Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
APOSTILA DE
GEOLOGIA E MINERALOGIA
Jaboticabal – SP
2005
1
1.1. Introdução
(a)
ORGANISMOS R
A T
NUTRIENTES
NUTRIENTES
SOLO CLIMA
E O
Figura 1 - Esquema mostrando nutrientes como dependendo (a) genericamente do solo , clima e
organismos, ( b ) das interações com outras qualidades do ambiente , como radiação
(R) , água (A), temperatura (T), oxigênio (O) e erosão(E) (RESENDE, 1988).
Solo Clima
Atmosfera
Pedosfera
Biosfera
Hidrosfera
Litosfera
Figura 3. O solo (pedosfera) como “interface” entre litosfera, atmosfera, hidrosfera e biosfera.
(Resende, 1988).
5
FITOTESSELA
ECOTESSELA
VEGETAÇÃO OU
TESSELA
PEDOTESSELA
c
ROCHA
OPORTUNISTAS
MATÉRIA ORGÂNICA – BIOMASSA – FLUXO DE NUTRIENTES – DIVERSIDADE - ESTABILIDADE
ROCHA EXPOSTA
ESPÉCIES
SOLO
ROCHA-MÃE
CLIMA E ORGANISMOS
PROCESSO
SOLO
S
ROCHA EXPOSTA
TEMPO
Figura 6. Fatores de formação do solo e pedogênese.
Quando as forças bioclimáticas são pouco intensas, como numa região mais
seca, ou a rocha for muito resistente, os solos mais velhos - como os Latossolos -
tendem a não existir e os imediatamente mais novos ocupam as suas posições.
A heterogeneidade de ambientes é, portanto, menor nos solos mais velhos
(Chapadões do Planalto Central) e maior nos solos mais jovens. No Agreste
Pernambucano, por exemplo, numa mesma propriedade existem solos que se
prestam a pastagem (capim-raiz), enquanto a mandioca, muito importante na
fabricação da farinha, só pode ser plantada nos solos mais profundos.
Essas idéias sobre a relação do solo com o ecossistema, foram extraídas da
apostila: Solos Tropicais, de autoria do Prof. Mauro Resende (NEPUT-Viçosa-MG).
Julgamos de extrema importância situar a litosfera no contexto global do
ecossistema. O entendimento da sua interação com as demais esferas permite
8
2.1. Introdução
c0
b0 Y
a0
X
Figura 7. Eixos cristalográficos X, Y e Z, parâmetros e cela unitária.
- Cela unitária: o arranjo espacial dos átomos de um determinado cristal pode ser
descrito pelo tamanho e forma de uma unidade estrutural tridimensional,
denominada cela unitária, e pelo padrão dos átomos contidos na mesma. A forma e
o tamanho da cela unitária são especificadas pelo comprimento de suas arestas e os
ângulos entre as mesmas (Figura 8).
10
)
b
01
)
10
(0
(0
y
b
(100) c
a a
x
Y
X
Figura 11. Proporção dos comprimentos de eixos e ângulos formados nos sistemas: (A) cúbico ou
isométrico, (B) tetragonal, (C) hexagonal. (a), (b) e (c) correspondem aos comprimentos dos
ângulos. , e correspondem aos ângulos formados entre os eixos. À direita estão representadas
as figuras geométricas correspondentes e a forma mais comum de um mineral que se cristaliza
segundo o sistema (Popp,1988).
14
Figura 12. Comprimentos dos eixos e ângulos formados nos sistemas: (D) ortorrômbico, (E) monoclínico ,
(F) triclínico (Popp, 1988).
15
A formação dos minerais não é casual, obedece certas regras e teorias, das
quais o princípio de coordenação é uma das mais importantes.
Qualquer que seja o processo de gênese (solução, fusão, sublimação, etc.)
ao ser edificada a estrutura cristalina de um mineral, os íons iguais adquirem
vizinhanças iguais, que se repetem ordenadamente. A esse grupamento dá-se o
nome de coordenação - cátions e ânions tendem a grupar ao seu redor o maior
número possível de íons de carga contrária, ligando-se de modo igual a todos eles.
Número de coordenação (NC) de um íon em relação a outro de carga
contrária é o número de íons coordenados ao seu redor, isto é, é o número de
vértices do poliedro de coordenação.
Na caulinita, por exemplo, o NC de Si 4+ em relação a 02- é 4 e o NC de Al 3+ em
relação a OH- é 6 (Figura 13).
COORDENAÇÃO 88
COORDENAÇÃO 12
12
COORDENAÇÃO 4
4
COORDENAÇÃO 66
3
COORDENAÇÃO 2
2 COORDENAÇÃO 3
Tabela. 3. Número de coordenação dos principais cátions em relação ao O 2- (RO2- = 1,40 Å).
CÁTION RAIO (Å) RC/RO2- NC CALCULADO NC OBSERVADO
Cs+ 1,67 1,19 12 12
Ba 2+
1,34 0,96 8 8 a 12
K +
1,33 0,95 8 8 a 12
Sr+ 1,12 0,80 8 8
Ca 2+
0,99 0,71 6 6a8
Na +
0,97 0,69 6 6a8
Mn2+ 0,80 0,57 6 6
Fe 2+
0,74 0,53 6 6
Li +
0,68 0,49 6 6
Ti4+ 0,68 0,49 6 6
Mg 2+
0,66 0,47 6 6
Fe 3+
0,64 0,46 6 6
Al3+ 0,51 0,36 4 4a6
Si 4+
0,42 0,30 4 4
As diferenças entre o NC calculado e observado pode ser explicado de diversas maneiras.
(valência). Esse fator, entretanto, não é limitante quando a diferença de carga for
igual a 1.
Substituições entre íons de cargas diferentes ocorrem paralelamente a outras
substituições compensatórias.
Geralmente, diferenças de cargas superiores a 1 dificultam ou impedem
substituições, possivelmente por dificuldades no restabelecimento do equilíbrio de
cargas, mesmo quando o tamanho não é fator limitante.
As substituições iônicas de cátions de maior valência por cátions de menor
valência nem sempre são compensadas na estrutura de alguns minerais,
principalmente nos minerais de argila, resultando, como conseqüência um excesso
de cargas negativas.
A quantidade de cargas negativas existentes no solo é medida pela
Capacidade de Troca de Cátions - CTC. É expressa em equivalentes miligrama por
100 gramas de material (meq/100 g) e quando originada devido a substituição iônica
é chamada de CTC permanente.
Na tabela 4. encontram-se valores da CTC permanente de alguns minerais
comuns do solo.
Tabela 4. Capacidade de Troca de Cátions - CTC - permanente de alguns minerais comuns do solo.
Mineral CTC permanente (meq/100 g)
MONTMORILONITA (ESMECTITA) 112
VERMICULITA 85
ILITA 11
CAULINITA 1
GIBBSITA 0
GOETHITA 0
PROPRIEDADES ESSENCIAIS
Tabela 5. Classificação dos principais minerais baseado na composição química (Popp, 1988).
ELEMENTOS
Metais nativos Semimetais nativos
Ouro Au Arsênio As
Prata Ag Bismuto Bi
Cobre Cu Não - metais nativos
Platina Pt Enxofre S
Ferro Fe Diamante C
Grafita C
23
ÓXIDOS
Óxidos anídricos Óxidos hidratados
Cuprita Cu2O Diaspóro AIO(OH)
Gelo H2O Goethita FeO(OH)
Cincita ZnO Manganita MnO(OH)
Coríndon Al2O3 Limonita FeO(OH).nH2O
Hematita Fe2O3 Bauxita Hidratados de Alumínio
Ilmenita TiFeO3 Psilomelano BaMnMn8O16(OH)4
Espinélio MgAl2O3
Magnetita Fe3O4
Franklinita (Fe, Zn, Mn) (Fe, Mg)2O3
Cromita FeCr2O4
Crisoberilo BeAl2O4
Cassiterita SnO2
Rutílo TiO2
Pirolusita MnO2
Columbita (Fe, Mn) (Nb, Ta)2O6
Uraninita UO2
SULFETOS
Argentita Ag2 S Covelina CuS
Calcocita Cu2S Cinábrio HgS
Bornita Cu5FeS4 Estibina Sb2 S3
Galena PbS Pirita FeS2
Blenda ZnS Marcasita FeS2
Calcopirita CuFeS2 Arsenopirita AsFeS
Pirrotita Fe1-XS Molibdenita MoS2
Niquelita Ni As
SULFOSSAIS
Polibasita S11Sb2Ag16
SAIS HALÓGENOS
São compostos dos halógenos flúor, cloro, bromo e iodo com metais.
