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Brasília - DF
2022
Aplicação do Índice de Vegetação por Diferença Normalizada (NDVI) na
Estação Ecológica de Águas Emendadas (ESEC-AE) no Distrito Federal
1. Introdução
Os Índices de Vegetação são modelos matemáticos – ou algoritmos –
baseados no sensoriamento remoto, que avaliam e caracterizam a cobertura vegetal
em uma determinada área de acordo com a sua reflectância, isto é, na sua
capacidade de refletir a luz solar de acordo com as características do seu
desenvolvimento. Esses índices são utilizados para a interpretação de uma série de
fatores da vegetação, como o seu desenvolvimento, a cobertura do solo, sua
biomassa, ausência de determinados nutrientes, entre outros. Dentre as principais
vantagens ao utilizar índices de vegetação estão a praticidade e a assertividade das
análises.
De acordo com Ponzoni (2001), a aparência da cobertura vegetal em
determinado produto de Sensoriamento Remoto é fruto de um processo complexo
que envolve muitos parâmetros e fatores ambientais. O que é efetivamente medido
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por um sensor remotamente situado, oriundo de determinada vegetação, não pode
ser explicado somente pelas características intrínsecas dessa vegetação, inclui
também a interferência de vários outros parâmetros e fatores tais como: a fonte de
radiação, o espalhamento atmosférico, as características tanto das folhas quanto do
dossel, os teores de umidade do solo, a interferência da reflectância do solo, sombra,
entre outros.
Existem diversos índices de vegetação que podem ser utilizados no
monitoramento ambiental, dentre esses podem ser citados: NDVI (Índice de
Vegetação por Diferença Normalizada), Índice de Vegetação Ajustado ao Solo (SAVI)
e Índice de Área Foliar (IAF). A utilização desses índices facilita a obtenção e
modelagem de parâmetros biofísicos das plantas, além de fornecer importantes
informações sobre a evapotranspiração das plantas.
Segundo Boratto e Gomide (2013),
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Ressalta-se que a cobertura vegetal se apresenta como um fator de grande relevância
na manutenção dos recursos naturais. Dessa forma,
Além de exercer papel essencial na manutenção do ciclo da
água, protege o solo contra o impacto das gotas de chuva,
aumentando a porosidade e a permeabilidade do solo através
da ação das raízes, reduzindo o escoamento superficial,
mantendo a umidade e fertilidade do solo pela presença de
matéria orgânica (BELTRAME, 1994, p. 14).
2. Materiais e Métodos
2.1 Área Interesse
A área de interesse consiste na Estação Ecológica Águas Emendadas,
localizada no extremo nordeste do Distrito Federal, a uma distância de 50 quilômetros
do centro de Brasília. Possui área de 10.547 hectares. A ESEC-AE abriga muito mais
que recursos hídricos estratégicos (Córrego Fumal e Ribeirão Mestre D’Armas). Para
começar, o que dá origem ao seu nome é um singular e importante fenômeno natural
em que, de uma mesma vereda, vertem águas para duas grandes bacias
hidrográficas (Rio Maranhão, que deságua no Rio Tocantins; e São Bartolomeu, que
flui para a Bacia do Rio Paraná).
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Além de ser fonte de captação de água para abastecimento público da região,
operada e mantida pela Companhia de Saneamento Ambiental do DF (CAESB),
Águas Emendadas é considerada importante, até mesmo por organismos
internacionais, porque nela estão representados, e muito bem preservados, diferentes
espécies do Cerrado. Tanto que, em 1992, pelo seu excelente estado de
conservação, a Estação Ecológica passou a integrar a área-núcleo da Reserva da
Biosfera do Cerrado, criada pela Organização das Nações Unidas para a Educação,
a Ciência e a Cultura (UNESCO).
Além da relevância ambiental, a importância histórica e patrimonial da ESEC-
AE é marcante, tendo aparecido no primeiro registro da região, feito no Relatório da
Comissão Exploradora do Planalto Central, coordenado por Luís Cruls, em 1892. A
Lagoa Bonita, bem como a vereda onde encontra-se o fenômeno hidrológico
conhecido hoje como “Águas Emendadas”, foi referência usada pela Missão Cruls na
escolha da área da Capital Federal.
