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ESTRUTURAS DE AÇO ,

CONCEITOS, TECNICAS ELINGUAGEM

Luís ANDRADE DE MATTOS DIAS


OLIMPIA
LIV - 137057

1111111111111111111
ESTRUTURAS DE AÇO
CONCEITOS, TÉCNICAS E LINGUAGEM

LUÍS ANDRADE DE MATIOS DIAS

Zigurate Editora
São Paulo, 2000

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Co-autor dos capítulos Estrutura, Sistemas Estruturais, Conexões, O Incêndio e as Estruturas de Aço
Prof Valdir Pignatta e Silva

Co-autor dos capítulos Corrosão, Preparação de Superfície e Pintura


Eng. Celso Gnecco

Colaboradores do capítulo O Aço


Eng. Akira Yokriji
Amaury Moreira Filho

Ilustrações Eletrõnicas AQUISIc;AO

.-
Carlos Roberto L emos Homem de Mello ORIGEM
V~lGR ~1 j>~-~'
Revisão REC :~l:' 38'301-~
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SérgioA. M . I>ias
3 ed
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Projeto Editorial
Zigurate E ditora

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)


(Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)

Dias, Luís Andrade de Mattos


Estruturas de aço: conceitos, técnicas e linguagem /
Luís Andrade de Mattos Dias. - -
São Paulo : Zigurate Editora, 1997.

Bibliografia .

l.Aço - Estruturas I. Título

ISB N 85 -85570-02-4

97-2528 CDD-624.1821

Índices para catálogo sistemático:

1. Aço : Estruturas : Engenharia 624.1821


2. Estruturas de aço: Engenharia 624.1821

3L Edição, membro/2000

ESTRUT URAS DE AÇO - CONCEITOS, TÉCNICAS E LING UAGEM


CO PYRIGHT ZIGURATE EDITORA E COMERCIAL LTDA.
Todos os direitos de reprodução re servados .

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Introdução

Este livro destina-se a estudantes e profissionais das áreas de engenharia e de arquitetura e


aos técnicos mais diretamente envolvidos na construção de edificações de aço, aos quais
poderá servir como fonte de consulta e orientação técnica.
A temática é sobre estruturas, ou para ser mais preciso, sobre estuturas de aço e reune os
tópicos que consideramos básicos para quem está se iniciando e mesmo para os que desejam
aprofundar-se nesse campo.
Embora os capítulos apresentados tratem, em sua maioria, de assuntos eminentemente
técnicos, relacionados com os ramos de engenharia metalúrgica, mecânica, química e ci vil,
a preocupação e a proposta do nosso trabalho é facilitar a sua compreensão aos arquitetos.
a quem compete em última análise, pelo conhecimento da tecnologia de aplicação, estimular
e motivar a utilização do aço na construção civil. Para tanto, adotamos uma abordagem a
mais didática possível, recorrendo a ilustrações, a exemplos práticos de aplicação e, sempre
que oportuno, à transposição de linguagem, na apresentação de temas às vezes de difícil
entendimento mesmo no âmbito do ensino da engenharia.
Prefácio

É com grande satisfação que prefaciamos a segunda obra de Luís Andrade de Mattos Dias
sobre constIução em aço.
"Estruturas de Aço - Conceitos, Técnicas e Linguagem" já se posiciona como obra funclarnen tal
sobre o tema no Brasil.
Luís Andrade alia sua formação acadêmica na disciplina da arquitetura a toda uma vid a
profissional dentro de uma empresa sidelÚrgica, a Cosipa.
Com estilo direto e elegante, discorre o autor sobre estruturas metálicas em toda a sua
extensão, da produção do aço até detalhes construtivos e problemas típicos, com soluções
respectivas.
A linguagem é adequada, facilitando a compreensão tanto de especialistas como de in icia ntes.
Trata-se de obra de inestimável valor para engenheiros, arquitetos e estudantes, tendo se
transformado em poderoso instrumento de estímulo ao estudo e utilização deste que é o mais
nobre dos materiais estruturais - o aço.
É curioso constatar que, apesar de ser o Brasil o sétimo maior produtor de aço do mu ndo.
não apresenta níveis de utilização de estruturas metálicas significativos .
A falta de produtos sidelÚrgicos adequados foi , no passado, um óbice ao crescimento desse
segmento.
Este problema está hoje em grande parte resolvido com a diversificação da oferta das us inas
siderúrgicas.
Entretanto, permanece um conjunto de fatores que continua inibindo o crescimento mais
rápido da construção metálica.
Este conjunto de fatores pode ser definido por uma só assertiva: não existe no país uma
cultura voltada para o uso de estruturas metálicas. E é sabido que as pessoas tendem a
rejeitar aquilo que desconhecem.
Assim, a oportunidade e importância do livro de Luís Andrade ressaltam .
Estamos certos da imensa contribuição desta obra, no esforço de desenvolvimento de cu ltura
voltada para industrialização e produtividade na construção civil do país, valorizando os
materiais adequados, como o aço.

Gabriel ~fárcio Janot Pacheco


Presidente da ABCEM

"" CSN
"t,;" USIMINAS

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Sumário

Capítulo I - O Aço

1.1 O Processo Siderúrgico, 15


1.1.1 Matérias-Primas, 16
1.1.2 Coqueria e Sinterização, 16
a) Coqueria
b) Sinterização
1.1.3 Alto-Fomo, 17
1.1.4 Aciaria, 18
a) Conversor
b) Metalurgia de Panela
1.1.5 Lingotamento Contínuo, 19
1.1.6 Laminação a Quente, 20
a) Laminador de Chapas Grossas
b) Laminador de Tiras a Quente
1.1. 7 Laminação a Frio, 22
Laminador de Tiras a Frio
1.1.8 Produtos, 23
a) Chapas
b) Chapas Grossas
c) Bobinas.
1.2 Propriedades dos Aços Estruturais, 24
1.2.1 Diagrama Tensão-Deformação, 24
1.2.2 Elasticidade, 25
1.2.3 Plasticidade, 26
1.2.4 Ductilidade, 26
1.2.5 Tenacidade, 27
1.3 Influência dos Elementos de Liga nas Propriedades dos Aços, 27
1.4 Aços Estruturais, 28
1.4.1 Aços-Carbono (Média Resistência Mecânica), 28
1.4.2 Aços de Baixa Liga
(Média e Alta Resistência Mecânica, Resistentes à Corrosão Atmosférica), 30
1.4.3 Aços Resistentes ao Fogo
(Alta Resistência Mecânica, Resistentes à Corrosão Atmosférica), 34

- . ..
Capítulo 2 - Estrutura

2.1 Conceito de Estrutura, 35


2.2 Classificação das Peças, de Acordo com as Dimensões, 35
2.2.1 Blocos, 35
2.2.2 Folhas, 35
2.2.3 Barras, 36
2.3 Classificação das Peças, de Acordo com o Carregamento, 36
2.3.1 Placas ou Lajes, 36
2.3 .2 Chapas ou Paredes Estruturais, 36
2.3.3 Vigas, 36
2.3.4 Pilares, 37
2.4 Classificação dos Vínculos, 37
2.4.1 Articulação Móvel, 37
2.4.2 Articulação Fixa, 37
2.4.3 Engastamento, 38
2.5 Modelos Teóricos, 38

Capítulo 3 - Sistemas Estruturais

3.1 Definições, 39
3.1.1 Pórticos, Treliças e Grelhas, 40
3.1.2 Deformações, 41
3.1.3 PÓl1icos Deslocáveis e Indeslocáveis, 42
3.2 Equilíbrio, 43
3.3 Flambagem, 46
3.4 Concepção Estrutural, 48
3.5 Caminhamento dos Esforços, 50
3.5.1 Carregamento Vertical, 51
3.5.2 Carregamento Horizontal, 52
3.6 Exemplos de Estruturas, 55

Capítulo 4 - Vigas

4. 1 Conceito de Viga, 71
4.2 - Os Principais Tipos de Vigas, 71
4.2.1 Vigas de Alma Cheia, 71
4.2 .2 Vigas AI veolares, 72
4.2 .3 Vigas em Forma de Treliças, 72
4.2.4 Vigas Vierendeel, 73
4.2. 5 Vigas Mistas, 74

Capítulo 5 - Perfis

5.1 Pedis Laminados, 75


5.1.1 Perfis Laminados Nacionais, 75
5.1.2 Perfis Laminados Importados, 76
5.2 Perfis Soldados, 77
5.3 Peliis Estruturais Formados a Frio, 79
5.4 Perfis Tubulares, 79

Capítulo 6 - Conexões

6.1 Introdução, 81
6.2 Conexões Parafusadas, 81
6.2 1 Parafusos Comuns, 81

-- - SI
6.2.2 Parafusos de Alta Resistência, 82
6.2.3 Classificação das Conexões Parafusadas, 82
6.3 Conexões Soldadas, 83
6.3 .1 Tipos de Solda, 84
6.3.2 Processos de Soldagem, 84
a) Eletrodo Revestido
b) Arco Submerso
6.3.3 Controle de Qualidade, 85
6.4 Conexões Flexíveis e Rígidas, 86
6.4.1 - Exemplos de Conexões Flexíveis, 87
6.42 - Exemplos de Conexões Rígidas, 91

Capítulo 7 - Projeto e Fabricação

7.1 Projeto da Estrutura, 93


7.1.1 Projeto de Engenharia, 93
7.1.2 Projeto de Fabricação, 94
7.1.3 Projeto de Montagem, 95
7.2 Os Trabalhos de Fábrica, 96
7.2.1 Setorização da Fábrica, 96
7.3 Fabricação de Perfis Soldados, 100
7.4 Fabricação de Perfis Formados a Frio, 100
7.5 Fabricação de Perfis Tubulares, 101
7.5.1 Sistema por Calandragem, 101
7.5.2 Processo com Prensas, 102
7.5.3 Processo de Produção Contínua, 102

Capítulo 8 - Lajes

8.1 Lajes ou Placas, 103


8.2 Laje de Concreto Moldada "In Loco", 103
8.3 Lajes de Painéis de Madeira e Fibrocimento, 103
8.4 Lajes de Painéis Armados de Concreto Celular, 104
8.5 Lajes Pré-Fabricadas Protendidas, 104
8.6 Pré-Lajes de Concreto, 104
8.7 Lajes Mistas, 105
8.8 "Steel Deck", 106

Capítulo 9 - Vedações

9.1 Introdução, 107


9.2 Alvenarias, 107
9.3 Interação entre Alvenarias e Elementos Estruturais de Aço, 107
9.4 Painéis, 109

Capítulo 10 - Corrosão

10.1 O que é Corrosão, 111


10.2 Como se dá a Corrosão, 111
10.2.1 Corrosão Química ou Seca, 111
10.2.2 Corrosão Eletroquímica ou Úmida, 111
10.3 Cuidados no Projeto, 114
10.4 Meios Corrosivos Mais Comuns, 116
10.5 Heterogeneidades e Corrosão, 116
10.6 Classificação dos Ambientes, 116
10.7 Os Meios Ambientes Típicos, 117

L
10.8 Formas de Corrosão, Quanto aos Danos Causados ao Metal, 118
10.8.1 Corrosão Uniforme, 118
10.8.2 Corrosão Localizada, 118
10.8.3 Corrosão Galvânica, 119
10.9 Proteção Contra a Corrosão, 119
10.9.1 Aumento da Resistência do Metal à Corrosão, 119
10.9.2 Redução da Ação Corrosiva do Meio, 120
10.9.3 Interposição de Barreira entre o Metal e o Meio, 120
10.9.4 Galvanização ou Zincagem, 120

Capítulo 11 - Preparação de Superfície

1l.lA Importância da Preparação de Superfície, 121


11.2Normas Internacionais para Preparação de Superfícies de Ferro e Aço, 121
11.3Intemperismo ou Grau de Corrosão, 121
11.4O Preparo de Superfície (Graus de Limpeza), 122
11.5As Vantagens da Limpeza por Jateamento, 125
11.6J ateamento com Água a Alta Pressão, 126
11.7Jateamento com Abrasivo Molhado ou Jateamento Úmido, 126
11.8Perfil de Ancoragem ou Rugosidade, 127
11.9Preparação de Superfície: Eqüivalência entre Normas, 128
~étodos de Limpeza de Superfície Recomendados - Condições de Serviço, 129
11.10
lUI Quadro-Resumo da Ação do Intemperismo e dos Graus de Limpeza, 132

Capítulo 12 - Pintura

12.1 Composição Básica de uma Tinta, 133


12.2 Tinta Monocomponente, 134
12.3 Tinta Bicomponente, 134
12.4 Classificação das Tintas, no Esquema de Pintura, 134
12.4.1 "Primer", 134
12.4.2 Intermediárias, 135
12.4.3 Acabamento, 135
12.5 Tipos Mais Importantes de Tintas, 135
12.5.1 Tintas à Base de Resina de Borracha Clorada, 135
12.5.2 Tintas à Base de Resinas Vinílicas, 136
12.5.3 Tintas à Base de Resinas Alquídicas (Sintéticas), 137
12.5.4 Tintas à Base de Resinas Epoxídicas, 137
12.5.5 Tintas à Base de Resinas de Poliuretano, 138
12.5.6 Tintas à Base de Etil-Silicato, 138
12 .6 Mecanismos das Tintas na Proteção Contra a Corrosão, 139
12.6.1 Proteção por Barreira, 139
12.6.2 Proteção Anódica, 140
12.6.3 Proteção Catódica, 140
12.7 Compatibilidade entre as Tintas, 141
12.7.1 Solventes na Tinta, 141
12.7.2 Tinta com Tinta, 141
12.7.3 Compatibilidade entre Acabamentos e Camadas Intermediárias ou "Primers", 142
12.8 Sistema de Pintura e Esquema de Tinta, 142
12.8. 1 Sistema de Pintura, 142
12.8.2 Esquema de Tinta, 142
12.8.3 Exemplos Genéricos de Alguns Sistemas de Pintura para Substratos de Aço,
Conforme a Classificação dos Ambientes de Exposição, 143
12.8.4 Resumo dos Esquemas de Pintura, 145
12.8.5 Comentários a Respeito dos Esquemas, 146

...,..----------------------------------------~.-~
~~------------~:::r~
_...ct~~~.zc~----------- ....
12.8.6 Custo da Pintura, 147
12.8.7 Tempo de Vida Útil da Pintura (Durabilidade), 147
12.9 Métodos de Aplicação das Tintas, 147
12.9.1 Aplicação com Trincha/Pincel, 147
12.9.2 Aplicação com Rolo, 147
12 .9.3 Pulverização Convencional, 147
12.9.4 Pulverização sem AR ("Airless"), 148
12.10 Medidas de Espessura da Película Úmida, 148
12.11 Medidas de Espessura da Película Seca, 148

Capítulo 13 - O Incêndio e as Estruturas de Aço

13.1 A Segurança Contra Incêndio, 149


13.2 Ação Térmica, 150
13.3 Áreas Compartimentadas, 151
13.4 Material Combustível, 151
13.5 Grau de Ventilação, 151
13.6 Fator de Massividade, 151
13.7 Incêndio-Padrão, 153
13.8 Resistência e Segurança Estrutural, 154
13.9 Os Revestimentos Protetores, 155
13.9.1 Argamassa de Asbesto, 157
13.9.2 Argamassa de Vermiculita, 157
13.93 Mantas de Fibra Cerâmica, 158
13.9.4 Mantas de Lã de Rocha, 158
13.9.5 Tintas Intumescentes, 159
13 .9.6 "Cementitious Fireproofing" ou Argamassa Composta de Gesso e Fibras, 159

Bibliografia, 161
1.1 - O Processo Siderúrgico
r=o processo de obtenção do aço, desde a c hegada do minério de ferro até o prod llt" fina l" - er
1 utilizado no mercado, em diferentes setores.
O aço pode ser definido como uma liga metálica composta principalmente dt ' 1'('1"1"0 t-' dt'
pequenas quantidades de carbono (de 0,0020/0 até 2,000/0 , aprox im ndaltlt'tlkJ . l"OIl!
propriedades específicas, sobretudo de resistência e de ductilidade, muito illlpol'Lltlle:- p'Hi!
as suas aplicações na Engenharia Civil.
O.4.ÇO A obtenção do aço, na forma de chapas, perfis e bobinas (chapas finas enrol ada, em tnmo de
um eixo), a partir de minério de ferro e de carvão mineral, decorre de uma sérit" dt, npt'm •.;tll ' '''
de transformação metalllrgica e de conformação mecâni ca.
Em linhas gerais, a fabricação do aço compreende o aproveitamento do feITo conl i(! t) nl l I1lint~]'i()
de ferro, pela eliminação progressiva das impurezas deste último. Na forma líquid;1. já is('nlo
das impurezas do minério, o aço recebe adições que lhe dão as caraclerísli('a~ de ... ejada ....
sendo então solidificado e preparado para a forma requerida.
Pode-se resumir o processo de fabricação do aço em quatro grandes etapas:
- preparo das matérias-primas (Coqueria e Sinterização);
- produção de gusa (Alto-forno);
- produção de aço (Aciaria);
- eonformação mecânica (Laminação).

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COOUERIA
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!.L§:a.
PATlO DE ALTO·FORNO ACIARIA lINGOTAI\'~·.-:-

MATE RIAS PRIMAS

SINTERIZACÃO

Nos aços utilizados na construção civil, o teor de carbono é da ordem de 0. 18 a O.l.)'Ié.


Em sua composição, o aço contém certos elementos residuais (enxofre, silíc io. I/I:- foro. dc,)
resultantes do processo de fabricação e também outros elementos de liga (cromo. 1I1il1lgdllt· .. .
níquel, etc.) propositadamente adicionados à liga ferro -carbono para alCa llt;,lr prl'jlriedild( ·. .
es peciai s . As propriedades dos aços, no e ntanto, não dependem apenas da ..;ua ('IIIIIIJU ... i\,j,I
química. Além dela, características ditas microestruturais, resultantes de tra t,\Jllt'nlo:-o It'·rtlli,·(I".
de deformação mecânica e da velocidade de solidifi cação. confe re m pro pr!(·dildt· ... fí:-i('; l:-o .
nwcâni(,3s e químicas adequadas às suas diversas apli cações.

Visra aérea de uma usina siderurgica inregrada à cogue

I
Para utilização em estruturas metálicas são empregadas ligas ferro-carbono, geralmente
denominadas aços-carbono de baixa liga. Estes aços contêm pequenos teores, inevitáve is e às
vezes até desejáveis , de outros elementos, tais como manganês e silício; são c omerc ializados
com base em sua resistência mecânica e não necessitam, em geral, de nenhum tratamento
térmico após a laminação.
Aço, ferro-gusa, ferro fundido:
Aço é uma liga metálica constituída basicamente de ferro e carbono, como foi definido
anteriormente, obtida pelo refino de ferro-gusa em equipamentos apropriados. Como refino
do gusa entende-se a diminuição dos teores de carbono e de silício e enxofre (que são
prej udiciais ao aço, em princípio).
Ferro -gusa é o produ to da primeira fusão do minério de ferro e contém cerca de 3,5 a 4,0% de
carbono.
Ferro fundido é O produto da segunda fusão do gusa, em que são feitas adições de outros
materiais até atingir um teor de carbono entre 2,5 a 3,0%, o que lhe confere propriedades
diferentes das do aço. No mercado, encontra-se ferro fundido com até 4,3% de carbono.
Nota: A usina siderú rgica pode ser integrada, produzindo o aço a partir do minério de
ferro, por transformação do gusa, como é o caso da Cosipa, CSN, CST e Usiminas, ou
não-integrada, em que o aço é obtido a partir de sucata.

1.1. 1 - Matérias-Primas
Para a oblenção do aço são necessárias basicame nte duas matérias-primas: o minério de ferro
e o carvão mi neral. O minério de ferro (principalmente a hematita) e o carvão mineral não são
encontrados puros, sendo acompanhados de elementos indesejáveis ao processo. O preparo
prévio das matéri as-primas tem por objetivo aumentar a eficiência de operação do alto-forno
e da aciaria, bem como reduzir o consumo de e nergia.

Pátio de Matérias -Primas

1. 1. 2 - Coqueria e Sinte rização


a) Coqueria - O carvão mineral utilizado nos altos-fornos deve fornecer energia térmica e
química necessária ao desenvolvimento do processo de redução (produção de gusa) e ainda
assegurar uma permeabilidade adequada à carga do alto-forno. A eliminação das impurezas é
feita em uma bateria de fornos ou células de coqueificação denominada Coqueria.
A coqueificaç ão é o processo de destilação do carvão em ausência de ar, com liberação de
substâncias voláteis, que ocorre nas células de coqueificação à temperatura de 1300 °C, em
média duran te 18 horas. O produto resultante, o coque metalúrgico, é um resíduo poroso
composto basicamente de carbono, com elevada resistência mecânica e alto ponto de fusão. O
cogue, nas e specificações físi c as e químicas requeridas, é encaminhado ao alto-forno ~e os
finos de coque são enviados à sinterização e à aciaria. O coque é a matéria-prima mais
importante na compos ição do custo de um alto-forno (60%).
16
- -
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Operação de desenfornamento da Coqueria

b) Sinterização - A preparação do minério de ferro para a produção do gusa é o mais importante


aperfeiçoamento do alto -forno moderno, pois deve haver um cuidado especial com a
granulometria da carga a ser nele colocada, uma vez que a velocidade com que o ar pode
entrar para executar a combustão é proporcional à permeabilidade do meio. Como os finos de
minério são indesejáveis para o processo de obtenção do gusa no alto-forno, devido a fatores
de granulometria e de resistência mecânica, eles devem ser aglutinados antes do início do
processo. Aos finos do minério são adicionados fundentes (finos de calcário, areia de sílica.
por exemplo, e moinha de coque, além de finos do próprio sínter); o conjunto é depositado em
uma grelha móvel que passa por um forno, para fundir a mistura. Segue-se um processo de
resfriamento e britagem, para que o material atinja a granulometria adequada. Tal processo
de aglomeração é denominado Sinterização e o produto final é o sínter, que possui dimensão
superior a 5mm de diâmetro médio. Em decorrência de suas características combustíveis e de
permeabilidade, o sínter tomou-se mais importante para o processo do que o próprio minério
de ferro.

Sinterização 3

1.1.3 - Alto-Forno
A metalurgia do ferro consiste basicamente na redução dos seus óxidos por meio de um redutO!;
o cague metalúrgico.
A transformação do minério de ferro em gusa é feita em um equipamento chamado alto-forno,
enorme cuba com 50 a 100 m de altura, na presença de coque metalúrgico e de fundentes. O
princípio básico de operação de um alto-forno é a retirada do oxigênio do minério, que as.im
é reduzido a ferro.
17
Esta red ução é resultante da combinação do carbono presente no coque com o oxigênio do
mi né rio, e m uma reação exotérmica. Simultaneamente, a combustão do carvão com o oxigênio
do ar forn ece calor para fundir o metal reduzido.
O carregamento do alto-forno é feito pela sua parte superior. Equipamentos especiais
transportam o miné rio de ferro, na forma de sínter, misturado em proporções ade quadas com
o cagu e e os fund entes . O ar necessário para a queima do caque é previamente aquecido e
inj etado sob pressão através de tubos denominados ventaneiras, localizados na região inferior
do alto-forno. Os gases resultantes da combustão atravessam no sentido ascendente as camadas
de mi né rio e coque, que devem possuir permeabilidade adequada, até o topo do alto-forno.
Ao en trar em contato com o ar quente (1000 0c) soprado através das ventaneiras, o coque
entra em combustão, gerando calor e reduzindo o minério de ferro, dando origem ao ferro -
gusa e à escória. A temperatura no interior do alto-forÍlO chega a 1500 oCo
Obs. : A escória é vendida para fabricação de cimento.

CAR RO· TORP EDO

Alto -fomo Carro-torpedo

O gusa líquido "vazado" do alto-forno é transportado em vagões revestidos internamente por


e leme ntos refratários, de nominados carros-torpedo; a escória, por ser de peso específico menOl;
é retirada por um orifíc io situado acima do banho de metal.
Os ('a rros-torpedo passam por uma estação de dessu lfuração, em que o e nxofre é reduzido a
teores ace itáveis. Concluída a análise química, que fornece a composição da liga e m termos
ele carbono, silíc io, fósforo, enxofre e manganês, o carro-torpedo segue para a aciaria, se tor
e m qlle o gusa será transformado em aço.

1. 1.4 - Aciaria
O gusa ainda conté m vários elementos indesejáveis ao processo e à composição quími ca
adequ ada do aço. Há, portanto, necessidade da redução suplementar dos teores desses
e leme ntos , o que é fe ito por meio da ope ração de refino, na unidade indus trial de nomin ada
Ac iari a.
A finalidad e da aciaria é transformar o ferro -gusa em aço (refino). Esta operação é feita em
um conve rsor, por me io de inj eção de oxigê nio puro (*), sob alta pressão, e m banho de gusa
líq uid o, eom adição de sucata de aço (que ajuda no controle da composição da liga metáli ca e
também da tempe ratura do me tal líqu ido). No convers01; o oxigê nio soprado reage com os
produtos existentes, gerando altas temperaturas (aproximadamen te 1700 0C), combinando-os
com o s ilíc io, manganês, carbono , e tc ., caracte rizando o processo de refino ou de redu ção.
18
.
Os produtos indesejáveis são eliminados pela escória, que se forma na supedYcie cio banho .
ou como gases, que são queimados na boca do equipamento. Em seguida, quando o aço es tá
na composição correta, o metal é transferido diretamente para o lingotamento contínuo.
Eventualmente, como etapa prévia para o ajuste fino da composição do aço, () conversor é
inclinado lentamente sobre uma panela, preenchendo-a totalmente com aço líquido, tomando
o cuidado de evitar a saída da escória.
Nessa panela é feito o ajuste da composição final do aço.

a) Conversor - tem a função de reduzir carbono, silício e fósforo por meio de uma fonte de
calor gerada pela injeção de oxigênio puro.
A composição média final dos aços estruturais é: C- 0,2%; Si- 0,1 %; Mn- 0,1 %.

b) Metalurgia de Panela - tem a função de ajustar a composição final do aço, reduzindo


impurezas e "acalmando" o aço, o que corresponde a diminuir o teor de oxigênio livre, por
meio de desoxidantes como alumínio ou silício.

(*) Obs.: as grandes usinas siderúrgicas brasileiras utilizam o processo Linz-Donawitz (LD) .
INJEÇÃO DE OX I G~NI O

Aciaria 1

1.1.5 - Lingotamento Contínuo


No lingotamento contínuo, o aço é transferido diretamente do conversor ou da panela para o
distribuidor e deste para o molde. No início da operação, uma barra falsa limi ta a quantidade
de metal líquido no molde, no qual se inicia a solidificação do aço, que é retirado continuamente
por rolos extratores. O veio metálico é resfriado, sendo cortado a maçarico e transformado em
esboço de placa.

250 mm (e)

800 a 2000 mm (ll


3000a 5CO(l mm (c)

Aciaria n - Lingotamento Contínuo


1(
1.1.6 - Laminação a Quente
A fase segui nte do processo é a da Laminação, que consiste na redução da área da seção
tra nsversal, com conseqüente alongamento, do produto recebido do lingotamento, para
conformá-lo na apresentação desejada (chapas grossas ou finas, perfis, etc.). A laminação de
uma placa (250 mm de espessura aproximadamente) compreende o seu pré-aquecimento e
posterior deformação, pela passagem sob pressão entre os laminadores (cilindros), reduzindo
a sua espessura até a medida desejada para a comercialização. Denomina-se chapa a placa
que sofreu red ução de espessura por laminação.
Dependendo de sua espessura, as chapas podem ser fornecidas sob a forma de bobinas, mas
este acondicionamento pode não ser adequado ao uso em perfis soldados, pois as chapas têm
a tendência de retornar à sua posição deformada na bobina, por ocasião da soldagem dos
perfis.

As placas são transfonnadas em c hapas grossas (CG) , produzidas no


lam inador de chapas grossas - LCG

a) Laminador de Chapas Grossas

Chapas grossas:
espessura: 6 a 200 mm;
largura : 1000 a 3800 mm;
comprimento: 5000 a 18000 mm.

TEMPERATURA: 12S0°C TEMPERATURA 8S0oe

ESPESSURA ESPE SS URA


DE ENTRADA: DE SAlDA
de 200 a 500 mm
de 6 a 2 00 mm

Laminado r de Chapas Grossas

20
I. Produtos do LCG (chapas grossas)

DIMENSÕES·PADRÃO (mm) _ .

ESPESSURAS VJjGURAS
"'.
6,30 8.00 9.5~ 1200
12,50· 16;00 1830
22,4G 25,00" 28}50 2200
31,50 37,50 44.50 2440 2750
50,00 83.00 75.00 3000 3500
89,00 100,00 3800

Nota: As placas também podem ser transformadas em chapas e bobinas, finas e grossas (LQ),
produzidas no laminador de tiras a quente - LTQ.

b) Laminador de Tiras a Quente

Tiras a quente:
espessura: 1,20 a 12,50 mm;
largura: 800 a 1800 mm.

ESPESSURA ESPESSURA
DE ENTRAD A DE SAIOA"
30 mm de 1,20 • 12,50 mm

Laminador de Tiras a Quente

lI. Produtos do LQ (laminador a quente)

DIMENSÕES·PADRÃO (mm)

ESP ESSURAS "". ' RGURAS' COMPRIMENTOS

2,00 2.25 2.85 ; 1000 1100


3\00 3,35 3.75 1200 1500
4,25 4,50 4,75
5.00 ••30 8,00
9,5Q 12.50

Nota: Tensões residuais - após a laminação, conforme o grau de exposição da chapa ou do


perfillaminado, as diferentes velocidades de resfriamento levam ao aparecimenlo de tensões
permanentes nos laminados, que recebem o nome de tensões residuais. Em chapas, por exemplo,
as extremidades resfriam-se mais rapidamente do que a região central, contraindo·se; quando a
região central da chapa resfria-se, as extremidades, já solidificadas, a impedem de contrair-
se livremente.
21
Assim, a~ tensões residuais são de tração, na região central, e de compressão, nas bordas.
Essas tensões são sempre normais à seção transversal das chapas e, evidentemente, têm
resulta nte nula na seção.
As operações executadas posteriormente, nas fábricas de estruturas metálicas, envolvendo
aq uec im ento e resfriamento (soldagem, corte com maçarico, etc.) também provocarão o
surgimento de tensões residuais. Em perfis soldados, permanecerão tensões longitudinais de
tração, nas regiões adjacentes aos cordões de solda, após o resfriamento.
A presença de tensões residuais faz com que a seção comece a plastificar-se progressivamente,
antes que a peça atinja a sua plena carga de plastificação.

Por simplicidade, a norma NBR 8800 indica um valor único a ser adotado para a tensão
residual igual a 115 MPa.

I .1. 7 - Laminação a Frio


L<ltllinador de Tiras a Frio

Tiras a frio :
espessura: 0,30 a 3,00 mm;
largura : 800 a 1600 mm.
Característica principal: melhor acabamento.

TEMPERATURA AMBIENTE
ESPESSURA ESPESSURA
DE ENTR ADA: DE $AI::JA
de 1,50 • 5,00 m m de 0,30 a 3,00 mm

BOBIN A

'} 000

Lami nador de Tiras a Frio

lU. Produtos do LF (Iaminador a frio)

:~ •':. ' DIMENSÕES·PADRÃO (mm) ~.

ESPESSURAS LARGURAS COM PRIMENTOS

0,45 0,60 0,75 1000 1100 2000


0,85 . 0,90 1,06 1200 1500 2500
1,20 \ 1 ,50 1,70 3000
1,90 2,25 2,65

22
1.1.8 - Produtos

a) Chapas

b) Chapas Grossas

c) Bobinas
23
1.2 - Propriedades dos Aços Estruturais
Comentário inicial:
As propriedades mecânicas constituem as características mais importantes dos aços, para a
sua aplicação no campo da engenharia, visto que o projeto e a execução das estruturas metálicas,
assim como a confecção dos componentes mecânicos, são baseados no seu conhecimento. As
propriedades mecânicas definem o comportamento dos aços quando sujeitos a esforços
mecâni cos e correspondem às propriedades que determinam a sua capacidade de resistir e
transmitir os esforços que lhes são aplicados, sem romper ou sem que ocorram deformações
exceSSl vas o

1.2.1 - Diagrama Tensão-Deformação


Uma barra metálica submetida a um esforço de tração crescente sofre uma deformação
progressiva de extensão (aumento de comprimento).

Deformação Linear Específica


ou Alongamento (e) = ~t

Tensão (a ) = ~

M'd I d EI "d d (E) Tensão (a)


o u o e astlcl a e = Defonnação(f)

A relação entre a tensão aplicada e a deformação resultante pode ser acompanhada pelo
diagrama tensão-deformação. Os valores para a construção deste diagrama são obtidos
submetendo-se o material ao ensaio de tração, sendo a deformação medida com o auxílio de
um aparelho denominado extensômetro, acoplado à máquina de ensaio.
Tens30 (($)

I I DE

Deformação linear
Especifica (E.) "
• FASE' 'FASE' 'FASE'OE 2'0253035
eLÁsTICA PLÁSTICA RUPTU RA
Diagrama Tensão-Deformação
Diagrama Tensão-Deformação do aço ASTM A-36
de um aço (escala deformada).

Dentro de certos limites (fase elástica), ao tracionar-se uma peça, a sua deformação segue a
lei de Hooke, ou seja, é proporcional ao esforço aplicado. A proporcionalidade pode ser
observada no trecho retilíneo do diagrama tensão-deformação e a constante de
proporcionalidade é denominada módulo de elasticidade ou módulo de deformação longitudinal.
Ultrapassado o limite de proporcionalidade, tem lugar a fase plástica, na qual ocorrem
deformações crescentes sem variação da tensão (patamar de escoamento). O valor constante
da tensão, nessa fase, é chamado limi te de escoamento do aço.
24
Após o escoamento, ainda na fase plástica, a estrutura interna do aço se rearranja e o material
passa pelo encruamento, em que se verifica novamente a variação da tensão com a deformação,
porém não-linearmente. O valor máximo da tensão é chamado de limite de resistência do aço.
O limite de escoamento de um material é calculado dividindo-se a carga máxima que ele
suporta, antes de escoar, pela área da seção transversal inicial do corpo de prova. Em materiais
como os aços, o limite de escoamento é bem definido, pois a determinada tensão aplicada o
material escoa, isto é, ocorre deformação plástica sem haver praticamente aumento da tensão.
O limite de escoamento é a constante física mais importante no cálculo das estruturas de aço.
Deve-se impedir que essa tensão seja atingida nas seções transversais das barras, como forma
de limitar a sua deformação.

L.Re
L.E.
o

Cf!
z
w
>-
DEFORMAÇÃO

O limite de resistência à tração de um material é calculado dividindo-se a carga máxima que


ele suporta, antes da ruptura, pela área da seção transversal inicial do corpo de prova. Este
limite, como os demais, é expresso em unidade de tensão (kgf/cm' ou kN/cm' ou MPa). Observa-
se que o limite de resistência é calculado em relação à área inicial, o que é particularmen te
importante para os materiais dúcteis, uma vez que estes sofrem uma redução de área quando
solicitados pela carga máxima. Embora a tensão verdadeira que solicita o material seja
calculada considerando-se a área real, a tensão tal como foi definida anterionnente é mais
importante para o engenheiro, pois os projetos devem ser feitos com base nas dimensões iniciais.

Verdadeira \ '
,/

L.Re --
L.E.

o

Cf!
z
w
>- L-~~~__~~__
DEFORMAÇÃO

Em um ensaio de compressão, sem a ocorrência de flambagem, obtém-se um diagrama tensão-


deformação similar ao do ensaio de tração, porém com tensões sempre crescentes após o
escoamento; ocorre um aumento da área da seção transversal, sem que seja atingida a ruptura
propriamente dita.

1.2.2 - Elasticidade
Elasticidade de um material é a sua capacidade de voltar à forma original após sucess ivos
ciclos de carregamento e descarregamento (carga e descarga).
Uma peça de aço, por exemplo, sob o efeito de tensões de tração ou de compressão sofre
deformações, que podem ser elásticas ou plásticas. Tal comportamento deve-se à natureza
cristalina dos metais, pela presença de planos de escorregamento ou de menor resistência
mecânica no interior do reticulado.
25
A deforlll ação elástica é reversível, ou seja, desaparece quando a tensão é removida.
A relação entre a te nsão e a deformação linear específica é o módulo de elasticidade,
característica dos materiais elásticos (ou que possuam fase elástica) relacionada com a sua
rigidez.
Quanto mais intensas forem as forças de atração entre os átomos maior será o módulo de
elasticidade. Nos aços e no ferro fund ido, o módulo de elasticidade médio é da ordem de
2100000 e 1900000 kgf/cm 2 , respectivamente, a uma temperatura de 20°C.
A deformação elástica é conseqüência da movimentação dos átomos constituintes da rede
cristalina do material, desde que a posição relativa desses átomos seja mantida.

1.2.3 - Plasticidade
Deformação plástica é a deformação permanente provocada por tensão igualou superior ao
limite de escoamento. É o resultado de um deslocamento pennanente dos átomos que constituem
o material, diferindo, portanto, da deformação elástica, em que os átomos mantêm as sua posições
relativas.

Ten são

Deformação

A deformação plástica altera a estrutura interna de um metal, tornando mais difícil o


escorregamento ulterior e aumentando a dureza do metal. Este aumento na dureza por defonnação
plást ica é denominado endurecimento por deformação a frio ou encruamento e é acompanhado
de elevação do valor do limite de escoamento e do limite de resistência.
O encrllamento reduz a ductilidade do metal, pois parte da elongação é consumida durante a
deformação a frio.

1.2.4 - Ductilidade
Ductilidade é a capacidade dos materiais de se deformar plasticamente sem se romper. Pode
ser medida por meio do alongamento (1:) ou da estricção, que é a redução na área da seção
transversal do corpo de prova.
Quanto mais dúctil o aço maior é a redução de área ou o alongamento antes da ruptura.
A ductilidade tem grande importância nas estruturas metálicas, pois permite a redistribuição
de tenseies locais elevadas. As vigas de aço dúcteis sofrem grandes deformações antes de se
rompel; o que na prática constitui um aviso da presença de tensões elevadas. Um material não-
dÚClil, () ferro fundido, por exemplo, não se deforma plasticamente antes da ruptura. Diz-se, no
caso, que o material é de comportamento frágil, ou seja, apresenta ruptura frágil.