Halita NaCl
Silvita KCl
Fluorita CaF2
24
CARBONATOS
Grupo da Calcita Grupo da aragonita
Calcita CaCO3 Aragonita CaCO3
Dolomita CaMg (CO3)2 Witherita BaCO3
Magnesita MgCO3 Estroncianita SrCO3
Siderita FeCO3 Cerusita PbCO3
Rodocrosita MnCO3
Smithsonita ZnCO3 Carbonatos básicos de cobre
Malaquita Cu2CO3 (OH)2
Azurita Cu3(CO3)2 (OH)2
NITRATOS
Nitro de sódio NaNO3
Nitro KNO3
BORATOS
Boracita Mg3 B7O13 Cl
Boráx Na2B4O7.1OH2O
SULFATOS E CROMATOS
Sulfatos anídricos Sulfatos básicos e hidratados
Glauberita Na2Ca (SO4)2 Gipsita CaSO4 . 2H2O
Barita BaSO4
Celestina SrSO4
Anglesita PbSO4
Anidrita CaSO4
Crocoíta PbCrO4
FOSFATOS ARSENIATOS E VANADATOS TUNGSTATOS E MOLIBDATOS
Monazita (Ce, La, Y, Th) PO 4 Wolframita (Fe, Mn) WO 4
Apatita Ca (F, Cl, OH) (PO 4)3 Scheelita Ca WO4
Piromorfita Pb6 Cl (PO4)3 Wulfenita PbMoO4
Turquesa CuAl6 (PO4)4 (OH)8 . 2H2O
(Tectossilicatos)
Grupo do quartzo
Quartzo SiO2
Tridimida SiO2
Cristobalita SiO2
Opala SiO2 . nH2O
25
CICLOSSILICATOS
Berílio Be3Al2 (Si6O18)
Turmalina (Na, Ca) (Al, Fe, Li, Mg)3Al6 (BO3)3 (Si6O16) (OH)4
SOROSSILICATOS
Epidoto Ca2 (Al, Fe)Al2O (SiO4) (Si2O7) (OH)
Idiocrásio Ca10 (Mg, Fe)2 Al2(SiO4) (Si2O7) (OH)4
NESOSSILICATOS
Grupo da olivina (Mg, Fe)2 (SiO4)
Grupo da granada (Mg, Fe, Mn, Ca)3 (Al, Fe, Cr)2 (SiO4)3
* Série do plagioclásios
** Micas
SiO4 -4
-4
0-2
Si+4
- Defina com suas palavras a Capacidade de Troca Catiônica (CTC). Em que medida
ela é expressa ?
CTC são cargas negativas presentes no solo. A CTC é expressa em
equivalentes miligrama por 100 g de material.
28
- O que você entende por substituição iônica ? Quais os fatores que condicionam a
substituição iônica ?
A substituição iônica seria a troca de íons ou grupos de íons em uma
estrutura cristalina por um outro íon ou grupo iônico. Os fatores que condicionam
são: 20 tamanhos relativos dos íons envolvidos, a temperatura a qual se forma o
mineral e a carga ou valência dos íons.
Quanto mais próximos os raios iônicos dos elementos envolvidos, mais fácil é
a substituição. Quanto mais alta a temperatura , maior a possibilidade de troca. A
substituição é facilitada quando os íons tem a mesma valência, porém, aceita-se
uma diferença de até 1 unidade.
29
3.1. Generalidades
Os óxidos e hidróxidos constituem uma extensa classe de minerais em que os
cátions de um ou mais metais estão combinados com O 2- ou OH-, sendo que um dos
cátions pode ser H+.
A maior parte dos óxidos e hidróxidos está localizada na parte superior da
litosfera, em contato com a atmosfera e, portanto, com oxigênio livre. Decorre daí
sua importância, porque é precisamente este o cenário em que se formam os solos.
Os óxidos e hidróxidos são classificados de acordo com o número de íons O 2-
ou agrupamentos OH- e quanto ao(s) cátion(s) acompanhante(s).
Sendo A e B cátions, a classificação dos principais óxidos e hidróxidos é
apresentada na Tabela 6, assinalando-se com maiúsculas os de maior interesse
para solos.
Tabela 6. Classificação dos óxidos e hidróxidos.
ÓXIDOS EXEMPLOS
1- Tipo A2O H2O gelo
Cu2O cuprita
2- Tipo AO ZnO zincita
CuO tenorita
MgO periclasita
3- Tipo AO2 SnO2 cassiterita
TiO2 rutilo
MnO2 manganita
UO2 uraninita
ThO2 thorianita
4- Tipo A2O3 Al2O3 coríndon
Fe2O3 HEMATITA
5- Tipo ABO3 CaTiO3 perowskita
FeTiO3 ILMENITA
6- Tipo ABO2 HAlO2 diásporo
HFeO2 GOETHITA
7- Tipo AOOH AlOOH boemita
FeOOH LEPIDOCROCITA
8- Tipo AB2O4 MgAl2O4 espinélio
FeCr2O4 cromita
BeAl2O4 crisoberilo
FeFe2O4 MAGNETITA
HIDRÓXIDOS
A (OH)n Mg(OH)2 BRUCITA
Al(OH)3 GIBBSITA
30
A maioria dos óxidos de Al, Fe, Mn é uma parte dos de Si e Ti, são
NEOFORMAÇÕES TÍPICAS DA PEDOGÊNESE. Sua extensão de formação
depende das condições de Intemperismo - lixiviação:
- Dessilicatização lenta = predomina formação de argilominerais
acompanhada de óxidos;
- Dessilicatização rápida = concentram-se principalmente os óxidos de Al e
Fe.
A. Quando o pH é mais ácido que o PCZ, a superfície do óxido gera carga (+),
atraindo ânions (Si e P).
31
B. Quando o pH é mais alcalino que o PCZ, a superfície do óxido gera carga (-),
atraindo cátions.
Os óxidos de ferro são responsáveis, junto com a matéria orgânica pela cor
do solo, participam de uma série de reações químicas importantes relacionadas à
fertilidade do solo.
Preciptação (mm)
T ( ºC )
[Óxidos no Solo]
INTERIOR LITORAL
Hematita ( Fe2O3 ) Goethita ( Fe2O3 )
Figura 16 – Ambiente de formação dos óxidos de ferro.
34
NOME FÓRMULA
Diásporo - AlOOH
Boehmita - AlOOH
Bayerita - Al (OH)3
Gibbsita - Al (OH)3
Norstrandita Al (OH)3
Coríndon - Al2O3
4.1 Generalidades
4.2 Classificação
a.1.) Nesossilicato:
b.1.) Sorossilicato:
b.2.) Ciclossilicato:
c.1.) Inossilicato:
Estrutura em fios, com grupos de cadeias abertas que podem ser de dois
tipos.
c.2.) Filossilicato:
Na estrutura desses minerais os tetraedros formam verdadeiras lâminas,
com a característica de que cada tetraedro compartilhe 3 oxigênios com
os tetraedros vizinhos, formando grupamentos (Si 2O5)2- (Figura 26)
Exemplo: Caulinita Al2(OH)4 Si2O5.
Os minerais desse grupo sofrem clivagem em folhas finas.
c.3.) Tectossilicato:
EXEMPLOS E IMPORTÂNCIA
4.2.1. NESOSSILICATOS
Si
Zirconita – ZrSiO4
45
Outros: granada, (Ca, Mg, Fe 2+, Mn)3 (Al, Fe3+)2 (SiO4)3, topázio, Al2 (F, OH)2
SiO4, cianita, silimanita e andaluzita, formas polimórficas de composição Al (AlO)
SiO4.
4.2.2. SOROSSILICATOS
4.2.3. CICLOSSILICATOS
46
Nesse caso, três, quatro ou seis tetraedros se ligam através de oxigênios para
formar anéis triangulares, quadrados ou hexagonais. Restam, portanto, em cada
grupo (SiO4)4- apenas duas cargas elétricas, que são neutralizads por cátions
independentes.Os ciclossilicatos de maior importância possuem grupamento
(Si6O18)12- e o mais importante é a Turmalina, (Na, Ca) (Al, Fé, Li, Mg) 3 Al6 (BO3)3
(OH)4 Si6O18. É freqüente em rochas metamórficas que contém Boro, e bastante
resistente ao intemperismo, sendo por isso, comum em sedimentos detríticos ou na
fração areia dos solos. É, também, uma fonte natural de boro, nutriente essencial
para as plantas e de grande importância para algumas culturas.
4.2.4. INOSSILICATOS
a) Cadeia Simples
Enstatita Mg2(SiO3)2
Hiperstenita (Fe, Mg)2 (SiO3)2
Diopsídio CaMg (SiO3)2
Hedenbergita Ca Fe(SiO3)2
Espodumênio LiAl(SiO3)2
Aegirita NaFe(SiO3)2
Augita (Ca, Na) (Mg, Fe2+, Fe3+, Al) / (Si, Al)2 O6
b) Cadeia Dupla
4.2.5. FILOSSILICATOS
O nome filossilicato (do grego phyllon = folha) indica o tipo de estrutura que os
minerais desse grupo apresentam, ou seja, estrutura em folhas sobrepostas.
A folha fundamental, presente em todos os filossilicatos, é a folha de siloxana,
constituída de tetraedros (SiO4) 4-, onde cada tetraedro reparte com os tetraedros
vizinhos, três de seus oxigênios, deixando um oxigênio apical, com uma valência
livre (Figura 26). Como os oxigênios apicais estão voltados para o mesmo lado, a
camada de tetraedros está disposta em forma de uma lâmina ou folha, com todos os
tetraedros em um mesmo plano (Figura 33).
