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SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ............................................................................................ 3
4 A HISTÓRIA DA BIOLOGIA...................................................................... 10
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1 INTRODUÇÃO
Prezado aluno!
Bons estudos!
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2 BIOLOGIA - CONCEITO DE VIDA
Fonte:academia.edu
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multidisciplinar. Além dessa área, reaparece o conceito de vida, que trabalha com
questões que, por serem extremamente subjetivas, muitas vezes fogem de uma
definição (DIAS, 2021).
Segundo Dias (2021), a Astrobiologia se preocupa e busca por respostas sobre
a origem, evolução e distribuição da Vida no Universo. Assim, considerando a
importância que o conceito sobre “O que é Vida?” possui, não apenas para a
Astrobiologia, mas para a própria Biologia Teórica e outras tantas áreas da Ciência da
Vida e Natureza, a abordagem desse tema pode ser visto como objeto
desfragmentador e integrador entre Ciência e a Filosofia.
A palavra biologia vem de bio, que significa "vida" e Logos, que significa
"estudo"; consequentemente, a biologia é o ramo da ciência que estuda os seres
vivos. Os seres vivos são definidos como organismos descendentes de um ancestral
comum, que surgiu há cerca de 3,5 milhões de anos. Devido à sua ancestralidade
comum, os organismos vivos compartilham muitas características, apesar de serem
incrivelmente variados. Mas, afinal, o que é vida? "Quais são as propriedades dos
seres vivos? “Porque os biólogos reconhecem a vida a partir das propriedades e
processos dos organismos vivos (DIAS, 2021).
Veja, a seguir, algumas propriedades e processos que estão associados à vida
segundo Sadava et al (2009) apud Dias (2021):
Célula: todos os organismos vivos são constituídos por uma ou mais células.
Alguns organismos vivos são unicelulares e compostos por uma única célula
que executa todas as funções da vida, enquanto outros são multicelulares e
compostos por uma série de células especializadas que desempenham
diferentes funções.
Adaptação evolutiva: os organismos vivos são geneticamente relacionados,
ou seja, possuem um ancestral comum. Essa é a teoria da evolução proposta
por Charles Darwin, segundo a qual os organismos têm a capacidade de
evoluir, ou seja, toda população de organismos possui variações genéticas. Por
meio da seleção natural, essas variações aumentam a probabilidade de um
organismo se adaptar a certas condições ambientais e sobreviver às
condições;
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Regulação: os organismos vivos podem regular o seu ambiente interno, ou
seja, milhares de reações bioquímicas ocorrem dentro e entre as células, as
quais devem ser precisamente controladas para que essas células realizem de
maneira eficiente suas funções;
Processamento de energia: os organismos vivos adquirem nutrientes a partir
do ambiente para fornecer energia e construir novas estruturas, ou seja,
alimentar-se fornece energia e nutrientes ao organismo, o que o mantém
organizado e funcionado. Distintos organismos conseguem energia de
diferentes fontes, e são considerados como produtores e consumidores. Os
produtores extraem energia do meio ambiente e produzem seus próprios
alimentos. As plantas, por exemplo, são um exemplo de produtor, pois
fotossintetizam a partir da energia solar para produzir açúcar, que é a fonte de
energia da planta (alimento). Os consumidores obtêm energia e nutrientes
alimentando-se de outros organismos; um exemplo são os gafanhotos que
comem folhas;
Resposta ao ambiente: capacidade de reagir de acordo com as condições do
meio em que o organismo vivo está inserido. Os organismos interagem
continuamente e de muitas formas diferentes. Existem interações com fatores
ambientais (incluindo solo, temperatura, umidade) e interações entre
organismos da mesma espécie (da mesma) ou entre organismos de espécies
diferentes;
Crescimento, desenvolvimento e reprodução: os organismos vivos contêm
informações genéticas para se reproduzir e perpetuar a própria espécie, e a
informação genética herdada controla o padrão de crescimento de
desenvolvimento de cada organismo vivo. Assim, o DNA é considerado a
molécula característica da vida, pois é a base para o crescimento,
sobrevivência e reprodução de todos os organismos vivos. A reprodução se
refere aos mecanismos pelos quais os pais passam o DNA para seus filhos,
que contém as informações que direcionam o crescimento e o desenvolvimento
do organismo;
Para a biologia, essas são as propriedades que todos os organismos vivos têm
em comum. Portanto, com cada organismo recém-descoberto, essas propriedades
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são avaliadas a fim de compreender a vida desse organismo. No entanto, algumas
formas de vida podem não ter tudo isso. Propriedades e processos ao mesmo tempo.
