, a partir de
1975, os seguintes organismos internacionais passaram a introduzir a Avaliação de
Impactos Ambientais em seus programas de cooperação: OECD - Organization for
Economic Cooperation and Developement, ONU - Organização das Nações
Unidas, BID - Banco Interamericano de Desenvolvimento e BIRD - Banco Mundial.
Segundo o Ministério do Meio Ambiente, até o início da década de 80, o Brasil não
contava com instrumentos jurídicos legais que regulamentassem o processo de
avaliação de impacto ambiental. O marco desencadeador do avanço da
regulamentação pode ser considerado pela criação, em 1973, da SEMA –
Secretaria Especial de Meio Ambiente, que passou a atuar como órgão
centralizador das ações governamentais ligadas à temática ambiental. A SEMA
tinha como atribuições gerais a preservação do patrimônio biológico e sua
fiscalização, elaborar critérios e normas de controle, atuar na formação e
capacitação tecnológica e nas correções do ambiente degredado pela atividade
econômica.
A avaliação de Impactos Ambientais foi introduzida formalmente com
embasamento jurídico no ano de 1980, a partir da Lei Federal nº 6803/1980, que
dispunha sobre a criação de zoneamento industrial em zonas de poluição crítica.
Essa lei abordava a delimitação e autorização para implantação de zonas de uso
estritamente industrial. Sua adoção necessitava de estudos específicos, dente os
quais a avaliação de impactos ambientais. Diz o artigo 10º, V, 3º - “Além dos

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estudos normalmente exigíveis para o estabelecimento do zoneamento urbano, a
aprovação das zonas a que se refere o parágrafo anterior (isto é, zonas de uso
estritamente industrial) será precedida de estudos especiais de alternativas e de
avaliações de impactos, que permitam estabelecer a confiabilidade da solução a
ser adotada”.
Através da Lei nº 6803, a Avaliação de Impactos Ambientais passou a ser
obrigatória para o licenciamento e zoneamento de áreas estritamente industriais. A
criação de tal legislação permitiu um avanço ao incluir a obrigatoriedade da
avaliação para fins industriais, ainda que limitada em seu escopo por não
contemplar outras modalidades de ações potencialmente impactadoras do meio
ambiente. Entretanto, no ano de 1981 essa totalidade foi alcançada, com a criação
da Lei da Política Nacional do Meio Ambiente, que instituiu o Sistema Nacional de
Meio Ambiente – SISNAMA, a partir da articulação coordenada dos diversos órgãos
setoriais ligados direta ou indiretamente à temática ambiental e a criação de
instrumentos específicos para o gerenciamento ambiental do país. Com relação à
Avaliação de Impactos Ambientais, o grande avanço foi uma melhor coordenação
do processo, uma maior articulação, criação de legislação e jurisprudência e a
inclusão de outras atividades não industriais ou projetos que causassem danos ao
meio ambiente.
Vale esclarecer que, antecedendo a esfera federal, os estados de São Paulo, Rio
de Janeiro e Minas Gerais, estabeleceram o seu sistema de licenciamento de
atividades poluidoras. Desse modo, hoje o SISNAMA está assim constituído:
• Órgão Superior (Conselho de Governo);
• Órgão Consultivo Deliberativo (CONAMA - Conselho Nacional de Meio
Ambiente);
• Órgão Central (Ministério do Meio Ambiente, dos Recursos Hídricos e da
Amazônia Legal);
• Órgão Executor (IBAMA - Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos
Naturais Renováveis);
• Órgãos Seccionais (órgãos ou entidades da administração pública federal
direta e indireta, as fundações instituídas pelo Poder Público cujas atividades
estejam associadas às de proteção de qualidade ambiental, bem como os
órgãos e entidades estaduais responsáveis pela execução de programas e

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projetos pelo controle e fiscalização de atividades capazes de provocar
degradação ambiental);
• Órgãos Locais (órgãos municipais responsáveis pelo controle e fiscalização
das atividades impactantes).
A regulamentação da Lei Federal nº 6.938 só ocorreu 2 (dois) anos após, por meio
do decreto Federal nº 88.351, de 01 de junho de 1983, alterado posteriormente pelo
Decreto Federal nº 99.274, de 06 de junho de 1990. Com isso, percebe-se que
houve um "vácuo ambiental", uma vez que qualquer dispositivo legal necessita ser
regulamentado para que possa ser efetivamente cumprido. O principal aspecto
ligado a esse Decreto foi a instituição dos três tipos de licenciamento ambiental:
• Licenciamento Prévio: Concedido pelo IBAMA na fase preliminar do
planejamento da atividade, contendo requisitos básicos a serem atendidos nas
fases de localização, instalação e operação, observados os planos municipais,
estaduais ou federais de uso do solo. Essa licença não autoriza a instalação do
projeto, e sim aprova a viabilidade ambiental do projeto e autoriza sua
localização e concepção tecnológica.
• Licenciamento de Instalação: concedido para autorizar, após as
vericações necessárias, o início da atividade licenciada e o funcionamento de seus
equipamentos de controle de poluição, de acordo com o previsto nas Lienças Prévia
e de Instalação. O prazo de validade é estabelecido, não podendo ser inferior a 4
(quatro) anos e superior a 10 (dez) anos.
De todo modo, apesar de refarida regulamentação, foi somente com a edição da
Resolução do CONAMA Nº 01, de 23 de janeiro de 1986, e outras resoluções
complementares, que ficaram estabelecidas as definições, as responsabilidades,
os critérios básicos e as diretrizes gerais para o uso e implementação da Avaliação
de Impactos Ambientais como um dos instrumentos da Polícia Nacional do Meio
Ambiente.
Como pôde ser observado, a necessidade da elaboração de estudos de impacto
ambiental está atrelada à uma imposição legal, tendo em vista a promulgação da
Resolução CONAMA Nº 01, de 23 de janeiro de 1986. Vale esclarecer, todavia, que
os Estados e os Municípios podem traçar dispositivos legais complementando o
que prencreve a legislação do plano federal.

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Ainda que a imposição legal seja, evidentemente, a mais perceptível quanto à
necessidade de se elaborar estudos de impacto ambiental, é possível vislumbrar
ainda, pelo menos mais três formas: ecológica, econômica e ética.
3.2. Aspectos ecológicos
A forma ecológica evidencia-se, à medida que se compreende que a Avaliação de
Impactos Ambientais tem a capacidade de selecionar a melhor alternativa de uma
determinada ação impactante sob o ponto de vista ambiental.
Quando uma ação ambiental é proposta, por exemplo, para um empreendimento
rodoviário, podem ser definidas alternativas tecnológicas e de localização do
mesmo, incluindo-se e denominada alternativa testemunha, ou seja, não executar
o empreendimento. Considerando que essas alternativas apresentam perfis
impactantes diferentes entre si, por meio de cotejamento das alternativas, torna-se
possível optar pela melhor sob o aspecto ambiental.
3.3. Aspectos econômicos
A forma econômica pode ser melhor percebida, quando considera-se que a
Avaliação de Impactos Ambientais preconiza a adoção de medidas ambientais
preventivas (sistema antipoluente, desenvolvimento de equipamentos menos
impactantes etc.), que apresentam custos significativamente inferiores às medidas
de cunho corretivo, ou seja, que são adotadas após o surgimento do problema.
Desse modo, são privilegiadas aquelas alternativas que contemplem uma maior
possibilidade de adoção de medidas ambientais preventivas.
3.4. Aspectos éticos
Por fim, a fora ética esta relacionada ao grau de conscientização do agente
responsável pelo empreendimento impactante sobre o seu papel na sociedade. Sob
o aspecto ético, deve ser assumid que pessoas com maior massa crítica e grau de
cidadania cumprem mais rigorosamente suas obrigações, no caso, relacionadas às
interferências no meio ambiente.

4.0 Conceitos Básicos


4.1. Compartimento Ambiental
Como já estudamos, o meio ambiente pode ser entendido como o conjunto de
condições e influências externas que afetam a vida e o desenvolvimento de i,
organismo. Didaticamente, o meio ambiente pode ser subdivido em meio físico (a
sua parte abiótica), meio biótico (constituído pelos organismos, ou seja, pela vida
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vegetal, animal – executando-se o homem – e dos microorganismos) e meio
antrópico (representa, na verdade, uma parte do meio biótico, mas se justifica pelo
fato do homem ser o organismo com maior capacidade transformadora do meio
ambiente, seja sob o aspecto positivo ou negativo). Entendido isto, fica fácil
compreender que existem 7 compartimentos ambientais constituindo os três
diferentes meios, são eles: meio físico (solo, água e ar); meio biótico (flora, fauna e
microorganismos); e meio antrópico (o homem).

4.2. Impacto Ambiental de um Projeto


A seguir, será transcrito e comentado, quando julgado
necessário, o conteúdo da Resolução CONAMA Nº 01 de 23 de
janeiro de 1986, que instituiu a Avaliação de Impactos Ambientais
no Brasil.
O conselho Nacional De Meio Ambiente - CONAMA, no uso
de suas atribuições que lhe confere o artigo 48 do Decreto nº 88.351, de 01 de
junho de 1983, para efetivo exercício das atividades que lhe são atribuídas pelo
artigo 18 do mesmo decreto, e considerando a necessidade de se estabelecerem
às definições, as responsabilidades, os critérios básicos e diretrizes gerais para uso
e implementação da Avaliação de Impacto Ambiental como uns dos instrumentos
da Política Nacional do Meio Ambiente, resolve:
Artigo 1º - Para efeito desta Resolução, considera-se impacto ambiental qualquer
alteração das propriedades físicas, químicas e biológicas do meio ambiente,
causada por qualquer forma de matéria ou energia resultante das atividades
humanas que, direta ou indiretamente, afetam:
I - a saúde, a segurança e o bem-estar da população;
II - as atividades sociais e econômicas;
III - a biota;
IV - as condições estéticas e sanitárias do meio ambiente;
V - e a qualidade dos recursos ambientais
É importante compreender que o conceito do impacto ambiental abrange apenas
os desdobramentos resultantes da ação humana sobre o meio ambiente, ou seja,
não considera as repercussões advindas de fenômenos naturais que se processem
lentamente, ou na forma de catástrofes naturais, caso de tornados, erupções
vulcânicas, terremotos, etc.

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Esta é a diferença entre impacto ambiental e efeito ambiental. O efeito ambiental
resulta dos fenômenos naturais agindo sobre o meio ambiente. De outra parte, a
observação dos itens I a V demonstra que o impacto ambiental deve repercutir no
homem e em suas atividades, o que sugere a forte conotação antropocêntrica
dessa definição.
Esta definição é, na realidade, uma dentre as muitas utilizadas, quase todas
calçadas numa conceituação de impactos que embute uma lógica do tipo ação-
reação. A dificuldade de espelhar a complexidade da dinâmica ambiental resulta,
via de regra, em que todas as suas definições adquiram certo caráter reducionista
e estático.
A principal dificuldade encontrada na definição de impacto ambiental,
econsequentemente na sua identificação, consiste na própria delimitação do
impacto, já que o mesmo se propaga, espacialmente e temporalmente, através de
uma complexa rede de inter-relações. Outra grande dificuldade reside nas
deficiências instrumentais e metodológicas para predizer respostas dos
ecossistemas às atividades humanas. Esta questão torna-se ainda mais crítica
quando se trata da dimensão social.Com o intuito de tentar explicitar a dinâmica
espaço-temporal, têm sido introduzidas classificações de impacto ambiental como:
• Impactos diretos (ou primários) e indiretos (ou secundários), que consistem
na alteração de determinados aspectos ambientais por ação do homem, sendo de
mais fácil identificação. Exemplos de impactos diretos são os desgastes impostos
aos recursos utilizados, os efeitos sobre os empregos gerados, etc. Como impacto
indireto decorrente dos anteriores pode-se citar, por exemplo, o crescimento
demográfico resultante do assentamento da população atraída pelo projeto.
• Impactos de curto e longo prazo, sendo que impactos ambientais de curto prazo
ocorrem normalmente logo após a realização da ação, podendo até desaparecer
em seguida. Um exemplo deste tipo de impacto é a produção de ruído e poeira na
fase de construção de um projeto. O impacto ambiental de longo prazo verifica-se
depois de certo tempo da realização da ação, como por exemplo, a modificação do
regime de rios e a incidência de doenças respiratórias causadas pela inalação de
poluentes por períodos prolongados.
• Impactos reversíveis e irreversíveis, em que está em jogo o caráter reversível
ou não das alterações provocadas sobre o meio.

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• Impactos cumulativos e sinérgicos, que consideram a acumulação no tempo e
no espaço de efeitos sobre o meio ambiente.

4.3. Processo impactante


Pode ser entendido como o desdobramento natural ou induzido pelo homem de
uma série de eventos de ordem física, biótica ou antrópica que acabam por originar
os impactos ambientais. Em outras palavras, com o desenrolar dos processos
impactantes é que ocorrem as alterações das propriedades físicas, químicas e
biológicas do meio ambiente, ou seja, o impacto ambiental propriamente dito. São
exemplos de processos impactantes, a erosão, a salinização, a compactação etc.

