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1. Permeabilidade
Com muita freqüência, a água ocupa a maior parte ou a totalidade dos vazios do solo.
Submetida à diferença de potencias, a água se desloca no seu interior.
Os solos, em geral, têm seus poros conectados entre si, além de apresentar fissuras ou
outros caminhos preferenciais pelos quais fluídos podem circular. A facilidade com que a
água flui através de um meio poroso como o solo, constitui uma importante propriedade
conhecida como permeabilidade de um determinado solo é quantificada pelo coeficiente de
permeabilidade (k).
A figura abaixo ilustra a percolação d’água através de um meio poroso como o solo:
B
Nota-se que a água percola de A para B por meio de um caminho sinuoso formado pela
conexão dos poros.
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2. Carga Hidráulica
Para estudar as forças que controlam o escoamento d’água através de um solo é necessário
avaliar as variações de energia do sistema.
Em geral, a energia num fluxo é representada por meio de Alturas ou Cargas (energia por
unidade de massa).
Ha = Hb + ∆H
pa/γW + za + va /2g = pb/γW + zb + vb2/2g + ∆H
2
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No caso do fluxo d'água nos solos, a parcela de energia cinética (carga de velocidade) é
muito pequena, tal que pode ser desprezada. Logo, a carga total em cada ponto é:
H = p/γW + z
Sempre que houver diferença de carga total entre dois pontos o fluxo será estabelecido.
Analisamos os casos seguintes:
Caso 1
H1 = H2 → não há fluxo
h1 + z1 = h2 + z2
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Ha + Hb = h0 Hc = Hd = h1
Caso 2 Hb ≠ Hc → existe fluxo através do solo
Hb – Hc = ∆H → perda de carga
Define-se como Gradiente Hidráulico (i) a taxa de dissipação da carga total em função da
distância.
i = - lim ∆H/∆L = - dH/dL
Q=khA
L
Sendo: Q – Vazão
A – Área do permeâmetro
K–Uma constante para cada solo, que recebe o nome de coeficiente de
permeabilidade.
A relação b (carga que dissipa na percolação) por L (distância ao longo da qual a carga se
dissipa) é chamada de gradiente hidráulico, expresso pela letra i, A lei de Darcy assume o
formato:
Q=k.i.A
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A vazão dividida pela área indica a velocidade com que a água sai da areia. Esta
velocidade, v, é chamada de percolação.
V=k.i
A Lei de Darcy é válida para fluxo LAMINAR, caracterizado por um número de Reynolds
(R) < 2000.
v = γw r2 i onde: r = raio
8µ
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Q = Cs γw rh2 i a onde: rh = raio hidráulico
µ Rh = a/p (área seção molhada/ perímetro molhado)
Cs = fator de forma
A = seção de passagem a=nSA
Substituindo:
Q = Cs γw ( e Vs S )2 i (n S A) n = _e__
µ As 1+ e
Q = Cs γw Vs2 e3 s3 i A
µ As2 1 + e
K = Cs γw Vs2 e3 s3
µ As2 1+e
Sendo Ds = diâmetro específico, que representa a relação Vs/As para uma partícula esférica
do solo:
Vs = 1/6 π Ds3 = Ds
As π Ds2 6
Substituindo:
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Fatores devido ao permeante:
Classificação Quanto a
Tipo de Solo K (cm/s)
Permeabilidade
Pedregulhos > 10 - 1 Alta
Areias 10 - 1 a 10 - 3 Média
Siltes e areias argilosas ou siltosas 10 - 3 a 10 - 5 Baixa
-5 -7
Argilas siltosas 10 a 10 Muito baixa
-7
Argilas < 10 Baixíssima
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Medição do Coeficiente de Permeabilidade
Métodos
Laboratório Campo
Métodos Diretos Ensaio de Bombeamento de Poços
Métodos Indiretos Ensaio de Infiltração
3. Ensaios de Laboratório
Cálculo:
Q = KiA = K h A e Q = V (volume)
L t (tempo)
Logo: K = V L
Aht
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A carga h é mantida constante durante todo o ensaio.
Procedimento: Mede-se o volume d'água que percola pela amostra (V) em determinados
intervalos de tempo (t).
