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Tema 5 - Ecologia de populações e comunidades

Considerações iniciais

A ecologia de populações e comunidades é uma disciplina da ecologia que


estuda as interações entre os organismos em um ecossistema, focando nas dinâmicas e
estruturas das populações e nas comunidades de organismos que coexistem em um
determinado local. Essa área de estudo é essencial para compreender como as
populações e comunidades são afetadas pelo ambiente e como influenciam a saúde e a
estabilidade dos ecossistemas.
Os conceitos e princípios fundamentais da ecologia de populações e
comunidades são a base para a compreensão das interações entre os organismos e as
dinâmicas populacionais em um ecossistema. Um dos conceitos-chave é a densidade
populacional, que se refere ao número de indivíduos de uma espécie em uma
determinada área ou volume. A densidade populacional pode afetar diversos processos,
como a competição por recursos, a predação e a reprodução.
A dinâmica populacional é outro conceito importante, que descreve as mudanças
no tamanho e na estrutura das populações ao longo do tempo. A taxa de natalidade, a
mortalidade, a imigração e a emigração são fatores que influenciam a dinâmica
populacional. Modelos matemáticos, como os modelos de crescimento exponencial e
logístico, são frequentemente utilizados para entender e prever as mudanças na
abundância populacional.
Outro princípio fundamental é o nicho ecológico, que se refere ao papel que uma
espécie desempenha em seu ambiente, incluindo sua posição trófica, suas interações
com outras espécies e sua tolerância a fatores abióticos. O nicho ecológico de uma
espécie pode influenciar sua distribuição geográfica, suas estratégias de alimentação e
sua capacidade de competir com outras espécies.
As interações bióticas, como a predação, a competição, o mutualismo, o
parasitismo e o comensalismo, também são conceitos centrais na ecologia de
populações e comunidades. Essas interações podem afetar a distribuição, a abundância e
a diversidade das espécies em uma comunidade, influenciando sua estrutura e dinâmica.
A estrutura de populações, incluindo o tamanho, a distribuição geográfica, a
idade e a estrutura genética, também é um aspecto fundamental na ecologia de

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populações e comunidades. Essa estrutura pode influenciar a dinâmica populacional, a
adaptação das espécies e a resposta a perturbações ambientais.
Além disso, a sucessão ecológica é outro conceito importante na ecologia de
populações e comunidades, que se refere às mudanças na composição de espécies em
uma comunidade ao longo do tempo. Perturbações naturais e atividades humanas podem
influenciar a sucessão ecológica, afetando a estrutura e a função das comunidades.
A compreensão desses conceitos e princípios fundamentais é essencial para
entender como os organismos interagem em um ecossistema. Esses conhecimentos são
aplicados em diversas áreas, como conservação e manejo de ecossistemas, controle de
pragas, ecologia aplicada, manejo de recursos naturais e tomada de decisões
relacionadas à conservação e gestão ambiental.
A ecologia de populações e comunidades também é fundamental para entender
os efeitos das atividades humanas no meio ambiente, como a degradação de habitats, a
introdução de espécies exóticas, a poluição e as mudanças climáticas, e como esses
impactos podem afetar a biodiversidade e a estabilidade dos ecossistemas.

Ecologia de populações

A ecologia de populações é uma disciplina que estuda as características e


dinâmicas das populações de organismos em um determinado ecossistema. Um dos
aspectos essenciais dessa área de estudo é a exploração da estrutura das populações, que
envolve a análise de seu tamanho, distribuição geográfica, idade e estrutura genética.
Esses aspectos são fundamentais para entender a dinâmica populacional e as interações
ecológicas que ocorrem em um ecossistema.
O tamanho de uma população é um parâmetro importante, pois afeta diretamente
a dinâmica populacional. Populações pequenas têm maior vulnerabilidade a eventos
estocásticos, como mudanças ambientais abruptas, epidemias ou flutuações aleatórias na
reprodução e sobrevivência dos indivíduos. Por outro lado, populações grandes podem
ter maior estabilidade e capacidade de recuperação após perturbações, além de poderem
exercer maior pressão sobre os recursos disponíveis no ambiente.
A distribuição geográfica de uma população também é relevante, pois pode
influenciar a disponibilidade de recursos, a dispersão de indivíduos, a conectividade
entre subpopulações e a interação com outras espécies. Populações distribuídas em uma
ampla área geográfica podem ter maior diversidade genética, devido a variações nas

