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ESTRUTURAS DE AÇO
CONCEITOS, TÉCNICAS E LINGUAGEM
Zigurate Editora
São Paulo, 2000
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Co-autor dos capítulos Estrutura, Sistemas Estruturais, Conexões, O Incêndio e as Estruturas de Aço
Prof Valdir Pignatta e Silva
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Carlos Roberto L emos Homem de Mello ORIGEM
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Revisão REC :~l:' 38'301-~
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SérgioA. M . I>ias
3 ed
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Projeto Editorial
Zigurate E ditora
Bibliografia .
ISB N 85 -85570-02-4
97-2528 CDD-624.1821
3L Edição, membro/2000
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Introdução
É com grande satisfação que prefaciamos a segunda obra de Luís Andrade de Mattos Dias
sobre constIução em aço.
"Estruturas de Aço - Conceitos, Técnicas e Linguagem" já se posiciona como obra funclarnen tal
sobre o tema no Brasil.
Luís Andrade alia sua formação acadêmica na disciplina da arquitetura a toda uma vid a
profissional dentro de uma empresa sidelÚrgica, a Cosipa.
Com estilo direto e elegante, discorre o autor sobre estruturas metálicas em toda a sua
extensão, da produção do aço até detalhes construtivos e problemas típicos, com soluções
respectivas.
A linguagem é adequada, facilitando a compreensão tanto de especialistas como de in icia ntes.
Trata-se de obra de inestimável valor para engenheiros, arquitetos e estudantes, tendo se
transformado em poderoso instrumento de estímulo ao estudo e utilização deste que é o mais
nobre dos materiais estruturais - o aço.
É curioso constatar que, apesar de ser o Brasil o sétimo maior produtor de aço do mu ndo.
não apresenta níveis de utilização de estruturas metálicas significativos .
A falta de produtos sidelÚrgicos adequados foi , no passado, um óbice ao crescimento desse
segmento.
Este problema está hoje em grande parte resolvido com a diversificação da oferta das us inas
siderúrgicas.
Entretanto, permanece um conjunto de fatores que continua inibindo o crescimento mais
rápido da construção metálica.
Este conjunto de fatores pode ser definido por uma só assertiva: não existe no país uma
cultura voltada para o uso de estruturas metálicas. E é sabido que as pessoas tendem a
rejeitar aquilo que desconhecem.
Assim, a oportunidade e importância do livro de Luís Andrade ressaltam .
Estamos certos da imensa contribuição desta obra, no esforço de desenvolvimento de cu ltura
voltada para industrialização e produtividade na construção civil do país, valorizando os
materiais adequados, como o aço.
"" CSN
"t,;" USIMINAS
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Sumário
Capítulo I - O Aço
- . ..
Capítulo 2 - Estrutura
3.1 Definições, 39
3.1.1 Pórticos, Treliças e Grelhas, 40
3.1.2 Deformações, 41
3.1.3 PÓl1icos Deslocáveis e Indeslocáveis, 42
3.2 Equilíbrio, 43
3.3 Flambagem, 46
3.4 Concepção Estrutural, 48
3.5 Caminhamento dos Esforços, 50
3.5.1 Carregamento Vertical, 51
3.5.2 Carregamento Horizontal, 52
3.6 Exemplos de Estruturas, 55
Capítulo 4 - Vigas
4. 1 Conceito de Viga, 71
4.2 - Os Principais Tipos de Vigas, 71
4.2.1 Vigas de Alma Cheia, 71
4.2 .2 Vigas AI veolares, 72
4.2 .3 Vigas em Forma de Treliças, 72
4.2.4 Vigas Vierendeel, 73
4.2. 5 Vigas Mistas, 74
Capítulo 5 - Perfis
Capítulo 6 - Conexões
6.1 Introdução, 81
6.2 Conexões Parafusadas, 81
6.2 1 Parafusos Comuns, 81
-- - SI
6.2.2 Parafusos de Alta Resistência, 82
6.2.3 Classificação das Conexões Parafusadas, 82
6.3 Conexões Soldadas, 83
6.3 .1 Tipos de Solda, 84
6.3.2 Processos de Soldagem, 84
a) Eletrodo Revestido
b) Arco Submerso
6.3.3 Controle de Qualidade, 85
6.4 Conexões Flexíveis e Rígidas, 86
6.4.1 - Exemplos de Conexões Flexíveis, 87
6.42 - Exemplos de Conexões Rígidas, 91
Capítulo 8 - Lajes
Capítulo 9 - Vedações
Capítulo 10 - Corrosão
L
10.8 Formas de Corrosão, Quanto aos Danos Causados ao Metal, 118
10.8.1 Corrosão Uniforme, 118
10.8.2 Corrosão Localizada, 118
10.8.3 Corrosão Galvânica, 119
10.9 Proteção Contra a Corrosão, 119
10.9.1 Aumento da Resistência do Metal à Corrosão, 119
10.9.2 Redução da Ação Corrosiva do Meio, 120
10.9.3 Interposição de Barreira entre o Metal e o Meio, 120
10.9.4 Galvanização ou Zincagem, 120
Capítulo 12 - Pintura
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_...ct~~~.zc~----------- ....
12.8.6 Custo da Pintura, 147
12.8.7 Tempo de Vida Útil da Pintura (Durabilidade), 147
12.9 Métodos de Aplicação das Tintas, 147
12.9.1 Aplicação com Trincha/Pincel, 147
12.9.2 Aplicação com Rolo, 147
12 .9.3 Pulverização Convencional, 147
12.9.4 Pulverização sem AR ("Airless"), 148
12.10 Medidas de Espessura da Película Úmida, 148
12.11 Medidas de Espessura da Película Seca, 148
Bibliografia, 161
1.1 - O Processo Siderúrgico
r=o processo de obtenção do aço, desde a c hegada do minério de ferro até o prod llt" fina l" - er
1 utilizado no mercado, em diferentes setores.
O aço pode ser definido como uma liga metálica composta principalmente dt ' 1'('1"1"0 t-' dt'
pequenas quantidades de carbono (de 0,0020/0 até 2,000/0 , aprox im ndaltlt'tlkJ . l"OIl!
propriedades específicas, sobretudo de resistência e de ductilidade, muito illlpol'Lltlle:- p'Hi!
as suas aplicações na Engenharia Civil.
O.4.ÇO A obtenção do aço, na forma de chapas, perfis e bobinas (chapas finas enrol ada, em tnmo de
um eixo), a partir de minério de ferro e de carvão mineral, decorre de uma sérit" dt, npt'm •.;tll ' '''
de transformação metalllrgica e de conformação mecâni ca.
Em linhas gerais, a fabricação do aço compreende o aproveitamento do feITo conl i(! t) nl l I1lint~]'i()
de ferro, pela eliminação progressiva das impurezas deste último. Na forma líquid;1. já is('nlo
das impurezas do minério, o aço recebe adições que lhe dão as caraclerísli('a~ de ... ejada ....
sendo então solidificado e preparado para a forma requerida.
Pode-se resumir o processo de fabricação do aço em quatro grandes etapas:
- preparo das matérias-primas (Coqueria e Sinterização);
- produção de gusa (Alto-forno);
- produção de aço (Aciaria);
- eonformação mecânica (Laminação).
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COOUERIA
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PATlO DE ALTO·FORNO ACIARIA lINGOTAI\'~·.-:-
SINTERIZACÃO
I
Para utilização em estruturas metálicas são empregadas ligas ferro-carbono, geralmente
denominadas aços-carbono de baixa liga. Estes aços contêm pequenos teores, inevitáve is e às
vezes até desejáveis , de outros elementos, tais como manganês e silício; são c omerc ializados
com base em sua resistência mecânica e não necessitam, em geral, de nenhum tratamento
térmico após a laminação.
Aço, ferro-gusa, ferro fundido:
Aço é uma liga metálica constituída basicamente de ferro e carbono, como foi definido
anteriormente, obtida pelo refino de ferro-gusa em equipamentos apropriados. Como refino
do gusa entende-se a diminuição dos teores de carbono e de silício e enxofre (que são
prej udiciais ao aço, em princípio).
Ferro -gusa é o produ to da primeira fusão do minério de ferro e contém cerca de 3,5 a 4,0% de
carbono.
Ferro fundido é O produto da segunda fusão do gusa, em que são feitas adições de outros
materiais até atingir um teor de carbono entre 2,5 a 3,0%, o que lhe confere propriedades
diferentes das do aço. No mercado, encontra-se ferro fundido com até 4,3% de carbono.
Nota: A usina siderú rgica pode ser integrada, produzindo o aço a partir do minério de
ferro, por transformação do gusa, como é o caso da Cosipa, CSN, CST e Usiminas, ou
não-integrada, em que o aço é obtido a partir de sucata.
1.1. 1 - Matérias-Primas
Para a oblenção do aço são necessárias basicame nte duas matérias-primas: o minério de ferro
e o carvão mi neral. O minério de ferro (principalmente a hematita) e o carvão mineral não são
encontrados puros, sendo acompanhados de elementos indesejáveis ao processo. O preparo
prévio das matéri as-primas tem por objetivo aumentar a eficiência de operação do alto-forno
e da aciaria, bem como reduzir o consumo de e nergia.
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Sinterização 3
1.1.3 - Alto-Forno
A metalurgia do ferro consiste basicamente na redução dos seus óxidos por meio de um redutO!;
o cague metalúrgico.
A transformação do minério de ferro em gusa é feita em um equipamento chamado alto-forno,
enorme cuba com 50 a 100 m de altura, na presença de coque metalúrgico e de fundentes. O
princípio básico de operação de um alto-forno é a retirada do oxigênio do minério, que as.im
é reduzido a ferro.
17
Esta red ução é resultante da combinação do carbono presente no coque com o oxigênio do
mi né rio, e m uma reação exotérmica. Simultaneamente, a combustão do carvão com o oxigênio
do ar forn ece calor para fundir o metal reduzido.
O carregamento do alto-forno é feito pela sua parte superior. Equipamentos especiais
transportam o miné rio de ferro, na forma de sínter, misturado em proporções ade quadas com
o cagu e e os fund entes . O ar necessário para a queima do caque é previamente aquecido e
inj etado sob pressão através de tubos denominados ventaneiras, localizados na região inferior
do alto-forno. Os gases resultantes da combustão atravessam no sentido ascendente as camadas
de mi né rio e coque, que devem possuir permeabilidade adequada, até o topo do alto-forno.
Ao en trar em contato com o ar quente (1000 0c) soprado através das ventaneiras, o coque
entra em combustão, gerando calor e reduzindo o minério de ferro, dando origem ao ferro -
gusa e à escória. A temperatura no interior do alto-forÍlO chega a 1500 oCo
Obs. : A escória é vendida para fabricação de cimento.
1. 1.4 - Aciaria
O gusa ainda conté m vários elementos indesejáveis ao processo e à composição quími ca
adequ ada do aço. Há, portanto, necessidade da redução suplementar dos teores desses
e leme ntos , o que é fe ito por meio da ope ração de refino, na unidade indus trial de nomin ada
Ac iari a.
A finalidad e da aciaria é transformar o ferro -gusa em aço (refino). Esta operação é feita em
um conve rsor, por me io de inj eção de oxigê nio puro (*), sob alta pressão, e m banho de gusa
líq uid o, eom adição de sucata de aço (que ajuda no controle da composição da liga metáli ca e
também da tempe ratura do me tal líqu ido). No convers01; o oxigê nio soprado reage com os
produtos existentes, gerando altas temperaturas (aproximadamen te 1700 0C), combinando-os
com o s ilíc io, manganês, carbono , e tc ., caracte rizando o processo de refino ou de redu ção.
18
.
Os produtos indesejáveis são eliminados pela escória, que se forma na supedYcie cio banho .
ou como gases, que são queimados na boca do equipamento. Em seguida, quando o aço es tá
na composição correta, o metal é transferido diretamente para o lingotamento contínuo.
Eventualmente, como etapa prévia para o ajuste fino da composição do aço, () conversor é
inclinado lentamente sobre uma panela, preenchendo-a totalmente com aço líquido, tomando
o cuidado de evitar a saída da escória.
Nessa panela é feito o ajuste da composição final do aço.
a) Conversor - tem a função de reduzir carbono, silício e fósforo por meio de uma fonte de
calor gerada pela injeção de oxigênio puro.
A composição média final dos aços estruturais é: C- 0,2%; Si- 0,1 %; Mn- 0,1 %.
(*) Obs.: as grandes usinas siderúrgicas brasileiras utilizam o processo Linz-Donawitz (LD) .
INJEÇÃO DE OX I G~NI O
Aciaria 1
250 mm (e)
Chapas grossas:
espessura: 6 a 200 mm;
largura : 1000 a 3800 mm;
comprimento: 5000 a 18000 mm.
20
I. Produtos do LCG (chapas grossas)
DIMENSÕES·PADRÃO (mm) _ .
ESPESSURAS VJjGURAS
"'.
6,30 8.00 9.5~ 1200
12,50· 16;00 1830
22,4G 25,00" 28}50 2200
31,50 37,50 44.50 2440 2750
50,00 83.00 75.00 3000 3500
89,00 100,00 3800
Nota: As placas também podem ser transformadas em chapas e bobinas, finas e grossas (LQ),
produzidas no laminador de tiras a quente - LTQ.
Tiras a quente:
espessura: 1,20 a 12,50 mm;
largura: 800 a 1800 mm.
ESPESSURA ESPESSURA
DE ENTRAD A DE SAIOA"
30 mm de 1,20 • 12,50 mm
DIMENSÕES·PADRÃO (mm)
Por simplicidade, a norma NBR 8800 indica um valor único a ser adotado para a tensão
residual igual a 115 MPa.
Tiras a frio :
espessura: 0,30 a 3,00 mm;
largura : 800 a 1600 mm.
Característica principal: melhor acabamento.
TEMPERATURA AMBIENTE
ESPESSURA ESPESSURA
DE ENTR ADA: DE $AI::JA
de 1,50 • 5,00 m m de 0,30 a 3,00 mm
BOBIN A
'} 000
22
1.1.8 - Produtos
a) Chapas
b) Chapas Grossas
c) Bobinas
23
1.2 - Propriedades dos Aços Estruturais
Comentário inicial:
As propriedades mecânicas constituem as características mais importantes dos aços, para a
sua aplicação no campo da engenharia, visto que o projeto e a execução das estruturas metálicas,
assim como a confecção dos componentes mecânicos, são baseados no seu conhecimento. As
propriedades mecânicas definem o comportamento dos aços quando sujeitos a esforços
mecâni cos e correspondem às propriedades que determinam a sua capacidade de resistir e
transmitir os esforços que lhes são aplicados, sem romper ou sem que ocorram deformações
exceSSl vas o
Tensão (a ) = ~
A relação entre a tensão aplicada e a deformação resultante pode ser acompanhada pelo
diagrama tensão-deformação. Os valores para a construção deste diagrama são obtidos
submetendo-se o material ao ensaio de tração, sendo a deformação medida com o auxílio de
um aparelho denominado extensômetro, acoplado à máquina de ensaio.
Tens30 (($)
I I DE
Deformação linear
Especifica (E.) "
• FASE' 'FASE' 'FASE'OE 2'0253035
eLÁsTICA PLÁSTICA RUPTU RA
Diagrama Tensão-Deformação
Diagrama Tensão-Deformação do aço ASTM A-36
de um aço (escala deformada).
Dentro de certos limites (fase elástica), ao tracionar-se uma peça, a sua deformação segue a
lei de Hooke, ou seja, é proporcional ao esforço aplicado. A proporcionalidade pode ser
observada no trecho retilíneo do diagrama tensão-deformação e a constante de
proporcionalidade é denominada módulo de elasticidade ou módulo de deformação longitudinal.
Ultrapassado o limite de proporcionalidade, tem lugar a fase plástica, na qual ocorrem
deformações crescentes sem variação da tensão (patamar de escoamento). O valor constante
da tensão, nessa fase, é chamado limi te de escoamento do aço.
24
Após o escoamento, ainda na fase plástica, a estrutura interna do aço se rearranja e o material
passa pelo encruamento, em que se verifica novamente a variação da tensão com a deformação,
porém não-linearmente. O valor máximo da tensão é chamado de limite de resistência do aço.
O limite de escoamento de um material é calculado dividindo-se a carga máxima que ele
suporta, antes de escoar, pela área da seção transversal inicial do corpo de prova. Em materiais
como os aços, o limite de escoamento é bem definido, pois a determinada tensão aplicada o
material escoa, isto é, ocorre deformação plástica sem haver praticamente aumento da tensão.
O limite de escoamento é a constante física mais importante no cálculo das estruturas de aço.
Deve-se impedir que essa tensão seja atingida nas seções transversais das barras, como forma
de limitar a sua deformação.
L.Re
L.E.
o
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Cf!
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w
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DEFORMAÇÃO
Verdadeira \ '
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L.Re --
L.E.
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Cf!
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DEFORMAÇÃO
1.2.2 - Elasticidade
Elasticidade de um material é a sua capacidade de voltar à forma original após sucess ivos
ciclos de carregamento e descarregamento (carga e descarga).
Uma peça de aço, por exemplo, sob o efeito de tensões de tração ou de compressão sofre
deformações, que podem ser elásticas ou plásticas. Tal comportamento deve-se à natureza
cristalina dos metais, pela presença de planos de escorregamento ou de menor resistência
mecânica no interior do reticulado.
