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Material Teórico
Ecologia, Sociedade e Conservação
Revisão Textual:
Prof. Me. Selma Aparecida Cesarin
a
Ecologia, Sociedade e Conservação
• Conservação de Ecossistemas;
• Desenvolvimento Sustentável;
• Século XX: Integração entre Economistas, Políticos, Cientistas,
Naturalistas e Organizações Civis;
• Ecologia Humana.
Recomendo que você, além de fazer uma leitura tranquila do conteúdo desta Unidade,
consulte ainda, os materiais complementares e assista também a vídeos relacionados ao
tema. Recomenda-se também, que você utilize a internet e outros meios de pesquisa para
buscar novas fontes que venham a contribuir com o seu aprendizado.
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Unidade: Ecologia, Sociedade e Conservação
Contextualização
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Conservação de Ecossistemas
Aprendemos durante o curso que a vida no Planeta pode ser classificada em diferentes
níveis de organização biológica. Os ecossistemas são sistemas complexos que devem ser
analisados em grande escala geográfica (regional, continental e global) via transferência de
matéria e energia entre os elementos biológicos (populações e comunidades) sob as influências
dos elementos físicos (clima, relevo, solo, etc.). Portanto, conhecer e entender a estrutura e
organização dos ecossistemas é fundamental para a sua conservação, conservação do Planeta
e sobrevivência da própria Humanidade.
Antes de discutirmos as teorias da conservação, falaremos das alterações ambientais
resultantes das ações antrópicas e suas principais consequências para a biodiversidade. Assim
como para qualquer espécie, o ambiente impõe um limite ao crescimento da população,
conhecido como capacidade limite ou suporte do ambiente (k) (Figura 1).
De modo geral, o crescimento da população tem se comportado como se estivesse abaixo
desse limiar k, prevendo um longo crescimento para o futuro (Figura 2).
Atualmente, somos mais de sete bilhões de habitantes e deveremos atingir a casa dos nove
bilhões e seiscentos milhões em 2050 (ONUBR, 2013).
Figura 1. Crescimento populacional logístico dependente da densidade. Figura 2. Flutuação do tamanho da população humana ao longo do tempo.
Número de indivíduos
Curva do potencial
biótico da espécie
Capacidade
Limite do meio
Curva S
Tempo
Resistência do ambiente
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Unidade: Ecologia, Sociedade e Conservação
E há de se falar ainda nos resíduos tóxicos, tais como os despejos propositados de muitas
indústrias e os grandes vazamentos acidentais de óleo e radiação que contaminam o ar, os
solos, as águas continentais e marinhas e dizimam populações e espécies.
Segundo Dirzo et al. (2014), a Terra passa pelo 6° período de extinção em massa de animais,
sendo que 322 espécies de vertebrados tornaram-se extintas desde 1500 e 25% das espécies
restantes encontram-se em declínio populacional. Não discutiremos aqui o polêmico assunto
do controle de natalidade, como já vem sendo adotado por algumas nações, mas falaremos das
teorias que embasam os métodos de conservação das populações, comunidades e ecossistemas.
Os estudos sobre biogeografia de Ilhas de MacArthur e Wilson (1967) representaram um
grande avanço na Biologia da Conservação, pois teorizavam sobre os processos que mantêm
a riqueza de espécies dentro das comunidades.
Levins (1969) utilizou as mesmas premissas para modelar a dinâmica metapopulacional em
ambiente continental. Esse modelo prevê um estado dinâmico de equilíbrio para as populações
que vivem em ecossistemas fragmentados, em que os processos básicos considerados são a
colonização e a extinção locais (Figura 3).
A
†
A
A
A
†
A
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Equação 1
dp
= bp(1 − p) − ep
dt
Onde dp/dt é a variação do tamanho da metapopulação num intervalo de tempo, b é
a taxa de dispersão da espécie, e é a taxa de extinção da espécie e p é a proporção de
fragmentos ocupados pela espécie.
O efeito de borda fragmentos com grande relação entre perímetro e área estão mais
susceptíveis às influências dos ambientes externos adjacentes. Esse é
um modelo bastante simples, mas à medida que as variáveis distância,
tamanho e forma dos fragmentos de ecossistemas são consideradas,
os modelos se tornam mais realistas (Figura 4).
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Unidade: Ecologia, Sociedade e Conservação
Abordagens mais amplas da conservação, envolvendo não apenas uma ou poucas espécies,
mas todo o ecossistema ou grande parte dele, exigem vontade política e conscientização dos
proprietários rurais.
O governo federal tem utilizado algumas ferramentas a favor desse objetivo, tais como a
criação de Unidades de Conservação nos diferentes biomas brasileiros e a adoção de políticas
públicas de incentivo à agricultura familiar (BRASIL, 2013).
5. Reconhecer que o ser humano faz parte dos ecossistemas e que os valores
humanos influenciam os objetivos relativos a manejo (PRIMACK; RODRIGUES,
2001, p.249).
