Revista Brasileira de Geografia Física v.15, n.02 (2022) 1128-1141.

Revista Brasileira de
Geografia Física
ISSN:1984-2295
Homepage:https://periodicos.ufpe.br/revistas/rbgfe

Análise Multicritério da Suscetibilidade Erosiva da Microbacia Hidrográfica da

Barragem de Pau dos Ferros/RN
Adriano de Araújo Aires1, Joseane Dunga da Costa2, Joel Medeiros Bezerra2, Alana Ticiane Alves do Rêgo3

1
Graduando em Engenharia Sanitária e Ambiental na Universidade Federal Rural do Semi-árido (UFERSA), Centro Multidisciplinar de Pau dos Ferros
(CMPF). adrianoaraujo2010@live.com. ²Professor do Departamento de Engenharias e Tecnologia (DETEC), Centro Multidisciplinar de Pau dos Ferros
(CMPF), Universidade Federal Rural do Semi-árido (UFERSA). joseane.costa@ufersa.edu.br; joel.medeiros@ufersa.edu.br. 3Mestranda em Ciências
Naturais pelo Programa de Pós-Graduação de Ciências Naturais (PPGCN) da Universidade Estadual do Rio Grande do Norte (UERN).
alana_ticiane10@hotmail.com
Artigo recebido em 11/05/2021 e aceito em 26/03/2022
RESUMO
O presente estudo teve como objetivo avaliar o potencial de suscetibilidade à erosão na Microbacia Hidrográfica da
Barragem de Pau dos Ferros/RN (MHBPF) por meio da análise multicritério. Foram aplicadas técnicas de
geoprocessamento e sensoriamento remoto atrelado ao método multicritério do Processo Analítico Hierárquico (AHP)
para identificação e classificação das áreas propensas a suscetibilidade à erosão na microbacia. Sendo utilizados os
atributos associados à litologia, pedologia, precipitação declividade e Índice de Vegetação da Diferença Normalizada
(NDVI), para a ponderação dos critérios na área de estudo. Os resultados obtidos demonstraram que a microbacia possui
uma significativa propensão a processos erosivos de Média e Alta suscetibilidade, com base nos cinco componentes da
avaliação da suscetibilidade erosiva e as cinco classes que resultaram no mapa de síntese. A classe Média apresentou uma
ocorrência de 68,72 %, o que representa uma área de 1.381,07 km², enquanto, a classe Alta 19,63 %, equivalente a 394,44
km². A soma destas áreas equivale a 1.775,51 km², representando um percentual de 88,35 %, do território da microbacia.
Dessa forma, a MHBPF demonstrou grande potencialidade e fragilidade de sua unidade territorial em relação aos
processos erosivos. A identificação desses processos e da contribuição relativa de cada parâmetro avaliado poderá
contribuir consideravelmente para seu planejamento ambiental, territorial e para a gestão integrada dos recursos hídricos
e naturais na área de estudo.
Palavras-Chave: Sistema de Informação Geográfica. Processo Analítico Hierárquico. Planejamento ambiental. Erosão.

Multicriteria Analysis of the Erosive Susceptibility of the Watershed of the Pau

dos Ferros/RN Dam
ABSTRACT
The present study aimed to assess the potential for susceptibility to erosion in the Hydrographic Microbasin of the Pau
dos Ferros / RN Dam (MHBPF) through multicriteria analysis. Geoprocessing and remote sensing techniques linked to
the multicriteria method of the Hierarchical Analytical Process (AHP) were applied to identify and classify areas prone
to susceptibility to erosion in the watershed. The attributes associated with lithology, pedology, precipitation, slope and
Normalized Difference Vegetation Index (NDVI) were used to weight the criteria in the study area. The results obtained
demonstrated that the microbasin has a significant propensity to erosive processes of Medium and High susceptibility,
based on the five components of the erosive susceptibility assessment and the five classes that resulted in the synthesis
map. The middle class had an occurrence of 68.72 %, which represents an area of 1,381.07 km², while the upper class
19.63 %, equivalent to 394.44 km². The sum of these areas is equivalent to 1,775.51 km², representing a percentage of
88.35 %, of the microbasin territory. In this way, the MHBPF demonstrated great potential and fragility of its territorial
unit in relation to the erosive processes. The identification of these processes and the relative contribution of each
parameter evaluated can contribute considerably to its environmental and territorial planning and to the integrated
management of water and natural resources in the study area.
Keywords: Geographic Information System. Hierarchical Analytical Process. Environmental planning. Erosion.