49
Os minerais desse grupo têm estrutura 1:1, cada camada constituída de uma
folha de siloxana ligada a uma de gibbsita (Figura 37).
54
I.i.4.) Vermiculita
I.i.5.) Clorita
4.2.6. TECTOSSILICATOS
I.i.) Feldspatos
Tabela 9
Ortoclásio
POTÁSSICOS
Microlina K Al Si3 O8
Albita Na Al Si3 O8
Oligoclásio
CALCOSSÓDICOS Andesina
FELDSPATOS
(PLAGIOCLÁSIOS) Labradorita
Bytownita
Anortita Ca Al2 Si2 O8
I.i.i.) Feldspatóides
I.v.) Zeólicas
63
CAPÍTULO 5. INTEMPERISMO
150
TiO2
100
+62
50
Al2O3
0,0
0
-17 -16
FeO MnO -27
-35
-50 SiO2 S
-52 -49
-61 P2O5
MgO K2O
PERDA
-100 -96 -97
%
CaO Na O
2
GANHO P2O5
% +144
150
Fe2O3 H2O
100 +94 +80
50
Al2O3
0,0
0,0
-12 -7
SiO2 -29 -19 Na2O
MgO CaO -40 -33
-50 -46 K2O MnO
PERDA
FeO
%
Figura 46. Ganhos e perdas de um diabásio durante o intemperismo (composição mineralógica inicial -
plagioclásio, augita, magnetita, biotita, apatita e hornblenda). Adaptado da Tabela B, amostras
5 e 6 de GOLDICH (1938).
DIABÁSIO (POUCO
INTEMPERIZADO)
DIABÁSIO (MUITO
INTEMPERIZADO)
ANFIBÓLITO
Figura 47. Ganhos e perdas durante o intemperismo de algumas rochas básicas GOLDICH (1938).
secundários, de tamanho muito pequeno (fração argila) como a caulinita, que não
existia no material original, e os óxidos de Fe.
Uma outra maneira de representar esses dados é através de diagramas de
variação (Figura 48).
QUANTIDADE
%
60
50
TA
INI
OL
CA
40
QU
AR
30 TZ
O
20
PL
FE
A
LD
G
IO
SP
CL
A
TO
Á
SI
-K
10
O
14 16 18 20 22 24
INTENSIDADE DE INTEMPERISMO % (AL2O3)
OLIVINA PLAGIOCLÁSIO Ca
PIROXÊNIO
Ca Na
maior resistência ao intemperismo
ANFIBÓLIO
BIOTITA PLAGIOCLÁSIO Na
FELDSPATO-K
MUSCOVITA
QUARTZO
Figura 49. Série de estabilidade dos minerais em relação ao intemperismo (GOLDICH, 1938).
71
Tabela 11. Média de análise parcial de granito e águas subterrâneas de regiões graníticas (% peso).
ÓXIDO 70
%
60
SiO2
50
40
30
SISTEMA
RESIDUAL DE
INTEMPERISMO
20
Al2O3
10
Fe2O3
c) Variações Térmicas
Cada mineral possui um coeficiente de dilatação térmica diferente. Tomemos
como exemplo o quartzo e o feldspato que sob mesma temperatura tem diferença no
aumento de volume. Em grandes amplitudes térmicas muito repetitivas, pode ocorrer
devido às dilatações diferenciadas, um enfraquecimento dos pontos de união na
periferia dos cristais isolados. Com isso, haverá o desprendimento desses cristais.
Tal mecanismo atua na parte mais externa das rochas, principalmente em
partes angulosas, levando a um arredondamento das mesmas.
Um exemplo desse tipo de ação do intemperismo seriam os matacões de
exfoliação da era Pré-Cambriana no Estado de São Paulo, que são grandes rochas
graníticas arredondadas de ocorrência comum (Figura 53).
78
de argila
c l aq c aq aq aq aq
c = espécie cristalina
l = líquido
aq = espécie aquosa
O ácido mostrado aqui é o H2CO3, mas outros ácidos, tais como os ácidos
originados da decomposição da matéria orgânica, são também importantes fontes
de H.
Equações mais detalhada sobre hidrólise são apresentadas a seguir:
8 Na AlSi3O8 + 6H+ + 28H2O 3Na0,66 Al2,66 Si3,33 O10 (OH)2 + 14H4SiO4 + 6Na+
c aq l (montmorilonita) aq aq
(albita) c
cíclico. Por outro lado alguns cátions podem ser removidos do sistema solo-planta
juntamente com o HCO-3 através da água de percolação (Figura 54).
BIOSFERA
CICLAGEM
MINERAL
PRIMÁRIO
INTEMPERISMO R ESTRUTURA CRISTALINA
AD
SO
RÇ
TR ÃO
OC
ÁV
EL R
LIXIVIAÇÃO (PERDA)
ÁGUAS
SUBTERRÂNEAS
a) Natureza da água
Experimentos afirmam que uma rocha em presença de água tende a se
intemperizar. Se a água saturada com sais não for removida e substituída por outra
com concentração de sais menor, a hidrólise tende a paralisar. Nestas condições o
solo não se desenvolve. (Figura 55).
Figura 55. Esquema ilustrando a influência da remoção da água de hidrólise no desenvolvimento do
H2O feldspato K+
feldspato K+
H2O + produto de
hidrólise
A H2O + produto de
hidrólise B
H2O+ produto de
hidrólise
lençol
freático
v v v v v v v v v v v v v v v v
basalto
v v v v v v v v v v v v v v v v
A remoção dos sais pode ser feita por precipitação intensa com uma grande
lixiviação. Nestas condições o intemperismo tende a aumentar consideravelmente.
83
Figura 56. Solubilidade da sílica, alumina e óxido de ferro em função do pH. A um pH 5 vai haver no
sistema presença de SiO 2 e Al2O3 (este em maior quantidade). Dependente do tipo de
cátion existente no meio (H+ neste caso) haverá formação de caulinita.
Grave bem ! - Suponha que uma rocha que está sofrendo hidrólise seja
banhada em água com pH 5 a 6 (valor comum de pH para água subterrânea). A
solubilidade, tanto do Al2O3 como o SiO2, derivados da rocha, será então
relativamente baixa, uma condição que pode conduzir a combinação deles para a
formação da caulinita.
raiz
+H +H
+ +
+H +H -
+ + -
H+
Mineral de -
+H +H +K K Feldspato
+ + -
argila -
+H
- -
+H +H -
+ +
Figura 57. Esquema ilustrando a ação das raízes na hidrólise. A raiz no caso fornece íons H + ao
mineral de argila (troca com o K + ou outro íon) e este H+ entra na hidrólise atacando um
mineral rico em K+ (feldspato) ou um outro mineral qualquer.
b) Oxidação e Redução
A oxidação é o processo pelo qual o elemento perde elétrons. Essa perda
resulta num aumento da valência positiva. O ferro é o elemento que mais sofre esse
tipo de processo nos ambientes de intemperismo.
Nos minerais formadores de rochas o ferro se encontra predominantemente
na forma reduzida Fe 2+. Quando esse ferro se oxida o Fe 3+ dentro da estrutura
cristalina dos minerais há distúrbios na neutralidade eletrostática do mineral. Esse
distúrbio leva normalmente à saída de outros cátions da estrutura a fim de
compensar o aumento de carga positiva. Surgem dessa maneira falhas na rede
cristalina que podem levar a um colapso total da estrutura anterior ou deixar o
mineral mais susceptível a outros processos químicos como a hidrólise. A alteração
de biotita para vermiculita é um exemplo desse conjunto de processos.
Sempre que uma substância se oxida (perde elétrons) outra reduz (recebe os
elétrons perdidos). O receptor de elétrons no solo normalmente é o O 2 gasoso. A
reação pode ser simplificada conforme equação abaixo:
2FeO + H2 O 2 FeO3
86
Fe++ Fe+++ + é
A direção e a intensidade dessa reação depende do potencial de oxi-redução
do meio.
Para que a reação ocorra da esquerda para a direita, isto é, oxidação do ferro
e conseqüente redução do O 2, é necessário uma boa aeração do solo. Solos bem
drenados e porosos facilitam as reações de oxidação, ocorrendo redução apenas
em solos freqüentemente encharcados.
As micas, biotita e muscovita, apresentam estrutura cristalina muito
semelhantes, porém diferem no comportamento ante o intemperismo. A biotita
apresenta Fe2+, que tende a oxidar e desestabilizar a estrutura desta, o que não
ocorre com a muscovita, que por não possuir Fe 2+ é mais resistente ao
intemperismo.
Outros elementos que também sofrem mudanças de valência são Cr, Ti, Cu,
Mo, N e outros. Esses elementos ocorrem em menor quantidade nos minerais
formadores de rochas, portanto, de menor importância.