Desenvolvimento Sustentável
Em decorrência da crise ambiental oriunda do modelo agrícola implantado mundialmente
após o ano de 1950, diversos pesquisadores, entidades não governamentais e governamentais,
além de grande parcela da população conscientizada e informada se mobilizaram objetivamente
para buscar novas formas de desenvolvimento dos países.
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Esta grande parcela da população mundial está interessada em preservar os recursos
naturais e recuperar de forma gradativa e racional as áreas naturais degradadas. O foco desta
nova postura socioeconômica é tornar sustentável, mais saudável e duradoura a vida humana
em nosso Planeta.
É importante que você saiba que essa nova postura proposta está preocupada, além da
preservação dos recursos naturais, com um modelo de produção durável em longo prazo,
mantendo as características socioeconômicas populacionais. Portanto, sabendo que a
compreensão sobre a disponibilidade dos recursos naturais é dada por meio do conhecimento
sobre os processos cíclicos de energia e matéria, é imprescindível absorvermos o conhecimento
sobre ecologia dos ecossistemas, nos quais as informações sobre a produtividade ecológica
irão nortear este novo modelo de desenvolvimento (Figura 5).
Ecológico
Suportável Viável
Sustentável
Social Economia
Equitativo
Com a Figura 5, evidencia-se que desenvolvimento sustentável é uma relação direta entre
Sociedade, Economia e Ecologia. Mas o que você deve ter em mente é que a união destes três
setores é fundamentada nos critérios de evolução da vida humana, em que haja desenvolvimento
cultural sem que os efeitos das atividades humanas excedam os limites ecossistêmicos.
Além disso, esta interação entre o sistema financeiro, social e ecológico preza tanto pela
manutenção da biodiversidade quanto pela conservação da complexidade ecológica dos
ambientes terrestres.
Mesmo havendo, desde a década de 50, alguma clareza sobre esta relação Sociedade,
Economia e Ecologia, foi a partir de 1980 que a ideia de sustentabilidade foi divulgada
globalmente em um documento de grande alcance intitulado “World Conservation Strategy”.
Em 1987, houve ainda divulgação do Relatório Brundtland, por meio do qual todo o
mundo, inclusive o Brasil, adotou posicionamento favorável às definições de estratégias
objetivadas em promover a sustentabilidade.
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Unidade: Ecologia, Sociedade e Conservação
Estas estratégias são elaboradas para que alcancemos, como sociedade, a sustentabilidade,
confrontando diretamente com a instabilidade ecológica do mundo atual, oriunda dos modelos
governamentais ainda desatualizados perante tais questões. Deste modo, diversas organizações
independentes e não governamentais (ONGs) têm contribuído ao promover além de campanhas
de conscientização da população, a tomada de atitudes práticas visando à minimização de
impactos ambientais.
Tais atitudes tendem a reforçar a existência de uma real e orgânica integração entre cada
cidadão com a sua comunidade, bem como com o seu próprio meio ambiente ecológico.
Figura 6. Logos de algumas ONGs brasileiras que desenvolvem atividades voltadas ao desenvolvimento sustentável em nosso Planeta.
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Século XX: Integração entre Economistas, Políticos, Cientistas,
Naturalistas e Organizações Civis
Diversos foram os momentos nos quais reuniões, conferências, acordos e tratados foram
realizados na história mundial com a finalidade de discutir a sustentabilidade como um modelo
de desenvolvimento a ser adotado pelos países. Para que você tenha conhecimento, a seguir
estão os principais encontros mundiais:
» 1968 – Clube de Roma: foi caracterizado por um encontro entre políticos, economistas
e cientistas. Resultou em um livro intitulado “Limites do Crescimento” (MEADOWS
et al., 1972) que trata de assuntos relacionados aos temas de energia, poluição,
saneamento, saúde, ambiente, tecnologia e crescimento populacional;
» 1972 – Primeira Conferência Mundial sobre o Homem e o Meio Ambiente (Estocolmo/ONU): esta
conferência foi promovida pela Organização das Nações Unidas e aconteceu em
Estocolmo, na Suécia. Os temas discutidos foram poluição do ar e sustentabilidade;
» 1987 – Relatório Brundtland (Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento/ONU): esta
comissão produziu relatório tratando de assuntos relacionados a limitar o crescimento
populacional para garantir a alimentação da população mundial em longo prazo,
preservar a biodiversidade e os ecossistemas, diminuir o consumo de energia e
promover fontes renováveis, controlar a urbanização selvagem promovendo integração
entre campo e cidades menores.
Para que você possa ter claro na mente, é importante saber que as discussões em torno
da sustentabilidade, por abranger diversos aspectos da sociedade, são bastante complexas e
profundas. Porém, a mensagem principal é que a nossa atual realidade social está ameaçada
pela desarmônica relação entre sociedade e natureza.
O ponto chave para mudarmos o rumo da população mundial é sempre fazermos uma
análise crítica entre a produção e o consumo. Não aceitar que sejamos manipulados pelo
sistema a nos tornar meros consumidores que abrem mão da qualidade de vida para ter o
poder de compra garantindo o lucro de poucos grandes empresários.
