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NOTAS DE AULA
1. TIPOS DE RECALQUE
ρ = ρi + ρc + ρs
Nos solos arenosos, devido a alta permeabilidade, a água flui tão rapidamente que a
expulsão de água dos poros é praticamente instantânea. Portanto, as fundações em areias
recalcam quase imediatamente à aplicação da carga.
Nos solos argilosos, submetidos a carregamentos permanentes, são particularmente
importantes os recalques de adensamento, que se processam lentamente face à baixa
permeabilidade destes solos.
2. SAPATA ISOLADA.
ρ = ρc + ρi
σ σ σ
ε ε ε
a) b) c)
Figura 1 – Comportamentos tensão x deformação: a) elástico-linear;
b) elástico não-linear; c) linear não-elástico
5
2.1. RECALQUES IMEDIATOS EM ARGILA
1 − ν 2
ρi = σ B Iρ (1)
E s
ν = - εr / εz
Pela elasticidade linear, pode-se demonstrar que se não houver variação de volume, mas
apenas distorção do corpo de prova em que o aumento a expansão radial compensa exatamente
a redução na sua altura (caso de material incompressível), tem-se ν = ½. Em outro extremo, se
as deformações radiais forem nulas (apenas redução da altura do corpo de prova), tem-se ν = 0.
No primeiro caso, há mudança de forma sem diminuição do índice de vazios, enquanto que, no
segundo, há redução do índice de vazios (e, em consequência, do volume), sem mudança de
forma como ocorre, por exemplo, no ensaio de adensamento em que o anel impede a expansão
lateral do corpo de prova.
De acordo com os valores de Iρ apresentados na Tabela 1, observa-se que o recalque
imediato do centro de uma sapata quadrada flexível é o dobro do recalque que ocorre nos
cantos. Já o recalque da sapata quadrada rígida, uniforme em todos os pontos da base da sapata,
é 14% inferior ao recalque médio da sapata quadrada flexível.
6
Então, para passar de sapata flexível (que aplica tensões uniformes à argila) para sapata
rígida (recalques uniformes), as tensões de contato na base da sapata devem se acentuar nas
bordas e se aliviar na região central, de acordo com o esquema da Figura 2.
(a)
(b)
Nas areias, ao contrário, os recalques de uma sapata flexível são menores no centro,
pelo efeito do confinamento. Então as tensões de contato na base da sapata rígida devem ser
acentuadas no centro e reduzidas nas bordas (Figura 3).
(a)
(b)
σmax
O uso desse diagrama é justificado pela Figura 2.b, pois a rocha é uma material coesivo
por excelência. A Figura 2.b também explica o fato de que, em edifícios na orla litorânea da
cidade de Santos – SP, com fundações diretas do tipo radiê, as cargas nos pilares de periferia
chegam até a dobrar de valor com o desenvolvimento dos recalques de adensamento.
Exercício resolvido 1
solução:
1 − 0 ,5 2
ρ i = 0,05 ⋅ 10 .000 Iρ = 12,5 Iρ (mm)
30
σB
ρi = Iu
Es
ou
σB
ρ i = µ 0 µ1
Es
3,0
100
L = comprimento
2,5 σ 50
h L=∞
20
2,0
H B 10
Fator µ1
1,5 5
L/B
1,0 2
quadrado
0,5 círculo
0,0
0,0 0,2 0,5 1 2 5 10 20 50 100 1000
H/B
1,0
0,9
Fator µ0
0,8
0,7
L/B
0,6
0,5
0,0 0,2 0,5 1 2 5 10 20 50 100 1000
h/B
Exercício resolvido 2
solução:
L/B = 40/10 = 4
h/B = 3/10 = 0,3 → µ0 = 0,96
10
L/B = 4
H/B = 25/10 = 2,5 → µ1 = 0,88
Obs.: esse recalque representa 67% do valor obtido no exemplo 1, em que a camada argilosa é
semi-infinita.
Exercício resolvido 3
Considere o exercício 2, mas substitua a camada argilosa por três sub-camadas, com
diferentes valores para o módulo de deformabilidade, de acordo com a Figura 6.