Qualquer mudança de valência de um elemento que faz parte da estrutura
cristalina de um mineral vai desequilibrá-la e conseqüentemente destruí-la ou torná-
la mais suscetível a outros processos de alteração química.
c) Hidratação e Desidratação
Essa reação pode se processar nas duas direções, mas em solos, bem
drenados a tendência é a estabilização da hematita. Em muitos casos a hidratação
precede as reações de hidrólise.
d) Quelação
Estudos tem demonstrado que agentes quelantes são responsáveis por uma
considerável quantidade de material intemperizado, e que algumas situações pode
exceder a própria hidrólise. Agentes quelantes são formados por processos
biológicos normalmente excretados por líquens que crescem nas superfícies das
rochas. A estrutura do agente quelante é variada e complexa. O EDTA (Ácido
Cetilenordiaminotetracetico) é um dos agentes quelantes mais conhecidos e sua
estrutura pode ser esquematizada da seguinte forma:
CH2 CH2
Fe
CH2 CH2
b) Piroxênios e Anfibólios
A formação de minerais de argila a partir de piroxênios e anfibólios depende
das condições de drenagem e da precipitação. Como tendência geral há a formação
de esmectitas ou cloritas nas primeiras fases do intemperismo. O ferro se oxida
formando goethita ou hematita e o titânio origina anatase. Com o aumento da
intensidade de intemperismo formam-se minerais cauliníticos e o meio se enriquece
de ácidos de ferro e titânio.
c) Micas
Há uma grande diferença de resistência ao intemperismo entre as micas
muscovita (KAl3Si3O10 (OH)2) e a biotita (K (Mg, Fe 2+) AlSi3O10 (OH)2). A diferença é
explicada pela tendência do ferro ferroso (Fe 2+) da biotita oxidar-se a ferro férrico
(Fe3+) nos ambientes de intemperismo desequilibrando-a eletricamente. Os produtos
finais do intemperismo são semelhantes, porém a muscovita altera-se mais
lentamente que a biotita. Na etapa inicial as micas perdem potássio e durante a
pedogênese podem entrar em seu lugar íons Mg e Al, determinando a formação de
filossilicatos, particularmente a vermiculita, clorita, ilita, montmorilonita e vários
interestratificados. As condições ambientais é que determinarão o tipo específico de
mineral a ser formado.
d) Quartzo
A estrutura do quartzo não favorece as reações de hidrólise ou oxidação,
sendo seu intemperismo provocado por dissolução, um processo mais lento,
fazendo do quartzo um mineral resistente ao intemperismo. O quartzo não se altera
diretamente em outras fases cristalinas. Ele entra lentamente em solução, e pela
90
combinação com outros produtos origina novos silicatos. A energia de ativação para
romper as ligações Si-O-Si é bastante elevada. Dessa forma catalisadores orgânicos
como o ácido algínico e alguns aminoácidos tem papel decisivo na solubilização do
quartzo.
e) Feldspatos
Seu intemperismo é quantitativamente mais importante pois há predomínio
dos feldspatos entre os minerais das rochas na litosfera.
O intemperismo do feldspato ocorre em 2 etapas: uma lenta e outra rápida.
Etapa rápida: há uma perda muito grande de potássio em relação a Si e Al.
Etapa lenta: as perdas de K, Al e Si tendem a se igualar.
6.1. Introdução
A B
Figura 58. Lavas consolidadas com estruturas tipo corda ( A ) e tipo almofadada ( B ).
%
SiO2...................................30-80
Al2O3....................................3-25
FeO-Fe2O3...........................0-13
MgO.....................................0-25
CaO.....................................0-16
Na2O....................................0-11
K2O.....................................0-10
(c) Lapólito. Como o nome indica, tem a forma de uma bacia, de grandes
dimensões e ocorre sempre no fundo de dobras do tipo sinclinal (Fig 63).
Figura 61. Sil. Formado quando o magma se aloja entre os estratos das rochas
sedimentares. No exemplo, os estratos estão inclinados (extraído de Popp, 1998).
A
98
B
Fig. 65 Diques. (A) Massa magnética que preenche fendas ou falhas cortando
discordantemente os estratos. (B) Pequenos diques de diabásio cortando migmatitos
(extraído de Popp, 1998).
(a) Dique. É uma massa magmática que preenche uma fenda em rocha preexistente
(Fig. 3.8). Os diques podem ser classificados em radiais, em anel (ring dikes) ou
circulares, conforme se apresente em conjunto na superfície após a erosão. Muitas
vezes os diques se formam a partir de um corpo intrusivo maior. Nas bacias do
Maranhão e do Paraná há grande incidência de diques de diabásico.
(b) Veios. São massas produzidas pela injeção de magma em fraturas menores e
menos regulares do que diques.
(c) Neck. São corpos discordantes, cilíndricos, verticais, que cortam as rochas
preexistentes (Fig. 3.9). Pelo estudo da litologia formadora dos necks, vê-se que
eles são condutos de antigos vulcões cuja parte superior foi erodida.
(d) Batólitos e stocks. Os batólitos são massas enormes de material magmático
(granítico) que afloram numa extensão de, pelo menos, 100 km 2 na superfície
terrestre. Se o afloramento tiver menos de 100 km 2, temos o stock. Os batólitos não
têm, aparentemente, delimitação em profundidade, passando gradualmente à zona
das rochas fundidas. Os batólitos formam grande parte dos escudos ditos Escudo
Nordestino e Escudo Brasileiro, entre outros.
Eles são, normalmente, de composição granítica, e sua origem é ainda
bastante discutível (Fig. 1.10).
Deve-se notar, com respeito aos corpos acima referidos, sejam eles
concordantes ou discordantes, o seguinte:
(1) a classificação adotada diz respeito somente à forma geométrica do corpo, e não
à litologia formadora;
(2) normalmente, os corpos intrusivos são mais resistentes à erosão do que a rocha
encaixante, donde o fato de estes corpos sobressaírem-se na topografia com
respeito à rocha encaixante.
99
Figura 66. Basalto com estrutura amigdalóide e vesicular caracterizado pelo preenchimento de
minerais (branco) e orifícios (vazios), respectivamente (Popp, 1988).
3° - O tamanho e relação mútua dos cristais, que permite classificar as rochas em:
a) equigranulares - quando os cristais têm aproximadamente o mesmo tamanho;
104
Fonte: www.geo.unimib.ib.it/photo/
Fonte: www.ut.ee/BGGMminer/
Fonte: www.ut.ee/BGGMminer/
coloração escura.
A cor clara dos granitos e dos riólitos deve-se a sua composição, ou seja, são
formados a partir de magmas ricos em potássio, silicio e sódio e pobres em ferro,
magnésio e cálcio.
Riólito- formado na ou próximo a superfície, possui coloração típica branca, cinza ou
rósea e normalmente apresenta alguns fenocristais de quartzo ou feldspatos.
Os magmas dos quais os riólitos se originam são mais viscosos e de movimentação
bastante lento. Textura afanítica.
Granito - mais comum dentre as rochas magmáticas, apresenta textura fanerítica e
possuem coloração cinza, mas quando predomina o feldspato K podem ter cores
róseas ou avermelhadas.
Plagioclásio 55-70%
Anfibólio e Biotita 25-40%
7.1. Introdução
ROCHA PREEXISTENTE
(ÍGNEA, SEDIMENTAR OU METAMÓRFICA
DE
CA ÃO
C
SI Ç
O
)
FÍ A
Q MP
O GR
UÍ O
ÇÃ TE
M S
IC IÇ
(A IN
A ÃO
S
METEORIZAÇÃO
DE
DETRITOS SOLUÇÕES
TRANSPORTE E DISTRIBUIÇÃO
(por gravidade, geleiras, vento, água, organismos, rios etc...)
ROCHAS SEDIMENTARES
minerais formados, como por exemplo, nos calcários, onde os minerais (calcita,
dolomita, etc.) são cimentados pelo próprio carbonato.
Algumas características das rochas sedimentares, como dureza, cor, são
conseqüências do cimento presente, que pode ser de diversos tipos. Os mais
freqüentes são:
a) Sílica - confere cor branca e alta dureza à rocha; geralmente é colorido por
óxidos de ferro.
b) Carbonato - calcítico ou dolomítico, de cor branca e facilmente reconhecido
pela reação com ácidos, provocando efervescência.
c) Óxidos de ferro - freqüentemente atuam como cimento, conferindo cor
vermelha ou amarela à rocha, conforme seu grau de hidratação.
d) Matéria orgânica - de cor escura (cinza a preto), é facilmente destruída por
água oxigenada.
Além destes mais comuns, outros também são freqüentes, como cimento
cloritoso, micaceo, piritoso, feldspático, etc.
É importante observar que a diagênese é um processo superficial de
endurecimento de sedimentos, realizado em condições normais de temperatura e
pressão.
O levantamento, que pode ou não fazer parte do ciclo, é a exposição à
superfície do material litificado ficando assim novamente sujeito ao intemperismo,
erosão, transporte, fechando assim o ciclo sedimentar. O levantamento é suprimido
caso a rocha sedimentar esteja se formando diretamente sobre a superfície.
Deve-se lembrar que o ciclo sedimentar é um processo ativo e contínuo,
estando suas diferentes fases interligadas e podendo estar ocorrendo
concomitantemente.
120
7.3. Composição
OUTROS MINERAIS
Existem estruturas que são típicas das rochas sedimentares e são feições
importantes na sua identificação.