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Introdução
Nas últimas décadas, houve um grande
aumento no debate de questões interligadas ao
gerenciamento e a disponibilidade de recursos
hídricos frente à períodos de estiagem prolongados
vivenciados em regiões semiáridas, observadas no
Nordeste brasileiro (Gouveia e Pedrosa, 2015).
Dentre os distintos aspectos observados nessa
região, a escassez de precipitações, estresse
hídrico, elevados níveis de evapotranspiração e
redução dos níveis de água em reservatórios de
superfície e subterrâneos por um determinado
período (Cunha et al., 2017), remetem a
necessidade de uma gestão ordenada e ações
emergenciais frente a essa situação crítica.
Para o atendimento de um adequado
planejamento urbano e ambiental, bem como para
a gestão dos recursos hídricos, o estudo de bacias
hidrográficas toma-se como um artifício relevante
na avaliação de seus processos hidrológicos e os
ciclos das águas de uma dada região, traduzindo-se
em pesquisar sua composição, processo e
interações e, por fim, prever a fragilidade erosiva
através da correlação de informações de aspectos
físicos do território (Cunha e Guerra, 1996).
Inserido nesse contexto, tem-se a
ocorrência da susceptibilidade erosiva hídrica de
uma unidade territorial, a qual depende das
diferentes variáveis condicionantes e dos diversos
agentes que atuam em intensidades diferentes sobre
as estruturas de acordo com as zonas climáticas que
estão inseridas (Silva e Machado, 2014). Embora a
erosão hídrica seja um processo natural e de
essencial importância para manter os sistemas
fluviais, quando agravada pelas alterações
antrópicas, é a principal causadora da degradação
física, química e biológica do solo, o que decorre
na degradação ambiental, tornando os solos menos
produtivos e o ambiente desequilibrado (Chalise,
Kumar e Kristiansen, 2019).
Inserida no semiárido nordestino
brasileiro, especificamente no recorte espacial da
região do Alto Oeste Potiguar do Rio Grande do
Norte, evidencia-se a Microbacia Hidrográfica da
Barragem de Pau dos Ferros/RN (MHBPF) na qual
atualmente remete a cenários que refletem
problemáticas voltadas ao gerenciamento e
ordenamento dos recursos hídricos, em decorrência
da inadequada dinâmica multitemporal do uso e
ocupação do solo na região, o que vem
proporcionando impactos diretamente no ciclo das
águas em sua unidade.
Diante de tal realidade, o estudo em
questão torna-se importante para conhecer as suas
características físicas associadas na microbacia em
Aires, A. A.; Costa, J. D.; Bezerra, J. M.; Rêgo, A. T. A
questão e buscar a compreensão das condicionantes
ambientais e antrópicas que tornam a área
vulnerável à processos de erosão. Além disso,
conforme mencionam Agra e Andrade (2021),
torna-se relevante as avaliações quantitativas da
erosão para o controle e o monitoramento deste
fenômeno de forma a nortear na tomada de
decisões quanto a identificação das áreas essenciais
para a preservação do meio ambiente e das medidas
de conservação da unidade territorial.
Mosavi et al. (2020) explicam que em
regiões semiáridas, a erosão do solo é uma crise
significativo para o desenvolvimento agrícola,
recursos naturais, meio ambiente, qualidade e
quantidade da água. Portanto, o mapeamento da
suscetibilidade à erosão do solo é necessário para o
controle deste problema crítico, em prol de um
manejo sustentável, a conservação de bacias
hidrográficas, a redução da degradação do solo e o
alívio do declínio da qualidade da água.
Para predizer a susceptibilidade à erosão de
solos, surge o método de análise multicritério
Analytic Hierarchy Process (AHP) por Saaty
(1990). Diante de seu êxito, o método passou a ser
amplamente utilizado, inicialmente para atender
demandas de gerenciamento e tomada de decisão
relacionadas a otimização de planejamento
ambiental (Caldas, Silva e Santos, 2019), assim
como proporcionar dados básicos para futuros
programas de desenvolvimento em quaisquer
projetos em que a suscetibilidade do terreno seja
crítica para o planejamento para evitar zonas de
alto risco (Pande et al., 2021).
Isto posto, Pavanin, Chuerubim e Lázaro
(2017) sugerem a aplicação de técnicas de
geoprocessamento e sensoriamento remoto para o
processo de tomada de decisão dentro do âmbito da
gestão territorial e ambiental que visem como
suporte no planejamento urbano sustentável das
humanas e sua concomitância com a preservação
do meio. Somado a isso, Díaz-Cuevas, Prieto-
Campos e Ojeda-Zújar (2017) demonstram a
efetiva empregabilidade de metodologias, como a
análise de multicritério ao combinar variáveis
físicas e antrópicas para a geração de um mapa
síntese da susceptibilidade erosiva de uma bacia
hidrográfica, na qual constata-se através desse
método uma visão qualitativa e quantitativa das
fragilidades ambientais na área de estudo.
A proteção e manutenção de áreas
propensas à erosão com alto risco de erosão do solo
tem se tornado um verdadeiro desafio para os
formuladores de políticas públicas (Bensekhria e
Bouhata, 2022). Assim, a análise multicritério em
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sua multidisciplinariedade associada ao uso de Material e métodos

