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DISTRIBUIÇÃO DE EPÍFITAS E ORIENTAÇÃO DO SOL EM ÁRVORES

, Kleber Lelis da Cruz¹, Júlia Caram Sfair²

¹ Graduando em Ciências Biológicas, Departamento de Biologia, Centro de Ciência

Biológicas e da Saúde, Universidade Estadual da Paraíba (UEPB) - Campus I, Campina

Grande, Paraíba, Brasil.

² Professora do Departamento de Biologia, Centro de Ciência Biológicas e da Saúde,

Universidade Estadual da Paraíba (UEPB) - Campus I, Campina Grande, Paraíba, Brasil.

Autor(a) correspondente: Kleber Lelis da Cruz

Endereço eletrônico (e-mail): kleber.cruz@aluno.uepb.edu.br

RESUMO
Os líquens fazem parte de um grupo bastante diverso, ocorrendo em variados

ambientes. Podem ser encontrados em troncos e galhos, no solo, sobre rochas, folhas e em

todo tipo de substrato que permaneça estável. O microclima, variação espacial e variação do

substrato são fatores que afetam diretamente a composição em espécies de liquens epifíticos.

A disponibilidade de água e intensidade luminosa vai interferir diretamente na distribuição

vertical dos liquens, além da resposta fisiológica do talo. Dessa forma, os liquens vão se

distribuir em troncos, dependendo do crescimento, incidência de luz solar e disponibilidade

de alimento, surgindo um padrão de distribuição dessas epífitas. Este estudo teve como

objetivo verificar a influência desses fatores físicos sobre a diversidade e a abundância dos

liquens nos troncos de árvores, utilizando a média aritmética simples, obteve-se o resultado

em porcentagem da abundância de liquens nos diferentes pontos cardeais (norte, sul, leste,

oeste). Os resultados corroboram com a hipótese inicial, de que devido ao comportamento

dos líquens em relação ao sol, eles ocupariam mais as porções norte e sul. Visto isso foi-se

observado que a distribuição dos liquens em torno dos troncos das árvores é influenciada pela

localidade do fungo nos pontos cardeais da árvore que recebem menos influência de luz solar.

Palavras-chave: líquens, fatores ambientais, distribuição vertical.


1. INTRODUÇÃO

O epifitismo é responsável por parte significativa da diversidade que faz das florestas

tropicais úmidas um dos mais complexos ecossistemas da Biosfera. As espécies arbóreas que

servem como suporte para as epífitas são denominadas forófitos e pertencem a inúmeras

famílias de plantas. Dentro dos forófitos, os principais mecanismos motrizes que limitam a

germinação e sobrevivência de epífitas são as diferenças nas condições microclimáticas como

luz e umidade, além das características do substrato (Sanger & Kirkpatrick 2016).

Os forófitos criam micro-habitat verticais entre a base do fuste até as ramificações

mais jovens do dossel, os quais representam um forte filtro ambiental para o estabelecimento

da flora epifítica e permite que as espécies de epífitas encontrem diferentes hábitats verticais

para sobreviver. Assim, as distribuições verticais das epífitas são determinadas pela

diversificação de condições e recursos dentro dos forófitos, tais como a intensidade de luz,

temperatura, umidade do ar, velocidade do vento, acúmulo de matéria orgânica, tipo de

substrato, bem como pela quantidade de ramificações, diâmetro e inclinação dos ramos.

Portanto, as epífitas mostram, muitas vezes, padrões distintos de distribuição entre zonas

ecológicas distintas, fuste e subdivisões da copa, na qual chamamos de estratificação ou

zoneamento vertical. A divisão dos forófitos nessas zonas ecológicas tem a finalidade de

compreender os padrões de ocupação da comunidade epífita em seus forófitos (Zotz 2016).

As comunidades mais ricas de epífitas são encontradas em florestas tropicais e subtropicais

úmidas, principalmente nos Neotrópicos. Entre outras, uma importante razão para esta

diversidade é a presença de extensas áreas com altos índices pluviométricos (Benzing 1990).

A ocorrência de epífitas em locais secos é menos comum e, normalmente, envolve poucos

táxons, o que não significa uma baixa abundância de indivíduos com esse hábito. Com
relação à altitude, a flora epifítica varia na composição, tendendo a ser melhor representada

em altitudes intermediárias de florestas nebulares (Waechter 1992).

Além disso, os liquens apresentam papel importante na manutenção o meio ambiente,

por serem consideradas espécies consideradas pioneiras, tornam o ambiente mais

hospitaleiro para as espécies posteriores, possuindo alta finalidade com o meio ao qual está

inserido, por serem sensíveis a mínimas alterações ambientais a umidade do ar, acidez do

substrato rochoso ou pH (MOTA FILHO et al., 2006) podendo ser utilizados como

bioindicadores e biomonitores do meio ambiente; outros parâmetros de variação ambiental

como a incidência de luz solar também podem influenciam na sua distribuição e crescimento

dos liquens ao redor dos troncos de árvores, visto que esses fungos são sensíveis a alterações

ambientais, o índice de raios ultravioleta provenientes do sol podem influenciar na

distribuição e crescimento do mesmos.

2. OBJETIVO

2.1 Objetivo Geral

Conferir a hipótese de que os líquens tendem a ocorrer nas porções sul e norte dos

troncos das árvores.

2.2 Objetivo Especifico

Comprovar a relação direta da distribuição e crescimento de líquens em áreas com

menos incidência solar.