A mais importante é a estratificação, que é o desenvolvimento de camadas
que ocorre nas rochas sedimentares produzido por mudanças físico-químicas
durante o transporte e deposição do ciclo sedimentar que os origina. A espessura
dessas camadas varia de alguns milímetros à vários metros, por ter desenvolvido
horizontalmente ou inclinado e é um forte indicativo do tipo de ambiente de
sedimentação e da direção do transporte.
A textura das rochas sedimentares relaciona-se de maneira muito estreita
com a distância e o tipo de transporte das partículas e com o ambiente de
deposição.
Temos basicamente dois grandes grupos de sedimentos: os detríticos
(fragmentos) e os químicos (compostos químicos solúveis), que originam dois tipos
básicos de textura: textura clástica constituída de fragmentos e detritos de rochas e
a textura cristalina composta de cristais que cresceram a partir de soluções . A
textura clástica origina as rochas sedimentares clásticas (fragmentárias ou detríticas)
enquanto que a textura cristalina origina rochas sedimentares químicas e orgânicas.
Textura clástica - o critério básico para classificar texturas clásticas é o
tamanho das partículas. As duas escalas mais seguidas estão representadas na
Tabela 13.
As classes de tamanho podem posteriormente ser subdivididas de acordo
com arredondamento e esfericidade (Figura 74) e tipo de cimentação. As partículas
transportadas menos arredondadas do que as transportadas por água corrente ou
vento.
124
TEXTURA CRISTALINA
I. Ambiente Fluvial
7.6. Classificação
QUÍMICAS Evaporitos
De Atividade Bioquímica
Caustobiólitos
ORGÂNICAS Carbonatadas
Acaustobiólitos Silicosas
Fosfatadas
I. Conglomerado
CLASTO
II. Brecha
BRECHA ( 20 X )
FRAGMENTOS DE
ROCHA
FRAGMENTOS DE
ROCHA
FELDSPATO
QUARTZO
133
Fonte : http://www.rc.unesp.br/museudpm/rochas/
IV. Arenitos
ARENITO ( 20 X )
QUARTZO
Fonte: POPP,1998.
Sedimentos clásticos nos quais a maioria das partículas tem diâmetro entre
1/6 a 2 mm. Os grãos individuais são geralmente arredondados e mostram
claramente os efeitos da abrasão. O quartzo normalmente é o mineral dominante,
mas, feldspatos, granadas, micas e outros minerais podem estar presentes em
quantidades variáveis.
Arenitos pouco selecionados e com grande quantidade de argila associada
(mais que 20%) são chamados de grauvacas.
134
V. Siltitos
VI. Argilitos
Rochas clásticas de granulação fina cujas partículas são menores que 1/256
mm. Apresentam estratificação muito fina recebendo a denominação de folhelho.
Os minerais de argila, micas e algumas vezes o quartzo constituem a maioria
das rochas. A calcita pode estar presente atuando como cimentante.
VII. Pelitos
I. Calcários
Fonte: http://www.rc.unesp.br/museudpm/rochas/
II. Laterita
138
III. Evaporitos
I. Fosforitos
8.1. Introdução
Figura 79. Metamorfismo regional em área da crosta instável, sujeita a fortes compressões. A
intensidade do metamorfismo decresce nas rochas no sentido de (C) para (A); ( Extraído
de Popp, 1998).
Cada uma destas classes químicas mencionadas anteriormente possui exemplos característicos
como:
CALOR
CALOR
CALOR
Figura 81. Metamorfismo de contato provocado pela intrusão de um batólito. As rochas sofrem
diferentes graus de metamorfismo, sendo muito alto em (C), médio em (B) e baixo em (A); (Extraído
de Popp, 1998).
PRESSÃO
PRESSÃO
Figura 82. Metamorfismo regional em área da costa instável, sujeita a fortes compressões.
145
8.3. Foliação
COM FOLIAÇÃO
146
GRANULAÇÃO
MUITO FINA ARDÓSIA
sem camadas
CLORITA
GRANULAÇÃO
FILITO
ORIENTAÇÃO
FINA
GRANULAÇÃO
GROSSA XISTO
GRANULAÇÃO GNAISSE
GROSSA
QUARTZO
MICA
ANFIBÓLIO
PIROXÊNIO
FELDSPATO
camadas
SEM FOLIAÇÃO
TEXTURA COMPOSIÇÃO NOME
FINA A GROSSA
CALCITA E/OU DOLOMITA MÁRMORE
8.4.1. Ardósias
FONTE: http://www.rc.unesp.br/museudpm/rochas/
8.4.2. Filitos
148
FONTE: http://www.rc.unesp.br/museudpm/rochas/
8.4.3. Xistos
149
Figura 83. Estrutura metamórfica do tipo xistosa vista ao microscópio (Popp, 1988).
8.4.4. Gnaisses
FOTO – TEXTURA NEMATOBLÁTICA EM XISTO
FONTE: http://www.rc.unesp.br/museudpm/rochas/
150
8.4.5. METACONGLOMERADOS
FOTO - GNAISSE
FONTE: http://www.rc.unesp.br/museudpm/rochas/
FONTE: http://www.rc.unesp.br/museudpm/rochas/
8.4.6. Quartzito
8.4.7. Mármore
FOTO - QUARTZITO FOTOMOCROGRAFIA – RICO EM ANHEDRAIS DE
QUARTZO; AUMENTADO 40 X
FONTE: http://www.rc.unesp.br/museudpm/rochas/
8.4.7. Mármore
Fonte: http://WWW.dct.uminho.pt/rpmic/mt4_maohtml
152
8.4.8. Anfibolitos
Rochas compostas de anfibólios e feldspatos (plagioclásios). Apresentam
orientação de minerais e provêm de rochas ígneas básicas.
I
FONTE: http://www.rc.unesp.br/museudpm/rochas/
8.4.9. Tabiritos
São um tipo especial de quartzito, proveniente de uma rocha sedimentar
química, que se caracteriza por uma alternância de bandas de quartzo e bandas de
hematita (geralmente especularita).
153
FOTO – ITABIRITO RICO EM QUARTZO ( PARTE CLARA ) FOTOMICROGRAFIA – ITABITRITO COM BANDAS
INTERCALADO COM HEMATITA. DE QUARTZO ( PARTE ESCURA) E DE MINERAIS
CLAROS ( HEMATITA / MARTITA); AUMENTO 25 X.
FONTE: http://www.rc.unesp.br/museudpm/rochas/
Fonte: http://WWW.dct.uminho.pt/rpmic/mt4_maohtml
PRESENTES
Quartzo
Migmativos
Feldspatos Homogêneas; bandeamento irregular; apresenta
(ou gnaisses granitizados)
Biotita porfiroblastos Presente
(a) Embrechitos
Hornblenda
Quartzo
Heterogêneas, as faixas escuras (máficas) Migmatitos
Feldspatos
alternam muito bem com as faixas claras heterogêneos
Biotita Presentes
(félsicas) (b) Epibolitos
Hornblenda
Quartzo
Feldspatos Fenoblastos (cristais ocelares de ortoclásio) Presente (c) Gnaisse
Biotita
Moscovita
Leucocrática, macro e micro-granular;
Sericita Xistos ou
xistosidade e divisibilidade boas Presente
Quartzo Micaxistos
Biotita
Clorita
Biotita-Xisto
Biotita-Hornblenda
Meso ou melonocráticas; xistosidade boa Hornblenda-Xisto
Clorita Presente
Clorita-Xisto
Quartzo
Biotita
Sericita Cor cinza-escura, rósea; xistosidade boa; sedoso
Clorita ao tato Presente Filito
Quartzo
9.1. Introdução
IN
TE
M
PE
RI
SM
O
ROCHA
} } SOLO
} ROCHA
TEMPO
COMPOSIÇÃO DO SOLO
AR
20-30 %
MINERAIS SÓLIDOS
ESPAÇOS 45 % DO SOLO
DOS POROS
ÁGUA
20-30 % MAT. ORG.
5%
Figura 86. Composição volumétrica de um solo, quando apresenta boas condições para o crescimento
vegetal. O aumento de água no solo são extremamente variáveis e suas proporções
determinam em grau elevado sua adequabilidade para o crescimento vegetal.
são tão pequenos que apenas podem ser vistos com o auxílio de um microscópio
eletrônico.
GRAVE BEM !
Minerais primários - são aqueles herdados de rochas metamórficas ou
magmáticas e que não sofreram alteração em sua estrutura e composição. Ex.:
quartzo.
Minerais secundários - são aqueles formados pela desintegração de minerais
menos resistentes, à medida que se desenvolve a alteração da rocha (regolito) e
progrediu a formação do solo. Ex.: argilas silicatadas (filossilicatos) e os óxidos de
ferro e alumínio.
Geralmente os minerais primários dominam as frações maiores do solo,
especialmente nas areias.
Minerais silicatados
secundários
Quartzo
Figura 87. Relações gerais entre o tamanho da partícula e os tipos de minerais presentes. Quartzo
predomina sobre frações grosseiras. Silicatos primários, como feldspatos, hornblenda e
micas, acham-se presentes nas areias, porém tendem a desaparecer à medida que se
caminha para as frações mais finas. Silicatos secundários predominam na fração argila.