Fonte: biologia.seed
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Com um pouco mais de detalhes sobre os níveis de organização biológica, a
biosfera, por ser o nível mais abrangente, abrange todas as regiões continentais,
oceânicas e atmosféricas e é constituída pelos diversos ecossistemas de nosso
planeta. O ecossistema consiste em uma comunidade que interage com o ambiente
físico e químico. Uma comunidade é composta por todas as populações de todas as
espécies em uma determinada área; cada população é composta por um grupo de
indivíduos do mesmo tipo de organismo ou espécie que vivem em uma determinada
área (DIAS, 2021).
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substâncias entre a célula e ambiente, mas existem dois tipos principais de células:
procariotas e eucariotas (DIAS, 2021).
As organelas das células eucarióticas são envoltas por membrana, e algumas
organelas, como o núcleo, são encontradas em células de todos os eucariotos. No
entanto, algumas organelas são específicas de grupos celulares distintos (p. ex., o
cloroplasto é encontrado apenas em células com capacidade fotossintetizante). As
células procarióticas não possuem o núcleo ou outras organelas envoltas por
membrana. Outra diferença é com relação ao tamanho das células: células
procarióticas são geralmente menores do que as células eucarióticas (SADAVA et al.,
2009; REECE et al., 2015 apud DIAS, 2021).
4 A HISTÓRIA DA BIOLOGIA
Fonte: historiadomundo.com
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Segundo Araújo (2012) no Egito, terra dos faraós e das pirâmides, o
conhecimento da anatomia possibilitou a confecção de múmias que ainda hoje
existem, bem como os avanços da medicina que possibilitaram o tratamento de
fraturas, a construção de próteses e a realização de operações, para remover
tumores, circuncisões, amputações e trepanações possíveis. Foram os egípcios que
fizeram a primeira classificação anatômica do corpo humano, dividindo-o em cabeça,
tronco e membros.
Foi desenvolvida por chineses no Oriente, estudos sobre plantas, animais,
saúde e doença humana. A teoria Yin Yang surgiu da visão do mundo, natureza, vida,
saúde e doença. Os dois termos representam uma visão dualística do universo em
que Yin incluiria as condições da mulher, escuridão, frio, flexibilidade, terra e vazio.
Enquanto em Yang seria masculino, claro, quente, rígido, celestial e pleno. Além
disso, os seres vivos e outros elementos e estruturas que compõem o universo seriam
reunidos de acordo com alterações do yinyang, que inclui cinco estágios em um ciclo
de mudança: água, fogo, metal, madeira e terra. Para os chineses, o estágio em que
um organismo se encontra explicaria sua forma, função e estado de saúde. Um
exemplo de ideia resultada dessa teoria foi a explicação de que a função cardíaca
está relacionada ao pulso e ao fluxo sanguíneo contínuo no corpo (ARAÚJO et al,
2012).
Este conceito não foi adotado na ciência ocidental até o século XVII. Outra
região com importante desenvolvimento no leste foi a Índia. Na região do Indo
floresceu entre 2700 e 1500 AC. Uma civilização. C., e parte do conhecimento
adquirido naquela época agora se encontra nos livros védicos, no conteúdo desses
livros há referências ao conhecimento da ciência da vida, incluindo a medicina. De
acordo com esse conhecimento, o corpo consiste em cinco elementos (vento, terra,
fogo, água e vazio), e saúde, doença e funções fisiológicas são explicadas pela
combinação dos três humores ativos (vento, bile e fleuma) em harmonia com sangue.
Além disso, os seres vivos são divididos em quatro categorias das quais nascem
(útero, ovo, calor e umidade, semente) (ARAÚJO et al, 2012).