4.4. Principais Atributos dos Impactos Ambientais


Enquanto a valorização da magnitude é relativamente objetiva ou empírica, pois se
refere ao grau de alteração provocado pela ação sobre o fato ambiental, a
pontuação da importância é subjetiva ou normativa uma vez que envolve atribuição
de peso relativo ao fator afetado no âmbito do projeto. No entanto, a definição
fornecida pelo citado autor, para ambos os termos, está explicitada a seguir:
• Magnitude: “A magnitude é a grandeza de um impacto em termos absolutos,
podendo ser definida como a medida de alteração no valor de um fator ou
parâmetro ambiental, em termos quantitativos ou qualitativos. Para o cálculo da
magnitude deve ser considerado o grau de intensidade, a periodicidade e a
amplitude temporal do impacto, conforme o caso”. Exemplo: a magnitude de um
impacto ambiental foi de 3 ppm (partes por milhão), numa situação em que a
concentração inicial de uma determinada substância era de 2 ppm e passou para
5 ppm após sofrer a interferência de uma determinada atividade impactante. Em
outras palavras, foram adicionadas 3 ppm desta substância na concentração
original, por influência da atividade impactante.
• Importância: “A importância é a ponderação do grau de significância de um
impacto em relação ao fator ambiental afetado e a outros impactos. Pode ocorrer
que, um certo impacto, embora de magnitude elevada, não seja importante quando
comparado com outros, no contexto de uma dada avaliação de impacto ambiental”.
Exemplo: simplificadamente, em linguagem de avaliação de impactos ambientais,
ter uma magnitude de 1 ppm de mercúrio (Hg) é mais importante que uma
magnitude de 10 ppm de sílica, pois o primeiro é um metal pesado e tem
capacidade de entrar na cadeia alimentar, enquanto o outro é praticamente inerte.

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4.5. Classificação qualitativa de impactos ambientais
• Critério de Valor- impacto positivo ou benéfico (quando uma ação causa melhoria
da qualidade de um fator ambiental) e o impacto negativo ou adverso (quando uma
ação resulta em um dano à qualidade de um fator ambiental).
• Critério de Ordem- impacto direto, primário ou de primeira ordem (quando resulta
de uma simples relação de causa e efeito) e o impacto indireto, secundário ou de
enésima ordem (quando é uma reação secundária em relação à ação, ou quando
é parte de uma cadeia de reações);
• Critério de Espaço- impacto local (quando a ação circunscreve-se ao próprio sítio
e às suas imediações), impacto regional (quando o impacto se propaga por uma
área além das imediações do sitio onde se dá a reação) e o impacto estratégico
(quando é afetado um componente ou recurso ambiental de importância coletiva,
nacional ou mesmo internacional);
• Critério de Tempo- impacto a curto prazo (quando o impacto surge a curto prazo,
que deve ser definido), impacto a médio prazo (quando o impacto surge a médio
prazo, que deve ser definido) e o impacto a longo prazo (quando o mesmo surge a
longo prazo, que deve ser definido);
• Critério de Dinâmica – impacto temporário (quando permanece por um tempo
determinado, após a realização da ação), impacto cíclico (quando o impacto se faz
sentir em determinados ciclos, que podem ser ou não constantes ao longo do
tempo) e impacto permanente (quando uma vez executada a ação, os impactos
não param de se manifestar num horizonte temporal conhecido);
• Critério de Plástica – impacto reversível (quando uma vez cessada a ação, o
fator ambiental retoma as suas condições originais) e impacto irreversível (quando
cessada a ação, o fator ambiental não retoma as suas condições originais, pelo
menos num horizonte de tempo aceitável pelo homem).
No que diz respeito à classificação quantitativa de impactos ambientais deve ser
observado que o seu objetivo é fornecer uma visão de magnitude do impacto, ou
seja, do grau de alteração no valor de um parâmetro ambiental, em termos
quantitativos.
Além da quantificação de impactos pela apresentação de dados numéricos, a
Avaliação de Impactos Ambientais trabalha, também, com informações que
possibilitem essa visão de magnitude. Exemplificando: nenhum impacto (zero, ou

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cor branca), desprezível (um, ou cor amarela), baixo grau (dois ou cor laranja),
médio grau (três, ou a cor marrom), alto grau (quatro, ou a cor vermelha), e muito
alto (cinco, ou a cor preta).

4.6. Avaliação de Impactos Ambientais


Em tese, segundo MOREIRA (1985), a avaliação de impactos ambientais “é um
instrumento de política ambiental formado por um conjunto de procedimentos capaz
de assegurar, desde o início do processo, que se faça um exame sistemático dos
impactos ambientais de uma ação proposta (projeto, programa, plano e política) e
de suas alternativas, e que os resultados sejam apresentados de forma adequada
ao público e aos responsáveis pela tomada de decisão, e por eles devidamente
considerados”.
Desse modo, a avaliação de impactos ambientais não deve ser considerada apenas
como uma técnica, mas como uma dimensão política de gerenciamento, educação
da sociedade e coordenação de ações impactantes (Cláudio, 1987), pois permite a
incorporação de opiniões de diversos grupos sociais (Queiroz, 1990).
Essa definição é extremamente elucidativa, na medida em que evidencia que a
avaliação de impactos ambientais subsidia o processo de tomada de decisão, já
que se atém apenas as ações propostas. Portanto, vale destacar que a utilização
da técnica de avaliação de impactos ambientais após ter sido tomada a decisão, ou
depois de executada a ação impactante, perde completamente as sua finalidades,
já que se limita a fornecer alternativas para a correção dos impactos mais
pronunciados (Canter, 1977).
Em continuação à Resolução CONAMA Nº 01, de 23 de janeiro
de 1986, que instituiu a Avaliação de Impactos Ambientais no Brasil
expomos os artigos relacionados:
Artigo 2º - Dependerá de elaboração de estudo de impacto
ambiental e respectivo relatório de impacto ambiental - RIMA, a serem submetidos
à aprovação do órgão estadual competente, e do IBAMA em caráter supletivo, o
licenciamento de atividades modificadoras do meio ambiente, tais como:
I - Estradas de rodagem com duas ou mais faixas de rolamento;
II - Ferrovias;
III - Portos e terminais de minério, petróleo e produtos químicos;

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IV - Aeroportos, conforme definidos pelo inciso 1, artigo 48, do Decreto-Lei
nº 32, de 18 de novembro de 1966;
V - Oleodutos, gasodutos, minerodutos, troncos coletores e emissários de
esgotos sanitários;
VI - Linhas de transmissão de energia elétrica, acima de 230KV;
VII - Obras hidráulicas para exploração de recursos hídricos, tais como:
barragem para fins hidrelétricos, acima de 10MW, de saneamento ou de irrigação,
abertura de canais para navegação, drenagem e irrigação, retificação de cursos
d'água, abertura de barras e embocaduras, transposição de bacias, diques;
VIII - Extração de combustível fóssil (petróleo, xisto, carvão);
IX - Extração de minério, inclusive os da classe II, definidas no Código de
Mineração;
X - Aterros sanitários, processamento e destino final de resíduos tóxicos ou
perigosos;
Xl - Usinas de geração de eletricidade, qualquer que seja a fonte de energia
primária, acima de 10 MW;
XII - Complexo e unidades industriais e agro-industriais (petroquímicos,
siderúrgicos, cloroquímicos, destilarias de álcool, hulha, extração e cultivo de
recursos hídricos);
XIII - Distritos industriais e zonas estritamente industriais - ZEI;
XIV - Exploração econômica de madeira ou de lenha, em áreas acima de
100 hectares ou menores, quando atingir áreas significativas em termos
percentuais ou de importância do ponto de vista ambiental;
XV - Projetos urbanísticos, acima de 100 hectares ou em áreas consideradas
de relevante interesse ambiental a critério da SEMA e dos órgãos municipais e
estaduais competentes;
XVI - Qualquer atividade que utilizar carvão vegetal, derivados ou produtos
similares, em quantidade superior a dez toneladas por dia.
Artigo 3º - Dependerá de elaboração de estudo de impacto ambiental e respectivo
RIMA, a serem submetidos à aprovação do IBAMA, o licenciamento de atividades
que, por lei, seja de competência federal.
Artigo 4º - Os órgãos ambientais competentes e os órgãos setoriais do SISNAMA
deverão compatibilizar os processos de licenciamento com as etapas de

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planejamento e implantação das atividades modificadoras do meio ambiente,
respeitados os critérios e diretrizes estabelecidos por esta Resolução e tendo por
base a natureza o porte e as peculiaridades de cada atividade.
Artigo 5º - O estudo de impacto ambiental, além de atender à legislação, em
especial os princípios e objetivos expressos na Lei de Política Nacional do Meio
Ambiente, obedecerá às seguintes diretrizes gerais:
I - Contemplar todas as alternativas tecnológicas e de localização de projeto,
confrontando-as com a hipótese de não execução do projeto;
II - Identificar e avaliar sistematicamente os impactos ambientais gerados
nas fases de implantação e operação da atividade;
III - Definir os limites da área geográfica a ser direta ou indiretamente afetada
pelos impactos, denominada área de influência do projeto, considerando, em todos
os casos, a bacia hidrográfica na qual se localiza;
IV - Considerar os planos e programas governamentais, propostos e em
implantação na área de influência do projeto, e sua compatibilidade.
Parágrafo Único - Ao determinar a execução do estudo de impacto ambiental
o órgão estadual competente, ou o IBAMA ou, quando couber, o Município, fixará
as diretrizes adicionais que, pelas peculiaridades do projeto e características
ambientais da área, forem julgadas necessárias, inclusive os prazos para conclusão
e análise dos estudos.
Artigo 6º - O estudo de impacto ambiental desenvolverá, no mínimo, as seguintes
atividades técnicas:
I - Diagnóstico ambiental da área de influência do projeto completa descrição
e análise dos recursos ambientais e suas interações, tal como existem, de modo a
caracterizar a situação ambiental da área, antes da implantação do projeto,
considerando:
O meio físico - o subsolo, as águas, o ar e o clima, destacando os recursos minerais,
a topografia, os tipos e aptidões do solo, os corpos d'água, o regime hidrológico, as
correntes marinhas, as correntes atmosféricas;
O meio biológico e os ecossistemas naturais - a fauna e a flora, destacando as
espécies indicadoras da qualidade ambiental, de valor científico e econômico, raras
e ameaçadas de extinção e as áreas de preservação permanente;

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O meio sócio-econômico - o uso e ocupação do solo, os usos da água e a
socioeconômico, destacando os sítios e monumentos arqueológicos, históricos e
culturais da comunidade, as relações de dependência entre a sociedade local, os
recursos ambientais e a potencial utilização futura desses recursos.
II - Análise dos impactos ambientais do projeto e de suas alternativas,
através de identificação, previsão da magnitude e interpretação da importância dos
prováveis impactos relevantes, discriminando: os impactos positivos e negativos
(benéficos e adversos), diretos e indiretos, imediatos e a médio e longo prazos,
temporários e permanentes; seu grau de reversibilidade; suas propriedades
cumulativas e sinérgicas; a distribuição dos ônus e benefícios sociais.
III - Definição das medidas mitigadoras dos impactos negativos, entre elas
os equipamentos de controle e sistemas de tratamento de despejos, avaliando a
eficiência de cada uma delas.
IV - Elaboração do programa de acompanhamento e monitoramento (os
impactos positivos e negativos, indicando os fatores e parâmetros a serem
considerados.
Parágrafo Único - Ao determinar a execução do estudo de impacto Ambiental o
órgão estadual competente; ou o IBAMA ou quando couber, o Município fornecerá
as instruções adicionais que se fizerem necessárias, pelas peculiaridades do
projeto e características ambientais da área.
Artigo 7º - O estudo de impacto ambiental será realizado por equipe multidisciplinar
habilitada, não dependente direta ou indiretamente do proponente do projeto e que
será responsável tecnicamente pelos resultados apresentados.
Artigo 8º - Correrão por conta do proponente do projeto todas as despesas e custos
referentes á realização do estudo de impacto ambiental, tais como: coleta e
aquisição dos dados e informações, trabalhos e inspeções de campo, análises de
laboratório, estudos técnicos e científicos e acompanhamento e monitoramento dos
impactos, elaboração do RIMA e fornecimento de pelo menos 5 (cinco) cópias.
Artigo 9º - O relatório de impacto ambiental - RIMA refletirá as conclusões do
estudo de impacto ambiental e conterá, no mínimo:
I - Os objetivos e justificativas do projeto, sua relação e compatibilidade com
as políticas setoriais, planos e programas governamentais;

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II - A descrição do projeto e suas alternativas tecnológicas e locacionais,
especificando para cada um deles, nas fases de construção e operação a área de
influência, as matérias primas, e mão-de-obra, as fontes de energia, os processos
e técnica operacionais, os prováveis efluentes, emissões, resíduos de energia, os
empregos diretos e indiretos a serem gerados;
III - A síntese dos resultados dos estudos de diagnósticos ambiental da área
de influência do projeto;
IV - A descrição dos prováveis impactos ambientais da implantação e
operação da atividade, considerando o projeto, suas alternativas, os horizontes de
tempo de incidência dos impactos e indicando os métodos, técnicas e critérios
adotados para sua identificação, quantificação e interpretação;
V - A caracterização da qualidade ambiental futura da área de influência,
comparando as diferentes situações da adoção do projeto e suas alternativas, bem
como com a hipótese de sua não realização;
VI - A descrição do efeito esperado das medidas mitigadoras previstas em
relação aos impactos negativos, mencionando aqueles que não puderam ser
evitados, e o grau de alteração esperado;
VII - O programa de acompanhamento e monitoramento dos impactos;
VIII - Recomendação quanto à alternativa mais favorável (conclusões e
comentários de ordem geral).
Parágrafo único - O RIMA deve ser apresentado de forma objetiva e
adequada a sua compreensão. As informações devem ser traduzidas em
linguagem acessível, ilustradas por mapas, cartas, quadros, gráficos e demais
técnicas de comunicação visual, de modo que se possam entender as vantagens e
desvantagens do projeto, bem como todas as conseqüências ambientais de sua
implementação.
Artigo 10º - O órgão estadual competente, ou o IBAMA ou, quando couber, o
Município terá um prazo para se manifestar de forma conclusiva sobre o RIMA
apresentado.
Parágrafo único - O prazo a que se refere o caput deste artigo terá o seu termo
inicial na data do recebimento pelo órgão estadual competente ou pela SEMA do
estudo do impacto ambiental e seu respectivo RIMA.