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condições ambientais, o que pode aumentar sua adaptabilidade a mudanças no
ambiente.
A idade e a estrutura genética são aspectos importantes na compreensão da
dinâmica populacional. A distribuição etária, ou seja, a proporção de indivíduos em
diferentes faixas etárias, pode indicar a taxa de crescimento da população, a reprodução
e a mortalidade. A estrutura genética, por sua vez, pode influenciar a variabilidade
genética, a adaptabilidade e a evolução da população. Populações com maior
variabilidade genética têm maior potencial para se adaptar a mudanças ambientais e
resistir a doenças e outros desafios.
A compreensão desses aspectos da estrutura populacional é fundamental para a
compreensão das interações ecológicas. Por exemplo, a estrutura etária de uma
população de presas pode influenciar a pressão de predação exercida por predadores,
enquanto a estrutura genética pode afetar a competição intraespecífica e a coevolução
entre espécies. Além disso, a distribuição geográfica de uma população pode afetar a
dispersão de polinizadores, a migração de espécies migratórias e a formação de
metapopulações.
A importância desses aspectos da estrutura populacional vai além da
compreensão teórica da ecologia. Eles têm implicações práticas na conservação e
manejo de populações de espécies ameaçadas, na gestão de recursos naturais, no
controle de pragas e na tomada de decisões relacionadas à conservação da
biodiversidade. A consideração desses aspectos pode contribuir para o desenvolvimento
de estratégias eficazes de manejo e conservação, bem como para a tomada de decisões
mais embasadas em relação à gestão ambiental.
A exploração da estrutura de populações, incluindo tamanho, distribuição
geográfica, idade e estrutura genética, é fundamental para compreender a dinâmica
populacional e as interações ecológicas em um ecossistema. O tamanho populacional
influencia a estabilidade e a resiliência da população, enquanto a distribuição geográfica
afeta a disponibilidade de recursos e a conectividade entre subpopulações. A estrutura
etária e genética está relacionada à taxa de crescimento, reprodução, mortalidade e
adaptabilidade da população. Esses aspectos têm implicações práticas na conservação e
manejo de populações e na tomada de decisões relacionadas à gestão ambiental. A
compreensão da estrutura populacional é essencial para entender a ecologia das
populações e comunidades, contribuindo para a conservação da biodiversidade e a
sustentabilidade dos ecossistemas.

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Dinâmica de populações

A dinâmica de populações é um campo importante da ecologia que estuda como


as populações de organismos mudam em tamanho e estrutura ao longo do tempo. Vários
processos influenciam a dinâmica populacional, como a taxa de natalidade, mortalidade,
migração, imigração e emigração.
A taxa de natalidade é a quantidade de nascimentos em uma população em um
determinado período de tempo. Ela é influenciada por diversos fatores, como a idade
reprodutiva dos indivíduos, a disponibilidade de recursos, a densidade populacional e as
condições ambientais. A taxa de mortalidade, por sua vez, é o número de mortes em
uma população em um determinado período de tempo. Ela pode ser influenciada por
fatores como a idade, a presença de predadores, doenças, competição por recursos e
condições climáticas.
A migração refere-se ao movimento de indivíduos de uma área para outra. A
imigração é a entrada de indivíduos em uma população, enquanto a emigração é a saída
de indivíduos de uma população. A migração pode ocorrer em resposta a mudanças nas
condições ambientais, busca de recursos ou interações sociais, e pode ter um impacto
significativo na dinâmica populacional.
Os modelos matemáticos são ferramentas importantes utilizadas para entender e
prever a dinâmica de populações. Um dos modelos mais básicos é o modelo de
crescimento exponencial, que assume que a taxa de crescimento de uma população é
proporcional ao tamanho atual da população. Esse modelo é útil para descrever
populações em ambientes ideais, com recursos ilimitados e ausência de limitações
biológicas. No entanto, a maioria das populações enfrenta limitações em recursos e
espaço, o que leva ao modelo de crescimento logístico. Esse modelo leva em
consideração a capacidade de suporte do ambiente, ou seja, o número máximo de
indivíduos que o ambiente pode sustentar de forma sustentável. À medida que a
população se aproxima da capacidade de suporte, a taxa de crescimento diminui,
levando a uma estabilização do tamanho da população. Além desses modelos básicos,
existem também outros modelos mais complexos que levam em consideração outros
fatores, como a estrutura etária, a competição por recursos e a interação com outras
espécies. Esses modelos ajudam os ecologistas a compreenderem as dinâmicas