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4.2 A Ciência na Grécia
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natureza das coisas vivas, Demócrito realizou a dissecação de vários animais. Além
disso, estabeleceu a prática posteriormente utilizada por Aristóteles (384/322 a. C
Chegou a realizar vários estudos sobre anatomia, reprodução, embriologia, febre e
doenças respiratórias, e também via o cérebro como um órgão do pensamento, ideia
que foi posteriormente adotada por Aristóteles (que fez o cérebro ser considerado o
refrigerador do sangue) foi questionado (ARAÚJO et al, 2012).
Um contemporâneo muito famoso de Demócrito foi Hipócrates de Kos
(aproximadamente 460/361 a C), que é conhecido hoje como o pai da medicina.
Baseado nas ideias de Demócrito, Hipócrates criou a teoria de que saúde e doença
eram relacionadas aos quatro elementos (terra). Assim como o universo, o corpo
humano consistiria nos quatro elementos conexos aos quatro humores (bile negra,
bile amarela, fleuma e sangue) e às quatro qualidades (quente, frio), úmido e seco).
As características individuais dependem das proporções de cada um desses fatores
e determinam o temperamento característico que cada pessoa possui (melancólico,
colérico, sanguíneo e fleumático). Segundo essa teoria, a saúde do indivíduo
dependia do equilíbrio entre os fluidos corporais, o que levou à definição de técnicas
ainda hoje utilizadas na medicina: sangramento, desintoxicação e controle da dieta
(ARAÚJO et al, 2012).
Ainda segundo Araújo (2012) um filósofo importante até hoje foi Platão
(429/347 a C). Platão foi aluno de Sócrates (470/399 a C), que fundou uma escola que
formou muitos filósofos, inclusive Aristóteles, respeitado por muitos como o pai da
Biologia. De acordo com sua maneira de pensar, Platão considerava que a explicação
dos fenômenos naturais deveria ser feita a partir da razão pura e não por meio da
observação direta da natureza. A cabeça era a primeira parte do corpo que se formava
porque era quase esférica e servia como órgão da alma imortal, o apetite do fígado.
Em uma conclusão que contradiz a teoria evolucionária atual, ele sugeriu que
as espécies animais seriam o resultado de degenerações que ocorrem nos humanos.
Seu aluno Aristóteles discordou de muitas de suas idéias, como você verá na próxima
lição. Uma importante cidade da Antiguidade foi Alexandria, fundada no Egito por
Alexandre, o Grande (356-323 a.C.) e reconhecida pela relevância da sua gigantesca
biblioteca. Dois importantes cientistas que atuaram nessa cidade foram Herófilo (ca.
330-260 a.C.) e Erasístrato (ca. 310-250 a.C.). Embora seus escritos não tenham
sobrevivido, eles se tornaram anatomistas conhecidos a partir das críticas severas dos
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seus inimigos, tendo em vista terem efetuado várias vivissecções em seres humanos
Através das operações, Herófilo foi capaz de observar as conexões do sistema
nervoso central entre o cérebro, medula espinhal e nervos, distinguir nervos de
tendões, descrever o sistema digestivo, distinguir artérias de veias de pulsações e
posicionar o cérebro como um centro de inteligência (ARAÚJO et al, 2012).
Embora não tivesse rejeitado a teoria humoral de Hipócrates, ele considerava
que a vida era guiada por quatro fatores: nutrição (fígado e órgãos digestivos), poder
aquecedor (coração), sensibilidade e percepção (nervos) e força racional (cérebro).
Por sua vez, Erasístrato dirigiu seus estudos com o objetivo de explicar e tratar
doenças, inclusive usando torniquetes para diminuir a nutrição dos tecidos afetados,
e procurou preveni-los com medicamentos e higiene. Ele descreveu o fígado, a
vesícula e o coração, inclusive suas valvas, sugerindo a sua ação como bomba.
Quando descobriu que estava com um câncer, resolveu se suicidar (ARAÚJO et al,
2012).
Os romanos são até hoje cultuados pela sua competência em lidar com
agricultura, engenharia, saneamento, higiene, administração e, principalmente, com
as guerras. O mesmo não pode ser feito para suas contribuições para a Biologia. No
entanto, é possível destacar alguns, como Lucrécio (9944 a C (2379 d C) que escreveu
o Compêndio de História Natural, uma obra que trata de observações sobre o céu e a
terra, geografia, etnografia, história natural, história animal, terra, A silvicultura, a
horticultura e a produção de vinho, azeite e medicamentos foi mantida como referência
até ao século XVI (ARAÚJO et al, 2012).