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Artigo 11º - Respeitado o sigilo industrial, assim solicitando e demonstrando pelo
interessado o RIMA será acessível ao público. Suas cópias permanecerão à
disposição dos interessados, nos centros de documentação ou bibliotecas da
SEMA e do estadual de controle ambiental correspondente, inclusive o período de
análise técnica.
Parágrafo 1º - Os órgãos públicos que manifestarem interesse, ou tiverem relação
direta com o projeto, receberão cópia do RIMA, para conhecimento e manifestação.
Parágrafo 2º Ao determinar a execução do estudo de impacto ambiental e
apresentação do RIMA, o estadual competente ou o IBAMA ou, quando couber o
Município, determinará o prazo para recebimento dos comentários a serem feitos
pelos órgãos públicos e demais interessados e, sempre que julgar necessário,
promoverá a realização de audiência pública para informação sobre o projeto e
seus impactos ambientais e discussão do RIMA.

4.7. Conclusão
Esses estudos incluem alternativas à ação ou projeto e pressupõem a participação
do público, representando não um instrumento de decisão em si, mas um
instrumento de conhecimento a serviço da decisão.
Esta definição, embora seja apenas uma entre as muitas existentes, traduz
algumas tendências recentemente incorporadas à avaliação. Destaca-se, de um
lado, a extensão do processo, que evoluiu de um enfoque historicamente voltado
para um projeto específico, no sentido de uma concepção mais ampla em termos
de programa e plano; de outro, explicita-se a necessidade de análise de alternativas
e de participação do público. Inúmeros aspectos determinam um processo para
avaliação de impactos ambientais, podendo-se destacar:
• O conhecimento das possíveis alternativas da proposta em estudo (localização
e/ou processo operacional);
• A descrição do local do estudo;
• A descrição do empreendimento projetado;
• Definição dos limites espaciais da área estudada;
• A avaliação dos impactos previstos (nas etapas de implantação, operação,
planejamento, e desativação);
• A definição de medidas mitigadoas;
• A definição de um programa de monitoramento;
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• A definição de um padrão de qualidade ambiental desejado após a
implementação do projeto.

4.8. Atos sociais


Tendo em vista que o processo de avaliação de impactos ambientais envolve uma
série de elementos interessados nos seus resultados e desdobramentos, em
conformidade com Moreira (1985), é possível identificar os seguintes atores sociais
envolvidos coma dinâmica do processo de avaliação de impactos ambientais:
• Parte interessada, ou seja, os idealizadores da proposta, que podem ser
empresários e, ou, governos dos três níveis hierárquicos (nacional, estadual e
municipal);
• Parte elaboradora, constituída pelos elementos técnicos administrativos das
empresas públicas ou privadas (consultoras) responsáveis pelos documentos
ambientais produzidos;
• Parte avaliadora, ou seja, o corpo técnico-administrativo dos órgãos públicos
licenciadores de atividade impactantes;
• Setores governamentais, direta ou indiretamente envolvidos com a proposta
sob análise;
• Comunidade diretamente afetada (positiva ou negativamente) pela eventual
execução da proposta sob análise;
• Associações civis interessadas na análise da proposta, como grupos
ecológicos (organizados formalmente ou não), sociedade acadêmico-científica
e associações comunitárias;
• Imprensa de modo geral, notadamente nos casos de maior repercussão;
• Comunidade e autoridades internacionais, quando se tratar de propostas de
grande repercussão, caso, por exemplo, de usinas nucleares.

4.9. Empreendimento Impactante


Pode ser entendido como o projeto que possui capacidade de alteração do meio
ambiente, positiva e negativamente, caso seja implantado. São exemplos:
bovinocultura, hidrelétrica, mineração, ferrovia., agricultura, etc.

4.9.1. Atividade Impactante


São as ações necessárias para se implantar e conduzir os empreendimentos
impactantes, ou seja, para a sua consecução. Exemplos: agricultura (preparo do

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terreno, semeadura mecanizada, capina manual, colheita mecanizada,
desmatamento, etc.).

4.9.2. Área Diretamente afetada


Também conhecida como área de influência direta, é o espaço efetivamente
ocupado pelo empreendimento impactante. Em certos casos, refere-se a área de
inundação, de empréstimo de terras, para a instalação de canteiro de obras e
edificações em geral, entre outros tipos.

4.9.3. Área Indiretamente Afetada


Também conhecida como área de influência indireta, é o espaço circunvizinho a
área diretamente afetada, usualmente definido pelo limites que contém esta última.
No sentido de atender características peculiares das variáveis sócio-econômicas
ou culturais, pode ser definida segundo limites de unidades geopolíticas, tais como
propriedades rurais, bairros, municípios, estados, países, blocos regionais
(MERCOSUL, NAFTA, etc.), entre outras.

5.0 Principais Documentos para o Licenciamento


Os principais documentos que se prestam ao licenciamento ambiental no Brasil são
os seguintes: EIA / RIMA (o denominado Estudo de Impacto Ambiental – EIA e seu
respectivo Relatório de Impacto Ambiental – RIMA) e RCA / PCA (Relatório de
Controle Ambiental – RCA e seu plano de Controle Ambiental – PCA).
O EIA/RIMA é exigido para os empreendimentos Impactantes que apresentam
grande capacidade transformadora do meio ambiente, enquanto o RCA / PCA é
exigido para os de menor capacidade. Como é o tipo de documento para
licenciamento ambiental mais rigoroso e, por via de regra, exigido pelos órgãos
competentes, é apresentado a seguir um modelo de Formato Básico (sequência de
itens definida pelo órgão licenciador) do EIA / RIMA, definido em FEAM/MG (s.d).

5.1. Formato Básico para o EIA


Informações gerais
• Nome do empreendimento;
• Identificação da empresa responsável (nome e razão social; endereço para
correspondência, inscrição estadual e CGC; e nome do responsável pelo
empreendimento;
• Histórico do empreendimento;

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• Nacionalidade de origem das tecnologia a serem empregadas;
• Tipo de atividade e o porte do empreendimento;
• Síntese dos objetivos do empreendimento, sua justificativa e a análise de custo-
benefício;
• Compatibilidade do projeto com os planos e programas de ação federal,
estadual e municipal, propostos ou em implantação, na área de influência do
empreendimento;
• Levantamento da legislação federal, estadual e municipal incidente sobre o
empreendimento em qualquer de suas fases, com indicação das limitações
administrativas impostas pelo Poder Público;
• Indicação, em mapas, de Unidades de Conservação e Preservação Ecológicas
existentes na área de influência do empreendimento;
• Empreendimento (s) associado (s) e decorrente (s);
• Empreendimento (s) similar (es) em outra (s) localidade (s);
• Declaração da utilidade pública ou de interesse social da atividade do
empreendimento, quando existente;
• Nome e endereço para contatos relativos ao EIA/RIMA.

5.2. Descrição do Empreendimento


• Apresentar a descrição do empreendimento nas fases de planejamento, de
implantação, de operação e se for o caso, de desativação. Quando a
implantação for em etapas, ou quando forem prevista expansões, as
informações deverão ser detalhadas para cada uma delas.
• Apresentar a previsão das etapas em cronograma detalhado da implantação do
empreendimento.
• Apresentar a localização da geografia proposta para o empreendimento,
demonstrada em mapas ou croquis, incluindo as vias de acesso, existentes e
projetadas, e a bacia hidrográfica; além do seu posicionamento frente à divisão
política administrativa, a marcos geográficos e a outros pontos de referência
relevantes.
• Apresentar também esclarecimentos sobre as possíveis alternativas
tecnológicas e/ou locacionais, inclusive aquela de não proceder a sua
implantação.

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• Apresentar a localização da geografia proposta para o empreendimento,
demonstrada em mapas ou croquis, incluindo as vias de acesso, existentes e
projetadas, e a bacia hidrográfica; além do seu posicionamento frente à divisão
política administrativa, a marcos geográficos e a outros pontos de referência
relevantes.
• Apresentar também esclarecimentos sobre as possíveis alternativas
tecnológicas e/ou locacionais, inclusive aquela de não proceder a sua
implantação.

5.3. Área de Influência


Apresentar os limites da área geográfica a ser afetada direta ou
indiretamente pelos impactos, denominada área de influência de projeto. A área de
influência deverá conter as áreas de incidência dos impactos, abrangendo os
distintos contornos para as diversas variáveis enfocadas. É necessário apresentar
igualmente a justificativa da definição das áreas de influência e incidência dos
impactos acompanhadas de mapas em escala adequada.

5.4. Diagnóstico Ambiental da Área de Influência


Deverão ser apresentadas a descrição e análise dos fatores ambientais e suas
interações, caracterizando a situação ambiental da área de influência antes da
implantação do empreendimento. Esses fatores englobam: as variáveis
susceptíveis de sofre, direta ou indiretamente, efeitos significativos das ações das
fases de planejamento, de implantação, de operação e, quando for o caso, de
desativação de empreendimento, bem como as informações cartográficas
atualizadas, com a área de influência devidamente caracterizada, em escalas
compatíveis com o nível de detalhamento dos fatores ambientais estudados.

5.5. Fatores Ambientais


Meio Físico
Os itens a serem abordados serão aqueles necessários para a caracterização do
meio físico, de acordo com o tipo e o porte do empreendimento e segundo as
características da região. Entre os aspectos cuja caracterização ou detalhamento
podem ser necessários, incluem-se a caracterização do clima e condições
meteorológicas da área potencialmente atingida pelo empreendimento; a qualidade
do ar na região; dos níveis de ruído na região; geológica da área potencial atingida

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pelo empreendimento; dos solos da região na área em que os mesmos serão
potencialmente atingidos pelo empreendimento; dos recursos hídricos, podendo-se
abordar a hidrologia superficial, a hidrogeologia e a qualidade das águas.
Meio Biótico (Biológico)
Os itens a serem abordados serão aqueles que caracterizam o meio biótico, de
acordo com o tipo e o porte do empreendimento e segundo as características da
região. Deverá ser apresentada a caracterização do ecossistema da área que pode
ser atingida direta ou indiretamente pelo empreendimento. Entre os aspectos cuja
consideração ou detalhamento podem ser necessários, incluem-se: caracterização
e análise dos ecossistemas terrestres nas áreas de influência do empreendimento;
e caracterização e análise dos ecossistemas aquáticos na área de influência do
empreendimento.
Meio Sócio Econômico (Meio Antrópico)
Serão abordados aqueles itens necessários para caracterizar o meio sócio-
econômico, de acordo com o tipo e o porte do empreendimento e segundo as
características da região. Deverá ser apresentada a caracterização do meio sócio-
econômico a ser potencialmente atingido pelo empreendimento, através das
informações listadas a seguir, e considerando-se basicamente duas linhas de
abordagem descritiva referente à área de influência. Uma, que considera aquelas
populações existentes na área atingida diretamente pelo empreendimento, outra
que apresenta inter-relações próprias do meio sócio-econômico regional e
passíveis de alterações significativas por efeitos diretos do empreendimento.
Quando procedentes, as variáveis enfocadas no meio sócio-econômico deverão
ser executadas em séries históricas significativas e representativas, visando a
avaliação de sua evolução temporal. Entre os aspectos cuja consideração e
detalhamento podem ser necessários, incluem-se:
• caracterização da dinâmica populacional na área de influência do
empreendimento;
• caracterização do uso e ocupação do solo, com informações, em mapa, na área
de influência do empreendimento;
• quadro referencial do nível de vida na área da influência do empreendimento;
• dados sobre a estrutura produtiva e de serviços; e caracterização da
organização social na área de influência.

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Qualidade Ambiental
Em um quadro sintético, expor as alterações dos fatores ambientais físicos, bióticos
e sócio-econômicos, indicando os métodos adotados para análise dessas
interações, com o objetivo de descrever as inter-relações entre os componentes
bióticos, abióticos e antrópicos do sistema a ser afetado pelo empreendimento.
Além do quadro citado, deverão ser identificadas as tendências evolutivas daqueles
fatores que forem importantes para caracterizar a interferência do empreendimento.
5.6. Análise dos Impactos Ambientais
Este item destina-se à apresentação e análise (identificação, valoração e
interpretação) dos prováveis impactos ambientais nas fases de planejamento, de
implantação, de operação e, se for o caso, de desativação do empreendimento,
sobre os meios físicos, biótico e sócio-econômico, devendo ser determinados e
justificados os horizontes do tempo considerados.
Os impactos serão avaliados nas áreas de estudo definidas para cada um dos
fatores estudados, caracterizados no item "Diagnóstico Ambiental das Áreas de
Influência", podendo, para efeito de análise, serem considerados como: impactos
diretos e indiretos; benéficos e adversos; temporários, permanentes e cíclicos;
imediatos e a médio e longo prazos; reversíveis e irreversíveis; locais, regionais e
estratégicos.
O resultado desta análise constituirá um prognóstico de qualidade ambiental da
área de influência do empreendimento, nos casos de adoção de projetos e suas
alternativas, mesmo na hipótese de sua não-implementação. Este item deverá ser
apresentado em duas formas:
• uma descrição detalhada dos impactos sobre cada fator ambiental relevante
considerado no diagnóstico ambiental, a saber, (impacto sobre o meio físico,
impacto sobre o meio biótico e impacto sobre o meio sócio-econômico);
• uma síntese conclusiva sobre os impactos relevantes sobre cada fase prevista
para o empreendimento (planejamento, implantação, operação e desativação)
e, para o caso de acidentes, acompanha da análise (identificação, previsão de
magnitude e interpretação) de suas interações.
É preciso mencionar os métodos de identificação dos impactos, as técnicas de
previsão de magnitude e os critérios adotados para a interpretação e análise de
suas interações.