25
A deforlll ação elástica é reversível, ou seja, desaparece quando a tensão é removida.
A relação entre a te nsão e a deformação linear específica é o módulo de elasticidade,
característica dos materiais elásticos (ou que possuam fase elástica) relacionada com a sua
rigidez.
Quanto mais intensas forem as forças de atração entre os átomos maior será o módulo de
elasticidade. Nos aços e no ferro fund ido, o módulo de elasticidade médio é da ordem de
2100000 e 1900000 kgf/cm 2 , respectivamente, a uma temperatura de 20°C.
A deformação elástica é conseqüência da movimentação dos átomos constituintes da rede
cristalina do material, desde que a posição relativa desses átomos seja mantida.
1.2.3 - Plasticidade
Deformação plástica é a deformação permanente provocada por tensão igualou superior ao
limite de escoamento. É o resultado de um deslocamento pennanente dos átomos que constituem
o material, diferindo, portanto, da deformação elástica, em que os átomos mantêm as sua posições
relativas.
Ten são
Deformação
1.2.4 - Ductilidade
Ductilidade é a capacidade dos materiais de se deformar plasticamente sem se romper. Pode
ser medida por meio do alongamento (1:) ou da estricção, que é a redução na área da seção
transversal do corpo de prova.
Quanto mais dúctil o aço maior é a redução de área ou o alongamento antes da ruptura.
A ductilidade tem grande importância nas estruturas metálicas, pois permite a redistribuição
de tenseies locais elevadas. As vigas de aço dúcteis sofrem grandes deformações antes de se
rompel; o que na prática constitui um aviso da presença de tensões elevadas. Um material não-
dÚClil, () ferro fundido, por exemplo, não se deforma plasticamente antes da ruptura. Diz-se, no
caso, que o material é de comportamento frágil, ou seja, apresenta ruptura frágil.
L.Re -- ----
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Cf)
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DEFORMAÇÃO
26
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1.2.5 - Tenacidade
Tenacidade é a capacidade que têm os materiais de absorver energia quando submetidos a
carga de impacto.
Em outras palavras, tenacidade é a energia total, elástica e plástica, que um material pode
absorver por unidade de volume até a sua ruptura (medida em J/m3 - Joules por metro cúbico),
representada pela área total do diagrama tensão-deformação.
Obs .: um material dúctil com a mesma resistência de um material frágil vai requerer Inalor
quantidade de e nergia para ser rompido, sendo, portanto, mais tenaz.
Carbono (C): O aumento do teor de carbono constitui a maneira mais econômica para obtenção
da resistê nc ia mecânica nos aços, atuando primordialmente no limite de resistência. Por outro
lado, prejudica sensivelmente a ductilidade (em especial o dobramento) e a tenacidade.
Teores elevados de carbono comprometem a soldabilidade e diminuem a resistência à corrosão
atmosféri ca (o teor de carbono é usualmente limitado a 0,20%, nos aços resistentes à corrosão
atmosféri ca).
Obs.: a cada 0,01 % de aumento no teor de carbono, o limite de escoamento é elevado em
aproximadamente 0,35 MPa. Contudo, além dos inconvenientes já citados, há o alimento da
suscetibilidade ao envelhecime nto. Assim, o teor de carbono nos aços estruturais é limitado
em 0,3%, no máximo, podendo ser reduzido em função de outros elementos de li ga presen tes.
Manganês (Mn): É usado praticamente em todo aço comercial. O aumento do teor de manganês
é também uma maneira segura de melhorar a resistênc ia mecânica, atuando e specialmente
sobre o limite de escoamento e a resistência à fadiga . Prejudica a soldabilidade, sendo, porém.
menos prejudicial que o carbono; sua influência sobre a ductilidade é levemente desfavorável.
pouco atuando sobre a resistência à corrosão.
Silício (Si): É usado como desoxidante do aço. Favorece sensivelmente a resistência mecânica
(limite de e scoamento e de resistência) e a resistênc ia à corrosão , reduzindo porém a
soldabilidade.
Fósforo (P) : Aume nta o limite de resistência, favorec e a resistê ncia à c orrosão e a dureza.
prejudicando, contudo, a ductilidade e a soldabilidade. Quando ultrapassa certos teores, O
fósforo torna o aço quebradiço.
27
Cobre (Cu): Aumenta de forma sensível a resistência à corrosão atmosférica dos aços, em
ad ições de até 0,35%. Aumenta também a resistência à fadiga, mas reduz, de forma discreta,
a ductilidade, a tenacidade e a soldabilidade.
Cro lno ( Cr): Aumenta a resistência mecânica à abrasão e à corrosão atmosférica. Reduz,
porém, a soldabilidade.
O cromo melhora o desempenho do aço a temperaturas elevadas.
Nió bio (Nb) : É um elemento muito interessante, quando se deseja elevada resistência
mecânica e boa soldabilidade ; teores baixíssimos deste elemento permitem aumentar o limite
de resistê ncia e , de fonna notória, o limite de escoamento. É um componente quase obrigatório,
nos aços de alta resistência e baixa liga: além de não prejudicar a soldabilidade, permite a
di minui ção dos teores de carbono e de manganês, melhorando, portanto, a soldabilidade e a
tenacidade. Entretanto, o seu efeito sobre a ductilidade é desfavorável
DUCTlEUUDADE
R E S IST ~N C tA
1 .4 - Aços Estruturais
Comentário inicial :
Existe uma grande variedade de formas e de tipos de aços disponíveis, o que decorre da
necessidade de contínua adequação do produto às exigências de aplicações específicas que
vão surgindo no mercado, seja pelo controle da composição química, seja pela garantia das
propriedades mecânicas requeridas ou, ainda, por sua forma fin al (chapas, pems, tubos,
barras , etc.).
Para a utilização na conshução civil, o interesse maior recai sobre os chamados aços estruturais ,
te rmo des ignativo de todos os aços que, devido à sua resistência, ductilidade e outras
propriedades, são adequados para utilização em elementos que suportam cargas.
CLASSE
PAlNc&PÀis
CA RACTER(ST ICAS APUCÁçOes
Estruturas parafusadas
«o a 590 de navios e vagões,
tubos, estruturas
mecânicas, implementas
agrlcolas. etc ..
590 a 780
..
'.
Peças mecânicas,
Implementas agrícolas,
trilhos e rodas ferroviárias.
i
TIPO DE AÇO
250
275
260
250
29
Propriedades e dime nsões-padrão dos aços ASTM A-36 e ASTM A-570 grau 44:
400
- 19.50 a 25,40 1,0 (e)
6,00 a 152,40 25,40 a 38,10 1 ,5 (e)
AS T M· A-3 6 CG a
550 38,10 a 50,80 2,5 (e)
" >50,80 3,0Ie)
•
Ta 4,57 a 12,70 4,57 a 12,70 0,5Ie)
A água atravessa a camada de ferrugem pelos Fino filme aderente de ferrugem (pátina), no qual
poros e fi ssuras. atingindo o metal. sais insolúveis de sulfato bloqueiam poros e
fissuras, protegendo o metal.
~----------------------~-------------------=~------~'---
Para ilustrar o desempenho diferenciado dos aços patináveis quanto à resistência à corrosão
atmosférica, os dois gráficos a seguir demonstram o resultado comparativo dos aços de
baixa liga com um aço-carbono estrutural, sob atmosfera marinha, em Arraial do Cabo - RJ. ~
com aço ASTM A-36, sob atmosfera do tipo industrial, em Tobata, Japão .
ATMOS FERA INDU SI RIAL
1 Perda de
I espessura (mm)
Ar M O SF ~ RA MARINHA
1 Perda de
I espessura (mm)
10 12 14
De acordo com a NBR 6215, são aços com teor de carbono inferior ou igual a 0,2 5%,
com teor total de elementos de liga inferior a 2,0% e com limite de escoamento igua l ou
superior a 300 MPa. Usualmente, esses aços são fabricados com baixo teor de carbono e
pequenas adições de elementos de liga, tais como níquel, cromo, molibidênio, vanárlio .
titânio, nióbio, cobre, zircônio ou boro, além de manganês e silício, em algumas combinações
e quantidades adequadas, de forma que se obtenha alta resistência, manten do boa
ductilidade, tenacidade, soldabilidade, resistência à corrosão e à abrasão.
A utilização de aços de alta resistência proporciona uma redução na espessura das peças,
comparativamente aos aços-carbono, ° que implica em redução do consumo e melh or
aproveitamento do material, o que os recomenda nas aplicações da construção civil.
Aços de alta resistência e baixa liga disponíveis no mercado:
USI-SAC-350, COS -AR-COR 500 e CSN COR 500 que possuem alta resist ê nc ia
mecânica. Devem ser citados também os aços que, apesar de sua alta resistência à corrosão,
possuem média resistência mecânica:
USI-SAC-250 e 300, COS-AR-COR 400 e 400 E, e CSN COR 420.
b) - Composição Química
Na tabela a seguir estão as composições químicas dos aços patináveis produzidos no Brasi l:
C Mn S Si Cu Cr AI Ti Nb V
(%) (") (") (") (") (%) (") (") (%) (%)
----
USl-SAc.300
(USHiA,C.41 f)
..,.
0.18.
1.30
0.25 a
0.50
0.40 a
0.65
0.10 a 1.00 • 0.20. 0.40.
COS-AR-COA 500 0.16 1.20 I: 0.50 '. 0.70 .
COS-AR-COR 400
0.11 a
0.16
, 0.60
1.20
• 0.50
(mb.)
" 0.15.
0.50
0.40a ;"' .
0.70 •
0.11 a
COs-AA-COR 400 E 0.16 , 0.60
1.20
a 0.030 0.015
(mb.)
0.50
(mix.)
' 0.15a 0.40 a
0.70
0.17 1.20
mixo
0.025 .0.025
0.50
0.20 a 0.55 a 0.015a
._---
0.04
-
CSN COR 500 035
,...
(mex.) (-) (-I (n'e><.) (max.)
-,------
0.50 0.80 0.07 \. ~. )
-
0.17 0.025 0.025 0.35 0.208 0.55 a 0.015 a
CSN COR 42Q
(mex.) (-) (mu.) (max.) (max .) 0.50 0.80 0.07
31
c) - P ropriedades Mecânicas
Além da excelente soldabilidade, os aços patináveis podem apresentar tanto alta como
média resistência mecânica; no primeiro caso, proporcionam economia no peso da estrutura,
pela redução da espessura da chapa.
N a tabela a seguir são mostradas as propriedades mecânicas dos aços patináveis brasileiros:
LE
SIDERÚRGICA (lI pa)
CSNCOR420
., CSN .
CSN CQR 500
NOMENCLATURA:
LE ,. limite de escoamento . LA· limite de ruptura • ( MPa _ , O Kg1/cm j . e· espessura da chapa
-
IV. As partes não expostas à ação do intemperismo, como juntas de expansão, articulações .
regiões sobrepostas e frestas, devem ser convenientemente protegidas, devido ao acúmulo de
resíduos sólidos e de umidade.
·Obs.: As estruturas construídas com aço patinável sem revestimento preci sam ser
acompanhadas periodicamente, para verificação do desenvolvimento do óxido. Caso não ocorra
a formação da pátina, de forma compacta e aderente, será necessário recorrer à pin tura.
Aço patináve1,
sem pintura
Prefeitura de Salvador - BA
Aço patinável,
revestido com pintura
33
-
Cuidados especiais:
Para obter um bom desempenho de aços patináveis revestidos, devem ser observados alguns
aspectos importantes :
1. O sistema de pintura a aplicar deve ser especificado em função das condições climáticas e
de ut ili zação;
11. A preparação da superfície do aço, a etapa mais importante, deve adequar-se ao sistema de
reveslime nto, nunca esquecendo de eliminar eventuais eafepas de laminação;
111. Ter especial ate nção com as partes submersas e com os locais sujeitos a respingos, pois
têm corrosão mais acentuada.
a) - Resistência ao fogo
Ut1l dos pontos mais importantes nos projetos de construção civil é reduzir o risco de incêndios
e, caso estes ocorram, aumentar o tempo de início de deformação da estlutura, conferindo,
assim, segurança a essas construções.
b) - Composição Química
Os aços resistentes ao fogo são basicamente resultado de modificações de aços resistentes à
corrosão atmosférica (*) . As adições são ajustadas sempre no limite mínimo possível, de
forma que garantam um valor determinado e elevado de resistência mecânica à tração.
proporcionando também boa soldabilidade e mantendo o padrão de excelente resistê ncia à
corrosão atmosférica, intrínseco ao aço de origem.
Os eleme ntos normalmente adicionados são níquel, titânio, nióbio, vanádio, molibdênio,
obedet:endo sua soma a um limite mínimo estrito, para garantir o equilíbrio das propriedades
almejadas.
(*) Por exemplo, a composição química dos aços resistentes ao fogo produzidos pela Cosipa
- COS AR COR FIRE 500 e pela Usiminas - USI-FlRE-400 e USI-FlRE-490 foi
desenvolvida com base nos aços COS AR COR 400, 400E e 500, e USI-SAC-250, 300 e
350 respectivamente, recomendados para aplicações sujeitas à corrosão atmosférica.
c Mn Si p S Cu . NI Cr Mo TI'
máx. máx. máx. máx. máx. máx. mix. 0.40 0.20 máx. máx.
0.15 1.60 0.60 0.03 0.02 0.50 0,60 0.65 0.60 0.15 0.27
c) Propriedades Mecânicas
'.
34
,
2.1 - Conceito de Estrutura
Estrutura é a parte ou o conjunto das partes de uma construção que se destina a resistir a
2 cargas.
Cada parte portante da construção, também denominada peça estrutural, deve res istir aos
esforços incidentes e transmiti-los a outras peças, através dos vínculos que as unem . com a
finalidade de conduzi-los ao solo.
ESTRUTURA
! ! ! !
~
~
! ! ! !
~ ! ! ! !
~
~
! ! ! !
~ ! ! ! !
~
2.2.1 - Blocos
Os blocos possuem as três dimensões com valores da mesma ordem de grandeza. Destacdm -st'
os blocos de fundação .
2.2.2 - Folhas
As folhas possuem uma das dimensões com valor muito inferior ao das outras duas. Destacam-
se as lajes, as paredes estruturais e as cascas de cobertura.
3:;
•
2.2.3 - Barras
As barras possuem uma das dimensões com valor muito superior ao das outras duas. Destacam-
se as vigas e os pilares. Essa categoria pode, ainda, ser subdividida em barras sólidas e barras
com paredes delgadas, sendo as barras de concreto geralmente pertencentes à primeira
subdivisão e as baITaS metálicas à segunda.
! ! ! ! • i:
2.3.3 - Vigas
São barras que sofre m carregamento transversal ao seu eixo.
36
2.3.4 - Pilares
São barras que sofrem carregamento axial.
o O
tzw o
o
::;; w
> Q.
O ::;;
::;;
o O
tz o
w O
w
::!E
> Q.
O ::;;
::!E
~o"."m
IMPEDIDO
ou
/~/
37
-
2.4.3 - Engastamento
Im pede os movimentos perpendicular e paralelo à reta de vinculação e também a rotação da
peça el1l torno da ponto vinculado.
o
o
o
UJ
a.
::;
MOVIMENTO
IMPEDIDO
38
3.1 - Def"mições
Toda estrutura formada por barras vinculadas entre si é denominada pórtico espacial.
3
SISTEMAS
ESTR UTURAIS
39
3.1.1 Pórticos, Treliças e Grelhas
Os subconjuntos mais facilmente identificáveis são:
a) - Pórtico Plano
É a estrutura fo rmada por barras coplanares sujeitas a carregamentos pertencentes a esse
mesmo plano.
! ! ! !
----.
----.
----. ! ! ! !
----.
----. ! ! ! !
----.
----.
b) - Treliça Plana
Um caso particular importante de pórtico plano é o da treliça plana, que é a estrutura formada
por barras coplanares articuladas entre si e submetida a carregamentos nodais .
--+~--------~~--------?---------~--------~~
c) - Treliça Espacial
É a estrutura formada por barras não-coplanares articuladas entre si e submetida a carregamentos
nodais.
40
~*"""""""""""""""""""""""~""""""--~~~----------~Gc~~--------------". •
d) - Grelha
É a estrutura formada por barras coplanares submetida a carregamentos pertencentes a planos
ortogonais ao da estrutura.
3.1.2 - Deformações
As barras dessas subestruturas diferenciam-se quanto ao tipo de deformação a que estão sujeitas.
Entende-se por deformação a mudança de forma de uma peça, traduzida pelo deslocamento de
seus pontos em conseqüência da aplicação do carregamento.
DEFORMAÇÃO AXIAL
... if~~ -
As barras pertencentes a um pórtico plano podem apresentar deformações axia is e por fle xào.
porém não sofrem deformação por torção.
As barras pertencentes a uma grelha estão sujeitas a deformações axiais, por flexiio e por
torção.
As barras pertencentes a um treliça plana ou espacial apresentam apenas deforJ1lar:.:üe~ a x iai~.