160
AÇÃO DO INTEMPERISMO
9.2.2. Silte
9.2.3. Argila
Até agora você já aprendeu o que são minerais e sua classificação, o que é
uma rocha e os critérios para caracterizá-las como Magmáticas, Metamórficas e
Sedimentares e Intemperismo.
Veremos agora como relacionar material de origem (rocha) com a
composição mineralógicas das frações areia e silte, onde encontramos os minerais
primários.
Nesossilicatos
Ciclossilicatos
Turmalina: (Na, Ca) (Li, Al)3 (Fe, Mn, Al)6 (BO3)3 (Si6O18)
Inossilicatos
Filossilicatos
166
Tectossilicatos
Carbonatos
Sultatos
Fosfatos
Óxidos
a) Caulinita
A precipitação abundante associada a drenagem livre do meio, provoca a
lixiviação intensa de bases e sílica. Isto associado a valores de pH baixo favorece a
formação de caulinita no solo. A proporção de Si e Al devem ser semelhantes.
b) Haloisita
Necessita de concentrações aproximadamente iguais de Si e Al e é formado a
partir da organização de um aluminossilicato com a alofana. A formação de haloisita
exige elevadas concentrações de H (meio ácido) e concentração de bases baixa.
c) Esmectitas
Para formar as esmectitas é necessário uma concentração relativamente alta
de Si e Mg. A concentração elevada de Si é mantida devido a um movimento lento
da solução do solo, ou numa situação de drenagem impedida. A montmorilonita é
instável sob condições de pH baixo e lixiviação acentuada.
d) Vermiculita
É formado sob condições de acidez moderada, uma vez que o K e o Mg já
foram completamente removidos do espaço entre as folhas. As micas tem que estar
172
e) Illita
Forma-se quando a mica está presente no material de origem, sob condições
de média a baixa concentração de hidrogênio. Concentrações moderadas a
relativamente elevadas de Si e Al são necessárias para sua estabilidade. Sob
condições de elevada concentração de hidrogênio, a illita tende a se alterar para
vermiculita.
f) Interestratificados de Vermiculita - Al
Esses minerais são sintetizados sob condições de concentração de H, Al e Si
moderada a alta. A interestratificação da vermiculita pelo Al da solução atua como
fator antigibsítico, uma vez que a gibsita necessita de altas concentrações de Al.
Mica ou minerais 2:1 tem que estar presentes no material de origem e atuam como
precursores.
g) Alofana
A alofana é material silicatado muito mal cristalizado, e normalmente
denominada de amorfos de sílica. É formada, normalmente, em meios ácidos e com
elevada umidade, do intemperismo rápido de cinzas vulcânicas ou em alguns casos
de feldspatos.
a) Gibsita Al(OH)3
influenciados pela presença destes minerais. Assim ocorre com alguns ânions e
microelementos que podem ser adsorvidos na superfície dos óxidos de ferro.
(hidromorfico) principal-
mente
Óxidos Fe5(O4H3)3 Ferrihidrita Romboédrico Bruno- Ambientes com má
paracristalinos (ou ferridrita) avermelhado drenagem
a ocre (hidromórficos)
b) Goethita (FeOOH)
c) Hematita (Fe2O3)
DESIDRATAÇÃO
FERRIDRITA ----------------------- HEMATITA
MATÉRIA ORGÂNICA
Figura 89. As relações com clima e relevo são muito importantes na compreensão da distribuição dos
diferentes tipos de óxidos de Fe no solo. Importante, a figura representa um exemplo do
que pode ocorrer na natureza. Você não deve tomá-la como padrão a ser repetido
invariavelmente. Outros fatores de formação do solo poderão interferir.
178
Mn2O3 . X Al2O
(Mn+3)
Semelhante ao ferro, a solubilidade do manganês, aumenta ou diminui o pH e
o potencial redox. O manganês dissolvido está na forma Mn 2+, e se forma por
redução microbiana a partir de óxidos de alta valência (+3 e +4). Em tais condições o
Mn2+ não só estará disponível às plantas, mas também, como o ferro, pode ser
translocado no perfil. Os íons Mn 2+ poderão então ser “lavados” do solo ou, se
chegarem a algum lugar com maior potencial redox, ser novamente oxidados e
separados como óxido. Este fenômeno é comum em solos e é a origem de manchas
180
LIXIVIAÇÃO
base de referência o cloro (Cl-), o mais móvel e que recebeu o índice 100, que
recebeu o índice 100, como segue abaixo:
Cl- 100
Fase I
SO4 57
Ca ++ 3,00
Na + 2,40
Fase II
1,30
mobilidade relativa dos
Mg++
elementos
K+ 1,25
Fe2O3 0,04
Fase IV
Al2O3 0,02
182
Fica claro que a dessilicatização ocorre num estágio onde já ocorreu lixiviação
das bases (Ca2+, Mg2+, K+, Na+) e quanto mais intensa essa remoção de bases, maior
será a perda de sílica.
O que é neossíntese ?
- neo = nova síntese = fusão, composição
Trata-se da formação de um mineral secundário do solo a partir da fusão ou
composição de elementos (Ca, Mg, Fe, Si) e compostos mais simples, como SiO 2,
Al2O3 amorfos.
Estes elementos e compostos simples podem originar-se da alteração de
minerais primários e mesmo da hidrólise de minerais secundários. Portanto, nem
183
Chuvas
H2O
precipitações
Bases
+
SiO2
Bases
+
SiO2
Ba
se
s
+
Si
O Zona de acúmulo de bases,
2
SiO2 e Neossíntese
Figura 90. Mostra como pode acontecer remoção de bases e sílica de um sistema de drenagem
livre onde a lixiviação é fornecida e o posterior acumulo num sistema “fechado” de
drenagem.
Visto os conceitos de dessilicatização, condições de estabilidade dos minerais
da fração argila e neossíntese, tem-se, portanto, os modelos básicos que ajudam a
compreensão da composição mineralógica do solo em diferentes condições de
intemperismo.
Os modelos levam em consideração fundamentalmente o grau de
dessilicatização do material tendo em vista a intensidade do processo e o tempo em
que o material de origem do solo é submetido à dessilicatização. Considere o
material de origem igual para os três casos: basalto (Figura 91).
Para as condições tropicais e subtropicais em que o Brasil se encontra, os modelos
de Jackson se aplicam em muitos casos:
Dessilicatização tênue solos com mineralogia 2:1 e presença de minerais
interestratificados 2:2 e minerais primários.
Dessilicatização moderada solos com mineralogia 1:1 e presença de
interestratificados 2:2 e eventualmente minerais primários alterando para 2:1 nos
horizontes próximos à rocha matriz.
Dessilicatização intensa solos com mineralogia oxídica e presença de
caulinita e eventualmente interestratificados 2:2.
Observação: FATORES QUE AFETAM A FORMAÇÃO DE UM SOLO:
- Material de origem; clima; relevo; organismos (ação biológica) e tempo.
185
Si Embaciamento
Minerais 2:1
Si Embaciamento
Minerais 2:1
Observa-se que a caulinita possui Ki = 2, enquanto que nos minerais de argila 2:1 possuem Ki = 4 a 5.
Com base nesses dados, é que se faz a interpretação do Ki da fração argila do solo, ou seja:
Tabela 24. Interpretação dos valores de índice Ki para mineralogia da fração argila.
Ki Interpretação
0 gibsita
< 0,8 predomina gibsita sobre caulinita (1:1)
0,8 - 1,9 predomina caulinita sobre gibsita
2 caulinita
2,1 - 3,0 predomina caulinita sobre minerais 2:1
>3 predominam 2:1 sobre caulinita
>4 minerais 2:1
Ca++
MICELA H+ M = Na +, K+, NH4+
HÚMUS, ARGILA) Al+++
M
Hidrogênio
+
Região mais positiva
Borda do cristal
Ca2+ H+ Mg2+ K+
- - - - - - Ca2+ Superfície
- Externa
- - - - - - H+
+
Ca2+ Na K+ Ca2+
Ca2+ Mg2+ H+ K+ H+ Mg 2+ Ca2+ H+
K+ H+ Ca2+ H+ Ca2+ - - - - - - Ca2+
Na + H+ Ca2+ Mg2+ H+ -
- - - - - - K+
H+ Ca2+ K+ H+ Ca2+ Mg2+ +
2+ H + K Na Ca
+ 2+ H + Superfície
Ca2+ H+ Ca2+ H+ Ca2+ H+ a Ca2+ Mg2+ Ca2+ Interna
+ C
H+ K+ Ca2+ Mg2+ H + - - - - - -
H - Al3+
Ca2+ H+ K+ Ca2+ H+ Ca2+ + - - - - - -
a
Ca2+ H+ Mg2+ H+ Ca2+ K+ N Mg2+ Ca2+ H+ Na+
Ca2+ NH4+ K+ Ca2+
- - - - - - Ca2+
-
- - - - - - K+
Mg 2+ K + Ca 2+ H+
Figura 93. Representação em forma de diagrama de um cristal de argila silicatada , suas inumeráveis
O- Ca++
COO-
O- H+
UNIDADE CENTRAL COO- K+
DE UM
O-
COLÓIDE HÚMICO
(Preponderam C e H) COO- Mg++
O- H+
COO- NH4+
O- H+
COO- Na+
ÍONS ADSORVIDOS
CARGAS NEGATIVAS
2:1 (montmorilonita, vermiculita, illita), terão valores de CTC bem mais elevados e
não tão dependentes da presença de matéria orgânica.
