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Adaptações anatômicas de folhas de Mikania glomerata Sprengel (Asteraceae), em


três regiões distintas da planta, em diferentes níveis de sombreamento
1,3 1,4 1,3 2,3 1,4 2,3
CASTRO, E.M. ; PINTO, J.E.B.P. ; SOARES, A.M. ; MELO, H.C. ; BERTALUCCI, S.K.V. ; VIEIRA, C.V. ;
2,3
JÚNIOR, E.C.L.
1 2 3 4
Docente; Pós-graduando; Departamento de Biologia, UFLA; Departamento de Agricultura, UFLA. Autor para
correspondência: emcastro@ufla.br, Departamento de Biologia, UFLA, Lavras - MG. CEP 37200-000.

RESUMO: Neste estudo, analisa-se a variação ocorrente na anatomia foliar de Mikania glomerata
Sprengel (Asteraceae) em plantas submetidas a diferentes níveis de sombreamento. As observações
foram desenvolvidas em três regiões distintas de mudas cultivadas em casa de vegetação, com
redução da radiação solar incidente de 0%, 30%, 50% e 70%. Os resultados demonstraram um
aumento da espessura foliar nas plantas submetidas a maior intensidade de radiação solar, sobretudo
na região superior das plantas. Plantas cultivadas a 30% de sombreamento apresentaram maior
densidade e maiores índices estomáticos na região superior das plantas. O número de vasos do
xilema, com 70% de sombreamento, foi menor que nos demais tratamentos, na nervura principal,
sendo este mesmo resultado também registrado no pecíolo. Altura e largura dos feixes condutores
foram menores na região superior da planta e maiores no tratamento de plantas submetidas a
30% de sombreamento.

Palavras-chave: plantas medicinais, guaco, Mikania, anatomia foliar, radiação

ABSTRACT: Anatomic adaptation of Mikania glomerata Sprengel (Asteraceae) leaves in


three distinct regions of the plant under different shading levels. In this study the occurrence
of variation in leaf anatomy of Mikania glomerata Sprengel (Asteraceae) was evaluated on plants
submitted to different shade levels. The observations were made in three distinct regions of plants
cultivated in green house, with reduction of the incident solar radiation of 0%, 30%, 50% and 70%.
The results showed increase of leaf thickness in the plants submitted to greater solar radiation
intensity and to superior region of the plants. Plants grown under 30% of shading, in the upper
region presented higher density and stomatal indices. The numbers of xylem vessels, in 70% of
shading, were lower than the other treatments, in midrib, the same result was registered to
petiole. Height and breadth of vessels were lower in the superior region of plant and higher in 30%
of shading.

Key words: medicinal plants, guaco, Mikania, leaf anatomy, radiation

INTRODUÇÃO ácidos diterpênicos, particularmente do tipo caurano


(Herz, 1998).
Mikania Willd. possui cerca de 415 espécies Mikania glomerata Sprengel, conhecida pelo
(Ritter et al., 1992), dentre as quais 171 ocorrem no nome vulgar de guaco, foi oficializada como fitofármaco
Brasil, sendo sua principal área de dispersão os na primeira edição da Pharmacopeia dos Estados
estados de Minas Gerais, Rio de Janeiro e São Paulo Unidos do Brasil (Silva, 1929). Esta espécie apresenta
(Barroso, 1992; Oliveira, 1983). De acordo com a propriedades expectorantes e broncodilatadoras,
literatura, este gênero apresenta uma composição sendo indicada no combate à tosse, asma, bronquite,
química bastante peculiar, observando-se a rouquidão e outros sintomas associados a gripes e
predominância de lactonas sesquiterpênicas ou de resfriados, sendo a cumarina uma das substâncias