L.Re -- ----

o

Cf)
z
w
~ L-__________~--__

DEFORMAÇÃO

26
~~..r~=
- ~~~~""""""""""~~"""""~""""""""~~~"""--~"'--
1.2.5 - Tenacidade
Tenacidade é a capacidade que têm os materiais de absorver energia quando submetidos a
carga de impacto.
Em outras palavras, tenacidade é a energia total, elástica e plástica, que um material pode
absorver por unidade de volume até a sua ruptura (medida em J/m3 - Joules por metro cúbico),
representada pela área total do diagrama tensão-deformação.
Obs .: um material dúctil com a mesma resistência de um material frágil vai requerer Inalor
quantidade de e nergia para ser rompido, sendo, portanto, mais tenaz.

1.3 - Influência dos Elementos de Liga nas Propriedades dos Aços


A composição química determina muitas das características importantes dos aços, para
aplicações estruturais. Os elementos de liga, circunstancialmente, já aparecem no fe rro-gusa
como parte integrante do minério de ferro, ou então são adicionados durante o processo de
produção do aço. A composição química de cada tipo de aço é analisada em duas si tuações :
composição do aço na panela e composição do produto acabado (lingotado); geralmente, de
uma situação para outra, há pequenas diferenças no resultado da análise.
A maioria dos elementos de liga substitui os átomos de ferro na rede cristalina: somente
átomos relativamente pequenos são alojados em espaços intersticiais (carbono, boro, ni trogênio,
hidrogênio).
A seguir, será descrita a influência dos principais elementos de liga no estabelecimento das
características dos aços estruturais, ressalvando que os efeitos de dois ou mais elementos
usados simultaneamente podem ser diferentes dos efeitos de adições desses elementos
isoladamente.

Carbono (C): O aumento do teor de carbono constitui a maneira mais econômica para obtenção
da resistê nc ia mecânica nos aços, atuando primordialmente no limite de resistência. Por outro
lado, prejudica sensivelmente a ductilidade (em especial o dobramento) e a tenacidade.
Teores elevados de carbono comprometem a soldabilidade e diminuem a resistência à corrosão
atmosféri ca (o teor de carbono é usualmente limitado a 0,20%, nos aços resistentes à corrosão
atmosféri ca).
Obs.: a cada 0,01 % de aumento no teor de carbono, o limite de escoamento é elevado em
aproximadamente 0,35 MPa. Contudo, além dos inconvenientes já citados, há o alimento da
suscetibilidade ao envelhecime nto. Assim, o teor de carbono nos aços estruturais é limitado
em 0,3%, no máximo, podendo ser reduzido em função de outros elementos de li ga presen tes.

Manganês (Mn): É usado praticamente em todo aço comercial. O aumento do teor de manganês
é também uma maneira segura de melhorar a resistênc ia mecânica, atuando e specialmente
sobre o limite de escoamento e a resistência à fadiga . Prejudica a soldabilidade, sendo, porém.
menos prejudicial que o carbono; sua influência sobre a ductilidade é levemente desfavorável.
pouco atuando sobre a resistência à corrosão.

Silício (Si): É usado como desoxidante do aço. Favorece sensivelmente a resistência mecânica
(limite de e scoamento e de resistência) e a resistênc ia à corrosão , reduzindo porém a
soldabilidade.

Enxofre (S): É extremamente prejudicial aos aços. Desfavorece a ductilidade, em espec ia l


o dobramento transversal, e reduz a soldabilidade. Nos aços comuns, o teor de enxofre é
limitado a valores abaixo de 0,05%.

Fósforo (P) : Aume nta o limite de resistência, favorec e a resistê ncia à c orrosão e a dureza.
prejudicando, contudo, a ductilidade e a soldabilidade. Quando ultrapassa certos teores, O
fósforo torna o aço quebradiço.
27
Cobre (Cu): Aumenta de forma sensível a resistência à corrosão atmosférica dos aços, em
ad ições de até 0,35%. Aumenta também a resistência à fadiga, mas reduz, de forma discreta,
a ductilidade, a tenacidade e a soldabilidade.

Níquel (Ni): Aumenta a resistência mecânica, a tenacidade e a resistência à corrosão. Reduz


a soldabilidade.

Cro lno ( Cr): Aumenta a resistência mecânica à abrasão e à corrosão atmosférica. Reduz,
porém, a soldabilidade.
O cromo melhora o desempenho do aço a temperaturas elevadas.

Nió bio (Nb) : É um elemento muito interessante, quando se deseja elevada resistência
mecânica e boa soldabilidade ; teores baixíssimos deste elemento permitem aumentar o limite
de resistê ncia e , de fonna notória, o limite de escoamento. É um componente quase obrigatório,
nos aços de alta resistência e baixa liga: além de não prejudicar a soldabilidade, permite a
di minui ção dos teores de carbono e de manganês, melhorando, portanto, a soldabilidade e a
tenacidade. Entretanto, o seu efeito sobre a ductilidade é desfavorável

Titâ,úo (TI) : Aumenta o limite de resistência, a resistência à abrasão e melhora o desempenho


do aço a temperaturas elevadas. É utilizado também quando se pretende evitar o envelhecimento
precoce .

. INFlU~NCIA DOS ELEMENTOS DE LIGA NAS PROPRIEDADES DOS AÇOS

DUCTlEUUDADE

R E S IST ~N C tA

Legenda: (.) eleito positivo ; ( . ) efeito negativo.

1 .4 - Aços Estruturais
Comentário inicial :
Existe uma grande variedade de formas e de tipos de aços disponíveis, o que decorre da
necessidade de contínua adequação do produto às exigências de aplicações específicas que
vão surgindo no mercado, seja pelo controle da composição química, seja pela garantia das
propriedades mecânicas requeridas ou, ainda, por sua forma fin al (chapas, pems, tubos,
barras , etc.).
Para a utilização na conshução civil, o interesse maior recai sobre os chamados aços estruturais ,
te rmo des ignativo de todos os aços que, devido à sua resistência, ductilidade e outras
propriedades, são adequados para utilização em elementos que suportam cargas.

1 .4.1 - Aços-Carbono (Média Resistência Mecânica)


De acordo com a NBR 6215 - Produtos Siderúrgicos, aço-carbono é aquele que contém
ele mentos de liga em teores residuais máximos admissíveis ( Cr = 0,20%, Ni = 0,25%:
AI = 0,10%, B = 0,0030% e Cu = 0,35%), com teores de Si e Mn obedecendo os limites
máximos de 0,60% e 1,65%, respectivamente.
28
Em função do teor nominal de carbono, os aços-carbono podem ser divididos em três classes:
- baixo carbono: C .;;; 0,30%;
- médio carbono: 0,30% < C < 0,50%;
>
- alto carbono: C 0,50%.
O aumento do teor de carbono produz red ução na ductilidade, o que acarreta problemas na
soldagem. No entanto, os aços-carbono com até 0,30% de carbono (baixo carbono) podem ser
soldados sem precauções especiais, sendo também os mais adequados à construção ci vi l.
A tabela a seguir resume as principais características e aplicações dos aços-carbono:

CLASSE
PAlNc&PÀis
CA RACTER(ST ICAS APUCÁçOes

<440 Pontes, ediflcios,


navios, caldeiras,
tubos, estruturas
mecânicas , ele.

Estruturas parafusadas
«o a 590 de navios e vagões,
tubos, estruturas
mecânicas, implementas
agrlcolas. etc ..

590 a 780
..
'.
Peças mecânicas,
Implementas agrícolas,
trilhos e rodas ferroviárias.

As normas de dimensionamento (NBR 8800, AISC/LRFD e AISI/LRFD) fornecem diversos


tipos de aços que podem ser especificados nos projetos estruturais. Serão destacados os
principais:
ASTM A-36 - especificado pela American Society for Testing and Materiais (ASTM), é o mais
utilizado na fabricação de perfis soldados e laminados, sendo produzido com espessuras maiores
do que 4,57mm ;
NBR 6648/CG-26 - especificado pela ABNT, é utilizado na fabricação de perfis soldados e o
que mais se assemelha ao anterior;
NBR 7007/MR-250 - é utilizado para a fabricação de perfis laminados, sendo semelhante ao
ASTM A-36;
ASTM A-570 - é o mais utilizado na fabricação de perfis formados a frio, sendo produzido
com espessuras menores do que 5,84mm ;
NBR 6650/CF-26 - especificado pela ABNT, é utilizado na fabricação de perfis formados a i
frio e o que mais se assemelha ao anterior.
A seguir, são fornecidos os valores dos limites de escoamento (f,) e da resistência desses aços .
I•
l

i
TIPO DE AÇO

250

275

260

250

Válido para espessuras e " 16 mm


•• Válido para espessuras t6 < e o:; 40 mm

29
Propriedades e dime nsões-padrão dos aços ASTM A-36 e ASTM A-570 grau 44:

ESPECIFICAÇÃO TIPO DE PRODUTO ESPESSURA (e) lE DOBRAIIE/-IT I,Ó~GÍLUDINAL


, ~

(mm) (MPa) e (min .) . CALÇO·


, 0(19,50 0,5 (e)

400
- 19.50 a 25,40 1,0 (e)
6,00 a 152,40 25,40 a 38,10 1 ,5 (e)
AS T M· A-3 6 CG a
550 38,10 a 50,80 2,5 (e)
" >50,80 3,0Ie)

Ta 4,57 a 12,70 4,57 a 12,70 0,5Ie)

AS TM-A-570 (grau 40) Ta ;li 5,84 .. 5,84

1.4.2 - Aços de Baixa Liga


(Média e Alta Resistência Mecânica, Resistentes à Corrosão Atmosférica)
A poluição da atmosfera terrestre, que acompanha a evolução da atividade industrial, agrava
a ação da corrosão atmosférica sobre os metais em geral. Estudos têm demons trado os efeitos
da corrosão atmosférica sobre os aços, provocando significativas alterações em seu desempenho,
que dependem basicamente da composição química e das condições ambientais a que estão
submetidos. Ficou evidenciado que a adição de pequenas quantidades de certos elementos,
em especial do cobre, cria uma espécie de barreira à corrosão do aço. No tocante aos tipos de
at mosfe ra que afetam os metais, e os aços em particular, convencionou-se adotar os seguintes
pad rões: urbana, industrial, rural e marinha. A adição, em pequena proporção, de elementos
de liga, como cobre, cromo, fósforo e silício, criou o grupo dos aços patináveis ou aclimáveis,
q ue se caracteriza por excelente resistência à corrosão atmosférica aliada à resistência mecânica
adequada.

A água atravessa a camada de ferrugem pelos Fino filme aderente de ferrugem (pátina), no qual
poros e fi ssuras. atingindo o metal. sais insolúveis de sulfato bloqueiam poros e
fissuras, protegendo o metal.

a ) - Resistência à Corrosão Atmosférica: A Característica dos Aços Patináveis


Os aços patináveis ou aclimáveis apresentam como principal característica a resistência à
corrosão atmosférica, muito superior à do aço-carbono convencional, conseguida pela adição
de pequenas quantidades dos elementos de liga já mencionados. Quando expostos ao clima
(daí o nome aclimáveis), desenvolvem em sua superfície uma camada de óxido compacta e
ad erente, q ue funciona como barreira de proteção contra o prosseguimento do · processo
corrosi vo, possibilitando, assim, a utilização desses aços sem qualquer revestimento. Esta
ba rreira ou pátina protetora só é desenvolvida quando a superfície metálica for submetida a
ciclos allernados de molhamento (chuva, nevoeiro, umidade) e secagem (sol, vento). O tempo
necessário para a sua formação varia em função do tipo de atmosfera a que o aço está exposto,
sendo em geral de 18 meses a 3 anos; após um ano, porém, material já apresenta uma °
homogênea coloração marrom-clara. A tonalidade definitiva, uma gradação escura do màrrom,
será função da atmosfera predominante e da freqüência com que a supelfície do material se
moI ha e se seca.
30

~----------------------~-------------------=~------~'---
Para ilustrar o desempenho diferenciado dos aços patináveis quanto à resistência à corrosão
atmosférica, os dois gráficos a seguir demonstram o resultado comparativo dos aços de
baixa liga com um aço-carbono estrutural, sob atmosfera marinha, em Arraial do Cabo - RJ. ~
com aço ASTM A-36, sob atmosfera do tipo industrial, em Tobata, Japão .
ATMOS FERA INDU SI RIAL

1 Perda de
I espessura (mm)

Ar M O SF ~ RA MARINHA

1 Perda de
I espessura (mm)

eSOC S1cêc (IIno!

10 12 14

AÇOcartoono oomum 0 00 o Aç OASTM A 36


• Aço"''''' • AI:;oPalnbel

De acordo com a NBR 6215, são aços com teor de carbono inferior ou igual a 0,2 5%,
com teor total de elementos de liga inferior a 2,0% e com limite de escoamento igua l ou
superior a 300 MPa. Usualmente, esses aços são fabricados com baixo teor de carbono e
pequenas adições de elementos de liga, tais como níquel, cromo, molibidênio, vanárlio .
titânio, nióbio, cobre, zircônio ou boro, além de manganês e silício, em algumas combinações
e quantidades adequadas, de forma que se obtenha alta resistência, manten do boa
ductilidade, tenacidade, soldabilidade, resistência à corrosão e à abrasão.
A utilização de aços de alta resistência proporciona uma redução na espessura das peças,
comparativamente aos aços-carbono, ° que implica em redução do consumo e melh or
aproveitamento do material, o que os recomenda nas aplicações da construção civil.
Aços de alta resistência e baixa liga disponíveis no mercado:
USI-SAC-350, COS -AR-COR 500 e CSN COR 500 que possuem alta resist ê nc ia
mecânica. Devem ser citados também os aços que, apesar de sua alta resistência à corrosão,
possuem média resistência mecânica:
USI-SAC-250 e 300, COS-AR-COR 400 e 400 E, e CSN COR 420.

b) - Composição Química
Na tabela a seguir estão as composições químicas dos aços patináveis produzidos no Brasi l:

C Mn S Si Cu Cr AI Ti Nb V
(%) (") (") (") (") (%) (") (") (%) (%)

USJ.SAC.050 0.1a 1.40 0.025 • 0.15 a 0.258 0.40 a


• (USI·SAC-6O) (mb.) (màx.) 0.030 0.55 0.50 0.65 (max.)
USI-SAC-2S0 0.18a 0.25 a 0.40a
" 0.20 1.30 < 0.35
0.50 0.65
~')

----
USl-SAc.300
(USHiA,C.41 f)
..,.
0.18.
1.30
0.25 a
0.50
0.40 a
0.65
0.10 a 1.00 • 0.20. 0.40.
COS-AR-COA 500 0.16 1.20 I: 0.50 '. 0.70 .
COS-AR-COR 400
0.11 a
0.16
, 0.60
1.20
• 0.50
(mb.)
" 0.15.
0.50
0.40a ;"' .
0.70 •
0.11 a
COs-AA-COR 400 E 0.16 , 0.60
1.20
a 0.030 0.015
(mb.)
0.50
(mix.)
' 0.15a 0.40 a
0.70
0.17 1.20
mixo
0.025 .0.025
0.50
0.20 a 0.55 a 0.015a
._---
0.04
-
CSN COR 500 035

,...
(mex.) (-) (-I (n'e><.) (max.)
-,------
0.50 0.80 0.07 \. ~. )
-
0.17 0.025 0.025 0.35 0.208 0.55 a 0.015 a
CSN COR 42Q
(mex.) (-) (mu.) (max.) (max .) 0.50 0.80 0.07

Nota' ... . Ti, Nb 9 V utilizados combinados ou separadamente de modo Que Ti + Nb + V .. 0 ,15%.

31
c) - P ropriedades Mecânicas
Além da excelente soldabilidade, os aços patináveis podem apresentar tanto alta como
média resistência mecânica; no primeiro caso, proporcionam economia no peso da estrutura,
pela redução da espessura da chapa.
N a tabela a seguir são mostradas as propriedades mecânicas dos aços patináveis brasileiros:

LE
SIDERÚRGICA (lI pa)

CSNCOR420
., CSN .
CSN CQR 500

NOMENCLATURA:
LE ,. limite de escoamento . LA· limite de ruptura • ( MPa _ , O Kg1/cm j . e· espessura da chapa

d) - Aplicações e Condições de Utilização


O aço pati nável surgiu em 1933, nos Estados Unidos, tendo como aplicação específica a
fabricação de vagões de carga. A consolidação do aço patinável sem revestimento, contudo,
se deu em definitivo nos Bnos 60, a partir de duas utilizações: na engenharia civil, em torres
de transm issão; na arquitetura, em projetos de estruturas de edifícios comerciais e residenciais.
Na arquitetura, a primeira edificação em aço patinável sem revestimento foi construída em
Illinois, Estados Unidos, no início da década de 60. Trata-se do edifício administrativo da
Deere & Company, projetado pelo arquiteto Eero Saarinen.
Hoje, o aço patinável é largamente utilizado em diversos campos de aplicação, notadamente
na construção civil, com destaque para pontes, viadutos, passarelas, edifícios de andares
múltiplos, edifícios industriais, estações ferroviárias e rodoviárias, residências, caixas d'água, etc.
Esse tipo de aço tem como vantagem adicional oferecer a opção de ser utilizado revestido ou
sem qualquer proteção (além da pátina que se forma).
A escolha dependerá, primordialmente, do projeto, do ambiente e do grau de contaminação a
que o aço estiver exposto, bem como das condições de sua utilização.

Utilização Sem Revestimento:


O uso de aços patináveis sem revestimento é recomendado para ambientes em que possam
formar inteiramente a camada de óxido protetor (pátina). De forma geral, atmosferas
classificadas como industrial não muito agressiva, rural, urbana e marítima (distante mais de
600 m da orla marítima) podem abrigar aplicações de aços patináveis sem revestimento. Em
atmosferas industriais altamente agressivas, sua resistência à corrosão é menor, porém sempre
superior à do aço-carbono comum.
Cuidados especiais:
Na utilização dos aços patináveis não revestidos, para desenvolver a camada de óxido de
forma compacta, aderente e homogênea, e com característica protetora, são necessários alguns
cuidados:
r. A carepa de laminação deve ser eliminada, por jateamento com granalha ou areia;
11. Os respingos de solda, resíduos de óleo e graxa, bem como os resíduos de argamassa e
concreto devem ser removidos; ~.
llI . Áreas em que possa haver retenção de água ou de resíduos sólidos devem, se possível, ser
eliminadas no proj eto; se isto for impraticável, deve-se protegê-las com pintura;
32

-
IV. As partes não expostas à ação do intemperismo, como juntas de expansão, articulações .
regiões sobrepostas e frestas, devem ser convenientemente protegidas, devido ao acúmulo de
resíduos sólidos e de umidade.
·Obs.: As estruturas construídas com aço patinável sem revestimento preci sam ser
acompanhadas periodicamente, para verificação do desenvolvimento do óxido. Caso não ocorra
a formação da pátina, de forma compacta e aderente, será necessário recorrer à pin tura.

Aço patináve1,
sem pintura

Prefeitura de Salvador - BA

Utilização Com Revestimento:


Os aços patináve is devem ser revestidos com pintura em locais em que as condições climáticas
ou de utilização não permitam o desenvolvimento completo da pátina protetora, ou qua ndo
houver uma expressa indicação neste sentido no projeto.
Deve haver revestimento quando a atmosfera for industrial altamente agressiva, mari nha severa
ou moderada (à distância de até 600 metros da orla marítima), regiões submersas ou sujeitas
a respingos e locais em que não OCorram ciclos alternados de molhamento e secagem.
Obs.: Os revestimentos apresentam excelente aderência aos aços patináveis , com um
desempenho no mínimo duas vezes superior em relação ao mesmo revestimento aplicado
sobre aço-carbono comum.

Aço patinável,
revestido com pintura

Universidade Federal de Ouro Preto - MG

33
-
Cuidados especiais:
Para obter um bom desempenho de aços patináveis revestidos, devem ser observados alguns
aspectos importantes :
1. O sistema de pintura a aplicar deve ser especificado em função das condições climáticas e
de ut ili zação;
11. A preparação da superfície do aço, a etapa mais importante, deve adequar-se ao sistema de
reveslime nto, nunca esquecendo de eliminar eventuais eafepas de laminação;
111. Ter especial ate nção com as partes submersas e com os locais sujeitos a respingos, pois
têm corrosão mais acentuada.

1,4.3 - Aços Resistentes ao Fogo


(Alta Resistência Mecânica, Resistentes à Corrosão Atmosférica)

a) - Resistência ao fogo
Ut1l dos pontos mais importantes nos projetos de construção civil é reduzir o risco de incêndios
e, caso estes ocorram, aumentar o tempo de início de deformação da estlutura, conferindo,
assim, segurança a essas construções.

b) - Composição Química
Os aços resistentes ao fogo são basicamente resultado de modificações de aços resistentes à
corrosão atmosférica (*) . As adições são ajustadas sempre no limite mínimo possível, de
forma que garantam um valor determinado e elevado de resistência mecânica à tração.
proporcionando também boa soldabilidade e mantendo o padrão de excelente resistê ncia à
corrosão atmosférica, intrínseco ao aço de origem.
Os eleme ntos normalmente adicionados são níquel, titânio, nióbio, vanádio, molibdênio,
obedet:endo sua soma a um limite mínimo estrito, para garantir o equilíbrio das propriedades
almejadas.
(*) Por exemplo, a composição química dos aços resistentes ao fogo produzidos pela Cosipa
- COS AR COR FIRE 500 e pela Usiminas - USI-FlRE-400 e USI-FlRE-490 foi
desenvolvida com base nos aços COS AR COR 400, 400E e 500, e USI-SAC-250, 300 e
350 respectivamente, recomendados para aplicações sujeitas à corrosão atmosférica.

, ',' }, ' COMPOSiÇÃO QUíMICA DO USI·FIRE·490 (% PESO)

c Mn Si p S Cu . NI Cr Mo TI'

máx. máx. máx. máx. máx. máx. mix. 0.40 0.20 máx. máx.
0.15 1.60 0.60 0.03 0.02 0.50 0,60 0.65 0.60 0.15 0.27

ObS (' ) Nb - V ... Ti max. 1.00


(") PC M" C + Mn/20 ... Si/30 ... Cu/2 0 + Ni/60 ... Cr/20 ... Mo/ 15 ... V/ tO ... 5B

c) Propriedades Mecânicas

',iil; 'r5~ . PROPRIEDADES MECÃNICAS TíPICAS DO USI·FIRE·490

TRAÇÃO DE AMBIENTE TRAÇÃO 60rfe IMPACTO CHARPY (d'C)


ESPESSURA
(mm) LE (MPa) LR (MPa) AL200mm (%) LE /LA LE (MPa) (J)

9.50 401 600 22 0.66 310 180

22.40 364 585 21 0,82 288 177

31.50 342 551 22 0.62 252 166

'.

34
,
2.1 - Conceito de Estrutura
Estrutura é a parte ou o conjunto das partes de uma construção que se destina a resistir a

2 cargas.
Cada parte portante da construção, também denominada peça estrutural, deve res istir aos
esforços incidentes e transmiti-los a outras peças, através dos vínculos que as unem . com a
finalidade de conduzi-los ao solo.
ESTRUTURA

! ! ! !
~

~
! ! ! !
~ ! ! ! !
~

~
! ! ! !
~ ! ! ! !
~

2.2 - Classificação das Peças, de Acordo com as Dimensões


Conforme as suas dimensões, as peças estruturais podem ser classificadas em blocos. folhas e
barras.

2.2.1 - Blocos
Os blocos possuem as três dimensões com valores da mesma ordem de grandeza. Destacdm -st'
os blocos de fundação .

2.2.2 - Folhas
As folhas possuem uma das dimensões com valor muito inferior ao das outras duas. Destacam-
se as lajes, as paredes estruturais e as cascas de cobertura.

3:;


2.2.3 - Barras
As barras possuem uma das dimensões com valor muito superior ao das outras duas. Destacam-
se as vigas e os pilares. Essa categoria pode, ainda, ser subdividida em barras sólidas e barras
com paredes delgadas, sendo as barras de concreto geralmente pertencentes à primeira
subdivisão e as baITaS metálicas à segunda.

RAI\RA SÓU DA BARRA DE PAREOES DELGADAS

2.3 - Classificação das Peças, de Acordo com o Carregamento


As peças estruturais são classificadas também quanto ao modo de aplicação do carregamento.
Citam-se, entre outras: placas ou lajes, chapas ou paredes estruturais, vigas e pilares.

2.3.1 - Placas ou Lajes


São folhas que sofrem carregamento perpendicular à face formada pelas duas maiores dimensões.

! ! ! ! • i:

2.3.2 - Chapas ou Paredes Estruturais


São folhas que sofrem carregamento paralelo à face formada pelas duas maiores dimensões.

2.3.3 - Vigas
São barras que sofre m carregamento transversal ao seu eixo.

, Ir ,Ir ,Ir ,Ir


.

36
2.3.4 - Pilares
São barras que sofrem carregamento axial.

2.4 - Classificação dos Vínculos


Os vínculos são classificados em função do movimento que impedem.
Os mais utilizados são os seguintes:

2.4.1 - Articulação Móvel


Impede o movimento perpendicular à reta de vinculação, permitindo o movimento paralelo à
mesma reta e a rotação da peça em tomo do ponto vinculado.

o O
tzw o
o
::;; w
> Q.
O ::;;
::;;

2.4.2 - Articulação Fixa


Impede o movimento perpendicular e paralelo à reta de vinculação e permite a rotação da peça
em tomo do ponto vinculado.

o O
tz o
w O
w
::!E
> Q.
O ::;;
::!E

~o"."m
IMPEDIDO
ou
/~/
37
-
2.4.3 - Engastamento
Im pede os movimentos perpendicular e paralelo à reta de vinculação e também a rotação da
peça el1l torno da ponto vinculado.

o
o
o
UJ
a.
::;

MOVIMENTO
IMPEDIDO

2.5 - Modelos Teóricos


O cálculo das estruturas reais seria complexo e trabalhoso. Assim, utilizam-se modelos
simplificados para o seu cálculo e representação gráfica. A experiência tem confirmado a validade
dessas simplificações. A evolução dos computadores e a utilização de "softwares" têm permitido
c riar modelos teóricos mais semelhantes às situações reais e, no caso de conjuntos estruturais
mais complexos, o aprimoramento da modelagem pode trazer benefícios econômicos e de
segurança.
No modelo teórico, as barras são substituídas por linhas passando pelo seu eixo e ligadas entre
si por meio de vínculos. Estes são modelados procurando simular a realidade, em função de
resultados de análise experimental e do bom senso do projetista. A representação dos vínculos
já foi apresen tada no item anterior.
As a<;ões dos carregamentos sobre as estruturas são representadas por forças e pelos momentos
das forças. As forças distribuídas em uma pequena área são consideradas como concentradas
em um ponto e as forças concentradas que provocam binários podem ser substituídas por
momentos aplicados em um ponto.

38
3.1 - Def"mições
Toda estrutura formada por barras vinculadas entre si é denominada pórtico espacial.

3
SISTEMAS
ESTR UTURAIS

É possível, na prática, isolar subconjuntos do pórtico espacial e analisá-los como se fossem


estruturas independentes ligadas umas às outras por vínculos. As reações el e apoio de um
subconjunto são o carregamento do outro, que serve de apoio ao primeiro.

39
3.1.1 Pórticos, Treliças e Grelhas
Os subconjuntos mais facilmente identificáveis são:

a) - Pórtico Plano
É a estrutura fo rmada por barras coplanares sujeitas a carregamentos pertencentes a esse
mesmo plano.

! ! ! !
----.
----.
----. ! ! ! !
----.
----. ! ! ! !
----.
----.
b) - Treliça Plana
Um caso particular importante de pórtico plano é o da treliça plana, que é a estrutura formada
por barras coplanares articuladas entre si e submetida a carregamentos nodais .

--+~--------~~--------?---------~--------~~

c) - Treliça Espacial
É a estrutura formada por barras não-coplanares articuladas entre si e submetida a carregamentos
nodais.

40
~*"""""""""""""""""""""""~""""""--~~~----------~Gc~~--------------". •
d) - Grelha
É a estrutura formada por barras coplanares submetida a carregamentos pertencentes a planos
ortogonais ao da estrutura.

3.1.2 - Deformações
As barras dessas subestruturas diferenciam-se quanto ao tipo de deformação a que estão sujeitas.
Entende-se por deformação a mudança de forma de uma peça, traduzida pelo deslocamento de
seus pontos em conseqüência da aplicação do carregamento.

DEFORMAÇÃO AXIAL

DEFORMAÇÃO POR FlEXÃO 0

DEFORMAÇÃO POR TORÇÃO

... if~~ -
As barras pertencentes a um pórtico plano podem apresentar deformações axia is e por fle xào.
porém não sofrem deformação por torção.
As barras pertencentes a uma grelha estão sujeitas a deformações axiais, por flexiio e por
torção.
As barras pertencentes a um treliça plana ou espacial apresentam apenas deforJ1lar:.:üe~ a x iai~.
~I
3.1. 3 - Pórticos Deslocáveis e Indeslocáveis
A ri gidez das barras à defonnação axial é muito maior do que a rigidez das barras à deformação
por fl exão, ou seja, o deslocamento de pontos que depende da defonnação axial é muito menor
do que o deslocamento de pontos que depende da deformação por flexão. Assim, denominam-
se :
Pór ticos deslocáveis - Aqueles em que o deslocamento de um ou mais de seus nós depende
ela deformação por fl exão de barras.
P órticos indesloc áveis - Aqueles em que o deslocamento de todos os seus nós depende da
deformação axial de barras. Este deslocamento pode ser desprezado, se comparado com os
valores de deslocamentos encontrados nos pórticos deslocáveis.

- - -- - - --- --- - - -
PÓRTICO fNDESLOCÁVEL

~ r--- -- ----- - - - --, _ 0-, · · · · · · · · · . . . . ·5·


I A . I B

DESlOC .... fHlO DESLOC ...... EIOO


HOIIIZON'''l DO .. o A HORILONlA,l DO NO 8

DESUX: ..... ENTD DIi &l.Oe.. .. f NTO


vU ITICAL DO NÓ ...
. -. i . - - -. - -. - -- --:-+--=---'-'-'-'-,'
VERlteA.l 00 MO 8
.'
- <f - _. - -- --- -- ~
(f----:--~

PÓRTICO DESLOCÁVEL PÓRTI COS DESLOC Á\'EIS

No caso de edifícios altos ou torres, a soma desses pequenos deslocamentos pode ser
considerável e o deslocamento total deve ser analisado.

~-;-~+~

.-~......,..,~

42
3.2 - Equilíbrio
As peças estruturais, bem como todo o conjunto da construção, devem estar em equilíbrio, isto
é, a resultante de todas as forças agentes em um corpo deve ser nula e o momento provocado
por essas forças, em qualquer ponto do corpo, também deve ser nulo.

M,
r--,. 1

r·l··A
'.
+r-

I"
•• .T ••
o

'l \
's "
IIIII IIIII
'.
L Sendo:
F=~+~~~+~+~+~+~+~
Fx - F2 + F3 + F6 + 1' 8
Fy = F~ + F, + F, + F,
R = :E F = O IIx =:E Fx = O
Ry=:EFy=O
M, = :E F,x, = :E M = O

sendo:
Fix; = F2X~ + F3 x3........ , + r oxa
As três equações devem ser iguais a zero:
::::.Rx=O =>Ry=O ~M A=O

As equações resultantes da imposição do equilíbrio denominam-se equações da estática.


No caso de estruturas planas são três equações e no de estruturas espaciais, seis equações .
Segundo a terceira lei de Newton, a ação de um corpo sobre outro provoca, no primeiro, lima
reação de igual intensidade e na mesma direção, porém de sentido contrário, denominada,
no caso das estruturas, reação vincular, reação de apoio ou simplesmente reação.

REAÇÁO

"!lli
As reações vinculares estão associadas ao impedimento de movimento provocado pelos ,.
vínculos, ou seja:
AI1iculação móvel- transmite uma reação ortogonal à sua linha de ação;
Articulação fixa - transmite uma reação ortogonal e outra paralela à sua linha de ação;
Engastamento - transmite um momento, uma reação ortogonal e outra paralela à sua linha de ação.
O equilíbrio deve-se estabelecer para todas as forças agentes no corpo em estudo, sejam ela,
ativas ou reativas (reações vinculares) .
As estruturas às quais bastam as equações da estática para o cálculo das reac;õe::..
independentemente da geometria da seção transversal ou do tipo de material das peça, .
denominam-se estruturas isostáticas (ris. I).
43
As estruturas isostáticas planas possuem três reações vinculares, calculáveis a partir das três
equações da estática. São estruturas de cálculo simples, que prescindem do uso de métodos
mais complexos ou de computador, mas nem sempre são as mais econômicas.
As estruturas para as quais as equações da estática são em maior número do que as incógnitas
denominam-se estruturas hipostáticas (fig. 2) . São estruturas em que não se consegue impor o
equilíbrio das forças, exceto em casos particulares, teóricos e inexistentes na prática. Essas
estruturas não podem ser utilizadas, pois estão sujeitas a colapso ou, no mínimo, a movimentos
incompatíveis com a segurança da construção.
As estruturas para as quais as equações da estática são em menor número do que as incógnitas
denomi nam-se estruturas hiperestáticas (F;g.3) . O cálculo exige, além das equações da estática,
outras equações envolvendo as dimensões da seção das peças e, às vezes, o tipo de material.
São estruturas que exigem métodos mais aprimorados de cálculo, atualmente desenvolvidos
mediante o emprego de computadores, utilizando "softwares" específicos . Geralmente, são
concebidas estruturas mais leves, porém com ligações menos econômicas.

rif!.l Fig.2 Fig. 3

p p p

'á ! ~ '---:1L
!
~
4 ~ !
TA-
R,

~i
+-- R,

i
R,
i
R,
i R,
i
R,
R,
i
R,

As situações de equilíbrio podem ser classificadas de três formas: equilíbrio estável (F;g.4),
equilíbrio instável (F;g.S) e equilíbrio indiferente (fig.6).
Fig.4 Fig.5 Fig.6

o
Reconhece-se o tipo de equilíbrio a que está submetido um corpo aplicando-lhe uma força de
pequena intensidade, retirando-a posteriormente e observando a nova posição de equilíbrio do
corpo. Se a nova posição de equilíbrio é muito distante da inicial, diz-se que o corpo está em
situação de equilíbrio instável; se a distância entre a nova posição de equilíbrio do corpo e a
inicial é proporcional à intensidade da força aplicada, diz-se que o corpo está em situação de
equilíbrio indiferente e se a nova posição de equilíbrio do corpo é a mesma da inicial, diz-se
que o corpo está em situação de equilíbrio estável.

: : ~
.. '""'"~ >0

A situação de equilíbrio estável é a que se deve buscar para as estruturas, caracterizando as


estnlturas isostáticas e hiperestáticas.

44
4Q -
Entre os corpos em equilíbrio instável, distinguem-se as estruturas hipostáticas em equi líbrio,
para detenninados tipos de carregamentos teóricos.
P P

! F_tà ! MOVIMENTO -" .


/)
~ ~
-

lir
i
PI2
i
PI2
i
PI2
i
PI2

Há também estruturas sujeitas à instabilidade por flambagem, que serão comentaria, mais
adiante.
Nos exemplos apresentados, foram indicadas estruturas formadas por uma baITa. mas, no
caso de estruturas simples com maior número de barras, pode-se também reconhecer as estruturas
isostáticas, hiperestáticas e hipostáticas comparando o número de equações e o de incógnitas
ou analisando a situação de equilíbrio. Este último procedimento pode ser feito pesquisando
um carregamento que desestabilize a estrutura. Caso ele exista, a estrutura será hipostática
(F;g. 7).
Não se deve confundir estruturas hipostáticas com estruturas deslocáveis em equilíbrio estável
(Fi,. 8), nem estruturas hiperestáticas com associação de isostáticas (F;g. 9).

IOD D Q

FilO' 7

F_ ---------------

Fig.8

!
=
=
t~
,I.
-
Fig.9

i ~
+-
i
J:+-
i
~
i
~
Há técnicas especiais para analisar a estabilidade de conjuntos estruturais mais complexos, às
vezes recorrendo a programas de computador.

c ) . •
3.3 - Flambagem
Fl arnbagem é um conc eito teórico. Em termos práticos, pode ser associada à característica
qu e as peças esbeltas possuem de se deslocar transversalmente à linha de ação da força
aplicada, quando esta supera um determinado valor chamado carga crítica (Per). Esta situação,
mesmo e m barras pe11encentes a conjuntos isostáticos ou hiperestáticos, também é considerada
de equilíbrio instável e deve ser evitada no projeto.
O tipo de flambagem mais conhecido é o que ocorre nas barras submetidas a força axial de
compressão, fenômeno comum tanto nos pilares de concreto quanto nos pilares metálicos. É
denominada flambagem por flexão ou flambagem de Euler, em homenagem ao matemático
su íço que formulou pela primeira vez o problema.

P<Pcr

! P"Pcr

Out ro tipo importante de flambagem é a flambagem lateral de vigas. Este fenômeno, que não
ocorre nas vigas convencionais de concreto, é fundamental no cálculo da resistência das vigas
mc táli eas não continuamente travadas, isto é, não impedidas de se deslocar lateralmente.
Pode ser simplificadamente descrito da seguinte forma: uma viga metálica de seção transversal
e m form a de "I", com um carregamento transversal distribuído ou concentrado, flete,
ocas ionando compressão na mesa superior e tração na mesa inferior. A mesa superior, quando
subme tida à força de compressão maior do que a carga crítica, procura flambar por flexão,
como se fosse um pilal; porém a mesa inferior, ligada a ela pela alma, perturba o movimento
livre da mesa superiOl; resultando um movimento composto de deslocamento lateral (flexão
lateral ), rotação (torção) da seção da viga e empenamento (a seção deixa de ser plana após a
deformação).

46
-
o carregamento crítico que causa a flambagem depende das dimensões da seção da barra . do
tipo de vinculação e do seu comprimento livre. Assim, vinculações mais trabalhosas, seções
mais robustas ou menores comprimentos reduzem a carga crítica.
Os deslocamentos atribuídos à flambagem, seja por flexão ou por flambagem lateral. são
incompatíveis com o uso normal da construção. Para eliminar o problema deve-se, portanto,
aumentar a seção da barra, alterar a vinculação ou reduzir seu comprimento de fl amhagem
por me io de travamentos. Este último procedimento, em geral, leva à solução mais econôllli('a .
Pcrj < Per1 Pc,4" Per!

Pc,'
Pc,:" Pc,1
l l Pc, 5 ~ PCr!

l l l

] TI
o
Pcr 3 < Pcr1 Pcr' < Pcr1 Pcr4> Pcr' Pcr4" Pcr3

! ! ! !

Outros tipos de flambagem de barras, que também não ocorrem nas estruturas de COl1ereto .
podem ocorrer nos pilares metálicos. São elas a flambagem por torção e a flambagem por flc,o-
torção. A flambagem por torção é característica dos pilares com seção transversal cruciforme.
formados por chapas muito finas. Se as quatro chapas flambarem por flexão, simultaneamen te
e no mesmo sentido, ocorrerá a flambagem por torção da seção.
p

. i
;. I

; 1

4,


A Oambagem por Oexo-torção, característica de seções esbeltas em forma de "8' ou "U", pode
ser entendida como o resultado da simultaneidade das flambagens por torção e por flexão.

3.4- Concepção Estrutural


As estruturas como um todo e os seus subsistemas devem possuir ligações ou esquemas de
travamento adequados para garantir a não-hipostaticidade das barras e do conjunto. As barras
precisam ter seção, vínculos e comprimentos adequados, para evitar problemas de flambagem.
Para cada caso, deve-se estudar o melhor esquema estrutural: estrutura isostática ou hiperestática,
pórtico deslocável ou indeslocável, ligação rígida ou flexível, em função da economia, da
funcionalidade e dos aspectos arquitetônicos da edificação.
A análise da estrutura tridimensional pode ser feita pela observância da estabilidade do
equilíbrio dos seus vários planos, garantindo a inexistência de hipostaticidades e de flambagens.
Isto posto, é possível limitar-se apenas ao estudo das estruturas planas.
Garante-se a estabilidade do equilíbrio de um pórtico plano das seguintes maneiras:
a) - Enrijecendo uma ou mais ligações, transformando-o em um pórtico deslocável hiperestático
ou em um pórtico deslocável isostático. Geralmente, leva a soluções menos econômicas do que
o acréscimo de travamentos, pois a alteração de vinculação significa aumentar a quantidade de
material (parafusos ou soldas e chapas de ligação), bem como os trabalhos de fabricação e
montagem da conexão.

ou

48
.. ..
b) - Acrescentando um ou mais elementos (travamentos) ao interior do pórtico, transformando-
O em um pórtico isostático indeslocável. Uma barra diagonal é suficiente, do ponto de vista
estático, mas o acréscimo de duas barras, da forma esquematizada a seguir, geral mente leva a
situações mais econômicas.
A prática indica que a solução mais econômica para eliminar a hipostaticidade de um pórtico
é O tra vamen to em forma de "X". Ele transforma a estrutura em isostática (mais simples de
ser calculada, fabricada e montada) e indeslocável (utiliza menor quantidade de material) .
Apesar de uma barra diagonal ser suficiente para resolver o problema estático, ela seria
solicitada ora à tração (Fig. lO) ora à compressão (Fig. 11), pois os carregamentos horizontais
devidos ao vento podem alternar o sentido de aplicação da força .
Tendo em vista que as barras à compressão exigem maior seção resistente, em virtude do
fenôme no da flambagem, essa diagonal seria dimensionada para o caso mais desfavoráy el ) ou
seja, à compressão. No entanto, utilizando o travamento em forma de " X" e admi tindo que as
duas barras somente resistam à tração (Fig. 12 e Fig. 13) haverá menor consumo de material.
Para melhor visualizar o comportamento da estrutura travada, pode-se supor que ambas as
diagonais são fios que, evidentemente, resistem somente à tração.

c ( VENTO VENTO )

Fig. 10 Fig. 11

c ( VENTO VENTO ) c

c c

Fig. 12 Fig. 13

A forma de travamento em "X" é a mais comum, por ser a mais econômica, mas outras forma s
pode m ser adotadas, dependendo das necessidades de uso da ed ificação. Apresentamos os
travamentos e m forma de "K" e "Y":


c) - Liga ndo o pórtico, no seu plano, a uma estrutura estável. Se esta for indeslocável, O pórtico
também o se rá.

NÚClEO CENTRAl
""""""'-
DE CONCRETO
( ''''ço

'"
ou

~ L ~ '- ~ '- ~L

d ) - Ligando o pórtico a uma estrutura estável por intermédio de travame ntos perte ncentes a
um plano ortogonal ao do pór1ico. Se essa estrutura estável for indeslocável, O pórtico também
o será.
NÚClEO CENTRAL
DE CONCRETO
(ESTR UTURA EsrA'lEL) TRAVAMENTO NO PLANO NUCLEO CEN TRAL
ORTOGONAL AO PO
\ RTICO ( OE CONC RETO
(ESTRUTURA ESTAVE l )

----- -------------- .. - -----


,
ELEVAÇÃO I .
' ..
-~
PL:\~TA
~ TRAVAMENTO NO PlANO
PóRTICO
ELEVAÇÃO ORTOGONAL AO PóRTICO

Nos conju ntos estruturais mais complexos, o mesmo raciocínio será apli cado aos subsistemas
que o L:onstituÍrem . Es ta aná li se deverá ser fe ita considerando a tridime nsionalidade da
eslrutura e verificando a sua estabilidade nos vários planos (horizontais, verticais ou incl inados)
que contêm as partes da estrutura.
No caso das estruturas de conc reto, devido à baixa resistência e à bai xa rigidez do material,
as peças estruturais necessitam de grandes seções transve rsais para resistir aos esforços
atuantes, res ultando em conjuntos robu stos e rígidos .
\0 caso das eslruluras de aço, devido à alta resistência e à alta rigidez do materia l, as peças
estruturais necessitam d e peque nas seções transversais para resistir aos esforços atuantes,
re:,ultando e m conju ntos esbeltos e flexíveis .
Assim, devido à sua maior esbeltez, as estruturas de aço exigem um estudo mais profundo de
estabilidade das partes e do conjunto, sempre analisando-os tridimensionalmente.
À medida q ue as estrut uras de concreto tornam-se mais esbeltas, como é O caso dos edifícios
de Illúhip los and ares, també m passam a exigir tais verificações , muitas vezes esq uecid as
pelos calc uli stas .

3 .5 - Caminhamento dos Esforços


Concebe r uma estrutura é o alo de posicionar os elementos poIiantes e definir as suas in ~ rações ,
d e moo.o q ue tra nsm itam os carregame ntos para o solo de form a segura e econômi ca.
Se rá apresentado, a seguir, por meio de um exe mplo, o caminhamento dos esforços pela estrutura
cle uma edificação, desde a região de aplicação do carTegam e nto externo até a fund ação.
50
3 .5. 2 - Carregamento Horizontal
a) - Carregamento Transversal
As forças transve rsais do vento, indicadas na figura abaixo, atuam sobre as alvenarias de
vedação do edifício, sendo transferidas destas para os pilares de fachada.

PLANTA

Para as forças horizontais, os pilares de fachada trabalham como vigas apoiadas nas fundações
e, em cada pavime nto, nas grandes treliças horizontais longitudinais.

x
~ _-_--
X
~ __ X
~_ _X
t
X ELEVAÇÃO

Essas treliças, apesar de projetadas com diagonais em "X" e, portanto, hiperestáticas, podem
ser calcu ladas como estruturas isostáticas, considerando-se para cada "X" apenas a diagonal
tracionada, escolhida em função do sentido do vento. As treliças, em cada pavimento, são
ca lculadas como apoiadas nas vigas que as ligam à caixa de escadas.

PLANTA

52
As reações de apoio das treliças horizontais são os carregamentos das treliças verticais formadas
pelas vigas e pelos travamentos verticais da caixa de escadas.

PLANTA

Essas treliças verticais, por sua vez, são apoiadas na fundação da caixa de escadas. para a
qual, finalmente, são transportadas as forças de vento.

ELEVAÇÃO

b) - Carregamento Longitudinal
As forças longitudinais do vento, indicadas na figura abaixo, atuam sobre as alvenarias de
fechamento do edifício, sendo transferidas destas para os pilares de fachada (podem ser
transmitidas também para as vigas, dependendo do sistema de ligação que houver entre ai venaria
e estrutura) .

53
E =
Os pilares de extremidade apoiam-se nas fundações e nos travamentos verticais projetados
para dar estabilidade e tornar indeslocáveis os pórticos longitudinais de fachada.

n
X----
X-- --l--il~

X-- --I--j~
X- - - -
ELEVAÇÃO