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populacionais em diferentes contextos e a fazerem previsões sobre o comportamento
futuro das populações.
A compreensão dos processos que influenciam a dinâmica populacional e o uso
de modelos matemáticos são essenciais para a gestão e conservação de populações de
espécies ameaçadas, a tomada de decisões relacionadas à utilização de recursos naturais
e a compreensão das interações ecológicas em um ecossistema. A análise cuidadosa
desses processos e a aplicação de modelos matemáticos podem fornecer informações
valiosas para a tomada de decisões informadas e a promoção da sustentabilidade dos
ecossistemas.

Ecologia de comunidades
Ecologia das comunidades, ou sinecologia, é um ramo da ecologia que estuda as
interações entre espécies em comunidades, em diferentes escalas espaciais e temporais,
incluindo a distribuição, estrutura, abundância, demografia e interações entre
populações de espécies coexistentes e das suas respectivas comunidades.
A biosfera é compartilhada por muitos organismos conectados uns aos outros por
meio de interações, formando um complexo frequentemente denominado de
comunidade biológica. As interrelações dentro das comunidades governam o fluxo de
energia e a reciclagem de alimentos dentro do ecossistema. Eles também influenciam os
processos populacionais e, ao fazer isso determinam a abundância relativa de cada
espécie.

Estrutura da comunidade

O conceito de organização comunitária pode ser abordado a partir de diferentes


perspectivas teóricas. Duas das principais teorias, a Teoria holística e a Teoria
individualista, predizem padrões diferentes de distribuição de espécies ao longo de
gradientes ecológicos e geográficos.
De acordo com a abordagem holística, as espécies que pertencem a uma
comunidade estão intimamente associadas umas às outras, e que existem limites bem
definidos na distribuição da comunidade. Os ecólogos chamam este conceito de
organização comunitária fechada. Do ponto da teoria individualista, cada espécie está
distribuída independentemente de outras que coexistem com ela numa associação
particular. Tal comunidade aberta não tem fronteiras, portanto, seus limites são

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arbitrários em relação às distribuições geográficas e ecológicas de suas espécies-
membro, que podem estender suas abrangências independentemente, para dentro de
outras associações. Ainda, foi desenvolvida uma terceira teoria, a Teoria Neutra, que
busca unificar essas duas teorias.

Teoria Holística
A teoria holística, proposta por F. E. Clements, introduz o conceito de
comunidade fechada. Isto é, comunidades são como "superorganismos”, com limites
bem definidos. Clements, ao estudar florestas norte-americanas, observou que florestas
de pinheiros de lugares húmidos são diferentes das florestas de arbustos em campos
mais secos. Deste modo, as fronteiras entre essas comunidades distintas tornam-se
visíveis.

Em algumas comunidades, as fronteiras podem ser mais abruptas, onde existe


uma transição evidente entre elas. Essas áreas de transição são conhecidas como
ecótones.
Este conceito da comunidade, o “superorganismo”, remete ao conceito holístico,
que parte do pressuposto de que um indivíduo é interdependente na comunidade. Cada
organismo exerce a sua função, de modo que se assemelham a um órgão em relação ao
sistema onde este está inserido.
Assim, na comunidade fechada ou holística, há um limite entre as comunidades,
de modo que esta passa a ser regulada pelas interações entre os indivíduos. Sendo assim,
o que determina a distribuição de uma espécie é o gradiente do recurso, que inclui
fatores químicos, físicos e biológicos.

Teoria Individualista

Em contrapartida à teoria de Clements, o botânico Henry Allan Gleason (1882–


1975) partiu do pressuposto de que cada espécie em uma comunidade é distribuída
independentemente de outras, e por isso pode existir tanto em ambientes frios quanto
quentes. Por isso, dizemos que é capaz de se adaptar ao ambiente. Na comunidade
aberta não há uma transição entre duas ou mais comunidades, e sim um continuum.[5]
As espécies interagem entre si, podendo ter uma relação harmónica (mutualismo, entre
outras relações) ou desarmónica (parasitismo).