3. MATERIAL E MÉTODOS

3.1 Área de Estudo

O presente trabalho foi realizado ao lado do complexo integrado de pesquisa (Três

Marias), no Campus da Universidade Estadual da Paraíba, localizado no município de


Campina Grande. A área de estudo apresenta solo arenoso  e uma floresta uniforme ao

comparar umas às outras, em relação à espessura e tamanho do tronco.

Figura 1 - Vista aérea com precisão de 200 metros da área de estudo corada em vermelho.

Fonte: Google Earth, 2022.

3.2Análise, Seleção e Padronização das hospedeiras

A saída em campo foi realizado em um único dia em grupo, observando 20 árvores de

tamanho semelhante na qual foi utilizado: uma fita métrica para observar apenas os líquens

apresentados aproximadamente entre 1,60 e 1,40m de altura do solo, e uma bússola que

usamos para orientação da coordenação para identificarmos e estimar a porcentagem de

cobertura de liquens nas parcelas divididas em norte, sul, leste e oeste.

4. RESULTADO

A partir de uma média aritmética simples, observou-se a distribuição de líquens nos

troncos das árvores, nos quatro pontos cardeais. E obtendo o percentual das 20 árvores a
porção sul tem em média 37,25% de sua área ocupada por liquens, já a porção leste possui

26,2% da área total ocupada, seguida da porção norte com 23,55% e a porção oeste possuindo

12,8% da área ocupada pelas epífitas, possuindo um desvio padrão de aproximadamente 7,70.

Gráfico 1 = Distribuição de líquens em média + desvio padrão nos pontos cardeais sul, leste, norte e

oeste.

Fonte = Autoria própria.


5. DISCUSSÃO

Baseando-se no conhecimento de que líquens tendem a ocorrer em porções mais

sombreadas do tronco de árvores, onde não há a incidência de sol direto, a nossa hipótese

consentia de que os líquens tenderiam a ocupar as porções sul e norte em troncos de árvores.

A realização desse estudo corroborou com nossa hipótese, pois, foram encontrados as

maiores concentrações de líquens no ponto cardeal sul, detendo de 37.25%. Os liquens

localizados ao norte, dispunham de 23.55% ficando atrás do leste com 26.2%,ocupando a

segunda posição em maior distribuição dos fungos, ainda assim, o norte perde a segunda

posição em distribuição por uma porcentagem estreita de menos de 3%, consequentemente,

corroborando com a nossa hipótese inicial.

Existem artigos, por exemplo, que expõem a capacidade desses fungos no monitoramento da

qualidade de ar (Martins et al 2013). Ainda assim, partindo dos dados obtidos neste trabalho

foi-se possível entender de forma mais clara de como os liquens são influenciados por fatores

abióticos (nesse caso a luz solar) na distribuição em tronco de árvores, ou seja, os liquens

notoriamente podem ser usados como biomonitores ou bioindicadores devido a sua grande

sensibilidade ao meio em que vive e aos poluentes atmosféricos.

6. CONCLUSÃO

A partir dos resultados obtidos conclui-se que os liquens sofrem influência a exposição da

radiação solar, interferindo no seu crescimento ao redor do tronco das árvores, isso é

percebido pela alta porcentagem da presença desses fungos na porção sul, seguido por uma

alta incidência de distribuição na porção norte, visto que esse pontos cardeais geralmente

estão localizados em áreas mais sombreadas das árvores os liquens tendem a desenvolver-se

idealmente nesses pontos.


AGRADECIMENTOS

Agradeço a professora Júlia Sfair pelo tempo disponibilizado e condução na realização da

pesquisa deste presente trabalho em campo.


REFERÊNCIAS

BENZING, D.H. 1990. Vascular epiphytes: general biology and related biota. Cambridge
University Press, Cambridge.

Martins, Suzana Maria de Azevedo, Käffer, Márcia Isabel e Lemos, Alessandra. Liquens
como bioindicadores da qualidade do ar numa área de termoelétrica, Rio Grande do Sul,
Brasil. Hoehnea [online]. 2008, v. 35, n. 3 [Acessado 12 Dezembro 2022], pp. 425-433.
Disponível em: <https://doi.org/10.1590/S2236-89062008000300011>. Epub 13 Maio 2013.
ISSN 2236-8906. https://doi.org/10.1590/S2236-89062008000300011.

MOTA FILHO, Fernando de Oliveira; PEREIRA, Eugênia Cristina; DE LIMA, Edimilson


Santos; DA SILVA, Nicassio Henrique; FIGUEIREDO Regina Celia Bressan; Influência de
Poluentes Atmosféricos em Belo Jardim (PE) Utilizando Cladonia Verticillaris (Líquen)
como Biomonitor. Quim. Nova, Vol.30 nº 5 São Paulo, setembro /outubro, 2006.

SANGER, J., KIRKPATRICK, J. 2016. Fine partitioning of epiphyte habitat within


Johansson zones in tropical Australian rainforest trees. Biotropica, 0 (0): 1-8.

ZOTZ, G. 2016. Plants on Plants – The Biology of Vascular Epiphytes. Springer


International, Germany.

WAECHTER, J.L. O epifitismo vascular na planície costeira do Rio Grande do Sul. 161p.
1992. Tese (Doutorado em Ecologia e Recursos Naturais) – Centro de Ciências Biológicas e
da Saúde, Universidade de São Carlos, São Carlos. 1992.
ZOTS, G. 2016. Plants on Plants – The Biology of Vascular Epiphytes.

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