As origens das cargas elétricas negativas de um colóide são as mais variadas
sendo que a quebra na estrutura, as substituições no interior da estrutura e a
dissociação de radicais OH em arestas não quebradas e expostas são as mais
comuns.
Veja isto com detalhe:
i. Quebra na Estrutura
A quebra no redor das arestas da unidade sílica-alumina normalmente
paralela ao eixo c poderá originar cargas elétricas que deverão ser satisfeitas por
cátions adsorvidos. O número de arestas quebradas aumentará a medida que
diminui o tamanho das partículas. As distorções na estrutura cristalina, também,
tenderá a aumentar o número de arestas quebradas e, portanto, a CTC tende a
aumentar a medida que o grau de cristalinidade diminui.
A origem das cargas elétricas devido a quebra da estrutura se deve as
ligações não satisfeitas nas faces do mineral, entre Si-O ou AlOH ou então devido a
dissociação do radical OH de acordo com a equação abaixo:
Al - OH + H 2O Al - O- + H3O+
representando um octaedro de Al
OH H+
OH O
Al
Al
O H+
O
Si
H
O
Figura 95. Diagrama da borda quebrada de um cristal de caulinita, mostrando o oxigênio como fonte
de carga negativa. Com valores elevados de pH, os íons hidrogênio tendem a ficar
frouxamente retidos, podendo ser permutados por outros cátions.
+ H2O + H 3 O+
OH O-
(Grupo Fenol)
O O
R C + H2O R C + H 3 O+
OH O-
(Grupo Carboxil)
+3
OH O OH2
M M
OH OH2
O + 3 H3O+ O + 3 H2 O
M M
OH OH2
OH O O -3
M M
OH
3 OH- O-
O + O + 3 H2 O
M M
OH O
H O H
H
O
H
H H
O Al 3+ O
H H
H O H
O íon Al é considerado ácido, pois possui prótons que podem ser removidos
(H+), sendo estes removidos das moléculas de água que circundam o alumínio. As
etapas de dissociação deste Al hidratado em água pode ser representado pelas
seguintes equações:
200
201
Al Al
Al + 2 H2O
Al
HOH OH HOH
HOH HOH
2 Al= 6+
2 OH= 2 -
4+
+3
OH2
O OH2
O
+ 3 H3O+ + 3 H2O
OH
M
M
OH2
O OH
-3
O
M
+ 3 OH- M
OH + 3 H2O
O O
Desde que o Si+4 e Al+3 possam ser substituídos por muitos outros íons, pode-
se esperar um grande número de substituições iônicas na estrutura do mineral de
argila. Uma das mais comuns é a do Al +3 pelo Si+4 na folha de tetraedro e a de íons
de baixa valência na folha de octaedros, resultando cargas elétricas insatisfeitas em
alguns minerais de argila. Essa insatisfação pode ser compensada por diversos
meios, como a substituição de O-- pelo OH- pela introdução de cátions na camada de
octaedros ou ainda, por adsorção de cátions na superfície das camadas.
A substituição iônica gera cargas elétricas que depende do pH do meio, ou
seja, em qualquer pH o número de cargas elétricas originadas por substituição iônica
permanece a mesma (CTC independente do pH).
Na montmorilonita e vermiculita, por exemplo, a substituição iônica é
responsável por 80% do total da CTC.
A Figura 98. mostra a CTC dependente e independente de pH para a
montmorilonita.
pH
A
10
4
P
2
20 40 60 80 100 120
P = carga permanente devido a substituição iônica
A = cargas adicionais desenvolvidas a elevado pH (devido a dissociação de radicais OH -)
Figura 98. Ilustração da CTC dependente e independente de pH para a montmorilonita.
Solo 1
CTC
Solo 2
pH do solo
Para comparar solos diferentes deve-se avaliar a CTC sempre a um mesmo valor de
pH. No Brasil, a CTC é determinada a pH 7,0 (CTC 7) e seu valor pode ser
estabelecido diretamente em laboratório ou da seguinte forma:
CTC7 = 5 + Al + H
CTCe - S + Al
Nota-se que a CTCe difere da CTC 7 somente quanto aos íons de hidrogênio
que se dissociam devido à mudança de pH. Portanto, solos neutros possuem CTC e
igual a CTC7. Por outro lado, dois solos com a mesma CTC e com valores diferentes
de pH, terão diferentes valores de CTC 7. Os exemplos a seguir ilustram esses dois
casos:
OS CÁTIONS TROCÁVEIS
- Ca+2
- Mg+2 Bases
Cargas - K+ Trocáveis CTCe
permanentes e - Na+
variáveis Al trocável
- Al 3+
- H+ H trocável CTC7
Carga
permanente - H+
O - Ho
O - Ho
Cargas H não trocável
O - Ho
variáveis
O -H o
O -H
o
O -H
o
Figura 99. Representação esquemática das ligações dos cátions ao colóide e da participação dos
mesmos na CTC efetiva (CTC e) e na CTC a pH 7,0 (CTC7).
Enquanto o PCZ de um colóide pode ser definido como o pH no qual a carga elétrica
do colóide é nula, o PCZ de um solo que representa uma mistura de colóides,
deverá ser definido como pH no qual o número de cargas positivas é igual ao de
cargas negativas, dando uma carga líquida igual a zero; isso não significa, portanto,
que o solo no PCZ não apresente cargas.
Tabela 26. Ponto de carga zero de alguns componentes do solo e de alguns grandes grupos de solos.
elevado PCZ (6,7), onde abaixo deste, há formação de cargas positivas. A caulinita e
o húmus não apresentam cargas positivas (só em pH muito baixo). Os solos que
possuem óxido de ferro e alumínio tendem apresentar maior PCZ.
meq/100g
pH
b) Adsorção específica
Ocorre através de reação química entre certos ânions do solo e elementos na
superfície dos colóides. Este processo envolve apenas alguns ânions (H 2PO4- -
fosfato, SO4-2 - sulfato, MoO4-2 - molibdato e H2BO-3 - borato), ou seja, há
especificidade de ânions.
As forças envolvidas, neste tipo de adsorção, são muito superiores, sendo
comparáveis às que conduzem à formação de compostos químicos, portanto os
ânions são dificilmente deslocados concluindo-se que a adsorção específica é
praticamente irreversível.
Os colóides que mais respondem por esse fenômeno são os óxidos e
hidróxidos e ferro e alumínio. A reação de adsorção de fosfato por uma dessas
partículas pode ser assim representada.
OH OH
Fe + H2PO4- Fe + H2O
OH OPO3H
ou ou
Al Al
OH OH
- H+ + H2O - H+ + H2O
mineral argila
- - K+ + Cl- + H+
H + KCl
+
+ + Cl+ + K+ + OH-
OH + KCl
-
212
Estas relações podem ser ilustradas graficamente desde que o total de cargas
do solo seja determinado em uma faixa grande de pH. A Figura 101 mostra este
aspecto.
Campinas Ribeirão Preto
Balanço das cargas de superfície
-8
B B
+4
+8
3 4 5 6 7 8 9 3 3 4 5 6 7 8 9
pH em 0,01 N Na Cl
Figura 101. Balanço de cargas na superfície do colóide dos horizontes A e B de dois solos com
elevado teor de óxidos.
OBS: círculo (o) = pH de campo atual destes solos.
++ + 0
+ OH -
+ OH -
Camada de - -
Silicato
pH 2
pH 4
pH 8
Balanço positivo
Balanço zero
Balanço negativo
O nível mais indicado para a calagem ser efetuada é a pH 5,5 ou 6,0, valores
superiores (como a pH7) podem ser prejudiciais os efeitos desta.
A matéria orgânica contribui quase que totalmente, para o aumento da CTC,
em solos com sistema oxídico, isto é, a manutenção da matéria orgânica é
praticamente sinônimo da manutenção de CTC.
facilmente, o que não ocorre com os pequenos agregados do solo cimentados por
óxidos de Fe e Al, Latossolos Roxos são excelentes exemplos deste tipo de
estrutura.
Si Si, Al
Al, Fe, Mg
Al Si, Al
Química de Solos
Mineralogia
MANEJ
de
O
Solos
Morfologia de
DO
Solos
SOLO
Classificação de Solos
Biologia de Solos
Neossolos Litólicos
Neossolos Litólicos
Cambissolos
Solos com
B textural Latossolos
a b c d
Fig 103. Ocorrência de solos de diferentes idades, de acordo com o relevo. As setas indicam o
aumento da erosão e da pedogênese.
c) granulometria.
As rochas ricas em minerais máficos são, em princípio, mais facilmente
intemperizáveis do que as ricas em minerais félsicos, mas, mesmo aí, a estrutura ou
fábrica pode inverter esta ordem.