Recebido para publicação em 02/06/2004


Aceito para publicação em 27/04/2006

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associadas a esse efeito (Ruppelt et al., 1991; anual de 1529,7 mm (Brasil, Normais Climatológicas,
Pereira, 1997). 1961-1990). Segundo a classificação climática de
A radiação solar é um fator fundamental ao Köppen, o clima regional é do tipo Cwa, apresentando
crescimento e desenvolvimento vegetal, seja através duas estações bem definidas: seca, com temperaturas
de processos fotomorfogênicos ou fotossintéticos mais baixas, de abril a setembro, e chuvosa, com
(Larcher, 2000). A adaptação da estrutura interna das temperaturas mais elevadas, de outubro a março
folhas, no período de crescimento, aos diferentes (Ometto, 1981).
níveis de luz do ambiente é considerada uma As mudas foram obtidas pelo método de
plasticidade adaptativa comum a espécies que estaquia e acondicionadas em sacos plásticos
apresentam amplo potencial de aclimatação (Whatley perfurados de 25 x 20 cm, com capacidade para 4
& Whatley, 1982; Bjorkman, 1981). Essa plasticidade kg. Utilizou-se como substrato vermiculita, esterco
estrutural está associada a uma função compensatória bovino, e terra de subsolo, na proporção de 20:30:50.
de folhas adaptadas à sombra, à diminuição As mudas foram irrigadas periodicamente, deixando
proporcional da fotossíntese e à diminuição da o substrato sempre próximo da capacidade de campo.
intensidade luminosa, visto que tais folhas aproveitam Durante o período experimental as plantas
melhor a luminosidade, em comparação com aquelas foram submetidas a quatro níveis de sombreamento
não adaptadas a esse fator (Larcher, 2000). (0% ou pleno sol, 30%, 50% e 70% de redução da
O aumento da intensidade luminosa proporciona radiação incidente). Os níveis de 30%, 50% e 70%
aumentos na espessura da folha, especialmente, quando foram obtidos com a utilização de telas pretas de
acarretado pelo alongamento ou adição de células do nylon, tipo “sombrite”.
parênquima paliçádico, relacionadas à redução na Após 100 dias de tratamento, foram coletadas
resistência do mesofilo ao dióxido de carbono (Nobel, folhas em três regiões distintas da planta fixando-as,
1977) e correlacionadas com aumento de fatores que logo após a coleta, em álcool etílico 70°GL.
limitam potencialmente o processo fotossintético, Para identificar as folhas conforme as
como a enzima ribulose-1,5-bifosfato carboxilase/ posições no ramo, folhas completamente expandidas
oxigenase, transportadores de elétrons e condutância foram coletadas na região superior do ramo,
estomática (Bjorkman, 1981). aproximadamente no 5o nó, do ápice para base da
Além das modificações que ocorrem nos planta; da região mais central da planta, identificada
tecidos fotossintetizantes do mesofilo foliar, diversos como região mediana do ramo, aproximadamente no
trabalhos mostram diferenças nos níveis de 9o nó, do ápice para a base da planta, e da parte
intensidade luminosa influenciando mudanças mais basal da planta, identificada como região basal
significativas na densidade estomática, número e do ramo, aproximadamente no 13o nó do ápice para
tamanho das células epidérmicas, número de a base da planta.
tricomas, tamanho dos espaços intercelulares e Foram utilizadas folhas de cinco plantas para
esclerificação de tecidos. Dentre esses fatores, os cada nível de sombreamento, sendo coletadas de cada
estômatos apresentam grande importância em planta uma folha de cada região predefinida como
estudos anatômicos, envolvendo diferentes ambientes região superior, mediana e basal do ramo. De cada região
e níveis de radiação, uma vez que o aumento da da planta e para cada nível de sombreamento, foram
freqüência estomática em folhas expostas a elevada confeccionadas quatro lâminas semipermanentes,
irradiância pode ser um mecanismo importante de perfazendo um total de 20 lâminas por tratamento e
adaptação das espécies à condições mais áridas região da planta. Para a confecção das lâminas,
(Medri & Lleras, 1980; Abrams & Mostoller, 1995). secções de 0,5 cm² foram feitas à mão livre no terço
O objetivo desse trabalho foi avaliar médio foliar. As secções foram clarificadas em solução
modificações anatômicas em folhas ocorrentes em a 50% de hipoclorito de sódio, sendo, em seguida,
três regiões distintas de plantas de guaco submetidas lavadas em água destilada, neutralizadas em água
a diferentes intensidades luminosas. acética 1%, coradas com azul de astra-safranina
(Kraus & Arduin, 1997) e montadas em glicerina 50%.
Para avaliar a espessura da epiderme nas
MATERIAL E MÉTODO faces abaxial e adaxial, assim como do parênquima
O experimento foi conduzido em condições paliçádico e lacunoso, fizeram-se mensurações em
de viveiro, localizado no setor de Fisiologia Vegetal, três regiões distintas de cada secção, utilizando-se
Departamento de Biologia da Universidade Federal uma ocular micrometrada, perfazendo um total de 60
de Lavras (UFLA), município de Lavras, região sul do repetições.
estado de Minas Gerais, a 918m de altitude, latitude Para avaliação do sistema vascular, foram
21º 14‘ S e longitude 45º 00‘ GRW. A média anual de realizadas medições da altura e largura do feixe
temperatura do ar é de 19,4ºC; média de temperatura vascular maior e mais centralizado na nervura principal
máxima de 26,1ºC e mínima de 14,8ºC; precipitação e feita a contagem do número de vasos do xilema,