técnicas de geoprocessamento, permite a análise e
mensuração de forma individual e sistêmica
distintas variáveis relacionadas a ocorrência de
processos erosivos (Sipert e Bisognin, 2021). O
mapeamento dessa susceptibilidade tem como
objetivo é identificar áreas potencialmente
vulneráveis que são aquelas com diversas variáveis
críticas (Vijith e Dodge-Wan, 2019).
Díaz-Cuevas, Prieto-Campos e Ojeda-
Zújar (2020) destacam a metodologia como um
indicador reproduzível para qualquer região de
interesse para planejadores e gestores das bacias
hidrográficas, dado que propõe compreender os
riscos de erosão e identificar áreas menores
resilientes a fenômenos erosivos com análises
ambientais mais minuciosas.
Nessa perspectiva, o presente estudo
pretende avaliar o potencial de susceptibilidade à
erosão na MHBPF e mapear sua susceptibilidade à
erosão através de análise multicritério associado a
Sistemas de Informações Geográficas (SIG).
Caracterização da Área de Estudo
A MHBPF está localizada no estado do Rio
Grande do Norte, região Nordeste do Brasil,
abrange a mesorregião do Oeste Potiguar, mais
precisamente as microrregiões de Serra São
Miguel, Pau dos Ferros e Umarizal (Queiroz,
2017), com localização do ponto de exultório em
projeção de Coordenadas Universal Transversa de
Mercator (UTM) de 590011.78m E e 9320564.05m
S. Possui uma área de aproximadamente 2042,93
km² e perímetro de 298,62 km.
De acordo com a Figura 1, a microbacia
está situada na Unidade de Planejamento Hídrico
Apodi-Mossoró, mais especificamente na região
mais ao Sul, na divisa com o Estado da Paraíba, que
se encontra inserida na Região Hidrográfica do
Atlântico Nordeste Oriental, de acordo com a
Agência Nacional de Águas (ANA, 2013).

Figura 1. Localização da MHBPF na Unidade de Planejamento Hídrico.

Fonte: Autores, 2020.

Sua área abrange as unidades territoriais Rafael Fernandes; Água Nova; Riacho de
de 15 municípios, que são eles: Pau do Ferros; Santana; Marcelino Vieira; Luís Gomes; José da
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Penha; Major Sales; Paraná; Alexandria; Pilões;
João Dias; Antônio Martins; Serrinha dos Pintos
e Martins, sendo uma microbacia genuinamente
potiguar. Seu reservatório artificial, que culmina
em ser seu ponto de exutório, localiza-se em
grande parte no município de Pau dos Ferros,
contemplando também os municípios de Rafael
Fernandes e Marcelino Vieira, ver Figura 2.
O reservatório da microbacia foi
construído pelo Departamento Nacional de
Obras Contra as Secas (DNOCS) no ano de
1967, e inaugurado em 1968 com a principal
finalidade de servir para abastecimento humano,
o reservatório tem capacidade de 53,75 m³
(ANA, 2017; Queiroz, 2017). A barragem fica
inserida na unidade de planejamento hídrico
Apodi-Mossoró, sob regulamentação do Comitê
de Bacia Hidrográfica do rio Apodi-
Mossoró/RN/ foi criado por Decreto
Governamental nº 21.881, de 10 de setembro de
2010 (Pinto Filho e Cunha, 2021).
Desde a sua inauguração da barragem
vem sendo utilizada sem um planejamento
adequado com relação ao uso da água e à
Figura 2. Divisão política dos municípios inseridos da microbacia.
Fonte: Autores, 2020
.
Análise multicritério no mapeamento da
susceptibilidade à erosão
A Figura 3, ilustra o detalhamento da
construção de base de dados e processamento,
como a prospecção dos materiais, a construção da
base de dados, e o processamento de cada produto.
Para as análises espaciais e construção dos
mapas temáticos foi utilizada a ferramenta gratuita
de linguagem aberta do Sistema de Informações
Aires, A. A.; Costa, J. D.; Bezerra, J. M.; Rêgo, A. T. A
ocupação das áreas do seu entorno, ocasionando
sérios problemas de degradação ambiental, com
reflexos na comunidade e economia local
(Oliveira Neto et al., 2016). Embora a
Microrregião de Pau dos Ferros tenha o Setor de
Serviços como principal fator dinamizador da
economia, observa-se que ainda existe uma
presença marcante da agricultura familiar, nem
tanto no sentido estritamente econômico, mas
como elemento representativo da história, da
cultura e da conformação social microrregional
(Lima, Souto e Filho, 2021).
A área que contempla a MHBPF tem um
nível de degradação ambiental marcado pelas
ações antrópicas, majoritariamente,
considerando a presença das “diversas formas de
uso e ocupação do solo pelas atividades
econômicas como agricultura, pecuária, o
crescimento sem planejamento das cidades, o
lançamento de resíduos sólidos e líquidos sem o
devido tratamento entre outras situações”
(Queiroz, 2017, p. 12).
Geográficas (SIG) denominado QGIS versão 3.4
“Long Term Realese” (LTR), com sistema de
projeção UTM Zona 24 e sistema de referência
SIRGAS 2000.
Inicialmente realizou-se a definição da
área a ser estudada através do processamento
automático utilizando o Modelo Digital de
Elevação (MDE), obtido pelo projeto do Instituto
Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE)
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denominado TOPODATA (Quadro 1). Por meio do
emprego do SIG QGIS versão QGIS versão 3.4
LTR, com o auxílio de complementos dos
algoritmos SAGA e GRASS, bem como a
utilização dos comandos r.watershed e
r.wateroutlet foi possível a delimitação da
microbacia de maneira objetiva e automática, com
a localização do ponto de exutório em projeção
UTM SIRGAS 2000 zona 24 S de 590011.78m E e
9320564.05m S.

