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ECOLOGIA

VEGETAL 2 -a Ediçãcao
~

Jessica Samuel M. Gordon A.


GUREVITCH SCHEINER FOX
Equipe de Tradução

Fernando Gertum Becker (Capítulos 14-16)


Biólogo. Mestre em Ecologia pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).
Doutor em Ciências, ênfase em Ecologia e em Recursos Naturais, pela Universidade Federal
de São Carlos (UFSCAR), SP. Professor adjunto do Departamento de Ecologia do Instituto de
Biociências da UFRGS.

Leandro da Silva Duarte (Capítulos 6 e 17-21)


Biólogo. Mestre em Ecologia pela UFRGS. Doutor em Ciências, ênfase em Ecologia, pela UFRGS.

Lúcia Rebello Dillenburg (Capítulos 1, 3, 4)


Engenheira agrônoma. PhD em Botânica pela Universidade de Maryland (College Park, EUA).
Professora associada do Departamento de Botânica do Instituto de Biociências da UFRGS.

Paulo Luiz de Oliveira (Iniciais, Capítulos 2 e 7, Finais)


Biólogo. Doutor em Agronomia pela Universität Hohenheim, Stuttgart,
República Federal da Alemanha. Professor titular aposentado do Departamento de Ecologia
do Instituto de Biociências da UFRGS.

Sandra Cristina Müller (Capítulos 9-13)


Bióloga. Mestre em Botânica pela UFRGS. Doutora em Ecologia pela UFRGS. Professora adjunta
do Departamento de Ecologia do Instituto de Biociências da UFRGS.

Sandra Maria Hartz (Capítulos 5 e 8)


Bióloga. Mestre em Ecologia pela UFRGS. Doutora em Ciências, ênfase em Ecologia e em Recursos
Naturais, pela UFSCAR, SP. Professora associada do Departamento de Ecologia do Instituto de
Biociências da UFRGS. Docente do Programa de Pós-Graduação em Ecologia da UFRGS.
CAPÍTULO
18 Biomas

N
osso planeta apresenta um complexo padrão de climas, os quais, por sua vez,
têm um papel importante na criação dos padrões complexos de vegetação e
tipos de comunidades que nele encontramos. No capítulo anterior, analisa-
mos o clima e sua influência na fisionomia das plantas. Aqui, analisaremos mais deta-
lhadamente os padrões vegetacionais resultantes. Os ecólogos dividem estes padrões
de grande escala em unidades denominadas biomas: regiões biogeográficas princi-
pais que diferem umas das outras na estrutura de sua vegetação e em suas espécies
vegetais dominantes (Clements, 1916). Os biomas representam a escala maior na qual
os ecólogos classificam a vegetação. Neste capítulo, examinaremos estes padrões em
ampla escala, analisaremos sucintamente os principais biomas de mundo e teceremos
breves considerações sobre algumas das maneiras pelas quais as atividades humanas
os afetam.

Categorizando a vegetação
A classificação da vegetação mundial em biomas (Figura 18.1; Tabela 18.1) estabelece
categorias adequadas que descrevem os principais aspectos da vegetação, como es-
trutura, função e adaptações. Os biomas não apenas nos dizem muito sobre os tipos
de plantas que poderão ser encontrados crescendo em uma determinada área, mas
também indicam algo sobre os tipos de animais e outros organismos que provavel-
mente nela ocorrem, bem como sobre os principais fatores ambientais limitantes para
os seres vivos. Os biomas são fortemente determinados pelo clima, especialmente
pela temperatura, pluviosidade e sazonalidade (Figura 18.2). Climas similares em di-
ferentes partes do mundo contêm biomas semelhantes, embora seus detalhes difiram.
Por exemplo, as florestas perenifólias temperadas são similares por serem dominadas
por coníferas de folhas aciculadas na América do Norte, por faias* (latifoliadas) na
América do Sul e por eucaliptos (latifoliados) na Austrália.
Os biomas são definidos pela fisionomia das plantas dominantes ou mais eviden-
tes. Desse modo, reconhecemos diferentes tipos de florestas (p. ex., perenifólias ou de-
ciduais, latifoliadas ou de folhas aciculadas), bosques arbustivos e campos. Contudo,
não devemos deixar de lado as árvores da floresta: pode haver uma grande variação
dentro de um determinado bioma. Em seu estudo sobre as comunidades de um único
bioma, a floresta temperada decidual do leste da América do Norte, E. Lucy Braun
reconheceu 12 diferentes sub-biomas principais e muitas variantes menores (Braun,
1950). Dentro de um bioma, pode haver manchas de vegetação que se revelam “não-
pertencentes”, como florestas ripárias encontradas ao longo de cursos d’água em re-
giões campestres e desérticas. A ocorrência dessas manchas nos lembra que o clima é