~I
3.1. 3 - Pórticos Deslocáveis e Indeslocáveis
A ri gidez das barras à defonnação axial é muito maior do que a rigidez das barras à deformação
por fl exão, ou seja, o deslocamento de pontos que depende da defonnação axial é muito menor
do que o deslocamento de pontos que depende da deformação por flexão. Assim, denominam-
se :
Pór ticos deslocáveis - Aqueles em que o deslocamento de um ou mais de seus nós depende
ela deformação por fl exão de barras.
P órticos indesloc áveis - Aqueles em que o deslocamento de todos os seus nós depende da
deformação axial de barras. Este deslocamento pode ser desprezado, se comparado com os
valores de deslocamentos encontrados nos pórticos deslocáveis.
- - -- - - --- --- - - -
PÓRTICO fNDESLOCÁVEL
No caso de edifícios altos ou torres, a soma desses pequenos deslocamentos pode ser
considerável e o deslocamento total deve ser analisado.
~-;-~+~
.-~......,..,~
42
3.2 - Equilíbrio
As peças estruturais, bem como todo o conjunto da construção, devem estar em equilíbrio, isto
é, a resultante de todas as forças agentes em um corpo deve ser nula e o momento provocado
por essas forças, em qualquer ponto do corpo, também deve ser nulo.
M,
r--,. 1
r·l··A
'.
+r-
I"
•• .T ••
o
'l \
's "
IIIII IIIII
'.
L Sendo:
F=~+~~~+~+~+~+~+~
Fx - F2 + F3 + F6 + 1' 8
Fy = F~ + F, + F, + F,
R = :E F = O IIx =:E Fx = O
Ry=:EFy=O
M, = :E F,x, = :E M = O
sendo:
Fix; = F2X~ + F3 x3........ , + r oxa
As três equações devem ser iguais a zero:
::::.Rx=O =>Ry=O ~M A=O
REAÇÁO
"!lli
As reações vinculares estão associadas ao impedimento de movimento provocado pelos ,.
vínculos, ou seja:
AI1iculação móvel- transmite uma reação ortogonal à sua linha de ação;
Articulação fixa - transmite uma reação ortogonal e outra paralela à sua linha de ação;
Engastamento - transmite um momento, uma reação ortogonal e outra paralela à sua linha de ação.
O equilíbrio deve-se estabelecer para todas as forças agentes no corpo em estudo, sejam ela,
ativas ou reativas (reações vinculares) .
As estruturas às quais bastam as equações da estática para o cálculo das reac;õe::..
independentemente da geometria da seção transversal ou do tipo de material das peça, .
denominam-se estruturas isostáticas (ris. I).
43
As estruturas isostáticas planas possuem três reações vinculares, calculáveis a partir das três
equações da estática. São estruturas de cálculo simples, que prescindem do uso de métodos
mais complexos ou de computador, mas nem sempre são as mais econômicas.
As estruturas para as quais as equações da estática são em maior número do que as incógnitas
denominam-se estruturas hipostáticas (fig. 2) . São estruturas em que não se consegue impor o
equilíbrio das forças, exceto em casos particulares, teóricos e inexistentes na prática. Essas
estruturas não podem ser utilizadas, pois estão sujeitas a colapso ou, no mínimo, a movimentos
incompatíveis com a segurança da construção.
As estruturas para as quais as equações da estática são em menor número do que as incógnitas
denomi nam-se estruturas hiperestáticas (F;g.3) . O cálculo exige, além das equações da estática,
outras equações envolvendo as dimensões da seção das peças e, às vezes, o tipo de material.
São estruturas que exigem métodos mais aprimorados de cálculo, atualmente desenvolvidos
mediante o emprego de computadores, utilizando "softwares" específicos . Geralmente, são
concebidas estruturas mais leves, porém com ligações menos econômicas.
p p p
'á ! ~ '---:1L
!
~
4 ~ !
TA-
R,
~i
+-- R,
i
R,
i
R,
i R,
i
R,
R,
i
R,
As situações de equilíbrio podem ser classificadas de três formas: equilíbrio estável (F;g.4),
equilíbrio instável (F;g.S) e equilíbrio indiferente (fig.6).
Fig.4 Fig.5 Fig.6
o
Reconhece-se o tipo de equilíbrio a que está submetido um corpo aplicando-lhe uma força de
pequena intensidade, retirando-a posteriormente e observando a nova posição de equilíbrio do
corpo. Se a nova posição de equilíbrio é muito distante da inicial, diz-se que o corpo está em
situação de equilíbrio instável; se a distância entre a nova posição de equilíbrio do corpo e a
inicial é proporcional à intensidade da força aplicada, diz-se que o corpo está em situação de
equilíbrio indiferente e se a nova posição de equilíbrio do corpo é a mesma da inicial, diz-se
que o corpo está em situação de equilíbrio estável.
: : ~
.. '""'"~ >0
44
4Q -
Entre os corpos em equilíbrio instável, distinguem-se as estruturas hipostáticas em equi líbrio,
para detenninados tipos de carregamentos teóricos.
P P
lir
i
PI2
i
PI2
i
PI2
i
PI2
Há também estruturas sujeitas à instabilidade por flambagem, que serão comentaria, mais
adiante.
Nos exemplos apresentados, foram indicadas estruturas formadas por uma baITa. mas, no
caso de estruturas simples com maior número de barras, pode-se também reconhecer as estruturas
isostáticas, hiperestáticas e hipostáticas comparando o número de equações e o de incógnitas
ou analisando a situação de equilíbrio. Este último procedimento pode ser feito pesquisando
um carregamento que desestabilize a estrutura. Caso ele exista, a estrutura será hipostática
(F;g. 7).
Não se deve confundir estruturas hipostáticas com estruturas deslocáveis em equilíbrio estável
(Fi,. 8), nem estruturas hiperestáticas com associação de isostáticas (F;g. 9).
IOD D Q
FilO' 7
F_ ---------------
Fig.8
!
=
=
t~
,I.
-
Fig.9
i ~
+-
i
J:+-
i
~
i
~
Há técnicas especiais para analisar a estabilidade de conjuntos estruturais mais complexos, às
vezes recorrendo a programas de computador.
c ) . •
3.3 - Flambagem
Fl arnbagem é um conc eito teórico. Em termos práticos, pode ser associada à característica
qu e as peças esbeltas possuem de se deslocar transversalmente à linha de ação da força
aplicada, quando esta supera um determinado valor chamado carga crítica (Per). Esta situação,
mesmo e m barras pe11encentes a conjuntos isostáticos ou hiperestáticos, também é considerada
de equilíbrio instável e deve ser evitada no projeto.
O tipo de flambagem mais conhecido é o que ocorre nas barras submetidas a força axial de
compressão, fenômeno comum tanto nos pilares de concreto quanto nos pilares metálicos. É
denominada flambagem por flexão ou flambagem de Euler, em homenagem ao matemático
su íço que formulou pela primeira vez o problema.
P<Pcr
! P"Pcr
Out ro tipo importante de flambagem é a flambagem lateral de vigas. Este fenômeno, que não
ocorre nas vigas convencionais de concreto, é fundamental no cálculo da resistência das vigas
mc táli eas não continuamente travadas, isto é, não impedidas de se deslocar lateralmente.
Pode ser simplificadamente descrito da seguinte forma: uma viga metálica de seção transversal
e m form a de "I", com um carregamento transversal distribuído ou concentrado, flete,
ocas ionando compressão na mesa superior e tração na mesa inferior. A mesa superior, quando
subme tida à força de compressão maior do que a carga crítica, procura flambar por flexão,
como se fosse um pilal; porém a mesa inferior, ligada a ela pela alma, perturba o movimento
livre da mesa superiOl; resultando um movimento composto de deslocamento lateral (flexão
lateral ), rotação (torção) da seção da viga e empenamento (a seção deixa de ser plana após a
deformação).
46
-
o carregamento crítico que causa a flambagem depende das dimensões da seção da barra . do
tipo de vinculação e do seu comprimento livre. Assim, vinculações mais trabalhosas, seções
mais robustas ou menores comprimentos reduzem a carga crítica.
Os deslocamentos atribuídos à flambagem, seja por flexão ou por flambagem lateral. são
incompatíveis com o uso normal da construção. Para eliminar o problema deve-se, portanto,
aumentar a seção da barra, alterar a vinculação ou reduzir seu comprimento de fl amhagem
por me io de travamentos. Este último procedimento, em geral, leva à solução mais econôllli('a .
Pcrj < Per1 Pc,4" Per!
Pc,'
Pc,:" Pc,1
l l Pc, 5 ~ PCr!
l l l
] TI
o
Pcr 3 < Pcr1 Pcr' < Pcr1 Pcr4> Pcr' Pcr4" Pcr3
! ! ! !
Outros tipos de flambagem de barras, que também não ocorrem nas estruturas de COl1ereto .
podem ocorrer nos pilares metálicos. São elas a flambagem por torção e a flambagem por flc,o-
torção. A flambagem por torção é característica dos pilares com seção transversal cruciforme.
formados por chapas muito finas. Se as quatro chapas flambarem por flexão, simultaneamen te
e no mesmo sentido, ocorrerá a flambagem por torção da seção.
p
. i
;. I
; 1
4,
•
•
A Oambagem por Oexo-torção, característica de seções esbeltas em forma de "8' ou "U", pode
ser entendida como o resultado da simultaneidade das flambagens por torção e por flexão.
ou
48
.. ..
b) - Acrescentando um ou mais elementos (travamentos) ao interior do pórtico, transformando-
O em um pórtico isostático indeslocável. Uma barra diagonal é suficiente, do ponto de vista
estático, mas o acréscimo de duas barras, da forma esquematizada a seguir, geral mente leva a
situações mais econômicas.
A prática indica que a solução mais econômica para eliminar a hipostaticidade de um pórtico
é O tra vamen to em forma de "X". Ele transforma a estrutura em isostática (mais simples de
ser calculada, fabricada e montada) e indeslocável (utiliza menor quantidade de material) .
Apesar de uma barra diagonal ser suficiente para resolver o problema estático, ela seria
solicitada ora à tração (Fig. lO) ora à compressão (Fig. 11), pois os carregamentos horizontais
devidos ao vento podem alternar o sentido de aplicação da força .
Tendo em vista que as barras à compressão exigem maior seção resistente, em virtude do
fenôme no da flambagem, essa diagonal seria dimensionada para o caso mais desfavoráy el ) ou
seja, à compressão. No entanto, utilizando o travamento em forma de " X" e admi tindo que as
duas barras somente resistam à tração (Fig. 12 e Fig. 13) haverá menor consumo de material.
Para melhor visualizar o comportamento da estrutura travada, pode-se supor que ambas as
diagonais são fios que, evidentemente, resistem somente à tração.
c ( VENTO VENTO )
Fig. 10 Fig. 11
c ( VENTO VENTO ) c
c c
Fig. 12 Fig. 13
A forma de travamento em "X" é a mais comum, por ser a mais econômica, mas outras forma s
pode m ser adotadas, dependendo das necessidades de uso da ed ificação. Apresentamos os
travamentos e m forma de "K" e "Y":
•
c) - Liga ndo o pórtico, no seu plano, a uma estrutura estável. Se esta for indeslocável, O pórtico
também o se rá.
NÚClEO CENTRAl
""""""'-
DE CONCRETO
( ''''ço
'"
ou
~ L ~ '- ~ '- ~L
d ) - Ligando o pórtico a uma estrutura estável por intermédio de travame ntos perte ncentes a
um plano ortogonal ao do pór1ico. Se essa estrutura estável for indeslocável, O pórtico também
o será.
NÚClEO CENTRAL
DE CONCRETO
(ESTR UTURA EsrA'lEL) TRAVAMENTO NO PLANO NUCLEO CEN TRAL
ORTOGONAL AO PO
\ RTICO ( OE CONC RETO
(ESTRUTURA ESTAVE l )
•
,
ELEVAÇÃO I .
' ..
-~
PL:\~TA
~ TRAVAMENTO NO PlANO
PóRTICO
ELEVAÇÃO ORTOGONAL AO PóRTICO
Nos conju ntos estruturais mais complexos, o mesmo raciocínio será apli cado aos subsistemas
que o L:onstituÍrem . Es ta aná li se deverá ser fe ita considerando a tridime nsionalidade da
eslrutura e verificando a sua estabilidade nos vários planos (horizontais, verticais ou incl inados)
que contêm as partes da estrutura.
No caso das estruturas de conc reto, devido à baixa resistência e à bai xa rigidez do material,
as peças estruturais necessitam de grandes seções transve rsais para resistir aos esforços
atuantes, res ultando em conjuntos robu stos e rígidos .
\0 caso das eslruluras de aço, devido à alta resistência e à alta rigidez do materia l, as peças
estruturais necessitam d e peque nas seções transversais para resistir aos esforços atuantes,
re:,ultando e m conju ntos esbeltos e flexíveis .
Assim, devido à sua maior esbeltez, as estruturas de aço exigem um estudo mais profundo de
estabilidade das partes e do conjunto, sempre analisando-os tridimensionalmente.
À medida q ue as estrut uras de concreto tornam-se mais esbeltas, como é O caso dos edifícios
de Illúhip los and ares, també m passam a exigir tais verificações , muitas vezes esq uecid as
pelos calc uli stas .
PLANTA
Para as forças horizontais, os pilares de fachada trabalham como vigas apoiadas nas fundações
e, em cada pavime nto, nas grandes treliças horizontais longitudinais.
x
~ _-_--
X
~ __ X
~_ _X
t
X ELEVAÇÃO
Essas treliças, apesar de projetadas com diagonais em "X" e, portanto, hiperestáticas, podem
ser calcu ladas como estruturas isostáticas, considerando-se para cada "X" apenas a diagonal
tracionada, escolhida em função do sentido do vento. As treliças, em cada pavimento, são
ca lculadas como apoiadas nas vigas que as ligam à caixa de escadas.
PLANTA
52
As reações de apoio das treliças horizontais são os carregamentos das treliças verticais formadas
pelas vigas e pelos travamentos verticais da caixa de escadas.
PLANTA
Essas treliças verticais, por sua vez, são apoiadas na fundação da caixa de escadas. para a
qual, finalmente, são transportadas as forças de vento.
ELEVAÇÃO
b) - Carregamento Longitudinal
As forças longitudinais do vento, indicadas na figura abaixo, atuam sobre as alvenarias de
fechamento do edifício, sendo transferidas destas para os pilares de fachada (podem ser
transmitidas também para as vigas, dependendo do sistema de ligação que houver entre ai venaria
e estrutura) .
53
E =
Os pilares de extremidade apoiam-se nas fundações e nos travamentos verticais projetados
para dar estabilidade e tornar indeslocáveis os pórticos longitudinais de fachada.
n
X----
X-- --l--il~
X-- --I--j~
X- - - -
ELEVAÇÃO
Os pilares internos de fachada apoiam-se nas fundações e nas treliças horizontais transversais
de cada pavimento (ELEVAÇAO 2).
As reações de apoio destes pilares serão os carregamentos das treliças horizontais transversais
(ELEnç.io 1).
I, ,
I
I
ELH,\ÇÃ02 ELEVAÇÃO I
As reações de apoio dos pilares de extremidade e as reações de apoio das treliças transversais
horizontais serão os carregamentos dos travamentos verticais.
54
Q
As lreliças verticais, por seu turno, são apoiadas na fundação do edifício, para a qual, finalmente ,
são transportadas as forças do vento. Conforme sugerido anteriormente, todas as treliças podem
ser calculadas como estruturas isostáticas, considerando para cada "X" apenas a diagonal
tracionada.
ELEVAÇÃO
Deve ser lembrado que o vento pode atuar no sentido oposto ao ad mitido no exemplo dado,
porém não simultaneamente. O caminhamento das forças segue processo análogo ao descrito.
com inversão do sentido de todas as forças e utilizando as treliças adequadas .
3. 6 - Exemplos de Estruturas
cc
Agência Aldeota,
do Banco do Brasil
Projeto da Estrutura:
Haimundo Calixto de Melo Neto
I.ocal: 1'()J1aleza - CE
Área Co nstruída: 5643 m2
Aço , 285 I, USI-SAC 41
AnIUI\O 10:C
~'~ih~
-
56
________________________------~=-----------~--------~~~
-- ________ ~-
Edifício Comercial
Paracelsus Clínicas Médicas
Projeto de Arquitetura:
Luís Carlos de Almeida
hq ,,,,,LOD Fl l f
",
Centro Empresarial do Aço
Proje to de Arquitetura:
Al be rto Botti,
Mure Hubin,
João \Va lter Toscano
Projeto da Estrutura:
Figu ei redo Ferraz
Robe rto Romani,
Múrcio Coelho Rocha
58
< -
Agência Juiz de Fora,
do Banco do Brasil
Projeto de Arquitetura:
lõao Carl05 Rodrigues Alves
Projeto
Fabricação e ~lontage m da Estrutura:
rEM -Fábrica de Estruturas Metálicas
59
Ópera de Ar a me
Projeto de Arquitetura:
Domingos He nrique Bongestabs
Local: Curiti ba · PR
Área Construída: 4165 mZ
Aço: 240 t, tubos e pisos de aço
Arqui.o ZJCU RATE
'I
II
li
60
Mercado Público Central
Obra de Restau ração
A restauração do Mercado Público, construído em 1869, com projeto do arq uiteto alemão
Friedrich Heydtman, visou a recuperação da sua qualidade estét ica, o máx imo
aproveitamento do seu potencial de abastecimento e o reconhecimento dos seus espaços
de sociabilidade, tornando-o apto para abrigar manifestções culturais e de ca ráte r
comunitário e reafinnando o seu importante papel na história de Porto Alegre.