Figura 3: Fluxograma de processamento dos dados.

Fonte: Autores, 2020.

Quadro 1: Descrição das características que compõe a base de dados.Fonte: Autores, 2020.
Produto
Características
Modelo Digital de Elevação (MDE)
Resolução Espacial 30 m
Banda Simples falsa cor
Folha 06S39_ZN
Sistema Geodésico de Referência World Geodetic System 84 (WGS84)
Projeção Cartográfica Universal Transversa Mercator (UTM)
Fornecimento TOPODATA do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE)
Produto
Características
Imagens Orbitais do Satélite Landsat – 8
Banda Operational Land Imager OLI – B4 e OLI – B5
Resolução Espacial 30 m
Data 31 de outubro de 2019
Zona 24 Sul
Zona Orbital 216 – 064
Sistema Geodésico de Referência World Geodetic System 84 (WGS84)
Projeção Cartográfica Universal Transversa Mercator (UTM)
Fornecimento United States Geological Survey (USGS)
Produtos
Litologia
Características
Pedologia
Isoietas
Tipo do dado Shapefile
Sistema Geodésico de Referência South American Datum – SAD 69
Projeção Cartográfica Universal Transversa Mercator – UTM
Escala 1:5.000.000
Fornecimento Serviço Geológico do Brasil – CPRM

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Posteriormente, para a análise da
suscetibilidade à erosão elaborou-se cartas
temáticas de: Declividade, Litologia, Pedologia,
Precipitação e Índice de Vegetação da Diferença
Normalizada (NDVI).
Conforme especificações do Quadro 1, a
carta de declividade foi gerada a partir do MDE e
para sua classificação adotou os critérios
estabelecidos pela Empresa Brasileira de Pesquisa
Agropecuária (EMBRAPA, 1979).
Para o processamento do NDVI foram
empregadas operações matemáticas sobre as
bandas espectrais OLI – 4 e OLI – 5 do Satélite
Landsat – 8. Esse parâmetro é baseado na razão a
qual corresponde à diferença entre as reflectâncias
das bandas no Infravermelho Próximo e do
Vermelho, normalizada pela soma das duas bandas
(Oliveira, 2015), ver Equação 1.
(IV − VM)
𝑁𝐷𝑉𝐼 = , (1)
(𝐼𝑉 + 𝑉𝑀)
Sendo: NDVI − Índice De Vegetação por
Diferença Normalizada; IV − Banda do
Infravermelho Próximo, e VM − Banda do
Vermelho.
O NDVI apresentando elevada capacidade
de monitorar mudanças sazonais e interanuais da
vegetação e de reduzir ruídos multiplicativos
provocados pelas diferenças nas condições de
iluminação solar, presença de nuvens, atenuações
atmosféricas e variações topográficas (Borges,
2015).
Para a elaboração da carta de precipitação
na microbacia hidrográfica em estudo foi utilizada
as isoietas de precipitação média anual no período
de 30 anos (1977-2006) obtidas na Companhia de
Pesquisa de Recursos Minerais (CPRM, 2020).
Por fim, para as cartas de litologia a e de
pedologia também foram utilizados os produtos
cartográficos obtidos do CPRM (2020).
Para o processamento foi utilizada a
análise multicritério que permite a investigação
combinada de diferentes variáveis por plano de
informação e na definição do grau de pertinência
Aires, A. A.; Costa, J. D.; Bezerra, J. M.; Rêgo, A. T. A
de cada plano de informação e de cada um dos
componentes da legenda para gerar um mapa
síntese, tendo como modelo matemático
empregado a média ponderada simples (Freiman e
Oliveira, 2020). Nesse sentido, para a combinação
ou cruzamento de cartas temáticas no processo de
análise multicritério, os dados de cada carta devem
ser representados numa mesma escala, portanto,
normalizados ou padronizados, de forma a permitir
a análise comparativa pixel a pixel (Falcão, 2013).
Estas variáveis foram normalizadas de 1 a
5 conforme o grau de tendência à erosão, sendo 1
para parâmetros de menor risco a erodir e 5 para
parâmetros com maior risco (Quadro 2).
Segundo Silva e Machado (2014), esse
método aplica-se em variáveis organizadas em
planos de informações com representação matricial
em que cada célula das variáveis avaliadas recebe
o valor do seu peso.
Para a análise de suscetibilidade à erosão
foi empregado o método de análise multicritério
por meio do Processo Analítico Hierárquico, do
inglês Analytic Hierarchy Process (AHP), no qual
definido por Saaty (1990) é o método de
multicritério amplamente utilizado e conhecido no
apoio à tomada de decisão na resolução de conflitos
negociados, em problemas com múltiplos critérios.
Para a definição dos pesos atribuídos em
cada plano de informação através da aplicação da
metodologia AHP foi realizado uma consulta na
literatura especializada, a citar como exemplo os
autores: Caldas, Silva e Santos (2019) e Queiroz
(2017) , possibilitando obter valores de referência
para a atribuição da relevância dos pesos no ato de
sua normalização.
O método de AHP subsidiou a atribuição
dos pesos de cada plano de informação,
determinando a contribuição relativa de cada um na
integração dos dados (Caldas; Silva; Santos, 2019).
Para a definição dos valores de comparação dos
fatores da matriz, foram adaptadas as regras
utilizadas por Queiroz (2017). A comparação foi
realizada par-a-par adotando valores que variam de
1 a 9 (Quadro 3), ou seja, de igual importância até
extremamente mais importante (Ribeiro et al.,
2016).
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Quadro 2: Ponderação das variáveis para análise multicritério quanto ao potencial de susceptibilidade a erosão.
Fonte: Elaborado com base em Silva e Machado (2014) e Queiroz (2017).
Variável Componente de Legenda Nota (1 A 5)
Rocha calcissilicática, Quartzito, Granito, Anfibolito 1
Biotita leucogranito, Leucogranito, Monzogranito, Sienogranito 2
Litologia Xisto, Gnaisse, calcário cristalino 3
Arenito, Arenito síltico-argiloso, Laterita 4
Areia, Argila, Cascalho 5
Latossolo 1
Luvissolo 2
Pedologia Planossolo 3
Argissolo 4
Neossolo 5
Alto Vigor (0,584 – 1) 1
Índice de Vegetação Médio Vigor (0,373 – 0.584) 2
da Diferença Baixo Vigor (0,215 – 0.373) 3
Normalizada (NDVI) Baixíssimo Vigor/Ausência (0,080 – 0.215) 4
Ausência Vegetação/Corpos Hídricos (-1 – 0,080) 5
0–3% 1
3–8% 2
Declividade 8 – 20 % 3
20 – 45 % 4
>45 % 5
Baixa (700 – 800mm/Ano) 2
Precipitação
Alta (Acima de 800mm/Ano) 4