CETESC – Curso Técnico em Segurança do Trabalho – Proteção Ambiental – Módulo V 28


5.7. Proposição das Medidas Mitigadoras
Neste item deverão ser explicitadas as medidas que visam minimizar os
impactos adversos identificados e quantificados no item anterior. Essas medidas
deverão ser apresentadas e classificadas quanto:
• à sua natureza: preventiva ou corretiva (inclusive os equipamentos de controle
de poluição, avaliando a sua eficiência em relação aos critérios de qualidade
ambiental e aos padrões de disposição de efluentes líquidos, emissões
atmosféricas e resíduos sólidos);
• a fase do empreendimento em que deverão ser adotadas: planejamento,
implantação, operação e desativação, e para o caso de acidentes;
• ao fator ambiental a que se destinam: físico, biótico e sócio-econômico;
• ao prazo de permanência de sua aplicação: curto, médio ou longo;
• à responsabilidade por sua implementação; empreendedor, poder público ou
outros;
• à avaliação de custos das medidas mitigadoras.
Deverão ser mencionados os impactos diversos que não possam ser evitados ou
mitigados. Nos casos de empreendimentos que exijam reabilitação das áreas
degradadas, deverão ser considerados os seguintes aspectos:
• identificação e mapeamento das diferentes áreas a serem reabilitadas;
• definição do uso futuro da área, justificando a escolha (reabilitação social da
área).
5.8. Programa de Acompanhamento e Monitoramento dos Impactos
Ambientais
Neste item, deverão ser apresentados os programas de acompanhamento da
evolução dos impactos ambientais positivos e negativos causados pelo
empreendimento, considerando-se a fase de planejamento, de implantação, de
operação e de desativação, quando for o caso, e de acidentes. Conforme o caso,
poderão ser incluídas:
• Indicação e justificativa dos parâmetros selecionados para avaliação dos
impactos sobre cada um dos fatores ambientais considerados;
• Indicação e justificativa da rede de amostragem, incluindo seu
dimensionamento e distribuição espacial;
• Indicação e justificativa dos métodos de coleta e análise de amostras;
CETESC – Curso Técnico em Segurança do Trabalho – Proteção Ambiental – Módulo V 29
• Indicação e justificativa da periodicidade de amostragem para cada parâmetro
segundo os diversos fatores ambientais;
• Indicação e justificativa dos métodos a serem empregados no processamento
das informações levantadas, visando retratar o quadro de evolução dos
impactos ambientais causados pelo empreendimento.
5.9. Detalhamento dos Fatores Ambientais
Os fatores ambientais a seguir detalhados constituem itens considerados no
Roteiro Básico para Elaboração do EIA. O grau de detalhamento destes itens em
cada EIA dependerá da natureza do empreendimento, da relevância dos fatores
em face da sua localização e dos critérios adotados pela equipe responsável pela
elaboração do Estudo.
• Meio Físico
Clima e Condições Meteorológicas
A caracterização do clima e das condições meteorológicas da área
potencialmente atingida pelo empreendimento pode concluir:
• perfil do vento, temperatura e umidade do ar na camada-limite planetária;
• componentes de balanço de radiação à superfície do solo;
• componentes de balanço hídrico do solo;
• nebulosidade;
• caracterização das condições meteorológicas, de larga escala e meso-escala,
favoráveis a formação de concentrações extremas de poluentes, danosas a
saúde humana, a fauna, a flora, e a qualidade da água e do solo;
• avaliação de freqüência de ocorrência de condições meteorológica de larga
escala, favorável a formação de fortes concentrações de poluentes, incluindo a
freqüência de ocorrência e intensidade de anticiclones subtropicais
semipermanentes e transientes;
• parâmetros meteorológicos necessários para a caracterização do regime de
chuvas, incluindo precipitação total média:
o mensal, semanal e anual;
o freqüência de ocorrência de valores mensais e semanais máximos e
mínimos;
o coeficiente de variação anual da precipitação;
o número médio, máximo e mínimo de dias com chuva no mês;
CETESC – Curso Técnico em Segurança do Trabalho – Proteção Ambiental – Módulo V 30
o delimitação do período seco e chuvoso;
o relação intensidade de duração e freqüência da precipitação para
períodos de horas e dias;
o parâmetros meteorológicos necessários para avaliação da razão de
transferência média mensal e semanal de água para a atmosfera
(evaporação e evapotranspiração) e dos demais componentes do
balanço hídrico do solo (escoamento superficial e infiltração).
Qualidade do Ar
Caracterização da qualidade do ar na região pode incluir:
• concentrações de referência de seus poluentes atmosféricos;
• caracterização fisíco-química das águas pluviais.
Caso seja necessária a implantação de rede de medição de poluentes
atmosféricos, em complementação as existentes, deverão ser justificados os
parâmetros analisados e os critérios utilizados na definição da rede. Em qualquer
caso, deverão ser indicados os métodos de medição utilizados.
Ruído
Caracterização dos níveis de ruído na região pode concluir:
• índices de ruído;
• mapeamento dos pontos de medição.
Solos
A caracterização dos solos da região na área em que os mesmos serão
potencialmente atingidos pelo empreendimento pode incluir:
Geomorfologia
Caracterização geomorfológica geral pode incluir:
• descrição das formas e compartimentação geomorfológica das áreas de estudo;
• caracterização e classificação das formas de relevo quanto à sua gênese
(formas cársticas, formas fluviais, formas de aplainamento, etc);
• dinâmica dos processos geomorfológicos (ocorrência e/ou propensão de
processos erosivos, movimentos de massa, inundações, assoreamento, etc).
Geologia
Caracterização geológica da área potencialmente atingida pelo empreendimento
pode incluir:

CETESC – Curso Técnico em Segurança do Trabalho – Proteção Ambiental – Módulo V 31


• estratigrafia e caracterização litológica com indicação da mineralogia e
composição química das rochas;
• esboço estrutural e tratamento de dados em estereogramas;
• avaliação das condições geotécnicas dos maciços de solo e de rocha.
• definição de classes de solos ao nível taxonômico mais detalhado e
caracterização morfológica e analítica.
Recursos Hídricos
A caracterização dos recursos hídricos, considerando as bacias e sub-bacias
hidrográficas, que contém a área potencialmente atingida pelo empreendimento,
pode incluir:
• hidrologia superficial: caracterização hidrográfica, com parâmetros hidrológicos
calculados através de séries históricas de dados; caso estes não existam,
poderão ser apresentadas observações fluviométricas e sedimentométricas
relativas a um período mínimo de um ciclo hidrológico completo. As informações
a serem apresentadas poderão incluir:
• rede hidrográfica, identificando a localização do empreendimento,
características físicas da bacia hidrográfica e estruturas hidráulicas existentes;
• balanço hídrico das áreas de estudo;
• parâmetros hidrológicos pertinentes;
• produção de sedimentos na bacia e transporte de sedimentos nas calhas
fluviais.
Hidrogeologia
• área de ocorrência, tipo, geometria, litologia, estruturas geológicas,
propriedades físicas e hidrodinâmicas e outros aspectos do(s) aqüífero(s);
• inventário dos pontos de água;
• potenciometria e direção dos fluxos das águas subterrâneas;
• profundidade da água subterrânea nos aqüíferos livres;
• caracterização das áreas e dos processos de recarga, circulação e descarga do
(s) aqüífero(s);
• relação das águas subterrâneas com as superficiais e com as de outros
aqüíferos;
• caracterização física, química e biológica das águas subterrâneas;
• avaliação da permeabilidade da zona não saturada.

CETESC – Curso Técnico em Segurança do Trabalho – Proteção Ambiental – Módulo V 32


Qualidade das águas
Caracterização da qualidade da águas, bem como dos métodos utilizados para a
sua determinação, incluindo; caracterização físico-química e bacteriológica de
referência dos recursos hídricos interiores, superficiais e subterrâneos.
• Meio Biótico
Para caracterização de cada ecossistema considerado deverão ser utilizados a
metodologia e periodicidade compatíveis a esse ecossistema.
Ecossistema Terrestre
A caracterização e análise dos ecossistemas terrestres podem incluir:
• flora e vegetação
• fauna:
Esses estudos poderão conter:
• inventários dos taxons;
• relação das espécies comuns, raras, endêmicas, ameaçadas de extinção e as
de interesse econômico e epidemiológico;
• identificação das espécies animais e vegetais que possam servir como
indicadores biológicos de alterações ambientais;
• caracterização do estudo trófico dos corpos d’água estudados.
• Meio Sócio-Econômico (Antrópico)
Dinâmica Populacional
A caracterização da dinâmica populacional das áreas de influência do
empreendimento pode incluir:
• distribuição da população: análise e mapeamento da localização das
aglomerações urbanas e rurais, caracterizando-as de acordo com o número de
habitantes e indicando no mapa as redes hidrográficas e viárias;
• distribuição espacial da população: análise e mapeamento da densidade
demográfica e grau de urbanização em período significativo;
• evolução da população: taxa de crescimento demográfico e vegetativo da
população total urbana e rural nas dual últimas décadas, com projeções
populacionais;
• composição da população: distribuição e análise da população total, urbana
e rural por faixa etária, por sexo e estrutura da população economicamente ativa
total por setor de atividade e por sexo, índices de desemprego;

CETESC – Curso Técnico em Segurança do Trabalho – Proteção Ambiental – Módulo V 33


• movimentos migratórios: identificação e análise de intensidade de fluxos,
origem regional, tempo de permanência no município, possíveis causas de
migração, especificando ofertas de localização, trabalho e acesso.
Uso e ocupação do solo
A caracterização do uso e ocupação do espaço na área de influência do
empreendimento, através de mapeamento e de análise, pode incluir:
• identificação das áreas rurais, urbanas e de expansão urbana e do processo de
ocupação e urbanização;
• identificação das áreas de valor histórico e outras de possível interesse para
pesquisa científica ou preservação;
• identificação dos usos urbanos considerando os usos residenciais, comerciais,
de serviços, industriais, institucionais e públicos, inclusive as disposições legais
de zoneamento;
• identificação da infra-estrutura regional incluindo o sistema viário principal,
portos, aeroportos, terminais de passageiros e cargas, redes de abastecimento
de água e de esgoto sanitário e escoamento de águas pluviais, sistema de
telecomunicação, etc.;
• identificação dos principais usos rurais indicando as culturas permanentes e
temporárias, as pastagens naturais ou plantadas, as vegetações nativas e
exóticas, etc.;
• identificação da estrutura fundiária local e regional segundo o módulo rural
mínimo, as áreas de colonização ou ocupadas sem titulação.
Uso da água
Caracterização dos principais usos das águas superficiais e subterrâneas, na área
potencialmente atingida pelo empreendimento, apresentando a listagem das
utilizações levantadas, suas demandas atuais e projetadas em termos qualitativos
e quantitativos, bem como a análise das disponibilidades frente às utilizações atuais
projetadas, considerando importações e exportações, quando ocorrerem.
Deverão ser identificados:
• abastecimento doméstico e industrial;
• geração de energia;
• irrigação;
• pesca;

CETESC – Curso Técnico em Segurança do Trabalho – Proteção Ambiental – Módulo V 34


• recreação;
• preservação da fauna e flora;
• navegação.
Patrimônio Natural e Cultural
A identificação e descrição dos elementos do Patrimônio Natural e Cultural
podem incluir:
• áreas e monumentos naturais e culturais: cavernas, picos, cachoeiras, entre
outros;
• sítios paleontológicos e/ou arqueológicos (depósitos fossilíferos, sinalizações
de arte rupestre, cemitérios indígenas, cerâmicos e outros de possível interesse
para pesquisas científicas ou preservações);
• áreas de edificações de valor histórico e arquitetônico.
Organização Social
A caracterização da organização social da área de influência pode incluir:
• forças e tensões sociais;
• grupos e movimentos comunitários;
• lideranças comunitárias;
• forças políticas e sindicais atuantes;
• associações.