Dentre os trabalhos de restauração executados cabe destacar o da manutenção do pátio
central, ao abrigo do tempo, com uma cobertura metálica de planta quadrangular com
74,30 m de lado, que integra as galerias do segundo pavimento. O telhado é dividido em
quadrantes com 28,90 m de lado, localizados nos vértices. As duas circulações centrais
que unem os quadrantes, ortogonais entre si, possuem 14,50 m de largura. Os quad rantes
trabalham como uma grelha em fonna de treliça, com modulação de 3,67 m.
~ " I"",, \\ ET b . \
61
.
Centro Regional de Eventos
Projeto de Arquitetura:
Milton de Assis Júnior,
F'elício Siq ueira,
Renato Kfouri
62
)
Conjunto Habitacional
Jardim Casqueiro
Projeto de Arquitetura:
Siegbert Zanettini
Fabricação e f!.'lontagem:
ICEC Indústria de Construção,
Metasa Indústria rVletalúrgica
Local: Cubatão - SP
Área ConstlUída: 21000 m2
Aço: 784 t, USI-SAC -41/COS-AR-COR 400
63
E2
..
Praça de Serviços da UFMG
Projeto de Arquitetura:
Ana f\.larques Machado,
Antônio Brasil,
Projeto da Estrutura:
Steel Co nsult
64
.oio... _ .~
Instituto Cultu~al Itaú - ICI
'.
A"l"i."ZlGURATE
65
Edifício adiministrativo com nove pavimentos
e um subsolo.
A estabilidade verti c al da estrutura é
conseguida por p6rticos dispostos no sentido
transversal da edificação e a horizontal, por
contraventamentos longitudinai s.
As vigas dos pavimentos são biapoiadas e
suportam lajes do tipo "stell dec k".
Arqu i\o COOB1E
L wa l: Belo Horizonte - MG
Área COll,.;truída: 4320 m2
A~'J: 214 t. USI-SAC 41
66
Escola Panrullericana de Arte
~"'I'",,,Z ! Grl\~T E
Memorial da Cidade
Projeto de Arquitetura:
Fernando Luiz Popp,
Valéria Bechara
Projeto da Estrutura:
Andrade Rezende Engenharia de Projetos
Realização:
Prefeitura Municipal de Curi tiba
Local: Cu ritiba - PR
Área Construída: 4457 rnz
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68
Shopping Diamond MaU
Projeto de Arquitetura:
EMBRAPLAN
Projeto da Estrutura:
Steel Consult
70
..
4.1 - Conceito de Viga
Vigas são elementos estruturais sujeitos basicamente a esforços de flexão. Por serem elementos
4 empregados para vencer vãos na horizontal, são muito solicitadas em te rmos de esforços .
uma vez que necessitam ter condições de transferir forças, geralmente verticais , para o::;
apoios, através de um "caminhamento horizontal".
VIGAS BARRA
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Viga de Alma Ch e ia
71
,
4.2.2 - Vigas Alveolares
São obt idas a partir dos perlis tipo "I", normalmente por recorte longitudinal das almas, na
forma de a meias, com posterior deslocamento e soldagem, ou mesmo por meio da execução de
aberturas nas almas desses perfis.
Na peça obtida por recorte da alma, a nova geometria da seção transversal apresentará uma
altura significativamente maior do que a do peml original, com a mesma massa inicial, portanto,
com uma considerável economia de peso.
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A"lui",ZIGURATE \ "I""" ZU ;l- R \Tr
Vigas Alveolares, obtidas por meio de recortes, Vigas Alveolares, obtidas por meio de
de:ólocanH'nto e soldagem das almas. furos hexagonais nas almas do perfis.
,
Ligação Indireta:
Barras fixadas urna às oulra~
por meio de chapa de liga~<i o.
MONTANT E
Ligação Direta:
Barras fixadas uma
às outras por soldagem.
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72
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Edifício Administrativo da Marinha - SP
A',!u,,,,Z!CURATE
Viga na forma de treliça, com ligação Viga na fonna de treliça, com ligação
indireta por meio de chapa de ligação. direta por soldagem.
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~PEFIL'I'
c::::':':::::::J SOLDADO
CONECTOR
VIGA METÁLICA
Fases sucessivas e progressivas de laminação dos perfis mais usuais, a partir da placa, bloco
ou tarugo:
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PERFil ·U· CANTONEIRA CE PERFil "r"
ABAS IGUAIS
L
CANTON EIRA DE
ABAS IGUAIS
Perfil "I"
6" (152,4 mm) , 8" (203,2 mm) elO" (254,0 mm)
I
PERFil "I"
Perfil"U"
6" (152,4 mm) e 8" (203,2 mm)
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PERFIL ·U·
Composição de PerfisLaminados
T
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5.1.2 - Perfis Laminados Importados
Com a globalização da economia, uma ampla gama de perfis laminados importados, tanto
no padrão americano de abas inclinadas como no padrão europeu de abas paralelas, tem
entrado no mercado nacional por intermédio dos distribuidores de aço.
Na página seguinte alguns produtos laminados importados encontrados no mercado, nos
comprimentos de 6000 e 12000 mm.
76
c
. PERFIL "1" (DE ABAS PARALELAS) . ; .. :. , .
NORMAL "INp·
'W'
'. 80 100 120 140 180 180 220 240 260 300 340 360 400 450 500 550
50 65 80 100 120 140 160 180 200 220 240 260 280 300 3200
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I
I
b/ 4
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Nomenclatura
Os penis soldados são classificados em séries, de acordo com a sua utilização na es trutura .
Destacamos a seguir os perfis das séries empregadas em edificações: ,
Série VS: compreende os perfis soldados para vigas, em que 2 < d/bf < 4;
Séri e CVS: compreende os penis soldados para vigas e pilares, em que 1 < d/ bf < Li:
Série CS: compreende os penis soldados para pil ares, em que d/bf = 1;
I I
..
Padrão de Qualidade
Os perfis estão divididos em três categorias de padrão de qualidade, de acordo com a sua
utili zação, montagem e condições de aplicação :
Padrão de qualidade I (rigoroso) - para perfis utilizados em estruturas especiais, com exigência
de elevado rigor de tolerância (exemplos: estruturas para "of[ shore" , usinas nucleares, etc.) ,
Padrão de qualidade II (normal) . para perfis utilizados em estruturas convencionais, tais como
ed ifi cações em geral (residencial, comercial e industrial), pontes, galpões, etc.,
Padrão de qualidade III (comercial) . para os perfis de usos gerais (exemplos : estacas, postes,
mo urões, etc.).
' ' .
4 0
(>' . MATERIAL
d - altura do perfil;
bf . largura da mesa;
lw - espessura da alma;
If - espessura da mesa;
li h . altura da alma;
I ee - espessura do cordão de solda (dimensão efetiva mínima do filete, compatível
com a maior espessura do metal base na junta).
VS 200 250 300 250 400 450 500 550 600 650 700 750 800 850 900 950 1000 ,,00 1200
1300 1400 1500 1600 1700 1800 1900 2000 2200 2400 2500
CVS 300 350 400 450 500 550 600 650 700 750 800 850 900 950 1000 1100 1200 1300 1400 1500
78
Os perfis especiais que, por razões específicas de projeto, não se enqu adram nos catá logos de
pelfi s padronizados dos fabricantes devem ter levantadas as suas propriedades, para efei to de
cál culo, e representadas graficamente as suas características geomé tri cas, ('om todas as
dimensões indicadas, para que possam ser fabri cados. Os perfis assimétri cos, híbridos . com
larguras de mesas diferentes, com grande altura de alma, etc., são alguns exemplo, de pelfi,
considerados especiais .
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"ERFIL ASS IMÉTRICO
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PER FIL V PEAF IL V CANTONEIRA
SIMPLES ENRIJECIDO DE ABAS IGUAIS
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UNIAo DAS VI AOLA S
SOL DA POR SOLDAGEM
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PRENSA, ·U·
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PRENSA ·0·
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SO LDA GE M INTERNA
E E XTERNA DO TUBO
o processo de produção contínua com soldagem por resistência elétrica, para tubos redondos
e quadrados de médio e grande porte, apresenta, de acordo com o catálogo da Confab, as
segui ntes limitações para a sua linha ERW: diâmetro externo entre 114,3 e 457,0 mm, espessuras
das chapas de 4,4 a 12,7 mm, e comprimentos dos tubos de 6000 a 18000 mm.
o I
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O··!
TU BO RECON OO TUBO QUADRADO
Para os tubos redondos, quadrados e retangulares de pequeno diâmetro, fabri cados pelo
processo contínuo com soldagem por alta freqüência, que é s imilar ao processo por resistênc ia
elé trica, existe uma grande variedade de produtos padronizados no mercado. Os diâme tros
externos vão de 8 a 120 mm, espessuras entre 0,9 e 5,6 mm, e comprimento de 6000 mm.
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A utilização mais vantajosa dos perfi s tubulares de médio e grande diâmetro é nos pilares. Pela
própria geometria das seção, seja ela circula,; quadrada ou retangular, esses perfis apresentam
mais resistência à fl ambagem. Para os de menor diâmetro, a aplicação mais usual está nas
treliças planas e nas treliças espaciais.
80
6.1 - Introdução
As chapas e os perfis laminados são fornecidos aos fabricantes de estruturas metálicas pelas
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OSCA
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OIAt.4ETRO EFETIVO
OIAt.lETRO NOMIN"L
Anl";"<> ZICl'R,~n
Ferramentas empregadas para aperto de parafusos ,
vendo-se, da eS'Iueroa para a direita :chaves manuais,
chave de braço ongo e chave pneumática .
JJGAçAo À TIlAÇÃO
82
As ligações à força cortante podem ainda ser divididas em ligações por contato e ligações por
atrito.
Ligação por contato é aquela em que as peças conectadas deslocam-se sob o efeito do esfo rço
aplicado, em virtude da folga entre cada parafuso e os furos das peças, até haver con tato ent re
as peças conectadas e o parafuso, recebendo este diretamente o esforço aplicado.
Quando não é conveniente esse deslocamento, por exemplo, em ligações sujeitas a t-'~fo l'ço s
alternados, a conexão deverá ser por atrito, ou seja, uma força de protensão (origi nada prlo
torqu eamento) é aplicada aos parafusos e transmitida aos elementos da ligação, im peoindo
que se desloquem devido ao atrito entre eles.
r-----~.-~----~Fn
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HORIZONTAL I
6.3.1 - Tipos de Solda
Os tipos de solda mais comuns são: solda de filete, em que o metal da solda é colocado
externamente aos elementos a serem conectados, e solda de entalhe ou penetração, em que o
metal de solda é colocado entre os elementos. Esta última é esteticamente mais agradável,
pois a solda reconstitui a seção da peça conectada e também minora os efeitos de esforços
alternados, que podem causar fadiga do material; entretanto, tem pequena tolerância de ajuste
das peças e custo elevado de preparo da superfície. A solda de filete é mais simples e, por
isso, mais empregada .
..
FILETE FILETE ENTALHE ENTALHE
a) Eletrodo Revestido
A sol dagem via eletrodo revestido consiste em um arame de aço consumível coberto com um
revestimento que, sob a ação do arco elétrico gerado entre a sua extremidade livre e a peça a
ser soldada, se funde. O arame fundido constitui O metal de enchimento, que preenche o
vazio entre as partes, soldando-as. O revestimento transforma-se em escória, após a fusão,
recobrindo e protegendo a região soldada da corrosão atmosférica, garantindo a sua qualidade
final.
O uso do eletrodo revestido permite versatilidade nas posições de soldagem, sendo adequado
a soldagens na obra, quando essa solução é inevitável. No entanto, por ser manual, é susceptível
a defeitos.
ELETRODO REVESTlOO
A RA~E
CONSUM lvE~
REVES TIDO
REVESTIMENTO
(FUNOENTE )
ESCORIA
ELETRODO SUBMERSO
T UBO
ENVO LVENTE
RECUPERAC,I.,O
00 flUXO
ARAME CONSUMlvEL
(SEM REVESTIMENTO)
:\r<ju; m ZIGURATE
ECj uipamento auto mático para Após a soldagem o fluxo
1';0 dage m via arco submerso. remanescente é recuperado.
A soldagem por arco submerso, em virtude da automatização, confere maior qual idade à sold a
e destina-se às operações executadas em fábrica, pois há restrições quanto à mobilidade da
máquina e, conseqüentemente, à posição de soldagem.
A especificação do fluxo e do eletrodo também se baseia nas normas AWS. No caso do aço
comum, geralmente o projeto estrutural identifica apenas a resistência da solda, por exemplo:
F7XEXXX. O algarismo indica a resistência à ruptura da solda (multiplicado por lO, encontra-
se o valor em mil libras-força por polegada quadrada), o primeiro X indica a tem pe ratu ra de
ensaio (impacto) da solda e os outros 3 Xs especificam a composição química do mate rial.
Ci ta-se um exemplo, para aços resistentes à corrosão atmosférica : F72-EL12w.
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86
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Momento
Rotaç ão
Assim, a conexão rígida deve ser projetada de tal forma que garanta a manutenção do ângu lo
original entre os eixos das barras conectadas, ou seja, deve garantir a transmissão das forças
(longitudinais) nas mesas que compõem o momento fletor, de uma barra à outra. Além disso ,
deve ter a capacidade de transmitir as reações de apoio associadas à força cortan te e à força
normal. As conexões flexíveis devem garantir apenas que as reações de apoio assoc iadas à
força cortante e à força normal sejam transmitidas à peça de apoio e permitir a rotação de uma
peça em relação à outra.
Aprese ntam-se, a seguir, exemplos de projetos de conexões:
Ligação flexível.
As cantoneiras ligadas à alma da viga devem garantir a transmissão da reação de apoio (força
cortante) ao pilar e ter dimensões tais que impeçam a rotação da viga em torno do seu próprio
eixo , junto à ligação.
II 6. 11o l ga )
l Ii .
I
UGA ç Ao DA VIG A
NA .\ I ESA DO PI LA R
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As cantoneiras devem ser suficientemente flexíveis para permitir a rotação da viga em relação
ao pil ar (l1g.I).
A chapa de extremidade deve garantir a transmissão da reação de apoio (força cortante) ao
pil al:
A .chapa de extremidade deve ter dimensões suficientes, para evitar a rotação da viga em
rela,ão ao seu próprio eixo e deve ser suficientemente flexível, para permitir a rotação da viga
\r
em relação ao pilar (rig.2 e rig.3).
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-
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[ I)
Fig. I Fig.2 Fig.3
A ca ntoneira inferior deve garantir a transmissão da reação de apoio (força cortante) ao pilar.
A cantoneira superior evita o deslocamento lateral e a rotação da viga em relação ao seu
próprio eixo e deve ser suficientemente flexível, para permitir a rotação da viga em relação ao
pilar.
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SECÇÃO A-A
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Nó de treliça: Como já foi abordado nos capítulos 2 e 4, a treliça é a estrutura formada por
barras, todas articuladas entre si, e submetida somente a esforços nodais,
Deve-se garantir, portanto, que as ligações nodais sejam articuladas, Desta forma . todas as
barras deverão concorrer em somente um ponto, com a finalidade de teoricamente impedir o
aparecimento de momentos resistentes.
CHAPA DE
LIGAÇÃO
Arqu"..,Z IGCRATE
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AnIUi"oZIGURATE
Barras com ligação direta
"---
Edifício Administrativo da Marinha - SP CHAPA DE
LlGAÇÁO
"
89
),
Bases de Pilares: Para garantir a flexibilidade da ligação, deve-se reduzir o momento
resiste nte uevido a binários .Assim, são aproximados ao máximo os chumbadores (barras
redondas rosqueadas) que servem de ligação entre os pilares e as fundações de concreto.
F/G. IS
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Contraventamentos Verticais
Cinevídeo Fram e - SP
90
Contraventamentos Horizontais
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SOLDA
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ArquiYl) ZIGURATE
Ligações rígidas viga-pilar, pelas mesas
e pela alma do pilar.
Nó de Pórtico
" Bases de Pilares
Conexão rígida, Para garantir a rigidez da ligação, são afastado:
ao máximo os chumbad ores que se rvem de
empregando ligação
ligação entre o pilar e a fu ndação de concreto.
soldada viga-pilar.
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Edifício Comercial - BH ,
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92
7.1 - Projeto da Estrutura
O projeto completo da estrutura de uma obra de aço envolve três atividades distintas:
7 Projeto de Engenharia;
Projeto de Fabricação;
Projeto de Montagem.
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7.1.2 - Projeto de Fabricação
Nesta etapa é elaborado o detalhamento de todos os elementos componentes da estrutura.
Depend endo do caso, as peças são mostradas isoladamente ou em conjunto. Para uma treliça,
por exemplo, são indicados os comprimentos das peças, a localização dos furos , os parafusos,
as listas de materiai s, etc. Toda a representação gráfica normalmente vem acompanhada de
medidas não-acumuladas e acumuladas, critério adotado por muitos fabricantes para obter
maior precisão de marcação . Por isso, esses desenhos são elaborados sem escala.