A vegetação é de várzea grande, cerrado, campo cerrado, campo sujo, campo
limpo, mata de galeria alagada e não alagada, veredas, campo úmido e campo de
murundus. Além disso, um grande número de animais do cerrado podem ser
encontrados dentro da área da Estação de Águas Emendadas. Alguns mamíferos
ameaçados de extinção como o lobo-guará, o veado-campeiro, o tamanduá-bandeira
e o tatu-canastra. Também podem ser encontradas várias aves incomuns como
tucanos, papagaios, carcarás e seriemas.
Para facilitar o entendimento acerca da área selecionada, fez-se necessário a
produção de um mapa de localização definindo os limites da estação ecológica pelo
software QGIS 3.16.
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Figura 1 - Delimitação da Unidade de Conservação
Fonte: Própria
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do IBRAM. Dessa forma, como a área interesse era a Estação Ecológica de Águas
Emendadas, pelo QGIS foi possível exportar apenas a feição da UC da ESECAE.
Para uma melhor localização da área, também foi utilizada a imagem do
Satélite Google, com a delimitação da Unidade de Conservação.
Com as imagens obtidas por meio do USGS, foi aplicada uma máscara para
os 4 (quatro) anos selecionados para a análise ser apenas integrada dentro da
Estação Ecológica, ou seja, as imagens rasters foram recortadas por meio de
máscara.
Após isso, foi possível aplicar a Calculadora Raster do QGIS 3.16, para a
obtenção do NDVI para os respectivos anos: 2015, 2017, 2019 e 2021.
NDVI = (NIR-Vermelho)
(NIR+Vermelho)
Formula 1. NDVI
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Onde o NIR é uma luz quase infravermelha e Vermelho é uma luz vermelha
visível.
Para cálculo do índice NDVI no QGIS, foi utilizada a calculadora raster QGIS,
carregando os dados necessários para as Bandas 4 e 5 do satélite Landsat 8, que foi
o satélite escolhido para obtenção das imagens para os anos de 2015, 2017, 2019 e
2021 na Estação Ecológica.
Nisso, a fórmula se deu a seguinte:
3. Resultados e Discussões
Como deve saber, os resultados do cálculo variam de -1 a 1. Os valores negativos
do NDVI correspondem a áreas com superfícies de água, estruturas construídas pelo
homem, rochas, nuvens e neve; o solo descoberto cai normalmente dentro do
intervalo 0,1 – 0,2; e as plantas terão sempre valores positivos entre 0,2 e 1. A
vegetação saudável e densa deve estar acima de 0,5, e a vegetação escassa cairá
muito provavelmente dentro do intervalo 0,2 – 0,5. No entanto, é apenas uma regra
geral e você deve ter sempre em conta a estação do ano, o tipo de planta e as
peculiaridades regionais para saber exatamente o que significam seus valores.
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Na maioria dos casos, valores do NDVI entre: 0,2 e 0,4 correspondem a áreas
com vegetação escassa; vegetação moderada tende a variar entre 0,4 e 0,6; qualquer
coisa acima de 0,6 indica a maior densidade possível de folhas verdes.
Vale ressaltar que grande parte dos sensores remotos orbitais, são sensores
ópticos, pois operam na faixa de 0,38 - 15 µm do espectro eletromagnético, a qual
está subdividida em quatro sub-regiões: visível (azul, verde e vermelho),
infravermelho próximo, médio e termal. Cada objeto da superfície terrestre, devido à
sua composição física e química, apresenta um comportamento espectral particular
em relação aos comprimentos de ondas em cada uma destas regiões.
O dossel da vegetação verde, por exemplo, absorve fortemente a radiação
solar incidente na região do vermelho (0,55 – 0,70 µm), devido à presença de alta
quantidade de pigmentos de clorofila e de carotenos existentes na folha. Por outro
lado, a vegetação verde tem uma alta reflectância na região do infravermelho próximo
(0,70 – 1,30 µm), devido às características estruturais das folhas e efeitos fenológicos
do dossel (Guyot et al., 1989).