Segundo Araújo (2012), um importante texto (Sobre a Matéria Médica) foi
escrito por Dioscórides (aprox. 4090), que descreveu cerca de 500 plantas, além de
medicamentos obtidos de plantas, animais e minerais. Claudio Galeno (aprox.
130/210 DC) foi um importante médico romano cujas idéias existiram até o século XIX
como referência para a prática médica do galenismo, que durou até o século XVII.
Partindo da ideia de Platão da existência de uma alma tripartida (nutriente, animal e
razão), Galeno define que o corpo humano está organizado para utilizar o pneuma
(ar) que seria o gerador da vida.
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Com base nessa ideia, ele descobriu que o fígado processa o pneuma para
formar o espírito natural e o distribui pelas veias para nutrir e fazer crescer o corpo; o
coração era responsável por coordenar os movimentos e distribuir o espírito da vida
pelas artérias para aquecer e revigorar o corpo; o cérebro formou o espírito animal,
que se distribuiu pelos nervos para possibilitar as sensações e o movimento muscular.
Embora suas concepções fossem aceitas por muito tempo, algumas delas continham
falhas que foram reconhecidas posteriormente. Vários desses erros foram registrados
nos dados de consequências anatômicas como resultado de suas conclusões de
dissecação em animais, e não em humanos (ARAÚJO et al, 2012).
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europeias já estava em 80, e os currículos já começavam a incluir outras disciplinas
(ARAÚJO et al, 2012).
Um estudioso importante desse período foi o professor da Universidade de
Paris e frade dominicano Tomás de Aquino (1225-1274), posteriormente santificado
pelo Vaticano, que resgatou a obra de Aristóteles ao promover uma síntese entre a
doutrina cristã e o pensamento aristotélico. A interpretação dos trabalhos de
Aristóteles foi a referência usada por Alberto Magno (ca. 1200-1280), também
professor na Universidade de Paris e dominicano, nos seus estudos sobre a natureza.
Reconhecido como o Médico Universal, ele descreveu várias espécies de plantas e
foi possivelmente o primeiro a produzir arsênico, mais conhecido por suas publicações
sobre minerais, vegetais e plantas e animais (ARAÚJO et al, 2012).
De acordo com Araújo (2012) Roger Bacon (1214-1292), um franciscano que
estudou nas universidades de Paris e Oxford e ficou conhecido como Doutor
Maravilhoso é hoje considerado como o primeiro cientista moderno. Ele considerava
que a Ciência experimental era compatível com a Filosofia, a Metafísica e a religião.
Uma de suas visões, que ainda é válida, é a existência de quatro obstáculos que
impedem a realização da verdade das coisas: autoridade fraca e incompetente, velhos
hábitos, opinião popular analfabeta e encobrir a ignorância com uma aparência de
sabedoria. Hildegard de Bingen (1098-1179) foi uma das poucas medievais que
conseguiu ultrapassar a barreira que impedia as mulheres de atuar nas universidades.
O Livro da Medicina simples foi possivelmente o primeiro livro escrito por uma
mulher que incluiu as propriedades terapêuticas de plantas, animais e metais. Embora
as idéias de sua época fossem de que os problemas de saúde mental eram o resultado
de possessão demoníaca, Hildegard sugeriu que esses problemas eram o resultado
de causas naturais, o que agora está sendo confirmado. Ao contrário dos europeus,
que só aceitaram o conhecimento dos gregos após a intervenção de Tomás de
Aquino, os árabes recorreram a uma enorme quantidade de material de gregos,
romanos, persas e índios, que fizeram muito antes de um dos mais importantes
estudiosos. Um desses tempos europeus foi o médico Abu Bakr Mohamed Ibn
Zakariya alRazi (865/923), conhecido no oeste medieval como Razes, que escreveu
200 obras sobre medicina e filosofia. Uma delas foi o livro Sobre a varíola e o sarampo,
obra que caracterizou as duas doenças, confirmando sobre terapias e diagnósticos.