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7.1.3 - Projeto de Montagem
O projeto de montagem traz uma representação mais esquemática, sob a forma de diagralllas .
mostrando o sistema estrutural , a indicação das numerações ou marcas de cada pf'~·a . o ~eu
posicionamento e a seqüência de montagem. Além disso, pode forn ecer info rmações
complementares para o montador, como: a peça mais pesada, o raio máximo de trahalho do
e quipame nto de montagem, a metodologia de montagem, etc.
O proj e to de fabricação ou detalhamento e o projeto de montagem pod e m ser contratados.
supervisionados ou mesmo elaborados pela própria empresa fabri cante e montadora da
estrutura.
Projet o de Montagem
Desenho da Planta das Marquises FI e F2
Arquivo POLIAÇO
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7.2 - Os Trabalhos de Fábrica
Nas fábricas de estruturas, os componentes estruturais são produzidos segundo um processo
industrializado, que se caracteriza pela mecanização e racionalização, com conseqüentes
ganhos de produtividade, prazos, custos e menor desperdício de material.
Dependendo das condições do fabricante, o primeiro trabalho de fábrica consiste em passar
o projeto pela chamada engenharia de preparação ao processo de fabricação, sob a
responsabilidade do seu escritório técnico, envolvendo desde os estudos de processos e
métodos de fabri cação até a elaboração de traçagem, que é o nome que recebem os traçados
e moldes . Além dessa preparação para a fabricação, a engenharia se encarrega da preparação
das listas preliminares e definitivas de encomenda de material, concentrando-se no seu
aproveitamento adequado, fazendo estudo para o corte das chapas a partir de dimensões
recebidas das usinas siderúrgicas ou dos distribuidores de aço, com o objetivo de reduzir ao
mínimo as perdas.
Elaborará, ainda, as listas de parafusos, eletrodos e tintas a serem utilizados, bem como as
tabelas para o contrôle da fabricação, tanto no referente à qualidade quanto no que concerne
ao acompanhamento cerrado da produtividade alcançada pelos diversos setores da fábrica.
Por último, preparam as listas que darão condições de acompanhar o despacho dos materiais
para a montagem, as listas de expedição e os romaneios que deverão acompanhar cada
carregamento.
A partir dos desenhos detalhados para fabricação, são preparados os traçados das peças,
com todas as informações necessárias para a fabricação, tais como: linhas de centro, linhas
de fu ração, posicionamento das furações, linhas de corte devidamente cotadas, detalhes das
chapas de ligação e das demais chaparias envolvidas.
Esses detalhes são elaborados em escala natural, para que, na fábrica, possam servir de
moldes para a fabricação.
Chegando ao "chão de fábrica", o projeto é separado e distribuído para os diversos setores, de
maneira que atenda ao planejamento de fabricação e às prioridades preestabelecidas.
Os tipos mais comuns de corte são feitos utilizando tesouras, serras circulares de baixa
velocidade e o corte a gás, conhecido como oxicorte; hoje, já se dispõe de corte com alta
precisão e qualidade por meio de plasma.
A escolha do processo de corte depende do tipo de material e da complexidade do trabalho a
ser realizado
c) - Traçagem
Uma grande quantidade de material a ser produzida dentro de uma fábrica de estruturas
metálicas passa pela seção de traçagem, principalmente quando a quantidade é pequena e o
trabalho manual é mais econômico. Após o recebimento dos materiais do setor de suprimentos,
dos gabaritos e modelos preparados pelo apoio técnico começam os trabalhos de traçagem das
diversas peças componentes da estrutura. Essa traçagem consiste em transferir as informações
necessárias para a confecção das peças diretamente sobre a superfície da chapa; são marcadas
com riscadores de giz ou de pedra sabão e os centros dos furos, mediante puncionamento.
97
d) - Usinagem
Na lI sinagem é feita a preparação de todas as peças componentes da estrutura. Posteriormente,
efetua-se a pré-montagem dos sub-conjuntos e conjuntos. A usinagem é a seção em que são
executados cortes, recortes, furações, dobramentos, desempenos e ajustes que forem requeridos,
de acordo com o trabalho a ser realizado.
As furações podem ser feitas de diversas maneiras. O puncionamento é a furação por
cisalhamento, e é feita por um pistão em uma prensa. Existem outros tipos de máquinas
puncionadeiras automatizadas, que reproduzem um modelo e vão fazendo furos idênticos nas
outras chapas, além de furadeiras, como as de coluna, que fazem um furo de cada vez, e
também as fu radeiras portáteis de base imantada, etc.
e) - Pré-Montagem
Nessa seção, também conhecida como setor de montagem de fábrica, o trabalho consiste em
agrupar componentes de um mesmo sub-conjunto, dando forma final às peças da estrutura.
Tudo aquilo que vai ser agregado à peça é feito nesse setor.
Nele trabalham montadores e soldadores, utilizando as marcações feitas sobre as peças, o
que assegura um pelfeito posicionamento relativo entre elas. Para que seja mantido esse
posi cioname nto, procura-se pontear com solda as peças entre si, para posterior ligação
definitiva, na seqüência da linha de fabricação.
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Soldador ponteia com solda as peças entre si Detalhe do posicionalnenlo dllS peças
por meio de pontos de solda
J) - Soldage m
Após a sua mo ntagem, os sub-conjuntos são levados para as linhas de solda. Para as ligações
soldadas, util iza-se solda manual com eletrodo revestido. A soldagem dos sub-conjui1tos
normalment e envol ve um grande contingente de soldadores, pois as operações são quase
sempre muito trabalhosas e demoradas.
98
Deve-se destacar que todo o processo de soldagem provoca deformações nas peças qLl~ estão
sendo soldadas; assim, ao término das ligações entre as peças, é necessário uma rt-'a\'alia~ão
das condições geométricas, para que eventuais ajustes e alinhamentos possam ser reali zados.
g) - Acabamento
O acabamento começa pelo endireitamento e ajuste das peças componentes.
O material que tenha sofrido qualquer empenamento durante o processo de fabri cação deve
ser desempenado. Para o desempeno de perfis "I" e "U" , utiliza~se uma prensa
desempenadeira com êmbolo percursor ou pistão hidráulico, que aplica uma pre,são ao
longo da peça distorcida, até o seu alinhamento.
Em outros casos, o desalinhamento ou empenamento é corrigido pela ação do calor. O aço
soldável, por possuir baixo teor de carbono, não apresenta problemas de têm pera ao ser
aquecido. O processo é alternado, ora aquecendo ora resfriando o perfil com água; a
deformação tél1nica resultante vai compensando as deformações anteriores.
O aquecimento é feito por meio de um pequeno aparelho colocado no bico do maçarico de
oxiacetileno, chamado chuveiro. A sua chama não é pontual como a do maçarico de corte.
mas distribuída.
Como acabamento pode-se citar, por exemplo, o esmerilhamento das bordas das peças cortadas
por maçarico ou por tesouras, que podem provocar rebarbas nas peças recortadas : este
esmerilhamento vai melhorar o aspecto das superfícies soldadas.
Arq";o,, ZIGURATE
99
h) - Tratamento de Superfície e Pintura
Após o acabamento supemcial, vem a etapa de limpeza das superfícies das peças e a de
pintura.
Obs.: Ver capítulos 11 e 12
i) - Expedição
A última fase do processo envolve o embarque e a expedição da estrutura para o local em que
será montada. Essa operação deve ser coordenada com as necessidades da execução da obra,
evitando estocagens desnecessárias no canteiro ou a remessa de peças em ordem não adequada
à montagem. A programação de embarque deve ser sempre documentada por meio de listas
específicas de qualidade, quantidade e peso, denominadas romaneios.
Linha a utom ática para soldagem de perfis Bancada para soldagem de perfis
utilizando máquinas automáticas do tipo arco submerso
7.4 - Fabricação de Perfis Formados a Frio '.
O perfil formado ou dobrado é o pedil obtido por conformação a frio de produtos planos, como
" "\
chapas e tiras. As chapas podem ser formadas tanto por dobradeiras quanto por perfiladeiras, .• \'1\ •. ' '"
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100
Enquanto as dobradeiras trabalham com comprimentos de 3000 a 6000 mm, com capacidade
de dobrar chapas até 12,5 mm de espessura, as perfiladeiras podem produzir perfi s de qualquer
comprimento, estando limitadas a perlis mais leves, por trabalhar com chapas mai s finas. Em
geral, esse tipo de equipamento opera com espessura máxima de 3 mm e com dimensões
máximas dos perlis de 50 x 150 x 50 mm, para perlis enrijecidos.
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Arqui"oZIGURATE ~"IU"O ,!t.:T~:- \
Calandra Equipamento automáti co de soldagem a arco suhmerso
A fabricação de um tubo por este sistema está limitada, na largura, pelo comprimento nominal
da calandra, que é praticamente igual à do rolo, e pelo diâmetro mínimo de calandragem, em
que são consideradas outras variáveis, como espessura da chapa e tipo de material (limite de
resistência) .De uma maneira geral, são encontradas nas fábricas de estruturas calandras que
permitem larguras de chapas variando de 1900 mm (manual) a 4000 mm . Uma cala ndra
hidráulica, por exemplo, pode trabalhar com espessuras de chapa até 50 mm e diâmetro
interno mínimo de 840 mm, enquanto uma calandra pequena trabalha com espessura máxima
de 6 mm e diâmetro mínimo do tubo de 260 mm. Uma vez conform,!dos os anéis ou virolas,
como são conhecidos, eles passam pelo sistema de soldagem a arco súbmerso, que provocará
a união das extremidades da chapa. O comprimento final do tubo será obtido pela justaposição
de virolas soldadas de topo umas às outras.
101
7.5.2 - Processo com Prensas
O processo consiste basicamente em fazer passar a chapa de aço por duas prensas.
A primeira ("U"), que pode aplicar uma força de até 1000 t, faz com que a chapa adquira a
forma de um "U". Na sequência, outra prensa ("O"), com capacidade de até 32000 t, irá dar
a curvatura final ao tubo. A força a ser aplicada leva em conta o diâmetro, a espessura e o grau
de resistência do material a ser utilizado~. Posteriormente, as extremidades das chapas serão
soldadas interna e externamente pelo sistema de arco submerso.
Por este processo, pode-se fabricar tubos estruturais com comprimentos de 6000 a 12000
mm, com diâmetros externos de 323,9 a 1.219 mm e nas espessuras de.6,4 a 25,4 mm.
Os tubos cuja aplicação exige o atendimento em alto grau de requisitos de inspeção, como os
confeccionados com aços AP!, destinados a oleodutos, gasodutos, transporte de água, são
normalmente fabricados por este sistema.
A"IU,,·oZIGURATE ~ "I'''''' CO \f \ 11
Rolos pré-conformadores Soldagem por resistên cia elétrica
102
oc
8.1 - Lajes ou Placas
As lajes ou placas, além da função de suportar e conduzir para a estrutura as ações verticais
'.
. com paineIS
I...aJes . , . d e mad' 0b·
eIra e 11 rOClmento.
Árqui'·uZIGUHATt:
103
c
8.4 - Lajes de Painéis Armados de Concreto Celular
Este sistema é composto de um material de baixa densidade, portanto de grande leveza,
possibil itando fácil manuseio e aplicação na obra.
São fornecidos em painéis, na largura-padrão de 400 mm, nas espessuras de 75, 100, 120, e
150 mm e nos comprimentos de 2900 a 4000 mm, dependendo da sobrecarga e da espessura
adotada. Os painéis apresentam, na sua seção transversal, duas linhas de malhas (a superior
e a inferior) e, nas laterais da parte superior, um recorte em "1.:'. A justaposição dos painéis
lado a lado resultará numa canaleta, cujo preenchimento com argamassa fluida de cimento e
areia possibilitará a sua solidarização. Os painéis, ao final, necessitam receber um capeamento
de argamassa, da ordem de 25 a 40 rum de espessura, para maior solidarização, que irá servir
também como contrapiso. Normalmente, trabalham simplesmente apoiadas sobre os vigamentos
I
I de aço, sendo o apoio transversal mínimo de 40 mm.
1
)'
8.5 - Lajes Pré-Fabricadas Pro tendidas
São obtidas pelo processo de industrialização em pistas de moldagem, nas quais os fios de aço
são levados a um estado de tensão, antes da etapa de concretagem. Concluída esta etapa, é
feito o alívio das tensões nas extremidades por meio do corte dos painéis. Esses painéis
, apresentam seção transversal com pequenos vazios ou alvéolos, sendo a classe de armadura
H fornecida em função da sobrecarga de utilização. As características geométricas das lajes
I protendidas , de um modo geral, são as seguintes: alturas de 100, 150 e 200 mm e largura de
I 990 mm. Para maior garantia, recomenda-se que o apoio mínimo sobre a viga de aço seja da
I ordem de metade da altura da laje. Após o posicionamento das lajes, procede-se ao seu
nivelamento e, em seguida, ao rejuntamento dos encontros longitudinais com argamassa de
cimento e areia, com adição de expansor, para solidarização do conjunto. Para o nivelamento
da parte superior da laje e melhor distribuição das cargas, é recomendado um recobrimento
mínimo de argamassa de 30 mm de espessura, para compensar a contraflecha.
No caso de aplicação de pisos rígidos sobre as lajes protendidas, é recomendada a aplicação
li de uma tela sobre as juntas, para evitar a fissuração do revestimento.
II1
li Edifício Rua Formosa - SP
!
'I
Arquivo ZIGUR.~n:
Lajes de painéis armados Lajes pré-fabricadas protendidas.
de concreto celular.
I,
li 8.6 - Pré-Lajes de Concreto
As pré-lajes são constituídas por placas feitas de concreto armado ou de concreto protendido.
Existe uma grande variedade de dimensões para as placas feitas de concreto armado com
armadura positiva, sendo a largura máxima próxima de 2400 mm.
104
< .
As placas de concreto protendido por meio de fio aderente e cura a vapor proporcionam uma
elevada resistência no momento da protensão, sendo possível sua utilização com um mínimo
de escoramento durante a execução_ Pela fonna como são produzidas, em pistas especiais,
metálicas ou de concreto queimado, essas placas de pequena espessura, aproximadamente
40 a 50 mm, apresentam a face inferior praticamente lisa e acabada, pronta para receber
pintura. Uma vez posicionadas sobre os vigamentos de aço, procede-se à concretagem "in
loco" da capa de complemento das pré-lajes, que têm espessura variando de 40 mm a 150
mm , dependendo da sobrecarga de utilização_ São fornecidas nas larguras de 1000 a 2400
rum, com comprimento oscilando de 3400 mm, com um escoramento, a 8000 mm, com dois
escoramentos; para vãos até 2500 mm, as pré-lajes geralmente não necessitam de
escoramento.
Instituto Cultural Itaú • leI - SP Instituto Culturalltaú - ICI - SP
A"lui ..,ZIGlJRATE
Posi cionamento das pré-lajes Concretagem uin loco!! da capa
sobre os vigamentos de aço de complemento das pré-lajes
----------------~
8.8 - "Steel Deck"
O "deck" rle aço consiste em uma fôrma metálica que sup0l1a o concreto e trabalha também
como armadura positi va da laje. Atualmente, estão sendo fabricados no país Hdecks" metálicos
de nervuras largas (" \Vide ribs"), que permitem a instalação de conectores de cisalhamento,
do ti po "stud bolts". Desta maneira, as vigas de aço de sustentação da laje podem ser calculadas
pelo sistema misto. Basicamente, são três os materiais que formam o "steel deck" ;
a) O .. stecl deck" propriamente dito é perfilado a partir de chapas galvanizadas de aço ASTM
A 446, Grau A, com tensão de escoamento de 230 MPa. Para que o "steel deck" e o concreto
possam trabalhar de forma solidária e conjunta, sem que haja destacamento quando submetidos
a esforços de flexão, são introduzidas na chapa de aço pequenas dobras e mossas, durante o
processo de conformação do perfil da fôrma. Na construção, o "deck" assume a função de
fôrm a para a concretagem. Posteriormente, completada a cura do concreto, substitui a armadura
de tração, para momentos fletores positivos.
b) Antes da concretagem, é colocada no topo da laje, por meio de espaçadores, uma armadura
de tela eletrossoldada, que tem a função de evitar o aparecimento de fissuras provenientes da
retra~âo e da variação térmica do concreto.
c) A segu ir; vem o lançamen\o do concreto sobre a fôrma de aço, que deve ter resistência à
compressão (fck) igualou superior a 20 MPa, com um recobrimento mínimo de 20 mm sobre
a armadu ra .
Dimensões básicas: largura útil 820 mm, espessuras 0,80, 0,95 e 1,20 mm, altura da fôrma
de aço 75 mm e comprimentos variando de 1500 a 12000 mm.
Escola Pit,ígoras-BH
106
42 .
9.1 - Introdução
A forte tradição, ainda muito ligada à forma artesanal de construir, baseada no processo
9.2 - Alvenarias
São constituídas por elementos pré-industrializados, como tijolos maciços de barro coz ido ,
tijolos laminados, blocos cerâmicos, blocos de concreto, blocos de concreto cellll al~ elc ..
unidos entre si por juntas de argamassa.
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Obs: dimensões em mm
A"'luivo ZIGURATE
1 Assentamento de alvenaria com blocos de concreto, Alvenarias sendo levantadas
! utilizando barras de aço de espera, soldadas nos pilares. com blocos de concreto celular.