Os pilares internos de fachada apoiam-se nas fundações e nas treliças horizontais transversais
de cada pavimento (ELEVAÇAO 2).
As reações de apoio destes pilares serão os carregamentos das treliças horizontais transversais
(ELEnç.io 1).

I, ,
I
I

ELH,\ÇÃ02 ELEVAÇÃO I

As reações de apoio dos pilares de extremidade e as reações de apoio das treliças transversais
horizontais serão os carregamentos dos travamentos verticais.

54
Q
As lreliças verticais, por seu turno, são apoiadas na fundação do edifício, para a qual, finalmente ,
são transportadas as forças do vento. Conforme sugerido anteriormente, todas as treliças podem
ser calculadas como estruturas isostáticas, considerando para cada "X" apenas a diagonal
tracionada.

ELEVAÇÃO

Deve ser lembrado que o vento pode atuar no sentido oposto ao ad mitido no exemplo dado,
porém não simultaneamente. O caminhamento das forças segue processo análogo ao descrito.
com inversão do sentido de todas as forças e utilizando as treliças adequadas .

3. 6 - Exemplos de Estruturas

- Agê ncia Aldeota, do Banco do Brasil


Fortaleza - CE
- Edifício Comercial-Paracelsus Clínicas Médicas
Belo Horizonte - MG
- Centro Empresarial do Aço
São Paulo - SP
- Escola Guignard
Belo Horizonte - MG
- Ópera de Arame
Curiliba - PR
- Mercado Público Central de Porto Alegre
P0I10 Al egre - RS
- Centro Regional de Eventos
São José do Ri o Preto - SP
- Conjunto Habitacional Jardim Casqueiro
Cubatão - SP
- Praça de Serviços da UFMG
Belo Horizonte - BH
- Instituto Cultural Itaú - ICI
São Paulo - SP
- Edifício Administrativo do SEBRAE
Belo Horizonte - MG
- E scola Panamericana de Arte
São Pa ulo - SP
- Memorial da Cidade de Curitiba
Curitiba - PR
- Agência Juiz de Fora, do Banco do Brasil
Jui z de Fora - MG
55

cc
Agência Aldeota,
do Banco do Brasil

Proj eto de Arquitetura:


Antônio de Carvalho Neto

Projeto da Estrutura:
Haimundo Calixto de Melo Neto

Fahri cação e Montagem da Estrut ura :


ICEC- Indústria de Construção

I.ocal: 1'()J1aleza - CE
Área Co nstruída: 5643 m2
Aço , 285 I, USI-SAC 41

Edificação com cinco pavimentos e um sub50lo


para estacionamento de veículos.
Estrutura de aço com vigas trdi\:as vencend o
vãos de 15 m, e lajes em " stell dt'ck".
Pavimentos superpostos e escalonados , com
balanços de 2,5 a 9,5 m de projeção.

AnIUI\O 10:C

~'~ih~
-
56
________________________------~=-----------~--------~~~
-- ________ ~-
Edifício Comercial
Paracelsus Clínicas Médicas

Projeto de Arquitetura:
Luís Carlos de Almeida

Projeto, Fabricação e Montagem da Estrutura:


Codeme Engenharia

Local : Belo Horizonte - MG


Área Construída: 10660 m Z
Aço: 540 t, USI-SAC 41
ArquivoCODEME

Edifk:io de 17 pavimentos, compreendendo um pavimento térreo


com portaria, agência bancária e auditório; três pavimentos
elevados de garagem, pilotis com duas unidades diferenciadas
e doze pavimentos tipo destinados a clínicas médicas.
A estrutura metáli ca foi quase totalmente recoberta; onde é
aparente está pintada na côr vermelha.
O sistema de estabilidade lateral adotado foi o de pórticos
rígidos.
]\' a modulação principal do vigamento foram utilizadas chapas
de aço, fonnando pi lares e vigas de perfis soldados.
Na submodulação do vigamento adotou-se "steel joist" formados
com pelf is de chapas de aço dobradas.
As lajes são de concreto armado, utilizando sistema de fônua
perdida de .c hapas de aço, zincadas.

hq ,,,,,LOD Fl l f

",
Centro Empresarial do Aço

Proje to de Arquitetura:
Al be rto Botti,
Mure Hubin,
João \Va lter Toscano

Projeto da Estrutura:
Figu ei redo Ferraz
Robe rto Romani,
Múrcio Coelho Rocha

Fabricação e Montagem da Estrutura:


Al ufer, Pierre Saby e Sade

Local : São Paulo - SP


Área Construída: 68749 m2
Aço: 4850 t, COS-AR-COR 500

Edifício comercial de quator.te pavimentos, compreendendo três subsolos . dois pa\'imento:o


térreos, nove pavimentos tipo de escritórios e um áti co.
O sistema estrutural é formado por dois núcleos de circulação vertical de co ncreto amlado.
por vinte e dois pilares de aço, de seção lubular interligadas no topo C!.l edifi cação por
uma estrutura de coroamento, da qual pendem Iil:antes que sustenta m os pisos dos
pavimentos. A estrutura de apoio das lajes de concreto é constituída d~ dgas treliça de
750 mm de altura, cujos banzas são perfis " T" e as diagonais, cant oneiras duplas de
chapa dobrada.

58
< -
Agência Juiz de Fora,
do Banco do Brasil

Projeto de Arquitetura:
lõao Carl05 Rodrigues Alves

Projeto
Fabricação e ~lontage m da Estrutura:
rEM -Fábrica de Estruturas Metálicas

Local: Juiz de Fora - MG


Área Constru ída: 6000 m2

A edificação compreende um bloco principal


com cinco pavimentos de trabalho e urna
cobertura. Os três pavimentos que servem a
agência são dotados de escada rolante .
A fachada principal do edifício é marcada
pelo sistema estrutural de estabilidade
vertical, formado por contraventamentos na
forma de um "X", utilizando perfis tubulares
de seção circular.
\"1" " " 1111 1 \1

59
Ópera de Ar a me

Projeto de Arquitetura:
Domingos He nrique Bongestabs

Projeto da Estmlu ra:


Procalc Proj eto e As sessoria

Fabricação e Montagem da Estrutu'"


Brafer Construções !\ fetáli cas

Local: Curiti ba · PR
Área Construída: 4165 mZ
Aço: 240 t, tubos e pisos de aço
Arqui.o ZJCU RATE

A edificação, destinada a acolher atividades culturais, foi construída em


uma depressão, junto a um paredão de rocha de antiga pedreira, e a um lago
arti fic ial. Localiza· se no Parque das Pedreiras, bairro do Pilarzinho.
Por uma passarela sobre o lago chega· se ao edifício de fonnato circular com
três níveis, constituídos pela platéia e pelos camarotes superiores, com
ca pac idade para 2400 espectadores.
Os elementos estruturais foram concebidos compondo uma série de arcos
de perfis tubulares de seção variável, entre 76 e 101 mm.
A cú pula do teatro possui 34 m de diâmetro, com cobertura de chapas de
policarbonato transparente.

'I
II
li

60
Mercado Público Central
Obra de Restau ração

Projeto de Arquitet ura:


Dóris Oli veira,
Octacílio Rosa Ribeiro,
Teófilo Meditsch,
Vera Maria Becker

Projeto da Estrut ura :


Stabile Engenharia

Fabricação e Montagem da Estrutura:


Metasa In dúst ria ~1 etalúrgica

Local: P0I10 Al egre - RS


Aço: 2401

A restauração do Mercado Público, construído em 1869, com projeto do arq uiteto alemão
Friedrich Heydtman, visou a recuperação da sua qualidade estét ica, o máx imo
aproveitamento do seu potencial de abastecimento e o reconhecimento dos seus espaços
de sociabilidade, tornando-o apto para abrigar manifestções culturais e de ca ráte r
comunitário e reafinnando o seu importante papel na história de Porto Alegre.
Dentre os trabalhos de restauração executados cabe destacar o da manutenção do pátio
central, ao abrigo do tempo, com uma cobertura metálica de planta quadrangular com
74,30 m de lado, que integra as galerias do segundo pavimento. O telhado é dividido em
quadrantes com 28,90 m de lado, localizados nos vértices. As duas circulações centrais
que unem os quadrantes, ortogonais entre si, possuem 14,50 m de largura. Os quad rantes
trabalham como uma grelha em fonna de treliça, com modulação de 3,67 m.

~ " I"",, \\ ET b . \

61
.
Centro Regional de Eventos

Projeto de Arquitetura:
Milton de Assis Júnior,
F'elício Siq ueira,
Renato Kfouri

Proje to. Fabricação e Montagem da


[strutura :
IeEe - Indústria de Construção

Local: São José do Rio Pre'o - SP


Área Construída: 5153 m2
Aço: 88 t. USI-SAC 41
""1"" .. 11 H

A edificação compreende, no térreo. uma grande área livre e uma quadra


poliesportiva. Os camarins, refeitório, cozinha e administração fi cam sob a
arquibancada, disposta em dois lances, com capacidade para 6200 espectadores.
A cobertura possui a forma de uma calota esférica (geodésica) com área dt: 5153
m Z e apoia-se em 24 pilares de concreto armado. A sua estrutura foi concebida
como espacial, com mallha piramidal de base trapezoidal, composta de pe rfi s
tubu lares e de seção circular. Essas barras estão conectadas entre si, nas três
direções por parafusos, fonnando seis anéis concêntricos. Os 5588 tubo:5 e os
1693 metros de terças receberam pintura eletrostática a pó, na cor lilás.
Na cobertura foram utilizadas telhas zincadas de aço, de seção trapezoi da l. com
pintura nas duas faces .

62
)
Conjunto Habitacional
Jardim Casqueiro

Projeto de Arquitetura:
Siegbert Zanettini

Proj eto da Estrutura:


Ernesto Tarnoczi Jr.

Fabricação e f!.'lontagem:
ICEC Indústria de Construção,
Metasa Indústria rVletalúrgica

Local: Cubatão - SP
Área ConstlUída: 21000 m2
Aço: 784 t, USI-SAC -41/COS-AR-COR 400

o conjunto compreende 28 ed ifícios de quatro pavimentos, cada um com 16 unidades


habitacionais de 47m2 de área construída.
O sistema estrutural adotado é todo articulado, empregando perfis de chapa dobrada para
pilares e vigas. Os pilares apresentam seção "L" de 140 x140 mm, nas espessuras de 6,3
a 9 mm e as vigas, seção "U" de 200 x 50 mm, nas espessuras de 3 a 9 mm. Para as lajes
de piso e de cobertura, foram utilizadas pré-lajes de concreto pré-moldadas no canteiro.
com dimensões de 2700 x 300 x 50 mm.
As vedações externas são de placas pré -moldadas mistas de concreto arnlâdo e tijolos
cerâmicos ocos, produzidas no canteiro de obras com a uti lização de fôrmas de (-'QIlC'reto
chapeadas com aço. Com altura de um pé direito e largura de até 2700 mm, os pailléi~ tt-Ill
incorporados os vazios, para a montagem dos caixilhos, bem como pinos de aço, pura a sua
fixação na estrutura metálica.

63
E2
..
Praça de Serviços da UFMG

Projeto de Arquitetura:
Ana f\.larques Machado,
Antônio Brasil,

Projeto da Estrutura:
Steel Co nsult

Fabricação e Montagem da Estrutura:


Usiminas Mecânica

Local: Belo Horizonte - MG


Área Construída: 6250 m2
Aço: 321 t, USI-SAC 41

A Praça de Serviços está localizada no centro do Campus da Uni ver.sidade Federal de


Minas Gerais, no bairro da Pampulha. Concebida em dois pavi mentos, a edi ficaçã e
apresenta a forma de uma ferradura que se abre para a principal ave nida de acesso ao
Campus. Compreende trinta e quatro pórticos. cujos vãos crescem de 5,25 a 25 m.
Os pilares possuem seção I, soldadas de 250 x 250 mm, e as vigas, alturas variand o clt
250 a 650 mm . As ligações entre as vigas e os pilares que fonuam os pórticos foram feitas
por meio de solda de campo. As vigas de piso e de fachadas possuem ligações rotuladas
por meio de cantoneiras. O sistema de estabilidade horizontal é constituído pelas l aje~
moldadas "in loco" . que trabalham colaborando com as vigas (viga mista). A estabi lid ade
vertical é garantida porcontraventamentos em " X", no sentido longi tudinal, e por pórt icos.
no sentido transversaL

64
.oio... _ .~
Instituto Cultu~al Itaú - ICI

Projeto de Arqu itetura:


Emest Robert de Carva lho Mange,
Ricardo Belpiede,
VIamir Tadeu Saturni

Proje to da Est rutura:


Jorge Zaven Kurkdjian

Fabri c.: ação e Montagem da Estrutura:


Metal co e FENI -Fábri ca d e Estruturas Metálicas

Loca l: São Paulo - SP


Área Construída: Il075m 2
Aço: 1100 t, COS-AR-COR 500/USI-SAC 50

Edifício com doze pavimentos e um subsolo, destinados it


divulgação de projetos culturais. e quatro subsolos de garagl'm.
A estrutura metálica ergue-se do pavim ento térreo, de COlH.: rt;!\o
anuado, apoiada em quatro pilares de seção caixão.
As duas vigas longitudinais, de 33 m de comprimento. têm a
fanna de treliça, com 7,5 m de altura; em conjunto com as
mãos fran cesas que as ligam à base dos pilares ext'rcem a
função de transição.
Em cada uma das suas cordas superiores, apoiam-se dois outros
pilares que subdividem o vão de 33 m. Estes pibrr:-; são
interligados a elementos estruturais por nós rígidos que seguem
a geometria estabelecida pela arquitetura.
O conjunto estrutural, que compreende a viga ~m forma de
treliça, a mão francesa e os pilares acima do segundo
pavimento, forma um pórtico que garante a estabilidade veltical
do edifício no sentido longitudinal.
No sentido transversal . o comportamento da estrutura é idê ntico
ao anteriormente descrito.

'.

A"l"i."ZlGURATE

65
Edifício adiministrativo com nove pavimentos
e um subsolo.
A estabilidade verti c al da estrutura é
conseguida por p6rticos dispostos no sentido
transversal da edificação e a horizontal, por
contraventamentos longitudinai s.
As vigas dos pavimentos são biapoiadas e
suportam lajes do tipo "stell dec k".
Arqu i\o COOB1E

Edifíc io Administrativo do SEBRAE

Projeto dt' Arquitetura :


Lucian Ll l\ipari Mach ado,
Ale:\.amlrc Sensa

Projeto. I'~dlri c ação e Montagem da Estrutura:


Codeme Engenhari a

L wa l: Belo Horizonte - MG
Área COll,.;truída: 4320 m2
A~'J: 214 t. USI-SAC 41

66
Escola Panrullericana de Arte

Projeto d e Arq uitetura:


Siegbert Zanetlin i

Projeto da Est ru tura:


Jorge Zav ~ n Kurkdjian

Fabricação e ~1 o n l agem da Estmtura:


Pierre Saby

Local: São Puu lo - SP


Área Construída: 3393 m2
Aço, 220 t. .\ST\1 A-36

A concepção da escola de arte, com 16 ateliês, recinto de exposições e setores


administrativos. distribuídos em cinco pavimentos, incorpora os eleme ntos do
seu dia-a-dia, representado pela utilização de figuras geométri cas na
composição dos diversos blocos da edificação. A pirâmide que abriga o
auditório, de 15 metros de altura, apoia-se nos quatro vértices formados por
pelfis tubulares com seção de 500 x 500 mm. Nos blocos dos ateliês, as treliças
de fachada vencem vãos de 15 m, enquanto as vigas principais cobrem vãos
de 8 m e as secundárias, de 4 m, ambas de perfis soldados tipo " I", com
alturas variando de 250 a 500 mm, nas quais se apoiam as pré-lajes de concreto.

~"'I'",,,Z ! Grl\~T E
Memorial da Cidade

Projeto de Arquitetura:
Fernando Luiz Popp,
Valéria Bechara

Projeto da Estrutura:
Andrade Rezende Engenharia de Projetos

Fabricação e Montagem da Estrutura


leklo Estruturas ~:Jetálicas

Realização:
Prefeitura Municipal de Curi tiba

Local: Cu ritiba - PR
Área Construída: 4457 rnz
Arqu'>ol'RU·HTUR -\ d.. crR1T1R-I.

o Memorial da Cidade é uma edificação de quatro


pavimentos, constituído por uma grande praça coberta e três
pisos para montagem de exposições.
A solução arquitetônica reproduz a forma do pinheiro-do-
paraná, a araucária augustifólia, do qual se origina o próprio
nome da cidade, que vem de kur yt yba, pinheiral, na língua
guarani.
O sistema estrutural está centrado num pilar de concreto
(tronco do pinheiro), do qual saem vigas radiais de aço, em
diversos níveis (galhos do pinhei ro). As vigas principais são
constituídas por perfis tubulares de seção retangular de 800
x 400 mm, com comprimentos variáveis.

Anl~"·" PREFEITl;H.A de (l'R!T1B.-\

68
Shopping Diamond MaU

Projeto de Arquitetura:
EMBRAPLAN

Projeto da Estrutura:
Steel Consult

Fabricação e Montagem da Estrutura:


Usiminas Mecânica

Local: Belo Horizonte - MG


Area Cons truída : 74000 m2
Aço: 2532 I, USI-SAC 50
-\nl"" .. l ' 1\11\-\'

o shopping possui seis pavimentos, dos quais três servem de estacionamento;


nos demais distribuem-se 230 lojas, três cinemas e uma praça.
A estrutura é constituída de perfis "I" soldados, compreendendo uma série rle
pórticos que garantem a estabilidade vertical da edificação.
ES(' o la Guigua rd

Projeto de Arqui tetua :


Gustavo Penna

Proj e to dCl Estrutura :


l..ellle Engenharia

l'a bl'j('a~'c1o e Mont age m da Estrutura:


'I:'J'I'lIL - Tecnologi a de Montagens

Lo<:.II : Belo Hori zont e - MG


;\ n-a Construída : 6 700 lO :?
A~o: 561 I. USI-SAC 41
~ " I ,,: ,,·7.I(;rR\n

Ed ificação com qua tro pavimentos e


quinze me tros de altura, executada para
o Governo do Estado de Minas Gerais.
Os pilares a presentam conformação
cilíndrica, com diâmetro de 350 mm, e
vigas de perfis soldados : de seção
variável, no auditório, e em curva, nos
tramos longitudinais de fac hada,

70
..
4.1 - Conceito de Viga
Vigas são elementos estruturais sujeitos basicamente a esforços de flexão. Por serem elementos

4 empregados para vencer vãos na horizontal, são muito solicitadas em te rmos de esforços .
uma vez que necessitam ter condições de transferir forças, geralmente verticais , para o::;
apoios, através de um "caminhamento horizontal".

VIGAS BARRA

<~

4.2 - Os Principais Tipos de Vigas


Quanto à concepção, as vigas podem ser de alma cheia, alveolares, treliças, Vie re n"eel e
mistas.

4.2.1 - Vigas de Alma Cheia


São formadas por duas mesas, interligadas por uma alma, e se caracterizam pelo acen tuado
afastamento entre as mesas.
Os pe rfis tipo "I" soldados, da série CVS e VS, "I" laminados e os perfis "u" estruturais
formados a frio são os mais utilizados para vigas. Pela própria forma da seção, são bastante
adequados para resistir, por inte rmédio das mesas, os esforços de compressão e de tração. As
mesas dos perfis "I" são sempre mais espessas do que as almas.
Os valores de referência, para efeito de pré-dimensionamento das alturas das vigas de alma
cheia (seção " I") simplesmente apoiadas, são:
a) - Vi gas principais - 1/14 a 1/20 do vão (para vãos de 8 a 30 m);
b) - Vigas secundárias - 1/20 a 1/25 do vão (para vãos de 4,5 a 18 ru).

~ ~ ~ ~

-.

Viga de Alma Ch e ia

71
,
4.2.2 - Vigas Alveolares
São obt idas a partir dos perlis tipo "I", normalmente por recorte longitudinal das almas, na
forma de a meias, com posterior deslocamento e soldagem, ou mesmo por meio da execução de
aberturas nas almas desses perfis.
Na peça obtida por recorte da alma, a nova geometria da seção transversal apresentará uma
altura significativamente maior do que a do peml original, com a mesma massa inicial, portanto,
com uma considerável economia de peso.

a) corte a maçarico b) defasagem c) soldagem

Residência Morumbi - SP Instituto Cultural Itaú - leI - SP


~~.,>--.- ... ~

@O .,

j
~
i
A"lui",ZIGURATE \ "I""" ZU ;l- R \Tr
Vigas Alveolares, obtidas por meio de recortes, Vigas Alveolares, obtidas por meio de
de:ólocanH'nto e soldagem das almas. furos hexagonais nas almas do perfis.

4.2.3 - Vigas em Forma de Treliças


As treli~'as são constituídas de barras coplanares articuladas entre si e submetidas a
carregamentos nodais .
Nessas vigas, as ban'as podem-se aliicular por meio de ligação direta ou indireta. Na ligação
di reta, as barras siio diretamente fixadas uma às outras por soldagem . A ligação indireta
utiliza um elemento chamado chapa de ligação ou chapa de "Gousset".
Os valores de referência, para efeito de pré-dimensionamento da altura das treliças, são:
1/ 10 a 1/25 do vão (para vãos de 12 a 35 m).
BANZO SUPERIOR - \

,
Ligação Indireta:
Barras fixadas urna às oulra~
por meio de chapa de liga~<i o.

MONTANT E

Ligação Direta:
Barras fixadas uma
às outras por soldagem.

'.

72
<
Edifício Administrativo da Marinha - SP

A',!u,,,,Z!CURATE
Viga na forma de treliça, com ligação Viga na fonna de treliça, com ligação
indireta por meio de chapa de ligação. direta por soldagem.

4.2.4 - Vil!a. Vierendeel


São vigas compostas de barras resistentes na forma de quadros, unidas entre si por meio
de ligações rígidas, que devem resistir as forças normais e cortantes e também os momentos
fletores. Em virtude da característica dos vínculos, as vigas-quadro são mais deformáveis
do que as vigas treliças planas. Valores de referência: 1/15 a 1120 do vão.

VALORES DE REFER!:,NCIA: ( I = h/2) (h = e = H/4) (L'!ii H' )

Edifício Administrativo da Marinha - SP Edifício Administrativo da Marinha - SP

Arquivo ZJCURATI:: \ rqu ,\" 1.11;\ !l \T!


Viga Vierendeel: Barras unidas entre si As vigas Vierendeel ou quadros. são mais
por meio de ligações rígidas. defonn<Íveis do que as vigas treliças planas.
~3
4 .2.5 - Vigas Mistas
Resultam da associação de uma viga de aço com uma laje de concreto, sendo a ligação laje-
viga real izada por meio de conectares. Esse trabalho solidário proporciona grande economia
no peso das vigas de aço, principalmente quando se tratar de vigas simplesmente apoiadas.
No caso da utilização de perfis "I", a laje de concreto recebe boa parte dos esforços de
compressão que deveriam ser absorvidos pela mesa superior do perfil, enquanto os esforços
de tração são normalmente absorvidos pela mesa infe rior do pe rfil de aço .
Os concctores cumprem a função de absorver os esforços de cisalhamento horizontal e impedir
o afastamento verti cal entre a laje e a viga.
Dentre os vários tipos de conectares, os mais recomendados são os classificados como flexíveis, do
tipo pino com cabeça, que são igualmente os mais utilizados.
AlgLIIl, tipos de lajes podem trabalhar no sistema misto, como, por exemplo, as lajes moldadas "in
loco", as laj es pré-fabricadas do tipo pré-lajes e as lajes com "decks" metálicos ("steel decks").
O valor de referência, para efeito de pré-dime nsionamento da altura das vigas mistas , são:
1/20 a 1/25 do vão (para vãos de 6 a 20 m).
r LAJE DE CONCRETO
MOLDADA "IN LOCO'
~
(
CAPA ADICIONAL
CONCRETAOA
"IN lOCO'

o '. o .
1
.0
Y
• o' •
. o'" ~' •
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. ' o· .

CONECTOR " - - PRE -LAJ E DE


CONCRETO

~PEFIL'I'
c::::':':::::::J SOLDADO

... RMAÇ,l,O AUXllI"R


CONTRA RETRACÃO

CONECTOR

VIGA METÁLICA

,\n\uivo ZIGU R,H E \f<lU;,,,zrr.lR\n


Conector ('om cabeça, tipo "stud bolt", Fixação de conectores com cabeça,
Ul.'oplôdo :1 pistola de apl icação. utilizando pi stola de soldagem automáti<.:a por rf'.3i::.>lência.
74
5.1 - Perfis Laminados
Os pedis laminados seguem o mesmo processo utilizado para os produtos laminados planos,

5 com o material proveniente do lingotamento contínuo entrando diretamente para a pNfilaçüo.


na quallaminadores com cil indros conformadores vão esboçando os perfis por meio de uma
sucessão de passes . Na seqüência, um laminador de acabamento dará a conformação fina l ao
perfil.
PERFIS

Esquema de um Laminador Universal

Fases sucessivas e progressivas de laminação dos perfis mais usuais, a partir da placa, bloco
ou tarugo:

I I I
~
c:::::::=:;l
§ D
c=::?
.... c:J
•• e:=:?
.~ ..• ~
.,
li
~
,
• ~
:~
~
,
~
.:1\: • HH
PERFil ·U· CANTONEIRA CE PERFil "r"
ABAS IGUAIS

5 . 1.1 - Perfis Lamillados Nacionais


A oferta de pedis laminados estruturais de padrão americano fabricados no país é bastante
restrita, uma vez que os principais fornecedores desses produtos como a CSN- Companhia
Siderúrgica Nacional e a Cofavi - Ferro e Aço de Vitória, por razões distintas, deixaram de
produzi-los. A CSN já não os fabrica desde novembro de 1995. Além disso, os perfis lam inados
de padrão americano de abas inclinadas apresentam também limitações quanto à
disponibilidade de tipos e à variedade de tamanhos nominais.
Atualmente, esses perfis podem ser encontrados no mercado, fabricados pela Belgo l\lincira
e a Gerdau, disponíveis em aço ASTM A-36, ASTM A -572 (alta resistência mecánic,),
e ASTM A-588 (alta resistência mecânica e à corrosão).
São utilizados em estruturas de pequeno porte.
Principais perfis laminados estruturais encontrados no mercado:

Cantoneiras deAbas Iguais


2" (50,80 mm), 2 1/2" (63,50 mm), 3" (76,2 mm), 4" (101,8 mm) e 6" (152,4 mm)

L
CANTON EIRA DE
ABAS IGUAIS

Perfil "I"
6" (152,4 mm) , 8" (203,2 mm) elO" (254,0 mm)

I
PERFil "I"

Perfil"U"
6" (152,4 mm) e 8" (203,2 mm)

[
PERFIL ·U·

Composição de PerfisLaminados

T
D][1
5.1.2 - Perfis Laminados Importados
Com a globalização da economia, uma ampla gama de perfis laminados importados, tanto
no padrão americano de abas inclinadas como no padrão europeu de abas paralelas, tem
entrado no mercado nacional por intermédio dos distribuidores de aço.
Na página seguinte alguns produtos laminados importados encontrados no mercado, nos
comprimentos de 6000 e 12000 mm.
76
c
. PERFIL "1" (DE ABAS PARALELAS) . ; .. :. , .

TIPO 'o ,;,


.
~_...:. ' ~4-~ ~~ ",.:,.. A_lTU.R!o eu: mm
EéoNÓMICÓ"'PE" 80 100 120 140 160 180 200 220 240 270 300 330 360 400 450 500 550

NORMAL "INp·

'W'
'. 80 100 120 140 180 180 220 240 260 300 340 360 400 450 500 550

251 254 450 455 459

PERFIL "H" (DE ABAS PARALELAS) '. <' . . . . .

304 396 400 496 500 506

. PERFIL "U" • ,' ••

TIPO ALTURAat. mm ' ~.<'

203 245 305

50 65 80 100 120 140 160 180 200 220 240 260 280 300 3200

80 100 120 140 180 220 240 270 300 400

CANTONEIRA DE ABAS IGUAIS .

.~_._. _. _. - .

,_0--'--
I
I
b/ 4
,--

PE RFil "IPE" PERFIL T NORMAL PERFIL DE ABA S LARG AS ·WF "

5.2 - Perfis Soldados


Os penis estruturais soldados são aqueles obtidos pelo corte, composição e soldagem de chapa,
planas de aço, permitindo grande variedade de formas e dimensões de seções.

Nomenclatura
Os penis soldados são classificados em séries, de acordo com a sua utilização na es trutura .
Destacamos a seguir os perfis das séries empregadas em edificações: ,
Série VS: compreende os perfis soldados para vigas, em que 2 < d/bf < 4;
Séri e CVS: compreende os penis soldados para vigas e pilares, em que 1 < d/ bf < Li:
Série CS: compreende os penis soldados para pil ares, em que d/bf = 1;
I I

..
Padrão de Qualidade
Os perfis estão divididos em três categorias de padrão de qualidade, de acordo com a sua
utili zação, montagem e condições de aplicação :
Padrão de qualidade I (rigoroso) - para perfis utilizados em estruturas especiais, com exigência
de elevado rigor de tolerância (exemplos: estruturas para "of[ shore" , usinas nucleares, etc.) ,
Padrão de qualidade II (normal) . para perfis utilizados em estruturas convencionais, tais como
ed ifi cações em geral (residencial, comercial e industrial), pontes, galpões, etc.,
Padrão de qualidade III (comercial) . para os perfis de usos gerais (exemplos : estacas, postes,
mo urões, etc.).

ESPECIFICAÇÃO c:::::::f> 46 X 6.000 I A-36

TIPO DE SÉRI E DO PERF IL


0

' ' .

2 ' · ALTURA EM MILlMETROS


:;'. MASSA POR METRO (kg/m)

4 0

'. COMPRIMENTO EM MILlMETROS


So'. PADRÃO DE QUALIDADE

(>' . MATERIAL

Abreviaturas das Características Geométricas do PerfIl:

d - altura do perfil;
bf . largura da mesa;
lw - espessura da alma;
If - espessura da mesa;
li h . altura da alma;
I ee - espessura do cordão de solda (dimensão efetiva mínima do filete, compatível
com a maior espessura do metal base na junta).

Tamanhos Nominais de Perfis Soldados, da linha de fabricação automatizada da


Usirllina s Mecânica:

SÉRIE ALTURA (mm)

VS 200 250 300 250 400 450 500 550 600 650 700 750 800 850 900 950 1000 ,,00 1200
1300 1400 1500 1600 1700 1800 1900 2000 2200 2400 2500

CVS 300 350 400 450 500 550 600 650 700 750 800 850 900 950 1000 1100 1200 1300 1400 1500

CS 250 300 400 450 500 550 600 650

78
Os perfis especiais que, por razões específicas de projeto, não se enqu adram nos catá logos de
pelfi s padronizados dos fabricantes devem ter levantadas as suas propriedades, para efei to de
cál culo, e representadas graficamente as suas características geomé tri cas, ('om todas as
dimensões indicadas, para que possam ser fabri cados. Os perfis assimétri cos, híbridos . com
larguras de mesas diferentes, com grande altura de alma, etc., são alguns exemplo, de pelfi,
considerados especiais .

r -"''''--11

I '"
"ERFIL ASS IMÉTRICO

5.3 - Perfis Estruturais Formados a Frio


São perfis obtidos pelos processos de dobramento a frio de chapas de aço. Embora pos"lHm
dimensões padronizadas, podem ser produzidos pelos fabri cantes de aco rdo com a fo rma e o
ta manho solicitados, guardadas as limitações dimensionais das suas linhas e pro('~s,; os . De
modo geral, são recomendados para construções leves, sendo utili zados em e leme ntos
estruturais, como barras de treliças, terças, e tc ..
Exemplos de perfis formados:

I •
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." ~'-i

1:
'
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. .
. . . . <I ' . _--_. - ~~._ ._. ~.
. '--
.,
----. I
V , o I
"

~
PER FIL V PEAF IL V CANTONEIRA
SIMPLES ENRIJECIDO DE ABAS IGUAIS

Exemplos de Composição de Perfis Formados a Frio:

5.4 - Perfis Tubulares


Os perfis tu bulares podem ser de dois tipos: sem costura, obtidos pelo processo de e\l rusão .
que não serão aqui abordados, e os com costura. Os perfi s com costura são aq uel~, obtidos
pela calandragem ou pela prensagem das chapas, com soldagem por a rco submer,o. e pela
conformação contínua, com soldagem por eletrofusão.
O processo por calandragem permite a obtenção de virolas das mais variadas t:':::; pe ~ ~ lIra5.
Entretanto, dada a limitação do comprimento dos cilindros desses equipamentos. o perfi l. no
comprimento desejado, será obtido pela justaposição de topo das virolas, soldadas LImas às
outras.
7':1
I o

i :' I

'··9 ·! !y
UNIAo DAS VI AOLA S
SOL DA POR SOLDAGEM

o processo de fabricação de perfis tubulares redondos pela prensagem e soldagem a arco


submerso das chapas de aço destina-se principalmente à produção de tubos pesados, para
aplicação em gasodutos, oleodutos, transporte de água, podendo também ser empregados
para fins estruturais.
D e acordo com o catálogo da Confab, que produz esse tipo de tubo pelo processo SAW, os
diâmetros externos vão de 323,9 a 1.219,0 mm, as espessuras de chapas, de 6,4 a 25,4 mm,
com os comprimentos dos tubos variando de 6000 a 12400 mm.

u 0"""--_ _) o
'Q'
;- - ~
PRENSA, ·U·
)
PRENSA ·0·
--~/

SO LDA GE M INTERNA
E E XTERNA DO TUBO

o processo de produção contínua com soldagem por resistência elétrica, para tubos redondos
e quadrados de médio e grande porte, apresenta, de acordo com o catálogo da Confab, as
segui ntes limitações para a sua linha ERW: diâmetro externo entre 114,3 e 457,0 mm, espessuras
das chapas de 4,4 a 12,7 mm, e comprimentos dos tubos de 6000 a 18000 mm.
o I
--"- 1

O··!
TU BO RECON OO TUBO QUADRADO

Para os tubos redondos, quadrados e retangulares de pequeno diâmetro, fabri cados pelo
processo contínuo com soldagem por alta freqüência, que é s imilar ao processo por resistênc ia
elé trica, existe uma grande variedade de produtos padronizados no mercado. Os diâme tros
externos vão de 8 a 120 mm, espessuras entre 0,9 e 5,6 mm, e comprimento de 6000 mm.

'[Jl' ,
:Y ,
,-'_ '
I

TUBOS RECONDOS TUBOS QUADR ADOS TUBOS RETANG ULAR ES

A utilização mais vantajosa dos perfi s tubulares de médio e grande diâmetro é nos pilares. Pela
própria geometria das seção, seja ela circula,; quadrada ou retangular, esses perfis apresentam
mais resistência à fl ambagem. Para os de menor diâmetro, a aplicação mais usual está nas
treliças planas e nas treliças espaciais.

80
6.1 - Introdução
As chapas e os perfis laminados são fornecidos aos fabricantes de estruturas metálicas pelas

6 siderúrgicas em dimensões padronizadas. A fabricação da peça estrutural nas dimensões do


projeto requer, portanto, cortes e conexões desses materiais .
As peças es!tuturais de aço, por sua vez, possuem uma dimensão (barras), enquanto a estrutura
trabalha tridimensionalmente, o que exige novas conexões, agora entre as peças .
O projeto da conexão pode influir significativamente no custo da estrutura.
CONEXÕES
O tipo de conexão deve ser escolhido levando-se em conta: o comportamento da co nexão
(rígida ou flexível, por contato ou por atrito, etc.), limitações consttutivas, facilidade de fabricação
(acesso para soldagem, uso de equipamentos automáticos, repetição de detalhes padronizados,
etc.) e montagem (acesso para parafusamento, suportes provisórios, simplicidade, repeti ção,
etc.) .
As conexões são executadas por meio de soldagem ou parafusamento.
Há anos, utilizava-se também ligações rebitadas, mas em virtude da baixa resistência mecân ica.
da necessidade do emprego de mão de obra especializada, da instalação lenta e da dificuldade
de inspeção, deixaram de ser utilizadas.

6.2 - Conexões Parafusadas


Os parafusos são formados por três partes: cabeça, fuste e rosca. Apesar de serem ident ificados
pelo diâmetro nominal, a sua resistência à tração é função do diâmetro efetivo, sendo a área
efetiva a área da seção transversal que passa pela rosca, valendo cerca de 75% da área nom inal.

( R
OSCA

~.
OIAt.4ETRO EFETIVO

OIAt.lETRO NOMIN"L

O diagrama tensão-deformação dos aços utilizados na fabricação de parafusos não possuem


patamar de escoamento. Em conseqüência, o grau de aperto sempre cre sce com o
torqueamento. Os tipos de parafusos empregados nessas ligações são: parafusos comu ns e
parafusos de alta resistência.

tu .__. 0.0 ••• • ••••• • • • _ ••••••

6.2.1 - Parafusos Comuns


Os parafusos comuns têm baixa resistência mecânica, sendo mais empregado o tipo fabr icado
conforme a especificação americana ASTM A-307, com 41,5 kN/cm' (4150 kgf/c rn' ) de
resistência à ruptura por tração.
A instalação desse tipo de parafuso é feita com chave manual comum e sem controle de to rque.
Não se pode, assim, considerar a resistência por atrito entre as chapas, permitindo-se, portanto,
a movimentação dos elementos conectados . .
São utilizados apenas para peças secundárias, tais como guarda-corpos, corrimãos. te rças e
longarinas de fechamento pouco solicitadas, etc.
81
\,
- - - --
6.2.2 - Parafusos de Alta Resistência
Nas ligações importantes, deve-se empregar o parafuso de alta resistência, sendo mais utilizado
o tipo fabricado conforme a especificação americana ASTM A-325, com resistência à ruptura
de 82,5 kN/cm' (8250 kgf/cm2), para parafusos com diâmetro menor ou igual a 2;:;,4 mm, e de
72,5 kN/cm' (7250 kgf/cm'), para parafusos com diâmetro maior que 25,4 mm .
Por causa da maior resistênc ia, é necessário um menor número de parafusos por ligação e . em
conseqüência, chapas de ligação menores, do que resulta economia de aço.
Esse tipo de parafuso deve ser instalado com controle de torque, após o aperto inicial com
chave comum. O controle do aperto pode ser feito via controle da força, por meio de chaves
calibradas (torquímetro ou chave pneumática, calibrados diariame nte conforme prescrições
normatizadas) ou via controle da deformação (rotação da porca), por meio de cha\·c ele braço
longo.
O controle do aperto permite considerar o atrito entre as chapas, proporcionando maior rigidez
à ligação e impedindo a movimentação das partes conectadas.
Quando são utilizados aços resistentes à corrosão atmosférica, os parafusos das ligações devem
ser compatíveis. Empregam-se geralmente os especificados pela ASTM A-325, Tipo 3, que
são parafusos com a mesma resistência dos ASTM A-325, porém com uma composição química
que lhes confere resistência à corrosão atmosférica.

Anl";"<> ZICl'R,~n
Ferramentas empregadas para aperto de parafusos ,
vendo-se, da eS'Iueroa para a direita :chaves manuais,
chave de braço ongo e chave pneumática .

6.2.3 - Classificação das Conexões Parafusadas


Quanto à forma de transmissão dos esforços aos parafusos, as conexões parafusadas podem
ser classificadas em: ligação à tração, ligação à força cortante e ligação sujeita aos esforços
combinados de tração e força cortante.

JJGAçAo À TIlAÇÃO

82
As ligações à força cortante podem ainda ser divididas em ligações por contato e ligações por
atrito.
Ligação por contato é aquela em que as peças conectadas deslocam-se sob o efeito do esfo rço
aplicado, em virtude da folga entre cada parafuso e os furos das peças, até haver con tato ent re
as peças conectadas e o parafuso, recebendo este diretamente o esforço aplicado.
Quando não é conveniente esse deslocamento, por exemplo, em ligações sujeitas a t-'~fo l'ço s
alternados, a conexão deverá ser por atrito, ou seja, uma força de protensão (origi nada prlo
torqu eamento) é aplicada aos parafusos e transmitida aos elementos da ligação, im peoindo
que se desloquem devido ao atrito entre eles.

L1 GA\.,io A FORÇA CORTANTE.


POR CO NTATO

r-----~.-~----~Fn
~:2-,.,. -t

UCAÇ /\O À FORÇA CORTANTE.


POR AT HITO

Tirantes com ligação à força


cortante, por atrito.

6.3 - Conexões Soldadas


Soldagem é a técnica empregada para a união de dois ou mais componentes de uma peça
estrutural conservando a continuidade do material e as suas propriedades mecânicas e químicas.
As vantagens do uso de conexões soldadas são: maior rigidez das ligações, redução de custos
de fabricação (elimina furações), redução da quantidade de aço, pois as conexões são mais
compactas do que as ligações parafusadas, melhor acabamento final , trazendo faci lidade de
limpeza, de pintura e de execução em estruturas existentes.
Como desvantagens têm-se a dificuldade para desmontagem e sobretudo a dificuldade para
controle de qualidade na obra.
A dificuldade de soldagem e, em conseqüência, os riscos quanto à garantia da quali dade da
solda estão relacionados com as posições de soldagem, que são classificadas em : pla na.
horizontal, vertical e sobre-cabeça.

HORIZONTAL I
6.3.1 - Tipos de Solda
Os tipos de solda mais comuns são: solda de filete, em que o metal da solda é colocado
externamente aos elementos a serem conectados, e solda de entalhe ou penetração, em que o
metal de solda é colocado entre os elementos. Esta última é esteticamente mais agradável,
pois a solda reconstitui a seção da peça conectada e também minora os efeitos de esforços
alternados, que podem causar fadiga do material; entretanto, tem pequena tolerância de ajuste
das peças e custo elevado de preparo da superfície. A solda de filete é mais simples e, por
isso, mais empregada .

..
FILETE FILETE ENTALHE ENTALHE

6.3.2 - Processos de Soldagem


O processo de soldagem mais utilizado é a solda a arco elétrico, que pode ser manual, com
eletrodo revestido, ou automática, com arco submerso.

a) Eletrodo Revestido
A sol dagem via eletrodo revestido consiste em um arame de aço consumível coberto com um
revestimento que, sob a ação do arco elétrico gerado entre a sua extremidade livre e a peça a
ser soldada, se funde. O arame fundido constitui O metal de enchimento, que preenche o
vazio entre as partes, soldando-as. O revestimento transforma-se em escória, após a fusão,
recobrindo e protegendo a região soldada da corrosão atmosférica, garantindo a sua qualidade
final.
O uso do eletrodo revestido permite versatilidade nas posições de soldagem, sendo adequado
a soldagens na obra, quando essa solução é inevitável. No entanto, por ser manual, é susceptível
a defeitos.
ELETRODO REVESTlOO

A RA~E
CONSUM lvE~
REVES TIDO
REVESTIMENTO
(FUNOENTE )

ESCORIA

METAL BASE ARC O CE


Al'llu;,'oZ!G URATE SOLOAG EM
Soldagem via (' letrodo revestido

O eletrodo é geralmente especificado conforme a Norma Americana AWS (American Welding


Societ)') c identificado pela letra "E" seguida de quatro algarismos, sendo os dois primeiros
indi cat ivos da resistência à ruptura do material da solda (em mil libras-força por pol egad a
quadrada) e os dois últimos à posição de soldagem, composição química do material e tipo de
corrente. Quando o proj eto apenas indica a resistência da solda, o eletrodo é especificado da
seguinte maneira: E 70XX.
Quando se empregam aços resistentes à corrosão atmosférica, a solda deve ser também resistente
à corrosão, por exemplo: E 7018 G (0,4% Cu). O acréscimo da letra G após a identificação
trivial do eletrodo representa a recomendação de acréscimo de material de liga à composição
qu ími ca da solda, no exemplo, 0,4 % Cu.
84
b) Arco Submerso
A soldagem via arco submerso é realizada por um equipamento composto de um ara me de aço
nu associado a um dispositivo insuflador de fluxo fundente. Ao ser gerado o arco elétrico, o
arame se funde soldando as partes e o fluxo é depositado sobre a solda, protegendo-a.

ELETRODO SUBMERSO

T UBO
ENVO LVENTE
RECUPERAC,I.,O
00 flUXO

ARAME CONSUMlvEL
(SEM REVESTIMENTO)

METAL 8ASE ARCO El!:TRICO


ARCO DE
SOLDAGEM

:\r<ju; m ZIGURATE
ECj uipamento auto mático para Após a soldagem o fluxo
1';0 dage m via arco submerso. remanescente é recuperado.

A soldagem por arco submerso, em virtude da automatização, confere maior qual idade à sold a
e destina-se às operações executadas em fábrica, pois há restrições quanto à mobilidade da
máquina e, conseqüentemente, à posição de soldagem.
A especificação do fluxo e do eletrodo também se baseia nas normas AWS. No caso do aço
comum, geralmente o projeto estrutural identifica apenas a resistência da solda, por exemplo:
F7XEXXX. O algarismo indica a resistência à ruptura da solda (multiplicado por lO, encontra-
se o valor em mil libras-força por polegada quadrada), o primeiro X indica a tem pe ratu ra de
ensaio (impacto) da solda e os outros 3 Xs especificam a composição química do mate rial.
Ci ta-se um exemplo, para aços resistentes à corrosão atmosférica : F72-EL12w.

6.3.3 - Controle de Qualidade


Sempre que possível, o projeto deve prever que a maioria das conexões seja soldada e executada
em fábrica, enquanto as que inevitavelmente serão montadas em campo devem ser pa rafu sadas .
Isso se deve à maior facilidade de controlar a qualidade da solda em fábrica.
A qualidade da solda pode ser controlada pelos métodos apresentados a seguil: em mde lll
crescente de eficiência:
a) Verificação de Defeitos Superficiais
85
>
Controle visual: consiste na detecção de defeitos superficiais grosseiros por meio de
averiguação visual executada por profissional habilitado;
Controle por líqüido penetrante: consiste na pintura da região soldada com um líqüido de
cor avermelhada que penetra em possíveis fissuras na solda; após limpeza e aplicação de
pó revelado!; é ressaltada a indesejável solução de continuidade;
Controle por magnetização (magnaflux): consiste no espalhamento, sobre a região soldada,
de partículas magnéticas que, por magnetização, se dispõem de forma peculiar se houver
defeitos superficiais;
b) Verificação de Defeitos Internos
Controle ultrassonográfico: consiste na inspeção do interior da solda por meio da emissão
c recepção de ondas;
Controle radiográfico: consiste na inspeção do interior da solda com o emprego de raios-X
e permite o registro da inspeção.

Controle de qualidade da solda


por meio de líquido penetrante

6.4 - Conexões Flexíveis e Rígidas


Para entender o funcionamento de uma ligação, é preciso lembrar que uma barra, submetida a
carregamentos transversais externos, transporta estes carregamentos para o apoio por meio de
esforços solicitantes internos. São eles o momento fletor e a força cortante. No caso de barras
submetidas a esforço externo axial, surgirá também o esforço solicitante interno, força normal,
que poderá ser de compressão ou de tração. Simplificadamente, admitir-se-á que o binário que
compõe o momento fletor atue somente nas mesas da viga.

l'

Ao se projetar uma conexão, deve-se decidir se será rígida ou flexível.


A I igação rígida é aquela em que não ocorre rotação relativa das peças conectadas, ao passo
que na ligação flexível esta rotação é permitida.
No mundo real não há ligações totalmente rígidas ou totalmente flexíveis, porém via análise
experimental pode-se determinar o grau de rigidez de cada tipo de ligação, ou seja, o valor do
ângulo de rotação entre as partes conectadas, e agrupá-las em Jigações "mais rígidas" e ligações