* N. de T. Faia é o nome popular de árvores do gênero Fagus (Fagaceae), nativas das zonas tempera-
das da Europa, América do Norte e Ásia. As árvores citadas pelos autores pertencem, na verdade,
ao gênero Nothofagus (Nothofagaceae) e ocorrem em várias regiões do Hemisfério Sul.
418 Jessica Gurevitch, Samuel M. Scheiner & Gordon A. Fox

30ºN

Equador

30ºS

Floresta pluvial tropical Montanhas altas (taiga e tundra alpina)


Floresta decidual tropical Floresta perenifólia temperada
Floresta espinhosa Floresta decidual temperada
Savana tropical Taiga
Deserto quente Tundra ártica
Chaparral Campo temperado
Deserto frio, bosques arbustivos áridos e campos Gelo

Figura 18.1 Principais biomas do mundo.

somente um fator determinan- mapa tracemos limites bem nítidos para os biomas, na rea-
te da vegetação. A variação lo- lidade esses limites são em geral imprecisos. De modo simi-
cal nos solos e na topografia, lar, as categorias que definimos ignoram o fato de que um
especialmente como esta afeta local específico pode não se ajustar facilmente a qualquer
o microclima, pode influenciar bioma determinado. Além disso, diferentes cientistas pode-
o tipo de vegetação encontra- riam incluir um lugar em biomas distintos. Alguns utilizam
da em uma área. Por sua vez, poucos agrupamentos mais abrangentes, enquanto outros
os animais que vivem em um usam um critério de separação de tipos de vegetação mais
dado bioma são determina- detalhado. As definições dos biomas apresentadas aqui po-
dos pela vegetação existente, dem não corresponder exatamente a outras encontradas em
assim como pelo clima e por outros textos. Contudo, há um consenso geral sobre catego-
outros fatores. rias e definições aproximadas dos biomas.
E. Lucy Braun
Os biomas têm mais uti- A conotação da expressão “floresta temperada” aqui
lidade como classificações empregada pode não ser idêntica à adotada em outro con-
descritivas (embora arbitrárias) do que como categorias texto, embora esteja próxima. Se você consultasse a lite-
quantitativas ou objetivas. Os limites entre biomas podem ratura científica, encontraria muitas descrições diferentes
representar os limites de distribuição das espécies domi- de lugares chamados de florestas pluviais. Contudo, não
nantes. Por outro lado, há outras espécies cujas distribui- há uma única definição rigorosa do termo – ele é, de fato,
ções podem transcender tais limites. Embora sobre um usado em referência a florestas que ocorrem em lugares
Ecologia Vegetal 419

TABELA 18.1 Principais biomas do mundo: formas de crescimento dominantes e condições climáticas geraisa
Angiospermas ou
gimnospermas
Bioma Forma de crescimento dominante (dominante ou comum) Temperatura Umidade
Floresta pluvial tropical Árvores perenifólias latifoliadas Angiospermas Quente Úmida
Floresta montana tropical Árvores perenifólias latifoliadas Angiospermas Amena Úmida
Floresta decidual tropical Árvores caducifólias e semiperenifólias Angiospermas Quente Sazonalmente
latifoliadas seca
Floresta espinhosa Árvores caducifólias latifoliadas Angiospermas Quente Seca
Bosque tropical Árvores semiperenifólias latifoliadas e Angiospermas Quente Moderada
gramíneas
Floresta decidual temperada Árvores caducifólias latifoliadas Angiospermas Sazonalmente fria Moderada
Floresta pluvial temperada Árvores perenifólias de folhas aciculadas Gimnospermas Sazonalmente fria Úmida
Floresta perenifólia tem- Árvores perenifólias de folhas aciculadas Gimnospermas ou an- Variada Variada
perada ou latifoliadas giospermas
Bosque temperado Árvores perenifólias de folhas aciculadas Ambas Amena Moderada
ou caducifólias latifoliadas e gramíneas
Taiga Árvores perenifólias de folhas aciculadas Gimnospermas Fria Moderada
Bosque arbustivo temperado Arbustos perenifólios, ervas anuais Angiospermas Amena Moderada
Campo temperado Gramíneas perenes Angiospermas Sazonal Moderada
Savana tropical Gramíneas perenes Angiospermas Quente Moderada
Deserto quente Arbustos, suculentas, gramíneas anuais Angiospermas Quente Seca
e perenes, ervas anuais
Deserto frio Arbustos Angiospermas Amena Seca
Bosque arbustivo alpino Arbustos caducifólios Angiospermas Fria Moderada
Campo alpino Gramíneas perenes Angiospermas Fria Moderada
Tundra Gramíneas perenes, ciperáceas, arbustos Angiospermas Fria Moderada
e ervas latifoliadas
a
Outros fatores, especialmente a sazonalidade, também são importantes.