Ecologia Humana
Em resposta ao conflito existente entre a atitude humana e a preservação dos recursos
naturais, conceitos foram elaborados com o objetivo de incentivar as pessoas na busca pela
harmonia entre a atividade humana e a natureza. Neste contexto é que surge a Ecologia
Humana, com a função de gerir os recursos naturais, visando a manutenção dos ecossistemas
e com isso a permanência da vida humana na Terra (Figura 7).
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Para exemplificar as ações e medidas tomadas exclusivamente pela gestão ambiental pública,
temos: o planejamento territorial, que se preocupa com as unidades de conservação; o
zoneamento econômico ecológico, que delimita áreas geográficas de importância ambiental
e econômica; questões relacionadas à legislação ambiental, que elabora e fiscaliza leis e
normas ambientais, além de implementar políticas públicas ambientais.
No âmbito das empresas privadas, a gestão ambiental se incumbe de: elaborar e implementar
Sistemas de Gestão Ambiental (SGA); adequar normas e procedimentos de certificação
empresarial, como, por exemplo, dar selos de ISO, FSC, BSA, etc.; realizar ações diretas para
a sociedade, como promover a postura de responsabilidade socioambiental por meio de ações
de educação ambiental.
Por fim, o terceiro setor abrange um leque extremamente amplo que varia desde a
execução de projetos de gestão ambiental para empresas, até a criação e gestão de unidades
de conservação.
Podemos concluir, pelas áreas de atuação, que a gestão ambiental é incumbida por gerir
o ambiente, administrando o uso e a exploração de áreas geográficas e de recursos naturais.
Molina et al. definem a gestão ambiental resumidamente como sendo a:
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Unidade: Ecologia, Sociedade e Conservação
Figura 8. Incentivo à separação do lixo doméstico por meio do método fácil e prático de compostagem doméstica.
Fonte: voluntariosonline.org
Devemos evidenciar este tipo de abrangência mais pontual, em escala local na sociedade,
que olha para a postura de cada indivíduo. Este papel desempenhado por pessoas e grupos
familiares em nível local é a base de uma sociedade sustentável. Mas é claro que deve haver
incentivo partindo das gestões governamentais e educacionais, de forma a orientar e formar
cidadãos cada vez mais cientes da necessidade da sustentabilidade.
Cabe lembrar que as recíprocas interações entre o ambiente e a sociedade são responsáveis
pela conformação dos ecossistemas por meio das alterações promovidas na paisagem. Deste
modo, ao compreender o papel da Humanidade nos processos ecológicos, a ecologia humana
subsidia informações que auxiliam a compreensão dos níveis mais complexos de alterações da
paisagem causadas pelo nosso sistema de organização social.
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Figura 9. Modificação da paisagem natural pela ocupação por atividades humanas.
Complexo esportivo Arena Pernambuco, no município de São Lourenço da Mata.
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Material Complementar
Vídeos:
A ilha das flores: https://www.youtube.com/watch?v=e7sD6mdXUyg;
A história das coisas: https://www.youtube.com/watch?v=MWUHurprTVA.
Livros:
BATES, D. G.; TUCKER, J. Human Ecology. Contemporary Research and Practice. Local:
Springer, 2010.
Sites:
http://www.portaleducacao.com.br/biologia/artigos/7493/conservacao-dos-ecossistemas;
http://www.brasilescola.com/brasil/unidades-conservacao-brasileiras.htm.
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Referências
BRASIL. IBGE. Censo Agropecuário. Rio de Janeiro: IBGE, 2007. Disponível em: <http://
seriesestatisticas.ibge.gov.br/series.aspx?no=1&op=0&vcodigo=AGRO03&t=utilizacao-
terras-ha>. Acesso em: 26 mar. 2015.
DIRZO, R.; YOUNG, H. S.; GALETTI, M.; CEBALLOS, G.; ISAAC, N. J. B.; COLLEN, B.
Defaunation in the Anthropocene. Science, 345: 401-406, 2014.
DIRZO, R.; YOUNG, H. S.; GALETTI, M.; CEBALLOS, G.; ISAAC, N. J. B.; COLLEN, B.
Defaunation in the Anthropocene. Science, 345: 401-406, 2014.
KEATING et al. Global wealth report 2013. Zurich: Credit Suisse Ag. Disponível em:
<https://publications.credit-suisse.com/tasks/render/file/?fileID=BCDB1364-A105-0560-
1332EC9100FF5C83>.. Acesso em: 22 ago. 2014.
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Unidade: Ecologia, Sociedade e Conservação
MILLER, J. G. Living Systems: basic concepts. Behavioral Science, 10: 193-237, 1965.
ONUBR. Nações Unidas no Brasil. População mundial deve atingir 9,6 bilhões em
2050, diz novo relatório da ONU. Publicado em 13/06/2013. Disponível em: <http://
nacoesunidas.org/populacao-mundial-deve-atingir-96-bilhoes-em-2050-diz-novo-relatorio-da-
onu/>. Acesso em: 20 mar. 2015.
WMO. The Dublin Statement and Report of the Conference. In: Annals of International
Conference on Water and the Environment: Development Issues for the 21st Century.
26-31 January 1992. Dublin, Ireland.
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Anotações
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