"menos rígidas". As primeiras serão chamadas conexões rígidas e as últimas, conexões flexíveis.

86
@
Momento

Rotaç ão

Assim, a conexão rígida deve ser projetada de tal forma que garanta a manutenção do ângu lo
original entre os eixos das barras conectadas, ou seja, deve garantir a transmissão das forças
(longitudinais) nas mesas que compõem o momento fletor, de uma barra à outra. Além disso ,
deve ter a capacidade de transmitir as reações de apoio associadas à força cortan te e à força
normal. As conexões flexíveis devem garantir apenas que as reações de apoio assoc iadas à
força cortante e à força normal sejam transmitidas à peça de apoio e permitir a rotação de uma
peça em relação à outra.
Aprese ntam-se, a seguir, exemplos de projetos de conexões:

6.4.1 - Exemplos de Conexões Flexíveis

L1 GAÇ ..\ O DA VIGA


NA ALMA DO PIl.AR

Ligação flexível.

As cantoneiras ligadas à alma da viga devem garantir a transmissão da reação de apoio (força
cortante) ao pilar e ter dimensões tais que impeçam a rotação da viga em torno do seu próprio
eixo , junto à ligação.
II 6. 11o l ga )

l Ii .
I

UGA ç Ao DA VIG A
NA .\ I ESA DO PI LA R

t
As cantoneiras devem ser suficientemente flexíveis para permitir a rotação da viga em relação
ao pil ar (l1g.I).
A chapa de extremidade deve garantir a transmissão da reação de apoio (força cortante) ao
pil al:
A .chapa de extremidade deve ter dimensões suficientes, para evitar a rotação da viga em
rela,ão ao seu próprio eixo e deve ser suficientemente flexível, para permitir a rotação da viga

\r
em relação ao pilar (rig.2 e rig.3).

1"""0'

-
...-,

[ I)
Fig. I Fig.2 Fig.3

A ca ntoneira inferior deve garantir a transmissão da reação de apoio (força cortante) ao pilar.
A cantoneira superior evita o deslocamento lateral e a rotação da viga em relação ao seu
próprio eixo e deve ser suficientemente flexível, para permitir a rotação da viga em relação ao
pilar.

I, , o o
IA

o o
IA
o o SOLDA

I ..
SECÇÃO A-A

I ..
11
11
I
I
i
i F F . ~

,
! !
!I

88
Q
Nó de treliça: Como já foi abordado nos capítulos 2 e 4, a treliça é a estrutura formada por
barras, todas articuladas entre si, e submetida somente a esforços nodais,
Deve-se garantir, portanto, que as ligações nodais sejam articuladas, Desta forma . todas as
barras deverão concorrer em somente um ponto, com a finalidade de teoricamente impedir o
aparecimento de momentos resistentes.

CHAPA DE
LIGAÇÃO
Arqu"..,Z IGCRATE

~\I Barras com ligação indireta,


utilizando chapa de ligação.

, , m_~ _ I_'~'-_

AnIUi"oZIGURATE
Barras com ligação direta

"---
Edifício Administrativo da Marinha - SP CHAPA DE
LlGAÇÁO

"

Diagonais e montantes da treliça


solidarizados aos banzas por ligação direta

89
),
Bases de Pilares: Para garantir a flexibilidade da ligação, deve-se reduzir o momento
resiste nte uevido a binários .Assim, são aproximados ao máximo os chumbadores (barras
redondas rosqueadas) que servem de ligação entre os pilares e as fundações de concreto.

F/G. IS

-~- --H- @

Arquivo ZIG UKATE

Base de pilar flexível ou articulada.

Contraventamentos Verticais

Residência Mangabeiras - BH Conjunto habitacional - Cubatão - SP

"- "1"1\" I{ f.C


Contraventamento vertical
empregando perfis dobrados, de seção caixão.

Cinevídeo Fram e - SP

""1" ;'·0 CODUIE


Contraventamento vertical com Conlraventamento verti cal
perfis tubulares de seção caixão com duplas ca nloneiraslaminadas de abas igu ai:-

90
Contraventamentos Horizontais

Rua da Cidad ania - Curitiba - PR

Arquim ZI GU RATE ArqLJi\ " / II;l·11 ~n:

Contraventamen tos horizontais utilizando Contraventamentos horizontais com


canto neiras lam inadas. cantoneira laminada.

6.4.2 - Exemplos de Conexões Rígidas


A força axial à mesa tracionada flete a chapa da extremidade, que trabalha como se fosse ullla
viga biapoiada nos parafusos que a ligam ao pilar. Os parafusos tracionados trans mitem o
esforço à mesa do pilar, impedida de fletir devido à colocação da chapa superior que, por sua
vez, transmite o esforço, por cortante, à alma do pilar.
A força axial à mesa comprimida é transmitida, por contato, diretamente à mesa do pila!; que
é impedida de fletir, devido à colocação da chapa inferior. Esta, por seu turno, transmite o
esforço, por cortante, à alma do pilar.
A reação de apoio associada à força cortante é transmitida ao pilar através dos parafusos
submetidos à força cortante .

Chapa de extremidade parafusada,


para conexão rígida viga-pilar.

io o IA
<-

(
~

IA
SOLDA

Conexão rígida viga-pilar,


S ECÇÃO A-A
utilizando chapa de extremidade parafusada.

91
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o
O
O

Conexão rígida viga-pilar, Edifício Rua Fonnosa - SP


pela mesa do pilar, empregando Conexão rígida viga-pil al~
chapas de ligação de mesas, pela alma do pilar,
parafusadas às mesas das vigas. empregando chapas de
ligação de mesa,
parafusadas às mesas
das vigas.

ArquiYl) ZIGURATE
Ligações rígidas viga-pilar, pelas mesas
e pela alma do pilar.

Nó de Pórtico
" Bases de Pilares
Conexão rígida, Para garantir a rigidez da ligação, são afastado:
ao máximo os chumbad ores que se rvem de
empregando ligação
ligação entre o pilar e a fu ndação de concreto.
soldada viga-pilar.
"
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-@-
-@-
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Edifício Comercial - BH ,
@I H@
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Arquivo ZIGUIlUE \"i"" ... 1.1G1R \n


Li~açã() soldada viga-pilar. Base de pil ar rígid a ou engastada.

92
7.1 - Projeto da Estrutura
O projeto completo da estrutura de uma obra de aço envolve três atividades distintas:

7 Projeto de Engenharia;
Projeto de Fabricação;
Projeto de Montagem.

PROJETO E 7.1.1 - Projeto de Engenharia


FABRICAÇÃO O projeto de engenharia de uma estrutura compreende: a concepção estrutural, em 4ue são
definidos os carregamentos; a discriminação dos tipos de perfis a serem utilizados. ('om 05
comprimentos correspondentes e as características geométricas das suas seções transversais;
a caracterização teórica dos vínculos, que deverão corresponder à realidade física da estrutura;
O cálculo dos esforços atuantes nas seções ou nos pontos mais importantes da estrutura : o
dimensionamento, o plano de carga nas fundações, a estimativa aproximada do consumo de
aço, etc. Ao final, são elaborados os desenhos de acordo com o nível desejado de projeto.
com a representação da definição estrutural, por meio de desenhos unifilares.
O projeto de engenharia é uma tarefa confiada aos escritórios de engenharia especia lizados
em estruturas metálicas .

Projeto de Engenharia - Básico


Desenho de Elev8são - Marquises - Fl e F2
Arquivo POLIAÇO

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93
7.1.2 - Projeto de Fabricação
Nesta etapa é elaborado o detalhamento de todos os elementos componentes da estrutura.
Depend endo do caso, as peças são mostradas isoladamente ou em conjunto. Para uma treliça,
por exemplo, são indicados os comprimentos das peças, a localização dos furos , os parafusos,
as listas de materiai s, etc. Toda a representação gráfica normalmente vem acompanhada de
medidas não-acumuladas e acumuladas, critério adotado por muitos fabricantes para obter
maior precisão de marcação . Por isso, esses desenhos são elaborados sem escala.

Proj eto dt' ràbricação


Desellho de EJevasão - Marquises FI e F2
Arquivo POLIAÇO

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Detalht" da Marquise - Ampliação

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94
7.1.3 - Projeto de Montagem
O projeto de montagem traz uma representação mais esquemática, sob a forma de diagralllas .
mostrando o sistema estrutural , a indicação das numerações ou marcas de cada pf'~·a . o ~eu
posicionamento e a seqüência de montagem. Além disso, pode forn ecer info rmações
complementares para o montador, como: a peça mais pesada, o raio máximo de trahalho do
e quipame nto de montagem, a metodologia de montagem, etc.
O proj e to de fabricação ou detalhamento e o projeto de montagem pod e m ser contratados.
supervisionados ou mesmo elaborados pela própria empresa fabri cante e montadora da
estrutura.

Projet o de Montagem
Desenho da Planta das Marquises FI e F2
Arquivo POLIAÇO

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7.2 - Os Trabalhos de Fábrica
Nas fábricas de estruturas, os componentes estruturais são produzidos segundo um processo
industrializado, que se caracteriza pela mecanização e racionalização, com conseqüentes
ganhos de produtividade, prazos, custos e menor desperdício de material.
Dependendo das condições do fabricante, o primeiro trabalho de fábrica consiste em passar
o projeto pela chamada engenharia de preparação ao processo de fabricação, sob a
responsabilidade do seu escritório técnico, envolvendo desde os estudos de processos e
métodos de fabri cação até a elaboração de traçagem, que é o nome que recebem os traçados
e moldes . Além dessa preparação para a fabricação, a engenharia se encarrega da preparação
das listas preliminares e definitivas de encomenda de material, concentrando-se no seu
aproveitamento adequado, fazendo estudo para o corte das chapas a partir de dimensões
recebidas das usinas siderúrgicas ou dos distribuidores de aço, com o objetivo de reduzir ao
mínimo as perdas.
Elaborará, ainda, as listas de parafusos, eletrodos e tintas a serem utilizados, bem como as
tabelas para o contrôle da fabricação, tanto no referente à qualidade quanto no que concerne
ao acompanhamento cerrado da produtividade alcançada pelos diversos setores da fábrica.
Por último, preparam as listas que darão condições de acompanhar o despacho dos materiais
para a montagem, as listas de expedição e os romaneios que deverão acompanhar cada
carregamento.
A partir dos desenhos detalhados para fabricação, são preparados os traçados das peças,
com todas as informações necessárias para a fabricação, tais como: linhas de centro, linhas
de fu ração, posicionamento das furações, linhas de corte devidamente cotadas, detalhes das
chapas de ligação e das demais chaparias envolvidas.
Esses detalhes são elaborados em escala natural, para que, na fábrica, possam servir de
moldes para a fabricação.
Chegando ao "chão de fábrica", o projeto é separado e distribuído para os diversos setores, de
maneira que atenda ao planejamento de fabricação e às prioridades preestabelecidas.

A"Iuivo lCEC ~"!LJ"'~ leEC

De!:ienhos delalhados para fabricação Desenhos de estrutura, fabricação


e traçado das peças.

7.2.1 - Setorização da Fábrica


Uma fábrica de estruturas metálicas é relativamente simples e de grande flexibilidade, podendo
ex ecutar uma série de operações simultâneamente. Basicamente, trabalha com um único
material, o aço estru Lural, que entra no início do fluxo, como perfilados planos ou não planos,
e sai em forma de estruturas pré-montadas.
Durante o fluxo desse processo, o aço passa por uma série de operações que, dependendo
do porte da fábric a , poderão ser realizadas em diversas seções, no caso das grandes e
médias empresas, ou em uma única seção, no caso das empresas de menor porte.
De uma maneira geral , as operações típicas a serem executadas estão associadas a um
determinado setor da fábrica: suprimento de matéria-prima; traçagem; usinagem; pré-
montagem, soldagem; acabamento; preparação de superfície e pintura; exped ição.
96
;
a) - Suprimento de Matéria-Prima
O primeiro trabalho de fábrica está na informação da disponibilidade de estoque.
É aqui que todo o processo industrial tem início, com o abastecimento de matérias -primas e
o suprimento às linhas da fábrica de todos os materiais necessários à fabricação das estruturas,
tais como: o aço, na forma de chapas, bobinas ou perus; parafusos, porcas e arruelas; eletrodos
revestidos, arames e fluxo; granalhas; tintas e solventes, etc.

b) - Manuseio e Corte do Material


Os materiais deverão seguir para os locais de estocagem dentro da fábrica levando-se em
conta a adequação do estoque e a racionalidade da sua utilização no processo industrial.
As operações de abastecimento de matérias-primas, bem como as operações de deslocamento
e posicionamento das peças que estão em fabricação, nas diversas linhas de produção, são
auxiliadas por equipamentos com~ pontes rolantes, monovias, talhas, carros sobre trilhos,
paus de carga, etc.
Os produtos laminados planos, em especial as chapas, são comercializadas no mercado nas
dimensões-padrão de comprimento, largura e espessura oferecidas pelas usinas e são adquiridas
sem extras de qualidade, razão pela qual esses produtos não apresentam bordas aparadas .
Por isso, faz-se necessária a preparação desses materiais por corte, uma vez que a maioria dos
perfis utilizados em estruturas de aço é composto de perus de chapas soldadas ou de perus
dobrados conformados a frio .

Arqu,voMETASA l r<ju""ZlCl R.HE


Processo automático de corte à gás, Processo manual de corte à gás,
com m(iltiplos bicos de oxicorte. com um único bico de oxicorte.

Os tipos mais comuns de corte são feitos utilizando tesouras, serras circulares de baixa
velocidade e o corte a gás, conhecido como oxicorte; hoje, já se dispõe de corte com alta
precisão e qualidade por meio de plasma.
A escolha do processo de corte depende do tipo de material e da complexidade do trabalho a
ser realizado

c) - Traçagem
Uma grande quantidade de material a ser produzida dentro de uma fábrica de estruturas
metálicas passa pela seção de traçagem, principalmente quando a quantidade é pequena e o
trabalho manual é mais econômico. Após o recebimento dos materiais do setor de suprimentos,
dos gabaritos e modelos preparados pelo apoio técnico começam os trabalhos de traçagem das
diversas peças componentes da estrutura. Essa traçagem consiste em transferir as informações
necessárias para a confecção das peças diretamente sobre a superfície da chapa; são marcadas
com riscadores de giz ou de pedra sabão e os centros dos furos, mediante puncionamento.
97
d) - Usinagem
Na lI sinagem é feita a preparação de todas as peças componentes da estrutura. Posteriormente,
efetua-se a pré-montagem dos sub-conjuntos e conjuntos. A usinagem é a seção em que são
executados cortes, recortes, furações, dobramentos, desempenos e ajustes que forem requeridos,
de acordo com o trabalho a ser realizado.
As furações podem ser feitas de diversas maneiras. O puncionamento é a furação por
cisalhamento, e é feita por um pistão em uma prensa. Existem outros tipos de máquinas
puncionadeiras automatizadas, que reproduzem um modelo e vão fazendo furos idênticos nas
outras chapas, além de furadeiras, como as de coluna, que fazem um furo de cada vez, e
também as fu radeiras portáteis de base imantada, etc.

Ã"lui\'O ZIGU RAn:


Furadeira de colu na

e) - Pré-Montagem
Nessa seção, também conhecida como setor de montagem de fábrica, o trabalho consiste em
agrupar componentes de um mesmo sub-conjunto, dando forma final às peças da estrutura.
Tudo aquilo que vai ser agregado à peça é feito nesse setor.
Nele trabalham montadores e soldadores, utilizando as marcações feitas sobre as peças, o
que assegura um pelfeito posicionamento relativo entre elas. Para que seja mantido esse
posi cioname nto, procura-se pontear com solda as peças entre si, para posterior ligação
definitiva, na seqüência da linha de fabricação.

\" I'"".f('(
Soldador ponteia com solda as peças entre si Detalhe do posicionalnenlo dllS peças
por meio de pontos de solda

J) - Soldage m
Após a sua mo ntagem, os sub-conjuntos são levados para as linhas de solda. Para as ligações
soldadas, util iza-se solda manual com eletrodo revestido. A soldagem dos sub-conjui1tos
normalment e envol ve um grande contingente de soldadores, pois as operações são quase
sempre muito trabalhosas e demoradas.
98
Deve-se destacar que todo o processo de soldagem provoca deformações nas peças qLl~ estão
sendo soldadas; assim, ao término das ligações entre as peças, é necessário uma rt-'a\'alia~ão
das condições geométricas, para que eventuais ajustes e alinhamentos possam ser reali zados.

Soldador fazendo as ligações definitivas das soldas Vista da seção de soldagem

g) - Acabamento
O acabamento começa pelo endireitamento e ajuste das peças componentes.
O material que tenha sofrido qualquer empenamento durante o processo de fabri cação deve
ser desempenado. Para o desempeno de perfis "I" e "U" , utiliza~se uma prensa
desempenadeira com êmbolo percursor ou pistão hidráulico, que aplica uma pre,são ao
longo da peça distorcida, até o seu alinhamento.
Em outros casos, o desalinhamento ou empenamento é corrigido pela ação do calor. O aço
soldável, por possuir baixo teor de carbono, não apresenta problemas de têm pera ao ser
aquecido. O processo é alternado, ora aquecendo ora resfriando o perfil com água; a
deformação tél1nica resultante vai compensando as deformações anteriores.
O aquecimento é feito por meio de um pequeno aparelho colocado no bico do maçarico de
oxiacetileno, chamado chuveiro. A sua chama não é pontual como a do maçarico de corte.
mas distribuída.
Como acabamento pode-se citar, por exemplo, o esmerilhamento das bordas das peças cortadas
por maçarico ou por tesouras, que podem provocar rebarbas nas peças recortadas : este
esmerilhamento vai melhorar o aspecto das superfícies soldadas.

Arq";o,, ZIGURATE

Operários na seção de acabamento


corrigindo o desempenamento dos perfis pela ação do calor

Esmerilhamento das bordas da peça


\ " 1"" " 11'.\ H \ rf

99
h) - Tratamento de Superfície e Pintura
Após o acabamento supemcial, vem a etapa de limpeza das superfícies das peças e a de
pintura.
Obs.: Ver capítulos 11 e 12

i) - Expedição
A última fase do processo envolve o embarque e a expedição da estrutura para o local em que
será montada. Essa operação deve ser coordenada com as necessidades da execução da obra,
evitando estocagens desnecessárias no canteiro ou a remessa de peças em ordem não adequada
à montagem. A programação de embarque deve ser sempre documentada por meio de listas
específicas de qualidade, quantidade e peso, denominadas romaneios.

7.3 - Fabricação de Perfis Soldados


Os peliis soldados são produzidos pela junção de produtos laminados planos por soldagem.
Os perfis soldados para uso estrutural não devem ser executados com chapas provenientes de
bobinas, pois por ocasião da soldagem dos pems, devido ao conseqüente aquecimento, as
chapas tendem a retornar à sua posição deformada na bobina, ocasionando problemas de
qualidade à peça.
A fabricação de perfis soldados depende do tipo de equipamento de cada fabricante, podendo
ir do artesanal ao processo industrializado.
Para exemplificar a fabricação de um peml soldado no processo convencional, vamos supor
um pedil " I", série VS 400x49. Este peml apresenta mesas de 200 mm de largura, 9,5 mm de
espessura e alma de 381 mm de altura, com espessura de 6,3 mm.
Primeiro será feito um esboço de composição, dando as características geométricas do pedil,
a marcação das bordas e extremidades dos componentes, a altura do cordão de solda, etc. As
chapas que vão compor o perfil são normalmente cortadas em mesas que se deslocam sobre
trilhos -guia, com um braço pantográfico, com bicos de corte alimentados por chama
oxiacetilê nica. Em seguida vem a etapa de composição das chapas, em que primeiro as mesas
sofrerão uma pré-deformação com o auxílio de roletes ou de prensas. Este procedimento se
faz necessário para compensar a deformação proveniente da operação de execução dos cordões
de solda. Na sequência, as mesas são ponteadas à chapa de alma para, em seguida, receber a
solda tipo filete. Para soldas de grande comprimento, como é o caso dos pems, usam-se
máquinas automáticas do tipo arco submerso, que aplica o arame e o fluxo a uma velocidade
controlada. Após o procedimento de soldagem, o peml passa pelo setor de desempeno e
acabamento, para corrigir eventuais distorções.

Anj uivo USIMINAS MECÂNICA Arq ui. " \![T\ ~ \

Linha a utom ática para soldagem de perfis Bancada para soldagem de perfis
utilizando máquinas automáticas do tipo arco submerso
7.4 - Fabricação de Perfis Formados a Frio '.
O perfil formado ou dobrado é o pedil obtido por conformação a frio de produtos planos, como
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chapas e tiras. As chapas podem ser formadas tanto por dobradeiras quanto por perfiladeiras, .• \'1\ •. ' '"
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100
Enquanto as dobradeiras trabalham com comprimentos de 3000 a 6000 mm, com capacidade
de dobrar chapas até 12,5 mm de espessura, as perfiladeiras podem produzir perfi s de qualquer
comprimento, estando limitadas a perlis mais leves, por trabalhar com chapas mai s finas. Em
geral, esse tipo de equipamento opera com espessura máxima de 3 mm e com dimensões
máximas dos perlis de 50 x 150 x 50 mm, para perlis enrijecidos.

ArquivoMETASA .~"'I";'''' ZICt KAT[


Dobradeira Perliladeira

7.5 - Fabricação de Perfis Tubulares com Costura


Os perfis estruturais tubulares com costura podem ser fabricados pelo sistema de calandragem,
pelo processo SAW com prensas "U-O" e pelo processo de produção contínua.

7.5.1 - Sistema por Calandragem


Emprega como matéria-prima chapas pré cortadas de acordo com o comprimento admissível
do equipamento. Existem diferentes tipos de calandras, da manual à hidráulica, ambas
compreendendo 3 rolos, dois inferiores e um superior, que, dependendo das características
técnicas, podem possibilitar o deslocamento horizontal e vertical dos rolos, permi tindo inclusive
que sejam cambiáveis.

j
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o
~
Arqui"oZIGURATE ~"IU"O ,!t.:T~:- \
Calandra Equipamento automáti co de soldagem a arco suhmerso
A fabricação de um tubo por este sistema está limitada, na largura, pelo comprimento nominal
da calandra, que é praticamente igual à do rolo, e pelo diâmetro mínimo de calandragem, em
que são consideradas outras variáveis, como espessura da chapa e tipo de material (limite de
resistência) .De uma maneira geral, são encontradas nas fábricas de estruturas calandras que
permitem larguras de chapas variando de 1900 mm (manual) a 4000 mm . Uma cala ndra
hidráulica, por exemplo, pode trabalhar com espessuras de chapa até 50 mm e diâmetro
interno mínimo de 840 mm, enquanto uma calandra pequena trabalha com espessura máxima
de 6 mm e diâmetro mínimo do tubo de 260 mm. Uma vez conform,!dos os anéis ou virolas,
como são conhecidos, eles passam pelo sistema de soldagem a arco súbmerso, que provocará
a união das extremidades da chapa. O comprimento final do tubo será obtido pela justaposição
de virolas soldadas de topo umas às outras.
101
7.5.2 - Processo com Prensas
O processo consiste basicamente em fazer passar a chapa de aço por duas prensas.
A primeira ("U"), que pode aplicar uma força de até 1000 t, faz com que a chapa adquira a
forma de um "U". Na sequência, outra prensa ("O"), com capacidade de até 32000 t, irá dar
a curvatura final ao tubo. A força a ser aplicada leva em conta o diâmetro, a espessura e o grau
de resistência do material a ser utilizado~. Posteriormente, as extremidades das chapas serão
soldadas interna e externamente pelo sistema de arco submerso.
Por este processo, pode-se fabricar tubos estruturais com comprimentos de 6000 a 12000
mm, com diâmetros externos de 323,9 a 1.219 mm e nas espessuras de.6,4 a 25,4 mm.
Os tubos cuja aplicação exige o atendimento em alto grau de requisitos de inspeção, como os
confeccionados com aços AP!, destinados a oleodutos, gasodutos, transporte de água, são
normalmente fabricados por este sistema.

A"I ui .... CONrAB


Prensa ("U") Prensa ("O")
7.5.3 - Processo de Produção Contínua
Trata-se de processo de soldagem por resistência elétrica. Na linha de produção contínua, o
aço é processado em bobinas. O processo tem início pela etapa do desbobinamento, passando
pel a de pré-formação, de soldagem, de tratamento térmico, de acabamento e de inspeção do
tubo. A primeira etapa para transformação do tubo consiste em uma série de rolos pré-
conformadores, de diferentes formatos e tamanhos, que vão dando o formato inicial do tubo à
med ida que a chapa de aço passa pelos roletes. Na última etapa da pré-formação, é feita a
soldagem do tubo na placa de solda. A soldagem por resistência elétrica se dá por meio de
alta frequência. Ela induz um campo elétrico de alta frequência nas bordas do material e, por
efeito de caldeamento, ocorre a fusão dessas bordas. Assim, o processo consiste em aquecer
as duas bordas da chapa c, enquanto aquecidas, exercer pressão mecânica, uma contra a
outra, executando a união sem metal de adição. No final dessa linha, o tubo pode passar para
uma seção quadrada, mediante uma pressão lateral nas suas paredes superior e inferior,
transformando-as em superfícies planas de cantos arredondados. As limitações de comprimento
da linha da Confab, por exemplo, vão de 4500 a 15500 mm.

A"IU,,·oZIGURATE ~ "I'''''' CO \f \ 11
Rolos pré-conformadores Soldagem por resistên cia elétrica

102
oc
8.1 - Lajes ou Placas
As lajes ou placas, além da função de suportar e conduzir para a estrutura as ações verticais

8 decorrentes da carga permanente e da sobrecarga, podem também ser utilizadas associadas


à estrutura metálica como contraventamento horizontal, devendo neste caso estar
adequadamente ligadas à estrutura de aço para poder trabalhar como um diafragma rígido.
A estrutura metálica aceita praticamente qualquer sistema de laje, industrializada Oll não.
Destacamos, neste capítulo, as principais características dos tipos mais utilizados;
LAJES
8.2 - Laje de Concreto Moldada "In Loco"
Este processo compreende três componentes básicos: concreto, vergalhões e fôrmas. O
concreto pode ser preparado na obra ou obtido diretamente das usinas, o denominado concreto
usinado. Entretanto, os vergalhões, que irão formar a armadura da laje, e as fôrmas, que
servirão de moldes para a concretagern, necessariamente têm de ser preparados no próprio
local de execução. Em alguns casos, para o cimbramento das fôrmas podem ser empregados
sistemas de treliças telescópicas como apoio dos caibros e dos compensados. Essas trel iças
se apoiam diretamente sobre as vigas de aço da laje a ser concretada, dispensando o liSO de
pontaletes, muito comuns na solução convencional de concretagem.

Arquõ_o ZICURATE ""I",,,,I.II, L R\TF


Treliças telescópicas apoiadas na mesa superior do perfil. Treliças telescópicas fixadas em madeiramento, por
sua vez apoiado sobre a mesa inferior do perfil de aço.

8.3 - Lajes de Painéis de Madeira e Fihrocimento


Estes painéis são constituídos por um miolo maciço de madeira prensada, revestido em ambas
as faces com chapas de fibrocimento. São apresentados na largura-padrão de 1200 mm,
espessuras de 40 e 55 mm e comprimentos de 2500 e 2750 mm. A utilização do sis tema para
pisos deve levar em consideração o comportamento à flexão do painel, que está diretamen te
relacionado à carga aplicada, à espessura do painel e ao número de apoios. A fixH~;.10 dos
painéi s nas peças metálicas que servem de suporte é feita com parafusos ou presilhas .

Instituto de Engenharia ~ São Paulo

'.

. com paineIS
I...aJes . , . d e mad' 0b·
eIra e 11 rOClmento.
Árqui'·uZIGUHATt:

103

c
8.4 - Lajes de Painéis Armados de Concreto Celular
Este sistema é composto de um material de baixa densidade, portanto de grande leveza,
possibil itando fácil manuseio e aplicação na obra.
São fornecidos em painéis, na largura-padrão de 400 mm, nas espessuras de 75, 100, 120, e
150 mm e nos comprimentos de 2900 a 4000 mm, dependendo da sobrecarga e da espessura
adotada. Os painéis apresentam, na sua seção transversal, duas linhas de malhas (a superior
e a inferior) e, nas laterais da parte superior, um recorte em "1.:'. A justaposição dos painéis
lado a lado resultará numa canaleta, cujo preenchimento com argamassa fluida de cimento e
areia possibilitará a sua solidarização. Os painéis, ao final, necessitam receber um capeamento
de argamassa, da ordem de 25 a 40 rum de espessura, para maior solidarização, que irá servir
também como contrapiso. Normalmente, trabalham simplesmente apoiadas sobre os vigamentos
I
I de aço, sendo o apoio transversal mínimo de 40 mm.
1
)'
8.5 - Lajes Pré-Fabricadas Pro tendidas
São obtidas pelo processo de industrialização em pistas de moldagem, nas quais os fios de aço
são levados a um estado de tensão, antes da etapa de concretagem. Concluída esta etapa, é
feito o alívio das tensões nas extremidades por meio do corte dos painéis. Esses painéis
, apresentam seção transversal com pequenos vazios ou alvéolos, sendo a classe de armadura
H fornecida em função da sobrecarga de utilização. As características geométricas das lajes
I protendidas , de um modo geral, são as seguintes: alturas de 100, 150 e 200 mm e largura de
I 990 mm. Para maior garantia, recomenda-se que o apoio mínimo sobre a viga de aço seja da
I ordem de metade da altura da laje. Após o posicionamento das lajes, procede-se ao seu
nivelamento e, em seguida, ao rejuntamento dos encontros longitudinais com argamassa de
cimento e areia, com adição de expansor, para solidarização do conjunto. Para o nivelamento
da parte superior da laje e melhor distribuição das cargas, é recomendado um recobrimento
mínimo de argamassa de 30 mm de espessura, para compensar a contraflecha.
No caso de aplicação de pisos rígidos sobre as lajes protendidas, é recomendada a aplicação
li de uma tela sobre as juntas, para evitar a fissuração do revestimento.

II1
li Edifício Rua Formosa - SP

Centro Comercial - Itú - SP

!
'I

Arquivo ZIGUR.~n:
Lajes de painéis armados Lajes pré-fabricadas protendidas.
de concreto celular.

I,
li 8.6 - Pré-Lajes de Concreto
As pré-lajes são constituídas por placas feitas de concreto armado ou de concreto protendido.
Existe uma grande variedade de dimensões para as placas feitas de concreto armado com
armadura positiva, sendo a largura máxima próxima de 2400 mm.
104
< .
As placas de concreto protendido por meio de fio aderente e cura a vapor proporcionam uma
elevada resistência no momento da protensão, sendo possível sua utilização com um mínimo
de escoramento durante a execução_ Pela fonna como são produzidas, em pistas especiais,
metálicas ou de concreto queimado, essas placas de pequena espessura, aproximadamente
40 a 50 mm, apresentam a face inferior praticamente lisa e acabada, pronta para receber
pintura. Uma vez posicionadas sobre os vigamentos de aço, procede-se à concretagem "in
loco" da capa de complemento das pré-lajes, que têm espessura variando de 40 mm a 150
mm , dependendo da sobrecarga de utilização_ São fornecidas nas larguras de 1000 a 2400
rum, com comprimento oscilando de 3400 mm, com um escoramento, a 8000 mm, com dois
escoramentos; para vãos até 2500 mm, as pré-lajes geralmente não necessitam de
escoramento.
Instituto Cultural Itaú • leI - SP Instituto Culturalltaú - ICI - SP

A"lui ..,ZIGlJRATE
Posi cionamento das pré-lajes Concretagem uin loco!! da capa
sobre os vigamentos de aço de complemento das pré-lajes

8_7 - Lajes-Pré-Fabricadas Nervuradas


O sistema de lajes nervuradas é caracterizado por apresentar nervuras de concreto intercaladas
por materiais inertes de enchimento. Vários são os sistemas disponíveis no mercado que se
enquad ram nestas características, sendo formados por diferentes tipos de enchi~ento _ tais
como componentes de concreto, de concreto celular, de isopor ou de cerâm ica, que é o mais
usuaL As nervuras podem ser moldadas "in loco", pré-moldadas annadas ou pré-moldadas
protendidas. No caso do sistema com vigotas de concreto e elementos cerâmicos, primeiramente
são colocadas, transversalmente à posição das nervuras, escoras sustentadas por pontaletes.
Logo após, são aplicadas as vigotas, os blocos cerâmicos, as annaduras e a concretagem . que
fará a solidarização do conjunto_ As vigotas e os blocos podem ser encontradas em diversas
dimensões, com diferentes espessuras, em função da capacidade de carga da laj e_ O sistema
de laje -mista, dependendo da sobrecarga, tem altura variando de 80 a 370 mm.
Edifício Escola - SP

Arqu ,,"o POLIAÇO


Elementos cerâmicos
apoiados sobre vigotas de concreto
105

----------------~
8.8 - "Steel Deck"
O "deck" rle aço consiste em uma fôrma metálica que sup0l1a o concreto e trabalha também
como armadura positi va da laje. Atualmente, estão sendo fabricados no país Hdecks" metálicos
de nervuras largas (" \Vide ribs"), que permitem a instalação de conectores de cisalhamento,
do ti po "stud bolts". Desta maneira, as vigas de aço de sustentação da laje podem ser calculadas
pelo sistema misto. Basicamente, são três os materiais que formam o "steel deck" ;
a) O .. stecl deck" propriamente dito é perfilado a partir de chapas galvanizadas de aço ASTM
A 446, Grau A, com tensão de escoamento de 230 MPa. Para que o "steel deck" e o concreto
possam trabalhar de forma solidária e conjunta, sem que haja destacamento quando submetidos
a esforços de flexão, são introduzidas na chapa de aço pequenas dobras e mossas, durante o
processo de conformação do perfil da fôrma. Na construção, o "deck" assume a função de
fôrm a para a concretagem. Posteriormente, completada a cura do concreto, substitui a armadura
de tração, para momentos fletores positivos.
b) Antes da concretagem, é colocada no topo da laje, por meio de espaçadores, uma armadura
de tela eletrossoldada, que tem a função de evitar o aparecimento de fissuras provenientes da
retra~âo e da variação térmica do concreto.
c) A segu ir; vem o lançamen\o do concreto sobre a fôrma de aço, que deve ter resistência à
compressão (fck) igualou superior a 20 MPa, com um recobrimento mínimo de 20 mm sobre
a armadu ra .
Dimensões básicas: largura útil 820 mm, espessuras 0,80, 0,95 e 1,20 mm, altura da fôrma
de aço 75 mm e comprimentos variando de 1500 a 12000 mm.

Escola Pit,ígoras-BH

Edifício Comercial -Poços de Caldas~MG

o "de(;k" lIIt!tá lico assume a função


de forma para concretagem.

Arqui .... ZICUKATE

l...an(J811lt!IlICl do con creto sobre a fôrma de aço.

106

42 .
9.1 - Introdução
A forte tradição, ainda muito ligada à forma artesanal de construir, baseada no processo

9 convencional, tem inibido o desenvolvimento de vedos modulados ou pré-fab ricados,


contrariamente ao que ocorre nos países industrializados, que dispõem de um variad a gama
desses produtos.
Embora a alvenaria tradicional represente um artesanato, vem sendo o sistema mais adotado
como componente de vedação nas edificações de estruturas de aço no país.
VEDAÇÕES
Em uma edificação de estrutura de aço, normalmente as cargas atuantes são transmitid as
diretamente para os elementos portantes, não sendo necessário que as paredes in ternas ou
externas tenham função estrutural. Assim, neste capítulo vamos abordar os sistemas de uso
mais corrente e sua interação com a estrutura sob O ponto de vista construtivo, isto é, q uando
o elemento desempenha função apenas de vedação. Não se entrará, portanto, no mérito da
sua eventual contribuição no contraventamento vertical da estrutura.
De uma maneira genérica, os vedas podem ser classificados, segundo o seu processo
construtivo, em alvenarias e painéis.

9.2 - Alvenarias
São constituídas por elementos pré-industrializados, como tijolos maciços de barro coz ido ,
tijolos laminados, blocos cerâmicos, blocos de concreto, blocos de concreto cellll al~ elc ..
unidos entre si por juntas de argamassa.

a) Tijolo maciço de barro cozido;


b) Tijolo laminado de 21 furos;
c) Bloco cerâmico vazado;
d) '/2 bloco cerâmico vazado;
e) '12 bloco de concreto;
f) Bloco inteiro de concreto;
g) Bloco de concreto celular.

I ,,<I I

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210
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Obs: dimensões em mm

9.3 - Interação entre Alvenarias e Elementos Estruturais de Aço


As naturais movimentações das alvenarias e das estruturas, sejam de aço ou de concreto.
associadas ou não às deformações dos elementos estruturais, podem introduzir tensões nas
alvenarias. Se a resultante das deformações impostas for superior às deformações ad mitidas
pela al venaria, começarão a aparecer fissuras ou até mesmo ocorrer o destacamen to do
elemento de vedação, por onde poderá ocorrer a penetração de água.
Em estruturas aparentes, a interação entre as alvenarias e os pilares de aço pode se r fp il a .
por exemplo, com a utilização de barras de aço de espera (5 mm de diâmetro e 30 a 40 cn, de
comprim~nto) soldadas ao perfil a cada 40 cm aproximadamente, respeitando O nt'lInero de
fiadas e solidarizadas à alvenaria durante o seu assentamento.
1 0~
Com o objetivo de absorver as movimentações diferenciadas, nas ligações mecânicas entre as
alvenarias e os pilares costuma-se aplicar um material deformável, como cortiça, isopor ou
poliestireno, arrematados por mata-juntas ou selantes flexíveis.

Conjunto Habitacional -SP Postos de Saúde - Prefeitura de Diadema- SP

A"'luivo ZIGURATE
1 Assentamento de alvenaria com blocos de concreto, Alvenarias sendo levantadas

! utilizando barras de aço de espera, soldadas nos pilares. com blocos de concreto celular.

:1 o encunhamento ou encontro superior entre as alvenarias e as vigas de aço por meio de tijolos
inclinados ou mesmo argamassas deve, sempre que possível, ser evitado quando se trabalha
11 com estruturas mais flexíveis. A deformação das vigas de aço apresenta sérios problemas para
as alvenarias de vedação, razão pela qual se recomenda a substituição do tradicional
encunhamento por uma junta de solidarização, de material deformável capaz de absorver
essas tensões. Pode ser constituída por uma placa de isopor, por exemplo, com aproximadamente
15 mm de espessura, colocada entre a alvenaria e a estrutura. Da mesma fanna que no encontro
com os pilares, por ocasião do revestimento, as juntas deverão ser marcadas com sulcos e
preenchidas com selantes flexíveis. No caso da adoção dessas juntas, o contraventamento
lateral da alvenaria será assegurado pela solução de solidarizar as alvenarias com os pilares
de aço, como já citado anteriormente.

An]uivoZICURATE \ "lu"" /I( ,l R \TE

o tradicional encunhamento deve ser evitado Junta de aproximadamente 15 mm de espessura,


e suhstitu ído por uma junta de solidarização. entre a alvenaria e a mesa inferior da viga dt' at;o.
que deverá receber uma placa de isopor.

Outra maneira que contribui para reduzir ao mlnlmo o aparecimento de fissuras nas
alvenarias consiste em executar os panos de fechamento da edificação de cima para baixo,
para que as deflexões dos andares superiores não sejam transmitidas aos andares inferiores .
Quando os elementos da estrutura forem revestidos pela mesma argamassa de revestimento
das alvenarias, as áreas de interface entre as alvenarias e os elementos da estrutura deverão
ser recobertas por tela antes do revestimento.
108
..
Conjunto Habitacional - Londrina - PR Edifício Comercial - BH

Arqu;voZIGURATE Arqui,'() COOE~1E

Áreas de interface entre as alvenarias e Alvenarias revestindo externamente


os elementos da estrutura recobertas com tela. toda estrutura.

As alvenarias dependem também de algumas particularidades técnicas de execução, como a


garantia de alinhamento e prumo a cada fiada, qualquer que seja o tipo do componente
utilizado. As estruturas metálicas podem ajudar no balizamento das alvenarias: colocando
uma linha estendida entre os pilares ficará facilitada a delimitação da aresta de intersecção
do plano vertical com o plano horizontal, fonnado pela laje ou pela viga de aço.
As alvenarias aparentes, como as constituídas por tijolos maciços de barro ou laminados.
por exemplo, devem garantir a sua estanqueidade pelo adensamento da argamassa nas
juntas verticais e horizontais, mediante a pressão de um tijolo contra o outro durante o
assentamento e pelo frisamento das juntas, dando maior compacidade à argamassa, dificultando
a penetração e facilitando o escoamento das águas pluviais que incidem sobre os panos de
fachada.
Conju nlo Habitacional - SP Residência, Alphaville V - SP

ArquivoZIGURATE

Balizamento da alvenarias pelos pilares de aço. Alvenarias aparentes de tijolos maciços de barro, entre os
requadros da estrutura de aço.
9.4 - Painéis
Os painéis são geralmente caracterizados por componentes de piso a teto constituídos de
materiais pré-fabricados, como os de concreto celular, os de gesso, QS painéis compostos de
miolo de madeira e revestidos com chapas de cimento amianto e ~s painéis de concreto
coloridos ou, ainda, os painéis pré-moldados no canteiro de obras, que podem utilizar uma
combinação de diferentes materiais, como concreto, blocos cerâmicos, etc.
109
Conjunto Ildbitacional . SP Instituto de Engenharia · SP

A"lUi,·UZICURATE '\ " I"" ,, /ILl H ITE


Pain é is de Cesso. Painéis Compostos de Madeira e fibroc ime nt o.

Pai néis de Concreto Celular: espessuras de 75, 100, 125, 150 e 200 mm, largura de 600 mm
e comprimento de 3000 mm; pesos das peças: 70, 90, 113, 135 e 180 kg, respectivamente.
Pai néis dc Gesso: espessuras de 100, 125 e 150 mm, largura de 580 e 1200 mm e comprimento
de até 3000 mm, espessura de 250 mm, largura de 550 mm e comprimento variável; pesos de
9 ,5, 11,5, 13,5 e 21 kglm2 , respectivamente.
Painéis Compostos de Madeira e Fibrocimento: espessuras de 40 e 50 mm, largura de 1200
mm, comprimentos de 2500 e 2750 mm, pesos de 32 kglm', para os de menor espessura, e de
44 kglm 2 , para os de maior espessura.

Edifíc io Comercial· Av. Faria Lima - SP

A"lui •.,ZIGURATE
Painéis de Concreto Coloridos.

Conjunto Ilabitacional - Cubatão - SP Conjunto Habitaciona l - Cubatão - SP

Pa inéis Prê-\loldados no canteiro de obras. Painéis Pré-Moldados no canteiro de obras.

110
Q
10.1 - O que é Corrosão
Uma das características mais notáveis da natureza é o seu incessante trabalho na transformação

10 da matéria, para o qual contribuem agentes atmosféricos, tais como o vento, a chuva , o maI~ o
calor e o frio e os organismos vi vos.
Corrosão é definida como o conjunto de alterações fís ico-químicas que uma substância sofre
pela ação de determinados agentes da natureza. Na prática, o termo foi apropri ado para
designar as reações existentes entre os metais e os agentes agressivos externos.
CORROS.Ã.O
Os metais são sensíveis à corrosão, em maior ou menor grau, dependendo da sua natureza
química e do meio ambiente em que se encontram. Os metais são encontrados na forma de
minérios, ou seja, de óxidos e de sais. Para a sua transformação em metais, esses óxidos e
sais necessitam de grande quantidade de energia. Quanto mais energia for empregada nessa