11
10m
3m
5m camada 2 E2 = 30 MPa
Eu
10m camada 3 E3 = 40 MPa
Base rígida
Figura 6 – Perfil constituído por subcamadas (Simons e Menzies, 1981)
solução:
L/B = 40/10 = 4
h/B = 3/10 = 0,3 → µ0 = 0,96
L/B = 4
H/B = 10/10 = 1 → µ1 = 0,55
0,05 ⋅ 10.000
ρ1 = 0,96 . 0,55 . = 13,2 mm
20
L/B = 4
12
H/B = 15/10 = 1,5 → µ1 = 0,67
0,05 ⋅ 10.000
ρ (1,2) 30 = 0,96 . 0,67 . = 10,7mm
30
0,05 ⋅ 10.000
ρ (1) 30 = 0,96 . 0,55 . = 8,8 mm
30
tem-se:
L/B = 4
H/B = 25/10 = 2,5 → µ1 = 0,88
0,05 ⋅ 10.000
ρ (1,2,3) 40 = 0,96 . 0,88 . = 10,6 mm
40
0,05 ⋅ 10.000
ρ (1,2) 40 = 0,96 . 0,67 . = 8,0 mm
40
tem-se:
recalque total:
10 ⋅ 20 + 5 ⋅ 30 + 10 ⋅ 40
Es = = 30 MPa
25
L/B = 40/10 = 4
h/B = 3/10 = 0,3 → µ0 = 0,96
L/B = 4
H/B = 10/10 = 1 → µ1 = 0,55
0,05 ⋅ 10.000
ρ1 = 0,96 . 0,55 . = 13,2 mm
20
camada 2 com base rígida e sapata fictícia apoiada no seu topo (cota -13 m):
B = 10 + 10 = 20 m
L = 40 + 10 = 50 m
0,05 ⋅10 ⋅ 40
∆σ = = 0,02 MPa
20 ⋅ 50
0,02 ⋅ 20.000
ρ2 = 0,88 . 0,19 . = 2,2 mm
30
camada 3 com base rígida e sapata fictícia apoiada no seu topo (cota -18 m):
B = 10 + 15 = 25 m
L = 40 + 15 = 55 m
0,05 ⋅ 10 ⋅ 40
∆σ = = 0,014 MPa
25 ⋅ 55
0,014 ⋅ 25.000
ρ3 = 0,86 . 0,25 . = 1,9 mm
40
recalque total:
Estendendo-se o caso do item anterior, considere que a base rígida se encontre mais
profunda, existindo outras sub-camadas compressíveis com módulo de deformabilidade sempre
crescente com a profundidade.
15
Para efeitos práticos, não há necessidade de se calcular a contribuição de todas as
camadas, porque será cada vez menos significativa a contribuição das sub-camadas mais
profundas. Pode-se considerar como última sub-camada de interesse a que apresentar um
recalque inferior a 10% do recalque total (até essa camada, inclusive). Portanto, para cálculos
práticos, pode-se usar um significado relativo para o indeformável, em vez do significado
absoluto. Assim, dado um perfil, com as características de deformabilidade das várias camadas,
a posição do “indeformável” pode estar mais ou menos profunda, dependendo das dimensões
das sapatas, principalmente. A pesquisa do indeformável, caso a caso, pode inclusive apontar a
sua posição como sendo o topo de uma camada ainda deformável.
Exercício resolvido 4
solução:
camada 4 com base rígida e sapata fictícia apoiada no seu topo (cota -28 m):
B = 10 + 25 = 35 m
L = 40 + 25 = 65 m
0,05 . 10 . 40
∆σ = = 0,009 MPa
35 . 65
0,009 ⋅ 35.000
ρ3 = 0,83 . 0,20 . = 1,0 mm
50
recalque total:
verificação:
(1,3 / 18,3) . 100 = 7% < 10% → não haverá necessidade do cálculo da contribuição da 5ª
camada.
Esse critério é válido desde que as sub-camadas tenham a mesma ordem de grandeza na
espessura e os módulos de deformabilidade sejam crescentes com a profundidade. Uma camada
bem mais deformável logo abaixo, por exemplo, exige a continuidade do cálculo.
σ ⋅B
ρ i = 1,21 ⋅ µ 0 ⋅ µ1 ⋅
Es
17
A constante 1,21 é obtida da relação
1 − 0,3 2
= 1,21
1 − 0,5 2
σ
εz = Iz
Es
Por meio de análises teóricas, estudos em modelos, e simulações pelo método dos
elementos finitos, o autor pesquisou a variação da deformação vertical, ao longo da
profundidade, em solos arenosos homogêneos, sob sapatas rígidas.
Observou que a deformação máxima não ocorre no contato com base da sapata, mas a
uma certa profundidade, em torno de z = B/2, onde B é a largura da sapata. A partir dessa
profundidade, as deformações diminuem gradualmente e podem ser desprezadas depois de z =
2B.
Em conseqüência, o autor propõe uma distribuição aproximada do fator de influência na
deformação, para o cálculo de recalque de sapatas rígidas em areia. Trata-se da distribuição
triangular apresentada na Figura 5.
18
IZ
0 0,2 0,4 0,6
0
Profundidade z
B
2B
a)Embutimento da sapata
Considerando que um maior embutimento da sapata no solo pode reduzir o recalque em até
50%, o autor define um fator de correção do recalque C1, dado por:
q
C1 = 1 − 0,5 ≥ 0,5
σ*
b)Efeito do tempo
O monitoramento de sapatas em areia mostra que além do recalque imediato, outra parcela
de recalque se desenvolve com o tempo, como um fenômeno de creep, ou à semelhança da
compressão secundária em argila. Por isso, o autor adota um fator de correção C2 dado por:
19
t
C 2 = 1 + 0,2 log
0,1
No caso de interesse apenas pelo recalque imediato, sem o acréscimo com o tempo,
basta considerar C2 = 1.