Uma característica desse estudioso era a sua visão crítica da Ciência, ao julgá-la
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como sempre sujeita ao progresso, o que fazia com que os conhecimentos anteriores
fossem sempre passíveis de revisão. Nesse sentido, uma obra interessante que ele
publicou foi o livro Dúvidas em relação a Galeno (ARAÚJO et al, 2012).
Classificado como "Galeno islâmico", Abu Ali Hysayn ibn Abullah ibn Sina
(9801037), conhecido no Ocidente como Avicena, escreveu o cânone da
medicina que por muito tempo foi uma referência para a medicina islâmica e
europeia até a gênese de Outro Notável Islâmico O médico foi AlaalDin Abu
alHasan Ali Ibn Abi alHazm al Qarshi alDimashqi (conhecido como Ibn
AlNafis) (12131288) que escreveu o Livro Geral de Medicina que compilou
em 80 volumes os 300 volumes de notas que ele possuía.
Fonte: oficina-de-filosofia
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diferença qualitativa no campo da matéria, ela não pode produzir tais características
especiais (JUNIOR et al, 2016).
Segundo Júnior (2016), a teoria da evolução só surgiu quando alguns
pensadores tentaram utilizar um novo modelo de mundo profundamente influenciado
pelo desenvolvimento e pensamento propositivo de Hegel. Collingwood (1986) ainda
estudou que, no mesmo período, o pensamento hegeliano acarretou uma nova
probabilidade para a visão de mundo dos pensadores naturais. Hegel acreditava que
a natureza é governada por leis vagas, porque não descrevem com precisão o
comportamento de cada indivíduo isolado, mas sim uma tendência geral. Isso ocorre
porque sempre há um potencial na natureza que não pode ser totalmente realizado.
O pensamento de Hegel introduziu o pensamento do propósito interno natural
relacionado à transformação, mudança e progresso. A natureza é uma tendência que
flui de dentro para o espírito, é real em si mesma, mas é temporária. Esta visão
histórica da natureza, vida e espírito humano introduziu novos conceitos na
cosmologia do século XIX e apontou para um tipo de ciência natural e natural que não
é mais como a física mecânica do século XVIII, mas como a biologia evolutiva do neste
século. Visão da vida (JUNIOR et al., 2016).
Para Hegel, a natureza era vista não como um mecanismo e sim como um
movimento em que o mecanismo era um dos elementos constitutivos, cujas
leis são as mesmas que as leis do espírito e fazendo parte deste. Seu sistema
está desenvolvido na Fenomenologia do Espírito. Com a ascensão da
abordagem física sobre os seres vivos no início do século XIX os naturalistas
lançaram um novo olhar sobre a natureza da vida e tentaram propor
argumentos científicos contra a teoria de Descartes sobre os organismos,
para tanto se utilizam de argumentos vitalistas (MAYR, 2008 apud JUNIOR
et al, 2016).
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Na Inglaterra todos os fisiologistas dos séculos XVI, XVII e XVIII tinham ideias
vitalistas, sendo tal movimento vicejante até o período de 1800 a 1840. Na
França os principais representantes foram a Escola de Montpellier, o
histologista Bichat e, até mesmo Claude Bernard, que se considerava
adversário do vitalismo acabou apoiando noções vitalistas. As filosofias
práticas de biólogos, tais como Wolff, Blumenbach e Müller, também eram
antifisicalistas (MAYR, 2008 apud JUNIOR et al, 2016).
Fonte: clickestudante.com
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Durante o século XIX a descoberta do princípio da conservação de energia
nos sistemas físicos e químicos estimulou diversos pesquisadores a
avançarem esses estudos nas ciências da vida como Carl Voit (1831-1908),
Max von Pettenkofer (1818-1901) e Max Rubner (1854-1932), e outros
(HADDAD JÚNIOR, 2007 apud JUNIOR et al, 2016).