transformação, maior será a tendência de o metal voltar para a forma primitiva (óxido ou
sal), que é a mais estável. Este é o mecanismo básico da corrosão. A corrosão (ox ida<;ão) é
um processo espontâneo e contínuo, podendo ser entendido como inverso ao da metalurgia
(redução). Em resumo: na metalurgia, o minério recebe energia para transformar-6e em
metal; na COlTosão, o metal retoma à condição de minério, liberando energia.

MIN ÉRIO + ENERGIA =0 METAL


10.2 - Como se dá a Corrosão
A corrosão atmosférica dos metais se dá tanto por corrosão química (seca) como eletrolítica
(úmida).
A corrosão eletrolítica é a mais representativa, por ser o fenômeno que ocorre com maJOr
intensidade.

10.2.1 - Corrosão Química ou Seca


Se uma superfície metálica é colocada na presença de um gás, poderá haver a reaçào entre
os dois, com formação de um sal ou de um óxido.
Por exemplo: METAL + OXI GÊ NIO (O,) =0 ÓXIDO DO METAL
Esse óxido formará uma camada sobre a supedície do metal que, dependendo da natureza
deste, poderá ser permeável ou impermeável à difusão do oxigênio. Na camada de óxido
constituída ocorre a difusão de íons do metal e do oxigênio, que é tanto mais lenta quanto
mais espessa for a camada de óxido.
Se a camada de óxido for removida por algum processo, como abrasão, por exemplo, a oxidação
continuará e a espessura do metal diminuirá progressivamente.
Üs gases poluentes mais comuns em atmosferas industriais são : anidrido sulfuroso (SO,) ,
anidrido sulfúrico (50.,), anidrido nitroso (NÜ,) , gás sulfídrico (H, S) e gás clorídrico (CI,).

10.2.2 - Corrosão Eletroquímica ou Úmida


Em uma superfície metálica existem pequenas regiões ou pontos com potenciais elétricos
difere ntes, em virtude de singelas alterações na composição do metal, de vari ações de
te mperatura ou de alterações do meio ambiente.
Esses pontos constituem pequenas regiões anódicas ou catódicas na superfície do metal ,
como se fossem contatos elétricos abertos, ainda inativos .

UMIDADE

CO NDEN SAÇÃ O
0,
0,

0,
I 0,
,/
ElETRÓll TO

Esquema da condensação ele umidad e


sobre as supelfíci es ferrosas. ,.
1 1I
Q
No entanto, se o metal estiver na presença de umidade, haverá a dissolução de sais ou gases
e os circu itos se fecharão, desencadeando o processo de corrosão. E'como se a superfície
metáli ca fosse tomada por uma grande quantidade de células de corrosão, que nada mais
são do que minúsculas pilhas galvânicas .
Uma pilha galvânica ou célula eletrolítica é formada fundamentalmente por 2 eletrodos (ou
metais diferentes) e um eletrólito.
Como se sabe, cada metal tem um potencial de oxidação, que é a grandeza que mede a
tendência que esse elemento tem de doar elétrons ou de sofrer oxidação. Quanto maior o seu
potenc ial de oxidação, mais eletronegativo é o metal e mais facilmente ele se oxida. Quanto
mais eletropositivo é o seu potencial, mais dificilmente ele sofre oxidação (é mais nobre).

CORROSÃO DO AÇO

INIBE
:?%l ,' AÇ O

@
8 CATODO 8
ANO DO

Reações da corrosão Reações galvânicas

A Série Galvânica defin e o potencial de oxidação ou o caráter mais ou menos eletropositivo


de cada elemento químico. Nesta tabela, quanto maior a distância entre dois elementos
colocados em contato, maior será a diferença de potencial entre eles e mais velozmente se
dará a corrosão do de menor potencial (anodo) . Esta forma de corrosão é chamada de
galvânica.

FLUXO DE ELETP:O"S
.~ SÉRIE GALVÂNICA

ELEMEN TO ' PO'l'ENClAl

,"lIn'sl ol"~ -2,38

Alumfnlo (AI) -1,&8

totang ..... (.... ) - 1,18

.~
..
~.
lillCO (Zlt)

Cromo(Cft,. .

F.rro ~)
-0 .715

-0,74

.. ~."
""' C0a1to(Co) ..I -0.28

Nrq...-I (...,. '. -0.23

ChumbO(l'b) -0,12.

H h;l'og~oJI4) • 0.00
Esquema de uma pilha galvânica
Cobr,(CII) +0.34
de Dani el, mostrando o caráter do
Prata!:'l ) .0.80
zinco em relação ao cobre.

A pilha assi m form ada poderá acender uma lâmpada, devido à diferença de potencial entre
as placas de cobre e de zinco. O eletrólito completa a ligação (fecha o circuito), possibilitando
o movimento de elétrons, na forma de íons, entre as duas placas, até estabelecer ° equilíbrio
de potenci ais. Dessa maneira, a placa de zinco, que é o anodo, irá cedendo Íons para a
sol ução e, com isso, sendo consumida, passando para a forma de sais, enquanto a placa de
cobre permanece intacta.
O processo de conosão ocorre sempre na região anódica da célula galvânica.
Outro fato r fundamental para que haja corrosão é a presença do eletrólito. Na sua ausê;'cia,
não tem lugar a migração iônica. Por isso, em ar seco ou na ausê ncia de água praticamente
não há corrosão.
112
No caso particular do aço, temos micro-áreas anódicas e catódicas, por causa da prese nça de
impurezas, de elementos de liga (Si,Cr,Ni,Mn,Ca), do tratamento térmico na laminação e de
diferenças na relação carbono/ferro, de ponto para ponto.
Se a superfície do aço for exposta a atmosfera úmida, na presença de poluentes, como gases,
anidridos sulfurosos (SO,) ou névoa salina (NaCI), o eletrólito será formado e ocorrerá a cOITosão
eletroquímica.
No aço exposto a uma atmosfera úmida há a formação de ferrugem, que é o hidróxi do fé rrico :

4 Fe + 3 0, + 6 H,O 4 Fe(OH),
FERRO OXIG!:N IO ÁGUA HIDRÓXIDO DE FERRO ÓXIDO DE FERRO AGUA

A reação de oxidação ocorre, mesmo com pequenas quantidades de umidade no ar at mosférico.

OXIGÊNIO + ÁGUA = CONDIÇÃO ESSENCIAL PARA QUE HAJA CORROS..\O


Portanto, a taxa de corrosão é função da quantidade de oxigênio e de água. No caso de mate rial
mergulhado na água ou enterrado, o suprimento de oxigênio é o fator determinante (a corrosão
é normalmente insignificante, nas estacas metálicas cravadas, graças ao baixo teor de oxigênio) .
Na atmosfera, onde o oxigênio é livremente disponível, a umidade é o fator princi pal e a taxa
de corrosão é determinada pelo período de umidificação (uma superfície umed ec id a por 2
horas/dia irá sofrer uma corrosão duas vezes mais rápida do que aquela umedec ida por 1
hora/dia, mantidas as demais condições).
Em certos casos, a parte elétrica da reação é um fator importante. As correntes ge rada~ f" ntre
pólos (áreas) positivos e negativos da superfície metálica são normalmente extrername nte
pequenas. Entretanto, quando dois metais diferentes estão em contato, na presença de ág ua,
a corrente elétrica toma-se mais elevada, podendo atingir valores suficientemen te ai tos a
ponto de alterar as superfícies do anodo e do catodo. Assim, a corrosão de um meta l (o anodo)
se rá aumentada, ao passo que a do outro metal (o catodo) será diminuída.
Essa ação galvânica proporciona um método de proteção à corrosão de estruturas me táli cas,
pela aplicação de pintura com metais anódicos, como o zinco e o alumínio.
Não se deve descuidar, porém, da reação inversa, ou seja, o contato entre o aço e os metais
catódicos, como o cobre e o aço inoxidável. Neste caso, a corrosão do aço comum será acelerada,
sendo necessário providenciar um isolamento elétrico entre os dois metais.
Em resumo, os quatro pontos principais envolvendo a corrosão no projeto de uma est rutura
metálica são:
a) não existe corrosão quando não existe contato de oxigênio e água com a superfície me tálica;
b) a taxa de corrosão potencial depende do grau de poluição atmosférica;
c) a taxa real de corrosão depende do tempo de umidificação da superfície metálica :
d) a taxa de corrosão localizada é influenciada pelo contato com outros metais.
Em termos práticos, O combate à corrosão traduz-se na redução do tempo de umidi ficação ou
no impedimento do contato da água com a superfície metálica.
A parte interna das edificações de estrutura metálica não sofre, na maioria dos casos, os
efeitos da corrosão. Nas áreas internas secas e aquecidas ( escritórios, hospitai s e escolas).
praticamente não há corrosão.
Mesmo nas áreas sem aquecimento interno, o tempo de umidificação por conclensa<;ão é tão
pequeno que o aço sem pintura permanece inalterado durante a vida da estrutura . Nas partes
recobertas com proteção contra incêndio, ou com forro, não há necessidade de proteção
adic ional.
Nas partes em que a estrutura metálica é visível, a pintura só se faz por razões me rame nte
estéticas e decorativas e não para prevenir a agressão corrosiva.
Somente uma pequena parte de ambientes fechados requer tratamento de proteção con tra a
corrosão: aqueles em que a umidade seja significativa ou nos quais liaja o desen volv imento
de processos químicos, tais como cozinhas, áreas de piscinas, laboratórios, áreas de C'stocagem
de corantes, etc.
113


l'iesses casos e, sem dúvida, nos de estruturas externas sujeitas à umidade pela exposição ao
tempo, alguma forma de proteção por pintura será necessária, para evitar o contato da água e
do oxigênio com a superfície metálica, como alternativa à utilização de aços resistentes à
corrosão atmosférica - aços patináveis.
., O projeto da estlutura pode ter significativa influência na resistência à corrosão .

'., Visto q ue quanto maior o tempo de exposição à umidade tanto maior a corrosão, é importante
que as estruturas sejam projetadas para impedir ao máximo a retenção de água. A aeração
diferellcial, ou seja, a presença de oxigênio em concentrações diferentes em uma mesma
i superfície metálica, também gera potenciais diferentes . A cOlTosão se dará no local de menor
I! eOl1ct>nt ração de oxigênio. Assim, as regiões mais oxigenadas comportam-se como catodo e
as regiões de maior dificuldade de acesso para o oxigênio têm comportamento anódico. Se o
I' eletrólito estiver presente, será na região com menor presença de oxigênio que o desgaste do
metal ocorrerá. Embora muito comum, este é um dos mais graves tipos de corrosão, pois se
dá geralmente em regiões ocultas.
Também deve ser evitada qualquer situação que propicie a mistura de umidade com poeira.

Fonnação de anodos e catodos, devido


à diferença de concentração de oxi gê nio

POEIRA OU ÓXIDOS

CATODO o, ( CATODO o, o, o,

~ (
';"~Y ,
) AÇO
ANQOO

10.3 - Cuidados no Projeto


Cu idados que habitualmente devem ser tomados, durante a fase de projeto, para evitar
soluções inadequadas, responsáveis por grandes problemas de corrosão :
a) prever a estrutura com furos de drenagem, em quantidade e tamanhos suficientes, para
assegurar a drenagem da água.;
b) as cantoneiras devem ser projetadas para permitIr o livre fluxo de ar, facilitando a rápida
secagem da superfície;
c) cuidar em que os acessos sejam facilitados e os espaços, os mais amplos possíveis, para
propiciar adequada manutenção;
d) ni'lo deixar cavidades nas soldas;
e) evitar juntas sobrepostas de materiais diferentes;
f) evitar a formação de pares, por exemplo, aço em contato com cobre, bronze ou outro
metal;
g) e\ itar que peças fiquem semi -enterradas ou semi-submersas.

Ar'lU'"'' 7.1(;URATE
Perfi:, de aço semi-enterrados no gramado. Concentração de água,
entre o montante e a diagonal da treliça.

114
,.:'
_._~""
_:lL!, ~

A"I""',,ZIGLlRAn:

Dispnsiçüo f' quantidades de pontos de dre nagem Umidade constante,


insu fici __'llte:. para O escoamento das águas acumuladas resu lt ado de acú mulo de resíduos sólidos e água.
sobre a \ i~a de pedil "I" dei tada .

INADEQU ADO ADEQUADO INADEOUADO ADEQUADO

/l,ou,",

~ - rr====ll
~
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·- POEIR..

[L;;.
AGUA
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R ==-;>
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F4
INAD EQU A DO ADEQUAD O

RUIM MELHOR IDEA L

RUI M IDE AL

RUIM IDEAL

AREA DE CORROSÃO
POR FRESTA SOLDA

/
;dQv 7 RUI M MELH OR
-.

115
10.4 - Meios Corrosivos Mais Comuns
Atmosfera - a corrosividade decorre principalmente da presença de poeira, umidade e gases
corrosivos, como gás carbônico (CO,), anidrido sulfuroso (50,), anidrido sulfúrico (503)' gás
sylfídrico (H 25), amônia (NH 3) e óxido nítrico (N 20 3);
Aguas Naturais - são corrosivas porque podem conter gases, sais minerais, matéria orgânica,
microorganismos - a água do mar é um dos meios mais corrosivos que existem, tanto em
imersão quanto na atmosfera;
Solo - a corrosividade é causada por porosidade, sais minerais, umidade, acidez ou
alcalinidade (pH), bactérias, etc.;
Produtos Químicos - a corrosão pode ser provocada por vapores, respingos ou contágio
direto de ácidos, bases, sais, óxidos ou solventes orgânicos. A corrosividade do ambiente
marinho é atribuída à presença do cloreto de sódio, que é um eletrólito muito ativo e de
grande solubilidade em água.

10.5 - Heterogeneidades e Corrosão


Em uma estrutura, qualquer heterogeneidade provoca ou pode dar origem a um foco corrosivo
Os casos mais comuns são:
Tratanlelltos mecânicos: regiões de dobras são mais sensíveis à corrosão, por causa das
tensões;
Tralmnelllos térllÚcos ou metalúrgicos diferentes;
PolÍlllenlos diferentes geram regiões de potencial di verso;
Diferenças de forma: a região plana de uma estrutura é menos suscetível à corrosão do
que uma região pontiaguda.
Carepa de Aço - Na produção de chapas, tubos, barras ou perfis de aço, a reação do aço
em altas temperaturas com o oxigênio do ar provoca a fonnação, na sua superfície, de uma
camada azulada de óxido denominada carepa, de grande dureza e muito aderente ao metal.
Por si só, a carepa proporcionaria uma proteção contra a corrosão, por constituir uma barreira
consistente. Entretanto, como a carepa e o aço têm coeficientes de dilatação diferentes, com
o sucessivo aquecimento e resfriamento dos dias e das noites, a carepa acaba trincando e
permitindo a penetração da umidade e do oxigênio. Por isso , e porque a carepa tem
comportamento catódico em relação ao aço, este acaba se corroendo. Após algum tempo, a
carepa se destaca completamente e na superfície só restará ferrugem solta.

CAREPA CAREPA EM INfcIO DE FEAAUGEM


DESAGAEGAÇÃO FEAAUGEM
INTACTA FEAAUGEM + PITES 0,
t"":~:-:-;~~ Fe 2 0 3
Fe 3 0 ,
F.O
Fe

10.6 - Classificação dos Ambientes


As condições do meio em que um metal (ou uma estrutura de aço) se encontra determinam
fortemente o tipo de tratamento que deverá ser empregado para protegê-lo dos efeitos da
corrosão.
As condições do meio são classificadas em quatro tipos básicos de ambientes, a saber:
Condições Normais
São aquelas em que estruturas metálicas estão expostas a ambientes de baixa agressividade,
tais como :
baixa umidade relativa; '.
locais cobertos;
locais descobertos distantes da orla marítima e sem indústrias poluentes nas proximidades.
116

E
Condições Severas
São as condições de um ambiente sujeito a umidade, contaminantes sólidos em suspensão,
emanações gasosas e variações de temperatura, com indústrias poluentes nas proximidades,
em locais cobertos ou descobertos.
Condições Agressivas
São as que reúnem todas as características que favorecem a corrosão, tais como:
altas concentrações de gases poluentes;
proximidade da orla marítima;
instalação em indústrias com ambientes poluentes;
expos ição ao intemperismo contínuo;
contato com agentes poluentes acumulados;
ações abrasivas;
alta umidade .
Condições Altamente Agressivas
São as condições de ambiente em que as estruturas metálicas ficam expostas em locais
submersos, ou enterradas, em meios de altíssima concentração de umidade, de ca racterísticas
fortemente ácidas ou alcalinas, e submetidas a ação abrasiva ou a derrames de produtos
químicos.

10.7 - Os Meios Ambientes Típicos


De uma maneira geral e bem simplificada, podemos classificar os meios ambienl e~ em:
Rural - com presença ou não de umidade e sem poluição;
Urbano - com umidade e poluição proveniente da que ima de combustíveis automotores ;
Industrial - com umidade e alta concentração de poluentes;
Marítimo - com umidade e presença de névoa salina;
Marítimo-Industrial - conjunção dos poluentes dos dois tipos de ambientes.

Ambiente Rural - Em regiões em que não há a presença de grandes cidades, indústrias, e


nem mar, o agente agressivo na atmosfera é apenas a umidade, que em alguns locais chega a
ser bastante alta. Em climas secos, a umidade é mínima e a agressividade do ambiente .
menor.
Em alguns ambientes rurais, de fazendas agrícolas, persiste a prática de pulverização de
defensivos agrícolas (agrotóxicos), fertilizantes (adubos) e inseticidas, o que pode tornar o
ambiente um pouco mais agressivo.
Ambiente Urbano - Caracterizado pelas grandes cidades, com intenso tráfego de veículo,
automotores. A poluição provém de gases ácidos liberados pelos escapame ntos desses veículos.
como o gás carbônico (CO,) e o anidrido sulfuroso (50,), mais a fuligem e a umidade própria
do ar, além do sol e da chuva.
Ambiente Industrial - As indústrias geralmente liberam para a atmosfe ra I!/'Undes
quantidades de vapores, gases e poeira. Esses materiais variam de acordo com a indú:;t ria. e
a agressividade do meio ambiente vai depender da natureza química e da concentração dos
poluentes.
Os equipamentos e estruturas podem, desta forma, estar expostos a alta umidade. a gases
corrosivos e a material particulado que, depositado sobre as superfícies, retém a umi dade
por mais tempo .
A película de tinta de uma superfície pintada, por exemplo, sobre a qual se deposita esse
material particulado em associação com gases corrosivos, vai absorvendo a umidade e, ao
final de algum tempo, o metal de base fica em contato com o eletrólito, além de sofrer o
problema de aeração diferenciada.
A.ubiente Marítimo .. Nas regiões próximas ao mar, principalmente junto à arrebentação
das ondas, a atmosfera é repleta de gotículas de água do mar, constituindo uma névoa salina.
Essa névoa é carregada pelos ventos para o interior do continente e as gotículas caem por
ação da gravidade. Por isso, a sua presença no ar depende muito das condições topográficas
e geográficas do local, bem como da intensidade e direção dos ventos:Outro fator importante
é o tipo de maré (ondas fortes ou fracas). Assim, a zona de maresia, ou sej a, o trecho do
continente sujeito à névoa salina, varia muito de uma região para outra.
117

-
Após a evaporação da água, a névoa deixa uma certa quantidade de sal que, por ser higroscópico,
mantém umedecida a superfície quando a umidade relativa do ar é alta.
Ambientes Combinados - São aqueles em que a atmosfera sofre o impacto simultâneo dos
ambientes típicos descritos anteriormente. Quando uma zona industrial se localiza junto à
orla marítima, temos associados os efeitos dos ambientes marítimo e industrial. Exemplos: a
Siderúrgica de Tubarão, em Vitória (ES), e a Salgema, em Maceió (AL).
As grandes cidades à beira-mar constituem um ambiente urbano/marítimo. Exemplos: Rio de
Janeiro, Salvador.
Cidades de grande densidade populacional e com indústrias poluidoras constituem um
ambiente classificado como urbano/industrial. Exemplos: São Paulo, Santo André.

Análises do Meio Ambiente


A análise dos agentes agressivos que atuam em um detenninado meio ambiente pode ser feita
por crDmatografia gasosa, por análise de partículas ou por análise dos produtos de corrosão :
Cromatografia gasosa e análise de partículas: essas análises são feitas no ar atmosférico
recolhido do local em estudo. Não é uma técnica muito confiável, pois no momento da coleta
das amostras certos agentes poluidores podem não estar presentes.
Análise dos produtos de con'osão: por meio de análises químicas, por difração e fluorescência
de raios-X ou por dispersão de energia (microssonda eletrônica), detennina-se a composição
dos produtos de corrosão, o que pennite identificar os agentes que contribuíram para a corrosão.
É o método mais aconselhável, uma vez que os produtos de corrosão, acumulados há algum
tempo, poderão indicar as prováveis fontes poluidoras, intermitentes ou não.

10.8 - Formas de Corrosão, Quanto aos Danos Causados ao Metal


As formas mais impOItantes de corrosão metálica, no que se refere ao aspecto particular que
terá o melai ou liga metálica atingida, são:

10.8.1 - Corrosão U'llorme


A supeIfície metálica atacada por corrosão uniforme perde massa de maneira mais ou menos
uniforme, em toda a sua extensão.
Por ser visível, é facilmente detectada e, por isso, a menos perigosa das formas de corrosão.
São exemplos de corrosão uniforme o enferrujamento do aço em contato com a atmosfera e o
ataque químico de um metal por um ácido.
Alguns metais, como o alumínio, e ligas, como o aço inoxidável, são muito resistentes à COlTosão
uniforme.

10.8.2 - Corrosão Localizada


Este tipo de corrosão ocorre de quatro formas: por pites, por alvéolos, por placas e por frestas.
a) Corrosão por Pites - na corrosão por pites também há perda de massa do metal, mas de
maneira não uniforme. Neste caso, a corrosão localiza-se em alguns pontos, estando os pites
distribuídos ao acaso.
O pite pode ter diversas formas e dimensões, mas sempre apresenta a profundidade maior do
que o diâmetro.
Por isso, o pite pode atravessar completamente a espessura de uma chapa metálica.
A corrosão por pites é a principal responsável pela perfuração de tanques e de dutos que
transportam água.
É bem mais grave do que a conosão uniforme e difícil de ser detectada.
O alumínio e o aço inoxidável são violentamente atacados pela corrosão por pites, se estiverem
sujeitos à ação de meios aquosos que contenham cloretos dissolvidos, como o cloreto de sódio
(sal comum) .
b) Corrosão por Alvéolos - também chamada de corrosão alveolar, apresenta-se com
profundidade geralmente menor do que o seu diâmetro. Os alvéolos caracterizam-se por ter o
fundo arredondado .

118
=.
c) Corrosão por Placas - a corrosão por placas é um fenômeno intermediário en tre a
corrosão uniforme e a localizada. Caracteriza-se por um desenvolvimento muito ma ior em
certas regiões do que em outras.

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" "u"" " ,


CORROSÃO UNIFORME . ~ ;: :'
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Corrosão Uniforme Corrosão por Alvéolos Corrosão por Placas

10.8.3 - Corrosão Galvânica


Esta forma de corrosão ocorre quando um metal é eletricamente conectado a outro metal mais
nobre e o conjunto estabelece contato com meio aquoso. Em conseqüência, há um aumento da
corrosão do metal menos nobre.
A ação aceleradora da corrosão, provocada pela união de um metal mais nobre com um
menos nobre, chama-se ação galvânica e a corrosão é denominada galvânica. A ação aceleradora
se faz sentir em qualquer uma das formas de corrosão anteriormente apresentadas. A perda de
massa é o maior dano sofrido pelo metal ou liga corroído desta forma.

Nota: Todas as formas de corrosão vistas anteriormente, quanto aos prejuízos causados ao
metal ou liga, podem ser explicadas comq modalidades de corrosão eletroquímica; ou seja, o
mecanismo de corrosão pode ser sempre assimilado ao princípio da formação de pilhas .

10.9 - Proteção Contra a Corrosão


A corrosão, como já se viu, é um processo natural, espontâneo. A proteção contra a corrosão,
no entanto, não é natural, deve ser aplicada e tem impacto econômico.
Para cada forma de cotTosão há métodos de proteção mais adequados . Os que são usado, para
determinada forma podem não ser aplicáveis para prevenir outras formas de corrosão. Por
exemplo, os mélodos que servem para proteger os metais contra a corrosão uniformc ~ã o
perigosos, quando empregados para protegê-los contra corrosão por pites ou por frestas . poi,
podem acelerar a corrosão em vez de atenuá-la.
Os principais métodos para proteger os metais contra a corrosão são:

10.9.1 - Aumento da Resistência do Metal à Corrosão


a) Revestimento Metálico - a superfície do metal é recoberta com uma camada de nutro
metal mais resistente à forma de corrosão que se quer evitai: Entre outros pro<..:e~sos . o
revestimento metálico pode ser aplicado por imersão em metal fundido, eletrodepos iç'ão e
metalização.
b) Formação de Produto de Corrosão Protetora - certos metais podem ser protegidos
contra uma das formas prejudiciais da corrosão por uma corrosão inicial protetora. O produto
da corrosão inicial é uma camada aderente, porosa ou não, de espessura entre 1 miI ioné~i rno
de milímetro e 1 milésimo de milímetro. A anodização e a fosfatização são processos de
proteção por este método.
c) Proteção Catódica - existem dois processos de proteção catódica: ~ galvâni ca e a por
corrente impressa.
d) O Uso Adequado de Aços de Alta Resistência à Corrosão Atmosférica (capítulo 1 pág. 30).

]] 9

-
10.9.2 - Redução da Ação Corrosiva do Meio
Os principais processos utilizados para diminuir a ação corrosiva do meio, sem atuar no
metal obj eto da corrosão, são:
- eliminação do ar dissolvido na água (desaeração) na qual se encontre o aço comum. No
caso de aço inoxidável, deve ocorrer o oposto, isto é, quanto mais aerada a água, melhor;
-adição de inibidores de corrosão a meios líquidos, aquosos e não-aquosos. Para reduzir a
corrosão atmosfé rica também podem ser empregados inibidores gasosos.

10.9.3 - Interposição de Barreira entre o Metal e o Meio


Baseia-se na aplicação de revestimento não-metálico, mau condutor de corrente elétrica, em

revestimento, de sua aderência à superfície metálica e de sua porosidade. °


toda a superfície do metal a proteger. A qualidade dessa proteção depende da natureza do
revestimento
com óleo, graxa, cera e parafina é prática muito comum em oficinas, para proteger máquinas,
ferramentas e peças recém-usinadas. Também são usados como revestimentos não-metálicos
protetores : vidro, cerâmi ca e concreto (materiais inorgânicos) . Materiais orgânicos são
igualmente empregados como revestimentos protetores . Resíduos industriais, tais como
betumes, asfaltos (resíduos da destilação do petróleo) e alcatrões (resíduos da destilação da
hulha), são relativamente baratos e largamente aplicados em extensas tubulações e grandes
tanques, para protegê-los contra a corrosão pelos solos. Entre os materiais orgânicos, vale
destacar a borracha, os plásticos de PVC, epóxi, teflon, etc. A principal vantagem desses
revestimentos é a elevada resistência aos ácidos. Os mais importantes de todos os
revestimentos são, sem dúvida, as tintas, que merecerão tratamento à parte.

10.9.4 - Galvanização ou Zincagem


Dá-se o nome de galvanização ao processo de proteção do aço contra a corrosão por
recobrime nto com uma camada de zinco metálico. Consiste na imersão da estrutura metálica
em um banho de zinco fundido. A galvanização funciona como um revestimento de grande
resistência à corrosão, em razão das propriedades de proteção catódica do zinco. A duração
da proteção depende basicamente da espessura da camada de zinco depositada, que deve
ser contínua e muito uniforme.

na indústria. °
Os princípios da galvanização permanecem praticamente inalterados desde a sua introdução
processo compreende as seguintes etapas: tratamento prévio
(desengrax amento, decapagem - imersão em banho de ácido clorídrico diluído, para remover
traços de ferrugem e de carepa ), fluxagem, secagem em estufas, imersão em banho de zinco
fundido , à temperatura de 450 o C, e resfriamento.

Zn

Fe - Zn

AÇO BASE

Proteção de eventuais falhas do revestimento de zinco.

Na galvanização ou zincagem ocorre a formação de uma camada superficial de liga ferro -


zinco, que tem boa aderência ao aço e é impermeável.
A galvanização é particularmente interessante, sob o aspecto econômico, para estruturas leves,
como esquadrias, por exemplo. O zinco apresenta bons resultados em ambientes medianamente
alcalinos , mas é sujeito ao ataque químico em ambientes ácidos. A faixa de menor alaque é a
de pH entre 6 e 12,5.

Nota: ° pH (potencial hidrogeniônico) indica a concentração de íons hidrônio (H 301+) de


uma solução e defi ne seu caráter ácido (O <pH <7) ou básico (7 <pH<14) . As soluções neutras
têmpH=7.
20

Q
11.1 - A Importância da Preparação de Superfície
Na seleção do tipo de tinta e do método de preparo da superfície, além do aspecto técnico,

11 deve ser considerado O aspecto econômico.


O custo de uma tinta é normalmente 25 a 30% do custo de pintura de uma estrutura metá lica .
Portanto, a vantagem do emprego de tintas de alto desempenho torna-se evidente. Cerca de
60% do custo de um trabalho de pintura reside no preparo da superfície. Entre os vá rios
métodos de preparo de superfície, os custos variam em uma escala de 1 a 12. Assim , o c usto
PREPARAÇÃO
de limpeza de superfícies por jato abrasivo é 12 vezes mais elevado do que O efe tuado
DE SUPERFÍCIE manualmente, com lixas. De qualquer forma, o custo de preparo de superfícies deve ser
balanceado com a conseqüente durabilidade advinda de uma maior vida útil do revest imento.
O aço fornecido pelo fabricante é geralmente coberto por camadas de carepa de lam inação,
aparecendo também a ferrugem durante o período de estocagem, inclusive logo a pós a
produção, nos pátios das siderúrgicas.
A preparação de superfície é um item de capital importância na tecnologia dos revestime ntos,
qualquer que seja a sua natureza.
Por exemplo, um sistema de pintura de elevada resistência química ou mecânica pode te r
um desempenho medíocre se aplicado sobre uma superfície inadequadamente p reparada,
ao passo que um cuidadoso preparo de superfície pode até suprir parcialmente as even tuai s
deficiências técnicas do sistema de pintura.

11.2 - Normas Internacionais para Preparação de Superfícies de Ferro e Aço


Na falta de normas brasileiras específicas de preparo de superfície, indicamos a segu ir as
mais utilizadas no país:
a) SIS - Svenk Standard 055900-1967, Pictorial Surface Preparation Standards of Painti ng
Steel Surfaces, com padrões ilustrados de preparação de superfícies de aço para pintura;
b) SSPC - Steel Structures Painting Council, Pittsburgh, PA, USA;
c) BS - 5493, do Código de Práticas da Norma Britânica, relativo à pintura protet ora contra
a conosão de estruturas de feno e aço.
d) SPSS - Shibuilding Research Association of Japan - Norma para a preparação de supelfícies
de aço, antes da pintura.
Os padrões de intemperismo citados pela norma sueca SIS 05 5900-1967, desenvolvida
pelo Instituto Sueco de Normalização, têm sido utilizados ou adotados como base de normas
em vários países, inclusive no Brasil.

11.3 - Intemperismo ou Grau de Corrosão


Chama-se intemperismo ou grau de conosão a condição da superfície metálica ainda não
tratada. Para melhor entendimento do grau de corrosão, foram desenvolvidos padrões
fotográficos. É uma série que apresenta quatro condições da superfície ferrosa an tes cta
limpeza ( A, B, C, D ) e os respectivos aspectos após a limpeza por ferramentas manuais ou
mecanizadas e por jateamento (pág. 130 e pág. 131).

Comparação visual da condição da


supeIfície metálica não tratada.

121

• -
GRAU A - Superfície de aço completamente coberta por carepa de laminação intacta e com
pouca ou nenhuma corrosão. Corresponde à superfície do aço recentemente laminado.
GRAU B - Superfície de aço com início de corrosão atmosférica, na qual a carepa de
laminação tenha começado a se trincar e a se soltar.
GRAU C - Superfície de aço em que a carepa de laminação foi eliminada pela corrosão, só
restando fe rrugem; se houver eafepa, esta poderá ser removida por raspagem.
GRAU D - Superfície de aço em que a carepa de laminação foi eliminada pela corrosão e há
a formação de pites ( cavidades visíveis a olho nu, de profundidade sempre maior do que a
largura ).

11.4 - O Preparo de Superfície (Graus de Limpeza)


Os processos de limpeza podem, por sua vez, ser classificados quanto ao tipo e intensidade I
com q ue são aplicados. (segundo a norma SSPC - Steel Structures Painting Council)
\
SP 1 - Desengraxamento por Solventes I
É o procedimento destinado à remoção de óleos, graxa, terra ou outros contaminantes das
superfícies de aço mediante o emprego de solventes, detergentes, compostos para limpeza,
~
em sol uções ou emulsões, vapor ou outros produtos de ação solvente. I
Este tipo de limpeza deve ser feito antes de qualquer outro método de limpeza de superfície, I
especialmente o de limpeza mecânica, ou, pelo menos, antes da aplicação de qualquer tinta.
A limpe~a com solventes remove óleos, gorduras, graxas, terras e poeiras . Já a limpeza com
I
detergentes, ou seja, solução de detergente em água, remove, além dos contaminantes I
mencionados, também sais solúveis em água.
A limpeza com solventes segue a seguinte ordem de operações:
1. remoção, com escovas duras de fibras vegetais ou de fios de arame, dos contaminantes da
superfíc ie, como terra, areia, respingos de reboco ou cimento ou outros . Nesta operação não
são removidas as manchas de graxa, óleo ou gordura;
2. remoção de óleos, gorduras ou graxas por um dos seguintes métodos:
a) esfregação da superfície com panos, pincéis ou escovas embebidos em solvente, para
remove r O excesso de sujeira; repetição da operação, com panos limpos, pincéis ou escovas
embebi dos em solvente. Os solventes mais usados são: aguarrás, naftas, xilol e toluol;
b) aplicação de jatos de solvente limpo sobre a superfície. Os solventes mais usados são:
aguarrás, naftas, xilol e toluol;
c) imersão completa das peças em tanques contendo solvente. O cuidado neste processo é
qu e devem existir pelo menos dois tanques, pois o solvente vai ficando contaminado e,
depois de algum tempo, não limpa mais. Os solventes mais usados são: aguarrás, naftas,
xilol e toluol;

Arqu ivo ZIGURATE


Im ersâo em tanques contendo s~lvente.

d) limpeza com solvente em fase de vapor - neste processo, o solvente fica dentro de um
tanque aq uecido e as peças a ser limpas ficam sobre o tanque, sem tocar o banho líquido,
recebendo o vapor do solvente.

- 122
Em virtude do aquecimento, não se utilizam solventes inflamáveis, só os clorados (exemplo:
percloroetileno, tricloroetileno e cloreto de metileno).
A limpeza se processa pela condensação do solvente na superfície da peça (que está mai s
fria), arrastando os óleos, gorduras e graxas para o fundo do tanque. Quando o sol vente
evapora, esses contaminantes não são levados para a peça, só o solvente limpo. A desvantagem
deste processo é que só se presta para a limpeza de peças pequenas e médias, de form ato
simples; peças muito grandes e de formato complexo, com muitas reentrâncias, não são
limpas com eficiência.

SP 2 - Limpeza Manual - (St 2)


Remove carepa de laminação parcialmente solta, restos de pintura parcialmente soltos,
ferrugem parcialmente solta, mediante ferramentas manuais, tais como martelos de várias
formas, talhadeiras, picadores, raspadores, espátulas, escovas com cerdas de aço ou bronze.
palha de aço, lixa ou esmeril.
A limpeza com ferramentas manuais deve seguir as seguintes operações:
L remoção de óleos, gorduras ou graxas, com solvente ou detergente;
2. remoção de ferrugens estratificadas ou de cascas de ferrugem, com martelos ou picadores:
3. remoção de carepas e ferrugens soltas, com escovas de cerdas de aço, lixas ou palhas de
aço;
4. remoção de poeira e pó de ferrugem, com escovas, ar comprimido ou aspirador de pó.
Notas:
1. Na limpeza com ferramentas manuais são removidos somente os materiais soltos (tint a
velha, ferrugens e carepas soltas, bem como a ferrugem solta sobre as cavidades ou pites) .
2. Na limpeza, deve-se evitar a formação de buracos, decorrentes do uso de ferramentas de
impacto, pois estes afetarão a durabilidade da pintura. O escovamento excessivo com palha
de aço também deve ser evitado, pois provoca um polimento da superfície, prejudicando a
aderência da tinta.
3. Em casos de repintura, é necessário raspar toda a pintura antiga não aderida; a tint a
antiga que não for removida deve ter uma aderência perfeita, para não trazer imperfeições à
repintura.
4. Observar especial cuidado nos cordões de solda. Qualquer falha, neste caso, pode acarretar
o início do processo de corrosão. A escória e os respingos das soldas precisam ser removidos
com talhadeiras (não se aplica esta limpeza a superfícies que apresentem grande intemperi smo
original).
5. O grau de limpeza alcançado com as ferramentas manuais é aceitável para aplicação de
tintas à base de óleo e de revestimentos betuminosos, sendo suficiente para meios não
agreSSIVOS.
6. Este método não serve para aço novo que requeira alta limpeza e que apresente carepa de
laminação intacta.

S P 3 - Limpeza Mecânica - (St 3)


É o método de limpeza destinado a remover carepa de laminação parcialmente solta, restos
de pintura parcialmente soltos, ferrugem parcialmente solta, mediante o emprego de
ferramentas mecânicas, tais como escovas rotativas, rebolos abrasivos, pistolas de agulhas,
felTamentas de impacto, como marteletes ou pistolas de agulhas pneumáticas, esmerilhadeiras
elétricas, lixadeiras rotativas ou orbitais - elétricas ou pneumáticas, ou ainda combinações
das mesmas.
A limpeza de superfícies de aço com ferramentas mecânicas segue a seguinte ordem de
operações:
L remoção de óleos, graxas ou gorduras, com solventes ou detergentes;
2. remoção de ferrugem estratificada ou de cascas de ferrugem, com martelos ou picadores;
3. remoção de carepas e ferrugem soltas, com escovas rotativas, ferramentas .d e impacto,
lixadeiras mecânicas ou esmerilhadeiras;
4. remoção de poeira e de pó de ferrugem, com escovas, ar comprimido ou aspirador de pó.
O aspecto final da superfície tratada por este método é muito semelhante ao que resulta da
limpeza manual, porém com rendimento maior. 125
1·)')

•..
No entanto, ainda é um método antieconômico para grandes áreas; é aplicado somente em
áreas pequenas ou de difícil acesso (como porcas, parafusos, cantos de tubulações), em que
o jaleamento é impraticável ou anti econômico, e quando o sistema de pintura empregado
tolera os contaminantes remanescentes na superfície. É também muito usado na limpeza de
cordões de solda.
Na limpeza mecanizada, consegue-se remover a carepa e a ferrugem soltas, ficando na
superfície apenas a ferrugem mais fortemente aderida e a carepa que não havia-se destacado.
Não é removida, por este método, a ferrugem no interior de pites e de outras cavidades.

.... ,'lu i, o BO:;CH


Escova rotativa com cerdas de aço. Pistola desencrustadora de agulhas.

SP 4 - Limpeza a Fogo
Consiste na rápida aplicação da chama de um maçarico sobre a superfície metálica. Por
diferença de dilatação, há desagregação da carepa de laminação. Este método não remove
totalmente a carepa e é utilizado para aço não pintado. A limpeza final é feita com escova
metálica.
A limpeza a fogo é ligeiramente mais efetiva do que a limpeza mecânica, porém acaITeta
riscos de incêndio e de explosões, bem como de possíveis empenamentos de aços leves. Uma
das vantagens é que a superlície do aço fica morna e seca, ajudando a secagem da tinta
aplicada em climas frios.
Há também a tendência de que os compostos geradores de ferrugem que estejam presentes
em superfícies enferrujadas passem despercebidos, em virtude da alta temperatura atingida
durante a limpeza com fogo .

SP .5 - Jato Abrasivo ao Metal Branco - (Sa 3)


Consiste em um jateamento perfeito, com remoção de todas as substâncias estranhas, tais
como óleo, graxa, carepa de laminação, ferrugem, pinturas antigas, etc., empregando abrasivos
de natureza siliciosa (exemplo: areia) ou metálica (exemplo: granalha de aço), impelidos por
ar comprimido através de bico apropriado. Em seguida, o pó é removido por aspiração ou por
sopro. A superfície deverá apresentar coloração cinza-prateado metálico, totalmente uniforme.

SP 6 - Jato Abrasivo Comercial - (Sa 2)


Remove todas as substâncias estranhas, tais como óleo, graxa, carepa de laminação e pinturas
antigas, mediante abrasivo de natureza siliciosa (exemplo: areia) ou metálica (exemplo:
granalha de aço), impelidos por ar comprimido através de bico apropriado ou por meio de
rolares.
Pelo menos 65% da superfície deverá resultar isenta de qualquer vestígio visível, enquanto o
restante poderá apresentar leves sinais de descoloração, manchas, ferrugem, carepa de
laminação ou pinturas antigas. Após o tratamento, a superfície deverá apresentar uma c~loração
acinzentada. .

Obs.: Não se aplica às superfícies de grau A.

124
- Q
SP 7 - Jato Abrasivo Ligeiro ("brush-o./J ") - (Sa 1)
Remove rapidamente vestígios de óleo, graxa, impurezas, escamas de pintura, fenugem ou
carepa de laminação mal aderidos, mediante abrasivos de natureza siliciosa (exemplo : areia)
ou metálica (exemplo: granalha de aço), impelidos por ar comprimido, ou por meio de rotOl"eS,
através de bico apropriado. Os vestígios de carepa de laminação, de ferrugem ou de pinturas
anteriores que pennanecerem após o tratamento deverão estarfinnemente aderidos ao substrato.
Após a limpeza, a superfície apresentará um suave brilho metálico.
Obs.: Este padrão não se aplica às superfícies de grau A.

SP 8 - Decapagem Química
Remove escamas de ferrugem e de carepa de laminação, submetendo o material a uma sucessão
de banhos em tanques ou cubas contendo o ácido mais adequado. Normalmente, ocorre a
seguinte seqüência de operações: desengraxamento, decapagem e neutralização. Entre cada
operação, procede-se à devida lavagem do material.
Os ácidos empregados neste processo são: ácido clorídrico (muriático) , ácido sulfúrico ou
ácido fosfórico.
Esta norma não prevê a eliminação total das escamas de ferrugem .

SP 10 - Jato Abrasivo ao Metal Quase Branco - (Sa 2 1/2)


Remove todas as substâncias estranhas, tais como carepa de laminação, ferrugem ou pinturas
antigas, mediante abrasivos de natureza siliciosa (exemplo: areia) ou metálica (exemplo:
granalha de aço), impelidos por ar comprimido, ou por meio de rotores, através de bico apropliado.
Os resíduos são removidos por aspiração, por jatos de ar comprimido ou por escovas limpas.
Pelo menos 95% da superfície deverá resultar isenta de qualquer vestígio visível, enquanto os
restantes 5% poderão apresentar somente ligeiras sombras, leves veios ou descoloração.
A coloração alcançada deverá ser cinza claro.
Nota:
O jato abrasivo não remove completamente óleos, graxas e gorduras da superfície do aço .
Por isso, esses materiais devem ser eliminados antes de qualquer operação de jateamento .

11.5 - As Vantagens da Limpeza por Jateamento


O jateamento é um dos poucos métodos, sobretudo o mais eficiente, que efetivamente removem
carepas de laminação, ferrugem e pinturas antigas da superfície do aço. Adicionalmente, produz
uma rugosidade adequada para a boa aderência das tintas.
Dois processos são utilizados para a propulsão das partículas:
a) ação do ar comprimido;
b) ação centrífuga de rotores providos de pás.
O jateamento por ar comprimido é utilizado nos trabalhos de campo e o jateamento por meio de
rotOl'es de pás, nos trabalhos em oficinas, para limpeza de peças em sistemas fechados.

'\"1";"" ZIGlIRATE
Jateamento com areia, em sistema a céu aberto. Jateamento com granalha, em sistema de cabine.

125

--------
Arqu ;vo MF.TASA