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totalizando 20 repetições por tratamento. A mensuração posições não houve diferenças significativas entre os
do sistema vascular do pecíolo foi avaliada em feixes diferentes níveis de sombreamento. O maior índice
distintos, sendo feitas medições somente do feixe estomático foi atingido a 30% de sombreamento na
vascular maior e mais centralizado. região superior da planta, diferindo dos demais níveis
Foram realizadas secções paradérmicas da de sombreamento. Já na região mediana, não houve
epiderme da face abaxial e corados com safranina diferenças significativas entre os tratamentos e na
hidroalcoólica. A contagem do número de células região basal, o maior índice foi atingido a pleno sol e
epidérmicas e dos estômatos foi realizada com o a 30% de sombreamento.
auxílio de câmara clara, em microscópio OLIMPUS Nas plantas cultivadas em 70% de
CBB, segundo técnica de Labouriau et al. (1961), em sombreamento, as células comuns da epiderme
12 campos da região mediana das folhas, utilizando- exibem paredes anticlinais sinuosas mais acentuadas
se cinco folhas por tratamento, perfazendo um total que nos demais níveis de sombreamento (Figura 1).
de 60 campos por tratamento. Quantidade, distribuição, tamanho, forma e
O índice estomático (Si) foi calculado com a mobilidade dos estômatos são características
utilização da fórmula: Si (%) = [Sn/(Sn + Em)] x 100, específicas de cada espécie e podem se alterar em
sendo Sn o número de estômatos e Em o número de função das adaptações às condições ambientais
células da epiderme, segundo Cutter (1986). (Larcher, 2000). Além do comportamento estomático,
O delineamento experimental utilizado foi o o número e o tamanho das células comuns da
inteiramente casualizado, e após a análise de epiderme podem variar de maneira significativa entre
variância, utilizou-se o teste de Scott-Knott a um nível plantas cultivadas em diferentes níveis de luz (Abrams
de erro de 5% para separação das médias em classes & Mostoller, 1995). Essas adaptações das células
distintas. comuns e especializadas da epiderme são
fundamentais para o processo de adaptação das
plantas a diferentes condições ambientais,
RESULTADO E DISCUSSÃO otimizando, principalmente, o processo de trocas
Na epiderme da face abaxial da lâmina foliar gasosas entre perda de água por transpiração e
(Tabela 1), observa-se que para os diferentes níveis absorção de CO 2, necessários à fotossíntese.
de sombreamento, dentro de cada região da planta, Segundo Goryshina (1989), a densidade estomática
a maior densidade estomática foi atingida a 30% de aumenta à medida que aumenta a intensidade de
sombreamento na região superior da planta. Este radiação em plantas de floresta decídua, tal qual
aspecto difere dos demais níveis de sombreamento observamos neste trabalho entre os diferentes níveis
nesta região, enquanto que para as outras duas de sombreamento e também entre as diferentes