Histologia foi nomeada em 1819 pelo pai de August Karl Mayer (1787-1865)
em homenagem à Anatomia Geral de Bichat, uma ciência que descreve o tecido
animal e vegetal. Foi também durante este período que a fisiologia e a farmacologia
contemporâneas foram moldadas. Ele foi Magendie, um dos primeiros grandes
fisiologistas, autor do Elementary Compendium of Physiology, 1816 (MAGENDIE,
1824), e um dos precursores do experimentalismo moderno (SENET, 1956). Efeitos
de várias substâncias (morfina, emetina) nos animais. Estricnina, veratrina, etc.) e
publicou a coleção de fórmulas para a fabricação e uso de vários novos medicamentos
no início do século XIX (JUNIOR et al, 2016).
No entanto, como cita Garret (1988), o primeiro Instituto de Farmacologia foi
criado em Giessen, em 1844, por Philip Phoebus. Rudolf Buchheim, seu sucessor, é
amplamente considerado o verdadeiro iniciador da farmacologia moderna. Sob sua
liderança, ele estudou Oswald Schmiedberg, que publicou o primeiro jornal de
farmacologia experimental. Os seus trabalhos foram muito importantes assim como
seu Instituto em Estrasburgo. Podemos dizer que a primeira geração de
farmacologistas europeus e americanos tem suas raízes em Estrasburgo; por outro
lado, Claude Bernard (1813 - 1878), o discípulo mais importante de Magendie, foi o
primeiro a usar substâncias farmacologicamente ativas, como o curare, para estudar
os mecanismos biológicos, seus estudos se tornaram clássicos (JUNIOR et al, 2016).
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resultantes unicamente de causas físico-químicas. Por outro lado, ele também
confirmou que o organismo se desenvolve de acordo com um projeto, um plano de
ordem, uma regularidade, cuja organização leva ao seu equilíbrio interno (JUNIOR et
al, 2016).
Segundo Júnior (2016) na realidade, a fisiologia se apresentava como uma
ciência pouco darwiniana, com procedimentos “a priori” feitos em laboratório, com
preocupações pouco ligadas às flutuações populacionais tal como as questões
darwinistas, muito mais voltados para a determinação das constantes funcionais dos
organismos. Neste caso a teoria cartesiana estava, fortemente, presente. Por outro
lado, Johannes Müller (1801-1858), autor de Elementos de Fisiologia (1843),
reconhecido pela configuração inicial da fisiologia alemã, era contrário à viviceração e
preconizava a observação.
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Sendo assim, a teoria celular elaborada por Schleiden e Schwann surge num
cenário que possuía investigações longas e diversas realizadas por uma
tradição de investigação microscópica em torno da estrutura orgânica e a
natureza do organismo, mas também com a existência de conclusões
altamente especulativas dos filósofos naturais. Até 1830 essas tendências se
mesclavam (RECIO, 1990 apud JUNIOR et al, 2016).
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que até hoje dirige as fases da pesquisa biológica, modifica as idéias sobre a estrutura
dos seres vivos e dá início à união teórica da zoologia e da botânica.
Júnior et al, (2005) igualmente analisam que a teoria celular foi uma
generalização fundamental para a Biologia, pois originou o substrato material do
mundo orgânico.
Piñero (2004) entende que a teoria celular forneceu os primeiros princípios
unificadores das ciências biológicas, assim como Teulón (1982) formulou que o
paradigma da teoria celular possibilitou esclarecer um problema fundamental dos
biólogos, nascidos no século XVII, que é expressa na relação entre matéria vital ou
estrutura vital. De acordo com o autor são, na verdade, dois os problemas enfrentados,
o primeiro é a estrutura – que passa a ser um novo tipo de fenômeno a ser investigado.
E o segundo é o status da célula na hierarquia do mundo orgânico. A teoria celular
sofreu correções, ampliações e desenvolvimento nos séculos XIX e XX (JUNIOR et
al, 2016).
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Segundo Júnior et al, (2016) a endocrinologia é outra área que se constituiu
vinculada a fisiologia experimental neste período. Cita-se A. Berthold (1849), ligado
às suas origens, este autor desenvolveu um experimento fundamental na descoberta
dos hormônios, promoveu a retirada cirúrgica dos testículos das torneiras, e constatou
que estes alteravam a morfologia, o comportamento sexual e os agonistas desses
animais. A substituição deste material recuperou as propriedades perdidas. Para o
autor, esse comportamento indicava a existência de um mecanismo de sinalização
independente no sistema nervoso.