Equipamento automático de
jato d e grall alha turbinado .

11.6 - J ateamento com Á,,"Ila a Alta Pressão


Utiliza água (baixo vol ume: 2 a 15 galões/minuto) a uma pressão de 10000 psi (libras-fôrça
por polegada quadrada), para remover carepas e ferrugem solta em superfícies de difícil
limpeza .
Pode ser utilizado um inibidor de corrosão na água de jateamento.
Li miLac;ões : a limpeza não é uniforme, pode provocar a ferrugem instantânea ("flash rusting"),
além de não propiciar perfil de ancoragem.

11. 7 - Jateamento com Abrasivo Molhado ou Jateamento Úmido


Emprega uma mistura de água e abrasivo, em lugar do abrasivo seco apenas. Este método tem
a vantagem de eliminar os problemas de saúde associados à poeira proveniente da utilização
de areia seca e, ao mesmo tempo, proporcionar a obtenção de adequado perfil de ancoragem.
Outra vantagem: ao jatear superfícies por este método, grande parte dos produtos solúveis da
corrosão, presentes nos pites, serão removidos com a lavagem, melhorando o desempenho do
sistema de pintura.
Desvantagem: o aço limpo começará a enferrujar rapidamente após o jateamento. Para evitar
o enferrujamento por um período de tempo suficiente até a execução da pintura, é prática
comum adicionar inibi dores na água a ser utilizada.
O emprego de inibidores em baixos teores normalmente não afeta o desempenho das demãos
de tinta subsequentes, quando.a estrutura de aço não é submersa. O inibidor de corrosão mais
usado é o nitrito de sódio, em concentração de 0,5%. . "'o
Após o jateamento úmido e antes da pintura, é necessário lavar com água limpa e, em seguida,
secar a superfície com ar comprimido.

126
- <:
DURABILIDADE (ANOS)
MÉTODO "t?" .....-
AMBIEN TE POLuíDO

ESCOVA DE AÇO 214

JATEAMENTO ABRASIVO 16 "

11.8 - PerfIl de Ancoragem ou Rugosidade


É a média das medidas de distância entre os planos dos picos e os fundos de vales de uma
superfície que sofreu limpeza por jateamento abrasivo.
A rugosidade é importante porque aumenta a área da superfície e propicia melhores condições
para a tinta aderir.

* *

Neste exemplo a méditl é feita com seis medidas

orugosímetro faz as medidas de distância


entre os planos dos picos e o fundo de vales
de uma superfície jateada.
\''1'';'" IlEC

Existem três tipos de medidores para perfil de ancoragem ou rugosidade:

1. comparador de perfil de superfície;


2. micrômetro de profundidade;
3 . fita de réplica.

Obs.: Na especificação de uma pintura, é aconselhável que se determine operfil de ancora7cm


(rugas idade) e a espessura da película de tinta acima dos picos da superfície, pois a rida da
pintura depende muito destes fatores.

127
ABRASIVO CLASSIFICAÇAo DAS PENEIRAS RUGOSIDADE MÉDIA (Ilm)

11. 9 - Preparação de Superfície: Eqüivalência entre Normas

DESCRiÇÃO

SP 10 Sa 2 "
SP 5 Sa 3

Notas:
1. O grau de jateamento adequado para determinada especificação de pintura depende de
vários fatores.
O mais importante é o tipo de sistema de pintura selecionado.
2. Antes do jateamento, a estrutura de aço deverá estar livre de gorduras e óleos, bem como
ter sido removidos os respingos de solda.
Se existir contaminação de óleo ou graxa na superfície, pode parecer que o jateamento irá
eliminá-la completamente, mas isto não ocorre, pois embora invisíve is, as contaminações
ainda estarão presentes, em uma fina camada, e afetarão a aderência da pintura a ser aplicada.
3 . Cordões de solda e arestas vivas devem ser esmerilhadas.
Isto porque a tinta tende a se distanciar das arestas vivas, formando camadas finas e reduzindo,
assim, a proteção.

128

-
É praticamente imp"ossível cobrir respingos de solda de maneira uniforme; além de ficar
semi -soltos na superfície, os respingos tornam-se uma causa comum de falha prematura da
pintura.
4 . O perfil de aspereza obtido durante o jateamento é importante e dependerá do abrasi ' "O
empregado, da pressão de ar e da técnica de jateamento. Um perfil muito baixo poderá
proporcionar base insufi ciente para a pintura, ao passo que um perfil elevado demais poderá
resultar na cobertura desigual dos picos altos, ocasionando falha prematura da pintura,
particularmente no caso de camadas finas, como as utilizadas nos "primers" de montagem.
5. Quando é feita a limpeza por jateamento, um dos principais cu idados é o intervalo entre °
término do jateamento e a aplicação da pintura. Se o jateamento for executado em um ambiente
isento de contaminações e com baixo teor de umidade, o padrão de jateamento poderá ser
mantido por períodos de até 8 horas. Entretanto, se o jateamento for executado em ambiente
poluído, marítimo ou industrial, ou em superlícies previamente cOlToídas, poderá ocorrer
corrosão dentro de 2 a 4 horas. Mesmo não havendo normas inflexíveis com relação ao intervalo
máximo antes da aplicação da camada de tinta, admite-se como aceitável um período não
superior a 4 horas. O importante é aplicar a tinta antes que a superfície se tome amarelada
("flash rust") .
6. O perfil de ancoragem deve estar ao redor de 1/3 da espessura da camada de tinta prevista.
Por exemplo, nos jateamentos convencionais, com areia fina, o perfil será de 50 ~m , o que
representa uma ótima base para pintura de manutenção, de espessura da ordem de 150 !-Im
(película seca).

11.10 - Métodos de Limpeza de Superfície Recomendados - Condições de Serviço


CONDiÇÕES utrODO E GRAU TIPO
DE EXPOSiÇÃO IIrNIMO DE LIMPEZA DE TINTA

IMERSÃO:., produtos qurmic06
Jateamento 'ao Metal Branco'
Silicato de zinco.
.
ácidos, sais. ."infllC88~ fen6licas •• meones,
(SP 5 ou S8 3) borracha clorada. epoxldicas.
égua destilada.

,
Tinta orgânica -rica em zinco.
IMERSÃO: água doce, Jateamento "ao Metal Branco" vinrlicas, fen6Hcas, epoxldicas,
água salgada. (SP 5 ou Sa 3) alcatrão de hulhalepoxfdicas,
, õorracha clorada.
~

Jateamento "ao Metal Quase Branco"


ATMOSFERA QUINICA Idem ao anterior
(SP10 ou 5a 2 li)

~ , _ i

- ...
Alcalrlo de 'hulna. 'epoxldicas,
ATMOSFERA: industrial, Omlda, Jateamento 'ao "et.1 Quase 8,.n,o, 1
marlUnlJ,. '9ter epoxfdicas, f'enóli cas,
(SP 10 ou Sa 2 Voz)
borracha cl õrada :~
..
.~ ~-!. ~ ; J

ATMOSFER"- NÃO CONTAMINADA, Jateamento "ao Metal Quase Branco· . Óleo, alqufdicas, éster epoxidicas,
MAS ÚMIDA. (SP 10 ou Sa 2 Voz) aJcatrão de hulbal epoxidicas.

.,
ATMOSFERA NÃO CONTAMlAADA,
"""' limpeza Manual, Mecânica ou
Jaleamenlo Comercial
Óleo, alquldicas, betuminosas,
EXTERNA E INTERNA à base -de ãgua:'
(SP 6 ou 5a 2)

Nas páginas a seguir, são apresentados os padrões fotográficos para comparação visual da
superfície não tratada e os respectivos aspectos após a limpeza mecân i ca,~ por jateamcnto .

129
A B

St2

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.... ,, <
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13 1
11.11 - Quadro-Resumo da Ação do Intemperismo e dos Graus de Limpeza
(SIS 055900-1967)

A B c o
GRAU
MfN IMO RENDIMENTo
~APf'OXlMADO
' ~/h .'

37

20

12

GRAU
MÁXIMO

Padrão fotográfico para identificação


do grau de limpeza (5a 3 ou 5a 2 1/2)
de uma superfície ferrosa de grau A.
AnJuivo IeEe

o grau de limpeza é função do estado de corrosão da supetfície do aço. Quanto mais rigoroso
o grau de limpeza, menor é o rendimento, o que explica o seu custo maior por metro quadrado.
Na tabela acima, o rendimento aproximado se refere ao grau C de corrosão, ou seja, um
estado em que não existe mais carepa, mas não ocorreu, ainda, a formação de pites. A
carepa, como já foi visto, é um material duro, que demanda mais tempo e maior consumo de
abras i vo para a sua retirada. Os pites também exigem mais tempo e maior quantidade de
abras i VO, pois a ferrugem no seu interior é de difícil remoção.
A limpeza no grau C é a de execução mais econômica, porque a supetfície contém só
ferrugem solta, sem carepas e sem pites, sendo esta a razão de muitas empresas deixarem as
estruturas expostas ao intemperismo de maneira controlada, até atingir tal grau, para só
então serem jateadas.

]32
12.1 - Composição Básica de uma Tinta
Uma tinta é formada basicamente pelos seguintes componentes:

12 Veículo {não volátil (resina); volátil (solvente) };


Pigmento {ine rte (carga); ativo (colorido, metálico, anticorrosivo, etc.) };
Aditivos {secante, plastificante, anti mofo, antissedimentante, nivelante, dispersante }
É a composição destes componentes que dá as características das tintas.
PINTUR-\

VEIcULO

MATERIAL
NÃO VOLATIL

Na composição de uma tinta, as diversas matérias-primas devem ser combinadas formando


uma suspensão homogênea de minúsculas partículas sólidas, dispersas em um líqui do, em
prese nça ou não de componentes chamados aditivos, estes em menor proporção.
Após a aplicação de fina camada sobre uma superfície, a tinta forma um filme que se solidifica
por certos mecanismos de secagem ou cura, tornando-se uma película contínua, flexível,

°°
impermeável e aderente a essa superfície.
veículo não volátil (resina) é o ligante ou aglomerante do pigmento.
pigmento (insolúvel no veículo) é quem confere cor, opacidade ou ação anticolTosiva às
tintas.
Os corantes (solúveis no veículo) são usados em conjunto com pigmentos, para dar certa
tonalidade às tintas. .
A seguir, são analisados mais detidamente cada um dos principais componentes de lima
tinta:
Resina: é a formadora do filme propriamente dito. É também chamada de veículo (não
volátil) , agregante ou binder; na ausência da resina, todos os demais componentes clt' uma
tinta não teriam aderência junto ao substrato. A resina é O mais importante componente de
uma linta, e o que vem apresentando maior evolução tecnológica nos últimos anos. Sendo o
mais importante componente de uma tinta, define a sua qualificação, dando nome às tintas .
Temos, assim, tintas de borracha clorada, tintas vinílicas, tintas alquídicas ou sintéticas,
tintas epóxi, tintas poliuretano, tintas etil-silicato, etc .
A função da resina é, portanto, aglomerar as partículas de pigmento e mantê-las unidas,
entre si e ao substrato. A resina proporciona impermeabilidade, continuidade e flexi bilidade
à tinta . A secagem das tintas depende da resina. As resinas e, por conseqüência, as tinta, se
solidificam por três tipos de mecanismos: simples evaporação do solvente, oxidação ~ reação
entre resinas.
Pigulento: os pigmentos são partículas minúsculas em suspensão na tinta líquid a (\'eíC'ulo)
que, após a secagem, são aglomeradas pela resina e formam com esta uma camada uniforme
sobre o substrato.
No caso específico das estruturas metálicas, os pigmentos mais importantes são aqueles que
conferem à tinta propriedades anticorrosivas, ou seja, que permitem reduzir ao mínimo os
efeitos corrosivos do meio ambiente sobre as superfícies metálicas.
a) óxido de chumbo ou zarcão - o zarcão é constituído de cerca de 90 a 97% de mínio e
o restante de litargírio, e é de cor laranja (não confundir com o óxido de ferro (Fe2 0) . marrom
avermelhado, que não tem qualquer ação anticorrosiva);
b) crOluato de zinco - amarelo de zinco, é um cromato misto de zinco e potássio;
c) crOlllato básico de zinco - tetróxicromato de zinco, é menos solúvel que o cromato de zinco;
133
, . Sr

G
(
d) cromato de chumbo - é um pigmento laranja ou amarelo, muitas vezes confundido com
o za rcão, porém com ação antÍcorrosiva menos efetiva;
e) fosfato de zinco- é um pigmento branco, atualmente usado nos EUA e na Europa como
substituto do zarcão, que é proibido por ser tóxico;
f) plumbato de cálcio- é um pigmento branco com boa ação anticorrosiva, porém não utilizado
no Brasil;
g) zinc o e Ul pó - é utilizado na tintas "ricas em zinco", que são tintas de fundo anti corrosivas .
A pinlura com essas tintas é denominada "galvanização a frio".
Solvente: os solventes são líquidos voláteis que solubilizam a resina, reduzindo a viscosidade
da tinta. A presença do solvente dá à tinta a fluidez e viscosidade necessárias à adequada
apli cação.
Por convenção, chamamos solvente ao produto utilizado na fabricação da tinta e diluente ou
"thi nne r" ao solvente adicionado à tinta no momento da aplicação, para obter a viscosidade
desejada (o diluente deve ser compatível com o solvente e com a resina utilizados na fabri cação
da ti nta) .
Geralmente, em uma tinta é empregada uma composição de solventes, de forma que os mais
voláteis (ou mais leves) deixem a película de tinta rapidamente após a aplicação, não permitindo
tam bé m que a tinta escorra em superlícies verticais. Os mais pesados permanecem por um
tem po mai s longo na película, possibilitando o nivelamento de marcas na pintura ou a
eliminação de bolhas e crateras formadas durante a aplicação.
Res umo das finalidades principais do solvente em uma tinta:
a) ajustar a viscosidade da tinta, tanto para o fornecimento como para a aplicação;
b) a uxili ar a formação do filme;
c) melhora r o nivelamento e a penetração da tinta ao ser aplicada;
d) controlar a secagem (uma adequada mistura de solventes pode apressar ou retardar a
secagem de uma tinta);
e) lim peza dos instrumentos de aplicação.
Aditivos: são produtos adicionados em pequenas quantidades, conferindo à tinta propriedades
especiais, de acordo com suas finalidades: secantes, antioxidantes, plastificantes, anti -mofo.
nivelantes, etc.

12.2 - Tinta Monocomponente


Qua ndo a tinta é fornecida em uma só embalagem, ou seja, em uma só lata, e não precisa ser
mi sturada com um catalisador, dizemos que a tinta é monocomponente. Essa tinta não reage
enqua nto está dentro da embalagem fechada. As tintas monocomponentes mais conhecidas
são:
esmalte sintético (alquídico);
Hpri me r" sintético (alquídico);
borrac ha clorada;
betuminosa (tinta à base de piche dissolvido em xilol);

12.3 - Tinta Bicomponente


É forn ecida e m duas embalagens. Os dois componentes são separados em duas embalagens,
des ignadm; "A" e !1B ", pois são reativos e só podem ser misturados no momento do uso. Depois
de realizada a mistura, o pintor tem um tempo definido para usar a tinta, de mais ou menos 8
horas . Esse tempo é denominado "pot-life" ou vida útil da mistura. Há também um tempo
mínimo para a utilização, após a mistura, que é chamado tempo de indução ou de espera.
O compone nte "Ali é conhecido como componente base ou componente pigmentado, enquanto
u
o "B é denominado agente de cura, endurecedor, conversor, agente reticulador ou catalisador.
As tintas b icomponentes mais difundidas são as tintas epóxi, as poliuretânicas, os "wash
primers" e o etil-silicato de zinco.

12.4 - Classificação das Tintas, no Esquema de Pintura


As tintas são classificadas, no esquema de pintura, de acordo com a sua posição.

12.4 .1 - "Primer"
É a p ri meira demão aplicada sobre uma supel{ície metálica.

134
o " primer" é um produto, geralmente fosco, que contém pigmentos anticorrosivos para <.:o nff' rir
a proteção necessária ao substrato, corrigindo suas pequenas imperfeições.
Existem tipos especiais de ~~primer":
a) - "shop primer": é aplicado sobre uma peça ou estrutura para dar proteção duran te o
seu armazenamento;
b) - "wash primer": também denominado fundo fosfatizante, é destinado a promo ve r
ancoragem em uma superfície metálica muito lisa (alumínio, cobre ou zinco).

12.4.2 - Intermediárias
Geralmente, são tintas de alta espessura aplicáveis entre o "primer" e O acabame nto . com a
finalidade de melhorar a proteção do sistema de pintura, aumentando a sua espessura.
As tintas intermediárias geralmente são neutras, isto é, não têm pigme ntos anticorrosi\'os .
nem coloridos . São também denominadas tintas de enchimento, sendo mais baratas q ue as
"primers" e as de acabamento.

12.4.3 - Acabamento
É a tinta que dará a aparência final ao substrato, como cor e textura definidas. Além da <:01;
pode-se ter um acabamento brilhante, semi-brilhante, acetinado, fosco, martelado, corrugado,
etc.

- P ROPICIA PROTECÃO ANTI CORROSIVA

L IMP EZ A DA SUPERFfc l E PROPICIA ANCORAGEM


~., " ~

, .:. ~ . AÇO (SUBSTRATO) • • .,... .• ~ .


~~. ~~ ~:. . .....

12.5 - Tipos Mais Importantes de Tintas

12.5.1 - Tintas à Base de Resina de Borracha Clorada


A borracha clorada provém da reação entre a borracha natural e o cloro, te ndo o produto fi ll al
64 a 67% de cloro em peso.
As tintas mais importantes deste grupo são: zarcão/borracha clorada, óxido de ferro/borrac ha
clorada, alumínio/borracha clorada.
Propri edades: secagem ao ar, por evaporação do solvente (xilol); resistente a ácidos. álca lis e
sais, a agentes oxidantes, a óleos minerais, à umidade e ao crescimento de fungos . Em
combinação com outras resinas, plastificantes, pigmentos e estabilizantes, apresenta m
características específicas: adesividade, brilho, flexibilidade, rigidez, estabilidade. etc.
Limitação: a resina de borracha clorada é termoplástica, sofrendo restrições para utiliza~ão
em revestimentos submetidos a temperaturas elevadas (acima de 70 °C) .
Solubilidade: é solúvel em quase todos os solventes orgâni cos, exceto os hidrocarbolletos
alifáticos, os álcoois de baixo peso molecular e também a água.
Vantagens (em relação às tintas epóxi ou às combinações epóxi -alcatrão):
a) - embalagem única (monocomponente), exceto se for combinada com alumínio ;
b) - ilimitado te mpo de vida útil durante a aplicação;
c) - não há intervalo de tempo crítico para repintura (somente observando o intervalo mínimo
para evaporação do solvente). Por ser uma laca!,. a aderência entre de mãos é pe rfeita f' m
qualque r época, pois o solvente da nova demão age superficialme nte sobre a antiga l ' as
camadas se fundem .
Desvantagens : revestimentos com tintas à base de borracha clorada não são resislen tt":o:; a
tempe raturas acima de 70 0e.
Aplicações: pintura de torres de alta tensão e de microondas, de estruturas e tll bll l a~ões
exlerna s de ind (,strias químicas. 0(' estruturas 0(:' ,,1(...' 0 ~lIhm(-,"~<l~ em ;í~II;1 d() "';11:
Métodos de aplicação:
a) revestime ntos de alta e spessura: revolver sem ar ("airless");
b) áre as pequenas e/ou áreas inaces,síveis ao revolver: trincha, com a necessária aplicação de
maior número de demãos, para atingir a espessura desejada;
c) revestimentos de espessura convencional : trincha, revolver convencional ou revolver se m ar.
Carac terísticas específicas de algumas tintas à base de borracha clorada
a) "Primers" de borracha clorada AE - produtos anticorrosivos apresentados em algumas
cores, visando à diferenciação entre camadas.
O Hprimer" de borracha clorada/alumínio apresenta melhores características anticorros ivas,
por causa da impermeabilidade do alumínio.
Espessura seca recomendada: 75 +/- 5 11m;
b) "Prilner" borracha clorada/zarcáo - produto de características anticorrosi vas,
pigmentado com zarcão, recomendado para ambientes altamente agressivos .
Espessura seca recomendável : 40 + /- 5 11m;
c) " Primer" borracha clorada /vermelbo óxido - produto anticorrosivo pigmentado
com óxido de fe rro, para ambientes moderadamente agressivos.
Espessu ra seca recomendada: 40 +/- 5 11m;
d) Tintas d e acabamento de borracha clorada - empregadas como acabamento de
supel{ícies suj eitas ao ataque de agentes saponificantes, apresentadas em várias cores.
Espessura seca recomendada: 30 + /- 5 11m;
e) Tin tas de borracha c\orada antiderrapantes - são produtos formadores de film es de
alta resistência à água salgada e à abrasão.
Apli cação: pintura de escadas e pisos do convés de embarcações.
Espessura seca recomendada: 50 + /- 5 11m.

12.5 .2 - Tintas à Base de Resinas Vinílicas


As tintas vinílicas podem ser obtidas a partir de monômeros de acetato de vinila ou de cloreto
de vinila:
Se polimerizarmos só o acetato de vinila, obteremos o PVA - poli acetato de vinila.
Se polimerizarmos só o cloreto de vinila, obteremos o PVC - policloreto de vinila.
Se polimerizarmos ambos, obteremos o copolímero de acetato e cloreto de vinila, que é mais
usado em tintas de manutenção industrial, por suas características de resistência a age ntes
químicos ácidos .
Os sol ventes usados nessas tintas podem ser cetonas (metil-etil-cetona, metil-isobutil -cetona)
e hidroca rbo netos aromáticos (xilol).
Poli vinil b utiral - provém da reação de álcoois polivinílicos com aldeídos. É utilizada nas
chamadas ti ntas "wash primers", que têm a função de propiciar a aderência de siste mas de
pi ntura em galvanizados.
As tintas " wash prirne rs" são bicompone nte s, sendo:
compone nte nA": poli vinil butiral + le lróxic romato de zinco + álcool isopropílico ;
componente "B": ácido fosfórico + álcool isopropílico + água.
A ad erência em galvanizados é conseguida pela reação entre o ácido fosfórico, o tetróxicromato
de zinco e o zinco metálico, formando cristais de fosfato de zinco. Os íons de cromo cobrem
eventuai s falhas na camada de fosfato e provocam inibição da corrosão. A resina de polivinil
butiral adere aos cristais e sobre ela é possível aplicar qualquer outra tinta.
Propriedades das tintas vinílicas - possuem excelente resistência química, especialmente
a produtos alcalinos. Têm também rápida secagem e excelente resistência à intempérie. Outra
propriedade importante das tintas vinílicas é a sua estabilidade de cor (são usadas na confecção
de catálogos de padrões de cores).
Apli cação: pinturas de tanques para armazenamento de ácidos e de estruturas suj eitas a
respingos de produtos ácidos.
Desvantagem: em exte riores, têm te ndênc ia ao amarelec imento e à calc inação ("chalking") .
Caleinação, "chalking" ou engizame nto é o fenômeno que as tintas apresentam quando expostas
ao intemperismo: fi cam empoadas, em virtude do desprendimento de partículas do seu
pigm ento, na superfície, por desagregação da resina e do pigmento pelos raios ultravioleta.

136
12.5.3 - Tintas à Base de Resinas AIquídicas (Sintéticas)
As resinas alquídicas são, ainda, as mais utilizadas na indústria de tintas.
São provenientes da seguinte reação:
Poli álcool + poli ácido poliester (resina alquídica).
Os poliálcoois mais utilizados são o glicerol (glicerina) e o pentaeritritol; o poli ácido é o
ácido ftálico, na forma de anidrido ftálico. A resina obtida por esta reação, no entanto , é
muito dura e quebradiça. Para ser empregada na indústria de tintas, a resina alquídi ca é
modificada com óleos, dando como resultado uma nova resina, com boa flexibilidade , dureza
e aderência.
Os tipos mais importantes de tintas alquídicas são: zarcão/alquídico, óxido de ferro/
alquídico e de acabamento ("esmaltes sintéticos").
As tintas alquídicas são monocomponentes, exceto a de alumínio (uma embalagem contém a
resina e a outra, a pasta de alumínio).
As tintas alquídicas secam ao ar, por evaporação do solvente e pela combinação do oxigênio
do ar com a resina.
Os solventes mais usados são a aguarrás e o xilol.
Aplicação: são indicadas para pintura de estruturas, em ambientes sem poluição e com
clima ameno. As tintas alquíclicas são as mais usadas na manutenção industrial, na construção
civil (pintura de portas, janelas, esquadrias, portões), na mecânica (em equipamentos que
ficam em lugares secos e abrigados) e na pintura doméstica.
Restrições: seu uso é recomendado apenas em ambientes de baixa e média agressividade,
pois são tintas à base de resinas saponificáveis. Têm resistência química limitad a
comparativamente a outras tintas convencionais, de melhor desempenho, sendo também
discreta a sua resistência física; não permitem a repintura com tintas de outra classe; no
entanto, é possível aplicar um acabamento alquídico sobre alguns "primers" de outra classe
de tintas, como as epoxídicas, por exemplo.
As tintas alquídicas não devem ser aplicadas sobre zinco (galvanizados, "primers" ri cos em
zinco, etc .), pois se destacam .

12.5.4 - Tintas à Base de Resinas Epoxídicas


Todas as tintas epoxídicas são bicomponentes. O componente "A" é normalmente formado
pela resina epóxi devidamente pigmentada. O agente de cura ou endurecedor é uma resina
de poliamina, poliamida ou isocianato. Se a tinta for curada com poliamina, resulta um filme
com maior resistência química, principalmente a ácidos e a álcalis. Se for curada com
poliamida, o filme apresentará maior resistência à água e melhor aderência. Com isoc ianato,
o filme terá maior aderência a galvanizados e ao alumínio.
A secagem dessas tintas é por evaporação do solvente e pela combinação das resinas que
estão nas duas embalagens. A resina do componente "B" é que promove a cura. Os solventes
mais usados são: misturas de xilol, metil-isobutil-cetona, butanol e glicóis.
Nota: as tintas modificadas, do tipo Mastic (tintas de alta espessu ra e de alt a
impermeabilidade), são muito usadas e servem tanto como tinta de fundo quanto co mo
acabamento. Talvez sejam as únicas que apresentam excelente desempenho quando aplicadas
em aços tratados manualmente ou mecanicamente, padrões St 2 e St 3, tendo ainda ótima
aderência.
Propriedades gerais: excelente resistência química e física, dureza e flexibilidade.
Desvantagem: expostas aos raios solares, as tintas epóxi perdem o brilho superficial, tomando-
se foscas, devido à calcinação ("chalking" ou engizamento).
Espessuras dos filmes nas aplicações com tintas epoxídicas:
Aplicações normais: filmes de espessura 30 a 40 flm;
Alta espessura: filmes de espessura superior a 60 flm;
Filmes do tipo "high build" (HB): espessuras até 200 flm.
Nota: neste último caso, incluímos os produtos do tipo "epóxi sem solvente" fabricados com
resina líquida, que produzem altas espessuras. ~.
Aplicações: é o tipo de tinta mais usado na manutenção industrial em geral, de navios e
equipamentos portuários e de aeronaves, como "primers" e tinta intermediária (o acabame nto
é de poliuretano).
137
7
As mais importantes são:
a) Tintas de fundo ("primers" ): zarcão misto/epóxi, rica em zinco/epóxi, cromato de zinco/
e póx i, fosfato de zinco/epóxi ;
b) Tintas de aderência: epoxi-isocianato;
c) Ti ntas intermediárias: óxido de ferro/epóxi e alta espessura/epóxi ;
d) Tintas de acabamento: esmaltes epoxídicos de cores variadas, acabamento epóxi de alta
espessura, alumínio/epóxi e betuminosa epoxídica (como fundo e acabamento).
e) Alcatráo-epóxi: tinta de alta espessura, preta, que utiliza resina epóxi com alta concentração
de alcatrão extraído da hulha. Além da grande inércia química do alcatrão, esta tinta produz
filmes de alta espessura e de grande impermeabilidade à água, daí a sua larga utilização em
estruturas submersas ou e nterradas

12 .5.5 - Tintas à Base de Resinas de Poliuretano


As tintas de poliuretano são usadas como acabamento, na forma de esmaltes e vernizes.
São ti ntas bicomponentes, secam por evaporação do solvente e pela combinação das resinas
presentes nas duas embalagens. O componente "A" pode ser poliester ou acrílico, o componente
IIBt! (catalisador), um isocianato aromático ou alifático.
a) Poli uretanos Aromáticos: usadas como "primers" intermediários ou como acabamento,
são sensíveis aos raios ultravioleta: quando expostas ao intemperismo, sofrem rápido
amare lecimento e perda de brilho, pela ação do sol. São, portanto, recomendadas para a
pi ntura de superfícies não submetidas ao intemperismo.
b) Poli uretanos Alifáticos: têm excelente resistência ao intemperismo, mesmo nas mais
ad versas condições atmosféricas, tais como: orla marítima, áreas com grande incidência de
raios solares, áreas industriais altamente poluídas e úmidas (em que a deposição de resíduos
em suspensão age de forma agressiva sobre o revestimento).
A melhor combinação de componentes é a de acrílico com isocianato alifático, formando
vernizes claros como água e tintas com resistência ao sol e à chuva, sem perda do brilho e
da cO!; com flexibilidade, dureza e aderência satisfatórias.
Os solventes mais usados são misturas de acetato de etila, acetato de butila, xilol, etil-
gli col, metil-isobutil-cetona e metil-etil-cetona.
Propriedades: são tintas de alto desempenho, com excepcional resistência à intempérie.
Apresentam grande dureza, flexibilidade, ótimo brilho e excelente resistência química.
Aplicações: são empregadas, quase exclusivamente, em acabamentos sobre fundos epóxi,
na indústria aeronáutica, na manutenção industrial e em grandes estruturas, como torres de
televisão, s hopping centers, supennercados, hotéis, etc ..

12 .5 .6 - Tintas à Base de Etil-Silicato


As mais importantes são as de zinco e as de alumínio.
As de alu mínio, c onhecidas também como tintas de alumínio-silicato, servem para
acabamentos resistentes a altas temperaturas (até 600°C).
As tintas de etil-silicato de zinco são usadas como fundo em esquemas de alto desempenho e
para as tintas de alumínio-silicone e de alumínio-silicato.
As tintas de zinco e de alumínio são bicomponentes: "N' é o etil-silicato (embalagem de
plástico) e "B" pode ser a pasta de alumínio ou a pasta ou pó de zinco. A secagem de ambas
é ao ar, com evaporação dos solve ntes e combinação do etil-silicato com o alumínio, o zinco
e o aço da base ou substrato, na presença de umidade.
Os solventes são: álcool etílico absoluto ou anidro (o mais usado), xilol e etil-glicol.
Após a secagem ou cura, e ssas tintas tornam-se inorgânicas e podem suportar temperaturas
de 400 a 600°C, mas não resistem a ácidos ou a álcalis.
Mecan ismo de atuação: o etil-silicato, na presença de álcool etílico e de umidade, forma o
ácido silícico, um ligante contínuo que não isola as partículas de zinco. Em seguida, forma-
se um fi lme contínuo e condutivo quando molhado, proporcionando proteção similar a uma
galvanização (proteção catódica).
A pelíc ula seca é porosa. Quando fica exposta ao oxigênio do ar, sem acabamento, o pigmento
começa a oxidar lentamente, formando compostos de zinco que irão proteger também o aço,
por formação de barreira.
138

,-..
Mesmo que os espaços alveolados sejam ocupados por compostos de zinco, a umidade penetra
por capilaridade através destes, estabelecendo contato elétrico entre as partículas de zinco
metálico e as do aço. Este fenômeno é importante, pois, sem a presença de água, o intercâmbio
dos Íons não ocorre e não haverá, em conseqüência, proteção catódica.
Obs.: o etil-silicato de zinco tem baixa resistência a meios ácidos ou alcalinos, mas apresen ta
excelente desempenho em ambientes marítimos.
Aplicações: pintura de chaminés, de dutos aquecidos, de fornos e caldeiras, de escapamentos
de gases quentes de veículos e como fundo, em esquemas de pintura de plataformas marítimas
acima da linha da água.

12.6 - Mecanismos das Tintas, na Proteção Contra a Corrosão

12.6.1 - Proteção Por Barreira


Quando não possui pigmentos inibidores da corrosão, a tinta age por barreira mecânica. ou
seja, serve de anteparo contra o meio ambiente, em um processo meramente físi co. Por este
motivo, deve ser o mais impermeável possível e alcançar espessuras bastante altas.
As tintas de alta espessura são chamadas HB ("High Build" ) e têm como grande vantagem a
economia de mão-de-obra, podendo-se com O seu uso poupar o equivalente a 8 demãos de
tinta de tipo convencional.
A espessura do filme seco de uma tinta convencional pode atingir até 25 jJ.m, ao passo que a
de uma tinta HB alcança 200 jJ.m.
A impermeabilidade da tinta é muito importante porque dificulta a passagem do vapor d'água
e do oxigênio. Quem dá impermeabilidade às tintas é a resina, que pode ser pouco ou mui to
impermeável .
Permeabilidade ao Vapor d'Água
(Mais impermeável ! borracha clorada, epóxi, poliuretano, alquídica! menos impermeável ).
Exemplos de tintas de alta espessura: as de resinas epoxídicas.
Exemplo de tinta de alta espessura e alta impermeabilidade: epóxi-alcatrão.
Além das HB, as tintas que oferecem melhor proteção por barreira são as betum inosas e as
de alumínio.
a) - betuminosas - apresentam boa aderência, espessura, impermeabilidade e inércia química;
são frações pesadas (piches) obtidas na destilação de petróleo ou de carvão mineral ("coaI") .
Aplica-se o produto aquecendo-o até que se torne líquido ou dissolvendo-o com um solvente
apropriado (derivado de petróleo: aguarrás mineral; derivado de carvão mineral: toluol ou
xilol).
O "coaI tar enamel" e o asfalto são aplicados a quente, sendo o primeiro empregado para
revestir tubos enterrados e o segundo para impermeabilizações na construção civil.
O inconveniente desse s produtos é a termoplasticidade, isto é, o seu amolecimento com o
calor e conseqüente escorrimento.
Para evitar este problema, pode-se adicionar ao piche uma resina amínica ou amídica, fazendo
com que reajam com uma resina epoxídica, dando como resultado as chamadas tintas "coal
tar" epoxídicas.
Estas tintas são de alta espessura e, muitas vezes, aplicadas diretamente sobre a chapa de
aço, sem necessidade de tinta de fundo anticorrosiva. No caso de "coaI tar enamel" e do
asfalto, é requerido um "primer" de aderência constituído do mesmo material dissolvido em
solventes orgânicos.
b) - de alumínio - são tintas formuladas com pigmentos tipo "leafing" (folhas) e constituem
uma boa barreira, em virtude da forma das partículas do pigmento de alumínio - lamelas -
que flutuam paralelamente à superfície, no veículo.
Quando a tinta seca, as lamelas se sobrepõem, tornando difícil a penetração do agente
agressivo até o substrato.
Toda tinta age como proteção por barreira, mesmo não sendo pigmentada (verniz). Portanto,
quanto maior a espessura melhor será a proteção por barreira. ~
Desvantagem: se a película de tinta for danificada, por um corte, por exemplo, a corrosão se
alastrará sob a película. Por isso, é recomendável utilizar tintas de fundo com mecanismos
de proteção anódica ou catódica.
139

• n g
12.6.2 - Proteção Anódica
A proteção das regiões anódicas é propiciada pelos pigmentos anticorrosivos (ou inibidores
da corrosão) que, associados a veículos adequados, têm a capacidade de inibir a corrosão.
Os pigmentos e o efeito de barreira da tinta proporcionam uma proteção eficiente contra a
corrosão.
O mecanismo de inibição por proteção anódica pode ser classificado segundo duas formas de
atuação:
a) - dissolução de íons (ou passivação) - o cromato de zinco, o cromato de estrôncio e o
cromato de chumbo são parcialmente solúveis em água.
Quando temos a presença de água, ou de umidade, e esta consegue permear através da película,
íons cromato são hidrolizados e formam uma camada junto ao metal, que inibe a dissolução do
anodo.
O pigmento cromato de zinco é apresentado sob duas formas: cromato de zinco e tetróxicromato
de zinco (ou cromato básico de zinco), que são pigmentos amarelos e diferentes entre si
quanto ao grau de solubilidade dos íons cromato em água (o cromato de zinco é mais solúvel).
O pigmento de fosfato de zinco tem solubilidade em água muito baixa, em locais poluídos
(ambiente rural). Sua grande eficiência se dá em locais poluídos com 50, (ambiente industrial),
em que ele passa a funcionar pelo mecanismo da inibição por dissolução de íons.
Em ambientes marítimos a sua solubilidade também é baixa, porém nestes casos funciona
como um tampão, pela formação de zincato de sódio (alcalino).
b) - ação oxidante - o pigmento de zarcão age de maneira diferente, na proteção anódica. Seu
mecanismo de ação baseia-se no fato de ser um agente'oxidante enérgico, aliado ao seu caráter
básico e à sua capacidade de formar sabões de chumbo, na reação com os veículos ácidos,
como os óleos e resinas alquídicas.
O zarcão possui a capacidade de transformar óxidos de ferro solúveis em óxidos insolúveis,
reduzindo ao mínimo a corrosão do aço.
As atmosferas industriais são, em grande parte, ácidas e O caráter básico do zarcão ajuda a
neutralizar essa acidez, no contato do eletrólito com o metal.
Notas :
I) No Brasil, as tintas mais usadas para proteção por pigmentos inibidores são: zarcão-
alquíclicos, zarcão-borracha cloracla, zarcão misto epóxi, cromato de zinco alquíclico, cromato
de zinco epoxídico e fosfato de zinco epoxídico. No entanto, como o zarcão é tóxico, essas
tintas tendem a ser evitadas.
lI) A limpeza cla superlície é muito importante, uma vez que é necessário que esse tipo de
tinta esteja em contato direto com o aço; havendo carepas de laminação ou óxidos, o pigmento
fica isolado e não pocle exercer a sua função inibidora.

12.6.3 - Proteção Catódica


Quando colocamos em contato dois metais, em um meio eletrolítico, haverá dissolução, isto é,
corrosão do mais eletronegativo, como já vimos anteriormente.
A proteção catódica é baseacla nesse mecanismo, constituindo, portanto, uma proteção de
sacrifício. Colocando um metal mais eletronegativo que o ferro, ele se corroerá, permanecendo
o ferro intacto.
O pigmento utilizaclo nesse tipo cle proteção é o zinco em pó.
Com o zinco são produzidas as denominadas tintas "ricas" em zinco, também conhecidas
como "galvanização a frio". A clenominação deriva da necessiclacle cle altos teores do metal,
em pó, para que haja contato elétrico entre cada partícula cio pigmento e o metal base (ferro).
Somente assim a tinta funcionará como proteção catódica.
Na presença de um eletrólito, o zinco se corroerá, pois tem comportamento anódico, e o ferro,
que no caso passa a ser o catodo, fica íntegro, enquanto houver zinco para ser consumido. O
zinco se corrói, dando origem a produtos brancos, na chamada "corrosão branca". Quando a
superlície ferros a pintada com tinta "rica" em zinco começar a apresentar ferrugem (proclutos
avermelhados) é sinal de que a proteção catódica deixou de ser efetiva.
Os veículos mais usados nas tintas "ricas" em zinco são: resinas epoxídicas, silicatos
inorgânicos e silicatos cle etila (principalmente).
140
Piglnentos anticorrosivos: a ação anticoITosiva das tintas é atribuída aos pigmentos . Em
seguida, de fonna sucinta, temos a fonna de atuação de alguns dos mais importantes :

a) óxido de ferro vermelho: é usado principalmente em "primers"; não tem ação antioxidante
expressiva, agindo mais como barreira mecânica;

b) zarcão: é um óxido misto de chumbo, amplamente usado como "primer", que não deve,
por razões óbvias, ser aplicado na pintura de canalizações ou reservatórios de água potável."
O zarcão produz bons "primers" à base de óleo de linhaça, fonnando sabões de chumbo. E
de secagem lenta, mas adequado para aplicação em superfícies de difícil acesso, nas quais
estiver prejudicada a execução de limpeza esmerada.
Com outros veículos o zarcão produz passivação eletroquímica, provocando a oxidação do
Ferro II a Ferro III (sendo, portanto, uma proteção anódica).

c) cromato de zinco: é usado tanto em "wash primers" (fundo fosfatizante) quanto em


outros "primers" convencionais.
A sua ação anti corrosiva resulta da formação de uma camada de cromato apass i vante. q ue
ocorre somente em meio neutro ou alcalino.

d) alumínio metálico: apesar do seu grande poder de bloqueio, é um pigmento usado em


acabamentos. Tem cor e brilho característicos de metais; por causa desse bri lho, reflete
muito bem os raios solares.
A tinta age por barreira, pois o pigmento é constituído de laminulas que se orientam
paralelamente ao substrato; além disso, o pigmento de alumínio reveste-se com uma tên ue
camada de óxido de alumínio.

e) zinco metálico - é o pigmento usado nas tintas protetoras catódicas, ou tintas ""ricas" em
zinco. Por se tratar de um efetivo recobrimento com zinco, esta fonna de proteção é denom inada
"galvanização a frio".

Notas:
I) esta tinta se destina a grandes extensões;
lI) em virtude da proteção catódica, a tinta de zinco metálico é eficaz, mesmo havendo
pequenos defeitos na pintura (cortes ou arranhões);
IlI) a superfície deve estar bem limpa, pois é necessário um contato perfeito entre a pintura
e a superfície;
IV) o filme seco contém 90% de pó de zinco; por isso, o filme está acima do PVC crítico e
apresenta grande porosidade. Ocorrem reações, por conta do contato do zinco com a um idade
e demais contaminantes do ar.

12.7 • Compatibilidade Entre as Tintas


Existem dois tipos de compatibilidade: o de solventes nas tintas e o de tinta com tinta .

12.7.1 • Solventes na Tinta


Não é qualquer solvente que dissolve qualquer tinta. Se a adi ção do solvente for fe ita
indiscriminadamente, pode haver coagulação da mistura ou a formação de pelotas . ou
simplesmente não haver mistura, ficando o solvente por cima; ou então, o pigmento se separa
da tinta e vai para o fundo.
Tudo isso pode acontecer, se não houver compatibilidade entre a resina da tinta e o solve nte
empregado.
A recomendação básica é utilizar tão somente O solvente/diluente indicado expressame nte
pelo fabricante da tinta.

12 . 7.2· Tinta com Tinta


Os problemas de incompatibilidade entre uma tinta aplicada sobre uma camada de outra
ocorrem por dois motivos:
1-0
ri F ·

C)
a) O solvente da nova demão ataca a anterior porque tem poder de dissolver ou, pelo menos,
intumescer a resina da camada anterior. Isto causa levantamento da película de tinta,
enrugamento ou destacamento das demãos (às vezes as duas se destacam da base ou uma
demão se destaca da outra);
b) resi nas com secagem diferentes. Por exemplo, se uma tinta alquídica for aplicada como
fundo e sobre ela, uma tinta epóxi, poderá haver enrugamento, "casca de jacaré" ou
quarteamento (trincas), uma vez que a tinta epóxi seca por reação entre os componentes e a
tinta alquídica precisa do oxigênio do ar. Estando a camada de tinta epóxi por cima, impedirá
a penetração do oxigênio do ar; se a camada de tinta alquídica não estiver totalmente curada,
a camada de epóxi sofrerá contração, ocasionando as rachaduras, pois a tinta de fundo ainda
estará amolecida.

12.7.3 - Compatibilidade Entre Acabamentos e Camadas Intennediárias ou "Primers'

l egen4. s· Bom
C . Condic.ionedo (a conlulta pr. "i•• leblkante )
NR· N'o 'Kom.nd~do
* . Indlcl qUI n.v.'. · ..ngr.m.oto·

12.8 - Sistema de Pintura e Esquema de Tinta

12.8.1 - Sistema de Pintura


O objetivo da especificação de um sistema de pintura é proteger um substrato a um custo
mínimo por metro quadrado. O sistema de pintura é formado por uma seqüência de operações
empregando diversos produtos e aborda fundamentalmente:
- Tipo de superfície a ser pintado;
- Ambiente no qual a superfície está localizada;
- Condições de trabalho da estrutura;
- Cond ições de acesso para a pintura:
- Preparo da superfície;
- Esquema de tinta (tipo de tintas de fundo ou "primers", intermediárias ou de acabamento,
número de demãos e espessura de cada uma);
- Método de aplicação (trincha/pincel, rolo ou revolver);
- Controle de qualidade (inspeção, no recebimento das tintas e durante a pintura).

12.82 - Esquema de Tinta


O Esquema de tinta define os tipos de tintas a ser usados, o número de demãos e a espessura
por demão de cada tinta.
142
12.8.3 - Exemplos Genéricos de Algnns Sistemas de Pintura para Substratos de Aço,
Conforme a Classificação dos Ambientes de Exposição

I a) AMBIENTES COM CONDiÇÕES NORMAIS (POUCO AGRESSIVOS)