TABELA 1. Médias de número de estômatos mm-2 e índice estomático na face abaxial em plantas de Mikania
glomerata Sprengel submetidas a diferentes níveis de sombreamento, UFLA, Lavras-MG, 2003.

Médias seguidas pela mesma letra não diferem significativamente entre si pelo teste de Scott-Knott
ao nível de 5% de probabilidade de erro.

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regiões da planta, sendo que aquelas passíveis de foliar em nível adaxial e abaxial foram
auto-sombreamento em alguns horários do dia significativamente diferentes nas plantas crescidas
também apresentaram mudanças quanto ao aspecto sob radiação solar plena e nas crescidas sob
das células epidérmicas. Resultados semelhantes em sombreamento de 50% (Gonçalves, 2001).
relação à posição do ramo, para guaco, foram Em Phaseolus vulgaris L., a densidade dos
encontrados por Boardman (1977) estudando plantas estômatos foi maior em plantas cultivadas sob alta
de sol e sombra. intensidade luminosa, entretanto, o número total de
As modificações da epiderme são distintas estômatos por folha permaneceu aproximadamente
em diferentes espécies quanto às mudanças nos constante (Knecht & O´Leary, 1972). Ainda em
níveis de radiação. Em Ocimum selloi Benth, a Phaseolus vulgaris, o índice estomático na face
freqüência e o número de estômatos na epiderme adaxial não diferiu quando submetido a diferentes

FIGURA 1. Secções paradérmicas da epiderme da face abaxial de folha de Mikania glomerata Sprengel submetida
a diferentes níveis de sombreamento. A- Pleno sol, B- 30% de sombreamento, C- 50% de sombreamento e D- 70%
de sombreamento. As barras nas figuras correspondem a 50µm.

intensidade luminosas, ao passo que, na epiderme como nas regiões mais superiores da planta,
da face abaxial, foram registrados índices acompanhando assim a espessura do parênquima
estomáticos maiores com o aumento da intensidade paliçádico e esponjoso (Figura 2).
luminosa, sugerindo um efeito da luz na diferenciação A anatomia foliar é altamente especializada
dos estômatos (Silva & Anderson, 1985). Voltan et para a absorção de luz. As propriedades do mesofilo,
al. (1992), no estudo da epiderme em cinco diferentes sobremaneira do parênquima paliçádico, garantem a
cultivares de cafeeiro, observaram que o número de otimização da absorção de luz. Com os dados obtidos
estômatos decresceu linearmente com o nível de luz neste trabalho, pode-se considerar que plantas de
em todos os cultivares. guaco são passíveis de adaptação às condições de
Em secção transversal da lâmina foliar, sol e sombra, visto a plasticidade adaptativa das folhas
observou-se variação na espessura da epiderme nas às diferentes condições de luminosidade. Além das
faces adaxial e abaxial (Tabela 2). Para os diferentes folhas de sombra serem mais delgadas que as de
níveis de sombreamento dentro de cada região da sol, são mais lobuladas, apresentam maior superfície
planta, a epiderme apresenta-se mais espessa nas por unidade de peso, possuem epiderme mais fina e
condições de pleno sol. apresentam maior proporção de espaços
As médias de espessura foliar foram maiores intercelulares (Spurr & Barnes, 1980).
em plantas também cultivadas em pleno sol, quando
comparadas aos tratamentos sombreados, assim

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TABELA 2. Espessura (µm) do tecido epidérmico, do parênquima paliçádico e espessura total do limbo foliar de
plantas de Mikania glomerata Sprengel submetidas a diferentes níveis de sombreamento, UFLA, Lavras -MG,
2003.