Outro fisiologista, pesquisador nas atividades hormonais foi Charles Eduard
BrownSequard (1817 - 1894), importante por seus trabalhos de aplicação dos
princípios da físicoquímica à patologia. Foi um dos primeiros a pesquisar secreções
internas (os hormônios) e descobrir a importância da glândula supra-renal. Foi,
também, um dos primeiros a utilizar ratos para experimentos. Sua teoria de reposição
hormonal ficou famosa (JUNIOR et al, 2016).
Johann Friedrich Miescher foi o precursor da Bioquímica de ácidos nucléicos.
Sua descoberta do DNA ocorreu em 1869. Ele queria definir os componentes químicos
do núcleo celular e utilizava glóbulos brancos derivados do pus em sua pesquisa.
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Quanto às questões ligadas ao adiantamento, Maupertuis (1751), em sua
publicação A Vênus Física, notou que quanto mais longe o embrião está do
nascimento, mais desigual ele é do animal adulto. Assim a preexistência não explicava
a herança. Para o autor, o líquido seminal de cada animal é feito de partículas do
corpo todo que se misturam quando dois parceiros vão produzir um novo indivíduo.
Tal explicação, embora epigenética não é experimental. Já Buffon acreditava que os
seres vivos eram constituídos por partículas vivas que estavam atraídas por algo
semelhante à atração de Newton, orientadas por um molde interior capaz de dar uma
estrutura às partículas. Needhan substitui o conceito de Buffon pelo conceito de força
vegetativa (JUNIOR et al, 2016).
Segundo Júnior (2016) a ideia comum nessas três elucidações é que a matéria
é capaz de organizar o ser vivo, sem qualquer interferência externa. É a base do
materialismo francês. A epigênese, no entanto, não podia ser comprovada apenas
pela observação. Já em 1800, em seu livro Investigação filosófica sobre a vida e a
morte, Bichat (1866) garante ser a vida um conjugado de funções que resiste à morte.
É um princípio de reação a tudo que procura destruir os corpos vivos e que pode ser
conhecida somente pelos seus fenômenos que realiza contra os corpos exteriores.
Assim, segundo Bichat (1866), a vida tem uma finalidade interna com uma
relação de contradição e não apenas fenômenos mecânicos. Essa nova ideia
era uma ruptura com o universo mecânico, uma vez que, ao se reagir contra
o mundo externo, a vida tenta transformar tal mundo (BICHAT, 1866 apud
JUNIOR et al, 2016).
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7 O PROCESSO DE DEFINIÇÃO: DETERMINISMO X INDETERMINISMO
Fonte: austral.edu.ar
Segundo Dias (2021) não importa quem fala, o importante é perguntar “como é
que um saber se constitui”. Esta ideia de representação das coisas, que se explicita e
que se refere a um conjunto de significantes, é diferente da ideia de representação
kantiana. A interpretação do autor não está em questão; mas sim a possibilidade de
perceber uma certa relação entre saberes. Segundo Foucault (1966, p.470), o papel
do conceito de sentido é apresentá-lo como linguagem, mesmo que não seja um
discurso explícito, e também que não se desdobra em uma consciência, pode, em
geral, para se dar à representação.
Para Bachelard (1957) apud Dias (2021), por exemplo, é estranho ter que
pensar no absoluto determinístico expressando-o por meio de uma realidade. Apesar
de o determinismo ser visto a priori como uma consequência da busca por uma
simplicidade argumentativa. Para Bachelard, o sentimento de determinismo sugere
uma falsa segurança do conhecimento, mas é somente quando se percebe que o
determinismo surge do esforço de racionalizar a realidade que o espaço se abre para
a ideia deformação, mutabilidade e perturbação.
Fonte: biblioteca.cofen.gov
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sistema físico-químico não importante quão complexo seja, pode ou poderia
ser reduzido as propriedades de seus componentes e leis que governam a
mudança dessas estruturas (DODIG-CRNKOVIC; MÜLLER, 2011 apud
DIAS, 2021).