Quadro 3: Valores da intensidade de importância dos fatores.

Fonte: Queiroz (2017).
Intensidade de
Definição Explicação
Importância
1 Importância Igual Os dois fatores contribuem igualmente para o objeto
3 Importância moderada Um fator é ligeiramente mais importante que o outro
5 Importância essencial Um fator é claramente mais importante que o outro
Um fator é fortemente favorecido e sua maior
7 Importância demonstrada
relevância foi demonstrada na prática
A evidência que diferencia os fatores é da maior
9 Importância extrema
ordem possível
Valores intermediários entre
2-4-6-8 Indecisão entre os fatores
julgamentos

A partir da comparação par-a-par produziu este complemento. Para cada componente da

a matriz AHP, com a intensidade de cada
componente da avaliação da suscetibilidade à
erosão (litologia, pedologia, precipitação,
declividade e NDVI). Para a definição dos critérios
de significância na comparação paritária na matriz
foi realizado o processamento da matriz por meio
do QGIS versão 2.18 LTR, com auxílio do plug-in
AHP, pois apenas esta versão do software possui
matriz aplicou-se seu devido fator intensidade
(Tabela 1). Por fim, para a classificação da
susceptibilidade à erosão resultou-se em um mapa
síntese com cinco mapas divididos em cinco
atributos (litologia, pedologia, precipitação,
declividade e NDVI), na qual atribuiu cinco classes
conforme esses intervalos, visando facilitar a
espacialização e interpretação da AHP.
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Aires, A. A.; Costa, J. D.; Bezerra, J. M.; Rêgo, A. T. A

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Tabela 1: Matriz de comparação par-a-par AHP, utilizada para suscetibilidade à erosão.