c)Formulação
∞
ρi = ∫ ε z dz
z =0
2B Iz
ρi = σ ∗ ∫ dz
0 Es
n
I
ρ i = C1 C 2 σ * ∑ z ∆z
i =1 E s i
onde: Iz = fator de influência na deformação à meia altura da i-ésima camada (com no máximo
duas decimais);
Es = módulo de deformabilidade da i-ésima camada;
∆z = espessura da i-ésima camada.
d)Módulo de deformabilidade
Es = 2 qc
K = qc / N
e)Roteiro de cálculo
Exercício resolvido 5
Reproduzindo o caso real resolvido por Schmertmann (1970), calcular o recalque após 5
anos de uma sapata de 2,6 m por 23,0 m, apoiada a 2,0 m da superfície do terreno, aplicando
uma tensão de 182 kPa. Trata-se de uma areia média, compacta, com peso específico de 16
kN/m3 (saturado de 20 kN/m3); o NA encontra-se a 2,05 m de profundidade. Os valores de qc a
partir da profundidade de 2,0 m são apresentados na Figura 7.
22
qc (MPa)
5 10 15 20
-2
-3
-4
-5
-6
-7
cota (m)
-8
-9
-10
-11
-12
-13
-14
-15
-16
solução:
1.Cálculos iniciais
q = 2 . 16 = 32 kPa
σ* = 182 – 32 = 150 kPa
C1 = 1 – 0,5 (32/150) = 0,89
qc (MPa) Iz
5 10 15 20 0,2 0,4 0,6
-2
1
-3 2
1,3
-4 2,0 3
-5 3,0
4
-6 4,0 5
-7 6
5,2
-8
-9
cota (m)
-10
-11
-12
-13
-14
-15
-16
Obs.: desnecessário subdividir a camada 6 para considerar o aumento de qc nos últimos 20 cm.
3.Tabela
Fator de Influência IZ
0 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5 0,6
0
B/2
σ*
Profundidade z a partir da base da sapata
= 1
L/B
2B
10
>
B
L/
3B
4B
σ*
Iz max = 0,5 + 0,1
σv
a)sapata quadrada
b)sapata corrida
Exercício resolvido 6
1.Cálculos iniciais
σv = 2 . 16 + 2,6 . 10 = 58 kPa
150
Iz max = 0,5 + 0,1 = 0,66
58
27
2. Diagrama
qc (MPa) Iz
5 10 15 20 0,2 0,4 0,66
-2
1
-3 1,0
-4 2
2,6
-5 3
4
-6 4,0 5
-7 5,0 6
cota (m)
-8 6,0 7
-9 7,0 8
-10 8,0 9
-11 9,0
10
-12
10,4
-13
-14
-15
-16
Obs.: desnecessário subdividir a camada 10 para considerar a variação de Es nos últimos 40 cm.
2.3.1. Argilas
Para argilas puras, é razoável supor que, para uma mesma tensão aplicada, os recalques
imediatos cresçam linearmente com a dimensão da sapata. A própria fórmula da teoria da
elasticidade para cálculo de recalques imediatos exibe essa proporcionalidade.
Assim, obtido o recalque ρp numa placa de diâmetro Bp, para uma dada tensão σ de
interesse, o recalque imediato ρs de uma sapata de diâmetro Bs, sob a mesma tensão σ, será
expresso por:
Bs
ρs = ρp
Bp
Dada a curva tensão x recalque (Figura 9), obtida em prova de carga sobre placa com
diâmetro de 0,80 m, realizada na argila porosa de São Paulo (Vargas, 1951), estimar o recalque
de uma sapata quadrada com 2,50 m de lado, a ser instalada na mesma cota e no mesmo local
da placa de ensaio, aplicando uma tensão de 0,08 MPa.
Tensão (kPa)
50 100 150 200
0
5
Recalque (mm)
10
15
20
Figura 9 – Curva tensão x recalque (Vargas, 1951)
solução:
4 ⋅ 2,50 2
Bs = ≅ 2,80 m
π
ρp = 3,4 mm
2,80
ρs = 3,4 = 11,9 mm
0,80
30
2.3.2. Areias
Para areias, mesmo que homogêneas, há dificuldade na análise de recalques por não
serem ainda bem estabelecidas as relações entre a placa (modelo reduzido) e as sapatas
(protótipos).
Com base principalmente em dados empíricos derivados da observação de recalques
diferenciais em estruturas fundadas em sapatas de diferentes tamanhos, Terzaghi e Peck (1948),
apresentam a equação:
2
2 Bs
ρs = ρp
Bs + 0,30
para extrapolar recalque (ρp) de placa quadrada de 0,30 m de lado para recalque (ρs) de sapata
quadrada com largura Bs em metros. De acordo com essa equação, reiterada por Terzaghi e
Peck (1967), o recalque de uma sapata, por maior que seja a sua largura, será sempre inferior a
quatro vezes o recalque da placa de 0,30 m, para a mesma tensão de referência.
