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Resumo: O objetivo deste trabalho foi avaliar a vulnerabilidade ambiental de um trecho da BR-364 entre
Feijó e Mâncio Lima, no Estado do Acre. Para avaliação da vulnerabilidade adotou-se como metologia a
proposta de Crepani et al. (1998) e INPE (1999), com algumas modificações. Na definição dos índices de
vulnerabilidade considerou-se a suscetibilidade a diversos temas, como os aspectos geológicos e
geomorfológicos (intensidade de dissecação, amplitude altimétrica e declividade), os solos (classes de
solos), o tipo de vegetação e o clima. Com pesos diferentes, segundo os critérios adotados, chegou-se ao
mapa de fragilidade ambiental. Conclui-se que há vários ambientes com vulnerabilidades diferenciadas, o
que pode impactar em diferentes graus. O trecho entre Feijó e Tarauacá deve ser mantido com a cobertura
vegetal original e uso sustentável exclusivamente florestal (manejo florestal). O trecho entre Tarauacá e as
proximidades de Cruzeiro do Sul suporta um uso mais intensivo, com predominância de cultivos
agroflorestais, porém as várzeas do rio Juruá devem ser mais bem avaliadas para o uso mais sustentável.
Abstract: This work aimed to evaluate the environmental vulnerability along BR-364 highway, between
Feijó and Mancio Lima, in the state of Acre. The methodology recommended by Crepani et al. (1998) and
INPE (1998) was adopted, with some modifications. For the definition of the vulnerability indices, the
geological and geo-morphological aspects (dissection intensity, relief and slopes), soil classes, vegetation
types, and climate were considered. In agreement with the adopted criteria, an environmental fragility
map was obtained. It was concluded that different environments present differentiated vulnerabilities,
causing impacts of different degrees. The area between Feijó and Tarauacá should be maintained with its
natural vegetation and exclusively forest sustainable use (forest management). The area between Tarauacá
and Cruzeiro do Sul can undertake a more intensive use, with the predominance of agro-forest systems.
The Juruá river low lands should be better appraised for a more sustainable use.
Key words: Environmental sustainability, Amazon region, environmental vulnerability, and Jurua River.
Quadro 1 - Avaliação da estabilidade das categorias morfodinâmicas (Evaluation of the stability of the
morphodynamic categories)
Quadro 2 - Representação da vulnerabilidade e, ou, estabilidade das unidades de paisagem natural (Representation of
the vulnerability and, or stability of the natural landscape units)
U6 2,5
Moderadamente vulnerável
ESTABILIDADE
U7 2,4
VULNERABILIDADE
U8 2,3
U9 2,2
U10 2,1
U11 2,0 Medianamente estável/vulnerável
U12 1,9
U13 1,8
U14 1,7
à
U15 1,6
Moderadamente estável
U16 1,5
U17 1,4
U18 1,3
U19 1,2
Estável
U20 1,1
U21 1,0
Figura 2 - Fluxograma metodológico para definição de áreas ambientais frágeis e sensíveis ao uso dos recursos naturais.
(Methodological fluxogram for definition of environmental areas vulnerable and sensitive to natural use).
Figura 3 - Vulnerabilidade do tema geologia da área prioritária (BR-364, entre Feijó e Mâncio Lima, Acre). (Vulnerability
of the geology of the pilot area (BR-364, between Feijó and Mâncio Lima, Acre).
Figura 4 - Vulnerabilidade do tema geomorfologia da área prioritária (BR-364, entre Feijó e Mâncio Lima, Acre).
(Geomorphology vulnerability in the pilot area (BR-364 highway, between Feijó and Mâncio Lima, Acre).
Quadro 3 - Definição da vulnerabilidade do tema geomorfologia na área prioritária (BR-364, entre Feijó e
Mâncio Lima, Acre) (Definition of the geomorphology vulnerability in the pilot area (BR-364, between Feijó
and Mâncio Lima, Acre)
Figura 5 - Vulnerabilidade do tema pedologia da área prioritária (BR-364, entre Feijó e Mâncio Lima, Acre). (Pedology
vulnerability in the pilot area (BR-364, between Feijó and Mâncio Lima, Acre).
formas de relevo (erosão). A ação da cober- a) Evita o impacto direto das gotas de
tura vegetal na proteção da paisagem se chuva contra o terreno, o que promove a
dá de diversas maneiras: desagregação das partículas.