5.9.1 – Gestão ambiental empresarial


Neste tópico serão abordadas as definições de um Sistema de Gestão Ambiental,
segundo os requisitos da Norma ABNT NBR ISO 14001:2015. Você conhecerá as
definições técnicas de aspectos e impactos e a diferença entre eles. É demonstrado
neste tópico como está estruturada a Norma ABNT NBR ISO 14001:2015. São
apresentados exemplos de aspectos e impactos ambientais. Por fim, são
apresentados exemplos de medidas preventivas e corretivas relacionadas aos
aspectos e impactos ambientais.
Por danos e efeitos ambientais possíveis de ocorrerem durante o ciclo de vida do
produto compreendem-se todos os impactos sobre o meio ambiente, inclusive a
saúde humana, decorrentes da obtenção e transporte de matérias-primas, da
transformação, ou seja, a produção propriamente dita, da distribuição e

CETESC – Curso Técnico em Segurança do Trabalho – Proteção Ambiental – Módulo V 35


comercialização, do uso dos produtos, da assistência técnica e destinação final dos
bens.
Devemos salientar que a empresa é a única responsável pela adoção de um SGA
e por conseguinte de uma política ambiental. Só após sua adoção, o cumprimento
e a conformidade devem ser seguidos integralmente, pois eles adquirem
configuração de “sagrados”. Portanto, ninguém é obrigado a adotar um SGA e/ou
Política Ambiental; depois de adotados, cumpra-se o estabelecido sob pena da
organização cair num tremendo descrédito no que se refere às questões
ambientais.
A gestão ambiental empresarial servi de instrumentos de gestão com vistas a obter
ou assegurar a economia e o uso racional de matérias-primas e insumos,
destacando-se a responsabilidade ambiental da empresa:
Orientar consumidores quanto à compatibilidade ambiental dos processos
produtivos e dos seus produtos ou serviços;
Subsidiar campanhas institucionais da empresa com destaque para a conservação
e a preservação da natureza;
Servir de material informativo a acionistas, fornecedores e consumidores para
demonstrar o desempenho empresarial na área ambiental;
Orientar novos investimentos privilegiando setores com oportunidades em áreas
correlatas;
Subsidiar procedimentos para a obtenção da certificação ambiental nos moldes da
série de normas ISO 14.000;
Subsidiar a obtenção da rotulagem ambiental de produtos.
De forma resumida, o sistema de gestão ambiental pode ser definido como um
conjunto de atividades administrativas e operacionais inter-relacionadas com o
objetivo de:

»» Abordar os problemas ambientais atuais da empresa ou instituição;


»» Evitar o surgimento de problemas ambientais e;
»» Buscar a melhoria contínua das operações e negócios.

É importante ressaltar que ações ambientais pontuais, episódicas ou isoladas não


configuram um Sistema de Gestão Ambiental.

CETESC – Curso Técnico em Segurança do Trabalho – Proteção Ambiental – Módulo V 36


Os requisitos para a implementação de um sistema de gestão ambiental estão
definidos na Norma ABNT NBR ISO 14001:2015 – Sistemas de gestão ambiental
– Requisitos com orientações para uso.
O objetivo da Norma ABNT NBR ISO 14001:2015 é prover às organizações uma
estrutura para a proteção do meio ambiente e possibilitar uma resposta às
mudanças das condições ambientais em equilíbrio com as necessidades
socioeconômicas (ABNT, 2015).
Segundo a ABNT (2015), uma abordagem sistemática para a gestão ambiental
pode prover a alta direção de uma empresa com as informações necessárias para
obter sucesso a longo prazo e para criar alternativas que contribuam para um
desenvolvimento sustentável, por meio de:

»» Proteção do meio ambiente pela prevenção ou mitigação dos impactos


ambientais adversos;
»» Mitigação de potenciais efeitos adversos das condições ambientais na
organização;
»» Auxílio à organização no atendimento aos requisitos legais e outros requisitos;
»» Aumento do desempenho ambiental;
Controle ou influência no modo em que os produtos e serviços da organização são
projetados, fabricados, distribuídos, consumidos e descartados, utilizando uma
perspectiva de ciclo de vida que possa prevenir o deslocamento involuntário dos
impactos ambientais dentro do ciclo de vida;

»» Alcance dos benefícios financeiros e operacionais que podem resultar da


implementação de alternativas ambientais que reforçam a posição da organização
no mercado;
»» Comunicação de informações ambientais às partes interessadas pertinentes.

A ISO 14001:2015 estabelece que a base para a abordagem de um sistema de


gestão ambiental é fundamentada no conceito Plan-Do-Check-Act (PDCA):

»» Plan (planejar): estabelecer os objetivos ambientais e os processos necessários


para entregar resultados de acordo com a política ambiental da organização;

CETESC – Curso Técnico em Segurança do Trabalho – Proteção Ambiental – Módulo V 37


»» Do (fazer): implementar os processos conforme planejado.
»» Check (checar): monitorar e medir os processos em relação a política
ambiental, incluindo seus compromisso, objetivos ambientais e critérios
operacionais, e reportar os resultados;
»» Act (agir): tomar ações para a melhoria contínua.

A ISO 14001:2015 está estruturada da seguinte forma:


▪ Escopo
▪ Referências normativas
▪ Termos e definições
▪ Contexto da organização

➢ 4.1. Entendendo a organização e seu contexto


➢ 4.2. Entendendo as necessidades e expectativas
➢ de partes interessadas
➢ 4.3. Determinando o escopo do sistema de gestão ambiental
➢ 4.4. Sistema de gestão ambiental
▪ Liderança
➢ 5.1. Liderança e comprometimento
➢ 5.2. Política ambiental
➢ 5.3. Papéis, responsabilidades e autoridades organizacionais
▪ Planejamento
➢ 6.1. Ações para abordar riscos e oportunidades
➢ 6.1.1. Generalidades
➢ 6.1.2. Aspectos ambientais
➢ 6.1.3. Requisitos legais e outros requisitos
➢ 6.1.4. Planejamento de ações
➢ 6.2. Objetivos ambientais e planejamento para alcançá-los
➢ 6.2.1. Objetivos ambientais
➢ 6.2.2. Planejamento de ações para alcançar os objetivos ambientais
➢ 7. Apoio
➢ 7.1. Recursos
➢ 7.2. Competência

CETESC – Curso Técnico em Segurança do Trabalho – Proteção Ambiental – Módulo V 38


➢ 7.3. Conscientização
➢ 7.4. Comunicação
➢ 7.4.1. Generalidades
➢ 7.4.2. Comunicação interna
➢ 7.4.3. Comunicação externa
➢ 7.5. Informação documentada
➢ 7.5.1. Generalidades
➢ 7.5.2. Criando e atualizando
➢ 7.5.3. Controle de informação documentada
➢ 8. Operação
➢ 8.1. Planejamento e controle operacionais
➢ 8.2. Preparação e resposta a emergências
➢ 9. Avaliação de desempenho
➢ 9.1. Monitoramento, medição, análise e avaliação
➢ 9.1.1. Generalidades
➢ 9.1.2. Avaliação do atendimento aos requisitos legais e outros requisitos
➢ 9.2. Auditoria interna
➢ 9.2.1. Generalidades
➢ 9.2.2. Programa de auditoria interna
➢ 9.3. Análise crítica pela direção
➢ 10. Melhoria
➢ 10.1. Generalidades
➢ 10.2. Não conformidade e ação corretiva
➢ 10.3. Melhoria contínua
➢ Neste capítulo vamos tratar apenas do requisito 6.1.2 da ABNT NBR
➢ ISO 14001:2015 – Aspectos ambientais.

De acordo com ABNT (2015), é considerado aspecto ambiental o elemento das


atividades, produtos ou serviços de uma organização, que interage ou pode
interagir com o meio ambiente, enquanto que impacto ambiental é qualquer
modificação no meio ambiente, tanto adversa como benéfica, total ou parcialmente
resultante dos aspectos ambientais de uma organização.

CETESC – Curso Técnico em Segurança do Trabalho – Proteção Ambiental – Módulo V 39


A ISO 14001:2015, traz em nota: (1) Um aspecto ambiental pode causar impacto
(s) ambiental (is). Um aspecto ambiental significativo é aquele que tem ou pode ter
um ou mais impactos ambientais significativos. (2) Aspectos
ambientais significativos são determinados pela organização, aplicando um ou mais
critérios.
Podemos considerar que o aspecto ambiental é a causa enquanto que o impacto
ambiental é o efeito. Por exemplo: em um empreendimento qualquer são utilizados
produtos químicos. O consumo destes produtos químicos leva a geração de
resíduos, neste caso, embalagens de produtos químicos.
Neste exemplo, podemos dizer que:

»» A geração de embalagens de produtos químicos é a causa, ou seja, o aspecto


ambiental e;
»» A contaminação do solo e da água, devida à geração de resíduos sólidos, é a

consequência e/ou efeito, ou seja, o impacto ambiental.


Abaixo segue exmplo báscio de Levantamento de aspecto e impactos ambientais.

Vale ressaltar que a planilha demonstra apenas o levantamento e os relaciona, não


evidncia a metodologia para realizar o levantamento e nem tao pouco mostra os
calculo do grau de significancia.
No âmbito da avaliação dos impactos ambientais, as medidas preventivas
compreendem as ações e atividades propostas cujo fim é prevenir a ocorrência de
impactos negativos, enquanto que as medidas corretivas compreendem as ações
e atividades propostas para corrigir a existência de impactos negativos.
No âmbito de um sistema de gestão ambiental, ação preventiva é a ação para
eliminar a causa de uma potencial não conformidade ou outra situação
CETESC – Curso Técnico em Segurança do Trabalho – Proteção Ambiental – Módulo V 40
potencialmente indesejável. Ação corretiva é a ação para eliminar a causa de uma
não conformidade identificada ou outra situação indesejável.

6.0. PAE – Plano de Atendimento emergência


Neste tópico é apresentado o conteúdo básico de um Plano de Ação a Emergência
– PAE e seus principais componentes. Ferramenta muito utilizada para a o
processo de proteção ambiental nas organizações.
Este material foi elaborado com base no Roteiro para elaboração de Plano de Ação
de Emergência – PAE do Ministério do Meio Ambiente – MMA, no documento
“Práticas de Segurança para Sistemas de Digestão Anaeróbia em Fazendas”
(Safety Practices for On-Farm Anaerobic Digestion Systems) da AgSTAR Biogas
Recovery in the Agriculture Sector Share, EPA - US Environmental Protection
Agency.
O Plano de Ação a Emergências – PAE tem como objetivo fixar as condições
exigíveis para o pronto atendimento em situações de emergência que possam
ocorrer em determinada atividade, gerando impactos sobre o meio ambiente,
saúde, segurança e bem estar de seus funcionários, colaboradores e população
vizinha ao empreendimento.
Segundo a EPA (2011), um dos principais objetivos de um PAE é desenvolver
protocolos (procedimentos) de resposta a determinadas emergências de modo que,
se ocorrer um acidente, as pessoas envolvidas irão realizar as ações apropriadas
e na sequencia correta.
Como recomendação geral da EPA (2011) cada situação deve ser dividida nos
seguintes componentes:

Avaliar a extensão dos danos na seguinte ordem:

➢ Saúde humana;
➢ Impacto ao meio ambiente;
➢ Integridade das instalações (integridade mecânica).
➢ Corrigir o problema imediatamente, se possível;
➢ Entrar em contato com as agências e pessoal apropriado para resolver o
problema.

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O conteúdo de um PAE deve ser bem organizado em uma pasta ou arquivo
eletrônico e distribuído a todos os colaboradores para que eles estejam informados
sobre as ações de emergências (protocolos de emergência) apropriadas.
Recomenda-se que de posse do PAE, a organização promova uma visita às
instalações para que os operadores possam se familiarizar com o local.
Além disso, o empreendimento deve manter uma cópia do PAE em local acessível
ou entregar um resumo com as principais ações, para os visitantes do
empreendimento.

Contatos de emergência
➢ Administrador do empreendimento;
➢ Operadores;
➢ Equipes de atendimento a emergência (brigada de emergência) ou de
atendimento não emergencial:
• Corpo de bombeiros;
• Controle de intoxicação;
• Hospital;
• Polícia e/ou órgão ambiental (em caso de emergência ambiental);
➢ Concessionária de gás e/ou energia;
➢ Serviços, quando aplicável:
• Elétrico;
• Mecânico;
• Escavação.
➢ Departamento de saúde e segurança do estado
➢ e/ou município, quando existir.

O contato apropriado deve ser identificado imediatamente após a ocorrência. A lista


com os contatos deve estar disponível para rápida visualização em diversos locais
da instalação. É importante que a lista de contatos seja atualizada periodicamente.
O PAE deve possuir um mapa detalhado da instalação e as áreas devem estar
identificadas. As estruturas mais relevantes devem conter etiquetas ou placas de
identificação bem como, deve ser de fácil localização os equipamentos de
emergência específicos para cada uma das áreas de risco.

CETESC – Curso Técnico em Segurança do Trabalho – Proteção Ambiental – Módulo V 42


O PAE deve incluir os regulamentos federais, estaduais e municipais de saúde e
segurança, bem como, diretrizes e certificações, tais como: trabalho em altura, em
espaço confinado, etc. Os colaboradores devem estar capacitados a executar suas
funções, assim como, no atendimento de emergências. O empreendimento deve
manter o registro das capacitações de seus colaboradores.

6.2. Estrutura do PAE


Para o MMA, a elaboração de um plano de ação a emergências deve seguir o
seguinte roteiro:

6.3.Introdução
Apresentar breve histórico de acidentes com substâncias químicas ou que
apresentam características capazes de gerar algum tipo de contaminação (por
exemplo: emissão de sulfeto de hidrogênio para atmosfera), das atividades de
atendimento a emergências e da disponibilidade de infraestrutura.