Da própria equação de Terzaghi-Peck, constata-se que, para aplicá-la a placas com
diâmetro de 0,80 m, o recalque da placa ρp deve ser dividido por 2:
2
2 ⋅ 0,70
ρ0,80 = ρ0,30 ≅ 2 ρ0,30
0,70 + 0,30
2
ρ p 2 Bs
ρs =
2 Bs + 0,30
ρs = ρp
B p (Bs + 0,30 )
que, para o caso particular da placa adotada pela norma brasileira (Bp = 0,80 m), transforma-se
em:
2
Bs
ρs = ρp
0,70 (Bs + 0,30 )
com Bs em metros.
Para demonstrar que a equação de Sowers (1962) representa o caso geral da equação de
Terzaghi e Peck (1948), considere uma placa quadrada com lado Bp e uma sapata quadrada
com lado Bs, de tal modo que:
Para uma mesma tensão aplicada, têm-se os recalques ρ0,30 (da placa de 0,30), ρp (da
placa de lado Bp) e ρs (da sapata de lado Bs), tais que:
2
2 Bp
ρp = ρ0,30
B + 0,30
p
e
2
2 Bs
ρs = ρ0,30
B s + 0,30
Finalmente, dividindo essa última equação pela penúltima, encontra-se a equação geral
de Sowers (1962), cqd.
Entretanto, estudos de casos apresentados por Bjerrum e Eggestad (1963), apud Perloff
e Baron (1976), mostram uma grande dispersão na correlação entre o recalque da sapata e o da
32
placa de 0,30 m, afetada pela compacidade e granulometria da areia, de acordo com a Figura
10. Para Bs ≤ 3 m, pode-se observar que o recalque da sapata pode ser tanto superior ao
encontrado pela relação direta:
ρs = (Bs / 0,30) ρp
50
ρs / ρ p compacta
média
fofa
orgânica
20
limite superior de
Bjerrum - Eggestad
10
5
Terzaghi - Peck
2
limite inferior de Bjerrum - Eggestad
1
1 2 5 10 20 100
Bs / Bp
Figura 10 – Extrapolação de recalque de placa para sapata, em areias (Perloff e Baron (1976)
Ensaios realizados por D´Appolonia et al. (1968), em sapatas quadradas com largura de
3,0 a 4,2 m, mostram que o recalque da sapata aumenta praticamente na proporção direta com a
sua largura. A sapata de 3,6 m, por exemplo, que é 12 vezes maior que a placa de 0,30 m,
recalcou 11 vezes o recalque da placa. A equação de Terzaghi e Peck subestimou seriamente o
recalque da sapata, nesse caso, ao fornecer um resultado extrapolado, a partir da placa, de
apenas 30% do valor real.
33
Mais recentemente, Briaud e Gibbens (1996) apresentam resultados de provas de
carga em cinco sapatas quadradas, com largura de 1 a 3 m, em areia medianamente compacta.
Quando os autores dividem os recalques pela largura da sapata e, portanto, adimensionalizam o
eixo dos recalques, as cinco curvas tensão recalque praticamente coincidem. Isso demonstra
que, também nesse caso, o recalque cresce em proporção direta com o lado da sapata.
Portanto, as equações de Terzaghi-Peck e de Sowers para extrapolação de recalques de
placas para sapatas, em areia, podem subestimar em muito os recalques das sapatas. Continua
atual a afirmação de D`Appolonia et al. (1968) de que ainda não há uma equação geral
aplicável à extrapolação de recalque de uma placa de tamanho padrão para o recalque de uma
sapata-protótipo. Tal equação deverá, segundo esses autores, considerar a compacidade da
areia, o tamanho das partículas e a degradação, em adição à geometria da sapata.
Para estudar o efeito da dimensão da sapata nos recalques, será feita uma comparação
entre duas provas de carga, uma em placa (pequena dimensão) e outra em sapata (grande
dimensão), apoiadas à superfície de um terreno homogêneo.
a) argila
Bs
ρs = ρp
Bp
Numa sapata três vezes maior que a placa, por exemplo, os recalques da sapata serão o triplo
dos da placa, para uma mesma tensão aplicada. A Figura 11 ilustra qualitativamente as hipótese
de comportamento das argilas, enquanto a Figura 12 apresenta a comparação de provas de
carga em placa e sapata, em argilas.