Fonte: Elaborado com base em Caldas, Silva e Santos (2019); Queiroz, (2017).
Escala do Processo Analítico Hierárquico (AHP)
Variáveis
Litologia Pedologia Precipitação Declividade NDVI
Litologia 1
Pedologia 3 1
Precipitação 9 5 1
Declividade 7 7 9 1
NDVI 9 7 5 5 1

Resultados e discussão maior relevância em sua contribuição, conforme

retrata a Tabela 2.
Para a análise integrada do estudo,
Diante da obtenção da carta temática de
determinaram-se as contribuições relativas de cada
suscetibilidade à erosão hídrica dos solos na
variável para verificação da significância na
MHBPF, tal resultado foi categorizado em cinco
composição da carta temática de suscetibilidade
classes de suscetibilidade à erosão (Figura 3).
erosiva. Mediante essa análise, os parâmetros
NDVI (0,576) e declividade (0,214) relataram

Tabela 2: Contribuição relativa dos parâmetros aplicados no método AHP para susceptibilidade a erosão na
MHBPF.
Variável Contribuição relativa
Litologia 0,033
Pedologia 0,063
Precipitação 0,114
Declividade 0,214
NDVI 0,576

Fonte: Autores, 2020.

Figura 4: Suscetibilidade à Erosão Hídrica na MHBPF/RN.

Fonte: Autores, 2020.

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Aires, A. A.; Costa, J. D.; Bezerra, J. M.; Rêgo, A. T. A