6.4. Objetivos
➢ Estabelecer procedimentos técnicos administrativos a serem adotados em
situações emergenciais na região;
➢ Promover medidas básicas para restringir os danos a uma área previamente
dimensionada, a fim de evitar que os impactos ultrapassem os limites de
segurança preestabelecidos;
➢ Indicar as ações que visam evitar impactos e as que podem contribuir para
agravá-los;
➢ Ser um instrumento prático, de respostas rápidas e eficazes em situações
de emergência;
➢ Definir, de forma clara e objetiva, as atribuições e responsabilidades dos
envolvidos.

6.5.Definições
➢ Explicação sobre os principais termos técnicos utilizados;
➢ Caracterização da área;
➢ Descrição dos segmentos e instalações existentes e dos adensamentos
populacionais do entorno, aspectos de uso e ocupação a áreas ambientais
vulneráveis.

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Pressupostos básicos
➢ Considerações, justificativas e razões da necessidade.

Área de abrangência do plano


➢ Local e área – regional, municipal, estadual ou federal.

Hipóteses acidentais
➢ Descrição das atividades que podem resultar em acidentes;
➢ Descrição das áreas onde podem ocorrer acidentes ou desenvolver-se a
atividade emergencial;
➢ Exemplos de acidentes e consequências esperadas em cada hipótese
acidental considerada, com os impactos em áreas vulneráveis na região.

Estrutura organizacional

➢ Organograma com apresentação esquemática da estrutura organizacional


do plano, coordenação, grupos de trabalho e equipes;
➢ Atribuições e responsabilidades da coordenação, grupos de trabalho e
equipes, com a descrição das atividades e obrigações dos envolvidos.

Acionamento
➢ Fluxograma de acionamento do PAE com a sequência das etapas de
acionamento e o nível hierárquico dos envolvidos.
Procedimentos emergenciais
➢ Avaliação e identificação do problema, porte da ocorrência e procedimentos
iniciais para controlar a situação;
➢ Procedimentos de controle: a) ações de combate a emergências e medidas
para minimizar suas consequências e impactos – porte, tipo de ocorrência,
jurisdição e atribuições dos participantes; b) isolamento; c) paralisação de
atividades; d) evacuação de pessoas; e) combate a incêndios; f) controle de
vazamentos; g) reparos de emergência; h) resgate; i) tratamento de
intoxicados;

CETESC – Curso Técnico em Segurança do Trabalho – Proteção Ambiental – Módulo V 44


➢ Ações pós-emergenciais (de rescaldo) para restabelecer as condições
normais das áreas afetadas pelas consequências do acidente.

Recursos humanos e materiais


➢ Planejamento e compatibilização com o porte das ocorrências previstas e
dimensionamento para subsidiar as necessidades técnicas e operacionais
estabelecidas nos procedimentos de controle.
Treinamento
➢ Capacitação dos participantes do plano, mediante treinamento individual ou
coletivo para manter e operacionalizar as rotinas de trabalho;
➢ Simulação em campo, para habilitar as equipes nos procedimentos e nas
ações de combate a episódios acidentais, bem como ambientar todos os
colaboradores e envolvidos com os procedimentos de emergência.
Atualização, avaliação e manutenção
➢ O plano deve dispor de: a) sistema de revisão, manutenção e atualização
permanente, de acordo com a experiência adquirida tanto nos atendimentos
realizados como em treinamentos específicos, e de medidores de
desempenho, que permitam avaliar a eficiência e a eficácia das metas e
objetivos previstos; b) sistema de atualização de informações; c) registro de
atendimentos; d) reavaliação periódica dos procedimentos; e) reposição e
renovação dos recursos humanos e materiais.
Divulgação
➢ Distribuição de informações sobre o plano aos visitantes e colaboradores,
aos segmentos públicos e privados, com interesse ou vínculo no
desenvolvimento das atividades.
Integração com outros planos
➢ O plano deve prever trabalhos integrados com outros planos, que envolvam
instituições públicas e privadas e/ou de auxílio mútuo existentes em uma
determinada localidade.
Anexos
➢ Formulário de registro de ocorrências, relatórios e formulários de
atendimento telefônico;

CETESC – Curso Técnico em Segurança do Trabalho – Proteção Ambiental – Módulo V 45


➢ Listagem de acionamento dos órgãos e listagem de telefones de
emergência;
➢ Protocolo e instruções de trabalho, procedimentos, requisitos de
competência, Ficha de Informação de Segurança de Produto Químico
(FISPQ);
➢ Relação dos recursos humanos e materiais;
➢ Relação de equipes técnicas, empresas, órgãos públicos, recursos materiais
disponíveis (máquinas, equipamentos de proteção individual, de
monitoramento ambiental, de combate e contenção de vazamentos etc.)
entre outros;
➢ Referências bibliográficas: legislação municipal, estadual e federal, tabelas,
leis específicas, proibições regionais, licenças obrigatórias, normas técnicas,
entre outras.
Como agir em caso de emergência
Aviso sonoro Em se constituindo uma situação de emergência na estação de
tratamento de esgoto ou na planta de biogás deverá ser acionado um sinal sonoro
(alarme/sirene).
O aviso sonoro pode ser por regime de toques, por exemplo:
➢ 3 toques de sirene consecutivos: permaneça no seu setor de trabalho,
pois a emergência não implica em evacuação do local;
➢ 1 toque longo de sirene: evacue as instalações e dirija-se ao ponto seguro
mais próximo;
➢ 2 toques de sirene consecutivo: Fim da emergência, retorne as suas
atividades.

7.0.Brigada de emergência
Recomenda-se que a brigada de emergência seja composta por duas equipes cujas
responsabilidades são listadas a seguir:

7.1.Equipe de Emergência
➢ Participar dos treinamentos necessários ao combate a situações de
emergência e primeiros socorros;
➢ Conhecer as saídas de emergência;
➢ Combater princípios de incêndio;

CETESC – Curso Técnico em Segurança do Trabalho – Proteção Ambiental – Módulo V 46


➢ Orientar quanto aos procedimentos de proteção e prevenção da poluição
ambiental em caso de derramamento de produtos químicos,
transbordamento de tanques e vazamento de gases tóxicos;
➢ Classificar e dar destino final adequado aos resíduos gerados durante os
acidentes;
➢ Conhecer e utilizar EPI e EPC adequado aos riscos envolvidos;
➢ Conhecer os locais dos alarmes e o princípio de acionamento do sistema;
➢ Orientar a saída das pessoas em caso de evacuação das instalações;
➢ Isolar áreas atingidas;
➢ Substituir os integrantes da Equipe de Primeiros Socorros, quando
necessário.

7.3.Equipe de Primeiros Socorros


➢ Participar dos treinamentos necessários ao combate a situações de
emergência e primeiros socorros;
➢ Conhecer as saídas de emergência;
➢ Conhecer e utilizar EPI e EPC adequados aos riscos envolvidos;
➢ Conhecer os locais dos alarmes e o princípio de acionamento do sistema;
➢ Socorrer e prestar os primeiros socorros às vítimas de acidentes;
➢ Conhecer os locais onde se encontram as fichas de Emergência Química;
➢ Colaborar nas atividades de evacuação dos prédios, auxiliando a equipe de
emergência;
➢ Transportar vítimas de acidentes até locais de atendimento pré-
determinados;
➢ Auxiliar na colocação de vítimas de acidentes em ambulâncias quando da
necessidade das mesmas;
➢ No caso de atendimento externo, pelo menos um componente da equipe
deve acompanhar a vítima repassando todas as informações pertinentes à
ocorrência;
➢ Substituir os integrantes da Equipe de Emergência, quando necessário.

Recomenda-se que a Brigada de Emergência seja formada por colaboradores


pertencentes ao quadro de funcionários da empresa.

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8.0. Métodos de Avaliação de Impactos
Essas técnicas são importantes para tornar transparentes as informações utilizadas
e para facilitar a compreensão dos procedimentos utilizados no estudo. A
representação gráfica em especial, tem importância fundamental para o RIMA, por
se tratar de documento necessáriamente de fácil compreensão pelo público.
A incorporação do conhecimento técnico-científico à avaliação de impacto
ambiental exige a utilização de técnicas e modelos específicos de análise de
vulnerabilidade/sensibilidade de cada fator natural (solo/subsolo, clima/atmosfera,
águas superficiais, águas subterrâneas, biótipo, etc.) e do potencial de danos
representados por cada atividade humana. Um levantamento inicial desse
conhecimento incluindo tecnicas e modelos, foi realizado pelo IBAMA, na primeira
fase do projeto “Tecnologias de Gestão Ambiental”.
Apesar de existir um número relativamente grande de métodos de avaliação de
impactos ambientais a experiência tem demonstrado que todos apresentam
potencialidades e limitações, sendo a escolha dependente da disponibilidade de
dados, das caracteríticas intrínsecas do tipo de empreendimento e dos produtos
finais pretendidos.

8.1. Método “Ad Hoc”


O "Ad Hoc" é um método que utiliza a prática de reuniões entre especialistas de
diversas áreas, para se obter dados e informações, em tempo reduzido,
imprescindíveis à conclusão dos estudos. Estes especialistas são escolhidos de
acordo com as características propostas sob análise, devendo possuir
conhecimento científico e experiência profissional suficientes para dar o maior
respaldo possível ao estudo. O método recebe muitas críticas, pois ainda não se
compreendeu em que situações deve ser empregado, como, por exemplo, quando
não se dispõe de tempo suficiente para a realização de um estudo convencional e
se conta com o apoio de especialistas.

8.2. Método da listagem de controle (“check-list”)


As listagens de controle foram os primeiros métodos de avaliação de impactos
ambientais, em virtude, principalmente, de sua facilidade de aplicação. É uma
simples listagem dos indicadores do meio natural e do meio antrópico utilizados a
análise dos efeitos do projeto plano ou programa e de suas alternativas locais e
tecnológicas. Serve de guia para o levantamento dos dados e informações

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necessários ao estudo, podendo ser acompanhada ou não de uma caracterização
de cada indicador listado (base científica de sua escolha e relação com os demais
indicadores).
Ajustam-se bem ao método "ad hoc", pois num esforço multidisciplinar pode-se
efetuar uma listagem de impactos mais relevantes, mesmo com a limitação de
dados. Existem quatro tipos de listagem: descritiva, comparativa, em questionário
e ponderável.

8.3. Método da sobreposição de cartas (“overlay mapping”)


Este é um método associado á técnica de Sistemas de Informações Geográficas
(SIG), uma vez que deve ser assistido por computador, permitindo a aquisição, o
armazenamento, a análise e a representação de dados ambientais. A essência
deste método é a elaboração e a posterior sobreposição de cartas temáticas (solo,
categoria de declividade, vegetação, etc) de uma determinada área. Exige,
portanto, para uma melhor eficiência, a apresentação dos mapas numa mesma
escala e com um mesmo padrão de detalhamento. A partir da sobreposição dos
temas, que representa o diagnóstico ambiental, são estabelecidas as cartas de
aptidão e restrição de uso do solo, de acordo com a ação prevista para ocorrer.
Atualmente, a técnica de SIG já dispõe de "softwares" avançados para a obtenção
de mapas temáticos, tornando mais ágil a utilização do método em questão. A
seguir, é exposto um exemplo relativo a este método:
Admita a existência dos seguintes mapas temáticos (todos na mesma escala e com
o mesmo padrão de detalhamento) de uma área em que se pretende implantar um
aeroporto:

=========== =========== ===========


I Maior ou igual a 20% I
I _________________ Li I
M C
I Menor que 20% ____________I
I La
=========== =========== ===========
Mapa de Vegetação Mapa de Declividade Mapa dos Solos

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do Terreno
Sendo:
M = Mata
C = Cerrado
Li = Litossolo (solos rasos);
La = Latossolo (solos profundos).
A transformação dos mapas temáticos em informações numéricas pode ser
feita da seguinte forma: 1 = Mata; 2 = Cerrado; 3 = maior ou igual a 20% de
declividade de terreno; 4 = menor que 20% de declividade de terreno; 5 = Latossolo;
e 6 = Litossolo.
Assim temos:
=========== =========== ===========
1 1 1 1 2 2 2 2 3 3 3 3 3 3 3 3 6 6 6 6 5 5 5 5
1 1 1 1 2 2 2 2 3 3 3 3 3 3 3 3 6 6 6 6 5 5 5 5
1 1 1 1 2 2 2 2 4 4 4 4 4 4 4 4 5 5 5 5 5 5 5 5
1 1 1 1 2 2 2 2 4 4 4 4 4 4 4 4 5 5 5 5 5 5 5 5
=========== =========== ===========
Tendo em vista o objetivo de se minimizar o custo de implantação do aeroporto e
os impactos ambientais negativos advindos dessa atividade, foram definidas as
seguintes alternativas de localização do mesmo:
1ª alternativa: Cerrado + menor que 20º + Latossolo
2ª alternativa: Cerrado + maior ou igual a 20º + Latossolo
3ª alternativa: Mata + menor que 20% + Latossolo
Assim, são os seguintes os respectivos mapas de aptidão/restrição da área
segundo essas três alternativas:
=========== =========== ===========
NNNNNNNN NNNNAAAA NNNNNNNN
NNNNNNNN NNNNAAAA NNNNNNNN
NNNNAAAA NNNNNNNN AAAANNNN
NNNNAAAA NNNNNNNN AAAANNNN
=========== =========== ===========
(1ª alternativa) (2ª alternativa) (3ª alternativa)
Sendo:

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N = não apto, pois pelo menos uma restrição não foi atendida.
A = apto, pois todas as restrições foram atendidas.
Dessa forma, pode-se vislumbrar, em mapas, áreas aptas, ou seja, que atendem
as especificações de diferentes alternativas. Essas alternativas, conforme
evidenciado anteriormente, indicam minimização de impactos ambientais negativos
e do custo da obra.