34
Es
σr
z
B
a) b)
Figura 11 – Comportamento em função de B em argila: a) capacidade de carga;
b) módulo de deformabilidade
placa
ρ sapata
b) areia
Es = k z
Es = Eo + k z
o chamado modelo de Gibson. Então, para uma mesma tensão, os recalques da sapata serão
maiores do que os da placa mas menores do que os valores obtidos com a proporção direta do
aumento da dimensão. Numa sapata três vezes maiores que a placa, por exemplo, o recalque da
sapata estará compreendido entre uma e três vezes o recalque da placa, dependendo da variação
do módulo de deformabilidade (caso a caso) se aproximar mais do valor constante com a
profundidade ou da variação diretamente proporcional com a profundidade:
Bs
ρs = ρp ↔ ρs = ρp
Bp
ou
ρs = β ρp
onde
Bs
k → 0: β→
Bp
Eo→ 0: β→1
Es
σr
z
B
a) b)
Figura 13 – Comportamento em função de B, em areia: a) capacidade de carga;
36
b) módulo de deformabilidade;
σ σ
placa placa
ρ sapata ρ sapata
a) b)
Figura 14 - Provas de carga em placa e sapata, em areia (modificado de Taylor, 1946):
a) curvas tensão x deformação típicas; b) caso hipotético com módulo
de deformabilidade aumentando na proporção direta com a profundidade
Iz 0,6
1
B/2
2B
Para Es = Eo
camada ∆z Iz Es med Iz ∆z / Es
1 0,5 B 0,3 Eo 0,15 B / Eo
2 1,5 B 0,3 Eo 0,45 B / Eo
∑ = 0,60 B / Eo
37
Para Es = k z
camada ∆z Iz Es med Iz ∆z / Es
1 0,5 B 0,3 0,25 k B 0,60 / k
2 1,5 B 0,3 1,25 k B 0,36 / k
∑ = 0,96 / k
É possível estimar o módulo de deformabilidade por meio de uma prova de carga sobre
placa. Ajustando-se por uma reta o trecho inicial da curva tensão x recalque, obtém-se o
“coeficiente de reação do solo” (ks), também chamado de coeficiente de recalque:
σ
ks = (MPa/mm)
ρ
1 − ν 2
ρi = σ B Iρ
Es
com B = 800 mm (diâmetro da placa), Iw = 0,79 (placa circular rígida) e ν ≅ 0,35 (valor
“médio” para qualquer solo), resulta:
38
Es ≅ 550 ks (MPa)
Evidentemente o fator 550 mm pode ser modificado para cada caso, em função do
coeficiente de Poisson do solo.
Representando por ks placa e ks sapata o coeficiente de reação médio do solo sob a placa e
sob a sapata, respectivamente, e Es placa e Es sapata o módulo de deformabilidade médio do solo
sob a placa e sob a sapata, respectivamente, e, considerando o item 3.3, em particular as
Figuras 12 a 14, pode-se concluir que, em argilas, o coeficiente de reação do solo (ks) é
inversamente proporcional à dimensão:
Bp
ks sapata = ks placa
Bs
mas, como o fator de 550 mm (deduzido para a placa de 0,80 m) aumenta proporcionalmente
com a dimensão, o módulo de deformabilidade não se altera:
Es sapata = Es placa
Bp
ks sapata = ks placa ↔ ks sapata = 1
Bs
Bs
Es sapata = Es placa ↔ Es sapata = Es placa
Bp
39
Exercício resolvido 8
solução:
A curva é praticamente linear até uma tensão de apenas 0,02 MPa, com o
correspondente recalque de 0,5 mm. Logo:
Também se pode considerar um trecho linear secante à secante, até a tensão admissível
de 0,08 MPa (solução do exercício 1 do Cap. IV.2.1), para a qual o recalque na placa é de 3,4
mm. Então:
que seria o valor a ser utilizado para previsões de recalque correspondentes à tensão admissível.
Observe que após o trecho linear da curva tensão x recalque, os valores secantes de Es
aumentam com o nível da tensão, o que pode ser levado em conta em análises numéricas por
elementos finitos.
40
Mas relações desse tipo devem ser tomadas com cautela, pois a distorção angular deve
depender de vários fatores, tais como: tipo e características do solo, tipo da fundação, tipo,
porte, função e rigidez da superestrutura, e propriedades dos materiais empregados. Além disso,
a ocorrência de recalque provoca a redistribuição de esforços na superestrutura, o que modifica
os recalques e assim interativamente, o que constitui a chamada interação estrutura-solo.
Muitos autores também observam que os edifícios que sofrem danos estruturais têm δ/l
≥ 1:150, mas que o fato de ocorrer δ/l ≥ 1:150 não implica automaticamente o surgimento de
danos estruturais, como na cidade do México, por exemplo (edifícios em funcionamento com
recalques diferenciais de mais de 0,40 m).
Segundo Mello (1975), “essas indicações incluem erro conceitual ao não distinguir
recalques calculados (em função dos quais se toma a decisão de projeto) de recalques
41
observados que terão provocado fissuras e danos. O problema é: que magnitude de distorções
calculadas serão aceitáveis ?”