As médias (na coluna) seguidas pela mesma letra não diferem significativamente entre si pelo teste de
Scott-Knott ao nível de 5% de probabilidade de erro.

FIGURA 2. Secções transversais da folha de Mikania glomerata Sprengel submetidas a diferentes níveis de
sombreamento (100 dias após tratamentos). A- Pleno sol, B- 30% sombreamento, C- 50% de sombreamento e D-
70% de sombreamento. Barras = 50µm.

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FIGURA 3. Secções transversais da nervura mediana e maior da folha de Mikania glomerata Sprengel, submetida
a diferentes níveis de sombreamento. A- Pleno sol, B- 30% de sombreamento, C- 50% de sombreamento e D- 70%
de sombreamento. As barras nas figuras correspondem a 100µm.

FIGURA 4. Relação entre os níveis de sombreamento,


dentro de cada região da planta, a altura e largura do FIGURA 5. Relação entre os níveis de sombreamento
feixe vascular central e maior e altura do xilema na e o número de vasos do xilema do feixe vascular
região da nervura central em folhas de Mikania central e maior na região da nervura central em folhas
glomerata Sprengel. de Mikania glomerata Sprengel.

De acordo com Sert (1992), folhas de sombra Ainda nesta espécie, observou-se que a expansão
são mais finas que as de sol devido ao consumo de foliar foi completada mais rapidamente em
assimilados para a expansão da área foliar. Em intensidades luminosas mais elevadas (Jurik et al.,
Fragaria virginiana Mill., uma espécie adaptada à 1979). Aumento proporcional na espessura dos
sombra, quando se aumenta a intensidade da luz, tecidos em resposta à luz também foi encontrado
observa-se um aumento na quantidade de tecidos no por Silva & Anderson (1985) em plantas de feijão,
mesofilo, favorecendo o desenvolvimento de tecido cultivar cv Bush Blue Lake 290.
paliçádico, o que é evidenciado pelo aparecimento A nervura principal no terço médio de folhas
de várias camadas bem organizadas, as quais elevam submetidas a diferentes níveis de sombreamento
significativamente a capacidade fotossintetizante. atingiu o máximo de altura e largura do feixe vascular,
Esse aumento ocorre até um certo limite, além do maior e mais centralizado, a 30% de sombreamento,
qual a capacidade fotossintetizante decresce devido enquanto, para os outros tratamentos, não houve
à foto-oxidação dos pigmentos (Chabot et al. 1979). diferenças significativas (Figura 3). Entre as diferentes

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FIGURA 6. Relação entre os níveis de sombreamento sobre o número de vasos do xilema do pecíolo, entre os
tratamentos (A) e entre as diferentes posições na planta (B), em secção transversal na metade do comprimento do
pecíolo de Mikania glomerata Sprengel.

A
B

C D
FIGURA 7. Secções transversais do pecíolo da folha de Mikania glomerata Sprengel submetida a diferentes níveis de
sombreamento. A- Pleno sol, B- 30% de sombreamento, C- 50% de sombreamento e D- 70% de sombreamento. As
barras nas figuras correspondem a 200µm.

posições do ramo, só houve diferença significativa, diferença entre os demais tratamentos (Figura 5),
para a região superior, apresentando valores menores mesmo resultado encontrado para os vasos do pecíolo
que as demais regiões do ramo (Figura 4). O número (Figura 6A e 7), sendo em menor número na região
de vasos do xilema em plantas submetidas a 70% superior (Figura 6B), acompanhando, dessa forma, a
de sombreamento foi menor que naquelas submetidas diminuição do tamanho em altura e largura do feixe
aos demais níveis de sombreamento, não havendo vascular e da altura dos vasos do xilema (Figura 4).

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