8.4. Métodos dos modelos matemáticos


Este representa o que há de mais moderno em termos de métodos de avaliação de
impactos ambientais, apesar de ter sido desenvolvido no final da década de 70.
Funciona como modelos matemáticos (simulação, regressão, probabilidade,
multivariado, etc.), desde o mais simples aos mais complexos, que permitem
simular a estrutura e o funcionamento dos sistemas ambientais, pela consideração
de todas as relações biofísicas e antrópicas possíveis de serem compreendidas no
fenômeno estudado. Podem ser processadas variáveis qualitativas e quantitativas
e simular, por exemplo, a magnitude de uma determinada ação (atividade)
ambiental sobre um dado fator ambiental. Talvez, a principal crítica ao método seja
a simplificação de uma realidade ambiental pela consideração de uma relação
matemática. A seguir, é exposto um exemplo relativo a este método.
Admita que a seguinte relação matemática tenha a capacidade de estimar a
população residual (que sobreviverá) de um dado animal, quando se desmata uma
área para implantar um aeroporto com 10 hectares, num determinado município
brasileiro:
P = 2x + 5y
Sendo:
P = população residual (que sobreviverá) do animal
x = número de hectares de mata que restará após o desmatamento necessário à
implantação do aeroporto;
y = número de hectares de cerrado que restará após o desmatamento necessário
à implantação de aeroporto.
Admita ainda que, o local onde se pretende implantar o aeroporto tenha a
seguinte cobertura vegetal em termos de área:
Mata = 12 hectares
Cerrado = 21 hectares

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Suponha, agora, que se decidiu pelas seguintes alternativas de desmatamento para
a implantação do referido aeroporto:
ALTERNATIVA A = 7 hectares em mata e 3 hectares em cerrado;
ALTERNATIVA B = 3 hectares em mata e 7 hectares em cerrado;
ALTERNATIVA C = 10 hectares em mata;
ALTERNATIVA D = 10 hectares em cerrado.
Após os cálculos, qual a melhor alternativa para a implantação do aeroporto, em
termos do valor de P? Qual o valor do P para a alternativa testemunha, ou seja,
não implantar o aeroporto?

Respostas:
Alternativa A: Alternativa B:
P = 2(10) + 5 (18) = 110 P = 2(14) + 5 (14) = 98

Alternativa C: Alternativa D:
P = 2(7) + 5 (21) = 119 P = 2(17) + 5 (11) = 89

Alternativa Testemunha (não implantar o aeroporto):


P = 2(17) + 5 (21) = 139
Portanto, a melhor alternativa para a implantação do aeroporto em termos do valor
de P é a C, já que redundará numa população sobrevivente de ordem de 119
indivíduos, ou seja, a maior entre as alternativas propostas. A alternativa
testemunha, por sua vez, apresenta um valor de P igual a 139 indivíduos, o que
significa dizer que é esta a atual população do animal na área.

8.5. Método das Matrizes de Interação


Constitui um tipo de método que utiliza uma figura para relacionar os impactos de
cada ação com o fato ambiental a ser considerado, a partir de quadrículas definidas
pelo cruzamento de linhas e colunas.
Funcionam como listagens de controle bidimensionais, uma vez que as linhas
podem representar as ações impactantes (erradicação da cobertura vegetal,
decapeamento do solo, etc.) e as colunas, os fatores ambientais impactados (solo,
flora, fauna, etc.). As matrizes podem ser qualitativas ou quantitativas:

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• A matriz é qualitativa quando são utilizados os seis critérios de classificação
qualitativa de impactos ambientais para preencheras possíveis relações de
impactos ambientais entre as suas linhas e colunas.
• A matriz é quantitativa quando são utilizados critérios relativos a magnitude dos
impactos, por meio de uso de números ou cores. Estes critérios qualitativos e
quantitativos são explicados no próximo item.

8.6. Método das Redes de Interação


As redes de nteração são construídas para identificar a totalidade das conexões
entre vários efeitos ambientais que podem resultar das intervenções humanas
(como causas). O modo de representar essa cadeia de impactos pode ser a mais
divrsa possível, as comumente são utilizados fluxogramas e gráficos.
Os ambientes urbanos tem concentrado, cada vez mais, população no mundo e,
em especial, no Brasil. Essa concentração, ligada a um crescimento desordenado
e acelerado, tem provocado uma série de mudanças no ambiente. Esta
concentração urbana é da ordem de 80% da população, e o seu desenvolvimento
tem sido realizado de forma pouco planejada, com conflitos institucionais e
tecnológicos. Um dos principais problemas relacionados com a ocupação urbana
são as inundações e os impactos ambientais.
A tendência atual do limitado urbano está levando as cidades a um caos ambiental
urbano com custo extremamente alto para a sociedade. Este caos relaciona-se
principalmente com a contaminação de mananciais superficiais e subterrâneos em
razão do inadequado saneamento, as inundações urbanas devido à ocupação de
área de risco e desenvolvimento da drenagem urbana totalmente imprópria,
ampliando os problemas e gastando os recursos de forma a agravar os problemas,
além da inapropriada disposição de material sólido.
Um problema apresentado pelas análises sobre os impactos ambientais urbanos
refer-se às escalas interpretativas, sejam elas espaciais ou temporais. Um processo
rosivo, por exemplo, está associado a causas múltiplas, temporal e espacialmente
diversificadas, ainda que interligadas. O assoreamento dos rios é um outro exemplo
de processos relacionados tanto a causas locais como a processos mais
abrangentes espacialmente, da mesma forma que com impactos diversificados ao
longo do tempo.

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9.0 Impactos Ambientais em Áreas Urbanas
9.1. O Espaço Urbano e a Distribuição Espacial dos Impactos Ambientais
A Urbanização e a emergência dos problemas ambientais urbanos obrigam os
estudiosos a considerar os pesos variados de localização, distância, topografia,
características geológicas, morfológicas, distribuição da Terra, crescimento
populacional, estruturação social do espaço urbano e o processo de seletividade
suburbana ou segregação espacial.
A suscetibilidade dos solos à erosão, por exemplo, correlaciona-se com as relações
sociais de propriedade e com o acesso das diferentes classes sociais às técnicas
de conservação do solo. Enquanto a classe alta dispõe de grandes áreas que lhe
permitam manter a vegetação e preservar o solo, a classe pobre se aglomera e, ao
aumentar a densidade populacional, altera a capacidade de suporte do solo.
As cidades, historicamente, localizam-se às margens de rios. A incidência das
inundações motivou as classes médias e altas a se afastarem das áreas urbanas
delimitadas como áreas de elevado risco. As inundações continuam e vitimam as
classes pobres. Fugindo das áreas inundáveis e insalubres, as classes mais
favorecidas, que buscam áreas de topografia elevada, só estão sujeitas,
evetualmente, a desoronamentos. A solução do problema da minoria rica se faz
facilmente e, não ramente, com os investimentos pesados na reorientação dos
sistemas de drenagem, construção de muros de arrimo, etc., em detrimento do
investimento no saneamento das áreas ocupadas pela população mais pobre.
Reforça-se, portanto, o grupo dos não-atendidos pelos benefícios dos ivestimentos
urbanos.
A crescente demanda para pesquisar impactos ambientais urbanos está associada
ao fato de que a sociedade e os governantes só há pouco tem problematizado o
ambiente das cidades.
Mas, afinal, o que é uma cidade?
A cidade (polis) é tradicionalmente vista como aglomeração urbana ou um espaço
de assentamento urbano, de obras, de estruturação e funções específicas. A cidade
é mais do que uma aglomeração urbana, ela é o centro da vida social e política
(centro de decisões). A cidade tem ainda o sentido político administrativo como
sede de município. Embora seja composta de diferentes classes sociais, a cidade
é totalidade (Santos, 1994), e suas partes dispõem de movimento combinado. A

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cidade é ainda, para a ecologia humana, um sistema aberto e complexo em que
ordem e desordem acham-se relacionadas.
Quais são os problemas e desafios decorrentes de uma investigação conduzida na
cidade? Como transformar o fato ecológico urbano em fenômeno social?
Para isso ocorrer é preciso indagar, ao mesmo tempo, sobre os problemas relativos
tanto aos conceitos e às teorias sobre cidade quanto aos conceitos usuais de
impacto ambiental urbano.
O estudo exaustivo e fragmentado do meio biofísico natural (clima, relevo,
vegetação), de um lado, e do meio artificial (caracteres da população e condições
de habitação, meios técnicos), de outro, acaba por resultar numa classificação
ntelectualmente passiva que separa impactos físicos dos impactos sociais. Resulta
também numa classificação de impactos positivos e negativos sem avaliar o que é
positivo para uma classe social pode não ser para outra ou o que é positivo num
momento do processo pode não ser em outro.
No exame dos impactos ambientais na cidade, a multimensionalidade não pode ser
negligenciada. Hão que se questionar os pesos diferenciados da localização,
topografia, rede de drenagem, uso do solo, traçado das ruas, etc. A disposição das
ruas, por exemplo, que, ao se entrecruzarem, formam ângulos retos, tende a
aumentar o volume e as velocidades – dependendo da inclinação do terreno – e a
vertializar os caminhos das águas, facilitando erosão em áreas de elevo e
composição de terreno vulneráveis e desprovidas de infra-estrutura básica (Guerra
el al., 1988) outros impactos ambientais relacionam-se a:
• Politicas públicas que estimulam desigualdades sociais;
• Realidade social em suas diversas dimensões; e
• Forças sociais (locais e globais) que influenciam a (re) estruturação
socioespacial, interna à cidade e externa, abangendo um espaço regional mais
amplo.
Os estudos fundamentados na análise dos processos sociais e ecológicos,
complexos e dinâmicos podem auxiliar o planejamento urbano de longo prazo. A
perspectiva de desenvolvimento sustentável adotada pelos países tem influenciado
a aplicação da noção de sustentabilidade (divulgada pelo Relatório Brumdtland de
1987) às cidades, ou seja, formas planejadas de apropriação e uso do meio
ambiente, de acordo com critérios de crescimento populacional e econômico, que

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restringem a pressão sobre o meio ambiente físico e perseguem modelos de
eficiência e equidade na distribuição de recursos.
Abordagens de Impactos Ambientais e Mitigação nas Cidades
Abordagens não embasadas em pressupostos teórico-metodológicos claramente
definidos podem induzir a soluções mitigadoras de impactos ambientais
inadequados. Uma das preocupações da ecologia política do meio ambiente tem
sido como as decisões políticas e econômico-financeiras são tomadas de maneira
a não enfrentar de modo duradouro os problemas de suscetibilidade do solo à
erosão e a inviabilizar programas de conservação deste.
O conceito de gestão guarda similaridades com as diversas formas de cooperação
e, consequentemente, com o conceito de autogestão.
Crescem, assim, no âmbito incial da cidade, mas com tendência de expandirem-se
às áreas ruruais, as demandas por participação nas decisões e ações por parte dos
atores sociais, novos e antagônicos: governos (órgãos federais, estaduais e
municipais) e empresas imobiliárias, de um lado, e os movimentos sociais, as
organizações não-governamentais, de outro. Não obstante, a gestão que
efetivamente reflita o tecido social em que o Estado-Governo compartilhe com a
sociedade civil as responsabilidades das decisões e das execuções.
As análises de estruturação e desestruturação no espaço em face das mudanças
promovidas por fatores internos e externos, são fundamentais à compreensão d
distribuição socioespacial dos custos e benefícios. A discussão sobre perdas
(migrações, movimentos de massa, poluição, degradação do solo, etc.) é
reveladora do crescimento das desigualdades no interior de uma sociedade e de
como as classes se espaçam e sofrem os impactos ambientais no espaço interno
e externo à cidade.
Padrões de Qualidade do Ar
A seguir está transcrito a Resolução CONAMA nº 3, de 28 de junho de 1990 – que
complementa a resolução de nº 5, de 15 de junho de 1989 que dispõe sobre o
Programa Nacional de Controle da Poluição do Ar – PRONAR.
O Conselho Nacional do Meio Ambiente – CONAMA, no uso das atribuições que
lhe confere o Inciso II, do Art. 6º, da Lei nº 7.804, de 18 de junho de 1989, e tendo
em vista o disposto na Lei nº 8.028, de 12 de abril de 1990, Decreto nº 99.274, de
6 de junho de 1990 e:

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Considerando a necessidade de ampliar o número de poluentes atmosféricos
passíveis de monitoramento e controle no País;
Considerando que a Portaria GM 0231, de 27 de abril de 1976, previa o
estabelecimento de novos padrões de qualidade do ar quando houvesse
informação científica a respeito;
Considerando o previsto na Resolução CONAMA nº 5, de 15 de junho de 1989, que
instituiu o Programa Nacional de Controle da Qualidade do Ar “PRONAR”, resolve:
Artigo 1º - São padrões de qualidade do ar as concentrações de poluentes
atmosféricos que, ultrapassadas, poderão afetar a saúde, a segurança e o bem-
estar da população, bem como ocasionar danos à flora e à fauna, aos materiais e
ao meio ambiente em geral.
Parágrafo Único - Entende-se como poluente atmosférico qualquer forma de
matéria ou energia com intensidade e em quantidade, concentração, tempo ou
características em desacordo com os níveis estabelecidos, e que tornem ou
possam tornar o ar:
I - impróprio, nocivo ou ofensivo à saúde;
II - inconveniente ao bem-estar público;
III - danoso aos materiais, à fauna e flora.
IV - prejudicial à segurança. ao uso e gozo da propriedade e às atividades
normais da comunidade.
Artigo 2º - Para os efeitos desta Resolução ficam estabelecidos os seguintes
conceitos:
I - Padrões Primários de Qualidade do Ar são as concentrações de poluentes
que, ultrapassadas, poderão afetar a saúde da população.
II - Padrões Secundários de Qualidade do Ar são as concentrações de
poluentes abaixo das quais se prevê o mínimo efeito adverso sobre o bem-estar da
população, assim como o mínimo dano à fauna, à flora, aos materiais e ao meio
ambiente em geral.
Parágrafo Único - Os padrões de qualidade do ar serão o objetivo a ser atingido
mediante à estratégia de controle fixada pelos padrões de emissão e deverão
orientar a elaboração de Planos Regionais de Controle de Poluição do Ar.
Artigo 3º - Ficam estabelecidos os seguintes Padrões de Qualidade do Ar:
I - Partículas Totais em Suspensão