Mello (1975) também salienta que, “como os avanços tecnológicos irradiam das
sociedades mais evoluídas, ocorre uma pressão forte no sentido de tornarem mais e mais
exigentes os critérios de aceitação. Na importação de avanços tecnológicos é portanto
importante distinguir entre os meios (de cálculo, etc.) que são do nosso interesse importar
quanto mais modernos e aptos melhor, e as metas (decisão) que devemos ter a sabedoria de
rechaçar as demasiado exigentes e caras que onerariam as nossas obras num estágio prematuro
do nosso desenvolvimento. Indiscutivelmente resulta daí um fator de retardamento do próprio
desenvolvimento a que nos propomos. Por exemplo, se um critério de recalque máximo de 25
mm e de recalque diferencial específico máximo de 1:300 é citado em publicações inglesas,
etc., para evitar fissuramento de acabamento, não há motivo nenhum para que não se aceite, na
maioria das nossas obras, critérios muito menos exigentes considerando que os custos de
conserto de fissuras podem ser muitíssimos menores do que os custos de projeto e execução de
fundação para evitá-las; nem na Inglaterra nem nos EUA no seu desenvolvimento básico, há 30
anos ou mais (em estágio comparável ao nosso atual) tiveram sequer a possibilidade de onerar
as suas obras da época com tais critérios de decisão demasiado rígidos.”
De acordo com Teixeira e Godoy (1996), “teoricamente, uma estrutura que sofresse
recalques uniformes não sofreria danos, mesmo para valores exagerados do recalque total. Na
prática, no entanto, a ocorrência de recalque uniforme não acontece, havendo sempre recalques
diferenciais decorrentes de algum tipo de excentricidade de cargas, ou heterogeneidade do solo.
A limitação do recalque total é uma das maneiras de limitar o recalque diferencial.”
Para estruturas usuais de aço ou concreto, Burland et al. (1977) consideram aceitáveis
como valores limites, em casos rotineiros, as seguintes recomendações de Skempton e
MacDonald para valores de recalques diferenciais e de recalques totais limites:
Areias: δmax = 25 mm
ρmax = 40 mm para sapatas isoladas
ρmax = 40 a 65 mm para radiês
Argilas: δmax = 40 mm
ρmax = 65 mm para sapatas isoladas
42
ρmax = 65 a 100 mm para radiês
Teixeira e Godoy (1996) chamam a atenção para o fato de que “esses valores não se
aplicam aos casos de prédios em alvenaria portante, para os quais os critérios devem ser mais
rigorosos”. Acrescentam que “é importante saber distinguir os casos rotineiros daqueles que
requerem uma análise mais criteriosa do problema de recalques (edifícios altos com corpos de
alturas diferentes, vãos grandes, vigas de grande inércia, acabamentos especiais, etc.)”.
Os danos causados por movimentos de fundações são agrupados por Skempton e
MacDonald, apud Teixeira e Godoy (1996), em três categorias principais:
Com base num estudo de registros disponíveis, Terzaghi e Peck (1967) concluem que,
para sapatas contínuas carregadas uniformemente e sapatas isoladas de aproximadamente
mesmas dimensões, em areias o recalque diferencial geralmente não excede 50% do maior
recalque observado.
Sob condições extremas, envolvendo tamanhos de sapatas e embutimentos no terreno
muito diferentes, o recalque diferencial geralmente não excede 75% do maior recalque.
Normalmente, é bem menor do que isso.
Esses autores também afirmam que a maioria das estruturas comuns, tais como de
edifícios de escritório, residenciais e industriais, pode sofrer um recalque diferencial de cerca
de 20 mm entre pilares adjacentes. Então, esse recalque diferencial não será excedido se a
43
maior sapata recalcar até 25 mm, mesmo que apoiada na parte mais compressível do depósito
de areia.
Concluindo, Terzaghi e Peck (1967) recomendam valores admissíveis para o recalque
diferencial e recalque total para sapatas em areia de, respectivamente:
δa ≅ 20 mm
e
ρa = 25 mmm
A tolerância a recalques pode ser aumentada nos casos em que a construção ocorre mais
lentamente do que o normal. Vargas (1955) faz um interessante relato sobre isso, envolvendo a
edificação da Catedral da Sé, na cidade de São Paulo.
Um grupo de 12 colunas de 3,3 m de diâmetro e 23 m de altura, instaladas de 1933 a
1946, foi projetado para suportar uma cúpula de 30 m de diâmetro. Em 1951, antes da execução
da cúpula, a carga já era de 110 MN, distribuída em sapatas com área total de 755 m2, a 6 m de
profundidade. Muitas trincas mostravam que o recalque já devia ser de magnitude considerável
(até 70 mm de recalque diferencial).
Mas a velocidade de carregamento durante a construção fora muito baixa, cerca de 11
MN/ano. Essa foi a razão pela qual a estrutura foi capaz de agüentar recalques tão grandes, sem
causar um dano mais grave (aliás a carga aplicada pôde ser cerca do dobro do valor indicado
para o caso).
Em setembro de 1952, um comitê foi designado pelas autoridades eclesiásticas para
terminar a catedral para o 4º Centenário de São Paulo, a ser celebrado em janeiro de 1954. A
cúpula, que havia sido projetada em pedra, pesando quase 60 MN, tinha que ser construída em
um ano, o que certamente provocaria a ruína da construção. Então, mudou-se o projeto para
uma cúpula bem mais leve, em casca de concreto armado, pesando apenas 12 MN.