–15

–10 Tundra

–5 Bosque arbustivo alpino


Campo
Temperado frio
alpino
Temperatura média anual (°C)

0 Floresta montana
Taiga tropical
Deserto frio
tem
Bo pera

5 Floresta
sq do arbustivo

Floresta pluvial
ue

decidual
temperada temperada
temperado

10
Bosque

Floresta
15 perenifólia
Campo
temperada Temperado quente
temperado Figura 18.2 A distribuição dos biomas
Savana é determinada pelo clima, especialmente
Bosque tr

20 tropical pela temperatura e precipitação médias


Tropical anuais. Nas regiões dentro das linhas
Floresta Floresta pluvial
Floresta decidual
tracejadas, outros fatores – como fogo,
tropical
o

25 espinhosa pastejo e sazonalidade da precipitação –


pical

tropical
Deserto afetam fortemente o bioma presente. O
quente clima também pode interagir com fatores
30 como o tipo de solo para determinar a
0 50 100 150 200 250 300 350 400 450
distribuição dos biomas (segundo Whit-
Precipitação média anual (cm) taker, 1975.)
420 Jessica Gurevitch, Samuel M. Scheiner & Gordon A. Fox

onde a chuva é abundante e não há estação seca prolonga- mente relacionadas são encontradas em um determinado
da. As florestas pluviais tropicais ocorrem onde haja plu- bioma porque aquela forma é bem adaptada àquele am-
viosidade substancial ao longo do ano; florestas pluviais biente. Um exemplo são os campos dominados por espé-
temperadas tendem a ocorrer onde haja pesadas chuvas cies da família Poaceae. O processo evolutivo é a descen-
de inverno e chuvas leves de verão, além de consideráveis dência comum, combinada à história biogeográfica dessas
nevoeiros de verão. A expressão “floresta pluvial” é, por- espécies aparentadas. Por exemplo, muitos desertos quen-
tanto, adequada como uma descrição geral, mas não como tes nas Américas do Norte e do Sul contêm cactos porque a
uma categoria rigorosamente definida ou entidade única. família Cactaceae surgiu na América do Norte.
Embora tenhamos enfatizado que, cientificamente, O processo que combina ecologia e evolução é a evo-
os limites entre os biomas (ou comunidades) são arbitrá- lução convergente – a evolução independente de caracte-
rios, isso não é necessariamente verdadeiro sob o ponto rísticas similares em táxons não-aparentados. Geralmente,
de vista da lei. Na Austrália, por exemplo, às áreas desig- esses atributos similares ocorrem por seleção natural, a
nadas como “floresta pluvial temperada” é legalmente qual é dirigida pela ecologia dos organismos (ver Capítulo
proporcionada uma medida de proteção maior do que a 6). Um exemplo admirável de evolução convergente é en-
outras. Algumas florestas de eucaliptos de lugares muito contrado entre as plantas alpinas das famílias Campanula-
chuvosos apresentam um sub-bosque representado floris- ceae e Asteraceae. Lobelia rhynchopetalum cresce nas mon-
ticamente por uma floresta pluvial, a qual, na ausência de tanhas da Etiópia e Espeletia pycnophylla cresce nos Andes
fogo, substituiria o dossel de eucaliptos em aproximada- da América do Sul. Ambas exibem um aspecto incomum,
mente 300 a 500 anos. Porém, por serem dependentes de atingindo até 2 m de altura, com um tronco espesso enci-
queimadas, alguns estados não as consideram legalmen- mado por uma roseta de folhas (Figura 18.3). Sua altura é
te florestas pluviais. Se a definição legal australiana fosse uma adaptação a grandes oscilações diárias na temperatu-
aplicada na América do Norte, as florestas de sequoias* da ra. Durante a noite, a temperatura junto ao solo pode cair
costa do Pacífico não seriam classificadas como florestas abaixo do ponto de congelamento, pois o terreno perde
pluviais temperadas – categorização com a qual alguns grandes quantidades de energia radiante para o céu no-