:1 o encunhamento ou encontro superior entre as alvenarias e as vigas de aço por meio de tijolos
inclinados ou mesmo argamassas deve, sempre que possível, ser evitado quando se trabalha
11 com estruturas mais flexíveis. A deformação das vigas de aço apresenta sérios problemas para
as alvenarias de vedação, razão pela qual se recomenda a substituição do tradicional
encunhamento por uma junta de solidarização, de material deformável capaz de absorver
essas tensões. Pode ser constituída por uma placa de isopor, por exemplo, com aproximadamente
15 mm de espessura, colocada entre a alvenaria e a estrutura. Da mesma fanna que no encontro
com os pilares, por ocasião do revestimento, as juntas deverão ser marcadas com sulcos e
preenchidas com selantes flexíveis. No caso da adoção dessas juntas, o contraventamento
lateral da alvenaria será assegurado pela solução de solidarizar as alvenarias com os pilares
de aço, como já citado anteriormente.
Outra maneira que contribui para reduzir ao mlnlmo o aparecimento de fissuras nas
alvenarias consiste em executar os panos de fechamento da edificação de cima para baixo,
para que as deflexões dos andares superiores não sejam transmitidas aos andares inferiores .
Quando os elementos da estrutura forem revestidos pela mesma argamassa de revestimento
das alvenarias, as áreas de interface entre as alvenarias e os elementos da estrutura deverão
ser recobertas por tela antes do revestimento.
108
..
Conjunto Habitacional - Londrina - PR Edifício Comercial - BH
ArquivoZIGURATE
Balizamento da alvenarias pelos pilares de aço. Alvenarias aparentes de tijolos maciços de barro, entre os
requadros da estrutura de aço.
9.4 - Painéis
Os painéis são geralmente caracterizados por componentes de piso a teto constituídos de
materiais pré-fabricados, como os de concreto celular, os de gesso, QS painéis compostos de
miolo de madeira e revestidos com chapas de cimento amianto e ~s painéis de concreto
coloridos ou, ainda, os painéis pré-moldados no canteiro de obras, que podem utilizar uma
combinação de diferentes materiais, como concreto, blocos cerâmicos, etc.
109
Conjunto Ildbitacional . SP Instituto de Engenharia · SP
Pai néis de Concreto Celular: espessuras de 75, 100, 125, 150 e 200 mm, largura de 600 mm
e comprimento de 3000 mm; pesos das peças: 70, 90, 113, 135 e 180 kg, respectivamente.
Pai néis dc Gesso: espessuras de 100, 125 e 150 mm, largura de 580 e 1200 mm e comprimento
de até 3000 mm, espessura de 250 mm, largura de 550 mm e comprimento variável; pesos de
9 ,5, 11,5, 13,5 e 21 kglm2 , respectivamente.
Painéis Compostos de Madeira e Fibrocimento: espessuras de 40 e 50 mm, largura de 1200
mm, comprimentos de 2500 e 2750 mm, pesos de 32 kglm', para os de menor espessura, e de
44 kglm 2 , para os de maior espessura.
A"lui •.,ZIGURATE
Painéis de Concreto Coloridos.
110
Q
10.1 - O que é Corrosão
Uma das características mais notáveis da natureza é o seu incessante trabalho na transformação
10 da matéria, para o qual contribuem agentes atmosféricos, tais como o vento, a chuva , o maI~ o
calor e o frio e os organismos vi vos.
Corrosão é definida como o conjunto de alterações fís ico-químicas que uma substância sofre
pela ação de determinados agentes da natureza. Na prática, o termo foi apropri ado para
designar as reações existentes entre os metais e os agentes agressivos externos.
CORROS.Ã.O
Os metais são sensíveis à corrosão, em maior ou menor grau, dependendo da sua natureza
química e do meio ambiente em que se encontram. Os metais são encontrados na forma de
minérios, ou seja, de óxidos e de sais. Para a sua transformação em metais, esses óxidos e
sais necessitam de grande quantidade de energia. Quanto mais energia for empregada nessa
transformação, maior será a tendência de o metal voltar para a forma primitiva (óxido ou
sal), que é a mais estável. Este é o mecanismo básico da corrosão. A corrosão (ox ida<;ão) é
um processo espontâneo e contínuo, podendo ser entendido como inverso ao da metalurgia
(redução). Em resumo: na metalurgia, o minério recebe energia para transformar-6e em
metal; na COlTosão, o metal retoma à condição de minério, liberando energia.
UMIDADE
CO NDEN SAÇÃ O
0,
0,
0,
I 0,
,/
ElETRÓll TO
CORROSÃO DO AÇO
INIBE
:?%l ,' AÇ O
@
8 CATODO 8
ANO DO
FLUXO DE ELETP:O"S
.~ SÉRIE GALVÂNICA
.~
..
~.
lillCO (Zlt)
Cromo(Cft,. .
F.rro ~)
-0 .715
-0,74
.. ~."
""' C0a1to(Co) ..I -0.28
ChumbO(l'b) -0,12.
H h;l'og~oJI4) • 0.00
Esquema de uma pilha galvânica
Cobr,(CII) +0.34
de Dani el, mostrando o caráter do
Prata!:'l ) .0.80
zinco em relação ao cobre.
A pilha assi m form ada poderá acender uma lâmpada, devido à diferença de potencial entre
as placas de cobre e de zinco. O eletrólito completa a ligação (fecha o circuito), possibilitando
o movimento de elétrons, na forma de íons, entre as duas placas, até estabelecer ° equilíbrio
de potenci ais. Dessa maneira, a placa de zinco, que é o anodo, irá cedendo Íons para a
sol ução e, com isso, sendo consumida, passando para a forma de sais, enquanto a placa de
cobre permanece intacta.
O processo de conosão ocorre sempre na região anódica da célula galvânica.
Outro fato r fundamental para que haja corrosão é a presença do eletrólito. Na sua ausê;'cia,
não tem lugar a migração iônica. Por isso, em ar seco ou na ausê ncia de água praticamente
não há corrosão.
112
No caso particular do aço, temos micro-áreas anódicas e catódicas, por causa da prese nça de
impurezas, de elementos de liga (Si,Cr,Ni,Mn,Ca), do tratamento térmico na laminação e de
diferenças na relação carbono/ferro, de ponto para ponto.
Se a superfície do aço for exposta a atmosfera úmida, na presença de poluentes, como gases,
anidridos sulfurosos (SO,) ou névoa salina (NaCI), o eletrólito será formado e ocorrerá a cOITosão
eletroquímica.
No aço exposto a uma atmosfera úmida há a formação de ferrugem, que é o hidróxi do fé rrico :
4 Fe + 3 0, + 6 H,O 4 Fe(OH),
FERRO OXIG!:N IO ÁGUA HIDRÓXIDO DE FERRO ÓXIDO DE FERRO AGUA
•
l'iesses casos e, sem dúvida, nos de estruturas externas sujeitas à umidade pela exposição ao
tempo, alguma forma de proteção por pintura será necessária, para evitar o contato da água e
do oxigênio com a superfície metálica, como alternativa à utilização de aços resistentes à
corrosão atmosférica - aços patináveis.
., O projeto da estlutura pode ter significativa influência na resistência à corrosão .
'., Visto q ue quanto maior o tempo de exposição à umidade tanto maior a corrosão, é importante
que as estruturas sejam projetadas para impedir ao máximo a retenção de água. A aeração
diferellcial, ou seja, a presença de oxigênio em concentrações diferentes em uma mesma
i superfície metálica, também gera potenciais diferentes . A cOlTosão se dará no local de menor
I! eOl1ct>nt ração de oxigênio. Assim, as regiões mais oxigenadas comportam-se como catodo e
as regiões de maior dificuldade de acesso para o oxigênio têm comportamento anódico. Se o
I' eletrólito estiver presente, será na região com menor presença de oxigênio que o desgaste do
metal ocorrerá. Embora muito comum, este é um dos mais graves tipos de corrosão, pois se
dá geralmente em regiões ocultas.
Também deve ser evitada qualquer situação que propicie a mistura de umidade com poeira.
POEIRA OU ÓXIDOS
CATODO o, ( CATODO o, o, o,
~ (
';"~Y ,
) AÇO
ANQOO
Ar'lU'"'' 7.1(;URATE
Perfi:, de aço semi-enterrados no gramado. Concentração de água,
entre o montante e a diagonal da treliça.
114
,.:'
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A"I""',,ZIGLlRAn:
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INAD EQU A DO ADEQUAD O
RUI M IDE AL
RUIM IDEAL
AREA DE CORROSÃO
POR FRESTA SOLDA
/
;dQv 7 RUI M MELH OR
-.
115
10.4 - Meios Corrosivos Mais Comuns
Atmosfera - a corrosividade decorre principalmente da presença de poeira, umidade e gases
corrosivos, como gás carbônico (CO,), anidrido sulfuroso (50,), anidrido sulfúrico (503)' gás
sylfídrico (H 25), amônia (NH 3) e óxido nítrico (N 20 3);
Aguas Naturais - são corrosivas porque podem conter gases, sais minerais, matéria orgânica,
microorganismos - a água do mar é um dos meios mais corrosivos que existem, tanto em
imersão quanto na atmosfera;
Solo - a corrosividade é causada por porosidade, sais minerais, umidade, acidez ou
alcalinidade (pH), bactérias, etc.;
Produtos Químicos - a corrosão pode ser provocada por vapores, respingos ou contágio
direto de ácidos, bases, sais, óxidos ou solventes orgânicos. A corrosividade do ambiente
marinho é atribuída à presença do cloreto de sódio, que é um eletrólito muito ativo e de
grande solubilidade em água.
E
Condições Severas
São as condições de um ambiente sujeito a umidade, contaminantes sólidos em suspensão,
emanações gasosas e variações de temperatura, com indústrias poluentes nas proximidades,
em locais cobertos ou descobertos.
Condições Agressivas
São as que reúnem todas as características que favorecem a corrosão, tais como:
altas concentrações de gases poluentes;
proximidade da orla marítima;
instalação em indústrias com ambientes poluentes;
expos ição ao intemperismo contínuo;
contato com agentes poluentes acumulados;
ações abrasivas;
alta umidade .
Condições Altamente Agressivas
São as condições de ambiente em que as estruturas metálicas ficam expostas em locais
submersos, ou enterradas, em meios de altíssima concentração de umidade, de ca racterísticas
fortemente ácidas ou alcalinas, e submetidas a ação abrasiva ou a derrames de produtos
químicos.
-
Após a evaporação da água, a névoa deixa uma certa quantidade de sal que, por ser higroscópico,
mantém umedecida a superfície quando a umidade relativa do ar é alta.
Ambientes Combinados - São aqueles em que a atmosfera sofre o impacto simultâneo dos
ambientes típicos descritos anteriormente. Quando uma zona industrial se localiza junto à
orla marítima, temos associados os efeitos dos ambientes marítimo e industrial. Exemplos: a
Siderúrgica de Tubarão, em Vitória (ES), e a Salgema, em Maceió (AL).
As grandes cidades à beira-mar constituem um ambiente urbano/marítimo. Exemplos: Rio de
Janeiro, Salvador.
Cidades de grande densidade populacional e com indústrias poluidoras constituem um
ambiente classificado como urbano/industrial. Exemplos: São Paulo, Santo André.
118
=.
c) Corrosão por Placas - a corrosão por placas é um fenômeno intermediário en tre a
corrosão uniforme e a localizada. Caracteriza-se por um desenvolvimento muito ma ior em
certas regiões do que em outras.
"""~,,,,,,
Nota: Todas as formas de corrosão vistas anteriormente, quanto aos prejuízos causados ao
metal ou liga, podem ser explicadas comq modalidades de corrosão eletroquímica; ou seja, o
mecanismo de corrosão pode ser sempre assimilado ao princípio da formação de pilhas .
]] 9
-
10.9.2 - Redução da Ação Corrosiva do Meio
Os principais processos utilizados para diminuir a ação corrosiva do meio, sem atuar no
metal obj eto da corrosão, são:
- eliminação do ar dissolvido na água (desaeração) na qual se encontre o aço comum. No
caso de aço inoxidável, deve ocorrer o oposto, isto é, quanto mais aerada a água, melhor;
-adição de inibidores de corrosão a meios líquidos, aquosos e não-aquosos. Para reduzir a
corrosão atmosfé rica também podem ser empregados inibidores gasosos.
na indústria. °
Os princípios da galvanização permanecem praticamente inalterados desde a sua introdução
processo compreende as seguintes etapas: tratamento prévio
(desengrax amento, decapagem - imersão em banho de ácido clorídrico diluído, para remover
traços de ferrugem e de carepa ), fluxagem, secagem em estufas, imersão em banho de zinco
fundido , à temperatura de 450 o C, e resfriamento.
Zn
Fe - Zn
AÇO BASE
Q
11.1 - A Importância da Preparação de Superfície
Na seleção do tipo de tinta e do método de preparo da superfície, além do aspecto técnico,
121
• -
GRAU A - Superfície de aço completamente coberta por carepa de laminação intacta e com
pouca ou nenhuma corrosão. Corresponde à superfície do aço recentemente laminado.
GRAU B - Superfície de aço com início de corrosão atmosférica, na qual a carepa de
laminação tenha começado a se trincar e a se soltar.
GRAU C - Superfície de aço em que a carepa de laminação foi eliminada pela corrosão, só
restando fe rrugem; se houver eafepa, esta poderá ser removida por raspagem.
GRAU D - Superfície de aço em que a carepa de laminação foi eliminada pela corrosão e há
a formação de pites ( cavidades visíveis a olho nu, de profundidade sempre maior do que a
largura ).
d) limpeza com solvente em fase de vapor - neste processo, o solvente fica dentro de um
tanque aq uecido e as peças a ser limpas ficam sobre o tanque, sem tocar o banho líquido,
recebendo o vapor do solvente.
- 122
Em virtude do aquecimento, não se utilizam solventes inflamáveis, só os clorados (exemplo:
percloroetileno, tricloroetileno e cloreto de metileno).
A limpeza se processa pela condensação do solvente na superfície da peça (que está mai s
fria), arrastando os óleos, gorduras e graxas para o fundo do tanque. Quando o sol vente
evapora, esses contaminantes não são levados para a peça, só o solvente limpo. A desvantagem
deste processo é que só se presta para a limpeza de peças pequenas e médias, de form ato
simples; peças muito grandes e de formato complexo, com muitas reentrâncias, não são
limpas com eficiência.
•..
No entanto, ainda é um método antieconômico para grandes áreas; é aplicado somente em
áreas pequenas ou de difícil acesso (como porcas, parafusos, cantos de tubulações), em que
o jaleamento é impraticável ou anti econômico, e quando o sistema de pintura empregado
tolera os contaminantes remanescentes na superfície. É também muito usado na limpeza de
cordões de solda.
Na limpeza mecanizada, consegue-se remover a carepa e a ferrugem soltas, ficando na
superfície apenas a ferrugem mais fortemente aderida e a carepa que não havia-se destacado.
Não é removida, por este método, a ferrugem no interior de pites e de outras cavidades.
SP 4 - Limpeza a Fogo
Consiste na rápida aplicação da chama de um maçarico sobre a superfície metálica. Por
diferença de dilatação, há desagregação da carepa de laminação. Este método não remove
totalmente a carepa e é utilizado para aço não pintado. A limpeza final é feita com escova
metálica.
A limpeza a fogo é ligeiramente mais efetiva do que a limpeza mecânica, porém acaITeta
riscos de incêndio e de explosões, bem como de possíveis empenamentos de aços leves. Uma
das vantagens é que a superlície do aço fica morna e seca, ajudando a secagem da tinta
aplicada em climas frios.
Há também a tendência de que os compostos geradores de ferrugem que estejam presentes
em superfícies enferrujadas passem despercebidos, em virtude da alta temperatura atingida
durante a limpeza com fogo .
124
- Q
SP 7 - Jato Abrasivo Ligeiro ("brush-o./J ") - (Sa 1)
Remove rapidamente vestígios de óleo, graxa, impurezas, escamas de pintura, fenugem ou
carepa de laminação mal aderidos, mediante abrasivos de natureza siliciosa (exemplo : areia)
ou metálica (exemplo: granalha de aço), impelidos por ar comprimido, ou por meio de rotOl"eS,
através de bico apropriado. Os vestígios de carepa de laminação, de ferrugem ou de pinturas
anteriores que pennanecerem após o tratamento deverão estarfinnemente aderidos ao substrato.
Após a limpeza, a superfície apresentará um suave brilho metálico.
Obs.: Este padrão não se aplica às superfícies de grau A.
SP 8 - Decapagem Química
Remove escamas de ferrugem e de carepa de laminação, submetendo o material a uma sucessão
de banhos em tanques ou cubas contendo o ácido mais adequado. Normalmente, ocorre a
seguinte seqüência de operações: desengraxamento, decapagem e neutralização. Entre cada
operação, procede-se à devida lavagem do material.
Os ácidos empregados neste processo são: ácido clorídrico (muriático) , ácido sulfúrico ou
ácido fosfórico.
Esta norma não prevê a eliminação total das escamas de ferrugem .
'\"1";"" ZIGlIRATE
Jateamento com areia, em sistema a céu aberto. Jateamento com granalha, em sistema de cabine.
125
--------
Arqu ;vo MF.TASA
Equipamento automático de
jato d e grall alha turbinado .