Quadro 4 - Determinação da vulnerabilidade das unidades de mapeamento que ocorrem na área prioritária
(BR-364, entre Feijó e Mâncio Lima, Acre) (Determination of the vulnerability of the mapping units in the
pilot area (BR-364 highway, between Feijó and Mâncio Lima, Acre)
Vulnerabilidade Vulnerabilidade
Unidade de Mapeamento Componente (Unidade de
1 2 3 Mapeamento)(1)
ARGISSOLO VERMELHO Distrófico latossólico + ARGISSOLO
1,7 1,9 - 1,8
VERMELHO Distrófico abrúptico
ARGISSOLO VERMELHO Distrófico latossólico + ALISSOLO
1,7 2,0 - 1,8
CRÔMICO argilúvico típico
ARGISSOLO VERMELHO Distrófico típico + LUVISSOLO
HIPOCRÔMICO Órtico típico + ARGISSOLO VERMELHO Amarelo 1,9 2,1 1,9 1,9
alumínico alissólico
ARGISSOLO AMARELO distrófico 2,0 - - 2,0
ARGISSOLO AMARELO distrófico + Alissolo Crômico argilúvico 2,0 2,0 2,0
ARGISSOLO AMARELO distrófico + Latossolo Vermelho-Amarelo
2,0 1,0 - 1,7
distrófico argissólico
ARGISSOLO AMARELO Distrófico latossólico + LATOSSOLO
AMARELO distrófico típico+NEOSSOLO QUARTZARÊNICO órtico 1,8 1,0 3,0 1,9
típico
ARGISSOLO AMARELO Distrófico latossólico + ARGISSOLO
1,8 2,0 2,5 2,0
AMARELO distrófico + CAMBISSOLO HÁPLICO alumínico
ARGISSOLO AMARELO distrófico + LATOSSOLO AMARELO
2,0 1,0 2,0 1,8
distrófico típico + ARGISSOLO AMARELO distrófico
ARGISSOLO AMARELO eutrófico plíntico + ALISSOLO CRÔMICO
2,0 2,0 25 2,1
argilúvico + CAMBISSOLO HÁPLICO Ta Eutrófico
ARGISSOLO AMARELO eutrófico plíntico + ARGISSOLO
VERMELHO Amarelo eutrófico + CHERNOSSOLO ARGILÚVICO 2,0 2,0 2,1 2,0
Órtico saprolítico
ARGISSOLO AMARELO eutrófico típico + NITOSSOLO VERMELHO
2,0 2,2 2,0 2,0
Eutrófico típico + ARGISSOLO AMARELO distrófico
LUVISSOLO HIPOCRÔMICO Ortico Típico + ALISSOLO CRÔMICO
1,9 2,0 - 1,9
Órtico típico
ALISSOLO CRÔMICO argilúvico + ARGISSOLO AMARELO
2,0 2,0 - 2,0
distrófico
ALISSOLO CRÔMICO argilúvico típico + ARGISSOLO AMARELO
2,0 2,0 - 2,0
Eutrófico
ALISSOLO HIPOPOCRÔMICO Argiluvico Típico + CAMBISSOLO
2,0 2,5 2,2
HÁPLICO Ta Eutrófico Gleico
CAMBISSOLO HÁPLICO Ta Eutrofico vértico + LUVISSOLO
HIPOCRÔMICO Órtico típico + CAMBISSOLO HAPLICO Ta 2,5 1,9 2,5 2,4
Eutrófico tipico
GLEISSOLO HÁPLICO Ta eutrófico + ARGISSOLO AMARELO
3,0 2,3 2,8
Distrófico plíntico
GLEISSOLO HÁPLICO Ta Eutrófico típico + GLEISSOLO HÁPLICO
3,0 3,0 3,0 3,0
Ta alumínico
GLEISSOLO HÁPLICO Ta Eutrófico típico + GLEISSOLO HÁPLICO
3,0 3,0 3,0 3,0
Ta alumínico + NEOSSOLO FLÚVICO Ta Eutrófico
GLEISSOLO HÁPLICO Ta Eutrófico típico + NEOSSOLO FLÚVICO
3,0 3,0 3,0
Ta Eutrófico
(1)
Média ponderada.
Quadro 5 - Determinação da vulnerabilidade das unidades de mapeamento de vegetação que ocorrem na área
prioritária (BR-364, entre Feijó e Mâncio Lima, Acre) (Determination of the vulnerability of the vegetation
mapping units in the pilot area (BR-364 highway, between Feijó and Mâncio Lima, Acre)
Figura 6 - Vulnerabilidade do tema vegetação da área prioritária (BR-364, entre Feijó e Mâncio Lima, Acre). (Vegetation
vulnerability in the pilot area (BR-364 highway, entre Feijó and Mâncio Lima, Acre).
Figura 7 - Vulnerabilidade do tema clima da área prioritária (BR-364, entre Feijó e Mâncio Lima, Acre). (Climate
vulnerability in the pilot area (BR-364 highway, between Feijó and Mâncio Lima, Acre).
1600000
1400000
1200000
Número de pixels
1000000
800000
600000
400000
200000
0
1.72
1.76
1.8
1.84
1.88
1.92
1.96
2.04
2.08
2.12
2.16
2.2
2.24
2.28
2.32
2.36
2.4
2.44
2.48
2.52
2.56
Vulnerabilidade (lim. superior)
Figura 8 - Distribuição de freqüência dos pixels do mapa de vulnerabilidade natural da área prioritária (BR-364, entre
Feijó e Mâncio Lima, Acre). (Pixels frequency distribution of the natural vulnerability map in the pilot area (BR-364
highway, between Feijó and Mâncio Lima, Acre).