Previu-se que, se tal estrutura fosse construída em um ano, a velocidade de
carregamento de 11 MN/ano seria mantida e o recalque não aumentaria muito, o que acabou se
confirmando, pois em 1954 a catedral recalcou 6 mm. A taxa de recalque antes da construção
da cúpula era cerca de 3,5 mm/ano.
Se a catedral tivesse sido construída em tempo bem mais curto, certamente teria havido
um grande desastre.
44
Não se dispondo de ensaios de laboratório nem de prova de carga sobre placa, para a
determinação do módulo de deformabilidade do solo (Es) podem ser utilizadas correlações com
a resistência de ponta do cone (qc) ou com o índice de resistência à penetração (N) da
sondagem SPT como, por exemplo, as apresentadas por Teixeira e Godoy (1996):
Es = α qc
e, com qc = K N,
Es = α K N
onde α e K são coeficientes empíricos dados nas Tabelas 3 e 4, em função do tipo de solo. Esse
coeficiente α correlaciona qc com Es e, portanto, não deve ser confundido com o coeficiente α
de Aoki-Velloso (1975), que transforma qc em atrito lateral unitário do próprio cone. Já o
coeficiente K tem o mesmo significado de Aoki-Velloso (1975) e, por isso, os valores da
Tabela 4 têm a mesma ordem de grandeza dos valores de Aoki-Velloso (1975).
Tabela 3 . Coeficiente α
(Teixeira e Godoy, 1996)
solo α
areia 3
silte 5
argila 7
Tabela 4. Coeficiente K
(Teixeira e Godoy, 1996)
solo K (MPa)
areia com pedregulhos 1,1
areia 0,9
areia siltosa 0,7
areia argilosa 0,55
45
silte arenoso 0,45
silte 0,35
argila arenosa 0,3
silte argiloso 0,25
argila siltosa 0,2
Es = 3 qc
Simons e Menzies (1981) observam que ν não é constante, variando desde o valor não-
drenado no momento do carregamento (νu = 0,5 para o caso ideal não-drenado) até valores
drenados no fim da dissipação do excesso de pressões neutras.
De acordo com Mayne e Poulos (1999), pesquisas mais recentes mostram que os valores
drenados de ν são bem menores do que se acreditava. Para carregamento drenado em todos
tipos de solo, incluindo areias e argilas, tem-se:
46
ν’ = 0,15 ± 0,05
3. ESTACA ISOLADA.
V V
Vl
Rl
L
H = B + Vp
A C Rp A
Ra Ra
A Figura 15a mostra que a solicitação externa V é equilibrada pela resultante Ra das
tensões de reação de apoio, distribuídas ao longo da interface com a superfície do indeslocável,
que se encontra no interior do maciço de solo, a uma certa profundidade C abaixo da base da
estaca. A Figura 15b mostra o equilíbrio da estaca sob ação da solicitação V e das resultantes
Rp e Rl das tensões de reações verticais nas interfaces de contato, respectivamente, sob a base e
ao longo do fuste da estaca, com o maciço de solo. O equilíbrio estático exige que:
Rp + Rl = V
A Figura 15c apresenta o equilíbrio do maciço de solo sob a ação das resultantes Vp e Vl
e da resultante Ra das tensões de reação verticais de apoio, distribuídas ao longo da superfície
do indeslocável. O equilíbrio estático exige que:
Ra = Vp + Vl = Rp + Rl =V
47
Sob ação da solicitação V externa e das forças reativas Rp e Rl a estaca se deforma e o
equilíbrio interno gera o aparecimento de um esforço normal N de compressão, em cada seção
transversal z da mesma. No caso de uma peça de concreto armado, cada seção deve ser
devidamente armada para resistir a este esforço, considerando as dimensões e a resistência dos
materiais componentes: concreto e aço (dimensionamento estrutural). O encurtamento do fuste
ρe depende da área da seção transversal Ac, do comprimento L , do módulo de elasticidade Ec
da estaca e do diagrama de forças normais N(z), podendo ser calculado pela lei de Hooke :
L
N ( z ) dz
ρe = ∫ A cE c
0
ou
1 L
ρe ≅ .∑ N(z) ⋅ ∆ z
A cEc 0
Sob ação das forças ativas Vp e Vl o maciço de solo se deforma e o equilíbrio interno gera
o aparecimento de tensões e deformações, em cada ponto A do meio contínuo (Figura
15c). Devido às deformações verticais do solo sob a base do elemento estrutural, a ponta (ou
base) da estaca se move verticalmente acompanhando o movimento descendente do solo, de um
valor denominado recalque do solo ρs,, atendendo à condição de continuidade do sistema no
contato. Este recalque ρs possui duas componentes (VESIC 1978):
ρs = ρs,l + ρs,p
onde: ρs,l = parcela de deslocamento devido à ação da força ativa Vl ao longo do fuste ;
ρs,p= parcela de deslocamento devido à ação da força ativa Vb sob a base.