Usado para solos de baixa permeabilidade, nos quais o volume d'água que percola através
da amostra é pequeno.
Esquema:
Cálculo:
Na bureta: dQ = - a dh Na amostra: dQ = K h A
dt L
Pela equação da continuidade:
K h A = - a dh ou K A dt = dh
L dt La h
K A (t2 - t1) = ln h1 - ln h2 = ln h1
La h2
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K = La ln h1 ou K = 2,3 L a log h1
A (t2 – t1) h2 A ∆t h2
Procedimento: faz-se leituras das alturas inicial e final da bureta e o intervalo de tempo
correspondente.
Q = KiA Q = K dy 2πxy
dx
x2
x1∫ dx = 2π K y1∫y2 ydy ⇒ K = Q ln (x2/x1)
60
x Q π(y22 - y12)
K = 2,3 log (x2/x1) * Os valores x e y devem ser lidos depois que o fluxo
π(y22 - y12) d'água no poço permaneça estacionário
Cravado um tubo de sondagem no terreno, mede-se a velocidade com que a água escoa pelo
tubo e infiltra-se no terreno segundo superfícies esféricas concêntricas. É também
empregado em terrenos de grande permeabilidade.
Esquema:
Cálculo:
- K dh = Q ⇒ - K 4π dh = dr
dr 4π r2 Q r2
K = Q
r1 (h) 4π
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5. Capilaridade
Imagine uma gota d’água entre duas esferas. A água fica retida contra a ação da gravidade
até que, se for aumentada a gota, alcança-se um limite de sustentação e a gota escorre sobre
a superfície das esferas.
Pa Ts
γa . hc
Ascensão Capilar: no tubo capilar, a água sobe até uma altura tal que a componente
vertical seja igual ao peso da coluna hc
d’água suspensa. N
γa .z
π ⋅ D2
Peso da água dentro do tubo: Pa = γ a ⋅ Va = γ a ⋅ ⋅ hc
4
Condição de Equilíbrio: momento quando a água para de subir por ascensão capilar.
Pa = Fc
π ⋅ D2
γa ⋅ ⋅ hc = Ts ⋅ cosα ⋅ π ⋅ D
4
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4 ⋅ Ts ⋅ cosα
hc = Altura de ascensão capilar (Lei de Jurin)
D ⋅γ a
Acréscimo
na água adsorvida
2º) A água vai se estabelecendo nos pontos de contato entre partículas. Formam-se vasos
capilares afunilados. Em cada contato, função da abertura do poro, tem-se uma certa
quantidade de água que pode ser mantida em suspensão.
D1
Fc
Pa
D2
3º) Adicionando – se mais água, chega-se a um ponto em que não é possível reter água por
capilaridade. A água passa a ser livre, incorporando-se ao lençol freático.
A altura de ascensão capilar dos solos está relacionada diretamente com os vazios e o
diâmetro das partículas. Existem relações empíricas do tipo:
C
hc = Onde: C = coeficiente (0.1 < C < 0.5 cm²)
e ⋅ D10
e = índice de vazios do solo
D10 = diâmetro efetivo
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Ensaios de capilaridade de campo e laboratório são também empregados com o objetivo de
medir a ascensão capilar.
Alturas capilares atingíveis:
A água que sobe por capilaridade pode vir a afetar a estabilidade e durabilidade dos
pavimentos rodoviários. Nestes casos, o emprego de materiais granulares de menor
ascensão capilar é benéfico.
Pavimento
Aterro
NA
b) Sifonamento capilar:
Em uma situação comum, a água pode percolar sobre uma barreira impermeável (como por
exemplo, o núcleo de uma barragem), caso a altura capilar ultrapasse a crista da barreira.
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c) Coesão aparente ou sucção:
A componente horizontal da força capilar tende a imprimir uma força de atração entre os
grãos. Esta chamada coesão aparente (aparente, pois desaparece com a saturação do
material) é responsável por uma parcela de resistência dos solos não-saturados.
Esta força capilar de atração é também responsável pelo fenômeno de contração dos solos
durante o processo de secagem.
Fc Fc
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