~~~'ê;.;,;;;:r,,\~,
~ .. ~"",,>~~~;J:.. }, ~ ~
. ",i;.'-'!'
-, -.
TIPO N.o DE peuÃos ~
• TINTA ESPESSURA DO .FIUlE SECO POR DEMÃO (j.1m)

~ ~.•,!-; Pri~8r. ÂI~·UidiCO <t~


. 1I
PRIMER ' 2 30

(\CABAM ENTO 2
, .,!: . -
_ESmalte Sintético 30

DEMÃO (J.1m)

TIPO ESPESSURA DO FILME ~ECO POR DEMÃO (j.1m)

PAIMER 120

ACABAMENTO 1 40

-
ESPESSURA TOTAL: 200 ,,:

11 b) AMBIENTES COM CONDiÇÕES AGRESSIVAS _' '

PREPAI'IAÇ!\O" DE ' SupeRFlcIE;"Ja " ':~,

DEMÃO (!-Im)

DEMÃO (J.1m)

1-13
IV b) AMBIENTES COM CONDiÇÕES SEVERAS DE AGRESSIVIOADE (a mbientes indu stri ais e mantlmos)
... ... 7 .. ..,,_ .' _ - -., "'_< ____ v,_
__".
..,....::!~....", ""'~"~(OT,"~" ,_._~ ~

, •;11 . "'~*"".l:::rJ..ilJ:,1:::!
>_~_., J.. l;ir:i:z. ..... 1:"
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~._ , 1";1 r":'""'
•• " - - '-, ' __ , ~

V a) SUPERFICIES ENTERRADAS OU IMERSAS EM AGUA DOCE OU SALGADA


. ~~ ~~;~~,~~-::-
~
....
..• 'J:.ts."Gl~. ~;,.... '.~~.'.'/~,~' ... - _ -..I>.. -
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'20

PESSURA)'OTAL: 360

V b) SUPERFlclES IMERSAS EM ESTAÇÕES DE TRATAMENTO DE EFLUENTES INDUSTRIAIS OU ESGOTOS


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,;;"_ '.~-~~~.!,iL.~j-i:'-_ -;T-,,> '; __ ~'.\....
I ... ' J _.t',:,~ , . . _'.',':' ~ ..,',=""",~","",~~,
'~i;" "~~"'.~J~' ~_ .. ,- ,.'.,~..'\';' ~\;
• ..,....,.