ρ = ρs + ρe
A soma R = Rp + Rl não cresce indefinidamente e existe um valor limite Ru que não pode
ser ultrapassado. Considera-se que este limite superior ou carga de ruptura é atingido, quando o
sistema se desloca como um corpo que não se deforma mais, porque as tensões se mantém
constantes (corpo rígido). Ao atingir este estado limite os materiais (da estaca e do solo na
interface) perdem a capacidade de acumular energia de deformação elástica. Pelo teorema do
limite superior, as forças reativas R não são menores do que aquelas correspondentes à
resistência na ruptura Ru, determinadas igualando-se a taxa de variação externa do trabalho das
forças à taxa de variação interna de dissipação de energia de deformação, para um dado campo
de velocidades que satisfaz: (a) as condições de contorno de velocidade e, (b) às condições de
compatibilidade de deformações e de velocidades.
No caso de solicitação estática a resultante das forças reativas é igual à resistência última
do sistema. Portanto, as forças reativas Rl e Rp não crescem indefinidamente, apresentando
valores limites máximos correspondentes ao teorema do limite superior. Assim, a força de
reação resultante máxima Ru denominada capacidade de carga da fundação por estaca isolada
pode ser estimada a partir da geometria do sistema (B, L, H, C) e das propriedades do solo ( Es,
48
c, φ, etc..), considerando-se que, na ruptura V = Ru e o diagrama de forças normais N(z)
torna-se um invariante, onde:
O sistema de fundação por estaca isolada solicitado por uma força vertical V = Ru, que
mobiliza as forças reativas máximas Rp,u e Rl,u, é um exemplo de sistema fundamental
geotecnicamente determinado. Sob ação desta solicitação o recalque é indeterminado e para
uma solicitação V < Ru, onde:
V = Vl + Vp
temos Vl ≤ Rl,u
Vp ≤ Rp,u.
Como a fundação por estaca é um sistema que rompe pelo elo mais fraco, verifica-se
também que a solicitação não pode ser maior do que a resistência estrutural Re da estaca, ou
seja:
V ≤ Re.
O sistema possui elevado grau de hiperestaticidade uma vez que as reações de apoio são
continuamente distribuídas ao longo do fuste e base da estaca. Neste contexto estas reações são
dependentes do perfil do solo, isto é, da natureza, resistência e rigidez das diferentes camadas
de solo ao longo do fuste e sob a ponta da estaca, até a superfície do indeslocável. A questão é
como determinar o diagrama de transferência de carga Q(z) de atrito local ao longo do fuste e a
reação do solo sob a ponta representada por Rp. Uma vez determinadas estas reações e
49
desprezando-se o peso próprio da estaca, pode-se escrever que o diagrama de atrito total,
acumulado do topo da estaca até (z), vale:
z
R l (z) = ∫ Q(z).dz
L +C
z
R l (z) ≅ ∑ Q(z) . ∆z
L+C
N(z) = V - Rl(z)
Para a seção do pé da estaca (z=C), o atrito lateral total acumulado será igual a:
C
Rl = Rl (C) ≅ ∑ Q(z) . ∆ z
L +C
Por outro lado, como visto no item anterior, o equilíbrio estático exige que:
V = Rl + Rp
Para se estimar a parcela de recalque ρs é necessário recorrer a um modelo matemático para
representar o comportamento do maciço de solo. De acordo com Vésic (1975), pode-se recorrer
aos seguintes modelos: a) funções de transferência de carga (curvas t-z); b) meio homogêneo
elástico semi-infinito, isótropo, com módulo de elasticidade Es e coeficiente de Poisson ν; c)
método de elementos finitos e, d) método dos elementos de contorno. No presente caso
emprega-se o modelo do meio elástico que permite considerar a continuidade do maciço de
solo na avaliação da parcela de recalque ρs sob a ponta da estaca. A Figura 17 mostra a ação da
estaca sobre o solo (equilíbrio do maciço de solos). O diagrama de recalques ao longo do
eixo vertical para pontos abaixo da ponta da estaca cresce a partir da superfície do indeslocável
e atinge o valor ρs sob a ponta da estaca.
50
Ru = Rp,u + Rl,u
Considerando a Figura 18, verifica-se que para uma solicitação aplicada V maior que o
atrito total na ruptura Ru,l e menor que a carga na ruptura Ru, ou seja:
Neste caso quase todo o atrito lateral estaria mobilizado e a diferença entre a solicitação
aplicada V e o atrito total na ruptura Rl,u seria suportado pela carga na ponta Rp:
Rp = V - Rl,u
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N(z) = V - Rl(z)
Para uma solicitação aplicada V menor que a resistência por atrito Rl,u os recalques
seriam da ordem de alguns milímetros e toda a carga seria suportada pelo fuste. Neste caso a
expressão acima poderia ser usada com a condição:
Rp,u = 0
ρ = ρs + ρe
Fi
G 1
2
base da estaca
A
∆σ
C
subcamada =
= Hi
G +C G +C
B
2 2
(B + G + C)
∆σ ⋅ H i
∆H i =
Es
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onde: Es – módulo de deformabilidade do solo:
1
ρs = ∑ ∆H i
i =1