Figura 9 - Mapa de vulnerabilidade natural da área prioritária (BR-364, entre Feijó e Mâncio Lima, Acre). (Natural
vulnerability map in the pilot area (BR-364 highway, between Feijó and Mâncio Lima, Acre).
Figura 10 - Mapa de vulnerabilidade natural da área prioritária, considerando a retirada da vegetação natural (BR-364,
entre Feijó e Mâncio Lima, Acre). (Natural vulnerability map in the pilot area, considering the removal of the
natural vegetation (BR-364 highway, betwen Feijó and Mâncio Lima, Acre).
2500000
2000000
Número de pixels
1500000
1000000
500000
0
1.76 1.79 1.82 1.85 1.88 1.91 1.94 1.97 2 2.03 2.06 2.1 2.13 2.16 2.19 2.22 2.25 2.28 2.31 2.34 2.37 2.41 2.44 2.47 2.5 2.53 2.56
Graus de vulnerabilidade (lim. superior)
Figura 11 - Distribuição de freqüência dos pixels do mapa de vulnerabilidade natural com a retirada da cobertura vegetal
da área prioritária (BR-364, entre Feijó e Mâncio Lima, Acre). (Distribution of pixel frequency in the natural
vulnerability map with the removal of vegetal cover in the pilot area (BR-364 highway, between Feijó and Mâncio
Lima, Acre).
Quadro 6 - Classes de fragilidade ambiental para a área proteger, principalmente, as áreas situa-
prioritária (BR-364, entre Feijó e Mâncio Lima, das a jusante dos cursos d’água.
Acre) (Environmental vulnerability classes for the
pilot area (BR-364 highway, between Feijó and Os meios mais frágeis são aqueles nos
Mâncio Lima, Acre) quais a pedogênese é incipiente e os fenô-
menos de evolução da paisagem são
Graus de Vulnerabilidade controlados prioritariamente pela morfo-
Classe de Fragilidade
Min. Max. gênese. São áreas constituídas por meios
Excessivamente frágil 2,090 2,184 de elevada sensibilidade, onde o equilíbrio
Fortemente frágil 2,184 2,278 natural é rapidamente alterado, a resi-
Acentuadamente frágil 2,278 2,372 liência do ecossistema é baixa. Represen-
Frágil 2,372 2,466 tam, principalmente, as grandes áreas
Moderadamente frágil 2,466 2,560 aluviais que estão distribuídas na área
Fonte: Zonneveld (1972). prioritária. Nestas áreas o uso agronô-
mico é restrito, a agricultura ribeirinha
existente e as atividades extrativistas
devem ser o maior grau de alteração e de-
7% 1% veriam ser priorizadas para conservação,
15% principalmente, naquelas áreas situadas
43% a jusante dos centros urbanos.
Os meios acentuadamente frágeis são
aqueles nos quais a pedogênese é de inci-
piente a moderada e os processos de
34%
modelagem da paisagem são intensos. São
Ambientes moderadamente frágeis
Ambientes frágeis
áreas constituídas por meios de alta
Ambientes acentuadamente frágeis
Ambientes fortemente frágeis
sensibilidade, onde o equilíbrio natural é
Ambientes excessivamente frágeis
mantido, principalmente, pela cobertura
vegetal. Se a cobertura vegetal é degrada-
Figura 12 - Quantificação das classes de fragilidade ambiental
da área de estudo (BR-364, entre Feijó e Mâncio Lima,
da, há rápida liquidação dos solos, através
Acre). (Quantification of the environmental vulnerability de processos de erosão acelerada e petro-
classes in the study area (BR-364 highway, between Feijó plintização, fenômenos resultantes da
and Mâncio Lima, Acre). precipitação pluviométrica elevada, mate-
rial de origem de caráter pelítico e solos
com argila de atividade alta. Nessas áreas,
Os meios excessivamente frágeis são a geomorfologia atua como condicionador
aqueles nos quais a morfogênese coman- da intensidade dos processos de alteração
da a intensidade e a natureza dos proces- e como fator de transformação dos demais
sos morfogenéticos e o sentido da evolução. fatores. Sua atividade agronômica é res-
A estabilidade estrutural dos solos é trita e estas áreas deveriam ser prioriza-
decisiva nos fenômenos de escoamento das para uso controlado e, ou, conservação,
superficial e a constituição do material principalmente aquelas situadas em
sedimentar no qual está assentado o con- áreas de influência direta da rede hidro-
junto solo-floresta é extremamente instá- gráfica.
vel. A granulometria comanda o modelado
de acumulação. Nessas áreas o uso agro- Os meios frágeis são aqueles nos
nômico é marginal, portanto o critério de quais há um balanço relativamente está-
escolha deve ser mais de conservar para vel da morfogênese e pedogênese. Nesses
Figura 13 - Mapa de fragilidade ambiental da área prioritária (BR-364, entre Feijó e Mâncio Lima, Acre). (Environmental
vulnerability map in the pilot area (BR-364 highway, between Feijó and Mâncio Lima, Acre).