126
- <:
DURABILIDADE (ANOS)
MÉTODO "t?" .....-
AMBIEN TE POLuíDO
* *
127
ABRASIVO CLASSIFICAÇAo DAS PENEIRAS RUGOSIDADE MÉDIA (Ilm)
DESCRiÇÃO
SP 10 Sa 2 "
SP 5 Sa 3
Notas:
1. O grau de jateamento adequado para determinada especificação de pintura depende de
vários fatores.
O mais importante é o tipo de sistema de pintura selecionado.
2. Antes do jateamento, a estrutura de aço deverá estar livre de gorduras e óleos, bem como
ter sido removidos os respingos de solda.
Se existir contaminação de óleo ou graxa na superfície, pode parecer que o jateamento irá
eliminá-la completamente, mas isto não ocorre, pois embora invisíve is, as contaminações
ainda estarão presentes, em uma fina camada, e afetarão a aderência da pintura a ser aplicada.
3 . Cordões de solda e arestas vivas devem ser esmerilhadas.
Isto porque a tinta tende a se distanciar das arestas vivas, formando camadas finas e reduzindo,
assim, a proteção.
128
-
É praticamente imp"ossível cobrir respingos de solda de maneira uniforme; além de ficar
semi -soltos na superfície, os respingos tornam-se uma causa comum de falha prematura da
pintura.
4 . O perfil de aspereza obtido durante o jateamento é importante e dependerá do abrasi ' "O
empregado, da pressão de ar e da técnica de jateamento. Um perfil muito baixo poderá
proporcionar base insufi ciente para a pintura, ao passo que um perfil elevado demais poderá
resultar na cobertura desigual dos picos altos, ocasionando falha prematura da pintura,
particularmente no caso de camadas finas, como as utilizadas nos "primers" de montagem.
5. Quando é feita a limpeza por jateamento, um dos principais cu idados é o intervalo entre °
término do jateamento e a aplicação da pintura. Se o jateamento for executado em um ambiente
isento de contaminações e com baixo teor de umidade, o padrão de jateamento poderá ser
mantido por períodos de até 8 horas. Entretanto, se o jateamento for executado em ambiente
poluído, marítimo ou industrial, ou em superlícies previamente cOlToídas, poderá ocorrer
corrosão dentro de 2 a 4 horas. Mesmo não havendo normas inflexíveis com relação ao intervalo
máximo antes da aplicação da camada de tinta, admite-se como aceitável um período não
superior a 4 horas. O importante é aplicar a tinta antes que a superfície se tome amarelada
("flash rust") .
6. O perfil de ancoragem deve estar ao redor de 1/3 da espessura da camada de tinta prevista.
Por exemplo, nos jateamentos convencionais, com areia fina, o perfil será de 50 ~m , o que
representa uma ótima base para pintura de manutenção, de espessura da ordem de 150 !-Im
(película seca).
,
Tinta orgânica -rica em zinco.
IMERSÃO: água doce, Jateamento "ao Metal Branco" vinrlicas, fen6Hcas, epoxldicas,
água salgada. (SP 5 ou Sa 3) alcatrão de hulhalepoxfdicas,
, õorracha clorada.
~
~ , _ i
- ...
Alcalrlo de 'hulna. 'epoxldicas,
ATMOSFERA: industrial, Omlda, Jateamento 'ao "et.1 Quase 8,.n,o, 1
marlUnlJ,. '9ter epoxfdicas, f'enóli cas,
(SP 10 ou Sa 2 Voz)
borracha cl õrada :~
..
.~ ~-!. ~ ; J
ATMOSFER"- NÃO CONTAMINADA, Jateamento "ao Metal Quase Branco· . Óleo, alqufdicas, éster epoxidicas,
MAS ÚMIDA. (SP 10 ou Sa 2 Voz) aJcatrão de hulbal epoxidicas.
.,
ATMOSFERA NÃO CONTAMlAADA,
"""' limpeza Manual, Mecânica ou
Jaleamenlo Comercial
Óleo, alquldicas, betuminosas,
EXTERNA E INTERNA à base -de ãgua:'
(SP 6 ou 5a 2)
Nas páginas a seguir, são apresentados os padrões fotográficos para comparação visual da
superfície não tratada e os respectivos aspectos após a limpeza mecân i ca,~ por jateamcnto .
129
A B
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13 1
11.11 - Quadro-Resumo da Ação do Intemperismo e dos Graus de Limpeza
(SIS 055900-1967)
A B c o
GRAU
MfN IMO RENDIMENTo
~APf'OXlMADO
' ~/h .'
37
20
12
GRAU
MÁXIMO
o grau de limpeza é função do estado de corrosão da supetfície do aço. Quanto mais rigoroso
o grau de limpeza, menor é o rendimento, o que explica o seu custo maior por metro quadrado.
Na tabela acima, o rendimento aproximado se refere ao grau C de corrosão, ou seja, um
estado em que não existe mais carepa, mas não ocorreu, ainda, a formação de pites. A
carepa, como já foi visto, é um material duro, que demanda mais tempo e maior consumo de
abras i vo para a sua retirada. Os pites também exigem mais tempo e maior quantidade de
abras i VO, pois a ferrugem no seu interior é de difícil remoção.
A limpeza no grau C é a de execução mais econômica, porque a supetfície contém só
ferrugem solta, sem carepas e sem pites, sendo esta a razão de muitas empresas deixarem as
estruturas expostas ao intemperismo de maneira controlada, até atingir tal grau, para só
então serem jateadas.
]32
12.1 - Composição Básica de uma Tinta
Uma tinta é formada basicamente pelos seguintes componentes:
VEIcULO
MATERIAL
NÃO VOLATIL
°°
impermeável e aderente a essa superfície.
veículo não volátil (resina) é o ligante ou aglomerante do pigmento.
pigmento (insolúvel no veículo) é quem confere cor, opacidade ou ação anticolTosiva às
tintas.
Os corantes (solúveis no veículo) são usados em conjunto com pigmentos, para dar certa
tonalidade às tintas. .
A seguir, são analisados mais detidamente cada um dos principais componentes de lima
tinta:
Resina: é a formadora do filme propriamente dito. É também chamada de veículo (não
volátil) , agregante ou binder; na ausência da resina, todos os demais componentes clt' uma
tinta não teriam aderência junto ao substrato. A resina é O mais importante componente de
uma linta, e o que vem apresentando maior evolução tecnológica nos últimos anos. Sendo o
mais importante componente de uma tinta, define a sua qualificação, dando nome às tintas .
Temos, assim, tintas de borracha clorada, tintas vinílicas, tintas alquídicas ou sintéticas,
tintas epóxi, tintas poliuretano, tintas etil-silicato, etc .
A função da resina é, portanto, aglomerar as partículas de pigmento e mantê-las unidas,
entre si e ao substrato. A resina proporciona impermeabilidade, continuidade e flexi bilidade
à tinta . A secagem das tintas depende da resina. As resinas e, por conseqüência, as tinta, se
solidificam por três tipos de mecanismos: simples evaporação do solvente, oxidação ~ reação
entre resinas.
Pigulento: os pigmentos são partículas minúsculas em suspensão na tinta líquid a (\'eíC'ulo)
que, após a secagem, são aglomeradas pela resina e formam com esta uma camada uniforme
sobre o substrato.
No caso específico das estruturas metálicas, os pigmentos mais importantes são aqueles que
conferem à tinta propriedades anticorrosivas, ou seja, que permitem reduzir ao mínimo os
efeitos corrosivos do meio ambiente sobre as superfícies metálicas.
a) óxido de chumbo ou zarcão - o zarcão é constituído de cerca de 90 a 97% de mínio e
o restante de litargírio, e é de cor laranja (não confundir com o óxido de ferro (Fe2 0) . marrom
avermelhado, que não tem qualquer ação anticorrosiva);
b) crOluato de zinco - amarelo de zinco, é um cromato misto de zinco e potássio;
c) crOlllato básico de zinco - tetróxicromato de zinco, é menos solúvel que o cromato de zinco;
133
, . Sr
G
(
d) cromato de chumbo - é um pigmento laranja ou amarelo, muitas vezes confundido com
o za rcão, porém com ação antÍcorrosiva menos efetiva;
e) fosfato de zinco- é um pigmento branco, atualmente usado nos EUA e na Europa como
substituto do zarcão, que é proibido por ser tóxico;
f) plumbato de cálcio- é um pigmento branco com boa ação anticorrosiva, porém não utilizado
no Brasil;
g) zinc o e Ul pó - é utilizado na tintas "ricas em zinco", que são tintas de fundo anti corrosivas .
A pinlura com essas tintas é denominada "galvanização a frio".
Solvente: os solventes são líquidos voláteis que solubilizam a resina, reduzindo a viscosidade
da tinta. A presença do solvente dá à tinta a fluidez e viscosidade necessárias à adequada
apli cação.
Por convenção, chamamos solvente ao produto utilizado na fabricação da tinta e diluente ou
"thi nne r" ao solvente adicionado à tinta no momento da aplicação, para obter a viscosidade
desejada (o diluente deve ser compatível com o solvente e com a resina utilizados na fabri cação
da ti nta) .
Geralmente, em uma tinta é empregada uma composição de solventes, de forma que os mais
voláteis (ou mais leves) deixem a película de tinta rapidamente após a aplicação, não permitindo
tam bé m que a tinta escorra em superlícies verticais. Os mais pesados permanecem por um
tem po mai s longo na película, possibilitando o nivelamento de marcas na pintura ou a
eliminação de bolhas e crateras formadas durante a aplicação.
Res umo das finalidades principais do solvente em uma tinta:
a) ajustar a viscosidade da tinta, tanto para o fornecimento como para a aplicação;
b) a uxili ar a formação do filme;
c) melhora r o nivelamento e a penetração da tinta ao ser aplicada;
d) controlar a secagem (uma adequada mistura de solventes pode apressar ou retardar a
secagem de uma tinta);
e) lim peza dos instrumentos de aplicação.
Aditivos: são produtos adicionados em pequenas quantidades, conferindo à tinta propriedades
especiais, de acordo com suas finalidades: secantes, antioxidantes, plastificantes, anti -mofo.
nivelantes, etc.
12.4 .1 - "Primer"
É a p ri meira demão aplicada sobre uma supel{ície metálica.
134
o " primer" é um produto, geralmente fosco, que contém pigmentos anticorrosivos para <.:o nff' rir
a proteção necessária ao substrato, corrigindo suas pequenas imperfeições.
Existem tipos especiais de ~~primer":
a) - "shop primer": é aplicado sobre uma peça ou estrutura para dar proteção duran te o
seu armazenamento;
b) - "wash primer": também denominado fundo fosfatizante, é destinado a promo ve r
ancoragem em uma superfície metálica muito lisa (alumínio, cobre ou zinco).
12.4.2 - Intermediárias
Geralmente, são tintas de alta espessura aplicáveis entre o "primer" e O acabame nto . com a
finalidade de melhorar a proteção do sistema de pintura, aumentando a sua espessura.
As tintas intermediárias geralmente são neutras, isto é, não têm pigme ntos anticorrosi\'os .
nem coloridos . São também denominadas tintas de enchimento, sendo mais baratas q ue as
"primers" e as de acabamento.
12.4.3 - Acabamento
É a tinta que dará a aparência final ao substrato, como cor e textura definidas. Além da <:01;
pode-se ter um acabamento brilhante, semi-brilhante, acetinado, fosco, martelado, corrugado,
etc.
136
12.5.3 - Tintas à Base de Resinas AIquídicas (Sintéticas)
As resinas alquídicas são, ainda, as mais utilizadas na indústria de tintas.
São provenientes da seguinte reação:
Poli álcool + poli ácido poliester (resina alquídica).
Os poliálcoois mais utilizados são o glicerol (glicerina) e o pentaeritritol; o poli ácido é o
ácido ftálico, na forma de anidrido ftálico. A resina obtida por esta reação, no entanto , é
muito dura e quebradiça. Para ser empregada na indústria de tintas, a resina alquídi ca é
modificada com óleos, dando como resultado uma nova resina, com boa flexibilidade , dureza
e aderência.
Os tipos mais importantes de tintas alquídicas são: zarcão/alquídico, óxido de ferro/
alquídico e de acabamento ("esmaltes sintéticos").
As tintas alquídicas são monocomponentes, exceto a de alumínio (uma embalagem contém a
resina e a outra, a pasta de alumínio).
As tintas alquídicas secam ao ar, por evaporação do solvente e pela combinação do oxigênio
do ar com a resina.
Os solventes mais usados são a aguarrás e o xilol.
Aplicação: são indicadas para pintura de estruturas, em ambientes sem poluição e com
clima ameno. As tintas alquíclicas são as mais usadas na manutenção industrial, na construção
civil (pintura de portas, janelas, esquadrias, portões), na mecânica (em equipamentos que
ficam em lugares secos e abrigados) e na pintura doméstica.
Restrições: seu uso é recomendado apenas em ambientes de baixa e média agressividade,
pois são tintas à base de resinas saponificáveis. Têm resistência química limitad a
comparativamente a outras tintas convencionais, de melhor desempenho, sendo também
discreta a sua resistência física; não permitem a repintura com tintas de outra classe; no
entanto, é possível aplicar um acabamento alquídico sobre alguns "primers" de outra classe
de tintas, como as epoxídicas, por exemplo.
As tintas alquídicas não devem ser aplicadas sobre zinco (galvanizados, "primers" ri cos em
zinco, etc .), pois se destacam .
,-..
Mesmo que os espaços alveolados sejam ocupados por compostos de zinco, a umidade penetra
por capilaridade através destes, estabelecendo contato elétrico entre as partículas de zinco
metálico e as do aço. Este fenômeno é importante, pois, sem a presença de água, o intercâmbio
dos Íons não ocorre e não haverá, em conseqüência, proteção catódica.
Obs.: o etil-silicato de zinco tem baixa resistência a meios ácidos ou alcalinos, mas apresen ta
excelente desempenho em ambientes marítimos.
Aplicações: pintura de chaminés, de dutos aquecidos, de fornos e caldeiras, de escapamentos
de gases quentes de veículos e como fundo, em esquemas de pintura de plataformas marítimas
acima da linha da água.
• n g
12.6.2 - Proteção Anódica
A proteção das regiões anódicas é propiciada pelos pigmentos anticorrosivos (ou inibidores
da corrosão) que, associados a veículos adequados, têm a capacidade de inibir a corrosão.
Os pigmentos e o efeito de barreira da tinta proporcionam uma proteção eficiente contra a
corrosão.
O mecanismo de inibição por proteção anódica pode ser classificado segundo duas formas de
atuação:
a) - dissolução de íons (ou passivação) - o cromato de zinco, o cromato de estrôncio e o
cromato de chumbo são parcialmente solúveis em água.
Quando temos a presença de água, ou de umidade, e esta consegue permear através da película,
íons cromato são hidrolizados e formam uma camada junto ao metal, que inibe a dissolução do
anodo.
O pigmento cromato de zinco é apresentado sob duas formas: cromato de zinco e tetróxicromato
de zinco (ou cromato básico de zinco), que são pigmentos amarelos e diferentes entre si
quanto ao grau de solubilidade dos íons cromato em água (o cromato de zinco é mais solúvel).
O pigmento de fosfato de zinco tem solubilidade em água muito baixa, em locais poluídos
(ambiente rural). Sua grande eficiência se dá em locais poluídos com 50, (ambiente industrial),
em que ele passa a funcionar pelo mecanismo da inibição por dissolução de íons.
Em ambientes marítimos a sua solubilidade também é baixa, porém nestes casos funciona
como um tampão, pela formação de zincato de sódio (alcalino).
b) - ação oxidante - o pigmento de zarcão age de maneira diferente, na proteção anódica. Seu
mecanismo de ação baseia-se no fato de ser um agente'oxidante enérgico, aliado ao seu caráter
básico e à sua capacidade de formar sabões de chumbo, na reação com os veículos ácidos,
como os óleos e resinas alquídicas.
O zarcão possui a capacidade de transformar óxidos de ferro solúveis em óxidos insolúveis,
reduzindo ao mínimo a corrosão do aço.
As atmosferas industriais são, em grande parte, ácidas e O caráter básico do zarcão ajuda a
neutralizar essa acidez, no contato do eletrólito com o metal.
Notas :
I) No Brasil, as tintas mais usadas para proteção por pigmentos inibidores são: zarcão-
alquíclicos, zarcão-borracha cloracla, zarcão misto epóxi, cromato de zinco alquíclico, cromato
de zinco epoxídico e fosfato de zinco epoxídico. No entanto, como o zarcão é tóxico, essas
tintas tendem a ser evitadas.
lI) A limpeza cla superlície é muito importante, uma vez que é necessário que esse tipo de
tinta esteja em contato direto com o aço; havendo carepas de laminação ou óxidos, o pigmento
fica isolado e não pocle exercer a sua função inibidora.
a) óxido de ferro vermelho: é usado principalmente em "primers"; não tem ação antioxidante
expressiva, agindo mais como barreira mecânica;
b) zarcão: é um óxido misto de chumbo, amplamente usado como "primer", que não deve,
por razões óbvias, ser aplicado na pintura de canalizações ou reservatórios de água potável."
O zarcão produz bons "primers" à base de óleo de linhaça, fonnando sabões de chumbo. E
de secagem lenta, mas adequado para aplicação em superfícies de difícil acesso, nas quais
estiver prejudicada a execução de limpeza esmerada.