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Observa-se que a classe Muito Baixa
apresentou pequena ocorrência ao longo de toda
bacia (Figura 4), com apenas 0,32 % da totalidade
do território da microbacia, o que representa uma
área de 6,53 km² (Tabela 3). Sua ocorrência
procedeu, especialmente, em regiões serranas,
Tabela 3: Suscetibilidade à erosão da MHBPF.
Suscetibilidade Área (km²)
Muito Baixa 6,53
Baixa 213,25
Média 1.381,07
Alta 394,44
Muito Alta 14,42
Fonte: Autores, 2020.
A classe Baixa apresentou 10,61 % de todo
o território da área de estudo (Tabela 3). Sua
concentração deve-se pela sua presença na
microrregião da Serra de São Miguel, na serra de
Martins, localizada na microrregião de Umarizal,
ou seja, a sua ocorrência se dá principalmente nas
regiões serranas e nos entornos dos canais de
drenagem, áreas propensas a ocorrência de mata
ciliar (Figura 4).
As classes de susceptibilidade à erosão
Muito Baixa e Baixa são representadas pelos solos
Luvissolos e Latossolos, que apresentam baixo
índice de erodibilidade e encontram-se em relevo
suavemente ondulado a ondulado. Maciel e Dalmo
(2020) afirmam que os Latossolos são solos mais
estáveis por serem mais antigos e desenvolvidos e,
por este motivo, possui um baixo risco à erosão
associado. Em contraposição, embora os
Luvissolos sejam considerados solos com uma alta
erodibilidade (Dornellas et al., 2017), é possível
ainda verificar que essas classes com riscos à
erosão na MHBPF ocorrem em zonas que
apresentaram índice de vegetação que variam de
0,45 a 0,70, preferencialmente ao longo dos canais
de escoamento da rede de drenagem, na qual se
verifica que as áreas vegetadas são os possíveis
fatores responsáveis pelas baixas taxas de perdas
de solo na bacia (Dornellas et al., 2017; Pereira,
Oliveira Júnior e Lobão, 2020).
Já para a classe Média foi encontrada em
maior ocorrência no território da área de estudo
(Figura 4), com um percentual expressivo de 68,72
%, o que representa uma área de 1.381,07 km²
(Tabela 3). Sua abrangência se manifesta em toda
a microbacia, com distribuição quase que
uniforme, porém, com pouca aparição nas regiões
de maior altitude das serras de São Miguel e
Martins. Aslam et al. (2020, no prelo) e Queiroz et
Aires, A. A.; Costa, J. D.; Bezerra, J. M.; Rêgo, A. T. A
como as de São Miguel e Martins. Para Souza,
Lollo e Almeida Filho (2019, p. 563), “a
manutenção das áreas de florestas e cobertura
vegetal (facilitada pela altitude) age diretamente no
controle do aparecimento de erosões aceleradas por
atividades antrópicas”.
Área ( %)
0,32
10,61
68,72
19,63
0,72
al. (2021 explicam que os fatores de declive e
elevação são os mais importantes na erosão do solo
devido à área montanhosa, ou seja, regiões
altamente elevadas e íngremes como em algumas
localidades da mesorregião do Oeste Potiguar são
mais vulneráveis à erosão e tornam-se mais
susceptíveis em detrimento de precipitações
elevadas que acarretam a perda da superfície
edáfica com a velocidade da água.
As áreas de susceptibilidade Média à
erosão hídrica estão situadas em regiões com
predominância de solos do tipo Argissolo e em
concentração menor de Luvissolos, que apresentam
alto e moderado índice de erodibilidade,
respectivamente. Os Argissolos apresentam
elevada erodibilidade, já os Luvissolos enquadram-
se como moderadamente susceptível à erosão
(Carvalho et al., 2018; Caldas; Silva; Santos, 2019;
Francisco et al., 2019; Silva e Mendes, 2019).
Verificou-se ainda que a ocorrência destas classes
se encontra em regiões mais planas da depressão
sertaneja, com declividade predominante variando
de plano (0-3 %) a forte ondulado (20-45 %), assim
como concorda o estudo de Queiroz et al. (2021).
A classe Alta expressou uma ocorrência
moderada em toda a área da microbacia, (Figura 4),
com uma percentagem de 19,63 %, o que é
equivalente a uma área de 394,44 km² (Tabela 3).
A ocorrência desta classe também se procedeu
prioritariamente nas regiões mais altas das serras
de São Miguel e Martins.
Hembram et al. (2021) explicam que a
inclinação é um fator que desempenha um papel
significativo em estudos de suscetibilidade de
processos de desnudação do solo e perigo natural,
visto que o parâmetro possui controle do teor de
umidade do solo, do intemperismo físico e do
crescimento da vegetação que influenciam
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 Revista Brasileira de Geografia Física v.15, n.02 (2022) 1128-1141.
indiretamente o comportamento da unidade
territorial. Ainda conforme os autores, a associação
de elevadas altitudes e declive acentuado
favorecem os riscos dos processos de erosão em
uma bacia hidrográfica.
Resultados expressivos nos processos
superficiais de perda do solo com relação a estes
dois fatores também foram evidenciados por Mihi,
Benarfa e Arar (2020), Azaiez et al., (2020) e
Bekele e Gemi (2021). Segundo Bekele e Gemi
(2021), a erosão do solo pode ser reduzida as áreas
agricultáveis através da aplicação de práticas de
aumento da capacidade de retenção de água com
culturas intercalares e cobertura morta, assim como
deixar as áreas marginais de declive acentuados
para regeneração natural.
Por fim, a classe Muito Alta se concentrou
nas porções mais elevadas das serras e morros, com
maior incidência na microrregião de Umarizal e na
serra de Martins. Além disso, possui uma baixa
ocorrência ao longo da microbacia (Figura 4)
equivalente a um percentual de 0,72 % e uma área
de 14,42 km² (Tabela 3).
A predominância de solo nas áreas de Alta
e Muito Alta suscetibilidade são decorrentes dos
Argissolos e Neossolos. Segundo Carvalho et al.
(2018), estes apresentam alta suscetibilidade a
erodir, sendo caracterizados pela reduzida atuação
dos processos pedogenéticos (de formação), são
rasos e pedregosos, apresentam frequência de
afloramentos rochosos, possuem altos teores de
areia, baixos de argila e matéria orgânica,
resultando em fraca agregação. Ainda segundo os
autores, a declividade do terreno, as formas do
relevo, regularidade e extensão do declive
influência diretamente na intensidade da erosão,
sendo os atributos físicos importantes na
aceleração dos processos erosivos, visto a retirada
da vegetação nativa e inserção de áreas voltadas
para atividades agropecuárias.
Essas áreas classificadas em Alta e Muito
Alta apresentaram maior vulnerabilidade à erosão
devido a sua declividade mais acentuada, que varia
de ondulado (8-20 %) a fortemente ondulado (20-
45 %) por se tratarem de áreas serranas. Somado a
isso, o NDVI quantificado em 0,15 a 0,3, também