Minerais máficos são os minerais mais comuns nas rochas escuras como
baslato, diabásico etc., tais como: olivinas, anfibólios, piroxênios e biotita. Estes
minerais têm altos teores de Fe, Mg e elementos-traços.
Assim, no Planalto de Viçosa e em outras regiões do Brasil, os solos
originados de intrusões máficas (anfibolitos e diabásios) são mais novos (Terra Roxa
Estruturada), apresentando até blocos de rocha, enquanto o gnaisse encaixante
apresenta um profundo manto de intemperismo com material latossólico. A estrutura
gnaissica aparentemente favorece a maior intemperização do gnaisse, apesar de os
teores de minerais máficos serem maiores nas rochas máficas.
Outro exemplo, talvez, mais interessante, é o que envolve o basalto e tufito.
Ambos são rochas ricas em minerais máficos, mas o tufito (originado da
consolidação de cinzas vulcânicas) não apresenta o aspecto massivo do basalto. O
tufito intemperiza-se mais rapidamente. Para a mesma pedoforma, os solos de tufito
são intemperizados que os originados de basalto.
Tabela 29. Rochas agrupadas para fins pedológicos gerias, assim como uma idéia de sua composição
química.
Minerais
Rochas principais Fe P K Ca Mg Co Cu Zn B Mn Fonte
Granítica Fp Qz, Bt 2,2 0,08 3,36 1,5 0,6 4 20 50 9 1,2 (a)(2)
Máfica Ca-Fp, Py, 8,7 0,11 0,83 7,6 4,6 48 87 105 5 1,5 (a)
Mt
Pelítica Ms, Fp, Qz 4,4 0,07 2,66 2,2 1,5 19 45 95 100 2,6 (a)
Psamítica Qz+cimento 1,0 0,02 1,07 1,1 0,7 0,3 x(3)
16 35 0,2 (a)
Ferruginos Hm, Mt 49 0,05 0,01 299 24 24 (b)
a
Calcária Cc, Dm, Ms, 0,4 0,04 0,27 30,2 4,7 0,1 4 20 20 0,4 (a)
Fp, Qz
Gnáissica Fp, Qz, Mi, 2,7 0,09 2,45 2,3 1,2 (c)
Hb
(1)
Símbolos: Fp - feldspato (K); Qz - quartzo (SiO 2); Bt - biotita (K, Mg, Fe); Ca-Fp - feldspato
calcosódico (Ca, Na); Py - piroxênio (Ca, Mg); Mt - magnetita (Fe 3+ Fe2+O4); Ms - muscovita, mica
branca ou malacacheta (K); o cimento das rochas psamíticas pode ser calc´rio,óxidos de Fe ou argila;
Hm - hematita (Fe2O3); Cc - calcita (CaCO 3); Dm-dolomita (Mg, CaCO 3); Mi - micas, incluindo biotita e
muscovita; Hb - hornblenda.
(2)
(a) TUREKIAN & WEDEPOHL (1962); (b) Concreções de solos originados de Itabirito, do
Quadrilátero Ferrífero (SOARES, 1980; FONTES et al., 1985; (c) dados compilados por HUANG
(1962).
(3)
X = ordem de magnitude de 1 dígito antes da vírgula.
Observações:
Pedoforma - o aplainamento pode horizontalizar a paisagem,
independentemente da rocha.
Cor - O horizonte A é escuro, com grau de desenvolvimento e espessura
variáveis. O excesso de água (falta de oxigênio) tende a favorecer a redução e
retirada do Fe do sistema. Menores teores de Fe e clima mais úmido (mesmo sem
deficiência de oxigênio) favorecem a formação de goethita, dando cor amarela
(hematita ausente).
Textura - solos mais novos são mais siltosos que os solos mais velhos.
Nutrientes - solos de praticamente qualquer rocha pode ser pobre ou rico. Os
mais velhos, tendendo aos Latossolos, são mais pobres.
É importante observar que estas generalizações referem-se mais aos
elementos que se concentram residualmente. Os elementos mais móveis, como Ca,
Mg e K e as formas disponíveis dos que se concentram, são inferidos a partir das
condições relativas à cronoseqüência, isto é, o basalto pode originar um solo pobre
em Ca, no Planalto Central, enquanto no sertão do Seridó (RN), o granito, muito
mais pobre em Ca (Tabela 10, pode originar um solo bastante rico em Ca. O mesmo
basalto, como ocorre no Planalto Central, pode originar Latossolo Roxo sob cerrado
(muito pobre em nutrientes) e, próximo, pode-se ter o Latossolo Roxo sob floresta
(eutrófico, rico em nutrientes) ou mesmo a Terra Roxa Estruturada Eutrófica (relevo
mais acidentado), um dos melhores solos do Brasil.
225
Tendência à homogeneidade
Plagioclásio Ca
Olivina
a
Quartzo
226
I - ROCHAS MAGMÁTICAS
a)
227
t2 - 1/3 a intemperizado, b e c
O observador ty observa 3 solos - t1, t2 e t3.
Nesta observação em:
t1 -a e b totalmente intemperizados, c - começo do intemperismo.
t2 - a totalmente intemperizado, 1/2 b intemperizado e c na rocha.
t3 - 1/3 a intemperizado, b e c na rocha.
Paraná, está representado pela Formação Vila Maria, constituída de pelitos e arenitos
marinhos, contendo pelecipodas, gasterópodos e branquiópodos entre outros fósseis.
No Devoniano, as três bacias foram invadidas pelo mar, depositando-se arenitos e
folhelhos com fauna marinha características.
Na Bacia do Paraná, a Formação Furnas consiste de arenitos esbranquiçados médios
a grosseiros, quartzo com matriz caulinítica. Sua espessura está entre 200 e 300 m.
No Estado de Goiás, a Formação Vila Maria, passa transicionalmente para os
arenitos da Fromação Furnas, enquanto, no restante da Bacia, este assenta diretamente
sobre o embasamento a partir de um conglomerado basal. É recoberta, na maior parte da
bacia, pela Formação Ponta Grossa, que consiste num folhelho síltico, cinza-escura,
micáceo, com eventuais intercalações arenosas. Enquanto a Formação Furnas é
afossilífera, a Formação Ponta Grossa é rica em branquiópodos, moluscos equinodermes,
trilobitas, e outros invertebrados marinhos.
Na Bacia do Amazonas, o Devoniano está representado pelos folhelhos, siltitos e
arenitos fluviais deltaicos da Formação Maecuru e pelos pelitos cinza esverdeados marinhos
de Fromação Ererê. A Formação Aruá está representada por arenitos, folhelhos e
diamictitos. A Formação Ererê apresenta uma fauna bem diversificada de tribolitas,
branquiópodos, erinóides, gasterópodos, microfósseis e restos vegetais. Os ambientes
depositais são considerados planícies de marés e deltaicos.
A Formação Arurá, com tilitos de textura heterogênea, expressa a galciação
paleozóica naquela área. Os arenitos são de ambientes fluvial e marinho pós-glaciais.
Na Bacia do Maranhão, ocorrem três Formações: Cabeça, Longá e Poti,
representadas por folhelhos, arenitos e siltitos marinhos litorâneos, passando no topo para
deltaicos e, finalmente, para continentais.
Período Carbonífero
Período Permiano
Mezosóico - Cenozóico
1981a).
Figura 104 – Distribuição das unidades litoestratigráficas no Estado de São Paulo (Adaptado de IPT, 1981a).
238
Figura 105 – Divisão Geomorfológica do Estado de São Paulo (Adaptado de IPT, 1981b).
Figura 106 – Perfil Geológico-Geomorfológico de E-W do estado de São Paulo (Modificado do IPT, 1981b).
239
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
BESOAIN, ª Mineralogia de Arcillas de Suelos. IICA; San José, Costa Rica, 1985.
p. 737-922.
GOLDICH, S.S. A study of Roch weathering. J. Cool. Ed. 46°. 1938. p. 17-58.
JACKSON, M.L. Clay transformations in soil genesis during the quarternary. P. 15-
22, 1964.
MILOVSKI, A.V. & KONONOV, O.V. Mineralogy. Mir Publishers Moscow. 1985. P.
288-296.
MONTEITH, J.L. The heat balance of soil beneath crops. In: Symposium zone res.
Climatology and microclimatology, 11° Camberra, UNESCO. Proceedings,
London, 11:123-128. 1958.
POPP, J.H. Geologia Geral. 4° Edição, Rio de Janeiro, São Paulo: LTC, 1939.
299p.
POPP, J.H. Geologia Geral. 5° Edição, Rio de Janeiro, São Paulo: LTC, 1998.
RESENDE, M. CURI, N.; RESENDE, S.B.; CORRÊA, G.F. Pedologia: base para a
distinção de ambientes. Viçosa NEPUT, 1995, p.299-336.
TUREKIAN, K.K. & WEDEPOHL, K.H. Distribuion of the elements in some major
units of the earth´s crust. Geological Society of America Bull v. 72:175-192. 1962.
Sites:
http://www.rc.unesp.br/museudpm/rochas/; extraído em: 05/07/2005.