Com outros veículos o zarcão produz passivação eletroquímica, provocando a oxidação do
Ferro II a Ferro III (sendo, portanto, uma proteção anódica).
e) zinco metálico - é o pigmento usado nas tintas protetoras catódicas, ou tintas ""ricas" em
zinco. Por se tratar de um efetivo recobrimento com zinco, esta fonna de proteção é denom inada
"galvanização a frio".
Notas:
I) esta tinta se destina a grandes extensões;
lI) em virtude da proteção catódica, a tinta de zinco metálico é eficaz, mesmo havendo
pequenos defeitos na pintura (cortes ou arranhões);
IlI) a superfície deve estar bem limpa, pois é necessário um contato perfeito entre a pintura
e a superfície;
IV) o filme seco contém 90% de pó de zinco; por isso, o filme está acima do PVC crítico e
apresenta grande porosidade. Ocorrem reações, por conta do contato do zinco com a um idade
e demais contaminantes do ar.
C)
a) O solvente da nova demão ataca a anterior porque tem poder de dissolver ou, pelo menos,
intumescer a resina da camada anterior. Isto causa levantamento da película de tinta,
enrugamento ou destacamento das demãos (às vezes as duas se destacam da base ou uma
demão se destaca da outra);
b) resi nas com secagem diferentes. Por exemplo, se uma tinta alquídica for aplicada como
fundo e sobre ela, uma tinta epóxi, poderá haver enrugamento, "casca de jacaré" ou
quarteamento (trincas), uma vez que a tinta epóxi seca por reação entre os componentes e a
tinta alquídica precisa do oxigênio do ar. Estando a camada de tinta epóxi por cima, impedirá
a penetração do oxigênio do ar; se a camada de tinta alquídica não estiver totalmente curada,
a camada de epóxi sofrerá contração, ocasionando as rachaduras, pois a tinta de fundo ainda
estará amolecida.
l egen4. s· Bom
C . Condic.ionedo (a conlulta pr. "i•• leblkante )
NR· N'o 'Kom.nd~do
* . Indlcl qUI n.v.'. · ..ngr.m.oto·
(\CABAM ENTO 2
, .,!: . -
_ESmalte Sintético 30
DEMÃO (J.1m)
PAIMER 120
ACABAMENTO 1 40
-
ESPESSURA TOTAL: 200 ,,:
DEMÃO (!-Im)
DEMÃO (J.1m)
1-13
IV b) AMBIENTES COM CONDiÇÕES SEVERAS DE AGRESSIVIOADE (a mbientes indu stri ais e mantlmos)
... ... 7 .. ..,,_ .' _ - -., "'_< ____ v,_
__".
..,....::!~....", ""'~"~(OT,"~" ,_._~ ~
, •;11 . "'~*"".l:::rJ..ilJ:,1:::!
>_~_., J.. l;ir:i:z. ..... 1:"
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•• " - - '-, ' __ , ~
'20
PESSURA)'OTAL: 360
'50
I
I' '50
I '50
i
I
v c) SUPERFICIES IMERSAS Er.I SOLUÇÕES DILUIDAS DE PRODUTOS QUiMICOS, SOLVENTES, COMBUSTlVEIS E LUBRIFICANTES
144
TIPO
PRIM ER 25
ACASAMENTO '25
c ·';SPESSURA TOTAl.: 2 75
25
---
Tradicional e aplicado em 4 demãos. Moderno e aplicado em apenas uma demão,
economizando tempo e mão de obra.
11 a) - 111 a) - IV a) II b) - 111 b) - IV b) - VI c)
~~
A temperatura máxima suportada por este esquema de tintas é 600 C. ' No caso de água potável, é necessário que as
tintas não contenham metais pesados (chumbo, cádmio e cromo) e não libere produtos na água.
o esquema é todo com tintas epoxldica-betuminosas, nas cores preta/marrom/preta. para identificar cada demão e para
facilitar o controle da aplicação.
VI a) VI b)
Locais abrigados e secos: Ex.: estruturas e equipamentos Locais abrigados e úmidos: ambientes com tanques de
localizados sob a proteção de telhados, em ambientes égua ou de produtos qurmicos. Para este ambiente há
onde não há tanques contendo água ou produtos qulmicos. necessidade de uma demão adicional de acabamento,
para aumentar a barreira protetora.
VI d)
Em locais industriais, onde há poluicão. é necessária a Incluslio de uma demão intermediária de esmalte epoxidico
para aumentar a barreira. O acabamento poiiuretano alifático resiste ao jnt~mperismo durante vários anos, sem perda
de cor ou brilho.
VI e)
Se o galvanizado já foi em grande parte consumido pela corrosão e há presença de ferrugem, de cor averm;tnada, a
tinta epoxi-isocianato não é uma boa indicação. Neste caso, o epoximastic tolera superflcie preparada mecanicamente,
com escovas ou lixas rotativas oferecendo aderência, impermeabilidade e base para o acabamento poliuretano.
146
12.8.6 - Custo da Pintura
Exemplo: custo relativo de uma pintura (conforme SSPC -1968, EUA)
% DE CUSTO
PREPARAÇAo DA SUPERFfclE
MATERIAL
APLICAÇÃO
OUTROS
TOTAL
Obs.: a maioria das tintas de alta espessura, no entanto, é projetada para ser aplicada por
pulverização "airless".
1·+7
-.
Arquivo> ICEC '\ "1''''('1 \IET ..\5o.\
Pain el de pintura com rel6gio tennohigrômetro, indi cando: Aplicação de tinta por meio de pulverização
a umidade do ar; a temperatura ambiente; O sistema de sem ar ("airless n), em ambiente abrigado,
pintura e o esquema de ti nta a ser empregado
n/
, ~ , • , • , • I tO " 12
<_ _ SUBsnv.TO
148
2
13.1 - A Segurança Contra Incêndio
A segurança absoluta, em qualquer situação de nossas vidas, é impossível de ser alcançada.
--'"""""........ _-_-...---;~
149
13.2 - Aç ão Térmica
Ação térmica é a que ocorre em uma estrutura em conseqüência da diferença de temperatura
entre os gases do ambiente em chamas e os componentes da estrutura. No estudo das estruturas
sujeitas ao fogo, o principal instrumento de análise é a curva que fornece a temperatura dos
gases em relação ao tempo de incêndio, uma vez que a partir dessa curva é possível calcular-
se a máxima temperatura atingida pelas peças estruturais e a sua correspondente resistência
a altas temperaturas.
Temperatura
Tempo
INCE:NDIO
GENERALIZADO
rFLA$HQVER')
A curva apresenta uma região inicial (pré-"flashover") com baixas temperaturas, em que o
incêndio é considerado de pequenas proporções, sem risco à vida humana ou à estrutura.
Nesse intervalo de tempo, se as medidas de proteção ativa forem eficientes, nenhuma
verificação adicional da estrutura será necessária.
O momento em que se verifica o aumento brusco da inclinação da curva é denominado
instante de incêndio generalizado, também conhecido como "flashover", e ocorre quando o
conteúdo de toda a carga combustível presente no ambiente entra em ignição. O incêndio
torna-se de grandes proporções, tomando todo O compartimento, e a temperatura dos gases
eleva-se rapidamente, até a extinção de todo o material combustível, a partir do que há a
redução gradativa da temperatura dos gases.
Se as med idas de proteção ativa não forem eficientes para extinguir o incêndio durante o
pré-Hflashover" e houver interesse na proteção patrimonial, então será necessário verificar
a segurança da estrutura.
Para tal, modela-se o incêndio como se tivesse início no instante do "flashover". Ensaios
realizados em áreas compartimentadas demonstram que essa curva depende da característica
e da quantidade do material combustível e do grau de ventilação do ambiente em estudo.
Esse modelo, que procura simular o incêndio tão mais próximo da realidade quanto possível,
é conhecido como modelo de incêndio natural.
Temperatura
Tempo
150
------------~~--~~~----'
13.3 - Áreas Compartimentadas
A legislação atual exige que haja áreas compartimentadas nas edificações correntes.
Área compartimentada é, por definição, aquela em que o uso adequado de ventilações
horizontais e verticais e de peitoris tome mínima a probabilidade de propagação de fogo fora
dela.
_ ~m,H,
q- - -
A,
sendo:
m - massa total de cada componente da carga de incêndio;
H' - poder calorífico específico de cada componente da carga de incêndio (MJ /kg);
A: -
área total, incluindo vedações (paredes,piso e teto) e aberturas.
O poder calorífico específico de madeira, roupas, algodão, seda, grãos, couro, papel. palha e
lã vale entre 17 e 21 MJ/ kg. Por isso, geralmente admite-se que a carga de incêndio é
formada totalmente de madeira.
Vale lembrar que o poder calorífico específico do petróleo é de aproximadamente 44 KJ/ kg.
Portanto, a carga de incêndio que envolva hidrocarbonetos deve ser analisada com os parâmetros
adequados .
Tem peratu ra do
Ineêndio (natural) Temper.tUfS do aço MAxlma temperatura do
Isolamento térmico I ÇO ..,m Isola mento térmiCO
Temporatura ) Temperatura
800
, 800
I ÇO eom Isolamento térm ico ' \
.00 800
400 400
200
Sempre que possível, deve-se procurar reduzir a duração do incêndio, visando reduzir ao
mínimo a probabilidade de sua propagação para fora da área compartimentada.
Da mesma forma, procurar reduzir a temperatura máxima atingida pela estrutura de aço,
para economizar material.
Vêm, a seguir, exemplos de gráficos correlacionando os parâmetros: carga de incêndio; fator
de massividade e grau de ventilação com a duração do incêndio e a temperatura máxima na
estrutura de aço.
......................
152
legenda:
~
• 200MJ /m l
150MJ/m~
legenda:
--o--
• 250 mo'
200 mo'
:ó: 100 M J /m~ i> 150 mo'
... 125 mo'
A partir da observação dos gráficos apresentados e de outros estudos, pode-se concluir que:
DE AÇO
AUMENTA COM q
FATOR DE U ASSIVIDADE ( F ) AUMENTA COM F
Tempe.atu.a
Tempo
Legend': _ _ _ ISO 83.
__ _ __ A5TM E·IH"
153
« .)
As curvas padronizadas não consideram as características particulares de cada ambiente e
somente possuem ramo ascendente, admitindo, portanto, que a temperatura dos gases seja
sempre crescente com o tempo, independentemente da quantidade de material combustível.
A utilização do modelo de incêndio-padrão não permite determinar a máxima temperatura
que a peça atinge, exigindo o preestabelecimento de tempos padronizados em função das
dimensões e do tipo de utilização da edificação, com a finalidade de encontrar, na curva
temperatura-tempo da peça estrutural, uma temperatura fictícia que possa ser utilizada no
dimensionamento.
Apesar da sua maior simplicidade, o modelo de incêndio-padrão geralmente leva a resultados
anti econômicos.
Temperaturas fictlcias
Ten,p"·,,,," do
para dimensiona me nto
Temperatura (padrAo)
1000 1000
800 800
600 600
400 400
200 200
TEMPO
PADRONIZADO
25
11 20
II
~ 15
10
11
~
I
5
Deforma ção
Linea r Es pecifica
o
•~ Diagrama Te nsão-Deformação
o 0.05 0 .1 0.1 5 0.2
I Obs .:
TE MPERATURA (OC)
-o--
• 4 00
--b:--
•
60 0
700
I
500 800
154
.5
AÇO E (T) / E (T:20°C)
0.75 0.75
0.5 0.5
0.25 0.25
Temperatura (0C) CONCRETO Temperatura (OC)
o o
o 400 800 1200 o 400 800 1200
A redução da resistência dos aços deve ser considerada no dimensionamento das peças
estruturais sujeitas a altas temperaturas. Porém, tendo em conta a excepcionalidade da
ocorrência de um incêndio, é permitido, nessa situação, &brandar os coeficientes de segurança,
isto é, os valores de cálculo dos carregamentos serão menores do que aqueles considerados
à temperatura ambiente, disto resultando, portanto, menores solicitações na estrutura.
A segurança da estrutura se verifica quando o valor de cálculo da resistência de cada peça
estrutural, reduzido devido ao aumento de temperatura, superar o valor de cálculo da
solicitação, também reduzido pelo fator excepcionalidade, em situação de incêndio.
Arqu'.oZIGUR.o\TE
155
Este encapsulamento pode fazer uso de técnicas tradicionais, com materiais componentes
de alvenarias ou mesmo a própria concretagem que envolve as colunas e as vigas de aço,
utilizar placas rígidas de materiais compostos, como gesso e vermiculita, argamassa de asbesto,
argamassa de vermiculita, mantas de fibra-cerâmica, manta de lã-de-rocha ou produtos
mais recentes, como as tintas intumescentes e os "cementitious fireproofing", à base de
gesso e fibras.
156
$ 2 A
13.9.1 - Argamassa de Asbesto
As argamassas de asbesto são constituídas de fibras de amianto (silicato de magnésio) com
cimento.
O amianto ou asbesto é uma pedra fibrosa que se desfaz nas mãos ao ser tocada, sendo
encontrada na natureza preenchendo as fraturas entre as rochas. A argamassa atomizada
junto com água era aplicada sobre as superlícies metálicas, na forma de "spral. Esse produto
foi, durante muito tempo, muito empregado como material de proteção passiva de estnIturas
de aço, até ter sua utilização proibida nos Estados Unidos, décadas atrás, e mais recentemente
na França, devido aos riscos sanitários atribuídos à poeira de amianto, cujas fibras são
consideradas altamente cancerígenas.
/
13.9.2 - Argamassa de Vermiculita
São argamassas de agregado leve, à base de vermiculita, que pertence ao grupo dos minerai s
micáceos, silicatos hidratados de composição variada, originados da alteração das micas.
com ponto de fusão em tomo de 1370 oCo
A vermiculita, quando aquecida, perde água, intumesce e se expande, adquiri ndo a forma
de um verme. Pesa de 100 a 130 kglm3 , enquanto a areia, para efeito comparativo, pesa em
torno de 1600 kglm 3 •
É encontrada no mercado na forma de flocos, para dosagem na obra, ou pré-misturada a
seco com aditivos e cimento, para posterior adição de água.
As espessuras das camadas variam de 10 a 40 mm, com densidades variando de 300 a 800
kglm3 • dependendo do tipo da massa e da capacidade de isolamento requeridos.
Podem ser aplicadas por meio de tlsprayll ou por processos manuais, com o uso de espátulas.
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13.9.3 - Mantas de Fibra Cerâmica
É um produto obtido da eletrofusão de sílica e alumina. As fibras que as compõem são
multi direcionais e entrelaçadas por um processo contínuo de agulhamento, conferindo às
mantas boa resistência ao manuseio e à erosão. Seu ponto de fusão ocorre a aproximadamente
1760 °e, sendo a temperatura de uso limite de 1260 De. São fornecidas em rolos com 7620
mm de comprimento, 610 mm de largura, espessuras de 13 a SI mm, nas densidades de 96
e 128 k!ym'.
Podem ser utilizadas tanto na técnica de revestimento tipo caixa quanto no processo de
contorno. Pelo processo de contorno do perfil, o material pode ser fixado por meio de pinos
soldados às peças metálicas e às arruelas, para travar o sistema, ou por cintas metálicas.
Os pinos, de aço carbono galvanizado, são soldados automaticamente por máquinas especiais,
pelo processo de arco elétrico. O espaçamento entre os pinos, tanto no sentido horizontal
como no vertical, deve estar em torno de 300 mm. O método tipo caixa é mais econômico,
pois envolve fatores de forma mais baixos e menores áreas a revestir, porém não se recomenda
a sua utilização para perfis com altura de alma maior do que ISO mm. Neste caso, faz-se
necessário o emprego de uma tela como base, para apoio das mantas. As telas deverão ser
fixadas aos pinos de ancoragem por meio de arruelas de pressão perfuradas, de aço
galvanizado. Por não resistir à umidade e à abrasão, as mantas cerâmicas devem ser
empregadas em locais abrigados e protegidos por algum tipo de acabamento superficial.
Viga sendo revestida com argamassa composta Vi gas, pilares e "steel deck"reves tidos com
de gesso e fibras por meio de "spray". argamassa composta de gesso e fibras.
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Fabricação do Aço - PT 01
Francisco Ferreira Cardoso, Rosa Maria Messaros e Valdir Pignatta e Sil va
o Mercado do Aço - PT 02
Francisco Ferreira Cardoso, Rosa Maria Mess8ros e Valdir Pignatta e Silva
o Material Aço - PT 03
Franci sco Ferreira Cardoso, Rosa Maria Messaros e Valdir Pignatta e Silva
Proteção à Corrosão - PT 07
Ubiraci Espinelli Lemes de Souza, Celso Gnecco e Antônio Domingues de Fi gueiredo
- Sistemas de Pintura
Boletim Informativo· Plastoflex Tintas e Plásticos
- Estruturas Metálicas
Isaias Abdalla
Apostila/Escola de Engenharia da Universidade Mackenzie _ 1993
- O Que é Aço
Leopoldo Scheer
EDUSP-Editora da Universidade de São Paulo - 1977
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Bibliografia
- Corrosão e Pintura-Apostila 2
Ricardo Moraes
Apostila - NM Engenharia e Anticorrosão