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Teoria Neutra

Stephen P. Hubbell introduziu a Teoria neutra da ecologia. Dentro da


comunidade (ou metacomunidade), as espécies são funcionalmente equivalentes e a
abundância de uma população muda através de processos demográficos estocásticos
(isto é, nascimentos e mortes aleatórias).[6] A equivalência das espécies na comunidade
leva à deriva ecológica. A deriva ecológica faz com que as populações das espécies
flutuem aleatoriamente enquanto o número total de indivíduos na comunidade
permanece constante. Quando um indivíduo morre, há uma chance igual de cada espécie
colonizar o seu espaço. Mudanças estocásticas podem causar a extinção de espécies
dentro de uma comunidade, no entanto, as chances são diminutas quando o número de
indivíduos da espécie é muito grande.

As espécies podem coexistir porque são semelhantes e os recursos e as


condições aplicam um filtro ao tipo de espécies que podem estar presente na
comunidade. Cada população tem o mesmo valor adaptativo (habilidades competitivas e
de dispersão) e demanda de recursos. A composição local e regional representa um
equilíbrio entre especiação ou dispersão (que aumentam a diversidade) e extinções
aleatórias (que diminuem a diversidade).[7]

Ecótones
Área de transição entre fronteiras de comunidades. Quando há uma mudança
brusca de ambiente, mas também pode se estender por alguns quilômetros. Como
exemplo, um ambiente aquático logo termina nas margens do rio. Em contrapartida há
um longo ecótono entre cerrado e floresta amazônica.

Definições de comunidade

Em todo o desenvolvimento da Ecologia como ciência, o termo comunidade tem


frequentemente designado um conjunto de plantas e animais que ocorrem numa
determinada localidade, e dominada por uma ou mais espécies proeminentes ou por
algumas características físicas. Falamos de uma comunidade de carvalho, uma
comunidade de arbustos e uma comunidade de lago, significando todas as plantas e

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animais encontrados num certo lugar, dominado pelo nome da espécie da comunidade.
Usado desta forma, o termo não é ambíguo: uma comunidade que está espacialmente
definida inclui todas as populações dentro de suas fronteiras. Os ecólogos têm também
um conceito de comunidade que abrange as interações entre as populações que
coexistem. Isto implica um uso mais funcional do que descritivo do termo.
Quanto as populações se estendem além das fronteiras arbitrariamente espaciais,
ambos o conceito e a realidade da comunidade se tornam mais difíceis de definir. As
migrações de aves entre regiões temperadas e tropicais conectam os diferentes
conjuntos de espécies em cada área; em algumas localidades tropicais, até a metade das
aves presentes durante o inverno do norte são migratórias. As salamandras, que
completam seu desenvolvimento larval em curso de água e poças, mas continuam suas
existências adultas nos bosques circundantes, conectam os mundos terrestre e aquático,
assim como o fazem as arvores quando descartam suas folhas nas correntes, e dessa
forma sustentam cadeias alimentares aquáticas baseadas em detritos.
A estrutura e o funcionamento comunitário misturam um conjunto complexo de
interações, direta ou indiretamente conectando todos os membros de uma comunidade
numa teia intricada. A influência de cada população se estende a partes ecologicamente
distantes da comunidade. As aves insetívoras, por exemplo, não comem arvores, mas
elas predam muito dos insetos que se alimentam da folhagem ou polinizam as flores.
Os efeitos ecológicos e evolutivos numa população se estendem em todas as
direções através da estrutura trófica de uma comunidade por meio de sua influência nos
predadores, competidores e também presas.

Considerações finais

Em suma, a ecologia de populações e comunidades desempenha um papel


crucial na compreensão e conservação dos ecossistemas, contribuindo para a tomada de
decisões informadas e ações efetivas visando a proteção e manejo sustentável da
biodiversidade e dos recursos naturais. É fundamental promover a conscientização, a
cooperação e a implementação de estratégias integradas para enfrentar os desafios atuais
e garantir um futuro sustentável para as populações e comunidades que compõem os
ecossistemas do nosso planeta.

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