'50

I
I' '50

I '50

i
I
v c) SUPERFICIES IMERSAS Er.I SOLUÇÕES DILUIDAS DE PRODUTOS QUiMICOS, SOLVENTES, COMBUSTlVEIS E LUBRIFICANTES

. . ~~~<-~,.~~n_~ ~ .~:.. ~ .. ; ,.#-;~"'"''' :"~

144
TIPO

PRIM ER 25
ACASAMENTO '25
c ·';SPESSURA TOTAl.: 2 75

ESPESSUÁA DO FIUotE SECO POR DEMÃO (}lm)

25

12.8.4 . Resumo dos Esquemas de Pintura


Os esquemas da tabela a seguir são orientativos e têm caráter apenas didático. Para cada caso
específico, deve ser consultado o fabricante de tintas. ,
Outras infonnações são necessárias, na definição de um esquema de pintura para estruturas
metálicas, por exemplo: contaminantes atmosféricos, direção dos ventos, temperatura máxima
de trabalho, se é pintura nova ou repintura, etc .
1-1.';
Superllcies imersas em soluções diluldas de
qulmicos, solventes, combustfveis e lubrificantes

Normal (pouco egressiva-Iocala abrigados


e secos)

G""'A>IIZADOJ Normal (pouco agressiva-locais abrigados


a úmidos)

Agressiva - locais nlo industriais, expostos ao


intemperismo

\o;" Agressiva - loceis Industriais, expostos ao


intemperismo

Agressiva - galvanizados severamente corrordos,


com grande presença de ferrugem

12.8.5 - Comentários a Respeito dos Esquemas

---
Tradicional e aplicado em 4 demãos. Moderno e aplicado em apenas uma demão,
economizando tempo e mão de obra.

11 a) - 111 a) - IV a) II b) - 111 b) - IV b) - VI c)

o acabamento epoxldico não resiste ao intemperismo resiste ao intemperismo


perdendo a cor e o brilho em m.enos de um ano. cor ou brilho.

~~

A temperatura máxima suportada por este esquema de tintas é 600 C. ' No caso de água potável, é necessário que as
tintas não contenham metais pesados (chumbo, cádmio e cromo) e não libere produtos na água.

o esquema é todo com tintas epoxldica-betuminosas, nas cores preta/marrom/preta. para identificar cada demão e para
facilitar o controle da aplicação.

É necessário conhecer o tipo de produto qulmlco, sua concentraçã~, e a temperatura de traball'cl.


Com estes dados, o fabricante de tintas teré. condições de indicar ou não-..seus produtos.

VI a) VI b)

Locais abrigados e secos: Ex.: estruturas e equipamentos Locais abrigados e úmidos: ambientes com tanques de
localizados sob a proteção de telhados, em ambientes égua ou de produtos qurmicos. Para este ambiente há
onde não há tanques contendo água ou produtos qulmicos. necessidade de uma demão adicional de acabamento,
para aumentar a barreira protetora.

VI d)

Em locais industriais, onde há poluicão. é necessária a Incluslio de uma demão intermediária de esmalte epoxidico
para aumentar a barreira. O acabamento poiiuretano alifático resiste ao jnt~mperismo durante vários anos, sem perda
de cor ou brilho.

VI e)

Se o galvanizado já foi em grande parte consumido pela corrosão e há presença de ferrugem, de cor averm;tnada, a
tinta epoxi-isocianato não é uma boa indicação. Neste caso, o epoximastic tolera superflcie preparada mecanicamente,
com escovas ou lixas rotativas oferecendo aderência, impermeabilidade e base para o acabamento poliuretano.

146
12.8.6 - Custo da Pintura
Exemplo: custo relativo de uma pintura (conforme SSPC -1968, EUA)

% DE CUSTO

PREPARAÇAo DA SUPERFfclE

MATERIAL

APLICAÇÃO

OUTROS

TOTAL

12.8.7 - Tempo de Vida Útil da Pintura (Durabilidade)


A durabilidade aumenta com a observância dos seguintes fatores: escolha de um sistema de
pintura adequado; a melhor preparação possível do substrato; espessura adequada da película;
aplicação correta das tintas do sistema de pintura.

12.9 - Métodos de Aplicação dasTintas


Os métodos mais utilizados para aplicação das tintas são: trincha/pincel, rolo e pulverização
- convencional ou "airless".

12.9.1 - Aplicação com Trincha / Pincel


É relativamente lenta, mas é a mais indicada para tintas decorativas ou para pintar pequenas
áreas. Utiliza-se trincha/pincel em pinturas com tintas epóxi de alta espessura sem solventes
(trincha de 3 a 4 polegadas).
É particularmente importante para pintar áreas complexas, em que o uso do método de
pulverização acarretaria consideráveis perdas, por problemas de "overspray" ou excesso de
camada associados à pulverização seca.

Obs.: a maioria das tintas de alta espessura, no entanto, é projetada para ser aplicada por
pulverização "airless".

12.9.2 - Aplicação com Rolo


É mais rápida do que a trincha, em áreas grandes, não sendo, entretanto, fácil o controle da
espessura da película. É o método mais utilizado para a aplicação da maioria das tintas
decorati vaso
Não se obtém altas espessuras com rolo, no máximo uma espessura média de 80 mm. O rolo
não é recomendado para tintas que secam por evaporação do solvente (exemplos :. borracha
clorada, vinílicas e acrílicas): o próprio solvente da tinta e a ação mecânica do rolo podem
dissol ver de novo a película, causando irregularidades.
Quando se aplica nova demão ou se faz um repasse, pode ocorrermanchamento (sangramento) ,
se as camadas forem de cores diferentes.

12.9.3 - Pulverização Convencional


É um método rápido e muito utilizado, no qual a tinta é atomizada por uma corrente de ar
comprimido, com pressão em tomo de 40 a 60 libras/pol'. A pistola de ar ou revolver é um
equipamento barato e simples, mas é imprescindível que se use a combinação correIa de
pressão do ar e vazão do fluido, para haver uma boa atomização, produzindo uma película de
tinta isenta de defeitos e impermeável.
Desvantagens:
a) se a aplicação não for devidamente controlada, poderá resultar grande desperdício de ti nta,
como conseqüência do "overspray" , além de alastramento fraco, escorrimento e porosidade;
b) a maior desvantagem é que as tintas sem solvente, de alta espessura, não podem ser aplicadas
por este método, pois grande parte dessas tintas tem de ser diluída a uma víscosidade adequada
para a atomização e, assim, perdem suas propriedades, embora possam alcançar camadas
acima de 100 Jlm.

1·+7
-.
Arquivo> ICEC '\ "1''''('1 \IET ..\5o.\

Pain el de pintura com rel6gio tennohigrômetro, indi cando: Aplicação de tinta por meio de pulverização
a umidade do ar; a temperatura ambiente; O sistema de sem ar ("airless n), em ambiente abrigado,
pintura e o esquema de ti nta a ser empregado

12.9 .4. P ulverização sem Ar (''AirIes.'')


Ao contrário da pulverização convencional, o ar não se mistura com a tinta para formar o
" leque", daí a denominação "airless". A atomização é obtida forçando-se a tinta pelos bicos
ou bocais especialmente projetados por meio de pressão hidráulica. A pressão hidráulica é
fornecida por uma bomba acionada a ar, com alta relação de pressão de fluido para a pressão
de entrada de ar.
Vantagens:
a) - tin tas de alta espessura podem ser aplicadas sem diluição;
b) - a aplicação é muito rápida (vantagem econômica);
c) - comparada à pulverização convencional, o " overspray" é reduzido ( diminuindo perdas
de material e tornando mínimos os riscos de poeira ou vapor).

12. 10 - Medidas d e Espessura da Película Úmida


Existem vários tipos de instrumentos para a medida da espessura da película, enquanto ela
está úmida . Dentre eles o de mais fácil manejo é o " Pente" ou Medidor em Degraus. Consiste
em uma lâmina com dentes em forma de degraus. Os dois dentes das extremidades estão em
um mesmo plano e tocam a superfície sobre a qual a tinta foi aplicada. Os demais dentes estão
posicionados sucessivamente, cada um mais distante da mesma superfície. Assim, a espessura
da película úmida estará entre aquela do dente de maior altura que a tinta conseguir tocar e
o próximo q ue não tocar.

1 2 .11 - Medidas d e Espessura da Película Seca


O Medidor Magnético é o mais indicado para medir a espessura da película seca em superfícies
metálicas, por ser um processo não destrutivo, A leitura da espessura é feita diretamente na
escala do aparelho, em micrometros (~m).
,", : .: .. , ;., .... ; ' 0'

,:~ ~o' ' o :0: :,: ~ .: :'0: : o~ : : U

n/
, ~ , • , • , • I tO " 12

~ OJ1Pon.n .n.n . <- - PEL ICULA DE TINTA

<_ _ SUBsnv.TO

Medidor em degraus ou npentet"


para medir a espessu ra da película úmida.

Demonstração do funcionamento do medidor


magn ético, para medir a espessura da película seca,
~"ILI"~ ICEC

148

2
13.1 - A Segurança Contra Incêndio
A segurança absoluta, em qualquer situação de nossas vidas, é impossível de ser alcançada.

13 A segurança cresce com o custo para obtê-la.


Portanto, não se deve procurar a segurança absoluta, mas sim a melhor solução possível,
levando em conta a segurança e o seu custo.
Pesquisas européias mostram que o risco de morte em incêndio é 30 vezes menor do que o
risco de morte no sistema de transporte (em pesquisa americana, esta diferença chega a 60
O INCÊNDIO
vezes), ocorrendo as mortes por asfIxia e nos primeiros minutos do sinistro.
EAS Apesar do baixo risco de mortalidade, a proteção da vida humana deve ser sempre a
ESTRUTU RAS prioridade do projetista, que deve tomar os devidos cuidados, sempre procurando tornar
DE AÇO ótima a solução.
Assim, para a proteção da vida, além das medidas para a prevenção e extinção de incêndio,
é fundamental prever a rápida evacuação dos ambientes em chamas.
Os métodos de segurança para atender a tais fInalidades devem ser conscientemente
analisados pelo projetista, em conjunto com o proprietário, tendo em conta a inquestionável
necessidade de preservação da vida humana, além das condições específIcas da obra, tais
como o porte da edifIcação, o número de usuários, o tipo de utilização, exigências
governamentais, etc.
Os meios de combate e proteção contra fogo podem ser:
Prevenção:
- uso de materiais não-inflamáveis, projeto de instalações respeitando as normas técnicas.
Rápida extinção:
- rede de hidrantes;
- equipamentos de detecção e extinção do fogo (chuveiros automáticos, extintores);
- dispositivos de alerta e sinalização;
- brigada particular contra incêndio.
Compartimentação:
- "barreiras" que evitem a propagação do fogo;
- portas corta-fogo.
Rápida evacuação das pessoas:
- sistema de fácil exaustão de fumaça;
- rotas de fuga bem sinalizadas e protegidas;
- escadas de segurança.
Até agora, foram abordados aspectos voltados à proteção da vida humana.
Outro objetivo é a proteção do empreendimento. Neste caso, a necessidade de proteção da
estrutura deve ser analisada sob o ponto de vista econômico, considerando o custo da segurança
adicional, o prêmio de seguro, a relação entre o custo da preservação da estrutura em relação
ao cu~to dos acabamentos e dos equipamentos do edifício, os riscos a patrimônios de terceiros,
etc. E importante salientar que essa análise independe do tipo de material da estrutura,
seja ele aço ou concreto.
Há normas específIcas para as estruturas de concreto, nas quais são fIxados os critérios
para verifIcação da estrutura sob fogo ou os valores mínimos do cobrimento da armadura,
para cada tipo de peça estrutural. Por exemplo, a Norma Brasileira NBR 5627 - "Exigências
particulares das obras de concreto armado e protendido em relação à resistência ao fogo"
recomenda que, para uma resistência de duas horas de fogo, o cobrimento das peças sem
revestimento deve ser de 45 mm, para os pilares, de 20 a 45 mm, para as lajes e de 40 a 65
mm, para as VIgas.
A Norma Brasileira NBR 14432 - Exigências de Resistência ao Fogo de E lementos
Construtivos de EdifIcações, estabelece as condições a serem atendidas pelos elementos
estruturais e de compartimentação que integram os edifícios para que, em situação de
incêndio, seja evitado o colapso estrutural e, para os elementos de compartimentação,
sejam atendidos requisitos de estanqueidade e isolamento por um tempo sufIciente para
possibilitar:
a) a fuga dos ocupantes da edifIcação em condições de segurança;
b) a segurança das operações de combate ao incêndio;
c) a minimização de danos a edifIcações adjacentes e à infraestrutura pública.

--'"""""........ _-_-...---;~
149
13.2 - Aç ão Térmica
Ação térmica é a que ocorre em uma estrutura em conseqüência da diferença de temperatura
entre os gases do ambiente em chamas e os componentes da estrutura. No estudo das estruturas
sujeitas ao fogo, o principal instrumento de análise é a curva que fornece a temperatura dos
gases em relação ao tempo de incêndio, uma vez que a partir dessa curva é possível calcular-
se a máxima temperatura atingida pelas peças estruturais e a sua correspondente resistência
a altas temperaturas.

Temperatura

TEMPERATURA MÁXIMA 00 INCt:NDIQ

Tempo
INCE:NDIO
GENERALIZADO
rFLA$HQVER')

A curva apresenta uma região inicial (pré-"flashover") com baixas temperaturas, em que o
incêndio é considerado de pequenas proporções, sem risco à vida humana ou à estrutura.
Nesse intervalo de tempo, se as medidas de proteção ativa forem eficientes, nenhuma
verificação adicional da estrutura será necessária.
O momento em que se verifica o aumento brusco da inclinação da curva é denominado
instante de incêndio generalizado, também conhecido como "flashover", e ocorre quando o
conteúdo de toda a carga combustível presente no ambiente entra em ignição. O incêndio
torna-se de grandes proporções, tomando todo O compartimento, e a temperatura dos gases
eleva-se rapidamente, até a extinção de todo o material combustível, a partir do que há a
redução gradativa da temperatura dos gases.
Se as med idas de proteção ativa não forem eficientes para extinguir o incêndio durante o
pré-Hflashover" e houver interesse na proteção patrimonial, então será necessário verificar
a segurança da estrutura.
Para tal, modela-se o incêndio como se tivesse início no instante do "flashover". Ensaios
realizados em áreas compartimentadas demonstram que essa curva depende da característica
e da quantidade do material combustível e do grau de ventilação do ambiente em estudo.
Esse modelo, que procura simular o incêndio tão mais próximo da realidade quanto possível,
é conhecido como modelo de incêndio natural.

Temperatura

Tempo

150

------------~~--~~~----'
13.3 - Áreas Compartimentadas
A legislação atual exige que haja áreas compartimentadas nas edificações correntes.
Área compartimentada é, por definição, aquela em que o uso adequado de ventilações
horizontais e verticais e de peitoris tome mínima a probabilidade de propagação de fogo fora
dela.

13.4 - Material Combustível


A quantidade de material combustível geralmente é expressa como a massa de madeira
termicamente equivalente à soma de todo o material combustível do compartimento estudado
por área de piso (kg de madeira Im') ou, em unidades do SI (Sistema Internacional de
Medidas), em MJ/m' em relação à área total (ou somente à área de piso).
A quantidade de material combustível ou carga de incêndio por unidade de área é calculada
da seguinte forma:

_ ~m,H,
q- - -
A,

sendo:
m - massa total de cada componente da carga de incêndio;
H' - poder calorífico específico de cada componente da carga de incêndio (MJ /kg);
A: -
área total, incluindo vedações (paredes,piso e teto) e aberturas.
O poder calorífico específico de madeira, roupas, algodão, seda, grãos, couro, papel. palha e
lã vale entre 17 e 21 MJ/ kg. Por isso, geralmente admite-se que a carga de incêndio é
formada totalmente de madeira.
Vale lembrar que o poder calorífico específico do petróleo é de aproximadamente 44 KJ/ kg.
Portanto, a carga de incêndio que envolva hidrocarbonetos deve ser analisada com os parâmetros
adequados .

13.5 - Grau de Ventilação


O grau de ventilação é representado pelo fator de abertura
sendo:
v - fator de abertura em m 1/2
A - área total das aberturas para o ambiente externo ao edifício, incluindo janelas, que
se supõem quebradas durante um incêndio;
- área total, incluindo vedações (paredes, piso e teto) e aberturas;
- altura média das aberturas = k (h.,A.), I A
- altura da abertura i, sendo k A., = A

13.6 - Fator de Massividade


O fator de massividade ou fator de forma da seção de uma barra é a relação entre o perímetro
exposto e a área da seção.
Massividade = PIA
P = perímetro da seção transversal do perfil exposto ao fogo .
A = área da seção transversal do pelfil exposto ao fogo.
151
oS ----~-- ---
Exemplos:
a) - Pilar com as quatro faces expostas ao fogo (perfil série CS 550 x 441) - P/A = 57,6 m· 1
b) - Viga com três faces expostas ao fogo (perfil série VS 700 x 105) - P/A = 175 m·1
Assim, para atingir uma determinada temperatura, um perfil estrutural de maior área exposta
ao fogo, precisará absorver mais calor do que um de menor área, para a mesma superfície
exposta ao fogo.

PIJ...\R COMQUATRO rACES VICA COM TRts rACES


EXPOSTAS AO roGO EXPOSTAS AO FOCO

Conhecidos a curva temperatura-tempo do incêndio, o fator de massividade da peça estrutural


e algumas expressões da termodinâmica (transferência de calor), é possível determinar a
curva temperatura-tempo da peça em estudo (com ou sem isolamento térmico) e, estabelecida
a máxima temperatura atingida pela peça estrutural, dimensioná-la para esta temperatura.

Tem peratu ra do
Ineêndio (natural) Temper.tUfS do aço MAxlma temperatura do
Isolamento térmico I ÇO ..,m Isola mento térmiCO
Temporatura ) Temperatura

.... ----',~ T~";~:":.::';:t;dOtérmico


com aço Mbima te mperatura do

800
, 800
I ÇO eom Isolamento térm ico ' \

.00 800

400 400

200

10 tS 2{) os 30 35 Tempo 5 10 tS 20 os 30 35 Tempo

Sempre que possível, deve-se procurar reduzir a duração do incêndio, visando reduzir ao
mínimo a probabilidade de sua propagação para fora da área compartimentada.
Da mesma forma, procurar reduzir a temperatura máxima atingida pela estrutura de aço,
para economizar material.
Vêm, a seguir, exemplos de gráficos correlacionando os parâmetros: carga de incêndio; fator
de massividade e grau de ventilação com a duração do incêndio e a temperatura máxima na
estrutura de aço.

......................
152

~~~ .... ~~z,


_ ~~.G .. ~~-- - •
0,02 0,06 0. 1 0 .14 0.18 Ventilaçao 0.02 0 .06 0.1 0.14 0.18 Ventilaçao

legenda:
~
• 200MJ /m l
150MJ/m~
legenda:
--o--
• 250 mo'
200 mo'
:ó: 100 M J /m~ i> 150 mo'
... 125 mo'

Tempo em que ocorre a máxima Temperatura máxima do aço


temperatura do incêndio

A partir da observação dos gráficos apresentados e de outros estudos, pode-se concluir que:

DE AÇO

AUMENTA COM q
FATOR DE U ASSIVIDADE ( F ) AUMENTA COM F

GRAU DE VENTILAÇÃO (V) DEPENDE DE F, V e q

13.7 - Incêndio -Padrão


Tendo em vista que, para cada situação, a curva temperatura-tempo do incêndio se altera,
convencionou-se adotar uma curva padronizada temperatura-tempo para servir como modelo
na análise experimental de estruturas ou de materiais isolantes térmicos em fornos de institutos
de pesquisa.
Na falta de estudos mais realistas, essa curva padronizada para ensaios poderá ser adotada
como curva temperatura-tempo dos gases. Tal modelo é conhecido como incênd io-padrão .
As curvas padronizadas mais conhecidas são as recomendadas pela ISO (Interna tional
Organization for Standardization) e pela ASTM, sendo esta última adotada em 1918.

Tempe.atu.a

Tempo
Legend': _ _ _ ISO 83.
__ _ __ A5TM E·IH"

Curva padronizada Curvas padronizadas


temperatura-tempo temperatura-tempo

153
« .)
As curvas padronizadas não consideram as características particulares de cada ambiente e
somente possuem ramo ascendente, admitindo, portanto, que a temperatura dos gases seja
sempre crescente com o tempo, independentemente da quantidade de material combustível.
A utilização do modelo de incêndio-padrão não permite determinar a máxima temperatura
que a peça atinge, exigindo o preestabelecimento de tempos padronizados em função das
dimensões e do tipo de utilização da edificação, com a finalidade de encontrar, na curva
temperatura-tempo da peça estrutural, uma temperatura fictícia que possa ser utilizada no
dimensionamento.
Apesar da sua maior simplicidade, o modelo de incêndio-padrão geralmente leva a resultados
anti econômicos.
Temperaturas fictlcias
Ten,p"·,,,," do
para dimensiona me nto
Temperatura (padrAo)

1000 1000

800 800

600 600

400 400

200 200

20 40 60 80 100 120 Tempo

TEMPO
PADRONIZADO

13 .8 - Resistência e Segurança Estrutural


A exposição do aço a altas temperaturas faz degenerar as suas características físicas e
químicas, causando redução da resistência e da rigidez. Cabe salientar que fenômeno de
conseqüências similares ocorre também com o concreto.
A seguir, são apresentados o diagrama tensão-deformação do aço ASTM A-36 em função da
temperatura e curvas que demonstram a redução do limite de escoamento e do módulo de
, deformação longitudinal (módulo de elasticidade) dos aços estruturais e do concreto, em
, I
decorrência do aumento da temperatura.
I
Tensão (kN/cm')

25

11 20
II

~ 15

10
11

~
I
5
Deforma ção
Linea r Es pecifica
o
•~ Diagrama Te nsão-Deformação
o 0.05 0 .1 0.1 5 0.2

I Obs .:
TE MPERATURA (OC)

-o--
• 4 00
--b:--


60 0

700

I
500 800

154
.5
AÇO E (T) / E (T:20°C)

0.75 0.75

0.5 0.5

0.25 0.25
Temperatura (0C) CONCRETO Temperatura (OC)
o o
o 400 800 1200 o 400 800 1200

Limite de Escoamento (Convencional) Módulo de Deformação Longitudinal

A redução da resistência dos aços deve ser considerada no dimensionamento das peças
estruturais sujeitas a altas temperaturas. Porém, tendo em conta a excepcionalidade da
ocorrência de um incêndio, é permitido, nessa situação, &brandar os coeficientes de segurança,
isto é, os valores de cálculo dos carregamentos serão menores do que aqueles considerados
à temperatura ambiente, disto resultando, portanto, menores solicitações na estrutura.
A segurança da estrutura se verifica quando o valor de cálculo da resistência de cada peça
estrutural, reduzido devido ao aumento de temperatura, superar o valor de cálculo da
solicitação, também reduzido pelo fator excepcionalidade, em situação de incêndio.

13.9 - O. R~vestimentos Protetores


Os materiais de proteção passiva são aqueles que, de alguma forma, cumprem a função de
proteger as estruturas de aço da ação direta do fogo, no caso de incêndio. Desde a introdução
da terracota, uma argila modelada e cozida em fomo, como material de revestimento e proteção
dos elementos estruturais dos edifícios norte-americanos, no final do século XIX, o
envolvimento dos perfis metálicos com diferentes materiais e produtos tem como finalidade
aumentar a sua capacidade de resistência ..Ó fogo: ..

Arqu'.oZIGUR.o\TE

Terracota, usada como revestimento protetor das estruturas


de aço dos edifícios norte·americanos, no final do século XIX.

155
Este encapsulamento pode fazer uso de técnicas tradicionais, com materiais componentes
de alvenarias ou mesmo a própria concretagem que envolve as colunas e as vigas de aço,
utilizar placas rígidas de materiais compostos, como gesso e vermiculita, argamassa de asbesto,
argamassa de vermiculita, mantas de fibra-cerâmica, manta de lã-de-rocha ou produtos
mais recentes, como as tintas intumescentes e os "cementitious fireproofing", à base de
gesso e fibras.

Alma da viga de um perfil seção "I"


sendo revestida com blocos de con -
creto celular.

Vigamentos do edifício Palácio do


Comércio, revestidos com placas à
J base de gesso e vermiculita,
~ estruturadas com sacos de aniagem,
..._ _ J! compondo um sistema tipo caixa.
Arqu i. oZlCURATt

No detalhe a placa de gesso e


vermiculita com 25 mm de
espessura, sistema utilizado em
1959 para revestir as viga s do
edifício Palácio do Comércio· SP.
Arqu i ~n 7,JGURATE

156

$ 2 A
13.9.1 - Argamassa de Asbesto
As argamassas de asbesto são constituídas de fibras de amianto (silicato de magnésio) com
cimento.
O amianto ou asbesto é uma pedra fibrosa que se desfaz nas mãos ao ser tocada, sendo
encontrada na natureza preenchendo as fraturas entre as rochas. A argamassa atomizada
junto com água era aplicada sobre as superlícies metálicas, na forma de "spral. Esse produto
foi, durante muito tempo, muito empregado como material de proteção passiva de estnIturas
de aço, até ter sua utilização proibida nos Estados Unidos, décadas atrás, e mais recentemente
na França, devido aos riscos sanitários atribuídos à poeira de amianto, cujas fibras são
consideradas altamente cancerígenas.

Aspecto colhido durante a substituição dos


lambris de alumínio que revestem os pilares do
edifício Avenida Central (1961), revelando a
proteção com asbes to projetado - RJ.
Arqui .." ZIGURATE

/
13.9.2 - Argamassa de Vermiculita
São argamassas de agregado leve, à base de vermiculita, que pertence ao grupo dos minerai s
micáceos, silicatos hidratados de composição variada, originados da alteração das micas.
com ponto de fusão em tomo de 1370 oCo
A vermiculita, quando aquecida, perde água, intumesce e se expande, adquiri ndo a forma
de um verme. Pesa de 100 a 130 kglm3 , enquanto a areia, para efeito comparativo, pesa em
torno de 1600 kglm 3 •
É encontrada no mercado na forma de flocos, para dosagem na obra, ou pré-misturada a
seco com aditivos e cimento, para posterior adição de água.
As espessuras das camadas variam de 10 a 40 mm, com densidades variando de 300 a 800
kglm3 • dependendo do tipo da massa e da capacidade de isolamento requeridos.
Podem ser aplicadas por meio de tlsprayll ou por processos manuais, com o uso de espátulas.

A"." i,'" Z!GURATE

Vermi culita, na fo rma de flocos. Vigamentos de aço, revest idos com


argamassa de vermiculita por meio de
"spray", com 40 mm de espessura.

157

------~------~------~
13.9.3 - Mantas de Fibra Cerâmica
É um produto obtido da eletrofusão de sílica e alumina. As fibras que as compõem são
multi direcionais e entrelaçadas por um processo contínuo de agulhamento, conferindo às
mantas boa resistência ao manuseio e à erosão. Seu ponto de fusão ocorre a aproximadamente
1760 °e, sendo a temperatura de uso limite de 1260 De. São fornecidas em rolos com 7620
mm de comprimento, 610 mm de largura, espessuras de 13 a SI mm, nas densidades de 96
e 128 k!ym'.
Podem ser utilizadas tanto na técnica de revestimento tipo caixa quanto no processo de
contorno. Pelo processo de contorno do perfil, o material pode ser fixado por meio de pinos
soldados às peças metálicas e às arruelas, para travar o sistema, ou por cintas metálicas.
Os pinos, de aço carbono galvanizado, são soldados automaticamente por máquinas especiais,
pelo processo de arco elétrico. O espaçamento entre os pinos, tanto no sentido horizontal
como no vertical, deve estar em torno de 300 mm. O método tipo caixa é mais econômico,
pois envolve fatores de forma mais baixos e menores áreas a revestir, porém não se recomenda
a sua utilização para perfis com altura de alma maior do que ISO mm. Neste caso, faz-se
necessário o emprego de uma tela como base, para apoio das mantas. As telas deverão ser
fixadas aos pinos de ancoragem por meio de arruelas de pressão perfuradas, de aço
galvanizado. Por não resistir à umidade e à abrasão, as mantas cerâmicas devem ser
empregadas em locais abrigados e protegidos por algum tipo de acabamento superficial.

Operação de revestimento de vigas de alma


cheia com mantas cerâmicas , fixadas por
meio de pinos e arruelas de aço.
Arquiv<>UGlIRATE

Viga alveolar revestida com manta


cerâmica, contornando o perfil de aço.
Arqui",ZI GURATE

13.9.4 - Mantas de Lã de Rocha


A Lã de rocha é produzida a partir da alteração de pedras basálticas, cujas fibras estão dispostas
de forma aleatória.
As mantas são fornecidas nas densidades de 144 k!ym', para soluções em forma de caixa, e
na densidade de 96 k!ym', nas aplicações de contorno dos perfis metálicos.
Seu ponto de fusão está acima de 1200 De.
158
Q •
13.9.5- Tintas Intumescentes
São consideradas como revestimentos fogo-retardantes, por possuir a propriedade de re tardar
a propagação das chamas e a conseqüente elevação da temperatura do aço a qu e está
protegendo. Trata-se de fenômeno pelo qual o calor provoca uma reação em cade ia,
transformando uma fina película de 55 micrometros a 2500 micrometros de espessura em
uma volumosa camada, parecida com uma esponja, que age como isolante térmico.
Esses produtos geralmente são degradáveis, na presença de água, necessitando de u ma
pintura de base e de acabamento compatíveis com a tinta intumescente, quando uti li zados
para revestir superfícies de estruturas de aço sujeitas à ação de intemperismo . .

Revestimento com pintura fogo -retardante.

'\"ILJ[ \' " ZI ,, [ ' R.~ TE

13.9.6 - "Cementitious Fireproofrng" ou Argamassa Composta de Gesso e Fibras


O gesso é obtido da gipsita (sulfato de cálcio hidratado), cozida a baixa temperatura. Quando
aquecido, o seu conteúdo de água começa a evaporar, retardando a transmissão de calor e
propiciando ao material uma considerável resistência térmica. Ao final, irá desintegrar-se.
quando não houver mais água no seu interior. Para aumentar a resistência do gesso, são
adicionadas pequenas quantidades de determinadas fibras para deixá-lo mais reforçado, de
forma que somente se desintegre a altas temperaturas.
O Monokote MK-6, da Grace Brasil, por exemplo, consiste em uma argamassa à base de gesso
(80%), fibras naturais de celulose (12%) e cargas inertes ao produto. É fornecido na form a de
"pó seco", em sacos de 22 kg ao qual se adiciona controladamente água potável ; após uma
rápida mistura já pode ser utilizado. A sua aplicação se dá por "spray", empregando bom bas
projetoras. As espessuras das camadas variam de 10 a 60 mm, dependendo do fator de forma
dos perfis e do tempo de proteção requerido. A densidade seca do produto é de 240 kglnr'. Por
suas características, deve ser utilizado nos elementos estruturais de aço abrigados da ação
direta do intemperismo.

Viga sendo revestida com argamassa composta Vi gas, pilares e "steel deck"reves tidos com
de gesso e fibras por meio de "spray". argamassa composta de gesso e fibras.

159
Fabricação do Aço - PT 01
Francisco Ferreira Cardoso, Rosa Maria Messaros e Valdir Pignatta e Sil va

o Mercado do Aço - PT 02
Francisco Ferreira Cardoso, Rosa Maria Mess8ros e Valdir Pignatta e Silva

o Material Aço - PT 03
Franci sco Ferreira Cardoso, Rosa Maria Messaros e Valdir Pignatta e Silva

o Uso do Aço em Edifícios - PT 04


Francisco Ferreira Cardoso, Rosa Maria Messaros e Valdir Pignatta e Silva

Elementos de Estruturas de Aço - PT 05


DaTival Frederico Andriolo

Proteção à Corrosão - PT 07
Ubiraci Espinelli Lemes de Souza, Celso Gnecco e Antônio Domingues de Fi gueiredo

Dimensionamento de Estruturas de Aço, I - PT 08


Júlio Fruchtengarten

Dimensionamento de Estruturas de Aço, 11 -PT 12


Júlio Fruchte ngart en

Sistemas Estruturais de Edifícios de Aço - PT 09


Jorge Kurk en Kurkdjian

Sistemas de Piso para Edifícios de Aço - PT 10


Ubiraci Espinelli Lemes de Souza

Fabricação de Estruturas de Aço de Edifícios - PT 15


Eudes Sosnoski

Sistemas de Vedações Para Edifícios de Aço - PT 21


Ubiraci Espinelli Lemes de Souza

- Proteção Contra Corrosão


Marco A. G. Cecchini
Senai-Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial - 1990

- Segurança Contra Incêndio em Estruturas de Aço


Valdir Pignatta e Silva
5° Seminário do Uso do Aço na Construção - ABCEM . 1990

- Sistemas de Pintura
Boletim Informativo· Plastoflex Tintas e Plásticos

- Structural Steel Detailing


AISC-American Institute of Steel Construction - 1972

- Trincas em Edifícios: Causas, Prevenção e Recuperação


Ércio Thomaz
Dissertação de Mestrado · EPUSP-Escola Politécnica da Universidade de São Paulo - 1985
- Elementos de Pintura Industrial
Augusto Ernesto Silva
Tintas Renner

- Estruturas Arquitetônicas-Apreciação Intuitiva das Formas Estruturais


Augusto Carlos Vasconcelos
Studio Nobel - 1991

- Estruturas em Aço-Concepção e Pré-Dimensionamento


Yopanan Conrado Pereira Rebello
Apostila/Cadi

- Estruturas Metálicas
Isaias Abdalla
Apostila/Escola de Engenharia da Universidade Mackenzie _ 1993

- Flambagem Lateral de Vigas de Aço em Regime Elástico-Linear


Valdir Pignatta e Silva
Dissertação de Mestrado - EPUSP-Escola Politécnica da Universidade de São Paulo _ 1992

- Manual Brasileiro para Cálculo de Estruturas Metálicas, Volume I


Ministério do Desenvolvimento da Indústria e Comércio
Secretaria Especial de Desenvolvimento Industrial - 1989

- Masonry And Steel Detailing Handbook


Walter Laska
The Aberdeen Group - 1993

- O Aço para Estruturas Metálicas


Valdir Pignatta e Silva
Anexo Dissertação de Mestrado - EPUSP-Escola Politécnica da Universidade de São Paulo _ 1995

- O Que é Aço
Leopoldo Scheer
EDUSP-Editora da Universidade de São Paulo - 1977

- Princ ipies of Structural Steelwork for Architectural Students


1- P. Le Good Mphil.,
CEng.,FlStructe., MICE., AIWSc.
Constrado - 1983

- Pintura Industrial Aplicada


Ney Vieira Nunes
Maity Comunicação e Editora, Rio de Janeiro

- Pintura Industrial Na Proteção Anticorrosiva


Laerce de P. Nunes e Alfredo C. O. Lobo
Livros Técnicos, Rio de Janeiro

- Pintura de Manutenção Industrial


Celso Gnecco
Publicação IPT nU 1558 - Instituto de Pesquisas Tecnológicas de São Paulo

- Proje to e Construção de Edifícios de Aço


Publicações Técnicas - PT - EPUSP-Escola Politécnica da Universidade de São Paulo e
FDTE-Fundação Para o Desenvolvimento Tecnológico da Engenharia, São Paulo _ 1988

..____
. --------------~~·~~-.---~----~~s
~~
. ------------ -~
> , ~~=3
- _.
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- Algumas Observações Sobre a Escolha de um Sistema de Pintura


Tintas Intemational

- Ameron Tintas Anticorrosivas


Apostila de Infonnações Práticas - Ameron do Brasil

- Applications Manual For Painting And Protective Coatings


W.F. Cross
Mac Graw-Hill, New York

- Como o Aço é Fabricado


Encarte Técnico - Revista Construção Metálica nl! 15 - 1994

- Corrosão e Pintura-Apostila 2
Ricardo Moraes
Apostila - NM Engenharia e Anticorrosão

- Corrosion Prevention By Protective Coatings - Charles G. Mungers


National Association Df Corrosion Engineers, Houston

- Curvas Temperatura-Tempo de um Incêndio


Valdir Pignatta e Silva, Paulo de Mattos Pimenta
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- Design Of Welded Structures


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- Diagramação Tensão-Deformação dos Aços Estruturais


Valdir Pignatta e Silva, Paulo de Mattos Pimenta
BoletimTécnico - BT/PEF/EPUSP 9519 - 1995

- Edifícios Industriais em Aço


Ildony Hélio Bellei
Editora Pini - 1994

- Efeito da Composição Química da Liga Sobre o Comportamento Frente à Corrosão


Atmosférica de Aços Determinado Pela Análise Estatística de Dados Publicados
Fábio Domingos Pannoni e Lígia Marcondes
XVI ABRACO - Congresso Brasileiro de Corrosão I Expocor- Rio de Janeiro - 1991

- -=- - ----------- --- -- - - $ , ..

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