corrobora para o alto nível de suscetibilidade à
erosão por apresentaram baixo índice de vegetação,
visto que segundo Ribeiro et al. (2016), a vegetação
nativa protege o solo da erosão hídrica.
Em estudo realizado por Assis et al.
(2021), verificou-se que houve uma maior perda de
solo associada a maior declividade na unidade de
estudo e em áreas com agricultura ou com ausência
de cobertura vegetal, e dado ao aumento expressivo
Aires, A. A.; Costa, J. D.; Bezerra, J. M.; Rêgo, A. T. A
de áreas agricultáveis, a quantidade de transporte
de sedimentos nos cursos d'água da bacia tem
ameaçado drasticamente os recursos hídricos. Isto
posto, Aslam et al. (2020, no prelo) complementam
que o manejo inadequado do solo, a retirada da
superfície vegetativa e algumas características
próprias do solo levam à exposição das regiões
caracteristicamente agrícolas à erosão do solo.
Vijith e Dodge-Wan (2019) revelaram em
sua pesquisa que a probabilidade de propensão à
erosão em uma bacia hidrográfica na área tropical
da Malásia está sob influência de zonas de
susceptibilidade de erodibilidade muito alta e alta,
considerando que esse parâmetro foi averiguado
em maior quantidade nas regiões de colinas e
encostas elevadas que sofrem mudanças drásticas e
maior influência da ação das chuvas. Os autores
também aplicaram o método de AHP associado à
ferramenta do SIG para considerar possíveis
fatores geoambientais relevantes para a erosão do
terreno e constataram uma associação significativa
entre os atributos de uso e ocupação do solo,
declividade e parâmetros morfométricos da bacia.
Para Mandal e Mandal (2018), a
composição litológica instável, declividade
acentuada das áreas da bacia, drenagem do solo e a
precipitação pluviométrica são os quatro fatores
mais importantes que reproduzem um ambiente
adequado para episódios erosivos em um sistema
hídrico localizado na Índia. Mihi, Benarfa e Arar
(2019) complementam que o uso do solo, litologia,
declividade, distância da rede de drenagem e
precipitação também são fatores adequados para
determinação da vulnerabilidade à erosão, no
entanto, os mesmos acrescentam que estes critérios
devem ser averiguados, uma vez que dependem de
uma multiplicidade de fatores em interação e,
portanto, é difícil modelar esse fenômeno. Neste
sentido, aplicar distintos modelos utilizando
atributos diferentes considera-se ser uma
alternativa para refinar os resultados obtidos.
Os processos superficiais do solo
prejudicam o desenvolvimento econômico e
cultural, isto posto, em decorrência das condições
ambientais do meio há a possibilidade de ocasionar
perdas significativas de vidas humanas e
propriedades, alterar a morfologia da paisagem e
danificar as estruturas naturais e artificiais do solo
(Mandal e Mandal, 2018).
Diante dessas adversidades, a previsão da
susceptibilidade à erosão do solo e a verificação
quantitativa das fontes de erosão em uma área
constituem o começo da escolha de estratégias
adequadas para o controle da erosão, possibilitando
a redução da desagregação do solo e o
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 Revista Brasileira de Geografia Física v.15, n.02 (2022) 1128-1141.
assoreamento dos corpos hídricos (Gottstein;
Borges Junior; Arantes, 2019).
Verifica-se que os resultados da pesquisa
através da técnica de análise multicritério de AHP
mostrou-se eficiente para retratar a suscetibilidade
à erosão, conforme corroboram com os estudos de
Caldas, Silva e Santos (2019) e Silva e Mendes
(2019), em que o mapeamento destas áreas servirá
como base para o planejamento ambiental,
vislumbrando um melhor aproveitamento do solo
na área estudada. Essa metodologia ressalta a
potencialidade e a fragilidade da microbacia em
relação a processos erosivos, contribuindo para
ações corretivas futuras por parte da gestão.
Os resultados adquiridos através dessa
abordagem metodológica são relevantes e
apresentam boa eficiência, além disso abordam
informações de base para futuros projetos e
programas de desenvolvimento nas regiões
afetadas, bem como auxiliar no planejamento de
infraestrutura para evitar zonas de alto risco (Vijith
e Dodge-Wan, 2019). Em complemento, para um
estudo de maior acurácia e formulação de políticas
públicas mais específicas e eficazes, é necessário a
aplicação de uma escala de maior detalhe e
diversidade de variáveis aplicadas ao método
(Lima, Oliveira e Moura-Fé, 2021; Pimenta et al.,
2019).
A degradação do solo pela água é uma das
problemáticas ambientais vivenciadas em distintos
cenários do mundo contemporâneo. A integração
do SIG e a abordagem sistêmica e integrada oferece
de forma econômica e eficaz a determinação da
magnitude do risco dos fenômenos de processos
erosivos em superfícies hídricas, fornecendo um
panorama geral para determinação da
vulnerabilidade (Mihi; Benarfa; Arar, 2019;
Mellado, Mello e Curi, 2021).
A obtenção de tais informações poderá
subsidiar a adoção de medidas voltadas a promoção
da gestão e planejamento ambiental e territorial,
devendo engajar de forma integrada e
descentralizada a sociedade civil, por meio de
representações da gestão pública municipal, uma
vez que alguns destes municípios utilizam do
recurso hídrico e de seus corpos hídricos como
manancial.
Conclusão
A metodologia da análise multicritério de
AHP demonstrou ser vantajosa para a análise
integrada em geoprocessamento, possibilitando
identificar e descrever unidades homogêneas
através de tecnologia SIG. Apresentando grande
Aires, A. A.; Costa, J. D.; Bezerra, J. M.; Rêgo, A. T. A
potencial para identificação de processos erosivos,
auxiliando no planejamento da gestão e o
gerenciamento dos recursos hídricos e da gestão
territorial da microbacia, ao fornecer projeção de
cenário local por meio de análise sistêmica e
integrada.
O emprego da técnica da análise AHP,
possibilitou a identificação dos parâmetros mais
importantes no processo de suscetibilidade à
erosão, sendo a vegetação (NDVI) e a declividade,
respectivamente. O cruzamento dos parâmetros na
MHBPF evidenciou a ocorrência da Média e Alta
suscetibilidade à erosão da microbacia, que juntas
somam uma área de 1.775,51 km², representando
uma percentagem de 88,35 %, do território da área
de estudo.
O resultado do trabalho é reflexo dos
fatores edafoclimáticos da região estudada e a
diferença entre as classes de suscetibilidade está
diretamente ligada aos fatores usados na análise
proposta, o qual pode auxiliar no seu planejamento
ambiental, possibilitando mais estudos sobre
ordenamento territorial.
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