Nesse sentido, de acordo com os resultados obtidos, nota-se que a
classificação dos índices permaneceu praticamente a mesma, conforme a legenda de
cada mapa. Porém, quando se olha efetivamente para os mapas nota-se que houve
diferença na vegetação no decorrer dos anos.
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Dessa forma, os resultados obtidos foram, respectivamente:
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Figura 4 - NDVI obtido para o ano de 2017
Fonte: Própria
Em 2017, no geral, nota-se que a vegetação foi prejudicada mais que nos
demais anos. Além disso, um fator que chama bastante atenção é o corpo hídrico
presente no local, que foi bastante prejudicado, pois a quantidade de água presente
na superfície diminuiu consideravelmente, sendo considerada, portanto, como um
objeto inanimado por seu índice estar entre -0.21 a 0, conforme figura 2. Com relação
aos demais índices dentro da UC, estes se comportaram praticamente os mesmos
considerando os outros anos. Dessa forma, variaram entre 0.22 e 0.44, sendo o
primeiro classificado pela vegetação/plantas doentias, e o segundo pela
vegetação/plantas moderadamente saudáveis.
Além disso, ressalta-se que um grande fator que contribuiu para essa
diminuição dos índices, e principalmente da presença de água na superfície, foi a
seca que atingiu o Distrito Federal em 2016, acarretando diversos efeitos negativos
na UC e maximizando os impactos/efeitos que são provocados pela seca.
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Figura 5 - NDVI obtido para o ano de 2019
Fonte: Própria
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Figura 6 - NDVI obtido para o ano de 2021
Fonte: Própria
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4. Considerações Finais
Foi possível concluir que, um índice de vegetação ideal minimiza os efeitos
variáveis de brilho de fundo, enquanto enfatiza variações das medidas decorrentes
da variação da densidade de vegetação. O Índice de Vegetação por Diferença
Normalizada (NDVI - Normalized Difference Vegetation Index) tem sido amplamente
utilizado por proporcionar um forte sinal da vegetação, e oferecer um bom contraste
com outros objetos da superfície terrestre (Tucker e Sellers, 1986).
Muitas combinações entre a reflectância dos canais da região do vermelho e
do infravermelho próximo têm sido propostas. A obtenção do máximo contraste entre
as propriedades das folhas, é melhor caracterizar o vigor da vegetação. Estas
combinações têm sido denominadas de índices de vegetação, e compactam as
informações de dois canais espectrais em um só.
Sendo assim, o uso de ferramentas para o processamento de imagens de
satélite, especificamente o NDVI, mostrou-se bastante eficiente e preciso para a
análise da cobertura vegetal da Estação Ecológica de Águas Emendadas. Nesse
sentido, foi possível entender como a estação do ano interfere na saudabilidade da
vegetação, bem como a importância que o NDVI tem para realizar análises ambientais
nesse aspecto, onde os níveis, ou índices de cobertura vegetal representam as reais
condições de conservação e de degradação ambiental da área que for ser estudada.
5. Referências
EARTH OBSERVING SYSTEM. NDVI: Tudo o que você precisa saber sobre o
índice. Disponível em: <https://eos.com/pt/blog/ndvi-
faq/#:~:text=Como%20%C3%89%20Calculado%20O%20NDVI,%C3%A9%20uma%
20luz%20vermelha%20vis%C3%ADvel.>. Acesso em: 02 de jun. 2022.
FONSECA, Elaine Lima; LOCATELLI, Marília; FILHO, Eliomar Pereira Silva. NDVI
aplicado na detecção de degradação de pastagens cultivadas. Disponível em:
<https://journals.openedition.org/confins/13180?lang=pt>. Acesso em: 05 de jun.
2022.
MELO, Ewerton Torres; SALES; Marta Celina Linhares; OLIVEIRA, José Gerardo
Bezerra. Aplicação do Índice de Diferença Normalizada (NDVI) para Análise da
Degradação Ambiental da Microbacia Hidrográfica do Riacho dos Cavalos,
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Cratéus-CE. Disponível em:
<https://revistas.ufpr.br/raega/article/view/24919/16717>. Acesso em: 03 de jun.
2022.
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