cientistas norte-americanos têm concordado. turno muito frio. Porém, as partes superiores das plantas,
No Capítulo 9, trouxemos uma controvérsia centra- a 2 m acima do chão, permanecem acima do ponto de con-
da nas visões contrastantes de Frederic Clements e Henry gelamento devido ao aporte de energia radiante de ondas
longas do solo (ver Capítulos 3 e 17). Assim, as flores e os
Gleason sobre a natureza das comunidades. Clements via
meristemas sensíveis jamais experimentam temperaturas
as comunidades como entidades altamente previsíveis,
de congelamento. As duas espécies evoluíram de espécies
controladas primariamente por padrões climáticos em
herbáceas rasteiras, que viviam em elevações mais baixas.
grande escala. Por outro lado, Gleason via as comunida-
Embora um determinado bioma mostre similaridades
des como imprevisíveis e variáveis, sujeitas aos caprichos
gerais de forma em diferentes lugares, devido a proces-
da dispersão, às condições microclimáticas e às distribui-
sos evolutivos e históricos, as características do bioma em
ções individualistas das espécies. Uma maneira de resol-
um local podem diferir em detalhes daquelas do mesmo
ver esse conflito é reconhecer que cada cientista enfatizou
bioma em outro local. Considere o exemplo anteriormente
uma escala espacial diferente. Clements enfocou padrões
mencionado das florestas perenifólias temperadas. A ra-
em nível de biomas. Nessa escala, podemos ver padrões
zão pela qual essas florestas são dominadas por eucalip-
regulares e traçar limites em nossos mapas. Gleason pre-
tos somente na Austrália é que o gênero Eucalyptus sur-
ocupou-se principalmente com padrões em níveis locais.
giu durante o Cretáceo, no antigo continente que incluía
Nessa escala, os limites não são distintos, e vemos prin- a Austrália (Figura 20.5B) e nunca se dispersou para fora
cipalmente a variação local. Ambas as perspectivas são dele (Ladiges et al., 2003). Assim, a história biogeográfica
válidas, porém cada uma nos mostra aspectos diferentes pode criar tanto similaridades quanto diferenças entre os
do mundo. biomas. Um aspecto útil do conceito de bioma é que ele
fornece um arcabouço para análise e separação dos efeitos
Biomas convergentes e de arranjo de espécies, evolução convergente, descendên-
cia comum e história biogeográfica.
evolução convergente A evolução convergente é uma importante peça de
Por definição, um dado bioma (como floresta decidual evidência de que um dado atributo é uma adaptação devi-
tropical) sempre contém espécies que parecem similares do à seleção natural. Uma maneira de determinar se esse
(como árvores caducifólias). Essa similaridade de forma é o caso é perguntar: “Verificamos a repetição da mesma
acontece por meio de três processos: um ecológico, um forma em ambientes similares?” A tolerância a metais pe-
evolutivo e um na interseção entre ecologia e evolução. O sados, por exemplo, tem sido encontrada repetidamente
processo ecológico é o arranjo de espécies (species sorting), em populações de plantas que vivem em rejeitos de mi-
o qual significa que as mesmas espécies ou aquelas intima- neração, em diferentes locais (ver Capítulo 6). Mas como
podemos saber se a forma de uma espécie ou de um gru-
* N. de T. Na versão original lê-se redwood forests, em referência a ti- po de espécies representa uma adaptação? Nas Cactaceae,
pos florestais dominados por várias espécies arbóreas com madeira todas as espécies são do tipo CAM (metabolismo ácido
avermelhada, especialmente Sequoia sempervirens (Cupressaceae). das crassuláceas, ver Capítulo 2). Quase todos os cactos
Ecologia Vegetal 421