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a) Padrão Primário
1 - concentração média geométrica anual de 80 (oitenta) microgramas por metro
cúbico de ar.
2 - concentração média de 24 (vinte e quatro) horas de 240 (duzentos e quarenta)
microgramas por metro cúbico de ar, que não deve ser excedida mais de uma vez
por ano.
b) Padrão Secundário
1 - concentração média geométrica anual de 60 (sessenta) micro gramas por metro
cúbico de ar.
2 - concentração média de 24 (vinte e quatro) horas de 150 (cento e cinqüenta)
microgramas por metro cúbico de ar, que não deve ser excedida mais de uma vez
por ano.
II - Fumaça
a) Padrão Primário
1 -concentração média aritmética anual de 60 (sessenta) microgramas por metro
cúbico de ar.
2 -concentração média de 24 (vinte e quatro) horas de 150 (cento e cinqüenta)
microgramas por metro cúbico de ar, que não deve ser excedida mais de uma vez
por ano.
b) Padrão Secundário
1 - concentração média aritmética anual de 40 (quarenta) microgramas por metro
cúbico de ar.
2 - concentração média de 24 (vinte e quatro) horas de 100 (cem) microgramas por
metro cúbico de ar, que não deve ser excedida uma de urna vez por ano.
III - Partículas Inaláveis
a) Padrão Primário e Secundário
1- concentração média aritmética anual de 50 (cinqüenta) microgramas por metro
cúbico de ar.
2 - concentração média de 24 (vinte e quatro) horas de 150 (cento e cinqüenta)
microgramas por metro cúbico de ar, que não deve ser excedida mais de uma vez
por ano.
IV - Dióxido de Enxofre
a) Padrão Primário

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1- concentração média aritmética anual de 80 (oitenta) microgramas por metro
cúbico de ar.
2- concentração média de 24 (vinte e quatro) horas de 365 (trezentos e sessenta e
cinco) microgramas por metro cúbico de ar, que não deve ser excedida mas de uma
vez por ano.
b) Padrão Secundário
1 - concentração média aritmética anual de 40 (quarenta) microgramas por metro
cúbico de ar.
2 - concentração média de 24 (vinte e quatro) horas de,100 (cem) microgramas por
metro cúbico de ar, que não deve ser excedida mas de urna vez por ano.
V-Monóxido de carbono
a) Padrão Primário e Secundário
1- concentração médio de 8 (oito) horas de 10.000 (dez mil) microgramas por metro
cúbico de ar (9 ppm), que não deve ser excedida mais de uma vez por ano.
2 - concentração média de 1 (urna) hora de 40.000 (quarenta mil) microgramas por
metro cúbico de ar (35 ppm), que não deve ser excedida mais de uma vez por ano.
VI-Ozônio
a) Padrão Primário e Secundário
1 - concentração média de 1 (uma) hora de 160 (cento e sessenta) microgramas
por metro cúbico do ar, que não deve ser excedida mais de uma vez por ano.
VII - Dióxido de Nitrogênio
a) Padrão Primário
1 - concentração média aritmética anual de 100 (cem) microgramas por metro
cúbico de ar.
2 - concentração média de 1 (uma) hora de 320 (trezentos e vinte) microgramas
por metro cúbico de ar.
b) Padrão Secundário
1- concentração média aritmética anual de 100 (cem) microgramas por metro
cúbico de ar.
2 - concentração média de 1 (uma) hora de 190 (cento e noventa) microgramas por
metro cúbico de ar.
Artigo 5º - O monitoramento da qualidade do ar é atribuição dos Estados.

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Artigo 6º - Ficam estabelecidos os Níveis de Qualidade do Ar para elaboração do
Plano de Emergência para Episódios Críticos de Poluição do Ar, visando
providências dos governos de Estado e dos Municípios, assim como de entidades
privadas e comunidade geral, com o objetivo de prevenir grave e iminente risco à
saúde à saúde da população.
Parágrafo lº - Considera-se Episódio Crítico de Poluição do Ar a presença de altas
concentrações de poluentes na atmosfera em curto período de tempo, resultante
da ocorrência de condições meteorológicas desfavoráveis à dispersão dos
mesmos.
Parágrafro 2º - Ficam estabelecidos os Níveis de Atenção, Alerta e Emergência,
para a execução do Plano.
Parágrafo 3º - Na definição de qualquer dos níveis enumerados poderão ser
consideradas concentrações de dióxido de enxofre, partículas totais em suspensão,
produto entre partículas totais em suspensão e dióxido de enxofre, monóxido de
carbono, ozônio, partículas inaláveis, fumaça, dióxido de nitrogênio, bem como a
previsão meteorológica e os fatos e fatores intervenientes previstos e esperados.
Parágrafo 4º - As providências a serem tomadas a partir da ocorrência dos Níveis
de Atenção e de Alerta tem por objetivo evitar o atingimento do Nível de
Emergência.
Parágrafo 5º - O Nível de Atenção será declarado quando, prevendo-se a
manutenção das emissões, bem como condições meteorológicas desfavoráveis à
dispersão dos poluentes nas 24 (vinte e quatro) horas subseqüentes, for atingida
urna ou mais das condições a seguir enumeradas:
a) concentração de dióxido de enxofre (SO2), média de 24 (vinte e quatro)
horas, de 800 (oitocentos) microgramas por metro cúbico;
b) concentração de partículas totais em suspensão, média de 24 (vinte e
quatro) horas, de 375 (trezentos e setenta e cinco) microgramas por metro cúbico;
c) produto, igual a 65x103, entre a concentração de dióxido de enxofre (SO2)
e a concentração de partículas totais em suspensão - ambas em microgramas por
metro cúbico, média de 24 (vinte e quatro) horas;
d) concentração de monóxido de carbono (CO), média de 08 (oito) horas, de
17.000 (dezessete mil) microgramas por metro cúbico (15 ppm);

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e) concentração de ozônio, média de 1 (uma) hora. de 400 (quatrocentos)
microgramas por metro cúbico;
f) concentração de partículas inaláveis, média de 24 (vinte e quatro) horas,
de 250 (duzentos e cinqüenta) microgramas por metro cúbico;
g) concentração de fumaça, média de 24 (vinte e quatro) horas, de 250
(duzentos e cinqüenta) microgramas por metro cúbico.
h) concentração de dióxido de nitrogênio (NO2), média de 1 (uma) hora, de
1130 (hum mil cento e trinta) microgramas por metro cúbico.
Parágrafo 6º - O Nível de Alerta será declarado quando, prevendo-se a
manutenção das emissões, bem como condições meteorológicas desfavoráveis à
dispersão de poluentes nas 24 (vinte e quatro) horas subseqüentes, for atingida
uma ou mais das condições a seguir enumeradas:
a) concentração de dióxido de enxofre (SO2), média de 24 (vinte e quatro)
horas, 1.600 (hum mil e seiscentos) microgramas por metro cúbico;
b) concentração de partículas totais em suspensão, média de 24 (vinte e
quatro) horas, de 625 (seiscentos e vinte e cinco) microgramas por metro cúbico;
c) produto, igual a 261 x 103, entre a concentração de dióxido de
enxofre(SO2) e a concentração de partículas totais em suspensão - ambas em
microgramas por metro cúbico, média de 24 (vinte e quatro) horas;
d) concentração de monóxido de carbono (CO), média de 8 (oito) horas, de
34.000 (trinta e quatro mil) microgramas por metro cúbico (30 ppm);
e) concentração de ozônio, média de 1 (uma) hora. de 800 (oitocentos)
microgramas por metro cúbico;
f) concentração de partículas inaláveis, média de 24 (vinte e quatro) horas,
de 420 (quatrocentos e vinte) microgramas por metro cúbico.
g) concentração de fumaça. média de 24 (vinte e quatro) horas, de 420
(quatrocentos e vinte) microgramas por metro cúbico.
h) concentração de dióxido de nitrogênio (NO2), média de 1(urna) hora de
2.260 (dois mil, duzentos e sessenta) microgramas por metro cúbico:
Parágrafo 7º - O nível de Emergência será declarado quando prevendo-se a
manutenção das emissões, bem como condições meteorológicas desfavoráveis à
dispersão dos poluentes nas 24 (vinte e quatro) horas subseqüentes, for atingida
uma ou mais das condições a seguir enumeradas:

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a) concentração de dióxido de enxofre (SO2 ); média de 24 (vinte e quatro)
horas, de 2.100 (dois mil e cem) microgramas por metro cúbico;
b) concentração de partículas totais em suspensão, média de 24 (vinte e
quatro) horas, de 875 (oitocentos e setenta e cinco) microgramas por metro cúbico;
c) produto, igual a 393 x 103, entre a concentração de dióxido de enxofre
(SO2) e a concentração de partículas totais em suspensão - ambas em
microgramas por metro cúbico, média de 24 (vinte e quatro) horas;
d) concentração de monóxido de carbono (CO), média de 8 (oito) horas, de
46.000 (quarenta e seis mil) microgramas por metro cúbico (40 ppm);
e) concentração de ozônio, média de 1 (uma) hora de 1.000 (hum mil)
microgramas por metro cúbico;
f) concentração de partículas inaláveis, média de 24 (vinte e quatro) horas,
de 500 (quinhentos) microgramas por metro cúbico;
g) concentração de fumaça, média de 24 (vinte e quatro) horas, de 500
(quinhentos) microgramas por metro cúbico;
h) concentração de dióxido de nitrogênio (NO2), média de 1 (uma) hora de
3.000 (três mil) microgramas por metro cúbico.
Parágrafo 8º - Cabe aos Estados a competência para indicar as autoridades
responsáveis pela declaração dos diversos níveis, devendo as declarações efetuar-
se por qualquer dos meios usuais de comunicação de massa.
Parágrafo 9º - Durante a permanência dos níveis acima referidos, as fontes de
poluição do ar ficarão, na área atingida sujeitas às restrições previamente
estabelecidas pelo órgão de controle ambiental.
Artigo 7º - Outros Padrões de Qualidade do Ar para poluentes, além dos aqui
previstos, poderão ser estabelecidos pelo CONAMA, se isto vier a ser julgado
necessário.
Artigo 8º - Enquanto cada Estado não deferir as áreas de Classe I, II e III
mencionadas no item 2, subitem 2.3, da Resolução/CONAMA nº 005/89, serão
adotados os padrões primários de qualidade do ar estabelecidos nesta Resolução.
Artigo 9º - Esta Resolução entra em vigor na data de sua publicação, revogadas
as disposições em contrário.
Frisamos que a qualidade do ar é apenas um dos vários fatores que devem ser
observados e controlados em métrópoles como São Paulo. Em partes ambientais

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como os apresentados acontecem indiscriminavelmente, e por isso, deve-se
sempre, antes de investigar em determinados investimentos, avaliar quais impactos
estes acarretarão ao meio ambiente. Façamos nossa parte. O meio ambiente e,
consequentemente, a vida humana agradece.

10.0. Referências Bibliográficas


BOLEA, M. E. Evolução do Impacto Ambiental. Madrid: Fundación Mafpre, 1984
FEAM/MG. Formato Básico para EIA/RIMA. Belo Horizonte

Fernandes, E. N Sistema Inteligente de Apoio ao Processo de Avaliação de


Impactos Ambientais de Atividades Agropecuárias, Viçosa, MG: UFV, 1997

IBAMA. O Conhecimento Técnico Científico Voltado para Instrumentos de


Planejamento e Gestão Ambiental. Brasília, DF: 1994

MOREIRA, I.D. Avaliação de Impacto Ambiental. Rio de Janeiro, RJ: FEEMA/RJ


Santos, M Técnica, Espaço, Tempo. São Paulo, SP: Hucitec.
SILVA, Elias. Técnicas de Avaliação de Impactos Ambientais. Viçosa. CPT

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR ISO 14001:2015 –


Sistemas de gestão ambiental – Requisitos com orientações para uso. Rio de
Janeiro, 2015. 41 p.

AGSTAR Biogas Recovery in the Agriculture Sector Share, EPA - US Environmental


Protection Agency: Safety Practices for On-Farm Anaerobic Digestion Systems.

Disponível em: https://www.epa.gov/sites/production/files/2014-


12/documents/safety_practices.pdf

Ministério do Meio Ambiente – MMA: Roteiro para elaboração de Plano de Ação


deEmergência – PAE. Disponível em:
http://www.mma.gov.br/estruturas/sqa_p2r2_1/_arquivos/roteiro_pae.pdf

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