Vale ressaltar que, segundo Dias (2021) o mecanicismo, por meio das
perspectivas reducionistas abordam os assuntos conceituais de vida, em geral,
através de um contexto denominado bottom-up. Em geral, o reducionismo mecanicista
sugere que os componentes básicos e integrais dos seres vivos têm padrões e
funções específicos que devem ser possíveis, pois são reduzidos em escala por
escala e fenômenos de micro a macro são observados. A outra perspectiva chamada
holística ou sistêmica se originou em 1926, quando o estatista sul-africano Jan
Christianan vende, em seu livro, holismo e evolução inventaram o termo.
No livro, Smuts escreve: “a unidade das partes pode vir a ser maior do que a
soma das partes, que não apenas dá uma conformação ou estrutura para as
partes, mas as relaciona e determina através de uma síntese onde suas
partes estão alteradas; a síntese afeta e determina as partes de maneira que
elas funcionem e se direcionam para o todo”. Basicamente, essa abordagem
radica-se num ponto de vista holístico, em que conforme Sacarrão: "todos os
seres vivos e o ambiente físico funcionam como um todo, obedecendo a leis
físicas e biológicas bem definidas" (SACARRÃO, 1991, p.33 apud DIAS,
2021)
Este conceito deu origem a uma das teorias controversas da ecologia atual, a
teoria de Gaia, que foi formulada em 1979 por James Lovelock em colaboração com
Lynn Margulis. Nesta teoria a Terra seria como um ser vivo gigantesco, um
macroconjunto orgânico de processos biológicos e fisioquímicos autorregulados, em
que tudo é e todos são Gaia.
Fonte: universoracionalista.org
A vida é um dos conceitos mais difíceis para explicar e até mesmo examinou
consideravelmente, continua um mistério e uma cena controversa. Embora ao longo
da história da biologia, muitos pré-requisitos para se considerar um ser como vivo
tenham sido propostos, todos em algum momento ou de alguma maneira se revelaram
falhos (JUNIOR et al, 2016).
Deve-se lembrar também, segundo Coutinho (2005) apud Dias (2021), que o
conceito de vida só teve início no final do século XVIII. Porém, vários filósofos
buscaram discutir o conceito de vida antes disso, como por exemplo, Aristóteles.
De acordo com Ross (1987), todos os seres continham dois princípios básicos
para Aristóteles: matéria e a forma. Aristóteles expressa que o ser é a enteléquia de
um corpo orgânico possivelmente dotado de vida (Allan, 1983, p. 66). Assim, o ser
vivo, em geral, seria “forma” o corpo “em ação” e a “matéria” ainda que precise de
forma seria capaz de existir na ausência dela.
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A partir da busca de uma ciência unificada dos seres vivos, algumas ideias
foram propostas com o intuito de caracterizar o conceito de vida pela
existência de forças ou essências próprias dos seres vivos. Como vertente
dessas concepções originou-se o vitalismo, que é uma posição filosófica
caracterizada por postular a existência de uma força ou impulso vital sem a
qual a vida não poderia ser explicada (CORRÊA et al, 2008 apud DIAS, 2021).
Para Haeckel essa força vital, por vezes denotada como alma, não deveria
ser considerada como algo transcendente, mas resultado histórico de um
desenvolvimento filogenético lento, sendo todos os corpos considerados
como vivos sensíveis a este processo (FREZZATTI, 2003, p. 447 apud DIAS,
2021).
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vida: definição por termos eles próprios mal definidos; definição por uma combinação
de descrições; a definição tenta arbitrar um sistema mínimo para ser caracterizado
como vida. A definição de vida como posição inconsciente de valor e aspectos
qualitativos não se coaduna com a perspectiva quantitativa das ciências da natureza.
Nesse sentido, Emmeche e ElHani (1999) destacam que, portanto, uma definição de
vida deve atender aos seguintes requisitos: ser geral e incluir todas as formas de vida
possíveis; ser consistente com a compreensão dos sistemas vivos na ciência
moderna; apresentar uma elegância conceitual, com conceitos claros e bem definidos,
conseguindo organizar grande parte do campo do conhecimento em biologia; e ser
específico o suficiente para distinguir sistemas vivos de sistemas que claramente não
são vivos. Propor uma definição de vida a ser inserida em redes teóricas específicas
evita que essa definição se transforme em mais uma lista de traços, uma vez que são
apresentados apenas os traços relevantes à luz de um determinado paradigma (DIAS,
2021).
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