(A) (B)

Figura 18.3 Exemplo de evolução convergente: duas espécies da tundra alpina com aparência similar.
(A) Lobelia rhynchopetalum (Campanulaceae), encontrada nas montanhas Bale (Etiópia) (fotografia © M.
Harvey / Alamy). (B) Espeletia pycnophylla (Asteraceae), encontrada nos Andes da América do Sul (foto-
grafia de P. Jørgensen).

também crescem em ambientes ou microambientes secos. longo das costelas do caule e são do tipo CAM. Têm pa-
O metabolismo ácido das crassuláceas é uma adaptação rentesco muito distante, de modo que suas características
à baixa disponibilidade de água? Uma explicação alter- similares devem dever-se a eventos evolutivos indepen-
nativa é que todas as espécies da família Cactaceae são dentes. Outros membros do gênero Euphorbia, muito mais
do tipo CAM, não por uma estratégia adaptativa, mas proximamente aparentados a E. lactea, mostram-se muito
somente porque os seus ancestrais exibiam esse metabo- diferentes; o gênero inclui espécies com amplas varieda-
lismo. A adaptação de espécies das Cactaceae a condições des de formas de crescimento, desde pequenas ervas anu-
secas pode não ter nada a ver com a ocorrência desse tipo ais a arbustos e plantas grandes (a amplamente cultivada
de metabolismo; essa associação poderia ser apenas uma poinsétia, E. pulcherrima, é um membro desse gênero). Ou-
coincidência. tra maneira pela qual sabemos que as similaridades extra-
Como separamos tais associações fortuitas das moti- ordinárias entre M. geometrizans e E. lactea são resultantes
vadas pela adaptação por seleção natural? Procuramos as- de evolução convergente é que alguns dos atributos têm
sociações repetidas como a evolução convergente. Já que origens de desenvolvimento diferentes. Os espinhos dos
as plantas de muitas famílias não-aparentadas encontradas cactos evoluíram de folhas, as quais podem ainda ser vis-
em hábitats e micro-hábitats áridos são do tipo CAM, e tas em cactos primitivos. Por outro lado, os espinhos de
como esse tipo de metabolismo evoluiu independentemen- E. lactea evoluíram de estípulas (apêndices dos pecíolos).
te em muitas delas, começamos a nos convencer de que ele A evolução independente de características tão similares
oferece vantagens adaptativas nestes ambientes. Por co- somente por acaso é bastante improvável. Portanto, pode-
nhecermos os mecanismos fisiológicos envolvidos, enten- mos confiar em nossa conclusão de que essas característi-
demos que este tipo de metabolismo resulta no uso restrito cas são adaptações às condições em ambientes de deserto.
da água e na maior eficiência no uso da água em plantas
No restante deste capítulo, analisaremos padrões ve-
que apresentam esta rota fotossintética. Essas múltiplas li-
getacionais por meio de uma perspectiva de grande escala
nhas de evidência tornam mais crível que tipo de metabo-
à medida que examinamos os principais biomas e notamos
lismo em questão é uma adaptação a condições secas.
o que os distingue uns dos outros.
Outro exemplo de evolução convergente é encontrado
na morfologia de alguns cactos dos desertos das Américas
do Norte e do Sul e em plantas da família Euphorbiaceae Florestas tropicais úmidas
que crescem em regiões áridas do sul da África e da Ásia.
Considere Myrtillocactus geometrizans e Euphorbia lactea; Floresta pluvial tropical
essas duas espécies vegetais se assemelham notavelmente A floresta pluvial tropical é um dos biomas mais diversifi-
(Figura 18.4). Ambas são áfilas, apresentam caules verdes cados e produtivos do planeta. Embora represente apenas
fotossintéticos, exibem formas colunares, têm espinhos ao 11% da superfície seca da Terra, ela responde por 30% da
Encerra aqui o trecho do livro disponibilizado para
esta Unidade de Aprendizagem. Na Biblioteca Virtual
da Instituição, você encontra a obra na íntegra.

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